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CENTRO UNIVERSITRIO FMUCURSO DE MEDICINA VETERINRIA
TRAUMA MEDULAR
ROGRIO DIAS GONALVES
SO PAULO2009
CENTRO UNIVERSITRIO FMUCURSO DE MEDICINA VETERINRIA
ROGRIO DIAS GONALVES
TRAUMA MEDULAR
Trabalho de Concluso de CursoRealizado durante o 10 semestreDo curso de Medicina Veterinria
sob orientao da professoraThais Fernanda Da Silva Machado
SO PAULO2009
ROGRIO DIAS GONALVES
TRAUMA MEDULAR
Trabalho de Concluso de CursoRealizado durante o 10 semestreDo curso de Medicina Veterinria
sob orientao da professoraThais Fernanda Da Silva Machado
___________________________________________ Prof. Dra. Thais Fernanda Da Silva Machado
FMU Orientador
___________________________________________Prof. Dr. Aline Machado De Zoppa
1 avaliador
___________________________________________Prof. Dr. Carla Aparecida Batista Lorigados
2 avaliador
Dedico este trabalho aos meus pais
Otvio e Claudete ao meu irmo Rodrigo
e minha namorada Erika,
e principalmente aos animais.
Agradeo a Deus, pela sade que me deu para passar por essa fase em
minha vida. Agradeo aos meus pais, Otvio e Claudete, que sempre estiveram
ao meu lado, pelo amor, pela amizade, educao, esforo e sacrifcios, que
foram decisivos em todo caminho que trilhei em minha vida.Ao meu irmo
Rodrigo, que juntamente com meus pais me apoiaram e incentivaram
incondicionalmente. A minha namorada Erika, pela pacincia e compreenso
de entender-me nos momentos difceis e compartilhar todos os momentos que
passei em todos esses anos de faculdade, e fora dela. A todos meus amigos,
que assim como minha prpria famlia, colaboraram com meu crescimento e
serviram como minha base e alicerce, dos quais tantas vezes precisei para
seguir em frente. Agradeo especialmente Juliana Cristina, Fernanda Fozzati,
Juliana Toledo pela ajuda nos momentos em que mais precisei nunca me
disseram um no.Aos residentes do Hospital Veterinrio da FMU em especial
Adriana Donnini, Ketti Tatanari, Lilian Satie, Bruna Miranda por toda pacincia,
fora, convivncia, companheirismo, alegrias e tristezas compartilhadas.Vocs
no tem idia do que fizeram por mim. A minha orientadora, Thais Fernanda
Da Silva Machado, pela amizade,pacincia, pelos ensinamentos e dedicao
profissional, que com certeza sero levados com muito carinho por mim como
exemplo para minha vida. Aos professores, em especial a professora Aline
Machado de Zoppa pela disposio,o saber compartilhado e amizade. E
principalmente aos animais que, sem ao menos entender o que faziam,
contriburam na minha formao profissional, me ensinado sempre a amar e
valorizar ainda mais minha profisso e o prazer da convivncia com eles,
estimulando-me a lutar e aprender pela sua sade e bem estar.
"A gratido ajuda voc a crescer e expandir-se. A gratido leva o sorriso e a
alegria sua vida e vida daqueles com quem voc convive."
RESUMO
O trauma medular uma das molstias neurolgicas freqentes e mais graves na pratica clinica. A leso aguda se inicia atravs de diversos eventos vasculares, bioqumicos e inflamatrios que causam leses teciduais secundarias, levando a destruio progressiva do tecido neuronal com conseqncias desastrosas e freqentemente irreversveis da funo motora e sensorial do paciente. Esta alterao na medula deve-se ser considerada de carter emergencial, visto que a interveno rpida e adequada em intervalo de tempo apropriado, pode limitar a extenso de danos ao tecido neuronal, favorecendo a recuperao neurolgica do paciente. O diagnostico do paciente traumatizado comea pelos exames fsicos e neurolgicos, a anamnese feita para se detectar distrbios agudo ou crnico. O exame neurolgico deve ser feito minucioso para determinar a presena ou ausncia da sensibilidade profunda. No tratamento da leso medular aguda so usados neuroprotetores, visando o controle das leses secundrias, associados ou no cirurgia para descompresso e estabilizao da coluna vertebral. Para beneficiar o tratamento cirrgicos so realizados tratamentos complementares entre esses acupuntura, fisioterapia.
Palavras-chave: trauma medular, afeces neurolgicas, ces.
ABSTRAT
The trauma of the spinal cord is a frequent neurological diseases and more severe in clinical practice. The acute injury is initiated through a number of vascular events, and biochemical reactions that cause secondary tissue damage, leading to progressive destruction of neuronal tissue with disastrous consequences and often irreversible motor and sensory function of the patient. This change in the bone should be considered to be an emergency, since the rapid and appropriate period of time appropriate to limit the extent of damage to neuronal tissue by promoting neurologic recovery of the patient. The diagnosis of trauma patient begins with physical and neurological examinations, patient history is made to detect acute or chronic disorders. The neurological examination should be done scrutiny to determine the presence or absence of deep sensibility. In the treatment of acute spinal cord injury are neuroprotective used, for the control of secondary lesions, with or without surgery for decompression and stabilization of the spine. To benefit from surgical treatment are carried out between these complementary treatments to acupuncture therapy.
Kywords: spinal cord trauma, neurological disordes, dogs.
GONALVES, Rogrio Dias.
Trauma Medular.
32 f.
Monografia Centro Universitrio FMU. Medicina Veterinria.
So Paulo, 2009.
rea de concentrao: Veterinria
Orientador: Prof Dra. Thais Fernanda Da Silva Machado.
1. trauma medular 2. afeces neurolgicas 3. ces.
