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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ- UFPI CAMPUS MINISTRO REIS VELLOSO MARIA DO SOCORRO LINS BRASILIENSE UMA ANÁLISE DA REALIDADE DAS ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL DO 5° ANO DE PARNAÍBA-PI, NO QUE SE REFERE AOS CONHECIMENTOS SOBRE HANSENÍASE.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ- UFPI

CAMPUS MINISTRO REIS VELLOSO

MARIA DO SOCORRO LINS BRASILIENSE

UMA ANÁLISE DA REALIDADE DAS ESCOLAS DE ENSINO

FUNDAMENTAL DO 5° ANO DE PARNAÍBA-PI, NO QUE SE REFERE

AOS CONHECIMENTOS SOBRE HANSENÍASE.

PARNAÍBA-PI

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2009

MARIA DO SOCORRO LINS BRASILIENSE

UMA ANÁLISE DA REALIDADE DAS ESCOLAS DE ENSINO

FUNDAMENTAL DO 5° ANO DE PARNAÍBA-PI, NO QUE SE REFERE

AOS CONHECIMENTOS SOBRE HANSENÍASE.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

à Coordenação do Curso de Pós-Graduação

em Docência de ensino superior da

Universidade Federal do Piauí-UFPI, como

parte das exigências para a obtenção do título

de Especialista em Docência do Ensino

Superior, orientado pelo Professor Mestre

Pedro Alencar Carvalho Silva.

PARNAÍBA

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2009

MARIA DO SOCORRO LINS BRASILIENSE

UMA ANÁLISE DA REALIDADE DAS ESCOLAS DE ENSINO

FUNDAMENTAL DO 5° ANO DE PARNAÍBA-PI, NO QUE SE REFERE

AOS CONHECIMENTOS SOBRE HANSENÍASE.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

à Coordenação do Curso de Pós-Graduação

em Docência do Ensino Superior da

Universidade Federal do Piauí-UFPI, como

parte das exigências para a obtenção do título

de Especialista em Docência do Ensino

Superior, orientado pelo Professor Mestre

Pedro Alencar Carvalho Silva.

Aprovado em ___/___/___

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________

Orientador Professor Pedro Alencar Carvalho Silva

Mestre em Educação

PARNAÍBA –PI

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2009

Agradeço a Deus por me conceder a paciência e persistência necessárias para atingir os meus objetivos. A minha família por muito ter acreditado nos meus sonhos e me encorajado a nunca desistir diante dos obstáculos. Aos mestres do curso que me ajudaram nas dúvidas e dificuldades e na aquisição do conhecimento e principalmente ao mestre e orientador Pedro

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Alencar Carvalho e Silva pelo seu incentivo e apoio nesta pesquisa.

UMA ANÁLISE DA REALIDADE DAS ESCOLAS DE ENSINO

FUNDAMENTAL DO 5° ANO DE PARNAÍBA - PI, NO QUE SE

REFERE AOS CONHECIMENTOS SOBRE HANSENÍASE.

Maria do Socorro Lins Brasiliense1

RESUMO:

Este trabalho vem esclarecer as dificuldades enfrentadas pelas instituições educacionais do ensino fundamental do quinto ano do município de Parnaíba no estado do Piauí em relação à prevenção e esclarecimento nos cuidados com a saúde dos alunos no que diz respeito à Hanseníase. Esta por sua vez é uma doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae. A predileção pela pele e nervos periféricos confere características peculiares a esta moléstia, tornando o seu diagnóstico simples. O Brasil continua sendo o segundo país em número de casos no mundo, após a Índia. Aproximadamente 94% dos casos conhecidos nas Américas e 94% dos novos diagnosticados são notificados pelo Brasil. A importância do trabalho repousa na elevação da qualidade de vida das crianças e professores, assim como de suas famílias no esclarecimento do que vem a ser hanseníase, pois a escola não é um lugar que se deve ensinar somente os conteúdos de disciplinas como matemática e português e sim os cuidados com o corpo e a saúde.

PALAVRAS-CHAVE: Hanseníase. Lepra. Prevenção. Educação.

AN ANALYSIS FROM THE ACTUALITY OF THE SCHOOLS ESTADUAIS AS OF

BASIC EDUCATION FROM THE 5° YEAR AS OF PARNAÍBA PI, AS REGARDS

TO THE BACKGROUND ON THE SUBJECT OF HANSENÍASE.

