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Grande treinamento de envalização.
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EVANGELIZAO Conceitos Fundamentais para Levar o Evangelho Nessa apostila voc ir encontrar os fundamentos bblicos da evangelizao, posturas esperadas do cristo e sugestes prticas para implementar seu ministrio de alcanar pessoas com o Evangelho da Verdade
2010
Ministrio Pesca Igreja Batista Cidade Universitria
24/04/2010
3 PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
Treinamento do Pesca
PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
1. Breve Teologia da Evangelizao Quando evangelizamos algum, todos ns cristos carregamos conosco alguns pressupostos teolgicos que
norteiam o contedo da nossa mensagem, ainda que no tenhamos parado para analisar. Pressupostos estes que
influenciam na forma em que proclamamos e nas expectativas que alimentamos com relao ao que proclamado.
Dentre estes pressupostos, alguns so mais evidentes que outros, vejamos a seguir alguns deles.
A. A inspirao e inerrncia das Escrituras: Compreendemos a inspirao como sendo a influncia sobrenatural
do Esprito Santo sobre os homens separados por Ele mesmo, a fim de registrarem de forma inerrante e
suficiente toda a vontade revelada de Deus, constituindo este registro na nica fonte e norma de todo o
conhecimento cristo (2 Tm 3.16; 2 Pe 1.20-21) .Infelizmente muitos problemas tm surgido pelo fato de
pessoas proclamarem o evangelho com um conceito deturpado no que diz respeito s Escrituras e Sua
autoridade. Estas deturpaes tm dado margem ao surgimento de muitas heresias e seitas, que tm feito
com que o cristianismo parea uma grande farsa, ou simplesmente conceitos e princpios sem fundamentos
uma vez que a sociedade no faz muita distino dentro do cristianismo, consideram tudo e todos como
evanglicos.
No momento em que uma pessoa evangelizada, fala-se para ela da salvao eterna oferecida por Jesus
Cristo conforme as Escrituras, fala-se do amor demonstrado por Jesus na Cruz conforme as Escrituras, fala-se
tambm do alvo de todo regenerado durante a sua vida. A partir do momento em que no se acredita na
inspirao das Escrituras, nem mesmo em sua inerrncia, conseqentemente a mensagem anunciada torna-
se sem valor, sem fundamento, pois est baseada em fonte no confivel. Como pregaremos a Palavra se
no confiamos no sentido exato do que estar sendo anunciado? Como evangelizaremos se no temos a
certeza de que o que falamos procede de fato de Deus, ou se meramente uma falcia dos homens?
O apstolo Paulo mostra a sua convico de que as Escrituras so de fato a Palavra de Deus e digna de toda
aceitao (1 Tm 2.12; 4.9). A sua vida e mensagem estavam baseadas nas Escrituras. Note que em Romanos
1.16, Paulo diz que o evangelho o poder de Deus para a salvao do pecador, este o evangelho pregado
pela Igreja, um evangelho que proclama a Palavra que transforma e no simplesmente opinies dos homens
a respeito da Palavra. A Igreja por si s no produz vida, todavia ela recebeu a vida em Cristo (Joo 10.10),
atravs da Sua Palavra vivificadora; desse modo, ela ensina a Palavra, para que pelo Esprito de Cristo, que
atua mediante as Escrituras, os homens creiam e recebam vida abundante e eterna. Se proclamamos para
as pessoas o contedo das Escrituras como a mais pura verdade, como uma mensagem que pode mudar
vidas, uma mensagem sempre atual, porque de fato cremos que a Palavra viva e eficaz,
transformadora, e cremos que ela inspirada por Deus. Logo, no contm erros porque o nosso Deus
perfeito e nEle no h falhas.
B. A Universalidade do Pecado: Ao falarmos para algum das Boas Novas, no samos a procurar onde esto os
pecadores e nem mesmo a perguntar quem pecador para que possa ouvir o que temos a dizer. Ao nos
dirigirmos aos homens apresentando o plano de salvao de Deus para a humanidade, partimos do
pressuposto de que todo homem pecador, est debaixo da condenao e necessita da glria de Deus (Rm.
3.23). Uma das conseqncias mais bvias do pecado a morte. Essa verdade destacada na declarao em
que Deus probe Ado e Eva de comer do fruto da rvore do conhecimento do bem e do mal: porque, no dia
em que dela comeres, certamente morrers (Gn 2.17). A Palavra de Deus bem clara quando nos diz que
4 PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
no h um justo se quer, no h quem busque a Deus (Rm 3.10-11). Desde a queda, o homem encontra-se
sob o domnio do pecado, que corrompeu o seu intelecto, vontade e sua faculdade moral. A raa humana
encontra-se morta espiritualmente, escrava do pecado (Gn 6.5; Is 59.2; Jo 8.34,43,44, Ef 2.1,5) e no h nada
que ela possa fazer para restaurar a comunho que fora quebrada (Rm 3.19-20). Partindo deste pressuposto,
temos em mente que devemos anunciar as Boas Novas a todo homem, cientes de que todos esto perdidos
e todos necessitam da graa, do perdo, da salvao que s vem por meio de Cristo Jesus.
C. A Suficincia e eficcia da obra de Cristo: O apstolo Paulo falando aos Corntios, lembra-lhes do evangelho
que lhes fora pregado por ele, por meio do qual muitos foram salvos. Paulo diz que a mensagem consistia
em que Jesus Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras relatam, foi sepultado e ressuscitou
ao terceiro dia, e ainda apareceu a vrias pessoas (1 Co 15.1-8). Paulo est afirmando que a obra de Jesus
Cristo na cruz d sentido genuno mensagem pregada pela Igreja, que se tudo fosse uma inveno humana,
ou se o que Ele fez na cruz no foi o suficiente para a salvao do pecador, a nossa f v, a nossa
mensagem consiste em mentira, em enganao (1 Co 15.14). Jesus Cristo, nosso mediador, cumpriu de
forma cabal e vicria as demandas da Lei em favor do Seu povo. Se a obra de Cristo no fosse plenamente
satisfeita, no haveria bno alguma a ser aplicada (Joo 17.4; 19.30; Hb 9.23-28; 1 Pe 3.18). Jesus Cristo
veio para obter a salvao definitiva para o Seu povo (Mt 1.21; Jo 3.16; 2 Co 5.21), Ele mesmo afirma que d
a vida eterna, e aqueles a quem Ele a d, jamais a perdero (Jo 10.27-28). Graas eficcia da obra de Cristo
na cruz, o homem tem paz com Deus, torna-se amigo de Deus (Cl 1.21-22), torna-se filho de Deus (Jo 1.12),
mediante f em Cristo Jesus como seu nico e suficiente salvador. amparada nesta certeza que a igreja
evangeliza.
D. A Responsabilidade Humana: O ser humano foi criado por Deus como um ser pessoal que tem conscincia e
determinao prpria. Diferentemente de todo e qualquer animal, o homem faz a distino entre o eu, o
mundo e Deus. O homem foi criado com capacidade de se relacionar com Deus (Gn 3.8-14; Jr 29.13; Mt
11.28-30) e com o seus semelhantes, podendo compreender racionalmente a vontade de Deus, fazer-se
entender e avaliar todas as coisas (Gn 1.28-30; 2.18-19). Deus no tinha como propsito criar robs que ao
toque de algum dos comandos responderia sem qualquer sinal de raciocnio e, pior ainda, uma criao
impessoal, que no tenha capacidade de se relacionar. Com certeza o homem no perfeito como o Seu
criador e mesmo que o pecado tenha comprometido de forma gravssima todas as suas faculdades originais,
ele no deixou de ser a imagem e semelhana de Deus. As Escrituras apresentam o evangelho como uma
mensagem que deve ser anunciada a todos os homens, a fim de que eles possam entend-la e crer nela. A f
um dom de Deus (Ef 2.8). Todavia, a proclamao compete a ns; uma responsabilidade inalienvel e
essencial da Igreja. Por certo, no compreendemos exaustivamente a relao entre a soberania de Deus e a
responsabilidade humana; contudo, a Bblia ensina estas duas verdades: Deus soberano e o homem
responsvel diante de Deus por suas decises (Rm 1.18-2.16). Em nosso testemunho, cabe a ns
anunciarmos o evangelho de forma inteligvel, pois estaremos dirigindo-nos a seres racionais a fim de que
entendam a mensagem e creiam; por isso, ao mesmo tempo que sabemos que Deus quem converte o
pecador, devemos usar todos os recursos que temos disposio para atingir aos homens perdidos; desde
que estes recursos no contrariem a Palavra de Deus. A nossa proclamao deve ser apaixonada, no sentido
de que queremos alertar os homens para a realidade do evangelho, persuadindo-os pelo Esprito, a se
arrependerem de seus pecados e a se voltarem para Deus ( Rm 11:13-14; 1 Co 9.19-22).
5 PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
2. A Evangelizao Origina em Deus Deus tem um propsito que foi expresso por todos os tempos. Em Salmo 57.5,11; 72.19; 102.15, notamos a
presena de uma orao, onde a expectativa do salmista : que a glria do Senhor encha a terra. Os salmos so
expresses de louvor, de adorao e de exaltao. As oraes dos salmistas eram baseadas em revelaes. Tendo
isso em mente, no podemos cometer o erro de interpretar os Salmos sem o contexto teolgico do Antigo
Testamento.
Os profetas tinham a certeza de que a Glria do Senhor encheria a terra (Hc2.14; 3.3; Is 2.12-21), e na condio de
profetas eles esto falando de algo que com certeza acontecer. Note que o homem do Pentateuco j ouvira que a
glria do Senhor encheria toda a terra, pois em Nmeros 14.20 encontra-se uma afirmao onde Deus diz que to
certo quanto Ele existe a Sua glria encher a terra. Atentando para o Autor desta afirmao, no nos restam
dvidas de que algo real, uma promessa que se cumprir.
A. Criao e Redeno: Para algumas pessoas a queda do ser humano, a entrada do pecado na Criao de
alguma forma frustrou os planos de Deus para sua criao. Depois de todo trabalho exercido em benefcio
de suas Criaturas, o pecado insurge como uma barreira ao propsito de Deus. como se essas pessoas
dissessem: Deus, como mal planejador que , no foi capaz de inibir a entrada do pecado. Em uma nica
colocao ignoram a oniscincia e onipotncia de Deus.
a. Conceito: De fato, as escrituras no nos ensinam assim. Alis, digno de nota que algumas
declaraes bblicas nos levam a compreender que quando Deus se props a criar ele se props a
redimir. Uma dessas ocasies quando Joo diz que a morte de Cristo era conhecida desde a
fundao do mundo: E adora-la-o todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes no
esto escritos no livro do Cordeiro que foi morto desde a fundao do mundo (Ap.13.8). A
expresso grega ap kataboles kosmou sugere que, desde que h mundo, o Cordeiro est morto.
possvel que algumas pessoas tomem isso de modo equivocado, e por isso necessrio que se
compreenda aqui que, a morte de Cristo aconteceu como Decreto Divino na fundao do mundo, e
no como ato. quele que tem o tempo como indivisvel em presente contnuo, seus decretos so
enunciados antes de serem executados. Essa percepo claramente observada nas seguintes
palavras de Pedro: mas com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o
sangue de Cristo, o qual, na verdade, foi conhecido ainda antes da fundao do mundo, mas
manifesto no fim dos tempos por amor de vs (1P2.1.19-20). A morte de Cristo, como Decreto, j
estava determinada desde a eternidade passada, contudo foi manifesta no tempo em uma ocasio
oportuna: plenitude dos tempos.
b. Antigo Testamento: Essa relao entre Criao e Redeno tambm foi exposta no Antigo
Testamento. Em Isaas vemos a convico de que Deus o Deus Criador era poderoso para Remir Seu
povo (Is.51.9-10), sua criao tambm produz confiana em sua Palavra (40.27). Esse Deus Criador
do Universo tambm o Deus Criador de Isarael (Is.43.1, 7, 15; 44.2, 21). Do mesmo modo que que
Criou a Israel, Ele escolheu e redimiu a Seu Povo (Is.44.1ss). Nos saltrio encontramos diversas
ocasies em que o autor fala sobre a redeno do povo com fundamentao no Poder de Deus na
Criao (Sl.89; cf. 33, 104, 8, 24, 19, 98). No Salmo 74 vemos Deus como Aquele que opera feitos
salvadores (v.2-3, 12) e ento apresenta um breve relato da Criao (v.12-17).
c. Novo Testamento: O NT claro em apresentar a relao entre a Criao e a Redeno de trs pontos
de vista: a morte de Cristo como um decreto eterno de Deus, a aplicao eficiente da Morte e Cristo
e o recebimento de tal bem-aventurana.
