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Como já foi sugerido na introdução, o conceito de trabalho precisava se despir de seu caráter aviltante e degradador característico de uma sociedade escravista, assumindo uma roupagem nova que lhe desse um valor positivo, tornando-se então o elemento fundamental para a implantação de uma ordem burguesa no Brasil. P.65 Na mesma época em que o projeto sobre a ociosidade tramitava na Câmara, um grupo de deputados, liderado por Lacerda Werneck e se identificando claramente com os interesses das "classes dos lavradores", dirigia uma interpelação ao ministro da Justiça que visava exigir medidas do governo para garantir a defesa da propriedade e da segurança individual dos cidadãos, já que estas, de acordo com os interpelantes, estavam seriamente ameaçadas pelas "ordas" de libertos que supostamente vagavam pelas estradas "a furtar e rapinar". p. 66.67 A lei de 13 de maio era percebida como uma ameaça a ordem porque nivelava todas as classes de um dia para o outro, provocando um deslocamento de profissionais e de hábitos de consequências imprevisíveis. P.67 Como paliativo imediato para o problema, sugeria-se que os libertos fossem recrutados em massa para o exército. P.67 Os libertos eram em geral pensados como indivíduos que estavam despreparados para a vida em sociedade. P.67e 68 A escravidão não havia dado a esses homens nenhuma noção de justiça, de respeito a propriedade, de liberdade. A liberdade do cativeiro não significava para o liberto a responsabilidade pelos seus atos, e sim a possibilidade de se tornar ocioso, furtar, roubar etc. Os libertos traziam em si os vícios de seu estado anterior, não tinham a ambição de fazer o bem e de obter um trabalho honesto e não eram "civilizados" o suficiente para se tornarem cidadãos plenos em poucos meses. Era necessário, portanto, evitar que os libertos comprometessem a ordem, e para isso havia de se reprimir os seus vicios.p.68

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Como já foi sugerido na introdução, o conceito de trabalho precisava se despir de seu caráter aviltante e degradador característico de uma sociedade escravista, assumindo uma roupagem nova que lhe desse um valor positivo, tornando-se então o elemento fundamental para a implantação de uma ordem burguesa no Brasil. P.65

Na mesma época em que o projeto sobre a ociosidade tramitava na Câmara, um grupo de deputados, liderado por Lacerda Werneck e se identificando claramente com os interesses das "classes dos lavradores", dirigia uma interpelação ao ministro da Justiça que visava exigir medidas do governo para garantir a defesa da propriedade e da segurança individual dos cidadãos, já que estas, de acordo com os interpelantes, estavam seriamente ameaçadas pelas "ordas" de libertos que supostamente vagavam pelas estradas "a furtar e rapinar". p. 66.67

A lei de 13 de maio era percebida como uma ameaça a ordem porque nivelava todas as classes de um dia para o outro, provocando um deslocamento de profissionais e de hábitos de consequências imprevisíveis. P.67

Como paliativo imediato para o problema, sugeria-se que os libertos fossem recrutados em massa para o exército. P.67

Os libertos eram em geral pensados como indivíduos que estavam despreparados para a vida em sociedade. P.67e 68

A escravidão não havia dado a esses homens nenhuma noção de justiça, de respeito a propriedade, de liberdade. A liberdade do cativeiro não significava para o liberto a responsabilidade pelos seus atos, e sim a possibilidade de se tornar ocioso, furtar, roubar etc. Os libertos traziam em si os vícios de seu estado anterior, não tinham a ambição de fazer o bem e de obter um trabalho honesto e não eram "civilizados" o suficiente para se tornarem cidadãos plenos em poucos meses. Era necessário, portanto, evitar que os libertos comprometessem a ordem, e para isso havia de se reprimir os seus vicios.p.68

Educar libertos significava criar o habito do trabalho através da repressão, da obrigatoriedade. P.68

A lei não pode transformar o que está na natureza, deve reprimir. p.68

Lei produzira os desejados efeitos compelindo-se a população ociosa ao trabalho honesto, minerando-se o efeito desastroso que fatalmente se prevê como consequência da libertação de uma massa enorme de escravos, atirada no meio da sociedade civilizada, escravos sem estímulos para o bem, sem educação, sem os sentimentos nobres. p.68

Educar é incutir no indivíduo as qualidades de um cidadão útil: o amor e o respeito religioso à propriedade. P.69

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Para o liberto ser cidadão quer dizer amar o trabalho, já que ele não terá propriedade. P.69

O trabalho é o elemento característico da vida "civilizada". P.69

Como pensar no trabalho como algo positivo, nobilitador, em uma sociedade que foi escravista durante mais de três séculos? p.69