SUMRIO
1 INTRODUO. 102 ANATOMIA11 Anatomia .....123 ETIOLOGIA................................134 FISIOPATOLOGIA DO TRAUMA MEDULAR .......................................14
Fisiopatologia do trauma medular.......................15
4.1 Efeitos imediatos do trauma................................164.2 Anormalidades vasculares..164.3 Eventos bioqumicos.....17
Eventos bioqumicos.185 MANIFESTAES CLNICAS..196 DIAGNSTICO.20 Diagnstico....................21
Diagnstico...........................226.1 Exames complementares...................236.2 Exame radiolgico.....236.3 Mielografia...........24
Mielografia...........256.4 Tomografia computadorizada............256.5 Ressonncia magntica.......257 TRATAMENTO.....267.1 Tratamento conservativo..267.2 Bloqueadores de canais de clcio...................26 Bloqueadores de canais de clcio....277.3 Antioxidades e varredores de radicais livres ....277.4 Antagonistas dos opiides ..................................................................27
7.5 Polietilenoglicol....287.6 Corticides.28 7.6.1
AIEs ...............287.6.2 AINEs...........................................28
AINEs .......................................................................................................298 TRATAMENTO CIRRGICO...................................308.1 Tcnicas cirrgicas................................................308.1.2 Fenestrao dos disco intervertebrais...30
Fenestrao dos disco intervertebrais .....318.1.3 Laminectomia.............................31
Laminectomia ...328.1.4 Hemilaminectomia.............................328.1.5 Slot.........................................................329 TRATAMENTO COMPLEMENTAR...339.1 Fisioterapia...........339.1.2 Tens.......................339.1.3 Laser......................................................33
Laser........................................349.1.4 Calor......................349.1.5 Hidroterapia........................34
Hidroterapia.........................................................359.1.6 Cinesioterapia.................................................... ....35
Cinesioterapia..........................................................................................36
10 ACUPUNTURA ..........37Acupuntura .............................................................................................38
Acupuntura........39CONCLUSO..................................40Referncias .............................................................................................41
8 TRATAMENTO CIRRGICO...................................308.1 Tcnicas cirrgicas................................................30
1. INTRODUO
O trauma medular uma afeco neurolgica freqente e grave na
prtica clnica. Esta afeco deve ser considerada emergencial, visto que a
interveno rpida e adequada em intervalo de tempo apropriado, pode limitar
a extenso dos danos ao tecido neuronal, favorecendo assim a recuperao
neurolgica do paciente. (ARIAS, SEVERO, TUDURY, 2007)
A leso medular ocorre em ces e gatos devido a causas exgenas e
endgenas. A leso de origem endgena decorre da protruso ou extruso de
disco intervertebral, fraturas patolgicas, instabilidade e anormalidades
congnitas. Dentre os fatores exgenos, incluem traumas por ama de fogo,
queda, leses, traumas automobilstico, leses causadas por outros animais e
objetos. (ARIAS, SEVERO, TUDURY, 2007)
A leso medular aguda tem inicio na seqncia de eventos vasculares,
bioqumicos e inflamatrios que causam desenvolvimento de leses teciduais
secundarias, levando destruio progressiva do tecido neuronal com
conseqncias desastrosas e irreversveis as funes motoras e sensrias do
animal.(ARIAS, SEVERO, TUDURY, 2007)
Em geral no tratamento de leso medular aguda so usados
neuroprotetores, visando assim o controle das leses secundrias, associados
ou no a intervenes cirrgicas para descompresso e estabilizao da
coluna vertebral. A compresso medular crnica pode ser decorrente de
processos que se desenvolvem gradativamente, mas tambm podem ser
seqelas decorrentes dos efeitos do trauma, meses a anos aps a ocorrncia
da leso.(ARIAS, SEVERO, TUDURY, 2007).
O diagnostico para trauma medular se baseia em exames de rotina
feitos em pacientes traumatizados. Deve-se fazer anamnese e obter o maior
numero de informaes sobre o animal, o exame fsico feito para descartar
leses que podem comprometer o animal, o exame neurolgico devem ser
minucioso e completo. Os exames complementares como a radiografia,
mielografia, tomografia computadorizada e ressonncia magntica devem ser
realizados para complementar seu diagnostico.(ARIAS, SEVERO, TUDURY,
2007.; TELLO, 2009)
2. ANATOMIA
A coluna vertebral em ces composta de quatro regies vertebrais:
cervical; torcica; lombar; sacra. Existem aproximadamente 20 vrtebras
caudais ou coccgeas (WHEELER; SHARP, 1999; GETTY,1986).
O numero de vrtebras em uma dada espcie perfeitamente constante
para cada regio, exceto na ultima, tanto que a formula vertebral pode ser
expressa, no caso de ces e gatos, em C7 T13 L7 S3 Ca 20-23 (GETTY, 1986).
Os discos intervertebrais esto localizados entre os corpos vertebrais,
iniciando entre C1 e C2. Os discos intervertebrais tambm esto presentes
entre as vrtebras coccgeas, mas no possuem significado clnico. As
extremidades dos corpos vertebrais so recobertas por cartilagem. Os corpos
vertebrais se articulam por meio do disco intervertebral, formando uma
articulao levemente mvel do tipo anfiartrodial.(GETTY, 1986)
Entre as vrtebras existem os discos intervertebrais que so compostos
por duas regies anatmicas, que so: os anis fibrosos e os ncleos
pulposos. Os anis so compostos de tecido fibroso laminar e encontra-se
envolvendo o ncleo pulposo gelatinoso. Possuem os anis fibrosos individuais
que circundam as vrtebras externamente e em ngulos variados, esses anis
fibrosos so para suportar a fora que pode ser aplicada no disco em todos os
ngulos. O ncleo pulposo um tecido gelatinoso semfluido, sua posio
excntrica entre o meio e um tero da poro dorsal do disco, possui
propriedade hidroflica absorvendo e dissipando foras. O anel fibroso
composto de fibrocartilagem arranjada em camadas concntricas, suas
pores ventrais e laterais so de 1,5 a 3 vezes mais espessas do que a
poro dorsal. A placa de cartilagem uma fina camada de cartilagem hialina
que recobre a epfise do corpo vertebral.(GETTY, 1986)
As camadas externas dos anis fibrosos e do ligamento longitudinal
dorsal possuem fibras sensoriais nervosas, ao contrrio ao ncleo pulposo e as
fibras da zona transicional, que no possuem essas fibras. Os discos
intervertebrais do co e gato so relativamente maiores que de outras espcies
(DYCE, 1997).
Dois ligamentos tambm auxiliam a conectar os corpos vertebrais, os
ligamentos longitudinais dorsal e ventral. O ligamento longitudinal dorsal corre
no assoalho do canal medular, ou seja, acima do disco, enquanto o ligamento
longitudinal ventral corre no leito dos corpos vertebrais. Complementando
esses pontos de contato, a coluna vertebral tambm sustentada por
numerosos msculos e inseres tendneas e outros ligamentos
especializados.(DYCE, 1997)
O disco intervertebral (DIV) possui trs regies distintas: ncleo pulposo,
anel fibroso e a placa de cartilagem.
Os nervos da cauda eqina tem estrutura tpica de nervo perifrico e so
parcialmente embainhados pelas meninges. Eles toleram melhor as
deformaes que a medula espinhal, e existe um espao epidural mais amplo
na regio da cauda eqina. Assim, estes nervos que compem a cauda eqina
so mais resistentes aos traumatismos do que o tecido da medula espinhal,
porm, se leses mais graves ocorrerem, a recuperao improvvel (DYCE,
1997).