6 PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
i. Morte de Cristo: a morte de Cristo como um decreto eterno de Deus e sobre isso no h
qualquer dvida: Porque, na verdade, o Filho do homem vai segundo o que esta
determinado; mas ai daquele homem por quem trado! (Lc.22.22); Vares israelitas,
escutai estas palavras: A Jesus, o nazareno, varo aprovado por Deus entre vs com
milagres, prodgios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vs, como vs mesmos bem
sabeis; a este, que foi entregue pelo determinado conselho e prescincia de Deus, vs
matastes, crucificando-o pelas mos de inquos (At.2.22-23). Ou seja, mesmo antes de
existir o Universo, o Plano Redentor j estava estabelecido, por Soberana Graa do Criador.
ii. Eleio: Mas, importante demonstrar que tal Decreto no inclui apenas a Cristo como
Redentor, mas tambm a aplicao eficiente de Sua Morte para os eleitos de Deus, pois da
mesma forma que Cristo apresentado como morto antes da fundao do mundo, os
cristos so apresentados pelas escrituras como eleitos antes da fundao do mundo: como
tambm nos elegeu nele antes da fundao do mundo, para sermos santos e irrepreensveis
diante dele (Ef.1.4).
iii. Salvao: Diante do todo das escrituras, temos conscincia que a Eleio para salvao:
porque Deus no nos destinou para a ira, mas para alcanarmos a salvao por nosso
Senhor Jesus Cristo (1Ts.5.9); Mas ns devemos sempre dar graas a Deus por vs, irmos,
amados do Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princpio para a santificao do
esprito e a f na verdade, e para isso vos chamou pelo nosso evangelho, para alcanardes
a glria de nosso Senhor Jesus Cristo (2Ts.2.13). Assim, temos por convico que o Deus
Criador o Deus que oferece o meio pelo qual o homem pode chegar a salvao, e, Ele
mesmo quem garante que esse objetivo seja alcanado por sua Graa Soberana e
Monrgica.
d. Concluso: Assim, diante de tal informao das escrituras, podemos compreender que, quando Deus
se props a criar Ele se props a Redimir. Portanto, Criar e Redimir so duas facetas de uma mesma
Obra de Deus e sua auto-revelao assim nos ensina.
B. Queda e Redeno: Ao sentenciar sua criao pela entrada do pecado no mundo Deus tambm apresentar a
idia de um Descendente que findaria o exerccio malvolo do inimigo, um dos responsveis pelo pecado.
(Gn.3.15), que determina a Encarnao do Verbo, pois este seria o descendente da mulher, que sofreria,
mas venceria Satans. Na morte e ressurreio dO Descendente da mulher, Jesus Cristo, o Diabo
absolutamente vencido, embora o plano de Deus para ele no se tenha encerrado ainda.
C. Dilvio e Redeno: Ao condenao a humanidade em funo de sua grande maldade, Deus salva a No e a
garantia da vitalidade da Promessa feita na Queda. A condenao consistia no dilvio (Gn.6.5.14). A
Salvao foi pela graa de Deus por meio da f na promessa de salvao, para aquele a quem Deus havia
Escolhido, Revelado Seu Carter, Atuado Especialmente e Revelado Seu Plano (Gn.6.9, 14-21). Neste caso, o
meio apropriado foi a construo de um Arca. Nesse relato aprendemos que Deus estabeleceu uma aliana
com No (Gn.6.18), executou o dilvio (Gn.7.6-8.14) e perfez a salvao proposta, neste caso, por meio da
Arca (Gn.8.15-9.1).
D. Abraao e a Redeno: Eleio e separao de progenitor da Nao de Israel como povo pactual (Gn.12.1-3)
incluiu a expanso da promessa feita na queda: Agora trata-se um povo numeroso, com posse de uma terra
extensa. Nesse relacionamento a idia de substituio na morte apresentada (Gn.22.1-18). Nesse caso, a
Salvao foi pela graa por meio da f na promessa de Salvao de Deus, para aquele a quem Deus havia
escolhido (Gn.12.1-3; 15.7), Revelado seu carter (Gn.14.18-20; 15.1, 4-5; 17.1-16, 19-21), Atuado
7 PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
Especialmente (Gn.12.1-3, 7; 13.14; 15.7) e Revelado Seu Plano (Gn.12.7; 13.14-17; 15.12-16, 18-21;
22.22.15-18). importante lembrar que Deus fez de Abrao uma grande nao que, embora tenha nascido
escrava no Egito, foi por Deus conduzida sua terra, por causa de sua promessa feita a Abrao. A histria de
Abrao demonstra com clareza sua ao Milagrosa em Realizar Seus Propsitos por meio de pessoas a quem
Ele escolhe. Tambm demonstra o interesse de alcance universal de Deus, pois em Abrao sero benditas
todas as famlias da terra.
E. Pscoa e a Redeno: Ao Libertar o povo escolhido por Deus da escravido do Egito, por meio do sacrifcio
do cordeiro em substituio ao primognito da famlia, Deus apresenta claramente a idia de substituio
(Ex.12), que prefigura o Sacrifcio de Cristo em substituio ao pecador. Mais uma vez nota-se que Deus em
Sua Soberania exerceu Seu Plano em consonncia com sua Promessa e Palavra e salvou o povo de Deus da
Escravido do Egito, conceito que prefigura a idia da Salvao em Cristo Jesus, que nos livra do imprio das
trevas e nos conduz para um Relacionamento com Deus.
F. Israel e a Redeno: Ao Constituir Israel como a Nao Separada para Deus, Ele mesmo a fez centro das
atividades salvficas de Deus. Por isso Deus estabeleceu os rituais, as promessas, as alianas, a legislao
para que esse povo pudesse ter acesso ao perdo de seus pecados e relacionamento com Deus. A essa
nao o Prprio Deus prometeu e o Messias, que seria um libertador (primeiramente espiritual) que findaria
o domnio da serpente na humanidade. Assim, Israel foi separada por Deus para ser um canal das bnos e
no um depsito e um instrumento no alcance das Naes. Portanto, a Eleio e Separao de Israel como
povo pactual implicou na responsabilidade de servio e misso de testemunho a todas as naes, de modo a
apontar para o grande pice de toda a histria da Salvao: Cristo.
G. Igreja e a Redeno: Atravs da morte de Cristo, todo homem que o confessa como Senhor (Rm.10.9)
inserido na Igreja que Jesus Cristo est a edificar (Mt.16.18). Esse povo, separado por Deus, por Sua Graa,
Misericrdia e Poder, considerado povo de Deus, embora no o fossem (Rm.9.25-26), filhos de Deus,
embora no merecessem (Jo.1.12-13) e instrumentos da Sua Graa, embora incapazes (2Co.5.18-19). Assim,
somos co-operadores com Deus (1Co.3.9) exercendo nosso ministrio com excelncia (1Co.3.10; 9.24-26),
persistncia (1Co.9.16), servio (1Co.9.19), contextualizao (1Co.9.20-22), auto-disciplina (1Co.9.27) sem
cessar (2Tm.4.2) para que, por meio da nossa proclamao, outras pessoas possam se achegar a Deus
(Jo.17.20). Esse processo depende: (1) Da Salvao historicamente oferecida por Deus; (2) Do sacrifcio de
Cristo; (3) Da ao de convencimento do Esprito Santo.
H. Conceito: Portanto, a Evangelizao uma parceria com o Triuno Deus: Enquanto realizamos nosso trabalho
de levar o evangelho, Deus salva aqueles que crem (1Co.1.21). Contudo, deve-se lembrar que quem
mobiliza sua Igreja pregao do Evangelho o prprio Deus, atravs do ministrio do Esprito Santo
(At.13.1-2). A percepo histrica da manifestao do poder de Deus demonstra claramente que Deus o
originador da Misso Evangelstica da Igreja. Ele iniciou esse processo na Criao ao estar disposto a dar-se
por Suas Criaturas mesmo antes de t-las criado, e o mantm hoje por intermdio do exerccio do nosso
ministrio (2Co.5.18-19).
8 PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
3. O Interesse Universal de Deus O Testemunho das Escrituras claro em fornecer a Imagem de um Deus que se interessa pelo o homem e por todos
os homens. O Deus apresentado nas escrituras no tem prazer na morte de ningum (Ez.18.32), nem mesmo do
perverso (Ez.18.23). Por essa razo ele mesmo se Deus em resgate da humanidade (At.20.28), para que o retorno,
converso, a Deus pudesse ser reestabelecido. Esse desejo universal de Deus percebido no AT e NT.
A. Antigo Testamento:
a. Criao: No princpio Deus criou os cus e a terra, e posteriormente o homem. A esse homem deu
capacidades especiais, como o domnio sobre os animais, outras criaturas de Deus. E a esse homem
Deus deixou uma ordem muito interessante, narrada em Gn.1.28: E Deus os abenoou, e lhes disse:
Sede fecundos, multiplicai-vos, ENCHEI A TERRA. Desde o incio do mundo Deus tem o interesse de
que o homem se multiplicasse com o objetivo de ENCHER A TERRA. O interesse de Deus pode ser
comparado ao interesse de um Artista para com Sua obra. Deus ao arquitetar, projetar e construir
essa Maravilhosa Obra de Arte, ele se interessa por toda Ela, por toda sua Criao.
b. Queda: No meio da criao, fez a rvore do Conhecimento do Bem e do Mal. rvore que o homem
era proibido de participar do seu fruto. Mas o homem se fez desobediente a ordem de Deus e
desfrutou daquele fruto, se tornando conhecedor do bem e do mal, sendo Punido pela Justia de
Deus, contudo com a Promessa da Restaurao Amorosa de Deus, descrita em Gn.3.15.
c. Dilvio: Esse homem se multiplica, multiplicando tambm a iniqidade por toda a terra. Vendo Deus
a maldade do homem, mais uma vez intervm em Sua Criao com sua Punio Justa, em destruio
de suas criaturas. Contudo, dentre os homens Deus escolhe a No, homem fiel para que por ele
possa continuar sua Obra de Arte. Interessante notar que a No, aps o dilvio ele recebe a
mesma ordem dada a Ado no princpio: Abenoou Deus a No e a seus filhos, e lhes disse: Sede
fecundos, multiplicai-vos e ENCHEI A TERRA (Gn.9.1). Deus tem o interessante interesse em que o
homem se espalhe sobre a toda superfcie da terra. Pois Ele sabia que assim, o Seu nome se
espalharia pela terra.