Necessidade de uma justificativa ideológica para o trabalho p.70

1ª) O cidadão recebe tudo da sociedade, pois esta lhe garante a segurança, os direitos individuais, a liberdade, a honra etc. O cidadão, portanto, esta permanentemente endividado com a sociedade e deve retribuir o que dela recebe com o seu trabalho. P.70

Fala de um deputado: desde que o individuo respira, como que contrai uma divida com a sociedade, a qual só pagará com o trabalho. p.70

2ª) Outro ponto fundamental é a relação que se estabelece entre trabalho e moralidade: quanto mais dedicação e abnegação o individuo tiver em seu trabalho, maiores serão os seus atributos morais. P.70

Intenção de moralizar o individuo pelo trabalho. P.71

Dentro deste espírito, o projeto prevê que os ociosos serão conduzidos a colônias de trabalho, com preferencia para atividades agrícolas, onde serão internados com o objetivo de adquirir o habito do trabalho. P.71

Severidade das penas, portanto, explica-se pelo seu caráter educativo, de regeneração moral do condenado. (penas longas em colônias agrícolas) p.71 Abandonam o Código Criminal e fazem suas próprias penalidades. p71

Ganham um pecúlio ao sair da prisão: o objetivo aqui era também educacional, pois visava formar no individuo a ambição de possuir alguma coisa através de uma atividade honrada. P.72

O paternalismo é o elemento fundamental neste contexto: a autoridade do patrão enfatizada e considerada essencial para que o trabalhador se veja obrigado a desempenhar suas tarefas com a eficiência exigida, mas os possíveis excessos na autoridade patronal são dissimulados sob a forma de proteção, da orientação que o bom patrão devia a seus trabalhadores passivose abnegados. p.73

O patrão tem ação incontestável sobre o trabalhador. P.73

Se alguma vez esse indivíduo sai das órbitas legais e pratica alguma falta ou delito ligeiro, que não precisa ser punido pela lei, o próprio patrão, em virtude do regulamento que ali existe, e que estabelece direitos e deveres entre

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locatário e locador, lhe inflige castigos moderados como aqueles que infligem os pais aos filhos. P. 73 PODER DE CASTIGAR

ELABORAÇÃO DO CONCEITO DE VADIAGEM. P.73

Ocioso é aquele individuo que, negando-se a pagar sua dívida para com a comunidade por meio do trabalho honesto, coloca-se a margem da sociedade e nada produz para promover o bem comum. P.73 e74

Teoria de que no Brasil o trabalho não era uma necessidade para a sobrevivência, já que havia facilidade de se alimentar (...) p.74

Ociosidade deve ser combatida não só porque negando-se ao trabalho o individuo deixa de pagar sua dívida para com a sociedade, mas também porque o ocioso é um pervertido, um viciado que representa uma ameaça a moral e aos bons costumes. P.74

Um indivíduo ocioso é um individuo sem educação moral, pois não tem noção de responsabilidade, não tem interesse em produzir o bem comum nem possui respeito pela propriedade. P.74 e75

A ociosidade é um estado de depravação de costumes que acaba levando o indivíduo a cometer verdadeiros crimes contra a propriedade e a segurança individual. Em outras palavras, a vadiagem é um ato preparatório do crime, daí a necessidade de sua repressão. P.75

Se um indivíduo é ocioso, mas tem meios de garantir sua sobrevivência, ele não é obviamente perigoso a ordem social. Só a união da vadiagem com a indigência afeta o senso moral, deturpando o homem e engendrando o crime. P.75

Má ociosidade e boa ociosidade. P.75

“Classes perigosas” no Brasil significava “classe pobres”. Pobreza = perigo. p.76

Pobreza: vício e ociosidade. P.76

Como mostra Jose de Souza Martins, as classes dominantes pensavam que o imigrante deveria ser "morigerado, sóbrio e laborioso", isto é, ao cultivar as principais virtudes consagradas na ética capitalista, o imigrante deveria servir de exemplo ao trabalhador nacional. P.77 Penas rigorosas pra eles.

Boa imagem do imigrante apenas com relação ao café: italianos. P.77

O universo ideológico das classes dominantes brasileiras na agonia do Segundo Reinado e, depois, durante a República Velha parece estar dividido em dois mundos que se definem por sua oposição um ao outro: de um lado, ha o mundo do trabalho; de outro, ha o da ociosidade e do crime. No discurso dominante, o mundo da ociosidade e do crime está a margem da sociedade

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civil — isto é, trata-se de um mundo marginal, que é concebido como imagem invertida do mundo virtuoso da moral, do trabalho e da ordem.Este mundo as avessas — amoral, vadio e caótico — é percebido como uma aberração, devendo ser reprimido e controlado para que não comprometa a ordem. Portanto, um discurso ideológico dualista e profundamente maniqueísta — baseado na tradição cristã ocidental de procurar distinguir sempre o bem do mal, o certo do errado etc. — parece ser a característica fundamental da visão de mundo das classes dominantes brasileiras no período estudado. P.78

