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Tribuna do Advogado OAB/RJ (Maio de 2007)

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Judiciário em xeque

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Maio / 2007 - 2

OAB cumpre seu papelna crise do Judiciário

EXPEDIENTE

Diretor:Wadih Damous

Superintendente deComunicação Social:Cid Benjamin([email protected])

Editor:Marcelo Moutinho - MTB 18.955([email protected])

Reportagem:Renata Albinante([email protected])Vitor Fraga([email protected])Raquel Peixoto([email protected])Paola Barra / estagiária([email protected])

Fotografia: Francisco Teixeira

Projeto gráfico:Victor Marques([email protected])

Diagramação:Flávia Marques([email protected])

Ilustração da capa: Aliedo

Impressão: Ediouro

Tiragem: 118.000 exemplares

Depto de Jornalismo:Av. Marechal Câmara, 1507º andar - Castelo - RJTels: (21) 2272-2073/[email protected]

Nesta edição

Fundado em 1971 por José Ribeiro de Castro Filho

Tribunal de Justiça volta a aceitara carteira-livreto da OrdemO corregedor-geral de Justiça, desembargadorLuiz Zveiter, acolheu reivindicação da OAB/RJ edeterminou que a carteira-livreto da Ordem volte aser aceita nas serventias judiciais. Página 5

Em reuniões zonais, os presidentes de 16subseções discutem os problemas da Justiçanas comarcas e a relação com a SeccionalAs deficiências da prestação jurisdicional no interior e aprofissionalização dos serviços da Ordem foram os temas emdestaque nas duas reuniões zonais realizadas recentemente nascidades de Nova Friburgo e Resende. Páginas 9 e 10

Ministros do Supremoentendem que Lei de Greveaplica-se ao serviço públicoe acendem polêmica

Ao julgar dois mandados de injunção no dia 12 de abril, seteministros do Supremo votaram a favor da tese de que, no casode greve, as normas vigentes para a iniciativa privada regemtambém os servidores públicos. O entendimento do STF geracontrovérsias entre advogados e sindicalistas. Páginas 16 e 17

WADIH DAMOUS

Esta TRIBUNA DO ADVOGADO vem àluz num momento em que o Judiciário atra-vessa séria crise. Não bastassem as suspei-tas de fraude no último concurso para a Magis-tratura no Rio, ainda sob investigação, as denún-cias envolvendo integrantes de tribunais, in-clusive o STJ, que supostamente receberampropinas de criminosos, são gravíssimas.

Cumprindo seu dever, a OAB/RJ se fezpresente, ao lado do Conselho Federal, ao se-rem desrespeitados direitos de presos naOperação Furacão, quando foi cerceado o tra-balho da defesa e ignorado o sigilo determi-nado pela Justiça. Faremos isso sempre quenecessário - mesmo que na contramão daopinião pública e não importando quaisos réus ou as acusações que pesam sobreeles. Em contrapartida, criticamos de formaresoluta a decisão do ministro César Pelusode desmembramento do inquérito, o que re-sultou na soltura dos desembargadores e namanutenção da prisão dos demais acusados.

Mas, se essa intervenção se mostrou ne-cessária no caso de réus influentes, a entre-vista com a promotora Fabiana Costa Barre-to, na contracapa deste número da TRIBU-NA, mostra que ela é ainda mais prementequando se trata de réus de menor poder aqui-sitivo. Basta ver o caso do cidadão acusadode furtar uma lata de cerveja que passou 57dias em prisão temporária, até ser julgado eabsolvido.

A questão da criminalidade é, também,abordada na entrevista dos representantes daOAB/RJ – Cláudio Pereira e Paulo Jorge Ribeiro –que estiveram na Colômbia para conhecerprojetos de combate à violência. Os resulta-dos da experiência colombiana são um car-tão de visitas respeitável: nos últimos 12 anos,Bogotá reduziu as taxas de homicídio em79% e Medelín, em 90%. Mas a que preço?

Na mesma temática, a seção Pontocon-traponto apresenta artigos do governador Sér-gio Cabral e do sociólogo Luiz Eduardo Soa-res sobre a polêmica utilização das ForçasArmadas no combate à violência urbana.

Por fim, a Tribuna traz relevantes infor-mações sobre a reorganização administrati-va da Seccional, além de notícias relaciona-das a antigas demandas dos advogados.

A revista na porta do Fórum parece estarcom os dias contados, depois das gestões daOAB/RJ junto ao Tribunal de Justiça e à Casada Moeda.

Os atrasos na emissão das carteiras daOrdem – de responsabilidade da Casa daMoeda – não mais impedirão a identificaçãode advogados, pois a Seccional passou a ex-pedir certidão, acolhida nos tribunais do es-tado, atestando que o advogado está inscritona Ordem.

E, também por gestões da OAB/RJ, a cartei-ra-livreto da Ordem voltou a ser aceita no TJ.

Num momento difícil, estas são, semdúvida, boas-novas.

Ordem firma parceria com a FecomércioNo dia 25 de abril, a OAB/RJ e a Federação do Co-

mércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ)assinaram termo de parceria, estabelecendo que aSeccional será responsável pela coordenação técnica eacadêmica de seminários oferecidos aos sindicatosassociados à instituição. O presidente Wadih Damous,o diretor do Departamento de Apoio às Subseções,Felipe Santa Cruz, e o presidente da Comissão de Exa-me de Ordem, Marcello Oliveira, estiveram presentesao ato, que reuniu ainda o presidente da Fecomércio,Orlando Santos Diniz (foto), e todos os diretores desindicatos ligados à federação.

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Crise

RENATA ALBINANTE

Considerada a maior ação investigativa da Polí-cia Federal contra o crime organizado no país, aOperação Furacão promete render um novo capítu-lo à história da Justiça brasileira. O escândalo davenda de sentenças para favorecer a exploração dejogos de azar, como bingos, caça-níqueis e videopô-quer, atingiu em cheio as altas esferas do Judiciá-rio. Entre os acusados de integrar a quadrilha estãoos desembargadores José Eduardo Carreira Alvime José Ricardo Regueira, o ministro do Superior Tri-bunal de Justiça Paulo Medina e juízes do TribunalRegional do Trabalho de São Paulo. Em 15 de maio,o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidirá seos magistrados investigados deverão ser afastadosde suas funções. Enquanto o julgamento não come-ça, a sociedade se pergunta se já houve uma crisede tal dimensão no âmbito do Judiciário.

Para o presidente da OAB/RJ, Wadih Damous,os magistrados sob investigação na Operação Fu-racão — presos pela PF, mas soltos por decisão doministro Cezar Peluso, do Supremo — não têm con-dições de permanecer no cargo enquanto os pro-cessos aos quais respondem não forem concluídos.“Tanto para o jurisdicionado, quanto para o Judici-ário, é melhor que os envolvidos nas denúncias semantenham afastados de suas funções até que se-jam encerradas as investigações. A decisão benefi-ciaria os próprios acusados”, defende Wadih, quepondera: “Serenidade e tranqüilidade são funda-mentais para o exercício da magistratura”.

Operação Furacão põea Justiça na berlinda

Escândalo da máfia dosjogos atinge o Judiciário;OAB/RJ quer a pronta e

completa apuração dos fatos

O presidende da OAB/RJ estranha a falta de po-sicionamento oficial, por parte do STF, sobre a cri-se. “O Judiciário respondeu mal a este episódio.Como presidente do Supremo, a ministra EllenGracie deveria se pronunciar oficialmente sobre oassunto, já que a prisão, ainda que temporária, dedesembargadores por envolvimento com o crimeorganizado é fato inédito na Justiça brasileira. Casoessas acusações se confirmem, no final do proces-so, os magistrados sejam condenados e surjam evi-dências da participação de outros magistrados namáfia dos jogos, como afirma o noticiário, trata-sede uma situação alarmante. Significa que o crimeorganizado está realmente infiltrado no Judiciário”,alerta Wadih.

O juiz da 1ª Turma do Tribunal Regional doTrabalho, Gustavo Tadeu Alkmim, discorda da idéiade que o Judiciário esteja em crise, ainda que asdenúncias se comprovem. “O responsável por de-flagrar toda a investigação é o próprio Judiciário, jáque a ordem partiu do STF. Todos os fatos devemser apurados, com transparência e direito de ampladefesa para os acusados. Isto é um princípio quenão se transige. A sociedade está atenta e anseiapor respostas. A justiça será feita”, resume o juiz.

Opinião semelhante tem o desembargador Ge-raldo Prado, da 7ª Câmara Criminal do TJ. “Indíci-os de corrupção dentro do Judiciário, guardião supre-mo da cidadania, denotam gravidade. Todos nós, magis-trados, entendemos que as responsabilidades de-vem ser apuradas, mas com respeito às garantiasconstitucionais, sem julgamentos precipitados. Nãose pode desmoralizar um Poder que deve funcionarcomo base da sociedade”, ressalta ele.

Mas a Operação Furacão não recebeu somenteaplausos por desmontar uma ampla rede de cor-rupção que tem como protagonistas nomes do altoescalão da Magistratura. As críticas pela forma comoo processo vem sendo conduzido são inúmeras. Nomeio da polêmica estão os meios de comunicação:ao divulgar informações de natureza sigilosa, a im-prensa estaria indo de encontro ao princípio da pre-sunção da inocência até o trânsito em julgado dacondenação. “A cobertura que a imprensa dá aosfatos inverte a presunção da inocência e afeta a re-putação dos envolvidos de forma irreversível. É pre-ciso ter muito cuidado com isso”, analisa GeraldoPrado. “A imprensa tem o direito e o dever de infor-mar, mas certas questões pressupõem sigilo. O pró-

prio Judiciário deve ter a cautela de não permitir adivulgação de determinados assuntos”, acrescenta Alk-mim. “Não que os fatos divulgados sejam necessaria-mente mentirosos. Mas não podemos tratar acusa-dos como condenados. O pré-julgamento não é sau-dável para a democracia”, completa Wadih.

A principal queixa, porém, diz respeito à viola-ção de garantias constitucionais. Advogados dospresos tiveram negado o acesso aos autos do pro-cesso, o que, além de ferir o Estatuto da Advocacia,compromete a assistência jurídica e o conseqüentedireito à ampla defesa. “O comportamento da Polí-cia Federal, que desrespeitou regras atinentes àsprerrogativas dos advogados e ao direito de defesa,infelizmente tem se tornado padrão no país. Hoje, écomum o advogado ter dificuldade de acesso não sóaos autos do processo, mas ao próprio cliente. Àsvezes não sabemos sequer qual é a acusação quepaira sobre ele. O mais preocupante, porém, é queboa parte da população parece aplaudir a violaçãodesses direitos”, critica o presidente da Seccional.Segundo Wadih, a Ordem está organizando gruposde trabalho, formados por criminalistas, para dis-cutir a figura da prisão temporária — que, a seu ver,é inconstitucional.

Wadih: “Poder Judiciário respondeu mal ao episódio”

Prado: “Não se pode desmoralizar o Judiciário”

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CARLOS ROBERTOSIQUEIRA CASTRO

Tem sido divulgada na mídia,com grande repercussão, a opera-ção realizada pela Polícia Federal(Operação Hurricane), exibindo ocumprimento de mandados deprisão temporária e de busca eapreensão, mediante emprego de

forte aparato bélico e grande contingente de agen-tes policiais. O objetivo foi investigar a ramificaçãode organização criminosa no seio do Judiciário, coma formação de quadrilha entre contraventores detradição, policiais, membro do MP e magistrados,que estariam a vender decisões autorizando a im-portação irregular de máquinas caça-níquel para aprática de jogos de azar. Vimos magistrados sendoalgemados e exibidos à execração pública, além demantidos incomunicáveis, sem que seus advoga-dos tivessem acesso aos autos do processoinvestigativo.

Tais procedimentos são aplaudidos e alardea-dos como sendo apanacéia para todasas deformidadesbrasileiras: insegu-rança, impunidade,corrupção, balasperdidas, menoresinfratores, apagãoaéreo, destruiçãoambiental, faveliza-ção das cidades, es-cândalos políticos edescalabros de todotipo que afligem ocidadão comum.Mistura-se tudonuma cesta de lixomoral e de patologi-as humanas, exibin-do-as na TV como oeixo do mal, a exigirestrondosa e sumá-ria condenação. Istogera desordem na

Operação Hurricane:

emoção coletiva e reações explosivas de ruptura comos ritos constitucionais democráticos que informame condicionam a formação da culpabilidade.

