Traumatismo Raquimedular

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Centro Educacional Directus So Vicente

Traumatismo Raquimedular Leonardo Almeida Prado

So Vicente Julho/2011

Leonardo de Almeida Prado

Traumatismo Raquimedular

Trabalho apresentado ao Professor Dr. Leandro Gustavo, da disciplina Primeiro Socorros, da turma de Radiologia, turno Noturno, do curso de Radiologia e Diagnstico por Imagem.

Directus SV. So Vicente 08/07/2011

1- INTRODUO;

O trabalho desenvolvido sobre Traumatismo Raquimedular. Com uma breve apresentao sobre suas consideraes anatmicas, sua definio, como a recuperao de um TRM, sequelas, como feito o socorro em vtimas com TRM e sua frequncia.

2 - Definio de Traumatismo Raquimedular e consideraes anatmicas;Por definio trauma ou traumatismo toda e qualquer leso de extenso, intensidade e gravidade variveis, que pode ser produzida por agentes diversos (no nosso caso mais especificamente agentes fsicos e no qumicos), de forma intencional ou acidental. O trauma raquimedular aquele que acomete a coluna vertebral e seu contedo: a medula espinhal e as razes nervosas. O quadro pode variar desde uma simples cervicalgia (dor no pescoo) at um tetraplegia (paralisia dos quatro membros) e morte. O termo

raquimedular uma fuso de duas palavras de origens distintas: raqui ou raque do grego rchis significa coluna vertebral e medula do latim medulla significa, literalmente, o que est contido no meio ou miolo. Deve-se ressaltar que a medula aqui citada a medula espinhal ou medula nervosa. Esta no deve ser confundida com medula ssea, que popularmente conhecida pelo transplante de medula realizado no tratamento de alguns tipos de leucemias. No s os seres humanos, mas todos os vertebrados (peixes, anfbios, rpteis, aves e mamferos) possuem coluna vertebral e medula espinhal. Na verdade a coluna vertebral o eixo de sustentao desses seres vivos. Alm disso, funciona como um arcabouo sseo e serve de proteo para a medula espinhal. Comparativamente, a coluna vertebral est para a medula espinhal assim como o crnio est para o crebro. A coluna vertebral dos seres humanos composta por 32 vrtebras - sete cervicais, 12 torcicas, cinco lombares, cinco sacras e trs coccgeas . A coluna se inicia logo abaixo do crnio e se estende at e entre os ossos da pelve (cintura plvica), portanto qualquer trauma que acometa essa regio constitui um traumatismo raquimedular.

O forame ou conduto vertebral formado pela parede posterior do corpo vertebral e parede anterior do arco vertebral, e a superposio dos vrios forames vertebrais forma o canal raqudeo, que aloja e protege a medula espinhal. A medula espinhal, nos adultos, possui cerca de 45 cm e estende-se desde a altura do atlas (C1) at a primeira ou segunda vrtebra lombar. Trinta e um pares de nervos espinhais originam-se da medula espinhal (08 cervicais, 12 torcicos, 05 lombares, 05 sacrais e 01 coccgeo).

A medula espinhal um grande condutor de impulsos nervosos sensitivos e motores entre o crebro e as demais regies do corpo. A medula espinhal possui tratos orientados longitudinalmente (substncia branca) circundando reas centrais (substncia cinzenta) onde a maioria dos corpos celulares dos neurnios espinhais esto localizados. Ao corte transversal, a substncia cinzenta apresenta a forma de H e pode ser subdividida em corno anterior, lateral e posterior. No corno anterior, esto localizados os corpos celulares dos neurnios motores e visceromotores, no corno posterior os neurnios sensitivos e no corno lateral os neurnios do sistema simptico.

Os tratos da substncia branca constituem vias nervosas ascendentes e descendentes, que conduzem impulsos nervosos em direo ao crebro e de vrias partes do crebro para o resto do corpo.

T r a t o espinotalmico ventral transmite impulsos relacionados ao tato. Possui origem na coluna posterior, cruza para o lado oposto na comissura anterior e ascende pelo funculo anterior at o tlamo. T r a t o espinotalmico lateral Media os impulsos da sensibilidade dolorosa e da temperatura do lado contralateral. Possui, tambm, origem na coluna posterior, cruza para o lado oposto na

comissura anterior e ascende pelo funculo lateral ao tlamo. Clinicamente, pode ser avaliado, beliscando a pele ou por meio de estmulo com objetos pontiagudos, como agulha ou alfinete. Trato espinocerebelar ventral e dorsal Relacionados propriocepo, conduzem impulsos ao cerebelo por meio da medula espinhal. Fascculos grcil e cuneiforme localizados na poro posterior da medula espinhal entre o sulco mediano posterior e sulco postero-lateral, conduzem impulsos proprioceptivos, provenientes de msculos, tendes e articulaes, impulsos tteis localizao e discriminao, e sensaes vibratrias, como as produzidas pelo cabo do diapaso colocado sobre um osso recoberto de pele. Trato corticoespinhal lateral e trato corticoespinhal ventral As vias piramidais transmitem o impulso motor para os motoneurnios do corno anterior, por meio do trato corticoespinhal lateral, que cruza para o lado oposto no bulbo, e do trato corticoespinhal ventral, que desce sem cruzar para o lado oposto, na parte anterior da medula espinhal. Controlam a fora motora e so testados por meio da contrao voluntria ou contrao involuntria mediante estmulo doloroso.

3 - Atendimento Primrio;Nos casos de trauma fechado, ou seja, onde no houve nenhum tipo de leso penetrante e o paciente no possui nenhum dficit neurolgico, o diagnstico dificilmente estabelecido. Esse um dado bastante importante,

pois todo o indivduo politraumatizado um candidato a ter TRM at que se prove o contrrio. muito importante saber nessa fase qual foi o mecanismo do trauma, isto , como o indivduo se machucou, como foi encontrado, se estava consciente, se era capaz de mobilizar os membros, se queixou de dor ou dormncia, etc. CUIDADOS NO TRM: Exame primrio - ABC da vida Imobilize a cabea/pescoo em posio neutra com colar cervical ou com as mos. Remova o capacete em caso de PCR ou insuficincia respiratria. No mova o paciente a menos que seja necessrio. Caso tenha que mov-lo utilize a tcnica em monobloco. Suspeitar sempre de leso de coluna cervical em pacientes com TCE A proteo da coluna cervical deve ser uma das prioridades do tratamento pr-hospitalar, a no ser que outra situao esteja produzindo risco de vida iminente. Aps o atendimento primrio e a chegada dos bombeiros, exames clnicos complementares devero ser realizados ao chegar no hospital. A radiografia simples da coluna, apesar de como o prprio nome diz ser simples e barata constitui um dos exames mais fundamentais para pacientes com TRM. Outras alternativas so a tomografia computadorizada (TC) e a ressonncia nuclear magntica (RNM). Ento, aps uma histria colhida de maneira correta, o exame neurolgico detalhado dever ser realizado.

4 Frequncia;

Principais causas:

Os traumatismos decorrentes de acidentes com veculos motorizados (incluindo motocicletas) so a causa mais frequente de TRM (50%). A seguir, em ordem decrescente de frequncia temos quedas (20%), leses esportivas (15%), agresses (aproximadamente 12%) e outras (3%). Com a introduo de medidas mais efetivas na preveno de acidentes no trnsito, fabricao de carros mais seguros e principalmente conscientizao da populao, a cada dia temos observado uma menor incidncia desse tipo de causa, em todo o mundo. Nas leses por queda, uma forma muito especial que deve ser enfatizada o acidente por mergulho em guas rasas. Esse tipo de traumatismo mais comum no vero e um espcie grave de traumatismo porque atinge, geralmente, pores altas da coluna cervical. Nos Estados Unidos existe at uma campanha para combater esse tipo de acidente, chamada Feet first (literalmente "primeiro os ps!"). Realmente, se pessoas que se acidentaram tivessem mergulhado de p, o mais grave que poderia ter ocorrido seria uma fratura nos ps ou nas pernas. Crianas e idosos: Apesar de as vtimas mais frequentes dos TRM estarem na faixa etria entre 15 e 30 anos, crianas e idosos possuem caractersticas bastante peculiares quando comparados com os adultos. A criana, por exemplo, possui uma cabea mais pesada proporcionalmente em relao ao corpo (1/4 a 1/5), dependendo da idade quando comparada com os adultos (1/8). Alm disso, a musculatura do pescoo ainda pouco desenvolvida levando a um aumento fisiolgico da mobilidade. Portanto, apesar de estar protegida, do ponto de vista estatstico, a coluna da criana bastante frgil. J os idosos, por outro lado, possuem uma coluna que os mdicos chamam de artrodesada (com as vrtebras fundidas umas s outras). Isso que dizer que existe uma coluna onde com o envelhecimento, foi ocorrendo fisiologicamente calcificao dos ligamentos que unem as vrtebras, tornando a coluna mais rgida como um todo. No entanto, com o envelhecimento, as paredes arteriais tambm se calcificam e o fluxo sanguneo que ocorre dentro delas no o mesmo quando comparado com o que acontece com as pessoas jovens. Riscos do traumatismo: Os riscos esto diretamente relacionados com o grau de extenso, intensidade e gravidade da leso. Porm, nos TRM, existe um outro aspecto que crucial em relao aos riscos. Quanto mais cranial (alta) for a leso mais grave ser o quadro neurolgico, porque a medula espinhal a continuao do nosso crebro, e dela que partem as razes nervosas que vo dar motricidade e sensibilidade do nosso corpo (do pescoo para baixo).

5 - Formas de tratamento;Diante de um trauma, o tratamento de indivduos com TRM se inicia no local do acidente. A imobilizao do pescoo e o transporte do paciente sobre

pranchas rgidas devem ser sempre realizados. O agravamento da condio neurolgica pode ocorrer se, no local do trauma, as medidas bsicas de atendimento forem negligenciadas. Isso chamado "segundo trauma". Na verdade, esta leso foi decorrente da impercia do tratamento, e poderia ter sido facilmente evitada. Algumas medicaes (como por exemplo os corticides) tm sido usadas na fase aguda para tentar diminuir a piora do quadro neurolgico. Na verdade essa medicao agiria como um anti-inflamatrio contendo a cascata de eventos que ocorrem aps o trauma sobre a medula espinhal. O tratamento cirrgico dos TRM bastante especfico, onde cada leso necessita de um procedimento diferenciado. Atualmente apesar de todos os avanos da medicina, o tratamento cirrgico se limita tentativa de restaurao da anatomia ssea da coluna vertebral, evitando a compresso do tecido nervoso. A medula espinhal deve estar livre de qualquer compresso que possa existir sobre ela. Materiais (placas, hastes, parafusos, etc) feitos a partir de ligas metlicas de ltima gerao - por exemplo, titnio - so usados com o objetivo de promover estabilizao do eixo de sustentao do corpo.

6 - Possveis Sequelas;A leso que o TRM ocasiona sobre o tecido nervoso , de forma geral, irreversvel. O tecido neurolgico no possui a capacidade de regenerao. Se uma clula nervosa morre, no ir surgir outra para substitu-la. Esse o preo que o tecido nervoso pagou na evoluo biolgica das espcies por ser altamente especializado. As sequelas esto diretamente relacionadas com o nvel do traumatismo.

Um paciente com leso cervical grave pode ter como sequela a tetraplegia. Se a leso for mais alta, acima da quarta vrtebra cervical, o paciente pode perder a capacidade de respirar espontaneamente. Leses torcicas e lombares acarretam como sequelas: paraplegia e distrbio no controle esfincteriano dos aparelhos urinrio e digestivo.

7 Concluso;

Conclui-se que, todos os pacientes acidentados, no se pode descartar possveis traumas gerados na coluna vertebral. Todo cuidado em seu primeiro atendimento crucial consequncia da preservao vital. Contamos

com a tecnologia instaurada nos hospitais para todos os exames clnicos e com a iniciativa tomada tanto ao estudo realizado pelos socorristas (guardies da vida) quanto sua dedicao a preservao de vidas. Lembrando que todo profissional da sade tem como dever ajudar, auxiliar, ou at mesmo iniciar os procedimentos primrios em casos de acidentes. Aos leigos, nada mais aceitvel do que uma ligao ao 193 (Corpo de Bombeiros).

8 - Referncias Bibliogrficas;

http://www.auladeanatomia.com/neurologia/espinhais.htm http://sotstenio.blogspot.com/2010_11_01_archive.html http://www.sistemadegraus.com.br/index.php?q=node/150 http://www.szpilman.com/biblioteca/medicina/traumas.htm http://enfermagemurgenciaemergencia.blogspot.com/2009/10/uso-do-colar-cervical.html http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/corpohumano/

http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?bpid=116&id=4871 http://www.drmarceloferraz.com.br/tese.pdf Departamento de Estradas e Rodagens (DER). ndices oficiais de acidentes na malha viria estadual do Estado de So Paulo.[citado 2005 ago 25].Disponvel em: http://www.der.sp.gov.br/_informativos/relgov.asp