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Tribunal de Contas do Estado de Rondônia Gabinete do Conselheiro Edílson de Sousa Silva E-XVII Fls. n o .................. Proc. n o 04650/12 ............................. 1 PROCESSO N º 04650/2012-TCER ASSUNTO Representação sobre supostas ilegalidades praticadas na Administração Municipal de Ariquemes, relativas aos procedimentos que autorizaram o loteamento urbano Residencial Jardim Bella Vista INTERESSADO Ministério Público do Estado de Rondônia UNIDADE TCE T Tr ri ib bu un na al l d de e C Co on nt ta as s d de e Rondônia RELATOR Conse el lh he ei ir ro o E Ed dí íl ls so on n d de e S So ou us sa a Silva EMENTA: Representação. Conhecimento. Ministério Público do Estado de Rondônia. Supostas ilegalidades praticadas na Administração Municipal de Ariquemes relativas aos procedimentos que autorizam o loteamento urbano Residencial Jardim Bella Vista. Tutela antecipada. Dano ao erário. Suspensão dos atos administrativos. Decisão nº 384/2012 Vistos. Por meio de Representação datada de 24.10.2012, subscrita pela Dr.ª Joice Gushy Mota Azevedo, Promotora de Justiça do Ministério Público do Estado de Rondônia, da 3ª Promotoria de Justiça de Ariquemes, noticiou- se a ocorrência de práticas de atos de improbidade administrativa nos procedimentos de aprovação dos loteamentos “Residencial Jardim Bella Vista” e “Condomínio Residencial Alphaville e Hípica Clube”, razão pela qual solicitou o

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PROCESSO Nº 04650/2012-TCERASSUNTO Representação sobre supostas ilegalidades

praticadas na Administração Municipal de Ariquemes, relativas aos procedimentos que autorizaram o loteamento urbano Residencial Jardim Bella Vista

INTERESSADO Ministério Público do Estado de Rondônia UNIDADE TTCCEE –– TTrriibbuunnaall ddee CCoonnttaass ddee RRoonnddôônniiaa RELATOR CCoonnsseellhheeiirroo EEddííllssoonn ddee SSoouussaa SSiillvvaa

EMENTA: Representação. Conhecimento.

Ministério Público do Estado de

Rondônia. Supostas ilegalidades

praticadas na Administração Municipal de

Ariquemes relativas aos procedimentos

que autorizam o loteamento urbano

Residencial Jardim Bella Vista. Tutela

antecipada. Dano ao erário. Suspensão

dos atos administrativos.

Decisão nº 384/2012

Vistos.

Por meio de Representação datada de

24.10.2012, subscrita pela Dr.ª Joice Gushy Mota Azevedo,

Promotora de Justiça do Ministério Público do Estado de

Rondônia, da 3ª Promotoria de Justiça de Ariquemes, noticiou-

se a ocorrência de práticas de atos de improbidade

administrativa nos procedimentos de aprovação dos loteamentos

“Residencial Jardim Bella Vista” e “Condomínio Residencial

Alphaville e Hípica Clube”, razão pela qual solicitou o

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devido apuratório adstrito à alçada de competência deste

Tribunal de Contas.

Em síntese, a douta Promotora de Justiça

solicita providências, porquanto os técnicos do MPE e do

Conselho da Cidade de Ariquemes, constataram a ocorrência de

dano à ordem urbanística e ao meio ambiente, cujos fatos

guardam semelhança com os delineados na inicial da Ação Civil

Pública nº 0011487.55.2012.8.22.0002, em trâmite perante a 1ª

Vara Cível da comarca de Ariquemes.

Feitos esses registros iniciais, incorporo a

este relatório, a seguir, a narrativa, as conclusões e a

proposta de encaminhamento elaborada pelo Controle Externo:

[...] IV – Dos Fatos

Em verdade, os fatos são aqueles deduzidos na peça

inaugural da Ação Civil Pública intentada pelo MPE,

processo nº 0011487.55.2012.8.22.0002, que são aqui

reproduzidos para efeito de apreciação sob a

perspectiva do Tribunal de Contas, o que ocorre nos

tópicos subsequentes, com base na independência de

jurisdições, respeitado, evidentemente, o monopólio da

judicatura pertencente ao Judiciário.

Dentre os fatos narrados na Representação, declina-se

da análise das ilegalidades frente ao Código de Defesa

do Consumidor, mormente quanto à publicidade enganosa

por ausência do devido regristro imóbilidário, vez que

o tema refoge à seara jurisdicionado do Tribunal de

Contas.

O empreendimento “Residencial Jardim Bella Vista”

comporta 2.238 lotes, ao preço unitário de R$ 72.144,90

(setenta e dois mil, cento e quarenta e quatro reais e

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noventa centavos), no total de R$ 161.460.286,20 (cento

e sessenta e um milhões, quatrocentos e sessenta mil,

duzentos e oitenta e seis reais e vinte centavos),

conforme consta das fls. 549/550.

O loteamento localiza-se na Fazenda Jamari, Lote 01/D,

Parte do Lote 01/02B e parte do Lote 01, Perímetro

Urbano do Município de Ariquemes, com os seguintes

limites e confrontações:

Norte: Lote 01 da Fazenda Jamari;

Sul: Residencial São Paulo, Lotes 01/D, 01 e Lote

104TD/3, do Imóvel Tacredo Neves;

Leste: Lote 02 da Gleba 18;

Oeste: Lote 01 da Fazenda Jamari.

Área: 1.172.655,00 m²

Perímetro: 7.260,39 m.

a) Da violação às Leis do Plano Diretor e do

Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, quanto à

sobreposição à área do Setor Institucional/Eixo

Estrutural.

O cerne da controvérsia consiste na sobreposição de

parte da área do empreendimento na área de projeção do

prolongamento do Setor Institucional, que constitui o

Eixo Estrutural da cidade, com expansão garantida pela

legislação, da Av. Juscelino Kubitschek e da Av.

Tacredo Neves até a linha C-70. Por outros termos, a

área do empreendimento avança sobre a área do Eixo

Estrutural/Setor Institucional da cidade de Ariquemes,

conforme atesta o Laudo Pericial nº 106/ARQUITETURA E

URBANISMO/MP/2012, realizado pela Assessoria Técnica do

MPE, fls. 418-verso, na resposta dada ao quesito 23, in

verbis:

Quesito 23 – O loteamento ou desmembramento violou o

art. 21 e art. 78 da Lei Municipal nº 1.273/06 (Plano

Diretor) e art. 19, I, da Lei Municipal nº 1.574/10

(Lei do Parcelamento do Solo)? Por que?

R – Sim, violou o art. 21 inciso I – Manteve 1 quadra

das 11 projetadas, como área institucional. Deveriam

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ser todas as 11 quadras pois se situam no eixo

estruturardor da cidade e devem avançar até a linha C-

70. Loteou parte do espaço que deveria ser a Av. JK,

com o seu devido prolongamento até a C-70.

A área do Eixo Estrutural/Setor Institucional da cidade

de Ariquemes é crucial na garantia da mobilidade

urbana, enquanto premissa do sistema viário e do

zoneamento, inserida no contexto dos objetivos gerais

da política de desenvolvimento urbano, segundo a

concepção do Plano Diretor, de que cuida a Lei

Municipal nº 1.273/2006, precisamente em seus arts. 8º,

9º, 10, 20, 21 e 78, e respectivos incisos, quais

sejam:

“Art. 8º - Os objetivos gerais da política de

desenvolvimento urbano são:

IV – Garantir a mobilidade e a acessibilidade urbana;

V – Estruturar a rede viária e articular o transporte

coletivo;

XII – Controlar o processo de parcelamento, uso e

ocupação do solo, garantindo que ele seja compatível

com a infraestrutura existente e prevista, com as

condições ambientais e com respeito à vizinhança;

Art. 9º - Nas políticas de desenvolvimento urbano

deverão ser observadas as seguintes diretrizes:

VI – Promoção da distribuição de usos e a

intensificação do aproveitamento do solo de forma

equilibrada em relação à capacidade, presente ou

prevista, da infraestrutura, da mobilidade e do

atendimento à rede pública de serviços;

(…)

Art. 10 - A regulação do parcelamento, uso e ocupação

do solo do Município terá como objetivo geral

estruturar a cidade, ordenar e controlar o processo de

ocupação do solo atendendo aos seguintes objetivos

específicos:

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I – Controlar o adensamento construtivo, garantindo sua

compatibilização com a infra-estrutura urbana existente

e prevista;

Art. 20 - Deverá ser adequado o projeto urbanístico da

cidade de Ariquemes às novas necessidades de ocupações

por regiões, setores/bairros, classificados em

residenciais, industriais, áreas especiais,

institucionais e outros, visando melhoria das condições

de trafegabilidade e habitabilidade.