Os ligamentos situados interna e externamente ao canal vertebral tem
papel significante na estabilidade e na mobilidade espinhais. O ligamento da
nuca se estende a poro dorsal do arco do xis at o processo espinhoso de
vrtebras torcicas craniais. Este ligamento situa-se profundamente na
musculatura cervical dorsal (DYCE, 1997).
3. ETIOLOGIA
As causas de trauma medular podem ser divididas em exgena e
endgena. Dentre as causas exgenas esto os acidentes por automveis,
projeteis e traumas provocados por animais, humanos ou objetos em
movimento. Como causas endgenas esto as hrnias de disco tipo I, fraturas,
malformaes congnitas e instabilidades vertebrais. Para os autores a
extruso de disco intervertebral a causa mais comum de trauma espinal,
seguido por acidentes veiculares e pelas mordidas (ARIAS, SEVERO,
TUDURY, 2007).
Em estudos realizados pela Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM) e pelo Laboratrio de Patologia Veterinria (LPV), com finalidade de
pesquisar as causas de morte por atropelamento automotivo, conclui que em
(89 %) havia leses que explicavam a morte ou a razo para a eutansia
destes ces. Essas leses incluram traumatismo esoinhal-medular 43 (27,7&)
ruptura de rgos parenquimatosos 40 (25,8%) traumatismo cranioenceflico
28 (18,1&) ruptura de rgos ocos 16(10,3%) fratura de costelas com lacerao
de rgos parenquimatosos 15(9,7%) e ruptura de diafragma com
deslocamento de vsceras abdominais para cavidade torcica 10 (6,4%).
4. FISIOPATOLOGIA DO TRAUMA MEDULAR
O trauma medular agudo resultado de leses por meio de dois mecanismos. A leso primaria decorrente de foras que causam dano
instantneo aps o evento traumtico como lacerao, compresso,
transseo, flexo. No momento do trauma ocorre a ruptura e esmagamento de
elementos neuronais e vasculares, essa ruptura inclu a ruptura de corpos
celulares nervosos, axnios e estrutura suporte( clulas de glia), o que resulta
na interrupo morfolgica e ou fisiolgica de impulsos nervosos.( ARIAS,
SEVERO, TUDURY, 2007)
A leso secundaria acontece dias ou minutos aps o ocorrido de leso.
causada devido a alteraes locais intracelulares e extracelulares,
associadas a leses sistmicas como hipoxia, hemorragia entre outras
decorrentes do trauma. O traumatismo inicial pode causar uma cascata de
eventos destrutivos que causam perda do tecido neuronal que inicialmente no
est comprometido.( WHEELER J. S; SHARP, 1999)
Diversas alteraes sistmicas, focais e celulares caracterizam as
leses secundrias, que resultam em mudanas biomecnicas e patolgicas
que podem causar deteriorao funcional e comprometer a integridade
estrutural da medula espinhal.(ARIAS, SEVERO, TUDURY, 2007)
Existem quatro mecanismos bsicos na leso de medula espinhal:
interrupo anatmica, compresso, concusso e isquemia.
A interrupo anatmica (Figura 1) do parnquima da medula espinhal
a lacerao fsica do tecido nervoso, cujos efeitos so considerados como no
tratveis e irreversveis.( ARIAS, SEVERO, TUDURY, 2007).
Figura 1: Interrupo anatmica de medula espinhal (Fonte MACHADO, 2009).
Na compresso medular h presena da massa que promove o
aumento da presso no interior do canal vertebral. Essa compresso (Figura 2)
decorrente da extruso de disco e determinada pela massa do ncleo
extruso degenerado dentro do canal. (ARIAS, SEVERO, TUDURY, 2007).
Figura 2: Extruso de disco (Fonte: FOSSUM, 2007).
A concusso decorrente de um impacto agudo da medula espinhal,
geralmente sem compresso residual, afetando inicialmente a substancia
cinzenta da medula espinhal, propagando para substncia branca e podendo
levar a destruio progressiva do tecido nervoso. O processo isqumico e h
interrupo do suprimento sanguneo arterial para medula espinhal, este
processo de isquemia est relacionado a perda da auto-regulao do fluxo
sanguneo no segmento medular lesionado e a sua extenso depende da
severidade da leso inicial, sendo esta de carter progressivo (ARIAS,
SEVERO, TUDURY, 2007).
4.1 EFEITOS IMEDIATOS DO TRAUMA
Aps o impacto medula espinhal h um bloqueio total da conduo
nervosa causado ao influxo de potssio que vem de clulas lesadas
mecanicamente. A quantidade de potssio extracelular e intracelular promovem
a despolarizao e conseqente bloqueio da conduo. (JEFFERY, 2003)
4.2 ANORMALIDADES VASCULARES
Em seguida ao trauma ocorre perda da auto- regulao do fluxo
sanguneo no segmento medular lesado e a presso de perfuso torna-se
diretamente relacionada presso arterial sistmica que na maioria das vezes
est baixa devido as leses sistmicas concomitantes, o fluxo sanguneo na
substancia cinza reduz drasticamente durante as duas primeiras horas e
permanecem em nveis baixos nas primeiras 24 horas, o fluxo sanguneo na
substancia branca tambm reduz inicialmente dentre a primeira hora aps a
leso e ate 6 horas aps, mas retorna ao normal aps o tempo de seis horas.
( JEFFERY, 2003)
O aumento da concentrao de substancias vasoconstritoras no
segmento lesado, somado a hipotenso sistmica que ocorre aps o trauma,
pode levar a uma isquemia neuronal.( JEFFERY, 2003)
A compresso medular pode exacerbar os eventos isqumicos da leso
concussiva a medida que ocorra edema vasognico que esta associado ao
aumento da presso intraparenquimatosa. Este edema causado devido a
obstruo da drenagem venosa e as mudanas na permeabilidade dos vasos,
que causa comprometimento das substancia cinzenta e leva a transtornos nos
axnios e exposio de agentes lesivos e exacerbando a apoptose celular.
(KRAUS, 2000)
Como a medula espinhal est situada dentro de um canal vertebral no
expansivo, a compresso tende a distribuio da presso por todo o
parnquima, fazendo com que tenha comprometimento da sua funo, porem a
substancia cinzenta relativamente preservada em todo o processo, a
habilidade da medula espinhal em regular o fluxo sanguneo de dixido de
carbono diminui, a medula tenta preservar-se perdendo mielina e axnios da
substancia branca, para que se possa acomodar o material compressivo.