ABSTRAT

Abbreviation This chore he comes justify that difficulties faced pelas institutions educational from the basic education I from the fifth year from the county as of Parnaíba at the been from the Piauí regarding prevention and clarification at the Cautions with the to your health of the pupils as regards at the Hanseníase. This one in turn that's a ailment infectious crônica caused by the Mycobacterium leprosy. The one preference pela fur and nerves peripherals he confers characteristics peculiar the one this one moléstia tornando its diagnosis bare. The one Brazil he continues being the second country well into figure as of affairs in the world , after the one Contents page. Approx 94% of the affairs acquaintances at the America and 94% of

1 Estudante do Curso da Especialização em Docência do Ensino Superior da Universidade Federal do Piauí.

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the new diagnosing they are notifying by the Brazil. The amount of the work repose at the elevation from the brand as of life of the children and professors , as well as as of your families at the clarification whereof he comes the one being hanseníase , on this account the school is not um place that if must school merely the content as of disciplines as a math and Portuguese and yes I am the cautions with the body and the health.

KEY- WORDS: Hanseníase. Leprosy. Prevention. Education.

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SUMÁRIO

RESUMO------------------------------------------------------------------------------------------- 3

ABSTRACT---------------------------------------------------------------------------------------- 3

1- INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------------------------------ 5

1.1 A HANSENÍASE: A NECESSIDADE DE ENSINAMENTOS

ATUALIZADOS NA ESCOLA

2- RESULTADOS E DISCUSSÕES------------------------------------------------------------- 13

CONCLUSÃO------------------------------------------------------------------------------------ 17

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA-------------------------------------------------------- 18

ANEXO A-------------------------------------------------------------------------------------------20

ANEXO B--------------------------------------------------------------------------------------------21

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1- INTRODUÇÃO

A Hanseníase é uma doença transmissível causada por uma bactéria

(Mycobacterium leprae). Este bacilo é semelhante ao que causa a tuberculose e foi

identificado em 1874 por um médico norueguês, Gerard Henrik Armanuer Hansen

(1841-1912). Em homenagem a ele, a bactéria é conhecida como o bacilo de

Hansen e a doença como hanseníase. Este nome foi sugerido pelo dermatologista

Abrão Roberts por não ter um significado tão agressivo e discriminatório como o

nome de lepra, citado desde épocas bíblicas e com grande ênfase durante a idade

média. O bacilo afeta, principalmente, a pele e os nervos. Nas formas mais

avançadas da doença, outras partes do corpo também podem ser afetadas, como os

olhos, o nariz e algumas vísceras. Ela progride lentamente e tem um período de

incubação médio de três anos.

A Hanseníase pode atingir todas as idades de ambos os sexos. Se a

Hanseníase for diagnosticada na fase inicial com o correto acompanhamento e

término do tratamento, não ocorrerão mais casos com seqüelas ou deformidades,

daí a importância do trabalho escolar na tentativa de oferecer estes conhecimentos.

De acorde com o Ministério da Saúde (2002) no Brasil apesar da redução

drástica do número de casos, de 19 para 4,68 doentes em cada 10.000 habitantes,

no período compreendido entre 1985 e 2000 a Hanseníase ainda se constitui em um

problema de saúde pública que exige uma vigilância resolutiva.

Apesar do avanço das investigações, a origem da hanseníase é, ainda, um

ponto obscuro para os pesquisadores. Existem poucos registros, referências e

discussões sobre o aparecimento da doença, o que torna difícil uma abordagem

histórica mais precisa sobre o tema. Assim pretende-se evidenciar os principais

registros encontrados sobre o diagnóstico, tratamento e controle da hanseníase

desde a antiguidade.

Na Alexandria, 300 anos antes de cristo, o mais famoso centro de medicina

da antiguidade, já se estudava a chamada “Elephantíasis”, que, por muito tempo, foi

confundida com a Hanseníase e tratada como tal.

As primeiras referências confirmadas, no entanto, apenas descrições da

doença, foram encontradas na Índia e no Egito, datadas do século 7 a.C. Sabe-se

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ainda que, na época em que Cristo viveu, conforme citação bíblica, haviam casos de

Hanseníase.

Os sacerdotes tinham a missão de diagnosticar e tratar a doença, visto que

entendiam se relacionar com a fraqueza oriunda de pecados e devia ser combatida

através de sacrifícios, purificações e rituais que incluíam desde a queima de objetos

pessoais até o contato direto do doente com o que se julgava puro, assim como um

pássaro, a manjerona, a água e a madeira de cedro.

