Upload
others
View
1
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
JAIRO ANTONIO PELIZZARO
TRAVESSIA DE CANAIS POR DUTOS - UM GUIA E UMA FERRAMENTA PARA A ESTIMATIVA DA
PROFUNDIDADE DE EROSÃO
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional em Gestão Ambiental, Universidade Positivo. Orientador: Prof. Maurício Dziedzic Co-orientador: Prof. Bruno V. Veiga
CURITIBA
2009
TÍTULO: �TRAVESSIA DE CANAIS POR DUTOS - UM GUIA E UMA
FERRAMENTA PARA A ESTIMATIVA DA PROFUNDIDADE DE EROSÃO�
ESTA DISSERTAÇÃO FOI JULGADA ADEQUADA COMO REQUISITO
PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM GESTÃO
AMBIENTAL (área de concentração: gestão ambiental) PELO PROGRAMA DE
MESTRADO EM GESTÃO AMBIENTAL DA UNIVERSIDAE POSITIVO. A
DISSERTAÇÃO FOI APROVADA EM SUA FORMA FINAL EM SESSÃO
PÚBLICA DE DEFESA, NO DIA 30 DE MARÇO DE 2009, PELA BANCA
EXAMINADORA COMPOSTA PELOS SEGUINTES PROFESSORES:
1) Prof. Dr. Maurício Dziedzic � Universidade Positivo (Presidente);
2) Prof. Dr. José Junji Ota � UFPR (Examinador);
3) Prof. Dr. André Virmond Lima Bittencourt � Universidade Positivo
(Examinador);
4) Prof. Dr. Júlio Gomes � Universidade Positivo (Examinador);
5) Prof. M. A. Sc. Bruno Vitor Veiga - Universidade Positivo (Co-Orientador).
CURITIBA � PR, BRASIL
__________________________________
PROF. DR. MAURÍCIO DZIEDZIC
COORDENADOR DO PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO AMBIENTAL
RESUMO
A travessia de canais de fundo móvel por dutos deve ser objeto de análise cuidadosa e projeto criterioso, devido á grande susceptibilidade dessas travessias à instabilidade do leito e das margens decorrentes da erosão durante cheias. O presente trabalho é composto de um guia básico e de uma ferramenta para estimativa da erosão do leito de canais. São apresentados os métodos empíricos para o cálculo do transporte de sedimentos e suas equações características. Também é avaliada a utilidade do modelo computacional HEC-6 para a previsão de erosão nos locais de travessia, uma vez que este modelo permite prever mudanças na calha. É realizada coleta de dados em campo de dez travessias, na região próxima à cidade Barbacena, Minas Gerais, Brasil.[MD1] São listados os dados necessários para a caracterização topobatimétrica e hidrossedimentométrica da travessia, e é apresentada a ferramenta desenvolvida em forma de planilhas de cálculo para cada método empírico avaliado. Finalmente, são apresentados os resultados das estimativas de erosão obtidas com a ferramenta desenvolvida e os obtidos com o programa HEC-6, e é feita uma comparação entre as estimativas obtidas neste trabalho e as diretrizes do projeto de instalação do gasoduto que ligará o rio de Janeiro a Belo Horizonte, demonstrando boa concordância entre os métodos aplicáveis. Palavras-chave: dutos, travessia de canais, instabilidade, erosão.
ABSTRACT
Pipeline crossings of mobile-bed rivers must be the subject of thorough analysis and careful design considerations, since they are highly susceptible to the instability instability of the bed and the banks during floods. The present work comprises a basic guide and a tool to estimate the erosion of channel bed at pipeline crossings. The work lists the empirical methods for sediment transport calculations and their equations. The usefulness of HEC-6, a computer model which allows the prediction of bed changes, is also considered for the calculating erosion at pipeline crossings.. Data is collected on the field for 10 pipeline crossings, in the state of Minas Gerais, Brazil, near the town of Barbacena. The data required for topographical and hydraulic characterization of each pipeline crossing is listed, and the analysis tool herein developed, in the form of spreadsheets for each empirical method, is presented. The results thus obtained are then compared with those given by HEC-6. Finally, a comparison is made between the estimates obtained herein and the design values for a pipeline that will connect Rio de Janeiro to Belo Horizonte, showing good agreement. Keywords: pipeline crossing, mobile-bed channel , instability, erosion.
SUMÁRIO
RESUMO.................................................................................................................2
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................15
1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................16
1.1.1 Objetivo geral ..........................................................................................16
1.1.2 Objetivos específicos ..............................................................................16
2. REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................17
2.1 CONCEITOS ...................................................................................................17
2.1.1 Estabilidade de Canais ...........................................................................17
2.1.2 Sedimento...............................................................................................18
2.1.3 Erosão.....................................................................................................19
2.2 TRANSPORTE DE SEDIMENTOS .................................................................20
2.3 EROSÃO DE CANAIS.....................................................................................22
2.3.1 Métodos empíricos para a estimativa da erosão do leito ........................22
2.3.1.1 Método de Abbott ou do Canal Efêmero .............................................24
2.3.1.2 Método de Neill....................................................................................26
2.3.1.3 Método de Lacey.................................................................................26
2.3.1.4 Método de Blench................................................................................27
2.3.1.5 Método da Profundidade Média...........................................................31
2.3.1.6 Método de Yaremko e Cooper.............................................................31
2.3.1.7 Método de Borah.................................................................................31
2.3.1.8 Método da Velocidade Competente ou Velocidade Limite ..................32
2.3.2 Métodos para a estimativa da altura das dunas......................................33
2.3.2.1 Método de Van Rijn .............................................................................34
2.3.2.2 Método de Yalin...................................................................................35
2.3.2.3 Método de Allen...................................................................................36
2.3.2.4 Método de Gill .....................................................................................36
2.4 SOLEIRA DE PROTEÇÃO DO LEITO ............................................................36
2.4.1 Material da soleira...................................................................................37
2.4.1.1 Método da Velocidade Competente ....................................................37
2.4.1.2 Método de Yang ou Movimento Incipiente ..........................................38
2.4.1.3 Método de Escarameia e May.............................................................39
2.4.2 Espessura da camada ............................................................................40
2.4.3 Graduação do material............................................................................40
2.4.4 Ângulo crítico da inclinação longitudinal .................................................41
2.4.5 Extensão longitudinal, transversal e espessura ......................................42
2.5 MODELO COMPUTACIONAL HEC-6 .............................................................43
2.5.1 Base conceitual e científica.....................................................................44
2.5.2 Pontos fortes do modelo .........................................................................45
2.5.3 Limitações do modelo .............................................................................45
3. METODOLOGIA ...............................................................................................46
3.1 CARACTERIZAÇÃO HIDROSSEDIMENTOMÉTRICA ...................................49
3.1.1 Topobatimetria ........................................................................................49
3.1.2 Hidrometria..............................................................................................49
3.1.3 Cálculo da vazão.....................................................................................52
3.1.4 Pluviometria ............................................................................................53
3.1.5 Vazão de projeto .....................................................................................54
3.1.6 Sedimentometria.....................................................................................55
3.2 PLANILHAS DE CÁLCULO.............................................................................55
3.3 UTILIZAÇÃO DO PROGRAMA HEC-6 ...........................................................68
3.3.1 Entrada de dados....................................................................................68
3.3.2 Estimativas através do HEC-6 ................................................................70
3.3.3 Resumo das estimativas obtidas.............................................................72
4. RESULTADOS..................................................................................................75
4.1 Discussão dos resultados................................................................................83
5. CONCLUSÕES .................................................................................................86
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................88
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Classificação granulométrica (adaptado de British Standard BS1377, 1975, apud BREUSERS e RAUDKIVI, 1991)...................................19
Tabela 2. Classificação da equação de erosão para diferentes projetos (adaptado de PEMBERTON e LARA, 1984). ...................................23
Tabela 3. Valores do coeficiente Z para obtenção da profundidade de erosão para as equações de regime (adaptada de PEMBERTON e LARA, 1984). ...............................................................................................30
Tabela 4. Tabela auxiliar para obtenção do coeficiente de arrasto (adaptado de YALIN, 1977)....................................................................................35
Tabela 5. Distância entre verticais para medição da velocidade (SANTOS et al, 2001). ...............................................................................................50
Tabela 6. Cota de leitura na vertical (SANTOS et al, 2001). ............................50
Tabela 7. Planilha de cálculo da estimativa de erosão do leito pelo método de Abbott ou do Canal Efêmero (Equação (1)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos................................................................56
Tabela 8. Planilha de cálculo da estimativa de erosão do leito pelo método de Neill (Equação (2)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos. ................................................................................................57
Tabela 9. Planilha de cálculo da estimativa de erosão do leito pelo método de Lacey (Equação (3)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos. ................................................................................................57
Tabela 10. Planilha de cálculo da estimativa de erosão do leito pelo método de Blench (Equação (4)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos. ................................................................................................58
Tabela 11. Planilha de cálculo da estimativa de erosão do leito pelo método da Profundidade Média (Equação (8)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos. ..............................................................................58
Tabela 12. Planilha de cálculo da estimativa de erosão do leito pelo método de Yaremko e Cooper (Equação (9)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos. ..............................................................................58
Tabela 13. Planilha de cálculo da estimativa de erosão do leito pelo método de Borah (Equação (10)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos. ................................................................................................59
Tabela 14. Planilha de cálculo da estimativa de erosão do leito pelo método da Velocidade Competente (Equação (11)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos................................................................60
Tabela 15. Planilha de cálculo da estimativa da altura das formas móveis do leito pelo método de Van Rijn (Equação (12)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos................................................................61
Tabela 16. Planilha de cálculo da estimativa da altura das formas móveis do leito pelo método de Yalin (Equação (13)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos................................................................62
Tabela 17. Planilha de cálculo da altura das formas móveis do leito pelo método de Gill (Equação (15)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos. ................................................................................................63
Tabela 18. Planilha de cálculo da estimativa da altura das formas móveis do leito pelo método de Allen (Equação (14)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos................................................................64
Tabela 19. Planilha de cálculo da estimativa do diâmetro do material da camada de proteção do leito pelo método da Velocidade Competente (Equação (16)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos. .64
Tabela 20. Planilha de cálculo da estimativa do diâmetro do material da camada de proteção do leito pelo método de Yang (Equação (17)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos. .....................................65
Tabela 21. Planilha de cálculo da estimativa do diâmetro do material da camada de proteção do leito pelo método de Escaraméia e May (Equação (18)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos...................66
Tabela 22. Planilha de cálculo da estimativa do ângulo longitudinal da camada de proteção do leito (Equação (21)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos. ..............................................................................67
Tabela 23. Tabela com os dados de entrada para o programa HEC-6 para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos. .....................................69
Tabela 24. Tabela com os resultados do programa HEC-6 para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos...........................................................71
Tabela 25. Resumo das estimativas da altura das dunas. Resultados obtidos para a travessia do Rio Carandaí com Tr = 2 anos..........................72
Tabela 26. Resumo dos métodos e equações, com estimativas de erosão, para a travessia de Rio Carandaí com Tr = 2 anos. .................................73
Tabela 27. Resumo dos métodos e equações com estimativas do diâmetro do material da soleira de proteção do leito para a travessia do Rio Carandaí com Tr = 2 anos................................................................74
Tabela 28. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método apresentado para a travessia do rio Carandaí Tr = 2 anos. ................................................................................................75
Tabela 29. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método apresentados para a travessia do Córrego Grande com Tr = 100 anos. ..................................................................................76
Tabela 30. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método apresentado para a travessia do Rio Xavier com Tr = 100 anos. .........................................................................................77
Tabela 31. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método apresentado para a travessia do Rio Ressaquinha com Tr = 20 anos. ....................................................................................78
Tabela 32. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método apresentado para a travessia do Rio Paraopeba (1) com Tr = 100 anos. .........................................................................78
Tabela 33. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método apresentado para a travessia do Rio Paraopeba (2) com Tr = 100 anos. ..........................................................................79
Tabela 34. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método apresentado para a travessia do Rio Paraopeba (3) com Tr = 100 anos. ..........................................................................79
Tabela 35. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método apresentado para a travessia do rio Paraopeba (4) com Tr = 2 anos. ......................................................................................80
Tabela 36. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método apresentado para a travessia do Rio Paraopeba (5) com Tr = 20 anos. ............................................................................80
Tabela 37. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método apresentado para a travessia do Rio Paraopeba (6) com Tr = 2 anos. ..............................................................................81
Tabela 38. Resumo das estimativas de erosão para cada travessia. ................83 Tabela 39. Comparativo entre os recobrimentos mínimos recomendados para
todas as travessias analisadas.........................................................85
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Curva de Shields, limite entre estabilidade e remoção do material particulado do leito (adaptado de BRIGHETTI e MARTINS, 2001). .18
Figura 2. Formas de transporte de sedimentos piru.alexandria.ucsb.edu/.../mkh/mkh16-0 jpg (03/08/2008).............21
Figura 3. Distribuições verticais passíveis de serem encontradas nos cursos de água (MME, 1967).......................................................................21
Figura 4. Erosão do leito por vazão unitária � Projeto de irrigação Navajo Indian (adaptado de PEMBERTON; LARA, 1984). ..........................25
Figura 5. Gráfico para obtenção de Fbo (adaptado de PEMBERTON e LARA, 1984). ...............................................................................................28
Figura 6. Esboço da erosão em canal natural (adaptada de PEMBERTON e LARA, 1984).....................................................................................29
Figura 7. Diagrama longitudinal da soleira (adaptado de JOYCE e CHANTLER, 2001)...........................................................................37
Figura 8. Esboço da camada de proteção natural, onde; Da é o diâmetro da menor partícula não transportável (adaptado de PEMBERTON e LARA, 1984).....................................................................................38
Figura 9. Diagrama longitudinal da soleira (onde: LFSu=L(FSu-1); LFSd=L(FSd-1) e Tb=Tab+Tfb) (adaptado de JOYCE e CHANTLER, 2001). ..............43
Figura 10. Modelo digital do terreno na região da travessia do Rio Carandaí, canal e local da travessia (dimensões em m) (DZIEDZIC e VEIGA, 2007). ...............................................................................................47
Figura 11. Seção transversal na travessia do Rio Carandaí (DZIEDZIC e VEIGA, 2007), com indicação do nível em condição de cheia de projeto para TR = 2 anos, com vazão de 10,7 m3.s-1. ......................48
Figura 12. Distribuição vertical de velocidades em escoamentos com superfície livre (adaptado de VENARD e STREET, 1975)................................51
Figura 13. Fotografia da medição de velocidade do escoamento no Córrego Grande. ............................................................................................52
Figura 14. Divisão da seção transversal de um rio para medições de velocidade (adaptado de VENARD e STREET, 1975). ......................................53
Figura 15. Precipitações médias mensais (mm) na Estação Fluviométrica (02043018) do posto de Carandaí (DZIEDZIC e VEIGA, 2007). ......54
Figura 16. Distribuição granulométrica do leito do Rio Carandaí no local da travessia (DZIEDZIC e VEIGA, 2007). .............................................55
Figura 17. Perfil do leito natural e erodido do Rio Carandaí para Tr- 2 anos, estimada com a utilização do HEC-6. ..............................................72
10
1. INTRODUÇÃO
A implantação de dutos e estruturas nas margens, leito ou planície de
inundação de canais deve levar em conta as características hidráulicas,
morfológicas e de transporte de sedimentos para prever o potencial de erosão
durante cheia como o registrado no Arroio Vacacaí Mirim, no Rio Grande do Sul,
onde em apenas uma cheia o leito teve um aprofundamento de mais de meio
metro, segundo Paiva e Paiva (1999) ou como ocorrido na cidade de Everet �
EUA (URLICH et al, 2005) onde a exposição de um gasoduto criou risco de
acidente por rompimento do duto, com perigo para pessoas e meio ambiente.