d. Babel: Mas, outra vez o homem se mostra desobediente. Eles tm uma brilhante idia. Como todos
ainda falavam a mesma lngua, segundo Gn.11.1, ele resolveram construir uma grande cidade e uma
Grande Torre, com o propsito no se espalhar pela superfcie da Terra. Observe o versculo 4 de
Gn.11: Disseram: Vinde, edifiquemos para ns uma cidade e uma torre cujo tope chegue at os
cus, e tornemos clebre o nosso nome, PARA QUE NO SEJAMOS ESPALHADOS POR TODA A
TERRA. Note tambm que nesse momento de desobedincia, mais uma vez Deus intervm nos
planos dos homens, pois Ele sabia que os homens tendo a mesma linguagem no haveria restries
para o que intentassem fazer. Ento Deus confunde a lngua dos homens, conforme narrado em
Gn.11.7-8: Vinde, desamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um no entenda a
linguagem de outro. Destarte o Senhor os DISPERSOU dali pela superfcie da terra. Nesse momento,
os homens juntaram-se aos que podiam entender-se, e se dispersaram, formando as naes. neste
momento que surgem as naes, ou seja, Deus consagra-se como o Autor das Naes.
e. Abrao: Logo, Deus o responsvel pela existncia das naes. Assim sendo, Ele se interessa pelas
Naes. O interesse de Deus pelas naes to Grande que escolhe um Casal, a quem Promete
constituir uma Grande Nao. Nao esta que serviria como Instrumento de Bno para outras
naes, ou seja, uma nao como Canal de Bnos de Deus. Isso pode ser percebido em Gn.12,
9 PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
quando Deus separa Abro, prometendo fazer a partir dele uma grande nao: Ora, disse o Senhor
a Abro: Sai da sua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, e vai para onde te mostrarei; de TI
FAREI UMA GRANDE NAO, e te abenoarei e te engrandecerei o nome. S tu uma beno:
abenoarei os que te abenoarem e amaldioarei os que te amaldioarem; em TI SERO BENDITAS
TODAS AS FAMLIAS DA TERRA. Essa Grande Nao serviria para abenoar todas as famlias da terra.
f. Ideal Divino para Israel: No Velho Testamento esse o mtodo encontrado para Abenoar todas as
Naes. A partir de Israel, como canal de bnos, as naes poderiam ser abenoadas. Ou seja, o
alcance das naes no Velho Testamento, exigia uma aproximao e uma aceitao por parte delas.
Existem alguns exemplos desse paradigma no Velho Testamento:
i. Raabe: Raabe era uma prostituta em Jeric, nao Inimiga a qual o Senhor entregara nas
mos de Josu. Este, enviara a esta Cidade dois espias para que andassem na cidade e
observassem a cidade, e Raabe pela f (Hb.11.31) acolheu-os em sua casa escondendo-os
dos Oficiais da cidade, pois sabia ela que o Senhor, que poderoso, lhes tinha entregue
aquela terra. Como se percebe em Js.2.9-11: Bem sei que o Senhor vos DEU esta terra (...)
por que temos ouvido que o Senhor secou as guas do Mar Vermelho diante de vs, quando
saeis do Egito (...) porque o vosso Deus Deus em cima dos cus e embaixo da terra.
ii. Rute: Rute uma moabita e toma uma deciso de f, em considerar o povo de Noemi como
seu povo e o mesmo com o Deus de Noemi. Com est escrito: No me instes a que te
abandone e deixe de seguir-te. Por que aonde quer que tu fores, irei eu; e onde quer que
pousares, ali pousarei; o teu povo ser o meu povo, e o teu Deus ser o meu Deus (Rt 1.16).
A declarao de Rute no apenas de fidelidade da Noemi, mas um reconhecimento do
verdadeiro Deus.
1. Observao: Em ambos casos, houve um reconhecimento do verdadeiro Deus.
Raabe afirma que Deus Deus em cima dos cus em embaixo da terra. Rute afirma
que o Deus de Noemi o seu Deus, pois reconhece que Ele o verdadeiro Deus.
Esses dois casos so muito interessantes pelo fato de que ambas alcanaram
tamanha benevolncia do Senhor que esto inseridas na Genealogia de Jesus. E
como se percebe, o mtodo utilizado no Velho Testamento para o Alcance de
pessoas de Fora para Dentro, ou seja, Centrpeto.
iii. Jonas: Contudo, esse modelo no normativo. Encontramos tambm evidncias de um
mtodo centrfugo. Como o que aconteceu com Jonas, que foi chamado por Deus para
clamar contra uma Grande cidade Rival. Como se percebe em Jn.1.2: Dispe-te, vai
grande cidade de Nnive, e clama contra ela, por que sua malcia subiu at mim.
Conhecendo a histria de Jonas, sabemos que Ele se disps, mas para fugir da Presena do
Senhor. Contudo, ao passar por provaes, acabou realizando o que Deus mandara. Mas o
ponto mais notvel de toda essa histria, que toda a nao, desde o rei da nao at os
animais, colocada em Panos de Saco, em jejum e se sentam em cinzas, em um ato de
arrependimento Nacional. Ento os Ninivitas se convertem dos seus maus caminhos.
1. Observao: Mais uma vez Deus demonstra seu interesse Internacional, onde apesar
do Mtodo ser majoritariamente Centrpeto, Ele quer alcanar suas criaturas. Mas o
interesse por Outras naes claro. Contudo, no to claro como no Novo
Testamento.
10 PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
B. Novo Testamento:
a. Amor de Deus: No Novo Testamento pode-se notar claramente o Interesse por todas as Naes, pelo
fato de Deus Amar Todo o Mundo: Por que Deus AMOU ao mundo de tal maneira que DEU o Seu
Filho unignito, para que TODO o que nEle cr no perea, mas tenha a vida eterna. Portanto Deus
enviou o Seu Filho ao Mundo, no para que julgasse o mundo, mas para que o MUNDO fosse salvo
por Ele (Jo.3.16-17).
b. Morte de Jesus: interessante perceber que Jesus foi ENVIADO terra por causa do Grande Amor de
Deus por Ela. Mas existia uma Misso para Jesus, ele no fora enviado para julgar, mas para salvar o
mundo. O interesse de Deus pelo Mundo pode ser claramente visto pela prpria misso de Jesus,
que tambm no era Restrita, pois ele a Propiciao pelos pecados do mundo inteiro, como se
percebe em 1Jo.2.2: E ele a propiciao pelos nossos pecados, e no somente os nossos prprios,
mas ainda pelos do MUNDO INTEIRO. O alcance da Propiciao de Jesus, realizada em Sua Morte,
sem restries de fronteiras. para o Mundo Inteiro. Contudo o interesse de Deus no apenas
pelas naes, mas pelas pessoas das naes. Nesse quesito importante realizar uma observao:
i. Suficincia e Eficincia: Apesar do Sacrifcio de Cristo ser SUFICIENTE a todos os homens, de
todas as naes e etnias, de todas as pocas, no significa que ela automaticamente
EFICIENTE a todos eles. Sabemos que a salvao exige aceitao, recebimento que pode
apenas acontecer por meio da f, que seguida do arrependimento genuno para com Deus.
Portanto, a morte de Cristo suficiente para todo homem, mas apenas Eficiente ao que cr.
c. O Desejo de Deus: Dessa forma o sacrifcio de Jesus tambm abrangente o suficiente para esse
Interesse, pois Jesus se entregou em resgate por todos. Isso pode ser notado em 1Tm.2.4-6, onde
diz: O qual deseja que TODOS os homens sejam salvos e cheguem ao pelo conhecimento da
verdade. Portanto h um s Mediador entre Deus e os Homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si
mesmo se entregou em resgate por TODOS. Isso tambm pode ser percebido em 2Co.5.14-14, onde
o mesmo autor diz: Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando ns isto: um morreu por TODOS,
logo todos morreram. E ele morreu por TODOS, para que os que vivam no vivam mais par si
mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Um morreu por Todos. Jesus morreu
por todos, para que esse por quem morreu, vivam para Ele. E isso nossa funo, viver para Ele, pois
temos vida pela Morte Dele.
d. Graa de Deus: E sabendo que o sacrifcio de Cristo para todo o Mundo e Todos, podemos afirmar
que Graa de Deus se mostra salvadora a Todos os Homens, como Paulo afirma a Tito em Tt.2.11:
Porquanto a graa de Deus se manifestou salvadora a TODOS OS HOMENS. Isso tambm pode ser
verificado na Carta de Paulo aos Romanos, no captulo 5 versculos 17-18: Pois, assim como por
uma s uma ofensa veio juzo sobre todos os homens para condenao, assim tambm por um s ato
de justia veio a graa sobre todos os homens. Alerta: notrio o Interesse de Deus por todas as
pessoas, mas intrnseco relembrar que isso no significa que Deus salvar todas as pessoas, nem
que todos se convertero.
e. Ordem de Cristo: Hoje temos uma ordem explcita para Irmos a outras pessoas e naes, como
vemos em Mt.28.18-19, que diz: Toda autoridade me foi dada no cu e na terra. Ide, portanto, fazei
discpulos de TODAS AS NAES. interessante que Jesus baseia a ordem em sua autoridade, pois
Ama a todo o Mundo, se fez propiciao pelos pecados do Mundo Inteiro, e por isso podia afirmar
para que Fossem a todas as naes. Em Marcos a ordem de Jesus acrescenta: Ide por TODO O
MUNDO e pregai o evangelho A TODA CRIATURA (Mc.16.15).
11 PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
4. A Necessidade do Homem Alm de a evangelizao iniciar em Deus e de Seu claro interesse por todos os homens, temos que considerar que
existe no homem a completa ausncia de mrito para alcanar a salvao. Em outras palavras estamos dizendo que
o homem no capaz de salvar-se, ou de produzir a salvao de algum ou para algum. Entretanto, fundamental
notar que tal necessidade apenas real aps a Queda, pois, o homem no foi criado assim.
A. O Homem foi Criado por Deus: O homem criado por Deus (cf. Mt.19.4; Rm.5.12-19; 1Co.15.45-49;
1Tm.2.13). Somente Deus seria a causa suficiente e razovel para explicar a complexidade da vida humana.
Somente na palavra de Deus pode-se encontrar uma revelao especial das atividades de Deus na CRIAO
do universo e de tudo o que nele existe.
a. Diretamente por Deus: Ao observar o primeiro relato bblico da criao, no se pode chegar outra
concluso seno que o homem resultado da interveno direta de Deus. Observe o versculo:
Criou Deus, pois, o homem... (Gn.1.27).
b. Distinto de outras Criaturas: Na descrio de Gnesis, Deus cria o reino vegetal distinto do animal, e
o homem distinto de ambos. (Gn.1.11). Essa identificao exata de Deus em relao ao reino vegetal
inclui at mesmo a condio da semente do fruto das rvores. Mas no se encontra aqui nenhuma
referncia ou semelhana com os animais ou o homem, mas declara que sua reproduo nica e
exclusiva segundo a sua espcie, ou como declara o prximo versculo conforme a sua espcie.
Fato similar acontece com os animais marinhos e as aves (Gn.1.21). Note que cada ser criado por
Deus criado segundo a sua espcie. E o mesmo acontece com os animais selvticos (Gn.1.25).