Não defendo quem quer que seja no episódio,até porque desconheço as provas já colhidas e atéagora inexiste julgamento definitivo do órgão com-petente do Judiciário. A questão é outra. Os temposatuais são caracterizados pelo Bushismo político-criminal, versão requentada do Macarthismo dosanos 50 nos EUA, cuja expressão máxima é o Esta-do de não-Direito ao qual são hoje submetidos ossuspeitos de terrorismo presos na Baía daGuantánamo, em Cuba. Preocupa-me essa políticacriminal de auditório, na medida em que dispensaa garantia constitucional do devido processo legal.Não se pode deixar de advertir quantos àsinconstitucionalidades que se cometem nessas ope-rações espetaculosas:

1. Há malversação da prisão temporária comoinstrumento de punição antecipada e de prestaçãode contas simbólica sob o clamor punitivo da soci-edade. Como a morosidade do processo judicialfrustra o tempo do interesse midiático e seusanseios punitivos prementes, a prisão processual édesvirtuada de sua natureza jurídica cautelar.

2. Os jornais e televisão divulgam em tempo realdiligências de natureza sigilosa, em desrespeito aoart. 20 do Código de Processo Penal, que obriga a auto-ridade policial a assegurar, no inquérito, o sigilo necessá-rio à elucidação do fato, cuja finalidade precípua éproteger a dignidade do cidadão investigado — pre-sumido inocente até o trânsito em julgado da con-denação — da exposição degradante na mídia.

3. Mandados de busca e apreensão são cumpri-dos com aparato bélico manifestamente despropor-cional, desrespeitando-se o direito dos jurisdicio-nados ao mínimo de desconforto invasivo, indis-pensável para o êxito da diligência (art. 248 do Esta-tuto Processual Penal).

4. A Polícia impõe o uso de algemas mesmo aosinvestigados que não opõem resistência ou tentati-va de fuga, conforme condicionam os arts. 284 e 292do Código de Processo Penal.

5. O regime de incomunicabilidade — ainda

que temporária — é absolutamente inaceitável ateor do direito fundamental dos presos à assistên-cia de advogado (art. 5º, LXIII, da Constituição).Aliás, o legislador constituinte proibiu expressa-mente a incomunicabilidade até mesmo durante avigência do Estado de Defesa, quando podem ocor-rer restrições a direitos fundamentais (art. 136, §3º, IV).

Por fim, a negativa de acesso dos advogados depresos aos autos de procedimentos investigatóriosviola o artigo 7º, XIV, da Lei nº 8.904/94, que assegu-ra o direito à extração de cópia reprográfica dosautos de inquérito policial, aplicável inclusive aosprocedimentos de natureza sigilosa, conforme jádecidiu o Supremo (HC 87827-RJ). Ora, o cidadãoinvestigado só tem como exercer o direito funda-mental à ampla defesa e à assistência jurídica casoo seu defensor constituído possa conhecer os deta-lhes da imputação mediante acesso aos autos doacervo investigativo.

Em suma: é importante combater a idéia cultu-ralmente impregnada no imaginário popular de quehá hoje no país uma ‘delinqüência generalizada eincontrolável’ a autorizar o desprezo de garantiasconstitucionais e a disseminação de julgamentos ehumilhações sumárias. Essa desorientação em es-cala compromete um projeto de nação democráticabaseado no império da lei e no ideal de Justiça. Alição de Ruy Barbosa aqui se impõe: “Não sigais osque argumentam com o grave das acusações, parase armarem de suspeita e execração contra os acu-sados: como se, pelo contrário, quanto mais odiosaa acusação, não houvesse o juiz de se precaver maiscontra os acusadores, e menos perder de vista apresunção de inocência, comum a todos os réus,enquanto não liquidada a prova e reconhecido o de-lito”. Cabe, pois, investigar e punir, mas dentro doslimites da Constituição e das leis do país. Se não,iremos retroceder ao barbarismo do processo detipo inquisitório, em que o acusador se confundecom o julgador, de há muito abandonado pelas con-quistas da civilização.

* Professor titular de direito constitucional daUerj, doutor em Direito Público e conselheiro

federal da OAB pelo Rio de Janeiro

É importante combater a

idéia culturalmente

impregnada no imaginário

popular de que há hoje

no país uma ‘delinqüência

generalizada e

incontrolável’ a autorizar

o desprezo de garantias

constitucionais e a

disseminação de

julgamentos e

humilhações sumárias.

Cuidado com os excessos!

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Gestão

No final de março, o conselheiro seccional Cláu-dio Figueiredo Costa esteve reunido na Casa daMoeda do Brasil com Alan Cunha e Ernani Duarte,respectivamente diretor técnico e representantecomercial da NSP Tecnologia, Sistema e Máqui-nas, empresa responsável pelas catracas de identi-ficação instaladas nas entradas do Tribunal de Jus-tiça. A visita teve por objetivo identificar modelosde leitores utilizados pela Casa da Moeda para averificação das carteiras da Ordem. “Estamos ago-ra procurando no mercado leitores mais modernose compatíveis com os utilizados pela Casa da Moe-da para atender à demanda da OAB/RJ de catracasespecíficas para os advogados no TJ”, explica Cláu-dio Costa. Em relatório apresentado no dia 10 deabril, a NSP informou que estaria adquirindo os

Revista noFórum deveter fim aindano primeirosemestre

leitores até o final do mês. Num segundo momento,serão realizados testes na Seccional para avaliar aviabilidade da operação. “Os testes devem ser fei-tos em cerca de duzentas carteiras. Quando a em-presa disser que há condições de instalar o sistemade leitura no TJ, aí sim poderemos ingressar noFórum apenas com nossas carteiras profissionais”,estima o conselheiro.

Segundo Cláudio Costa, o projeto de leitura óti-ca não teria a vantagem apenas de facilitar a entra-da dos advogados no Fórum, mas serviria como re-gistro para comprovar as idas ao Tribunal. “Além desimplificar procedimentos, a medida não teria qual-quer custo para o advogado. A previsão é de queainda este semestre o sistema entre em funciona-mento”, prevê Cláudio.

Atendendo reivindicação da OAB/RJ, ocorregedor-geral de Justiça, desembargadorLuiz Zveiter, determinou que a carteira-livretoda OAB/RJ (de cor vermelha) volte a ser aceitaem todas as serventias do Tribunal. Zveiter

Carteira-livreto da Ordem volta a ser aceita no TJEm reunião com Wadih,corregedor deferiu areivindicação da Seccional

recepcionou uma comitiva da Seccional emseu gabinete no dia 17 de abril, quando rece-beu das mãos do presidente Wadih Damous oofício com a formalização do pleito, deferin-do-o de imediato. Na oportunidade, Wadih en-tregou ao corregedor outro ofício, este solici-tando que o sistema de protocolo integradodo TJ passe a aceitar qual-quer petição endereçada aoTribunal, e não apenas re-

lativas a agravo de instrumento. A demandada OAB/RJ responde sobretudo aos anseiosdos advogados do interior, que utilizam o sis-tema para evitar deslocamentos até a capi-tal. Zveiter se mostrou receptivo à idéia.Além de Wadih, integraram a comitiva da Or-dem o procurador-geral da entidade,Ronaldo Cramer, e o presidente da Comis-são de Defesa, Assistência e Prerrogativas(CDAP), Marco Enrico Slerca.

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Gestão

A cooperação, a agilidade e a transparência temsido as palavras-chave do início de gestão da atualdiretoria. As mudanças, que vêm sendoimplementadas gradativamente ao longo dos me-ses, começaram com uma profunda reestruturaçãona parte administrativa. O primeiro passo, explicao secretário-geral Marcos Luiz Oliveira de Souza,foi a extinção de determinados cargos, como o desuperintendente, e de algumas chefias. Tambémacabaram as três gerências que anteriormente fa-ziam a ponte entre a diretoria e os empregados. “AOrdem que herdamos tinha uma estrutura pesada,arcaica e com diversos níveis de hierarquia. Mui-tas decisões tomadas pelas antigas gerências, porexemplo, sequer chegavam ao conhecimento da di-retoria. Em nossa visão de trabalho, esse poder dedecisão cabe aos diretores. Estamos modernizan-do e tornando dinâmico o funcionamento da Or-dem”, ressalta ele.

Marcos Luiz explica que, com a melhor divisãodo trabalho, os chefes de departamento passaram aadministrar questões relativas ao seu próprio am-biente — e que antes eram resolvidas pelas gerên-cias ou pela superintendência —, como abono deponto de empregados. “Os chefes agora se repor-tam diretamente a mim. Qualquer empresa comestrutura de trabalho moderna funciona desta for-ma: o empregado tem acesso à diretoria, sem umnúmero excessivo de intermediários. Entendemosque o contato direto, além de trazer transparência,faz o serviço render mais”, pondera. Segundo o se-cretário, desvios de função já foram corrigidos, e asatividades administrativas estão compatíveis como cargo que os empregados ocupam. Os estagiári-

os, por sua vez, também passaram a executarsomente tarefas em conformidade com seu con-trato de estágio.

Outra novidade diz respeito ao plano de car-gos e salários — atualmente em fase de estu-dos —, que deve ser implantado até o finaldeste ano. “Esperamos que o plano entre emvigor já no começo de 2008. Os empregadosserão submetidos a um plano justo, comregras claras e definidas, em que o tra-balho é reconhecido e existe a possi-bilidade de ascensão profissional. Aidéia é valorizar cada vez mais oempregado, para que ele presteum serviço de excelência ao ad-vogado, o que também é uma dasfinalidades da Ordem.Queremos empregadosqualificados, satisfeitos ecientes de que estão sendo avaliados de forma justae transparente”, reitera Marcos Luiz.

De acordo com o secretário-geral, quando anova diretoria assumiu não havia inventárioconfiável dos bens móveis da OAB/RJ. Segundoele, a extensão do patrimônio será em breve conhe-cida: “Já estamos providenciando, registrando evamos determinar que o levantamento seja feito emtodas as subseções”.

A reestruturação também possibilitou a redu-ção de custos: só nos três primeiros meses de mu-danças, a Casa registrou a diminuição de aproxi-madamente 35% em relação ao pagamento de ser-viços terceirizados — como informática, correio e

Mudanças na OAB/RJ envolvemredução de custos, reestruturação ecriação de plano de cargos e salários

gráfica. Tanto o secretário-geral como o secretário-geral adjunto, Marcelo Chalréo, e o tesoureiro, Sér-gio Fisher, passaram a coordenar a prestaçãoterceirizada. “A Ordem está de cara nova. As mu-danças beneficiaram os empregados e os advoga-dos, que estão sendo atendidos com mais rapidez.Todas as certidões são entregues dentro dos prazosestipulados. Se nas grandes companhias existe umespaço aberto para a discussão de assuntos do in-teresse de todos, assim também será na Seccional.O espírito de colaboração e solidariedade entre adiretoria, os empregados, os advogados e o públicoem geral é imprescindível para alcançarmos o su-cesso”, conclui Marcos Luiz.

Marcos Luiz: “A Ordem que herdamos tinha uma estrutura pesada e arcaica”

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Maio / 2007 - 7

Comissões

Os freqüentes atrasos na emissão da carteirade identificação do advogado — devido a problemasoperacionais na Casa da Moeda, responsável pelaconfecção do documento — estão sendo contorna-dos pela Seccional. A fim de evitar transtornos, aOAB/RJ, por meio da Comissão de Seleção e Inscri-ção (CSI), passou a expedir a Certidão de Inscriçãoe Regularidade (CIR), que atesta a inscrição do ad-vogado nos quadros da Ordem. A Certidão já é acei-ta em todos os tribunais do estado, uma vez que aCSI, além de ter enviado ofício a todos os presiden-tes, informou aos bancos de dados das justiçasestadual, federal e trabalhista as inscrições válidasna Seccional. No ato de entrega de processo, porexemplo, basta que o escrevente verifique a matrí-cula do advogado perante a OAB/RJ para saber seeste se encontra regularmente inscrito na Casa. Oadvogado, por sua vez, só precisa apresentar a Cer-tidão junto com a identidade civil e o CPF durante oatendimento. “O processamento interno é rápidoaqui na OAB/RJ. Se a documentação exigida para ainscrição na Ordem estiver correta, remetemos ra-pidamente os processos para os canais competen-

tes. Infelizmente, a Casa da Moeda não tem res-pondido na velocidade em que precisamos”, expli-ca o presidente da Comissão de Seleção e Inscri-ção, Adriano Mezzomo.

Mezzomo lembra que a carteira da Ordem nãorepresenta, em si, instrumento constitutivo de di-reito. “O status jurídico do advogado pode ser ates-tado pela carteira, como por qualquer outro meioidôneo. A certidão é apenas um deles. Com a CIR,que pode ser obtida no dia em que o advogado mar-car o compromisso na Ordem, queremos facilitar avida do advogado, para que ele exerça normalmentesuas atividades enquanto aguarda a carteira. Hoje,certidões eletrônicas, por exemplo, são realidadeem nosso país. É possível obter documentos assimem sites como os do INSS e da Receita Federal, sópara citar alguns”, observa.

