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TREINANDO A NOVA ORTOGRAFIA
Curso de curta duração, na modalidade educação à distância, o qual busca identificar as
principais mudanças constantes no Acordo Ortográfico de 1990 e exercitar sua aplicação.
Objetivos
Familiarizar o aluno com as principais mudanças constantes no Acordo Ortográfico e
prepará-lo para utilizá-las na redação e na revisão dos textos oficiais produzidos na ALMG.
Programa
1ª aula1 – O Acordo Ortográfico de 1990
2 – O alfabeto
3 – O trema
4 – Ê ou é, ô ou ó: diferenças de pronúncia
5 – As consoantes mudas
6 – Exercícios
2ª aula1 – As paroxítonas terminadas em oo
2 – Os ditongos abertos ei e oi
3 – O i e o u tônicos depois de ditongo
4 – O acento diferencial
5 – Exercícios
6 - Exercícios de recapitulação (opcionais)
3ª aula1 – Os verbos crer, ler, ver e dar
2 – O verbo arguir
3 – O verbo aguar
4 – Exercícios
5 – Exercícios de recapitulação (opcionais)
4ª aula1 – O hífen
a) os encadeamentos vocabulares
b) os topônimos compostos
c) os elementos repetidos e as formas onomatopeicas
d) os sufixos -açu, -guaçu, -mirim
e) os prefixos bi-, carbo-, zoo-
f) os prefixos pré-, pró-, pós-
g) as espécies botânicas e zoológicas
2 – Exercícios
3 – Exercícios de recapitulação (opcionais)
5ª aula1 – O hífen
a) os advérbios bem e mal
b) as locuções
c) os compostos com substantivos, adjetivos, numerais e verbos
2 – Exercícios
3 – Exercícios de recapitulação (opcionais)
6a aulaI – O hífen
a) usa-se o hífen: tabela 1
b) não se usa o hífen: tabela 2
2 – Exercícios
3 – Exercícios de recapitulação (opcionais)
ProfessoraSolange Nagem Sabbagh, Redatora/Revisora da Assembleia Legislativa do Estado de Minas
Gerais.
AULA 1
INTRODUÇÃO
Olá! Prontos para a primeira aula?
Antes de mais nada, quero-lhes dizer que, no nosso banco de dados, estão os textos do
Acordo Ortográfico de 1990, constituído dos Anexos I e II, e da Nota Explicativa do
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa – Volp –, da Academia Brasileira de Letras.
Estão lá também os links que indicaremos ao longo das aulas. Esses textos constituem
nossas referências teóricas, e é importante que sejam lidos.
Vamos iniciar nossos estudos lendo o pequeno – e, sobretudo, curioso – texto que se segue,
cujo título, bastante sugestivo, é "Houaiss não contou os bastidores do Acordo". Vamos lá?
Houaiss não contou os bastidores do Acordo
“Houve brigas? O Brasil teve de aceitar mudanças que não lhe agradavam? Ou conseguiu
convencer linguistas portugueses mais carrancudos?
‘Essas coisas não estão reveladas. [Antônio] Houaiss nunca fez um dossiê, nunca historiou
os bastidores do Acordo. Até porque acho que ele morreu sem ter a esperança de que aquilo
seria posto em prática’. Essa é a opinião de José Carlos de Azeredo, professor do Instituto
de Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e autor de ‘Escrevendo pela Nova
Ortografia’ e ‘Gramática Houaiss da Língua Portuguesa’.
O gramático, que chegou a trabalhar com o filólogo e enciclopedista, conta que Houaiss teve
carta-branca da Academia Brasileira de Letras para participar das discussões que
culminaram no novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em vigor desde 1º de janeiro
deste ano.
‘As conversas começaram em 1986 e se estenderam até 1990, com representantes de sete
países que assinaram o Acordo, já que Timor Leste [outro país lusófono] se tornou
independente apenas em 2002. O Antônio Houaiss era o único representante brasileiro. Ele
era efetivamente uma autoridade no assunto, apesar de muitos especialistas acharem que
deveria ter havido uma maior discussão’, explica.
Além disso, para o professor Azeredo, a ABL permitiu que apenas um representante
brasileiro participasse dos debates ‘porque o acordo de 1990 copiou em larga medida a
reforma ortográfica de 1945’.