O problema da Hanseníase até hoje é muito grande e tem um número grande

de pessoas que ainda hoje são contaminadas pela doença, e pela desinformação

sobre a mesma.

Conforme o Ministério da Saúde (1997) a hanseníase é fácil de diagnosticar,

tratar e tem cura, no entanto, quando diagnosticada e tratada tardiamente pode

trazer graves conseqüências para os portadores e seus familiares, pelas lesões que

os incapacitam fisicamente.

Essas ações, no entanto exigem que a população seja informada sobre os

sinais e sintomas da doença, que tenha fácil acesso ao diagnóstico e tratamento e

que os portadores de hanseníase possam ser orientados individualmente e

juntamente com a sua família, durante todo o processo de cura. Exige, assim,

profissionais capacitados para lidar com todos esses aspectos.

As incapacidades físicas, nos olhos, nas mãos e nos pés podem ser evitadas

ou reduzidas, se os portadores de Hanseníase forem identificados e diagnosticados

o mais rápido possível, tratados com técnicas simplificadas.

O comprometimento dos nervos periféricos é a característica principal da

doença, dando-lhe um grande potencial para provocar incapacidades físicas que

podem, inclusive, evoluir para deformidades. Estas incapacidades e deformidades

podem acarretar alguns problemas, tais como diminuição da capacidade de trabalho,

limitação da vida social e problemas psicológicos, são responsáveis também pelo

estigma e preconceito.

Por isso mesmo ratifica-se que a Hanseníase é doença curável, e quanto

mais precocemente diagnosticada e tratada mais rapidamente se cura o paciente.

O M. Leprae tem alta infectividade e baixa patogenicidade, isto é infecta

muitas pessoas, no entanto só poucas adoecem. O tempo de multiplicação do bacilo

é lento, podendo durar, em média 11 a 16 dias.

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O homem é reconhecido como única fonte de infecção e reservatório, embora

tenham sido identificados animais naturalmente infectados. O contágio dá-se através

de uma pessoa doente, portadora do bacilo de hansen não tratada, que elimina para

o exterior, contagiando pessoas susceptíveis.

A principal via de eliminação do bacilo é pelo individuo doente de hanseníase,

e a mais provável porta de entrada no organismo possível de ser infectado são as

vias aéreas superiores e o trato respiratório. No entanto, para que a transmissão do

bacilo ocorra, é necessário um contato direto com a pessoa doente e não tratada.

Quando a pessoa doente inicia o tratamento quimioterápico, ele deixa de ser

um transmissor da doença, pois as primeiras doses da medicação matam os bacilos,

tornando-os incapazes de infectar outras pessoas.

A Hanseníase manifesta-se através de sinais e sintomas dermatológicos e

neurológicos que podem levar a suspeição diagnóstica da doença. As alterações

neurológicas, quando não diagnosticadas e não tratadas adequadamente, podem

causar incapacidades físicas que podem evoluir para deformidades.

A Hanseníase manifesta-se através de lesões de pele que se apresentam

com diminuição ou ausência de sensibilidade. As lesões mais comuns são: manchas

pigmentares ou discrômicas, placa, infiltração, tubérculo e nódulo. Essas lesões

podem estar localizadas em qualquer região do corpo e podem também acometer a

mucosa nasal e a cavidade oral. Ocorrem, porém, com maior freqüência, na face,

orelhas, nádegas, braços, pernas e costas.

Na hanseníase, as lesões de pele sempre apresentam alteração de

sensibilidade. Esta é uma característica que as diferencia das lesões de pele

provocadas por outras doenças dermatológicas.

De acordo com o Ministério da Saúde (1989) a Hanseníase manifesta-se,

além de lesões na pele, através de lesões nos nervos periféricos. Essas lesões são

decorrentes de processos inflamatórios dos nervos periféricos (neurites) e podem

ser causados tanto pela ação do bacilo nos nervos como pela reação do organismo

ao bacilo ou por ambas. Elas manifestam-se através de:

Dor e espessamento dos nervos periféricos;

Perda de sensibilidade nas áreas inervadas por esses nervos,

principalmente nos olhos, mãos e pés;

Perda da força nos músculos inervados por esses nervos, nas

pálpebras e nos membros superiores e inferiores.

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Quando o acometimento neural não é tratado pode provocar incapacidades e

deformidades pela alteração de sensibilidade nas áreas inervadas pelos nervos

comprometidos.