Hierarquização da estrutura social: No nível mais elevado da hierarquia social nós temos os proprietários — patnies seguidos de forma um unto distante pelosbons trabalhadores. No nível inferior, nós temos o mundo dos ociosos. Neste mundo, existe um certo grau de depravação moral e uma tendência a desordem, pois estes indivíduos não respeitam a lei suprema da sociedade — o trabalho. Finalmente, temos o mundo do crime, que e formado pelos indivíduos de maus instintos, miseráveis e infensos aos ditames da ordem. P.79

Em outras palavras, o sistema se caracteriza por uma linha contínua que une o mais moral ao menos moral no universo ideológico, e o mais rico ao mais pobre na estrutura social. Neste sentido, não há um dualismo, uma oposição entre dois mundos diferentes, isto é, não há um mundo do trabalho e outro da ociosidade e do crime — há, na verdade, apenas um mundo, coerente e integrado na sua dimensão ideológica. Não faz sentido, então, pensar o ocioso e o criminoso como indivíduos que vivem a margem do sistema, marginais em relação a um suposto mundo da ordem. Cabe pensar a ociosidade e o crime como elementos constituintes da ordem e, mesmo, como elementos fundamentais para a reprodução de um determinado tipo de sociedade. p.79

A hipótese que se quer lançar aqui é a de que a existência da ociosidade e do crime tem uma utilidade óbvia quando interpretada do ponto de vista da racionalidade do sistema: ela justifica os mecanismos de controle e sujeição dos grupos sociais mais pobres. Crime e ociosidade são necessários pra justificar o controle sobre os pobres, e não são apenas consequências indesejáveis da deficiência sistema. P.80

Mais do que isto, já que ideologicamente quase se equivalem os conceitos de pobreza, ociosidade e criminalidade — são todos atributos das chamadas "classes perigosas" então a decantada "preguiça" do brasileiro, a "promiscuidade sexual" das classes populares, os seus Latos haters" de violência etc. parecem ser, antes que dados inquestionáveis da "realidade", construções ou interpretações das classes dominantes sobre a experiência na condição de vida experimentadas pelos populares.. p.80

Conceitos criados sobre a pobreza pra justificar a dominação: promiscuidade, violência, preguiça. P.80

Imigrantes chegando nos lugares onde já tinham ex-escravos vivendo suas 1ªs experiências como trabalhadores livres. p.80

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Marginalização ocupacional dos não-brancos ocorrendo em parte devido a presença dos imigrantes europeus. P.81

Os imigrantes ocupavam os setores de emprego mais dinâmicos. p.81

Sistema de castas de Florestan Fernandes: supunha que os escravos estavam num estado de "anomia social". P. 82

Segundo Florestan: Os negros e mulatos encontravam-se despreparados para o papel de trabalhadores livres. A população de cor não tinha nem o treinamento técnico, nem a mentalidade e disciplina do trabalhador livre, ficando, assim, excluída das oportunidades econômicas e sociais oferecidaspela ordem social competitiva emergente. P.82 Os negros não tinham condições ou não deram condições pra eles?A escravidão havia ainda destituído os negros de toda vida familiar e dificultado a criação de formas de cooperação e assistência mutua baseadas na família. (Livro: na senzala uma flor desmistifica essa ideia)

Herança do escravismo teria sido o principal fator responsável pelo isolamento e subordinação social dos negros e mulatos no período pós-Abolição. P.83

A visão que Fernandes passa do liberto — como despreparado para o trabalho livre, destituído de vida familiar etc. — é perigosamente próxima daquela veiculada pela classe dominante brasileira no momento crucial da transição do trabalho escravo para o trabalho livre. p. 83

A concepção do liberto que parecia caracterizar a visão de mundo da classe dominante brasileira no fim do século XIX era, em grande parte, uma construção ideológica que visava atender as necessidades desta classe de controlar e disciplinar a forca de trabalho num momento crucial da transição para uma ordem capitalista no pais, especialmente no Sudeste. P.83

Nova historiografia (Katia Mattoso e Robert Slenes) diz: apesar de toda a repressão e violência inerentes a condição de "ser escravo no Brasil", os negros escravos foram capazes de manter, adaptar ou reconstruir padrões culturais, relações de família e laços de solidariedade e ajuda mutua entre. eles". p. 83 e 84

Pesquisas mais recentes, baseadas em sada e extensa pesquisa empírica, oferecem-nos dados que .abalam fortemente a tentativa de explicar a condição do negro brasileiro no período pós-Abolição pela via de sua suposta patologia,herança do período escravista. p.84