Art. 21 - Em virtude da sua desconfiguração, devem ser

efetuadas as seguintes adequações do projeto

urbanístico, visando melhoria das condições de

trafegabilidade e habitabilidade:

I – Manutenção da área institucional como eixo

estruturador da cidade, com expansão até linha C-70

estabelecendo novas dimensões para áreas subutilizadas

e efetuando a retirada de atividades comerciais,

habitacionais e outras não afetas. Essas novas

dimensões deverão ser estabelecidas pela Secretaria

Municipal de Planejamento até o próximo dia 30 de julho

de 2007, como medidas imediatas administrativas ou

legais, conforme o caso, para recuperação das áreas e

novas definições de ocupação. As atividades não

previstas na área devem ser objeto de notificação

imediata, após a publicação desta Lei, para desocupação

em prazo a ser negociado através de acordo formal.

II – O corpo técnico da Prefeitura Municipal deverá

elaborar estudos para adequação, em vias com tráfego de

veículo em sentido único, nas Avenidas Tancredo Neves e

Juscelino Kubistchek e outras;(…)

Art. 78 - Nesta região está inserido parte do Setor

Institucional da área consolidada, por ser um eixo

estrutural, o qual deverá ser mantido e garantido

também sua expansão no sentido Norte até a LC-70, com

as seguintes características:

I – Ocupação restrita a Instituições (IT), sendo vedado

o uso para implantação de comércios e residencial;”

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A incolumidade do Eixo Estrutural/Setor Institucional

de Ariquemes também é garantida pela Lei Municipal nº

1.574/2010, que tata do Parcelamento, Uso e Ocupação do

Solo, nos termos do art. 19, I, verbis:

Art. 19 – Nesta região será inserida parte do Setor

Institucional da área consolidada, por ser um eixo

estrutural, o qual deverá ser mantido e garantido

também sua expasão no sentido Norte até a linha LC-70,

com as seguintes características:

I – Ocupação restrita a Instituições (IT), sendo vedado

o uso para implantação de comércios e residências.

b) Da violação à Lei do Plano Diretor quanto ao limite

da área mínima de 360 m² por lote.

A Lei Municipal nº 1.273/2006, que trata do Plano

Diretor, fixa a área mínima por lote, de 12 X 30 (360

m²), a teor do art. 22, XVI, verbis:

Art. 22 – O Poder Executivo deverá efetuar as seguintes

ações para as adequações necessárias ao projeto

urbanístico da cidade:

XVI – O município deverá prever em sua legislação,

lotes com tamanho mínimo de 12 (doze) X 30 (trinta),

tamanho esse ideal para edificação, espaço para

pequenos lazeres familiares, visando melhoria da

qualidade de vida da população. Os empreendedores e/ou

Poder Público que não atender a essa patronização para

os novos bairros e loteamentos, devem sofrer sanções a

serem previstas nos códigos de postura do município.

No entanto, de acordo com o Laudo Pericial nº

106/Arquitetura e Urbanismo/MP/2012, da Assessoria

Técnica do MPE, às fls. 417-verso, verificou-se que 95%

(noventa e cinco por cento) dos lotes projetados

possuem áreas inferiores ao limite mínimo legalmente

exigido (360 m²).

c) Da ausência de prévia caução real mediante outorga

de escritura pública para efeito de aprovação do

empreendimento.

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Na garantia da execução das obras de infraestrutura do

parcelamento do solo, o empreendedor deve caucionar

outros imóveis (que não o objeto do loteamento), no

valor correspondente a 100% (cem por cento) do custo

das obras a serem realizadas, conforme prevêem os arts.

8º, 9º e 10 da Lei Municipal nº 1.574/2010, verbis:

Art. 8º - Estando o projeto de acordo com as exigências

e em conformidade com o Plano Diretor e com a

legislação federal pertinente, o mesmo será aprovado

pelo Poder Executivo.

Art. 9º - O loteador caucionará como garantia da

execução das obras de infraestrutura previstas na

aprovação do parcelamento do solo, outros imóveis que

não o que está sendo parcelado, localizado no Município

de Ariquemes, cujo valor seja correspondente a 100%

(cem por cento) do custo das obras a serem realizadas

pelo empreendedor.

§ 1º – O Município efetuará a avaliação dos imóveis

caucionados através de profissionais de engenharia com

habilitação para tanto.

§ 2º – A caução, quando real, será instrumentada por

escritura pública, averbada no registro imobiliário

competente no ato de registro do loteamento ou será

previamente registrada antes de sua aprovação, quando

os imóveis caucionados localizarem-se fora da área do

empreendimento, conjuntamente com a certidão de inteiro

teor atualizada.

Art. 10 - Pagos os emolumentos devidos e outorgada a

escritura de caução mencionada no artigo anterior, o

Poder Executivo expedirá o Termo de Aprovação do

loteamento e o respectivo Alvará.

Portanto, à luz dos mencionados preceptivos legais a

outorga de escritua pública de caução constitui

condição prévia inescusável para fim de expedição do

Termo de Aprovação do loteamento e o respectivo Alvará,

sendo tal atribuição ato de ofício do Prefeito na

condiçao de Chefe do Executivo Municipal.

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Sucede, todavia, que esse requisito não foi atendido

quando da expedição do Termo de Aprovação do

empreendimento, conforme se extrai do processo

administrativo nº 2012.06.009095, cópias às fls.

248/317. Em verdade, o empreendedor limitou-se a

expedir mero documento intitulado “Termo de Caução”,

cópia às fls. 314-verso, em flagrante ofensa às normas

legais pertinentes.

Ademais, sequer os agentes que concorreram para

expedição do Termo de Aprovação tiveram o cuidado de

promoverem avaliação dos imóveis tidos como

caucionados, conforme previsão contida no § 1º, do art.

9º, da Lei Municipal nº 1.574/2010.

d) Da ausência de Estudo de Impacto Ambiental e do

Relatório de Impacto de Vizinhança (EIA-RIVI) para

efeito de licenciamento ambiental do empreendimento.

Definido pelo art. 1º, I, da Resolução Conama nº

237/1997, como o “procedimento administrativo pelo qual

o órgão competente licencia a localização, instalação,

ampliação e a operação de empreendimentos e atividades

utilizadoras de recursos ambientais, consideradas

efetiva ou potencialmente poluidoras...”, o

licenciamento ambiental foi manejado pelo órgão

estadual, no caso a Secretaria de Estado do

Desenvolvimento Ambiental – SEDAM, sem a apresentação

do imprescindível Estudo de Impacto Ambiental e do

Relatório de Impacto de Vizinhança (EIA-RIVI), em

evidente ofensa aos arts. 3º, Anexo I, da Resolução

Conama nº 237/1997 c/c art. 38, I e II, da Lei

Municipal nº 1.495/2009 (Código Municipal Ambiental), e

ainda com art. 10 da Lei Federal nº 6.938/1981,

relativa à Política Nacional do Meio Ambiente, que

enumerou o parcelamento de solo dentre as atividades ou

empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental.

LEI FEDERAL Nº 6.938/1981

Art. 10 - A construção, instalação, ampliação e

funcionamento de estabelecimentos e atividades

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utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou

potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer

forma, de causar degradação ambiental dependerão de

prévio licenciamento ambiental.

