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TRATORES PARA AGRICULTURA FAMILIAR: GUIA DE REFERÊNCIA

Tratores Agricultura Familiar Internet(1)

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TRATORES PARA AGRICULTURA FAMILIAR:

GUIA DE REFERÊNCIA

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ANTÔNIO LILLES TAVARES MACHADO PROFESSOR ASSOCIADO - DER/FAEM/UFPEL

ÂNGELO VIEIRA DOS REIS

PROFESSOR ADJUNTO - DER/FAEM/UFPEL

ROBERTO LILLES TAVARES MACHADO PROFESSOR ADJUNTO - DER/FAEM/UFPEL

TRATORES PARA AGRICULTURA FAMILIAR:

GUIA DE REFERÊNCIA

Editora e Gráfica Universitária Pelotas Pelotas/Março de 2010

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Obra publicada pela Universidade Federal de Pelotas Reitor: Prof. Dr. Antonio Cesar G. Borges Vice-Reitor: Prof. Dr. Manoel Luiz Brenner de Moraes Pró-Reitor de Extensão e Cultura: Prof. Dr. Luiz Ernani Gonçalves Ávila Pró-Reitor de Graduação: Prof. Dra.Eliana Póvoas Brito Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Prof Dr. Manoel de Souza Maia Pró-Reitor Administrativo: Eng. Francisco Carlos Gomes Luzzardi Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Prof. Élio Paulo Zonta Pró-Reitor de Recursos Humanos: Admin. Roberta Trierweiler Pró-Reitor de Infra-Estrutura: Mario Renato Cardoso Amaral Pró-Reitoria de Assistência Estudantil: Assistente Social Carmen de Fátima de Mattos do Nascimento

CONSELHO EDITORIAL Prof. Dr. Antonio Jorge Amaral Bezerra Prof. Dr. Elomar Antonio Callegaro Tambara Profª. Drª. Isabel Porto Nogueira Prof Dr. José Justino Faleiros Profª: Lígia Antunes Leivas Profª Drª Neusa Mariza Leite Rodrigues Felix Prof. Dr. Renato Luiz Mello Varoto Prof. Ms. Valter Eliogabalos Azambuja Prof. Dr. Volmar Geraldo Nunes Prof. Dr. Wilson Marcelino Miranda Diretor da Editora e Gráfica Universitária: Prof. Dr. Volmar Geraldo da Silva Nunes Gerencia Operacional: Daniela da Silva Pieper Chefe da Seção Gráfica: Carlos Gilberto Costa da Silva Layout e Editoração Eletrônica: José Hermínio Barbachã Capa: Gilnei da Paz Tavares

Impresso no Brasil Edição: 2010 ISBN -3 Tiragem: 1.000 exemplares

Dados de catalogação na fonte: (Marlene Cravo Castillo – CRB-10/744)

EDITORA E GRÁFICA UNIVERSITÁRIA R Lobo da Costa, 447 – Pelotas, RS – CEP 96010-150 Fone/fax: (53) 3227 8411 e-mail: [email protected]

Projeto financiado pelo Edital MCT/CNPq - Nº 15/2007 - Seleção Pública

M149t Machado, Antônio Lilles Tavares Tratores para gricultura familiar : guia de referência /

Antônio Lilles Tavares Machado; Ângelo Vieira dos Reis e Roberto Lilles Tavares Machado - Pelotas: Ed. Universitária UFPEL, 2010.

125p. : il. ISBN : 1. Máquinas agrícolas 2.Agricultura familiar 3. Uso

do trator 4.Prevenção de acidentes 5. Segurança do trabalho 6.Tratores I. Título II. Reis, Ângelo Vieira dos III.Machado, Roberto Lilles Tavares

CDD 631.35

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, colaboraram para que esta obra passasse do projeto à realidade.

Em especial: - Ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e

ao Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico (CNPq), que através do Edital MCT/CNPq 15/2007 – Universal, disponibilizaram recursos que possibilitaram a publicação desta obra.

- Ao acadêmico Cesar Silva de Morais pela confecção das inúmeras figuras constantes deste livro.

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DEDICATÓRIA

As nossas esposas Mirian; Iolanda; Rosane

Aos nossos filhos Andressa e Lucca

Lilles; Clara; Rafaela.

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SUMÁRIO

1. SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA FAMILIAR .................... 17

2. TRATORES PARA SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA FAMILIAR ........................................................................................... 23

2.1 Tipos de tratores agrícolas e suas aplicações.......................... 25 2.2 Constituição básica dos tratores agrícolas ............................... 28 2.2.1 Chassi ............................................................................. 29 2.2.2 Sistema de transmissão ................................................. 30 2.2.3 Embreagem .................................................................... 31 2.2.4 Caixa de câmbio ............................................................. 34 2.2.5 Transmissão final............................................................ 39 2.2.6 Sistema de direção ......................................................... 42 2.2.7 Orgãos de acoplamento e transferência de energia ...... 45 2.2.8 Rodados.......................................................................... 51 2.2.9 Bitola ............................................................................... 62

2.2.9 Dimensões...................................................................... 63

3. ESCOLHENDO UM TRATOR AGRÍCOLA .................................... 65 3.1 Desempenho Técnico .............................................................. 66 3.2 Ergonomia e segurança ........................................................... 71 3.3 Custo de operação ................................................................... 73 3.4 Custo de aquisição................................................................... 76 3.5 Depreciação ............................................................................. 77

4 SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DE TRATORES AGRÍCOLAS.... 79

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4.1 Definição de acidente............................................................... 80 4.2 Estatística ................................................................................. 80 4.3 Importância de se previnir acidentes ....................................... 83 4.4 Principais causas de acidentes com tratores........................... 85 4.5 Prevenção dos principais tipois de aicdentes com tratores..... 87

5. TRATORES DISPONÍVEIS PARA AGRICULTURA FAMILIAR ..109

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................. 123

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LISTA DE TABELAS TABELA 1 Categoria de engate de três pontos de tratores agrícolas de rodas ........................................................................... 47 TABELA 2 Tipos de pneus agrícolas mais difundidos no Brasil segundo sua aplicação.................................................................... 54 TABELA 3 Pictogramas de aviso de perigo de acidentes mais comuns com tratores ..................................................................... 105 TABELA 4 Alguns símbolos utilizados como instruções de ope-ração em tratores .......................................................................... 107

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LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Trator de duas rodas .................................................. 25 FIGURA 2 Trator de quatro rodas com duas rodas motrizes ...... 26 FIGURA 3 Trator de quatro rodas com tração dianteira auxiliar.. 26 FIGURA 4 Chassi monobloco ...................................................... 29 FIGURA 5 Chassi convencional ................................................... 30 FIGURA 6 Vista em corte de uma embreagem simples .............. 32 FIGURA 7 Vista em corte de uma embreagem dupla.................. 33 FIGURA 8 Caixa de câmbio convencional ................................... 36 FIGURA 9 Transmissão de engrenagens planetárias ................. 38 FIGURA 10 Mecanismo pinhão e coroa......................................... 39 FIGURA 11 Mecanismo diferencial ................................................ 40 FIGURA 12 Representação do ângulo de inclinação longitudinal do pivô em relação a vertical ....................................... 43 FIGURA 13 Ângulo de cambagem e ângulo de inclinação lateral do pivô em relação a vertical................................................................ 44 FIGURA 14 Representação da convergência das rodas............... 45 FIGURA 15 Órgãos de acoplamento e transferência de energia de um trator de rodas ........................................................................... 46 FIGURA 16 Eixo da TDP para 540 e 1000rpm .............................. 49 FIGURA 17 Tacômetro com indicação de 540 e 1000rpm ............ 49 FIGURA 18 Terminais de engate rápido do sistema hidráulico de controle remoto................................................................................ 51 FIGURA 19 Rodado pneumático de tração de trator agrícola ....... 52 FIGURA 20 Partes constitutivas de um pneu de tração ............... 53 FIGURA 21 Forma de disposição das lonas em pneus de constru-ção radial ......................................................................................... 56 FIGURA 22 Forma de disposição das lonas em pneus de constru-ção diagonal .................................................................................... 56 FIGURA 23 Aspectos de um mesmo pneu sob diferentes pressões de insuflagem .................................................................................. 58

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FIGURA 24 Observação visual do lastreamento do trator............. 60 FIGURA 25 Eixo dianteiro extensível de tratores 2RM.................. 63 FIGURA 26 Principais dimensões funcionais do trator agrícola .... 64 FIGURA 27 Obtenção da potência na TDP e barra de tração do trator ............................................................................................... 69 FIGURA 28 Proteção principal da TDP.......................................... 73 FIGURA 29 Principais tipos de acidentes fatais envolvendo tratores agrícolas.......................................................................... 81 FIGURA 30 Principais tipos de acidentes graves envolvendo tratores agrícolas............................................................................ 81 FIGURA 31 Local do corpo atingido nos acidentes 81 FIGURA 32 Principais tipos de acidentes na agricultura familiar ............................................................................................ 82 FIGURA 33 Sequência e tempo de capotamento longitudinal de um trator .................................................................................. 88 FIGURA 34 Estrutura de proteção contra capotamento ............... 89 FIGURA 35 Risco de capotamento pela operação muito próxima a valetas.......................................................................... 91 FIGURA 36 Risco de capotamento pela tração de cargas pelo acoplamento do terce iro ponto .............................................. 91 FIGURA 37 Risco de capotamento lateral pela operação em encostas muito ingremes................................................................ 92 FIGURA 38 Risco de capotamento ao tentar subir uma rampa muito íngreme ................................................................... 92 FIGURA 39 Pictogramas mostrando o atropelamento do operador durante tentativas de ligar o trator fora do banco........... 95 FIGURA 40 Placa indicadora de veículo lento instalada na parte traseira do trator .................................................................... 96 FIGURA 41 Eixo carda da TDP e sua proteção externa............... 97 FIGURA 42 Alinhamento da barra de tração ao cabeçalho do implemento ..................................................................................... 99 FIGURA 43 Realização de curva com tratores de rabiças .........102 FIGURA 44 Símbolos de alerta e segurança..............................103 FIGURA 45 Símbolo com a palavra “advertência” ......................103 FIGURA 46 Símbolo com a palavra “perigo”...............................104 FIGURA 47 Símbolo com a palavra “cautela” .............................104 FIGURA 48 Painel de instrumentos típico de um trator de 4 rodas ............................................................................................106

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1.SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA FAMILIAR

Os Sistemas de Produção Agrícola Familiar são, sem dúvida, os segmentos de maior importância econômica e social do meio rural. Sabe-se que cerca de 80% da mão de obra rural está ligada a agricultura familiar, sendo esta responsável pela maior parte da produção de alimentos no Brasil.

Conforme FAO/INCRA (1994), Agricultura Familiar vem a ser aquela cuja característica básica é a íntima relação entre trabalho e gestão, onde a direção do processo produtivo é conduzida pelos proprietários, com ênfase na diversificação produtiva, na durabilidade dos recursos e na qualidade de vida. A utilização do trabalho assalariado, quando existente, se dá em caráter complementar.

De acordo com MDA (2010), considera-se como Agricultura Familiar a unidade produtiva em que todo e qualquer trabalho é desenvolvido pelos membros da família, que detêm a posse da terra e dos instrumentos de trabalho tendo, pelo menos, 80% da renda familiar proveniente da atividade agropecuária

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Outro conceito é dado por Bittencourt e Bianchini (1996), os quais caracterizam como agricultor familiar todo aquele(a) agricultor(a) que tem na agricultura sua principal fonte de renda (+ de 80%) e onde a base da força de trabalho utilizada no estabelecimento é desenvolvida por membros da família. Permite-se o emprego de terceiros, temporariamente, quando a atividade agrícola assim necessitar. Em caso de contratação de força de trabalho permanente, externa à família, a mão-de-obra familiar deve ser igual ou superior a 75% do total utilizado no estabelecimento.

Os mesmos autores dividem o agricultor familiar em consolidado, de transição e periférico.

O agricultor familiar consolidado seria aquele que apresenta as melhores condições de vida entre os agricultores familiares. As diferenciações são explícitas quando são considerados a renda monetária bruta, o capital fixo e a quantidade de terra disponível, os níveis de produtividade física das culturas e as relações com o mercado.

Já o agricultor familiar de transição seria o que apresenta características intermediárias entre as categorias dos agricultores familiares consolidados e a dos periféricos. As características que definem este grupo são a capacidade de produção, a vocação para a agricultura, a busca de reestruturação e/ou reconversão do sistema de produção, aliados a uma pequena capacidade de investimento, resultante de um baixo nível de capitalização e da ausência de políticas públicas adequadas à sua realidade.

Enquanto que o agricultor familiar periférico vem a ser aquele em que o estabelecimento e a renda oriunda da própria produção agrícola são muito pequenos e/ou insuficientes para manter a família exclusivamente com ela.

Independentemente da maneira como se queira conceituá-lo o Sistema de Produção Agrícola Familiar ou simplesmente Agricultura Familiar encontra-se, atualmente, frente a uma nova realidade: o uso de meios intensivos de produção na forma de mecanização agrícola. A mecanização

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das unidades de produção familiares, embora desejável, traz riscos econômicos, ambientais e de segurança pessoal (risco de acidentes), pois os agricultores não vêm sendo adequadamente preparados para a racional utilização desta tecnologia.

Iniciativas no sentido de preparar os agricultores familiares à adoção e melhoria da utilização dos sistemas mecanizados têm sido executadas pelos autores desta obra, por meio da implementação de diversos cursos de treinamento, patrocinados pelo Governo Federal através do Edital MCT/CNPq/MDA/SAF/MDS/SESAN no. 36/2007, por meio do projeto Apoio a Implantação da Mecanização Agrícola nas Unidades Familiares de Produção.

A região sul do Brasil, em especial os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, apresenta elevada concentração de unidades familiares de produção, as quais são responsáveis por quase metade do valor da produção agropecuária, ocupando aproximadamente 90% da mão de obra rural. Entretanto, em sua maioria, carecem de um adequado desenvolvimento tecnológico.

De acordo com Guilhoto et al. (2007) entre 1995 e 2005 a cadeia produtiva da agricultura de base familiar representou 10% do PIB brasileiro, sendo que 44% desse valor é devido a participação do PIB do agronegócio familiar da região sul do Brasil.

Segundo Porto (2002), 39,2% do valor da produção agropecuária da zona sul do Rio Grande do Sul é proveniente da agricultura de base familiar, a qual ocupa aproximadamente 85% da mão-de-obra rural da região. Não obstante a sua importância para a economia do setor agropecuário do Rio Grande do Sul, praticamente não há estudos sobre quais características de tratores e máquinas seriam adequadas às operações agrícolas comuns à agricultura familiar.

O Governo Federal, através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e do Programa Mais Alimentos, vem disponibilizando um

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considerável volume de crédito a esse setor, que tem sido utilizado, em grande parte para a compra de máquinas e implementos agrícolas.

Uma análise prévia permite identificar que há uma crescente necessidade dos agricultores familiares em adotar sistemas mecanizados de produção.

Em sua pesquisa com agricultores familiares de base ecológica da região sul do Estado do Rio Grande do Sul, Teixeira et al. (2009) identificaram que estes produtores apresentam dificuldades para expandir sua produção em função da falta de mão de obra, a qual pode ser minimizada com o uso da mecanização agrícola.

Machado et al. (2010), em trabalho realizado com agricultores de base familiar que praticam agricultura convencional e foram beneficiados com recursos do PRONAF, observaram que esta linha de financiamento tem sido um fator determinante para que estes agricultores adquiram tratores.

Aparentemente, este procedimento leva a crer que haverá em médio prazo vantagens concretas às famílias beneficiadas, pois, conforme salienta Santos et al. (1998), a adoção de sistemas mecanizados pode concorrer para a fixação das pessoas no campo, pois contribuem para uma podem reduzir as tarefas penosas comuns às atividades do campo, além de aumentar a possibilidade de produção. Entretanto, a crescente mecanização das atividades dentro das unidades familiares de produção ocasionadas pela possibilidade de aquisição de tratores, arados, semeadoras, pulverizadores entre outras máquinas, traz consigo duas graves e importantes questões:

• As máquinas que estão sendo adquiridas são

adequadas às especificidades da agricultura familiar? • Os agricultores envolvidos estão preparados para a

apropriação dessa tecnologia?

Sabe-se que existe uma carência, no mercado nacional, de máquinas e implementos de baixa potência, que são

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justamente aqueles mais apropriados para o uso nas pequenas áreas, mais comumente empregadas nas unidades familiares de produção.

As máquinas de baixa potência, disponíveis, provêm de fabricantes de pequeno porte ou são importadas, o que gera alguma insegurança com respeito aos aspectos técnicos de sua utilização, durabilidade, manutenção, eficiência, impacto ambiental, custo de operação e de manutenção.

O uso dessa tecnologia pode ter aspectos negativos. Um deles foi levantado por Schlosser et al. (2002), os quais relataram que com o aumento da produção de tratores na década de 60 do século XX, aumentou o número de acidentes no meio rural, na maioria dos casos, de risco superior aos que ocorriam anteriormente. Segundo os autores isto se deveu à substituição dos trabalhos manuais e com animais de tração pela mecanização das tarefas agrícolas.

A análise desse processo histórico leva a crer que o fenômeno pode se repetir com a introdução de máquinas nos sistemas de produção da agricultura familiar. Soma-se a isto, que o mau uso das máquinas pode acarretar prejuízos de ordem econômica com o aumento dos custos de operação, de manutenção e baixa eficiência operacional, além de prejuízos ambientais causados pela compactação do solo, erosão e contaminação química do solo e da água.