Segundo o presidente da CSI, que se reuniu nofinal de março com representantes da Casa da Mo-eda, a entidade assumiu o compromisso formal deregularizar a emissão das carteiras no menor espa-ço de tempo possível. Há alguns meses, o atraso na

entrega dos documentos chegou a 60 dias. “Quere-mos esclarecer que estamos tomando todas as me-didas possíveis para minorar o problema da demo-ra na entregas das carteiras. É preciso que os advo-gados saibam que a Ordem é sua principal aliadano exercício profissional”, conclui Adriano.

Atrasos da Casa da Moeda levam Seccionala expedir certidão que substitui a carteira

Mezzomo: “Queremos facilitar a vida do advogado”

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Comissões

Precatórios: OAB/RJ repudia projetoque altera sistema de pagamentos

Na opinião do presidente da Comissão de De-fesa de Credores Públicos – Precatórios Judiciaisda OAB/RJ, Eduardo Gouvêa, a proposta de emen-da constitucional que altera o sistema de pa-gamentos dos precatórios, se aprovada, seráobjeto de inúmeras ações de inconstitucionali-dade no Supremo Tribunal Federal. Além de que-brar a ordem de precedência constitucional – umagarantia do cidadão ao entrar na fila para receberseu precatório – a emenda cria um mecanismo deleilões públicos que reduzirá o valor da indeniza-ção de cada pessoa.

Segundo avaliações do Conselho Federal, a PECpode aumentar em até 30 anos o prazo para que osmunicípios e estados consigam quitar as dívidasvencidas. Segundo o presidente nacional da OAB,Cezar Britto, o texto em análise na Comissão deConstituição e Justiça no Senado “oficializa o calo-te da dívida pública, beneficiando os estados queusaram como política o desrespeito ao cidadão, não

pagando seus créditos”. Pela redação atual da emen-da, os estados terão que destinar 3% e os municípi-os, 1,5% de suas despesas líquidas para o paga-mento dos precatórios.

Em meio à polêmica, a OAB/RJ vem defendendoo debate com o Governo em busca de soluções efe-tivas. De acordo com Eduardo Gouvêa, são inú-meras as propostas, que incluem, por exemplo,a compensação de dívida ou a securitizaçãopara viabilizar a absorção das dívidas pelo mer-cado financeiro. Estas saídas seriam benéficas nãosó para o cidadão, mas para o próprio Governo, queganharia maior capacidade para investir em outrossetores. “O dinheiro na mão do cidadão voltaria acircular, o que seria fantástico para a economia doestado”, completa ele.

Segundo projeções iniciais realizadas pela Co-missão de Precatórios, para que a dívida do Rio parede aumentar seria necessário quitar R$ 520 milhões

por ano. Só de precatórios novos, entram por mêsem torno de R$ 15 milhões. Eduardo ressalta que,se o estado pagasse cerca de R$ 800 milhões anuais,a solução definitiva da dívida viria num prazo mé-dio de cinco anos.

Eduardo Gouvêa: OAB/RJ defende debate com o Governo

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Maio / 2007 - 9

Dando seqüência ao planejamento estratégicopreparatório para o Colégio de Presidentes, a Co-marca de Resende recebeu, no dia 13 de abril, aterceira Reunião Zonal do ano. Além da OAB/Re-sende, participaram do encontro as subseções deVolta Redonda, Piraí, Vassouras, Barra Mansa, Va-lença e Mendes (as delegações de Barra do Piraí eMiguel Pereira foram convidadas e tiveram suasausências justificadas). O debate sobre a melhoriano sistema de informática da entidade dominou asdiscussões.

O diretor do Departamento de Apoio às Subse-ções (DAS), Felipe Santa Cruz, detalhou uma sériede medidas já tomadas, e outras ainda em estudo,no sentido de aprimorar a administração da Secci-onal e das subseções e implantar uma mentalidadeadministrativa mais dinâmica e moderna. “Esta-mos modificando todo o sistema de informática,que era arcaico. A página na internet era sofrível,possivelmente a pior do país. Assim, poderemosinstalar um sistema moderno de cobrança das anui-dades, diminuindo a inadimplência”, explicou Fe-lipe. “É um compromisso dessa gestão não tercei-rizar a cobrança. Vamos respeitar o advogado e, como sistema de informática modernizado, a própriaOrdem fará essa cobrança, negociada sempre quenecessário com o advogado. Certamente, não serápossível fazer isso sem a ajuda das subseções”,completou o diretor do DAS.

Segundo ele, a informatização é uma orientaçãodo Conselho Federal, que em breve disponibilizarácarteiras com chips e estuda a digitalização totaldos serviços. “Temos que nos preparar para garan-tir o acesso dos advogados a tudo isso, ou estare-mos excluindo os colegas da profissão”, observouFelipe. Outra mudança comentada foi a reformula-ção da TRIBUNA. “Mudamos o jornal, que não serámais um álbum de fotos e elogios à OAB, mas umefetivo veículo de comunicação com o advogado”,resumiu ele.

Em seguida, foram distribuídas para cada sub-seção cópias do orçamento para 2007. Felipe pon-derou com os presentes sobre a necessidade doestabelecimento de critérios justos e eficazes paraa cessão de verbas. “Como eu vou decidir sozinho oque é prioritário? Como decidir o que é prioridadesem um planejamento? Não é possível. Acredito queo próprio Colégio de Presidentes pode ajudar o DAS

Reuniões Zonais

Em Resende, subseções debateram ainformatização dos serviços da Ordem

a definir quais os critérios que melhor atendem aointeresse da classe”, defendeu.

Os presidentes de subseção tiveram espaço paraexpor seus problemas. Além dos pedidos relativos aoserviço de informatização, outro tema foi recorrente: aquestão da atuação dos defensores públicos do inte-rior. Segundo a maioria dos presentes, os defenso-res têm seus pleitos geralmente atendidos pelos juízes,principalmente no que diz respeito à gratuidade da pres-tação jurisdicional. Enquanto isso, os advogados sofremdiscriminação por parte do Judiciário, precisandoenfrentar uma penosa burocracia para solicitar osmesmos benefícios para seus clientes.

O presidente da OAB/Resende, Antônio PauloFainé Gomes, solicitou computadores mais moder-nos, expondo também a necessidade de qualifica-ção de pessoal para operar sistemas mais moder-nos, como o Linux. Rosa Maria Fonseca, da OAB/Volta Redonda, também reivindicou computadoresatualizados e pediu que fossem aceleradas as obrasno telhado da subseção, para que as aulas da ESAsejam retomadas o quanto antes.

Presidente da subseção de Piraí, Rosângela Ca-bral Corrêa fez coro quanto à necessidade de trei-namento dos funcionários para operar o sistemaLinux e reforçou a questão do tratamento privilegi-ado aos defensores. “Parece que nós, advogados,

somos mal vistos, pois, ao contrário dos defenso-res, temos que comprovar uma lista de itens paraconseguir gratuidade das custas para clientes que, namaioria das vezes, não podem mesmo arcar com esseônus”, criticou. Sylvio da Cruz Leal, da OAB/Vas-souras, demandou novos códigos e uma máquinade xerox para a sede na Comarca, e o diretor doDAS informou que estão em curso negociações comeditoras e com uma empresa que explora serviçode fotocópias, cujo objetivo é o atendimento a todasas subseções.

Hercules Anton de Almeida, da OAB/Barra Man-sa, apresentou uma proposta quanto ao problemados defensores. “Sugiro que seja verificada a pos-sibilidade de a Seccional abrir processo disciplinarcontra aqueles que não têm critério para pedir gra-tuidade da Justiça, pois essa falta de critério prejudicamuito o advogado do interior”, ponderou. Já o presidenteda OAB/Valença, Munir Assis, reclamou da falta de es-paço físico para a Ordem em sua Comarca, e reiteroupedido para que seja construído um novo Fórum,que reserve à Ordem acomodações condizentescom a importância da advocacia. O presidente daOAB/Mendes, Nélio da Rosa Brum, sugeriu a pro-dução de uma cartilha sobre o uso do sistema Li-nux para os funcionários e engrossou a lista dasreclamações contra os defensores públicos.

Lia Pellon de Lima, da CAARJ, Samuel Carrero, Felipe Santa Cruz e Antônio Fainé Gomes, o anfitrião do encontro

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Maio / 2007 - 10

No dia 23 de março, a sede da OAB/Nova Fri-burgo recebeu representantes de outras sete sub-seções e da Seccional para a 2ª Reunião Zonal dagestão 2007/2009. Além dos anfitriões, estiverampresentes advogados de Cachoeiras de Macacu,Teresópolis, Petrópolis, Cordeiro, Cantagalo, TrêsRios e Paraíba do Sul. O secretário geral, MarcosLuiz Oliveira de Souza, e o diretor do Departamen-to de Apoio às Subseções (DAS), Felipe Santa Cruz,representaram a Seccional. A melhoria na estrutu-ra das subseções e na prestação jurisdicional nascomarcas dominou a pauta do encontro.

“Temos um projeto histórico de mudança paraa Ordem. Como este projeto chegará às subseções?Com a profissionalização do atendimento ao ad-vogado”, afirmou Felipe, ao abrir os trabalhos.O diretor do DAS detalhou as melhorias que aSeccional pretende realizar. “Não me confor-mo com o grau de atraso que encontramos nosetor de informática da OAB/RJ. O contrato demanutenção de computadores custava entre R$50 mil e R$ 60 mil por mês, porque tínhamos600 máquinas velhas, rodando em sistema basea-do numa linguagem de programação já ultrapassa-da. Informática é atendimento, e pretendo, pelomesmo custo que pagávamos, reformar e dar aossenhores melhor atendimento na área”, completou

Na Região Serrana, melhorias estruturais e serviçosda Justiça no interior foram os temas em destaque

ele, acrescentando que a OAB/RJ pretende unificarsua identidade visual.

“Do ponto de vista institucional, é elementar queuma entidade, com caráter regional, construa sím-bolos regionais. Isso não é enfeite: significa dar aoadvogado a sensação de que ele encontra a Ordemem todo o estado. Onde ele estiver, vai se sentirprotegido”, explicou. O diretor do DAS tambémanunciou que o Portal da Ordem na internet vai abri-gar, em breve, as páginas das 56 subseções. O custoe a elaboração ficarão a cargo da Seccional, e o con-teúdo será responsabilidade das subseções.

Após a apresentação inicial, o secretário-geralMarcos Luiz Oliveira de Souza divulgou detalhada-mente o orçamento de 2007. Cada subseção rece-beu uma planilha com o respectivo orçamento anu-al. “Isso é inédito, nunca a Ordem havia divulgadopublicamente os números do orçamento. Realiza-mos uma reforma administrativa, e extinguimosalguns cargos de gerência e superintendência. Hojeem dia a Ordem funciona de forma mais leve e di-nâmica”, salientou ele.

Presidentes fazem reivindicações

Os representantes das subseções apresentaramreivindicações e sugestões. Carlos André Pedrazzi,da OAB/Nova Friburgo, afirmou que existem de-

mandas comuns a toda a região serrana. “As subse-ções podem trabalhar em conjunto, política e admi-nistrativamente. Poderíamos ter cursos da ESA queatendessem uma determinada comarca e tambémas cidades próximas”, sugeriu Pedrazzi. Na OAB/Três Rios, as reivindicações giraram em tornoda prestação jurisdicional. “A juíza da comarcanão está permitindo que todos os advogados te-nham acesso aos processos para fazer cópia dosautos”, criticou Salatiel Rodrigues Filho, presi-dente da subseção.

Eduardo Langoni, da OAB/Paraíba do Sul, soli-citou reparos na sede da subseção e reclamou que ainstalação do Proger na comarca ainda não foi feita,apesar de já publicada no Diário Oficial. “Temosproblemas também com o requerimento de gratui-dade para clientes, pois os defensores públicos es-tão sendo privilegiados nesse aspecto, em detri-mento dos advogados”, observou Langoni.

O presidente da OAB/Petrópolis, Herbert Cohn,também reclamou a implantação do serviço de auto-atendimento na Justiça. “Precisamos que seja ins-talado o Proger, ou um protocolo de auto-atendimen-to na sede da Ordem, em razão da distância do novoFórum. Queremos ainda a unificação, no mesmoprédio, das duas varas do Trabalho que já existem,além da criação de uma terceira”, listou Herbert.

