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Três saídas de eOs
números não passam desper-cebidos. So entre janeiro e junhode 2011, mais de 2400 famíliasforam declaradas insolventes,segundo dados do Ministério
da lustiea. Este número, que tem vindo a
avolumar-se desde 2008, já representa maisde metade dos processos de insolvência do
primeiro semestre de 2011 — uma tendênciainédita em Portugal, onde sempre lideraramas falências de empresas.
A crise qvie o País atravessa nos últimosanos e a niediatização da insolvência podem
explicar o aumento dos casos de falênciafamiliar, adiantou-nos Natália Nunes, coor-denadora do Gabinete de Apoio ao Sobre-en-dividado cia IJIiCO í ver entrevista na pág. nj.
Se há quem diga que os portugueses des-
cobriram as "maravilhas" do crédito na déca-
da de 90, a verdade é que alguns também já
conhecem o "iado negro" do endividamentoexcessivo e enfreman: sérias dificuldades em
honrar os seus compromissos financeiros.
Ainda que não haja milagres para quementra em incumprimento, pode haver uma' saída de emergência' para cada caso. Tudo
depende do tipo de ri.' vidas que contraiu, da
entidade credora e do momento em que dei-
xou de as pagar. O primeiro passo e saber se
já está em verdadeira situação de incumpri-mento. Se há muito deixou de cumprir com
as prestações, não lhe restam muitas alter-nativas. Faça um diagnóstico rápido com a
ajuda do nosso esquema, na pág. ao lado, e
encontre a opção mais adequada. Caso esteja
a enfrentar as primeiras dificuldades — umaa três prestações em atraso
,
ainda há um
conjunto de vias a explorar primeiro, comoindicamos de seguida.
Não demore a reagirPor choque, desorientação ou até vergonha,alguns consumidores demoram a reagirquando deparam com os primeiros sinais de
incumprimento. É uni erro a evitar a todo o
custo: quanto mais tempo passar, mais difícilserá resolver.
Identifique as entidades com as quais está
em falta (banco. Fisco, Segurança Social,
prestadores de serviços essenciais, como
mergenciaa EDP) e, assim que possível, contacte-as e
exponha o problema. Apesar de serem ex-
pectáveis alguns entraves, nenhuma dessas
entidades quer ver a lista dos seus devedores
aumentar, e a maioria estará disponível para
negociar acordos de pagamento faseado.
O banco, por exemplo, não tem interes-
se em deter crédito malparado e estará, à
partida, recetivo a encontrar uma soluçãoconveniente para as duas partes. Contudo,dada a conjuntura económica, não crie ex-
pectativas muito elevadas; há muito que o
acesso ao crédito está dificultado. Algumasdas vias possíveis passam por alargar o prazodo empréstimo ou definir um plano de paga-mentos alternativo, que seja compatível com
o seu vencimento. Se tiver um crédito pesso-al, pode procurar condições mais vantajosas
noutro banco. A concretizar-se esta hipótese,não se esqueça de que a liquidação da dívida
pode envolver uma penalização.Considere ainda a consolidação de crédi-
tos, sobretudo se tem um empréstimo à habi-
tação ou um imóvel, como um terreno, paradar como garantia. A ideia é juntar todos os
empréstimos num só (por exemplo, o pessoal,
o da casa e a dívida do cartão de crédito), dar
como garantia a casa ou o terreno, e alargaro prazo de pagamento. Com isto, obterá umanova prestação inferior à soma das mensali-dades dos vários créditos. A desvantagem é o
aumento dos juros pagos no final do emprés-timo consolidado. Mas, para quem está em
dificuldade, talvez seja um preço aceitável a
pagar pela folga financeira conseguida.
"Fugir" à lista de devedoresAntes de entrar em situação de incumpri-mento com o Estado, por exemplo, devido à
falta de pagamento de um imposto (como o
imposto municipal sobre imóveis), analise as
opções disponíveis. Assim, liquida "a bem" o
montante em falta e escapa à lista de deve-
dores, publicada no portal das finanças e da
Segurança Social.
Pode pedir um plano de pagamentos fasea-
dos, procedimento cada vez menos burocráti-co e mais barato. Em muitos casos, já não são
sequer exigidas garantias. Uma alternativaé a compensação com outros impostos. Por
exemplo, se estiver à espera do reembolsode IRS. o Eisco pode abatê-lo ao montante da
dívida. Pode ainda propor a chamada daçãoem pagamento. Se tiver um bem sem penhora
ou hipoteca, como um carro, pode entregá-10,desde que o Fisco concorde com a dação em
troca do pagamento dos impostos em falta.