Além disso, cabe ao empreendedor arcar com os altos custos resultantes de
acidentes, que vão desde multas, indenizações, recuperação de áreas
degradadas e até, no caso de haver vítimas, responder criminalmente, tendo em
vista que tanto as legislações ambientais quanto as cíveis vêm se tornando cada
vez mais rígidas.
Os estudos empíricos são considerados como o mínimo recomendado para
execução de projetos de travessia de dutos em canais. Mas dado o avanço
tecnológico é importante que se faça uso da metodologia mais sofisticada
disponível, justificada pelo alto grau de complexidade de interação de fatores na
hidráulica de canais (PEMBERTON e LARA, 1984). Antes de lançar mão da
tecnologia mais avançada deve-se realizar uma análise de custo x benefício para
decidir se o ganho de precisão e confiabilidade nos resultados compensa o
investimento nessa tecnologia e o tempo adicional necessário para utilizá-la, e se
os dados disponíveis, ou passíveis de obtenção, são suficientes para garantir
resultados melhores com modelos mais complexos.
O objetivo do presente trabalho foi realizar um levantamento da formulação
empírica empregada em diferentes situações de travessia de canais por dutos,
bem como, dos dados necessários para sua utilização, além de conduzir um
estudo comparativo entre os resultados obtidos a partir da utilização dessas
formulações empíricas e da modelagem computacional. Também foi feita a
apresentação de formulações utilizadas para o cálculo da camada artificial de
proteção de dutos. Para tanto, inicialmente é apresentada uma visão geral sobre
remoção, transporte e deposição de sedimentos, suas causas e efeitos. Na
11
seqüência, são apresentados o embasamento teórico com os métodos
empregados, os dados necessários, sua forma de obtenção e análise. São
apresentados, ainda, detalhes do programa HEC-6 que deve fornecer estimativas
�precisas e confiáveis�, segundo Bhowmik et al (2008), com maior amplitude de
aplicação e a ferramenta de cálculo desenvolvida neste trabalho. Finalmente, é
apresentado um estudo comparativo entre as estimativas de erosão obtidas com
a metodologia empregada.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
Definir um guia para a previsão da profundidade de erosão máxima em
projetos de travessia de canais e desenvolver uma ferramenta para a estimativa
da erosão em trechos sem restrições.
1.1.2 Objetivos específicos
• Realizar um levantamento das equações empíricas existentes para a previsão
de erosão em canais;
• Avaliar a utilidade do modelo computacional HEC-6, utilizado para estimar em
qual profundidade devem ser instalados dutos quando cruzarem canais;
• Comparar as estimativas de erosão do leito obtidas pelos métodos listados
anteriormente.
12
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 CONCEITOS
2.1.1 Estabilidade de Canais
Rios e riachos transportam materiais na forma de partículas sólidas, que
podem ser removidas do leito ou depositadas dependendo da magnitude da força
dinâmica do escoamento sobre a partícula. Muito importante na estabilidade de
canais é a coesão existente entre as partículas, dado que os sedimentos fazem
parte, na maioria dos canais naturais, da estrutura do próprio canal: leito e das
margens. A presença de pelo menos 10% de argila no material que compõe o
canal faz com que o tamanho e formato das partículas sejam menos importantes
do que as interações eletro-químicas em sua estabilidade, possibilitando a
formação de uma massa coesa (BREUSERS e RAUDKIVI, 1991). Além disso,
influem na estabilidade a composição, formato e distribuição granulométrica e
ainda, os eventos geológicos tais como estratificação ou compressão. Para
caracterizar a estabilidade de um canal é necessário conhecer o limite entre
repouso e movimento do material particulado, para tanto é utilizado o parâmetro
de Shields que relaciona a forma e tipo de material e as características do fluido
(GRAF, 1984). A Figura 1 representa a Curva de Shields, limite entre as
condições de estabilidade e remoção de material particulado do leito (BRIGHETTI
e MARTINS, 2001.
Onde:
ψ = parâmetro adimensional relativo ao material= gDV /* ;
Re* = número de Reynolds crítico= ν/*DV ;
*V = velocidade tangencial, m.s-1;
D= diâmetro médio do material particulado do leito (m);
ν = viscosidade cinemática, m2. s-1.
13
Figura 1. Curva de Shields, limite entre estabilidade e remoção do material particulado
do leito (adaptado de BRIGHETTI e MARTINS, 2001).
2.1.2 Sedimento
O sentido semântico da palavra sedimento é partícula depositada, porém, em
hidrologia, sedimento é toda partícula que pode ser transportada pela água,
estando em movimento ou não (CARVALHO, 1994). O tamanho pode variar de
0,24 a 0,5 micrômetros, para argila muito fina, até 2048 mm, conforme Tabela 1
(British Standard BS1377, 1975, apud BREUSERS e RAUDKIVI, 1991).
Remoção dematerial
Estabilidade
ψ
Re*
14
Tabela 1. Classificação granulométrica (adaptado de British Standard BS1377, 1975, apud BREUSERS e RAUDKIVI, 1991).
Denominação Diâmetro (mm) Pedregulho grosso 2048-1024 Pedregulho médio 1024-512
Pedregulho pequeno 512-256 Pedras grandes 256-128
Pedras pequenas 128-64 Cascalho muito grosso 64-32
Cascalho grosso 32-16 Cascalho médio 16-8 Cascalho fino 8-4
Cascalho muito fino 4-2 Areia muito grossa 2,00-1,00
Areia grossa 1,00-0,50 Areia média 0,50-0,25
Areia fina 0,25-0,125 Areia muito fina 0,125-0,0625
Silte grosso 0,0625-0,031 Silte médio 0,031-0,016
Silte fino 0,016-0,008 Silte muito fino 0,008-0,004 Argila grossa 0,004-0,0020 Argila média 0,0020-0,0010
Argila fina 0,0010-0,0005 Argila muito fina 0,0005-0,00024
2.1.3 Erosão
A erosão é um processo mecânico de desgaste dos materiais sólidos e
também um meio de transformação da natureza que acontece através dos
tempos geológicos (VANONI, 1977). Segundo Carvalho, 1994 pode ter como
agente os ventos, sendo denominada erosão eólica, as geleiras, quando é dita
erosão glacial, ou ainda a água, dando origem à erosão hidráulica, objeto do
presente trabalho.
15
Ações antrópicas como, por exemplo, urbanização, mineração, atividades
agrícolas e construção de estradas, contribuem com a aceleração da erosão, pois
alteram o escoamento superficial (VANONI, 1977) e com isso a vazão dos rios,
comprometendo diretamente a estabilidade dos canais. A ocupação humana é um
fator ativo e crescente, pois o aumento da população não permite o
estabelecimento de um novo equilíbrio natural a partir das alterações já ocorridas.
Se o canal estiver confinado lateralmente, mudanças expressivas podem
ocorrer no leito. No entanto, se a enchente puder ocupar a área em torno do rio,
as mudanças poderão ser pequenas (BREUSERS e RAUDKIVI, 1991).
Dois fatores principais influenciam a erosão: 1) as propriedades hidráulicas,
que incluem a velocidade da água, o gradiente hidráulico e a profundidade do
escoamento, associada ao pico de vazão e às vazões médias, e 2) a distribuição
granulométrica das partículas no leito e nas margens do canal, ou seja, a
presença de diversos diâmetros diminui os espaços vazios e conseqüentemente a
erosão ou vice e versa (PEMBERTON e LARA, 1984).
O presente trabalho trata dos estudos da erosão hidráulica, onde dois
processos são mais relevantes, a erosão natural e a induzida por estruturas
construídas no canal principal dos rios e que é mais severa quando associada a
mudanças que aumentem a velocidade do fluxo.
2.2 TRANSPORTE DE SEDIMENTOS
A hidrosedimentologia estuda a remoção (erosão), o transporte e o depósito
de sedimentos provocados pela água. Suas conseqüências podem ser benéficas:
deposição de matéria orgânica (Rio Nilo), produção de materiais de construção
(areia, seixo rolado, etc.) (CARVALHO, 1994) ou prejudiciais: causar
desestabilização de estruturas, assoreamento e alteração da calha dos rios.
Os sedimentos são transportados pela água de três formas: em suspensão,
por arraste ou saltação, como mostrado na Figura 2. A distribuição vertical dos
sedimentos depende de sua forma, tamanho, densidade e da velocidade do
escoamento, conforme mostra a Figura 3.
16
Figura 2. Formas de transporte de sedimentos piru.alexandria.ucsb.edu/.../mkh/mkh16-0
jpg (03/08/2008).
Figura 3. Distribuições verticais passíveis de serem encontradas nos cursos de água
(MME, 1967).
A capacidade de transporte de sedimentos pela água depende de diversos
fatores como: vazão; declividade do canal; densidade, formato e tamanho da
partícula; e força de arraste do escoamento. Desta forma, diversas tentativas
foram feitas ao longo da história para determinar a inter-relação dos fatores
17
atuantes sobre as partículas e, a partir de dados de campo, foi possível deduzir a
influência do escoamento sobre os sedimentos (LELIAVSKY, 1964).
2.3 EROSÃO DE CANAIS
Para conhecer a erosão de canais é necessário que sejam feitos
levantamentos de dados sobre a morfologia fluvial e as condições hidráulicas do
trecho em estudo que deverão ser combinados com experiências já realizadas e
com a seleção apropriada da formulação a ser aplicada (PEMBERTON e LARA,
1984).
Embora as formulações empíricas não forneçam uma solução genérica,
aplicável a todas as situações, podem ser utilizadas quando aplicáveis e
propiciam meios para os engenheiros desenvolverem seus projetos, pois
permitem prever as respostas do leito e das margens sob determinadas
condições de escoamento. O profissional deve ainda julgar e decidir quais
equações melhor atendem às necessidades de projeto e dar ênfase à
metodologia de estudo analítico da erosão (PEMBERTON e LARA, 1984).
A previsão da erosão do canal de um rio, exacerbada em eventos extremos
de vazão (cheias), é necessária para projetos de instalação ou recuperação de
estruturas (PEMBERTON e LARA, 1984), portanto serão apresentados os
procedimentos técnicos mais aplicáveis e o equacionamento desenvolvido para
prever erosão, baseado em condições práticas.
2.3.1 Métodos empíricos para a estimativa da erosão do leito
A escolha do método deve levar em conta as características do trecho do
canal que será estudado, por exemplo: quando não houver restrições na largura
do canal, a erosão é calculada a partir das médias hidráulicas, mas, se houver
estruturas restringindo sua largura, a erosão é calculada a partir das condições
hidráulicas geradas pela restrição. Em todos os casos deve-se efetuar a análise
com base nas características hidráulicas e de vazão do canal principal
(PEMBERTON e LARA, 1984), além disso, deve-se considerar que a previsão da
18
profundidade de erosão não é um procedimento preciso (JOYCE e CHANTLER,
2001).
As equações para prever erosões localizadas em canais normalmente são
agrupadas de duas maneiras: aquelas utilizadas em erosões naturais e as
utilizadas em erosões provocadas por estruturas construídas pelo homem. A
Tabela 02 mostra alguns critérios de seleção dessas equações, onde, por
exemplo, as do tipo A são utilizadas em situações de erosão natural dos rios,
enquanto que as do tipo B, C e D correspondem a erosões agravadas pela
presença de estruturas artificiais (PEMBERTON e LARA, 1984).
Embora cada situação deva ser analisada individualmente, existem algumas
características que devem ser levadas em consideração na escolha da
metodologia. A conclusão a que Lane e Borland (1954, apud PEMBERTON e
LARA, 1984), é que as enchentes não causam um rebaixamento geral do leito,
mas erodem locais com seção restrita. Outra generalidade no transporte de
sedimentos é a erosão associada com elevada concentração de sedimentos
durante o pico de vazão. A grande concentração de sedimentos, geralmente
argila e silte, faz com que haja deposição de material grosso no leito e erosão das
margens. A erosão máxima do leito durante uma enchente é função da geometria
do canal, das obstruções causadas por estruturas, da velocidade, da turbulência e
do tamanho do material.
Tabela 2. Classificação da equação de erosão para diferentes projetos (adaptado de
PEMBERTON e LARA, 1984). Tipo de equação Erosão Projeto
A Canais com
restrições e curvas naturais
Dutos enterrados. Estudo da estabilidade de margens naturais. Seção navegável sob
pontes de vão único.
B Estruturas de margem
Escavação para pontes ou travessia de sifões. Proteção de margens inclinadas. Represas.
Estação de bombeamento
C Estruturas no meio do canal
Estacas para pontes. Pilares. Torres de transmissão. Estruturas no leito do canal.
D
Estruturas hidráulicas
atravessando o canal
Represas. Proteção contra erosão. Gabião. Vertedouros.
19
Os casos analisados no presente trabalho utilizam as equações do tipo A.
Quatro métodos para estimar a erosão, descritos por Neill (1973, apud
PEMBERTON e LARA, 1984), aperfeiçoados pelo United States Bureau of
Reclamations (USBR) e utilizados em projetos de dutos enterrados e estruturas
construídas nas margens dos canais e mais três métodos descritos por Joyce e
Chantler (2001), são apresentados a seguir.
2.3.1.1 Método de Abbott ou do Canal Efêmero
A partir de um estudo não publicado do U. S. Geological Survey, Abbott
(1963, apud PEMBERTON e LARA, 1984), com o auxílio do levantamento de
dados de vazão de vários rios do sudoeste dos EUA, foi desenvolvida uma curva
envoltória do riacho Galisteo, que foi validada a partir de medições de erosão,
após enchentes, feitas entre 1963 e 1969. A Figura 4 mostra a curva envoltória
do riacho Galisteo, representada pela Equação 1, e os resultados obtidos em
outros rios avaliados.
Esta equação serve de apoio na estimativa de erosão para leitos arenosos
com D50 variando de 0,5 a 0,7 mm.
( ) 240 ,
s qKd = (1)
onde:
sd = a profundidade de erosão, m;
K = coeficiente multiplicador = 1, 32;
q = a vazão unitária, m3. s-1 por m de largura.
O uso da Equação 1, exceto como auxílio na comparação de resultados com
outros métodos, deverá ser limitado a canais que sejam relativamente íngremes,
com inclinação variando de 0,004 a 0,008 m/m. Pois, em canais com baixas
profundidades (rasos) e com sedimento de tamanho médio a grosso (partículas
20
menores que 0,5 mm), a erosão prevista pela utilização desta equação do
transporte do material de leito será muito grande (PEMBERTON e LARA, 1984).
Figura 4. Erosão do leito por vazão unitária � Projeto de irrigação Navajo Indian
(adaptado de PEMBERTON; LARA, 1984).