Jefferson Soares, da OAB/Teresópolis, aponta oJuizado Especial como o grande problema da co-marca local. Segundo ele, o Juizado está sobrecarre-gado. Outra questão diz respeito às comissões deÉtica das subseções. “Nas localidades onde não háConselho, as comissões de Ética poderiam ter maisautonomia, avançar mais no trabalho para reduzir anecessidade de deslocamentos até a Seccional”,propôs Jefferson. O presidente da OAB/Cordeiro,David Romeu Salomão, afirmou que os terminaisde auto-atendimento do Fórum são obsoletos e nãofuncionam. “Outro problema é que a Defensorianão realiza uma triagem, o que diminui nossa cli-entela”, completou David.

Por fim, Guilherme Monteiro de Oliveira, pre-sidente da OAB/Cantagalo, relembrou um antigoproblema das comarcas do interior. “A Justiça con-sidera como início dos prazos processuais a datade publicação do Diário Oficial. O problema é que oD.O. demora alguns dias para chegar ao interior, eaí acabamos perdendo prazos, o que gera muitosproblemas”, salientou Guilherme.

Reuniões Zonais

O secretário-geral Marcos LuizOliveira de Souza apresentouàs subseções as planilhascom o orçamento de 2007

Subseções

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Maio / 2007 - 11

O presidente da OAB/Friburgo, Carlos AndréPedrazzi, elegeu como diretriz principal de sua ges-tão o equilíbrio entre o resgate do papel social daOrdem e a defesa das prerrogativas. “Nossa enti-dade, guardiã do Estado democrático de direito,precisa inovar, estar atenta à valorização e respeitoao advogado, mas também ao papel institucional naagenda social e política da nossa comunidade. Soba ótica da defesa dos excluídos e marginalizados,que têm fome e sede de justiça, pretendemos quehaja uma participação efetiva das Comissões nosconselhos municipais. Por outro lado, é inaceitávelqualquer agressão aos colegas, que devem ser tra-tados por todos os profissionais de Direito com ur-banidade, respeito e cordialidade”, afirma ele.

O presidente salienta que, em virtude deter participado ativamente das diretorias an-teriores, conhece de perto a realidade daOAB/Nova Friburgo, além de identificar,como advogado militante, as dificuldades en-

frentadas pelos colegas no cotidiano forense. “A in-clusão e a participação efetiva do advogado em suaCasa, seja através das diversas comissões, seja paracontribuir em nosso mandato, é um desafio”, ob-serva Pedrazzi. Outras iniciativas que a diretoriada OAB/Nova Friburgo pretende levar a cabo são aampliação do escritório compartilhado e a consoli-dação da ESA, visando ao aperfeiçoamento da cul-tura jurídica.

Pedrazzi nasceu em Niterói, mas vive em NovaFriburgo desde a infância. Hoje com 41 anos, for-mou-se na Universidade Federal Fluminense em1987, e milita nas áreas de família, trabalhista ecível há 19 anos. Já exerceu o cargo de tesoureiro evice-presidente da 9ª Subseção, nos triênios 2001/2003 e 2004/2006, respectivamente. Participou domovimento estudantil no Diretório Acadêmico Eva-risto da Veiga, da Faculdade de Direito da UFF, ten-do atuado também na Pastoral da Juventude da IgrejaCatólica e em comunidades eclesiais de base.

Em Friburgo, Pedrazzi busca equilíbrioentre papéis corporativo e institucional

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Subseções

No dia 11 de abril, o presidente do Tribunal deJustiça, desembargador Murta Ribeiro, recebeu ospresidentes Roberto Luiz Pereira (OAB/Madureira), Luiz Alberto Gonçalves (OAB/SãoGonçalo), Leni Marques (OAB/Barra do Piraí),Herbert Cohn (OAB/Petrópolis) e Munir Assis(OAB/Valença). Na reunião, que durou cerca de duashoras, os presidentes levaram reivindicações sobrea prestação jurisdicional nas respectivas comarcas.

Murta Ribeiro se mostrou receptivo. “Quere-mos trabalhar juntos, e nossa idéia é atender a to-das as reivindicações, dentro do possível”, disse odesembargador. Os presidentes de subseção apre-sentaram, cada um, uma lista de pleitos. O primei-ro a falar foi Roberto Luiz Pereira, da OAB/Madureira, que solicitou a devolução do terreno doFórum antigo de Campinho ao governo do estado.O governador Sérgio Cabral já declarou a intençãode ceder a área para construção de um edifício queabrigaria a 32ª subseção. Outro pedido foi afinalização das obras no Fórum de Madureira, alémda instalação de uma agência bancária no local.

Subseções levam pleitos a Murta RibeiroEm seguida, Herbert

Cohn apresentou as rei-vindicações da OAB/Petrópolis. A principaldelas foi a instalação deum terminal de auto-atendimento no Centro dacidade. Cohn pediu tam-bém mais segurançapara o estacionamentoque fica em frente aoFórum de Itaipava.

Leni Marques, presi-dente da OAB/Barra doPiraí, reivindicou a ins-talação do Proger no pré-dio do antigo Fórum (onde hoje funciona o JuizadoEspecial), já que as novas instalações da Justiça nacomarca ficam em bairro afastado do Centro. Pre-sidente da OAB/Valença, Munir Assis quer a insta-lação de uma Vara de Fazenda Pública e a autoriza-ção de serviço de internet para a sala da Ordem no

Fórum de Rio das Flores. Já o presidente da OAB/São Gonçalo, Luiz Alberto Gonçalves, solicitou ainstalação do Proger e o aumento do número de ser-vidores no distrito abarcado pela 8ª subseção. Eleofereceu auxílio na procura de um terreno que abri-garia o Fórum local.

O presidente do TJ ouviu durante duas horas as reinvidicações da classe

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Piraí quer elevar comarca à segunda entrânciaA presidente da OAB/Piraí, Rosângela Cabral

Corrêa, afirma que administrar a 42ª subseção é umdesafio a ser enfrentado com a devida serenidade. Suaprincipal meta durante a gestão é elevar a comarcado município à segunda entrância. “Contamos como apoio e a colaboração dos advogados, da Seccional edos poderes Executivo e Legislativo locais para essaconquista. Hoje, temos todos os problemas inerentes auma comarca de primeira entrância”, afirmaRosângela. Segundo ela, uma das principais difi-culdades é a prestação jurisdicional insuficiente.“O grande problema que a Ordem enfrenta em Piraíé o relacionamento com a Justiça, especificamenteo não-acatamento dos princípios estatutários,com reais dificuldades para atendimento dos ad-vogados. A morosidade no processamento é um en-trave, pois temos uma Vara Única, com poucos fun-cionários. A conseqüência é a ineficiência na efeti-va prestação jurisdicional”, critica.

Ela destaca que a OAB/Piraí está instalada con-

fortavelmente próxima ao Fórum, com mobiliáriosnovos, salas para reunião, computador e internet debanda larga para uso dos advogados. “Iniciei a ges-tão com a reestruturação da sala do Fórum de Pi-nheiral, que está sob a responsabilidade da 42ªsubseção. Agora será a vez de reestruturar a sala doFórum de Piraí”, promete ela, que já foi por duasvezes vice-presidente da OAB local, nas gestões2001/2003 e 2004/2006, assumindo a presidênciaapós o falecimento de Rubens Feijó Botelho, em maiode 2005, antes de ser eleita para o atual mandato.

Rosângela nasceu na cidade de Bananal (SP),mas reside em Piraí desde a infância. Formou-seem Direito no ano de 1991 pela UBM, de BarraMansa, exercendo a advocacia a partir de julho de1992, quando recebeu a carteira da Ordem. Na vidapessoal, os livros são a companhia predileta. “Apre-cio a literatura brasileira e me dedico muito à leitu-ra dos principais autores modernos, tanto de temasjurídicos como dos estritamente literários”, revela.Rosângela Corrêa: críticas à prestação jurisdicional ineficiente

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RENATA ALBINANTE

Não são poucas as teorias que arriscamdeslindar as raízes da criminalidade. Embora ascausas sejam distintas e complexas — e talvez nãoexista solução definitiva para o problema —, o con-trole da violência impõe-se como imprescindívelpara a garantia de um Estado em que haja razoá-vel nível de estabilidade e satisfação. Relaciona-das na década passada entre as cidades mais peri-gosas do mundo, Bogotá e Medellín, na Colômbia,são hoje o exemplo de que é possível, por meio deações integradas e contínuas, reverter o cenário deviolência, miséria e desagregação social que sem-pre caracterizou o país, notório pelos conflitos delonga data entre o narcotráfico, os paramilitares

de direita, guerrilheiros eo próprio governo.

Apesar de aindaapresentar índices ele-vados de pobreza, se-melhantes aos dos

grandes centros urba-nos brasileiros — cer-

ca de 40% da popu-

Segurança pública: oexemplo da Colômbia

Representantes da OAB/RJ na comitiva estadual quevisitou o país revelam impressões sobre a experiência deBogotá e Medellín na luta contra o crime. Conclusão é quehá pontos positivos e zonas de sombra no modelo adotado

lação —, Bogotá e Medellín conseguiram reduzirsuas taxas de homicídio em 79% e 90%, respectiva-mente. O segredo do sucesso está na combinação demedidas de prevenção e repressão: o modelo priorizajustamente a sintonia entre políticas sociais, urba-nísticas, educacionais e a polícia. Fatores subjeti-vos, como a auto-estima das pessoas, também sãolevados em consideração. A ação conjunta do go-verno federal colombiano e das prefeituras conta,ainda, com financiamento do Banco Interamericanode Desenvolvimento (BID). Recentemente, foi apro-vado empréstimo de US$ 72 milhões ao país paracustear a reorganização de redes de hospitais pú-blicos, a fim de aprimorar a qualidade do sistemade saúde.

A experiência colombiana impressionou os go-vernadores Sérgio Cabral Filho (RJ), Aécio Neves(MG) e José Roberto Arruda (DF), que visitaramas duas cidades por cinco dias para conhecer aspolíticas de segurança pública adotadas em Bogo-tá e Medellín. A OAB/RJ integrou a comitiva dogovernador do Rio e se fez representar pelo advo-gado Cláudio Pereira, suplente do Conselho Fede-ral, e pelo sociólogo Paulo Jorge Ribeiro, pesquisa-dor associado do Laboratório de Análises da Vio-lência da Uerj. Os dois estiveram na redação daTRIBUNA, onde conversaram com o superinten-dente de Comunicação da Seccional, Cid Benja-min, o editor Marcelo Moutinho e esta repórter so-bre a visita, para analisar o que de fato tem contri-buído para o bem-estar da coletividade e retratar olado menos divulgado do programa.

T.A.: Os decrescentes índices de crimina-lidade na Colômbia mostram que é possívelse enfrentar o problema. Qual foi o ponto departida do modelo adotado no país?

Paulo: O primeiro aspecto diz respeito à segu-rança pública. Há menos de 20 anos, a polícia co-lombiana foi unificada, passou a ser federal. O exér-cito é muito bem equipado e a segurança privadautiliza rádios interligados com a polícia, medidatambém adotada pela frota de táxi. O projeto, de-corrente de uma série de políticas integradas, pas-sou sobretudo por um choque urbano depesadíssimo investimento. A integração dos trans-portes, por exemplo, é sensacional. Mudou a vidado morador da periferia, que pode chegar rapida-mente ao trabalho, no centro. Os que vivem no altodas favelas contam com um teleférico ligado aometrô, chamado Metrô Cable, utilizado para subire descer os morros e que está conectado a uma li-nha de ônibus que faz a ligação com a estação. Ou-tro ponto é que as cidades de Bogotá e Medellínforam remodeladas. O processo, que começou há12 anos, transformou-as em locais seguras . O BIDinveste na Colômbia, anualmente, US$ 700 milhões.A sensação de segurança é incontestável.

Cláudio: A integração entre políticas sociais,urbanísticas, educacionais e a polícia é uma reali-dade lá. Em Medellín, visitamos uma comunidadetoda urbanizada. Isto implica não só a abertura deruas, mas também saneamento, instalação de redeelétrica e outros benefícios. O serviço público che-ga, de fato, à comunidade.

T. A: No Brasil, principalmente na décadade 80, diversos projetos sociais saíram do pa-pel para alcançar as comunidades carentes.Exemplos são o Favela-Bairro e os Cieps,com a proposta de escola em tempo inte-gral. Essas iniciativas, contudo, pouco con-tribuíram para alterar a realidadesocioeconômica e educacional do país. Por queo modelo não deu certo aqui?