Se estas opções não forem exequíveis, e as
dívidas permanecerem, o nome do contri-buinte e o montante em dívida são incluídos
na tal lista de devedores. Este tem ainda de
gerir a consequente perda de benefícios fis-
cais. No caso de um empresário em nome
individual, o risco é perder apoios ao inves-
timento; já um contribuinte deixa de poderfazer deduções à coleta (por exemplo, dos
prémios do seguro de saúde das entregasfeitas para planos de poupança-reforma) ou
perde a isenção temporária do IMI.Esta perda de benefícios fiscais só é sus-
pensa quando o devedor apresenta uma re-
clamação, impugnação ou oposição.Em todas as dívidas em que o Estado é cre-
dor, este é o primeiro a ser ressarcido. Assim,
se houver mais credores, como o banco
estes só serão pagos depois. ' 1
Quem não consegue pagar as prestações do
credito à habitarão, pode lentar entregar o
imóvel ao banco e, assim, deixar de pagar a
prestação. Mas, para a dação em cumprimen-to avançar, a instituição e o cliente têm de
estar de acordo, o que nem sempre acontece.
Trata-se de uma solução de último recurso
para ambos, pelo que os bancos só ponderamficar com a casa do cliente quando não há
alternativa, por exemplo, fiadores que assu-
mam a dívida. Já os clientes devem esgotartodas as opções antes de enveredar por esta
operação. Renegociar o plano de pagamentosou avançar cora a consolidação de créditos
são, como vimos, duas possibilidades.
Entregue a casa e salde a dívidaUm contacto com as instituições bancárias,em outubro, revelou que, dos sete bancos
que colaboraram neste estudo, apenas o
Montepio toma a iniciativa de sugerir a daçãoaos clientes em incumprimento. O Best não
pratica essa operação e a Novacaixagalicia e o
Bíg ainda não contabilizaram nenhum caso.
Já o Banit, o Banco Popular e o SantanderTotta aguardam pelo pedido do cliente e só
depois avaliam a possibilidade de aceitarem.
As características e a localização da casa pe-sam na decisão. Como o mercado imobiliárioatravessa um período difícil, o imóvel só será
"apetecível" se for grande a probabilidade de
o banco o vender rapidamente.Para analisar o pedido de dação, o banco
exige a reavaliação do imóvel. Apesar de
este ter sido avaliado antes de o crédito ser
concedido, a nova avaliação determinará o
valor de mercado atual. Segundo o Banif, o
Banco Popular e o Santander Totta, as casas
usadas estão, em muitos casos, a registarvalores inferiores aos da data da compra. Re-
sultado: o valor do imóvel pode não cobrir o
montante em divida. Já o Montepio diz não
conseguir definir uma tendência.Além de ficar sem casa, o devedor só reduz
a dívida ao banco (não a elimina). Terá aindade pagar o remanescente, em regra, através da
contratação de um crédito pessoal, e pagar os
custos do processo (como a abertura de dos-
siê), a avaliação, a escritura ou o certificado
energético. Lamentavelmente, o inverso não
acontece. Quando o valor da avaliação ultra-
passa o montante em dívida, o banco tambémdeveria devolver ao cliente a diferença.
Até 600 euros de encargosQuando a casa vale o mesmo ou até mais do
que o montante em dívida, o cliente vé o em-
préstimo terminado. Paga apenas os custosdo processo, que variam com a instituição.Para estimarmos os encargos da operação,considerámos uma casa com 8o melros qua-drados. A emissão do certificado energéticocustaria 1b5,ó0 euros. Nos bancos que nos
responderam, as despesas totalizam:€ 165, 60 (certificado energético), no Banco
Popular:€ 239,20 (reavaliação c certificado energé-
tico), no Santander Totta:€ 490 (registo e escritura no Casa Pronta, c
certificado energético), no Montepio:C 610,60 (reavaliação, de acordo com o pre-
çário oníine, comissão de processo e certifica-do energético), no Banir 1
.
O Banco Popular e o Montepio exigem
ainda o pagamento das despesas com do-cumentos (como plantas do imóvel), casoexistam.