Para Azeredo, todas as reformas têm como objetivo a simplificação da maneira de escrever
as palavras, e não da língua. ‘Existem diferenças de vocabulário até dentro do próprio país.
Nenhum acordo poria fim a isso. Isso seria até um empobrecimento’.
Autora do artigo: Juliana Doretto"
I – O ALFABETO
As letras k, w e y são reintroduzidas em nosso alfabeto e usadas:
• em nomes e topônimos de origem
estrangeira e seus derivados (mas a
terminação deve ser vernácula)
Byron, byroniano, Darwin,
darwinismo, Kuwait, kuwaitiano
• em palavras e siglas estrangeiras
incorporadas à nossa língua
Kaiser (alemão), kit, show,
windsurf (inglês), yang, yin
(chinês), KLM, TWA• em símbolos K (potássio), kg (quilograma)
“A tecnologia é a área que mais incorporou termos estrangeiros modernos ao nosso léxico
(...) web, wireless, link, download, cookies, hacker, key system, yellowstone" (Gil Roberto
Costa Negreiros, da PUC-SP)
Vejamos o que diz o item 2º da Base I do Anexo I do Acordo Ortográfico.
Vejamos também o que diz o item 7.1 do Anexo II do Acordo Ortográfico.
II – O TREMA
O trema cai:Permanece nas palavras de origem
estrangeira e seus derivados:Aguentar, arguição, bilíngue, cinquenta, quinquênio, sequestro, tranquilo
Hübner, hüberiano, Schöenberg, schöenbergiano
“Na minha cabeça colonial, o trema sempre trouxe certa sofisticação ao português. Um certo
ar internacional, manja? Meio alemão. Küss. Grün. Führer. E eu até ganhava certa
notoriedade quando eu citava, todo pimpão, a regra de uso do trema.” (Rick Lucas)
"(...) o Acordo de 1990 copiou em larga medida a reforma ortográfica de 1945 [que] já previa,
por exemplo, a extinção do trema, [medida que foi implantada] no Brasil com o novo Acordo,
mas que já [estava] em prática em Portugal desde a segunda metade da década de 40.”
(Juliana Doretto)
“Eliminando o trema, os gramáticos dizem que não altera a pronúncia. Mas e se for uma
palavra nova? E se, por exemplo, eu resolver criar uma marca de roupas chamada Qüiqüi?
Vou ter de explicar pra todo o mundo a forma correta de se pronunciar? Vou ter de botar uma
nota de rodapé na marca?” (Fabiana Lima)
Vamos à Base XIV do Anexo I do Acordo Ortográfico.
E agora ao item 7.2 do Anexo II.
III – Ê ou É, Ô ou Ó
Devido às diferenças de pronúncia entre Brasil (geralmente fechada) e Portugal (geralmente
aberta), são legítimos, nos casos a seguir, tanto o acento agudo quanto o circunflexo, devido
à oscilação do timbre:
• em palavras oxítonas,
geralmente oriundas do
francês, terminadas em e
bebê ou bebé
guichê ou guiché
• nas vogais tônicas e e o
quando, em final de
sílaba, forem seguidas
acadêmico ou
académico
topônimo ou
das consoantes nasais m
ou ntopónimo
Sobre esse ponto, eis o que dispõe a Base IX, item 2º, a, Obs., e b, Obs., do Anexo I do
Acordo.
E o Anexo II, no penúltimo parágrafo do item 3.
IV – AS CONSOANTES MUDAS
1 – Mantêm-se as consoantes proferidas na pronúncia culta da língua.
Exemplos: apto, adepto, compacto, convicção, erupção, núpcias, pacto.
2 – Eliminam-se as consoantes não proferidas na pronúncia culta da língua (em Portugal).
Exemplos: ação, afetivo, ato, batizar, direção, exato.
3 – Mantêm-se ou eliminam-se as consoantes mudas, facultativamente, em duas hipóteses:
quando forem proferidas na pronúncia culta da língua ou quando houver oscilação entre
emudecimento e enunciação.
Exemplos:
amígdala ou amídala,
amnistia ou anistia,
aritmética ou arimética,
aspecto ou aspeto,
assumpção ou assunção,
cacto ou cato,
caracteres ou carateres,
ceptro ou cetro,
concepção ou conceção,
corrupto ou corruto,
dicção ou dição,
facto ou fato,
omnipotente ou onipotente,
recepção ou receção,
sector ou setor,
súbdito ou súdito,
sumptuoso ou suntuoso.
