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ilustration magazine
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NOVEMBRO 2011
SANDRA DIECKMAN JESSE LEFTKOWITZ JAMIE MILLS
ANTES DO DIA SEGUINTE | O MUNDO DOS TEUS SONHOS | CÍRCULO DAS ARTES
TINTA E BRAILLE-PALAVRAS A DOIS SENTIDOS
Homens e máquinas juntam-se no mesmo palco para
contar histórias sobre gente sentada em bancos de
jardim. Movimentam o corpo e deixam cair letras. As
palavras significam o que dizem e são o que podem ser
na boca de cada um. Muitas estão em código e só al-
guns percebem. Mas todos as sentem, seja com os
olhos ou com os dedos. Palavras que também podem
ser música, criada por um piano, transportada em vinil,
anunciada em cartazes que vestem paredes da rua.
Homens e máquinas dividem o mesmo palco e comu-
nicam com o alter-ego. Representam a multiplicida-
de do "eu".
O ser dissimula-se nas várias formas de ser. Passo a
passo as personagens abandonam o corpo e encontram
reflexo no exterior. Homens e máquinas desaparecem do
palco. A cortina desce quase até ao fim. Só se vêem
sapatos. Botas de salto alto, ténis de sola rasa. Vestí-
gios de nós e dos outros. Prova das vidas que se unem
num estrado de madeira de diferenças e semelhanças.
Celebrado pela comunicação. A cortina desce até ao
fim e apaga a imagem. Mas afinal esta peça é apenas
uma apresentação do que está prestes a acontecer.
t r ê s p o n t o s
TRÊS PONTOS #03 - NOVEMBRO 2011
EDITORIAL
ANTES DO DIA SEGUINTE
O MUNDO DOS TEUS SONHOS
TINTA E BRAILLEPALAVRAS A DOIS SENTIDOS
CÍRCULO DAS ARTESHELENE RIEFENSTAHL
SANDRA DIECKMAN
JESSE LEFTKOWITZ
JAMIE MILLS
ÍNDICE
FICHA TÉCNICA
DIRECÇÃO
EDIÇÃO GRÁFICA
FOTOGRAFIA
PERIODICIDADE
EDIÇÃO
ISABEL CUNHA
ISABEL CUNHA
ISABEL CUNHA
TRIMESTRAL
INVERNO 2011
WWW.3PONTOS.COM
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Dois copos de vinho, uma garrafa meio cheia. Vidas cru-
zadas sobre a mesa de um café. Cigarros que se
acendem entre histórias e desabafos. As pessoas falam
sobre o tempo, admiram-se com exercícios de bana-
lidade até terem de falar do que não querem. Fazem in-
troduções cheias de vazio. Fingem recitar poemas
mentais como forma de fugir ao contacto visual.
Passa uma hora e os dois estão ali. A garrafa acabou. O
rapaz do café aparece sobre a mesa. Ar abatido, mas
educado. Atencioso, mas distante: «Traga-me mais
uma destas, por favor.» O processo repete-se e as
defesas vão ficando moles. Os olhos aproximam-se
da verdade, os braços agitados tentam manter a
distância, mas mais não fazem do que aproximar o
olhar alheio das profundezas da alma. As guardas vão
baixando. Abre-se a mente a pensamentos perver-
sos. Os princípios mais básicos da moral são sub-
vertidos pelo instinto. O organismo entra em revolu-
ção. Re mói-se, inclina-se, curva-se.
É nesse momento que a cabeça se separa do corpo.
Procura agarrar a razão antes que ela se retire porta
fora sem olhar para trás. Mas o esforço já veio tarde e a
corrente é forte demais para tentar voltar à terra.
O sorriso que salta do outro lado da mesa acaba por
desfazer os últimos suspiros de sensatez e o ferro
transforma-se em água. No fim já não é preciso
arrombar a porta. As chaves são oferecidas, o tapete
vermelho é vendido. Dão-se as boas-vindas sobre avi-
sos de cautela: «Agora vê lá, não me deixes ficar mal.»
Lançam-se receios mascarados pela preocu-pação:
«Não leves nada que não possas devolver e, se
quiseres voltar atrás, não esperes, não esperes pelo
avançar do tempo.»
A segunda garrafa chega ao fim. Pede-se mais uma
para o caminho. Para beber no táxi até chegar ao hotel.