Dívida nova para pagar a velhaQuando o valor da casa é inferior ao da dívida,cabe ao cliente pagar o restante. Se não tiver
capitais próprios, resta-lhe pedir um emprés-timo no banco onde contratou o crédito à ha-
bitação (dificilmente cumprirá os requisitosde avaliação de risco noutra instituição). As
opções variam. No Bnnif. Banco Popular c
Montepio pode ter de contratar um segurodevida.
O Banit negoceia uni acordo de pagamentoajustado à capacidade financeira do cliente.O Banco Popular faz uma avaliação caso a
caso. Ja o Montepio permite que o clientecontrate um crédito hipotecário (se tiveroutro imóvel para dar como garantia), com
penhor de aplicação (se tiver um depósito a
prazo 011 outra aplicação) ou pessoal. O San-tander Totta indicou uma solução específica:um credito de garantia pessoal (livrança assi-
nada), com taxa indexada à Euribor a 3 mesese spmid de 2,5 por cento. O prazo pode ir dos
6 aos 120 meses e o montante alingir 100 mileuros- Não cobra comissões, nem segureis; a
reavaliação custa 93,60 euros.
1-izemos os cálculos para dois cenários: um
em que o valor de reavaliação fica i'j mil eurosabaixo da dívida e outro em que fica ?,o mil
euros abaixo. Como o crédito pessoal será a
opção mais frequente para o pagamento do
remanescente, simulámos emprcsi 111 i(iM.oina taxa mínima e ,1 máxima do Bani! Baiito
Popular e Montepio, para S anos f\Jo cjm>do Santaudei. Tutta. considerámos o
seu produto específico. Como 11 Banif
;
-.. Co Santander Totta permitem prazos111 mais alargados, também simulámos a
10 anos. Considerámos a Euribor a 3 meses,de 1,485%, em dezembro.
Nos bancos que não colaboraram no estu-
do, o procedimento será idêntico e o cliente
encaminhado para o crédito pessoal (a não
ser que haja soluções específicas). Para es-timar os custos e a prestação, use o nossosimulador de crédito pessoal em www.deco.
proteste.pt/simularcreditopessoal.Se optar pelo crédito para pagar o remanes-
cente, tente acordar uma prestação ao seu al-
cance. Caso contrário, arrisca-se a ficar, mais
tarde, em nova situação de incumprimento.E, nessa altura, poderá não ter qualquer bem
para negociar.
Quando falha a negociação com as
entidades e o devedor não conse-
gue encontrar uma solução "intermédia", por
exemplo, propor a entrega de um bem parasaldar as dívidas, avança-se para a penhorado seu património. Os bens serão depois ven-didos para cobrir os montantes em falta e as
custas do processo.Salvo algumas exceçôes, todos os bens po-
dem ser alvo de penhora: casa, terreno, carro,
mota, computador, cadeiras, armários, tele-
visores, máquina fotográfica, leitor de DVD,casacos de pele, jóias, obras de artes, Certifi-cados de Aforro, rendas e juros de aplicaçõessão alguns exemplos. O direito a alimentos oubens imprescindíveis à economia doméstica,como o fogão, a cama, talheres e loiça fazem
parte da lista dos "intocáveis".
Salários, pensões de reforma ou indem-
nizações por acidente só podem ser penho-rados até um terço do seu valor; nos saldos
de contas à ordem, é preciso salvaguardar o
equivalente ao salário mínimo nacional.
Dinheiro tem prioridadeQuando a negociação com o consumidor não
é frutuosa, o credor (por exemplo, o banco)
avança com o requerimento de execução.O tribunal nomeia um agente (pode ser su-
gerido pelo credor), que verifica se existem
outras ações contra o devedor e identificaos bens penhoráveis, como a casa ou o carro.Se este nada possuir, o tribunal notifica o
credor para indicar outras posses do devedor
que possam ser penhoradas, como o recheioda casa. Se o credor nada disser, o tribunalcontacta o consumidor para este pagar a dí-vida ou entregar bens. Não se concretizandonenhuma destas possibilidades, o processo é
suspenso até o credor indicar bens (no prazo
de 2 anos) ou o processo ser arquivado.Quando há bens, por exemplo, uma conta
bancária provisionada e um automóvel, a
penhora começa pelo primeiro, por ser mais
fácil de executar. Dinheiro, pedras e metais
preciosos (como ouro) são apreendidos e
transferidos para um banco. Se se tratar de
um apartamento, é afixado um edital, na
porta ou noutro local visível do imóvel. Com
o carro, o procedimento é idêntico: este é
imobilizado e apreendem-se os documentos.Só é removido quando se realizar a sua ven-da, pelo que pode ficar vários meses (ou até
anos) imobilizado e selado, à porta de casa do
devedor.