Percebe-se, portanto, que as respostas às duas questões formuladas são negativas. Isto é, as máquinas estão sendo adquiridas com pouco ou nenhum critério técnico por ausência de uma sistemática que leve em consideração aspectos relevantes, tanto da máquina quanto do sistema produtivo do agricultor. O agricultor não vem sendo preparado para dominar os aspectos técnicos, econômicos, ergonômicos e de segurança que envolvem o uso de máquinas agrícolas.

Neste sentido, o Setor de Máquinas e Equipamentos Agrícolas (SMEA) do Departamento de Engenharia Rural (DER) da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) vêm atuando para apoiar, em especial, associações de produtores familiares nas

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questões pertinentes à mecanização das propriedades principalmente através do projeto, treinamento na utilização e seleção de máquinas mais adequadas à sua situação de produção. Para isto tem sido de suma importância os recursos destinados pelo Conselho Nacional de Pesquisa e desenvolvimento Científico (CNPq), com verbas do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Tais recursos já possibilitaram a identificação das principais necessidades dos agricultores familiares da região sul do Estado do Rio Grande do Sul, em termos de máquinas agrícolas. Permitiram também o início do desenvolvimento de dois protótipos de semeadoras de milho e feijão adaptados às necessidades destes agricultores e a realização de diversos cursos sobre o tema, no sentido de qualificá-los a enfrentar esta nova realidade.

O certo é que os Sistemas de Produção Agrícola Familiar necessitam de um apoio que não se restrinja apenas aos recursos financeiros, mas principalmente de apropriação de tecnologia e informações a respeito da adequada utilização e manejo das máquinas agrícolas e é neste sentido que a equipe de trabalho do SMEA vem agindo e que esta obra pretende intervir.

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2.TRATORES PARA A AGRICULTURA DE BASE FAMILAIR

Pode-se definir trator agrícola como uma máquina dotada de fonte de potência própria e meios de locomoção (rodas/esteiras) utilizada, principalmente, como sistema de tração e transporte de outros equipamentos, no sentido de realizar as diversas operações dentro da propriedade rural.

Uma definição mais detalhada é apresentada por Mialhe (1980) para o qual o trator vem a ser uma máquina autopropelida provida de meios que, além de lhe conferirem apoio estável sobre uma superfície horizontal e impenetrável, capacitam-no a tracionar, transportar e fornecer potência mecânica para movimentar os órgãos ativos de máquinas e implementos agrícolas o que lhe confere as seguintes funções, que podem ser executadas isoladamente ou em conjunto:

• controlar e transferir potência às máquinas e implementos via barra de tração ou engate de três pontos;

• controlar e transferir potência às máquinas através da tomada de potência (TDP) ou de pressão hidráulica;

• transportar material a ser distribuído ou recolhido do campo;

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• transportar material em estradas vicinais;

• atuar como carregador ou descarregador em pequenas tarefas.

Conforme Reis et al. (2005) a razão pela qual o trator deva ser uma máquina versátil, capaz de movimentar e acionar um grande número de máquinas e implementos, é a tentativa de tornar mais racional o uso do motor e dos mecanismos de transmissão, que são bastante caros. De outra forma, cada uma das máquinas ou implementos considerados deveriam ser autopropelidos, elevando em muito seu custo de aquisição, já que a sua utilização se dá em períodos curtos no calendário agrícola.

Com relação aos tratores destinados a agricultura familiar, observa-se uma tendência de crescimento de vendas, nos últimos anos, principalmente na faixa entre 37 e 55kW (50 a 75cv) a qual mais do que duplicou desde 2006. Segundo dados da ANFAVEA (2009), até outubro, tinham sido comercializados mais de 26.000 tratores, nesta faixa de potência, enquanto que no ano de 2006 foram comercializados, por volta, de 11.000. Tal fato vem a ser um indicativo da importância dos programas de crédito à Agricultura Familiar do Governo Federal, pois nos últimos anos a maior disponibilidade de recursos pode ser interpretada como possibilidade de aquisição de tratores.

Portanto, faz-se necessário que estes agricultores sejam supridos de informações, visto que a apropriação desta tecnologia pode trazer conseqüências tanto benéficas quanto maléficas.

Neste capítulo serão tratados os assuntos referentes às características técnicas dos tratores, visando que com estas informações os leitores possam capacitar-se à sua utilização.

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2.1 TIPOS DE TRATORES E SUAS APLICAÇÕES

Basicamente os tratores utilizados na agricultura familiar são os de rodas, os quais podem ser divididos em tratores de duas ou quatro rodas.

Os tratores de duas rodas são chamados de motocultivadores ou tratores de rabiças, por sua semelhança com os implementos de tração animal, onde o agricultor caminha atrás do implemento, comandando-o por meio de rabiças. Normalmente este trator vem com uma enxada rotativa posterior às duas rodas motrizes, podendo ser substituída por arados, carretas, pulverizadores, perfurador de solo e outros implementos. Executam, respeitados os limites de potência e de estabilidade, as mesmas tarefas realizadas por tratores maiores, sendo indicados para áreas de até 30ha (FIG. 1).

Vista lateral Vista superior

FIGURA 1 - Trator de duas rodas.

Já os tratores de quatro rodas são o tipo mais comum de tratores agrícolas, seu apoio no solo é obtido por meio de quatro rodas. Podem apresentar apenas as duas rodas traseiras motrizes (2RM) como na FIG. 2, ou todas as quatro rodas motrizes (4RM), FIG. 3. Os tratores que apresentam as quatro rodas motrizes são chamados de tratores TDA (Tração Dianteira Auxiliar) e são aqueles nos quais os fabricantes introduziram um eixo motriz dianteiro, aonde vai montado um par de pneus de diâmetro inferior ao dos pneus traseiros a fim de manter a concepção inicial do projeto. A tração dianteira é

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ligada ou desligada pelo operador de acordo com a necessidade de tração.

Vista lateral Vista superior FIGURA 2 - Trator de quatro rodas com duas rodas motrizes.

Vista lateral Vista superior FIGURA 3 - Trator de quatro rodas com tração dianteira auxiliar.

Uma informação importante ao agricultor é a de saber-se qual o tipo de trator mais adequado à determinada tarefa a ser executada dentro da sua propriedade e quais são as conveniências e inconveniências da utilização de cada um deles.

Portanto torna-se fundamental a comparação entre os tratores com e sem TDA. Os principais parâmetros utilizados nesta comparação vêm a ser: capacidade operacional, custo operacional, força de tração na barra, potência na barra e patinamento.

Capacidade operacional (CO)

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Indica a quantidade de trabalho que o conjunto trator-implemento é capaz de realizar na unidade de tempo. O uso da TDA em solo firme pode aumentar a CO em quase 6%, em média, em solo mobilizado esse valor pode chegar a ser maior do que 15%. O aumento da CO pode ser explicado pela maior velocidade de deslocamento do conjunto trator-implemento com TDA.

Portanto quanto mais difíceis forem as condições de tráfego sobre o solo, maior será a vantagem do trator com TDA sobre um trator 2RM semelhante no que se refere à CO.

Custo operacional Nesse item estão incluídos; o preço de aquisição dos

tratores, custo por hectare trabalhado e consumo de combustível.

O preço de aquisição de tratores de até 55kW (75CV) com TDA de modelo igual ao de tratores sem TDA é, em média, 22,2% maior1 (dependendo do modelo e do fabricante esse valor pode variar de 7,2 a 16,5%)

O consumo horário de combustível é em média, 13,9% maior para tratores com TDA. Em condições de solo firme estas diferenças podem ser menores, na ordem de 6% superior para os tratores com TDA. Entretanto o consumo de combustível por hectare trabalhado, pode não ser diferente entre os modelos, fato explicado pela maior capacidade operacional dos tratores com TDA.

No que se refere aos custos globais de operação por hectare, alguns pesquisadores afirmam que para solos firmes o trator com TDA tem custos mais elevados (7,37%), já para solos mobilizados a situação se inverte, pois os maiores custos de operação são dos tratores sem TDA (5,46% maiores).

1 Baseado em preços de venda de março de 2010, na região de Pelotas - RS.

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Força de tração e potência na barra

A força de tração na barra expressa a capacidade do trator tracionar implementos acoplados por um, dois ou três pontos. Quando a esse conceito agrega-se a velocidade em que ele é capaz de exercer o esforço de tração tem-se a sua potência na barra de tração2.

Tanto a força de tração quanto a potência na barra são maiores nos tratores com TDA. Em pista de concreto a força de tração na barra é em média 33,3% maior e a potência na barra é maior do que 33,3% e 36,6%, tratores sem lastro e com lastro respectivamente.

Patinamento

O patinamento representa, em termos percentuais, o deslizamento da banda de rodagem dos pneus motrizes do trator sobre a superfície de apoio. O seu valor influi no desgaste do pneu, consumo de combustível e na força de tração na barra.

Em condições de campo, pesquisadores observaram uma redução no patinamento de 16,88% para 10,34% quando se utilizou trator com TDA.

2.2 CONSTITUIÇÃO BÁSICA DOS TRATORES AGRÍCOLAS

Os tratores agrícolas de quatro rodas, ainda que fabricados por diversas empresas e mesmo tendo peculiaridades próprias em cada modelo, caracterizam-se por apresentar praticamente a mesma constituição, ou seja, os mesmos tipos de sistemas, órgãos e mesmas soluções para alguns tipos de problemas.

Um trator típico disponível no mercado nacional tem a seguinte constituição: chassi, motor, sistema de transmissão (embreagem, caixa de câmbio e transmissão final), sistema de 2 Potência = força x velocidade.

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direção, órgãos de acoplamento e transferência de energia (barra de tração, engate de três pontos, tomada de potência), rodados, sistema elétrico, comandos.

2.2.1 CHASSI

Quando se observa um trator típico, nota-se que não há uma estrutura visível ligando o eixo dianteiro ao eixo traseiro e as demais partes. A ligação física que dá a necessária rigidez ao trator é feita pelas próprias partes constituintes, num arranjo a que se chama de chassi monobloco (FIG. 4). Neste, o bloco do motor, a carcaça da caixa de câmbio, a carcaça da transmissão final e as carcaças das semi-árvores são reforçadas a fim de suportar os esforços aos quais o trator está sujeito durante a operação, fazendo a função do chassi convencional.

FIGURA 4 - Chassi monobloco.

Outra forma de união entre as partes do trator é através de um chassi convencional. Nesse tipo de arranjo,

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os esforços são suportados por uma estrutura composta de perfis de aço longitudinais, reforçados por perfis transversais, que unem os dois eixos e servem de suporte ao motor e à caixa de câmbio, como se pode observar na FIG. 5.

FIGURA 5 - Chassi convencional.

2.2.2 SISTEMA DE TRANSMISSÃO

Trata-se este sistema de um conjunto de mecanismos responsável por conduzir a potência gerada no motor do trator às suas rodas motrizes, que geralmente são as traseiras. Caso o trator apresente TDA há a necessidade de que o movimento oriundo no motor também seja transmitido às rodas dianteiras, a fim de que estas desenvolvam esforço tratório.

Num trator agrícola de rodas com transmissão mecânica, a potência gerada pelo motor passa primeiramente pela embreagem, tem a sua velocidade angular e torque alterados pelo operador através da caixa de câmbio, seguindo para a transmissão final (conjunto coroa e pinhão, diferencial e redução final), chegando por fim às rodas motrizes.

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2.2.3 EMBREAGEM

A embreagem encontra-se entre o motor do trator e a caixa de câmbio, de forma que o movimento gerado passe através dela para chegar à caixa, ou seja, interrompido sem a necessidade de parada do motor.

São funções da embreagem dos tratores:

• Permitir que se dê a partida no motor do trator, sem a necessidade de acionar qualquer mecanismo de transmissão; • Permitir que se coloque o trator em movimento através transmissão progressiva e suave da potência do motor à caixa de câmbio; • Permitir a troca de marchas pela interrupção da transmissão do movimento do motor à caixa de câmbio • Permitir o engrenamento da árvore da TDP em alguns modelos de tratores (embreagem dupla).

A embreagem dos tratores agrícolas pode ser de dois tipos: monodisco a seco ou multidisco em banho de óleo. A primeira é empregada com freqüência em tratores com potência de até 80kW (108CV), os quais são em sua maioria, normalmente, empregados na agricultura familiar. Esta embreagem utiliza apenas um disco feito de material com elevado coeficiente de atrito e resistente ao desgaste, acionado mecanicamente.

Na embreagem monodisco (FIG. 6) quando o pedal de embreagem é pressionado, a prensa comprime as molas de pressão do platô, liberando o disco que, sem força normal contra a sua superfície, não consegue mais girar em conjunto com a prensa e o volante, interrompendo, assim, a transmissão de movimento. Ao liberar-se o pedal de embreagem, as molas comprimem novamente a prensa de encontro ao disco e este de encontro ao volante. Como o disco, na sua parte central, encontra-se unido através de

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dentes frezados à árvore primária da caixa de câmbio, o movimento passa do motor a essa. Quando a embreagem está desacoplada, ou seja, quando o pedal está pressionado, o disco adquire o movimento da caixa de câmbio (que pode ser nulo) e as demais partes (molas, platô, prensa) giram solidárias ao volante do motor.

FIGURA 6 - Vista em corte de uma embreagem simples.

Alguns tratores possuem embreagem dupla (FIG. 7) a qual possui dois discos de fricção: o disco principal, que transmite o movimento à caixa de câmbio, e o disco secundário, de menor diâmetro, que transmite o movimento à TDP. Os discos são concêntricos, mas ligados a árvores distintas, o que se torna possível devido ao fato da árvore da TDP ser oca e de maior diâmetro, permitindo, assim, a passagem pelo seu interior da árvore primária da caixa de câmbio.

Disco

Árvore primária

Prensa

Platô Volante

Molas de pressão

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FIGURA 7 - Vista em corte de uma embreagem dupla.

O funcionamento da embreagem dupla (FIG. 7) é semelhante ao de uma embreagem monodisco. Quando o pedal de embreagem é acionado até a metade de seu curso a alavanca de acionamento puxa a prensa contra as molas helicoidais de pressão, liberando o disco principal e interrompendo, assim, a passagem do movimento à caixa de câmbio do trator. Se o pedal de embreagem for pressionado até o final de seu curso, além da liberação do disco principal, há a liberação do disco secundário, pois a alavanca de acionamento secundária empurra a prensa secundária contra a mola prato, anulando a força normal à superfície de fricção do disco secundário.

O uso da embreagem dupla gera a necessidade de

parar o trator para ligar ou desligar a TDP, dificultando, em algumas operações, a realização de manobras e regulagens, além de diminuir a capacidade operacional do conjunto.

Disco principal

Disco secundário

Alavanca de acionamento

Mola prato

Alavanca de acionamento secundário

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A fim de resolver esses problemas, alguns tratores

contam com uma embreagem exclusiva para a TDP, permitindo que o acionamento seja feito independentemente do trator encontrar-se em movimento ou não. Esse tipo de embreagem é geralmente de múltiplos discos banhados a óleo e com acionamento hidráulico. Para utilizar a TDP, basta deslocar a alavanca para posição ligada, que o óleo sob pressão é direcionado para a câmara de pressão, garantindo o contato entre os discos motores e os discos movidos. Quando a alavanca é levada para a posição desligada, a pressão do óleo é aliviada, cessando a transmissão do movimento (em alguns tratores o óleo é direcionado para o freio da TDP, auxiliando a parada da máquina que está sendo acionada).

2.2.4 CAIXA DE CÂMBIO

Este mecanismo situa-se após a embreagem tendo a função de permitir a adequada seleção da velocidade e torque a ser transmitido às rodas de tração do trator, bem como de alterar o seu sentido de movimento.

Seu funcionamento baseia-se no recebimento do movimento do motor através da embreagem e transferência do mesmo a um conjunto de engrenagens, as quais, dependendo do acoplamento a ser feito, permitirão o movimento da árvore final, com uma rotação maior ou menor, levando este movimento até a transmissão final.

É importante salientar que a caixa de câmbio não

aumenta a potência do motor, faz isto sim, a alteração do torque e velocidade transmitidos.

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Nos tratores agrícolas a velocidade e o torque são controlados através da mudança de marchas e não por meio da aceleração do motor, pois devido às grandes reduções empregadas, as variações de rotação no motor resultam em diferenças pequenas na velocidade de deslocamento, especialmente nas primeiras marchas.

O tipo de caixas de câmbio mais utilizadas nos tratores empregados na agricultura familiar são as mecânicas (de engrenagens cilíndricas e de engrenagens planetárias).

Caixa de câmbio convencional É o tipo mais utilizado, tata-se basicamente de um

conjunto de engrenagens colocadas no interior de uma carcaça de ferro fundido (FIG. 8), as quais se encontram parcialmente imersas em óleo lubrificante. O movimento transmitido pelo virabrequim do motor através da embreagem é transferido à árvore primária da caixa de câmbio, o qual apresenta na sua extremidade uma engrenagem motora. Acoplado a esta se encontra uma engrenagem movida que é fixa à árvore secundária. Nesta árvore encontram-se várias engrenagens cilindrícas, fixas em suas posições, cujos tamanhos são diferenciados. Na mesma linha de centro da árvore primária, à sua frente, está localizada uma árvore ranhurada, que é denominada de árvore terciária, que possui várias engrenagens deslizantes. Essas engrenagens são responsáveis por colocar o trator em movimento para frente.

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FIGURA 8 - Caixa de câmbio convencional.

