Triagem de drogas em urina - Central Sorológica de Vitóriacsvlab.com.br/download/CSV-news-coca-e-maconha.pdf · Maconha A maconha é o nome utilizado popularmente no Brasil para

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  • Triagem de drogas em urina

    Maconha

    A maconha o nome utilizado popularmente no Brasil para denominar a planta Cannabis sativa Linnaeus. Estima-se que existem mais de 400 compostos naturais na planta, dentre os quais, cerca de 60 so canabinides [1].

    O Delta 9-tetrahidrocanabinol (THC) o principal canabinide encontrado nas espcies de Cannabis. Seu principal metablito urinrio o 11-nor-9-carboxi-THC (COOH-THC) e sua presena na urina comprova a exposio ao THC [2].

    A principal forma de exposio droga a social, dada pelo uso recreacional atravs do ato de fumar cigarros de maconha. A absoro do THC por essa via rpida e ele j pode ser detectado no plasma 3-10 minutos aps o incio da inalao. No sangue, o THC absorvido encontrado principalmente ligado a lipoprotenas plasmticas (90%) [3].

    O THC sofre intensa distribuio para tecidos menos vascularizados e com alto teor de lipdeos. O tecido adiposo, por exemplo, pode conter concentraes de THC 10.000 vezes maiores que a concentrao sangunea. O THC tambm capaz de atravessar a placenta, alm de passar para o leite materno, onde sua concentrao cerca de 8 vezes superior do plasma da me [3].

    A maior parte do THC inalado (65-80%) excretada pela bile, junto com as fezes, mas cerca de 20-35% excretada pela urina, principalmente na forma de metablitos cidos conjugados com o cido glicurnico [3].

    Embora muitos acreditem que a maconha inofensiva, seu uso pode causar problemas nos sistemas respiratrio e cardiovascular alm de ser, sabidamente, uma porta de entrada para o uso de drogas mais pesadas [4].

    Os testes para comprovao do uso da maconha ou outras preparaes base de Cannabis (p. ex. haxixe, Skank) em amostras de urina visam pesquisa do COOH-THC e, geralmente, so aplicados durante a reabilitao de farmacodependentes ou como parte de programas de preveno ao abuso de drogas em empresas, alm de seu uso na toxicologia forense.

    A Central Sorolgica de Vitria (CSV) realiza diariamente a pesquisa de maconha em amostras de urina (teste de triagem). Resultados positivos devero ser confirmados por metodologias mais especficas.

  • Cocana

    A cocana o mais importante alcalide natural extrado das folhas do arbusto Erythroxylon coca. Em sua forma purificada, a cocana um slido branco, cristalino, de odor aromtico, sob a forma de um sal, o cloridrato de cocana. Seu uso ocorre, mais frequentemente, por aspirao intranasal ou dissolvida em gua para uso endovenoso. Adicionalmente, uma outra forma de consumo da cocana ocorre pelo ato de fumar a base livre da cocana, mais conhecida como crack, que se volatiliza facilmente quando aquecido (95 C) e por isso pode ser fumada com o auxlio de cachimbos improvisados, conhecidos por maricas. A palavra crack derivada do rudo caracterstico que produzido pelas pedras quando esto sendo decompostas pelo fumo [5].

    A intensidade e velocidade dos efeitos da droga pela via respiratria (cracK) so bastante intensos e equivalem-se aos do uso por via endovenosa. Assim, o usurio de crack pode passar da experimentao dependncia em poucas semanas [1].

    A cocana um estimulante do sistema nervoso central e seus efeitos incluem euforia, excitao, insnia e supresso do apetite, devido ao no sistema nervoso central [2, 3]. Efeitos mais graves esto relacionados ao aumento do risco cardaco (principalmente se usada concomitantemente com lcool), sensaes de parania, pnico, alucinaes, comportamento violento (homicida ou suicida), dentre outros [1, 3].

    A cocana sofre extensa biotransformao por hidrlise das ligaes steres, sendo a benzoilecgonina o principal metablito urinrio dessa droga. Alm disso, a benzoilecgonina muito mais estvel que a cocana em pH urinrio, o que faz dela o principal marcador para identificao de uso da droga [3].

    Os testes para comprovao do uso da cocana ou crack em amostras de urina visam pesquisa da benzoilecgonina e, geralmente, so aplicados durante a reabilitao de farmacodependentes ou como parte de programas de preveno ao abuso de drogas em empresas, alm de seu uso na toxicologia forense. No caso do crack tambm pode servir para diagnstico de uma situao em sade pblica.

    A Central Sorolgica de Vitria (CSV) realiza diariamente a pesquisa de cocana em amostras de urina (teste de triagem). Resultados positivos devero ser confirmados por metodologias mais especficas.

  • Anfetaminas

    As anfetaminas so, na realidade, um grupo de substncias composto pela anfetamina e seus derivados. Quimicamente, pertencem classe das feniletilaminas e, a partir de diversas substituies qumicas na estrutura bsica da anfetamina, foram criadas diversas drogas derivadas [1,3].