O diagnóstico da Hanseníase é realizado através do exame clínico, quando

se buscam os sinais dermatoneurológicos da doença. Um caso de Hanseníase em

uma pessoa apresenta uma ou mais das seguintes características e que requer

quimioterapia:

Lesão (ões) de pele com alteração de sensibilidade;

Acometimento de nervo (s) com espessamento neural;

Baciloscopia positiva

As pessoas que tem Hanseníase geralmente queixam-se de manchas

dormentes na pele, dores câimbras, formigamento, dormência e fraqueza nas mãos

e pés.

A investigação epidemiológica é muito importante para se descobrir a origem

da doença e para o diagnóstico precoce de novos casos de Hanseníase, pois a cura

do paciente infectado interrompe a cadeia de transmissão, assim como a prevenção

através de orientações em lugares estratégicos como a escola onde se transmite

conhecimento, ocasionando a eliminação da Hanseníase enquanto problema de

saúde pública.

A Hanseníase configura-se como um problema de saúde pública, no Fórum

Global de Eliminação da Hanseníase realizado em maio de 2006, em Genebra, onde

foi firmado o compromisso de o Brasil eliminar a Hanseníase como problema de

saúde pública nos municípios até o ano de 2010. Porém o governo brasileiro limita

suas ações à promoção do acesso ao diagnóstico e tratamento grátis e a redução do

estigma o que não é suficiente, pois a melhor prevenção é o entendimento por parte

da população e esse conhecimento sobre a doença pode ser disseminado nas

escolas públicas e privadas.

O Piauí pode ser classificado como um Estado de alerta endêmico desta

doença sendo com isto um dos fatores que se levou a desenvolver esta pesquisa

nas escolas, pois lá é um meio disseminador de conhecimento.

Este é um problema muito sério, pois tira as crianças da escola, causando

incapacidades e deformidades físicas, tornando-os impossibilitados de garantir um

futuro melhor. O que causa a Hanseníase na maioria dos casos são as condições

socioeconômicas das populações, como também as condições ambientais, pois as

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condições sanitárias são muito importantes para a melhoria da qualidade de vida

dos cidadãos. Como conseqüências aumentam os problemas à miséria, a falta de

saúde, de trabalho e dignidade a cada um destes seres humanos.

Sabe-se que a Hanseníase é uma doença que faz parte da realidade do

Brasil, mas mesmo assim o conhecimento é pequeno. São os medos e os mitos que

ocupam grande parte do pensamento das pessoas que muitas vezes estigmatizam

os pacientes de Hanseníase, e entre eles mesmos existe o preconceito, o medo a

vergonha de serem portadores, o que impede de se fazer o diagnóstico, levando

pouco avanço para a eliminação da doença.

A discriminação, o estigma, o preconceito, as seqüelas, a desinformação, os

inúmeros problemas que um portador de Hanseníase deverá enfrentar são grandes.

Algumas regiões, no entanto, continuam com sérias dificuldades para desenvolver o

programa de controle e tratamento da Hanseníase, necessitando intensificar

esforços na luta contra o estigma social e na conscientização dos profissionais na

área de saúde e principalmente da educação, pois são eles os representantes do

conhecimento, podendo sim ajudar bastante no combate a doença no que diz

respeito à prevenção e entendimento.

2. A HANSENÍASE: A NECESSIDADE DE ENSINAMENTOS

ATUALIZADOS NA ESCOLA.

A educação em saúde se tornou obrigatória nas escolas brasileiras, pelo

artigo 7 da lei 5.692/71, com o objetivo de estimular o conhecimento e a prática da

saúde básica e da higiene. A própria operacionalização da lei, através do parecer

2.264/74 do Conselho Federal de Educação, 1974, estabelece que a aprendizagem

deva se processar, prioritariamente, através de ações e não de explanações, o que

não se efetivou de fato.

Exceção feita a alguns grupos de pesquisas em escolas, a prática cotidiana

da grande maioria das atividades escolares nestas áreas não produz resultados

animadores. Tal situação pode ser atribuída a um conjunto de fatores, direta ou

indiretamente, relacionados ao ambiente escolar. Cumpre sublinhar que tal quadro

não é exclusivo dos temas aqui discutidos; antes, associa-se ao crítico panorama da

educação nacional, sendo, ao mesmo tempo, conseqüência e, na parcela que lhe

cabe, origem de tal situação.