Através da alavanca de mudança de marchas, as

engrenagens podem ser movidas sobre a árvore terciária, permitindo diferentes acoplamentos às engrenagens da árvore secundária. Assim obtém-se a variação na rotação da árvore terciária, que é responsável por transmitir o movimento oriundo do motor e alterado na caixa de câmbio, até a transmissão final.

Como é difícil encontrar uma rotação no motor que possibilite atender a primeira condição, é recomendável acionar a embreagem (parar a engrenagem da árvore secundária) e imobilizar o trator (parar a engrenagem da árvore terciária) para somente então efetuar a troca de marchas.

A marcha à ré é obtida através de uma engrenagem (pinhão) que se encontra acoplada à última engrenagem da árvore secundária. Ao fazer-se com que a engrenagem da primeira marcha entre em contato com este pinhão, ocorre a inversão do sentido de movimento da árvore terciária e por via

A B

DC

E F

G

A) árvore primária; B) engrenagem da árvore primária; C) árvore

secundária; D) engrenagens da árvore secundária; E) árvore terciária;

F) engrenagens da árvore terciária; G) pinhão de ré.

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de conseqüência das rodas de tração do trator, possibilitando que o mesmo desloque-se para trás.

Outra possibilidade existente em caixas de câmbio mecânicas é a troca de marchas com o trator em movimento. É a chamada caixa de câmbio sincronizada. A finalidade do mecanismo sincronizador é equalizar a rotação da engrenagem que vai ser acoplada com a rotação da árvore terciária, que é proporcional à velocidade de deslocamento do trator, fazendo com que a troca de marcha se processe de forma suave, sem o risco de danificar os mecanismos.

Caixa de câmbio de engrenagens planetárias Este tipo de caixa de câmbio (FIG. 9) apresenta uma

árvore central que recebe o movimento oriundo do motor ao qual se encontra acoplada uma engrenagem central (também chamada de engrenagem solar). Sobre esta vão acopladas engrenagens menores (satélites) que normalmente são em número de três. Envolvendo estas engrenagens tem-se uma engrenagem de dentes internos (coroa). Os eixos das engrenagens satélite são fixos a um flange, o que permite que fiquem interligados, formando o que se chama de porta-satélites.

Nos tratores que apresentam esse tipo de transmissão, as diferentes marchas são obtidas por vários sistemas de engrenagens planetárias funcionando em conjunto. As engrenagens estão permanentemente acopladas aos eixos motor e movido, não havendo a necessidade de engate de marchas para a mudança de velocidade e torque, bastando apenas a frenagem de um dos componentes do sistema para que o funcionamento do conjunto seja alterado.

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FIGURA 9 - Transmissão de engrenagens planetárias. Uma aplicação do sistema de engrenagens planetárias

em caixas de transmissão convencionais ocorre nos tratores equipados com power shift3. Nesses tratores, além das marchas selecionadas e da possibilidade da escolha do grupo reduzido ou direto, é possível alterar a relação de transmissão em torno de 25% (na maioria dos casos) pelo simples acionamento de um botão, sem a necessidade da embreagem. O mecanismo que permite a redução da velocidade é um sistema planetário acionado hidraulicamente através de uma válvula solenóide ligada pelo botão.

As transmissões com power shift, permitem a troca de marchas sem o acionamento da embreagem, o que significa dizer que o trator não pára sob o efeito da carga quando o sistema é acionado, pois não há a interrupção na transmissão de movimento.

3 Não há termo técnico específico na língua portuguesa para essa expressão inglesa. O sentido é esclarecido no texto.

Árvore central

Porta satélites

Engrenagem satélite Coroa

Engrenagem solar Árvore

movida

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2.2.5 TRANSMISSÃO FINAL

A transmissão final do trator é um conjunto de peças e mecanismos responsáveis por transferir o movimento oriundo da caixa de câmbio às rodas de tração do trator, alterando o plano de rotação do movimento de transversal ao trator (na caixa de câmbio) em plano longitudinal (plano das rodas). Além dessa função, a transmissão final possibilita a diferenciação da rotação nas semi-árvores das rodas motrizes, onde ainda há mais uma redução no movimento. A transmissão final do trator compõe-se de um mecanismo denominado pinhão e coroa, de um diferencial e de uma redução final.

O pinhão é uma engrenagem de pequeno tamanho que recebe o movimento da árvore terciária da caixa de câmbio e o transfere até a coroa (engrenagem maior), que por sua vez muda em 90o a direção do movimento originário do pinhão (FIG. 10). Devido à diferença de tamanho entre as engrenagens que fazem parte deste sistema, também ocorre uma redução na velocidade de giro e um aumento no torque que está sendo transmitido.

FIGURA 10 - Mecanismo pinhão e coroa.

Pinhão

Coroa

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Acoplado à coroa está o mecanismo diferencial (FIG. 11), que se constitui de um sistema de engrenagens localizado dentro de uma caixa, responsável por sua fixação. As duas engrenagens maiores são denominadas de planetárias, pois são capazes de girar apenas sobre seu próprio eixo. Já as engrenagens menores, em número de duas a quatro, são chamadas de satélites, pois além de poder girar sobre seu próprio eixo (movimento de rotação) também giram ao redor das planetárias (movimento de translação), arrastando, nesse movimento, o porta-satélites, que se encontra fixado à coroa através da caixa.

FIGURA 11 – Mecanismo diferencial.

A função do diferencial é distribuir o movimento que chega à coroa entre as duas semi-árvores motoras, permitindo que o trator tanto ande em linha reta quanto tenha a capacidade de fazer curvas. Para que o trator desloque-se em linha reta as rodas motrizes devem apresentar a mesma rotação. Quando isso ocorrer, as engrenagens planetárias irão girar em conjunto com a caixa do diferencial, isto é, com a mesma velocidade desta. Já as engrenagens satélites vão

coroa

Pinhão Planetária Satélite

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apresentar apenas o movimento de translação, ao redor das planetárias. O operador do trator, ao acionar o volante de direção com a finalidade de fazer uma curva, faz com que as rodas, externas à circunferência que está sendo descrita, para compensar o maior caminho percorrido, girem numa velocidade maior do que as internas à curva. Para que isto aconteça, a planetária ligada à semi-árvore da roda externa à curva vai girar com uma velocidade superior à velocidade da caixa do diferencial, enquanto que a outra planetária, ligada à semi-árvore da roda interna a curva, gira com uma velocidade menor. Isto só é possível devido ao movimento de rotação das engrenagens satélite em torno de seu próprio eixo. Logo, quando o trator estiver fazendo uma curva, as engrenagens satélite apresentarão dois movimentos: o de translação, ao redor das engrenagens planetárias, e o de rotação, em torno do seu próprio eixo.

Esta forma de compensar o menor movimento de uma das rodas motrizes do trator é na maioria das vezes benéfica, permitindo que o trator faça curvas. Entretanto, em algumas situações, existe a necessidade de que o mecanismo diferencial não atue, como é o caso em que uma das rodas motrizes passa por um terreno mais solto enquanto a outra desloca-se por um terreno firme. Nesse caso o diferencial começará a atuar, pois o movimento será direcionado em parcela maior para a roda que necessitar menor torque, fazendo com que a roda sobre o terreno solto gire numa velocidade maior do que a outra. Tal fato, dependendo da intensidade de ocorrência, pode prejudicar o deslocamento do trator. Assim, para manter-se o adequado deslocamento do trator, deve ser acionado o bloqueio do diferencial, o qual impede que este mecanismo continue atuando, isto é, que as engrenagens planetárias girem com velocidades diferentes e que as engrenagens satélite tenham movimento de rotação. Ao acionar-se o bloqueio do diferencial, ambas as rodas motrizes vão girar com a mesma velocidade, pois o

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mecanismo do bloqueio une as duas engrenagens planetárias.

O movimento oriundo das engrenagens planetárias do diferencial é transmitido às semi-árvores motoras, que nada mais são do que os elementos que conduzem o movimento do diferencial até a chamada redução final. Há dois tipos usuais de redução final: por um par de engrenagens cilíndricas ou por sistema planetário.

Na redução final por engrenagens cilíndricas, a engrenagem ligada à semi-árvore motora é menor e por isso denomina-se pinhão. Acoplada a esta existe uma engrenagem maior, coroa, que se encontra acoplada à semi-árvore movida (cubo de roda). Desta forma tem-se nova redução de velocidade e aumento de torque.

2.2.6 SISTEMA DE DIREÇÃO

O sistema de direção dos tratores agrícolas possui a função de permitir a mudança na direção de movimentação do trator, isto é, permitir que ele ande em linha reta, faça curvas e/ou manobras. Os mecanismos utilizados como sistemas de direcionamento dependem basicamente do tipo de trator.

Nos tratores agrícolas de pneus de 2RM, com ou sem TDA, a mudança de direção se dá através da movimentação lateral dos rodados dianteiros. Neste caso, a mudança de direção do trator é orientada pela mobilização lateral do rodado dianteiro.

Já nos tratores de rabiças, obtém-se a movimentação lateral através de um sistema de embreagem nas rodas, que funciona de forma independente para cada uma delas. A mudança de direção é feita através do acionamento da embreagem da roda interna à curva que será realizada. Ao acionar-se a embreagem desta roda faz-se com que o movimento oriundo do motor não seja transferido à mesma. Assim ela vai girar livremente. Como a roda externa à curva

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que se está fazendo continua recebendo movimento do motor, ela apresentará a tendência de seguir tracionando o trator, tendo-se desta forma a mudança de direção. Cabe ressaltar que em descidas o comportamento se inverte, pois ao se acionar a embreagem direcional o peso do trator faz aquela roda acelerar, movendo o trator para o lado oposto. O mesmo ocorre em marcha à ré.

Um fator importante com relação ao sistema de direção dos tratores de rodas diz respeito a geometria do rodado dianteiro a qual contribui para melhorar as condições de condução, reduzir o desgaste dos pneus e tornar o acionamento do sistema de direção mais fácil.

Considera-se geometria a disposição relativa entre as partes do sistema de direção.

As principais são: ângulo de inclinação longitudinal do pivô (também conhecido como caster), ângulo de inclinação lateral do pivô, ângulo de cambagem (ou camber) e convergência das rodas.

O ângulo de inclinação longitudinal do pivô (FIG. 12) ajuda a manter o plano vertical da roda alinhado com a direção do deslocamento.

FIGURA 12 - Representação do ângulo de inclinação longitudinal do pivô em relação à vertical

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O ângulo de inclinação lateral do pivô e o camber (FIG. 13) contribuem para reduzir as sobrecargas laterais a que está sujeito o pivô.

FIGURA 13 - Ângulo de cambagem (α) e ângulo de inclinação lateral do pivô (β) em relação à vertical

A convergência das rodas procura compensar o efeito da cambagem que faz com que as rodas tenham a tendência de abrirem-se durante o movimento. A convergência das rodas, geralmente, é o único item da geometria do rodado passível de regulagem. O seu valor pode ser alterado através da variação do comprimento da barra de direção telescópica do trator. Para tratores 2RM a medida A da FIG. 14 deve ser até 8mm maior que a medida B, de forma que as rodas dianteiras do trator fiquem direcionadas para dentro.

b a

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FIGURA 14 - Representação da convergência das rodas.

2.2.7 ÓRGÃOS DE ACOPLAMENTO E TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA

Conforme já salientado anteriormente a unidade de trabalho no meio agrícola, tanto para tarefas de campo quanto para as de transporte, é constituída por um trator (fonte de potência) e um equipamento (executor da tarefa). Estas partes são interconectadas por componentes chamados acoplamentos.

Como as duas partes do conjunto interagem entre si, o sistema de acoplamento, assim como o seu funcionamento, afeta a eficiência do conjunto.

As funções básicas dos sistemas de acoplamento são:

• Transferir forças entre o implemento e o trator;

B

A

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• Comandar o movimento e a posição do equipamento em relação ao trator; • Permitir a troca de um equipamento por outro.

Os órgãos de acoplamento e transferência de energia de um trator de rodas convencional (FIG. 15) encontram-se, normalmente, em sua parte traseira. São eles: barra de tração, engate de três pontos, tomada de potência (TDP) e sistema hidráulico de controle remoto.

FIGURA 15 – Órgãos de acoplamento e transferência de energia de um trator de rodas.

A barra de tração encontra-se na parte traseira do trator, centrada transversalmente e apresenta a possibilidade de ser deslocada tanto lateralmente como longitudinalmente. Sua função é permitir o acoplamento do equipamento ao trator através de um único ponto.

Sistema hidráulico de controle remoto

Braços inferiores do sistema de engate de três pontos

TDP

Barra de tração

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Normalmente a barra de tração apresenta a possibilidade de ser utilizada mais ou menos alta, dependendo da forma com que é montada. Essas regulagens visam ajustar as alturas da barra de tração e dos cabeçalhos dos diversos equipamentos que podem ser utilizados.

O sistema de engate de três pontos apresenta as funções de controlar a posição relativa do implemento ao trator, o que é feito por um sistema mecânico de ligação e controlar a força de tração exigida pelo implemento abaixando-o ou levantando-o, o que é comandado pela deflexão de uma mola.

As dimensões do engate de três pontos encontram-se padronizadas pela Norma Brasileira NBR 8566 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

A Norma estabelece três categorias de engate de três pontos, tendo como base a potência na barra de tração dos tratores, conforme se pode observar na Tabela 1. Para cada categoria são fornecidas as dimensões mínimas e máximas de cada parâmetro padronizado, inclusive as forças mínimas de levantamento que devem ser observadas no sistema hidráulico.

TABELA 1 - CATEGORIAS DE ENGATE DE TRÊS PONTOS DE TRATORES AGRÍCOLAS DE RODAS

Categoria Potência máxima na barra de tração [kw]

1 até 35 2 30 a 75 3 acima de 70

A fim de facilitar o acoplamento de implementos ao sistema de engate de três pontos deve-se utilizar a ordem proposta a seguir:

1o) ponto de engate inferior esquerdo;4

4 Tendo como referência o operador sentado no banco do trator.

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2o) ponto de engate superior;

3o) ponto de engate inferior direito.

O ponto inferior direito é deixado por último por possuir uma regulagem independente de altura, feita através de uma manivela no braço de levantamento.

A Tomada de Potência (TDP) encontra-se na parte traseira dos tratores. Existem, basicamente, dois tipos; a proporcional e a de velocidade constante. Na primeira, o acionamento é feito a partir do eixo de saída da caixa de câmbio do trator, de forma que a sua velocidade angular seja proporcional à velocidade de deslocamento do trator. Uma das aplicações da TDP proporcional é o acionamento dos rodados de carretas graneleiras tracionadas. O tipo mais comum e que equipa a maioria dos tratores comercializados no Brasil é a TDP de velocidade constante, na qual o acionamento é feito a partir do eixo de entrada da caixa de câmbio, de forma que a sua velocidade angular dependa apenas da rotação de trabalho do motor, independentemente da marcha de trabalho.

A TDP de velocidade constante apresenta duas rotações padronizadas: 540 e 1.000rpm. Existem modelos de tratores que permitem o uso das duas rotações, a construção destes eixos é diferenciada, a fim de evitar os acidentes que poderiam ser ocasionados pelo acoplamento de implementos destinados a trabalhar com 540rpm na rotação de 1.000rpm ou vice-versa.

O eixo da TDP de 540rpm tem 35mm de diâmetro e apresenta 6 estrias enquanto que da TDP de 1.000rpm pode ter 35 ou 45mm de diâmetro e apresenta 21 estrias, conforme pode ser visto na FIG. 16.

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FIGURA 16 – Eixo da TDP.

No caso do trator contar cm estes dois eixos, há no tacômetro indicação da rotação do motor que fornece 540rpm e/ou 1.000rpm na TDP (Fig 17).

FIGURA 17 – Tacômetro com indicação de 540 e 1000rpm.

1000rpm

540rpm

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O acionamento da TDP pode ser feito de duas formas: por intermédio de uma alavanca, sendo necessário o uso do pedal de embreagem do trator, ou através de um botão (ou também alavanca) no painel do trator, daí o nome de TDP de acionamento independente.

Em alguns tratores, em especial nos mais antigos, o acionamento da TDP (tanto para ligar quanto para desligar), só pode ser feito com o trator parado. Nesse caso, a embreagem do trator apresenta dois estágios de funcionamento. No primeiro estágio, até aproximadamente a metade do curso do pedal, há o desacoplamento do disco principal, cessando a transmissão de movimento do motor à caixa de câmbio - necessário à troca de marchas do trator. No segundo estágio, é também desacoplado o disco de fricção responsável pela transmissão de movimento à árvore da TDP, a fim de possibilitar que esta seja ligada ou desligada por ação do deslizamento de uma luva acopladora.

O sistema hidráulico de controle remoto fornece potência hidráulica para o acionamento de diversos mecanismos e equipamentos agrícolas. O sistema é composto geralmente por uma bomba hidráulica de engrenagens, com linhas de fluxo de óleo e uma ou duas válvulas controladoras. As linhas hidráulicas são dotadas de terminais de engate rápido (fêmea), localizadas na parte traseira do trator (FIG. 18), onde são acopladas as mangueiras do sistema hidráulico do equipamento por ocasião de seu engate ao trator.

Esse sistema é utilizado, principalmente, no acionamento de cilindros hidráulicos responsáveis pelo levantamento e abaixamento de ferramentas e movimentação de mecanismos de implementos. O sistema também pode ser utilizado no acionamento de motores hidráulicos, desde que esses sejam projetados para essa finalidade.

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FIGURA 18 - Terminais de engate rápido do sistema hidráulico de controle remoto.