Cláudio: A grande diferença é o comprometi-mento. A Colômbia implantou um projeto integra-do, que tem como característica fundamental a con-

“O processo, que começou há12 anos, transformou as duas

cidades em locais seguros”Paulo Jorge Ribeiro

Violência

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tinuidade. Os sucessores assumiram o governo como compromisso de levar adiante o programa. Exis-tia em Bogotá, perto do palácio presidencial, umafavela muito violenta, que foi demolida devido à con-dição de risco que apresentava. No local, foiconstruída uma praça gigantesca. Paralelamente,criou-se um projeto habitacional, e a população foitransferida para outros lugares.

Paulo: Na Colômbia, além de vontade política,existe criatividade. Temos aqui alguns projetos se-melhantes, mas não conseguimos estruturá-los.Também não podemos esquecer que os atores so-ciais daquele país estão completamente envolvidosna questão. Quase tudo que vimos em Bogotá e Me-dellín já foi feito no Brasil, em algum momento. Lá,porém, as ações acontecem de forma integrada, cominvestimentos e apoio dos meios de comunicaçãode massa. Os melhores arquitetos de Bogotá ofere-cem projetos para as bibliotecas das áreas pobresda cidade. Elas são limpas, têm bons livros, acessoà internet e apresentam belo projeto arquitetônico.Outro ponto diz respeito ao comportamento da po-pulação. A noção de civilidade é tão grande que osmoradores das favelas urbanizadas não jogam papelno chão. Tampouco há gangues de traficantes atuan-do nas favelas. O Estado entra com a proposta dedepor as armas em prol da civilidade e da urbaniza-ção. A idéia é resgatar a auto-estima da população,sobretudo a de jovens seduzidos desde cedo pelonarcotráfico. Caso os líderes das gangues não acei-tem, a polícia é chamada a intervir. Mas é importan-te lembrar que este recorte acontece em Bogotá eMedellín; em Cali, a guerra civil é declarada.

T.A: Então a lei como instrumento de con-trole não basta, se não há integração?

Paulo: Sem dúvida. É preciso que haja um tra-balho conjunto dos atores sociais, desde aestruturação até a fiscalização do sistema implan-tado. Para os colombianos, a violência não é proble-ma policial, mas, em primeira instância, de má ad-ministração pública.

T.A: Várias críticas são dirigidas ao gover-no da Colômbia, que muitos reputam como au-toritário. Ainda é forte o pensamento de que,na prática, lá se vive um estado de sítio...

Cláudio: Obviamente existem aspectos nega-tivos e arbitrariedades. Na Colômbia, em caso dedenúncia de corrupção, um policial pode ser exone-rado sem instauração de processo administra-tivo, sem que sequer seja ouvido. A demissão ésumária e discricionária. O sistema de vigi-lância também é rigoroso: em Bogotá, somos per-manentemente observados. Sejapor câmeras, policiais, seguran-ças privados, taxistas e os própri-os habitantes, que colaboram com apolícia.

Paulo: Há também a questão dasFarc (Forças Revolucionárias da Co-

lômbia), grupo guerrilheiro de esquerda. O exérci-to tenta, cada vez mais, tomar as áreas domina-das pelo narcotráfico. O discurso das Farc estáem acumular material bélico para lutar contraum Estado autoritário. Elas invadem vilas e des-tróem cidadelas inteiras, em busca da legitimaçãode sua estrutura e de seus ideais. A verdade, po-rém, é que as Farc exploram o tráfico de drogas etoda forma de conseguir dinheiro nas áreas emque o poder público não chega. O pensamento é,acima de tudo, capitalista. Podemos compará-losàs milícias aquino Brasil.

Em sentido horário (esq. para a dir.), Cid Benjamin, Renata Albinante, Cláudio Pereira, Paulo Jorge Ribeiro e Marcelo Moutinho, na redação do jornal, durante a entrevista

“Há arbitrariedades, eo sistema de vigilânciaé muito rigoroso”Cláudio Pereira

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Polêmica

VITOR FRAGA

Apesar de o direito de greve ser garantido cons-titucionalmente, quase 19 anos depois de promul-gada a Constituição a paralisação de funcionáriospúblicos permanece sem regulamentação. No últi-mo dia 12 de abril, julgando os mandados deinjunção nº 670 e nº 712, oito ministros do SupremoTribunal Federal manifestaram seus votos sobre amatéria. Gilmar Mendes, Celso de Mello, SepúlvedaPertence, Carlos Ayres Britto, Carmen Lúcia Rochae Cezar Peluso formaram a maioria que acompa-nhou o voto de Eros Grau, relator do MI 712, deci-dindo que os dispositivos da Lei nº 7.783/89 (Lei deGreve), que rege o exercício de greve na iniciativaprivada, também se aplicam ao serviço público.Ricardo Lewandowski foi o único ministro que, atéagora, manifestou posição contrária, por entenderque a Lei de Greve vale apenas para o setor privado.Embora com sete votos o parecer do relator já tenhamaioria – o STF é formado por 11 ministros –, ojulgamento foi suspenso após quase quatro horasde debates pelo pedido de vista do ministro Joa-quim Barbosa. Além dele, ainda devem votar MarcoAurélio Mello e Ellen Gracie.

O pronunciamento do STF deve-se a dois man-dados de injunção, impetrados pelo Sindicato dosServidores Policiais Civis do Espírito Santo

Direito de greve no setor público: STF entendeque regras devem ser iguais às da área privada

(Sindipol) e pelo Sindicato dos Trabalhadores doPoder Judiciário do Estado do Pará (Sinjep), quealegam omissão do Congresso Nacional por não ela-borar lei para regulamentar o direito de greve dosservidores públicos. “O STF tem razão; na verda-de, está preenchendo uma lacuna. Aliás, já vai tardeessa manifestação do Supremo no que diz respeitoaos mandados de injunção, um instrumento que foitrazido para o nosso Direito a partir da Constitui-ção de 1988 e tem como objetivo permitir que o Ju-diciário intervenha em situações-limite, quando háomissão do Legislativo em regulamentar disposi-ções constitucionais que dizem respeito àefetividade de um direito”, explica o secretário-ad-junto da OAB/RJ, Marcelo Chalréo. Na prática, quan-do não há regulamentação, o direito previsto não sematerializa concretamente. O que não quer dizerque tenha deixado de ser um direito.

“O direito de greve dos servidores público estágarantido pela Constituição. O que não existe é aregulamentação. A solução do STF, de aplicar a Leinº 7783/89, deve ser provisória. Acredito que o maisadequado é a regulamentação específica da greve paraa área pública”, defende o economista e sindicalistaPaulo Passarinho. A necessidade de regulamentaçãoprópria deriva da distinção entre as duas categoriasperante a lei. “O assunto pertinente a servidorespúblicos está previsto num dispositivo específico

da Constituição, que os distingue dos trabalhado-res da iniciativa privada. Segundo a Carta Magna,por essa prescrição distinta, haveria a necessidadede um regulamento próprio para tratar do assunto.São dois tipos de categorias distintas, reguladas pordisposições legais diversas”, explica Chalréo.

Na ausência dessa regulamentação complemen-tar, o julgamento dos mandados de injunção peloSTF sinaliza a possibilidade de que a norma seja alei que rege o setor privado. Isso incluiria tambémos dispositivos que regulam a paralisação de servi-ços essenciais. “A princípio, teríamos o mesmo re-gulamento disciplinando atividades do serviço pú-blico e da iniciativa privada, inclusive no que dizrespeito à prestação de serviços essenciais”, pon-dera o secretário-adjunto da Ordem. Já Passarinhoacredita que os sindicatos de servidores públicospoderiam estabelecer critérios para paralisações nascategorias essenciais, usando as greves atuais comoexemplos práticos. “Acredito que o próprio movi-mento sindical deveria se antecipar e colocar emprática, nas greves que já ocorrem, uma forma demanter a paralisação sem prejudicar o atendimen-to à população em serviços essenciais. A greve é uminstrumento de luta que nasceu nas fábricas paraobrigar os empresários a negociar com os trabalha-dores, mas no âmbito do serviço público muitasvezes o prejuízo é da população”, observa ele.

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Marcelo Chalréo argumenta que os limites ne-cessários à paralisação de serviços essenciais nãopodem significar restrições ao direito de greve. “Nãopode haver qualquer tipo de restrição, uma vez queo direito é assegurado tanto aos servidores públi-cos quanto aos trabalhadores da iniciativa privada.Estabelecer restrição ao direito não é correto, esta-

ríamos ‘des-pindo um san-to para vestiroutro’. Apostonuma decisãodo Supremoque seja sen-sível, sábia econstitucio-nalmente res-ponsável”, ar-gumenta ele.Mas o Execu-tivo, segundoPassarinho, jámanifestou apossibilidadede estabelecer

essas temidas restrições. “O ministro do Planeja-mento, Paulo Bernardo, já declarou isso abertamen-te. Trata-se de uma preocupação política, vinculadaao Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Estáem tramitação o PLP 01/2007, vinculado ao PAC, quelimita gastos do governo com pessoal e que, se foraprovado, vai provocar um arrocho salarial para osservidores nos próximos anos. Daí o interesse emrestringir o direito de greve, para diminuir o poderde reação da categoria”, denuncia o economista.

Os sindicatos prometem reagir. “Qualquer res-trição significa retirar conquistas. Quem faz gre-ves são pessoas, não máquinas. O governo tenta nosjogar contra a população, mas as greves acontecemporque queremos prestar um serviço de qualidade.Eles sabem que haverá reação. Se congelarem salá-rios, haverá greve geral”, garante Victor Madeira,diretor do Sindicato dos Trabalhadores do ServiçoPúblico Federal no Estado do Rio de Janeiro(Sintrasef). Procurado pela TRIBUNA, o líder doGoverno na Câmara, deputado federal Luiz Sérgio(PT-RJ), informou através de sua assessoria quenão gostaria de dar declarações sobre o assunto.

O fato é que o tema está inserido no debate mais

Temor é que regulamentação gere restriçõesamplo sobre a refor-ma sindical, e discu-ti-lo fora desse con-texto pode levar aequívocos. “Falta ain-da no Brasil uma dis-cussão profunda noque diz respeito à or-ganização e à liber-dade sindical. Atual-mente, parece que ostrabalhadores são osúnicos responsáveispela deflagração degreves, o que não éverdade. Na maior par-te dos casos só há greve quando são fechadas todas aspossibilidades de negociação, ou quando as negociaçõesrealizadas tanto por parte do poder público quanto na inici-ativa privada são absolutamente iníquas, e nada se oferecena prática. Em outras palavras, empregadores da ini-ciativa privada ou do poder público muitas vezessão responsáveis pela deflagração de greves porquepraticam atos anti-sindicais, como a negação dasnegociações coletivas”, finaliza Chalréo.Marcelo Chalréo: direito assegurado a todos

Passarinho: preocupação política

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RONALDOCRAMER*

A Constituição de 1988legou ao STF uma compe-tência híbrida. Além de cui-dar da uniformização dainterpretação constituci-onal, que é a sua verdadei-ra função, o Supremo tam-bém é competente para

julgar ações propostas contra determinadas au-toridades públicas, para apreciar recursos ordiná-rios contra decisões denegatórias de mandadosde segurança, dentre outras competências previstas noart. 102 da Carta Magna.

Com razão, os constitucionalistas defendem queo STF deveria atuar como guardião da Constituiçãoe somente julgar os casos constitucionais mais re-levantes. No entanto, curiosamente, as últimas re-formas legislativas parecem contrariar essa tendên-cia. Quero me referir, especificamente, a dois pon-tos dessas reformas: a repercussão geral e a súmulavinculante. Ao contrário do que se imagina, essasduas novidades podem complicar, ainda mais, adiversificada competência do Supremo.

Comecemos pela repercussão geral, inserida nonosso ordenamento pela Emenda Constitucional nº45 e regulamentada pela Lei nº 11.418/2006. O §3ºdo art. 102 da Constituição dispõe que o recursoextraordinário somente será admitido se o recor-rente demonstrar a repercussão geral da causa. Arepercussão geral constitui um novo requisito deadmissibilidade do recurso extraordinário e visa afazer com que o STF somente aprecie violaçõesconstitucionais que interessem à sociedade.

Muito embora seja requisito de admissibilidade,a repercussão geral deverá ser apreciada por quatroministros do Supremo quando do julgamento dorecurso extraordinário. Se o intuito era dimi-nuir o número de processos no STF, temo queo contrário ocorra. Se, em cada recurso extra-ordinário, quatro ministros deverão analisar arepercussão geral, o número de processos jul-gados por cada ministro aumentará considera-velmente. Para evitar esse problema, impõe-se queo STF delegue o exame da repercussão geral para orelator do recurso. Afinal, se o relator pode, sozinhonegar provimento ao recurso extraordinário, tam-

A crise de identidade no STFbém pode, sozinho não admitiro recurso por falta de repercus-são geral.