RESOLUÇÃO CONAMA Nº 237/1997

Art. 3º - A licença ambiental para empreendimentos e

atividades consideradas efetiva ou potencialmente

causadoras de significativa degradação do meio

dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e

respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente

(EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a

realização de audiências públicas, quando couber, de

acordo com a regulamentação. A licença ambiental para

empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou

potencialmente causadoras de significativa degradação

do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental

e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente

(EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a

realização de audiências públicas, quando couber, de

acordo com a regulamentação.

ANEXO I

Atividades ou empreendimentos sujeitos ao licenciamento

ambiental:

Atividades diversas- parcelamento do solo

LEI MUNICIPAL Nº 1.495/2009

Art. 38 – A licença ambiental e autorização ambiental

para empreendimentos ou atividades potencialmente

poluidoras, causadoras de significativa degradação do

meio ambiente, será emitida somente após avaliação do

prévio Estudo de Impacto Ambiental e condicionada a

apresentação do Relatório de Impacto de Vizinhança –

RIVI, nos seguintes casos:

I – Empreendimentos para fins residenciais, com área

construída computável maior ou igual a 40.000 m²

(quarenta mil metros quadrados);

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II – empreedimentos, públicos ou privados, destinados a

outro uso, com área superior a 20.000 m² (vinte mil

metros quadrados).

Na alçada normativa do Município, por outorga do art.

36 da Lei Federal nº 10.257/2001, a ausência do EIA-

RIVI no licenciamento ambiental violou a Lei Municipal

nº 1.495/2009, relativa ao Código Ambiental Municipal –

em seus arts. 32, 33, 34 e 39, e respectivos incisos, a

saber:

LEI FEDERAL Nº 10.257/2001

Art. 36 – Lei municipal definirá os empreendimentos e

atividades privadas ou públicos em área urbana que

dependerão de elaboração de estudo prévio de impacto de

vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autorizações

de construção, ampliação ou funcionamento a cargo do

Poder Público municipal.

LEI MUNICIPAL Nº 1.495/2009

Art. 32 - Depende de autorização prévia da Secretaria

Municipal de Meio Ambiente, sem prejuízo de outras

licenças legalmente exigíveis, a obtenção de licença

para funcionamento de:

VII – empreendimentos que impliquem na modificação do

uso do solo, parcelamento, loteamento, construção de

conjunto habitacional ou urbanização a qualquer título;

Art. 33 - A Autorização ou Licença Ambiental Municipal

será emitida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente

em conformidade com as disposições desta Lei, por tempo

determinado, cabendo ao licenciado, caso persistam as

atividades objeto do licenciamento, requerer nova

autorização no período de vigência anterior.

Art. 34 - A Prefeitura Municipal de Ariquemes somente

concederá o Alvará de Funcionamento para o início das

atividades ou empreendimentos após a Autorização

Ambiental expedida pela Secretaria Municipal de Meio

Ambiente.

Art. 38 - A licença ambiental e autorização ambiental

para empreendimentos ou atividades potencialmente

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poluidoras, causadoras de significativa degradação do

meio ambiente, será emitida somente após avaliação do

prévio Estudo de Impacto Ambiental e condicionada a

apresentação do Relatório de Impacto de Vizinhança –

RIVI, nos seguintes casos:

I - Empreendimentos para fins residenciais, com área

construída computável maior ou igual a 40.000 m²

(quarenta mil metros quadrados);

II - empreendimentos, públicos ou privados, destinados

a outro uso, com área superior a 20.000 m² (vinte mil

metros quadrados);

Art. 39 - A autorização da Secretaria Municipal de Meio

Ambiente para localização, instalação, construção ou

ampliação, bem como para operação ou funcionamento das

atividades de impacto ambiental enumeradas neste

Código, em seu Regulamento ou Anexos, quando for o

caso, fica sujeita a expedição das seguintes licenças:

I - Licença Ambiental Prévia (LP);

II - Licença Ambiental de Instalação (LI);

III - Licença Ambiental de Operação (LO).

Em decorrência do licenciamento ambiental ter sido

conduzidos pela SEDAM, cabe pontuar que a competência

para tanto é da Secretaria Municipal de Meio Ambiente –

SEMA -, por se tratar de empreendimento que provoca

impacto ambiental local, nos termos do art. 6º da

Resolução Conama nº 237/1997, verbis:

Art. 6º - Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos

os órgãos competentes da União, dos Estados e do

Distrito Federal, quando couber, o licenciamento

ambiental de empreendimentos e atividades de impacto

ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo

Estado por instrumento legal ou convênio.

No mesmo diapasão sinaliza a jurisprudência, conforme

os precedentes a seguir colacionados, verbis:

APELAÇÃO CÍVEL. CIVIL PÚBLICA. OBRIGAÇÃO DE FAZER DO

MUNICÍPIO. MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE.

REGULARIZAÇÃO DE LOTEAMENTO. OMISSÃO. 1. O ministério

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público tem legitimidade ativa para propor ação civil

pública relativamente a loteamento urbano, visando a

sua regularização urbanística e ambiental. 2. Insere-se

no âmbito de competência dos municípios, o poder-dever

de compatibilizar o parcelamento do solo à política de

desenvolvimento urbano, conforme diretrizes gerais

fixadas em Lei, de competência da união, visando o

pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e o

bem-estar de seus habitantes, mediante fiscalização,

planejamento e controle do solo. 3. Demonstrada

portanto a omissão do ente público no que diz respeito

ao seu dever-poder de fiscalizar, e, verificada,

também, a lesão aos interesses públicos, ante a

ocupação indevida de terceiros em área pública, a

intervenção do poder judiciário é impositiva e não

afronta qualquer princípio constitucional nem quebra a

harmonia e independência dos poderes. Apelação

conhecida e desprovida. (TJGO; AC 570592-

52.2008.8.09.0051; Goiânia; Rel. Des. Walter Carlos

Lemes; DJGO 24/08/2010; Pág. 120).

PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA EXTRA PETITA. DECOTE DO

EXCESSO. DIREITO AMBIENTAL E ADMINISTRATIVO.

EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO. LOTEAMENTO URBANO EM ÁREA

DE INTERESSE AMBIENTAL. NECESSIDADE DE ELABORAÇÃO DE

ESTUDO E RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA E RIMA).

RESOLUÇÃO 01/86 DO CONAMA. ÓRGÃO MUNICIPAL DE MEIO

AMBIENTE. COMAM. COMPETÊNCIA AVALIAR O EIA E O RIMA.

ÁREA QUE NÃO INTEGRA O LIVRO DO TOMBO. DESNECESSIDADE

DE INTERVENÇÃO DO CONSELHO DELIBERATIVO DO PATRIMÔNIO

CULTURAL. 1. A sentença que extrapola os limites da

lide não merece ser anulada, bastando o decote daquilo

que excedeu o limite fixado pelo autor na petição

inicial. 2. Consoante o art. 2º da Resolução no. 01/86

do CONAMA, os projetos urbanos com área superior a 100

ha., ou que sejam implementados em área considerada de

relevante interesse ambiental, devem ser precedidos de

Estudo e Relatório de Impacto Ambiental, EIA e RIMA.

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Estes documentos devem ser elaborados mesmo quando as

obras já tenham se iniciado, já que podem importar

alterações no projeto inicial, sempre em busca da

proteção do meio ambiente. 3. O art. 10 da Resolução

no. 01/86 do CONAMA ainda estabelece que o órgão

municipal, COMAM, em Belo Horizonte. deve manifestar-se

acerca dos laudos de impacto ambiental a serem

elaborados pelo proprietário do empreendimento. 4. O

Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo

Horizonte, por sua vez, só tem competência para

manifestar-se em intervenções humanas em áreas

tombadas. O cancelamento do tombamento faz cessar a

necessidade de intervenção deste órgão. (TJMG; APCV

0624119-14.1993.8.13.0024; Belo Horizonte; Primeira

Câmara Cível; Relª Desª Vanessa Verdolim Hudson

Andrade; Julg. 27/04/2010; DJEMG 08/06/2010).

e) Da ilegalidade na aprovação do projeto de loteamento

no âmbito do Conselho da Cidade

O Conselho da Cidade de Ariquemes tem como função

precípua realizar o controle social das políticas

públicas, que configura, assim, manifestação concreta

do viés popular da gestão pública a garantir

legitimidade dos atos praticados.