Já se faz tarde para voltar atrás sozinho. O melhor é
aceitar a companhia e ficar num quarto entre o nada e o
adeus. Amanhã o sol trata de abrir os olhos mesmo que
eles queiram ficar fechados. A realidade faz questão de
aparecer mesmo que a fantasia não a tenha convidado
para um passeio a dois. Amanhã a boca está seca, mas
se o vinho for bom pode ser que a cabeça não doa.
Ficam apenas os copos… manchados pelas gotas de
uma recordação.
ANTES DO DIA SEGUINTE O MUNDO DOS TEUS OLHOS
O outro lado é como uma concha cerrada. Um baú de
tesouros cobertos com a alquimia dos sonhos, cofre
que esconde quimeras, desejos guardados para res-
gatar um dia. São os mundos paralelos que guarda-
mos em esconderijos, na expectativa de que alguém
connosco os queira partilhar. São destinos onde
queremos chegar. Viagens sem porto e sem fim,
trilhos que a imaginação nos oferece, bálsamo que
revigora e restaura o poder de olhar além.
É o outro lado da rua, o outro lado da janela, onde gente
invisível tece vidas silenciosas por detrás das cortinas
de organdi. É uma nota de música, acordes que nos
atravessam, retirando-nos do torpor dos indiferentes.
É o refúgio de um quadro, uma pintura de cores in-
certas que atrai os incautos nas armadilhas da arte.
São as palavras certeiras de Sepúlveda, a música de
Yann Tiersen. Uma imagem na tela de Pollack. Um
rosto na foto de Doisneau.
E são as memórias que em nós habitam, grãos disper-
sos num painel que nos molda os dias.Páginas que fo-
lheamos devagar, para guardar o sabor doce das
recordações. Sementes que crescem, regadas pela
magia de uma viagem. Imagens e cheiros que nos
transportam para lugares de onde não queremos
regressar. Horizontes que s e abrem, como leques, e
nos atiram para espaços infindos, panos de fundo que
queremos fazer reféns. Instantes que queremos
paralisar no preciso tempo.
E é também o outro lado da lua, o do alheio, dos cami-
nhos incer tos que exploramos com a mesma
voracidade com que um pintor se atira à tela, é um
rasgo de amor. A vida num ápice. Um segundo, um
instante. Um sorriso, um riso. Um beijo.
São as estradas que descobrimos cá dentro, labirintos
por onde deambulamos, como vagabundos de para-
deiros desconhecidos, à espreita do horizonte. Pás-
saros que nos levam a voar. És tu, asilo seguro onde pouso quando não caibo no
mundo. São os lugares de fábulas e de exílio para on-
de me levas quando o mundo me pesa na alma. É a tua
alegria, que me traz sempre esperança. É a desme-
sura dos teus olhos e as planícies que neles en-
contro ao largo horizonte.
REFLEXÃO: CATARINAVAN DER KELLEN
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TINTA E BRAILLE
PALAVRAS A DOIS SENTIDOS
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Quando lê uma descrição, a imaginação de Ana Oliveira
(ACAPO) constrói um quadro mental com base naquilo
que conhece. Elementos aos quais atribuiu uma
imagem porque toca, cheira, ouve e prova. Existem
coisas, porém, das quais só tem conceitos que lhe
foram ensinados - como o céu, as cores ou o sol. São
noções abstractas, sem referente, mas que não
retiram prazer à leitura.
Raquel Dutra, assistente editorial, lê compulsivamen-
te desde criança: «Quando era pequena lia com uma
lanterna debaixo dos cobertores». A intimidade com a
palavra impressa marcou e definiu todo o percurso
académico e profissional. Foi com os livros que teve a
percepção de diferentes realidades, que desenvolveu
criatividade e espírito crítico.
Tal como a leitura visual, a leitura braille transporta
informação através de mecanismos que facilitam a
meditação e assimilação pessoal daquilo que se lê. Em
ambos os casos, são as impressões sensíveis reco-
lhidas em experiências anteriores. Os contornos que
Ana desenha mentalmente quando lê sobre uma ma-
çã, por exemplo, podem até ser muito semelhantes
aos de Raquel. Até a percepção do aroma ou do sa-
bor da mesma maçã pode ser idêntica . O que aconte-
ce é que os sentidos, à falta da visão, são trabalha-
dos e polidos pelo hábito de uma forma diferente.