Deixar de encarar a cultura como uma entidade acabada e de procurar enfatizar o caráter multifacetado, dinâmico e até ambíguo da vida cultural. p.85

Para G. Velho, o desviante é um individuo que faz uma leitura diferente de um código sociocultural, isto é, ele não está fora de sua cultura, mas faz dela uma leitura divergente. daquela dos indivíduos ditos "ajustados". P.85

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Para Becker, não existem desviantes em si mesmos, mas apenas uma relação entre atores (indivíduos, grupos) que acusam outros atores de transgredir limites e valores de uma determinada situação sociocultural.. p.86

Neste sentido, abandona-se a definição de desvio a partir de um modelo rígido de cultura, capaz de prever a existência de um suposto comportamento "médio" ou "normal" dentro de um sistema social; ao contrario, o desvio passa a ser a consequência da aplicação por outrem de regras e sanções, ou seja, o desvio passa a ser um problema politico, e não uma qualidade inerente ao ato da pessoa. P.86

O conceito de "politica do cotidiano" desenvolvido por Velho é bastante útil na medida em que nos chama a atenção para o fato de que os processos criminais de homicídio que analisamos devem ser vistos como a expressão de tensões e conflitos entre grupos ou indivíduos, permitindo assim que nos livremos um pouco do conceito de "comportamento desviante", que é, em larga medida — e especialmente ainda quando a fonte analisada são processos criminais uma construção dos mais poderosos para justificar seu jugo sobre aqueles que lhes são antagônicos. P.87

Quem define o que é comportamento desviante?

Comportamento desviante: tensões entre os grupos

Era uma prática bastante comum das autoridades policiais e judiciárias da época interrogar as testemunhas de um determinado conflito sobre os antecedentes dos envolvidos. Perguntava-se ao interrogado, por exemplo, se o acusado era "morigerado e trabalhador" ou "desordeiro e vadio". É uma constatação óbvia, mas não por isso irrelevante, a de que este vocabulário dos agentes jurídicos em seu interrogatório revela que uma das funções essenciais do aparato policial e judiciário era o reforço dos valores fundamentais da ética de trabalho capitalista. P.87

Assim, sabemos que o processo histórico por que passou a cidade do Rio de Janeiro na Primeira República apresentou um traço continuísta fundamental em relação aos tempos coloniais e imperiais: a continuação da subcirelinacao social dos brasileiros de cor, ou seja, o negro passou de escravo a trabalhador livre, sem mudar, contudo, sua posição relativa na estrutura social. p88

Tensões provenientes da competição pela sobrevivência na cidade do Rio de Janeiro da Primeira República: os brasileiros de cor foram, ou continuaram a ser, os grandes perdedores. P.89Primeiramente, ha o fato óbvio de que havia uma clara predisposição por parte dos membros das classes dominantes em pensar o negro como um mau trabalhador e em reconhecer no imigrante um agente capaz de acelerar a transição para a ordem capitalista. Em termos práticos, isso significava que os indivíduos que tinham o poder de gerar empregos tendiam a exercer práticas discriminatórias contra os brasileiros de cor quando da contratação de seus empregados.

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O forte preconceito contra o negro se combinava na época com a obsessão das elites em promover o "progresso" do país. Uma das formas de promover este "progresso" era tentar "branquear" a população nacional. A tese do branqueamento tinha como suporte básico a ideia da superioridade da raça branca e postulava que com a miscigenação constante a raça negra acabaria por desaparecer do país, melhorando assim a nossa "raça" e eliminando um dos principais entraves ao progresso nacional — a presença de um grande contingente de população de cor, pessoas pertencentes a uma raça degenerada. P113

Existia ainda, no caso da cidade do Rio de Janeiro, um outro fator de complicação para o negro: além do branco, era grande a probabilidade de ele ter de se defrontar com um empregador estrangeiro, na maioria das vezes português. Com efeito, os portugueses dominavam grande parte da atividade comercial e de serviços da cidade e mostravam uma acentuada preferencia por seus patrícios quando da contratação de empregados". P.114

O patrão era uma espécie de "juiz doméstico" que procurava guiar e aconselhar o trabalhador, que, em troca, devia realizar suas tarefas com dedicação e respeitar seu patrão". P.115

Esta imagem ideal da relação patrão–empregado tem um objetivo óbvio de controle social, procurando esvaziar o potencial de conflito inerente a uma relação baseada fundamentalmente na desigualdade entre os indivíduos que dela participam. P.115

A semelhança essencial que, tanto nos pequenos empreendimentos rurais quanto nos urbanos, a atitude paternalista dos patrões tem o claro sentido de possibilitar o aumento da exploração da forca de trabalho.p.120