Outro aspecto da repercus-são geral me chama a atenção.Conforme o §3º do art. 102 daConstituição, o STF não admi-tirá o recurso extraordinário, sea causa não tiver repercussãogeral. Indago: será que o Supre-mo poderá se valer da repercus-são geral para admitir recursoextraordinário, que não seriaadmitido por ausência de outrorequisito de admissibilidade? Aquestão é interessante. Se o propósito é tornar oSTF um tribunal de grandes casos, a repercussãogeral poderia possibilitar o julgamento de recursoextraordinário que, a despeito da ausência de de-terminado requisito de admissibilidade, tratassesobre questão constitucional relevante. Contudo, deacordo com o §3º do art. 102 da CF, essa interpreta-ção, infelizmente, não é possível. Por isso, penso que seperdeu grande oportunidade de se dotar o Supremode um mecanismo que, além de impedir o julgamentode recursos sem repercussão geral, poderia viabilizaro julgamento de causas paradigmáticas.

Na súmula vinculante, trazida ao nossoordenamento pela Emenda Constitucional nº 45 eregulamentada pela Lei nº 11.417/2006, o legisladorparece que se esqueceu da promessa de tornar oSupremo uma Corte Constitucional. O art. 103-Ada CF prevê que o STF poderá editar súmula comefeito vinculante sobre todas as instâncias judici-ais e administrativas. Logo, não poderá ser proferi-do ato judicial ou administrativo contrário à súmula

vinculante. Caso isso ocorra,o prejudicado poderá proporreclamação constitucionalperante o STF. Aqui, a meuver, reside o contra-senso. Asúmula vinculante foi previs-ta para diminuir o número deprocessos julgados pelo Su-premo, mas a reclamaçãoconstitucional, cabível contraato judicial de qualquer ins-tância ou ato administrativode qualquer autoridade pú-blica, abarrotará o Supremode novas causas. Receio, semexagero, que o STF se torne

um órgão julgador de reclamações constitucionais.

Enfim, o Supremo parece viver uma crise deidentidade. Enquanto, de um lado, se esforça, atra-vés das reformas legislativas, para julgar apenasquestões constitucionais relevantes, de outro, atra-vés das mesmas reformas legislativas, aumenta suacompetência para julgar novas medidas judiciais,como é o caso da reclamação constitucional. Nessecontexto, ainda permanece atual a advertência deAlfredo Buzaid sobre a crise do STF: “O acúmulode tantas atribuições torna difícil o funcionamentodo Supremo Tribunal Federal. Quando falamos emfuncionamento, pensamos em normalidade do tra-balho, realizado sem atropelo, sem sacrifícios pes-soais, sem o sestro da produção em quantidade;pensamos em acórdãos, que reflitam tendências de-finidas da evolução da jurisprudência, servindocomo fontes de doutrina pela sabedoria dos seusconceitos e não como meros resultados de os-cilações determinadas pelos votos dos relatores,acompanhados pelos demais ministros, em julga-mentos que revelam insegurança de orientação”.Passados 47 anos desde que Buzaid escreveu essetexto, parece que nada mudou, nem vai mudar, napaisagem do Supremo.

* Professor da PUC-Rio eprocurador-geral da OAB/RJ

Na súmula vinculante, trazida

ao nosso ordenamento pela

Emenda nº 45 e regulamentada

pela Lei nº 11.417/2006, o

legislador parece que se

esqueceu da promessa de

tornar o Supremo uma Corte

Constitucional.

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Recém-empossada na presidên-cia do TRT da 1ª Região, a desem-bargadora Doris Castro Neves afir-mou que pretende se dedicar a inici-ativas que consolidem a Justiça Tra-balhista como um órgão de pacifica-ção social, priorizando a moderniza-ção dos serviços do Tribunal.

A posse de Doris foi prestigiadapelo presidente da OAB/RJ, Wadih Da-mous, que desejou boa sorte à nova pre-

IAB / TRT

Palestra da professora Ada Pellegrini GrinoverA professora Ada Pellegrini Grinover fará palestra no IAB no dia 16 de

maio, às 18h, sobre A ação civil pública e a legitimidade da Defensoria

Pública. Serão concedidas horas de estágio pela OAB/RJ. Mais

informações na página do IAB: www.iabnacional.org.br.

Parceria IAB/TRE/Firjan debate reforma políticaA parceria estabelecida entre o IAB, o TRE e a Firjan resultou no seminário

Reforma política – O Brasil passado a limpo, que teve como palestrantes

membros da Advocacia, da Magistratura e da imprensa. A grande

repercussão do evento levou seus realizadores a pensarem na instalação

de um fórum permanente de debates sobre o tema, com vistas a uma

efetiva contribuição ao fortalecimento do sistema político brasileiro. Alguns

excertos de palestras já se encontram na página do IAB.

Professor Carlos Lessa no IABO projeto O IAB e os grandes temas nacionais levará ao Instituto o

professor Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, para debate sobre o tema

Infraestrutura e desenvolvimento: questão de governo ou questão de

Estado, no dia 21 de maio.

Wadih prestigia posse no TRT

sidente, mas também fez reivindicações.“Este é um momento para reflexão, parafalarmos das idas que afligem a nós, ad-vogados, e que fazem com que o TRT da1ª Região fique atrás dos demais. Nãoé possível que o Tribunal se mante-nha à margem da evolução tecnológi-ca, já utilizada por regiões menosabastadas e que impede que os advo-gados acompanhem a tramitação dosprocessos on line”, ponderou Wadih.

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FORÇAS ARMADAS NO COMBATE À VIOLÊNCIA

LUIZ EDUARDO SOARES*

Houve 7.652 crimes letais, no Estado do Rio, em 2006.A maioria das vítimas era jovem, do sexo masculino,pobre e negra. A principal matriz da criminalidade articulapolíticos, policiais, membros do Judiciário, empresários cor-ruptos e traficantes varejistas de armas e drogas. Mafiososlavam dinheiro no atacado e acionam o varejo do tráfico, no qual

jovens, sem reconhecimento e afeto, impõem seu despotismo sobre comu-nidades e territórios.

A Polícia Civil não investiga com êxito mais do que 1,5% dos homicídiosdolosos – 98,5% perdem-se, portanto, na mais absoluta impunidade. O de-legado que a chefiou por seis anos é acusado de comandar o crime. Há 350mil inquéritos acumulados e as solicitações de laudos periciais não atendi-das já são 170 mil. Policiais militares têm sido flagrados em franca corrupção.Entre 2003 e 2006, as duas polícias mataram 4.329 pessoas. Enquanto isso, àsombra, grassam as “milícias”, sintoma da capitulação do Estado ante adesordem. Por outro lado, policiais têm sido assassinados, com freqüência,e o salário-base do soldado é de R$ 800.

As polícias não se submetem a uma gestão racional e integrada, comdados, diagnóstico, planejamento, avaliação e monitoramento. Faltam trans-parência, controle externo, participação social e prevenção.

Apesar de tudo, há razões para otimismo. O governador nomeou profis-sionais honestos e competentes e tem se mostrado refratário à politizaçãoda segurança. Haverá avanços se a proteção da vida for prioridade e se osobjetivos forem: repressão às armas, com inteligência e sem incursões in-conseqüentes nas favelas; reforma das polícias, com qualificação e valoriza-ção profissional; revolução na gestão; investimento na perícia e numaouvidoria independente; colaboração com municípios na prevenção.

Nesse contexto, qual poderia ser o papel das Forças Armadas? Mas asForças Armadas poderiam prestar importante contribuição a uma políticade segurança — é preciso ter alguma — , se suas linhas de ação forem asseguintes: o Exército buscaria identificar armas ilegais e, com inteligênciae intervenções tópicas, restringiria sua circulação; a Marinha atuaria comoguarda costeira; a Aeronáutica identificaria campos de pouso clandestinos.Essas modalidades de colaboração seriam extremamente relevantes, masnão se confundem com trabalho policial rotineiro, para o qual as ForçasArmadas não estão preparadas. Chamá-las para “policiar” gera boas expec-tativas e posterior frustração, e tende a deslocar o foco das reformas neces-sárias e da aplicação de uma política sistêmica.

* Secretário de Valorização da Vida ePrevenção da Violência do Município

de Nova Iguaçu (RJ)

SÉRGIO CABRAL*

A necessidade do uso das Forças Armadas para combater a vio-lência no Estado do Rio de Janeiro parte da inexorabilidade de fatos

incontestáveis, presenciados pessoalmente por considerável parcelada população e fartamente exibidos pelos meios de comunicação.Mais de 15 milhões de pessoas vêm sofrendo com a ação de margi-nais cada vez mais ousados, armados e violentos.

É indiscutível que, devido à sua própria história, o Rio de Janeiro é o estadoda Federação que concentra o maior contingente das Forças Armadas dentrodo território brasileiro, sediando bases importantes da Marinha, do Exército eda Aeronáutica. As Forças Armadas mantêm, no Rio de Janeiro, além de recru-tas, soldados especializados em todo tipo de operação militar, inclusive depoliciamento, a exemplo do que faz o contingente deslocado para o Haiti.

O Estado brasileiro tem que enfrentar com coragem e determinação oproblema da violência e do crime organizado. Não podemos correr o risco deperder essa guerra contra o crime pelo medo do novo. Aspolícias Militar e Civil estão trabalhando com muita de-dicação, mas se encontram sobrecarregadas e enfrentamdificuldades para fornecer a segurança adequada, de-vido à carência de pessoal, somada à falta de equipa-mento e de infra-estrutura. Seu fortalecimento de-pende de investimentos de longo prazo que o governodo estado está providenciando desde que assumiu,há menos de quatro meses. Nossa convicção é deque nessa hora todos devem atuar contra acriminalidade: a Força Nacional de Segurança, as Forças Armadas, a GuardaMunicipal e as polícias locais.

Na atualidade, as Forças Armadas podem, a pedido do governador, atuar deforma delimitada no combate à criminalidade, em conjunto com as forças desegurança do estado. Do ponto de vista constitucional, esse pedido está ampa-rado na alteração que o Congresso Nacional promoveu, em 2004, na lei comple-mentar nº 97, de 1999. Essa legislação regula o emprego das Forças Armadas epermite que o governador do estado solicite o emprego das Forças Armadaspara atuar “em área previamente estabelecida e por tempo limitado”. Tambéma lei Complementar nº 117, de 2004, regulamentando os arts. 142e 144 da Constituição Federal, flexibilizou o emprego das For-ças Armadas no país. Antes, esse empregoera admitido exclusivamente na forma de in-tervenção em unidade da federação, por inici-ativa do próprio presidente da República, ou apedido dos presidentes do Supremo Tribunal Fe-deral, do Senado, ou da Câmara.

* Governador do Estado do Rio de Janeiro

Substituir as polícias não seriaconstitucional, nem eficiente

Necessidade da convocaçãoparte de fatos incontestáveis

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Direito dos serviçospúblicos analisamudanças à luz dastendências mundiais

A obra Direito dos serviçospúblicos, lançada pela EditoraForense, foi escrita pelo procura-dor Alexandre Santos de Aragão apartir das contínuas mudançasdos serviços públicos para seadequar ao contexto dastendências mundiais. O autoranalisa o tema em vários níveis,aprofundando as discussões emtorno do aspecto federativo degestão dos serviços públicos equanto às dimensões formal e

material desse instituto. Dentro do contextodo novo papel que vem sendo delineado para oEstado, que de produtor direto de bens e serviçospassa a indutor e regulador do desenvolvimento, oAragão insere a discussão sobre o necessárioestabelecimento de relação entre os serviçospúblicos e os direitos fundamentais. Doutor emdireito do Estado pela Universidade de São Paulo(USP), Alexandre Aragão é também mestre emdireito público pela Universidade do Estado do Riode Janeiro (Uerj). Mais informações: (21) 3380-6650 ou na página www.forense.com.br.

Livro de cabeceiraDireito eleitoral

Lançado pela Editora Impetus, Resumo dedireito eleitoral traz os mais importantes temaspertinentes à matéria, abordando as disposiçõesconstitucionais e a legislação ordinária, rigorosa-mente atualizada. A obra enfoca, de forma clarae objetiva, as orientações doutrinárias e jurispru-dências predominantes na interpretação dasquestões apresentadas. O autor, Francisco DirceuBarros, é mestre em Direito, promotor de Justiça eprofessor dos cursos de especialização lato sensuem direitos humanos fundamentais e em direitomunicipal. Mais informações: (21) 2621-7007ou www.edioraimpetus.com.br.