Vamos à Base IV do Anexo I do Acordo.
E também ao item 4 do Anexo II.
Veja também texto de João Manuel Maia Alves sobre a questão das consoantes mudas.
Eliminação de consoantes mudas (2)"A eliminação de cês e pês mudos em palavras como ‘actor’ e ‘baptismo’ deixa muito boa
gente num estado de angústia, como se o mundo estivesse para acabar. (...)Muitos opõem-se à eliminação das consoantes mudas porque são contra toda a alteração
ortográfica. Numa reunião muito concorrida que se realizou em Lisboa a propósito do acordo
ortográfico, uma jovem senhora muito intelectual decretou que em Portugal a palavra
‘projecto’ tem de ter um ‘c’. Pessoas assim são imobilistas e opõem-se a qualquer mudança.
Esta senhora, se vivesse em 1910, talvez se opusesse a ‘lírio’ em vez de ‘lyrio’ e ‘abismo’ em
vez de ‘abysmo’. Por incrível que nos pareça hoje, houve quem dissesse, lá por esses anos,
que sem o ‘y’ desapareceria a noção de profundidade em ‘abismo’ e ‘lírio’ não teria graça.Gente há que se opõe a alterações ortográficas por achar que a que usamos atingiu um nível
de perfeição insuperável. (...)Toda ortografia tem muito de artificial e convencional. Nenhuma é perfeita (...).Vejamos a razão de escrevermos ‘ator’ no Brasil e ‘actor’ em Portugal. Em 1911 fez-se uma
excelente reforma ortográfica, que, mesmo assim, recebeu os maiores insultos. Infelizmente,
Portugal aplicou a reforma, esquecendo o Brasil. Isso abriu a porta a alterações unilaterais
nos dois países. Em 1931 os dois celebraram um acordo com um texto muito breve. Quando
se chegou à altura de ser aplicado, verificou-se que havia interpretações diferentes do que se
mantinha e do que se abolia. Foi assim que surgiram grafias diferentes, como ‘ator’ e ‘actor’.
Felizmente, o acordo de 1991 tem um texto detalhado que elimina ou minimiza a margem
para interpretações diferentes.Qual a justificação para consoantes mudas como em ‘director’ ou ‘adoptar’? Uma das razões
é que a consoante muda serve para abrir a vogal anterior. Faz de acento grave, como se
escrevêssemos ‘dirètor’ ou ‘adòtar.Se era esta a função, então falhou redondamente em palavras como ‘actuar’, ‘actuação’,
‘accionista’, ‘actuário’, ‘actualidade’ e ‘exactidão’. Realmente, na pronúncia portuguesa
destas palavras a vogal antes do ‘c’ não é aberta. Por exemplo, dizemos em Portugal ‘âtuar’,
e não ‘àtuar’.Há aqui duas conclusões a tirar. A primeira é que a ortografia que usamos não é perfeita e,
se não é perfeita, pode ser mudada. A segunda é que é falsa uma das justificações para
manter consoantes mudas. Estão lá para abrir vogais, e às vezes não o conseguem.Preparem-se para ler em próximos artigos afirmações capazes de revoltar e obrigar a pegar
em armas os amantes dos cês e pês que não se pronunciem. Autor do artigo: João Manuel Maia Alves”
AULA 2
Introdução
Olá! Vamos à nossa segunda aula?
A partir de agora, eventualmente, falaremos em monossílabas (ou monossílabos, tanto faz),
oxítonas (ou oxítonos), paroxítonas (ou paroxítonos), proparoxítonas (ou proparoxítonos), em
hiatos e ditongos.
Esqueceu? Vá agora recapitular esse conteúdo!