Assim, cada categoria de animal foi criada em conformidade com sua prpria espcie, bem como a
sua reproduo de acordo com essa conformidade.
c. Em Posio Exaltada: O fato de que o homem no pertence categoria dos animais pode ser
percebido em funo da criao distinta dos outros seres vivos, como uma espcie distinta de ser
vivo e pela posio distinta que tem das demais criaturas (Gn.1.26). Essa identificao demonstra
que existe algo especial, no somente na criao, mas na formao. Alm da interveno especial, o
homem criado imagem e semelhana de Deus. Isso faz toda diferena entre o homem e os
outros seres vivos. Mas ainda reforado por sua posio exaltada, pois criado para ter domnio
sobre todos os outros seres vivos. Portanto, o homem est colocado numa posio privilegiada em
relao a demais criaturas.Essa posio exaltada ainda demonstrada de forma potica em Salmos,
quando Davi escreve uma exaltao das obras de Deus dizendo: Quando contemplo os teus cus,
obra de teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que o homem para que dele te lembres?
E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus, e de
glria e de honra o coroaste. Deste-lhe domnio sobre as obras de tua mo, e sob teus ps tudo lhe
puseste (Sl.8.3-6). Portanto, o homem considerado como pice da criao, a coroa da criao, e
por isso tem sua distino de todas as outras criaes e criaturas e est acima de todas elas. Outro
fator que evidencia essa verdade que como a criao do homem a Obra Criativa de Deus chegou
ao fim. Isso pode ser observado pela frase dita pelo prprio Deus aps a criao do homem: Viu
Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom (Gn.1.31).
d. Imagem de Deus: Ser criado a imagem de Deus significa que tudo o que torna possvel um ser
autoconsciente, incluindo os aspectos materiais e imateriais do homem, indica que o arqutipo do
homem o Deus trino e que nossos atributos refletem, ainda que imperfeitamente, o carter de
Deus. A imagem de Deus influencia os seguintes aspectos do ser humano:
12 PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
i. Justia Original: Esse termo diz respeito a condio do homem, que foi criado sem pecado.
Em Gn.1.31, aps a criao do homem fala que tudo o que Deus fizera eram muito bom.
Salomo tambm faz uma boa observao do homem com criatura especial de Deus quando
diz : Eis o que to somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas
astcias. (Ec.7.29). O Novo Testamento testemunha de maneira semelhante, mas o faz
retratando a condio do salvo como uma volta a um estado anterior. Paulo, em sua epstola
aos Colossensses faz a seguinte observao: No mintais uns aos outros,, uma vez que vos
despistes do velho homem com seus feitos, e vos revestistes do novo homem que se refaz
para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou (Cl.3.10; cf.Ef.4.24). O
uso do termo refaz que traz a idia de realizar novamente algo anteriormente pronto ou
de fazer novo novamente, como sugere a forma grega da palavra em pauta. Portanto a
criao do homem segundo esta imagem moral implica que a condio original do homem
era de santidade positiva, e no um estado de inocncia ou de neutralidade moral (Louis
Berkhoff, 189)
ii. Constituio Natural do Homem: Por ser criado a Imagem de Deus o homem dispe de uma
capacidade moral e racional. Essas capacidades asseguram a condio de homem ao ser
humano, e impossvel que participe dessa condio sem a presena dessas ddivas. Ou
seja, embora o homem hoje esteja em um estado de pecado, no perdeu completamente
essas caractersticas, mas impossvel que elas sejam exatamente como foram outrora.
Portanto, importante evidenciar que, ainda que o homem tenha a capacidade moral e
intelectual, ela foi maculada pelo pecado. Entretanto, vlido demonstrar que mesmo aps
a queda o homem apresentado como sendo imagem de Deus (Gn.9.6; 1Co.11.7; Tg.3.9).
Segue-se que impossvel afirmar que o homem perdeu totalmente a Imagem de Deus, da
mesma forma que impossvel afirmar que ela seja identicamente a mesma.
iii. Condio Espiritual do Homem: natural esperar que o homem sendo criado a imagem de
Deus desfrute de uma condio espiritual, pois Deus esprito (Jo.4.24). E no difcil
observar esse fato, pois mesmo na narrativa da criao podemos encontrar dados referentes
a esse fato: ...lhes soprou nas narinas o flego de vida, e o homem passou a ser alma
vivente (Gn.2.7). Dois fatos podem ser ressaltados e considerados importantes nesta
questo:
1. A vida do homem s foi possvel aps o sopro de vida da parte de Deus, sendo
considerado como o princpio da vida do homem;
2. A expresso alma vivente considerada condio de sua vida.
iv. Vida Infinita: Ao ser criado a Imagem de Deus, o homem participa da vida como ddiva de
Deus, no de maneira completa e perfeita como o prprio Deus (que eterno por
definio). O sopro divino foi a doao de uma vida interminvel, ainda que a punio pelo
pecado inclusse a morte do corpo (fsica), a vida no finda nela. Ou seja, apesar da morte
fsica ser real, a alma do homem dotada de uma existncia interminvel. Note que Jesus
ensinou que aquele que cr tem vida eterna (Jo.11.26). Entretanto, Ele tambm ensinou que
os que no crem e no guardam sua palavra podem sofrer a morte eternamente (Jo.8.51-
52). por isso que Ele afirma que o fogo esperado para os infiis um fogo eterno (Mt.18.8;
25.41; Mc.9.4; 9.45; cf. Jd.1.7). Assim, todo o que no tem o seu nome escrito no livro da
vida ser lanado no lago de fogo (Ap.20.15) eternamente.
13 PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
e. Com desejo eternidade: Essa vida interminvel doada por Deus ao homem tambm razo pela
qual o homem nunca se satisfaz em sua vida. Sobre isso, Salomo, o pregador, atesta: Tudo fez
Deus formoso no seu devido tempo; tambm ps a eternidade no corao do homem, sem que este
possa descobrir as obras que Deus fez desde o princpio at ao fim (Ec.3.11).
B. Aps a Queda o Homem muda de posio: Antes o homem desfrutava da comunho com Deus e plena
liberdade. Contudo, aps a queda o homem sofre da ausncia de Deus, da perda da liberdade e da
escravido do pecado.
a. O Homem Totalmente Depravado: isso no significa que o homem far todo o mal que capaz de
fazer, mas que todas as faculdades do homem foram complemente corrompidas. Assim, isso implica
que:
i. No h absolutamente no pecador bem espiritual algum com relao a Deus, mas somente
perverso. (Rm.7.18; 2Tm.3.2-4).
ii. totalmente destitudo de amor a Deus (Jo.5.42).
iii. carregado de desejo pecaminoso que ultrapassa a considerao por Deus e sua Lei
(2Tm.3.4).
iv. supremamente determinado em sua preferncia do eu (egosta) em relao a Deus,
interna ou externamente (2Tm.3.2).
v. possudo de averso a Deus (Rm.8.7).
vi. desordenado e corrompido em cada faculdade (Ef.4.18; Tt.1.15; 2Co.7.1; Hb.3.12).
b. Que totalmente incapaz de Agradar a Deus: Alm de totalmente corrompido, o homem natural,
no regenerado, incapaz de agradar a Deus. Nada que, porventura, ele venha a fazer seja
suficiente para conseguir a aprovao de Deus. A inconformidade do homem com as exigncias
morais da Lei de Deus faz com que ele seja impossibilitado de agradar a Deus (Rm.8.8; Hb.11.6).
Quando falamos da corrupo do homem em termos de incapacidade total, queremos dizer trs
coisas:
i. Que o pecador no regenerado no pode praticar nenhum ato, por insignificante que seja,
que fundamentalmente obtenha a aprovao de Deus e corresponda s exigncias da lei
Santa de Deus (Is.64.6)
ii. Que ele no pode mudar sua preferncia fundamental pelo pecado e por si mesmo,
trocando-a pelo amor a Deus; no pode sequer fazer algo que se aproxime de tal mudana.
Numa palavra, ele incapaz de fazer qualquer bem espiritual. H abundante suporte bblico
para essa doutrina: Jo.1.13; 3.5; 6.44; 8.34; 15.5; Rm.7.18, 24; 8.7,8; 1Co.2.14; 2Co.3.5;
Ef.2.1, 8-10; Hb.11.6.
iii. Que a incapacidade do homem no tange apenas sua moralidade, mas sua insuficincia e
insignificncia diante da Majestade e Soberania de Deus. Qualquer atividade que tenha por
foco distinto da Glria de Deus, no agrada a Deus (1Co.10.31). No interessa qual seja essa
atividade. Por mais que se reconhea a possibilidade da realizao de um bem natural,
cvico, sem f impossvel agradar a Deus (Hb.11.6).
iv. Que tal incapacidade inclui a impossibilidade de receber o ES (Jo.17.14) ou a palavra de
Cristo (Jo.8.43-45). Essa incapacidade est diretamente ligada completa falta de vontade
(Rm.3.11), perverso (Rm.1.18-23) e designao divina (Rm.1.24, 26, 28, 32).
14 PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
c. Que o homem no tem Livre Arbtrio: A expresso Livre Arbtrio fala sobre a capacidade do ser
humano em julgar o que certo e errado, moral e imoral e optar por realizar livremente, ou seja,
sem outra influncia, o que desejar. Entretanto, todas as faculdades do ser humano foram
corrompidas e por isso, sua vontade est atrelada a prtica pecaminosa (Ef.2.1-3). Ou seja, no
possvel para o homem julgar o que fazer sem a influncia do pecado, que permeia toda sua
constituio. por isso que Jesus atesta que quem pratica o pecado escravo do pecado (Jo.8.34).
Escravido o estado oposto Liberdade, e a verdadeira liberdade exige o conhecimento da
verdade (Jo.8.32; 14.6; 17.17) e a presena do Esprito Santo (2Co.3.17). por isso que as escrituras
usam de forma recorrente a idia de que na Salvao fomos chamados liberdade (Gl.5.1, 13) e
mudana de senhorio, do pecado para Deus (Rm.6.18.22).
d. Que o homem tem Livre Agncia: Apesar de no ser capaz de realiza qualquer bem que alcance de
Deus favor, as escrituras demonstram que o homem livre para realizar o que bem intentar.
Normalmente suas aes seguem sua natureza (Rm.1.19-30; Ef.2.1-3; 4.17-19).
e. Que o homem depende da Ao Divina para se converter: Uma vez que o homem escravo do
pecado, no capaz de salvar-se, incapaz de agradar a Deus ou de lhe comprar o favor, o homem
complemente dependente da ao do ES no convencimento do pecado, da justia e do juzo
(Jo.16.8-11). A idia de convencer implica na ao do ES de apresentar o evangelho de modo to
claro que o pecador tenha diante de si a possibilidade de aceit-lo. Somente por intermdio da ao
do Esprito Santo que o pecador pode receber o evangelho. ministrio do ES guiar o homem
verdade (Jo.16.13; 8.32; 14.6; 17.17) conforme a orientao de Jesus Cristo (Jo.16.14).
f. Que o homem complemente responsvel por sua condio: A Bblia nunca coloca sobre Deus a
responsabilidade da prtica ou da culpa do pecado, mas antes, sobre aqueles que praticam o mal
que sobrevm a culpa, a punio e o peso dessa infrao da lei moral de Deus. Isso se chama
responsabilidade. Assim, o homem natural, no regenerado, alm de desprovido da Graa, de ser
incapaz de agradar a Deus, escravo do pecado, responsvel por cada uma de suas ofensas a Deus.
g. Conceito: Sobre isso a Confisso de Westminster diz: O homem, devido sua queda num estado de
pecado, perdeu completamente toda capacidade para querer algum bem espiritual que acompanhe
a salvao. assim que, como homem natural que est inteiramente oposto ao bem e morto no
pecado, no pode, por sua prpria fora converter-se ou preparar-se para isso. Ou seja, no
possvel para o homem alcanar a sua prpria salvao. Por isso, depende exclusivamente da graa
de Deus para ser resgatado. Por isso, Deus estabeleceu um plano, um modo pelo qual o homem
pode ser salvo, liberto, redimido e retornar ao estado original no qual fora criado.