Dados observados
q, vazão unitária (m3.s-1por m de largura)
Curva empírica dos dados do Riacho Galisteo
d s, p
rofu
ndid
ade
de e
rosã
o (ft
)
d s, p
rofu
ndid
ade
de e
rosã
o (m
)
ds=2,45q0,24 (in.)
ds=1,32q0,24 (m)
q, vazão unitária (pé3/s por pé de largura)
21
2.3.1.2 Método de Neill
Neill (1973, apud PEMBERTON e LARA, 1984) sugeriu uma abordagem, sem
restrições quanto à utilização, baseada em medições de campo onde vazão de
cheia e características hidráulicas são utilizadas parta determinar a profundidade
de erosão através da Equação 2.
m
i
fif qq
dd
= (2)
onde:
fd = profundidade erodida abaixo do nível da vazão de projeto, m;
id = profundidade média da seção principal durante a cheia, m;
fq = vazão de projeto, m3. s-1;
iq = vazão por unidade de largura da porção principal do canal, m2. s-1;
m = expoente que varia de 0,67 para areia a 0,85 para cascalho grosso.
2.3.1.3 Método de Lacey
O método de Neill foi expandido pelo USBR para incluir as equações
empíricas do regime de Lacey (1930, apud PEMBERTON e LARA, 1984) e o
método de remoção nula de Blench, (1969, apud PEMBERTON e LARA, 1984),
tendo aplicação irrestrita. A Equação 3 representa o método.
31
47,0
=
fQdm (3)
22
onde:
md = profundidade média da vazão de projeto, m;
Q = vazão de projeto, m3.s-1;
f = fator de silte de Lacey igual a ( ) 2/176,1 mD , onde mD é igual ao diâmetro médio
do material do leito, mm.
2.3.1.4 Método de Blench
�Fator de remoção nula�, representado pela Equação (4), prevê a que
profundidade a remoção e a deposição de sedimentos serão iguais, ou seja, o
leito não sofrerá alterações, (PEMBERTON e LARA, 1984), não foram
encontradas restrições de utilização do método na literatura.
3/1
3/2
bo
ffo F
qd = (4)
onde:
0fd = profundidade sem alteração do leito, m;
fq = vazão de projeto por unidade de largura m3.s-1 por m;
0bF = �fator de remoção nula� de Blench em m.s-2 (Figura 5).
23
Figura 5. Gráfico para obtenção de Fbo (adaptado de PEMBERTON e LARA, 1984).
A erosão do leito ou das margens deve ser levada em conta em projetos de
quaisquer estruturas que venham a ser executadas sob canais, como, por
exemplo, dutos. É necessário considerar que pode ocorrer erosão máxima
localizada ( sd ) (Figura 6) devido à concentração do escoamento em alguma parte
do canal.
24
Figura 6. Esboço da erosão em canal natural (adaptada de PEMBERTON e LARA, 1984).
Para prever esta máxima profundidade de erosão ( sd ), as equações (5), (6) e
(7) são ajustadas por um fator empírico Z, (Tabela 3), que representa as
diferentes características morfológicas do trecho em estudo, sendo também um
fator de segurança adequado para uso em projetos (PEMBERTON e LARA,
1984).
ffs dZd = (5)
mms dZd = (6)
fofs dZd 0= (7)
25
Tabela 3. Valores do coeficiente Z para obtenção da profundidade de erosão para as equações de regime (adaptada de PEMBERTON e LARA, 1984).
Neillds = Zf df
Lacey e Profundidad
e Médiads = Zm dm
Blenchds = Zf0 dfo
Reto 0,5 0,25
Curvas moderadas 0,6 0,5
Curvas acentuadas 0,7 0,75
Curva em ângulo reto 1,0 1,25
Margem de rocha na vertical ou parede 1,25
Pilar de ponte 1,0 0,5 a 1,0
Testada de guia de margens 0,4 a 0,7 1,50 a 1,75 1,0 a 1,75
Pequenas represas ou controles atravessando o canal 1,5 0,75 a 1,25
*1 valor indicado pelo USBR para curvas
Valores de Z
Características geométrico morfológicas do trecho
Equaçõesdo tipoA e B
Equaçõesdo tipoC e D
*1 / 0,6
Além dos métodos para cálculo da erosão em canais apresentados pelo
USBR como sendo do tipo A, ou seja, utilizados onde as condições do canal
sejam naturais, Joyce e Chantler (2001) apresentam também os métodos de
Yaremko e Cooper, Borah e da Velocidade Competente ou Limite. Os métodos
são apresentados a seguir.
26
2.3.1.5 Método da Profundidade Média
A Equação (8) retrata o método da profundidade média para estimativa da
erosão máxima como sendo a profundidade média da vazão de projeto, obtida a
partir da utilização de modelos computacionais. Este método não tem restrições
de aplicabilidade (PEMBERTON e LARA, 1984). Vipulanandan e Ortega (2005)
indicam a adoção de Z=0,5.
ms Zdd = (8)
2.3.1.6 Método de Yaremko e Cooper
O método sugerido por Yaremko e Cooper (1983, apud JOYCE e CHANTLER,
2001) para estimar a profundidade de erosão é um método que usa a
profundidade média em condições de cheia de projeto. Joyce e Chantler (2001)
enfatizam ainda que, estimar a profundidade de erosão em canais �é uma arte em
si mesma, que requer considerável habilidade e experiência do engenheiro�. A
Equação 9 é utilizada pelo método para o cálculo da erosão - o método não tem
restrições de aplicabilidade.
mms dZd = (9)
onde:
md = profundidade média da vazão de projeto, m;
mZ = fator que depende da geometria e forma do canal (Tabela 3) mesmo valor
válido para o método de Lacey (1930), segundo Joyce e Chantler (2001).
2.3.1.7 Método de Borah
Borah (1989) propôs um método baseado na presença de sedimentos não
transportáveis no leito do canal (leito aluvial), que formam uma camada de
27
proteção natural. O diâmetro da porção de sedimento que atua como proteção e a
profundidade de erosão, calculada com base no percentual deste material, são
obtidos a partir da Equação 10 e equações complementares.
as DTd −= (10)
onde:
T = espessura da camada ativa = ))1/(( baa PeD − , mm;
baP = fração do material maior que aD ;
e = porosidade do material do leito = 21,050 )1,0/(0864,0245,0 D+ , ( 50D em mm);
*U = velocidade de corte = 2/1)( fmSgd ;
50D = diâmetro médio do sedimento, mm;
g = aceleração da gravidade, 9,81 m.s-2;
fS = declividade da linha de energia;
bS = densidade relativa do sedimento do leito = wb ρρ / ;
ν = viscosidade cinemática da água, m2.s-1;
aD = diâmetro da menor partícula não transportável, mm;
67,0*
67,1 )/()]1/([68 νUSSdD bfma −= para 10/50* ≤νDU ;
14,0*
86,0 )/()]1/([27 USSdD bfma ν−= para 500/10 50* ≤< νDU ;
)]1/([17 −= bfma SSdD para 500/50* >νDU .
2.3.1.8 Método da Velocidade Competente ou Velocidade Limite
Neill (1973 apud PEMBERTON e LARA, 1984), ressalta que este método é
considerado muito conservador para canais com grande transporte de material de
leito. O método de cálculo está baseado na hipótese de que a seção transversal
do canal irá se ajustar naturalmente até o ponto em que a velocidade média
esteja reduzida a um valor em que não ocorra movimento do material do leito,
28
segundo Joyce e Chantler (2001). A equação 11 e complementares retratam a
aplicação do método.
)1/( −= cmms VVdd (11)
onde:
cV = velocidade competente, m.s-1 = 2/13/250
3/1 ])1(57,26[ DdS mb − ;
bρ = densidade do sedimento do leito, kg.m-3;
wρ = densidade da água, kg.m-3;
mV = velocidade média de projeto, m.s-1.
2.3.2 Métodos para a estimativa da altura das dunas
A tensão tangencial sobre o leito móvel dos canais induz à formação de dunas
que se movem na direção da corrente por um processo de erosão a montante de
sua crista e deposição a jusante, devido ao efeito de abrigo da crista. Estas
formas móveis do leito podem ter tamanhos que variam desde pequenas
ondulações até grandes dunas, dependendo do regime de vazões (Joyce e
Chantler, 2001). Há interesse particular na altura destas ondulações para a
situação em que elas provoquem um acréscimo na erosão do leito em
conseqüência de sua migração. Diversos métodos foram desenvolvidos para o
cálculo da altura destas ondulações, entre eles Yalin (1977) e Gill (1971).
Cinqüenta por cento da média das alturas encontradas é acrescida à
profundidade de erosão para obtenção do potencial total de erosão do leito do
canal. Os métodos a seguir fornecem uma boa previsão (JOYCE e CHANTLER,
2001), em média, da altura das dunas quando comparadas às alturas observadas
(medidas in loco). São apresentados a seguir quatro métodos para a estimativa
da altura das dunas.
29
2.3.2.1 Método de Van Rijn
Este método para o cálculo da altura das dunas, sumarizado pela Equação
12, baseia-se em dados de campo e laboratório para o comportamento das
formações móveis do leito (VAN RIJN, 1984).
( ) ( )[ ]( )TTdDd mmd −−−=∆ 255,0exp1/11,0 3,050 (12)
Onde:
d∆ = altura da formação do leito (duna), medida da crista ao fundo, m;
T = tensão tangencial no leito = crbcrbcb ,,, /)'( τττ − ;
cb ,'τ = tensão tangencial sobre o grão do leito = 2
')/( CVg mwρ , N.m-2;
crb ,τ = tensão tangencial crítica no leito (baseada no parâmetro de Shields) =
)])[(50 crwb gD θρρ − , N.m-2;
crθ = limiar do movimento = )]02,0exp[(1(055,0/24,0 **bb DD −−+ , de uma
representação algébrica da curva de Shields, sugerida por Soulsby (1997,
apud JOYCE e CHANTLER, 2001); *bD = parâmetro adimensional referente ao diâmetro da partícula do leito =
3/1250 ]/)1[( νgSD b − ;
'C = parcela relativa ao coeficiente de Chézy = )3/12log(18 90Ddm , m1/2.s-1;
90D = diâmetro do material do leito no qual 90 % do material é mais fino do que o
restante, m.
30
2.3.2.2 Método de Yalin
O método de Yalin (1977) é descrito pela Equação 13 para calcular a altura
das formas móveis dos leitos.
)/1)(6/1( , projetocrbmd d ττ−=∆ (13)
onde:
0h = altura da rugosidade do leito, mm (Tabela 4);
k = constante de Von Karman = 0,41;
ν= viscosidade cinemática da água (geralmente 1,01 x 10-6), m2.s-1;
projetoτ = tensão tangencial no leito com vazão de projeto 2mDw VCρ= , N.m-2;
DC = coeficiente de arrasto = ( )( )20// hdLnk m ;
e demais variáveis definidas anteriormente.
Tabela 4. Tabela auxiliar para obtenção do coeficiente de arrasto (adaptado de YALIN,
1977). Altura da rugosidade do leito (h0)
Composição do leito h0 (mm)
Lama 200
Lama e areia 700
Silte e areia 50
Areia (não ondulada) 400
Areia (ondulada) 600
Areia e conchas 300
Areia e cascalho 300
31
2.3.2.3 Método de Allen
O método sugerido por Allen (1968, apud JOYCE e CHANTLER, 2001) é
representado pela Equação 14.
19,1086,0 md d=∆ (14)
2.3.2.4 Método de Gill
Gill (1971) estudou um método para calcular a altura das formas móveis do
leito de canais que foi mais tarde apresentado por Van Rijn (1984).
)2/()]1)(/1[( 2, αττ nFrd projetocrbmd −−=∆ (15)
onde;
Fr = número de Froude para a vazão de projeto;
n= coeficiente de energia da velocidade para transporte de sedimento, varia
entre 3 e 6 (Van Rijn, 1993 apud JOYCE e CHANTLER, 2001);
α = coeficiente relativo à forma da duna: 0,5 para duna triangular e 0,7 para duna
arredondada.
2.4 SOLEIRA DE PROTEÇÃO DO LEITO
Identificando um local onde o duto corra risco de exposição ou perda de
suporte devido à erosão, deve-se executar alguma forma de proteção. No caso de
canais com leito móvel, é algo que se adapte às mudanças da superfície do leito,
mantendo a proteção ao duto. Uma das formas é a utilização de soleira de
proteção do leito, que é o recobrimento do local com material granular (Figura 7).
32
Figura 7. Diagrama longitudinal da soleira (adaptado de JOYCE e CHANTLER, 2001).
2.4.1 Material da soleira
O material para executar uma soleira de proteção deverá ser escolhido com
diâmetro médio nominal igual ao tamanho máximo calculado, de forma a
promover a formação de uma camada graduada de proteção (JOYCE e
CHANTLER, 2001). Materiais granulares como pedra de mão ou cascalho têm se
mostrado eficientes, pois proporcionam espessura ideal para uma cobertura
apropriada. A seguir são apresentados métodos utilizados na estimativa do
diâmetro do material da soleira.
2.4.1.1 Método da Velocidade Competente
Estudos mostram que o tamanho de uma partícula removida do leito
(Figura 8) é proporcional à velocidade da água próxima do leito, que é chamada
de �velocidade competente de fundo� (MAVIS e LAUSHEY, 1948 apud
PEMBERTON e LARA, 1984), que, devido à viscosidade é de aproximadamente
0,7 vezes Vm, que é a velocidade média. A relação entre a velocidade competente
Direção do escoamento
Leito existente Soleira
Duto
Superfície estimadado leito erodido
ds+1/2∆d
33
e a velocidade média para prever qual o diâmetro do sedimento estável no leito e
que serviria de proteção contra a erosão é dado pela Equação (16).
22,20 ma VD = (16)
onde:
aD = diâmetro do material de proteção, m.
Figura 8. Esboço da camada de proteção natural, onde; Da é o diâmetro da menor partícula não transportável (adaptado de PEMBERTON e LARA, 1984).
2.4.1.2 Método de Yang ou Movimento Incipiente
Yang (1973) desenvolveu uma relação entre o tamanho da partícula do
sedimento que está na iminência de entrar em movimento devido à velocidade
crítica. A velocidade crítica é a velocidade em que cessa o transporte de
sedimentos. Logo, em condições de regime turbulento, onde o número de
Reynolds (Re*) seja maior que 70 e que o material do leito tenha diâmetro
superior a 2 mm, o método do movimento incipiente, representado pela Equação
(17), poderá ser aplicado.
20216,0 cra VD = (17)
34
onde:
aD = diâmetro do material de proteção, m.
crV = velocidade crítica = W05,2 , m.s-1;
W = velocidade em que cessa o transporte de sedimentos = 2/12,3 baD , m.s-1;
baD = diâmetro da menor partícula estável, m.
2.4.1.3 Método de Escarameia e May
A Equação (18) (ESCARAMEIA e MAY, 1992, ESCARAMEIA, 1998 apud
JOYCE e CHANTLER 2001) foi desenvolvida para estimar o diâmetro do material
do leito dos canais com 50% (1:2) de inclinação ou para uso em barreiras de
proteção de estruturas, de maneira que este material não seja removido em
condições de cheia.
)]1/([064,0 2 −= ama SVD (18)
onde:
aS = densidade relativa da partícula da camada de proteção = wa ρρ / ;
aρ = densidade da partícula da camada de proteção, kg.m-3;
wρ = densidade da água, kg.m-3.
35
2.4.2 Espessura da camada
Após a seleção do material da soleira de proteção e do filtro é necessário
estabelecer as dimensões da camada. As dimensões serão determinadas em
função do diâmetro médio do material e das condições práticas para sua
execução e a extensão ao longo da travessia será determinada a partir dos
cálculos de erosão do canal de maneira a dar cobertura ao duto no trecho
determinado (VAN RIJN, 1993 e SOULSBY, 1997 apud, JOYCE e CHANTLER,
2001).