(KRAUS, 2000)
4.3 EVENTOS BIOQUMICOS
Associado a reduo de fluxo sanguneo na medula espinhal, ocorrem
mudanas metablicas severas, logo aps ocorrer leso. Normalmente a
concentrao de L- glutamato um neurotransmissor excitatrio, regulada por
um mecanismo ativo e eficiente efetuado por astrcitos. O dano mecnico
associado falta de energia local leva ao aumento da liberao neuronal de
glutamato e decrscimo da ao do mecanismo dos astrcitos sobre o mesmo,
elevando a concentrao deste neurotransmissor a nveis txicos. A interao
do L-glutamato com o receptor N-metil D-aspartato(NMDA), um receptor para o
L- glutamato nas membranas ps-sinpticas, abre os canais de ons
ocasionando o aumento intracelular de sdio, cloreto e principalmente clcio.
( JANSSENS, 1991; OLBY, 1999; JEFFERY, 2003)
O aumento da concentrao do clcio intracelular ativa proteases como
a calpaina, que destroem o citoesqueleto e o DNA cromossomal, iniciando a
necrose e a apoptose. O aumento dos nveis de prostaglandinas causa o
aumento da permeabilidade vascular e vasoconstriao ou vasodilatao.
Ocorrem tambm alteraes da funo plaquetria, que pode causar obstruo
de vasos sanguneos e liberao de serotonina a qual tambm ativa a
permeabilidade vascular, favorecendo a formao de edema (SMITH,
MCDONALD, 1999).
Ocorre uma reao que desencadeia rapidamente uma resposta
inflamatria que contribui para a leso secundria, tais respostas inflamatrias
contribui para produo de uma variedade de citotoxinas e agentes protetores.
Os mediadores inflamatrios tem efeitos prejudiciais na condio inica e
transmisso sinptica, alterando a funo neuronal (SMITH; McDONALD,
1999)
Durante o desenvolvimento da resposta inflamatria ocorrem duas fases
da infiltrao celular na medula espinhal, inicialmente ocorre um influxo de
neutrfilos que atingem os nveis mximos dentro de poucas horas, ocorrendo
logo aps o recrutamento de macrfagos cujo pico estabelecido aps cinco a
sete dias, a segunda fase da infiltrao celular coincide com a desmielinizao
secundria e perda de axnios.
Na medula espinhal lesada pode-se encontrar leuccitos
polimorfonucleares fagcitos em seu interior e adjacente as paredes vasculares
e as reas de hemorragia, esta hemorragia possibilita o trauma a induzir a
ativao de lpases da membrana, liberando vrios cidos graxos, mas
notadamente o acido araquidnico.
5. MANIFESTAOES CLNICAS
Alteraes compressivas da medula espinhal resultam em uma
variedade de inais clnicos, dependendo de vrios fatores como localizao e
severidade da leso, sendo o principal deles a velocidade com que ocorre a
compresso medular. (SCHULZ, 1998),
Sinais clnicos como dor, paraparesia e paraplegia podem ser
observados em paciente com leso medular. O sinais pode ocorrer em minutos
ou semanas aps a leso medular, podendo progredir lenta ou rapidamente
(LECOUTEUR & CHILD, 2002).
A avaliao neurolgica fundamental para localizar e avaliar a
gravidade das eses. Os achados clnicos mais comuns em animais com
alteraes na regio toracolombar ou lombar podem variar desde pequenos
graus de dor ou hiperestesia no local da leso at paraparesia no ambulatria
de neurnio motor superior (LECOUTEUR & CHILD, 2002).
Os sinais neurolgicos mais precoces podem ser perda da
propriocepo consciente e marcha atxica, como sinal motor mais precoce. O
aumento da severidade das leses leva a perda da capacidade de sustentar o
prprio peso, perda dos movimentos voluntrios, disfuno da bexiga e,
finalmente, depresso ou perda da sensao de dor profunda, caudal ao local
da leso (LECOUTEUR & CHILD, 1992; STILL.1988).
6. DIAGNSTICO
O diagnstico de leso medular se baseia nos exames fsicos e
neurolgicos em pacientes traumatizados. Deve primeiramente obter o maior
nmero de informaes durante a anamnese (FOSSUM, 2007).
A anamnese deve-se comear atravs de um exame sistemtico
adequado dos animais suspeitos de serem portadores de alteraes
neurolgicas, a descrio est correlacionada com a localizao anatmica da
leso. A anamnese feita para que se possa caracterizar o distrbio agudo ou
crnico, progressivo ou esttico e persistente ou intermitente, doenas prvias,
histrico de vacinao, deve-se fazer o questionamento ao proprietrio sobre
as alteraes de comportamento, convulses, desvio de cabea, andar em
crculos ou outros sinais de anormalidades dos nervos cranianos.(FOSSUM,
2007).
No exame fsico deve-se fazer uma avaliao cuidadosa da histria para
determinar a presena ou ausncia de hiperestesia (dor) ou paresia para ajudar
a elaborao do diagnostico diferencial. (FOSSUM, 2007)
No caso de pacientes que tenham sofrido traumatismo externos, o
exame fsico deve ser completo e primeiramente focado em sistemas que
comprometam a vida do animal. Dentre as conseqncias sistmicas mais
comuns esto: hemotrax (Figura 3), pneumotrax, hemorragia abdominal e o
choque. Nesses casos o paciente deve ser manejado de forma rpida,
estabilizando e mantendo fora de risco. Se existe suspeita de fratura em coluna
deve-se examinar o paciente em decbito lateral, evitando movimentos
desnecessrios ou excessivos. O objetivo da estabilizao tem por objetivo
prevenir um dano mecnico maior sobre a medula espinhal.
Figura 3: Hemotrax causado por traumatismos externos (Fonte: Carvalho, 2009).
O exame fsico feito em pacientes com provvel doena neurolgica,
alguns distrbios metablicos, cardiovasculares e musculoesqueltico
mimetizam a apresentao clinica de distrbios neurolgicos. Deve-se observar
o animal na sala de atendimento durante a realizao da anamnese, isto
devido a deficincias visuais podem ser mais evidentes quando o animal
colocado em um ambiente estranho. A perda da propriocepo tambm pode
ser evidente, em um piso escorregadio (FOSSUM, 2007).