15 PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
5. A Soluo Divina para o Homem Ns normalmente falamos sobre um PLANO DA SALVAO, principalmente quando estamos envolvidos na tarefa de
anunciar o evangelho. O uso do termo plano muito interessante, pois reconhece que algum teve que organizar
e planejar o que se props a cumprir. Ora, se Deus o Arquiteto de tal projeto, reconhecemos que Ele o estabeleceu
por completo, e que, por sua Graa e Soberania o executou na histria. Segue-se que confirmamos que a
Evangelizao nasce em Deus, que Arquitetou o Plano da Salvao.
As Escrituras falam de uma Economia de Redeno. A palavra Economia, utilizada em referncia a Redeno, deriva
da palavra grega oikonomia que significa administrao, mordomia. Ou seja, Deus administra historicamente a
Redeno dos homens. Logo, Deus estabeleceu um Plano para a salvao dentro da histria do homem e pretende
lev-lo a cabo. O pice dessa histria Jesus Cristo, que morreu por ns para que ns pudssemos viver com Deus.
A. Significados da Morte de Cristo: Ainda que a Morte de Cristo no possa ser resumida em uma ou duas
frases, podemos facilmente considerar quatro significados principais para essa Obra: (1) A morte de Cristo
foi em substituio dos pecadores; (2) foi uma redeno para os pecados; (3) uma reconciliao do homem
para com Deus; (4) e uma propiciao pelo pecado.
a. Em lugar dos Pecadores: Neste ponto vlido recordar algumas verdades: (1) Quando o homem caiu
e se afastou de Deus, ficou em dbito eterno para com Deus; (2) Contudo, a nica maneira de o
homem pagar por essa dvida, era sofrendo eternamente a penalidade fixada pela transgresso; (3)
tambm importante perceber que, o cumprimento dessa penalidade, o que Deus deveria exigir por
uma questo de justia, e teria exigido, se no tivesse agido com amor e compaixo do pecador.
Assim, nota-se que o homem, por si s no poderia resolver seu problema ou pagar sua dvida
diante de Deus, a no ser que um substituto fosse providenciado, o que est fora do alcance do
homem conseguir. Contudo, est dentro do Plano Histrico de Deus conceder esse Substituto. Isso
observado desde Gn.3.15, como j observamos. E, de fato, Deus designou um substituto na pessoa
de Jesus Cristo para tomar o lugar do homem, e este substituto expiou o pecado e obteve eterna
redeno para o homem.
i. Conceito: Na Teologia esse aspecto da morte de Cristo chamada de Expiao Vicria, que
pode ser entendida como Substituio Penal. E no sem provas que se admite essa
realidade, pois a Bblia certamente ensina que os sofrimentos e a morte de Cristo foram
vicrios, e vicrios no sentido mais estrito da palavra, que Ele tomou o lugar dos pecadores, e
que a culpa deles lhes foi imputada e a punio que mereciam foi transferida para Ele (Louis
Berkhof, 346) [Lv.1.2-4; 16.20-22; 17.11; Is.53.6, 12; Mt.20.28; Mc.10.45; Jo.1.29; 11.50;
Rm.5.6-8; 8.32; 2Co.5.14, 15, 21; Gl.2.20; 3.13; 1Tm.2.6; Hb.9.28; 1Pe.2.24 ].
ii. Definio: Cristo o substituto proposto legalmente por Deus para assumir o dbito moral
do homem em seu lugar, de modo que pde providenciar um benefcio eterno para este,
para que o homem no tivesse mais que suportar o fardo da condenao do pecado. Nosso
texto base obviamente 2Co.5.14, 15, 21.
b. Para Redeno dos Pecados: A redeno um aspecto da morte de Cristo sobre a cruz, que ligado
ao pecado e restrito em seu significado. Como substituio tem o sentido de assumir a culpa, a
redeno tem sentido de pagar essa culpa assumida. Ou seja, a redeno aplicada no que diz
respeito ao pecado e o dbito que ele causa, que pode apenas ser pago com sangue (Hb.9.22 cf.
Lv.17.11). Logo, para que o preo de pecado pudesse ser pago, era necessrio derramamento de
16 PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
sangue de um Cordeiro sem mculas. Essa era exigncia colocada na histria da redeno, que tem
seu significado completo em Cristo (Jo.1.29; cf. Is.53.9; 1Pe.2.21-22).
i. No Antigo Testamento: No Antigo Testamento podemos perceber que o sentido de
redeno aplicado, no somente a pessoas, mas tambm a posses, como terras e animais
(Lv.25.25, 47, 48). A idia expressa nesse contexto de prover liberdade atravs do
pagamento de um resgate. Ou seja, um preo era pago em dinheiro, em conformidade com
a Lei, para comprar novamente uma propriedade que necessitasse ser libertada ou
resgatada (Nm.3.51; Ne.5.8). E a partir deste uso, o termo no Antigo Testamento usada
normalmente com um senso de libertao, embora o idia de pagamento esteja presente.
1. Deus: Deus visto como o Redentor de Israel, pois aquele que prov Libertao
para seu povo. Em Dt.9.26 temos uma bela demonstrao desse fato: Soberano
Senhor, no destruas o teu povo, tua prpria herana! Tu o redimiste com a tua
grandeza e o tiraste da terra do Egito com mo poderosa. Como podemos observar,
Deus visto pelo escritor sagrado como Aquele que Liberta. Redeno aqui vista
exatamente neste sentido, e a histria da sada do povo do Egito a prova definitiva
desse sentido (2Sm.7.23).
2. Homem endividado: O Velho Testamento tambm apresenta a figura do homem
endividado que poderia hipotecar seus bens para conseguir pagar o que estava
devendo. Se porventura, ainda no fosse suficiente ele poderia hipotecar sua fora,
suas habilidades como um escravo at que sua dvida fosse paga: Depois de haver-
se vendido, haver ainda resgate para ele (Lv.25.48). Um irmo poderia, se tivesse
condies, redimi-lo, mas no era o que normalmente aconteceria. Outra maneira
de redimir esse homem seria se ele herdasse subitamente uma propriedade para,
ento, pagar sua dvida. Contudo, existe ainda outra possibilidade, e essa merece
nossa ateno: a figura do Redentor Parente.
3. Redentor Parente: O redentor parente seria algum com capacidade para remi-lo, e
que se preocupasse suficientemente por ele, a ponto de responsabilizar-se pelas
dvidas e as solvesse, ento poderia ser libertado. Um exemplo desse caso o De
Boaz, que agiu como Redentor Parente, da famlia de Noemi, que resgatou a Rute
(Rt.3.9; cf. Os.3.15; Is.43.3, 10-14). A figura do Redentor Parente, prefigura a idia da
encarnao de Cristo, como nosso Redentor Humano, em resgate da Humanidade.
ii. No Novo Testamento: No NT as figuras do VT so utilizadas em apresentao da morte de
Cristo. Quatro termos poderiam ser empregados aqui para descrever essa ao de Deus em
Cristo:
1. Agoraz: A idia expressa por esse vocbulo de comprar (Mt.13.44, 46; 14.15;
Mc.6.36; Lc.9.13; cf. LXX Gn.41.57, 42.5, 7; Dt.2.6) Este vocbulo aplicado
soteriologia neotestamentria de maneira interessante. Observe o texto de
1Co.6.20: Por que fostes comprados por preo (cf. 1Co.7.23). A idia presente
neste texto aponta para uma compra de alto valor. Assim, podemos concluir que
essa compra implicou no pagamento de um preo alto (2Pe.2.1), que o sangue do
prprio Messias (Ap.5.9, 10) e desgua diretamente no servio daquele que foi
comprado em benefcio do comprador (1Co.6.19, 20; 7.22, 23).
17 PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
2. Lytr: um termo muito utilizado no NT e significa basicamente que o redimido
desatado e liberto. Mas isso ocorre apenas quando recebido o pagamento do
preo do resgate. Assim, por meio do pagamento, o redimido desatado e est
livre. Mt.20.28 testemunha esse fato: tal como o Filho do Homem, que no veio
para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos (cf. LXX:
Ex.30.11-16; Lv.25.31, 32; Nm.2.46-51; NT: Lc.1.68; 2.38; 24.21; Tt.2.14; Hb.9.12;
1Pe.1.18,19). Eventualmente o termo vem acompanhado de uma preposio, como
apolutr. Seu significado basicamente redeno, seguindo mesmo rumo do
verbo em pauta (Lc.21.28; Rm.8.23; Ef.4.30 prisma escatolgico; Rm.3.24; Ef.1.7,
14; Cl.1.14; Hb.9.14 prisma de libertao de incrdulos; 1Co.1.30 sentido geral).
3. L: O termo significa basicamente soltar, e por isso NT vemos o termo sendo
aplicado em diversas ocasies, tais como desatar a sandlia (Mc.1.7; Lc.3.16; Jo.1.27;
At.13.25; At.7.33 em relao a Ex.3.5), soltar o filhote da jumenta (Mt.21.2; Mc.11.2,
4-5; Lc.19.30-31, 33), soltar as cadeias de Paulo (At.22.30), desatar as ataduras de
Lzaro (Jo. 1 1 .44), entre outros. Na verdade, o termo em paute utilizado com
quatro sentidos bsico: (1) Libertar, Desligar, e aplicado a Anjos (Ap.9. 14-15) e a
Satans (Ap.20.3, 7); (2) Em Lc.13 15-16 Jesus apresenta o conceito de libertar
algum de um problema espiritual (doena), que neste caso trata-se de um esprito
de enfermidade. Sentido semelhante visto em Mc.7 35; (3) Quebrar, desfazer
(At.13.43), destruir (At.27.41); (4) Soltar, livrar da morte e do pecado (At.2.24;
Ap.1.5) Em At.2.24 vemos que a ressurreio de Jesus rompeu os grilhes da morte,
e em Ap.1.5 que o seus sangue nos libertou dos nossos pecados (cf.Ap.5.9; 7.14).