A espessura mínima da camada de proteção recomendada (SMITH e
MURRAY 1995, apud JOYCE e CHANTLER, 2001), é de pelo menos três vezes o
diâmetro médio da partícula utilizada na soleira. No entanto é recomendável uma
espessura mais conservativa (Ta) de cinco vezes o diâmetro médio do material da
camada de proteção. A utilização de um filtro é necessária quando o material do
leito for menor do que o espaço entre as partículas da soleira. A espessura do
filtro (Tf) deve ser maior do que cinco vezes o diâmetro médio determinado para o
material de sua composição (JOYCE e CHANTLER, 2001).
Uma restrição para a espessura mínima da camada de proteção é a limitação
oferecida pela execução sob a água. Este trabalho é função da profundidade, do
diâmetro do material, do período de execução, do equipamento e da exatidão do
levantamento batimétrico. A espessura mínima recomendada para garantir boas
condições de construção e monitoramento do progresso da execução da camada
de proteção do duto é geralmente de 0,75m para o material de proteção e de
0,25m para a camada do filtro (JOYCE e CHANTLER, 2001).
2.4.3 Graduação do material
A graduação do tamanho das partículas da soleira, bem como do filtro (se
indispensável), é necessária para garantir que o material do leito não seja sugado,
o que causaria a perda da proteção do duto, (JOYCE; CHANTLER, 2001). Para a
soleira, o material deverá ter graduação média (D50) igual à do material estável.
Se o material utilizado for muito grosso será necessário projetar um filtro que
impeça a remoção do material do leito. O método de cálculo deste filtro (Bureau
36
of Reclamation, 1987 e WHITEHOUSE 1998 apud JOYCE e CHANTLER, 2001)
relaciona a capacidade do material do leito de atuar como filtro e como base da
camada de proteção. A seleção do diâmetro do material do filtro de proteção da
soleira deve obedecer simultaneamente às relações apresentadas em (19) e (20).
5/ 1515 ≥basefiltro DD (19)
5/ 8515 ≤basefiltro DD (20)
2.4.4 Ângulo crítico da inclinação longitudinal
O ângulo crítico longitudinal para o material de proteção é definido como o
ângulo no qual o material que forma a soleira é resistente à tensão tangencial de
projeto (VAN RIJN, 1984). A Equação (21) (VAN RIJN, 1993 e SOULSBY, 1997
apud JOYCE e CHANTLER, 2001) permite o cálculo do ângulo crítico da soleira
de proteção do leito (duto).
)/)(( 50max*
_1
Daslprojeto senDsen τφτφβ −−= (21)
onde:
=β ângulo crítico longitudinal, (0);
=−= ))((5050max crwaD gD θρρτ tensão tangencial máxima que o material (D50) pode
resistir em um leito plano, N.m-2;
=*aD parâmetro referente ao diâmetro da partícula= 3/12
50 )/)1(( νgsD a − ;
=slprojeto _τ tensão tangencial sob vazão de projeto, N.m-2;
=φ ângulo de repouso do material da soleira (0).
37
2.4.5 Extensão longitudinal, transversal e espessura
O duto deve ser protegido, ao longo da travessia, onde a cobertura fornecida
pelo leito seja menor do que a profundidade de erosão calculada. No entanto, se
somente em alguns trechos da travessia for feita cobertura do leito haverá a
formação de áreas suscetíveis à erosão em situações de cheia, devido ao
redirecionamento do fluxo. Na falta de modelos físicos ou numéricos, deve-se
estimar a distância a jusante e a montante da linha central da travessia do duto
que requer proteção. Joyce e Chantler (2001) propõem um método para projetar a
extensão longitudinal na direção da corrente. Este método usa a profundidade
total na travessia e o ângulo crítico do material da soleira. É similar ao lançamento
de cortina de proteção da margem de um rio.
Uma estimativa idealizada para a geometria e o lançamento de rochas a
montante e a jusante da seção de incisão (instalação do duto) é feita para calcular
a extensão longitudinal de projeto da soleira. A superfície do lançamento é
projetada para que fique íntegra mesmo após a ocorrência de erosão em suas
bordas e conseqüente reorganização com diminuição de espessura. Portanto, a
espessura da camada de proteção na região que será desestabilizada pela
erosão (Tab) é adotada como o triplo do diâmetro médio do material da camada de
proteção (PEMBERTON e LARA, 1984) e a espessura da camada do filtro (Tfb)
como dois quintos da espessura do diâmetro do material do filtro (JOYCE e
CHANTLER, 2001). O ângulo da superfície da camada de proteção será o ângulo
longitudinal crítico para o tamanho médio do material de proteção. O comprimento
(L) da extensão horizontal da soleira para o lançamento inicial do material é igual
à área da seção transversal da superfície de lançamento dividida pela espessura
de projeto da camada de proteção.
Um fator de segurança de 1,5 é aplicado para o cálculo da extensão que
contemple a desestabilização e reorganização da soleira, as incertezas das
construções embaixo da água e a reduzida capacidade filtrante do material
lançado e da superfície protegida. A erosão a montante e a jusante de obras de
proteção resulta da presença da própria proteção instalada e era normalmente
estimada a partir dos resultados de modelos físicos, experiências passadas e
avaliação dos engenheiros. Notou-se que a erosão a jusante pode aumentar
38
significativamente, enquanto que a montante se torna menor, após a construção
da soleira. Por conta deste efeito, recomenda-se que o fator de segurança seja
aumentado em 0,2 a montante e 0,6 a jusante. Com isto tem-se um fator de
segurança total de 1,7 a montante (Fsu) e 2,1 a jusante (Fsd). Na Figura 9 é
apresentado um diagrama longitudinal do projeto da soleira de proteção do duto
(JOYCE e CHANTLER, 2001).
Figura 9. Diagrama longitudinal da soleira (onde: LFSu=L(FSu-1); LFSd=L(FSd-1) e Tb=Tab+Tfb) (adaptado de JOYCE e CHANTLER, 2001).
2.5 MODELO COMPUTACIONAL HEC-6
O Hydrologic Engineering Center, HEC (Centro de Engenharia Hidrológica)
desenvolveu o modelo computacional HEC-6 para o U.S. Army Corps of
Engineers, USACE (Divisão de Engenharia do Exército dos Estados Unidos), em
1986. O programa (arquivos executáveis e fonte), bem como sua documentação
estão disponíveis gratuitamente1 para o público (USACE, 1986).
O HEC-6 é um modelo de escoamento unidimensional em canal aberto, capaz
de simular alterações na seção transversal do rio, que leva em conta na
1 http://www.hec.usace.army.mil/software/legacysoftware/hec6/hec6-download.htm
39
simulação, além da geometria do canal, as características hidráulicas e o
transporte de sedimentos.
Um perfil da superfície livre é calculado, fornecendo a linha de energia,
velocidade e profundidade em cada seção transversal. Estas previsões são
usadas para estimar o potencial de transporte de sedimentos em cada seção,
sendo considerados, ainda, a vazão sólida e o aporte de sedimentos a montante
para determinar a erosão e a deposição. Alterações na elevação do leito, que
influenciam a geometria do canal e o subseqüente potencial de transporte de
sedimentos, também são calculadas para cada seção. O HEC-6 pode também ser
usado para simular deposição de sedimento em canais e reservatórios, podendo
incluir uma análise dos impactos de dragagem.
O modelo tem ainda capacidade para analisar redes de rios, represas, dragagem
automática de canais com várias opções para o cálculo das taxas de transporte
de sedimentos.
2.5.1 Base conceitual e científica
O HEC-6 (HEC, 1991) simula o transporte de sedimentos de leito e em
suspensão baseado na equação de Einstein, que assume um fluxo aluvial de
sedimentos que consiste no movimento de materiais do leito e em suspensão.
Com base nas características físicas do sedimento, como, por exemplo,
distribuição do tamanho dos grãos, e do escoamento, calcula a taxa de transporte
de sedimentos.
A equação unidimensional de energia é usada para calcular o perfil da
superfície livre para caracterização do escoamento (HEC, 1991).
O HEC-6 estima taxas de transporte para sedimentos com diâmetro de até
2048 mm. Métodos diferentes para o cálculo do transporte dos sedimentos, como
Yang, DuBoy�s, Ackers-White, Meyer-Peter e Muller, Toffaleti (GRAF, 1971) e
outros, podem ser utilizados pelo HEC-6 e escolhidos pelo usuário (HEC, 1991).
O potencial de transporte de sedimento baseia-se apenas em características
hidráulicas e do sedimento. As condições de contorno para o aporte de
sedimentos no rio principal, nos afluentes ou pontos de entrada/saída podem ser
especificadas para variar com o tempo.
40
O programa também permite utilizar intervalos de tempo variáveis. Por
exemplo, pequenos intervalos durante um evento de cheia, quando grandes
quantidades de sedimentos são transportadas e as vazões mudam rapidamente,
e intervalos maiores em períodos de vazão baixa.
2.5.2 Pontos fortes do modelo
Simula a quantidade de sedimento passando através de cada seção
transversal e o volume de sedimento depositado ou erodido em cada seção;
Pode ser usado para simular a alteração do tipo de sedimentos juntamente
com as condições hidráulicas;
Também utilizado na simulação do perfil do canal ou dragagem de
reservatório.
2.5.3 Limitações do modelo
Não inclui capacidade para simular o desenvolvimento de meandros ou
distribuição lateral de aporte de sedimento através de uma seção transversal;
Não simula as formações do leito (dunas), mas através do coeficiente de
Manning (n) determinado pelo usuário, poderá indiretamente considerar seus
efeitos;
Não simula variações de densidade e correntes secundárias;
Apenas um cruzamento ou ponto local de entrada de fluxo é permitido entre
duas seções consecutivas;
Na análise de eventos únicos, os resultados devem ser tomados apenas como
qualitativos, úteis na comparação com outros métodos.
41
3. METODOLOGIA
A fim de alcançar os objetivos do presente trabalho, optou-se pelo estudo de
vários casos de travessia de canais por dutos. A oportunidade apresentou-se e
motivou o presente trabalho, quando o autor e seus orientadores prestaram
serviços à empresa Aeroimagem, contratada pelo Petrobras, para auxiliar no
projeto de um novo duto que transportará gás do Rio de Janeiro até Belo
Horizonte. Esse duto transporá diversos rios, como por exemplo, os rios
Paraopeba e Carandaí. Os levantamentos aéreos, de cadastro e topográficos
foram feitos pela própria Aeroimagem, enquanto o autor do presente trabalho foi
responsável pelo levantamento dos dados batimétricos, hidrométricos e
amostragem de sedimentos. A análise dos dados foi realizada pela empresa,
também curitibana, O2, contratada pela Aeroimagem, que em parceria com a
Universidade Positivo (UP), apresentou relatórios (DZIEDZIC e VEIGA, 2007) com
recomendação do posicionamento do duto sob o leito, com base nos métodos
recomendados por Urlich et al. (2005). A proposta, aqui, foi avaliar mais métodos
de análise, além daqueles utilizados no referido relatório.
Dessa forma a metodologia de análise adotada para o presente trabalho é
apresentada a seguir utilizando-se como exemplo a travessia do rio Carandaí. Os
resultados para todas as travessias analisadas são apresentados no próximo
capítulo.
A descrição da bacia do Rio Carandaí pelo autor do presente trabalho, a partir
de observações in loco, é de uma região com predominância de atividade
agropecuária leiteira, com pequenas áreas de reflorestamento, atividade agrícola
familiar, com pouca proteção do solo contra erosão e com mata ciliar
inexpressiva. Além disso, existem diversas áreas de com os serviços de aragem
feitos na direção da inclinação do terreno, fatores que contribuem para um grande
afluxo de sedimentos ao rio.
O Rio Carandaí foi descrito por Dziedzic e Veiga (2007), como pertencendo a
uma região com clima Mesotérmico, com verões quentes e úmidos e invernos
secos, sendo que as médias de temperatura oscilam entre 24º C, no verão, e 13º
C, no inverno. A média das precipitações anuais registradas na região é de 1.330
mm. A Figura 10 apresenta o modelo digital do terreno gerado a partir do
42
levantamento topográfico utilizado na determinação da seção transversal da
travessia. O nível do escoamento foi determinado com o auxílio do programa
HEC-RAS (DZIEDZIC e VEIGA, 2007) sendo adotado aquele em que ocorra
situação de erosão máxima a partir das cheias calculadas para os tempos de
recorrência (TR) 2, 10, 20 e 100 anos, com vazões, para o Rio Carandaí, de
10,70; 18,60; 22,10 e 30,00 m3.s-1 respectivamente. A Figura 11 representa o nível
de cheia para Tr = 2 anos.
Figura 10. Modelo digital do terreno na região da travessia do Rio Carandaí, canal e local
da travessia (dimensões em m) (DZIEDZIC e VEIGA, 2007).
N
Seção da Travessia Canal
43
Seção transversal do Rio Carandaí
0,00,5
1,01,52,02,53,03,54,0
4,5
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0x (m)
Cot
as (m
)
Figura 11. Seção transversal na travessia do Rio Carandaí (DZIEDZIC e VEIGA, 2007),
com indicação do nível em condição de cheia de projeto para TR = 2 anos, com vazão de 10,7 m3.s-1.
44
3.1 CARACTERIZAÇÃO HIDROSSEDIMENTOMÉTRICA
A determinação das características hidrossedimentométricas de cada trecho
do rio avaliado, foi realizada através da coleta de dados de campo e hidrológicos,
descritos nos itens 3.1.1 ao 3.1.6.
3.1.1 Topobatimetria
O levantamento topográfico foi realizado por equipe especializada, com
espaçamento médio entre os pontos sempre inferior a 5 metros e restringindo-se
ás margens dos canais. O levantamento batimétrico foi realizado pelo autor, com
o relevo sub-fluvial sendo utilizado para o cálculo da vazão e a densidade de
pontos foi aumentada, de forma que distância entre dois pontos consecutivos
fosse de, no máximo 1,0 m.
3.1.2 Hidrometria
Para a determinação da vazão, foram realizadas medições de velocidade da
água, com molinete, em diversos pontos da travessia, para integração numérica
do perfil de velocidades. A Tabela 5 mostra as distâncias horizontais entre as
posições para leitura e na Tabela 6 são mostradas as profundidades de medição
de velocidade recomendadas na literatura (SANTOS et al, 2001).
45
Tabela 5. Distância entre verticais para medição da velocidade (SANTOS et al, 2001).
Largura do canal Distância entre Verticais para medição de velocidade (b)
Até 3 m 30 cm
De 3 a 6m 50 cm
De 6 a 15m 1 m
De 15 a 30m 2m
Nas profundidades superiores a 0,6 m, foram efetuadas duas medições por
posição vertical: uma a 20 % da profundidade local e outra a 80 %, a média
dessas duas medições foi tomada como a velocidade média na vertical em
consideração. A Figura 12 ilustra essa regra, justificada pela distribuição
parabólica de velocidades em escoamentos com superfície livre.
Tabela 6. Cota de leitura na vertical (SANTOS et al, 2001).