Determinados componentes do exame neurolgico esto includos
quando realizado o exame fsico, abrangendo o estado mental do paciente,
ambulao, postura, evidencia do trauma, expresso facial e padro
respiratrio. Minimizar o movimento do paciente vitima do trauma at que
possa ser eliminada a presena e uma fratura espinhal, o exame fsico feito
com detalhes pode auxiliar no estabelecimento da presena ou ausncia de
doena neurolgica. (FOSSUM, 2007)
O exame neurolgico deve ser completo e minucioso. Em primeiro lugar deve-
se descartar o comprometimento da cabea, baseando no estado mental,
funcionalidade dos pares de nervos cranianos, presena de convulses,
coordenao e postura de cabea.
Em seguida deve-se avaliar a medula espinhal, avaliando reaes
posturais, reflexos espinais, sensibilidade paravertebral e reflexo do panculo.
Finalmente deve-se determinar a presena ou ausncia de sensibilidade
profunda.
O exame neurolgico deve ser realizado em um local silencioso, com um
bom piso, no se deve usar sedativos antes da realizao do exame, mas
entretanto importante que o animal esteja relaxado. O exame deve ser
iniciado fazendo uma avaliao do estado mental, postura e deambulao do
paciente. (FOSSUM, 2007)
Os pacientes com leso no segmento cervical manifestaro sinais de
neurnio motor superior( NMS) nos quatros membros. Se a leso
cervicotorcica, os sinais sero de NMS nos membros plvicos e de neurnio
motor inferior( NMI) nos membros torcicos. Se a leso ocorrer entre T3-L3,
apresentar sinais de MNS nos membros plvicos e, finalmente, se a leso
no segmento lombossacro, os sinais sero de NMI nos membros plvicos.
(Foto 4)
Figura 4: Tabela de localizao da leso em NMS e NMI (Fonte) Machado, 2009
A finalidade do exame neurolgico determinar o local da leso.
Posteriormente devem ser feitos exames complementares de acordo com os
pr- diagnostico estabelecido, para orientar a terapia.
6.1. EXAMES COMPLEMENTARES
Dentre os exames complementares, o rx simples, mielografia, tomografia
computadorizada e a ressonncia magntica podem ser utilizados para
confirmao de leso medular.
6.2. EXAME RADIOLGICO
A radiografia simples a primeira ferramenta diagnstica que deve ser
utilizada quando a suspeita de um trauma espinal. Uma vez o paciente
examinado e estabilizado o exame radiolgico pode ser realizado, evitando
movimentos excessivos.( TELLO, 2009). (Figura 5)
Figura 5: Radiografia simples em coluna cervical, (Fonte) MACHADO, 2009
Fazer uma projeo ltero-lateral para visibilizar fraturas ou instabilidade
cervical. Deve-se ter extremo cuidado com a manipulao da coluna vertebral,
j que existe hipotonia da musculatura paravertebral e maior instabilidade aos
movimentos, o que permite agravamento do paciente.
6.3. MIELOGRAFIA
A mielografia um exame contrastado, indicado quando no se tem
clareza nas radiografias simples, consiste na injeo subaracnide de contraste
para evidenciar a medula. (FOSSUM, 2007). O contraste usado na realizao
da mielografia so o iopamidol (Isovue) e iohexol (Omnipaque). O contraste
no inico pode ser usado o iohexol com dose 300mg de iodo-ml. (FOSSUM,
2007).
Deve-se fazer com cautela, principalmente em pacientes com suspeita
de instabilidade vertebral, fazer a puno na cisterna magna ou lombar (L4-L5
ou L5-L6). A mielografia pode causar efeitos indesejveis como convulses, o
que em pacientes com instabilidade vertebral poder trazer conseqncias
graves para a medula espinhal. Para realizao do exame deve-se fazer a
tricotomia e assepsia da pele e da regio selecionada. (FOSSUM, 2007).
(Figura 6)
Figura. 6 Mielografia (Fonte: MACHADO, 2009).
Em estudo realizado pelo Departamento de Radiodiagnstico IVI para
comparar achados radiogrficos e mielografia em ces com leses medulares
a mielografia de vital importncia para o diagnstico de alteraes medulares,
assim como a determinao do local e extenso das leses, este estudo foi
realizado no perodo de 1995 a 2005 com 198 ces. Os resultados obtidos
mostram alteraes em algum segmento da coluna vertebral perante as
radiografias simples. Nas mielografia 31 (15,6%) ces no apresentaram sinais
de compresso medular; 142 (71,7%) mostraram sinais variados de
compresso medular extradural; 08 (4,0%) com leses intramedulares e 17
(8,5%) apresentaram resultados inconclusivos, devido a fatores como processo
inflamatrio local ou insucesso da puno lombar, 142 compresses
extradurais, 54 (38%) localizaram-se na regio cervical; 27 (19%) na torcica;
44 (30,9%) na traco-lombar e 17 (11,9%) na lombar. A leso extradural, 113
(79,5%) ces apresentaram casos de discopatias, sendo 81 (71,6%) protruses
e 58 (51,3%) extruses; 13 (9,1%) casos de compresses extradurais foram
relacionados a fraturas e luxaes e 16 (11,2%) a outras alteraes como
neoplasias, hipertrofia ligamentar e hematomas ou hemorragias.
6.4. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
A tomografia computadorizada o mtodo de eleio para detectar
leses em laminas e nos elementos posteriores da coluna, tambm de
grande ajuda para detectar fraturas do segmento C1 C2 e fissuras do corpo
vertebral, a tomografia computadorizada capaz de mostrar luxaes ou
fragmentos sseos que no aparecem no exame de radiografia simples.
(TELLO, 2009)
6.5. RESSONNCIA MAGNTICA
A ressonncia magntica superior a mielografia e a tomografia
computadorizada pois evidenciam leses espinais, este exame o nico
mtodo radiolgico de confirmar a leso de medula espinhal (TELLO, 2008)
7. TRATAMENTO
7.1 TRATAMENTO CONSERVATIVO
Deve considerar a leso medular aguda uma emergncia, o tratamento
o fator critico na limitao da degenerao e necrose tecidual, a prioridade
neste tratamento do paciente politraumatizado a estabilizao do estado
geral e controlar qualquer condio que ameace a vida como hipotermia e
hipotenso, pois estas alteraes podem causar alteraes nos exames
neurolgicos subseqentes (JERRERY, BLAKEMORE, 1999).
O animal deve ser imobilizado em uma maca que evite o deslocamento
de vrtebras instveis, deve-se fazer a imobilizao do paciente visando
diminuir uma nova ocorrncia de leso primaria. Est imobilizao pode ser
feita em local de superfcie lisa e rgida onde o paciente fique em decbito
lateral, com auxilio de fita adesiva (JERRERY, BLAKEMORE, 1999).