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A formação do professor nos domínios da educação em saúde é muito

deficiente. Claro que existem gradações nesta falta de preparo, mas, de maneira

geral, pode-se verificá-la tanto no professor oriundo das escolas de formação de

professores, a nível de ensino médio, quanto naquele que, licenciado, atingiu a

formação universitária. Quando a formação teórica do docente, no seu campo de

especialidade (ciências biológicas, por exemplo), é de insuficiente qualidade, faltam-

lhe conhecimentos teóricos e/ou práticos sobre procedimentos didáticos ou, ainda

que estes sejam de seu domínio, dificuldades se colocam, impedindo-o de

desenvolvê-los na realidade de sua classe. Os professores, não se encontram

preparados para organizar atividades de ensino a partir da análise de uma dada

realidade concreta. Estudos de MOURA (1990) e SCHALL et al. (1987) demonstram

a falta de formação teórica de professores em assuntos relacionados à educação em

saúde.

Parcialmente decorrente da situação acima discutida, tem-se o livro didático

que deixa de ser mais um entre os recursos didáticos disponíveis ao professor e

passa a assumir o papel de único material presente na classe, sendo o principal

suporte das atividades de sala de aula (FRANCO, 1982; PONDÉ et al., 1984;

MOURA, 1990). BARBIERI (1992) comenta que freqüentemente, o professor

descarta a licenciatura que cursou e fica com o livro didático.

Nesse contexto, a qualidade do livro didático deve ser considerada com muita

atenção. Embora sejam raras as análises de livros didáticos que abordam a saúde,

ALVES (1987) e VARGAS et al. (1988) demonstraram inadequações e incorreções

do ponto de vista da metodologia e dos conteúdos que os compõem.

Vem somar-se à falta de excelência do livro didático a escassez de material

de qualidade produzido para divulgação científica, o qual poderia suprir, com

vantagens, a lacuna do livro didático.

Verifica-se, ainda, o regime de trabalho e de remuneração extremamente

desfavoráveis a que está submetida à maioria dos docentes, bem como as

condições físicas desagradáveis, e até mesmo insalubres, a que foi reduzida a

grande maioria das unidades escolares.

Completando o quadro, ressalta-se a breve vida escolar de grande parte da

população brasileira, motivada entre outros fatores pela repetência e evasão escolar.

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Desta forma, é deficiente a formação do indivíduo no que diz respeito a

conceitos, processos e comportamentos envolvidos na manutenção ou recuperação

da saúde individual ou coletiva.

A metodologia empregada e os conteúdos desenvolvidos nas atividades de

educação em saúde na escola concorrem grandemente para esta situação. Vários

estudos têm demonstrado que, geralmente, as atividades de educação em saúde na

escola são desenvolvidas com conteúdos ultrapassados; às vezes deturpados

(SCHALL et al, 1987b; SANTOS et al., 1990); apresentados de maneira estritamente

teórica (SANTOS et al., 1990); desvinculados da realidade e necessidades dos

alunos (BASTOS, 1979; CANDEIAS et al., 1980; CANDEIAS, 1984; FERRAROTI,

1984; SCHALL et al., 1987c) e inapropriados do ponto de vista da estrutura cognitiva

da faixa etária às quais se destinam (SCHALL et al., 1987c). A metodologia das

aulas baseia-se na exposição teórica e prescrição de regras que os alunos seriam

compelidos a seguir (SCHALL et al., 1987c). Some-se a isto o fato dos

conhecimentos transmitidos basear-se, quase que unicamente, em informações a

respeito da descrição da sintomatologia das doenças, ignorando o desenvolvimento

de conteúdos sobre processos e fatores condicionantes envolvidos na infecção, na

doença. Além disso, o programa de saúde, paradoxalmente, tem sua ênfase na

doença e não na saúde.

Como resultado, verifica-se que os conhecimentos que são pretensamente

desenvolvidos com os alunos não são traduzidos em comportamentos, seja por falta

de condições de internalização dos conteúdos ou porque estes não possuem

significado para a realidade do estudante.