Lê e de são palavras monossílabas, ou seja, têm uma única sílaba; podem ser átonas – de,
ou, com, por exemplo – ou tônicas – lê, pá, só.Relê e encantador já são palavras oxítonas, quer dizer, têm mais de uma sílaba e a sílaba
tônica é a primeira a contar da direita.Relemos e amável, por sua vez, são palavras paroxítonas, isto é, a sílaba tônica é a
segunda a contar da direita.Relíamos e lâmpada, por seu turno, são palavras proparoxítonas, o que significa que a
sílaba tônica é a terceira a contar da direita.Saia, caule, chegou, atraiu são exemplos de palavras que contêm ditongo. Veja por que
motivo: sai-a, cau-le, che-gou, a-tra-iu; na divisão silábica, as vogais a, e, o e as semivogais
i, u ficam numa mesma sílaba. Diferente é o caso de saída, saúde, atraí, baús, rainha, ainda: sa-í-da, sa-ú-de, a-tra-í, ba-
ús, ra-i-nha, a-in-da, palavras que contêm hiato; na divisão silábica, as vogais ficam em
sílabas separadas.
I - AS PAROXÍTONAS TERMINADAS EM –OO
As paroxítonas terminadas em oo são grafadas sem acento.
Exemplos: enjoo (verbo), enjoo (substantivo); voo (verbo), voo (substantivo).
Sobre esse tópico, vejamos o que dispõe o Anexo I do Acordo, na Base IX, item 8º.
E o Anexo II, no item 5.4.3.
II – OS DITONGOS ABERTOS EI E OI
1 – Nas paroxítonas, deixam de ser acentuados os ditongos abertos ei e oi.
Exemplos: Assembleia, ideia, boia, heroico.
Excetuam-se as paroxítonas terminadas em r.
Exemplos: Méier, contêiner, destróier, blêizer.
2 – Nas monossílabas e nas oxítonas,continuam sendo acentuados os ditongos abertos.
Exemplos: réu, troféu, réis, anéis, mói, constrói.
Será necessário ter atenção, pois teremos:
rói, réis, réu (os ditongos abertos recebem acento, por tratar-se de palavras
monossílabas)herói, anéis, troféu (os ditongos abertos recebem acento, por tratar-se de palavras
oxítonas)heroico, estreia (os ditongos abertos não recebem acento, por tratar-se de palavras
paroxítonas)
Vamos ao Anexo I do Acordo, Base VIII, item 1º, d, e à Base IX, item 3º.
E ao Anexo II, o item 5.4.2.
III – O I e o U TÔNICOS, DEPOIS DE DITONGO
1 – Nas paroxítonas, depois de ditongo, deixam de ser acentuados o i e o u tônicos.
Exemplos: baiuca (bai-u-ca; boteco; local de péssima categoria), bocaiuva (bo-cai-u-va;
palmeira), boiuno (boi-u-no; bovino), feiume (fei-u-me), feiura (fei-u-ra), guaiba (gua-i-ba;
encontro de muitos rios), reiuno (rei-u-no; fornecido pelo Estado para uso dos soldados; de
baixa qualidade ou condição; animal sem dono ou de dono desconhecido), sauipe (sau-i-pe;
lugar habitado por animais de pelos curtos).
2 – Os demais casos seguem a regra antiga. Exemplos: Piauí, maiúscula, teiú, tuiuiú, país,
países, amiúde, baús, balaústre, faísca, ainda, moinho, Raul, ruim, ruins, sair, raiz.
Vejamos o que dizem os itens 1º a 6º da Base X do Anexo I do Acordo.
IV – O ACENTO DIFERENCIAL
1 – Eis os casos em que o acento diferencial é suprimido:
a) Coa, coas (verbo) ≠ co’a, co’as (preposição com + artigo a, forma arcaica, em desuso,
geralmente usada em poesia).
Exemplos: Há aquele que “coa mosquitos e engole camelos”.
“(...) contenta-te co'as lágrimas que choro”.
b) Para (verbo) ≠ para (preposição)
Exemplos: “Para, Pedro!”
Foi publicada a convocação para a reunião.
c) Pela (é) (substantivo) ≠ pela (é) (verbo) ≠ pela (ê) (preposição)
Exemplos: “O milenar jogo da pela é considerado um dos ancestrais do tênis.”
Você pela de medo de avião?
Vamos pela sombra.
d) Pelo (ê) (substantivo) ≠ pelo (é) (verbo) ≠ pelo (ê) (preposição)
Exemplos: “O pelo reveste a pele dos mamíferos defendendo-os das diferenças de
temperatura.”
Eu me pelo por chocolate.