REVOLUÇÃO NA LEITURA
O braille é um método de escrita que se compõe de
pontos em alto-relevo para leitura táctil. Ler em braille
é um processo lento que provoca algum desconforto
físico. «Quem tem o tacto menos apurado, ou quem
está a começar a aprendizagem do braille, fica mesmo
com os dedos dormentes e acaba por não conseguir
distinguir os pontos ao fim de pouco tempo». Daí que
Ana opte frequentemente pelo suporte digital. Ou
seja, ouve os livros através de uma voz sintetizada.
Os editores de texto, os leitores de ecrã e os sinte-
tizadores de voz vieram revolucionar o acesso à
educação e à cultura.
Ao trabalhar com o computador, Ana utiliza um teclado
comum, que, segundo normas internacionais, possui
um alto-relevo nas letras F e J, para orientação do
utilizador. Além do computador, também pode trans-
ferir os ficheiros para o telemóvel com um software de
voz específico.
Em cada livro está guardado um mundo de com-
binações imagéticas diferentes de leitor para leitor. A
leitura depende do momento em que se lê e daquilo
que define cada ser humano. É impossível saber como
as palavras, em todo o caso ambíguas, são interpre-
tadas por cada um. Certo é que todos interpretamos
à luz daquilo que somos. E o que está entre o leitor e
o livro não deixa de ser apenas um pormenor.
O dedos de um cego são os olhos
de um normovisual.”
Raquel Dutra
ESPAÇOS EM BRAILLE
A ACAPO dispõe de duas bibliotecas braille e sono-
ras. O suporte mais procurado pelos associados é o
áudio, mas não há um género literário que seja mais
requisitado. Segundo Ana Oliveira, «as pessoas têm
gostos muito diversos». «Tanto pedem romances co-
mo livros sobre espiritismo». Salienta, no entanto,
que o best-seller de Dan Brown, O Código Da Vinci, foi
um grande sucesso entre os leitores invisuais.
Em Lisboa, a Biblioteca Nacional reserva uma área de
leitura especial para os deficientes visuais. A Media-
teca da Caixa Geral de Depósitos digitaliza documen-
tos, a pedido dos utentes, e transforma-os para o
suporte pretendido. No Porto, o Centro Professor Al-
buquerque e Castro é a entidade responsável pela
produção da maioria das obras que existem em brai-
lle. Também algumas bibliotecas municipais reser-
vam espaços específicos para cegos.
www.acapo.ptwww.lerparaver.com
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O livro é uma fantasia que ganha
corpo. Uma fantasia que não se esgo-
ta com a leitura, mas antes se mul-
tiplica. Inaugura em cada leitor
emoções adormecidas ou suspen-sas
pelas circunstâncias.
A Três pontos foi à procura de manei-
ras diferentes de sentir a palavra com
os olhos e com a ponta dos dedos.”
lviao Sítto
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circulo
das artesh e l e n e r i e f e n s ta h l
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Helene Bertha Amalie Riefenstahl começa por estudar
pintura, Como actriz, Leni Riefenstahl abraça todos os
projectos com a mas cedo deslumbra o Mundo com a
elegância e ligeireza que irreverência e a ventura que a
caracterizam. Quer sempre ir mostra nos palcos de
bailado. Alemães, austríacos e suíços mais longe e
irradia uma beleza única que fascina muitos dos
rendem-se à graciosidade das piruetas, até ao trágico
dia em que homens com quem trabalha. É difícil ficar
indiferente à mulher e à uma lesão no joelho a afasta da
dança. Neste momento, abrem- profissional. se as
portas do cinema.
Em A Montanha Sagrada (1926), de Arnold Fanck, a
jovem aventura-se num mundo pouco povoado por
mulheres. Depois desta interpretação, vem a sede da
produção e daí à realização foi um bater de asas.
LUZ NO ECRÃ
Em 1931, estreia-se como realizadora em A Luz Azul,
um filme de ficção. Riefenstahl não conhece fron-
teiras e tenta travar contacto com Hitler. Tal como até
então, a cineasta cumpre mais um dos seus objec-
tivos. Uma meta que a leva longe demais. «O seu
talento foi a sua tragédia», confessa Ray Müller,
realizador do documentário A Maravilhosa, Horrível
Vida de Leni Riefenstahl.
A pedido de Adolf Hitler dirige o documentário “A
Vitória da Fé”, em 1935. No mesmo ano realiza O
Triunfo da Vontade e Dias de Liberdade. Um ano depois
vem Olympia Ídolos do Estádio.