Por se inserir no rol das políticas públicas, a Lei

Municipal nº 1.574/2010, que dispõe sobre o

Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, confere à

população, por intermédio do Conselho da Cidade, a

competência para aprovação prévia de loteamentos, que

se dá antes da aprovação pelo Chefe do Executivo

Municipal, nos termos do art. 132, verbis:

Art. 132 - Todos os projetos de loteamentos e

empreendimentos habitacionais a serem implantados no

município, não aprovados até a presente data, serão

submetidos ao Conselho da Cidade de Ariquemes, para

posterior aprovação do Chefe do Poder Executivo. Os

demais, que forem objeto de solicitação a partir da

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data de aprovação desta Lei, serão obrigatoriamente

encaminhados ao CCA.

O ato de aprovação do loteamento na esfera do Conselho

da Cidade consiste na Resolução nº 004, de 11.07.2012,

assinada pelo Presidente Marcelo dos Santos (que também

é Secretário da SEMPLA), conforme consta das fls. 315.

Contudo, em depoimento prestado perante a Promotoria de

Justiça de Ariquemes, fls. 519, Claudenir de Oliveira

Rocha, assim declarou:“...Informo que a questão na fora

sumetida previamente a análise do Conselho Municipal da

Cidade de Ariquemes, nem mesmo à Comissão de Análise de

Processos do referido Conselho, composta pelos membros:

Engenheiro Glauco, Adeir da ACIA, Eder da Associação de

Bairro, Wilian e o declarante”.

Dessa forma, a aprovação unilateral do projeto de

loteamento, sem a aquiescência dos demais membros do

Conselho, torna o ato tisnado de vício de nulidade por

ofensa ao art. 132 da Lei Municipal nº 1.574/2010.

Registre-se ainda que o Presidente do Conselho da

Cidade de Ariquemes, Marcelo dos Santos, também ocupa o

cargo de Secretário Municipal de Planejamento, em cuja

pasta praticou ato ilegal materializado na expedição do

Termo de Aprovação sem que o empreendedor tivesse

apresentado prévia caução real mediante outorga de

escritura pública, em violação aos arts. 8º, 9º e 10 da

Lei Municipal nº 1.574/2010, conforme aduzido

anteriormente.

f) Da ilegalidade da manifestação prévia do órgão de

trânsito municipal.

O art. 93 da Lei Federal nº 9.503/1997, enuncia

peremptoriamente que, verbis:

Art. 93 – Nenhum projeto de edificação que possa

transformar em pólo atrativo de trânsito poderá ser

aprovado sem prévia anuência do órgão ou entidade com

circunscrição sobre a via e sem que do projeto conste

área para estacionamento e indicação das vias de acesso

adequadas.

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É incontroverso que o empreendimento tornar-se-á um

pólo atrativo de trânsito, haja vista a dimensão da

área (1.172.655,00 m²), inclusive superior a 40.000 m²,

a teor do art. 38, I, da Lei Municipal nº 1.495/09, que

trata do Código Municipal Ambiental.

Por se tratar de um pólo atrativo de trânsito, evidente

que deveria haver a manifestação do órgão municipal

competente. Mas não houve.

É fato que a localização do empreendimento, em

sobreposição ao Eixo Estrutural/Setor Institucional da

cidade de Ariquemes, reproduzirá o prejuízo ao trânsito

ocasionado pelo loteamento similar, caso do Condomínio

Residencial Alphaville e Hípica Club, portanto em

conflito com o art. 19, I, da Lei Municipal nº

1.574/2010 c/c art. 21, II, da Lei nº 1.273/06,

consoante apontado no Laudo Pericial da Assessoria

Técnica do MPE, precisamente na resposta ao Quesito 25,

daquele processo, nos termos seguintes, verbis:

Quesito 25 – O empreendimento loteamento Alphaville e

Hípica Club violou o art. 21 e art. 78 da Lei Municipal

1.273/06 (Plano Diretor) e art. 19, I, da Lei Municipal

1.574/10 (Lei de Par. do Solo)? Por que?

R – Sim para o art. 19, I, nesta área está inserida

parte do eixo estrutural da cidade e deve ser mantido

até a linha C-70, sendo espaço destinado a edificações

institucionais.

Esse eixo estrutural é compreendido entre as duas

principais avenidas da cidade de Ariquemes, a Tancredo

Neves e JK; projetadas como vias arteriais, estas

largas avenidas foram planejadas com o objetivo de dar

escoamento ao tráfego de norte a sul da cidade,

distribuindo o tráfego concentrado justamente no setor

institucional (local onde se situam os órgãos públicos,

pólos declaradamente geradores de tráfego) para os

bairros. Estas avenidas, em conjunto com outras, são

tão importantes para o sistema viário da cidade, que a

Lei 1.273/06 diz:

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Art. 21:

II – O corpo técnico da Prefeitura Municipal deverá

elaborar estudos para a adequação, em vias com tráfego

de veículos em sentido único, nas av. Trancredo Neves e

Juscelino Kubstschek e outras.

O inciso II do art. 21, busca a previsão dos colapsos

de tráfego comuns em nossas cidades nos dias de hoje.

Deve-se anotar que a previsão não é de tanto adiantada

pois hoje na cidade de Ariquemes as mesmas avenidas,

Trancredo e JK, já são artérias que apresentam

problemas de tráfego intenso em horas entrada e saída

de expedientes comerciais e, o que trás maiores

preocupações, já apresenta “pontos negros”

representativos de índices de acidentes fora do

toleráveis.

Para não citar metrópoles como Rio de Janeiro e São

Paulo, cidades com o sistema de trânsito caótico,

tomemos como exemplo a cidade de Porto Velho; cidade

sem planejamento urbano, viu-se obrigada a investir

somas de dinheiro público enormes em desapropriações

com o objetivo de abrir trechos de ruas obstruídos por

empreendedores vorazes que construíram seus imóveis no

espaço que deveria ser o prolongamento de uma via

urbana.

Ariquemes é uma cidade projetada, possui largas

avenidas e pela configuração do seu Plano Diretor a

maior área de expansão é justamente para o norte, onde

se localiza a Região 5, que abriga o loteamento

Alphaville.

Desse loteamento até a linha C-70 restam ainda 4.700

metros a serem ocupados, mais que os 4 mil metros que

ocupa a maior dimensão da Região 1, o centro da cidade.

No que tange a responsabilidade, esta deve ser imputada

a Leandro Hernani Lemos, Diretor de Trânsito, da

Secretaria de Segurança e Trânsito, por omissão no

dever de vigilância e fiscalização ante a absoluta

ausência nos procedimentos administrativos, portanto,

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em ofensa ao art. 93 da Lei Federal nº 9.503/1997 c/c

art. 21, I e II, da Lei Municipal nº 1.273/2006 e art.

19, I, da Lei Municipal nº 1.574/2010.

V – Das ilegalidades praticadas sob a vertente do

Tribunal de Contas

Como ressaltado inicialmente, as promoções ministeriais

visam o apuratório da extensão do dano ao Patrimônio

Público, a natureza da violação e a identificação dos

responsáveis, em conformidade com as atribuições

institucionais do Tribunal de Contas.

Cabe esclarecer que nas esferas civil e penal o Parquet

já envidou as correspondentes ações, porquanto, com

espeque na independência de jurisdições, na órbita

administrativa resta ao Tribunal de Contas promover o

exame da matéria segundo delineado pelo Relator,

Conselheiro Edílson de Sousa Silva, ao longo do juízo

de admissibilidade constante da Decisão nº 326/2012,

fls. 08/12.

No exame de cognição sumária, desde então o Relator

pontou o Patrimônio Público na condição de bem jurídico

a ser defendido no procedimento instaurado naquela

oportunidade.