Quando a penhora recai sobre rendas,abonos, vencimentos, salários ou outrosrendimentos periódicos, o tribunal notifica,
por exemplo, o empregador para descontar
ao salário do trabalhador o montante penho-rado, que depois entrega ao agente de execu-
ção. Situação idêntica ocorre nos depósitosbancários: o banco recebe uma ordem parao saldo ou uma quota-parte dele ficar cativo.
QUANDO O SALÁRIO
E PENHORADO,
UM TERÇODO VENCIMENTO
Travar a penhora a todo custoPode ser informado da penhora antes ou
depois de esta acontecer: quando é retidauma parcela do salário, por exemplo, só temconhecimento disso no momento em que re-cebe o vencimento: no caso de uma casa, re-ceberá antecipadamente uma comunicação.
Tem prazos a respeitar, caso pretendaopor-se à penhora, por exemplo, se esta ti-ver incidido sobre bens de valor superior ao
montante em dívida. Tem até 20 dias parao fazer depois de ser informado da realiza-
ção da penhora; ou 10 dias a contar da datade notificação, quando a citação antecede a
penhora.A execução é suspensa se sugerir uma tro-
ca do bem penhorado: por exemplo, em vezdo carro, entregar um terreno. Nesse caso, a
hipoteca do terreno servirá de caução. Para
a suspensão ser considerada, tem de apre-sentar uma caução - o que pode ser impra-ticável, pois, aqui chegado, dificilmente terá
capacidade para dar uma garantia bancária
ou outro bem para hipotecar. Se não der uma
caução, a execução mantem-se. Mesrnoque a
su.-pensão seja concedida, esta Hmita-se aos
bens indicados no requerimento da oposição.
A execução dos restantes prossegue.
Quando não há motivos para oposição à
penhora, pode impedi ia, pagam 10, ;o credor
com dinheiro, através de cheque ou de trans-
ferência bancária. A penhora e suspensa e.
depois de pagas as custas judiciais, extingui-da. Mas o mais frequente e o consumidor não
ter capacidade para fazer esse pagamentode fornia imediata. Pode contactar o credor
e tentar acordar a liquidação da dívida em
prestações "suaves". Este tipo de solução só
é aceite pelo tribuna; quando há acordo entre
as duas partes. Nenhuma falia de pagamei ito
é perdoada: se falhar uma prestação, o credor
pode cobrar o remanescente da dívida de
uma só vez.Podem ainda haver outro acordo: se o cre-
dor concluir que os bens penhorados lhe ir: -
teressam para fins pessoais, para o exercício
da sua arividade ou que os conseguirá vender
pot melhor preço, [iode pedir que lhe sejam
entregues ia chamada adjudicação).
Vender quando nada maishá a fazerA "rei a tina!" do processo é a venda dos bens.
Pode ser feita mediante propostas em carta
fechada, venda direta ou negociação particu-lar e em leiloeiras.
A solução ideal para as duas Dartes é a ven-
da ser realizada por negociação particular
por exemplo, quando o credor conheço ai
quem interessado em adquirir o bem penho-rado ou o devedor encontra uni compradormais "generoso". Caso isto não se verifique ou
tis panes não definam uma forma de venda,
esta é feita mediame propostas em carta fe-
e lia d j. Nesses casos, o preço de venda é i.uuaí
a 70% do valor de base. V. designado o dia e
a hora para a abertura das propostas, que te-rão de ser publicitados antecipadamente em
editais, anúncios e no portal do Ministério da
Justiça (www.citius.nij.pt i.
O depositário - o dono ou alguém da sua
confiança é obrigado a mostrar os bens a
quem pretenda vê-los. O melhor é lixar uni
horário de visita e torná-lo do conhecimento
público. Pode pedira inclusão devsa informa-
ção nos editais e anúncios.
Os interessados em comprar o bem pe-nhorado devem juntar á sua proposta, como
caução, ti m cheque visado á ordem do agentede execução ou uma garantia bancária com o
montante correspondente a 20% do valor c'c
base do bem. Se a sua proposta for aceite, o
comprador ç notificado para, no prazo de r,dias, depositar a lot alidade or: a parte do
Valorem falta.