Profundidade (y) do rio nos pontos de leitura da velocidade
Cota de leitura (posicionamento do molinete)
Até 60 cm Uma leitura a 60% de y
Mais de 60 cm Duas leituras, a 20% e 80% de y
46
Figura 12. Distribuição vertical de velocidades em escoamentos com superfície livre (adaptado de VENARD e STREET, 1975).
Os equipamentos utilizados para a medição da velocidade (Figura 13) foram:
lastro, objeto de chumbo com formato hidrodinâmico utilizado para manter o
molinete na posição de leitura em locais de forte correnteza, situação encontrada
em algumas travessias; guincho graduado, utilizado para dar sustentação ao
lastro e ao molinete e também para medir a profundidade no local de leitura,
utilizado nas travessias de maior profundidade; e molinete, que tem como
componente principal, para fins de medição de velocidade, a hélice, cuja
velocidade de rotação é função da velocidade do escoamento.
a
47
Figura 13. Fotografia da medição de velocidade do escoamento no Córrego Grande.
3.1.3 Cálculo da vazão
A Figura 14 ilustra a divisão da seção transversal em segmentos para
medição de velocidade e posterior integração para obtenção da vazão. A vazão
no segmento i, entre as verticais, ι e (ι+1), por exemplo, é calculada pela Equação
22, enquanto a vazão total é calculada por integração numérica pela Equação 23
que é a somatória de todas as vazões parciais.
+=
+
+=+ +
+++
+ 222)1( )1(
)1()1()1(
)1(ii
iiiiii
ii
VVA
VVyybiQi (22)
∑−
=+=
1
0)1(
n
iiiQQ (23)
48
Onde:
yι = profundidade na vertical ι , m;
bι(ι+1) = distância entre as verticais i e (ι+1), m;
Aι(ι+1) = área no segmento entre as profundidades i e (ι+1), m2;
Vι = velocidade média na vertical ι , m.s-1;
Qι(ι+1 ) = vazão no segmento entre as profundidades i e (ι+1), m3.s-1.
Figura 14. Divisão da seção transversal de um rio para medições de velocidade (adaptado de VENARD e STREET, 1975).
3.1.4 Pluviometria
A variabilidade temporal das precipitações médias da região foi obtida pelos
registros de precipitações diárias do Posto de Carandaí (02043018), disponível na
base de dados da Agência Nacional de Águas � ANA (ANA, 2007). A Figura 15
mostra esse comportamento.
49
0
50
100
150
200
250
300
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Prec
ipita
ções
méd
ias
men
sais
(mm
)
Figura 15. Precipitações médias mensais (mm) na Estação Fluviométrica (02043018) do
posto de Carandaí (DZIEDZIC e VEIGA, 2007).
3.1.5 Vazão de projeto
Para a avaliação das vazões de cheias associadas aos períodos de
retorno estabelecidos, utilizou-se a análise estatística com base em série histórica
de máximos anuais. A freqüência de cheias consiste no estabelecimento de uma
relação funcional entre a magnitude de um evento e sua probabilidade de
ocorrência, a partir da uma amostra de dados. A probabilidade de ocorrência de
uma cheia é, em geral, medida pelo tempo de recorrência (T), entendido como o
valor esperado do número de anos para que ocorra uma cheia igual ou superior à
considerada. Na análise conduzida por Dziedzic e Veiga (2007), foram levados
em conta tempos de recorrência de 2, 10, 20 e 100 anos.
Ressalva importante: em projetos a jusante de grandes estruturas como
barragens que, em caso de acidente, podem provocar eventos catastróficos com
morte, o estudo da erosão deve ser determinado para uma vazão igual a 50% da
vazão resultante da ruína da estrutura (JOYCE e CHANTLER, 2001).
50
3.1.6 Sedimentometria
Foram coletadas amostras de sedimento do leito ativo dos canais em estudo
com a utilização de draga manual. As amostras foram submetidas, no laboratório
da Universidade Positivo, à análise granulométrica, passando inicialmente por
processo de secagem, peneiramento e então sedimentação ou método do
densimetro (CARVALHO, 1995).
Da análise dos sedimentos gerou-se uma curva de distribuição do material de
fundo, mostrada na Figura 16, caracterizando o perfil granulométrico do trecho em
estudo.
Curva granulométrica dos sedimentos do leito do Rio Carandaí no local da travessia
0102030405060708090
100
0,1 1,0 10,0 100,0Peneira (mm)
% p
assa
nte
Figura 16. Distribuição granulométrica do leito do Rio Carandaí no local da travessia
(DZIEDZIC e VEIGA, 2007).
3.2 PLANILHAS DE CÁLCULO
A partir da revisão da literatura sobre métodos empíricos desenvolvidos para a
estimativa da erosão do leito de canais, das equações utilizadas por cada método
e dos dados necessários para que as equações pudessem ser utilizadas, foram
51
desenvolvidas planilhas computacionais apresentadas na forma das Tabelas 7 a
14, aplicáveis ao presente estudo de caso, para as equações do tipo A
estabelecidas na Tabela 2.
Também foram desenvolvidas planilhas para a determinação do diâmetro do
material da soleira de proteção do leito e o ângulo de inclinação longitudinal,
Tabela 22, tendo em vista, principalmente as travessias dos Rios Xavier,
Ressaquinha e Córrego Grande, onde já existem pequenas represas para
contenção do recobrimento de outros dutos que cruzam estes canais.
As Tabelas apresentam os métodos e os parâmetros necessários à sua
aplicação e em cada uma delas os campos em negrito devem ser preenchidos
com valores de projeto da travessia a ser analisada, separando portanto a entrada
de dados.
Tabela 7. Planilha de cálculo da estimativa de erosão do leito pelo método de Abbott ou
do Canal Efêmero (Equação (1)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos.
Área da seção para vazão de projeto, m2 A = 14,35 Largura superficial da seção em condição de cheia de projeto, m B = 8,62
Velocidade média de projeto, m.s-1 Vm = Q/A 0,75
Vazão de projeto, m3.s-1 Q = 10,7 Vazão de projeto em condição de cheia por unidade de largura da planície de inundação, m2.s-1 qf = Q/B 1,24
Profundidade média de projeto (condição de cheia), m dm = A/B 1,66
Resultado da estimativa da profundidade de erosão abaixo do leito do canal (ds), m ds = 1,32(Vmdm)0,24 1,39
52
Tabela 8. Planilha de cálculo da estimativa de erosão do leito pelo método de Neill (Equação (2)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos.
Largura superficial da seção em condição de cheia de projeto, m B = 8,62
Vazão de projeto, m3.s-1 Q = 10,7
Vazão plena na planície de inundação, m3.s-1 Qi = 30,00
Largura superficial do escoamento em condição de cheia, m L = 5,35
Expoente que varia de 0,67 para areia até 0,85 para cascalho grosso m = 0,67
Fator de geometria/forma, ver valores na Tabela 3 Zn = 0,7
Profundidade média no trecho da incisão (instalação do duto) com calha principal a vazão plena di = 0,75
Vazão de projeto em condição de cheia por unidade de largura da planície de inundação, m2.s-1 qf = Q/B 1,24
Vazão da calha principal (bankfull) por unidade de largura no local da travessia, m2.s-1 qi = Q/L 1,49
Profundidade média de projeto (condição de cheia), dm, m dm = di(qf/qi)m 1,32
Resultado da estimativa da profundidade de erosão abaixo do leito do canal (ds), m ds = Zndm 0,93
Tabela 9. Planilha de cálculo da estimativa de erosão do leito pelo método de Lacey
(Equação (3)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos.
Vazão de projeto, m3.s-1 Q = 10,7
Fator de geometria/forma, ver valores na Tabela 3 Zr = 0,5
Diâmetro médio do sedimento do leito, mm D50 = 0,385
Fator de silte de Lacey, s-1 f =1,76(D50(mm))1/2 1,092
Profundidade média de projeto (condição de cheia), m dm = 0,47(Q/f)1/3 1,01
Resultado da estimativa da profundidade de erosão abaixo do leito do canal (ds), m ds = Zrdm 0,50
53
Tabela 10. Planilha de cálculo da estimativa de erosão do leito pelo método de Blench (Equação (4)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos.
Largura superficial da seção em condição de cheia de projeto, m B = 8,62
Vazão de projeto, m3.s-1 Q = 10,7 Diâmetro médio do sedimento do leito, mm (usado para determinar fb0)
D50 = 0,385
Fator de Blench (fator de leito zero), m.s-2, obtido da Figura 4 f b0 = 0,4
Fator de geometria/forma, ver valores na Tabela 3 Zb = 0,6
Vazão de projeto em condição de cheia por unidade de largura da planície de inundação, m2.s-1 qf = Q/B 1,66
Profundidade do escoamento no qual o transporte no leito é zero, m df0 = qf
2/3/fb01/3 1,57
Resultado da estimativa da profundidade de erosão abaixo do leito do canal (ds), m ds = Zbdf0 0,94
Tabela 11. Planilha de cálculo da estimativa de erosão do leito pelo método da
Profundidade Média (Equação (8)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos.
Área da seção para vazão de projeto, m2 A = 14,35 Largura superficial da seção em condição de cheia de projeto, m B = 8,62
Profundidade média de projeto (condição de cheia), m dm = A/B 1,66 Resultado da estimativa da profundidade de erosão abaixo do leito do canal (ds), m ds = 0,5 dm 0,83
Tabela 12. Planilha de cálculo da estimativa de erosão do leito pelo método de Yaremko
e Cooper (Equação (9)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos.
Área da seção para vazão de projeto, m2 A = 14,35
Largura superficial da seção em condição de cheia de projeto, m B = 8,62
Fator de geometria/forma, ver valores na Tabela 3 Zy = 0,5
Profundidade média de projeto (condição de cheia), m dm = A/B 1,66
Resultado da estimativa da profundidade de erosão abaixo do leito do canal (ds), m ds = Zydm 0,83
54
Tabela 13. Planilha de cálculo da estimativa de erosão do leito pelo método de Borah (Equação (10)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos.
Área da seção para vazão de projeto, m2 A = 14,35 Largura superficial da seção em condição de cheia de projeto, m B = 8,62
Densidade do sedimento do leito, kg.m-3 ρb = 2650
Densidade da água, kg.m-3 ρw = 1000
Diâmetro médio do sedimento do leito, mm D50 = 0,385
Declividade da linha de energia Sf = 3,51 x 10-4 Fração do material do leito que é maior que Dba, % Pba = 100
Aceleração da gravidade, 9,81 m.s-2 g = 9,81 Viscosidade cinemática da água (geralmente 1,01 x 10-6), m2.s-1 ν = 1,01 x 10-6
Diâmetro do material natural que protege o leito, mm, obtido da comparação a baixo. Dba = 0,00602
Comparar o valor obtido neste campo para adoção do valor de Dba (nas três linhas seguintes)
U*D50/n 28860,23
68[(dmSf/(Sb-1)]1,67(U*/n)0,67, para U*D50/n<=10 Dba = 0,2167
27[(dmSf/(Sb-1)]0,86(n/U*)0,14, para 10<U*D50/n<=500 Dba = 0,0060
17dmSf/(Sb-1), para U*D50/n > 500 Dba = 0,00602
Profundidade média de projeto (condição de cheia), m dm = A/B 1,66
Densidade relativa do material do leito Sb =ρb/ρw 2,65
Índice de vazios = 0,245 + 0,0864/(0,1D50)0,21 e = 0,42
Velocidade tangencial (de corte), m.s-1 U* =(gdmSf)1/2 0,08
Espessura da camada ativa = mm T = Dba/((1-e)Pba) 0,0001031 Resultado da estimativa da profundidade de erosão abaixo do leito do canal (ds), m ds = T - Dba 0,00
55
Tabela 14. Planilha de cálculo da estimativa de erosão do leito pelo método da Velocidade Competente (Equação (11)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos.
Área da seção para vazão de projeto, m2 A = 14,35
Largura superficial da seção em condição de cheia de projeto, m B = 8,62
Densidade do sedimento do leito, kg.m-3 ρb = 2650
Densidade da água, kg.m-3 ρw = 1000
Velocidade média de projeto, m.s-1 Vm = Q/A 0,75 Diâmetro médio do sedimento do leito, mm D50 = 0,385
Velocidade limite (Competente), m.s-1 Vc =[26,57(Sb -1)dm1/3D50
2/3]1/2 0,52
Densidade relativa do material do leito Sb =ρb/ρw 2,65 Profundidade média de projeto (condição de cheia), m dm = A/B 1,66
Resultado da estimativa da profundidade de erosão abaixo do leito do canal (ds), m
ds = dm(Vm/Vc-1) 0,72
As Tabelas 15 a 18 apresentam os métodos de estimativa da altura das
formas móveis do leito de canais (dunas), as Tabelas 19 a 21 apresentam os
métodos para a estimativa do diâmetro do material da soleira de proteção e a
Tabela 22 o ângulo de estabilização da soleira. Os parâmetros necessários à
aplicação de cada método estão identificados e os campos em negrito devem ser
preenchidos com valores de projeto da travessia a ser analisada.
56
Tabela 15. Planilha de cálculo da estimativa da altura das formas móveis do leito pelo método de Van Rijn (Equação (12)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos.
Área da seção para vazão de projeto, m2 A = 14,35
Largura superficial da seção em condição de cheia de projeto, m B = 8,62
Densidade do sedimento do leito, kg.m-3 ρb = 2650
Densidade da água, kg.m-3 ρw = 1000
Velocidade média de projeto, m.s-1 Vm = Q/A 0,75
Diâmetro médio do sedimento do leito, mm D50 = 0,385
Diâmetro do material do leito onde 90% são mais finos que o restante, m D90 = 0,019
Aceleração da gravidade, 9,81 m.s-2 g = 9,81
Viscosidade cinemática da água (geralmente 1,01 x 10-6), m2 .s-1 ν = 10,1x10-6
Profundidade média de projeto (condição de cheia), m dm = A/B 1,66
Densidade relativa do material do leito Sb =ρb/ρw 2,65
Tensão tangencial no leito Τ =(τ'b,c-τb,cr)/tb,cr 1,58
Tensão tangencial no leito relativa ao grão, N.m-2 τ'b,c =ρwg(Vm/C')2 0,55
Tensão tangencial crítica relativa (baseada em Shields), N.m-2 τb,cr = D50((ρb-ρw)gθcr) 0,21
Limiar do movimento, forma algébrica da curva de Shields por Soulsby (1997)
θcr =0,24/Db*+0,055(1-exp(-0,02Db*))
0,034
Parâmetro relativo ao diâmetro da partícula do leito Db* = D50((Sb-1)g/n2)1/3 9,67
Grão relativo ao coeficiente de Chézy, m1/2.s-1 C'=18log(12dm/3D90) 99,8
Resultado da estimativa da altura da duna, m ∆d = 0,11dm(D50/dm)0,3(1-exp(-0,5Τ))(25-Τ) 0,20
57
Tabela 16. Planilha de cálculo da estimativa da altura das formas móveis do leito pelo método de Yalin (Equação (13)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos.