Com efeito, definido o Patrimônio Público como objeto

do apuratório, o eminente Relator adotou a concepção da

Resolução CFC nº 1.129/08, do Conselho Federal de

Contabilidade, que aprovou a NBC T 16.2 – Patrimônio e

Sistemas Contábeis, verbis:

Patrimônio Público é o conjunto de direitos e bens,

tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos,

formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados

pelas entidades do setor público, que seja portador ou

represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro,

inerente à prestação de serviços públicos ou à

exploração econômica por entidades do setor público e

suas obrigações.

Na hipótese ventilada, é evidente que o Eixo

Estrutural/Setor Institucional da cidade de Ariquemes

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diz respeito a bem público inatacável, essencial a

permitir as condições de funcionalidade, segurança e

estética, que constituiem, assim, premissas básicas da

função circulação, que por sua vez guarda relação

direta com o sistema viário urbano e com o zoneamento.

Não é necessário sublime esforço para compreender que o

grau de desenvolvimento de uma sociedade pode ser

avaliado, dentre outros critérios, pelo processo de

urbanização, ocupação e uso do solo, cujo modelo deflui

dos comandos dos arts. 182 e 183 da Constituição

Federal, que fixam as balizas dos marcos regulatórios

da organização do espaço urbano, gizados pela Lei

Federal nº 10.257/2001, também denominada Estatuto das

Cidades.

O Estatuto das Cidades confere ao Município o poder-

dever de instrumentalizar a organização do espaço

urbano, no pleno exercício da competência de legislar

sobre assuntos de interesse locais mediante os

institutos previstos no art. 4º, III, dentre os quais

se destacam a Lei do Plano Diretor e a Lei do

Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, verbis:

Art. 4o - Para os fins desta Lei, serão utilizados,

entre outros instrumentos:

III – planejamento municipal, em especial:

a) plano diretor;

b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do

solo;

Desse modo, na efetivação da competência constitucional

conferida pelos arts. 182 e 183 c/c art. 30, VIII

(legislar sobre assuntos de interesse local e promover

o adequado parcelamento e ocupação do solo), bem assim

pelo art. 4º, III, “a” e “b”, da Lei Federal nº

10.257/2001, o Município de Ariquemes editou as Leis

nºs 1.273/2006 (Plano Diretor) e 1.574/2010

(Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo).

Consoante exaustivamente discorrido, os mencionados

diplomas municipais consagram o prolongamento das

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Avenidas Tancredo Neves e Juscelino Kubitschek até a

Linha C-70 como Eixo Estrutural/Setor Institucional,

que adquirem, assim, natureza jurídica de Patrimônio

Público, a teor da conceituação adotada pelo Relator,

com base na Resolução CFC nº 1.129/08, do Conselho

Federal de Contabilidade, anteriormente reportada.

De outro tanto, não se pode olvidar que a conceituação

de Patrimônio Público adotada pelo Relator abrange,

também, a idéia de meio ambiente, precisamente, o meio

ambiente artificial, assim entendido como o espaço

urbano, segundo o magistério de Celso Antônio Pacheco

Fiorillo, verbis:

(...) Este aspecto de meio ambiente está diretamente

relacionado ao “conceito de cidade”. Vale verificar que

o vocábulo “urbano” do latim “urbs”, “urbis”, signfica

cidade e, por extensão, seus habitantes. Não está

empregado em contraste com o termo “campo” ou “rural”,

porquanto qualifica algo que se refere a “todos os

espaços habitáveis”, “não se opondo a rural, conceito

que nele se contém: possui, pois, uma natureza ligada

ao conceito de território”.

O meio ambiente artificial recebe tratamento

constitucional não apenas no art. 225, mas também nos

arts. 182, ao iniciar o capítulo referente à política

urbana; 21, XX, que prevê a competência material da

União Federal de instituir diretrizes para o

desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento

básico e transportes urbanos; 5º XXIII, entre alguns

outros”. (FIORILLO, Celso Antônio Pacheco, in “Curso de

Direito Ambiental Brasileiro”, Saraiva, 5ª e. São

Paulo, 2004, p. 21).

No caso vertente, constata-se que o Termo de Aprovação

subscrito pelo Executivo Municipal, além da profusão de

ilegalidades nos procedimentos administrativos que o

precederam, resulta, em última instância, na usurpação

do Patrimônio Público pertencente ao Município de

Ariquemes.

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Dessa forma, os atos que preparatórios à expedição do

Termo de Aprovação, fls. 316, além da eiva de

ilegalidades que os contaminam, produzem efeitos

lesivos juridicamente consumados ao Patrimônio Público,

revelado na concretude de tolher da cidade de Ariquemes

o Eixo Estrutural/Setor Institucional, que é protegido

pela legislação pertinente, inclusive, de índole

constitucional.

O dano ocasionado se manifesta em seu aspecto jurídico,

mediante o Termo de Aprovação do loteamento, que

constitui, por assim dizer, a síntese, o deslinde, o

perfeiçoamento, a materialização dos procedimentos

manejados pela Administração Municipal.

No tocante ao dano ocasionado, este consiste na área

pública sobreposta (215.054,00 m²), correspondente a

18,34% em relação à área total do loteamento

(1.172.655,00 m²). Embora dentro da área sobreposta

conste a Quadra 4 como institucional (28.956,00 m²), o

que reduziria a área efetivamente sobreposta para

15,87% do loteamento, sob o aspecto puramente jurídico

esse detalhe é irrelevante, pois o prolongamento da

área institucional até a Linha C-70 constitui um BEM

PÚBLICO INDIVISÍVEL, porquanto inexpugnável,

insusceptível a fatiamento que seja. Assim, a área

pública lesionada deve ser considerada em sua

inteireza, equivalente a 18,34% da área total do

loteamento.

Por sua vez, no que tange a quantificação do dano em

seu aspecto monetário, este decorrerá da proporção da

área invadida (18,34%) versus o valor de mercado do

empreendimento. Para tanto, impende afastar o valor

venal como parâmetro para efeito de eventual

sancionamento, seja por imposição de débito ou de

multa, vez que não reflete na essência os ganhos

econômicos auferidos pelo empreendedor às custas da

lesão ocasionada ao Patrimônio Público. Como é cediço,

o valor venal constitui referência para fim de base de

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cálculo de tributos municipais, notadamente o IPTU e o

ITBI, além do que certamente a planta de valores do

Município, em relação à área do loteamento, ainda não

apropriou o plus decorrente da valorização do perímetro

urbano, eis que, por enquanto, se encontra em área

adjacente.

Por tais razões, adotar como parâmetro o valor de

mercado do empreendimento é medida mais efetiva e

racional a refletir a realidade do dano, visto que o

empreendedor, por lógica de mercado, já computou os

ganhos econômicos em razão da iminente projeção da

cidade. Nesse sentido, para fim de fixação do dano tem-

se o percentual de 18,34% da área pública atropelada,

incidido sobre o valor total do empreendimento, no

valor de R$ 161.460.286,20 (cento e sessenta e um

milhões, quatrocentos e sessenta mil, duzentos e

oitenta e seis reais e vinte centavos), da seguinte

forma:

(A) Área do empreendimento: 1.172.655 m²

(B) Area do empreendimento em sobreposição ao

Patrimônio Público: 215.054,00 m²

(C) Percentual da área em sobreposição ao Patrimônio

Público (B X A X 100): 18,34%

(D) Valor do loteamento: R$ 161.460.286,20

(F) Valor do Dano (C X D): R$ 29.811.816,49

A propósito de eventual sancionamento, na hipótese de o

Relator considerar factível, entende o Corpo Técnico

que embora o dano jurídico esteja consumado, o mesmo

não ocorre em relação ao dano material. Em primeiro

lugar porque, conforme afirma declara o MPE na incial

da ACP existe, por parte do empreendedor, a clara

manifestação de intenção de vender “lotes”. Assim, as

tratativas negociais se resumem à celebração de

compromissos de compra e venda, em razão da ausência do

imprescidível registro imobiliário. Em segundo lugar,

porque a liminar concedida pelo Judiciário (em sede da

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ACP) neutralizou os atos preparatórios para a

consumação do dano material.

Dessa forma, por intercorrência de fatos alheios à

vontade do empreendedor, o dano material não se

configurou. De outro giro, embora no plano jurídico o

dano esteja consumado (R$ 29.811.816,49), é possível a

reversão mediante desfazimento dos procedimentos

administrativos que ensejaram a expedição do Termo de

Aprovação pela Administração Municipal.

Por derradeiro, em relação à identificação dos

responsáveis pelos procedimentos inquinados, este

aspecto é examinado detidamente no tópico seguinte, a

partir de condutas individualizadas.

VI – Das condutas individuais

Os danos ocasionados ao Patrimônio Público de Ariquemes

se encontram condensados nos procedimentos

administrativos praticados pelos agentes públicos em

comunhão com os particulares, no caso os sócios da

empresa responsável pelo loteamento, cujas condutas e

respectivas tipificações vão a seguir examinadas.

a) JOSÉ MÁRCIO LONDE RAPOSO, brasileiro, casado,

Prefeito de Ariquemes, nascido em 30.03.1951, filho de

José Luiz Raposo e Maria Londe Raposo, CPF nº

573.487.748-49, RG nº 055.102-SSP/RO, por ter assinado

o Termo de Aprovação do loteamento “Residencial Jardim

Bella Vista”, fls. 316, com repercussão lesiva ao

Patrimônio Público da municipalidade, decorrente da

supressão da área destinada ao Eixo Estrutural/Setor

Institucional do perímetro urbano, em ofensa aos arts.

182 e 183 c/c art. 30, VIII, da Constituição Federal,

bem como ao art. 4º, III, “a” e “b”, da Lei Federal nº

10.257/2001, e ainda aos arts. 8º, 9º, 10, 20, 21, I e

II, e 78, e respectivos incisos, da Lei Municipal nº

1.273/2006, e art. 19, I, da Lei Municipal nº

1.574/2010;

No âmbito da Gestão Fiscal, sob a regência da Lei

Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade

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Fiscal), cuja observância do cumprimento é alçada de

competência do Tribunal de Contas, o ato praticado pelo

Prefeito (Termo de Aprovação do loteamento) impõe à

Administração Municipal a obrigação de expandir a ação

governamental no contexto das políticas públicas, com a

consequente assunção de compromisso de despesas com

infraestrutura (serviços públicos) e, principalmente,

com desapropriação dos imóveis, sem que haja a devida

previsão na Lei Orçamentária Anual (LOA), Lei de

Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei do Plano

Plurianual, na forma exigida pelo art. 16, II, in

verbis:

Art. 16 - A criação, expansão ou aperfeiçoamento de

ação governamental que acarrete aumento da despesa será

acompanhado de:

I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no

exercício em que deva entrar em vigor e nos dois

subsequentes;

II - declaração do ordenador da despesa de que o

aumento tem adequação orçamentária e financeira com a

lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano

plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.

§ 4o As normas do caput constituem condição prévia

para:

II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere

o § 3o do art. 182 da Constituição.

De sua parte, o Estatuto das Cidades (Lei Federal nº

10.257/2001), em sincronia com a Lei de

Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000), consagra

expressamente a Lei Orçamentária Anual, a Lei de

Diretrizes Orçamentárias e a Lei do Plano Plurianual,

como instrumentos do planejamento municipal a

garantirem a efetividade da política urbana, nos termos

do art. 4º, III, “d” e “e”, verbis:

Art. 4o Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre

outros instrumentos:

III – planejamento municipal, em especial:

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d) plano plurianual;

e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;

Em resumo, sob o ângulo da Gestão Fiscal, a conduta do

Prefeito, ante a inobservância do art. 16, I e II, §

4º, II, há de ser considera não autorizada, irregular e

lesiva ao Patrimônio Público, nos enfáticos termos do

art. 15 da Lei Complementar nº 101/2000, verbis:

Art. 15 - Serão consideradas não autorizadas,

irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração

de despesa ou assunção de obrigação que não atendam o

disposto nos arts. 16 e 17. (grifei).

Na condição de agente público, a conduta do Prefeito

José Márcio Londe Raposo, desta feita na alçada do

MPE/Judiciário, é caracterizadora de prática de ato de

improbidade administrativa que causa lesão ao erário,

consoante previsto no art. 10, I, da Lei Federal nº

8.429/1992, verbis:

Art. 10 - Constitui ato de improbidade administrativa

que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão,

dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial,

desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos

bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º

desta lei, e notadamente:

I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a

incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física

ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores

integrantes do acervo patrimonial das entidades

mencionadas no art. 1º desta lei;

Em que pese a LIA faça alusão ao termo erário, sua

acepção é mais extensiva, pois encerra a idéia de

Patrimônio Público (que abrange os bens e os dinheiros

públicos/erário), consoante o excerto doutrinário a

seguir colacionado, verbis:

“Apesar de o artigo 10 da Lei de Improbidade fazer

referência aos atos que “causam lesão ao erário”, na

verdade, aplica-se aos atos que “causam lesão ao

patrimônio público” (GARCIA; ALVES, 2002), tendo,

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assim, um alcance maior”. (apud “Cem Perguntas e

Respostas sobre Imprbidade Administrativa – Incidência

e aplicação da Lei nº 8.429/1992”, BARBOSA, Márcia Noll

(coordenadora). Escola Superior do Ministério Público

Federal. p. 45. Brasília. 2008).

Ainda em relação à conduta de José Márcio Londe Raposo,

desta ordem na condição de Prefeito Municipal, é

caracterizadora de crime de responsabilidade, da alçada

do Judiciário e do Parlamento Municipal, por permitir a

terceiro utilizar-se de bem público, nos termos do art.

1º, II, do Decreto-lei nº 201/1967, verbis:

Art. 1º - São crimes de responsabilidade dos prefeitos

municipais, sujeitos a julgamento do poder judiciário,

independentemente do pronunciamento da Câmara dos

Vereadores:

II – Utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou

alheio, de bens, rendas ou serviços públicos.

b) MILTON SEBASTIÃO ALONSO SOARES, Arquiteto e

Urbanista, lotado no Núcleo Executivo de Engenharia,

Projetos e Fiscalização, da Secretaria Municipal de

Planejamento de Ariquemes, brasileiro, casado, CPF nº

606.951.459-91, RG nº 11.097.834-SSP/SP, nascido em

13.09.1964, natural de Lins/SP, filho de Dulce Galvão

Soares e Milton Alonso Soares, residente à Rua Guajará-

Mirim, nº 3293, Setor BNH, em Ariquemes/RO, pelas

seguintes condutas:

b.1) ter assinado Parecer Técnico Favorável à

continuidade do projeto, constante do processo

administrativo de consulta prévia de viabilidade

(2012/04/005689), fls. 366, que resulta na supressão do

Eixo Estrutural/Setor Institucional, em conflito com

arts. 8º, 9º, 10, 20, 21, I e II, 22, XVI, e 78, e

respectivos incisos, da Lei Municipal nº 1.273/2006, e

arts. 5º, IV, “c”, V e VI; 8º, 9º, 10 e 19, I, da Lei

Municipal nº 1.574/2010;

b.2) ter assinado Parecer Técnico pela Aprovação do

loteamento, constante do processo administrativo para

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implantação do empreendimento (2012/06/009095), fls.

314, que resulta na supressão do Eixo Estrutural/Setor

Institucional, em conflito com arts. 8º, 9º, 10, 20,

21, I e II, 22, XVI e 78, e respectivos incisos, da Lei

Municipal nº 1.273/2006, e arts. 5º, IV, “c”, V e VI;

8º, 9º, 10 e 19, I, da Lei Municipal nº 1.574/2010.

As condutas de Milton Sebastião Alonso Soares são

caracterizadoras de práticas de atos de improbidade

administrativa contra os princípios da Administração

Pública, da alçada do MPE/Judiciário, nos termos do

art. 11, I, da Lei Federal nº 8.429/1992, verbis:

Art. 11 - Constitui ato de improbidade administrativa

que atenta contra os princípios da administração

pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres

de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade

às instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou

regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de

competência.

c) MARCELO DOS SANTOS, Secretário Municipal de

Planejamento de Ariquemes e Presidente do Conselho

Municipal da Cidade de Ariquemes, brasileiro, casado,

nascido em 08.04.1976, natural de Pirique/PR, CPF nº

586.749.852-20, RG nº 559.437-SSP/RO, filho de Antônio

Firmino dos Santos e Tereza Mendes dos Santos,

residente à Rua Castro Alves, nº 3978, Setor 06,

Ariquemes-RO, pelas seguintes condutas:

c.1) ter ratificado o Parecer Favorável de consulta

prévia de viabilidade, expedido de forma ilegal por

Milton Sebastião Alonso Sores, mediante o Ofício nº

0133/SEMPOG/NUCLEX/2012, constante do processo

administrativo (2012/04/005689), fls. 247-verso, que

resulta na supressão do Eixo Estrutural/Setor

Institucional, em conflito com arts. 8º, 9º, 10, 20,

21, I e II, 22, XVI e 78, e respectivos incisos, da Lei

Municipal nº 1.273/2006, e arts. 5º, IV, “c”, V e VI;

8º, 9º, 10 e 19, I, da Lei Municipal nº 1.574/2010;

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c.2) ter assinado a Resolução nº 004, de 11.07.2012, na

condição de Presidente do Conselho Municipal da Cidade

de Ariquemes, pela aprovação da “Viabilidade de

Implantação de Loteamento Jardim Bella Vista”,

constante do processo administrativo para implantação

do empreendimento (2012/06/009095), fls. 315, sem que

houvesse a devida aprovação dos membros do Conselho,

portanto, carente de legitimidade, que resulta na

supressão do Eixo Estrutural/Setor Institucional, em

conflito com arts. 8º, 9º, 10, 20, 21, I e II, e 78, e

respectivos incisos, da Lei Municipal nº 1.273/2006, e

arts. 5º, IV, “c”, V e VI; 8º, 9º, 10 e 19, I, da Lei

Municipal nº 1.574/2010;

c.3) ter assinado Parecer Favorável à concessão de

Certidão Ambiental, constante do processo

administrativo para implantação do empreendimento

(2012/06/009095), com vício de ilegalidade, fls. 311-

verso e 312, pois sob o aspecto formal o ato incorre em

usurpação de competência da Secretaria Municipal de

Meio Ambiente, em conflito com o art. 36 da Lei Federal

nº 10.257/2001 c/c art. 32 da Lei Municipal nº

1.495/2009 e art. 6º da Resolução CONAMA nº 237/1997,

enquanto que sob o aspecto material o ato ofende o art.

19, II, da Lei Municipal nº 1.574/2010.

De igual modo, as condutas de Marcelo dos Santos são

caracterizadoras de práticas de atos de improbidade

administrativa contra os princípios da Administração

Pública, da alçada do MPE/Judiciário, nos termos do

art. 11, I, da Lei Federal nº 8.429/1992.

d) LEANDRO HERNANI LEMOS, Diretor de Trânsito, da

Secretaria Municipal de Segurança e Trânsito de

Ariquemes, brasileiro, divorciado, nascido em

30.04.1983, natural de São Paulo/SP, filho de Gelcito

Lemos e Maria Aparecida da Rocha, CPF nº 781.180.772-

68, residente à Rua Porto Alegre, nº 2.904, Setor 03,

em Ariquemes-RO, por omissão no dever de vigilância e

fiscalização ante a absoluta ausência nos procedimentos

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administrativos, portanto, em ofensa ao art. 93 da Lei

Federal nº 9.503/1997 c/c art. 21, I e II, da Lei

Municipal nº 1.273/2006 e art. 19, I, da Lei Municipal

nº 1.574/2010;

e) JOSÉ WELLINGTON AMORIM, Diretor da Secretaria de

Estado de Desenvolvimento Ambiental – SEDAM, pelas

seguintes condutas:

e.1) ter expedido, juntamente com Nanci Maria Rodrigues

da Silva, a Licença Prévia nº 122884/COLMAM/SEDAM, com

vício de ilegalidade, fls. 354 e 358-verso, pois sob o

aspecto formal o ato incorre em usurpação de

competência da Secretaria Municipal de Meio Ambiente,

em conflito com o art. 36 da Lei Federal nº 10.257/2001

c/c art. 32 da Lei Municipal nº 1.495/2009 e art. 6º da

Resolução CONAMA nº 237/1997, enquanto que sob o

aspecto material o ato ofende o art. 3º da Resolução

CONAMA nº 237/1997 c/c art. 38, I e II, da Lei

Municipal nº 1.495/2009, ante a ausência do EIA-RIVI.

e.2) ter expedido, juntamente com Nanci Maria Rodrigues

da Silva, a Licença de Instalação nº

122885/COLMAM/SEDAM, com vício de ilegalidade, fls.

354-verso e 359, pois sob o aspecto formal o ato

incorre em usurpação de competência da Secretaria

Municipal de Meio Ambiente, em conflito com o art. 36

da Lei Federal nº 10.257/2001 c/c art. 32 da Lei

Municipal nº 1.495/2009 e art. 6º da Resolução CONAMA

nº 237/1997, enquanto que sob o aspecto material o ato

ofende o art. 3º da Resolução CONAMA nº 237/1997 c/c

art. 38, I e II, da Lei Municipal nº 1.495/2009, ante a

ausência do EIA-RIVI.

f) NANCI MARIA RODRIGUES DA SILVA, Secretária de Estado

de Desenvolvimento Ambiental – SEDAM, pelas seguintes

condutas:

f.1) ter expedido, juntamente com José Wellington

Amorim, a Licença Prévia nº 122884/COLMAM/SEDAM, com

vício de ilegalidade, fls. 354 e 358-verso, pois sob o

aspecto formal o ato incorre em usurpação de

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competência da Secretaria Municipal de Meio Ambiente,

em conflito com o art. 36 da Lei Federal nº 10.257/2001

c/c art. 32 da Lei Municipal nº 1.495/2009 e art. 6º da

Resolução CONAMA nº 237/1997, enquanto que sob o

aspecto material o ato ofende o art. 3º da Resolução

CONAMA nº 237/1997 c/c art. 38, I e II, da Lei

Municipal nº 1.495/2009, ante a ausência do EIA-RIVI.

f.2) ter expedido, juntamente com José Wellington

Amorim, a Licença de Instalação nº 122885/COLMAM/SEDAM,

com vício de ilegalidade, fls. 354-verso e 359, pois

sob o aspecto formal o ato incorre em usurpação de

competência da Secretaria Municipal de Meio Ambiente,

em conflito com o art. 36 da Lei Federal nº 10.257/2001

c/c art. 32 da Lei Municipal nº 1.495/2009 e art. 6º da

Resolução CONAMA nº 237/1997, enquanto que sob o

aspecto material o ato ofende o art. 3º da Resolução

CONAMA nº 237/1997 c/c art. 38, I e II, da Lei

Municipal nº 1.495/2009, ante a ausência do EIA-RIVI.

g) AMAURI GUEDES DE FREITAS, Secretário Municipal de

Meio Ambiente de Ariquemes, brasileiro, solteiro,

nascido em 10.02.1963, natural de Paraguaçu Paulista-

SP, CPF nº 203.085.402-63, RG nº 172.790-SSP/RO, filho

de Joaquim Antônio Guedes e Francisca Felisbina Guedes,

residente à Rua das Pampolas, nº 2.120, Setor 04, CEP

78.9300-00, em Ariquemes-RO, por ter expedido,

juntamente com Hermenegildo Henrique Soares Júnior, a

Certidão de Viabilidade Ambiental nº 043/2012,

constante do processo administrativo nº 60122/04/2012,

fls. 358, em desacordo com o art. 3º da Resolução

CONAMA nº 237/1997 c/c art. 38, I e II, da Lei

Municipal nº 1.495/2009, ante a ausência do EIA-RIVI.