Em janeiro do 2011, fui informada
pelos recursos humanos da
empresa onde trabalho de queum terço do meu salário ia ser penhorado.
Fiquei chocada, porque desconhecia o
motivo. Entretanto, descobri que sou
íiadora de dois empréstimos pessoais do
meu pai. no valor total de 35 mil euros.
Atualmente. a dívida ronda 27 mil euros.
Primeiro, pensei que a minha assinatura
tinha sido falsificada e fui ao banco pedir o
comprovativo. Estranhei, porque pareciamesmo a minha. Comecei a pensar no que
poderia ter-se passado, até que me apercebida maldade que o meu pai me fez.
Volta e meia, ele ia ao meu trabalho
pedir-me para assinar os contratos dos
"seguros de saúde" dele. Como tem um
grau de incapacidade elevado e, no local de
trabalho, não queria perder muito tempo,nunca li os contratos e confieiO meu pai não tem bens, exceto um
pequeno apartamento, sem grande valorFaJei nele ao banco, mas de nada serviu.
Tentei então negociar a redução do valor da
penhora: propus 100 euros por mês, porquetambém tinha as minhas contas para
pagar, como o crédito à habitação, que esta
na mesma instituição dos empréstimosdo meu pai. Mas o advogado do banco
foi inflexível. Tentei ainda consolidar os
créditos pessoais no empréstimo da casa -também nào aceitaram. Comprei a casa há
3 anos por 70 mil euros e, neste momento,ainda devo 64 mil, pelo que não hã espaço
para a consolidação. A penhora manteve-see, depois de liquidada a prestação do meu
empréstimo, não sobrava quase nada.
Em setembro, deixei de conseguir pagar a
mensalidade do apartamento. Já sei que o
vou perder. Depois de tentar tudo, resolvi
pedir a insolvência no final de outubro.
Entretanto, c processo ja está em tribunal,e nào consegui a exoneração, ou seja. a
divida não será perdoada ao fim de 5 anos.
Em novembro, foi posto um edital na portado meu prédio, e agora estou à espera da
conclusão do processo. Falta só decidir o
valor da prestação que terei de pagar.
.Alem de se constitui:' fiadora do pai sem
o saber, a Joana terá ainda prescindido do
chamado "benefício de excussão prévia",
nos documentos que assinou. Isto significa
que, em caso dt incumprimento do pai, o
banco pode o;»lar, desde logo, por pedir a
Penhora dos bens da fiadora le não os óo
devedor). Assim, em vez de penhorar o
apai lamento do pai, o banco ficou com urna
oarte do salário da Joana.
Se aceitou ser fiador de uni empréstimo,
assegure -se de que "nao renuncia ao
benefício de excussão previa", no contraio.
Assim, fica assegurado que, em caso de
incumprimento, so pode ser alvo de penhora
depois de esgotados todos os bens do titular
do empréstimo.Num processo de insolvência particular,como o o! a Joana, a le: dá a possibilidade de
o msoíveiHe se libertar das suas dividas e de
recomeçar com o ''cadastro" limpo ao fim de
5 anos, mesmo que as dívidas não tenham
sido liquidadas na totalidade. Mesie caso,
apesar de declarada, a insolvência, o tribunal
nao perdoou a divida, devido a um erro
processual. Mesmo depois de volvidos os „;
anos. a Joana terá continuar a pagar a divida.
Quando as dívidas sao muitas,
a entrega da casa ao banco nao
resolve o problema e nao há mais bens para
penhorar, só resta ao devedor pedir que seja
declarada a sua insolvência.
Declarar "falência" em tribunalEmbora penosa, a decisão de avançar com
o pedido de insolvência não pode demorar.Evite a inércia e a atitude do "deixa andar":
se após 6 meses de incumprimento para com
credores, nada fizer, perde a oportunidade de
requerer a insolvência com a exoneração do
passivo, isto é, de lhe perdoarem as dívidas ao
fim de 5 anos.
Apresente um requerimento ao tribunale, caso queira, inclua o pedido de perdão da
dívida. Para isso, c aconselhável contratar um
advogado. Este avaliará, em primeiro lugar, se
cumpre os requisitos necessários ao pedidode insolvência:
•¦ não ter explorado uma empresa nos ;? anos
anteriores ao início do processo;* à data do início do processo, ter menos de
20 credores, um passivo global até 300 mi!
euros e não ter dívidas laborais.Aceite o pedido, a declaração de insolvên-
cia é publicada em Diário da República, afixa-da por edital no local de trabalho do insolven-
te e no próprio tribunal. O Banco de Portugalé igualmente informado, de modo a inscrever
o contribuinte na central de riscos de crédito.Durante 5 anos, aparecerá a menção de que é
insolvente na informação pessoal do RegistoCivil.