Para evidenciar a importância do ensino da saúde nas escolas e na busca de

outras formas para se fornecer a manutenção da saúde a população encontram-se

os Parâmetros Curriculares Nacional-PCN (1999, p. 61)

O ensino de saúde tem sido um desafio para a educação, no que se

refere à possibilidade de garantir uma aprendizagem efetiva e

transformadora de atitudes e hábitos de vida. As experiências

mostram que transmitir informações a respeito do funcionamento do

corpo e descrição das características das doenças, bem como um

elenco de hábitos de higiene, não é suficiente para que os alunos

desenvolvam atitudes de vida saudável.(PCN, 1999, p.61)

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Percebe-se aqui a relevância de se abordar temas que envolvam saúde nas

escolas e com isso inclui-se a Hanseníase que não pode ser deixado de fora da lista

das enfermidades que devem ser abordadas nas salas de aulas, claro que de forma

não aprofundada e sim dando as informações necessárias para a manutenção da

saúde, pois o Piauí é classificado como um Estado de alerta endêmico desta

doença, além desse fato essas aulas aumentarão a qualidade de vida dos alunos e

de suas famílias como está previsto nos PCNs (1999, p. 62)

É nos espaços coletivos que se produz a condição de saúde da

comunidade e, em grande parte, de cada um de seus componentes.

Nas relações sociais se afirma a concepção hegemônica de saúde e,

portanto é nesse campo que se pode avançar no entendimento da

saúde como valor e não apenas como ausência de doença. (PCN,

1999, p.62)

A Hanseníase deve ser abordada em sala dando mais ênfase a prevenção e

aos sintomas e se possível trazendo profissionais da área da saúde para fazer

palestras e tirando dúvidas dos alunos e professores.

O objetivo da pesquisa repousa na importância de se investigar como esta

sendo trabalhada a questão da Hanseníase nas escolas de Parnaíba identificar as

ações executadas pelos educadores das escolas com relação à Hanseníase,

analisando as ações administrativas encontradas pelos gestores no que se refere à

tentativa de minimizar essa problemática e identificar que conhecimentos os alunos

do Ensino Fundamental do 5 ano tem dessa doença.

3- ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

A pesquisa foi realizada no município de Parnaíba no estado do Piauí com os

professores do ensino fundamental do 5° ano, através de questionários com cinco

questões de múltipla escolha aplicados a seis professores o gestor e o coordenador

de uma escola pública estadual contendo os seguintes questionamentos e

resultados:

01 – Você professor sabe o que é ou já ouviu falar em Hanseníase;

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Considerou-se, com os dados colhidos que 50% dos professores não sabem

dizer ao certo o que é Hanseníase e os outros 50% já haviam ouvido falar que era

uma doença da pele que deteriorava partes do corpo.

De acordo com a mensuração da 1° questão, percebe-se aqui a necessidade

de intervenção nas escolas para que se tenha uma educação na saúde mais efetiva,

pois os professores demonstram desconhecimento ou conhecimento mínimo sobre a

Hanseníase, fato este que prejudica a manunteção da saúde e impede as crianças

de se defenderem da doença conhecendo os sintomas, transmissão e que atitudes

tomar quando se adquiri a doença, pois assim estaria-se evitando a disseminação

da Hanseníase na população.

02- Você acha importante abordar em sala de aula temas de saúde;

Respostas referentes à questão 01

Alternativas Respostas obtidas %

A 04 50

B 00 00

C 00 00

D 04 50

TOTAL 08 100

Respostas referentes à questão 02

Alternativas Respostas obtidas %

A 00 00

B 00 00

C 00 00

D 08 100

TOTAL 08 100

Page 17: trb hanseníase

Considerara-se, com os dados colhidos nessa questão, que 100% dos

professores responderam que acham importante abordarem temas sobre a saúde,

porém não possuem estrutura nem conhecimento sobre determinados temas de

saúde assim como a Hanseníase.

Percebeu-se aqui a falta de conhecimento e vontade por parte dos

professores para buscar alternativas para o desconhecimento do assunto, podendo

como solução chamar palestrantes da área da saúde para falar sobre determinados

assuntos relacionados à saúde para seus alunos para que assim possa-se atender

em todos os âmbitos a educação, função esta de responsabilidade de todos.

03- Vocês professores já abordaram algum tema relacionado à saúde

para seus alunos;

Conforme as respostas dessa questão 100% dos professores já abordaram

temas relacionados à saúde baseados nos temas transversais orientados pelos

Parâmetros Curriculares Nacionais, como doenças sexualmente transmissíveis e

higienização do corpo, porém nada relacionado à Hanseníase.

Torna-se evidente o despreparo dos professores para tratar do assunto

Hanseníase o que se torna um desperdício de um meio disseminador de prevenção

e cuidados com a doença.