Direito em teseEscrito pelo advogado Roberto Lima, Direito em tese abordaa opressão vivida pelas minorias, repensando o Direitoensinado nas faculdades e universidades.No entendimento do autor, o conjunto de normas objetivas egerais não têm sido suficientes para satisfazer as expectativasque alimentavam as promessas de respostas que a sociedadebrasileira espera em relação à questão social. O livro,lançado pela Kroart Editores, aborda pontos polêmicos,priorizando os aspectos valorativos das ramificações dasciências jurídicas. Mais informações: (21)2223-0030 ou napágina www.litteris.com.br.

Ação civil públicaAspectos polêmicos da ação civil pública é umacoletânea com 18 estudos de ilustres doutrinadores,entre ministros dos tribunais superiores, professores eadvogados, que analisam os usos e abusos ensejadospela ação civil pública. A obra, coordenada pelo advoga-do e professor de direito civil da Uerj Arnoldo Wald, trazainda vários acórdãos importantes e recentes sobre amatéria, que abrem novas perspectivas para a jurispru-dência. Mais informações: (11) 3335-2958 ou pelainternet: www.saraiva.com.br.

Acesso à JustiçaEstudo aprofundado sobre o que há de modernoe relevante nos processos coletivos, Acesso àJustiça traz uma proposta de evolução nosistema processual e ampliação dos direitostuteláveis coletivamente. A obra é de relevanteinteresse para os operadores de Direito, parasubsidiar pareceres e teses em questões ligadasaos processos coletivos. O autor, RicardoCastilho, é especialista em direito do consumidor,ambiental e tributário, além de mestre em direitosdifusos e coletivos e diretor da Escola Paulista deDireito (EPD). O livro é um lançamento daEditora Atlas. Mais informações: (11) 3357-9144 ou na página www.editoraatlas.com.br.

“Rumo à Estação Finlândia é um estudo sobre homens que fizeram aHistória e sobre alguns grandes autores que a interpretaram. Na época emque o pensamento de esquerda monopolizava corações e mentes da juven-tude engajada, o livro de Edmund Wilson era o relato esperançoso dacapacidade do homem de superar determinismos diversos e construir aprópria história. Um dado interessante é que, em um apêndice escrito em1971, Wilson foi profético ao identificar os desvios ocorridos, prenunciando

o fracasso do socialismo real, tal como liderado pela União Soviética. A idéia central da obra permane-ce: a verdadeira causa da Humanidade, independentemente de modelos, não mudou e continua a sera luta pela dignidade das pessoas, por justiça material e por fraternidade”.

* Professor de direito constitucional na Uerj e na Emerj

Luis Roberto Barroso*

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Maio / 2007 - 25

A Associação dos Procuradores do Estado do Rio de Janeiro (Aperj) estácom as inscrições abertas para seu concurso de monografia jurídica, quetem como tema A autonomia das procuradorias gerais do estado e osnovos desafios da advocacia pública. Os participantes devem entregarseus trabalhos no ato da inscrição, que pode ser feita até o dia 15 dejunho. O concurso, aberto aos estudantes de Direito de todo o estado,premiará os três primeiros colocados. Mais informações pelo telefones(21) 2524-3255 e 2533-7439 ou pela internet: www.aperj.org.br

DIRETORIA DA SECCIONALPresidente:Wadih Nemer Damous FilhoVice-presidente:Lauro Mario Perdigão SchuchSecretário Geral:Marcos Luiz Oliveira de SouzaSecretário Adjunto:Marcelo Feijó ChalréoTesoureiro: Sérgio Eduardo Fisher

CONSELHEIROS EFETIVOS:Aderson Bussinger CarvalhoAdriana Astuto PereiraAlexandre Moura DumansAlexandre Pacheco da PaixãoAlfredo José de Godoi MacedoAloysio Augusto Paz de L. MartinsAndré Luiz de Felice SouzaAndré Porto RomeroArmando Silva de SouzaArnon VelmovitskyBerith José Citro Lourenço MarquesCarlos Fernando Siqueira CastroCarlos Henrique de CarvalhoCarlos Roberto Barbosa MoreiraCésar Augusto Dória dos ReisClaudio Figueiredo CostaDaniela Ribeiro de GusmãoDante Braz LimongiDenise Arminda MuraEduardo Antonio KalacheFelipe de Santa Cruz OliveiraFernando Augusto FernandesFernando Tristão FernandesFlávio Antônio Esteves Galdino

Flavio Villela AhmedGabriel Francisco LeonardosJoão Batista TancredoJorge Augusto Espósito de MirandaJosé Carlos TórtimaJosé Luiz MilhazesJosé Márcio Araújo de AlemanyJosé Nogueira D' AlmeidaJosé Oswaldo CorrêaJoselice Aleluia Cerqueira de JesusJosé Ricardo Pereira LiraLuciano Bandeira de TollaLuiz Eduardo Tostes CaldasMarcelo Augusto Lima de OliveiraMárcia DinisMarcos BrunoMarcus Vinicius CordeiroMário Nilton LeopoldoMatusalém Lopes de SouzaNicola Manna PirainoNilson Xavier FerreiraRita de Cássia Sant`anna CortezRoberto Ferreira de AndradeRoberto Monteiro SoaresRonald Madeira MaiaRonaldo Eduardo Cramer VeigaRonaldo Mesquita de OliveiraRui Berford DiasSérgio Batalha MendesSydney Limeira SanchesVânia Siciliano Aieta

CONSELHEIROS SUPLENTES:Adilza de Carvalho NunesBreno Melaragno CostaBruno Vaz de Carvalho

Carlos Augusto Coimbra de MelloCarlos José de Souza GuimarãesCid Fernandes de MagalhãesCláudio Sarkis AssisCristóvão Tavares M. S. GuimarãesDário Martins de LimaGilberto Antônio Viana GarciaHildebrando Barbosa de CarvalhoJosé Antonio Galvão de CarvalhoJosé Calixto Uchôa RibeiroLuiz Alexandre Fagundes de SouzaLuiz Filipe Maduro AguiarMara de Fátima HoffansMárcia Cristina dos Santos BrazMarco Enrico SlercaMarcos Dibe RodriguesMaria Margarida PressburgerMário Afonso Bittencourt FontesMaro Antônio PereiraMauro Abdon GabrielNiltomar de Sousa PereiraOswaldo Henrique de Souza NevesRenan AguiarRicardo Monteiro de França MirandaRodrigo Sobrosa MezzomoSérgio Luiz Pinheiro Sant'AnnaVictoria Amália de B.C.G. de Sulocki

CONSELHEIROS FEDERAISCarlos Roberto Siqueira CastroNélio Roberto Seidl MachadoTécio Lins e SilvaMembros Suplentes: Cláudio Pereira deSouza NetoGlória Márcia Percinoto

MEMBROS HONORÁRIOS VITALÍCIOS

Alvaro Duncan Ferreira PintoJosé Danir Siqueira do NascimentoEllis Hermydio FigueiraVirgílio Luiz DonniciWaldemar ZveiterCesar Augusto Gonçalves PereiraFrancisco Costa NettoHélio Saboya Ribeiro dos SantosNilo BatistaCarlos Maurício Martins RodriguesCândido Luiz Maria de Oliveira BisnetoSergio ZveiterCelso FontenelleOctavio Gomes

PRESIDENTES DE SUBSEÇÕESNova Iguaçu - Jurandir CeulinDuque de Caxias - Geraldo M. de AlmeidaPetrópolis - Herbert de Souza CohnBarra Mansa - Hércules Anton de AlmeidaVolta Redonda - Rosa Maria de S. FonsecaBarra do Piraí - Leni MarquesValença - Munir AssisSão Gonçalo - Luiz Alberto GonçalvesN. Friburgo - Carlos André Rodrigues PedrazziMiracema - Hanry Félix El-khouriItaperuna - José Demétrio FilhoCampos - Filipe Franco EstefanTeresópolis - Jefferson de Faria SoaresTrês Rios - Salatiel RodriguesMacaé - Juvêncio Claro PapesNiterói - Antônio José M. Barbosa da SilvaBom Jesus do Itabapoana - Nacif deSouza ReisResende - Antônio Paulo Fainé GomesSão João de Meriti - Luiz Carlos M. de Souza

Cabo Frio - Eisenhower Dias MarianoAngra dos Reis - Cosme Teixeira CoutinhoMagé - Norberto Judson de Souza BastosItaguaí - Nilton de Almeida VitorettiNilópolis - Eduardo Farias dos SantosItaboraí - Ricardo Abreu de OliveiraCantagalo - Guilherme M. de OliveiraVassouras - Sylvio da Cruz LealAraruama - Ademário Gonçalves da SilvaCampo Grande - Mauro Pereira dos SantosSanta Cruz - Milton Luis Ottan MachadoBangu - Ronaldo Bittencourt BarrosMadureira/Jacarepaguá - Roberto L. PereiraIlha - Luiz Carlos Varanda dos SantosSão Fidélis - Hélio Leite da SilvaRio Bonito - Antônio Carlos de S. GuadelupeParaíba do Sul - Eduardo Langoni de OliveiraSanto Antônio de Pádua - Adauto Furlani SoaresMaricá - Amilar José Dutra da SilvaParacambi - Cleber do Nascimento HuaisParaty - Heidy KirkovitsMiguel Pereira - Darcy Jacob de MattosPiraí - Rosângela Cabral CorrêaRio Claro - Emmanoel de OliveiraItaocara - Fernando José Marron da RochaCordeiro - David Romeu Lima SalomãoCambuci - Pedro Paulo de Tarso V. de LimaMendes - Nélio da Rosa BrumS. Pedro da Aldeia - Júlio César dos S. PereiraC. de Macacu - Sebastião de Jesus B. JordãoMangaratiba - Ilson de Carvalho RibeiroSaquarema - Miguel Saraiva de SouzaRio das Ostras - Samuel Mendes de OliveiraBelford Roxo - Antônio Santos JúniorQueimados - Sucena Geara Reis LiraMéier - Humberto CairoPorciúncula - Maxwel Ferreira Eisenlohr

O R D E M D O S A D V O G A D O S D O B R A S I LSeção do Estado do Rio de Janeiro (Triênio 2007/2009)

De 21 a 24 de maio, o Rio receberá conferencis-tas de 18 países, além do Brasil, que irão participardo IV Congresso Internacional de Direito do Ambi-ente. O evento pela primeira vez foi programado emsintonia com o Colóquio Internacional sobre Aque-cimento Internacional de Direito do Ambiente Glo-bal. Os dois encontros, realizados pela Procurado-

O coluna de Ancelmo Gois,

no jornal O Globo, noticiou em

15 de abril que a juíza Mônica Labuto

Fragoso Machado, de Paracambi, declarou-se

suspeita para julgar ação indenizatória impe-

trada por Jorge Luís Marques Pinto contra Mario

Lucio de Assis. Jorge pleiteia 40 salários

mínimos por conta do barulho feito pelo galo

de seu vizinho. No despacho, a magistrada

alegou também ser vítima da cantoria do

animal nas madrugadas dos dias úteis,

quando pernoita na cidade. Ela afirma que o

galo, classificado no documento como “esqui-

zofrênico”, “cantarolou ininterruptamente das

2h às 4h da madrugada, o que causou

perplexidade, já que aves não cantam na

escuridão”. A juíza confessou nutrir “um

sentimento de aversão” ao bicho e se colocou

à disposição inclusive para testemunhar em

Juízo, caso seja necessário.

Concurso de Monografia Jurídica daAperj com inscrições abertas até junho

Congresso internacional vai debater o direito do meio ambienteria Geral do Município do Rio de Janeiro e que con-tarão com nomes como Fernando Gabeira,Gustavo Tepedino e José Afonso da Silva, estãoprogramados para o Centro de Convenções daBolsa de Valores, na Praça 15. Mais informa-ções pelo telefone (21) 2537-5072 ou na internet:www.rio.rj.gov.br/pgm.

Apesar dos constantes questionamentos judi-ciais do Ministério Público, as contratações dire-tas de advogados notoriamente especializados, semlicitação pública, vêm tendo a legitimidade reco-nhecida pelo TJ/SP. Isto em decorrência da Lei Geralde Licitações (nº 8.666/93) e do Estatuto da Ordeme Código de Ética da Advocacia (Lei nº 8.906/94). Ajurisprudência do TJ/SP, exigindo “notória especi-alização” e “singularidade do serviço”, tem admiti-

TJ/SP legitima contratação de advogado sem licitação públicado a contratação direta segundo opção discricioná-ria do administrador, justificada por laço com o pro-fissional; além da legitimidade da contratação paradefesa pessoal do administrador, quando questionadopor ato produzido ao ensejo do cargo. O Tribunal enten-de ainda que a “notória especialização” deve ser con-siderada no contexto da localidade municipal e quea singularidade da atuação envolve a própria nota depeculiaridade do serviço do profissional.