Na escolha do tratamento adequado, deve-se considerar o tipo de
severidade da leso medula espinhal. Muitas vezes est to discreta, que a
funo normal pode retornar sem qualquer tratamento. Outro fator que deve ser
considerado o tempo de ocorrncia do trauma, visto que a terapia com
neuroprotetores s efetiva quando administrada dentro de um tempo restrito
aps a leso. (JEFFERY e BLAKEMORE, 1999)
No momento, o tratamento para leso de medula espinhal limita-se
utilizao de agentes neuroprotetores, drogas que, em doses adequadas, tem
demonstrado benefcios em pacientes com trauma medular. Este pode ser
associado ou no ao tratamento cirrgico. (JEFFERY e BLACKEMORE, 1999)
Segundo JEFFERY; BLAKEMORE, 1999 o uso de neuroprotetores
indicado visando prevenir ou limitar leso secundaria da medula espinhal.
7.2. BLOQUEADORES DE CANAIS DE CLCIO E SDIO
Os bloqueadores de canais de clcio e sdio possuem ons de Ca e
possuem importante papel no desenvolvimento da isquemia aps o trauma,
sugerido que se utilize os bloqueadores de clcio na terapia da leso
medular(BRAUND, 1993). Este agente bloqueia o aumento de clcio
intramedular, impedindo a ativao da fosfolipase A2 que por sua vez inicia a
cascata do cido araquidnico e leva peroxidao dos lipdeos da membrana
celular da medula (JEFFERY, 1999).
Constatou-se que o aumento da concentrao intracelular de clcio
depende do aumento das concentraes de sdio de axnio, e que o bloqueio
de canais de sdio foi benfico recuperao de leses axonais e metablicas
na substncia branca do sistema nervoso central(SNC) (JEFFERY, 1999).
7.3. ANTIOXIDANTES E VARREDORES DE RADICAIS LIVRES
Agentes como as vitaminas C, E, selnio e o dimetil sulfxido (DMSO)
tem o potencial de reduzir a magnitude da necrose tecidual aps a leso,
protegendo a medula espinhal dos efeitos deletrios dos radicais livres
(BRAUND, 1993). O selnio um co-fator para a peroxidade glutationa, uma
enzima que atua removendo o perxido de hidrognio intracelular. As
propriedades antioxidantes da vitamina E so creditados sua
lipossolubilidade e capacidade de se intercalar entre os cidos graxos
poliinsaturados dos fosfolipdeos da membrana celular, protegendo-a do ataque
dos radicais livres(HALL; WOLF, 1986).
Autores de estudos com o uso de microscopia eletrnica indicaram que
o dimetil sulfxido (DMSO), administrando uma hora aps a contuso medular,
protege a bainha de mielina e os axnios, reduz o edema e acelera o retorno
da funo motora (DANILOFF; HOSGOOD, 1999)
7.4. ANTAGONISTAS DOS OPIIDES
A utilizao de altas doses de naloxona aps a ocorrncia de trauma
medular experimental em felinos melhorou o fluxo sanguneo medular. Com
isso h aumento na recuperao da funo neurolgica, quando administrada
de uma a quatro horas aps o trauma, mostrou alguns benefcios, sendo o
efeito dose-dependente, ele atua revertendo em hipotenso e reduo do fluxo
sanguneo medular (BERGMAN, 2000).
7.5. POLIETILENOGLICOL
A soluo de polietilenoglicol (PEG), utilizada na medula traumatizada
de cobaias, promoveu recuperao imediata da conduo de impulsos
nervosos e de algumas funes neurolgicas prprias da substancia branca. A
medula espinhal de cobaias foi exposta durante a realizao de procedimento
cirrgico e a soluo de PEG foi diretamente aplicada 15 minutos aps a leso
medular em um grupo e oito horas a leso medular em outro grupo
(BORGENS; BERGMAN, 2000). O PEG promoveu a conexo ou reconexo
das membranas celulares, restaurando a excitabilidade da membrana e
inibindo a destruio de axnios durante o processo de leso secundria
(BORGENS; SHI, 2000).
7.6. CORTICIDES
7.6.1. AIEs
Os glicocorticides podem ser utilizados em doses antiinflamatrias no
tratamento de compresso medula espinhal, com objetivo de reduzir o
edema, e diminuir o efeito compressivo, apresentando ainda, efeitos
antiprostaglandina (JEFFERY, 1995).
7.6.2. AINEs
Antiinflamatrios no esteroidais podem ser empregados como parte da
terapia para animais que apresentam dor ou leve paresia, perda crnica da
sensibilidade dolorosa profundo nos membros plvicos ou aqueles animais cujo
proprietrio no autoriza o tratamento cirrgico (WATERS, 2003).
O maior problema do uso de antiinflamatrios no esteroidais (AINES)
observado quando no surgem efeitos esperados, ento proposto o uso de
glicocorticides o que pode carretar uma serie de complicaes
gastrointestinais com o uso seguido dessas duas drogas. Da mesma forma que
os corticosterides, a administrao de AINEs deve ser feita de forma
cautelosa visto que o alivio da dor do animal pode levar a uma atividade
excessiva, resultando na exacerbao dos sintomas (WATERS, 2003).
A dexametasona tem sido utilizada no tratamento de leses a medula
causando efeitos colaterais como ulceraes e hemorragias gastrointestinais.
Opiides como a morfina, butorfanol e a acupuntura so opes
adequadas para combater dor (JEFFERY, 1995; ROGERS, 1996).
8. TRATAMENTO CIRRGICO
Nos casos decorrentes de trauma medular, as indicaes para o
tratamento cirrgico so presena de instabilidade espinhal e compresso da
medula espinhal. A gravidade do trauma espinhal obrigar a se utilizar drogas
neuroprotetoras para se interromper a evoluo das leses secundarias
(FOSSUM, 2007).
A cirurgia descompressiva est indicada nos casos de doena do disco
intervertebral, espondilomielopatia cervical (WOBBLER), em casos graves ou
recidivantes de instabilidade atlantoxial e na sindrome da cauda eqina ocorre
compresso grave extradural. Como resultado do deslocamento de partes
vertebrais fraturadas ou luxadas, da hemorragia e da extruso traumtica do
disco intervertebral. (FOSSUM, 2007; WATERS, 2003)
Em relao a doena do disco intervertebral ocorre dois tipos de
alteraes: a do tipo Hansen I, que se observa freqentemente discos
calcificados, diminuio de espao intervertebral e calcificao do material
discal no canal vertebral. A de tipo Hansen II, as alteraes so menos visveis
(FOSSUM, 2007).