2.2.8 RODADOS

O rodado de um trator agrícola constitui-se num dos elementos da interface máquina-solo. É através dos rodados que se exercem as principais funções que se espera de um trator: apoiar e sustentar o seu peso próprio em movimento sobre a superfície de trabalho; possibilitar o direcionamento durante o trabalho; ser capaz de se autolocomover e de gerar esforço de tração, através da transmissão, à superfície de apoio da força produzida em decorrência do acionamento do rodado.

Por serem amplamente utilizados nos tratores direcionados a agricultura familiar, nesta obra serão descrito apenas os rodados pneumáticos.

Um rodado pneumático de um trator (FIG. 19) é composto por:

Cubo de roda: encontra-se, ligado ao semi-eixo motriz ou eixo dianteiro do trator. Ao retirar-se a roda,

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soltando-se as porcas que prendem o cubo ao centro da roda, este mantém-se ligado ao trator;

Aro: liga o cubo de roda ao pneu, apresentando duas partes distintas, separáveis ou não: disco do aro, que na sua parte central apresenta as perfurações para a ligação com o cubo e na sua extremidade externa une-se à base do aro, que é especialmente projetada para acomodar o pneu e a câmara (caso exista);

Pneu: coroa circular de seção transversal aproximadamente cilíndrica constituída de materiais flexíveis, que envolve o aro e cujo interior é preenchido com ar sob pressão, podendo ou não conter uma câmara de ar de formato semelhante.

FIGURA 19 - Rodado pneumático de tração de trator agrícola.

Cubo de roda

Pneu

Aro

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As partes constitutivas de um pneu agrícola de tração típico são: carcaça, talões, flancos e banda de rodagem (FIG. 20).

FIGURA 20 - Partes constitutivas de um pneu agrícola de tração.

Os pneus utilizados nas máquinas agrícolas são classificados segundo as suas funções principais. Assim, tem-se: pneus de tração, pneus direcionais, pneus para transporte (implementos) e pneus para motocultivadores. Essa classificação segundo a aplicação do pneu é designada por letras e números, conforme o apresentado na Tabela 2.

Banda de rodagem

Flanco

Talão

Carcaça

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TABELA 2 - TIPOS DE PNEUS AGRÍCOLAS MAIS DIFUNDIDOS NO BRASIL SEGUNDO A SUA APLICAÇÃO

Classificação Símbolo Características Tração R-1 Pneus para rodas motrizes de tratores e

colhedoras. Indicados para trabalho em solos com boas características de tração. São os mais utilizados.

R-2 Pneus para rodas motrizes de tratores e colhedoras. Indicados para solos inconsistentes, moles e excessivamente úmidos. São largamente utilizados em operações na lavoura de arroz irrigado.

R-4 Pneus para rodas motrizes de tratores industriais e outras máquinas para movimentação de terra e florestais.

Direcional F-1 Pneus para eixos direcionais não tracionados de tratores e colhedoras. Apresenta um ressalto (raia) ao longo de seu plano médio.

F-2 Pneus para eixos direcionais não tracionados de tratores e colhedoras. Apresenta duas ou três raias ao longo de seu plano médio

F-3 Pneus para eixos direcionais não tracionados de tratores e colhedoras. Multirraiado.

Transporte I-1 Pneus para uso em implementos e carretas.

Tração/ motocultivadores

G-1 Pneus desenvolvidos para rodas motrizes de motocultivadores e microtratores. A sua banda de rodagem se assemelha aos pneus R-1.

As dimensões dos pneus, independentemente de sua função, são apresentadas de duas formas. Uma delas em polegadas, que é bastante comum e outra dita métrica, muito difundida na Europa e que começa a ser empregada no Brasil. A seguir serão apresentados dois exemplos de medidas, um

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em polegadas e outro métrico, para que se possa explicar a numeração de cada sistema.

Exemplo 1: polegadas Pneu 18.4R30 R-1 18.4: largura da seção do pneu em polegadas

R: quando existir, indica construção radial da carcaça, para construção diagonal é omitido.

30: diâmetro interno do pneu em polegadas R-1: classificação de uso do pneu (Tabela 2).

Exemplo 2: métrico Pneu 650/65 R38 8PR 650: largura da seção do pneu em mm. 65: relação de forma (relação entre a altura da seção e

a sua largura). O número significa que a altura da seção corresponde a 65% de sua largura5.

R: indica construção radial da carcaça. 38: diâmetro interno do pneu em polegadas. 8PR: capacidade de carga (Ply Rating) do pneu, 8

lonas nesse caso. Nos dois sistemas de numeração, se ao final da

medida aparecer a expressão tubeless, significa que o pneu não necessita de câmara de ar.

A maioria dos pneus agrícolas comercializados no Brasil, atualmente, são de carcaça diagonal. Nesse tipo de construção, as camadas de material têxtil (lonas) são dispostas diagonalmente em relação ao plano médio da banda de rodagem, de forma que as diferentes camadas de material se cruzem em ângulos inferiores a 90° (FIG. 21). Esse tipo de construção favorece a rigidez dos flancos e da banda de rodagem.

5 As relações de forma mais comumente encontradas nos pneus de tração são superiores a 85%.

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Num outro tipo de construção da carcaça, a radial, as lonas vão de talão a talão, formando um ângulo de 90° (FIG. 22) com o plano médio da banda de rodagem. Nos pneus radiais os flancos e a banda de rodagem são mais flexíveis.

FIGURA 21 - Forma de disposição das lonas em pneus de construção diagonall. Fonte: Michelim

FIGURA 22 - Forma de disposição das lonas em pneus de construção radial. Fonte: Michelim

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As vantagens dos pneus radiais sobre os pneus diagonais são:

• Aumento do coeficiente de tração; • Superfície de contato com o solo de 15 a 20% superior à de um pneu diagonal de mesma medida; • Diminuição da resistência ao rolamento, pois pelo fato dos flancos serem mais flexíveis, a banda de rodagem se molda às irregularidades da superfície do solo; • Possibilidade de emprego de pressões internas menores para uma mesma carga.

Não obstante as vantagens citadas, o uso de pneus radiais na agricultura brasileira é muito reduzido, pois o seu preço ainda é muito elevado. Some-se a isso o fato de que as vantagens relacionadas anteriormente podem não ser muito acentuadas em alguns tipos de solo.

Com relação a vida útil do pneu esta pode ser prolongada se os seguintes cuidados forem observados:

• Utilizar e manter a pressão de insuflagem recomendada; • Fazer os consertos com as ferramentas adequadas; • Não exceder a capacidade de carga do pneu (com a adição demasiada de lastro, por exemplo); • Não trafegar a mais de 30km.h-1; • Não exceder o volume máximo de lastro líquido no interior dos pneus; • Evitar o tráfego sobre estradas asfaltadas ou de terra; • Desligar, sempre que possível, a tração dianteira em operações de transporte em estradas. Um fator importante com relação aos pneus diz

respeito a sua pressão de inflação ou insuflagem, também chamada de pressão interna, a qual deve ser ajustada em função das variações da carga aplicada sobre o pneu. Considera-se carga aplicada sobre o rodado o peso próprio do

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trator, levando-se em conta a distribuição de pesos entre os eixos, a adição de lastros sólidos e/ou líquidos, o suporte de máquinas e acessórios. De maneira geral, pode-se dizer que quanto maior for a carga que um determinado rodado deva suportar, maior deverá ser a pressão de inflação.

Os fabricantes de pneus fornecem a pressão recomendada para cada modelo de pneu em função da carga que devem suportar, portanto frente a situação de uso o manual do trator deve ser consultado

A pressão de inflação incorreta é o fator que mais contribui para o desenvolvimento de avarias e desgaste prematuro dos pneus agrícolas.

Pressões insuficientes causam excessiva flexão da carcaça, ocasionando o rompimento dos cordonéis, redução da resistência dos flancos do pneu, desgaste irregular da banda de rodagem, além de favorecer o deslizamento do pneu sobre o aro quando esforços de tração maiores forem exigidos, causando a ruptura da câmara de ar junto à válvula. Por outro lado, o excesso de pressão, além de prejudicar o desempenho do trator, ocasiona uma maior compactação do solo, podendo também causar o rompimento da carcaça. Na FIG. 23, podem-se observar os aspectos dos pneus com pressão excessiva, correta e deficiente.

Excessiva Correta Deficiente FIGURA 23 - Aspectos de um mesmo pneu sob diferentes pressões de insuflagem. (fonte: Reis et al. 2005)

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Com relação a pressão de inflação dos pneus

agrícolas, deve-se tomar alguns cuidados, tais como: • Utilizar calibradores de pressão precisos, pois um erro de 14kPa (2 lbf.pol-2) numa recomendação de pressão de 83kPa (12 lbf.pol-2) é muito significativo, representando uma diferença de 20%; • A pressão dos pneus deve ser aferida ao menos uma vez por semana, antes do início da jornada de trabalho; • A pressão dos pneus traseiros do trator que trabalhem dentro do sulco da aração deve ser acrescida de 28kPa (4 lbf.pol-2); • Em pneus com lastro líquido, a pressão é diferente com a válvula na posição superior e inferior. No caso de não se dispor de um calibrador específico para pneus lastrados com água, pode-se fazer a leitura com a válvula na posição superior (ausência d’água) e subtrair-se do valor obtido 3,4kPa (0,5 lbf.pol-2) para cada 0,30m de altura de lastro do pneu; • Nunca aplicar pressões superiores a 241kPa (35 lbf.pol-2), pois há risco de explosão do pneu.

Com relação ao lastro dos tratores este pode ser

considerado como um peso móvel que se adiciona ou se retira do veículo com a finalidade de otimizar o seu desempenho de acordo com as variações das condições de operação. O uso de lastros tem três finalidades básicas:

• Manter o patinamento das rodas motrizes em níveis aceitáveis; • Aumentar a potência disponível na barra de tração; • Manter suficiente peso sobre o rodado dianteiro de forma a permitir o direcionamento do trator. De um modo geral, o lastro deve ser adicionado para

que se realize mais eficientemente as operações que demandam maior esforço de tração, como por exemplo o

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preparo do solo. Isso é válido especialmente para solos de textura mais arenosa ou quando as condições do solo forem boas.

Para solos mais argilosos em condições de alta umidade, o acréscimo de lastro não aumenta significativamente a tração. Nesse caso deve-se optar por pneus que apresentem uma maior área de contato com o solo.

Uma forma de verificar se o lastreamento está correto, já com o trator trabalhando, é a observação das marcas deixadas no solo pelos pneus de tração. Para isso leva-se em consideração a deformação do solo e indícios de patinamento (FIG. 24). Marcas pouco definidas e superficiais indicam patinamento excessivo, havendo a necessidade de se aumentar o lastro ou diminuir a força de tração exigida. Marcas claramente definidas e presença de recalque significam excesso de lastro. O peso trator está correto quando as marcas dos pneus estiverem bem definidas nas bordas, com sinais de deslizamento no centro e apresentando pouco recalque.

Pouco lastro Muito lastro Lastro correto

FIGURA 24 – Observação visual do lastreamento do trator. (fonte: Reis et al. 2005)

O lastreamento incorreto do trator, tanto o excesso quanto a falta de peso, traz uma série de inconvenientes e devem ser evitados. O excesso de lastro pode causar: consumo excessivo de combustível; desgaste prematuro de

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elementos mecânicos da transmissão; danos à estrutura do solo (deformação e compactação); aumento da resistência ao rolamento. Por outro lado, a falta de lastro pode ocasionar: danos à estrutura do solo por excesso de patinamento; desgaste prematuro dos pneus; consumo excessivo de combustível.

Há basicamente dois tipos de lastro que se pode adicionar aos tratores: lastro metálico e lastro líquido.

Os lastros metálicos podem ser tanto fixados diretamente às rodas dianteiras ou traseiras quanto ao pára-choque dianteiro do trator.

O lastro líquido nada mais é do que a introdução de água no interior do pneu. O seu uso é recomendado naquelas situações onde não houver desvantagens do uso permanente do lastro, já que a adição e a remoção da água dos pneus é uma tarefa que demanda várias horas.

A adição de água deve ser sempre inferior a 75% do volume interno do pneu, caso contrário, o pneu torna-se muito rígido, o que aumenta os riscos de rompimento da carcaça. O enchimento com água deve ser feito com o pneu suspenso e com a válvula de enchimento na posição mais alta. Após retirar-se a parte móvel da válvula introduz-se a água no pneu através de uma mangueira até que se atinja um nível d’água correspondente a altura da válvula (75% de enchimento). Caso não se esteja utilizando um adaptador (tubo de purga) para permitir a saída do ar de dentro do pneu à medida que a água entra, é necessário desacoplar a mangueira várias vezes com esta finalidade. Não se deve esquecer de calibrar o ar do pneu levando-se em conta o peso da água adicionada no cálculo da pressão a ser utilizada. A retirada total da água do pneu somente pode ser feita utilizando-se o tubo de purga mencionado anteriormente e com a válvula de ar na posição mais baixa.

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2.2.9 BITOLA

A bitola de um trator agrícola (FIG. 26) representa a distância horizontal entre os centros dos pneus traseiros (bitola traseira - Bt) ou os centros dos pneus dianteiros (bitola dianteira - Bd).

Essa medida é muito importante quando se considera a versatilidade que deve ter um trator dentro da propriedade agrícola. A variação das bitolas permite que o trator se adapte às diferentes tarefas que se apresentam, do preparo do solo ao cultivo. Na aração, por exemplo, a bitola deve ser regulada em função da largura de corte do arado, de forma que as rodas de um lado do trator (rodas direitas no caso de arados fixos) trafeguem no interior do sulco e permitam uma boa regulagem do arado. Nas operações de cultivo, principalmente, há a necessidade de se regular a bitola do trator de forma a adequá-la ao espaçamento entre linhas da cultura em questão. Cabe lembrar que a bitola traseira e a bitola dianteira, em todas as circunstâncias, devem ser a mesma para o correto funcionamento do trator.

A variação da bitola dianteira de tratores 2RM (FIG. 25) é feita através da modificação da largura do eixo dianteiro. Isso é possível porque o eixo é extensível, ou seja, a parte interna na qual se encontram fixadas as pontas de eixo e as rodas desloca-se no interior da parte externa, que é pivotada no chassi do trator. A fixação entre ambas é feita através de porcas e parafusos.

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FIGURA 25 - Eixo dianteiro extensível de tratores 2RM.

Na maioria dos tratores é possível variar a bitola traseira. A variação é feita, basicamente, de três formas: cubo móvel, aro deslizante e posição do aro.

A maneira mais comum de ajustar-se a bitola traseira dos tratores é por meio da modificação da posição do aro. Nesse esquema de variação de bitola, há necessidade da desmontagem das rodas a fim de conseguir-se a nova posição do disco do aro em relação à base ou, até mesmo, desmontar o pneu do aro, já que algumas bitolas somente são conseguidas mediante a troca de lado das rodas, evitando-se que a banda de rodagem fique com o sentido de rotação invertido. Naturalmente, o ajuste de bitola pela troca de posição do aro é o método mais demorado de todos os citados, sendo, mesmo assim, o mais comum.

2.2.10 DIMENSÕES

As principais dimensões do trator, ou seja, aquelas mais importantes sob o ponto de vista do uso do trator numa

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determinada tarefa, para armazenagem e para transporte, são:

• Bitola traseira (Bt); • Bitola dianteira (Bd); • Vão livre horizontal (Vlh); • Vão livre vertical (Vlv); • Largura máxima (L); • Altura máxima (H). Na FIG. 26, cada uma dessas medidas é graficamente

definida. L

Vlh

BtBd

Vlv

H

FIGURA 26 - Principais dimensões funcionais do trator agrícola.

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3. ESCOLHENDO UM TRATOR AGRÍCOLA

Os tratores adequados à agricultura familiar devem ser capazes de executar o maior número de tarefas possível dentro da propriedade. Com relação a sua utilização alguns pesquisadores consideram que um índice aceitável deve estar acima de 500h/ano assim seus custos, principalmente de aquisição e manutenção, serão minimizados.

Os autores têm trabalhado sobre este tema e estão desenvolvendo uma planilha eletrônica com a finalidade de auxiliar o agricultor familiar na escolha do trator mais adequado a sua propriedade e atividade.

Entre os aspectos norteadores da correta seleção de tratores pelos agricultores familiares tem-se:

• Desempenho técnico (capacidade do trator e facilidade de manutenção) adequado à área e atividades da propriedade; • Ergonomia e segurança do operador; • Custo de operação (custos de manutenção e consumo de combustível); • Custo de aquisição.

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Para facilitar o entendimento com relação à tarefa de

escolha do trator mais adequado a propriedade estes aspectos são discriminados a seguir.

3.1 DESEMPENHO TÉCNICO

Os fatores referentes ao desempenho técnico dos tratores são aqueles relativos às informações que podem ser obtidas basicamente em folhetos e catálogos, através dos revendedores ou em exposições e feiras. Referem-se normalmente a dois itens principais; capacidade do trator e facilidade de manutenção.

A capacidade do trator pode ser subdividida em capacidade de operação e capacidade de tração.

Subdivide-se a capacidade de operação em reserva de torque, autonomia do tanque de combustível, acionamento da TDP, sistema hidráulico de controle remoto, raio de giro, capacidade de levante do sistema de engate de três pontos.

Reserva de torque, vem a ser o incremento percentual de torque6 na rotação máxima com carga em relação ao torque máximo. Na prática, permite um incremento temporário no torque do motor para superar uma eventual resistência. De outra forma pode-se dizer que a reserva de torque é a capacidade que o trator apresenta de aumentar o torque à medida que ocorre diminuição na rotação do motor. Considera-se que um trator apresenta uma boa reserva de torque quando esta for superior a 30%, assim o trator vai apresentar um melhor desempenho reduzindo a necessidade de trocas de marchas;

Autonomia do tanque de combustível, o volume ideal do tanque de combustível deve ser aquele que permita, pelo menos, uma jornada de trabalho diária de 10h sem 6 Torque do motor é o momento de torção que o virabrequim ou árvore de manivelas consegue produzir no motor.