4. Romai: O termo ryomai aparece 15x em todo o NT, sendo que 7x refere-se a
citaes do VT, mas ele todos os casos Deus o Libertador. Uma nica vez o termo
faz referncia a Obra de Deus na Salvao, conforme apresentada por Paulo em sua
Epstola aos Colossensses: Ele nos libertou do imprio das trevas e nos transportou
para o reino do Filho do seu amor (Cl.1.13). A nfase aqui sobre a libertao moral
do homem, por que Imprio das Trevas ilustra a situao de pecado que o homem
vivia antes da libertao efetuada por Deus, por meio de Jesus Cristo. Contudo,
podemos nos lembrar de Rm.11.26 e 1Ts.1.10 como textos que expresso a
expectativa escatolgica do cristo.
iii. Conceito: Portanto, deve ser observado que a doutrina da redeno mostrada pelo NT um
cumprimento completo da verdade mostrada em sombras no AT, de que h um sentido em
que o preo pago, mas o escravo no necessariamente liberto (que o estado de todos
por quem Cristo morreu que ainda no so salvos) e que, por uma realizao mais profunda
e abundante da redeno, o escravo pode ser solto e liberto (que o estado de todos que
so salvos). A relao dos no salvos com a verdade de que, pela sua morte, Cristo pagou o
preo do resgate, crer no que est declarado como verdadeiro. A relao dos salvos com a
verdade de que, por sua morte, Cristo liberta, reconhecer essa liberdade maravilhosa e,
ento, pela rendio de si mesmo, tornarem-se escravos voluntrios do redentor. Se Cristo
deu sua vida por mim, o mnimo que posso fazer dar a minha a ele.
c. Reconciliar o Mundo com Deus: A idia de reconciliao completamente neotestamentria, e s
pode ser real por meio da Obra de Cristo. A reconciliao necessria pelo fato de que o homem
sem salvao vive em uma relao de inimizade e hostilidade com Deus (Rm.5.9, 10; cf. 2Co.5), e,
como inimigos de Deus est plenamente passvel de sofrer a manifestao de Sua Ira. Contudo, o
18 PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
cenrio no assim deixado, pois vemos que Deus prope uma resoluo para esse problema por
meio da morte do Senhor Jesus (Rm.5.10). Assim, fomos aproximados a Deus, pois Cristo mudou
completamente nosso estado anterior de inimizade e substituiu por um de Justia e de completa
harmonia com Deus (2Co.5.18-20; cf. Rm.5.10; 11.15; 2Co.5.18-21; Ef.2.16; Cl.1.20-21).
d. Satisfazer a Ira de Deus: Como j foi demonstrado anteriormente, Deus demonstra sua Justa Ira para
com o pecado (Jo.3.36; Rm.1.18-32; Ef.2.3; 1Ts.2.16; Ap.6.16; 14.10, 19; 15.1, 7; 16.1; 19.15), de
forma que, qualquer que seja a atitude desse Deus absolutamente Santo contra o pecado,
completamente justo e aceitvel, pois, devido a seu carter Santo, no pode deixar impune o mal,
nem to pouco fingir que ele no existe, ou que no tem importncia. Por sua Justia e Santidade
deve puni-lo. Contudo, em Cristo providenciada uma oferta propiciatria e assim a Ira de Deus
contra o pecado apaziguada. Logo, pode-se dizer que a Morte de Cristo, alm de Substitutiva,
Redentora, Reconciliadora, tambm Propiciatria, pois satisfaz a Ira de Deus pelo pecado (1Jo.2.1-
2; Rm.3.25; Hb.9.5a).
B. Conseqncias da Morte de Cristo: Diante dos principais significados da Obra de Cristo a nosso favor
necessrio demonstrar que tal Obra tem conseqncias diretas queles que so beneficiados por ela.
a. Justificao: A Justificao no apenas uma das conseqncias da Obra de Cristo a nosso favor,
mas um tema doutrinrio central na Salvao e fundamental para a essncia do cristianismo. Tal
importncia expressa pelo prprio vocbulo: JUSTIFICAR, que carrega o sentido de declara justo
diante de Deus. Isso no significa que uma pessoa, ao ser declarada justa, seja absolutamente sem
falhas ou completamente justa no seu proceder, mas que a partir desse momento ela
Posicionalmente Justa, ou livre de culpa do pecado. A justificao o pronunciamento do juiz justo
de que o homem em Cristo justo; mas esta justia uma questo de relacionamento, e no de
carter tico (LADD, George Eldon, Teologia do Novo Testamento. pp. 414). Como Deus no
apenas o legislador, mas o Justo Juiz (2Tm.4.8; Tg.5.9), o sentido forense da expresso est
completo. Mas vlido demonstrar que, diante do Juiz, o justificado tem acesso pela f a esta graa
(Rm.5.2; 9.30), desfruta de um relacionamento de paz com Deus (Rm.5.1) e implica na
demonstrao de uma conduta concernente com a Nova Posio (Rm.6.7; Tg.2.24)
b. Adoo: Paulo ensina que o presente de justificao traz com isto o estado de filiao por adoo
(i.e., intimidade permanente com Deus como o Pai divino da pessoa, Gl. 3:26; 4:4-7). Justificao
a bno bsica na qual adoo fundada; adoo a bno de coroamento para a qual
justificao direcionada. O status de adotado pertence a todos que recebem o Cristo (Jo.1:12).
Agora, os crentes esto debaixo do cuidado paternal de Deus e de sua disciplina (Mat.6:26; Hb.12:5-
11) e dirigido, especialmente por Jesus, a viver suas vidas levando em conta o reconhecimento de
que Deus seu Pai celestial. Adoo e regenerao acompanham um ao outro como dois aspectos
da salvao que o Cristo traz (Jo.1:12-13), mas eles sero distinguidos. Adoo o favor de uma
relao, enquanto regenerao a transformao de nossa natureza moral. Ainda a ligao
evidente; Deus quer que seus filhos, a quem ama, adotem o Seu carter, e para isso, Ele entra em
ao adequadamente.
c. Santificao: Santificao uma transformao contnua dentro de uma consagrao mantida, e
gera real retido. Por santo entende-se aqui como um portador de uma verdadeira semelhana
com Deus. Santificao o estado de ser separado permanentemente para Deus, e aflora desde a
cruz, onde Deus, em Cristo, nos comprou e nos conduziu para Ele (At.20:28; 26:18; Hb.10:10).
Santificao implica em renovao moral (Rm.8:13; 12:1-2; 1Co.6:11, 19-20; 2Co.3:18; Ef.4:22-24;
1Ts.5:23; 2Ts.2:13; Hb.13:20-21). Ou seja, somos santos e chamados santificao (1Co.1.2).
19 PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
d. Perseverana: Diante do que j foi anunciado uma pergunta precisa ser feita: Aquele que foi
justificado, adotado, santificado persistir para sempre neste estado?. Ou melhor: Ser um cristo
sempre um cristo?. Ou ainda: Existe possibilidade de se perder a salvao?. Historicamente a
resposta para a questo em pauta sempre correu para dois lados distintos: o sim (arminianos) e o
no (calvinistas). Ainda que o debate ainda subsiste nas conversas teolgicas, importante notar
que as evidncias bblicas testemunham a favor da indestrutibilidade da salvao:
i. Pedro: Em 1Pe.1.3-5 lemos: Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo
a sua muita misericrdia, nos regenerou para uma viva esperana, mediante a ressurreio
de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herana incorruptvel, sem mcula, imarcescvel,
reservada nos cus para vs outros que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a f,
para a salvao preparada para revelar-se no ltimo tempo.
ii. Paulo: Paulo testemunha que nada pode nos separar do amor de Deus: Porque eu estou
bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas
do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem
qualquer outra criatura poder separar-nos do amor de Deus, que est em Cristo Jesus,
nosso Senhor (Rm.8.38-39). Em Fl.1.6 lemos: Estou plenamente certo de que aquele que
comeou boa obra em vs h de complet-la at ao Dia de Cristo Jesus. Na sua segunda
carta a Timteo tambm atesta: ...estou sofrendo estas coisas; todavia, no me
envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele poderoso para
guardar o meu depsito at aquele Dia (2Ti.1.12).
iii. Cristo: O prprio Cristo testemunhou essa verdade quando falou que aqueles que o Pai lhe
d, ir at ele e Ele de modo nenhum os jogar fora (Jo.6.37). Neste mesmo trecho
anunciado por Ele que a vontade de Deus Pai que todo o que crer tenha a vida eterna e
seja ressuscitado por Ele no ltimo dia (v.39, 40, 44; cf. Jo.10.27-30)
e. Glorificao: A Glorificao a confirmao dessa certeza obtida pela doutrina da Perseverana dos
Santos. A Glorificao o estgio final da salvao e aplicado a todos os salvos
incondicionalmente, observe: Porquanto aos que de antemo conheceu, tambm os predestinou
para serem conformes imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primognito entre muitos
irmos. E aos que predestinou, a esses tambm chamou; e aos que chamou, a esses tambm
justificou; e aos que justificou, a esses tambm glorificou (Rm.8.28-39). Se analisado com cautela o
texto, notar-se- que todos os verbos relacionados a Salvao so ativos e reportam para uma
atividade realizada por completo no passado: Conheceu, Predestinou, Chamou, Justificou, Glorificou.
Ou seja, aquele que salvo, j era conhecido por Deus e predestinado por ele para a salvao,
mesmo que ainda seria chamado, justificado e glorificado. O que nota-se com clareza aqui que
Deus, quando resolveu conceder salvao eterna aos homens ele o fez de maneira completa. Logo,
aquele que j foi Predestinado para salvao, j est Glorificado, mesmo que isso seja um evento
futuro.
20 PRIMEIRA PARTE: Conceituao Bblica
C. Resumo: Diante das afirmaes feitas acima, trazemos um resumo abaixo para descrever nosso estado sem
Cristo, sua obra em nosso favor e o resultado dela em nossas vidas:
Nossa Velha Posio Obra de Cristo na Cruz Nossa Nova Posio
Condenados pelo pecado Jesus pagou o preo do pecado Remidos, perdoados
Escravos de pecado, da morte e de
Satans.
Cristo derrotou o pecado, a morte e
Satans.
Libertos do medo e do poder dos
mesmos
Declarados pecadores Ele nos justificou (deu-nos sua
Justia)
Declarados justos
Inimigos de Deus Cristo nos reconciliou. Amigos de Deus
Condenados sob a Lei Ele nos libertou do Livro da Lei Livres da lei pela f
Estrangeiros, alienados Ele nos preparou para a adoo do
Pai
Herdeiros, filhos
Espiritualmente mortos Ele nos deu Esprito da Vida Nascidos de novo, batizados e
habitados pelo Esprito
Eternamente mortos Ele nos deu a Vida Eterna Selados e vivos para toda a
eternidade
mpios em prtica Atravs de Cristo, o Esprito nos
justifica.
Santificados em posio e prtica
Sem esperana futura Ele nosso precursor na
ressurreio, arrebatamento,
ascenso e glorificao
Seremos como Ele, glorificado.
21 SEGUNDA PARTE: 5 Posturas Fundamentais
Treinamento do Pesca
SEGUNDA PARTE: 5 Posturas Fundamentais
1. Defina sua Identidade e Propsito O primeiro passo a ser dado em uma vida evangelizadora o reconhecimento da sua identidade como filho de Deus,
de seus benefcio, privilgios e responsabilidades para com Deus, nossos irmos e com o mundo.
A. Relacionamento com Deus: O mais importante de todos
os nossos relacionamentos o Relacionamento com Deus.
Enquanto vivemos para ador-lo e glorific-lo em todas as
atividades da nossa vida (1Co.10.31), Deus em Sua graa realiza
sua obra em ns nos habilitando a viver de modo adequado
diante de Sua Presena. por isso que o primeiro e maior
mandamento : Amars, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu
corao, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de
toda a tua fora. Este o grande e primeiro mandamento
(Mt.22.37-38; Dt.6.5). Por isto, o Objetivo maior do homem
Glorificar a Deus e desfrutar desse relacionamento por toda a
Eternidade.