O Triunfo da Vontade e Olympia Ídolos do Estádio são
os filmes que eternizam Leni Riefenstahl: duas pelí-
culas ovacionadas por multidões em êxtase, mas que
Num voo constante, com uma precisão única, Leni Riefenstahl voou de flor em flor. Da pintura à dança, da séti-
ma arte à fotografia, aventurou-se nas águas do mar e descobriu um mundo novo. Mas da qualidade técnica
que representa, deixa também uma imagem ligada à propaganda nazi. Controvérsia que até hoje perdura,
dois anos passados da sua morte.
lhe ram o ostracismo depois da II Guerra Mundial. vale Ainda hoje, sempre que são exibidos na Alemanha, têm
de ser acompanhados por uma sessão de esclare-
cimentos, devido à inevitabilidade de dissociá-los da
eficácia que garantiram à propaganda nazi.
Ainda assim, Leni garante que os filmes foram
realizados sem qualquer intervenção do Ministério da
Propaganda e que, simplesmente, colocou a sua ge-
nialidade ao serviço do Führer. Naquela altura ainda
nada se sabia sobre campos de concentração. Os
alemães andavam à deriva e Hitler conseguiu fasci-
nar uma nação e um povo. Assim como fascinou Leni
Riefenstahl.
O PREÇO DO TALENTO
Até ao dia da sua morte, Riefenstahl recusa todas as
acusações que lhe fizeram. Assume-se como uma
«artista ao serviço da sua arte», porque sempre que se
empenha num projecto dá o melhor de si. Era incapaz
de «fazer coisas mal feitas».
Movida pelo rigor e pela inovação técnica, Riefenstahl
abre os caminhos para as modernas coberturas
desportivas da actualidade. Durante a realização de
Olympia, por exemplo, cria fossos para captar novos
ângulos dos atletas usando o céu como pano de fundo
coloca câmaras nos mastros das bandeiras e joga
com a luz e com o movimento para provocar contras-
tes. Estilo original que destaca as suas obras entre
tantas outras existentes.
Mas, apesar do talento, no fim da II Guerra chega a ser
interrogada e presa num campo de concentração
francês. Supera as críticas e as acusações nas barras
dos tribunais. Nada é provado, mas todos os que a
apoiaram voltam-lhe costas. Tiefland (1954) é o
último filme que realiza antes de se dedicar à foto-
grafia. Leni depura a consciência e expia a culpabi-
lidade de ter realizado filmes colocados à disposição
da propaganda nazi. Em 1987, publica A Memoir, uma
autobiografia onde, uma vez mais, procura afastar-se
do regime fascista.
Refugia-se no mundo da fotografia. Presa a esta nova
objectiva, agarra cada momento e fixa a intensidade de
cada instante. Longe das luzes e das vozes que a
aplaudiram e criticaram, Leni e parte para o con-
tinente africano.
O SEU TALENTO FOI
A SUA TRAGÉDIA”
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AMADA PELOS NAZIS
A irreverente mulher das sete artes quis conhecer
Hitler. Fascinada, como todo o povo alemão, escreveu-
lhe uma carta. Era impossível f icar indiferente à bele-
za e à persistência de uma mulher tão intensa. Encon-
traram-se, passearam juntos à beira-mar. Hitler che-
gou a confessar a admiração que sentia por Riefens-
tahl. Voltaram a encontrar-se.
Leni começou a frequentar o círculo dos homens for-
tes do III Reich. Goebbels chegou a implorar pelo amor
da cineasta. A vida de Leni Riefenstahl não pôde nunca
mais ser dissociada da elite nazi.
www.leni-riefenstahl.de
ÚLTIMA TRANSIÇÃO
O passar dos anos não lhe esmorece a tenacidade. Aos
72 anos, depois de conviver, no Sudão, com as tribos
Nuba e Kau, decide fazer um curso de mergulho. Nesta
fase, ganha uma nova meta: captar Impressões
Subaquáticas. Mais de dois mil mergulhos, o último
dos quais aos 97 anos, captam a luz e a cor das pro-
fundezas do Oceano Índico, onde a fotógrafa en-contra
momentos de tranqui l idade. O documentário é
lançado a 22 de Agosto de 2002.
A vida de Leni Riefenstahl acabara de cumprir o cír-
culo das artes.
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SANDRA DIECKMAN
Sandra Dieckman nasceu na Alemanha, mas actual-
mente vive e trabalha na Inglaterra (em Londres).
A Três Pontos apresenta duas respostas à entrevista
que lhe foi feita.
1. Como descreveria o seu estilo, as suas ilustra-
ções?