Tudo pelo chocolate!
e) Pera (substantivo) ≠ pera (forma arcaica, em desuso, da preposição para)
Exemplo: A pera é uma fruta muito nutritiva.
f) Polo (substantivo) ≠ polo (forma arcaica, em desuso, da preposição pelo)
Exemplos: Quem conhece o Polo Norte? Quem pratica polo aquático?
Atenção: a forma arcaica per só ocorre nas expressões de per si (cada um por si, isoladamente) e
per capita (por cabeça).
Exemplos:
Os trabalhos serão avaliados "de per si".
Qual é a renda "per capita" do Brasil?
2 – Nos casos abaixo, o acento diferencial é mantido:
a) Pôde (no pretérito perfeito do indicativo) ≠ pode (ó) (no presente do indicativo)
Exemplo: Se antes ela não pôde viajar, agora pode.
b) Pôr (verbo) ≠ por (preposição)
Exemplo: Pode pôr essas compras sobre a bancada, por favor?
3 – Nos casos a seguir, o acento diferencial é facultativo:
a) Fôrma (substantivo, significando molde) e forma (substantivo ou verbo) Exemplos: Minha
fôrma (ou forma) de bolo sumiu.
A forma (ó) como você fez a pesquisa é muito interessante.
A imprensa forma (ó) opinião.
b) Dêmos (no presente do subjuntivo) e demos (no pretérito perfeito do indicativo)
Exemplos: É necessário que nós lhe dêmos (ou demos) mais atenção.
Demos uma festa ontem.
c) Cantámos (no pretérito perfeito do indicativo) e cantamos (idem)
Exemplo: Muito cantámos (ou cantamos) na festa ontem.
Vejamos o que dispõe o item 9º da Base IX do Anexo I do Acordo.
E o item 5.4.1 do Anexo II.
AULA 3
Introdução
Olá! Esta é a nossa terceira aula.
Hoje falaremos sobre as alterações ocorridas na grafia de alguns dos nossos verbos.
Lembram-se do credelevê? do ter e vir? do arguir? do averiguar?
Sim? Não? Vagamente?
Qualquer que seja a resposta, uma coisa é certa: teremos de rever esses verbos.
Mãos à obra!
I - Os verbos crer, dar, ler e ver
Segundo o Acordo Ortográfico, os verbos crer, ler, ver e dar e seus derivados perdem o
acento circunflexo nas formas terminadas com -eem:
(ele) crê, descrê (eles) creem, descreem(ele) lê, relê (eles) leem, releem(ele) vê, revê (eles) veem, reveem(que ele) dê, desdê (que eles) deem, desdeem
Vejamos o que diz sobre este ponto o item 7º da Base IX do Anexo I do Acordo Ortográfico.
Por sua vez, a grafia dos verbos ter e vir e seus derivados não muda:
(ele) tem, contém (eles) têm, contêm(ele) vem, advém (eles) vêm, advêm
Vamos ao item 5º, c, da Base IX do Anexo I do Acordo.
II – OS VERBOS ARGUIR E REDARGUIR
Na conjugação dos verbos arguir e redarguir, ocorre o seguinte:a) cai o trema;
b) cai o acento agudo no u tônico das três pessoas do singular e da terceira pessoa do
plural do presente do indicativo assim como nos tempos e modos que dele se originam – o
presente do subjuntivo, o imperativo afirmativo e o imperativo negativo;
c) emprega-se o acento agudo no i quando este for tônico, seguido ou não de s.
Veja como fica a conjugação do verbo arguir (e, nos mesmos moldes, a de redarguir)
nos tempos simples:
Modo indicativo
Presente Pretérito
perfeito
Pretérito
mais-que-
perfeito
Pretérito
imperfeito
Futuro do
presente
Futuro do
pretérito
eu arguo eu arguí eu arguíra eu arguía eu arguirei eu arguiriatu arguis tu arguíste tu arguíras tu arguías tu arguirás tu arguiriasele argui ele arguiu ele arguíra ele arguía ele arguirá ele arguirianós
arguímos
nós
arguímos
nós
arguíramos
nós
arguíamos
nós
arguiremos
nós
arguiríamosvós arguís vós arguístes vós arguíreis vós arguíeis vós arguireis vós arguiríeiseles arguem eles
arguíram
eles
arguíram
eles arguíam eles arguirão eles
arguiriam
Modo subjuntivo
Presente Pretérito imperfeito Futuroque eu argua se eu arguísse quando eu arguirque tu arguas se tu arguísses quando tu arguíresque ele argua se ele arguísse quando ele arguirque nós arguamos se nós arguíssemos quando nós arguirmosque vós arguais se vós arguísseis quando vós arguirdesque eles arguam se eles arguíssem quando eles arguírem
Modo imperativo
Afirmativo Negativoargui tu não arguas tuargua você não argua vocêarguamos nós não arguamos nósarguí vós não arguais vósarguam vocês não arguam vocês
Vejamos o que dispõe o item 7º da Base X do Anexo I do Acordo.