8.1 TCNICAS CIRRGICAS
8.1.2. FENESTRAO DOS DISCOS INTERVERTEBRAIS
A fenestrao de disco feita nos espaos intervertebrais C2-C3 e C6-
C7, com exceo de C1-C2 e C7- T1. um procedimento contra indicado para
pacientes que o disco herniou para o canal vertebral ou forame intervertebral,
porm pode ser benfica para pacientes com dor discognica. (FOSSUM,
2007).
A fenestrao dos discos intervertebrais da coluna cervical importante,
pois previne futuramente extruso de material para o canal vertebral. Para a
coluna toracolombar, os discos de T10-T11 a L6-L7 tambm podem ser
fenestrados.Est tcnica no utilizada para coluna lombossacra, pois no
existe a presena de disco intervertebral. A fenestrao do disco intervertebral
pode trazer complicao com a ruptura do anel dorsal. E conseqentemente
instabilidade vertebral. (FOSSUM, 2007). (Figura 7).
Figura 7: Fenestrao de disco intervertebral (Fonte: www.neurolatinvet.com.br 2009).
8.1.3 LAMINECTOMIA
a remoo da lmina dorsal das vrtebras cervicais para exposio da
medula. indicada em as leses no canal vertebral dorsal ou lateral, enquanto
o procedimento de slot ventral indicado para leses compressiva que esto
no canal vertebral ventral. O procedimento para a realizao da laminectomia
depende da localizao e da causa da leso compressiva.(FOSSUM, 2007).
(Figura 8)
Figura 8: Laminectomia (Fonte: www.neurolatinvet.com.br 2009).
8.1.4 HEMILAMINECTOMIA
A hemilaminectomia a remoo da lmina dorsal direita ou esquerda,
de uma parte do pedculo direito ou esquerdo e de partes da faceta articular
das vrtebras afetadas. (FOSSUM, 2007)
8.1.5 SLOT
Oferece a vantagem de acesso direto regio ventral do canal vertebral,
por meio de aberturas ventrolateral, permitindo a retirada do material do disco
sem manipulao da medula. A desvantagem no permitir o acesso
contralateral, desta forma, necessrio um bom estudo radiogrfico para
localizar a leso. A lacerao do seio venoso tambm pode ocorrer por
manipulao inadequada, pois ele est localizado no assoalho do canal
vertebral (FOSSUM, 2007).
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9. TRATAMENTO COMPLEMENTAR
O tratamento complementar para pacientes que possuem alteraes em
coluna vertebral deve-se comear com orientao aos proprietrios, em relao
ao prognostico quanto ao envolvimento e cooperao no tratamento.
9.1 FISIOTERAPIA
9.1.2 TENS
O TENS indicado principalmente para dor, promove boa analgesia e
pode ser usado diariamente e em tempo integral sem contra-indicao quando
o paciente permitir, neste caso o modo burst recomendado j que no
ocorreria efeito da acomodao. Aps a tricotomia do local so colocados dois
eletrodos paralelos ou quatro simultneos, com a corrente passando cruzada
sobre a leso. No modo continuo, a intensidade da corrente deve ser alterada
periodicamente. A vantagem do TENS sobre os frmacos a possibilidade de
obter-se um efeito analgsico sem a intolerncia por parte do paciente.
(PEDRO; MIKAIL, 2009).
9.1.3 LASER
Aplicado sobre um local determinado do local da leso para a
aplicao, podendo ser aplicado de forma pontual com intervalos de
aproximadamente 1 cm ou de forma conhecida como varredura. As indicaes
do laser nas afeces de coluna devem-se s caractersticas antiinflamatrias
e analgsicas. As radiaes do laser aceleram a cicatrizao por possuir um
numero maior de fibroblastos, aumenta a produo de colgeno e estimula a
microcirculao.( PEDRO; MIKAIL, 2009). (Figura 9).
Figura 9: Aplicao de laser (Fonte: www.fisioanimal.com.br 2009).
9.1.4 CALOR
O calor usado como uma forma de terapia, dividido em termoterapia
superficial e profunda. O uso do infra-vermelho (IV) determina o aquecimento
de aproximadamente 1 cm de profundidade , por isso classificado de
superficial, e os seus efeitos incluem vasodilatao perifrica e relaxamento
muscular. A distncia de aproximadamente 40 cm entre a fonte de luz e o
paciente a incidncia dos raios perpendiculares permitem uma maior
penetrao do calor. ( PEDRO; MIKAIL, 2009)
9.1.5 HIDROTERAPIA
a terapia por meio de gua, na qual so aproveitados as propriedades
fsicas da gua para o fortalecimento muscular e equilbrio postural. Os efeitos
hidrodinmicos da flutuabilidade, associados a temperaturas elevadas,
contribuem para a melhora do paciente da mobilidade e reduo da dor. O
alongamentos, atividades de relaxamento, fortalecimento muscular direcionado,
ganho de mobilidade articular e propriocepo so utilizados como auxilio ao
tratamento complementar (PEDRO; MIKAIL, 2009).
http://www.fisioanimal.com.br/
Quando o corpo submerso na gua, ele recebe ao de duas foras
opostas: a da gravidade e a do empuxo que a fora de flutuao, desta
maneira a imerso do corpo inversamente proporcional ao peso que ele
sustenta (PEDRO; MIKAIL, 2009).
Pacientes em fase intermediria de recuperao apresentam
incoordenao motora, atrofia muscular e dficit proprioceptivo, com
incapacidade para sustentar o prprio peso, porem com o corpo do animal est
parcialmente submerso a fora de flutuao contribui para a leveza do peso,
permitindo que o portador da deficincia fsica faa movimentos que ele no
consegue executar no solo, isto estimula a coordenao e a reao de postura.
Os efeitos teraputicos da gua aquecida so analgesia, aumento da amplitude
de movimento articular, aumento de flexibilidade, fortalecimento muscular e
estimulo coordenao e postura. (PEDRO; MIKAIL, 2009). (Figura 10)
Figura 10: Hidroterapia em animal em recuperao de alterao medular
(Fonte:www.vetspa.com.br 2009).
9.1.6 CINESIOTERAPIA
A cinesioterapia uma forma de terapia que atravs de exerccios que
podem ser passivos, ativos, de treino proprioceptivo e ainda de ganho de fora.
Ajuda no aumento da fora muscular, no equilbrio e coordenao, no aumento
da amplitude de movimentos, na deambulao evita contraturas e aderncias.