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Maio / 2007 - 26

Privilégio em Jacarepaguá“Surpreendi-me negativamente e indignei-mequando soube, no Fórum Regional de Jacarepa-guá, que o cidadão Luciano Huck (apresentadorde TV) teve o privilégio de estacionar o seuautomóvel no estacionamento reservado para ouso de magistrados, promotores e defensores, nointerior do referido Fórum, para comparecer à1ª Vara Criminal. Nós, advogados e demaisjurisdicionados, somos obrigados a estacionar osnossos automóveis nas ruas que circundam oFórum em questão ou em estacionamentosparticulares do local. Por que tal privilégio? Seráele um cidadão especial e diferenciado? Serátambém que os processos de pessoas do nível deletambém são mais céleres? Isto é lamentável, esinceramente estou profundamente decepciona-do e revoltado com a diferença de tratamento,enquanto, segundo o disposto na ConstituiçãoFederal de 88, todos são iguais perante a lei,sem distinção de qualquer natureza.”Alvaro Luiz Carvalho da Cunha (OAB/RJ97.386)

Nova Tribuna“Parabenizo a nova TRIBUNA DO ADVOGADO.Mas a matéria Remando contra a corrente,permitam-me opinar, está um verdadeiro murodas lamentações. No rodapé da mesma, lembro aoilustre defensor Paulo Ramalho que ontem, hoje eamanhã a imprensa chamava, chama e chamará deassassino a quem mata, dolosamente, outra pessoa,independentemente de como a Justiça encara o delito,pois ela escreve para toda a sociedade, e não só paraos chamados homens da lei.E é a expressão corrente do homicídio em nossovernáculo, figurando em nossos dicionários jurídicos econstantemente vocalizadas por eloqüentes criminalis-tas, de acusação e defesa, nas sessões do júri. Sónas ditaduras, com a imprensa sob censura, jornais ejurados não têm opinião formada sobre coisa alguma.”Gerardo Carvalho Giffoni (OAB/RJ 5.397)

“Sou advogado da Petrobras e trabalho no setorde propriedade intelectual e direito digital. Gostariade parabenizá-los pelas reportagens veiculadas nojornal TRIBUNA DO ADVOGADO, especialmente sobreas matérias Direito à voz desde a concepção eAdvogada e juiz divergem quanto à fidelidade dadecisão ao Código Civil. É notável a melhora materiale de conteúdo das reportagens. Parabéns!”Raphael Lobato Collet Janny Teixeira (OAB/RJ118.977)

Exame de Ordem“Gostaria de parabenizar a atual administraçãoda OAB/RJ pelas iniciativas que vêm sendotomadas em relação à lisura do Exame deOrdem. Chegou a hora de a Ordem assumir seupapel na sociedade fluminense e, para isso,deve sempre dar o exemplo, arrumandoprimeiramente, como vem fazendo de maneirasistemática, o ‘quintal’ de nossa própria casa.Continuem assim!”Marcos Jaimovick Homsani (OAB/RJ 142.572)

“Primeiramente, gostaria de parabenizar todos osintegrantes da nova TRIBUNA DO ADVOGADO edizer que as mudanças efetivadas realmentefarão com que os integrantes de nossaSeccional se reaproximem de um veículo tãocaro à categoria dos advogados. No entanto,não valho-me desta carta apenas para elogiar eparabenizar. Gostaria também de fazer algumascríticas que pudessem contribuir para uma melhorexecução do Exame de Ordem.Falo especificamente do 32º Exame, realizado nodia 15 de abril. Como a própria Presidênciaanunciou, o convênio com o Centro de Seleção ede Promoções de Eventos da Universidade deBrasília deveria ser um orgulho para todos nós,porém não foi o que constatei ao participar doreferido exame. Ao chegar ao local da prova,dirigi-me ao 5º andar, pois no cartão de confir-mação do exame constava que deveria realizar aprova na sala 517.Surpreendentemente, fui informado que a sala517 se localizava no 10º andar. Como todos oselevadores estavam lotados de candidatos,encaminhei-me à escada e subi cinco lances deuma escada entupida de gente que não sabia aocerto onde se encontrava sua sala.Ademais, a proibição de relógios de ponteiroé outro ponto incompreensível. Soma-se a istoo fato de que o relógio a fixado na sala daprova não permite que o candidato saibaquanto tempo está gastando em cada grupo dequestões e ainda não permite que o candidatosaiba realmente quanto tempo de prova já sepassou, uma vez que os fiscais de provaesqueciam de atualizá-lo (...).Por fim, se a nova TRIBUNA realmente deixoupara trás seu perfil de panfleto narcisista evoltou a ser um verdadeiro instrumento eespaço de discussões abertas e democráticas,gostaria muito de ver minhas sinceras críticaspublicadas na sessão de Cartas, pois tenhocerteza de que expresso a opinião de muitos

candidatos que passaram pela mesma experi-ência no dia 15 de abril”.Pedro de Melo Modenesi (OAB/RJ 154.033-E)

“Estou abismada com a falta de organização do32º Exame da Ordem. Não recebi nenhumcomprovante em minha residência dizendo o localem que iria fazer a prova, tive que entrar no sitepara saber o local certo. Chegando no local, maisfalta de organização, pois, como não tinha onúmero da sala em que iria fazer a prova, tive queficar subindo 10 andares de escada, para tentardescobrir qual seria a minha sala. Isso já sendomais de 13h30 da tarde, sendo que a provacomeçaria às 14h. Achei uma falta de respeitocom as pessoas (...).”Pryscilla Del Giudice de Campos Mello(OAB/RJ 147-031-E)

N. da R. O diretor da Comissão de Exame deOrdem, Marcello Oliveira, admite que algunscandidatos tiveram dificuldades de acesso aoselevadores num dos locais de aplicação daprova. O problema foi identificado e a Comissãojá trabalha junto ao Cespe para resolvê-lo.Quanto à possibilidade de utilização de relógiospelos candidatos, trata-se de medida de segu-rança sugerida pelo próprio Cespe, cujapertinência está sendo avaliada. Marcelloconcorda que os fiscais devem controlar comrigor a atualização das horas e observa que o Cespeencaminhou correspondência a todos os candidatosindicando o local de realização das provas. A mesmainformação estava disponível na página da OAB/RJna internet. Ele acrescenta ainda que em cadaprédio há uma coordenação com pessoal capaci-tado para tirar dúvidas sobre a aplicação doExame. “Lamentamos se, no caso da candidata,houve dificuldade de acesso à informação. Jáentramos em contato com o Cespe para que, napróxima etapa, a informação sobre as salas doscandidatos esteja disponível em locais maisacessíveis aos candidatos”, conclui.

Banheiros no Fórum“Os banheiros do Fórum estão parecendo banheiro debotequim. O chão está sempre molhado, sujo, namaior parte deles não há papel higiênico, não temosonde apoiar os processos, pastas ou paletós(prateleiras ou suportes etc.). O sabão (quando tem)fica em garrafas de água mineral, amarrado porbarbante ou fitilho. Enfim, é só fazer uma visita nosbanheiros e constatarão o que digo.”Marcelo Campos de Oliveira (OAB/RJ 140.000)

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TRIBUNA DO ADVOGADO - Maio / 2007 - 27

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Page 28: Tribuna do Advogado OAB/RJ (Maio de 2007)

Fabiana Costa Barreto

TRIBUNA DO ADVOGADOÓrgão de Divulgação da OAB/RJAv. Marechal Câmara, 150 - 7º andarCentro - Cep 20020-080 - Rio de Janeiro - RJ

“Os juízes não analisamse a prisão é necessária”

T.A: No estudo, fica clara a discrepânciaentre os índices de prisão provisória relativosa furto no Brasil e em outros países. A que podeser atribuída essa distinção?

Fabiana: O principal fator que contribuiu paraa existência de número excessivo de prisões provi-sórias foi a obrigatoriedade de prisão de pessoasautuadas em flagrante, somada ao perfil social des-sas pessoas. Segundo nossa legislação, a pessoa queé pega em flagrante furtando é necessariamente le-vada à prisão e depende de uma decisão do juizpara libertá-la. Assim, muitos aguardam de dias ameses até que a análise sobre a necessidade damanutenção de sua prisão provisória seja realiza-da. Verificou-se, ainda, que há uma tendência a quese mantenham presos os réus que já foram autua-dos em flagrante. Além disso, não existe entre osjuízes a prática de analisar, no momento em que oflagrante lhes é comunicado (um dia), se a prisão éde fato necessária, exceto em Porto Alegre. Quantoà pesquisa que mostra a diferença entre os países,os motivos são variados. Entre eles estão o modelojurídico adotado no país (anglo-saxão ou romano-germânico), o papel do Judiciário no controle daprisão provisória, a legislação etc.

T.A: Nota-se, também, que nas prisões pro-visórias não raro é ultrapassado o prazo legalde detenção. A culpa é da morosidade do Judi-ciário?

Fabiana: No Distrito Federal e em Porto Alegre— cidades em que o tempo de prisão provisóriadificilmente ultrapassou o limite legal — a obser-vância dos prazos de conclusão dos processos é muitorígida e, quando não respeitada, provoca o relaxa-mento da prisão. Percebeu-se, portanto, que não sóa celeridade processual, como também o respeitoao limite máximo de duração da prisão, foram fun-damentais para a obtenção de melhores índices.

T.A: Outro dado apontado no estudo é quea classe mais pobre e com menos grau de ins-trução é quem tem maior prejuízo, já que em

geral não pode pagar um advogado particu-lar. A defensoria ou outros órgãos não deveri-am garantir essa defesa?

Fabiana: Em todas as cidades, cerca de 50%dos réus não puderam contratar advogado particu-lar. Ou seja, a Defensoria Pública é, de fato, peçafundamental para fazer valer o princípio da presun-ção de inocência. A recente publicação da Lei nº11.449/07, que determinou a obrigatoriedade da co-municação do flagrante à Defensoria, auxiliará o órgãona atuação para a garantia desse direito. Mas é impor-tante observar que as variáveis ‘grau de instrução’ e‘raça’ (os negros também tiveram tempo maior deprisão) não necessariamente estavam relacionadascom a não-contratação de advogado particular.

T.A: A pesquisa demonstra que muitas ve-zes os furtos são de pequeno valor e indicaalguns casos extremos. A Justiça perde tempodemais deixando tramitar esses processos, quegeram altos custos e mais demora em açõesrelevantes? Qual seria a solução para essa si-tuação?

Fabiana: O rito processual do crime de furtodeveria ser simplificado. Não faz sentido, por exem-plo, que um processo referente ao furto de R$ 50,em que a vítima já teve seu bem restituído, demoreaté quatro anos para ser sentenciado. Gasta-se mui-to para um resultado que poderia ser obtido por meiosmenos onerosos. A Lei nº 9.099/95, que instituiu osjuizados especiais criminais, é um bom modelo.

MARCELO MOUTINHO

Após analisar 2.600 processos e inquéritos em cincoestados, a promotora Fabiana Costa Barreto chegou a uma

conclusão estarrecedora: no Brasil, a maioria dos réus decrimes de furto fica mais tempo ‘provisoriamente’ na

cadeia do que o determinado pela sentença final. Fabianarealizou a pesquisa para fundamentar sua dissertação de

mestrado em Direito pela Universidade de Brasília,defendida no ano passado. Para ter um panorama geral,

ela optou por escolher uma cidade de cada região do paíse, ao avaliar episódios ocorridos em São Paulo, Belém,

Porto Alegre, Recife e no Distrito Federal, deparou-secom casos como o de Márcio Franco, que furtou umalata de cerveja equivalente a R$ 1 e passou 57 dias

preso, antes do julgamento que o absolveu.São situações extremas que se repetem, como demonstram

outros feitos arrolados no estudo. Rogério de Jesus eEdilson de Souza, acusados de furtar o equivalente a R$90, ficaram detidos por mais de dois anos. Elissandro dos

Santos, que furtou R$ 32, suportou quatro meses de cárcere.Cada um desses meses custou aos cofres públicos cerca de

R$ 1 mil, segundo a média do Ministério da Justiça.O exame de Fabiana aponta que, nos cinco estados, aprisão provisória ocorreu entre 31,9% (Porto Alegre) e

92,1% (Belém) dos casos. Em Recife e Belém, por exemplo,mais de 35% das detenções duraram mais de 100 dias,

extrapolando o prazo máximo fixado pela nossa legislação.Além disso, fica patente na pesquisa que os réus maisprejudicados são os que têm pouca escolaridade e não

apresentam condições financeiras para contratar umadvogado. “Em geral, não existe entre os juízes a prática de

analisar, no momento em que o flagrante lhes écomunicado, se a prisão é de fato necessária”, afirma a

promotora, que concedeu a seguinte entrevista à TRIBUNA.Jo

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