Viver de mesada durante 5 anosO tribunal, juntamente com os credores e
o insolvente, elaboram um plano de paga-mentos que tem de ser respeitado escrupu-losamente durante 5 anos. Este é calculadoem função do "rendimento disponível" dodevedor. Se, a dado momento, vir o seu ven-cimento aumentado, poderá reembolsar maisdinheiro aos credores; já se ganhar menos,pagará uma quantia inferior. O plano de paga-mentos tem de ser aprovado pelos credores,dado que esta é talvez a única fornia de virema recuperar algum dinheiro.
PARA PEDIR INSOLVÊNCIA,
EA DÍVIDA DEVE SER
INFERIOR A 300 MIL EUROS
A insolvência exige grandes esforços e
sacrifícios. Como todos os rendimentos são
entregues ao administrador, passará a viverde uma "mesada". Esta corresponderá ao
montante que o tribunal considerar neces-sário para o sustento minimamente dignodo devedor e do seu agregado familiar, c parao exercício da atividade profissional. Salvodecisão fundamentada pelo juiz, a "mesada"não pode exceder três vezes o salário mínimonacional.
Durante esses 5 anos, tem de fazer tudo o
que esl iver ao seu alcance para obter rendi-mentos (que serão entregues ao administra-dor do processo):
• não ocultar ou dissimular quaisquerrendimentos;
; - exercer uma profissão remunerada;¦¦¦¦ procurar trabalho se estiver desemprega-
do, sem recusar empregos para os quais esteja
apto;- informar o tribunal e o administrador,
caso mude de domicílio ou de condições de
emprego íou sobre as diligencias realizadas
para arranjar emprego).Findo o prazo de 5 anos. se lhe o perdão da
dívida tiver sido concedido, será libertado da
obrigação de pagar o que ficou por saldar e
poderá recomeçar uma "nova vida". Para isso,
é proferido um despacho final de exoneraçãoda dívida. Em principio, o seu será também
"apagado" da central de riscos de crédito.
Mas, por vezes, pode ainda permanecer embases de dados de empresas de informações
de crédito. Por precaução, certifique-se juntodo Banco de Portugal e da Conservatória de
que o seu nome foi removido.
Dívidas ao Fisco não merecemperdãoDo perdão de dívida estão excluídos os cré-ditos tributários, ou seja, as dívidas ao Fisco,
multas, coimas e outras .sanções pecuniáriasdevidas por crimes ou contraordenações,pensão de alimentos ou indemnizações a
que esteja obrigado. É obrigado a pagar esses
montantes, mesmo que seja declarado insol-vente. ;-
À espera do novo Código da InsolvênciaAfixar, na porta do local de trabalho de
um trabalhador independente, um editalatestando a sua situação de insolvência, é
contraproducente. Na prática, afastará os
seus clientes e poderá obrigar o trabalhadora "fechar a porta". Este procedimento nãofaz sentido, sobretudo quando uma das
obrigações do insolvente é manter umaatividade profissional remunerada.
O Fisco tem exigido aos insolventes dividasde MI posteriores à data em que a insolvênciaé decretada. Esta decisão é pouco lógica, umavez que o insolvente não administra os seusbens, nem tem condições para pagar a divida.O Fisco entende que estas dividas são da
responsabilidade da massa insolvente até àdata em que é declarada a insolvência.O que problema é que alguns administradores
têm sido responsabilizados pelo não
pagamento do imposto.
Contamos que estas situações sejamdevidamente corrigidas na aguardadarevisão do Código da Insolvência.
Quer esteja a sentir as "primeirasdificuldades" ou já se encontre em situaçãode incumprimento, a inércia é a única
solução que não pode escolher. Fale com o
banco ou chegue a acordo de pagamentocom os credores. Se nada fizer, terá de
entregar a casa ao banco, os seus bens serão
penhorados e vendidos ou terá de pedir ainsolvência. E, ao valor da dívida "original",acrescerão, a cada dia que passar, juros,despesas de tribunal e honorários do agentede execução.