B. Relacionamento com irmos: Nosso relacionamento com Deus deve ser de tal forma que nossos outros
relacionamentos sejam influenciados positivamente. O Amor deve ser o dbito que temos com outras
pessoas, nem uma outra coisa a mais. O Amor deve ser a constante dvida que devemos ter com outras
pessoas. Contudo, a prtica correta do conceito da dvida do amor a constante retribuio ou restituio
de sua dvida. Observe o que Paulo fala sobre isso: ningum fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor
com que vos ameis uns aos outros (Rm.13.8a). Esse reconhecimento de constante dvida e restituio a
essncia da prtica da Lei: pois quem ama o prximo tem cumprido a lei (Rm.13.8b). No existe como
compreendermos a Prtica da Lei se longe de ns estiver a conscincia da Prtica do Amor. Esse nosso
dever para com nossos irmos.
C. Relacionamento com no cristos: Do mesmo modo que devemos a nossos irmos a demonstrao do
Amor de Cristo, ns tambm o devemos queles que no conhecem a Cristo. Paulo fala que no devemos
dever a ningum. nesse momento que nos lembramos do ensino de Cristo sobre o amor: O segundo,
semelhante a este, : Amars o teu prximo como a ti mesmo (Mt.22.39; Lv.19.18). Da composio desses
dois mandamentos, segundo Jesus, dependem toda a Lei e os Profetas (Mt.22.40). Ou seja, ns temos uma
dvida para com o Mundo que Amar e demonstrar o Amor de Deus a todas as pessoas. A essa atitude
chamamos Evangelizao.
D. Nosso Propsito: Para nos ajudar a compreender qual nossa misso nessa terra, Paulo nos instrui: Visto
que, na sabedoria de Deus, o mundo no o conheceu por meio da sabedoria humana, agradou a Deus salvar
aqueles que crem por meio da loucura da pregao (1Co.1.21). H nessa declarao uma Santa Parceria:
Deus quem salva, mas Ele o faz por intermdio da pregao do Evangelho. Assim, nosso relacionamento
com Deus de tal forma bem estabelecido que na dependncia Dele, levamos Sua Palavra e Verdade para
que outras pessoas possam ser alcanadas por Sua Graa. No nos interessa o que o mundo busca, ns,
porm, pregamos a Cristo crucificado (1Co.1.23).
22 SEGUNDA PARTE: 5 Posturas Fundamentais
2. Reconhea quem o Seu Senhor (Mt.28.18) O segundo passo o reconhecimento de quem o nosso Dono e Senhor. Quando estvamos mortos em nossos
delitos e pecados (Ef.2.1-3), o que nos governava era o pecado (Rm.6.17) e a ele ramos submissos. Contudo, em
Cristo Jesus ns fomos feitos servos da Justia (Rm.6.17-18). Agora, livres do pecado, ns fomos feitos servos de
Deus (Rm.6.22), declarados justos (Rm.5.1), santificados (1Co.1.2) e preparados para a realizao de boas obras
(Ef.2.10). Por essa razo, devemos submeter nossa vida ao servio Daquele que nos tirou das trevas para sua
maravilhosa luz (1Pe.1.9), para realizar Sua Vontade.
Nosso modelo nessa tarefa o de Jesus Cristo que mesmo sendo Deus (Jo.1.1), se esvaziou, assumiu a forma
humana (Fl.2.4-5), foi identificado como Servo (Jo.13.1ss) Sofredor (Is.53), foi obediente at a morte e morte de
Cruz, e em tudo isso procurou realizar a vontade de Deus: De fato, a vontade de meu Pai que todo homem que vir
o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no ltimo dia (Jo.6.40). Ao realizar sua Misso, Jesus foi
feito Senhor e Cristo (At.2.36), e tem toda a autoridade no cu e na terra (Mt.28.18). Assim, Aquele que nos
comissiona, o mesmo que nos serve de exemplo. Ele quer que faamos o que Ele fez.
A. Toda Autoridade: Ter toda a autoridade trata da suprema e infinda autoridade total de Cristo, e o termo
empregado aqui pode ser entendido como controle pleno (Jo.10.18), direito (2Ts.3.9) e poder (Mc.1.27). Ou
seja, Aquele que nos ordena Aquele que tem toda Autoridade, Poder, que est em posio de comando e,
portanto tem direito para ordenar. Ou seja, Cristo a Autoridade e que exerce autoridade por potencial e
direito, visto ter a mais alta posio e privilgios no Reino do qual o Rei.
B. Cu: A autoridade de Cristo reconhecida no cu. O termo grego usado aqui usado em outros lugares no
NT como uma referncia ao cu fsico (Lc.16.17), ou espiritual (Ef.1.3; Cl.4.1) ou at mesmo em uma
referncia indireta a Deus (Mc.11.30). Aqui, temos por certo tratar-se de sua Autoridade nas regies
celestiais, o lugar mais excelso da manifestao de Deus. Assim, O reconhecemos como o Logos que existe
desde o princpio (Cl.1.17), que estava com Deus e que Deus (Jo.1.1), O Supremo Sumo-Sacerdote (Hb.3.1),
perfeito para sempre (Hb.7.28), superior a todos e a tudo (Hb.1.2), a imagem do Deus invisvel (Cl.1.15), a
expresso exata do Ser de Deus (Hb.1.3), criador de todas as coisas (Jo.1.2; Cl.1.16). Sendo que Cristo
quem Ele , por que razo ele precisaria ter toda autoridade na Terra?
C. Terra: A verdade que Cristo tem sua autoridade reconhecida desde antes da fundao do mundo, mas na
sua encarnao essa autoridade foi demonstrada humanidade de forma irrevogvel (Mt.7.29; 9.6; 10.1;
Mc.1.27; 11.27-33; Lc.4.32; 36; Jo.5.26-27; 10.17-18; 17.1-2). Isso indica que Cristo evidencia tal autoridade
entre os homens por meio do Seu ministrio pblico, por Seus atos poderosos, por Sua morte e ressurreio
(At.2.22-36). Ou seja, alm do domnio e do governo de Cristo sobre toda a terra e cu (que o fundamento
da ordem evangelstica) Ele ainda demonstrou tal autoridade como prova e corroborao em Seu ministrio.
Portanto, tal mandamento visto pela autoridade de posio e direito e pela autoridade demonstrada,
que ratifica ainda o mais importante grau da ordem anunciada.
D. Princpio: Assim, nesse texto reconhecemos dois aspectos fundamentais para a Evangelizao: (1) Como
servos de Deus a disposio de Jesus Cristo, ns somos comissionados, enviados a esse mundo para
fazermos discpulos, levarmos o evangelho por Aquele que tem toda a Autoridade no Ce, ou seja, nosso
Senhor (1Co.8.6; Ef.4.5). Entretanto, Jesus Cristo tambm feito nosso Modelo, pois sua Autoridade Eterna
fora demonstrada em Seu ministrio terreno. Assim, tal como Cristo, teramos autoridade concedida por
Deus (Jo.1.12) demonstrada em autoridade no ministrio para Deus. Logo, a ao evangelstica, como
fundamentada na autoridade de Cristo, uma demonstrao do poder-autoridade de Deus por meio da
construo da autoridade (moral) com o poder-autoridade concedida por Deus.
23 SEGUNDA PARTE: 5 Posturas Fundamentais
3. Entenda Sua Misso (Mt.28.19-20) Um passo importante na realizao ministrio o entendimento da misso que nos foi delegada. A ao ministerial
dos seguidores de Cristo marcada pela presena de quatro atitudes: Pr-Atividade, Fazer Discpulos, Mentorear ,
Sem Restries. Todos os termos ressaltados tem suas peculiaridades e vamos observ-las com cautela com o
objetivo de ressaltar do texto aplicaes para a prtica ministerial relevante e em conformidade com a vontade do
nosso Soberano Senhor que tem toda a autoridade.
A. Pr-Atividade: O termo que descreve essa atitude o famoso Ide. Algumas pessoas entendem que esse
versculo pressupe que esse versculo deveria ser traduzido como Indo, em funo do particpio grego
usado nessa frase. Entretanto, o particpio aoristo seguido por um infinitivo aoristo e tal construo
chamada Particpio Circunstancial e sua traduo com o infinitivo em portugus: Ide. Esse tipo de
construo normal em narrativas (Mt.2:8; 9:13; 11:4; 17:27; 21:6; 22:15; 25:16; 28:7; cf. Mc.16.15; Lc.7.22;
13.32; 17.14; 22.8). Ou seja, o cristo comissionado por Cristo deve tomar a iniciativa para levar o evangelho
a quem quer que seja. Portanto, a ordem de carter centrfugo, onde os discpulos deveriam iniciar em
pr-atividade a abordagem evangelstica.
B. Fazer Discpulos: Um discpulo aquela pessoa que est debaixo da superviso e comando do seu mestre e
de forma nenhuma lhe superior (Mt.10.24; Mt.26.18). algum que busca seguir seu mestre, estar onde
ele est e a fazer o que ele faz. (Mt.8.23; Mt.9.19; Mt.10.25). aquele que est debaixo do ensino de seu
mestre. (Mt.11.1; Mt.5.1-2; cf. Mt.12.1-2; 13.36; 15.1-2; 16.20-21; 24.3ss; 26.1). Portanto, fazer discpulos
implica em conduzir pessoas a estarem debaixo da superviso e comando de Cristo, para que busquem
segui-lo por sua vida, estarem prontos a fazer o que Ele fez e estarem debaixo do Seu ensino por intermdio
de outros discpulos. O termo Fazer Discpulos implica em fazer novos seguidores de Jesus (At.6.7) o que s
possvel por intermdio da evangelizao dos Seus seguidores (At.14.21; cf. At.5.42; 8.4, 35, 40). Portanto,
para realizar a ordem de Cristo, necessrio ao homem ser seguidor de Cristo (1Co.11.1).
C. Mentorear: Mentorear implica em Batizar e Ensinar o novo convertido.
a. Batismo: O batismo cristo um sinal de Deus para significar purificao interior e remisso de
pecado (At 22.16; 1Co 6.11; Ef 5.25-27), regenerao operada pelo Esprito e uma nova vida (Tt 3.5)
e a permanente presena do Esprito Santo, como selo de Deus testificando e garantindo que aquele
que o recebe est seguro em Cristo para sempre (1Co 12.13; Ef 1.13-14). Fundamentalmente, o
batismo significa unio com Cristo na sua morte, sepultamento e ressurreio (Rm 6.3-7; Cl 2.11-12),
e essa unio com Cristo a base da vida do discpulo deste ponto em diante. Isso significa que
aquele que foi batizado em nome de Jesus deve conformar sua vida Dele e viver de acordo com o
que Cristo espera de sua vida. Deve ser por essa razo que Ele nos adverte: Se algum quer vir aps
mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me (Mt.16.24). O Batismo Cristo feito na
autoridade da Trindade (Pai, Filho e Esprito Santo).
b. Ensino: O ensino esperado por Cristo o ensino da Obedincia: ns temos a misso de ensinar o
novo na f a obedecer tudo o que Jesus tem ordenado. Ou seja, no basta apenas anunciar o
evangelho, nosso trabalho deve ser norteado pelo ministrio de Cristo, desempenhado em
excelncia, na proclamao do evangelho e treinamento do novo na f at que ele possa fazer o
mesmo com outras pessoas. Portanto, necessrio viver e conviver com pessoas que precisam ser
feitas discpulas de Cristo, e est debaixo da nossa responsabilidade trein-lo para que venha a ser
um discpulo maduro e pronto a realizar o mesmo. Assim, existe uma continuidade na ao, pois
uma vez que o nefito discipulado, nutrido nas escrituras e treinado para uma vida crist
24 SEGUNDA PARTE: 5 Posturas Fundamentais
adequada ele far o mesmo com outras pessoas, pois ele tambm deve aprender a levar o
evangelho. Assim vemos que a ordem que Cristo deixa aqui fundamento da continuidade e
expanso da f, que deveria ser disponvel a todos atravs do ministrio cristo.