III – O VERBO AGUARDupla pronúncia e dupla grafia
Segundo o Acordo Ortográfico, o verbo aguar admite dupla pronúncia e dupla grafia nas três
pessoas do singular e na terceira pessoa do plural do presente do indicativo assim como nos
tempos e modos dele derivados (presente do subjuntivo, imperativo afirmativo e imperativo
negativo).
Portanto, temos duas possibilidades:
• se o a ou o i das referidas formas verbais forem
tônicos, serão acentuados: eu águo se o u das referidas formas verbais for tônico, não será
acentuado: eu aguo
O mesmo ocorre com os derivados de aguar, como apaniguar, apaziguar, averiguar,
desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir.
Assim dispõe o item 7º da Base X do Anexo I do Acordo.
Veja como devem ser grafados tais verbos nas três pessoas do singular e na terceira pessoa
do plural do presente do indicativo assim como nos tempos e modos dele derivados
(presente do subjuntivo, imperativo afirmativo e imperativo negativo).
No presente do indicativo:
eu águo ou aguo nós aguamos
tu águas ou aguas vós aguaisele água ou agua eles águam ou aguam
No presente do subjuntivo:
(que) eu águe ou ague (que) nós aguemos(que) tu águes ou agues (que) vós agueis(que) ele águe ou ague (que) eles águem ou aguem
No imperativo afirmativo:
água ou agua tuágue ou ague você
aguemos nósaguai vós
águem ou aguem vocês
No imperativo negativo:
não águes ou não agues tunão águe ou não ague vocênão aguemos nósnão agueis vósnão águem ou não aguem vocês
AULA 4
Introdução
I - O emprego do hífen
1 – São grafados com hífen os termos que ocasionalmente formam sequências vocabulares.
Exemplos: a ponte Rio-Niterói, o trajeto Belo Horizonte-Montes Claros-Januária.
Sobre esse tópico, dispõe o item 7º da Base XV do Anexo I do Acordo.
2 – Usa-se o hífen nos seguintes topônimos compostos:
• que se iniciam com verbo Abre-Campo
• que são formados pelos
adjetivos grã- e grão-
Grã-Bretanha, Grão-Pará
• que contêm artigo Trás-os-Montes
Os demais topônimos compostos são grafados sem hífen, exceto Guiné-Bissau, termo cuja
grafia é, nos termos do Acordo Ortográfico, "consagrada pelo uso".
Trata desse ponto o item 2º da Base XV do Anexo I do Acordo.
3 – Grafam-se com hífen os termos compostos constituídos por:
• elementos repetidos pula-pula• formas onomatopeicas (palavras criadas para
imitar ruídos, canto de animais, som de
instrumentos musicais, barulhos que
acompanham os fenômenos da natureza)
glu-glu,
tim-tim
"O filólogo [Bechara] assume que a equipe cometeu um ‘engano num assunto em que os
dicionários e vocabulários representam terra de ninguém: as onomatopeias’. Se ‘tique-taque’
é com hífen, ‘tiquetaquear’ deveria sê-lo também, mas prevaleceu o costume de se
aglutinarem os derivados."
Vejamos o que diz o item 6 da Nota Explicativa do Volp.
4 – Usa-se o hífen antes dos sufixos -açu, -guaçu (significando grande, vasto, enorme,
maior) e -mirim (significando pequeno), elementos de composição de origem tupi-guarani, os
quais representam formas adjetivas:
• quando o primeiro termo é constituído
por oxítona acentuada
amoré-guaçu
anajá-mirim• quando a pronúncia exigir a distinção
gráfica dos dois termos
capim-açu
Eis o que consta no item 3º da Base XVI do Anexo I do Acordo.