Com as respostas nota-se também que os outros problemas de saúde tão

importante quanto às outras disciplinas, ficam de fora dos planos de aula fato este

que impede que os alunos tenham acesso ao conhecimento da Hanseníase e

possam se prevenir, obtendo-se assim qualidade de vida.

Respostas referentes à questão 03

Alternativas Respostas obtidas %

A 00 00

B 00 00

C 00 00

D 08 100

TOTAL 08 100

Page 18: trb hanseníase

04- Algum aluno de sua escola já teve ou tem Hanseníase;

Os 50% dos professores disseram que desconhecem o fato e os outros 50%

disseram não saber ao certo, pois alguns alunos possuem manchas pelos braços,

porém acham que é micose popularmente chamada de “pano branco”.

Percebe-se aqui a importância de uma orientação efetiva dos professores

para que estes possam orientar o aluno para procurar tratamento se for o caso ou

prevenir o que é o ideal.

05- Qual o maior problema enfrentado pela escola com relação à saúde

de seus alunos;

De acordo com a tabela, dos oito professores que responderam 75%

disseram que o maior problema de saúde que seus alunos possuem são micoses e

outras manchas; os 25% dizem que é o piolho e a falta de higienização das crianças.

Respostas referentes à questão 04

Alternativas Respostas obtidas %

A 00 00

B 04 50

C 04 50

D 00 00

TOTAL 08 100

Respostas referentes à questão 05

Alternativas Respostas obtidas %

A 02 25

B 00 00

C 06 75

D 00 00

TOTAL 08 100

Page 19: trb hanseníase

Devido ao baixo poder econômico da clientela das escolas públicas fica

complicado manter hábitos saudáveis, muitas crianças são desnutridas tendo como

alimento principal a merenda escolar.

Conforme a todas essas dificuldades sociais o corpo docente se atem aos

problemas educacionais e emergenciais de saúde como aqueles que estão mais

evidentes como alimentação e higiene corporal o que impede um aprofundamento

maior sobre Hanseníase nas salas de aula.

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CONCLUSÃO

O resultado da pesquisa torna evidente a falta de conhecimento dos

professores em escolas públicas sobre Hanseníase. É importante que as escolas

façam investimentos em seus professores na busca de técnicas novas para o

aprimoramento da prática escolar no tocante à saúde. A qualidade do professor é a

alavanca mais importante para melhorar o desempenho dos alunos, assim como o

melhoramento de qualidade de vida destes, sem o empenho do professor em

aperfeiçoar suas aulas, estas ficarão desinteressantes, prejudicando ainda mais o

desenvolvimento do aluno na área educacional e em sua saúde, pois é na escola

que se encontra o maior meio disseminador de conhecimento e prevenção sobre as

doenças no caso da pesquisa a Hanseníase e outros males que a afetam a

sociedade.

Tem-se que modificar a prática em sala de aula, ainda que o sistema

educacional não esteja totalmente modificado e capacitado, fazendo isso, estar-se-á

contribuindo para que as crianças estejam aptas a atuar como cidadãs saudáveis e

com qualidade de vida na sociedade em que vivem, e assim, ir-se-á progredir cada

vez mais para uma educação saudável e de valores sociais sólidos e principalmente

na erradicação da Hanseníase não só em Parnaíba mais em todo o país.

Page 21: trb hanseníase

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CEDES ,p. 18: 38-53, 1987.  

BARBIERI, M. R., Mais que uma alternativa ao livro didático. Passando a Limpo,

p. 1: 13, 1992.

BASTOS, N. C. B., Educação para a saúde na escola. Revista da Fundação

SESP, p. 24: 35-49, 1979. 

CANDEIAS, N. M. F., Ensino da saúde: interesses na área de saúde de

escolares adolescentes. Cadernos de Pesquisa, p. 50: 40-52, 1984.

F.A. ABBATT. Como ensinar para aprender melhor OMS, 1980.

FERRAROTI, N. G., Educación para la salud en la adolescencia. Relato de una

experiencia. Boletin de la Oficina Sanitaria Panamericana, p. 97: 240-250,1984.

FRANCO, M. L. P. B., O livro didático de história do Brasil: algumas questões.

Cadernos de Pesquisa, p. 41: 22-27, 1982.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia para o Controle da Hanseníase – Cadernos de

Atenção Básica nº10 Serie A. Normas e Manuais Técnicos; nº111 – Brasília, DF-

2002.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Fundação Nacional de Saúde. Coordenação Nacional de

Dermatologia Sanitária. Hanseníase Atividades de controle. Brasília,1997.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Divisão Nacional de Educação em Saúde Diretrizes,

1989.