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necessidade de paradas para reabastecimento, portanto este fator está intimamente ligado ao consumo de combustível do trator. A capacidade do tanque deve ser de 4,0 litros de combustível por kW do motor, dando condições para um dia de serviço a um regime de trabalho de 85% da capacidade do motor;

Acionamento da TDP, conforme descrito anteriormente a TDP pode ser acionada de diferentes maneiras, o ideal é que o trator apresente acionamento independente deste item;

Sistema hidráulico de controle remoto, é importante que o trator apresente este sistema com, no mínimo, 2 válvulas de controle, desta forma poderá ser utilizado na grande maioria das máquinas que o necessite;

Raio de giro vem a ser o raio do menor círculo descrito pela roda mais externa do trator com relação ao solo quando o trator se desloca em círculo, com o volante de direção totalmente acionado a direita ou à esquerda. Quanto menor for o raio de giro maior será a facilidade de manobrar o trator;

Capacidade de levante do sistema de engate de três pontos, este sistema deve apresentar capacidade de levante compatível com as máquinas e equipamentos a serem utilizados pelo agricultor. Como exemplo pode-se citar que se um trator apresentar capacidade de levante do sistema de engate de três pontos de 500kgf o agricultor não poderá trabalhar com um equipamento montado cujo peso, em condições de trabalho, seja acima desta capacidade, sob pena de danificar o trator.

Já a capacidade de tração do trator pode ser definida, para fins de seleção do equipamento, como sendo a sua potência. Um fator importante com relação à potência do motor do trator é saber qual a Norma de ensaio de motor que o fabricante utilizou. No Brasil não existe uma recomendação padrão, cada fabricante ensaia o motor de seu trator seguindo a Norma que lhe seja mais conveniente (ASAE; DIN; ABNT,

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etc), muitas vezes esta informação não está no catálogo do trator ou não é mencionada pelo revendedor.

Só é possível comparar tratores, quanto a sua potência, quando os mesmos apresentarem esta informação de acordo com a mesma Norma de ensaio.

Outro fato importante é que normalmente os fabricantes indicam a potência do motor na sua rotação máxima e não na de trabalho. Esta informação não possui valor prático, podendo levar o agricultor a seleção incorreta do equipamento a ser tracionado. O relevante para o agricultor é conhecer a potência disponível na barra de tração e TDP do trator, pois estes são os órgãos de acoplamento do trator ao equipamento.

Uma regra prática para identificação da potência na barra de tração e TDP é dada pela ASAE (2003), FIG. 27.

Esta Norma separa os tratores em; com e sem TDA, tração integral nas 4 rodas (4x4) e esteiras.

Também é feita uma divisão com relação à condição em que se encontra o solo no qual o trator vai transitar; em piso de concreto, solo firme, cultivado e solto.

O piso de concreto é a referência para padronização de ensaios de trator, enquanto que solo firme é considerado aquele que não sofreu mobilização por equipamentos de preparo (ex.: situação de plantio direto), já solo cultivado é considerado o que sofreu apenas uma mobilização inicial, preparo primário (aração) e solo solto àquele que sofreu preparo primário e secundário (aração e gradagem).

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Potência Máxima no Motor

Potência na TDP

Potência utilizável na Barra de Tração

0,83

0,780,800,820,88Esteira0,700,750,780,884 x 40,650,730,770,874 x 2 - TDA0,550,670,720,874 x 2SoltoCultivadoFirmeConcreto

SoloTrator

FIGURA 27 – Obtenção da potência na TDP e barra de tração do Trator. Adaptado da Norma ASAE D497.4 (2003).

Dois exemplos de aplicação da Norma da ASAE são dados a seguir:

Exemplo 1: Trator 4x2 com 75kW a 2200rpm

de potência máxima no motor (primeira linha da tabela, FIG. 27).

1 = Potência máxima disponível no motor 75kW 2 = Potência máxima na TDP:

75kW X 0,83 62,25kW;

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3 = Potência útil na barra de tração (em pista de concreto): 62,25kW X 0,87 54,16kW;

4 = Potência útil na barra de tração (em solo firme): 62,25kW X 0,72 44,82kW;

5 = Potência útil na barra de tração (solo cultivado): 62,25kW X 0,67 41,71kW;

6 = Potência útil na barra de tração (solo solto): 62,25kW X 0,55 34,24kW;

Exemplo 2 : Trator 4x 2-TDA com 75kW a 2200rpm

de potência máxima no motor (segunda linha da tabela, FIG. 27).

1 = Potência máxima disponível no motor 75kW 2 = Potência máxima na TDP:

75kW X 0,83 62,25kW; 3 = Potência útil na barra de tração (em pista de concreto):

62,25kW X 0,87 54,16kW; 4 = Potência útil na barra de tração (em solo firme):

62,25kW X 0,77 48,13kW; 5 = Potência útil na barra de tração (em solo cultivado):

62,25kW X 0,73 45,44kW; 6 = Potência útil na barra de tração (em solo solto):

62,25kW X 0,65 40,46kW; Conforme pode ser visto nos exemplos acima, da

potência informada pelo fabricante (potência máxima disponível no motor) apenas parte realmente será utilizada para a tração do equipamento (potência na barra de tração), sendo esta dependente da condição de solo em que o trator vai trabalhar e do seu sistema de tração.

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3.2 ERGONOMIA E SEGURANÇA

Com relação à ergonomia devem-se levar em conta as seguintes características; posição do escapamento, isolamento térmico da transmissão, número de posições de conforto do assento, nível de ruído, presença de defletor de poeira, posição da alavanca de câmbio, regulagem da inclinação do volante de direção.

Posição do escapamento, a posição do

escapamento do motor do trator deve ser de tal forma que não haja direcionamento de fumaça ao posto de comando do operador, pois se isto ocorrer haverá prejuízo a saúde do agricultor;

Isolamento térmico da transmissão é importante o

trator contar com este tipo de isolamento, pois caso contrário haverá aquecimento demasiado dos membros inferiores do operador, causando-lhe desconforto e possibilidade de prejuízos a saúde;

Número de posições de conforto do assento, o

assento do trator deve apresentar a possibilidade de pelo menos 3 regulagens, que são vertical, horizontal e amortecimento. Também a presença de braços de apoio laterais deve ser considerada como um item de conforto ao operador;

Nível de ruído, não deve ser superior a 90dB, segundo a NR15, que é o índice que permitirá ao operador trabalhar 8h por dia, sem sofrer prejuízo a sua audição;

Presença de defletor de poeira é importante o trator contar com este item no sentido de que a poeira levantada pelas rodas dianteiras do trator não atinja o posto de operação;

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Posição da alavanca de câmbio, o ideal é que

alavanca de câmbio e demais comandos sejam localizados nas laterais do posto de operação, possibilitando melhor mobilidade às pernas do operador e evitando que ele tenha que se curvar para trocar marchas;

Regulagem da inclinação do volante de direção,

um bom trator deve permitir este tipo de regulagem, pois desta forma facilitará o trabalho do operador.

No que diz respeito à segurança do operador deve-

se considerar; presença de estrutura de proteção contra capotamento (EPCC), câmbio sincronizado, proteção principal da TDP, presença de cantos vivos nos comandos e de alertas de segurança.

Presença de estrutura de proteção contra

capotamento, um bom trator tem de possuir EPCC em conjunto com cinto de segurança, desta forma em caso de capotamento do trator o posto do operador será preservado;

Câmbio sincronizado, a utilização do câmbio

sincronizado facilita o trabalho do operador, principalmente em situações onde se faz necessário a contínua troca de marchas, além disso, torna mais seguras as operações de transporte de cargas, pois reduz a possibilidade de erro durante a troca de marchas;

Proteção principal da TDP, conforme visto

anteriormente a TDP pode girar a 540 ou 1000rpm e muitas vezes mesmo estando desligada apresenta movimento rotatório, logo, para prevenir acidentes é importante que a mesma possua uma proteção principal, a qual é dada por uma chapa metálica que a envolve (FIG. 28)

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FIGURA 28 – Proteção principal da TDP

Presença de cantos vivos junto aos comandos, se junto aos comandos do trator existirem cantos vivos haverá grande possibilidade do operador se acidentar, sofrendo cortes, portanto uma averiguação da existência dos mesmos deve ser feita na hora de se escolher o trator;

Alertas de segurança é importante o trator contar

com indicações de situações de risco junto a partes que podem ocasionar acidente.

3.3 CUSTO DE OPERAÇÃO

Com relação a este fator, atenção especial deve ser dada a potência do trator a ser escolhido, pois quanto maior ela for mais elevado será o custo de operação. É de fundamental importância a adequação da potência do trator às reais necessidades da propriedade, a fim de evitar-se a aquisição de um trator cuja potência do motor seja muito superior ao necessário, pois tal fato ocasionará um maior dispêndio de capital, o que pode inviabilizar a propriedade.

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O custo de operação pode ser dividido em custo de manutenção e consumo de combustível.

No custo de manutenção, encontram-se envolvidos todos os gastos com ações necessárias a que o trator seja conservado ou restaurado de modo a poder permanecer de acordo com uma condição específica. Estes custos podem ser divididos em custos com manutenção preventiva e corretiva.

A manutenção preventiva visa manter o trator, sempre em condições ideais de utilização e conservação, a fim de que o mesmo execute adequadamente suas tarefas. Porém, podem ocorrer imprevistos ocasionados por uso inadequado, danificação acidental, desgaste de um componente e/ou defeito de fabricação. A ocorrência destes fatos leva a execução da manutenção corretiva.

Na manutenção preventiva estão envolvidos os gastos com componentes que devem ser trocados a intervalos regulares como filtros de combustível, filtros de óleo lubrificante, rolamentos, etc.

A manutenção corretiva é mais difícil de ser estimada uma vez que vai depender das condições de utilização do trator e da adequada execução da manutenção preventiva

De maneira geral considera-se como custo de manutenção aquele envolvido com lubrificantes e reparos.

Estimativas dão conta de que para tratores voltados a agricultura familiar os custos de manutenção situam-se em torno de R$0,45 por hora trabalhada.

Verificou-se também que valores acima de R$3,00 por hora trabalhada são impeditivos a utilização do trator nas condições atuais da produção agrícola familiar.

Uma maneira de estimar se o custo de manutenção do trator está elevado é utilizar uma regra simples, a qual indica que para uma vida útil do trator prevista para 10 anos o custo de manutenção anual não deve ultrapassar 10% do valor pago na aquisição do trator.

Também os gastos com óleo lubrificante e graxa, não devem ultrapassar a 20% do gasto com combustível.

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Conforme a ASAE (2003) o consumo de óleo

lubrificante pode ser calculado pela equação abaixo: CL = 0,00043 x (P + 0,02169) Onde: CL = Consumo, em L/h; P = Potência nominal do motor, em CV. Estima-se que o consumo de graxa deve situar-se em

torno de 50g por hora de trabalho. A periodicidade de troca do óleo lubrificante do motor,

caixa de câmbio, redução final, diferencial, e do sistema hidráulico vai depender do fabricante. Dados os custos envolvidos, tal informação é relevante no momento de optar-se por um determinado trator.

Devido ao elevado valor do óleo diesel, o consumo de combustível, é um dos principais fatores que devem ser levados em conta ao calcular-se o custo de operação do trator.

Este fator é difícil de calcular em função da variação de regime de utilização do motor do trator nas diferentes tarefas desempenhadas pelo mesmo ao longo de um dia de trabalho, o ideal é obter-se esta informação com o fabricante.

Alguns autores estimam que o consumo de combustível (diesel) encontra-se me torno de 0,25 a 0,30L por CV de potência exigida na barra de tração do trator.

O custo horário de combustível pode ser calculado pela equação a seguir:

CC = 0,25 x PB x VL Onde:

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CC = Custo horário de combustível, em R$/h; PB = Potência na barra de tração do trator, em CV; VL = valor do litro de combustível, em R$ Para agricultura de base familiar o ideal é que o

consumo de combustível situe-se na ordem de 2L por hora trabalhada.

3.4 CUSTO DE AQUISIÇÃO

Embora o valor do bem a ser adquirido seja importante, este não deve ser considerado o principal fator no momento da escolha. Conforme visto deve se levar em consideração o conjunto de todos os fatores anteriormente citados e que possibilitem um custo de aquisição adequado a disponibilidade financeira e de endividamento do produtor.

Entretanto também deve ser considerado o fato de que um trator com maior valor de aquisição (normalmente trator de maior potência e acima da necessidade do produtor) apresentará maior custo horário, seja de manutenção ou operação.

O importante é que seja feita uma criteriosa análise técnica do produto a ser adquirido, levando-se em consideração não só o custo de aquisição, mas também o que este equipamento trará de benefícios ao produtor.

O peso que cada um dos fatores citados acima terá na escolha do trator deverá ser atribuído pelo produtor em função de suas necessidades e disponibilidades financeiras, entretanto se duas marcas apresentarem as mesmas características técnicas, evidentemente o ideal e mais lógico será optar por aquela de menor valor de aquisição.

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3.5 DEPRECIAÇÃO

A depreciação vem a ser o valor que o trator perde durante o transcorrer de sua vida útil, sendo dependente da maneira como o mesmo é utilizado, operado e mantido ao longo de sua vida. Este talvez seja o maior custo do trator.

A maneira mais simples e prática de calcular-se a depreciação do trator é pelo método da “linha reta”, o qual consiste em amortizar o capital empregado na aquisição do bem em parcelas iguais durante a sua vida útil estimada. No caso de tratores a estimativa de vida útil, também chamada de valor final ou valor de sucata é de 10 (dez) anos, após este período estima-se que os custos envolvidos para manutenção do trator e a tecnologia nele empregada não são mais adequados para mantê-lo trabalhando.

O cálculo é executado pela equação abaixo: D = VA - VS / Vu Onde: D = Depreciação anual, em R$/ano VA = Valor de aquisição, em R$ VS = Valor de sucata, em R$ VU = Vida útil, em anos Calcula-se VS, para uma vida útil estimada de 10 (dez)

anos, pela equação: VS = 0,1 x VA Também é possível calcular-se a depreciação horária,

dividindo-se a depreciação anual pelo número de horas trabalhadas anualmente. Esse valor pode ser empregado para compor o custo total horário de uso efetivo do trator.

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4. SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DE TRATORES AGRÍCOLAS

4.1 DEFINIÇÃO DE ACIDENTE

Embora o acidente de trabalho seja definido pela legislação brasileira (Regulamento dos Benefícios da Previdência Social, artigo 131 do Decreto nº 2.172, de 05 de março de 1997), uma definição mais abrangente, proposta por Alonço (2005), será utilizada nesse texto. Segundo o autor, acidente de trabalho é todo o acontecimento que não esteja programado e que interrompa, por pouco ou muito tempo, a realização de um serviço, provocando perda de tempo, danos materiais ou lesão corporal. Assim, não é necessário que uma determinada ocorrência produza lesões ao trabalhador para ser considerada acidente. Tampouco é necessário que haja vínculo empregatício para que o acidente seja configurado, o que é muito importante para a agricultura familiar onde quase todo o trabalho é feito pelo agricultor e seus familiares.

O fato de não haver danos físicos ao trabalhador é, na maioria das vezes, uma questão de sorte, pois os eventos com danos materiais ensejam todas as condições para que ocorram lesões corporais: acontecem muito rapidamente e de forma inesperada, dificultando, ou mesmo impossibilitando, a pronta resposta das pessoas envolvidas; forças muito elevadas estão geralmente presentes, especialmente com

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Capotamento; 54%

Quedas e atropelametos; 17%

Colisões c/ outros veículos ou

obstáculos; 10%

Contato com a TDP; 7%

Outros; 12%

máquinas agrícolas; podem liberar agentes tóxicos; produzem comportamentos inesperados dos equipamentos, os quais, invariavelmente, aumentam as chances de danos físicos ao trabalhador.

Os acidentes que resultam em lesões ao trabalhador podem ser classificados como fatais (morte do trabalhador e ou de pessoas não envolvidas diretamente no trabalho), graves e leves. Embora não haja uma definição legal do que sejam acidentes graves e acidentes leves, Schlosser et al. (2002) consideram acidentes graves aqueles que afastem o trabalhador por mais de 15 dias de suas atividades. Segundo salienta Debiase (2002), “o risco de ocorrência de um determinado evento é uma variável bidimensional, resultado do produto entre a freqüência e a gravidade das suas conseqüências”. Nesse sentido, é necessário que se conheça, por um lado, detalhadamente as operações agrícolas executadas, as máquinas empregadas (tipo, funcionamento, estado de manutenção, idade, presença de dispositivos de segurança, ergonomia), o local de trabalho, bem como a freqüência do uso, e por outro, os tipos de acidentes possíveis de ocorrerem e o seu nível de gravidade.

4.2 ESTATÍSTICAS

A falta do comunicado relatando o acidente envolvendo máquinas agrícolas às autoridades torna difícil a obtenção de dados seguros a respeito da freqüência dos acidentes assim como a sua gravidade. Esse fato, embora seja grave no Brasil, também é observado em países mais desenvolvidos. Para que se tenha uma idéia, Field (2008) estima que para a cada pessoa morta em acidentes com tratores nos EUA outras 40 são feridas.