Área da seção para vazão de projeto, m2 A = 14,35 Largura superficial da seção em condição de cheia de projeto, m B = 8,62
Densidade do sedimento do leito, kg.m-3 ρb = 2650
Densidade da água, kg.m-3 ρw = 1000
Velocidade média de projeto, m.s-1 Vm = Q/A 0,75 Diâmetro médio do sedimento do leito, mm D50 = 0,385
Altura da rugosidade do leito - Tabela 4 h0 = 400
Constante de Von Karman k = 0,41
Aceleração da gravidade, 9,81 m.s-2 g = 9,81 Viscosidade cinemática da água (geralmente 1,01 x 10-6), m2.s-1 ν = 1,01 x 10-6
Profundidade média de projeto (condição de cheia), m dm = A/B 1,66
Densidade relativa do material do leito Sb =ρb/ρw 2,65
Tensão tangencial no leito com vazão de projeto, N.m-2 τprojeto =ρwCDVm
2 3,15
Coeficiente de arrasto CD =(k/Ln(dm/h0))2 0,006
Tensão tangencial crítica relativa (baseada em Shields), N.m-2 τb,cr = D50((ρb-ρw)gθcr) 0,21
Limiar do movimento , forma algébrica da curva de Shields por Soulsby (1997)
θcr=0,24/Db*+0,055(1-exp(-0,02Db*))
0,034
Parâmetro relativo ao diâmetro da partícula do leito
Db* = D50((Sb-1)g/n2)1/3 9,67
Resultado da estimativa da altura da duna, m ∆d = dm(1/6) (1-τb,cr/τprojeto)
0,26
58
Tabela 17. Planilha de cálculo da altura das formas móveis do leito pelo método de Gill (Equação (15)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos.
Área da seção para vazão de projeto, m2 A = 14,35 Largura superficial da seção em condição de cheia de projeto, m B = 8,62
Densidade do sedimento do leito, kg.m-3 ρb = 2650
Densidade da água, kg.m-3 ρw = 1000
Velocidade média de projeto, m.s-1 Vm = Q/A 0,75 Coeficiente de forma da duna varia de 0,5 a 0,7 α = 0,5
Diâmetro médio do sedimento do leito, mm D50 = 0,385
Declividade da linha de energia Sf = 3,51 x 10-4
Altura da rugosidade do leito - Tabela 4 h0 = 400 Diâmetro do material do leito onde 90% são mais finos que o restante, m D90 = 0,019
Aceleração da gravidade, 9,81 m.s-2 g = 9,81 Viscosidade cinemática da água (geralmente 1,01 x 10-6), m2.s-1 ν = 1,01 x 10-6
Constante de Von Karman = 0,41 k = 0,41 Profundidade média de projeto (condição de cheia), m dm = A/B 1,66
Densidade relativa do material do leito Sb =ρb/ρw 2,65
Tensão tangencial no leito com vazão de projeto, N.m-2 , τprojeto =ρwCDVm
2 3,15
Coeficiente de arrasto CD=(k/Ln(dm/h0))2 0,006
Tensão tangencial no leito relativa ao grão , N.m-2 τ'b,c =ρwg(Vm/C')2 2,63
Tensão tangencial crítica relativa (baseada em Shields), N.m-2 τb,cr = D50((ρb-ρw)gθcr) 0,21
Limiar do movimento, forma algébrica da curva de Shields por Soulsby (1997)
θcr=0,24/Db*+0,055(1-exp(-0,02Db*))
0,034
Parâmetro relativo ao diâmetro da partícula do leito
Db* = D50((Sb-1)g/n2)1/3 9,67
Grão relativo ao coeficiente de Chézy, m1/2.s-1 C' =18log(12dm/3D90) 45,804
Resultado da estimativa da altura da duna, m ∆d = dm(1-τb,cr/τprojeto)(1-Fr2)/(2nα) 0,52
59
Tabela 18. Planilha de cálculo da estimativa da altura das formas móveis do leito pelo método de Allen (Equação (14)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos.
Área da seção para vazão de projeto, m2 A = 14,35
Largura superficial da seção em condição de cheia de projeto, m B = 8,62
Profundidade média de projeto (condição de cheia), m dm = A/B 1,66
Resultado da estimativa da altura da duna, m ∆d = 0,086dm1,19 0,16
Tabela 19. Planilha de cálculo da estimativa do diâmetro do material da camada de
proteção do leito pelo método da Velocidade Competente (Equação (16)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos.
Vazão de projeto, m3.s-1 Q = 10,7
Área da seção para vazão de projeto, m2 A = 14,35
Velocidade média de projeto, m.s-1 Vm = Q/A 0,75 Resultado para a estimativa do diâmetro do material de proteção do leito , mm Da = 20,2Vm
2 11,36
60
Tabela 20. Planilha de cálculo da estimativa do diâmetro do material da camada de proteção do leito pelo método de Yang (Equação (17)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos.
Área da seção para vazão de projeto, m2 A = 14,35 Largura superficial da seção em condição de cheia de projeto, m B = 8,62
Densidade do sedimento do leito, kg.m-3 ρb = 2650
Densidade da água, kg.m-3 ρw = 1000
Diâmetro médio do sedimento do leito, mm D50 = 0,385
Declividade da linha de energia Sf = 3,51 x 10-4
Velocidade média de projeto, m.s-1 Vm = Q/A 0,75
Aceleração da gravidade m.s-2 g = 9,81 Viscosidade cinemática da água (geralmente1,01 x 10-6), m2.s-1 ν = 1,01 x 10-6
Diâmetro do material natural que protege o leito, mm, obtido da comparação a baixo. Dba = 0,00602
COMPARAR O VALOR OBTIDO PARA ADOÇÃO DO VALOR de Dba (a baixo) U*D50/n 28860,23
68[(dmSf/(Sb-1)]1,67(U*/n)0,67, para U*D50/n<=10 Dba = 0,2167
27[(dmSf/(Sb-1)]0,86(n/U*)0,14, para 10<U*D50/n<=500 Dba = 0,0060
17dmSf/(Sb-1), para U*D50/n > 500 Dba = 0,00602 Profundidade média de projeto (condição de cheia), m dm = A/B 1,66
Densidade relativa do material do leito = ρb/ρw Sb = 2,65
Velocidade tangencial (de corte), m.s-1 U* =(gdmSf)1/2 0,08 Velocidade crítica média para início do movimento, m.s-1 Vcr =2,05 W 0,53
Velocidade em que acaba a deposição de material, m.s-1 W =3,32Dba
1/2 2,06
Resultado para a estimativa do diâmetro do material de proteção do leito , m Da = 0,0216Vcr
2 6,02
61
Tabela 21. Planilha de cálculo da estimativa do diâmetro do material da camada de proteção do leito pelo método de Escaraméia e May (Equação (18)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos.
Densidade da água, kg.m-3 ρw = 1000
Velocidade média de projeto, m.s-1 Vm = Q/A 0,75 Densidade da partícula da camada de proteção, Kg.m-3 ρa = 2650
Densidade relativa da partícula da camada de proteção Sa =ρa/ρw 2,65
Resultado para a estimativa do diâmetro do material de proteção do leito , m Da = 0,064(Vm
2/(Sa-1)) 0,022
62
Tabela 22. Planilha de cálculo da estimativa do ângulo longitudinal da camada de proteção do leito (Equação (21)) para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos.
Área da seção para vazão de projeto, m2 A = 14,35
Largura superficial da seção em condição de cheia de projeto, m B = 8,62
Densidade do sedimento do leito, kg.m-3 ρb = 2650
Densidade da água, kg.m-3 ρw = 1000 Velocidade média de projeto, m.s-1 Vm = Q/A 0,75 Diâmetro médio do sedimento do leito, mm D50 = 0,385
Altura da rugosidade do leito - Tabela 4 h0 = 400 Densidade da partícula da camada de proteção, kg.m-3 ρa = 2650
Ângulo do material da camada de proteção (soleira de pedras) Φ = 30
Aceleração da gravidade, 9,81 m.s-2 g = 9,81 Viscosidade cinemática da água (geralmente 1,01 x 10-6), m2.s-1 ν = 1,01x10-6
Profundidade média de projeto (condição de cheia), m dm = A/B 1,66
Densidade relativa do material do leito Sb =ρb/ρw 2,65 Tensão tangencial no leito com vazão de projeto, N.m-2 , τprojeto =ρwCDVm
2 3,15
Coeficiente de arrasto = (k/Ln(dm/h0))2 CD = 0,006 Limiar do movimento , forma algébrica da curva de Shields por Soulsby (1997)
θcr =0,24/Db*+0,055(1-exp(-0,02Db*))
0,034
Parâmetro relativo ao diâmetro da partícula do leito Db* = D50((Sb-1)g/n2)1/3 9,67
Densidade relativa da partícula da camada de proteção Sa =ρa/ρw 2,65
Máxima tensão tangencial a que o material (D50) pode resistir em leito plano, (N.m-2)
τmax D50= D50((ρa-ρw)gθcr) 0,21
Parâmetro relativo ao diâmetro da partícula da soleira Da* = D50((Sa-1)g/n2)1/3 9,67
Tensão tangencial sob vazão de projeto (tensão à qual o material inclinado está submetido)
τprojeto_sl = 3,15
Estimativa para o ângulo longitudinal da soleira (o)
β = Φ-sen-1τdesign_slDa* sen(Φ)/τmax D50)
31
63
3.3 UTILIZAÇÃO DO PROGRAMA HEC-6
O programa HEC-6 foi utilizado para prever a profundidade de erosão de cada
travessia. As estimativas obtidas foram utilizadas na comparação com as obtidas
pelos métodos empíricos a fim de estabelecer um parâmetro adicional de
confiabilidade.
Quanto ao método de cálculo utilizado nas travessias estudadas no presente
trabalho, foi escolhido o método de Yang (1973) por motivo de padronização de
estimativas entre as travessias.
3.3.1 Entrada de dados
A Tabela 23 contém os dados de entrada de projeto, sendo as linhas
identificadas por T1, T2 e T3 campos para identificação das seções (travessias); a
linha NC contém os coeficientes de Manning para margem esquerda, canal
principal e margem direita, respectivamente; GR indica a caracterização
topográfica da seção, cotas e distâncias; X1 identifica o início das coordenadas de
cada seção, a quantidade de coordenadas e onde inicia e termina o canal
principal; na linha H identifica-se a profundidade da porção passível de erosão de
cada seção; EJ indica o fim dos dados geométricos; T4, T5, T6, T7 e T8 são
campos para informações livres do usuário; I1 identifica o número de
recomposições do material do leito; I4 identifica as propriedades dos sedimentos
e o método de cálculo utilizado; LQ é a vazão que transporta a carga de
sedimentos em suspensão obtida dos dados de campo; LT é a massa de
sedimentos em suspensão; Lf identifica a fração de cada faixa granulométrica dos
sedimentos em suspensão; PF e PFC são os percentuais dos sedimentos do leito
que passam em cada diâmetro analisado; $HYD representa o início dos dados
hidrológicos; *A representa a escolha feita para a apresentação dos resultados; Q
é a vazão de projeto; R indica ao programa o nível da superfície livre do
escoamento correspondente à vazão Q de projeto e W é o tempo escolhido para
a duração da vazão de cheia.
64
Tabela 23. Tabela com os dados de entrada para o programa HEC-6 para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos.
T1 RIO CARANDAI T2 TRAVESSIA UNICA T3 COTAS CONFORME LEVANTAMENTO TOPOGRAFICO NC .031 .031 .031 X1 1 18 153.13 159.07 GR 8.70 0. 13.60 37.56 13.25 46.75 10.55 113.15 10.39 123.43 GR 9.60 135.54 7.59 141.02 6.95 141.48 1.87 147.64 0.13 153.13 GR 0.44 156.32 0.34 159.07 2.56 164.32 0.82 169.34 12.19 197.67 GR 3.18 225.76 12.51 250.28 12.55 282.97 H 1 0 X1 2 0 153.13 159.07 360 360 360 0 0.1273 H 2 0 EJ T4 CARANDAI T5 SECAO 2 COM ACRESCIMO T6 COM H 0 T7 TEST. COORDENADAS T8 ACRESCIMO DE 0,1273m I1 5 I4 4 1 5 LQ 139 LT Qs 39.32 LF CLAY .11 LF SILT1 .25 LF SILT2 .18 LF SILT3 .13 LF SILT4 .10 PF SEDIM 1 1 19 12.5 82.63 9.5 80.34 6.3 80.34 PFC 4.75 78.52 2.36 76.39 2 75.88 1.18 73.4 .85 70.65 PFC .6 65.57 .42 56.26 .18 22.75 .15 19.18 .075 13.51 PF SEDIM 2 1 19 12.5 82.63 9.5 80.34 6.3 80.34 PFC 4.75 78.52 2.36 76.39 2 75.88 1.18 73.4 .85 70.65 PFC .6 65.57 .42 56.26 .18 22.75 .15 19.18 .075 13.51 $HYD * A DADOS DE SAIDA Q 378 R 0.001 W .5 $$END
65
3.3.2 Estimativas através do HEC-6
A Tabela 24 contém os resultados com as estimativas do modelo HEC-6 com
campos identificados pelas letras (A) a (G). O campo (A) marca o início dos
cálculos e a identificação da travessia; o campo (B) mostra a distribuição
percentual do escoamento com valores da margem esquerda, canal principal e
margem direita, respectivamente, para cada seção; em (C) é repetido o dado de
entrada com o tempo de duração do escoamento; em (D) o programa apresenta
as condições de contorno à montante do segmento que fica entre as seções 1 e
2, contendo dados de projeto como vazão e temperatura; o campo (E) contem a
carga de sedimentos entrando no segmento, separada por classe granulométrica
e o total em toneladas por dia, enquanto que em (F) é apresentada a carga de
saída de sedimentos e em (G), a estimativa de erosão do leito e canal principal,
superfície livre da água, vazão líquida e sólida, para cada seção.
66
Tabela 24. Tabela com os resultados do programa HEC-6 para a travessia do rio Carandaí com Tr = 2 anos.
BEGIN COMPUTATIONS
RIO CARANDAI (A)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
SECTION No. 1 FLOW DISTRIBUTION (%) = 29.267 51.400 19.333 (B)
SECTION No. 2 FLOW DISTRIBUTION (%) = 32.485 45.124 22.391
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FLOW DURATION (days)...... 0.5 (C)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
UPSTREAM BOUNDARY CONDITIONS
STREAM SEGMENT # 1 | DISCHARGE | SEDIMENT LOAD | TEMPERATURE SECTION NO. 2.000 | (cfs) | (tons/day) | (deg F) (D) INFLOW | 378.00 | 30.28 | 0.00
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
SEDIMENT INFLOW AT THE UPSTREAM BOUNDARY:
GRAIN SIZE LOAD (tons/day) GRAIN SIZE LOAD (tons/day)
VERY FINE SAND.... 4.33 COARSE SAND....... 5.11 (E)
FINE SAND......... 9.83 VERY COARSE SAND.. 3.93
MEDIUM SAND....... 7.08 TOTAL = 30.28
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
SEDIMENT OUTFLOW FROM THE DOWNSTREAM BOUNDARY
GRAIN SIZE LOAD (tons/day) GRAIN SIZE LOAD (tons/day) (F)
VERY FINE SAND.... 328.38 COARSE SAND....... 755.75
FINE SAND......... 1339.28 VERY COARSE SAND.. 291.51
MEDIUM SAND....... 1689.55 TOTAL = 4404.47
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
STATUS OF THE BED PROFILE AT TIME = 0.5 DAYS
SECTION BED CHANGE WS ELEV THALWEG Q TRANSPORT RATE (G) NUMBER (ft) (ft) (ft) (cfs) SAND (tons/day) 2 -6.25 5.65 - 6.00 378. 2361.
1 -5.48 3.54 -5.35 378. 4404.