Atenção, porém, ao uso de mirim como adjetivo, e não como elemento de composição.
Exemplos: professor mirim, pintor mirim.
II - O emprego do hífen
5 – Admite-se dupla grafia dos termos bi-, carbo- e zoo- nos seguintes casos: bi-
hebdomadário e biebdomadário, carbo-hidrato e carboidrato, carbo-hemoglobina e
carboemoglobina.
Vejamos o item 11 da Nota Explicativa do Volp.
6 – Emprega-se o hífen depois dos prefixos pós-, pré- e pró- quando tônicos, desde que o
segundo termo tenha "vida à parte". Exemplos: pós-eleitoral, pós-datar, pré-ajuste, pré-datar,
pró-satisfação, pró-asiático.
Quando átonos, tais prefixos se aglutinam com o segundo elemento. Exemplos: posfácio,
posposição, preâmbulo, predemarcar, procromossomo, propulsão.
Sobre esse polêmico ponto, eis o que diz o item 1º, f, da Base XVI do Anexo I do Acordo.
7 – Grafam-se com hífen as palavras compostas que designam espécies botânicas, flores,
frutos, raízes, sementes e espécies zoológicas.
Exemplos: bico-de-papagaio, andorinha-do-mar, pimenta-branca.
Atenção, porém: afora as três hipóteses indicadas, as formas homógrafas desses termos
compostos são grafadas sem hífen.
Exemplo: bico de papagaio (significando deformação na coluna vertebral).
Vejamos o que diz o item 3º da Base XV do Anexo I do Acordo.
E os itens 7 e 8 da Nota Explicativa do Volp.
8 – Não se usa hífen nos compostos que têm como primeiro elemento os termos não e
quase.
Exemplos: não aromático, não fumante, não contradição, não violência, não desvalorização,
quase irmão, quase contrato, quase domicílio, quase equilíbrio.
Vejamos o que diz o item 15 da Nota Explicativa do Volp.
AULA 5
Introdução
Olá, pessoal,
Esta é a nossa penúltima aula. Continuaremos hoje o estudo do hífen.
Vamos retornar à Base XVI do Anexo I do Acordo ortográfico.
E aos itens 6.1 a 6.3 do Anexo II.
III - O emprego do hífen
1 – Nas palavras compostas que têm como primeiro elemento os termos bem e mal, usa-se o
hífen quando o segundo elemento inicia-se com h ou vogal.
Exemplos: bem-aceito, bem-humorado, mal-estar, mal-humorado.
Quando o segundo termo inicia-se com uma consoante que não o h, o advérbio mal aglutina-
se. Já o advérbio bem, por vezes, aglutina-se; por vezes, não.
Assim, temos: malcriado, malquisto, malfeitor; bem-falante, bendizer, benfeitoria, benquisto.
Vamos ao item 4º da Base XV do Anexo I do Acordo.
2 - Dispensam o uso do hífen as "locuções de qualquer tipo", nos termos do Acordo
Ortográfico.
Exemplos:
a) locuções substantivas: dia a dia (cotidiano), mão de obra, pai dos burros (apelido
pejorativo de dicionário), pé de valsa (exímio dançarino);
b) locuções adjetivas: à toa (sem importância);
c) locuções pronominais: tal qual;
d) locuções adverbiais: à toa (desnecessariamente), dia a dia (diariamente);
e) locuções prepositivas: por meio de;
f) locuções conjuncionais: no entanto.
[Segundo Bechara,] "quando escrevemos, nosso texto não representa diretamente ideias,
senão palavras, e estas é que representam ideias num segundo momento dessa operação
lógico-simbólica, auxiliada pelos saberes de que dispomos todos os falantes de uma língua.
Nós não falamos só com o conhecimento das regras elementares do pensar e do
conhecimento de mundo (saber elocutivo); usamos do conhecimento da construção do texto
(...). Também contamos com a situação e o contexto em que se desenvolve nossa fala. Por
tudo isso e por mais alguns fatores é que nem o freguês nem o doceiro irão ter dúvida diante
do pedido de um pé de moleque, sem hífen."
Sobre esse ponto, vejamos o que diz o item 6º da Base XV do Anexo I do Acordo.
Vamos agora ao item 12 da Nota Explicativa do Volp.