A seguir são apresentados alguns dados que resumem as estatísticas de acidentes com máquinas agrícolas no mundo (FIG. 29) e na região central do estado do Rio Grande do Sul (FIG. 30), juntamente com os locais do corpo mais atingidos (FIG. 31).

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Capotamento; 51,7%

Quedas c/ o trator em movimento;

16,1%

Atropelamento; 9,3%

Contato com a TDP; 14,4%

Batidas; 4,2%

Outros; 4,2%

Mãos; 28%

Pés; 23%Coxa, perna e tornozelo; 14%

Tronco; 11%

Olhos; 6%

Ombros e braços; 5%

Face, pescoço, couro cabeludo; 4%

Órgãos internos; 3%

Não definidos; 6%

FIGURA 29 – Principais tipos de acidentes fatais envolvendo tratores agrícolas em nível mundial (adaptado de Debiase, 2002).

FIGURA 30 – Principais tipos de acidentes graves envolvendo tratores agrícolas na região central do RS (fonte: Debiase & Schlosser, 2001)

FIGURA 31 – Local do corpo atingido nos acidentes (fonte: FUNDACENTRO, 1990)

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Percebe-se o quão preocupante é o tema quando se verifica que 39% dos trabalhadores rurais entrevistados por Debiase & Schlosser (2001), na região central do Rio Grande do Sul, já sofreram algum tipo de acidente com tratores. A estatística torna-se mais grave se a esse dado for associada à estimativa de que a cada quatro acidentes envolvendo tratores agrícolas, um produz a invalidez permanente da vítima.

Mais recentemente Reis et al. (2010) estudaram a ocorrência de acidentes com máquinas agrícolas entre agricultores de base familiar (70,9% dos estabelecimentos tinham menos de 30ha) em municípios da região de Pelotas, RS. Diferentemente do trabalho de Debiase & Schlosser (2001) que considerou apenas acidentes graves, a pesquisa de Reis et al. (2010) levou em conta qualquer tipo de acidente que tenha causado algum ferimento ao agricultor ou a terceiros envolvidos na operação agrícola mecanizada. Outra particularidade do trabalho dos autores é que nem todos os entrevistados possuíam tratores ou mesmo sabiam operá-los. Dentre os respondentes, 27,2% afirmaram já terem sofrido algum tipo de acidente com máquinas agrícolas. Essa percentagem se eleva quando os respondentes operadores de máquinas foram considerados isoladamente, chegando a 42,9%. Os principais tipos de acidentes observados são mostrados na FIG. 32.

Outros, 4,4%Intoxicação, 5,9%

Atropelamento, 5,9%

Capotamentos, 8,8%

Enroscamento TDP, 8,8%

Quedas, 8,9%Queimadura, 10,3% Acoplamento do

implemento, 13,2%

Choque contra obstáculos, 14,7%

Perda controle subida/estrada, 19,1%

FIGURA 32 – Principais tipos de acidentes na agricultura familiar (fonte: Reis et al., 2010)

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Chama a atenção nos resultados apresentados na FIG. 33 a baixa ocorrência de capotamentos, que correspondem por mais de 50% dos acidentes graves mostrados nas FIGs. 29 e 31. Uma explicação possível é alta fatalidade deste tipo de evento, assim, a possibilidade de um respondente ter sobrevivido a esse tipo de acidente e respondido à pesquisa foi reduzida.

4.3 IMPORTÂNCIA DE SE PREVENIR ACIDENTES

A conscientização dos agricultores e das outras pessoas envolvidas no uso de máquinas agrícolas, especialmente os tratores, sobre as graves implicações de um acidente é fundamental para a adoção de práticas de segurança e escolha e aquisição de equipamentos seguros. Sem essas atitudes, é pouco provável que, tanto a freqüência, quanto a gravidade dos acidentes no meio rural sejam abrandados. Sendo assim, há três aspectos que podem ajudar a sensibilizar os agricultores sobre a necessidade de se prevenir acidentes: os econômicos, os sociais e familiares e, os de saúde (doenças, invalidez e morte).

Aspectos econômicos, não se conhece uma estimativa dos custos financeiros dos acidentes com máquinas agrícolas no Brasil. Esses custos incluem, entre outros, os prejuízos da própria máquina, redução da produtividade ou produção (custo indireto) e o custo financeiro para o estado.

Seguindo a visão mais ampla de acidente, verifica-se que, em muitos casos, a “ocorrência imprevista” resulta na quebra do trator ou da máquina agrícola. O conserto deste equipamento constitui-se no dano econômico mais evidente.

Dependendo do estágio de desenvolvimento da cultura em que ocorre a quebra da máquina e do tempo necessário para os reparos, ocorre um prejuízo indireto, pois a tarefa que estava sendo realizada é interrompida. Dentre as operações

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agrícolas, aquelas mais sensíveis aos atrasos na execução são a colheita (exposição a maiores riscos de intempéries, ataque de animais silvestres, debulha natural, queda da qualidade de grãos, sementes ou frutos), a semeadura (perda dos períodos ótimos de semeadura para a maximização da produtividade) e tratamentos fitossanitários (a demora no controle a determinadas pragas pode causar sérios riscos à produção e à qualidade do produto).

Outro aspecto econômico que deve ser lembrado é aquele decorrente do afastamento do trabalho necessário ao restabelecimento da saúde do operador, podendo ser necessária a contratação de outra pessoa para que as tarefas continuem a serem executadas. No caso da agricultura familiar, a pessoa afastada é o próprio agricultor ou agricultora, de modo que se não for possível a contração de um trabalhador temporário, haverá perda irreversível na produção.

Por fim, mas não menos importante, é o custo financeiro para o estado. Devido à ocorrência de acidentes o estado tem que disponibilizar a sociedade uma estrutura de atendimento e assistência aos feridos.

Aspectos sociais e familiares, um primeiro aspecto de ordem social já foi abordado, que é o custo financeiro que toda a sociedade tem que arcar quando da ocorrência de um acidente com lesões corporais.

Dependendo das características do acidente, das lesões e dos prejuízos provocados e da estrutura psicológica da vítima, podem surgir problemas psicossociais associados à ocorrência. Quando, de alguma forma, a capacidade da vítima para o trabalho é a afetada, ou os prejuízos econômicos são consideráveis, ela pode ser levada à depressão ou ao alcoolismo. Em ambos os casos, são conhecidas as implicações negativas para o indivíduo, para a sua família e para a sociedade.

Outro aspecto importante é o do grande potencial oculto para a desestruturação familiar. O primeiro ponto que deve ser levantado é a possibilidade de um acidente levar ao

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falecimento de cônjuge, pai, mãe, filho, filha ou outro membro do núcleo familiar. Além da dor da perda do ente querido, há o risco do comprometimento da viabilidade econômica do estabelecimento e com isso, de todo um modo de vida, pois na agricultura familiar, como já se disse, grande parte do trabalho é feito pelos membros da família.

4.4 PRINCIPAIS CAUSAS DE ACIDENTES COM TRATORES

Genericamente, as causas dos acidentes podem ser separadas em atos inseguros, condições inseguras e fatores pessoais.

Segundo Alonço (2005), o ato inseguro é a maneira errada e/ou descuidada do trabalhador fazer determinado serviço, como por exemplo: dirigir o trator em alta velocidade, não ter cuidado ao reabastecer o trator, etc. Os pesquisadores do assunto afirmam que os atos inseguros são responsáveis por até 85% dos acidentes com máquinas agrícolas. Como atos inseguros, podem ser listados: operar sem autorização; utilizar equipamento de maneira imprópria ou operar em velocidades inseguras; usar equipamento inseguro (com conhecimento); lubrificar, limpar, regular ou consertar máquinas em movimento, energizadas ou sob pressão; misturar indevidamente; utilizar ferramenta imprópria ou deixar de utilizar a ferramenta própria; tornar inoperantes ou inseguros os dispositivos de segurança; usar mãos e outras partes do corpo impropriamente; assumir posição ou postura insegura; fazer brincadeiras de mau gosto; não usar o Equipamento de Proteção Individual (E.P.I.) disponível; descuidar-se no pisar e na observação do ambiente; deixar de prender, desligar, sinalizar, etc.

Segundo Alonço (2005), a condição insegura caracteriza-se quando, por qualquer motivo, as ferramentas, os tratores ou as máquinas agrícolas estão com defeito ou sem dispositivos de segurança, colocando em risco a segurança do operador, como por exemplo: ferramentas

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estragadas, mal conservadas ou defeituosas, falta de cabine nos tratores, etc.

Os fatores pessoais são aqueles que não podem ser considerados nem atos inseguros nem condições inseguras por si só, mas quando atingem determinado nível podem vir a causar acidentes, pois se transformam em atos e condições inseguras. No homem pode-se tomar como exemplo a fadiga e na máquina, a sua obsolescência.

Causas específicas, o aumento da segurança no trabalho dá-se pelo conhecimento das causas específicas dos acidentes, pois assim é possível prevenir as situações que efetivamente são potenciais causadoras de acidentes.

Reis & Machado (2009) apresentam as seis principais causas de acidentes com tratores agrícolas, as quais são listadas a seguir.

1 - Operação do trator em condições extremas: ocorre quando o trator é utilizado sob condições que excedem os limites para as quais ele foi projetado. Por exemplo: o trabalho em terrenos com declividade acentuada; trabalho excessivamente próximo de valos, barrancos ou outros obstáculos, o tráfego em velocidade excessiva e a tração de cargas demasiadamente pesadas.

2 - Perda do controle em aclives/declives: as ações equivocadas do operador por falta de capacitação, imperícia ou imprudência, durante a operação em subidas ou descidas causam a perda do controle sobre o trator. As principais ocorrências são: erro na troca de marchas com o trator em movimento em aclives (o trator passa a ir para trás) ou declives (o trator fica em neutro e o freio não é suficiente para pará-lo); tração de carretas agrícolas com excesso de peso, potencializando as ocorrências já descritas; acionamento do freio em apenas uma das rodas (o trator é forçado a mudar a trajetória, podendo atingir os obstáculos do caminho); descida de aclives em neutro (os freios podem não serem suficientes para controlar o aumento de velocidade).

3 - Ingestão de bebidas alcoólicas: o efeito do álcool sobre o operador de máquinas agrícolas e o motorista de

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carro é o mesmo. Há uma redução da rapidez dos reflexos, o que pode dar margem a batidas, capotamento, perda de controle e má qualidade de certas operações.

4 - Presença de pessoas junto ao posto do operador: o trator agrícola possui apenas um assento porque apenas uma pessoa pode operá-lo com segurança. No evento de qualquer imprevisto, a pessoa que estiver de carona não conta com o auxílio dos dispositivos de segurança do trator, estando sujeita a quedas, esmagamentos e atropelamentos.

5 - Falta de proteção das partes móveis do trator e do implemento a ele conectado: a falta de proteção permite que as pessoas tenham acesso partes móveis inadvertidamente ou por imprudência. Os casos mais comuns referem-se ao eixo da tomada de potência, ao eixo cardã a ele ligado, roscas transportadoras e sistemas de transmissão por correias e polias (tratores de rabiça, bombas d’água, trituradores).

6 - Engate do implemento: os implementos de arrasto devem apenas ser engatados ao trator pela barra de tração. O uso do ponto de acoplamento superior (terceiro ponto) para esse fim altera a estabilidade longitudinal do trator, favorecendo o capotamento traseiro. Adicionalmente, o desconhecimento dos procedimentos corretos (seguros) para se acoplar o implemento ao trator dá margem a ocorrência de acidentes como cortes, esmagamentos e quedas.

4.5 PREVENÇÃO DOS PRINCIPAIS TIPOS DE ACIDENTES COM TRATORES

Considerando-se conjuntamente os trabalhos de Debiase (2002) e Reis & Machado (2010), os principais tipos de acidentes envolvendo tratores agrícolas no estado do Rio Grande do Sul, não importando a sua gravidade, são: capotamentos; perda do controle em subidas/descidas ou estradas; quedas com o trator em movimento; choque contra obstáculos; contato com a TDP; ferimentos durante o

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acoplamento do implemento. Para estes, serão apresentados os principais cuidados que deverão ser observados pelos agricultores para evitar o acidente ou reduzir a sua gravidade.

Ao final deste item também serão abordados alguns aspectos relativos à operação segura de tratores de rabiças.

Capotamento, há dois tipos: o lateral, que ocorre quando o trator tomba para um dos lados, e o longitudinal, quando o trator tomba para trás em torno do seu eixo traseiro. Em ambos os casos, constituem-se nos mais graves acidentes que podem ocorrer com o trator. A gravidade e a letalidade deste tipo de acidente talvez se devam à rapidez com que ele acontece. Em apenas 1,5 s após o início de um capotamento longitudinal, o trator já está tombado, sendo que o operador tem apenas 0,75 s para evitar o acidente (pisar na embreagem, por exemplo). Após esse tempo, o trator irá tombar não importando mais o que o operador faça (FIG. 33).

1,5 segundo 3/4 de segundo

Posição de não retorno

FIGURA 33 – Sequência e tempo de capotamento longitudinal de um trator (fonte: Alonço, 2005)

No evento de um capotamento, as reais chances de sobrevivência do operador estão vinculadas à presença de uma estrutura de proteção contra o capotamento (EPCC) e ao uso concomitante do cinto de segurança. A EPCC constitui-se de uma estrutura metálica ligada diretamente ao chassi do

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trator formando um ou dois arcos de proteção que delimitam uma região de proteção em torno do operador que, mesmo no evento de um capotamento, são capazes de suportar os carregamentos estáticos e dinâmicos gerados pelo acidente (FIG. 34).

FIGURA 34 – Estrutura de proteção contra capotamento do tipo arco simples

A presença da EPCC, por si só, não garante a proteção do operador em caso de capotamento. Para que isso ocorra, é absolutamente necessário que o operador permaneça no interior da zona de proteção durante o acidente, o que somente será garantido se ele estiver usando o cinto de segurança, pois a violência do acidente, na maioria dos casos, acaba por arremessar o operador para fora da zona de proteção, expondo-o aos mesmos riscos da operação de um trator sem EPCC. Por outro lado, a utilização de cinto de segurança em tratores sem EPCC não é aconselhada (ainda que as leis de trânsito assim o determinem), pois o cinto impede que o operador pule do trator (talvez a sua única chance de sobrevivência) para escapar do esmagamento iminente.

Cabe salientar que nem todas as cabines de tratores oferecem proteção contra o capotamento. Portanto, é

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necessário que se verifique se a cabine tem certificação de proteção contra o capotamento.

Para evitar capotamentos deve-se observar o seguinte: • Sempre solte a embreagem lentamente para evitar o levantamento das rodas dianteiras, o que pode resultar no capotamento do trator ou na quebra da ponta de eixo dianteira. • Não conduzir ou manobrar o trator muito perto de valetas (FIG. 35). A distância mínima que as rodas do trator podem se aproximar de uma valeta nunca deve ser menor que a profundidade desta mesma valeta. • Tenha muito cuidado ao fazer curvas, especialmente com implementos suspensos ou reboques, pois o centro de gravidade do trator é alto, tornando-o muito instável. • Trafegar sempre em baixa velocidade tanto em estradas como no campo, especialmente em terrenos irregulares, inclinados ou em curvas. • Rebocar ou tracionar cargas acopladas apenas pela barra de tração (FIG. 36). • Não conduzir o trator em encostas muito inclinadas (FIG. 37). • Não subir rampas muito íngremes (FIG. 38) • Utilize marcha à ré para sair de valas profundas ou atoleiros para evitar o capotamento. • Não fazer curvas muito rápido, especialmente com carregadores frontais.

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FIGURA 35 – Risco de capotamento pela operação muito próxima a valetas

FIGURA 36 – Risco de capotamento pela tração de cargas pelo acoplamento do terceiro ponto

X m

X m

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FIGURA 37 – Risco de capotamento lateral pela operação em encostas muito inclinadas

FIGURA 38 – Risco de capotamento ao tentar subir em rampas muito íngremes.

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Perda do controle em subidas/descidas ou estradas, a perda do controle do trator dá-se pela impossibilidade momentânea de se comandar a direção de deslocamento e/ou a velocidade adequada para a situação. Não podendo mais controlar o trator, o operador torna-se um “passageiro”, sujeito às conseqüências de um acidente iminente e certo. Os principais cuidados que devem ser tomados para se evitar a perda de controle sobre o trator são:

• Conhecer a posição das marchas do trator que você irá usar, pois numa emergência não há tempo para consultar os adesivos indicativos. • Manter os pedais de freio unidos por trava, pois o uso de apenas um dos pedais em operações de transporte pode alterar perigosamente a trajetória do conjunto trator-implemento ou causar o tombamento lateral do trator mesmo em terreno plano. • Ao trafegar em descidas, use a mesma marcha que seria usada para subir. Jamais desça em ponto-morto. • Não exceda 32 km/h no reboque de cargas. • Não exceda 16 km/h no reboque de cargas com peso igual ou maior que o do trator. • Não rebocar cargas com peso superior ao dobro do peso do trator. • Apague o farol traseiro ao trafegar à noite em estradas. • Certifique-se que os dispositivos de aviso se encontram em boas condições (refletores, piscas, faróis).

Além desses cuidados, deve-se ter em mente que um dos fatores de risco associado aos acidentes com tratores em estradas é a sua baixa velocidade relativamente aos demais veículos. Automóveis e caminhões trafegam em velocidades até três vezes superiores a maior velocidade atingida pelo trator, de forma que pode se tornar impossível para estes parar a tempo de evitar uma colisão, mesmo trafegando no mesmo sentido da via.

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Quedas com o trator em movimento, neste item incluem-se igualmente as quedas de implementos durante a operação (semeadoras-adubadoras e reboques principalmente). As quedas, geralmente, vêm seguidas de um atropelamento, pois a vítima cai ao alcance das rodas do trator ou da máquina que este está tracionando. Não obstante, esses eventos podem acontecer de forma independente, porém com conseqüências igualmente graves. A própria queda do operador do trator ou da pessoa que, imprudentemente, vai de carona, pode causar ferimentos consideráveis, devidos tanto à altura da queda quanto à velocidade do trator. Da mesma forma, os atropelamentos podem ocorrer independentemente da queda de uma pessoa do trator. Os atropelamentos acontecem principalmente quando pessoas (em especial crianças) estão fora do campo visual do operador, tanto em condições normais de operação quanto em manobras ou durante o acoplamento de implementos.

Para evitar acidentes observe o seguinte: • Não permita a presença de pessoas próximas ao trator durante o trabalho. • Não transporte pessoas sentadas no pára-lama do trator, em pé sobre a proteção principal da TDP ou em pé sobre os braços inferiores de levante hidráulico. • Assegure-se de que não há pessoas próximas no momento de ligar o trator ou pô-lo em movimento. • Não permita a presença de crianças (as menores de 5 anos são atraídas pelo barulho do trator) nos locais de trabalho. • Não burle os sistemas de proteção de partida (FIG. 39).

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FIGURA 39 – Pictograma mostrando o atropelamento do operador durante tentativa de ligar o trator fora do banco.

Quando o operador tenta burlar os dispositivos de segurança existentes para que a partida do motor somente seja possível quando ele está sentado no banco do trator - câmbio em neutro e pedal da embreagem pressionado; através do acionamento direto do motor de arranque por dispositivos improvisados, pode ocasionar atropelamento se uma marcha estiver engatada.

Choque contra obstáculos, os obstáculos contra os quais o trator pode se chocar localizam-se tanto no campo, escondidos pela vegetação (tocos e pedras), quanto em estradas ou caminhos (árvores, postes ou outros veículos). A colisão pode ocorrer pelo desconhecimento da existência do obstáculo, o que é muito comum em operações de limpeza de campo (roçado) ou por descontrole do trator (excesso de velocidade ou acionamento de freio direcional em uma roda), que leva à colisão contra um obstáculo visível. No primeiro caso, é de fundamental importância o reconhecimento da lavoura a pé e a demarcação com balizas (ex.: bambu) dos obstáculos como tocos, pedras, valetas, buracos, canais, cupinzeiros, colméias etc.

Para o tráfego do trator em estradas vicinais deve-se ter em mente que o trator é um veículo lento quando comparado com automóveis e caminhões. Assim, o grande diferencial de velocidade é uma causa importante de acidentes envolvendo tratores e outros veículos. A fim de

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minimizar os riscos, o trator deve estar devidamente sinalizado com sinaleiras, refletores traseiros na sinaleira, faróis frontais acesos (à noite) e placa indicadora de veículo lento (FIG. 40) instalada no trator ou no reboque quando for o caso. No caso de deslocamento do trator ao longo de rodovias asfaltadas, recomenda-se o emprego de veículos batedores sinalizando a existência do trator.

FIGURA 40 – Placa indicadora de veículo lento instalada na parte traseira do trator (fonte Harshman et al., 2004).

Contato com a TDP, o perigo de contato com o eixo da TDP está relacionado com o elevado tempo de resposta do ser humano em comparação com a rotação envolvida. O tempo de resposta pode ser definido como o tempo que uma pessoa leva para perceber e reagir a um evento ou a uma emergência e situa-se ao redor de 0,75s. Então com uma rotação de 540rpm na TDP, se o operador for “pego”, o eixo já terá dado mais de 6 voltas com a sua roupa, cadarço do calçado ou mesmo membro, antes que ele perceba.

Para reduzir as possibilidades de ocorrência de acidentes deve-se manter sempre no lugar a proteção principal do eixo da TDP (FIG. 28). Outro aspecto de fundamental importância é o uso da proteção do eixo cardã

Placa indicadora

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que leva o movimento da TDP até a máquina que está sendo acionada. Essa proteção, como se pode ver na FIG. 41, é fixa, não apresentando movimento giratório, de forma que se houver contato de alguma parte do operador ou de sua vestimenta com a proteção não haverá risco de enroscamento.

A

B

FIGURA 41 – Eixo carda da TDP (A) e sua proteção externa (B).

Para evitar acidentes: • Vista-se com segurança para evitar enroscamentos, evitando roupas com mangas largas ou partes soltas, cadarços desamarrados, mantas, ponchos. • Mantenha as proteções da TDP. • Mantenha a proteção do cardã. • Desligue a TDP e pare o motor antes de descer do trator.

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• Nunca passe ou pule sobre o eixo cardã. • Sempre use o eixo cardã recomendado para o implemento. Jamais troque o eixo cardã entre implementos diferentes. • Ajuste a barra de tração e o cabeçalho do implemento de forma a manter o eixo cardã sempre alinhado, prevenindo tensões no eixo ou na proteção durante curvas fechadas ou transposição de obstáculos. • Verifique, antes de cada utilização, se a capa protetora do eixo cardã não está presa ao eixo. Se isso ocorrer, o problema deve ser solucionado antes de se começar a tarefa.

Ferimentos durante o acoplamento do implemento, embora os acidentes que ocorrem durante o acoplamento ou descoplamento de implementos possam ser fatais ou graves, os mais comuns são acidentes leves, ferindo as mãos (cortes e esmagamentos) como relatam Reis & Machado (2010). A maioria deles poderia ser evitado se os agricultores conhecessem e aplicassem os procedimentos corretos para essa tarefa. Por essa razão são apresentados a seguir os procedimentos seguros para o acoplamento de implementos pela barra de tração e pelo engate de três pontos. Ainda que possa parecer uma metodologia complicada e trabalhosa, é perfeitamente factível, conforme podem atestar os próprios autores por experiência própria.

Para implementos de arrasto (aqueles acoplados pela barra de tração) deve se adotar o seguinte procedimento seguro para acoplamento:

1. Manobre o trator para alinhar o furo da barra de tração ao furo do cabeçalho do implemento (FIG. 42a).

2. Desligue o motor, engate uma marcha e acione o freio de estacionamento.

3. Acople o implemento com o pino adequado e o pino trava (FIG. 432b).

4. Remova ou levante o pé de sustentação (caso exista).

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5. Acople o eixo da TDP e as mangueiras hidráulicas (caso existam).

A B

FIGURA 42 – Alinhamento da barra de tração ao cabeçalho do implemento (A), pino trava (B). (fonte Harshman et al., 2004).

No caso de implementos montados (acoplados através do engate de três pontos), recomenda-se o seguinte procedimento para o acoplamento seguro de implementos em tratores pequenos e médios (categorias de engate I e II):

1. Manobre o trator para alinhar os furos dos braços inferiores aos furos de engate do implemento.

2. Movimente o hidráulico para acertar a altura do braço esquerdo (braço fixo).

3. Desligue o motor, engate uma marcha e acione o freio de estacionamento.

4. Engate primeiro o pino no furo do braço inferior esquerdo e ponha o pino trava.

5. Engate o ponto de engate superior e ponha o pino trava.

6. Por último engate o braço inferior direito ajustando a altura do furo através da manivela e ponha o pino trava.

Cabe reafirmar que a seqüência inteira após o terceiro passo é feita com o motor desligado. Caso seja necessário

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movimentar o trator para melhorar o alinhamento com o implemento, este deve ser novamente imobilizado e desligado antes que o operador desça para terminar o acoplamento.

Tratores de rabiças, um aspecto que merece atenção e que pode ser fonte de acidentes é a forma de operação desse trator. Os comandos para por o trator em movimento, frear, parar, trocar marchas e mudar a direção de deslocamento guardam pouca semelhança com aqueles dos automóveis e mesmo dos tratores de quatro rodas. Assim, mesmo um operador capacitado na operação de tratores convencionais necessita passar por um treinamento específico para operar esse tipo de máquina. Esta recomendação torna-se imperiosa quando se trata de agricultores que estão fazendo a transição da mecanização com tração animal, pois deverão aprender também a controlar potências até seis vezes maiores que as das produzidas pelos animais. Nesse contexto, maior potência significa maior força e maior rapidez: duas características que ao mesmo tempo em que aumentam a freqüência dos acidentes podem agravar as suas conseqüências.

Logo, parte da operação segura desse tipo de trator passa pelo conhecimento e completo domínio dos seus comandos e funcionalidades.

Os principais cuidados que devem ser observados durante a operação desses tratores são destacados a seguir:

• Antes de por o microtrator em funcionamento, leia atentamente o manual de operação. • Desengate todas as embreagens e mude o câmbio para a posição neutra antes de dar a partida no motor. • Segure firmemente a manivela para dar a partida. Não a solte da mão quando o motor pegar. • Mantenha as mãos, os pés e o vestuário distante das partes giratórias. • Use sapatos fechados ou botas. • Não freie bruscamente, pois há o perigo da parte

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traseira ser levantada. • Não transporte cargas com mais de 750kg. • Nunca permita a presença de outras pessoas próximas ao microtrator. • Tome extremo cuidado ao operar em modo reverso, pois se o operador cair há risco de atropelamento, além disso, o funcionamento do sistema de direção se inverte. • Sempre opere o microtrator com as proteções, tampas e capas nos seus respectivos lugares. • Desligue o motor e acione o freio antes de realizar qualquer ajuste ou manutenção no microtrator ou implemento. • Faça curvas com extremo cuidado, tanto em operações de campo como de transporte, pois à medida que a curva é feita a rabiça se afasta do operador, dificultado o controle do trator.

Além dessas recomendações básicas, é bom ter-se em mente que nos tratores em que o sistema de direcionamento é feito através de embreagens (a maioria), o comportamento do sistema se inverte em marcha ré e em descidas. Isto ocorre porque nas descidas as rodas atuam como “freio-motor” e quando a embreagem de uma roda é acionada, o peso do trator faz com que ela aumente a velocidade de descida, direcionando o trator para o lado oposto do que se previa. A FIG. 43 ilustra esse efeito.

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FIGURA 43 – Realização de curvas com trator de rabiças

DDiirreeiittaa EEssqquueerrddaa

DDiirreeiittaa EEssqquueerrddaa

Terreno Plano

Descida

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4.6 PRINCIPAIS SÍMBOLOS UTILIZADOS NOS TRATORES AGRÍCOLAS

Na prevenção de acidentes com máquinas agrícolas é muito importante saber interpretar os símbolos e alertas de segurança existentes nos manuais do operador e colados em adesivos nas próprias máquinas. Os pictogramas, com ou sem texto complementar, trazem informações sobre o risco de acidentes, avisos de perigo ou são utilizados como instruções de operação da máquina.

Símbolos informativos A comunicação dos aspectos de segurança envolvidos

na operação do trator e demais máquinas agrícolas é feita por quatro símbolos principais descritos nas figuras 44 a 47.

FIGURA 44 – Símbolo de alerta de segurança

FIGURA 45 – Símbolo com a palavra “advertência”.

Símbolo de alerta de segurança - CUIDADO

Sua presença indica: AAtteennççããoo!! FFiiqquuee aalleerrttaa!! AA ssuuaa sseegguurraannççaa eessttáá eennvvoollvviiddaa!!

SSããoo aapprreesseennttaaddooss nnaa ccoorr llaarraannjjaa Indicam os riscos menos graves de acidentes

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FIGURA 46 – Símbolo com a palavra “perigo”.

FIGURA 47 – Símbolo com a palavra “cautela”. Aviso de perigo, os símbolos de aviso de perigo

alertam para os possíveis perigos na operação de máquinas, mostrando as conseqüências em caso de acidentes ou indicando como os perigos podem ser evitados. No Quadro 1 são mostrados os símbolos referentes aos acidentes mais comuns com tratores. Outros símbolos, tanto aqueles regulamentados por organismos normalizadores, quanto aqueles utilizados pelas empresas podem ser consultados na página da Internet do Laboratório de Segurança e Ergonomia da UFSM (http://www.ufsm.br/laserg/basim/index.html).

CAUTELA 1. Mantenha as proteções no lugar 2. Coloque em ponto morto e desligue o motor antes de regular ou fazer manutenção

SSããoo aapprreesseennttaaddooss nnaa ccoorr vveerrmmeellhhaa Indicam os riscos mais graves de acidentes

Indicam a possibilidade de morte Apresentam texto explicativo abaixo do símbolo do perigo em questão

SSããoo aapprreesseennttaaddooss nnaa ccoorr aammaarreellaa Indicam a necessidade de seguir instruções de segurança

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Tabela 3 – Pictogramas de aviso de perigo dos acidentes mais comuns com tratores.

PICTOGRAMA SIGNIFICADO

Não usar o trator em condições de inclinação lateral acentuada (condições extremas)

Risco de atropelamento pelo trator. Este símbolo indica a possibilidade

de ser atropelado pelo trator na região entre as rodas (esquerda); à

frente ou atrás delas (direita)

Risco de capotamento lateral Trator sem Estrutura de Proteção contra

Capotamento (EPCC)

Risco de capotamento lateral Trator com cabine e EPCC

Use o cinto de segurança!

O cinto de segurança deve ser usado apenas em tratores com EPCC.

Não transporte caronas. Risco de queda com o trator em movimento

Risco de captura pela tomada de potência (TDP)

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Símbolos utilizados como instruções de operação São encontrados geralmente no painel de instrumentos (FIG. 48). Indicam situações de

mal-funcionamento ou informam sobre as funcionalidades das máquinas (Quadro 2).

FIGURA 48 – Painel de instrumentos típico de um trator agrícola de quatro rodas (fonte: John Deere).

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Tabela 4 – Alguns símbolos utilizados como instruções de operação em tratores. PICTOGRAM

A SIGNIFICADO PICTOGRAMA SIGNIFICADO PICTOGRAMA SIGNIFICADO

Posição da alavanca na qual a tomada de potência (TDP) será engatada. TDP – engatar

Tomada de Potência – desengatar

Rotação de funcionamento da TDP

Temperatura da água do radiador

Nível de combustível

Pressão do óleo do motor

Indicador de carga da bateria

Tração dianteira ligada

Tração dianteira desligada

Faróis de trabalho

Tartaruga marcha lenta lento

Lebre marcha rápida rápido

Braço do hidráulico – abaixar

Braço do hidráulico – levantar

Bloqueio do diferencial

Horímetro – horas trabalhadas

Rotação do motor

Estrangulamento do motor – pára o motor

554400

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Além dos símbolos, as normas preconizam cores específicas para cada grupo de função. Assim tem-se:

Parada do motor -(vermelho);

Delsocamento do trator (rotação do motor;

alavancas da transmissão; freio de estacionamento;

bloqueio do diferencial) – (laranja);

Engate de potência (engate da TDP) – (amarelo);

Demais comandos (luzes, sistema hidráulico,

acoplamentos etc.) – (preto).

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5. TRATORES DISPONÍVEIS PARA AGRICULTURA FAMILIAR

A seguir são apresentadas as características principais de alguns tratores adequados ao sistema de produção agrícola familiar de acordo com os programas de financiamento do Governo Federal PRONAF e Mais Alimentos.

As informações aqui apresentadas foram obtidas através

das páginas das empresas na internet e contato direto com os fabricantes.