O meu trabalho é construído, sobretudo, em torno da
natureza, animais selvagens e observações, e é
inspirado por tudo o que me toca pessoalmente. Eu
descreveria o estilo da minha ilustração, de acordo
com o detalhe, a cor, o padrão, no sentido gráfico.
A ilustradora Natsuki Otani de Rally escreveu o se-
guinte sobre uma das minhas ilustrações: “As mara-
vilhosas ilustrações que Sandra cria tem todas as
características de um ilustrador de primeira classe
além de uma força eminente. Seus animais não são
apenas minuciosamente desenhados, mas o estilo e
desenvoltura com que ela nos presenteia com suas
ilustrações é inegável. Seu trabalho evoca a profunda
agitação de histórias infantis e contos de fadas dando
uma sensação profundamente enraizada de terra, de
florestas e mistério. Seu trabalho grita para a olhar
através de sua combinação de beleza e dor numa
composição elegante. Seu trabalho é forte e sutil, e
isso lhe permite introduzir humor e ao mesmo tempo
preservar a beleza e a arte. Um a verdadeira ilus-
tradora e um verdadeiro mimo!”
2. Qual é o seu processo de design, que metodologia
projectual utiliza?
Depende um pouco da inspiração e do tipo de trabalho
que o cliente pretende, às vezes e difícil e leva-me
algum tempo para começar. Começo sempre com os
personagens (animais), atribuo-lhes alguma cor, de
acordo com a paisagem que pretendo, e que estou
constru indo na minha cabeça enquanto estou
desenhando. Ás vezes construo colagens digitalmen-
te que serão incluídas mais tarde.
Quando não estou trabalhando para clientes, tomo as
ilustrações como minhas ilustrações. Trabalho o dia
todo, todos os dias, e é enquanto tomo café, respon-
do a email's…que desenho algumas das minhas ilus-
trações, tenho imensas peças distribuídas no estúdio
em minha casa, adoro isso, e construo ali o meu
ambiente de trabalho.
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Jesse Lefkowitz nasceu e cresceu no estado da
Virginia, nos Estados Unidos da América. Em 2001,
ingressa na Rhole Island School of Design, onde des-
cobriu o lápis de desenho 2B. Após a sua graduação em
Junho de 2005, torna-se freelancer em ilustração e
design editorial. Trabalha, junto dos directores de
arte, em publicações como Rolling Stone, New York
Times e CosmoGirl!.
A Três Pontos reuniu seis perguntas, numa entrevista
com o ilustrador a fim de sabermos um pouco mais,
sobre a sua vida profissional.
1. Quando é que decidiu ser ilustrador?
Decidi o melhor da ilustração enquanto estudava na
Rhode Island School of Design. No início, a minha in-
tenção era simplesmente melhorar o meu desenho e
técnicas de pintura, mas logo no programa percebi que
queria fazer uma carreira fora de ilustração.
2. Como caracteriza o estilo artísticos da s suas
ilustrações?
Meu estilo é gráfico e fortemente influenciado pela
gravura e desenho. Tento prestar muita atenção ao
contorno das formas e gosto de cores vibrantes e de texturas.
3. A sua infância, as suas vivências, o seu país natal,
influenciaram a sua vertente artística?
Não sei se o meu passado teve uma grande influência
no meu trabalho actual. Chamo-lhe de cultura do
design contemporâneo e da estética modernista de
meados do século 20.
JESSE LEFKOWITZ
4. Quando recebe uma proposta de trabalho, que
metodologia projectual usa, como começa?
Eu começo fazendo uma série de esboços rápidos em
um esforço para gerar ideias e começar a trabalhar as
composições. Eventualmente, selecciono dois ou três
conceitos favoritos e desenvolvo-os melhor, em tons
de cinza no Photoshop. Uma vez que um esboço foi
aprovado pelo director de arte, eu uso-o como uma pri-
meira camada à minha imagem final. Tento ficar com
uma composição ampla da que trabalhei no esboço
para que eu possa passar mais tempo a pensar em to-
das as maneiras para refiná-lo ao fazer a imagem final.
Depois que se estabelece a composição e avanço para
um esquema de cores, adicionando camadas de textura
para dar em parte alguma riqueza e profundidade.
5. Quando está a trabalhar costuma ouvir musica? e
que género costuma ouvir? Serve-lhe como forma de
inspiração?