D. Sem Restries: No mesmo texto Jesus Cristo nos diz que devemos fazer isso a todas as naes.
Normalmente os cristos tm tomado esse mandamento como uma ordem primeiramente geogrfica,
quando na verdade ela essencialmente cultural. Jesus emprega o termo grego que deu origem a nossa
palavra etnia. Ou seja, o cristo deve estar preparado para levar o evangelho a pessoas de qualquer tribo,
seja urbana ou no. No devemos restringir a ao evangelstica, pois Jesus nos ensina a amar todas as
pessoas, inclusive nossos inimigos, pois foi assim que Ele mesmo fez conosco (Rm.5.8; Jo.3.16). O que se
conclui que Cristo tem interesse em todas as culturas existentes no planeta, pois no faz acepo de
pessoas (Rm.2.11) nem para salvao nem para preterio (Rm.2.5-10). Ou seja, no deveria haver racismo,
bairrismo, exclusivismo, sentimento sectarista ou qualquer forma de preconceito entre os discpulos. Eles
devem realizar tal tarefa baseados na prpria misso de Cristo (Lc.19.10), que a base e fundamento da
ao evangelstica.
Toda a atividade ministerial do cristo Ordenada por Cristo (nosso Senhor) e deve ser desempenhada como Cristo
(pois Ele o nosso modelo). Assim, aprendemos que devemos nortear nossa atividade evangelstica pelo exemplo de
Cristo, em obedincia sua ordem, podendo ainda contar com sua presena ativa em nosso ministrio, pois Ele
mesmo garante: E eis que estou convosco todos os dias at consumao do sculo (Mt.28.20).
25 SEGUNDA PARTE: 5 Posturas Fundamentais
4. Entenda Sua Mensagem Um passo importante a ser dado na evangelizao reconhecer o que de fato o Evangelho. Como vimos acima, a
misso que Cristo espera de ns vai muito alm do simples levar o evangelho, mas, tambm temos a
responsabilidade de anunciar a grande salvao de Deus.
Para se transmitir a mensagem do evangelho fundamental que se conhea esta mensagem, pois, quanto melhor
conhecermos, mais capacitados estaremos para transmiti-la. A fim de expressarmos aqui qual a mensagem
determinada nas Escrituras, faremos o uso de algumas idias das quatro leis espirituais, que um mtodo simples e
prtico para se comunicar a mensagem do evangelho.
A. Deus tem um plano para o homem: O homem foi criado por Deus para que O adorasse, para que O servisse
e para que vivesse em perfeita harmonia com o Seu Criador. Infelizmente a desobedincia do homem, o
pecado, quebrou essa harmonia que havia, causando uma grande separao entre O Criador e Suas
criaturas. Em Joo 3.16 encontramos expresso o plano de Deus para o homem, plano este que envolve o Seu
amor, um amor sem medidas, ao ponto de entregar o nico Filho para morrer em uma cruz. Este amor tem
um propsito, que dar a vida eterna a todo aquele que crer em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador,
um plano que envolve a restaurao daquele relacionamento harmonioso que havia antes do pecado entrar
no mundo. Paulo, quando escreveu Timteo, tambm falou explicitamente acerca do plano de Deus para o
homem. Ele disse que ...Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores...(I Tm 1.15). Cristo veio ao mundo
para trazer salvao ao perdido. Jesus fez uma distino bem clara entre qual o Seu objetivo e qual o de
um ladro (Jo 10.10). Disse Ele que o ladro vem somente para roubar, matar e para trazer destruio vida
do homem, mas Ele veio para dar vida ao homem, uma vida abundante. O plano de Deus consiste em dar o
melhor para o homem, a Salvao, a vida eterna. Deus quer restaurar a comunho com o homem, porm h
um problema que precisa ser encarado.
B. impossvel ao homem chegar-se a Deus: fundamental mostrar ao homem a situao em que ele se
encontra, a fim de que possa mudar de atitude. Muita gente que est em pecado, no recorre ao Salvador
porque no tm noo da situao em que se encontra. As pessoas no compreendem a necessidade de
serem salvas, alguns at acham que no tm pecado. O pecado consiste em desobedincia a Deus por no
fazer o que foi ordenado ou por fazer o que foi proibido por Ele. Por causa da desobedincia do homem, a
sua situao de separao Deus (Rm 3.23). O homem encontra-se privado de desfrutar de um
relacionamento com Deus. Uma das primeiras reaes que Ado e Eva tiveram aps comerem do fruto que
Deus havia proibido que comessem, foi correr e se esconder de Deus entre as rvores do jardim, refletindo
aqui uma imagem de culpa. E desde ento o homem tem sempre procurado esconder-se de Deus. O homem
tem fugido de Deus. Por causa do pecado ele encontra-se impedido de desfrutar do amor e da glria de
Deus. A Bblia bem clara quando diz que todo homem merece a morte por causa do pecado (Rm 6.23),
este o salrio que lhe fora designado. A morte retratada aqui implica em separao de Deus nesta vida,
pois o homem sem Deus encontra-se morto em seus pecados e delitos (Ef 2.1,5). Esta morte envolve
tambm a separao de Deus por toda a eternidade (Ap 20.14), para aqueles que no crerem na eficincia
do sacrifcio de Cristo na cruz. Todo homem est debaixo do juzo de Deus. O pecado causa separao entre
Deus e o Homem e para o homem impossvel chegar-se novamente a Deus. Por mais que ele tente ou faa
alguma coisa, sempre ser frustrado, mas em Mateus 19.26, Jesus afirma que o que impossvel para o
homem possvel para Deus.
C. Deus prov o meio para que Seu plano se cumpra: Vendo a situao do homem, Deus pelo seu amor e
graa intervm na histria da humanidade e abre um caminho onde no havia nenhum. Deus providenciou o
meio para que o relacionamento que fora quebrado fosse restaurado, e o homem pudesse receber a vida
eterna. A providncia de Deus foi enviar o Seu nico filho, Jesus Cristo, para morrer numa cruz trazendo
26 SEGUNDA PARTE: 5 Posturas Fundamentais
salvao a todo aquele que nEle crer (Jo 3.16). Esta foi a maior prova de amor demonstrada. Paulo afirmou
que ...Deus prova o Seu amor por ns pelo fato de Cristo ter morrido em nosso favor quando ainda ramos
pecadores(Rm 5.8). Muitas pessoas no compreendem o sacrifcio de Cristo na cruz, no sabem o porqu
dEle ter morrido e nem o que isso tem a ver com a salvao, com a vida eterna. Em Colossenses 2.13 e 14
encontramos uma explicao simples e clara do que foi o sacrifcio de Cristo na cruz: o homem encontrava-
se morto espiritualmente, perdido em seus pecados, e Deus o faz viver novamente, dando uma nova vida
por meio de Jesus Cristo. O sacrifcio de Jesus na cruz foi suficiente para nos justificar de todos os nossos
pecados, tanto os que j cometemos quanto os que ainda iremos cometer. Ele nos perdoou e cancelou o
nosso escrito de dvida, ou seja, aquilo que era o motivo da separao entre Deus e o homem, Jesus
removeu-o e cravou-o na cruz. Todo homem estava debaixo da maldio da lei, porm Cristo nos resgatou,
nos redimiu dessa maldio, pois Ele se tornou maldito em nosso lugar (Gl 3.13). O homem perdido precisa
compreender que ...Deus tornou pecado por ns aquele que no tinha pecado, para que nele nos
tornssemos justia de Deus(2 Co 5.21) . No momento em que Cristo foi cravado na cruz, Ele levou sobre si
todos os nossos pecados, assumindo a nossa culpa e tornando-nos justos perante Deus (Rm 5.1). Esta foi a
maneira de Deus religar o homem com Ele, visto que impossvel ao homem faz-lo por si mesmo.
D. A salvao um presente: O sacrifcio foi realizado, a salvao est diante do homem, mas o que me parece
que este insiste que precisa fazer alguma obra a fim de merec-la ou a fim de conquist-la. Em Efsios 2.8
encontramos a seguinte declarao: Porque pela graa sois salvos, mediante a f, e isto no vem de vs
dom de Deus, no de obras para que ningum se glorie. Fica bem claro nesta passagem que a salvao
graa de Deus, ou seja, um favor que homem algum merece, um presente de Deus para o homem e por
um presente no se paga. A Bblia ainda nos diz que por mais que o homem fosse bom, fizesse grandes
obras, de nada adiantaria, porque a salvao um presente para que ningum se glorie, para que ningum
se ache digno de receb-la por algum mrito prprio. Consideremos que voc possua uma dvida que jamais
conseguiria pagar, mesmo que trabalhasse por toda a sua vida. Surge ento um amigo e lhe oferece um
cheque em branco, assinado, lhe dizendo que a sua dvida j est paga, basta aceitar o cheque e cobrir o
valor da dvida. Encontramos registrado nas Escrituras que Jesus veio para os que eram seus, porm estes
no O receberam, porm a todos aqueles que O receberam deu-lhes o privilgio de serem feitos filhos de
Deus (Jo 1.11-12) ou seja, todos aqueles que aceitaram o presente de Deus. O cheque j est assinado, a
dvida j foi saudada, s preciso crer nisso e aceitar o presente. O homem quer complicar o que to
simples e ao mesmo tempo to valioso. Quando Deus fala que para ter a vida eterna preciso somente crer
no sacrifcio de Jesus Cristo na cruz, confiar nEle como nico e suficiente salvador (Jo 5.24), o homem fica a
inventar meios para chegar-se a Deus, ou meios para se conquistar a vida eterna. Por mais que ele busque
em outras fontes, o nico meio de ter acesso a Deus atravs do Seu Filho Jesus Cristo, porque em nenhum
outro h salvao seno em Jesus Cristo(At 4.12). Todo o homem que invocar o nome do Senhor, receber
dele o maior de todos os presentes, a vida eterna com Deus(Rm 10.13).
E. Deus quem faz a obra: A ordem que foi dada a todo cristo que anuncie estas Boas Novas, as boas
notcias a respeito da salvao em Jesus Cristo. Muitos cristos sentem-se frustrados ou desanimados por
proclamar a mensagem e as pessoas permanecerem indiferentes. Sentem-se como se tivessem jogado o seu
tempo fora. importante no nos esquecermos que a obra de convencer o pecador da sua condio e da
sua necessidade, pertence ao Esprito Santo, pois Ele quem convence o homem do pecado, da justia e do
juzo (Jo 16. 7-11). No queiramos fazer o que no cabe a ns. Somos apenas instrumentos nas mos de
Deus, o autor da Salvao, e sem a Sua atuao o pecador no se converte.
27 SEGUNDA PARTE: 5 Posturas Fundamentais
5. Comece a Evangelizar De nada adianta tomar as quatro posies anteriores se voc no colocar em prtica tudo o que j sabe. Por isso,
fundamental que voc inicie sua evangelizao e incorpore essa prtica crist em sua vida, pois temos certeza que
cristos resgatados por Deus devero dedicar suas vidas para alcanar outras pessoas. Por isso, os conselhos abaixo
servem para norte-lo no incio da sua caminhada.
A. Siga pessoas exemplares: Uma das grandes dificuldades de se iniciar encontrar exemplos a seguir na
evangelizao. Por isso, trazemos aqui alguns exemplos que podem servir de modelo para sua
evangelizao:
a. Exemplo de Paulo: