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Tribunal de Contas da União Dados Materiais: Decisão 204/92 - Plenário - Ata 20/92 Processo nº TC 021.694/90-7. Responsáveis: NOME, CARGO/REPRESENTAÇÃO a) Pela gestão: Margarida Maria Maia Procópio, Ministra da Ação Social-MAS; Ramon Arnús Filho, Secretário Nacional de Habitação SNH/MAS; Walter Annicchino, Secretário Nacional de Saneamento SNS/MAS; b) Pela fiscalização: Antônio Rogério Magri, Ministro do Trabalho e da Previdência Social - MTPS; Itamar Hermes da Silva, Coordenador de Inspeção do Trabalho Urbano e Rural; c) Pela operacionalização: Lafaiete Coutinho Torres, Presidente da Caixa Econômica Fedeal-CEF; José Carlos Batista Guimarães, Diretor de Habitação e Hipotéca DIRHA/CEF; Édson Gaudêncio Filho, Diretor de Saneamento e Desenvolvimento Urbano - DIRSA/CEF; Milton Luiz de Melo Santos, Diretor de Finanças - DIRFI/CEF; e d) Conselho Curador: Presidente: Antonio Rogério Magri, Ministro do Trabalho e da Previdência Social - MTPS. Representantes do Governo: Zélia Maria Cardoso de Melo, Ministra da Economia, Fazenda e Planejamento - MEFP; Margarida Maria Maia Procópio; Ministra da Ação Social-MAS; Ibrahim Eris, Presidente do do Banco Central - BC; e Lafaiete Coutinho Torres, Presidente da Caixa Econômica Fedederal - CEF. Representantes dos Empregadores: Elias Bufaiçal, Confederação Nacional do Comércio; Luís Filipe Soares Baptista, Confederação Nacional de Instituições Financeiras; e Paulo Safady Simão, Confederação Nacional da Indústria. Representantes dos Trabalhadores: Arnaldo Gonçalves, Federação dos Metalúrgicos de Santos; Lourenço Ferreira do Prado, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Crédito; e Douglas Gerson Braga, Central Única dos Trabalhadores. Unidades Envolvidas: Ministério da Ação Social-MAS, Ministério do Trabalho e da Previdência Social - MTPS, Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, Caixa Econômica Fedeal-CEF e Conselho Curador do FGTS - CCFGTS. Relator: MINISTRO LUCIANO BRANDÃO ALVES DE SOUZA. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Prof. Francisco de Salles Mourão Branco. órgão de instrução: 8ª Inspetoria Geral de Controle Externo.

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Tribunal de Contas da União

Dados Materiais:

Decisão 204/92 - Plenário - Ata 20/92

Processo nº TC 021.694/90-7.

Responsáveis: NOME, CARGO/REPRESENTAÇÃO

a) Pela gestão: Margarida Maria Maia Procópio, Ministra da Ação

Social-MAS; Ramon Arnús Filho, Secretário Nacional de Habitação

SNH/MAS; Walter Annicchino, Secretário Nacional de Saneamento

SNS/MAS;

b) Pela fiscalização: Antônio Rogério Magri, Ministro do Trabalho e

da Previdência Social - MTPS; Itamar Hermes da Silva, Coordenador

de Inspeção do Trabalho Urbano e Rural;

c) Pela operacionalização: Lafaiete Coutinho Torres, Presidente da

Caixa Econômica Fedeal-CEF; José Carlos Batista Guimarães, Diretor

de Habitação e Hipotéca DIRHA/CEF; Édson Gaudêncio Filho, Diretor

de Saneamento e Desenvolvimento Urbano - DIRSA/CEF; Milton Luiz de

Melo Santos, Diretor de Finanças - DIRFI/CEF; e

d) Conselho Curador: Presidente: Antonio Rogério Magri, Ministro do

Trabalho e da Previdência Social - MTPS. Representantes do Governo:

Zélia Maria Cardoso de Melo, Ministra da Economia, Fazenda e

Planejamento - MEFP; Margarida Maria Maia Procópio; Ministra da

Ação Social-MAS; Ibrahim Eris, Presidente do do Banco Central - BC;

e Lafaiete Coutinho Torres, Presidente da Caixa Econômica Fedederal

- CEF. Representantes dos Empregadores: Elias Bufaiçal,

Confederação Nacional do Comércio; Luís Filipe Soares Baptista,

Confederação Nacional de Instituições Financeiras; e Paulo Safady

Simão, Confederação Nacional da Indústria. Representantes dos

Trabalhadores: Arnaldo Gonçalves, Federação dos Metalúrgicos de

Santos; Lourenço Ferreira do Prado, Confederação Nacional dos

Trabalhadores em Empresas de Crédito; e Douglas Gerson Braga,

Central Única dos Trabalhadores.

Unidades Envolvidas: Ministério da Ação Social-MAS, Ministério do

Trabalho e da Previdência Social - MTPS, Instituto Nacional do

Seguro Social - INSS, Caixa Econômica Fedeal-CEF e Conselho Curador

do FGTS - CCFGTS.

Relator: MINISTRO LUCIANO BRANDÃO ALVES DE SOUZA.

Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Prof.

Francisco de Salles Mourão Branco.

órgão de instrução: 8ª Inspetoria Geral de Controle Externo.

Assunto:

Relatório de Auditoria Operacional no Fundo de Garantia por Tempo

de Serviço - FGTS, realizada no período de 23/09 a 18/11/91,

abrangendo os exercícios de 1990 e 1991 (até outubro).

Ementa:

Relatório de Auditoria Operacional. Exame acurado sobre o gerenciamento,

a fiscalização e a operacionalização. Descumprimento de normas legais e

regulamentares. Órgãos envolvidos: CEF, INSS, MTPS, MAS e CCFGTS.

Recomendação e determinações de providências à CEF, MAS, MTA, 8ª IGCE

e CACE (Relação de normas legais e regulamentares sobre o FGTS).

Data DOU:

20/05/1992

Declaração de Voto:

Está a merecer encômios o voto do eminente Ministro Decano desta

Corte.

O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço é uma instituição que

já completou 2 (duas) décadas e representa, de fato, uma conquista

e um patrimônio da classe trabalhadora.

Urge que o controle desta Corte esteja atento ao recolhimento

e emprego de tal patrimônio que é fruto do suor do operário

brasileiro.

Como operário do ensino já há 25 anos, tenho usufruído deste

instituto protetor do empregado, usando o FGTS para a sua

finalidade precípua: a casa própria.

Para isso é que foi estabelecido esse fundo: para proporcionar

moradia a todos os trabalhadores do nosso imenso Brasil. Esse o

sonho da classe laboriosa.

A este Tribunal cabe resguardar com sua vigilância e

intransigência esse patrimônio a fim de que ele não venha a ser

dilapidado pela irresponsabilidade de quem quer que seja.

E que, muito menos, proporcione injusto enriquecimento de

grupos privilegiados que a ele possam ter acesso.

O patrimônio é do trabalhador e cumpre a esta Corte corrigir

as distorções que vêm ocorrendo no seu emprego.

Parecer do Ministério Público:

Originam-se estes autos de Relatório de Planejamento de Auditoria

Operacional, elaborado em 22/10/1990, pela zelosa 8ª IGCE, quando

foi emitido pela I. Presidência o v. despacho de 13/11/1990, às

fls. 10, diferindo-se para o exercício subseqüente a realização de

Auditoria Operacional quanto ao Fundo de Garantia por Tempo de

Serviço - FGTS.

Por determinação do Colendo Plenário (cf. Sessão de

06/03/1990, às fls. 51/52), foi anexado aos autos o proc.

TC 008.757/91-7, proveniente de denúncia formulada, em 18/04/1991,

pelos Srs. Representantes dos Trabalhadores no Conselho Curador do

referido Fundo, e consubstanciada em "relatório de avaliação sobre

o funcionamento daquele organismo, no qual constam informações

acerca de eventuais irregularidades, distorções e interpretações da

Lei nº 8.036/90 lesivas aos interesses do "FGTS". Na mesma

assentada, foi a 8ª IGCE instruída no sentido do prosseguimento da

Auditoria Operacional, a par das demais medidas então adotadas pela

Egrégia Corte.

Em alentado, minudente e judicioso Relatório (cf. fls. 79

"usque" 121), a zelosa Equipe de Analistas deste Tribunal, incumbida

da referida Auditoria Operacional realizada no FGTS, após

percuciente análise sobre o complexo tema em causa, oferece

sugestões e recomendações que se convertem em prestimosa colaboração

para a melhoria de funcionamento do referido Fundo.

Com a bem lançada peça de fls. 122 "usque" 150, a mesma Equipe

busca responder as questões objeto da supracitada denúncia.

A Srª Inspetora-Geral Substituta, em seu parecer de fls.

151/2, endossa as conclusões firmadas pela Equipe de Auditoria

Operacional, ao tempo em que propõe sejam transmitidas, aos

denunciantes de fls., as respostas que a mesma Equipe elabora.

Mediante o v. despacho de 27 de fevereiro pp. (cf. fls. 153),

o eminente Ministro-Relator Luciano Brandão Alves de Souza,

atentando para a "relevância social da matéria tratada nos autos" e

"tendo presentes os questionamentos de ordem processual e jurídica

suscitados pela Equipe de Auditoria, particularmente quanto à

titularidade da ação para ajuizar débitos de contribuição para com

o FGTS apurados em processos administrativos (itens 41, 42, 64, 65

e 66), descumprimento de normas por parte dos órgãos envolvidos no

sistema FGTS (item 135) e bloqueio dos recursos do FGTS (itens 183

a 189)", honra-nos com a audiência ora solicitada.

Impõe-se-nos, desde logo, exaltar a superior qualidade técnica

do trabalho produzido pela Equipe encarregada da Auditoria

Operacional no FGTS, bem assim pela forma com que dá adequado

enfoque às questões objeto da denúncia formulada às fls.

A minudência com que os Analistas deste Tribunal examinaram os

diversos aspectos relacionados com a vida tumultuária do referido

Fundo prescinde-nos de tecer maiores considerações, as quais, a

rigor resultariam repetitivas, desde que o essencial está ali

expresso.

Dentre os questionamentos suscitados na instrução do processo,

avultam, com a merecida ênfase dada pelo eminente Relator do

presente processo, aqueles relacionados com os três aspectos

assinalados no v. despacho de fls. 153.

No concernente à questão da competência para ajuizar a

cobrança dos débitos de contribuição para com o FGTS, observa, com

propriedade, a Equipe de Auditoria (cf. item 65), que "a esse

respeito a vigente Lei nº 8.036-90 é omissa, ao contrário da Lei nº

5.107-66, em que seu art. 20 dava competência à Previdência Social

para proceder à cobrança judicial dos débitos para com o FGTS".

Entende a Equipe de Auditoria que a ausência de permissivo

legal tem servido de incentivo ao não recolhimento, por parte dos

empregadores, de seus débitos na esfera administrativa. Donde

concluir quanto à necessidade de ser editada a norma que estabeleça

a competência para a cobrança desses débitos, por não se lhe

afigurar suficiente a regulamentação consubstanciada na Resolução

nº 52, de 12/11/91, do Conselho Curador do FGTS (cf. fls. 116 do

Volume I).

Certo é, conforme ressaltado na instrução do processo que na

vigência da disposição que instituiu o regime do FGTS (cf. Lei nº

5.107-66), os débitos para com este Fundo - contribuição de caráter

social, arrecadada compulsoriamente por expressa previsão legal -

eram cobrados pela Previdência Social, "ex vi" do disposto no art.

19 e § 3º do mesmo citado diploma.

Assim perdurou com a edição do Decreto-lei nº 2.291-86 que

extinguiu o BNH e tornou a CEF sua sucessora em todos os seus

direitos e obrigações. A jurisprudência no Poder Judiciário

entendeu, desde então, que não podia a Previdência Social (à época,

o IAPAS) vir a juízo pleitear ou defender direitos em nome da

sucessora, por falta de legitimidade e capacidade de postular em

nome alheio, reconhecendo, no entanto, que persistia a sua

competência para proceder à cobrança judicial de débitos

decorrentes de contribuições do FGTS (v.g., Decisão de 16/09/87,

TRF, "in" D.J. de 19/11/80, e Decisão de 04/09/89, TRF, "in" D.J.

de 27/11/89).

Se, de efeito, a disposição mais recente (cf. Lei nº 8.036, de

11/05/90, que re-disciplina o FGTS) é silente quanto à competência

em comento, houve-se, no entanto, com prudência acertada, o

Conselho Curador do Fundo, dentro das atribuições que a mesma norma

lhe confere (cf. art. 5º - VI), buscar dirimir as dúvidas que o

tema envolve, - em cuja orientação, por sinal, logra o conforto de

precedente judicial que, já em data posterior ao advento da Lei nº

8.036-90, firma igual entendimento no sentido de que os débitos

para com o FGTS - dado o caráter social dessa contribuição

arrecadada compulsoriamente - "são apenas cobrados pela Previdência

Social, na forma da Lei nº 6.830 de 1980". (Cf. Decisão de

10/04/91, TRF, "in" D.J. de 22/04/91, p. 082-54).

De qualquer forma, entendemos, com a instrução do processo

que, embora resolvido, na prática, o impasse suscitado com a lacuna

legal a respeito de norma expressa conferidora da competência em

debate, nada obsta que se recomende ao Ministério da Ação Social na

qualidade de gestor da aplicação do FGTS, e ao Ministério do

Trabalho e da Previdência Social - MTPS, ao qual a disposição

vigente (cf. Lei nº 8.036-90, art. 23) incumbe a função

fiscalizadora, visando à verificação do cumprimento do disposto na

mesma lei, "especialmente quanto à apuração dos débitos e das

infrações praticadas pelos empregadores", a adoção de providências

que tornem inequívoca, pela via legislativa própria, a competência

da Previdência Social para a cobrança dos débitos relacionados com

o FGTS.

Mais grave, a nosso ver, apresenta-se a questão do

descumprimento de normas legais e regulamentares, apontado no

Relatório da Equipe de Auditoria (cf. item 135, às fls. 104/105),

em que se evidencia o prejuízo carreado, em última instância à

fiscalização da regular aplicação dos vultosos recursos que tal

Fundo envolve, revelando-se desaparelhada a CEF (agente operador do

FGTS), omisso o Ministério da Ação Social - MAS (gestor do Fundo) e

ineficaz o MTPS na atuação fiscalizadora que lhe comete o

legislador. De tanta ineficiência e deficiências somente pode

resultar a desconfiança sobre o bom emprego desses recursos.

Impõe-se, com toda a urgência possível, a adoção de medidas,

da parte dos órgãos em referência, que obviem os inconvenientes

assinalados no Relatório em comento, visando ao exato cumprimento

dá lei, - o que nada obsta, a nosso ver, seja determinado pela

Egrégia Corte, socorrendo-se do preceito constitucional que lhe

confere a competência para tanto (cf. art. 71-IX).

No tocante à questão do bloqueio dos recursos do FGTS

suscitada nos itens 183 a 189 do Relatório da Equipe de Auditoria,

cobra relevo a discussão em torno da taxa de juros de

três-por-cento (3%), incidente nos saldos dos depósitos das contas

vinculadas.

Entende a zelosa Equipe de Auditoria que a CEF "agiu

corretamente" ao adotar essa taxa de juros, pois "a parcela de

maior vulto de recursos do FGTS (saques por demissão sem justa

causa e aposentadoria, falecimento, posteriormente, autorização

para pagamento de parcelas atrasadas e saldo devedor junto ao

Sistema Financeiro da Habitação) praticamente não foi alcançada

pelo bloqueio de ativos financeiros".

Não somente pelo raciocínio desenvolvido pela zelosa Equipe de

Auditoria pode-se chegar à conclusão de que deve prevalecer, "in

casu", a taxa de três-por-cento (3%) de juros sobre os depósitos

efetuados nas contas vinculadas, em que pese o bloqueio de tais

recursos no período de 15 de março a 12/12/90, "ex vi" do disposto

nos arts. 9º e 11 da Lei nº 8.024, de 12/04/90.

Efetivamente, o bloqueio dos depósitos do FGTS não importou o

acréscimo de juros equivalente a seis-por-cento (6%), consoante o

previsto nos arts. 5º, 6º e 7º e seus respectivos §§ 2º, que

pertinem a situações e ativos financeiros diversos. Em relação aos

recursos do Fundo, perdura a capitalização da taxa de juros

estipulada na legislação específica, desde a Lei nº 5.705, de

21/09/71, quando foi extinta a progressão prevista na Lei nº

5.107-66, passando a vigorar a taxa única de três-por-cento (3%),

qualquer que seja o tempo de serviço do empregado, com as ressalvas

postas nas disposições pertinentes, máxime na legislação vigente

(cf. Lei nº 8.036-90, art. 13, e Decreto nº 99.684, de 08/11/90,

art. 19).

Acreditamos, com estas considerações, haver atendido à honrosa

audiência do eminente Relator do feito, reafirmando nosso louvor ao

trabalho produzido pela Equipe de Auditoria, cujas conclusões, com

os adminículos ora aduzidos, endossamos por entendermos que poderão

contribuir para a eficiência e a eficácia dos órgãos gestor,

operador e fiscalizador do FGTS.

Por derradeiro, convimos que, tal como se procedeu na Sessão

de 06/03/90 (cf. fls. 65/66), poderá o Colendo Plenário transmitir

o inteiro teor da decisão a ser aqui proferida aos Srs. Presidentes

da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

Página DOU:

6252

Data da Sessão:

29/04/1992

Relatório do Ministro Relator:

Trago à deliberação dos Senhores Ministros os resultados da

AUDITORIA OPERACIONAL realizada no Fundo de Garantia por Tempo de

Serviço - FGTS. O respectivo programa de trabalho, desenvolvido de

23 de setembro a 18 de novembro, do ano passado, foi elaborado e

executado pelos Analistas Deusmar Augusto de Assis (Coordenador),

José Roberto Biazon e Antonio de Moura Lima, todos da 8ª IGCE.

A fim de possibilitar a análise e os comentários dos fatos

apurados, à medida em que forem sendo colocados, optei pela

apresentação da matéria através de Relatório e Voto conjugados.

Evitam-se, assim, repetições e referências que alongariam sobremodo

a exposição do assunto, por sua natureza e complexidade já bastante

extenso.

AUDITORIA OPERACIONAL. Como já tive ensejo de salientar em outras

oportunidades, até o advento da atual Constituição a competência

conferida ao Tribunal de Contas, em termos de fiscalização,

limitava-se ao exercício da AUDITORIA DE REGULARIDADE, traduzida na

verificação da fiel observância de leis e regulamentos por parte

daqueles que gerenciam recursos públicos.

A Carta Política de 1988 ampliou expressamente essa

competência. Por essa razão, ao lado dos aspectos de regularidade e

de legalidade, permitiu-se, também, o acompanhamento da correta

aplicação e o correto emprego de dinheiros e valores do Erário.

Institucionalizou-se, dessa forma, a AUDITORIA OPERACIONAL,

que, de maneira efetiva, já vinha sendo praticada por esta Corte

desde 1982, acumulando valiosa experiência. É de se notar que as

anormalidades constatadas eram invariavelmente transformadas em

recomendações, já que não comportavam, até então, qualquer

penalização.

Com o advento da AUDITORIA OPERACIONAL, elevada a nível

constitucional, a execução das funções públicas passou a ser também

analisada pelo ângulo da ECONOMICIDADE, da EFICIÊNCIA e da

EFETIVIDADE, ou seja, da austeridade e zelo no emprego dos

dinheiros públicos, da maximização da produtividade com o mínimo de

insumos e do efetivo alcance dos objetivos colimados. Essas três

diretrizes, na verdade, constituem os postulados da Auditoria

Operacional, também conhecida como Auditoria Gerencial ou de

Resultados.

A modalidade de Auditoria em alusão desempenha destacado papel

como instrumento de gerenciamento de gastos oficiais, tendente a

detectar imperfeições ou deficiências, avaliar causas e efeitos

decorrentes de distorções, propor soluções ou alternativas, tudo

relacionado com as ações desenvolvidas pelo Poder Público.

Traduz ela, sem dúvida, ajuda valiosa à gestão governamental.

É por seu intermédio que se identifica a necessidade de retificar

rumos ou aperfeiçoar práticas administrativas, com a identificação

de fatores inibidores de uma execução plenamente satisfatória.

Nesse contexto, cabe realçar a excelência do trabalho

realizado pela diligente Equipe de Auditores da 8ª IGCE, ao abordar

com a devida extensão e profundidade, os diversos aspectos ligados

à gerência, à operacionalidade e à fiscalização do FGTS. É de se

destacar que o Relatório apresentado prima pela fiel observância da

meta fixada pelo E. Plenário na Sessão de 06/03/90

(TC 007.812/92-2). Ao mesmo tempo, oferece respostas adequadas ao

conjunto de quesitos formulado pelos representantes dos

trabalhadores no Conselho Curador do FGTS, objeto da Decisão

Plenária Sigilosa (posteriormente tornada ostensiva), de 27/03/91,

no TC 008.757/91-7. Além disso comporta sugestões de grande valia

para os graves problemas que afetam o SISTEMA FGTS.

TRAMITAÇÃO DA MATÉRIA EM EXAME. Inicialmente parece-me oportuno

breve retrospecto sobre a tramitação desta matéria na Corte de

Contas. Ensejará ele a recapitulação dos reiterados pronunciamentos

desta Casa sobre o tema FGTS.

Em 1989, o então Deputado Federal Luiz Inácio Lula da Silva

ingressou com Representação junto a este Tribunal contra a Caixa

Econômica Federal - gestora do FGTS -, visando esclarecer a

situação do Fundo quanto aos aspectos patrimoniais, gerenciais e

legais.

Em conseqüência, na Sessão de 23/08/89, este Colegiado

determinou a auditagem das contas do FGTS, para reunir informações

e elementos capazes de responder às indagações do nobre parlamentar.

O Relatório daí resultante foi apreciado na Sessão de 06/03/90

(TC 007.812/89-2), quando o Tribunal, além de atender ao requerido

pelo mesmo Congressista, endereçou recomendações à CEF, no sentido

de que a intermediação em financiamentos de projetos por ela

patrocinados ficasse restrita aos casos absolutamente

imprescindíveis e devidamente justificados, com base em critérios

suficientemente claros e assentados em normas específicas.

Simultaneamente, reiterou que a Entidade pusesse em prática medidas

efetivas para o cumprimento, por parte dos agentes tomadores

inadimplentes, das obrigações decorrentes dos financiamentos

obtidos. Determinou ainda, que as contas do FGTS, a partir do

exercício de 1990, fossem apresentadas a esta Corte em processos

autônomos, providência esta já efetivada.

Na mesma assentada (de 06/03/90), foi determinado que o Fundo

de Garantia fosse incluído em futuro Plano de Inspeção para o

aprofundamento das análises até então procedidas. Igualmente, fosse

verificada a observância, pela CEF, das recomendações a ela

endereçadas, atentando-se, principalmente, para os seguintes

aspectos:

a) cumprimento, pela Instituição, dos cronogramas de liberação

de recursos pertinentes aos financiamentos objeto de contratos com

Estados e Municípios (Administração Direta e Indireta), para

execução de projetos habitacionais, de desenvolvimento urbano e de

saneamento básico;

b) observância, pelos executores ou contratantes dos citados

projetos, bem como pelos agentes financeiros responsáveis pela

administração dos recursos repassados pela gestora, dos prazos

contratuais de pagamento das respectivas obras, serviços e

fornecimentos;

c) causas de eventuais atrasos verificados na liberação de

verbas pela CEF, ou nos pagamentos devidos pelos contratantes dos

supramencionados compromissos; e

d) o impacto desses atrasos no custo final dos projetos

executados.

Pois bem: em cumprimento a essa Decisão, o FGTS foi incluído

no Plano de Auditorias aprovado para o 2º Semestre de 1990.

Ultimada a primeira fase da Auditoria programada, ou seja, o

levantamento "in loco" e seu planejamento, a Equipe de Auditores da

8ª IGCE concluiu pela inconveniência temporária no prosseguimento

dos trabalhos. Isso à vista da ausência de regulamentação da Lei

8.036, de 11/05/90, recém-editada, e em razão da reformulação que

se processava na estrutura da CEF, que passava a operar e controlar

a totalidade das contas vinculadas (ativas e inativas) do Fundo de

Garantia. Assim, a I. Presidência desta Corte, por Despacho do

Senhor Ministro Adhemar Ghisi, autorizou o adiamento da execução da

segunda fase da mesma Auditoria, para época mais oportuna (Despacho

de 13/11/90, no TC 021.694/90-7).

Em março de 1991 deu entrada no Tribunal o documento

denominado "Primeiro Relatório da Bancada dos Trabalhadores de

Avaliação do Conselho Curador do FGTS". Dava ele conhecimento de

diversas impropriedades relacionadas com o Fundo, especialmente

quanto ao descumprimento de normas do Conselho Curador por parte do

Ministério da Ação Social e da Caixa Econômica Federal.

O citado documento foi autuado como denúncia,

(TC 008.757/91-7) e acolhido na Sessão de 27/08/91. Nessa ocasião o

Tribunal resolveu autorizar a realização da segunda parte da

Auditoria Operacional no FGTS, já planejada. O objetivo era bem

avaliar e esclarecer as questões constantes da Decisão Plenária de

06/03/90 (TC 007.812/89-2), bem como reunir os dados necessários

para responder às indagações formuladas pela bancada dos

trabalhadores no Conselho Curador do FGTS, relacionadas com as

contribuições, aplicações e débitos do Fundo, além do esvaziamento

do mencionado Conselho. Na oportunidade foi ainda determinado à 8ª

IGCE que apurasse responsabilidades, quando cabíveis, e avaliasse a

eficiência e a eficácia do Ministério da Ação Social-MAS, da CEF e

do MTPS/INSS, no tocante, respectivamente, à gestão, à operação e à

fiscalização do FGTS.

Examina-se, agora, o resultado dessa auditoria, de natureza

operacional, que, além de abordar, com justeza, os vários aspectos

que envolvem inspeções desse tipo, permite, igualmente, uma visão

bem mais realista de como vêm atuando os diversos setores

comprometidos com o SISTEMA FGTS.

HISTÓRICO DO FGTS. O FGTS foi instituído pela Lei 5.107, de

13/09/66, com a finalidade maior de aprimorar a legislação

existente à época, voltada para o amparo do trabalhador. Coube ao

então Banco Nacional de Habitação - BNM a incumbência de executar a

política habitacional do País e gerir os recursos do Fundo. Essa

tarefa foi transferida, 20 anos depois, para a Caixa Econômica

Federal pelo Decreto-lei nº 2.291, de 21/11/86, que, além disso,

extinguiu o BNM e o Conselho Curador do Fundo.

Mais tarde, o DL 2.408/88 restabeleceu aquele Conselho. Por

sua vez, a Lei 7.839, de 12/10/89, firmou o prazo de um ano, a

contar de sua edição, para que a CEF assumisse a administração

centralizada dos recursos do FGTS e o controle de todas as contas a

ele vinculadas, quer ativas ou inativas, isto é: as primeiras em

movimentação e as outras que não registrassem depósitos ou

retiradas em período superior a dois anos.

Com as modificações postas em prática pelo atual Governo, foi

editada a Lei 8.036 de 11/05/90, que, dentre outras disposições,

atribuiu ao MAS a competência para gerir a aplicação dos recursos

do FGTS e, ao MTPS, através do INSS, os encargos de fiscalizar o

uso do mesmo Fundo. À CEF coube a função de agente operador. Essa

lei fixou, como a anterior, o período de um ano (até 10/05/91) para

que a CEF concluísse os trabalhos de migração das contas vinculadas

de titularidade dos empregados. Como se sabe, esse último prazo

também não foi cumprido. Há previsão, por parte da Entidade, de se

concluir essa tarefa no mês de abril em curso.

A Finalidade de um cadastro único e centralizado na CEF era

evitar os já antigos problemas crônicos, tais como:

- impossibilidade de se confrontarem os valores recolhidos

pelas empresas-empregadoras com a individualização dos depósitos em

nome dos trabalhadores;

- emissão irregular e não padronizada de extratos;

- mais de uma conta em nome de um só empregado;

- inviabilidade do exercício da fiscalização indireta das

empresas; e

- inexistência de conciliação entre a CEF e a rede bancária

arrecadadora.

Além das vantagens de caráter individual proporcionadas ao

trabalhador com a movimentação das contas vinculadas, inclusive

saques, nas hipóteses hoje previstas no art. 20 da Lei 8.036/90, os

recursos do Fundo geram, também, benefícios de ordem social. Estes

advêm das aplicações daqueles depósitos em implantações de serviços

de infra-estrutura urbana ou saneamento básico e na execução de

projetos habitacionais, estes últimos destinados a atender,

prioritariamente, populações de baixa renda.

Dada a abrangência e a complexidade de todo o SISTEMA FGTS os

trabalhos da Equipe de Auditoria Operacional se desenvolveram nas

seguintes Entidades, participantes da administração do Fundo: o

Ministério da Ação Social-MAS (gestor); a Caixa Econômica

Federal-CEF (operador); o Ministério do Trabalho e da Previdência

Social-MTPS/ Instituto Nacional do Seguro Social-INSS

(fiscalizador); e o Conselho Curador do FGTS-CCFGTS.

Destacaremos a partir de agora as competências de cada um

desses órgãos, sua atuação e as principais falhas, distorções e

impropriedades constatadas pelos Auditores da 8ª IGCE.

MINISTÉRIO DA AÇÃO SOCIAL-MAS. Nos termos da Lei 8.036 de 11/05/90,

compete ao Ministério da Ação Social gerir a aplicação das

contribuições recolhidas ao FGTS.

Na fase inicial, as propostas de financiamentos/empréstimos

com recursos do Fundo são analisadas pela CEF, em nível regional e

central, sob o aspecto técnico/econômico. Depois, os projetos

considerados viáveis são encaminhados ao Órgão Gestor (MAS) para

seleção daqueles a serem implementados.

Anota a Equipe de Auditoria que o MAS não dispõe de critérios

normativos e parâmetros básicos para a escolha dos projetos a serem

contratados, como determina o art. 66-IV do Decreto nº 99.684 de

08/11/90, regulamentador da Lei 8.036, do mesmo ano. Ressalta, no

entanto, que a Secretaria Nacional de Saneamento - SNS/MAS tem como

praxe promover reuniões de autoridades, no plano de Governadores,

grupados regionalmente, para que os mesmos apresentem as

prioridades de seus Estados, nas áreas de aplicação em saneamento e

infra-estrutura. Com base nessas prioridades é realizada a seleção

dos projetos a serem financiados pelo órgão operador, no caso a

CEF. Na órbita da Secretaria Nacional de Habitação - SNH/MAS, não

foi identificado qualquer critério formal adotado na eleição dos

projetos habitacionais a serem implementados.

As principais falhas, distorções e impropriedades verificadas

pela Equipe de Auditoria no âmbito do MAS, referem-se, basicamente:

- ao descumprimento do art. 6º, inciso III, da Lei 8.036/90,

ao ter deixado o Ministério de elaborar e submeter tempestivamente,

até 31/07/91, ao Conselho Curador do FGTS, o Orçamento/92 e o Plano

Plurianual de Aplicações dos Recursos do Fundo para o período

1992/96. É de se consignar que o orçamento atinente ao presente

exercício somente foi aprovado pelo competente Conselho em 17 de

dezembro último;

- à inobservância do art. 8º, da mesma lei, que responsabiliza

o Ministério, juntamente com a CEF e o CCFGTS, pelo fiel

cumprimento e observância dos critérios estabelecidos na Lei

8.036/90;

- ao fato de ter deixado de acompanhar a execução e avaliar o

desempenho dos programas decorrentes da aplicação de recursos do

FGTS, implementados pela CEF (art. 6º, inciso IV da Lei 8.036/90 e

art. 66, inciso VI, do Decreto 99.684/90); e, por fim

- ao descumprimento da Resolução nº 09-CCFGTS, de 28/02/90,

(DOU de 05/03/90), no tocante à distribuição dos recursos do Fundo

por área de aplicação e ao rateio por Unidade da Federação. Nesse

particular ressalta a Equipe de Auditores que o Estado do Rio de

Janeiro foi o mais prejudicado na área de habitação popular, ao ser

contemplado com menos de 3% da previsão dos recursos a ele

destinados. No setor de Saneamento Básico, o Estado da Bahia foi o

mais beneficiado ao receber, ele só, 36,54% das verbas. Em

infra-estrutura urbana não foi diferente: os Estados da Bahia e de

Pernambuco receberam, juntos, 64,37% do montante aplicado.

É de se salientar que a Resolução em destaque (nº 09 - CCFGTS)

estabelece dentre outros critérios e diretrizes, que os recursos

líquidos do FGTS, deverão ser assim distribuídos: 60% para

habitação popular, 30% para saneamento básico e 10% para

infra-estrutura. Fixa ela, de igual modo, os percentuais atribuídos

a cada Unidade da Federação, nas três áreas mencionadas, de acordo

com critérios técnicos relacionados com a arrecadação líquida do

FGTS por UF (territoriedade), população urbana, demanda

habitacional, déficit dos serviços de água e esgoto e inverso da

arrecadação "per capita" do Imposto sobre Circulação de Mercadorias

- ICM. Esses fatores recebem ponderações específicas, conforme

apresentado a seguir:

--------------------------------------------------------------------

| | Á R E A S D E A P L I C A Ç Ã O |

| C R I T É R I O S |------------------------------------------|

| | HABITAÇÃO | SANEAMENTO | INFRA-ESTRUTURA |

|-----------------------|-----------|------------|-----------------|

| TERRITORIEDADE | 20 | 20 | 20 |

| POPULAÇÃO URBANA | 30 | 30 | 30 |

| DEMANDA HABITACIONAL | 50 | -- | -- |

| DEFICIT DE ÁGUA E | 20 | 20 | 20 |

| ESGOTO | -- | 50 | -- |

| INVERSO ICM PER | | | |

| CAPITA | -- | -- | 50 |

--------------------------------------------------------------------

Os Quadros anexados a este Relatório e Voto, recolhidos no

curso da Inspeção, demonstram claramente que as instruções

constantes da Resolução nº 09/90 - CCFGTS para a destinação das

verbas do Fundo, não foram observadas pelo MAS (Anexos I, II e III).

Com base na investigação realizada no MAS e na análise

processada pela Equipe da 8ª IGCE, e, sobretudo, com o intuito de

colaborar na melhoria do funcionamento do Sistema FGTS, a mesma

Equipe sugere sejam endereçadas àquele Ministério as seguintes

recomendações:

"a - que edite ato normativo para disciplinar a eleição de

projetos a serem financiados com recursos do FGTS;

b - que observe as disposições da Resolução nº 09 do Conselho

Curador do FGTS, editada em 05/03/90, no que concerne à

distribuição dos recursos do Fundo por Área de Aplicação e por

Unidades da Federação."

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL-CEF. Como órgão operador do FGTS compete à

CEF, dentre outras atribuições, centralizar os recursos do Fundo,

controlar as contas vinculadas e expedir atos normativos referentes

aos procedimentos administrativo-operacionais dos bancos

depositários, dos agentes financeiros, dos empregadores e dos

trabalhadores, integrantes do Sistema. Cabe também à CEF definir os

procedimentos operacionais necessários à execução dos programas

habitacionais e complementares, bem como a análise jurídica e

econômico-financeira dos projetos a serem financiados, além da

assinatura dos contratos autorizados pelo Ministério da Ação

Social-MAS.

Pelos serviços prestados como agente operador do FGTS a CEF é

remunerada na forma prevista na Resolução nº 15-CCFGTS, de

13/03/90, com base, atualmente, nos seguintes valores e percentuais:

a) Cr$ 2.620,53 por conta movimentada (Resolução nº 62, de

17/12/91); b) 0,41% a.a. sobre o saldo total das contas vinculadas,

a título de cobertura dos custos da operação do Fundo; c) 1% de

diferencial de juros sobre as operações de crédito em 1ª linha,

cobrado dos mutuários finais; d) 0,77% sobre o saldo das operações

de crédito de 2ª linha; e e) 1% sobre o valor das contratações no

período, cobrado dos beneficiários de financiamentos, a título de

risco de crédito.

Segundo informa a Equipe, para efeito de liberação das

parcelas ajustadas, a CEF realiza visitas de inspeção à unidade

beneficiada com financiamento/empréstimo, verificando apenas o

andamento dos projetos em execução, sem assumir qualquer

responsabilidade pela segurança e qualidade das obras construídas,

e sem zelar pela correta aplicação dos recursos. Assim agindo

descumpre o art. 67 - VII do Decreto nº 99.684/90. De consignar que

no período de janeiro/90 a setembro de 1991 a CEF inspecionou 1.461

obras, realizando 11.690 visitas.

Idêntico comportamento é adotado quando a Caixa atua como

banco de 2ª linha, repassando recursos do FGTS a um Agente

Financeiro, previamente credenciado pelo Banco Central.

Operando dessa forma descentralizada tem a CEF constatado

inúmeras irregularidades relacionadas com a aplicação dos créditos

concedidos. Notadamente no que se refere aos desvios de finalidade

do objeto pactuado e à incapacidade financeira e operacional dos

Agentes. Estes, via de regra, tornam-se inadimplentes quanto aos

encargos fiscais, sociais e trabalhistas, inclusive no que concerne

ao depósito da contribuição das parcelas do FGTS dos próprios

empregados.

É por isso que a atuação da CEF, tem sido objeto, e com razão,

de constantes questionamentos, não só por parte desta Corte, mas,

também, dos próprios órgãos integrantes do Sistema.

A propósito, cabe referir que o MTPS tem alegado como óbice ao

fiel cumprimento da legislação em causa, a não observância, pela

caixa, e pela rede captadora, do art. 23, parágrafo 7º da Lei

8.036/90 e art. 58 do Dec. 99.684/90. Na mesma linha, os

representantes dos empregados no CCFGTS vêm de denunciar a esta

Casa as impropriedades verificadas no desempenho da CEF, no

atinente à sua função operativa.

Paralelamente, o Relatório apresentado pelos Auditores da 8ª

IGCE enumera diversas falhas e lacunas registradas no comportamento

desse importante segmento do Sistema investigado. Dentre elas

destacam-se as seguintes:

- inexistência de controle eficaz e de informações confiáveis

sobre o não recolhimento de contribuições devidas ao Fundo,

dificultando, com isso, a atividade do órgão responsável pela

fiscalização;

- insuficiência de dados sobre os devedores notificados pela

fiscalização;

- responsabilidade pela paralisação de cerca de 58.000

processos administrativos de cobrança de contribuições,

formalizados pelo ex-IAPAS, como titular dessa competência. Para

essa injustificável postura de inércia, alega-se que a rotina de

fiscalização fora interrompida com a edição da Lei 7.839/89,

posteriormente revogada pela de nº 8.036/90;

- inaceitável desconhecimento do montante financeiro

envolvido, representado por esses processos, já que a documentação

reunida, não se detinha, como seria de esperar, na apuração de

valores;

- inconfiabilidade e insegurança das informações pertinentes à

inadimplência dos tomadores de empréstimos/financiamentos. Mesmo

assim, registram elas prejuízo da ordem de Cr$ 1,3 trilhão, em

agosto/91, além do irreparável dano social advindo da não aplicação

desse montante em áreas flagrantemente carentes de apoio. De notar,

ainda, que, desse total, apenas Cr$ 380 bilhões encontram-se em

processo de cobrança, como informou o Departamento de Aplicação e

Cobrança de Operações com Agentes - DECOS/CEF;

- ineficiência dos mecanismos utilizados nas renegociações de

dívidas. Nesse particular não se tem notícia de qualquer execução

das garantias constantes dos contratos/convênios celebrados com

agentes públicos, particularmente nas áreas de Saneamento e

Desenvolvimento Urbano. Muitas das vezes a renegociação se

formaliza apenas para habilitar a entidade a novo empréstimo, que,

por sua vez, também não é honrado, resultando, tudo isso,

tão-somente em agravamento dos débitos já existentes; e

- ausência de dados consolidados sobre as obras paralisadas em

decorrência da suspensão ou bloqueio de recursos do Fundo pela

inadimplência dos tomadores.

À vista dessas falhas, por eles apontadas, propõem os

Auditores sejam adotadas as seguintes povidências:

- recomendar à CEF:

"a) que implemente melhorias no processamento das notificações

que deram origem aos 57.558 processos administrativos de débitos

para com o FGTS, de forma que seja conhecido o valor em cruzeiros

desses processos, informando nas contas do FGTS relativas ao

exercício de 1991 as providências adotadas a esse respeito;

b) que promova a execução das garantias constituídas nos

contratos de empréstimos e financiamentos concedidos com recursos

do FGTS e cujos tomadores encontrem-se em situação de

inadimplência, após esgotados os meios habituais de cobrança

amigável das dívidas, e em especial, nas operações das COHABs dos

Estados no Rio Grande do Norte, Maranhão e Rio Grande do Sul;

c) que submeta à deliberação do Conselho Curador do FGTS

Proposta de Resolução a ser apresentada como Voto da CEF, elaborado

com a finalidade de regulamentar o art.24 da Lei 8.036/90, que

prevê penalidade passível de ser aplicada aos bancos que

administram contas vinculadas do FGTS;

d) que observe a recomendação feita por este Tribunal em

Sessão de 06/03/90, constante do item IV, alínea b, do Voto do Sr.

Ministro-Relator Luciano Brandão, apresentado no TC 007.812/89-2 nos

seguintes termos:

"ponha em prática medidas efetivas visando ao cumprimento por

parte dos contratantes inadimplentes, das obrigações decorrentes

dos financiamentos obtidos."

Propõe mais a mesma Equipe:

- Determinar à CEF:

"a) que desenvolva sistema de processamento de dados capaz de

viabilizar o cumprimento do parágrafo 7º do art. 23 da Lei 8.036/90

apresentando, dentre outras informações necessárias à fiscalização,

relatório com nome e endereço dos empregadores

adimplentes/inadimplentes com as contribuições do FGTS;

b) que proceda à apuração de responsabilidades perante a

COSANPA - Companhia de Saneamento do Estado do Pará tomando, caso

necessário, as medidas judiciais cabíveis, acerca do desvio de

recursos do FGTS ocorrido no cumprimento dos Contratos CT 0028/87 e

CT 0050/90;

c) que conclua a conciliação das carteiras do FGTS mantidas

nos bancos COMIND, BANDEPE e ECONôMICO apurando a origem das

diferenças verificadas nesses bancos, mencionando ainda o montante

envolvido e se essas diferenças representam prejuízos para o Fundo

ou para os empregados titulares das contas vinculadas;

d) que informe nas contas do FGTS relativas ao exercício de

1991 todas as providências adotadas acerca das determinações de

letras a, b e c, acima;

e) que informe em todas as prestações de contas do FGTS a

serem apresentadas ao Tribunal, a partir do exercício de 1991, os

seguintes elementos:

- demonstração do valor dos empréstimos e financiamentos

concedidos com recursos do FGTS para aplicação nas áreas de

habitação, saneamento e infra-estrutura, vencidos e não honrados

até o último dia útil do exercício, de responsabilidade das

Companhias Estaduais de Habitação e Companhias Estaduais de

Saneamento;

- número de obras paralisadas em cada área (habitação,

saneamento e infra-estrutura), indicando o motivo e a data da

paralisação e ainda, quem são os promotores dos correspondentes

projetos e o valor aplicado em cada um deles;

- declaração assumindo responsabilidades sobre o cumprimento

de todas as normas que regem o FGTS, sobretudo quanto ao

cumprimento dos cronogramas de liberações de recursos e quanto à

atuação de todos os agentes que atuam nas operações de 2ª linha; e

- demonstrativo contendo mês a mês os valores correspondentes

a entradas de recursos (arrecadação, amortização de financiamentos,

receitas de operações financeiras, outras) e saídas de recursos

(saques, tarifas bancárias, taxa de administração da CEF, outras)."

Este o rol de medidas que, em relação à CEF, alinha a Equipe

Auditora.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA PREVIDÊNCIA SOCIAL-MTPS (atual

MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA ADMINISTRAÇÃO) INSTITUTO NACIONAL DO

SEGURO SOCIAL-INSS

Ao MTPS compete a ação normativa, enquanto que ao INSS cabe a

ação operativa da fiscalização do FGTS.

Antes da edição da Lei 8.036/90 e de seu Regulamento (Decreto

99.684/90) algumas iniciativas foram tomadas pelo MTPS acerca das

Inspeções do Trabalho, alcançando também as contribuições do FGTS,

destacando-se dentre elas a expedição da instrução Normativa nº 01,

de 01/02/90, que tratou especificamente da fiscalização do FGTS.

Posteriormente, em 04/09/91, foi editada nova IN (01/91), que

estabeleceu, de igual modo, os procedimentos a serem adotados na

espécie.

Alega o MTPS que a atividade, a cargo do INSS, vem sendo

dificultada pelo não cumprimento do art. 23, § 7º, da Lei 8.036/90,

por parte da CEF e da rede arrecadadora, que não vêm prestando as

informações necessárias ao exercício dessa atribuição.

Releva notar, ainda, que a identificação de débitos e

infrações para com o FGTS e a tramitação dos correspondentes

processos de fiscalização, foram objeto de pronunciamento da

Consultoria Jurídica do MTPS, que levantou questão de ordem legal

de suma importância. Trata-se da competência para o ajuizamento de

ações de cobrança de dívidas para com o mesmo Fundo, apurados em

feitos administrativos, não prevista na Lei 8.036/90. Entende

aquele órgão Consultivo que referida competência carece de previsão

legal. Para tanto, sugere ao Senhor Ministro de Estado que

encaminhe ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República projeto

de lei disciplinando a matéria.

Certo é que a atuação do INSS, na fiscalização do FGTS, não

vem apresentando resultados satisfatórios. Salienta a Equipe de

Auditoria que vários Estados deixaram de ser inspecionados desde

que o Instituto assumiu essa atribuição. Por exemplo: no período de

janeiro a julho/91 apenas 12 Estados foram fiscalizados, de acordo

com os dados apresentados pela Diretoria de Relações do Trabalho do

INSS.

A débil atuação do órgão responsável vem sendo justificada com

as seguintes deficiências:

- carência de recursos humanos para atividades externas, pois

o número de empregadores contribuintes passíveis de fiscalização é

de cerca de 1,5 milhão e o de Agentes de Inspeção do Trabalho é

estimado em 2.000. E, surpreendentemente, dentro desse quadro de

gritante carência, 172 fiscais foram colocados em disponibilidade,

inibindo ainda mais a ação fiscal;

- ausência de Cadastro Nacional de empresas, com informações

sobre recolhimentos, para efeito de direcionamento da fiscalização;

- insuficiência de dados sobre os empregadores inadimplentes

com as contribuições do FGTS; e

- inviabilidade de cobrança judicial das importâncias devidas,

por falta - conforme já registrado - de norma legal estabelecendo

esta competência. Isto, naturalmente, tem servido de incentivo ao

não recolhimento, por parte dos empregadores, dos débitos apurados

na esfera administrativa, sem que a eles se aplique qualquer tipo

de sanção.

Ao MTPS a Equipe Auditora propõe as seguintes recomendações,

com intuito de sanar as irregularidades apontadas:

"a) que edite ato normativo para definir quais são as

informações necessárias à fiscalização do FGTS a serem prestadas

pela CEF e demais bancos depositários enquanto não se completar o

processo de migração das contas, conforme previsto no art.58 do

Decreto 99.684/90;

b) que adote providências no sentido de que os fiscais do

trabalho postos em disponibilidade retornem às suas atividades."

CONSELHO CURADOR DO FGTS-CCFGTS. O Conselho Curador do FGTS,

instituído em 13/09/66 (Lei nº 5.107), é integrado, atualmente, por

03 (três) representantes dos trabalhadores, 03 (três) da categoria

dos empregadores e 01 (um) representante de cada uma das seguintes

entidades: Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento,

Ministério da Ação Social, Caixa Econômica Federal, Banco Central

do Brasil e Ministério do Trabalho e da Previdência Social, cabendo

a este último o exercício da presidência.

Ao CCFGTS compete, dentre outras atribuições (Lei 8.036/90):

- estabelecer as diretrizes e os programas de alocação de

todos os recursos do FGTS, de acordo com os critérios definidos

pela Lei 8.036/90 e em consonância com a política nacional de

desenvolvimento urbano e com as políticas setoriais de habitação

popular, saneamento básico e infra-estrutura urbana, estabelecidas

pelo Governo Federal;

- acompanhar e avaliar a gestão econômica e financeira dos

recursos, bem como os ganhos sociais e o desempenho dos projetos

aprovados;

- apreciar e aprovar os programas anuais e plurianuais do FGTS;

- pronunciar-se sobre as contas do FGTS, antes do seu

encaminhamento aos órgãos de controle interno para os fins legais;

- adotar as providências cabíveis para a correção de atos e

fatos do Ministério da Ação Social e da Caixa Econômica Federal,

que prejudiquem o desempenho e o cumprimento das finalidades no que

concerne aos recursos do FGTS; e

- dirimir dúvidas quanto à aplicação das normas

regulamentares, relativas ao Fundo, nas matérias de sua competência.

A atuação do CCFGTS vem sendo dificultada, segundo a Equipe de

Auditoria, pela deficiência de informações necessárias ao exercício

de sua competência legal. Confirma-o o que consta do Ofício CONTEC

nº 90/945, de 14/12/90, endereçado à CEF pelos Conselheiros

representantes dos trabalhadores. Nele aquela a Bancada questiona o

órgão operador do FGTS em 31 (trinta e um) itens relacionados com a

operacionalização do Fundo. Destes, apenas 13 (treze) foram

respondidos pela CEF, contrariando, assim, as disposições do art.

67 - XI do Decreto 99.684/90.

De igual modo, o CCFGTS não vem recebendo os Relatórios

Gerenciais periódicos de que trata o supracitado dispositivo

regulamentar, por declarada ausência de condições técnicas da CEF.

De outra parte, matérias que por imposição legal deveriam ser

submetidas à deliberação do CCFGTS, nem sempre têm cumprido,

oportunamente, esse preceito. Estão nesse caso o Orçamento/92 e o

Plano Plurianual de Aplicação dos Recursos do Fundo, para o período

1992/96, que deixaram de ser submetidos em data própria ao Conselho

pelo MAS (ver art. 6º, inciso III, Lei 8.036/90), e que afinal foi

feito com atraso de mais de 4 meses.

Por outro lado, o desempenho do Conselho Curador, como órgão

de cúpula do Sistema FGTS, não vem correspondendo às expectativas

que ensejaram sua criação e instalação. Particularmente no que

tange ao dever de "adotar as providências cabíveis para a correção

dos atos e fatos do Ministério da Ação Social e da Caixa Econômica

Federal que prejudiquem o desempenho e o cumprimento das

finalidades no que concerne aos recursos do FGTS" (art. 5º, item V,

da Lei 8.036/90). Boa parte das faltas, distorções e impropriedades

consignadas no Relatório de Auditoria poderia ter sido evitada ou

corrigida através de uma ação mais vigorosa do Conselho Curador, já

que as mais amplas competências lhe foram conferidas pelo

mencionado diploma legal. Vale consignar, também, que das seis

reuniões ordinárias previstas nos termos da referida lei, (art. 3º,

§ 4º), para o ano de 1991, apenas três haviam se concretizado até o

dia 2 de outubro, mesmo assim com a ausência da maioria dos membros

representantes dos órgãos governamentais, conforme sublinha o Grupo

Auditor.

Não obstante, o Conselho vem desenvolvendo trabalho benéfico

em prol do FGTS. Na medida do possível, tem regulamentado as

disposições legais que necessitam de complementações. Dentre estas

ações destaca-se a edição da Resolução nº 09/90, já mencionada.

Fixa ela as diretrizes e critérios básicos para aplicações de

recursos do FGTS para 1990-94, quanto à sua distribuição por área

de aplicação, por programas e faixas de renda, por Unidades da

Federação e as condições financeiras para a concessão de

empréstimo/financiamento. Além disso vem proporcionando outras

melhorias na administração do Fundo, como a participação mais

efetiva das entidades sindicais no acompanhamento fiscal, inclusive

a iniciativa de acionar empresas faltosas junto à Justiça do

Trabalho, tudo aliás como prescreve a Lei 8.036/90 (art. 25) e as

Resoluções nºs 48 e 49, de 18/09/91 e 12/11/91, respectivamente, do

mesmo Conselho.

BANCOS DEPOSITÁRIOS. As contribuições para o FGTS, a que estão

obrigados todos os empregadores, correspondem a 8% (oito por cento)

da remuneração paga ou devida no mês anterior a cada empregado. São

depositadas em conta bancárias vinculadas, de titularidade dos

mesmos empregados, até o dia 07 de cada mês (art. 15, caput, da Lei

8.036/90). Os saldos dessas contas individualizadas são remunerados

à taxa de juros de 3% ao ano, capitalizados mensalmente, acrescidos

da correção monetária (art. 13, caput). Existem alguns casos

(antigos) em que as taxas de capitalização são progressivas, na

razão de 3 a 6% ao ano (art. 13, § 3º).

Nos termos do art. 11 da Lei 8.036/90, os depósitos efetuados

na rede bancária, a partir de 01/10/89, devem ser recolhidos à CEF

no segundo dia útil subseqüente à data em que tenham sido efetuados.

Pela prestação dos serviços de arrecadação, controle e

pagamento de saques, os bancos depositários são remunerados,

atualmente, na base de Cr$ 2.620,53 por conta movimentada, valor

este reajustado mensalmente pela TR-Taxa Referencial (Resolução

CCFGTS nº 62, de 17/12/91).

A fiscalização das entradas (contribuições dos empregados) e

das saídas (saques dos trabalhadores) do FGTS junto à rede bancária

arrecadadora, pagadora e mantenedora de cadastros é realizada pela

CEF.

Em 1990 foram inspecionadas 139 das 192 centralizadoras

passíveis de verificação. Em 1991, até o mês de setembro, já haviam

sido inspecionadas 106, das 200 agências existentes. Tais

atividades são direcionadas, basicamente, para o processo

migratório das contas vinculadas do Fundo, dos bancos depositários

para a CEF.

As principais falhas e deficiências anotadas ela Caixa nos

estabelecimentos de captação das receitas em geral do FGTS se

referem sobretudo às seguintes ocorrências:

- atraso, falta de segurança e de confiabilidade na

escrituração das contas;

- dupla contabilização de juros e atualização monetária;

- erros e omissões de lançamentos;

- contas duplicadas;

- demora no processamento e transferência das contas

vinculadas; e

- pagamentos irregulares.

Em razão desses entraves, que dificultam a consolidação das

contas existentes, diversos bancos, já notificados mais de uma vez

pela CEF, não tiveram ainda condições de repassar as contas

vinculadas para o órgão centralizador.

AGENTES FINANCEIROS. Como já mencionado, em determinadas operações

a CEF atua como banco de 2ª linha, transferindo recursos a Agente

Financeiro, responsável por sua aplicação.

Também nesse setor a CEF assume encargos de fiscalização. Em

1990 foram inspecionados 157 dos 236 Órgãos contemplados com

dotações do Fundo. Em 1991, até setembro, haviam sido vistoriados

somente 111 órgãos dos 246 beneficiados. Nesse trabalho a CEF

anotou:

- utilização de valores para fins não previstos nos contratos.

É o caso, por exemplo, ocorrido no Banco do Estado do Pará

S.A.-BANPARÁ (Agente Financeiro) e na Companhia de Saneamento do

Pará/COSANPA (Agente promotor e mutuário final), com as operações

formalizadas através dos Contratos CT-0028/87 e CT-0050/90, de

15/05/87 e 02/01/90, respectivamente. Os recursos originalmente

comprometidos com a recuperação da barragem do Lago de Água Preta,

naquele Estado, foram desviados para a construção de duas unidades

administrativas (prédios);

- dificuldades de natureza operacional e financeira,

demonstrando a impossibilidade de os tomadores saldarem seus

compromissos e a incapacidade de administrarem até seus próprios

créditos;

- operações realizadas sob a influência de interesses

político-partidários, desviadas, portanto, de seus objetivos

sociais; e

- inadimplência dos Agentes quanto à obrigatoriedade do

recolhimento do FGTS em nome de seus próprios empregados.

ATENDIMENTO À DECISÃO PLENÁRIA DE 06/04/90 (TC 007.812/89-2).

Objetivando avaliar e esclarecer as questões suscitadas na Decisão

em epígrafe (item 14 deste Relatório e Voto), a Equipe de Auditoria

solicitou à direção da CEF, por amostragem, oito (08) processos

referentes aos Estados do Rio de Janeiro, Maranhão e Alagoas,

abrangendo áreas de distribuição e programas diversos, para os

quais foram alocadas significativas dotações do Sistema em análise.

Não obstante o exame efetuado na vasta documentação

apresentada pela CEF, não foi possível chegar a conclusões

concretas acerca dos quesitos propostos pelo Colegiado, em face das

múltiplas operações envolvidas e da insuficiência de elementos

técnicos disponíveis.

Aos Auditores informou a Caixa que o cumprimento de

cronogramas de desembolso depende do andamento da execução da obra.

Muitas vezes ocorre o adiamento da liberação de parcelas por se ter

constatado o não atingimento do estágio previsto.

O atraso no calendário financeiro, segundo a Equipe,

reflete-se no custo final do objeto contratado. Quanto maior o

tempo demandado para a conclusão da obra, maior o impacto

financeiro e social. Na área habitacional resultam problemas

diversos afetando os promitentes compradores. Inclusive em razão

das suas rendas se tornarem insuficientes para honrarem os

compromissos assumidos com o agente empreendedor.

Dados os óbices encontrados e procurando melhor esclarecer a

matéria, os Auditores propõe que o Tribunal determine à sua

Secretaria de Auditoria - SAUDI o desenvolvimento de estudos no

sentido de confirmar a viabilidade de as Inspetorias Regionais de

Controle Externo - IRCEs averiguarem, "in loco", por amostragem,

nas unidades descentralizadas da CEF, amostras de projetos por ela

contratados. Com isso objetiva-se o exame das operações, desde o

seu nascedouro até o retorno das inversões financeiras alocadas,

considerando-se que é nas agências regionais da Caixa que se

encontra toda a documentação pertinente.

Além dessa proposição, entende a Equipe que a E. Corte deva

determinar à CEF o encaminhamento, por ocasião das prestações de

contas anuais do FGTS, parecer expresso atestando o fiel

cumprimento das normas que regem o Sistema, particularmente a

respeito dos resultados alcançados com os novos mecanismos de

utilização dos recursos do Fundo (ver item V da Decisão Plenária de

06/03/90, supracitada).

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA E EFICÁCIA DOS ÓRGÃOS QUE ATUAM NO SISTEMA

FGTS. Por desconhecer os meios materiais e humanos despendidos na

consecução das metas alcançadas, e por cautela, a Equipe deixou de

avaliar a eficiência da gestão do MAS, da operação a cargo da CEF e

da fiscalização atribuída ao MTPS/INSS.

Diferente posicionamento, porém, foi adotado acerca da

avaliação da eficácia, tendo em vista as várias impropriedades

consignadas pela Equipe, no decorrer dos trabalhos da Auditoria

Operacional realizada no FGTS. Com base nas disposições da Lei nº

8.036/90, que define as atribuições da Instituição Financeira e dos

dois Ministérios envolvidos no gerenciamento do Fundo de Garantia,

os Auditores concluíram que esses órgãos não foram eficazes frente

aos resultados produzidos.

SUGESTÕES DA EQUIPE DE AUDITORES. Além das medidas corretivas

enunciadas e das recomendações formalizadas em relação à cada uma

das Entidades auditadas, e já consignadas neste Relatório e Voto, e

a título de colaboração com a administração do Fundo e, ainda, para

proporcionar a esta Corte o acompanhamento da execução dos projetos

implementados com verbas do FGTS, a Equipe Auditora sugere mais

sejam adotadas pelo TCU as seguintes providências:

"a) comunicar à Comissão de Trabalho, de Administração e

Serviço Público da Câmara dos Deputados sobre a conveniência de ser

elaborado, com fundamento no art. 61, `caput' da Constituição

Federal combinado com os arts. 22, inciso I; 32, inciso XII, alínea

`c'; 108 e 109, inciso I e § 1º, inciso II do Regimento Interno da

Câmara dos Deputados, instituído pela Resolução nº 017, de

21/09/89, Projeto de Lei atribuindo competência legal para cobrança

judicial dos débitos de contribuições para com o FGTS, apurados

pela fiscalização; e

b) atribuir à Secretaria de Auditoria - SAUDI a imcumbência

de, com fundamento na Resolução Administrativa nº 72/TCU, de

20/03/86, art. 2º, incisos III e IV, publicada no BI nº 11/86,

desenvolver estudos no sentido de se avaliar a viabilidade de as

IRCEs passarem a verificar `in loco', nas Superintendências

Regionais da CEF, a execução de projetos financiados com recursos

do FGTS, o cumprimento dos contratos pelos agentes envolvidos, a

situação de obras paralisadas e outros aspectos que julgar

convenientes, podendo, para esse fim, elaborar o correspondente

Procedimento de Auditoria-PA."

PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL. À vista da

relevância predominamente social da matéria tratada nestes autos, e

tendo presentes as indagações de ordem processual e jurídica

suscitadas pela Equipe de Auditoria, particularmente quanto à

titularidade da ação para ajuizar débitos de contribuição para com

o FGTS, apurados em processos administrativos, ao descumprimento de

normas por parte dos órgãos envolvidos no sistema FGTS e ao

bloqueio dos recursos do FGTS - considerando todas essas questões

-, solicitei a audiência da D. Procuradoria junto a esta Corte.

Em judioso parecer da lavra do Senhor Procurador-Geral, Prof.

Francisco de Salles Mourão Branco, o órgão do Ministério Público

junto ao Tribunal adiciona valiosos subsídios aos temas suscitados.

Ratifica, na íntegra, as conclusões e proposições da diligente

Equipe de Auditores da 8ª IGCE.

Assim, com relação ao ajuizamento dos débitos para com o FGTS,

ressalta Sua Excelência que, embora já sejam encontradiços julgados

dos Tribunais Regionais Federais, na vigência da Lei 8.036/90,

fixando a competência da Previdência Social para este efeito, é de

todo oportuno que essa faculdade seja formalizada pela via

legislativa, para que reste inequívoca.

Mais grave, no entender do Ministério Público, apresenta-se a

questão do descumprimento de normas por parte dos órgãos envolvidos

no sistema FGTS, "em que se evidencia o prejuízo carreado, em

última instância, à fiscalização da regular aplicação dos vultosos

recursos que tal Fundo envolve, revelando-se desaparelhada a CEF

(agente operador do FGTS), omisso o Ministério da Ação Social-MAS

(gestor do Fundo) e ineficaz o MTPS na atuação fiscalizadora que

lhe compete o legislador. De tanta ineficiência e deficiências

somente pode resultar a desconfiança sobre o bom emprego desses

recursos".

Quanto à remuneração dos recursos do FGTS, bloqueados com base

na Lei 8.024/90 (dispõe, dentre outros assuntos, sobre a liquidez

dos ativos financeiros), correto também se apresenta ao Senhor

Procurador-Geral a utilização, pela CEF, da taxa de juros de 3% ao

ano, para capitalização dos saldos das contas vinculadas. Afirma

Sua Excelência que, para tais recursos, haveria que prevalecer a

diretriz fixada na legislação específica - Lei 5.705/71, com as

ressalvas hoje previstas na Lei 8.036/90.

Por último, o mesmo Representante sugere que o inteiro teor da

Decisão que vier a ser aqui proferida seja transmitida aos Senhores

Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS. Inicialmente é de se realçar a estrutura

do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, compatível, aliás

com a grandeza do empreendimento, cujo mais elevado escopo é

amparar a totalidade dos trabalhadores participantes. Dispersos por

todo o território nacional, valem-se eles dos saques ao Fundo,

quando porventura são despedidos sem justa causa, extinta a empresa

onde trabalham ou aposentados pela previdência social. Outros

benefícios lhes são facultados: o pagamento de parte das prestações

decorrentes de financiamentos habitacionais, a liquidação ou

amortização do saldo devedor de contratos imobiliários, ou, ainda,

a aquisição de moradia própria. Esse mesmo sistema proporciona

aplicações em projetos de habitação popular e complementares, de

saneamento básico e infra-estrutura urbana. As benfeitorias daí

decorrentes são usufruídas por toda a sociedade.

Não foi por outra razão que o legislador, atento à ampla

dimensão da iniciativa, dotou o Fundo de uma super-estrutura

administrativa, integrada por dois Ministérios e uma instituição

financeira: o Ministério da Ação Social - MAS (agente gestor); o

Ministério do Trabalho e da Previdência Social - MTPS (órgão

fiscalizador) e a Caixa Econômica Federal (entidade operadora).

Além disso, instituiu um Conselho Curador, Colegiado normativo e

corretivo, que conta com representantes, dentre outros, do

MinistiSrio da Economia, Fazenda e Planejamento - MEFP e do Banco

Central - BACEN.

O objetivo da AUDITORIA OPERACIONAL EM PAUTA é diagnosticar se

o Sistema criado, de grande amplitude, constituído de diversos

segmentos interrelacionados, vem funcionando de forma eficaz, de

modo a obter os resultados pretendidos.

Por orientação deste Relator, e com a finalidade de atualizar

até o término do exercício (1991) os elementos recolhidos no curso

da Auditoria, a Equipe promoveu recente diligência junto à Caixa

Econômica Federal - CEF, objetivando aclarar aspectos relacionados

com a operacionalização do Sistema. O Presidente da Entidade (Of.

nº 219, de 20/04/92) prestou esclarecimentos sobre as contas

vinculadas, a migração das mesmas, a inadimplência de tomadores de

empréstimos e aplicação dos recursos do Fundo no ano p. passado.

Com relação às contas vinculadas estimou-se naquele Ofício a

existência de cerca de 115 milhões de contas, sendo 60 milhões

inativas, com saldo aproximado de Cz$ 1.4 trilhão, e 55 milhões

ativas, com depósitos que atingem a cifra de Cz$ 17.3 trilhões, em

valores de dezembro/91. Informou todavia a CEF que essas

quantidades e valores somente poderiam ser confirmados após a

conclusão do processo de centralização das contas na Entidade.

Nesse universo, as contas inativas já eram normalmente

controladas pela CEF. As ativas, antes, em sua totalidade, sob a

administração de diversos bancos depositários, estão agora sendo

progressivamente centralizadas na Caixa, por expressa disposição

legal. Até 31/12/91 haviam migrado para a Entidade cerca de 16,2

milhões de contas administradas por 36 bancos arrecadadores, ou

seja, 29,5% do montante a ser transferido. Permanecem, portanto,

38,8 milhões de contas, distribuídas por 40 instituições

financeiras captadoras, identificadas no anexo IV a este Relatório

e Voto. Pelo visto, dificilmente se concretizará a previsão da CEF

de concluir essa tarefa de migração no mês em curso, embora o prazo

legal, já por duas vezes prorrogado, se tenha esgotado em 10/05/91.

A justificativa apresentada pela Caixa para o atraso na

conclusão do processo de migração das contas vinculadas alude à

deficiência de suporte técnico (equipamentos de informática) para

atender às agências do Sistema FGTS (v. item 145 do Relatório de

Auditoria). É de se supor, também, que as falhas detectadas nos

controles dos bancos depositários, e aqui registradas (item 63),

estejam contribuindo para esses sucessivos retardamentos. Pela

repercussão, inclusive de natureza social, deve a 8ª IGCE,

responsável pela instrução das próximas prestações de contas

CEF/FGTS (1991), acompanhar "pari passu", a evolução do assunto.

Ainda o supramencionado Ofício informa que em 1991 foram

celebrados 1866 contratos com recursos do Fundo de Garantia, assim

distribuídos: - 1544 relativos a habitação popular, no total de

430.117 mil UPFs; - 174 em saneamento, equivalentes a 179.012 mil

UPFs; e 145 no setor de infra-estrutura, no valor de 49.63Omil UPFs.

Os saldos de aplicações, em 31/12/91, apresentavam, nas 3

áreas, respectivamente, os seguintes resultados: Cr$ 13.9 trilhões,

Cr$ 7.1 trilhões e Cr$ 2.3 trilhões.

Com base nos valores consignados pelo órgão-operador,

observa-se que algumas das desproporções (nos critérios de

distribuição, por área e unidade da federação), consignadas no

curso da Auditoria foram corrigidas até o final do ano de 1991,

pelo menos no que concerne às diretrizes fixadas pelo Conselho

Curador (v. Resolução nº 9/90). Cabe pois, num primeiro tempo,

prosseguir na análise dessas possíveis divergências. Isso

constituirá valioso subsídio ao exame das próximas prestações de

contas a serem presentes ao TCU, obrigatoriamente até 31 de julho

próximo.

Quanto às inadimplências dos tomadores de empréstimos/finan-

ciamentos constata-se, pelo documento em referência, que houve

considerável redução nos últimos meses do exercício findo, passando

de cerca de Cr$ 1,3 trilhão, como apurado pela Equipe Auditora em

agosto/91, para Cr$ 991,8 bilhões em 31 de dezembro do mesmo ano,

sem considerar a correção daquele primeiro valor. Importa contudo

apurar, desde logo, se essa significativa diminuição deveu-se a

renegociações processadas, ou a obrigações efetivamente honradas. É

a averiguação a ser promovida pela 8ª IGCE.

Entretanto, o que mais aflige o Sistema sob análise continua

sem a necessária solução. Trata-se do não recolhimento das

importâncias devidas ao FGTS pelos empregadores e tomadores de

serviços. A CEF volta a alegar, nesta oportunidade, que refoge à

sua competência, nos termos da Lei 8.036/90, a fiscalização e

cobrança das empresas que não efetuam os depósitos nas épocas

próprias. De fato, o art. 23 desse diploma legal atribui ao MTPS a

incumbência de apurar, em nome da CEF, os débitos e infrações

praticadas pelos empregadores ou tomadores de serviço, entre elas,

não depositar, mensalmente, o obrigatório percentual referente ao

FGTS. Em nosso entendimento, no entanto, esse encargo, exigido do

MTPS, não exclui a responsabilidade do Órgão-operador (CEF) pelo

efetivo controle dessas dívidas e infringências. Pois cabe-lhe

prestar ao agente-fiscalizador as informações indispensáveis ao

exercício daquela atribuição, como expressamente determina o § 7º

do supracitado artigo.

Esta é, possivelmente, uma das causas da crescente redução de

receitas do Fundo, com conseqüência direta na apuração dos recursos

disponíveis para aplicação em empreendimentos sociais. Apenas para

exemplificar, no exercício de 1990 a arrecadação líquida do FGTS

correspondeu à 57% dos ingressos no Fundo. Em 1991 esse percentual

caiu para 26,7%, de acordo com as últimas informações prestadas

pela CEF, ou seja, de uma arrecadação bruta de Cr$ 2,14 trilhões,

restaram apenas Cr$ 572 bilhões para aplicações nas diversas áreas

beneficiadas com recursos do Fundo. Os inevitáveis reflexos desse

quadro já se fazem sentir nas metas programadas para os períodos

subseqüentes.

Da análise abrangente dos tópicos aqui colocados, conclui-se

que muito há que se fazer ainda para sanar as distorções e lacunas

na administração do Fundo de Garantia, detectadas desde a última

auditagem ali desenvolvida por este Tribunal.

Embora já decorridos mais de 25 anos da sua implantação, o

Sistema continua operando com as comprovadas deficiências,

causadoras de danos ao considerável patrimônio construído com o

labor de milhões de trabalhadores patrícios.

As compreensíveis incorreções da fase inicial, ante o vulto e

a complexidade do empreendimento, ainda persistem, apesar das

seguidas tentativas de reformulações, todas louváveis por buscarem

o aperfeiçoamento da estrutura e das atividades do Fundo.

A sistemática adotada pelo atual Governo, caracterizada pela

descentralização tripartite das ações normativas, de gerência e de

fiscalização, e, por outro lado, a centralização das operações

financeiras, não obstante o elevado propósito de otimizar a

utilização dos recursos arrecadados, não vem apresentando os tão

esperados resultados. Foi isso aliás o que sublinhou a Equipe de

Auditoria de nível operacional ora apreciada.

A auditagem revela notória desarticulação entre os setores

envolvidos (MAS, CEF e MTPS), e destes com o próprio Conselho

Curador. É que ainda não se conseguiu alcançar, entre esses vários

órgãos, solidariamente responsáveis, a necessária e almejada

integração, indispensável ao sucesso de um modelo assim concebido.

É por isso que a fiscalização vem atuando precariamente. A

carência de informações confiáveis e suficientes inibe o exercício

de sua competência. Por sua vez, a entidade operadora não conta com

suporte apropriado para processar os dados essenciais ao pleno

agenciamento do Sistema. O Ministério Gestor, de seu lado, não tem

acompanhado satisfatoriamente a execução dos programas

implementados, além de não dispor de critérios seletivos formais

para a escolha dos projetos a serem implantados.

Já o Conselho normatizador, como assinalado, vem desenvolvendo

ações de grande valia para a administração do Fundo. E deve

praticá-las com desejável brevidade. A propósito disso, o art. 24

da Lei 8.036/90, prevê a cominação de multa ao banco depositário,

na condição de agente arrecadador, pagador e mantenedor do cadastro

das contas vinculadas, pelo descumprimento ou inobservância das

obrigações que lhe compete, na forma que vier a ser normatizado

pelo Conselho. Tal dispositivo, de inegável valor para o bom

desempenho do Sistema, está por merecer regulamentação por parte do

CCFGTS.

Removidos os óbices e conseguida a reclamada coordenação entre

os diversos setores governamentais, chegar-se-ia à almejada

eficácia do Sistema, com os ganhos sociais daí decorrentes.

A Imprensa diária tem noticiado e denuciado questões outras,

igualmente relevantes, não focalizadas no Relatório da Equipe da 8ª

IGCE. Isso é compreensível, dada a magnitude do tema e a natureza

da Auditoria levada a efeito.

Entre os tópicos ultimamente questionados destacamos: a) a

morosidade na liberação dos saques solicitados pelos empregados e

pagamentos efetuados sem a conseqüente correção de valores; e b) a

defasagem entre as disponibilidades orçamentárias e o montante dos

contratos assinados no final do ano passado, com comprometimento

dos orçamentos dos exercícios seguintes.

Essas matérias devem ser investigadas, por suas implicações e

reflexos junto aos trabalhadores, em particular, e à coletividade,

em geral.

Por isso, sugiro que o Tribunal determine, em processo

apartado a este, sejam promovidas diligências e organizadas, se

necessárias, inspeções especiais (art. 5º da Resolução nº 206/80 -

TCU) sobre cada um desses pontos denunciados. É de se recomendar

que a mesma Equipe Auditora, pela experiência já agora acumulada no

trato da matéria, seja incumbida das averiguações.

Por tudo que consta neste Relatório e Voto justificam-se

integralmente as determinações, recomendações e sugestões propostas

pela Equipe Auditora e endossadas pela Senhora

Inspetora-Geral-Substituta, Drª Marley Machado Jorge. Além disso,

sugere Sua Senhoria que se encaminhe à Bancada dos Trabalhadores no

CCFGTS cópias das respostas elaboradas pela mesma Equipe, e da

Decisão que vier a ser agora proferida pelo Plenário. Todavia, a

superveniência de novas diretrizes oficiais, possivelmente

corrigindo os desvirtuamentos evidenciados no curso da Auditoria,

poderão tornar desnecessárias algumas delas. Outras, no entanto,

merecerão ser reiteradas ou ampliadas, por dizerem respeito a

órgãos ou entidades que tiveram suas situações analisadas em

processo de amostragem.

Assim, é de se suprimir a recomendação constante do item 42,

letra d, porquanto a Resolução nº 58, do CCFGTS, de 17/12/91, já

define os inadimplentes nas operações de crédito com recursos do

FGTS, autorizando o Ministério Gestor e a Instituição Operadora a

baixarem as instruções necessárias para o exato cumprimento daquela

norma. Desse modo, entendo que a recomendação endereçada à CEF, em

06/03/90, deve ter sua obediência verificada por ocasião do exame

das contas do FGTS atinentes aos exercícios de 1990/91,

renovando-se ali, se for o caso, a providência em alusão.

De outra parte, no que concerne à recomendação formulada no

item 51, letra b, cabe ressaltar que o recente Decreto nº 474, de

10 de março último, autoriza o aproveitamento dos servidores em

disponibilidade, fixando-lhes prazo para a apresentação.

Dispensável, portanto, tal providência.

No que tange à recomendação alvitrada no item 33, letra a, a

Resolução nº 60, de 12/11/91, prescreve o prazo de 90 (noventa)

dias para que o órgão gestor (MAS) e o Agente Operador (CEF) baixem

as instruções necessárias ao cumprimento da diretriz por ela

fixada, tendentes a definir prioridades na análise e eleição de

operações de crédito com recursos do FGTS. De bom alvitre,

portanto, aguardar as providências decorrentes dessa, de todo

oportuna, Resolução do Conselho Curador.

Por outro lado, as medidas preconizadas ainda nos itens 42,

letra b e 43, letra c, merecem ser estendidas aos demais órgãos da

espécie, favorecidos com a utilização do Fundo de Garantia. É que

os bancos ali identificados representam tão-somente uma amostra

exemplificadora da totalidade das unidades que transacionam com

recursos dos FGTS.

Oportuna, também, se nos afigura a sugestão oferecida pelos

Auditores da 8ª IGCE, no sentido de que seja avaliada a

possibilidade de as IRCEs passarem a verificar in loco, nas

Superintendências Regionais da CEF, a execução dos projetos

financiados com recursos do FGTS. Pondero contudo, quanto ao setor

a ser incumbido de realizar os necessários estudos de viabilidade,

já que os temas do gênero se inserem na órbita da Comissão de

Assessoramento e Controle Externo - CACE/TCU.

Finalmente, merece encômios e o nosso aval o adequado enfoque

dado pela diligente Equipe de Auditores às questões suscitadas

pelos representantes dos Empregados no Conselho Curador do FGTS. A

investigação com propriedade e na profundidade que entendemos

desejada, responde ao conjunto das indagações formuladas por aquela

Bancada, e consubstanciadas no Anexo nº V.

Desse modo, com os ajustes aqui inseridos, acolho as

conclusões da Equipe de Auditoria, com os acréscimos sugeridos pela

Senhora Inspetora-Substituta e pelo Senhor Representante do

Ministério Público, e Voto por que o Tribunal adote a Decisão que

ora submeto ao Plenário.

Anexo I

HABITAÇÃO POPULAR - TODOS OS PROGRAMAS

ANO DE 1990

Em VRF

--------------------------------------------------------------------

| MES | C O N T R A T A Ç Ã O | A P L I C A Ç Ã O |

|-----|------------------------------|-----------------------------|

| JAN | 20.555.251 | 7.639.072 |

| FEV | 17.083.709 | 10.991.622 |

| MAR | 13.023.085 | 7.761.902 |

| ABR | 0 | 7.943.917 |

| MAI | 0 | 9.205.620 |

| JUN | 32.028 | 12.098.494 |

| JUL | 584.770 | 9.631.200 |

| AGO | 2.120.266 | 9.537.459 |

| SET | 4.302.176 | 10.378.760 |

| OUT | 11.275.210 | 10.342.117 |

| NOV | 33.171.496 | 14.189.665 |

| DEZ | 47.640.710 | 16.491.760 |

|-----|------------------------------|-----------------------------|

| TOT | 149.788.701 | 126.211.588 |

--------------------------------------------------------------------

FONTE: Divisão de Apoio Gerencial-DIAGE/DEFUS/CEF.

OBS.: A CEF não dispõe dos dados de 1990, área de Habitação, por

programa (informação: Dep. de Manutenção de Sistemas e

Controle-DEMCO).

Anexo II

INFRA-ESTRUTURA URBANA

ANO DE 1990

Em VRF

--------------------------------------------------------------------

| MÊS | C O N T R A T A Ç Ã O | A P L I C A Ç Ã O |

|-----|------------------------------|-----------------------------|

| JAN | 14.168.416 | 6.462.174 |

| FEV | 7.613.187 | 6.136.215 |

| MAR | 0 | 2.054.554 |

| ABR | 0 | 752.228 |

| MAI | 0 | 1.846.928 |

| JUN | 0 | 1.041.546 |

| JUL | 0 | 879.953 |

| AGO | 0 | 1.398.470 |

| SET | 0 | 2.344.770 |

| OUT | 0 | 1.048.901 |

| NOV | 973.701 | 4.121.971 |

| DEZ | 7.809.401 | 3.085.263 |

|-----|------------------------------|-----------------------------|

| TOT | 30.564.705 | 31.172.973 |

--------------------------------------------------------------------

FONTE: Divisão de Apoio Gerencial-DIAGE/DEFUS/CEF.

Anexo III

SANEAMENTO BÁSICO

APLICAÇÃO/1990

"VIDE QUADRO NO DOCUMENTO ORIGINAL"

CONTRATAÇÃO/1990

"VIDE QUADRO NO DOCUMENTO ORIGINAL"

Anexo IV

RELATÓRIO SINTÉTICO DE ACOMPANHAMENTO DA MIGRAÇÃO BANCOS

----------------------------------------------------------------

| B A N C O S M I G R A D O S E M 1 9 9 1 |

|--------------------------------------------------------------|

| BANCOS | QTDE DE CONTAS | MÊS/ANO |

|--------------------------------------------------------------|

| Agrimisa | 62.993 | ABR/91 |

| Antonio de Queiroz | 33.094 | ABR/91 |

| Banco de Brasília | 241.165 | ABR/91 |

| Europeu | 5.809 | ABR/91 |

| Rural | 69.003 | ABR/91 |

| Tokio | 5.777 | ABR/91 |

| América do Sul | 477.680 | MAI/91 |

| Boavista | 71.473 | MAI/91 |

| Fenícia | 3.736 | MAI/91 |

| Crediplan | 1.328 | MAI/91 |

| Itamaraty | 37.583 | MAI/91 |

| Mitsubishi | 52.283 | MAI/91 |

| Crédito Real do Rio Grande do Sul | 11.647 | MAI/91 |

| Royal do Canadá | 1.037 | MAI/91 |

| Mercantil de Crédito | 22.248 | MAI/91 |

| Holandes Unido | 5.935 | MAI/91 |

| Pontual | 8.719 | MAI/91 |

| Banfort | 13.450 | JUN/91 |

| Mercantil de Pernambuco | 198 | JUN/91 |

| B.M.G. | 128 | JUN/91 |

| Mercantil de Descontos | 43.532 | JUL/91 |

| Lloyds | 37.689 | JUL/91 |

| Bancesa | 79.391 | AGO/91 |

| Industrial e Comercial | 118.683 | AGO/91 |

| Safra | 145.565 | AGO/91 |

| Produban | 66.295 | AGO/91 |

| Progresso | 337.045 | SET/91 |

| Nordeste do Brasil | 238.275 | OUT/91 |

| Estado da Paraíba | 49.194 | OUT/91 |

| Estado de Goiás | 254.937 | OUT/91 |

| Estado do Paraná | 1.461.295 | NOV/91 |

| Estado do Espírito Santo | 371.691 | NOV/91 |

| Nacional do Norte | 809.701 | NOV/91 |

| Geral do Comercial | 406.125 | NOV/91 |

| Estado de Rondônia | 79.373 | NOV/91 |

| Bradesco | 10.722.542 | DEZ/91 |

|-----------------------------------|----------------|---------|

| TOTAL EM 1991: 36 | 36.346.619 | |

----------------------------------------------------------------

Anexo IV (Continuação)

RELATÓRIO SINTÉTICO DE ACOMPANHAMENTO DA MIGRAÇÃO BANCOS

----------------------------------------------------------------

| B A N C O S M I G R A D O S E M 1 9 9 2 |

|--------------------------------------------------------------|

| BANCOS | QTDE DE CONTAS | MÊS/ANO |

|-----------------------------------|----------------|---------|

| Sudameris | 300.903 | JAN/92 |

| Noroeste | 601.764 | JAN/92 |

| Citybank | 1.531.233 | JAN/92 |

| Unibanco | 1.546.779 | JAN/92 |

| Itaú | 5.090.494 | FEV/92 |

| Estado do Rio Grande do Sul | 1.089.844 | FEV/92 |

| Mercantil de São Paulo | 373.094 | FEV/92 |

| Estado do Pará | 73.965 | FEV/92 |

| Cidade | 732.994 | MAR/92 |

| Estado de Sergipe | 64.190 | MAR/92 |

|-----------------------------------|----------------|---------|

| TOTAL EM 1992: 10 | 11.405.260 | |

----------------------------------------------------------------

----------------------------------------------------------------

| BANCOS EM PROCESSO DE MIGRAÇÃO |

|--------------------------------------------------------------|

| BANCOS | QTDE DE CONTAS | MÊS/ANO |

|-----------------------------------|----------------|---------|

| Banco do Brasil | 6.356.458 | ABR/92 |

| Estado do Ceará | 97.757 | ABR/92 |

|-----------------------------------|----------------|---------|

| TOTAL DE BANCOS EM MIGRAÇÃO: 2 | 6.454.215 | |

----------------------------------------------------------------

Anexo IV (Continuação)

----------------------------------------------------------------

| BANCOS A SEREM MIGRADOS |

|--------------------------------------------------------------|

| BANCOS | QTDE DE CONTAS | MÊS/ANO |

| Estado de Minas Gerais | 1.119.630 | |

| Banerj | 489.562 | |

| Estado de São Paulo | 2.255.612 | |

| Brasileiro Comercial | 89.864 | |

| AM Basa | 112.495 | |

| Comind | 1.099.600 | |

| Auxiliar | 1.000 | |

| Meridional | 1.826.325 | |

| Boston | 110.000 | |

| Frances e Brasileiro | 177.106 | |

| Crédito Real de Minas Gerais | 1.034.979 | |

| Bozano Simonsen | 279.233 | |

| Bandeirantes | 264.258 | |

| Estado do Mato Grosso | 74.000 | |

| Estado do Acre | 53.463 | |

| Estado do Piauí | 45.000 | |

| Real | 968.958 | |

| Econômico | 1.601.641 | |

| Estado de Santa Catarina | 532.038 | |

| Nacional | 1.108.460 | |

| Estado do Rio Grande do Norte | 120.000 | |

| Estado do Amazonas | 112.535 | |

| Mercantil do Brasil | 559.045 | |

| Estado de Pernambuco | 325.437 | |

| Estado do Maranhão | 50.825 | |

| Estado da Bahia | 395.000 | |

| Crédito Nacional | 746.113 | |

| Bamerindus | 4.908.128 | |

|-----------------------------------|----------------|---------|

| TOTAL BANCOS A SEREM MIGRADOS: 28 | 20.460.307 | |

----------------------------------------------------------------

Fonte: Diretoria Financeira da CEF - Departamento de Fundos e

Seguros.

ANEXO V

RESPOSTAS ELABORADAS PELA EQUIPE DE AUDITORIA ÀS INDICAÇÕES OBJETO

DA DENÚNCIA DOS REPRESENTANTES DOS TRABALHADORES NO CONSELHO

CURADOR DO FGTS (TC 008.757/91-7).

ESVAZIAMENTO DO CONSELHO CURADOR, se houve:

- sonegação de informações aos Conselheiros.

Pela necessidade de obterem as informações afetas às

deliberações do CCFGTS, os Conselheiros representantes da categoria

dos trabalhadores, com base na Resolução nº 36, de 23/05/91,

expediram o OF. CONTEC Nº 90/945, de 14/12/90, questionando a CEF

sobre 31 (trinta e um) itens relacionados com a operacionalização

do Fundo (fls. 134/137-vol. II).

Mediante o OF. Nº 037/91-P, de 06/02/91, a CEF respondeu

somente 13 (treze) quesitos dos 31 (trinta e um) inquiridos e

deixou assente que oportunamente encaminharia as demais informações

solicitadas (fls. 35/39 - Vol. II), o que não se tem notícias de

haver ocorrido.

Vale salientar que vários outros questionamentos foram

efetivados à CEF pelos Conselheiros supracitados, sem contudo

lograrem êxito (fls. 138/155-Vol. II).

- aprovação de matérias, desconsiderando o necessário processo

de discussão.

- aprovação do Plano Plurianual sem discussão prévia.

No que concerne às matérias que são submetidas à aprovação do

CCFGTS, por força de normas e regulamentos, temos a comentar que

sempre tiveram o necessário processo de discussão, embora, às

vezes, foram levadas ao colegiado para votação sem ter atingido a

concordância unânime dos Conselheiros presentes, ficando

estabelecido que informações adicionais, julgadas necessárias,

seriam fornecidas "à posteriori" àqueles que se posicionaram

contrários a tal decisão. A Ata da 8ª Reunião do Conselho Curador

(fls. 156/166-Vol. II) deixa bem claro os fatos aqui tratados, o

que nos leva a concluir que os representantes da categoria dos

trabalhadores foram voto vencido quando da apreciação das propostas

acerca do Orçamento Plurianual para o período de 1991/95 e o Plano

de Contratações e Metas Físicas para 1991, sendo esta a razão que

os levou a incluir este assunto no relatório encaminhado ao

Tribunal de Contas da União, o qual fez desencadear a execução

deste Trabalho.

- descumprimento de leis e Resoluções do Conselho.

- descumprimento, pelo MAS e pela CEF, de normas baixadas pelo

Conselho Curador, relativamente à geração de informações (balanços

e relatórios) pela CEF, necessárias à avaliação, pelo Conselho

Curador, da gestão do Fundo.

Atinente ao questionamento de descumprimento de leis e

resoluções do Conselho Curador do FGTS, detectamos que a legislação

pertinente não vem sendo observada pelos Órgãos Federais nos

seguintes aspectos:

a) a CEF informou que não tem condições técnicas, até a

presente data, de fornecer ao Conselho Curador os Relatórios

Gerenciais Trimestrais e também de responder alguns dos vários

questionamentos apresentados pelos Conselheiros, assuntos

estabelecidos nas resoluções 13 e 36 do CCFGTS, respectivamente,

bem como descumpriu, os arts. 12 e 23 da Lei 8.036/90, que tratam

da centralização e controle das contas vinculadas e da prestação ao

Ministério do Trabalho e da Previdência Social, de informações

necessárias à fiscalização do Fundo e ainda o art. 8º dessa mesma

lei, a qual impõe responsabilidades pelo fiel cumprimento e

observância dos critérios nela estabelecidos;

b) o Ministério da Ação Social - MAS descumpriu o art. 6º

incisos III e IV, da Lei 8.036/90 ao deixar de elaborar e submeter

o Orçamento/92 e o Plano Plurianual de Aplicação dos Recursos do

Fundo para o período de 1992/96, ao Conselho Curador, cujo prazo,

expirou-se em 31/07/91; e por não acompanhar os programas

decorrentes de aplicações de recursos do FGTS, implementados pela

CEF, bem como não vem observando os termos do art. 8º, que

responsabiliza o órgão pela observância e fiel cumprimento dos

critérios estabelecidos na mencionada lei;

c) ao Ministério do Trabalho e da Previdência Social - MTPS,

por intermédio do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS,

compete exercer a fiscalização do FGTS, nos termos do art. 23 da

Lei 8.036/90 e art. 54, do Decreto 99.684/90. O MTPS alega que o

pleno cumprimento da legislação citada depende da observância do

art. 23, parágrafo 7º da Lei 8.036/90 e art. 58 do Decreto

99.684/90 pela CEF e a rede arrecadadora, o que não se tem

constatado.

- sobreposição de interesse de outra natureza sobre os

interesses do FGTS.

À luz da documentação por nós examinada, não detectamos

procedimentos adotados pelos órgãos envolvidos com o FGTS, que

pudessem evidenciar sobreposição de interesse de outra natureza em

detrimento dos interesses do Fundo.

- insuficiência e adiamentos constantes das reuniões.

Sobre a insuficiêncncia e adiamentos constantes de reuniões do

CCFGTS, verificamos - através de calendário, lista de presença dos

Conselheiros e telex expedidos pelo MTPS - que ocorreram vários

adiamentos por ordem do Exmº Sr. Ministro Antonio Rogério Magri.

Das 05 (cinco) reuniões previstas para serem realizadas até

02/10/91, somente 03 (três) delas se concretizaram nesse período,

nas quais verificou-se a ausência da maioria dos Conselheiros

Efetivos representantes dos órgãos governamentais no CCFGTS (fls.

167/178-Vol. II).

- bloqueio dos recursos em cruzados novos, remunerados à base

de 3% e não a 6% como os demais ativos financeiros (fls. 32).

A respeito dos recursos do FGTS bloqueados por força da Medida

Provisária 168, de 15/03/90, com a redação que lhe foi conferida

pelo art. 1º da MP 174, de 23/03/90, temos a comentar que a

legislação pertinente deixa dúvidas quanto à sua interpretação.

A MP 168 supracitada foi transformada na Lei 8.024, de

12/04/90, e traz no seu art. 9º:

"Serão transferidos ao Banco Central do Brasil os saldos em

cruzados novos não convertidos na forma dos arts. 5º, 6º e 7º, que

serão mantidos em contas individualizadas em nome da instituição

financeira depositante."

Os artigos aqui citados não tratam dos recursos do FGTS, mas

deduz-se que realmente ficaram bloqueados, haja vista a edição das

Leis 8.088, de 31/10/90 e 8.128, de 20/12/90, as quais traduzem

respectivamente:

"Art. 13. É autorizado, a partir de 13/09/90, o pagamento

integral, em cruzados novos, de saldo devedor, inclusive de

parcelas atrasadas, de mutuários junto ao Sistema Financeiro da

Habitação (SFH), desde que seja efetuado em parcela única e o

contrato esteja enquadrado nas condições da Lei nº 8.004, de

14/03/90.

Parágrafo 1º.............................................

Parágrafo 2º - Poderão ser utilizados para a finalidade e nas

condições previstas neste artigo, observada a legislação

pertinente, os saldos das contas vinculadas do Fundo de Garantia do

Tempo de Serviço (FGTS) do proprietário ou coproprietário do

imóvel."

"Art. 2º - É autorizada a conversão em cruzeiros da totalidade

dos recursos em cruzados novos depositados nas contas vinculadas do

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e não transferidos ao

Banco Central do Brasil nos termos do art. 9º da Lei nº 8.024, de

1990."

À luz da legislação acima transcrita, entendemos que o art. 9º

da Lei 8.024 alcançou os recursos do Fundo, tendo em vista, também,

o art. 1º da Portaria nº 72, de 29/03/90, do Ministério da

Economia, Fazenda e Planejamento que vem corroborar com essa tese.

"Art. 1º Autorizar, por motivo de relevante interesse público

e social, a conversão em cruzeiros dos recursos em cruzados novos:

I - ...........................................

II - ..........................................

III - provenientes de saques do FGTS, pelos seguintes motivos:

a) despedida sem justa causa;

b) extinção total ou parcial da empresa, que implique rescisão

de contrato de trabalho;

c) aposentadoria concedida pela Previdência Social; e

d) falecimento do trabalhador."

Apresentadas as considerações dos itens anteriores, a nosso

ver, os recursos do Fundo, mesmo que parcialmente, estiveram

bloqueados no período de 15/03 a 12/12/90, datas da edição das

Medidas Provisórias 168 e 278 (transformadas nas Leis 8.024 e

8.128, respectivamente) e foi baseado neste fato que os

representantes da categoria dos trabalhadores no CCFGTS incluíram

no relatório enviado ao TCU, o questionamento da capitalização da

taxa de juros sobre os depósitos efetuados nas contas vinculadas.

O fato de os recursos do FGTS, pela sua natureza, não estarem

disponíveis como outros ativos financeiros, por assim entender ou

por omissão, o legislador não menciona tais recursos na Lei

8.024/90 por esta tratar basicamente dos ativos disponíveis como:

depésitos à vista, poupança, depósitos a prazo fixo e outros (art.

5º, 6º e 7º). E mesmo por que o FGTS é regido por lei própria (Lei

8.036/90), a qual define como o assunto deve ser tratado:

"Art. 13 - Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão

corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para

atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalizarão

juros de três por cento ao ano."

Por entendermos que a parcela de maior vulto de recursos do

FGTS (saques por demissão sem justa causa, e, aposentadoria,

falecimento, posteriormente, autorização para pagamento de parcelas

atrasadas e saldo devedor junto ao Sistema Financeiro da Habitação)

praticamente não foi alcançada pelo bloqueio de ativos financeiros,

concordamos que a CEF agiu corretamente ao adotar a taxa de juros

de três por cento ao ano, incidente nos saldos dos depósitos das

contas vinculadas, nos termos da legislação pertinente, que não foi

alterada ou revogada até a conversão em cruzeiros da totalidade dos

recursos em cruzados novos dos mencionados depósitos.

Apesar de assim entendermos, mas por se tratar de matéria de

difícil interpretação, somos de opinião que o assunto seja levado

ao Ministério Público, junto a este Tribunal - que é o foro

adequado e competente para dirimir dúvidas de natureza jurídica -

para apreciação e sua douta manifestação.

- distribuição dos recursos do Fundo por área de aplicação e

por Estado da Federação.

O Conselho Curador do FGTS, através da Resolução nº 09, de

28/02/90, estabeleceu critérios relativos a:

- Distribuição por Área de Aplicação;

- Condições Financeiras;

- Distribuição das Aplicações por Programas e Faixas de Renda;

- Distribuição das Aplicações por Unidades da Federação.

Todavia, o item 15 da mesma Resolução, estabeleceu que: "Os

critérios acima mencionados nos itens 1 a 14 desta Resolução são

válidos apenas para as novas contratações efetuadas no decorrer do

período 1990/94".

Levando-se em consideração esse aspecto, ou seja, que a

validade dos critérios de Distribuição por Área de Aplicação e por

Unidades de Federação, restringem-se "apenas para às novas

contratações efetuadas no decorrer do período 1990/94", a rigor,

teríamos que separar as aplicações relativas aos contratos

posteriores à edição da Resolução 09/90, e daí aplicar os

percentuais discriminados na citada Resolução.

Nessa linha, ao analisarmos o Relatório de 1990 do Ministério

da Ação Social (Volume III), deparamos com os seguintes problemas:

HABITAÇÃO

- Estados sem contratação após março/90 (Tabela 9-fls. 32,

Vol. III):

R. Nordeste = AC, AP e TO

Motivo: AC = 1 projeto eleito pelo MAS, porém não contratado

pela CEF.

AP = não apresentou projeto

TO = não apresentou projeto

- Estados que ultrapassaram os limites de aplicação por UF

(Tabela 1 a 12 - fls. 35, Vol. III):

R. Nordeste: AL, BA, CE, PB, PI, RN, SE

R. Norte: AM e PA

R. Sudeste: O

R. C-Oeste: GO

R. Sul: PR

- O estado do Rio de Janeiro foi o mais prejudicado. Foi

prevista uma aplicação de 313.772.000 BTNs, e só foi aplicado

efetivamente 8.199.000 BTNs (v. tabela 11 - fls. 34-Vol. III).

SANEAMENTO BÁSICO

- Estados sem contratação após março/90 (Tabela 16-fls. 39,

vol. III):

R. Nordeste: CE, MA, PI e RN.

R. Norte: AC, AM, PA, RO, RR e TO.

R. C-Oeste: MT

R. Sudeste: SP

R. Sul: O

- Estados com contratação após março/90, porém, sem desembolso

(aplicação), referente a esses contratos (Tabela 17-fls. 40, vol.

III):

R. Nordeste: PE e SE.

R. Norte: AP

R. Sudeste: ES

R. C-Oeste: DF

R. Sul: RS e SC

- Estados que ultrapassaram os limites de aplicação por UF

(Tabela 18 - fls. 41, Vol. III):

R. Nordeste: AL, BA e MA

R. Norte: AC e PA

R. Sudeste: O

R. C-Oeste: GO

R. Sul: O

- O Estado da Bahia se destacou na área de saneamento básico

ao receber 36,54% do total dos recursos, cerca de 154.334.000 BTNs.

O plano previa a aplicação de apenas 50.373.000 BTNs.

INFRA-ESTRUTURA URBANA

- Estados sem contratação após março/90 (Tabela 21 - fls. 44,

Vol. III):

R. Nordeste: CE, MA, PB, PI e RN

R. Norte: AC, AP, PA, RO, RR, TO

R. Sudeste: O

R. C-Oeste: GO

R. Sul: O

- Estados que ultrapassaram os limites de aplicação por UF

(Tabela 23 - fls. 46, Vol. III):

R. Nordeste: AL, BA, MA, PE e RN

R. Norte: AM e RO

R. Sudeste: ES

R. C-Oeste: GO e MT

R. Sul: O

- Estados com contratação após março/90, porém sem desembolso

(aplicação), referente a esses contratos (Tabela 22 - fls. 45, vol.

III):

R. Nordeste:O

R. Norte: O

R. Sudeste: MG e RJ

R. C-Oeste: DF e MS

R. Sul: PR e RS

Obs.: Os Estados de Pernambuco e da Bahia foram os mais

beneficiados na área de infra-estrutura pois, juntos receberam

64,37% dos recursos aplicados.

QUADRO DE DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS POR ÁREA

APÓS RESOLUÇÃO 09/90 (MAR a DEZ)

Em 1.000 BTN

---------------------------------------------------------

| CONTRATAÇÃO | % | APLICAÇÃO | % | ÁREA |

|-------------|-----|-----------|-----|-----------------|

| 686.215 | 30 | 422.420 | 42 | Saneamento |

| 117.536 | 5 | 101.241 | 10 | Infra-Estrutura |

| 1.474.089 | 65 | 474.385 | 48 | Habitação |

|-------------|-----|-----------|-----|-----------------|

| 1.277.840 | 100 | 998.046 | 100 | SOMA |

---------------------------------------------------------

ANTES DA RESOLUÇÃO 09/90 (JAN e FEV)

Em 1.000 BTN

---------------------------------------------------------

| CONTRATAÇÃO | % | APLICAÇÃO | % | ÁREA |

|-------------|-----|-----------|-----|-----------------|

| 829.282 | 54 | 861.101 | 37 | Saneamento |

| 282.562 | 19 | 423.047 | 18 | Infra-Estrutura |

| 411.497 | 27 | 1.042.197 | 45 | Habitação |

|-------------|-----|-----------|-----|-----------------|

| 1.523.341 | 100 | 2.326.345 | 100 | SOMA |

---------------------------------------------------------

TOTAL - 1990

Em 1.000 BTN

---------------------------------------------------------

| CONTRATAÇÃO | % | APLICAÇÃO | % | ÁREA |

|-------------|-----|-----------|-----|-----------------|

| 1.515.497 | 40 | 1.283.521 | 38 | Saneamento |

| 400.098 | 10 | 524.288 | 16 | Infra-Estrutura |

| 1.885.586 | 50 | 1.516.391 | 46 | Habitação |

|-------------|-----|-----------|-----|-----------------|

| 3.801.181 | 100 | 3.324.391 | 100 | SOMA |

---------------------------------------------------------

Na análise dos dados extraídos do Relatório do FGTS - 1990, do

Ministério da Ação Social, fica evidenciado que houve

descumprimento das disposições da Resolução nº 09 do Conselho

Curador do FGTS, editada em 05/03/90, no que tange à Distribuição

por Área de Aplicação e Distribuição das Aplicações por Unidades da

Federação.

Em virtude dessa constatação, sugerimos que seja recomendado

ao MAS a observância da Resolução 09, do CCFGTS quanto à aplicação

dos recursos do Fundo.

DAS CONTRIBUIÇÕES

- volume das contribuições dos recursos em débito pelos

empregadores;

- montante devido pelos Governos Federal, Estadual e

Municipal, e suas respectivas autarquias, fundações e outras

estatais e a quantas contas correspondem separadamente;

- total devido pela iniciativa privada e a quantas contas

corresponde;

- relação dos principais devedores de contribuições do FGTS.

As contribuições do FGTS são depositadas pelos empregadores em

contas bancárias vinculadas, de titularidade dos empregados,

mantidas na rede bancária.

Os depósitos correspondem a 8% (oito por cento) da remuneração

paga ou devida no mês anterior.

Sobre essas contribuições recolhidas na rede bancária

arrecadadora que administra as contas vinculadas, a CEF não tem

qualquer controle nem informação quanto a ausência de recolhimentos.

Questionada sobre o volume de débitos de contribuições para

com o FGTS devidas pelos empregadores, a CEF manifestou-se através

do expediente OF DEFUS 389/91, itens 1.1, 1.2 e 1.3 (fls.

64/65-Vol. I).

Nesse expediente a CEF apresentou respostas evasivas acerca do

não recolhimento regular dos depósitos do FGTS, possivelmente por

não querer explicitar, como Agente Operador do Fundo, a falta de

controle sobre os empregadores em débito.

Assim, limitou-se a informar que foi desenvolvido um sistema

de processamento de dados para controlar os débitos notificados

pela fiscalização. Contudo, finaliza sua resposta afirmando:

"...estamos impossibilitados de fornecer, com a confiabilidade

necessária, a relação dos devedores notificados pela fiscalização,

bem como os seus correspondentes valores".

O desenvolvimento de um sistema de processamento de dados

capaz de fornecer, a qualquer momento, informação acerca da

ausência de recolhimento das contribuições para com o FGTS

acreditamos tornar-se viável somente após a ultimação do processo

de migração das contas para a CEF, momento em que estarão

centralizados nessa instituição todos os dados do sistema FGTS.

- quais as medidas tomadas quando o empregador deixa de

depositar a contribuição do FGTS.

Instada a manifestar-se sobre essa questão, a CEF alega que

não é da sua competência exercer o controle sobre as contribuições

devidas pelos empregadores, conforme item 1.4 do OF DEFUS 389 (fls.

64/65-Vol. I).

Com referência aos débitos notificados pela fiscalização, a

CEF exige a devida regularização quando o empregador solicita o

Certificado de Regularidade do FGTS, momento em que comprova os

recolhimentos dos últimos 24 meses.

Ao informar que não exerce controle sobre as contribuições do

FGTS, a CEF demonstra cabalmente que descumpre o parágrafo 7º do

art. 23 da Lei 8.036/90, que dispõe:

"Parágrafo 7º. A rede arrecadadora e a Caixa Econômica Federal

deverão prestar ao Ministério do Trabalho e da Previdência Social

as informações necessárias à fiscalização."

Os débitos de contribuições constituem informação essencial à

atuação dos fiscais do FGTS em defesa dos direitos dos empregados,

e nessa ação a CEF é plenamente inoperante, embora tenha o dever

legal de colaborar.

Na falta de depósitos das contribuições do FGTS devidos pelos

empregadores o próprio trabalhador, seus dependentes e sucessores

podem acionar a empresa devedora, por intermédio da Justiça do

Trabalho, para compeli-la a efetuar os depósitos devidos, conforme

art. 25 da Lei 8.036/90.

Outra alternativa para o trabalhador defender seus direitos e

interesses relativos aos depósitos do FGTS é atuar por meio da

entidade sindical a que estiver vinculado.

Os sindicatos de empregados podem, sucessiva e

cumulativamente, formular denúncia à fiscalização do trabalho ou

ingressar com reclamação trabalhista, na condição de substituto

processual, contra o empregador inadimplente, com fundamento no

artigo 8º, inciso III, da Constituição Federal, conjugado com o

art. 25, "caput", da Lei 8.036/90. arts. 70 e 72 do Decreto

99.684/90 e Resoluções 48 e 49 do Conselho Curador do FGTS.

- resultado das fiscalizações exercidas no Fundo.

Tratamos neste item das fiscalizações exercidas no FGTS pelo

INSS-Instituto Nacional do Seguro Social, relativas à apuração de

débitos de contribuições para com o Fundo, conforme disposições do

art. 23 da Lei 8.036/90 e Capítulo IX do Decreto 99.684/90.

Além disso abordamos as fiscalizações exercidas pela CEF -

Caixa Econômica Federal de acordo com suas atribuições no sistema

do FGTS e também o resultado das fiscalizações feitas pelo

ex-IAPAS-Instituto de Administração Financeira da Previdência

Social em cumprimento ao art. 20 da Lei 5.107/66.

Fiscalizações exercidas pelo INSS

A competência para fiscalizar o FGTS junto aos empregadores e

tomadores de serviços é do MTPS-Ministério do Trabalho e da

Previdência Social que atua por meio do INSS, cuja ação

fiscalizadora é regida pelos arts. 626 a 642 da CLT - Consolidação

das Leis do Trabalho, além de outros normativos instituídos pelo

Ministério.

Na fiscalização do FGTS cabe ao Ministério a ação normativa,

enquanto que o INSS desenvolve a ação operativa.

Anteriormente à edição da Lei 8.036/90 e seu Regulamento

(Decreto 99.684/90) algumas ações foram desenvolvidas pelo

Ministério acerca das Inspeções do Trabalho, que alcançam também as

contribuições do FGTS.

A esse respeito foram editados os seguintes normativos:

- Portaria nº 3.308, de 29/11/89, que instituiu a Comissão

Sindical de Avaliação da Inspeção do Trabalho (fls. 74-Vol. I);

- Portaria nº 3.311, que estabeleceu parâmetros balizadores do

Programa de Desenvolvimento do Sistema Federal de Inspeções do

Trabalho (fls. 75/81-Vol. I);

- Portaria nº 01/90, de 01/02/90, que aprovou modelos de

formulários para serem utilizados na fiscalização (fls. 82/84-Vol.

I);

- instrução Normativa nº 01/90, de 01/02/90, que tratou

especificamente da fiscalização do FGTS (fls. 85/88-Vol. I);

- Portaria nº 3.059, de 13/03/90, que apurou procedimentos de

tramitação de processos administrativos do FGTS (fls. 89/95-Vol. I);

- Portaria nº 3.434, de 22/08/91, que trata da unificação das

ações de inspeção do trabalho e fiscalização previdenciária (fls.

96-vol. I);

- Portaria Conjunta INSS/DAF/DRT nº 01, de 04/09/91, que

instituiu grupo de trabalho para elaborar projeto de integração das

fiscalizações do trabalho e previdenciárias (fls. 97-Vol. I);

- instrução Normativa nº 01/91, de 18/10/91, que estabeleceu

os procedimentos a serem adotados na fiscalização do FGTS (fls.

98/103-vol. I).

A inclusão das inspeções do trabalho na área de competência do

INSS e a absorção das Delegacias Regionais do Trabalho-DRTs por

esse Instituto foram implementadas por meio das Medidas Provisórias

nºs 216, 240 e 259, de 31/08/90, 02/10/90 e 01/11/90,

respectivamente (fls. 104/106, volume I).

A identificação de débitos para com o FGTS no âmbito

administrativo e a condução dos correspondentes processos foram

objeto de manifestação da Consultoria Jurídica do MTPS externada em

relatório apresentado ao Ministro do MTPS (fls. 107/108-Vol. I).

Nesse documento a Consultoria Jurídica levantou uma questão de

ordem legal de suma importância para os resultados das fiscalização

de contribuições do FGTS. Trata-se da competência para o

ajuizamento de ações de cobrança, não prevista na Lei 8.036/90.

Entende aquela Consultoria Jurídica que a competência para

ajuizar débitos para com o FGTS apurados em processos

administrativos necessita de previsão legal e, para isso, sugere ao

Ministro que encaminhe ao Presidente da República projeto de lei

disciplinando a matéria.

Instada a manifestar-se perante o Titular do MTPS sobre a

atuação da fiscalização do FGTS, a Diretora de Relações do Trabalho

do INSS apresentou em 20/06/91 Relatório de Informação onde traz à

baila, dentre outros, os seguintes problemas:

- a quantidade de Agentes de Inspeção do Trabalho em atividade

externa (aproximadamente 2.000) é insuficiente;

- ausência de um cadastro nacional de empresas com informações

sobre recolhimentos que permitam um direcionamento mais racional da

ação fiscalizadora;

- a CEF não fornece uma relação de empresas inadimplentes com

as contribuições do FGTS;

- aponta a existência de 1,5 milhão de empregadores (passíveis

da ação fiscal) em confronto com o reduzido número de Agentes de

Inspeção do Trabalho;

- alega que a fiscalização do FGTS somente será eficaz se o

INSS tiver acesso a uma relação de inadimplentes e for viabilizada

a cobrança judicial dos débitos para com o FGTS por meio das

entidades sindicais.

Em 21/06/91 a Divisão de Supervisão Técnico-Operacional do

INSS elaborou um relatório sobre as ações empreendidas pela

fiscalização do FGTS, em atendimento ao MEMO CIRCULAR

INSS/DRT/GAB/NR. 004/91 (fls. 109-vol. I).

Nesse relatório foi apresentada a atuação das Unidades de

Relações do Trabalho nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul,

Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Em São Paulo foram fiscalizadas 499 empresas. Dessa

fiscalização resultou recolhimentos no montante de Cr$ 22,8 milhões

e notificações para recolhimento no valor de 42 milhões.

A Unidade do Rio Grande do Sul efetivou Levantamento de

Débitos em diversas empresas nos meses de março, abril e maio de

1991 apurando inadimplências da ordem de Cr$ 287 milhões que,

atualizado até 21/06/91 representava aproximadamente Cr$ 2 bilhões.

A Unidade de Minas Gerais apurou um débito de Cr$ 287,5

milhões devidos por apenas duas empresas fiscalizadas. Esse valor

atualizado monetariamente até 21/06/91 representava a importância

de Cr$ 3 bilhões.

No Estado do Rio de Janeiro foi constatado que a maioria das

Prefeituras do Interior não recolhe o FGTS desde 1971. Os fiscais

apuraram um débito da ordem de Cr$ 7,1 bilhões em valores de

13/12/90.

Esse total atualizado até 21/06/91 chegava ao montante de Cr$

11 bilhões (fls. 142/165-Vol. I).

Destacamos os dez maiores débitos de contribuições do FGTS

devidos por Prefeituras Municipais do Estado do Rio de Janeiro,

conforme demonstrado no seguinte quadro:

-------------------------------------------------

| Prefeituras | Débitos em Cruzeiros |

| | atualizados até 13/12/90 |

|--------------------|--------------------------|

| Nova Iguaçu | 1.705.444.587,17 |

| São Gonçalo | 727.355.276,22 |

| Campos | 684.492.661,61 |

| Barra Mansa | 492.563.576,05 |

| Duque de Caxias | 273.580.989,66 |

| São João do Meriti | 218.365.809,25 |

| Valença | 213.469.927,46 |

| Magé | 191.226.639,09 |

| Cabo Frio | 176.613.786,87 |

| Itaboraí | 164.506.997,83 |

-------------------------------------------------

Em 09/10/91, a Divisão de Relações do Trabalho do INSS prestou

informações à Coordenação de Relações do Trabalho/INSS por meio do

documento OF/DRT/CRT/INSS/RJ Nº 537, destacando que diversas

Prefeituras Municipais do Estado do Rio de Janeiro solicitaram

perante a CEF naquele Estado, parcelamento de débitos para com o

FGTS. Acrescenta, ainda, que a maioria daqueles pedidos estão em

fase de análise (fls. 110-Vol.I).

De acordo com informações constantes do expediente

DRT/INSS/GAB, de 16/09/91 (fls. 111/114-Vol. I), a Diretora de

Relações do Trabalho apresentou ao Ministro do MTPS os seguintes

dados acerca da fiscalização do FGTS:

- a partir de dezembro/90 foram ministrados 22 cursos de

treinamento aos Agentes de Inspeção do Trabalho que atuam na

fiscalização do FGTS;

- a ação fiscal desenvolvida pelo INSS no período de janeiro a

julho/91 apresentou os seguintes resultados:

1. empresas fiscalizadas......................18.646

2. empresas notificadas........................3.638

3. empresas em atraso............................980

4. empregados alcançados.....................848.136

5. receita auferida em decorrência da ação...Cr$ 514,4 milhões

6. autos de infração lavrados....................765

7. valor das multas impostas.................Cr$ 176,7 milhões

8. empresas notificadas sem recolhimento.....Cr$ 1,4 bilhão

- a ação fiscal passa a ser desenvolvida com base na lista dos

600 (seiscentos) maiores devedores para com a Previdência Social e

batimento desta com o cadastro instituído pela Lei 4.932.

No âmbito do Conselho Curador do FGTS foram editadas as

Resoluções de nºs 48 e 49, de 18/09/91 e 12/11/91, respectivamente

(fls. 115/117-Vol. I). Esses normativos integram as entidades

sindicais à fiscalização do FGTS.

De acordo com essas Resoluções os sindicatos estão aptos a

formular denúncias à fiscalização do trabalho e ingressar com

Reclamatória Trabalhista contra empregadores inadimplentes perante

a Justiça do Trabalho, como substituto processual.

Cabe ainda ressaltar que o INSS dispõe de Fiscais do Trabalho,

que são incumbidos de fiscalizar o FGTS, em todas as Unidades da

Federação. Contudo, foram desenvolvidas fiscalizações no FGTS, no

período de janeiro a julho/91, somente em 12 (doze) estados,

conforme dados apresentados no relatório elaborado pela Diretora de

Relações do Trabalho, intitulado "Resultado da Ação Fiscal

Referente ao FGTS Acumulado no Ano de 1991" (fls. 118/119-Vol. I).

A ação fiscal desenvolvida no FGTS foi inibida, também, pela

ausência de 172 (cento e setenta e dois) Fiscais do Trabalho, que

se encontram em disponibilidade, conforme Relação de Pessoal

emitida em 26/09/91 (fls. 120/139-vol. I).

Resultado das fiscalizações feitas pelo Ex-IAPAS

Anteriormente à publicação da Lei 8.036/90, a competência para

efetuar o levantamento dos débitos do FGTS e fazer as cobranças

administrativa e judicial era dada à Previdência Social, conforme

art. 20 da Lei 5.107/66, que vigeu de 01/01/67 a 11/10/89.

Do exercício dessa competência resultou a formalização pelo

ex-IAPAS-Instituto de Administração Financeira da Previdência

Social de 57.558 Processos Administrativos referentes a débitos de

contribuições do FGTS devidas por empregadores (fls. 140-Vol. I).

Esses processos encontram-se atualmente com tramitação

paralisada junto à CEF, que a respeito dessa ocorrência alega a

interrupção na rotina de fiscalização do FGTS, decorrente da edição

da Lei 7.839/89 (posteriormente revogada pela lei 8.036/90),

conforme item 1.9 do OF DEFUS 389/91, de 06/11/91 (fls. 68-Vol. I).

O valor financeiro que representa esses processos é

desconhecido pela CEF, no montante, porque a rotina de fiscalização

contemplava apenas a documentação, sem apurar o valor envolvido.

Contudo, as notificações cadastradas no sistema de

processamento de dados permitem apurar o valor envolvido quando

determinado empregador solicita quitação do seu débito.

Finalizando esse item sobre a ação fiscal exercida para apura

os débitos de contribuições do FGTS devidas pelos empregadores

ressaltamos que a CEF e os demais bancos depositários têm o dever

legal de prestar informações úteis à fiscalização, conforme art.

23, parágrafo 7º, Lei 8.036/90 e art. 58 do Decreto 99.684/90.

Contudo, a ausência dessas informações não inibe,

necessariamente, a ação do órgão fiscalizador, embora possa

contribuir para tornar mais eficiente e eficaz essa atribuição.

Ocorre, ainda, que o ex-IAPAS fiscalizava o FGTS sem dispor de

qualquer informação da rede arrecadadora, não justificando, assim,

a pouca atuação alegando falta de informação dos bancos.

Outro aspecto de grande relevância para o resultado da ação

fiscal é a titularidade de ação para ajuizar os débitos de

contribuições para com o FGTS apurados em processos administrativos.

A esse respeito a vigente Lei 8.036 é omissa, ao contrário da

Lei 5.107/66 que em seu art. 20 dava competência à Previdência

Social para proceder à cobrança judicial dos débitos para com o

FGTS.

A ausência dessa disposição legal vem incentivando os

empregadores a não recolherem os seus débitos na esfera

administrativa, embora apurados pela fiscalização. Por isso, é

necessária a edição de lei que estabeleça competência para cobrança

judicial daqueles débitos, tornando, com isso, eficaz a atuação dos

fiscais do FGTS, uma vez que acreditamos não ser suficiente para

suprir uma lacuna na lei federal as disposições da Resolução nº 52

do CCFGTS-Conselho Curador do FGTS, que trata da cobrança judicial

das contribuições devidas ao FGTS (fls. 116-Vol. I).

Concluindo esse item apresentamos algumas sugestões para que

sejam implementadas melhorias no sistema de fiscalização das

contribuições do FGTS. Com esse intuito sugerimos que sejam

adotadas as seguintes providências:

- determinar à CEF que desenvolva sistema de processamento de

dados capaz de viabilizar o cumprimento do parágrafo 7º do art. 23

da Lei 8.036/90 apresentando, dentre outras informações necessárias

à fiscalização, relatório com nome e endereço dos empregadores

adimplentes/inadimplentes com as contribuições do FGTS, informando

as providências adotadas a esse respeito nas contas do Fundo

relativas ao exercício de 1991;

- determinar que a CEF informe nas contas do FGTS de 1991 as

providências adotadas acerca dos 57.558 Processos Administrativos

de débitos para com o FGTS, de forma que seja conhecido o valor em

cruzeiros desses processos, informando nas contas de 1991 as

providências adotadas a esse respeito;

- recomendar ao Ministério do Trabalho e da Previdência Social

que edite ato normativo para definir quais são as informações

necessárias à fiscalização do FGTS a serem prestadas pela CEF e

demais bancos depositários, conforme previsto no art. 58 do Decreto

99.684/90;

- comunicar à Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço

Público da Câmara dos Deputados sobre a conveniência de ser

elaborado, com fundamento no art. 61, "caput", da Constituição

Federal combinado com os arts. 22, inciso I. 32, inciso XII, alínea

"c"; 108 e 109, inciso I e parágrafo 1º, inciso II, do Regimento

Interno da Câmara dos Deputados instituído pela Resolução nº 017,

de 21/09/89, Projeto de Lei atribuindo competência legal para

cobrança judicial dos débitos de contribuições para com o FGTS,

apurados pela fiscalização.

- recomendar ao Ministério do Trabalho e da Previdência

Social-MTPS que adote providências no sentido de que os Fiscais do

Trabalho postos em disponibilidade retornem às suas atividades.

RESULTADO DAS FISCALIZAÇÕES FEITAS PELA CEF NAS APLICAÇÕES DE

RECURSOS DO FGTS

Nesse tópico tratamos das fiscalizações realizadas na CEF nos

agentes que atuam na aplicação de recursos do FGTS.

Visitas a Obras Financiadas com Recursos do FGTS

Atendendo nossa solicitação efetuado por meio do Ofício EA

03/91, quesitos 06 e 07 (fls. 40/41- Vol. II), sobre a quantidade

de obras em execução financiadas com recursos do FGTS e as visitas

feitas "in loco" para verificar o andamento das mesmas, a CEF

apresentou, através do expediente OF DEFUS 389/91, subitens 1.6 e

1.7 (fls. 67-Vol. I) os seguintes dados:

- quantidade de obras em execução:

1. habitação popular:...........1.177

2. saneamento básico:........... 156

3. infra-estrutura:............. 128

TOTAL 1.461

- visitas realizadas no período de janeiro/90 a setembro/91:

1. saneamento e infra-estrutura:...4.127

2. habitação:......................7.563

Cabe ressaltar que essas visitas destinam-se a verificar a

execução das obras para efeito de liberação de parcelas dos

correspondentes empréstimos, não assumindo a CEF responsabilidades

pela segurança e qualidade das obras construídas.

Inspeções Realizadas nas Operações de 2ª linha

Nas operações em que a CEF atua como banco de 2ª linha,

concedendo empréstimo a um Agente Financeiro, são inspecionadas

pelo DEINS-Departamento de Inspeção.

Em 1990 foram inspecionadas 294 unidades das 428 passíveis de

inspeção e em 1991 esse trabalho foi desenvolvido em apenas 200

unidades das 446 sujeitas a esse procedimento, conforme demonstram

os dados constantes do relatório intitulado "Demonstrativo

Estatístico das Inspeções Realizadas" (fls. 43/44-Vol. II).

No desenvolvimento de suas atividades o DEINS constatou a

ocorrência de problemas em alguns órgãos de governos estaduais,

dentre os quais abordamos os seguintes:

- Companhia de Saneamento do Pará/COSANPA

Por meio de Resolução da Diretoria da CEF foi autorizada em

14/04/87 uma operação de crédito no valor de Cr$ 96 milhões com a

COSANPA-Companhia de Saneamento do Pará para ampliar os Sistemas de

Abastecimento de Água em Belém através de melhorias na Barragem do

Lago Água Preta (fls. 46-Vol. II).

Posteriormente, a CEF autorizou uma nova operação à COSANPA,

com a mesma finalidade da primeira, no valor de NCz$ 792 milhões,

conforme Resolução da Diretoria de 21/12/89 (fls. 48-Vol. II).

As operações foram formalizadas através dos contratos de nºs

CT 0028/87 e CT 0050/90 de 15/05/87 e 02/01/90, respectivamente

(fls. 55/67-Vol. II).

As operações da COSANPA foram inspecionadas pelo DEINS.

Nesse trabalho o Departamento constatou que houve utilização

de recursos financiados para fins não previstos nos contratos,

conforme relatório RR 01/91, de 02/08/91 (fls. 49/51-Vol. II).

Outras ocorrências foram detectadas nas operações da COSANPA,

dentre elas realçamos as seguintes:

- além das obras de recuperação da Barragem foram construídos

2 (dois) prédios cujo objeto não era financiado;

- as obras da Barragem foram contratadas sem licitação com

fundamento de emergência e urgência, que não contempla a construção

de Unidades Administrativas;

- as faturas apresentadas à CEF indicam a construção de

Barragem, em lugar de construção civil de uso administrativo, o que

configura falsidade ideológica;

- os custos dos prédio foram imputados à Barragem.

Cabe ressaltar que as obras da Barragem estão concluídas e as

Obras da Estação de Tratamento estão paralisadas por motivo de

inadimplência da COSANPA e do BANPARÁ-Banco do Estado do Pará, o

que impede a liberação de recursos previsto em cronogramas. A obra

se encontra atualmente com 52% executada, conforme OF DESAN Nº 591,

de 31/10/91 (fls. 45-vol. II).

- Companhia de Habitação Popular do Estado do Rio Grande do

Norte/COHAB-RN

Na COHAB/RN o DEINS detectou problemas de natureza operacional

e financeira, para os quais formulou sugestões, conforme Relatório

RO NUFEX/91, de 14/06/91 (fls. 68/70-Vol. II), dentre as quais:

- o Governo do Estado do Rio Grande do Norte deve prestar

assistência financeira à COHAB-RN para cobrir seu passivo a

descoberto da ordem de Cr$ 225 milhões em dezembro/91.

- opina desfavoravelmente à isolada negociação da dívida da

COHAB/RN com a CEF.

- a CEF deve empreender a execução das garantias operacionais

constituídas com a COHAB/RN.

Cia de Habitação Popular do Estado do Maranhão/COHAB-MA

Na COHAB-MA o DEINS constatou a existência de graves problemas

financeiros naquela instituição, apontados no Relatório NUFEX

052/91, de 24/07/91 (fls. 79/85-Vol. II).

Das questões ali suscitadas cabe destacar as seguintes:

- existência de um déficit crônico que frustrará qualquer ten-

tativa de a empresa honrar seus compromissos;

- débito perante a CEF no montante de Cr$ 763 milhões em

01/06/91;

- não pagamento de encargos fiscais, sociais e trabalhistas,

inclusive contribuição com o FGTS no valor de Cr$ 2,5 milhões em

30/05/91;

- a COHAB-MA convive sob a influência e interesses

político-partidários que a desviam de seus objetivos;

- com base nos balanços de 1989 e 1990 a companhia apresenta

um capital circulante sempre negativo o que demonstra a

incapacidade da COHAB-MA saldar seus compromissos de curto prazo;

- a COHAB-MA revela disponibilidade financeira futura

negativa, insuficiente, pois, para saldar seus compromissos de

longo Prazo;

- em 1990 a COHAB-MA apresentou um prejuízo de Cr$ 138 milhões

que somado a resultados de exercícios anteriores chega a Cr$ 170

milhões de prejuízo acumulado.

Cia de Habitação do Estado do Rio Grande do Sul/COHAB-RS.

Na COHAB-RS as irregularidades constatadas pelos inspetores da

CEF estão consignadas nos documentos RO NUFEX 070/91, de 02/08/91,

e OF DEINS III 070/91, de 10/09/91 (fls. 97/101-Vol. II). Sobre

essas ocorrências a COHAB-RS manifesta-se através do expediente

OF/DP nº 1883, de 07/10/91 (fls. 94/96-Vol. II).

Dos problemas verificados na COHAB-RS cabe destacar os

seguintes:

- ocorrência de paralisação de projetos cujas obras não foram

iniciadas, gerando transtornos para a CEF;

- o inadimplemento de mutuários e a invasão de conjuntos

habitacionais agrava a situação de inadimplência da COHAB-RS que

vem gerando constantes prejuízos para a CEF;

- o desempenho operacional da COHAB-RS é julgado pelo inspetor

da CEF como péssimo, que afirma ainda ser aquele agente incapaz de

administrar seus próprios créditos;

- desde 1986 a COHAB-RS não repassa à CEF os valores

referentes às liquidações antecipadas num total de 598.587,08804

UPF;

- inadimplência perante a CEF relativa às prestações dos

empréstimos em retorno, vencidas no período de fevereiro a junho/91

cujo montante alcança a importância de Cr$ 711 milhões;

- não recolhimento do FGTS dos funcionários relativo ao

período de janeiro a maio/91.

Com referência ao repasse das quitações antecipadas e ao

pagamento do retorno dos empréstimos a COHAB/RS informa que está

desenvolvendo negociações a respeito e quanto ao recolhimento do

FGTS dos seus empregados foi efetuado o pagamento integral do

débito.

As irregularidades existentes nas Companhias Estaduais de

Habitação e Companhias Estaduais de Saneamento são de grande vulto.

Nesse trabalho examinamos 3 (três) COHAB's e 1 (uma) Companhia de

Saneamento, acerca das quais propomos as seguintes providências:

- determinar à CEF que proceda a apuração de responsabilidade

perante a COSANPA-Companhia de Saneamento do Estado do Pará

tomando, caso necessário, as medidas judiciais cabíveis, acerca do

desvio de recursos do FGTS ocorrido no cumprimento dos Contratos CT

0028/87 e CT 0050/90 informando nas contas do FGTS de 1991 todas as

providências tomadas junto à COSANPA.

- recomendar à CEF que proceda à execução das garantias

operacionais constituídas nas operações de empréstimos concedidos

com recursos do FGTS às COHAB's dos Estados do Rio Grande do Norte,

Maranhão e Rio Grande do Sul.

- determinar à CEF que demonstre nas contas do FGTS de 1991 o

valor dos empréstimos concedidos com recursos do FGTS para

aplicação nas áreas de Habitação, Saneamento e Infra-Estrutura

vencidos e não honrados até 31/12/90, de responsabilidade das

Companhias Estaduais de Habitação e Companhias Estaduais de

Saneamento.

FISCALIZAÇÕES NA REDE BANCÁRIA PARA EFEITO DE MIGRAÇÃO DE CONTAS

A atividade de fiscalização do FGTS na rede bancária é

exercida por inspetores da CEF.

Em 1990 foram inspecionadas 141 das 156 centralizadoras

passíveis de fiscalização. Essas inspeções foram dirigidas ao

processo migratório das contas vinculadas do FGTS da rede bancária

para a CEF.

No exercício de 1991 foram visitadas 105 centralizadoras

nacionais de bancos onde foram vistos aspectos pertinentes à

transferência das contas vinculadas para a CEF, conforme "Nota

Sobre a Atividade de Fiscalização/FGTS na Rede Bancária" (fls.

179-Vol. II).

Os trabalhos de inspeção junto aos bancos depositários são

realizados segundo critérios estabelecidos nos documentos "Roteiro

de Trabalho-RT" e "Roteiro de Inspeção a Ser Realizadas nos Bancos

Depositários Visando à Migração das Contas Vinculadas para a CEF"

(fls. 180/189-vol. II).

Dentre os aspectos verificados durante as inspeções realizadas

nos bancos, destacamos os seguintes:

- atualização do processamento;

- pagamento de tarifa;

- controle contábil e financeiro;

- levantamento contábil;

- contas vinculadas;

- conciliações e inventários.

Das inspeções realizadas na rede bancária salientamos os

principais problemas detectados nos seguintes bancos:

- Banco do Comércio e Indústria de São Paulo S.A. - COMIND

Os problemas com as Contas Vinculadas do FGTS administradas

pelo COMIND são antigos. A esse respeito selecionamos algumas

questões apontadas em relatório elaborado pela CEF com o título

"Síntese das Atividades Desenvolvidas Junto ao COMIND" (fls.

190/194-Vol. II):

- por meio do expediente C/OFGTS-000/81, julho/81, o BNH-Banco

Nacional da Habitação reclama do grande atraso verificado na

escrituração das contas do FGTS do COMIND ressaltando a falta de

segurança e confiabilidade da escrituração feita por aquele banco.

- o expediente OF DIFIN/78/85, de 04/12/86, relata

inconsistências verificadas na carteira do FGTS no COMIND.

- por meio do OF/GP/487/86, de 20/06/86, o BNH requer a

constituição de reserva no COMIND, para cobertura de eventuais

prejuízos verificados no FGTS.

Por meio do Voto DIFIS-87/004 BCB 044/87, de 10/02/87, o Banco

Central aprovou a constituição no COMIND de provisão especial para

garantir crédito do BNH relativos ao FGTS. Essa provisão

correspondeu ao valor pleiteado pelo BNH, ou seja, Cz$ 2.021

milhões, moeda vigente à época (fls. 195/209-Vol. II).

A constituição da reserva operou-se mediante provisão feita em

ativos reais. Conforme item 8, alíneas "a" e "b", do VOTO BACEN

DIFIS 87/004, de 10/02/87 e Carta COMIND, de 15/03/88, citada no

item 26 do documento da CEF intitulado "Síntese das Atividades

Desenvolvidas junto ao COMIND".

A referida provisão foi constituída visando garantir ao BNH,

na época gestor do FGTS, a reposição dos valores pagos ou

transferidos a maior a partir de 1972, cujo montante só será

apurado após a conclusão da conciliação geral da Carteira do FGTS,

conforme informações contidas no documento IF DEFUG/DICAF 021/89

(fls. 210/213-vol. II).

Banco Nacional S.A.

Na inspeção realizada no Banco Nacional S.A. que deu origem ao

relatório RE/FGTS-FEV/91, de 04/02/91 (fls. 214/219-Vol. II), foram

detectados, dentre outros, os seguintes problemas:

- o Banco não tomou nenhuma providência acerca da

transferência das contas vinculadas para a CEF;

- contabilização em duplicidade de JAM-Juros e Atualização

Monetária;

- erros e omissões de lançamentos nas agências do Banco;

- agências fazem recolhimentos e pagamentos do FGTS sem

efetuarem o correspondente registro contábil.

Banco do Estado de Pernambuco S.A. - BANDEPE

No Banco do Estado de Pernambuco S.A. os inspetores da CEF

levantaram algumas questões que foram abordadas no relatório

RE/FGTS-MAR/91, de 27/03/91 (fls. 220/224-Vol. II) dentre a quais

destacamos as seguintes:

- do confronto entre o saldo registrado nas rubricas contábeis

do FGTS e o somatório dos saldos das contas vinculadas foi

constatada uma diferença de Cr$ 3.551.486,87;

- da análise dos "Relatórios Gerados pelo Programa Auditor"

foi verificado que das 326.411 contas vinculadas administradas pelo

BANDEPE 30.172 apresentavam erros de diversas naturezas;

- constatou-se também a existência de um grande número de

contas em duplicidade;

- verificou-se ainda que a carteira do FGTS do BANDEPE não

apresentava condições para migração das contas do FGTS.

De acordo com a informação contida no expediente OF

DEFUS/DIFIS 877/91, de 18/07/91 (fls. 225/226-Vol. II), a diferença

existente na carteira do FGTS do BANDEPE representava, em 10/07/91,

o montante de Cr$ 134.108.384,69.

Banco Econômico S.A.

Com a finalidade de implementar a migração das contas

vinculadas administradas pelo Banco Econômico a CEF realizou

inspeção naquela instituição financeira onde foi elaborado o

relatório RO/FGTS-MAR 91, de 22/03/91 (fls. 227/232-Vol. II).

A respeito das questões suscitadas naquele relatório o Banco

foi comunicado pela CEF para tomar as providências cabíveis,

conforme OF DEFUS/DIFIS 859/91, de 18/07/91 (fls. 233/237-Vol. II).

Dos problemas tratados nesse expediente ressaltamos os seguintes:

- o estado crítico dos serviços do FGTS no Banco Econômico é

fato impeditivo para a migração das contas vinculadas;

- ocorrência de atraso superior a quatro meses no

processamento das contas vinculadas;

- atraso de mais de dois anos na transferência de contas

vinculadas;

- diferença de Cr$ 3.185.489,06 na conciliação da conta

"Recebimento do FGTS";

- constatação pelo Programa Auditor da existência de 85.818

saldos devedores que representavam o montante de Cr$ 95.840.561,87;

- ocorrência de pagamentos irregulares.

O descontrole verificado nas carteiras do FGTS de alguns

bancos requer a tomada de medidas urgentes por parte da CEF a fim

de que o Fundo seja ressarcido de eventuais prejuízos decorrentes

da má administração das contas vinculadas mantidas na rede bancária.

Em decorrência dessa circunstância sugerimos que seja

determinado à CEF a implementação das seguintes providências:

- concluir a conciliação das carteiras do FGTS mantidas nos

bancos COMIND, BANDEP e ECONÔMICO;

- informar nas contas do FGTS de 1991 as providências adotadas

acerca das ocorrências verificadas nos Bancos COMIND, BANDEPE e

ECONÔMICO;

- apurar a origem das diferenças verificadas naqueles bancos e

informar nas contas do FGTS de 1991 o montante das mesmas e

mencionar ainda se aquelas diferenças representam prejuízos para o

Fundo, para os empregados titulares das contas vinculadas, etc.

DAS APLICAÇÕES

- Quanto foi aplicado e contratado em 1990 mês a mês a cada

tipo de programa.

SANEAMENTO BÁSICO

APLICAÇÃO/1990

"VIDE QUADRO NO DOCUMENTO ORIGINAL"

CONTRATAÇÃO/90

"VIDE QUADRO NO DOCUMENTO ORIGINAL"

INFRA-ESTRUTURA URBANA PROGRAMA: PRONURB

1990 Em VRF

------------------------------------

| MÊS | CONTRATAÇÃO | APLICAÇÃO |

|-------|-------------|------------|

| JAN | 14.168.416 | 6.462.174 |

| FEV | 7.613.187 | 6.136.215 |

| MAR | O | 2.054.554 |

| ABR | O | 752.228 |

| MAI | O | 1.846.928 |

| JUN | O | 1.041.546 |

| JUL | O | 879.953 |

| AGO | O | 1.398.470 |

| SET | O | 2.344.770 |

| OUT | O | 1.048.901 |

| NOV | 973.701 | 4.121.971 |

| DEZ | 7.809.401 | 3.085.263 |

|-------|-------------|------------|

| TOTAL | 30.528.705 | 31.172.973 |

------------------------------------

FONTE: Divisão de Apoio Gerencial-DIAGE/DEFUS/CEF

HABITAÇÃO POPULAR - TODOS OS PROGRAMAS Em VRF

MÊS CONTRATAÇÃO APLICAÇÃO

JAN 20.555.251 7.639.072

FEV 17.083.709 10.991.622

MAR 13.023.085 7.761.902

ABR O 7.943.917

MAI O 9.205.620

JUN 32.028 12.098.494

JUL 584.770 9.631.200

AGO 2.120.266 9.537.459

SET 4.302.176 10.378.760

OUT 11.275.210 10.342.117

NOV 33.171.496 14.189.665

DEZ 47.640.710 16.491.760

TOTAL 149.788.701 126.211.588

FONTE: Divisão de Apoio Gerencial-DIAGE/DEFUS/CEF

OBS: A CEF não dispõe dos dados de 1990, área de Habitação, por

programa (informação: Dep. de Manutenção de Sist. e Controle-DEMCO)

- quanto foi contratado para agentes públicos e privados.

- quantos contratos foram feitos em cada Área (habitação,

Saneamento e Infra-Estrutura.

Apresentamos nas tabelas abaixo elaboradas o volume das

contratações feitas com recursos do FGTS nas áreas de habitação,

saneamento e infra-estrutura.

1989 HABITAÇÃO POPULAR

SETOR PÚBLICO Em VRF

------------------------------------------------------------

| Q. CONTR | Q. UNID | VR. CONTR | PROGRAMAS |

|----------|---------|------------|------------------------|

| 56 | 16.941 | 33.959.027 | PROHAP - Setor Público |

------------------------------------------------------------

SETOR PRIVADO Em VRF

-----------------------------------------------------------------

| Q. CONTR | Q. UNID | VR. CONTR | PROGRAMAS |

|----------|---------|------------|-----------------------------|

| 10 | 3.222 | 5.638.210 | Cooperativas e Assemelhados |

| 33 | 11.454 | 14.203.066 | PROHAP-Setor Privado/Pl. |

| -------- | ------ | ---------- | Empr. Pop. |

| | | | --------------------------- |

| 43 | 14.676 | 19.841.276 | SOMA |

| ======== | ======= | ========== | =========================== |

| 99 | 31.617 | 53.800.303 | TOTAL CONTRATADO-1989 |

-----------------------------------------------------------------

1990 SETOR PÚBLICO Em VRF

-------------------------------------------------------------

| Q. CONTR | Q. UNID | VR. CONTR | PROGRAMAS |

|----------|---------|-------------|------------------------|

| 506 | 133.969 | 90.350.433 | PAIH |

| 37 | 11.264 | 13.492.375 | PROHAP - Setor Público |

| -------- | ------- | ----------- | -----------------------|

| 543 | 145.233 | 103.842.808 | SOMA |

=============================================================

SETOR PRIVADO Em VRF

------------------------------------------------------------------

| Q. CONTR | Q. UNID | VR. CONTR | PROGRAMAS |

|----------|---------|-------------|-----------------------------|

| 62 | 10.321 | 22.064.615 | Cooperativas e Assemelhados |

| 41 | 13.457 | 18.255.579 | PROHAP-Setor Privado/Pl. |

| -------- | ------- | ----------- | Empr. Pop. |

| | | | --------------------------- |

| 103 | 23.778 | 40.320.194 | SOMA |

| ======== | ======= | =========== | =========================== |

| 646 | 169.011 | 144.163.002 | TOTAL CONTRATADO-1990 |

------------------------------------------------------------------

1991 SETOR PÚBLICO Em VRF

------------------------------------------------------------

| Q. CONTR | Q. UNID | VR. CONTR | PROGRAMAS |

|----------|---------|-------------|------------------------|

| 415 | 96.513 | 64.265.428 | PAIH |

| 17 | 7.074 | 56.191.129 | PROHAP - Setor Público |

| -------- | ------- | ----------- | -----------------------|

| 432 | 103.587 | 120.456.557 | SOMA |

============================================================

SETOR PRIVADO Em VRF

------------------------------------------------------------------

| Q. CONTR | Q. UNID | VR. CONTR | PROGRAMAS |

|----------|---------|-------------|-----------------------------|

| 46 | 20.451 | 46.742.913 | Cooperativas e Assemelhados |

| 167 | 24.566 | 47.680.063 | PROHAP-Setor Privado/Pl. |

| -------- | ------- | ----------- | Empr. Pop. |

| | | | --------------------------- |

| 213 | 45.017 | 94.422.976 | SOMA |

| ======== | ======= | =========== | =========================== |

| 645 | 148.604 | 214.879.533 | TOTAL CONTRATADO-1991 |

------------------------------------------------------------------

SANEAMENTO BÁSICO

Todas as contratações na área de Saneamento são realizadas com

o Setor Público.

1990 Em VRF

--------------------------------------

| Q. CONTR | VR. CONTR | PROGRAMAS |

|----------|-------------|-----------|

| 75 | 131.619.327 | PRODURB |

--------------------------------------

1991 - JAN a JUL Em VRF

-------------------------------------

| Q. CONTR | VR. CONTR | PROGRAMAS |

|----------|------------|-----------|

| 26 | 28.345.886 | PRODURB |

-------------------------------------

INFRA-ESTRUTURA

Todas as contratações na área de Infra-Estrutura são

realizadas com o Setor Público.

1990 Em VRF

-------------------------------------

| Q. CONTR | VR. CONTR | PROGRAMAS |

|----------|------------|-----------|

| 58 | 30.528.705 | PRONURB |

-------------------------------------

1991 - JAN a JUL Em VRF

------------------------------------

| Q. CONTR | VR. CONTR | PROGRAMAS |

|----------|-----------|-----------|

| 17 | 5.782.932 | PRONURB |

------------------------------------

FONTE: DEMCO/DESAN/DIAGE - CEF

- critérios de concessão de financiamento que estão em vigor.

Em primeiro lugar, apresentamos resumidamente a legislação

vigente que estabelece as condições para contratação/aplicação com

recursos do FGTS:

- Lei 8.036, de 14/05/90

Art. 9º - Estabelece os requisitos para as aplicações com

recursos do FGTS.

Art. 10 - O Conselho Curador fixará diretrizes e estabelecerá

critérios técnicos para as aplicações dos recursos do FGTS.

- Decreto 99.684, de 08/11/90 Arts. 61 e 62. Regulamentam a

Lei, quanto à aplicação dos recursos do FGTS.

- Resolução 09, de 28/02/90 - CCFGTS

Fixa diretrizes e critérios básicos para aplicação de recursos

do FGTS para 1990-94.

A - Distribuição por área de aplicação => 60% Hab/ 30% San/

10% Inf.

B - Condições financeiras => estabelece a participação mínima

do mutuário nos investimentos das diversas áreas; taxas de juros

máximas para aplicação nos financiamentos; comprometimento de renda

dos mutuários finais.

C - Distribuição das aplicações por programas e faixas de

renda.

D - Distribuição das aplicações por Unidades da Federação.

- Resolução 25, de 26/10/90 - CCFGTS

Fixa as diretrizes e critérios que devem orientar o Orçamento

Plurianual do FGTS para o período de 1991-95 e o Plano de

Contratações e Metas Física para 1991.

- Resolução 41, de 05/06/91- CCFGTS "... somente poderão ser

contratadas operações de crédito, com lastro em recursos do Fundo,

para os agentes públicos e privados que: a) estiverem em situação

regular com seus compromissos decorrentes de operações de crédito

contratadas com recursos do Fundo; b) sendo Governos Federal,

Estadual, do Distrito Federal e legislação vigente; e c) estejam

com Certificado de Regularidade junto ao FGTS dentro do prazo de

validade".

- Resolução 58, de 13/12/90 - SENADO FEDERAL

Dispõe sobre limites globais e condições para as operações de

crédito interno e externo dos Estados, do Distrito Federal, dos

Municípios e de suas autarquias, e estabelece limites e condições

para a concessão de garantias.

ÁREA DE HABITAÇÃO

Normas que estabelecem os parâmetros e rotinas para

operacionalização dos respectivos programas:

- Circular Normativa-CEF 132/90, de 30/08/90

Plano de Ação Imediata para Habitação - PAIH.

- Circular Normativa-CEF 151/90, de 30/11/90

Programa de Habitação Popular - PROHAP/Setor Público.

- Circular Normativa-CEF 058/88, de 14/04/88

Alterações: CN 072/88, de 11/05/88.

OC DIRHA 068/90, de 11/12/90

Programa de Habitação Popular através de Empresas da

Construção Civil - PROHAP/Setor Privado.

- Circular Normativa 156/90, de 05/12/90

Alterações: OC DIRHA 077/91

Plano Empresário Popular - PEP

- Circular Normativa 097/91, de 02/05/91 Programa de

Urbanização de Áreas - PROÁREAS

- Circular Normativa 153/90, de 03/12/90

Alteração: OC DEPHA 001/91, de 14/01/91

Programa de Cooperativas Habitacionais e Assemelhados

- Circular Normativa 160/91, de 26/08/91

Programa de Urbanização de Áreas e Regularização Fundiária -

PRODURB/HABITAÇÃO.

ÁREA DE SANEAMENTO BÁSICO E INFRA-ESTRUTURA URBANA

Normas que estabelecem os parâmetros e rotinas para

operacionalização dos respectivos programas.

- Ofício Circular DIRSA 009/91, de 23/08/91

Apresenta modelo de "Consulta Prévia" e estabelece critérios e

procedimentos para análise. Sendo que a Consulta Prévia

constitui-se em etapa inicial e obrigatória para a instrução de

pedido de financiamento.

- Circular Normativa 118/91, 12/06/91

Fixa diretrizes e critérios para elaboração de análise

econômico-financeira de entidades da Administração Direta, no

âmbito da Diretoria de Saneamento.

- VOTO DIRSA 120/91, de 02/10/91

Procedimentos operacionais básicos, análise técnica e gestão

de operações de crédito, no âmbito da DIRSA.

Considerando as diretrizes e critérios básicos que a

legislação anteriormente exposta prevê para contratação/aplicação

dos recursos do FGTS, e ainda, os parâmetros e rotinas

operacionais, estabelecidos pela CEF, para os diversos Programas,

tanto da área de Habitação quanto de Saneamento Básico e

Infra-Estrutura Urbana, apresentamos a seguir, fluxograma que

demonstra o trâmite relativo ao atendimento aos interessados em

realizar empreendimentos na área de Saneamento e Infra-Estrutura.

Esses procedimentos são semelhantes aos estabelecidos pela área de

Habitação Popular.

Demanda em face da disponibilidade de recursos

Como a quantidade de projetos apresentados supera os recursos,

via de regra, os recursos disponíveis, são adotados no âmbito do

MAS os seguintes critérios para "eleição" dos projetos, previamente

analisados e aprovados pela CEF, que posteriormente serão

contratados:

- No âmbito da Secretaria Nacional de Saneamento-SNS

A Secretaria realizou diversas reuniões por regiões

geográficas, com os respectivos Governadores de Estado, para que os

mesmos apresentassem as prioridades estaduais. Com base nas

prioridades apresentadas, o MAS elegeu os projetos a serem

contratados pela CEF (fls. 166/346-Vol. I).

- No âmbito da Secretaria Nacional de Habitação-SNH

Questionado sobre o assunto, o responsável pela área não

apresentou critérios formais adotados na eleição dos projetos

habitacionais.

Em relação a este assunto, entendemos que caberia uma

recomendação ao MAS, no sentido de que fosse disciplinado, em ato

normativo, critérios balizadores das eleições de projetos no âmbito

daquele Ministério.

- saldo de recursos não aplicados em 1989 e a disponibilidade

em 1990.

Desde a absorção do BNH pela CEF, a escrituração das contas do

FGTS e outros fundos é consolidada no Balanço Geral da CEF. Dessa

forma, e devido à falta de segregação do ativo do FGTS, não foi

possível a identificação da disponibilidade líquida no exercício de

1989.

Somente a partir do mês maio de 1990, a CEF passou a

contabilizar as operações do FGTS em Plano de Contas próprio,

aprovado pelo Conselho Curador do FGTS (Resolução 16, de 28/06/90).

O Balanço do FGTS de 1990 registrou uma disponibilidade da ordem de

Cr$ 111.359.896.000,00 (cento e onze bilhões, trezentos e cinquenta

e nove milhões, oitocentos e noventa e seis mil cruzeiros).

DOS DÉBITOS

- se existem obras paralisadas por suspensão de desembolsos em

decorrência de inadimplência do tomador, quanto são eles e qual o

montante envolvido.

- se há tomadores que estão em situação regular com os

pagamentos, mas estão sendo considerados inadimplentes por débitos

de acionistas ou órgão ligado ao acionista, quantos são eles e

qual a base desta caracterização.

A respeito do questionamento se há tomadores de empréstimos em

situação regular com os pagamentos e estão sendo considerados

inadimplentes por serem vinculados a outros órgãos que se encontram

com dívidas vencidas junto à CEF, a entidade confirmou-nos a

existência de 08 (oito) deles (fls. 126/128-Vol. II), informando

que este fato ocorre em cumprimento ao Aviso nº 817, de 27/08/90,

do MEFP e Circular Normativa nº 125/90-CEF, de 15/08/90, que

estabelecem tais considerações (fls. 129/133-Vol. II).

Quanto à existência de obras paralisadas em decorrência de

suspensão ou bloqueio de liberação de recursos do Fundo por motivo

de inadimplência do tomador, sabe-se que esses fatos ocorrem, a

exemplo da COSANPA (itens 78/83), mas não foi possível obtermos

essa informação por envolver todas as SUREGs.

Numa das visitas que fizemos aos departamentos (DEMCO, DECOS e

DEFUR) responsáveis pela informação da existência de obras

paralisadas, foi-nos prometido o fornecimento de tal informação,

apesar de terem nos adiantado da dificuldade de obtenção desses

dados por envolver todas as regionais da CEF.

Por se tratar de assunto relevante e considerando a

inexistência de informação sobre os tomadores e o montante de

recursos envolvidos, sugerimos que essa matéria seja recomendada à

entidade apresentá-la nas contas do Fundo do exercício de 1991,

informando os seguintes elementos:

a) número de obras paralizadas em cada área (Habitação,

Saneamento e Infra-Estrutura), indicando o motivo e data da

paralisação;

b) quem são os promotores dos referidos projetos;

c) qual o valor (atualizado) já empregado em cada uma delas,

informando o estágio em que se encontram.

Caberia, também, reiterar a recomendação formulada à CEF, em

Sessão de 06/03/90, constante do item IV alínea "b", do Voto do Sr.

Ministro-Relator, no TC 007.812/89-2:

"ponha em prática medidas efetivas visando ao cumprimento, por

parte dos contratantes inadimplentes, das obrigações decorrentes

dos financiamentos obtidos."

Tal recomendação não foi observada, a contendo, pela CEF, haja

vista o alto grau de inadimplência hoje existente, cujos recursos

poderiam estar sendo reaplicados, os quais viriam minimizar, em

parte, os grandes problemas presentes nas áreas de habitação

popular e saneamento básico. Sugerimos que a entidade passe a

executar as garantias constituídas nos contratos de

empréstimos/financiamentos - previstas no parágrafo 5º, art. 9º, da

Lei 8.036/90 - firmados com pessoas jurídicas de direito público,

que encontram-se nessa situação.

Relativamente à provável pretensão de a CEF desconsiderar os

recursos não aplicados nos Estados em 1990 (cerca de 298 bilhões de

cruzeiros) para não comprometer o orçamento de 1991, alocando-os no

Fundo de Liquidez, apurar:

- se a CEF deixou de contratar financiamentos do FGTS

propositadamente;

- se a margem operacional em programas habitacionais em 1990

não foi tão atrativa quanto as aplicações no mercado financeiro;

- se a protelação das contratações para o final do ano de 1990

não estaria relacionada às disponibilidades para aplicação no

mercado financeiro no decorrer do exercício com sub-remuneração

para o FGTS; e

- se os interesses da CEF como instituição bancária, que se

encontra em conhecido desequilíbrio econômico-financeiro, não

estariam se sobrepondo aos interesse de natureza social

(investimentos dos recursos do FGTS).

Em março de 1990 foi criado o Ministério da Ação Social-MAS. A

partir de abril de 1990 foi atribuída ao MAS a gestão da aplicação

dos recurso do FGTS, conforme disposições da Medida Provisória 177

e da Lei 8.036/90.

Com a entrada do MAS no sistema do FGTS efetivou-se uma

divisão de competência entre o órgão gestor da aplicação e o agente

operador do Fundo.

Essa ocorrência implica na necessidade de ser estruturado um

novo esquema operacional para tramitação de projetos, contratação

de operações e controle dos recursos aplicados.

A nova situação provocou um certo atraso na execução dos

programas de Habitação Popular, Saneamento Básico e Infra-Estrutura

Urbana porque o MAS como órgão gestor da aplicação dos recursos do

Fundo estava em fase de estruturação até aproximadamente meados de

1990.

Em virtude disso, a área de Habitação começou a

operacionalizar programas a partir de julho/90 com o lançamento do

Plano de Ação Imediata para Habitação - PAIH. Os demais programas

tiveram contratação efetivada no mês de dezembro/90, não havendo

contratação na área do PROHAP/Público, e nas áreas de Saneamento e

Infra-Estrutura a operacionalização de programas concentrou-se nos

meses finais do exercício de 1990 (v. item 108/110).

Assim, a concentração de operações no final do ano de 1990 não

representou protelação de contratações provocadas por iniciativa da

CEF nem esse fato se relaciona com a formação de disponibilidades

para aplicação no mercado financeiro.

Outro fato que contribuiu para a existência de recursos não

aplicados em 1990, que figuram como disponibilidades nas

demonstrações contábeis do Fundo, é que os contratos de empréstimos

são executados mediante liberações em parcelas, não significando,

necessariamente, desembolso imediato no ato da contratação.

Portanto, os recursos correspondentes às contratações efetivadas no

final do ano de 1990 ficariam comprometidos para o exercício

seguinte.

As aplicações em programas habitacionais no ano de 1990

tiveram suas taxas de juros definidas pela Resolução nº 09 do

Conselho Curador do FGTS (fls. 01/10-Vol. II). Essas taxas variam

de 3,5% a 12% a.a nos contratos finais, representando juros

líquidos para o Fundo da ordem de 2,5% a 11% a.a, conforme

critérios definidos naquela Resolução, não tendo a CEF autonomia

para definir a margem operacional dos programas habitacionais.

As disponibilidades do Fundo foram remuneradas em 1990 à taxa

de 3% a.a. e atualização monetária pelo BTNF, conforme informações

da CEF consignadas no Ofício nº 037/91-p, de 06/02/91 (fls. 35/39 -

Vol. II).

Esse critério está em consonância com as disposições do

parágrafo 2º art. 9º da Lei 8.036/90 que fixa para as

disponibilidades financeiras do FGTS remuneração mínima necessária

à preservação do poder aquisitivo da moeda.

Para o exercício de 1991 a remuneração das disponibilidades

financeiras do FGTS foi definida pela Resolução nº 38 do CCFGTS que

determina remuneração à base de 3% a.a. de juros e atualização pelo

BTNF no mês de janeiro e a partir de fevereiro atualização

monetária pela TRD-Taxa Referencial Diária e juros de 6% a.a.

Cabe ressaltar que os rendimentos auferidos com as aplicações

financeiras das disponibilidades do FGTS, feitas de acordo com

critérios estabelecidos pelo Conselho Curador, incorporam-se ao

patrimônio do Fundo, não incentivando, por essa razão, a CEF fazer

aplicações no mercado financeiro em detrimento do financiamento de

programas habitacionais, em função da maior atratividade das taxas

praticadas naquele mercado.

Pelas razões expostas acerca das questões aqui tratadas

conclui-se que não há evidências, à luz da documentação analisada e

considerando-se também as circunstâncias que envolveram o FGTS em

1990, de que a CEF tenha deixado de efetuar contratações

propositadamente nem tampouco sobreposto seus interesses

institucionais em detrimento das prioridades sociais do FGTS.

- Fala do Ministro Fernando Gonçalves

Sr. Presidente,

Srs. Ministros,

Sr. Procurador-Geral,

Devo congratular-me com o Relator e com este Tribunal pela

consistência do trabalho ora apresentado e pela sua alta expressão

social, o que demonstra, cabalmente, não só a capacitação do

eminente Relator, nosso decano, Ministro Luciano Brandão Alves de

Souza, como também a qualificação, o empenho e a dedicação do corpo

funcional desta Casa que tem levado a bom termo e com brilho as

tarefas de sua incumbência.

Trabalhos dessa natureza, como nós temos verificado pela

Imprensa, dignificam o Tribunal e têm ressonância junto, não

apenas, a sua clientela como também junto à sociedade. Por isso

tenho defendido maior ênfase à realização de trabalhos desse porte.

É gratificante sentir o Tribunal palpitante, adotando decisões

conscentâneas com suas altas atribuições e capazes de corrigir a

ação administrativa dos órgãos de Governo.

As auditorias operacionais como aqui temos realizado, como,

por exemplo, as últimas que eu relatei, no caso do PROÁLCOOL, que

logrou mudar a própria imagem do Programa, ou no caso da EMBRAPA,

que originou um livro editado pela área interessada e que vem

servindo de referência e estímulo ao investimento em pesquisa,

solidificam a imagem desta Casa secular, prestigiando-a

constantemente, fazendo com que a Imprensa, as Universidades e a

sociedade com todos os seus segmentos, se interessem pelos

trabalhos realizados aqui no Tribunal.

Portanto, esperamos que o Tribunal continue agindo desta forma

cada vez mais constantemente e que dê seqüência e conseqüência a

sua ação fiscalizadora, agilizando, isso é muito importante, o

trâmite das providências requeridas em suas decisões e não

permitindo que qualquer óbice retarde a adoção das medidas

determinadas pelo Tribunal Pleno ou por qualquer uma de suas

Câmaras.

Com essas breves considerações quero parabenizar o ilustre

Relator e acompanhá-lo nas propostas constantes de sua Decisão.

Era esse o meu pronunciamento e o meu Voto.

- Fala do Ministro Adhemar Paladini Ghisi

Sr. Presidente,

Srs. Ministros,

Sr. Procurador-Geral,

Especialmente, o Sr. Ministro-Relator, Luciano Brandão.

Creio que o Tribunal de Contas da União vive hoje uma de suas

grandes tardes, engalanado principalmente por um trabalho de

extrema importância, intimamente relacionado com o progresso e o

desenvolvimento social e econômico do próprio País, a que todos

servimos. Se examinarmos, se nos detivermos num dado do próprio

Relatório/Voto do Ministro Luciano Brandão, vamos verificar que

apesar de todas as mazelas, de todas as incoerências, de todas as

falhas do sistema do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço no País,

com base nos estudos da equipe técnica desta Corte, vamos,

verificar que cerca de 10 bilhões de dólares ou 23 trilhões de

cruzeiros foram aplicados no ano passado na solução ou na procura

de solução dos problemas ligados aos programas da habitação, do

saneamento básico e da própria infra-estrutura dos estados e

municípios brasileiros. Não obstante os problemas que o ministro

Luciano Brandão pôde trazer relativamente as deficiências no

próprio processo arrecadatório do Fundo, realçando o verdadeiro

descompasso existente entre o Ministério da Ação Social como órgão

gestor, a Caixa Econômica como órgão de operacionalização e o

organismo de fiscalização representado pelo Ministério do Trabalho

e Previdência Social, atualmente Ministério do Trabalho, assim

mesmo, Sr. Presidente, a importância do Fundo de Garantia do Tempo

de Serviço se manifesta isenta de qualquer dúvida. O Tribunal de

Contas através da última etapa deste trabalho orientado e inspirado

pela dedicação e pelo espírito público do Ministro Luciano Brandão,

vai permitir que o estudo, como um todo, possa constituir um

valioso repositório de consulta permanente para aqueles que queiram

conhecer em toda a sua extensão e profundidade a auditoria

operacional que nesta tarde será devidamente apreciada e votada por

este plenário.

Estamos, por isso mesmo, aqui, repetindo com encômios e com

sincero entusiasmo cívico as palavras que anteriormente a nós foram

proferidas pelo Sr. Ministro-Vice-Decano, Fernando Gonçalves.

Quiséramos apenas levar ao Sr. Ministro Decano e Relator do

processo, uma contribuição modesta, é verdade, mas objeto da

conclusão a que chegamos pelo estudo feito por S.Exª com base na

Auditoria procedida nesta matéria e num assunto que esse Tribunal

vem examinando desde os idos de 1990.

É com relação a aplicação do art. 23 da Lei 8.036, de

11/05/90, que como sabemos estabelece que competirá ao Ministério

do Trabalho e Previdência Social a verificação, em nome da CEF,

órgão não gestor no caso, mas aplicador e operacionalizador dos

recursos do fundo, a verificação do cumprimento deste dispositivo

legal, especialmente quanto à apuração de débitos e das infrações

praticadas pelos empregadores ou tomadores de serviço,

notificando-os para efetuarem e comprovarem os depósitos

correspondentes, e cumprirem as demais determinações legais,

podendo, o Ministério da Ação Social, para tanto, contar com

concurso de outros órgãos do governo federal, na forma que vier a

ser regulamentada. A disposição do art. 23, nos leva, Sr.

Presidente, àquela mesma consideração e conclusão do Sr.

Procurador-Geral, de que já possuímos um organismo, representado

por esse Ministério, capaz de não apenas em nome da CEF fiscalizar

os devedores do fundo em relação aqueles empregadores ou

prestadores de serviço, como também de atuar através de medidas

judiciais procedendo à cobrança desses débitos. Estes débitos, de

acordo com o Relatório/Voto, foram inicialmente apurados pelo IAPAS

no governo anterior ao atual e, posteriormente, através do INSS,

Órgão do MTPS à época, totalizando quase 60 mil. Ditos processos

encontram-se paralizados face uma discussão que a própria Justiça

Federal já dirimiu, qual seja, a de que cabe ao MTPS, atualmente

Ministério do Trabalho, operacionalizar, isto é, agir no sentido da

cobrança dessas importâncias, cuja paralisação está levando o

governo a graves prejuízos, face as funestas conseqüências, de

natureza social e de natureza econômica, que o Sr. Ministro-Relator

colocou de maneira tão precisa, em face do que nossa equipe

técnica, com propriedade e pertinência, houve por bem de solicitar

fosse providenciada sua imediata execução. Na proposta de decisão

apresentada, o Ministro Luciano Brandão, todavia, concluiu por não

atribuir ao MTPS a incumbência de proceder a essa cobrança e, na

letra "c" de suas recomendações à Caixa Econômica, ele sugere,

apenas, que sejam implementadas melhorias no processamento das

notificações que deram origem aos 57.558 processos administrativos

de débito para com o Fundo de Garantia, de forma a que seja

conhecido o valor em cruzeiros desses processos, a ser informado

nas Contas do Fundo de Garantia relativas ao exercício de 1991.

Relativamente a esse aspecto, S.Exª não acata, nem a sugestão do

grupo de analistas do Tribunal, que procedeu à Auditoria

Operacional, nem do Ministério Público, no sentido de que se

estabeleça de pronto, a cobrança judicial daquelas importâncias que

tivessem por ventura sido levantadas, ou de que se promova ou de

que se continue a promover a fiscalização para as futuras

cobranças. Ficou, portanto, um hiato, em nosso entender, nesse

magnífico trabalho ora apresentado pelo eminente Relator. Feitas

essas considerações, solicitaríamos ao Sr. Ministro Luciano Brandão

Alves de Souza, reexaminasse o assunto com vistas à inserção, se

procedente, de um item na Decisão desse Tribunal, recomendando

desde logo, ao Ministério do Trabalho, a promoção de medidas de

cobrança nessa primeira etapa, isto é, daquela etapa do devedor do

Fundo de Garantia para a CEF, para o Sistema do FGTS, recomendação

essa não explicitada nesta Decisão.

Consideramos absolutamente pertinente a recomendação sugerida

por S.Exª relativa ao § 7º do art. 23. S.Exª em bom momento e como

está caracterizado em todo o seu relatório e nas conclusões

constantes de sua proposta de decisão, determina à CEF que adeqüe

seus procedimentos para informar sobre o fluxo das importâncias

colocadas a sua disposição objetivando suas aplicações nos setores

de natureza social a que está obrigada. Todavia, S.Exª não se

pronuncia acerca do cumprimento do "caput" do art. 23 da Lei 8.036,

que em nosso entender já estaria autorizando o antigo MPAS a

promover as devidas cobranças, até judiciais, conforme, repito,

interpretação da própria Justiça Federal.

Eram as considerações que gostaríamos de apresentar ao

magnífico trabalho elaborado pelo Sr. Ministro Luciano Brandão,

renovando aqui os meus encômios, o meu entusiasmo e o meu orgulho

de pertencer a um Tribunal que é capaz de produzir um estudo sobre

matéria dessa magnitude, oferecendo a contribuição que efetivamente

três à solução de graves problemas no interesse do próprio

desenvolvimento econômico-social do Brasil.

- Fala do Ministro Marcos Vinícios Rodrigues Vilaça

Sr. Presidente,

Srs. Ministros,

Sr. Procurador-Geral:

Ministro-Decano: quero também trazer a minha louvação ao seu

trabalho.

Nós aqui, temos nos habituado à alta qualidade, à percuciência

com que V.Exª estuda e traz os processos à consideração do

Plenário; por mais que estejamos habituados, sempre é um prazer

renovado ouvi-lo, aprender com as suas lições. V.Exª, de certa

forma, repete aqui aquele supremo poema de Valery quando fala que o

mar é sempre renovado.

Eu aponto, ainda, a relevância da matéria porque tem duas

vertentes muito abrangentes: a vertente do desenvolvimento sociais

a vertente do crescimento econômico. Quando estive no Executivo

aprendi a habitar esses dois mundos distintos convergentes nas suas

pluridades. Ainda anoto que a matéria transcende em importância

nessa iniciativa social do FGTS. Ela é uma antecipação brasileira

perante mesmo muitos países desenvolvidos, em sua política social.

Faço este registro com uma alegria muito grande de trazer V.Exª o

meu voto de apoio, emoldurado nas palmas que V.Exª merece por mais

esta ação da sua vida pública exemplar.

- Fala do Ministro Homero dos Santos

Senhor Presidente,

Senhores Ministros,

Senhor Ministro-Decano

Eu quase nada posso acrescentar ao que os demais Ministros

acabaram de dizer com referência ao trabalho do Ministro Luciano

Brandão.

Porém, tenho como dever, consignar nesta Ata, o respeito e

admiração por este homem público, que vem dedicando inteiramente a

sua vida a Nação, em especial a esta Corte, deixando aqui, com a

colaboração dos seus assessores e do dedicado corpo de funcionários

deste Tribunal trabalhos da envergadura deste que acaba de

apresentar.

Nossos parabéns a V.Exª.

- Fala do Ministro Paulo Affonso Martins de Oliveira

Sr. Presidente, igualmente com os meus demais colegas,

congratulo-me com o ilustre Decano pelo trabalho que acaba de

apresentar. A meu ver de alta relevância, porque se abre no

funcionamento do Tribunal uma larga estrada que é a estrada da

auditoria operacional. Cada vez mais torna-se necessário o Tribunal

agir em termos desse tipo de auditoria, e o trabalho que S.Exª traz

à colação demonstra bem a importância desta auditoria, porque nós

nos antecipamos a fatos que venham a ocorrer.

De outro lado, Sr. Presidente e Sr. Relator, a administração

pública não aplica o princípio da apropriação indébita aqueles que

não recolhem o FGTS ao processar criminalmente aquelas empresas ou

empregadores que não recolhem no momento devido o Fundo. Propõe

exclusivamente, ações de natureza de cobrança Judicial, é o que

V.Exª vem recomendando em seu Voto.

Para concluir, apresentava uma sugestão ao eminente Relator,

S.Exª nas conclusões recomenda a CEF que promova a execução de

garantias constituídas em contratos de empréstimo, entendo que

V.Exª deve transpor esse item para determinação, isto é, determinar

que a CEF execute aqueles que estão em débito com a mesma.

Essa seria a sugestão que faço a V.Exª para não se ficar numa

mera recomendação, a critério da Caixa aplicar ou não as

providências sugeridas. Então seria, pois, uma determinação para

imediatamente adotar as providências para resguardo de seus

direitos.

Assim, Sr. Presidente, congratulo-me com o eminente Relator e

acompanho prazerosamente o Voto e as conclusões de S.Exª.

- Fala do Ministro-Relator Luciano Brandão Alves de Souza

Senhor Presidente, agradeço as generosas palavras aqui

proferidas pelos Senhores Ministros, enaltecendo o trabalho por mim

apresentado. Na verdade desejo transferir estas referências

elogiosas, que muito me honram, para a diligente Equipe de

servidores da 8ª IGCE, que realizou a Auditoria Operacional ora em

exame. Equipe essa que contou com a coordenação da

Inspetoria-Geral, Drª Maria Therezinha Fagundes Portella, que

recentemente se aposentou. Os méritos deste feito devem ser

atribuídos com justiça à zelosa Equipe que atuou nessa difícil

tarefa de auditagem do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço -

FGTS.

Em segundo lugar, Senhor Presidente, gostaria que as

manifestações dos Senhores Ministros a respeito do tema em pauta -

o Sistema FGTS - fossem não só consignadas na Ata desta Sessão, mas

também incorporadas à Decisão a ser proferida pelo Tribunal. Elas

enriquecem sobremodo a proposta por mim apresentada, razão pela

qual acolho desde logo todas as sugestões e ponderações

apresentadas nesta oportunidade. Entendo que elas muito prestigiam

a orientação imprimida ao assunto com base no excelente Relatório

elaborado pela Equipe Auditora e que tive a satisfação de relatar.

Muito obrigado.

- Fala do Presidente, Ministro Carlos Átila Álvares da Silva

A Presidência se permitiria fazer, também, quatro sugestões a

V.Exª:

Em primeiro lugar, estabelecer-se prazo para as tentativas de

cobrança amigável das dívidas, de tal forma que a cobrança na via

judicial tenha data certa para acontecer. A decisão proposta por

V.Exª, na formulação desse item, estipula que essa cobrança se faça

"após esgotados os meios habituais de cobrança amigável das

dívidas"; como não há prazos, esses "meios habituais" podem-se

estender indefinidamente. Por isso, sugiro a V.Exª substituir os

termos "após esgotados os meios habituais", por: caso não seja

obtida a liquidação amigável no prazo de 30 dias, admitindo-se a

renegociação por uma única vez". Pelo que entendi, a equipe de

inspeção identificou esse problema adicional: a renegociação

indefinida dos débitos.

A segunda sugestão está ligada à questão suscitada pelo

Ministro Adhemar Ghisi, referente à necessidade de lei que defina

de quem é a competência para a cobrança dos débitos. O Dr.

Procurador-Geral acentua que, embora já exista competência genérica

para ajuizamento dos débitos, seria conveniente que houvesse uma

lei especial. Considerando a reinstituição do Ministério do

Trabalho e do Ministério da Previdência, não seria o caso de se

inserir na Decisão uma sugestão, nesse sentido, à Comissão do

Trabalho da Câmara dos Deputados?

V.Exª lembra, também, a questão da eventual existência de

outras comissões que estejam tratando do mesmo assunto.

Efetivamente, existe a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito,

presidida pelo Senador Garibaldi Alves, à qual, inclusive, o

Tribunal vem prestando a colaboração através de cessão de três

Auditores, que fizeram a análise dos atos administrativos

relacionados à liberação de recursos para construção de obras no

Estado do Acre. Como essa Comissão, na verdade, não foi constituída

para investigar especificamente este contrato, mas sim para

analisar amplamente a questão do FGTS, creio que seria a

destinatária da Decisão que o Tribunal adotar neste processo. Em

terceiro lugar, sugiro, portanto, que, além de enviar o Relatório,

Voto e Decisão que V.Exª propõe aos Presidentes das duas Casas,

fossem enviados também ao Presidente da Comissão Parlamentar Mista

de Inquérito do FGTS.

Por fim, minha quarta sugestão é a seguinte: tendo em vista a

complexidade da matéria tratada neste Relatório, proponho que, no

caso de haver solicitação, por parte da CPI Mista de Inquérito do

FGTS, de alguma assessoria complementar -- que a mesma equipe que

elaborou e que efetuou esta Auditoria possa, também, através da

Presidência, ser colocada à disposição da referida Comissão

Parlamentar. Os Analistas do Tribunal que trabalham no assunto

poderão ser de muita valia para a CPI Mista de Inquérito do FGTS,

caso a mesma necessite de assessoria técnica na matéria.

- Intervenção oral do Procurador-Geral na Sessão de 29/04/1992

em relação ao proc. TC 021.694/90-7 (FGTS)

Sr. Presidente,

Associo-me às congratulações do Plenário ao eminente Ministro

LUCIANO BRANDÃO ALVES DE SOUZA, pelo brilhante e exaustivo Voto que

acaba de proferir no proc. TC 021.694/90-7. Soube S.Exª conciliar a

objetividade com a minudência no trato da matéria, de cuja

complexidade posso dar testemunho, uma vez que tive oportunidade de

conhecê-la de perto, ao intervir nos autos.

Voto do Ministro Relator:

"ausente"

Decisão:

Com base na Auditoria Operacional realizada e diante das razões

expostas e consideradas pelo Relator, o Tribunal Pleno DECIDE:

1) A atuação deficiente de cada um dos órgãos integrantes do

SISTEMA FGTS, agravada pela desarticulação entre eles existentes

vem comprometendo-lhe a eficácia quanto aos resultados pretendidos,

com todos os prejuízos sociais daí decorrentes;

2) Endereçar-lhes, por isso, as seguintes determinações e

recomendações:

a) recomendar ao Ministério da Ação Social-MAS a fiel

observância das disposições da Resolução nº 09/90 do Conselho

Curador do FGTS, no que concerne à distribuição dos recursos do

Fundo por Área de Aplicação e por Unidade da Federação;

b) determinar à Caixa Econômica Federal-CEF;

1 - que notifique os tomadores de empréstimos/financiamentos

concedidos com recursos do FGTS, e que se encontram em situação de

inadimplência com o Fundo, para que recolham os débitos existentes

no prazo de 30 (trinta) dias, promovendo a execução das garantias

constituídas nos contratos, no caso de não atendimento da

notificação;

2 - o desenvolvimento de sistema de processamento de dados

capaz de viabilizar o cumprimento do parágrafo 7º do art. 23 da Lei

8.036/90, apresentando, dentre outras informações necessárias à

fiscalização, relatório com nome e endereço dos empregadores

adimplentes/inadimplentes com as contribuições do FGTS;

3 - a apuração de responsabilidades perante a COSANPA -

Companhia de Saneamento do Estado do Pará, tomando, caso

necessário, as medidas judiciais cabíveis, acerca do desvio de

recursos do FGTS ocorrido no cumprimento dos Contratos CT 0028/87 e

CT 0050/90;

4 - a conclusão da conciliação das carteiras do FGTS mantidas

nos bancos depositários que ainda não trasferiram as contas

vinculadas para o órgão centralizador, apurando a origem das

diferenças verificadas nesses bancos, mencionando ainda o montante

envolvido e se essas diferenças representam prejuízos para o Fundo

ou para os empregados titulares das contas vinculadas;

5 - que informe nas contas do FGTS relativas ao exercício de

1991 todas as providências adotadas acerca das determinações de nºs

1 a 4 acima;

6 - que informe em todas as prestações de contas do FGTS a

serem apresentadas ao Tribunal, a partir do exercício de 1991, os

seguintes elementos:

- demonstração do valor dos empréstimos e financiamentos

concedidos com recursos do FGTS para aplicação nas áreas de

habitação, saneamento e infra-estrutura, vencidos e não honrados

até o último dia útil do exercício;

- número de obras paralisadas em cada área (habitação,

saneamento e infra-estrutura), indicando o motivo e a data da

paralisação e ainda, quem são os promotores dos correspondentes

projetos e o valor aplicado em cada um deles;

- declaração assumindo responsabilidades sobre o cumprimento

de todas as normas que regem o FGTS, sobretudo quanto ao

cumprimento dos cronogramas de liberações de recursos e quanto à

atuação de todos os agentes que atuam nas operações de 2ª linha; e

- demonstrativo contendo mês a mês os valores correspondentes

a entradas de recursos (arrecadação, amortização de financiamentos,

receitas de operações financeiras, outras) e saídas de recursos

(saques, tarifas bancárias, taxa de administração da CEF, outras);

c) recomendar a mesma Entidade (CEF):

1 - que implemente melhorias no processamento das notificações

que deram origem aos 57.558 processos administrativos de débitos

para com o FGTS, de forma que seja conhecido o valor em cruzeiros

desses processos, informando nas contas do FGTS, relativas ao

exercício de 1991, as providências adotadas a esse respeito. Caso

não seja obtida a liquidação amigável no prazo de 30 dias, os

débitos não honrados devem ser encaminhados ao Ministério da

Previdência Social - MPS, para fins de cobrança judicial, ficando

assente que admite-se a renegociação por uma única vez;

2 - que submeta à deliberação do Conselho Curador do FGTS

Proposta de Resolução a ser apresentada como Voto da CEF, elaborado

com a finalidade de regulamentar o art. 24 da Lei 8.036/90, que

prevê penalidade passível de ser aplicada aos bancos que

administram contas vinculadas do FGTS;

d) recomendar ao Ministério do Trabalho e da Administração -

MTA:

- que edite ato normativo para definir quais são as

informações necessárias à fiscalização do FGTS a serem prestadas

pela CEF e demais bancos depositários enquanto não se completar o

processo de migração das contas, conforme previstto no art. 58 do

Decreto 99.684/90;

e) recomendar ao Ministério da Previdência Social - MPS a

adoção das providências necessárias à cobrança judicial dos débitos

e infrações apurados para com o FGTS e não recolhidos na esfera

administrativa, ante a competência que lhe é reconhecida no âmbito

do Poder Judiciário (Decisões de 16/09/87, TRF, "in" D.J. de

19/11/87; de 04/09/89, TRF, "in" D.J. de 27/11/89; e de 10/04/91,

TRF, "in" D.J. de 22/04/91, p. 08154);

f) recomendar ao Conselho Curador do FGTS - CCFGTS maior

brevidade e rigor no exercício das amplas competências que lhe são

conferidas pela lei 8.036/90, adotando as providências que se

fizerem necessárias para uma melhor integração entre os (órgãos

envolvidos no Sistema FGTS;

g) determinar à 8ª Inspetoria Geral de Controle Externo - 8ª

IGCE:

1) a realização de diligências ou inspeções especiais que se

fizerem necessárias, visando esclarecer as questões alinhadas no

item 103 do Relatório e Voto apresentados.

2) que proceda diligência "in loco" no MAS, CEF e MTA,

objetivando esclarecer os seguintes aspectos, para subsidiar o

exame das contas do FGTS, exercício 1991:

2.1) condições em que se processou a redução do índice de

inadimplência dos tomadores de empréstimos/financiamentos,

informando discriminadamente as parcelas relativas à rolagem de

dívida e ao efetivo ingresso de recursos no fundo, em decorrência

de recolhimentos de importâncias em atraso;

2.2) causas e embaraços que vêm retardando a completa migração

das contas vinculadas para CEF, verificando, na oportunidade, se a

previsão de se concluir essa tarefa no final do mês em curso foi

concretizada pela Entidade;

2.3) as providências adotadas em razão da edição das

Resoluções nº 58 e 60 - CCFGTS, de 17/12/91 e 12/11/91,

respectivamente, bem assim, do Decreto nº 474, de 10/03/92; e

2.4) identificar a responsabilidade pelo controle dos

empregadores adimplentes/inadimplentes com o FGTS e os eventuais

impasses verificados do exercício dessa atribuição;

h) determinar à Comissão de Assessoramento e Controle Externo

- CACE a realização de estudos com vistas a avaliar a viabilidade,

conveniência e oportunidade de as Inspetorias Regionais de Controle

Externo - IRCEs passarem a verificar "in loco", nas

Superintendências Regionais da CEF, a execução de projetos

financiados com recursos do FGTS, o cumprimento dos contratos pelos

agentes envolvidos, a situação das obras paralisadas e outros

aspectos julgados necessários.

3) E decide mais o Tribunal Pleno:

a) encaminhar cópia desta Decisão e do Relatório e Voto ora

proferidos, bem como dos anexos que os integram, aos Senhores

Presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, da Comissão

Parlamentar Mista de Inquérito/FGTS e da Caixa Econômica Federal,

bem como aos Senhores Ministros de Estado da Ação Social, do

Trabalho e da Administração e da Previdência Social e aos

representantes dos trabalhadores no Conselho Curador do Fundo de

Garantia por tempo de serviço;

b) juntar cópias desta Decisão, bem como do Relatério e Voto

que a antecederam, às contas do FGTS, exercícios de 1990 e 1991,

para subsidiar o exame das mesmas; e

c) autorizar a Presidência desta Casa a colocar à disposição

da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito/FGTS, caso requerido, a

Equipe da 8ª IGCE que atuou na Auditoria Operacional ora examinada,

para o assessoramento que julgar conveniente, ante a experiência

acumulada no curso dos trabalhos por ela desenvolvidos.

Indexação:

Auditoria Operacional; FGTS; INSS; MAS; CEF; Empréstimo;

Financiamento; Débito; Contrato; Fiscalização; Aplicação; Recursos

Financeiros; Programa; Depósito Bancário; Contribuição; Competência;

Cobrança Judicial; Taxa; Juros;