IV - O emprego do hífen
3 – Permanece o hífen em determinadas locuções "consagradas pelo uso", consoante o
Acordo Ortográfico: "água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-
meia, ao deus-dará, à queima-roupa, passatempo, varapau".
Vamos agora ao item 6º da Base XV do Anexo I do Acordo e aos itens 7 e 8 da Nota
Explicativa do Volp.
4 – Emprega-se o hífen nos termos compostos iniciados com os prefixos além-, aquém-, ex-
(condição anterior), recém-, sem-, sota- ou soto- (subposição), vice- e vizo-.
Exemplos: além-mar, aquém-fronteiras, ex-reitor, recém-emancipado, (pessoa) sem-
cerimônia, sota/soto-piloto, vice-diretor, vizo-rei.
5 – Grafam-se com hífen as palavras compostas que não têm elemento de ligação e cujos
termos são constituídos por substantivo, adjetivo, numeral ou verbo.
Exemplos: afro-brasileiro (adjetivo pátrio composto), belo-horizontino, para-raios, pedra-
sabão, primeiro-ministro, seguro-desemprego, tenente-coronel, vale-refeição.
Atenção: grafam-se sem hífen substantivos como afrodescendente, anglofalante, afromania,
anglofobia, eurocentrismo.
Eis o que diz o item 1º da Base XV do Acordo.
AULA 6
Introdução
Olá, pessoal,
Esta é a nossa última aula. Concluiremos hoje o estudo do hífen.
Primeiramente vamos à Base XVI do Anexo I do Acordo ortográfico.
E aos itens 6.1 a 6.3 do Anexo II.
USA-SE O HÍFEN
Primeiro termo Segundo termo Exemplos
iniciado coma- h a-históricoab-, ob- r ab-rupto (forma mais recomendada)ad- d, r ad-digital, ad-referendarcircum-, pan- h, m, n, vogal circum-ambiência, pan-hispânicohiper-, inter-, super- h, r hiper-humano, inter-regional,
super-heróisob- r sob-rodasub- b, h, r sub-base, sub-humano, sub-regiãoaero-, agro-, ante-,
anti-, arqui-, auto-,
bio-, contra-, eletro-,
entre-, extra-, geo-,
hidro-, infra-, intra-,
macro-, maxi-, micro-,
mini-, multi-, neo-,
proto-, pseudo-, retro-,
semi-, sobre-, supra-,
tele-, ultra-, etc.
h aero-hidroterapia, bio-historiador,
contra-habitual, eletro-hidráulico,
intra-histórico, macro-histórico,
neo-helenismo, pseudo-herói,
semi-hidratado, sobre-humanoa mesma vogal
com que termina o
prefixo
ante-estreia, auto-ônibus,
infra-assinado, intra-abdominal,
micro-ondas, mini-içador,
pseudo-organização,
semi-inconsciente
para- (significando
semelhante, próximo)
a mesma vogal
com que termina o
prefixo
para-apendicite
NÃO SE USA O HÍFEN NOS SEGUINTES CASOS
Primeiro termo Segundo termo
iniciado com
Exemplos
an-, des-, in- h anistórico, desumano, inumano
(observe-se que cai o h)co-, re- qualquer letra coabitar, coerdeiro, reaver,
reeleiçãopara- (significando
semelhante, próximo)
qualquer letra,
exceto a vogal a
paraolimpíada, paramédico
aero-, agro-, ante-,
anti-, arqui-, auto-,
vogal diferente
da última vogal
aeroespacial, arquiabade,
extraoficial, intraepidérmico,
bio-, contra-, eletro-,
entre-, extra-, geo-,
hidro-, infra-, intra-, macro-,
maxi-, micro-, mini-,
multi-, neo-, proto-,
pseudo-, retro-, semi-,
sobre-, supra-, tele-,
ultra-, etc.
do prefixo macroanálise, miniônibus,
supraescapular, teleator,
ultraeconômicor, s
(nesses casos,
há aglutinação
dos termos, e a
consoante (r ou
s) é duplicada
aerossol, anterrepublicano,
antessala, eletrossiderurgia,
entrerreclamar,
macrorregional, maxirregata,
microrregião, semirreta,
semissintético,
telessinalização, ultrarradicalco-, re- r, s
(idem)
correferência, ressocialização