Exerccios so experimentados e selecionados aqueles que o paciente
tolere melhor e no lhe provoquem desconforto ou stress desnecessrio. Os
benefcios destes exerccios so aumentar a taxa de recuperao, melhorar a
qualidade e quantidade de movimento, aumentar a performance, condio
corporal e a resistncia. Estes exerccios podem ser realizados em casa pelo
proprietrio,aproximando o paciente ao dono e com est aproximao o
proprietrio observar evoluo no tratamento.(Figura 11).
Figura 11: Paciente em cinesioterapia (Fonte: www.webanimal.com.br 2009).
http://www.webanimal.com.br/
10. ACUPUNTURA
A acupuntura um ramo da Medicina Tradicional Chinesa (MTC),
praticadadesde pocas remotas. As opinies sobre a sua idade e origem tm
divergncias. Pressupe-se, com a descoberta de agulhas de pedras, que a
acupuntura humanainiciou-se no final do perodo neoltico (16.000 - 4.000
a.C.). A descoberta concretade agulhas de acupuntura de ouro e de prata
ocorreu no tmulo de Lieu Scheng,que morreu por volta de 200 a.C., sendo
que as referncias sobre acupuntura veterinria podem ser encontradas por
volta de 900 a.C. (TORRO, 1997).
A palavra acupuntura deriva do latim (acus: agulha e punctura: puntura).
A acupuntura consiste na estimulao de pontos, tambm denominados
acupontos, de rea de aproximadamente um mm, determinados e precisos na
superfcie corporal (TORRO, 1997).
O ponto de acupuntura pode ser estimulado por vrios agentes de
estresse tais como agulha metlica, calor, massagem, injeo de
medicamentos. O importante criar um sinal que ser transmitido aos centros
nervosos para ser decodificado, analisado, memorizado, integrado em outros
sistemas e causar, conforme sua intensidade, local e natureza, uma resposta
benfica orientada e especfica (RUBIN, 1983).
Apesar dos pontos serem pequenos, com rea de mximo efeito de
tamanho similar ao tamanho da cabea de um alfinete, qualquer presso num
pequeno raio em torno desta rea j suficiente para atingir o ponto (RUBIN,
1983).
O tratamento de um paciente pela MTC baseia-se em um diagnstico
realizado pelo Qi, que estabelece a etiologia, fisiologia e patogenia do
desequilbrio apresentado no organismo. Por isto, o paciente sempre deve ser
analisado como um todo. Dois animais com a mesma doena podem receber
tratamentos diferentes, pois doenas iguais podem exprimir desequilbrios
distintos (TORRO, 1997).
O mecanismo de ao da acupuntura para discopatia no foi totalmente
compreendido, a acupuntura pode estimular ponto-gatilho e assim diminuir a
dor muscular, o encurtamento muscular, a rigidez e a dor referida. Ativa o
crescimento dos axnios destrudos na medula espinal. A acupuntura pode
reduzir a inflamao espinal local, o edema, a vasodilatao ou vasocontrio e
a liberao de histamina. Isso diminui a formao de cicatrizes no tecido, a
compresso espinal e a dor (RUBIN, 1983).
Os pontos de acupuntura para tratar discopatia toracolombar so
divididos em locais e distncia. Os locais so pontos no meridiano da bexiga.
Os mais usados ficam entre B-14 a B-28, entre as vrtebras T10 a L7 (RUBIN,
1983).Os pontos distais usados variam muito. Os principais so os do
meridiano da bexiga (B), vescula biliar (VB) e estmago (E) (RUBIN, 1983)
O protocolo de tratamento usando somente quatro agulhas provou ser
eficaz quanto a um tratamento mais extensivo. Os mtodos de estimulao
so: puntura simples, eletroestimulao das agulhas, terapia a laser e injeo
nos pontos de acupuntura, usa-se agulhas de acupuntura esterilizada de
calibre 32 a 38, estas agulhas devero ser mantidas no local sem estimulao
por 10 a 20 minutos. A eletroestimulao aplicada com maquinas onde usa-
se uma variedade de formas de ondas e padres de onda, de intervalos de
tratamento, freqncia e amplitude, a amplitude aumentada at se observar
contrao muscular e dor. (Figura 13) (TORRO, 1997).
A acupuntura para tratar discopatia cervical possui uma ampla variedade
de pontos, mtodos de estimulao e intervalos de terapias. Pontos locais e
distncia so usados para resolver a discopatia cervical, os pontos locais so:
VG-13; VG-16; VB-20; VB-21; TA-16; ID-15; ID-16: IG-15; IG-16; B-8; B-9; B-
10; B-11; B-20; B-21;B-23;B-25; B-28 e pontos gatilhos locais ou dolorosos, os
distantes so: IG-4; IG-11; ID-3 e TA-5. Os intervalos entre os tratamentos,
mtodos e durao da estimulao e as terapias adjuntas so os mesmos do
tratamento para doena toracolombar (TORRO, 1997).
Os resultados do tratamento com acupuntura para doenas do disco
cervical, so de 80% dos ces com doena de grau I se recuperando aps trs
ou quatro tratamento em perodo de duas semanas, quase 67% dos ces com
doena de grau II se recuperam aps cinco ou seis tratamentos em trs a
quatro semanas (TORRO, 1997).
A acupuntura pode ser til no tratamento de discopatia intervertebral em
ces, para isso o animal deve ficar rigorosamente confinado, monitorado de
perto e recebe uma boa assistncia. Quanto aos resultados com terapia
cirrgica, a interveno cirrgica indicada para ces com discopatia
toracolombar de grau IV, a acupuntura para ces com doena de grau IV
devem ser realizadas com animais que se encontram em estgios tardios do
distrbio. (Figura 12) (TORRO, 1997).
Figura 12: Animal em seco de acupuntura (Fonte: www.veterinariavargemgrande.com.br 2009).
http://www.veterinariavargemgrande.com.br/
CONCLUSO
O trauma medular uma afeco neurolgica, onde o paciente com
leso medular deve ser atendido com emergncia.
A sua interveno deve ser feita de forma rpida e adequada para evitar
danos ao tecido neuronal.
Deve-se realizar exames para auxiliar no diagnstico, fazer uma
radiografia em primeiro lugar, se este exame no fechar o diagnstico fazer a
mielografia e a tomografia computadorizada.
Usar no tratamento de leso medular neuroprotetores para evitar leses
secundarias, este est associado o tratamento cirrgico. O tratamento
cirrgico feito por algumas tcnicas entre elas a fenestrao de discos,
laminectomia, hemilaminectomia e slot.
Associado ao tratamento cirrgico est o tratamento complementar,
onde realizado fisioterapia, hidroterapia e acupuntura, este tratamento
usado para auxiliar o animal em sua recuperao.
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