A figura 17 apresenta o perfil natural e erodido para o rio Carandaí através da
estimativa obtida com o HEC-6.
67
Perfil do leito e margens do Rio Carandaí
-2,00
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Distâncias
Cot
as Leito natural
Leito erodido
Figura 17. Perfil do leito natural e erodido do Rio Carandaí para Tr- 2 anos, estimada com
a utilização do HEC-6.
3.3.3 Resumo das estimativas obtidas
Para uma melhor visualização foram montadas tabelas resumidas com as
equações principais de cada método e suas estimativas. A Tabela 25 fornece o
resumo das estimativas da altura da duna onde o valor para projeto deverá ser a
média (JOYCE e CHANTLER, 2001) e a Tabela 26 o resumo para a estimativa de
erosão do canal.
Tabela 25. Resumo das estimativas da altura das dunas. Resultados obtidos para a
travessia do Rio Carandaí com Tr = 2 anos. Método de Van Rijn ∆d = 0,11dm(D50/dm)0,3(1-exp(-0,5Τ))(25-Τ) (eq. 12) 0,20
Método de Yalin ∆d = dm(1/6)(1-τb,cr/τprojeto) (eq. 13) 0,26
Método de Allen ∆d = 0,086dm1,19 (eq. 14) 0,16
Método de Gill ∆d = dm(1-τb,cr/τprojeto)(1-Fr2)/(2na) (eq. 15) 0,52
Valor adotado (média), m 0,28
68
Tabela 26. Resumo dos métodos e equações, com estimativas de erosão, para a travessia de Rio Carandaí com Tr = 2 anos.
dm = 0,47(Q/f)1/3, m (eq. 3) 1,01 Método de Lacey
ds = Zrdm , m 0,50
dm = A/B, m (eq. 9) 1,66 Método de Yaremko e Cooper ds = Zydm , m 0,83
dm = di(qf/qi)m,m (eq. 2) 1,66 Método de Neill
ds = Zndm ,m 1,16
df0 = qf2/3/fb0
1/3,m (eq. 4) 1,57 Método de Blench
ds = Zbdf0, m 0,94
Método da Velocidade Competente ds = dm(Vm/Vc - 1), m (eq. 11) 0,72
Método de Abbott (Canal Efêmero) ds = 1,32(Vmdm)0,24 ,m (eq. 1) 1,39
Método de Borah ds = T - Dba, m (eq. 10) 0,00
Método da Profundidade Média ds = 0,5 dm, m (eq. 8) 0,83
ds adotado (média para métodos aplicáveis, m 0,79
Levando em consideração que três das dez travessias já possuem uma forma
de proteção do leito foi adicionado a este trabalho o estudo para a criação soleira
de proteção. Os métodos empregados e seus resultados estão resumidos na
Tabela 27. O valor a ser adotado para diâmetro do material da camada de
proteção deve ser tomado como o máximo entre os resultados (JOYCE e
CHANTLER, 2001).
69
Tabela 27. Resumo dos métodos e equações com estimativas do diâmetro do material da soleira de proteção do leito para a travessia do Rio Carandaí com Tr = 2 anos.
Método da Velocidade Competente Da = 20,2Vm
2 , mm (eq. 16) 11,36
Método de Yang Da = 0,0216Vcr2, mm (eq. 17) 6,02
Método de Escarameia e May Da = 0,064(Vm
2/(Sa-1)), mm (eq. 18) 21,81
Valor adotado (máximo), mm 21,81
70
4. RESULTADOS
Os resultados das estimativas de erosão obtidos através da ferramenta
desenvolvida neste trabalho, bem como das estimativas obtidas com a utilização
do programa HEC-6 e das obtidas pelos métodos relacionados por Ulrich et al.
(2005) (DZIEDZIC e VEIGA, 2007), estão apresentados na forma das Tabelas 28
a 37, para as dez travessias analisadas.
Nas estimativas de erosão Dziedzic e Veiga (2007) utilizaram tempos de
recorrência (Tr) de 2, 10, 20 e 100 anos, tendo adotado o tempo que corresponde
à estimativa de maior profundidade de erosão. Desta forma, para que a
comparação de resultados fosse compatível, os mesmos Tr e dados, foram
utilizados neste trabalho.
Tabela 28. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método
apresentado para a travessia do rio Carandaí Tr = 2 anos.
Método de Cálculo Ulrich et al. (2005) (m)
Calculado (método + ½ duna)
(m)
Observação sobre o método
Profundidade média 0,83 0,91 Aplicável sem restrições
Neill 1,00 1,24 Aplicável sem restrições
Lacey 0,50 0,58 Aplicável sem restrições
Canal Efêmero (Abbott) 1,39 1,47 Não aplicável: inclinação moderada
Blench Não utilizado 1,02 Aplicável sem restrições
Yaremko e Cooper Não utilizado 0,91 Aplicável sem restrições
Borah Não utilizado 0,07 Não aplicável: leito não aluvial
Velocidade Competente Não utilizado 0,80 Aplicável sem restrições
HEC-6 Não utilizado 1,67 Qualitativo Para a travessia do Rio Carandaí o método de Abbott não é aplicável, pois a
declividade (Sf = 0,00035) e o diâmetro médio dos sedimentos do leito (D50 =
0,385 mm) são inferiores aos estabelecidos para sua utilização, além disso,
Pemberton e Lara, 1984 orientam que os resultados obtidos com este método,
71
quando as condições não forem satisfeitas, devem ser utilizados como auxilio na
comparação com os resultados de outros métodos.
Quanto ao método de Borah a não aplicabilidade é devida ao método ter sido
desenvolvido para canais onde haja camada natural de sedimentos não
transportáveis (aluvial) protegendo o leito enquanto que o do Rio Carandaí é
arenoso.
Os resultados obtidos com o programa HEC-6 no presente estudo devem ser
interpretados apenas como qualitativos, uma vez que não foi realizada calibração,
por exigüidade de dados, e por tratar-se de análise de evento único (um evento
de cheia).
Tabela 29. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método apresentados para a travessia do Córrego Grande com Tr = 100 anos.
Método de Cálculo Ulrich et al. (2005) (m)
Calculado (método + ½
duna) (m)
Observação sobre o método
Profundidade média 0,63 0,68 Aplicável sem restrições
Neill 0,75 0,64 Aplicável sem restrições
Lacey 0,39 0,44 Aplicável sem restrições
Canal Efêmero (Abbott) 1,24 1,15 Não aplicável: inclinação moderada
Blench Não utilizado 0,70 Aplicável sem restrições
Yaremko e Cooper Não utilizado 0,68 Aplicável sem restrições
Borah Não utilizado 0,05 Não aplicável: leito não aluvial
Velocidade Competente Não utilizado -0,49 Não aplicável: transporte de sedimentos elevado
HEC-6 Não utilizado 1,34 Qualitativo Na travessia do Córrego Grande, além da não aplicabilidade dos métodos de
Abbott e Borah, também não é aplicável o método da Velocidade Competente e o
resultado negativo é devido à velocidade média de projeto ser menor do que a
velocidade mínima necessária para dar início ao movimento do sedimento do leito
(Velocidade Competente), Pemberton e Lara (1984) ressaltam que o resultado
será muito conservador em canais com grande transporte de sedimentos,
situação do Córrego Grande onde D50 = 0,75 mm, embora classificado como areia
72
grossa, trata-se de uma granulometria de fácil transporte (Tabela 1) e é
importante lembrar que os métodos de cálculo consideram uma variação de
0,00024 mm a 2048 mm para o diâmetro dos sedimentos.
Tabela 30. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método
apresentado para a travessia do Rio Xavier com Tr = 100 anos.
Método de Cálculo Ulrich et al. (2005) (m)
Calculado (método + ½
duna) (m)
Observação sobre o método
Profundidade média 0,24 0,26 Aplicável sem restrições
Neill 0,29 0,31 Aplicável sem restrições
Lacey 0,24 0,27 Aplicável sem restrições
Canal Efêmero (Abbott) 0,87 0,89 Não aplicável: inclinação moderada
Blench Não utilizado 0,42 Aplicável sem restrições
Yaremko e Cooper Não utilizado 0,14 Aplicável sem restrições
Borah Não utilizado 0,02 Não aplicável: leito não aluvial
Velocidade Competente Não utilizado -0,13 Não aplicável: transporte de sedimentos elevado
HEC-6 Não utilizado 0,74 Qualitativo
Os resultados para as estimativas de erosão do Rio Xavier (tabela 30)
repetem o padrão da aplicabilidade visto anteriormente na Tabela 29 onde os
resultados demonstram a necessidade da escolha adequada dos métodos para a
avaliação da erosão de canais em função das características do projeto.
73
Tabela 31. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método apresentado para a travessia do Rio Ressaquinha com Tr = 20 anos.
Método de Cálculo Ulrich et al. (2005) (m)
Calculado (método + ½
duna) (m)
Observação sobre o método
Profundidade média 0,53 0,58 Aplicável sem restrições
Neill 0,64 0,69 Aplicável sem restrições
Lacey 0,45 0,50 Aplicável sem restrições
Canal Efêmero (Abbott) 1,17 1,22 Não aplicável: inclinação bastante moderada
Blench Não utilizado 0,93 Aplicável sem restrições
Yaremko e Cooper Não utilizado 0,58 Aplicável sem restrições
Borah Não utilizado 0,04 Não aplicável: leito não aluvial
Velocidade Competente Não utilizado 0,82 Aplicável sem restrições
HEC-6 Não utilizado 1,27 Qualitativo
Tabela 32. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método
apresentado para a travessia do Rio Paraopeba (1) com Tr = 100 anos.
Método de Cálculo Ulrich et al. (2005) (m)
Calculado (método + ½
duna) (m)
Observação sobre o método
Profundidade média 0,73 0,79 Aplicável sem restrições
Neill 0,87 1,02 Aplicável sem restrições
Lacey 1,21 1,88 Aplicável sem restrições
Canal Efêmero (Abbott) 1,35 1,41 Aplicável sem restrições
Blench Não utilizado 1,41 Aplicável sem restrições
Yaremko e Cooper Não utilizado 1,16 Aplicável sem restrições
Borah Não utilizado 0,06 Não aplicável: leito não aluvial
Velocidade Competente Não utilizado 0,49 Não aplicável: transporte de sedimentos elevado
HEC-6 Não utilizado 1,75 Qualitativo
74
Foi possível utilizar o resultado obtido com o método de Abbott para a
travessia do Rio Paraopeba (1) (Tabela 32), pois tanto Sf quanto D50 satisfazem
as condições para as quais o método foi desenvolvido.
Tabela 33. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método
apresentado para a travessia do Rio Paraopeba (2) com Tr = 100 anos.
Método de Cálculo Ulrich et al. (2005) (m)
Calculado (método + ½
duna) (m)
Observação sobre o método
Profundidade média 0,70 0,76 Aplicável sem restrições
Neill 0,84 0,88 Aplicável sem restrições
Lacey 1,33 1,39 Aplicável sem restrições
Canal Efêmero (Abbott) 1,36 1,42 Não aplicável: inclinação bastante moderada
Blench Não utilizado 0,89 Aplicável sem restrições
Yaremko e Cooper Não utilizado 0,76 Aplicável sem restrições
Borah Não utilizado 0,06 Não aplicável: leito não aluvial
Velocidade Competente Não utilizado 1,00 Aplicável sem restrições
HEC-6 Não utilizado 1,83 Qualitativo Tabela 34. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método
apresentado para a travessia do Rio Paraopeba (3) com Tr = 100 anos.
Método de Cálculo Ulrich et al. (2005) (m)
Calculado (método +
1/2 duna) (m)
Observação sobre o método
Profundidade média 0,68 0,75 Aplicável sem restrições
Neill 0,82 0,99 Aplicável sem restrições
Lacey 1,23 1,26 Aplicável sem restrições
Canal Efêmero (Abbott) 1,32 1,39 Não aplicável: inclinação bastante moderada
Blench Não utilizado 0,63 Aplicável sem restrições
Yaremko e Cooper Não utilizado 0,75 Aplicável sem restrições
Borah Não utilizado 0,06 Não aplicável: leito não aluvial
Velocidade Competente Não utilizado 0,37 Não aplicável: transporte de sedimentos elevado
HEC-6 Não utilizado 1,56 Qualitativo
75
Tabela 35. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método apresentado para a travessia do rio Paraopeba (4) com Tr = 2 anos.
Método de Cálculo Ulrich et al. (2005) (m)
Calculado (método +
1/2 duna) (m)
Observação sobre o método
Profundidade média 0,93 1,02 Aplicável sem restrições
Neill 1,11 1,20 Aplicável sem restrições
Lacey 0,89 0,98 Aplicável sem restrições
Canal Efêmero (Abbott) 1,49 1,58 Não aplicável: inclinação bastante moderada
Blench Não utilizado 1,15 Aplicável sem restrições
Yaremko e Cooper Não utilizado 1,02 Aplicável sem restrições
Borah Não utilizado 0,08 Não aplicável: leito não aluvial
Velocidade Competente Não utilizado 0,97 Aplicável sem restrições
HEC-6 Não utilizado 1,92 Qualitativo Tabela 36. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método
apresentado para a travessia do Rio Paraopeba (5) com Tr = 20 anos.
Método de Cálculo Ulrich et al. (2005) (m)
Calculado (método +
1/2 duna) (m)
Observação sobre o método
Profundidade média 2,11 2,35 Aplicável sem restrições
Neill 2,54 2,78 Aplicável sem restrições
Lacey 1,33 1,57 Aplicável sem restrições
Canal Efêmero (Abbott) 2,03 2,27 Aplicável sem restrições
Blench Não utilizado 1,87 Aplicável sem restrições
Yaremko e Cooper Não utilizado 2,35 Aplicável sem restrições
Borah Não utilizado 0,22 Não aplicável: leito não aluvial
Velocidade Competente Não utilizado 7,93 Desconsiderado
HEC-6 Não utilizado 2,61 Qualitativo
O resultado obtido com o método da Velocidade Competente (Vc) para a
travessia do Rio Paraopeba (5) apresentou um aprofundamento do leito de mais
de 200% do obtido com os outros métodos. Este resultado foi obtido em função
76
da profundidade de projeto ser muito elevada (dm = 4,3 m), com Vc = 0,5 m.s-1
baixa, e devido ao D50 = 0,214 mm ser muito fino. Este resultado foi
desconsiderado e o descarte mostra a importância da avaliação qualitativa feita in
loco por um membro da equipe técnica envolvido no projeto. Esta travessia,
embora apresente leito arenoso, está inserida entre morros, caracterizando a
existência de material com diâmetro maior ou até mesmo rocha sã sob o leito. A
mesma situação foi verificada na travessia do Rio Paraopeba (6) (tabela 37)
Tabela 37. Tabela comparativa das profundidades de erosão estimadas em cada método
apresentado para a travessia do Rio Paraopeba (6) com Tr = 2 anos.
Método de Cálculo Ulrich et al. (2005) (m)
Calculado (método + 1/2 duna)
(m)
Observação sobre o método
Profundidade média 1,42 1,57 Aplicável sem restrições
Neill 1,70 1,85 Aplicável sem restrições
Lacey 1,03 1,18 Aplicável sem restrições
Canal Efêmero (Abbott) 1,75 1,89 Aplicável sem restrições
Blench Não utilizado 1,80 Aplicável sem restrições
Yaremko e Cooper Não utilizado 1,57 Aplicável sem restrições
Borah Não utilizado 0,14 Não aplicável - leito não aluvial
Velocidade Competente Não utilizado 3,77 Desconsiderado
HEC-6 Não utilizado 2,97 Qualitativo
Na Tabela 38, os resultados para a estimativa de erosão para as travessias
estudadas, o valor apresentado é a média (PEMBERTON e LARA, 1984) dos
resultados dos métodos aplicáveis a cada travessia.
77
Tabela 38. Resumo das estimativas de erosão para cada travessia. Travessia do canal Estimativa de erosão (m)
Carandaí 0,91
Córrego Grande 0,63
Xavier 0,25
Ressaquinha 0,66
Paraopeba 1 1,25
Paraopeba 2 0,95
Paraopeba 3 0,88
Paraopeba 4 1,06
Paraopeba 5 2,20
Paraopeba 6 1,64
4.1 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Na análise das travessias avaliadas no presente trabalho foram utilizados oito
métodos, três apresentados por Joyce e Chantler (2001), cinco por Pemberton e
Lara (1984), quatro deles utilizados por Ulrich et al (2005) e por Dziedzic e Veiga
(2007), revistos neste trabalho e o programa HEC-6. A discussão dos resultados
apresentada a seguir, baseia-se na comparação das recomendações feitas por
Dziedzic e Veiga (2007), denominadas recomendações iniciais, e os resultados
ora obtidos.
O método da profundidade média, em todas as travessias, teve como
diferença entre as recomendações iniciais e este estudo, apenas a altura da duna.
Já no método de Lacey e Neill, as diferenças encontradas são devidas à
utilização do coeficiente multiplicador Z (Tabela 03), que considera a geometria do
rio na travessia.
Quanto ao método de Abbott ou do Canal Efêmero, este deve ser aplicado
a canais com inclinação variando de 0,004 a 0,008 m/m e com sedimento maior
que 0,5 mm, ou a erosão prevista será muito grande (PEMBERTON e LARA,
1984), esta diferença pode ser evidenciada nas Tabelas 29, 30 e 31, onde os
78
trechos das travessias são de baixa inclinação ou com sedimento de leito muito
fino. Muito embora as estimativas sejam semelhantes, seus resultados devem ser
utilizados apenas como comparação, exceto nas travessias das Tabelas 33, 37 e
38, onde as condições para sua utilização foram satisfeitas.
O método de Yaremko e Cooper e o método de Blench, não aplicados por
Dziedzic e Veiga (2007), forneceram estimativas de erosão bastante equilibradas
em todas as travessias, na comparação com as estimativas de menor valor para o
método de Yaremko e Cooper e nas de maior valor para Blench.
O método de Borah, não utilizado por Dziedzic e Veiga (2007), foi
desenvolvido para canais com leito aluvial, ou seja, canais onde já tenha se
formado uma camada de proteção natural do leito (seixos, por exemplo). Não é
aplicável em nenhuma das travessias estudadas, mas serve como indicador de
que as características hidrométricas e sedimentométricas devem satisfazer as
condições estabelecidas para sua utilização e que as diferenças observadas
aumentam a confiabilidade nos métodos aplicáveis enfatizando a importância da
escolha feita.
A não aplicabilidade do método da Velocidade Competente, (Neill, 1973, apud
Pembertom e Lara, 1984), nas travessias das Tabelas 31, 32, 34 e 36, deve-se ao
método ser muito conservador em canais com grande transporte de sedimentos,
situação existente nas travessias em estudo. Os resultados apresentados nas
Tabelas 36 e 37 foram desconsiderados por serem demasiadamente elevados ao
compará-los aos demais métodos, e por serem incompatíveis com as condições
observadas nas travessias, onde provavelmente existe rocha sob o leito, que será
escavada.
Todos os métodos disponíveis no programa HEC-6 foram testados: os
métodos de Toffaleti e o método combinado dos métodos de Toffaleti e Meyer-
Peter e Müller não rodaram por falta de dados; os métodos de Madden, Yang,
DuBoy, Ackers-White, Laursen e Copeland apresentaram resultados com
variação inferior a 10% entre si, no entanto os métodos de Colby e Meyer-Peter e
Müller apresentam resultados com variação superior a 300% entre si e variação
na ordem de 70% com os demais métodos, desta forma foi escolhido o método de
Yang para padronização das estimativas.
79
Os resultados obtidos para a estimativa de erosão com a utilização do
programa HEC-6 apresentaram valores com ordem de grandeza semelhante a
pelo menos um método empírico em oito das dez travessias (Tabelas 28, 31, 32,
33, 34, 35, 36, 37 e 38), com variação para mais ou menos 10% na média. No
entanto, nas travessias das Tabelas 29 e 30 houve variação para mais na ordem
de 83,8% (na média). Cabe lembrar que estes resultados apresentam restrições,
função dos problemas anteriormente no item 2.5.3 e que servem apenas como
parâmetro de comparação com as estimativas obtidas nos métodos empíricos.
Na Tabela 39 são indicados os recobrimentos mínimos recomendados no
estudo original, os obtidos pela ferramenta desenvolvida neste trabalho e o HEC-
6. No presente trabalho, foi adotado um coeficiente de segurança de 1,5 com
recobrimento não inferior a 1,0 m.
Tabela 39. Comparativo entre os recobrimentos mínimos recomendados para todas as
travessias analisadas.
Canal Dziedzic e Veiga (2007) (m)
Presente trabalho (m)
HEC-6 (m)
Carandaí 1,50 1,40 2,50 Córrego Grande 1,50 1,00 2,00
Xavier 1,50 1,00 1,10 Ressaquinha 1,50 1,00 1,90 Paraopeba 1 1,50 2,00 2,60 Paraopeba 2 1,50 1,50 2,70 Paraopeba 3 1,50 1,40 2,30 Paraopeba 4 2,00 1,60 2,90 Paraopeba 5 3,00 3,30 3,90 Paraopeba 6 2,50 2,50 4,50
80
5. CONCLUSÕES
Este trabalho descreve diversas situações (Tabela 2, (PEMBERTON e LARA,
1984)) encontradas na execução de obras em canais ou em suas margens, os
métodos empíricos e o programa computacional HEC-6, utilizados para a
estimativa da erosão do leito e apresenta como determinar a proteção do leito, a
partir dos dados necessários para a caracterização de um trecho ou uma seção
de canal, de maneira que um gerente de projetos possa comandar uma equipe de
técnicos na obtenção dos dados de campo, fazer sua análise e estabelecer os
valores de projeto para o recobrimento de travessias de canais por dutos.
Foi desenvolvida uma ferramenta de cálculo para trechos de canal sem
restrições (equações do tipo A, Tabela 2), que permite ao usuário o
reconhecimento imediato dos dados que devem ser utilizados em cada método
para a obtenção de respostas rápidas.
A ferramenta de cálculo e o programa HEC-6 foram utilizados com os dados
de projeto obtidos a partir do caso em estudo (gasoduto ligando o Rio de Janeiro
a Belo Horizonte) e os resultados foram comparados aos apresentados à
Petrobras pela equipe de consultoria. As diferenças entre os resultados das
análises realizadas no âmbito do presente trabalho e as recomendações de
projeto são pequenas, dando confiabilidade a ambas as metodologias,
ressaltando-se apenas o caráter comparativo dos resultados obtidos com o
programa HEC-6, cuja utilização não é recomendada em situações com
exigüidade de dados fluviométricos e batimétricos.
Não se tem a pretensão de ter criado uma ferramenta-planilha definitiva para
a estimativa de erosão, pois não é possível, dada a complexidade e variabilidade
dos parâmetros que influenciam na erodibilidade de canais, mas pode ser
utilizada como controle, fornecendo estimativas a serem comparadas com
modelos mais sofisticados.
Este trabalho torna-se, desta maneira, um guia metodológico para projetos de
travessia de canais por dutos. Enfatiza-se, porém que, estimar a profundidade de
erosão em canais é uma arte em si mesma onde a quantidade de variáveis é de
tal ordem que requer considerável habilidade e experiência do engenheiro. Este
trabalho não é um substituto para outros métodos e modelos computacionais,
81
nem para o discernimento do profissional, necessário em avaliar o que é
apropriado ao projeto em estudo, por isso considera-se indispensável a visita de
um membro da equipe técnica em qualquer projeto de obras em canais, ao local e
região em que está inserida a travessia em estudo, para que faça um
reconhecimento de ordem qualitativa do solo, sua ocupação e utilização.
Recomenda-se para o aprimoramento deste trabalho a continuidade do
desenvolvimento de planilhas de cálculo para projetos em canais que utilizem as
equações dos tipos B, C e D (Tabela 2) de maneira a produzir um guia para
outros projetos em canais, além da travessia de dutos.
Outra recomendação é a utilização do programa HEC-6 em projetos futuros de
travessia de dutos (e outros), pois, apesar da recomendação dos criadores do
programa de tomar suas estimativas de erosão, neste estudo com evento único,
apenas de forma qualitativa, foi possível, através do conhecimento in loco das
travessias perceber que as respostas do programa foram compatíveis com uma
avaliação prévia e da mesma ordem de grandeza que as recomendações de
recobrimento feitas à Petrobras.
82
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALLEN, J. R. L. Current Ripples. North Holland Publishing Company, Amsterdam, The Netherlands, 1968. BHOWMIK, N. G.; TSAI, C.; PARMAR, P.; DEMISSIE, M. Case Study: Application of the HEC-6 Model for the Main Stem of the Kankakee River in Illinois. Journal of Hydraulic Engineering � ASCE / April 2008 / pg. 355-366. BORAH, D. K. Scour-Depth Prediction under Armoring Conditions. Journal of Hydraulic Engineering � ASCE / October 1989 / pg. 1421-1432. BRIGHETTI, G.; MARTINS, J. R. S. Estabilização e Proteção de Margens. Universidade se São Paulo. Escola Politécnica. Dep. de Eng. Hid. e Sanitária (2001). http://www.fcth.br/public/cursos/phd5023/protecaopdf. Bureau of Reclamations. Design of Small Dams � A Water Resources Technical Publication. United Department of the Interior, Denver CO, USA, 1987. BLENCH, T. Mobile-Bed Fluviology. University of Alberta, 1969. BREUSERS, H. N. C.; RAUDKIVI, A. J. Scouring . Hydraulic Structures Design Manual � Vol. 2. A. A. Balkema/Rotterdam/Brookfield/1991. CARVALHO, N. O. Hidrossedimentologia Prática. CPRM e ELETROBRÁS. Rio de Janeiro, RJ. 1994.
DZIEDZIC, M.; VEIGA, B. V. Análise das travessias do gasoduto da Petrobrás no Rio Paraopeba. 2007.
ESCARAMEIA, M. River and Channel Revetments � A Design Manual. Thomas Telford, London, UK, 1998. ESCARAMEIA, M.; MAY, R. W. P. Channel Protection Downstream of Structures. Report SR 313, April 1992, HR Wallingford, 1992.
GILL, M. A. Height of Sand Dunes in Open Channel Flow. Journal of Hydraulic Division, ASCE, Vol. 97, 1971. GRAF, W. H. Hydraulics of Sediment Transport. Water Resources Publications. Book Crafters, Inc., Chelsea, Michigan, U. S. A., 1984. HEC - U.S. ARMY CORPS OF ENGINEERS. Scour and Deposition in Rivers and Reservoirs. Institute for Water Resources Hydrologic Engineering Center, 1991. http://www.hec.usace.army.mil/software/legacysoft ware/hec6/hec6.htm
83
JOYCE, S.; CHANTLER, A. A Method for the Analysis of Scour Potential and Protective Works Design at Pipeline Crossings of Mobile-bed Rivers. Pipeline 2001. LACEY, G. Stable Channels in Alluvium em Proceedings of the Institution of Civil Engineers, volume 229, 1930. LELIAVSKY, S. Introducción a la Hidráulica Fluvial. Barcelona, 1964.
MAVIS, F. T.; LAUSHEY, L. M. A Reappraisal of the Beginning lf Bed-Movement-Competent Velocity. International Association for Hydraulic Research, Second Meeting, Stckholm, 1948. MME - MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA. Normas e Recomendações Hidrológicas � Departamento Nacional de Águas e Energia. Anexo III � Sedimentometria, 1967. NEILL, C. R. Guide to Bridge Hydraulics. Roads and Transportation Association of Canada, 1973. PAIVA, E. M. C. D.; PAIVA, J.B.D. Evolução de Processo Erosivo Acelerado em Trecho do Arroio Vacacaí Mirim. Departamento de Hidráulica e Saneamento, Centro de tecnologia, UFMS. Santa Maria, RS, 1999. http://lates.cnpq.br PEMBERTON, E. L.; LARA, J. M. Technical Guideline for Bureau of Reclamation. Computing Degradation and Local Scour. Denver, 1984. SANTOS, I.; FILL, H. D.; SUGAI, M. R. V. B.; BUBA, H.; KISHI, R. T.; MARONE, E.; LAUTERT, L. F. Hidrometria Aplicada � Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento, 2001. SIMOSN, D. B.; SENTÜRK, F. Sediment Transport Technology. Water Respurces Publication, (1976). SMITH, C. D.; MURRAY, D. G. Cobble Lined Drop Structures. Canadian Journal of Civil Engineering, Vol. 2, pg. 437-446, 1995. SOULSBY, R. Dynamics of Marine Sands. Thomas Telford, London, UK, 1997. URLICH, C.; RAJAH, K.; TALICH, C.; GALATAS, J. Proceedings of the Pipeline Division Speciality Conference. Pipelines 2005 � Optimizing Pipeline Design, Operations, and Maintenance in Today�s Economy. ASCE .Houston, Texas, 2005. https://www.asce.org /files/tocs/40800.pdf USACE (U.S. ARMY CORPS OF ENGINEERS). Hydrologic Engineering Center (HEC), HEC-6, 1986. http://www.hec.usace.army.mil/software/legacysoftware/hec6/hec6-download.htm
84
VAN RIJN, L. C. Sediment Transport, Part III: Bed Forms and Alluvial Roughness, Journal of Hydraulic Engineering, ASCE, 1984. VAN RIJN, L. C. Principals of Sediment Transport in Rivers, Estuaries and Coastal Seas. Aqua Publications, Amsterdam, The Netherlands, 1993. VANONI, V. A. Sedimentation Engineering, ASCE - Manuals and Reports on Engineering Practice No. 54, by the ASCE Task Committee for the Preparation of the Manual on Sedimentation of the Sedimentation Committee of the Hydraulics Division, 1977. VENNARD, J.K.; STREET, R.L. Elementary Fluid Mechanics,1975. VIPULANANDAN, C.; ORTEGA, R. PIPELINES 2005- Optimizing Pipeline Design, Operations and Maintenance in Today�s Economy. Huston, Texas 2005. WHITEHOUSE, R. Scour at Marine Structures. Thomas Telford Publications, Thomas Telford Ltd., London, UK, 1998. YALIN, M. S. Mechanics of Sediment Transport. Queens University, Ontário. 1977. YANG, C. T. Incipient Motion and Sediment Transport. Journal of the Hydraulics Division � ASCE / October 1973 / Vol. 115, 9 pg. 1679-1704. YAREMKO, E. K.; COOPER, R, H. Influence of Northern Pipelines on River Crossing Design. Proc. Conf. on Pipelines in Adverse Environments, ASCE, San Diego, CA, 1983.