Os tratores encontram-se listados por ordem alfabética

de suas marcas e não representam recomendação dos autores. Tratores de rabiças Fabricante: Green Horse Modelo: DF-18 Potência no motor: 18,29cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 7 Capacidade do Carter do motor (L): 3

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Dimensões dos pneus: NI7 Consumo (L/h): NI Fabricante: Tramontini Modelo: GN-12 Potência no motor: 12cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 9,5 Capacidade do Carter do motor (L): NI Dimensões dos pneus: NI Consumo (L/h): NI

Modelo: GN-18 Potência no motor: 18cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 14 Capacidade do Carter do motor (L): NI Dimensões dos pneus: NI Consumo (L/h): NI

Modelo: TTA-18 Potência no motor: 18cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 14 Capacidade do Carter do motor (L): NI Dimensões dos pneus: 600 x 12 Consumo (L/h): NI

Modelo: CET-18 Potência no motor: 18cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 14 Capacidade do Carter do motor (L): NI Dimensões dos pneus: 600 x 12 Consumo (L/h): NI Fabricante: Yanmar

Modelo: TC-12 Potência no motor: 12cv Capacidade do Tanque de combustível(L): NI

7 NI = não informado

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Capacidade do Carter do motor (L): NI Dimensões dos pneus: NI Consumo (L/h): NI

Modelo: TC-14 Potência no motor: 14cv Capacidade do Tanque de combustível(L): NI Capacidade do Carter do motor (L): NI Dimensões dos pneus: NI Tratores de quatro rodas Fabricante: Agrale

Modelo: 4100 Potência no motor: 15cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 19,6 Capacidade do Carter do motor (L): 2,5 Capacidade da transmissão (L): 12 Capacidade do hidráulico (L): 8 Dimensões dos pneus: Dianteiros: 4.00-15 Traseiros: NI Consumo (L/h): NI

Modelo: 4100.4 Potência no motor: 15cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 19,6 Capacidade do Carter do motor (L): 2,5 Capacidade da transmissão (L): 12 Capacidade do hidráulico (L): 8 Dimensões dos pneus: Dianteiros: 6.5/80x12 Traseiros: 8.3/8x24 Consumo (L/h): NI

Modelo: 4118.4 Potência no motor: 18cv

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Capacidade do Tanque de combustível(L): 19,6 Capacidade do Carter do motor (L): 3 Capacidade da transmissão (L): 12 Capacidade do hidráulico (L): 8 Dimensões dos pneus: Dianteiros: 6.5/80x12 Traseiros: 8.3/8x24 Consumo (L/h): NI

Modelo: 4230 Potência no motor: 305cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 39 Capacidade do Carter do motor (L): 6 Capacidade da transmissão (L): 27 Capacidade do hidráulico (L): 17 Dimensões dos pneus: Dianteiros: 6.0x16 Traseiros: 12.4x24 Consumo (L/h): NI

Modelo: 4230.4 Potência no motor: 30cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 39 Capacidade do Carter do motor (L): 6 Capacidade da transmissão (L): 27 Capacidade do hidráulico (L): 17 Dimensões dos pneus: Dianteiros: 7.5L/15R1 Traseiros: 9.5/24 Consumo (L/h): NI Fabricante: Farmer Modelo: 2540 Potência no motor: 25cv Capacidade do Tanque de combustível(L): NI Capacidade do Carter do motor (L): NI

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Capacidade da transmissão (L): NI Capacidade do hidráulico (L): NI Dimensões dos pneus: Dianteiros: 6.00-14 Traseiros: 9.5x-24 Consumo (L/h): 2,3 a 5,5

Modelo: 5040 Potência no motor: 50cv Capacidade do Tanque de combustível(L): NI Capacidade do Carter do motor (L): NI Capacidade da transmissão (L): NI Capacidade do hidráulico (L): NI Dimensões dos pneus: Dianteiros: 8.00-28 Traseiros: 12.4-28 Consumo (L/h): 3,4 a 3,8 Fabricante: Green Horse Modelo: 204 Potência no motor: 20cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 18 Capacidade do Carter do motor (L): 4,5 Capacidade da transmissão (L): 14 Capacidade do hidráulico (L): 9 Dimensões dos pneus: Dianteiros: NI Traseiros: NI Consumo (L/h): NI

Modelo: 254 Potência no motor: 25cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 18 Capacidade do Carter do motor (L): 5,5 Capacidade da transmissão (L): 14 Capacidade do hidráulico (L): 9

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Dimensões dos pneus: Dianteiros: NI Traseiros: NI Consumo (L/h): NI

Modelo: 354 Potência no motor: 35cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 30 Capacidade do Carter do motor (L): 6,5 Capacidade da transmissão (L): 18,5 Capacidade do hidráulico (L): 9 Dimensões dos pneus: Dianteiros: NI Traseiros: NI Consumo (L/h): NI

Modelo: 454 Potência no motor: 45cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 35 Capacidade do Carter do motor (L): 8 Capacidade da transmissão (L): 31 Capacidade do hidráulico (L): 12 Dimensões dos pneus: Dianteiros: NI Traseiros: NI Consumo (L/h): NI Fabricante: John Deere Modelo: 5303 Potência no motor: 57cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 68 Capacidade do Carter do motor (L): 8,5 Capacidade da transmissão (L): 38 Capacidade do hidráulico (L): 38 Dimensões dos pneus: Dianteiros: 9.5-24-8PR-R1

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Traseiros: 14.9-28-8PR-R1 Consumo (L/h): 3 a 4

Modelo: 5403 Potência no motor: 65cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 68 Capacidade do Carter do motor (L): 8,5 Capacidade da transmissão (L): 38 Capacidade do hidráulico (L): 38 Dimensões dos pneus: Dianteiros: 9.5-24-8PR-R1 Traseiros: 14.9-28-8PR-R1 Consumo (L/h): 3 a 4

Modelo: 5603 Potência no motor: 75cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 68 Capacidade do Carter do motor (L): 12 Capacidade da transmissão (L): 40 Capacidade do hidráulico (L): 40 Dimensões dos pneus:

Dianteiros: 12.4-24R1 ou 14.9-24R2 Traseiros: 18.4-30R1 ou 23.1-26R2

Consumo (L/h): 5 Fabricante: Massey Ferguson Modelo: MF 250 XE Potência no motor: 50cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 57 Capacidade do Carter do motor (L): 8,5 Capacidade da transmissão (L): 38 Capacidade do hidráulico (L): 38 Dimensões dos pneus: Dianteiros: 8.00-18R1 Traseiros: 14.9-24R1 Consumo (L/h): NI

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Modelo: MF 265 Potência no motor: 65cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 75 Capacidade do Carter do motor (L): 7 Capacidade da transmissão (L): 38 Capacidade do hidráulico (L): 42 Dimensões dos pneus: Dianteiros: NI Traseiros: NI Consumo (L/h): NI 6

Modelo: MF 275 Potência no motor: 75cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 75 Capacidade do Carter do motor (L): 8 Capacidade da transmissão (L): 38 Capacidade do hidráulico (L): 42 Dimensões dos pneus: Dianteiros: 8.00-18R1 Traseiros: 14.9-24R1 Consumo (L/h): NI Fabricante: New Holland

Modelo: TT 3840 - Estreito Potência no motor: 55cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 62 Capacidade do Carter do motor (L): NI Capacidade da transmissão (L): NI Capacidade do hidráulico (L): NI Dimensões dos pneus: Dianteiros: 8.00-18R1 Traseiros: 14.9-24R1 Consumo (L/h): 3 a 7

Modelo: TT 3840 - Standard Potência no motor: 55cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 62

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Capacidade do Carter do motor (L): NI Capacidade da transmissão (L): NI Capacidade do hidráulico (L): NI Dimensões dos pneus: Dianteiros: 9,5-24R1 Traseiros: 16.9-28R1 Consumo (L/h): 3 a 7

Modelo: TT 3880 - Estreito Potência no motor: 75cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 62 Capacidade do Carter do motor (L): NI Capacidade da transmissão (L): NI Capacidade do hidráulico (L): NI Dimensões dos pneus: Dianteiros: 8.00-18R1 Traseiros: 14.9-24R1 Consumo (L/h): 3 a 7

Modelo: TL60 Exitus Potência no motor: 65cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 110 Capacidade do Carter do motor (L): NI Capacidade da transmissão (L): NI Capacidade do hidráulico (L): NI Dimensões dos pneus: Dianteiros: 12.4-24R1 Traseiros: 18.4-30R1 Consumo (L/h): 3 a 7 Fabricante: Tramontini Modelo: T 3230 - 4 Potência no motor: 32cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 25 Capacidade do Carter do motor (L): 5,5 Capacidade da transmissão (L): 25

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Capacidade do hidráulico (L): 25 Dimensões dos pneus: Dianteiros: 6.00-12 Traseiros: 9.5-24 Consumo (L/h): NI

Modelo: T 5045 - 4 Potência no motor: 50cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 28 Capacidade do Carter do motor (L): 6,5 Capacidade da transmissão (L): 28 Capacidade do hidráulico (L): 28 Dimensões dos pneus: Dianteiros: 7.5-16 Traseiros: 12.4-24 Consumo (L/h): NI Fabricante: Valtra Modelo: A 750 Potência no motor: 75cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 79 Capacidade do Carter do motor (L): NI Capacidade da transmissão (L): NI Capacidade do hidráulico (L): NI Dimensões dos pneus: Dianteiros: 7.50-18F2 ou 12.4-24R1 (4x2 e TDA) Traseiros: 18.4-30R1 Consumo (L/h): NI

Modelo: A 685 Compacto Potência no motor: 66cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 90 Capacidade do Carter do motor (L): NI Capacidade da transmissão (L): NI Capacidade do hidráulico (L): NI Dimensões dos pneus:

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Dianteiros: 7.50-16F2 ou 9.5-24R1 (4x2 e TDA) Traseiros: 14.9-28R1

Consumo (L/h): NI

Modelo: A 585 Compacto Potência no motor: 50cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 57 Capacidade do Carter do motor (L): NI Capacidade da transmissão (L): NI Capacidade do hidráulico (L): NI Dimensões dos pneus: Dianteiros: 6.0-16F2 ou 8.5-18R1 (4x2 e TDA) Traseiros: 14.9-24R1 Consumo (L/h): NI

Modelo: A 785 Compacto Potência no motor: 80cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 90 Capacidade do Carter do motor (L): NI Capacidade da transmissão (L): NI Capacidade do hidráulico (L): NI Dimensões dos pneus: Dianteiros: 7.5-16F2 ou 12.4-24R1 (4x2 e TDA) Traseiros: 18.4-30R1 Consumo (L/h): NI

Modelo: BL 75 Potência no motor: 75cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 112 Capacidade do Carter do motor (L): NI Capacidade da transmissão (L): NI Capacidade do hidráulico (L): NI Dimensões dos pneus: Dianteiros: 7.5-16F2 ou 8.0-18R1 (4x2 e TDA) Traseiros: 14.9-28R1 ou 14.9-24R1 (4x2 e TDA) Consumo (L/h): NI Modelo: BL 65

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Potência no motor: 65cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 112 Capacidade do Carter do motor (L): NI Capacidade da transmissão (L): NI Capacidade do hidráulico (L): NI Dimensões dos pneus: Dianteiros: 6.0-16F2 ou 8.0-18R1 (4x2 e TDA) Traseiros: 12.4-28R1 ou 14.9-24R1 (4x2 e TDA) Consumo (L/h): NI Fabricante: Yanmar

Modelo: 1030 H (Cafeeiro 4x2; Fruteiro 4x2; Standard 4x2 e Standard TDA)

Potência no motor: 26,5cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 29 Capacidade do Carter do motor (L): 4 Capacidade da transmissão (L): 25 Capacidade do hidráulico (L): 25 Dimensões dos pneus: Dianteiros: 4.00-15 (4x2 e TDA) Traseiros: 9,5-24 (4x2 e TDA) Consumo (L/h): NI

Modelo: 1030 D (Cafeeiro; Fruteiro e Parreira todos TDA)

Potência no motor: 26,5cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 29 Capacidade do Carter do motor (L): 4 Capacidade da transmissão (L): 25 Capacidade do hidráulico (L): 25 Dimensões dos pneus: Dianteiros: 6.00-14 Traseiros: 9,5-24 Consumo (L/h): NI

Modelo: 1050 DT (Popular 4x2 e completo TDA) Potência no motor: 50cv

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Capacidade do Tanque de combustível(L): 46 Capacidade do Carter do motor (L): 6 Capacidade da transmissão (L): 25 Capacidade do hidráulico (L): 25 Dimensões dos pneus: Dianteiros: 7.00-18 (4x2 e TDA) Traseiros: 14.9-24 (4x2 e TDA) Consumo (L/h): NI

Modelo: 1055 DT Potência no motor: 55cv Capacidade do Tanque de combustível(L): NI Capacidade do Carter do motor (L): NI Capacidade da transmissão (L): NI Capacidade do hidráulico (L): NI Dimensões dos pneus: Dianteiros: 7.00-18 (4x2 e TDA) Traseiros: 14.9-24 (4x2 e TDA) Consumo (L/h): NI

Modelo: 1145-4 (completo, parreira e cultivo) Potência no motor: 39cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 28 Capacidade do Carter do motor (L): 4,5 Capacidade da transmissão (L): 25,4 Capacidade do hidráulico (L): NI Dimensões dos pneus: Dianteiros: 6.0-14 (comp. e par.) e 7.00-18 (cultivo) Traseiros: 9.5-24 (completo e parreira) e 12.4-28-cult. Consumo (L/h): NI

Modelo: 1155-4 (standard, cafeeiro, super-estreito, completo, parreira, fruteiro e cultivo)

Potência no motor: 55cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 44,5 Capacidade do Carter do motor (L): 5,3 Capacidade da transmissão (L): 25,4 Capacidade do hidráulico (L): NI

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Dimensões dos pneus: Dianteiros: 7.0-18 e 8,3-24 (cultivo) Traseiros: 14.9-24; 9,5-24 (parreira) e 12.4-38-cultivo Consumo (L/h): NI

Modelo: 1175-4 (completo e compacto) Potência no motor: 75cv Capacidade do Tanque de combustível(L): 67 Capacidade do Carter do motor (L): 9 Capacidade da transmissão (L): 40 Capacidade do hidráulico (L): NI Dimensões dos pneus: Dianteiros: 8.0-18 Traseiros: 12.4-28 ou 14.9-24 Consumo (L/h): NI

Modelo: 2060 XT (completo e cultivo) Potência no motor: 55cv Capacidade do Tanque de combustível(L): NI Capacidade do Carter do motor (L): NI Capacidade da transmissão (L): NI Capacidade do hidráulico (L): NI Dimensões dos pneus: Dianteiros: 8.3-24 Traseiros: 14.9-26 (completo) e 12.4-38 (cultivo) Consumo (L/h): NI

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6. REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, São Paulo. NBR-9740; colhedora autopropelida de grãos - determinação das características técnicas e de desempenho. São Paulo, 1987. 14p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, São Paulo. NBR 8566; engate de três pontos de tratores agrícolas com rodas - dimensões. São Paulo, 1984. 8p. ALONÇO, A. dos S. Noções de segurança e operação de tratores. In: REIS, A.V. dos, MACHADO, A.L.T., TILLMANN, C.A. da C., et al. Motores, tratores, combustíveis e lubrificantes. 2. ed. Pelotas : Universitária, 2005. Cap.4, p.239-247. ANFAVEA – Anuário da indústria automobilistica barsileira. Disponível em: http://www.anfavea.com.br/anuario2009. Acesso em jan/ 2010. AMERICAN SOCIETY OF AGRICULTURAL ENGINEERS, St. Joseph. ASAE D. 497-4, Agricultural machinery management Data. St. Joseph, 2003. 9p. BITTENCOURT, G. A., BIANCHINI, V. Agricultura familiar na região sul do Brasil. Consultoria UTF/036-FAO/INCRA.1996. 113p. DEBIASE, Henrique. Diagnóstico dos acidentes de trabalho e das condições de segurança na operação de conjuntos tratorizados. 2002. 284f. (Dissertação de Mestrado). UFSM. DEBIASE, H.; SCHLOSSER, J. F. Acidentes com tratores.

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Pelotas: Cultivar Máquinas. n. 12, maio/junho. 2001. FAO/INCRA. Diretrizes de política agraria e desenvolvimento sustentável para a pequena produção familiar. 1994 FIELD, B. Safety with farm tractors. Indiana : Cooperative Extension Service, Purdue University, (Bulletin S-56). Disponível em < http://www.ces.purdue.edu/extmedia/s/s-56.html >. Acesso em set./2008. FUNDACENTRO. Cadastro de acidentes do trabalho rural 04/01/24. Brasília: FUNDACENTRO, 1990. 9p. HARSHMAN, W. C.; YODER, A. M.; HILTON, J. W.; MURPHY, D. J. HOSTA – Hazardous Occupations Safety Training in Agriculture. 4 ed. National Safe Tractor and Machinery Operation Program, The Pennsylvania State University, 2004. GUILHOTO, J. J. M.; AZZONI, C. R.; SILVEIRA, F. G., et al. PIB da Agricultura familiar : Brasil-Estados. Brasília :MDA, 2007. 172 p. (NEAD Estudos ; 19). MACHADO, A. L. T., ANDRESSON, N. L. M., REIS, A. V., MACHADO, R. L. T., TROGER, H. C. H., TEIXEIRA, S. S. Características das unidades familiares de produção que adquiriram tratores, através do PRONAF, na região de Pelotas-RS. In: VI Congreso Internacional de Ingeniería Agrícola, 2010, Chillan, Memórias Del CIIACH-2010. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO - MDA . Equipamentos e Implementos para Tratores ... Disponível em: <http://comunidades.mda.gov.br/principal/equipamentos-mais-alimentos>. Acesso em jan/2010. MIALHE 1980 MIALHE, L. G. Máquinas motoras na agricultura. São Paulo: E.P.U./EDUSP, 1980. V. I. 289p. PORTO, V. H. F. Agricultura familiar na zona sul do Rio Grande do Sul: caracterização sócio-econômica. Pelotas: EMBRAPA Clima Temperado, 2002, 93p. (Documentos nº 87). REIS, A. V., MACHADO, A. L. T., TILLMANN, C. A. C., MORAES, M. L. B. Motores, tratores, combustíveis e lubrificantes. 2. ed. Pelotas: Editora e Gráfica da Universidade Federal de Pelotas, 2005, v.1. 307p.

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REIS, A. V., MACHADO, A. L. T. Acidentes com máquinas agrícolas: guia de referência para técnicos e extensionistas. Pelotas: Editora e Gráfica da Universidade Federal de Pelotas, 2009, v.1. 103p. 2009 REIS, A. V. dos; MACHADO, A. L. T.; ANDERSSON, N. L. M.; Morais, C. S. Unidades familiares de produção: informações preliminares sobre a capacitação no uso de máquinas agrícolas. In: XXVII Seminário de Extensão Universitária da Região Sul, 2009, Santa Maria. Anais do XXVII Seminário de Extensão Universitária da Região Sul. Santa Maria, 2009. p. 1-1. SANTOS, A., M.; FLORES, C. A.; ALVES, F. A. R. et al. Máquinas para a agricultura familiar (referencial técnico). Porto Alegre: EMATER/RS, 1998. 43p. SCHLOSSER, J.F.; DEBIASE, H.; PARCIANELLO, G.; RAMBO, L. Caracterização dos acidentes com tratores agrícolas. Santa Maria: Ciência Rural. v.32, n.6, p.977-981, 2002 ISSN 0103-8478 TEIXEIRA, S. S.; MACHADO, A. L. T.; REIS, A. V. et al. Caracterização da produção agroecológica do sul do Rio Grande do Sul e sua relação com a mecanização agrícola. Revista de Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.29, n. 1, p.162-171, 2009.