Eu ouço todo o tipo de coisas em que eu trabalho. Não
apenas música, mas notícias e programas de rádio
pública. Quando ouço música, porém, eu prefiro a
calma, ouço canções melódicas que não sejam com
letras muito pesadas. Não chamaria isso de ins-
piração, mas ele ajuda a manter a parte não-visual do
meu cérebro activo enquanto eu trabalho.
6. Existem alguns ilustradores ou trabalhos de
referência?
Olho para um monte de ilustradores contemporâneos
dos Estados Unidos e da Europa. Leio vários blogs de
design e olho, também para ilustradores modernistas
do passado.
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JAMIE MILLS
1. Quais são as suas fontes de inspiração, quais as
suas influências?
Como vê no meu trabalho, a maioria da minha
inspiração vem da natureza. As montanhas, as
árvores, os vales, animais selvagens e, muitas das
vezes, espaços abertos são as coisas em que o meu
olhar se prende. Vejo muitos documentários e leio
muitos livros sobre lugares aos quais não consigo
chegar no momento, mas serão lugares para um dia
viajar. Fotografos como Yann Arthus-Bertrand, Steve
Bloom e Hirst Bill atraiem-me, realmente, os seus
trabalhos captam a verdadeira essência do mundo e
muitas vezes a influêcia da humanidade no seu
contorno. LSLowey e Brooks Salzwedel são dois ar-
tistas que também trabalham temas semelhantes e
foram grandes inspirações para mim. Há uma
capacidade de transmitir sentimentos tão próprios
(uma espécie de saudade) presente nos seus traba-
lhos que não me canso de olhar.
2. Ao descrever uma história, como é que fez as suas
personagens, de onde eles vieram e para ondes eles
foram?
A serie 'Winter' é um projecto que estou muito
orgulhosa de o ter desenvolvido. Começou com uma
ideia para um livro infantil e, nesse aspecto, não é bem-
sucedido em tudo. Tenho levado um pouco o retracto
de uma historia verdadeira, criando uma determinada
estética, que acabou por se remover completamente
da história inicial dos meus filhos. No entanto, são
peças de trabalho, pelas quais sou ainda muito fã e
ainda pretendo ser.
Comecei o projecto sem narrativa, sabia vagamente
que queria que fosse algo sobre o bisonte das
montanhas e a sua vivência. Através de repetidos
desenhos e esboços de bisontes, lobos e um imenso
cenário de uma narrativa simples. Tal como acontece
com muitos dos meus trabalhos, o processo foi
bastante básico – as secções azul foram serigrafadas,
niveladas, e tudo o que mais neles existe foi feito
usando um lápis, que é uma técnica que eu realmente
gosto de trabalhar
Formada em ilustração recentemente, a jovem Jamie
Mills vive na Inglaterra e busca inspiração na natu-
reza, nas estruturas e nos padrões que a cercam. Os
seus trabalhos Jamie explora o preto e o branco e tam-
bém as cores primárias, que aparecem em detalhes
deli-cados trazendo vida às imagens.
A Três Pontos apresenta duas respostas à entrevista
que lhe foi feita.
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18
FESTIVAL DE ARTES PERFORMATIVAS
ATENEU COMERCIAL DO PORTO
AUDITÓRIO/HALL/
BAR DE SERRALVES
CORETO DA CORDOARIA
CENTRO PORTUGUÊS
DE FOTOGRAFIA
ESMAE ESTAÇÃO DE SÃO
BENTO
ESTÚDIO ZERO
FBAUP
FLUP
14-17 DEZ 2011PORTO
7ª EDIÇÃO
HOTEL DOM HENRIQUE
LIVRARIA CE LATINA
LOFTE
LOJA N.90 RUA CÂNDIDO
DOS REIS
MUSEU MILITAR DO PORTO
PARQUE DE ESTACIONAMENTO
SILO-AUTO
PASSOS MANUEL
PRAÇA D.JOÃO I
ATOM (ROBERT HENKE & CHRISTOPHER BAUDER)(DE)
BLACK SUGU (PT)
CRISTIAN CHIRONI (IT)
FORCED ENTERTAINMENT (UK)
HHY & THE MACUMBAS (PT)
INSTITUT FÜR FEINMOTORIK (DE)
JÉRÔME BEL (FR)
JOANA CRAVEIRO / JOÃO PAULO SERAFIM (PT)
JULIANA SNAPPER (US)
KK NULL (JP)
MARCIA FARQUHAR (UK)
MIGUEL PEREIRA (PT)
DJ MR. MUECK (DE)
SIGMUND SKARD (NO)
SOFT CIRCLE (US)