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MOURA, E. C., Ensino da saúde no currículo de lo grau — subtema nutrição.

Ciência e Cultura, p. 42: 283-287, 1990.

PONDÉ, G.; ALVES, N. & ROLLIN, W., O livro didático na área de comunicação e

expressão: algumas idéias. Leitura: Teoria e Prática, p. 3: 26-32, 1984. 

SANTOS, M. G. S.; MASSARA, C. L. & MORAIS, G. S., Conhecimentos sobre

helmintoses intestinais de crianças de uma escola de Minas Gerais. Ciência e

Cultura, p. 42: 188-194,1990.

SCHALL, V. T.; BUROCHOVITCH, E.; FÉLIXSOUZA, I. C.; VASCONCELOS, M. C.

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VARGAS, C. D.; MINTZ, V. & MEYER, M. A. A., 1988. O corpo humano no livro

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Revista, p. 8: 12-181988.

FONTE

Parâmetros Curriculares Nacionais em Ação - 1ª a 4ª séries

http://www.mec.gov.br/sef/estrut2/pcn/pcn1a4.asp . acessado em 30/03/2009 .

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ANEXO A. CORRESPONDÊNCIA PARA ACOMPANHAR O

QUESTIONÁRIO

Parnaíba, 06 de março de 2008.

Caro Professor,

Estou realizando uma pesquisa para fundamentação de meu artigo da

Pós-Graduação em Docência do Ensino Superior da Universidade Federal do Piauí-

UFPI. O objetivo primordial é identificar a representação que as instituições

educacionais estaduais de ensino fundamental do 5° ano em Parnaíba fazem no que

se refere aos conhecimentos sobre Hanseníase; mostrando-lhes a capacidade que a

educação em salas de aula tem de disseminar o conhecimento e a prevenção sobre

a Hanseníase.

Considerando que o alvo desta pesquisa é o corpo docente do ensino

infantil das escolas de regime regular da cidade de Parnaíba estou remetendo uma

cópia do questionário. Enfatizo que os dados obtidos com a aplicação do

instrumento anexo serão objetos de tratamento em conjunto, logo, será

desnecessário a identidade do respondente e o nome de sua respectiva instituição.

Tendo em vista as limitações do cronograma de trabalho, solicito que a

devolução do questionário preenchido não ultrapasse o dia 10 de março de 2009.

Agradeço antecipadamente a colaboração de todos os respondentes,

colocando à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários.

Atenciosamente,

MARIA DO SOCORRO LINS BRASILIENSE

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ANEXO B. QUESTIONÁRIO AO PROFESSOR

01 – Você professor sabe o que é ou já ouviu falar em Hanseníase;

a) Não sabe o que é Hanseníase, mas já ouviu falar

b) Nunca ouviu falar em Hanseníase

c) Não há necessidade de o professor saber, pois não é médico

d) Sabe que é uma doença que se manifesta na pele

02- Você acha importante abordar em sala de aula temas de saúde;

a) Não, pois são formados na área da educação e não na da saúde.

b) Não, pois já tem muitos conteúdos a abordar em sala de aula

c) Sim, porém não se tem tempo para encaixar esses temas além dos que estão nos

Temas Transversais contidos nos Parâmetros curriculares nacionais - PCNs.

d) Sim, pois a saúde não se pode separar de educação, embora a escola não

possua estrutura nem conhecimento sobre determinados temas.

03- Vocês professores já abordaram algum tema relacionado à saúde para

seus alunos;

a) Não, pois o planejamento aborda alguns assuntos de saúde mais é bem adiante.

b) Sim de acordo com a necessidade do aluno.

c) Não, pois não tiveram tempo.

d) Sim, higiene que contem nos Temas Transversais, mas nada relacionado a

Hanseníase.

04- Algum aluno de sua escola já teve ou tem Hanseníase;

a) Não houve nenhum caso

b) Desconhece o fato

c) Não sabe identificar a Hanseníase, mas já percebeu algumas manchas que

acredita ser micose.

d) Nunca observou, pois se atém a transmitir o conteúdo.

05- Qual o maior problema enfrentado pela escola com relação à saúde de

seus alunos;

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a) Piolho e falta de higiene dos alunos.

b) Gripes constantes.

c) Micoses e outras manchas na pele

d) Anemia ocasionada pela má alimentação.