    A primeira anfetamina foi sintetizada em 1887, mas s na dcada de 1920 que ela foi utilizada com fins teraputicos no tratamento da obesidade, narcolepsia e sndrome de hiperatividade infantil [1,3].

    H vrios relatos de abuso de anfetaminas na histria moderna. Durante a Segunda Guerra Mundial, alemes e aliados utilizavam a anfetamina para melhorar o estado de alerta de suas tropas. Japoneses utilizavam tambm na populao de trabalhadores civis, na inteno de melhorar a produtividade. A metanfetamina j foi inclusive utilizada em pilotos de vos noturnos para combater a fadiga. Casos de dopping sempre foram comuns em diversos esportes, como: futebol, beisebol, ciclismo, natao, dentre outros. Atualmente, o maior problema relacionado s anfetaminas no Brasil, o seu uso por caminhoneiros. Conhecida nesses casos como rebite, responsvel por milhares de tragdias no trnsito, embora sua venda tenha sido proibida em 2011. [1,3].

    As anfetaminas so substncias estimulantes do sistema nervoso central e seus efeitos so mais persistentes que o da cocana, possuindo alta capacidade de criar dependncia. Algumas anfetaminas tambm possuem efeitos alucingenos, como o caso do ecstasy [3].

    Os efeitos txicos pelo uso de anfetaminas ocorrem principalmente nos sistemas cardiovascular e neuropsquico. Efeitos de uma intoxicao aguda so bastante similares queles produzidos por uma intoxicao por uso de cocana e incluem hipertermia, edema cerebral, sudorese abundante, taquipneia, taquicardia, at o colapso cardiovascular [3].

    Substncias como femproporex, anfepramona, mazindol, efedrina, metanfetamina, ecstasy, alm claro da prpria anfetamina, pertencem classe das anfetaminas.

    A Central Sorolgica de Vitria (CSV) realiza diariamente a pesquisa de anfetaminas em amostras de urina (teste de triagem). Para melhores resultados, quando houver suspeita de uso de metanfetamina e/ou ecstasy, solicitar especificamente por esses testes. Resultados positivos devero ser confirmados por metodologias mais especficas.

  • Opiides

    O termo opiides refere-se a todos os compostos relacionados ao pio, tanto aqueles de origem natural (morfina, codena, tebana) como aqueles de origem sinttica (meperidina, propoxifeno) ou semi-sinttica (herona, oxicodona, hidrocodona), sendo um termo mais amplo que opiceos que, a rigor, remete apenas s substncias de origem natural [1,3].

    O pio obtido do exsudato leitoso da papoula (Papaver somnifera L). Esse suco leitoso secado ao ar livre formando uma massa de cor marrom que em seguida pulverizada para produzir o pio, rico em diversos alcalides, dentre os quais a morfina e a codena [1,3].

    Usurios que abusam de opiides (uso sem prescrio mdica) buscam nessas drogas sensaes de torpor e saciedade. O uso de opiides muito mais frequente na Europa Ocidental, Estados Unidos e em pases orientais. No Brasil, casos de abuso e dependncia a opiides no so muito comuns e, quando ocorrem, geralmente esto relacionados a profissionais da sade com acesso a medicamentos hospitalares [3].

    Os opiides so depressores do sistema nervoso central podendo causar, em casos de intoxicao aguda, hipotenso, oligria e grave depresso respiratria [3].

    A Central Sorolgica de Vitria (CSV) realiza diariamente a pesquisa de opiides em amostras de urina (teste de triagem). O teste de triagem de opiides pesquisa, concomitantemente, as seguintes drogas: morfina (morfina 3-glucurondeo), codena, meperidina, herona, 6-acetilmorfina, tebana, hidromorfona, oxicodona e hidrocodona. Resultados positivos devero ser confirmados por metodologias mais especficas.

    REFERNCIAS

    1. PASSAGLI, Marcos. Toxicologia Forense Teoria e Prtica. Campinas: Millennium, 2008.

    2. MOREAU, Regina Lcia de Moraes; SIQUEIRA, Maria Elisa Pereira Bastos. Cincias Farmacuticas Toxicologia Analtica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

    3. OGA, Seizi; CAMARGO, Mrcia Maria de Almeida; BATISTUZZO, Jos Antonio de Oliveira - Fundamentos de toxicologia. So Paulo; Atheneu; 2008.

    4. BORINI, Paulo; GUIMARES Romeu Cardoso; BORINI, Sabrina Bicalho. Possible hepatotoxicity of chronic marijuana usage. Sao Paulo Med Journal, 2004; 122(3):110-16.

  • 5. OLIVEIRA, Marcelo Firmino; ALVES, Jacqueline Querino; ANDRADE, Jos Fernando; SACZK, Adelir Aparecida; OKUMURA, Leonardo Luiz. Anlise do teor de cocana em amostras apreendidas pela polcia utilizando-se a tcnica de cromatografia liquida de alta eficincia com detector UV-Vis. Ecl. Qum., So Paulo, 2009; 34(3): 77 - 83.