h) HERMENEGILDO HENRIQUE SOARES JÚNIOR, Assessor de

Controle Ambiental, brasileiro, solteiro, nascido em

14.10.1979, natural de Ariquemes-RO, CPF nº

623.674.392-49, RG nº 605.980-SSP/RO, filho de

Hermenegildo Henrique Soares e Lenir Rodrigues Lopes,

residente à Rua Paineira, nº 1.871, CEP 78.932-000, em

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Ariquemes-RO, por ter expedido, juntamente com Amauri

Guedes de Freitas, a Certidão de Viabilidade Ambiental

nº 043/2012, constante do processo administrativo nº

60122/04/2012, fls. 358, em desacordo com o art. 3º da

Resolução CONAMA nº 237/1997 c/c art. 38, I e II, da

Lei Municipal nº 1.495/2009, ante a ausência do EIA-

RIVI.

i) NILTON EDGARD MATTOS MARENA, Procurador do Município

de Ariquemes, por omissão no dever de cumprir com suas

atribuições de representação judicial, assessoria e

consultoria jurídica do Poder Executivo, conforme

previsto no art. 70 da Lei Orgânica do Município, ante

a absoluta ausência nos procedimentos administrativos

que resultaram na Aprovação do loteamento de forma

ilegal, ilegítima e lesiva ao Patrimônio Público.

j) ROQUE RIZEL SILVA DA CUNHA, Controlador do Município

de Ariquemes, por omissão no dever de fiscalizar,

avaliar, acompanhar e auditar os atos de gestão do

Poder Executivo, mormente quanto ao dever de apoiar a

ação fiscalizatória do Tribunal de Contas, na forma

prevista no art. 74, § 1º, da Constituição Federal,

ante a absoluta ausência nos procedimentos

administrativos que resultaram na Aprovação do

loteamento de forma ilegal, ilegítima e lesiva ao

Patrimônio Público.

k) M. L. CONSTRUTORA E EMPREENDEDORA LTDA., pessoa

jurídica de direito privado, CNPJ nº 08.596.997/0001-

04, estabelecida à Av. Machadinho, 2695, Setor Jardim

Paulista, em Ariquemes-RO, CEP 76.871-279, por obter

vantagem indevida da Administração Municipal mediante a

aprovação do loteamento Residencial Jardim Bella

Vista”, em procedimentos ilegítimos, ilegais e lesivos

ao Patrimônio Público, em vista da supressão da área

destinada ao Eixo Estrutural/Setor Institucional do

perímetro urbano, em ofensa aos arts. 182 e 183 c/c

art. 30, VIII, da Constituição Federal, bem como ao

art. 4º, III, “a” e “b”, da Lei Federal nº 10.257/2001,

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e ainda aos arts. 8º, 9º, 10, 20, 21 e 78, e

respectivos incisos, da Lei Municipal nº 1.273/2006, e

art. 19, I, da Lei Municipal nº 1.574/2010;

l) LAÉRCIO DE OLIVEIRA, brasileiro, Sócio-proprietário

e administrador da empresa M. L. CONSTRUTORA E

EMPREENDEDORA LTDA., casado, nascido em 07.09.1944,

natural de São Pedro de Turvo-SP, CPF nº 088.200.909-

53, RG nº 000.767.619-SSP/RO, residente à Rua Cardeal

nº 1343, Setor 02, CEP 76.873-110, em Ariquemes-RO, por

obter vantagem indevida da Administração Municipal

mediante a aprovação do loteamento Residencial Jardim

Bella Vista”, em procedimentos ilegítimos, ilegais e

lesivos ao Patrimônio Público, em vista da supressão da

área destinada ao Eixo Estrutural/Setor Institucional

do perímetro urbano, em ofensa aos arts. 182 e 183 c/c

art. 30, VIII, da Constituição Federal, bem como ao

art. 4º, III, “a” e “b”, da Lei Federal nº 10.257/2001,

e ainda aos arts. 8º, 9º, 10, 20, 21 e 78, e

respectivos incisos, da Lei Municipal nº 1.273/2006, e

art. 19, I, da Lei Municipal nº 1.574/2010;

m) MARGRIT KRUEGER, Sócia-proprietária e administradora

da empresa M. L. Construtora e Empreendedora Ltda.,

nascida em 22.02.1950, natural de Trombudo Central-SC,

CPF nº 107.294.102-34, RG nº 72.847-SSP/RO, residente à

Rua Marabá, nº 3.566, Residencial Parque Tropical I,

Bairro Jardim Jorge Teixeira, CEP 76.876-572, em

Ariquemes-RO, por obter vantagem indevida da

Administração Municipal mediante a aprovação do

loteamento Residencial Jardim Bella Vista”, em

procedimentos ilegítimos, ilegais e lesivos ao

Patrimônio Público, em vista da supressão da área

destinada ao Eixo Estrutural/Setor Institucional do

perímetro urbano, em ofensa aos arts. 182 e 183 c/c

art. 30, VIII, da Constituição Federal, bem como ao

art. 4º, III, “a” e “b”, da Lei Federal nº 10.257/2001,

e ainda aos arts. 8º, 9º, 10, 20, 21 e 78, e

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respectivos incisos, da Lei Municipal nº 1.273/2006, e

art. 19, I, da Lei Municipal nº 1.574/2010;

n) VERA LÚCIA SÁPIRAS DE OLIVEIRA, brasileira,

Procuradora da empresa M. L. Construtora e

Empreendedora Ltda., casada, nascida em 18.03.1974,

natural de Nova Aurora-PR, CPF nº 419.915.912-68, RG nº

475.468–SSP/RO, residente à Av. Rio Branco, n. 3.566,

Residencial Parque Tropical I, Bairro Jardim Jorge

Teixeira, em Ariquemes-RO, por obter vantagem indevida

da Administração Municipal mediante a aprovação do

loteamento Residencial Jardim Bella Vista”, em

procedimentos ilegítimos, ilegais e lesivos ao

Patrimônio Público, em vista da supressão da área

destinada ao Eixo Estrutural/Setor Institucional do

perímetro urbano, em ofensa aos arts. 182 e 183 c/c

art. 30, VIII, da Constituição Federal, bem como ao

art. 4º, III, “a” e “b”, da Lei Federal nº 10.257/2001,

e ainda aos arts. 8º, 9º, 10, 20, 21 e 78, e

respectivos incisos, da Lei Municipal nº 1.273/2006, e

art. 19, I, da Lei Municipal nº 1.574/2010.

Posto isso, decido.

O Corpo Técnico, ao analisar os autos, propõe

a expedição de tutela inibitória para cessar os efeitos do

Termo de Aprovação do loteamento Condomínio Residencial Bela

Vista, bem como dos atos administrativos que lhe antecedeu

até o julgamento do mérito ou ulterior deliberação deste

Relator, aduzindo:

[...] O pressuposto do bom direito manifesta-se de

forma indelével no modo de procedimento adotado pela

Administração Municipal, caracterizado pelo atropelo ao

arquétipo normativo que tutela o loteamento urbano,

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fartamente alhures declinado. No caso presente, além

das cominações indicadas pelo MPE, foram agregadas as

relacionadas às atribuições fiscalizatórias do Tribunal

de Contas, notadamente quanto à indicação do dano e

violação à gestão fiscal, o que torna, assim, as

impugnações mais robustecidas em seu todo.

Por sua vez, o perigo da demora é perceptível na

obstinada resistência do empreendedor em relação à

liminar judicial, por intermédio de instrumentos

recursais, cujo eventual êxito, ainda que em caráter

precário, permitirá de pronto o início da execução do

dano material.

Alerte-se, por último, que entre o dano jurídico

(consumado) e o dano material (execução inibida

precariamente) medeia uma tênue fronteira, que na

hipótese, não descartável, de ser ultrapassada na via

judicial tornará o dano irremediável, tal como ocorreu

em loteamentos outros naquela municipalidade. Nesse

caso, não desprezível, insiste-se, subsistiria a

autoridade da medida cautelar do Tribunal de Contas,

vez que apoiada em argumentos específicos não

contemplados nas ações judiciais.

Com o advento da Resolução nº 76/TCE/RO, de

02.06.2011, o Título V, do RITCE/RO passou a vigorar

acrescido dos arts. 108-A, 108-B e 108-C, compondo o Capítulo

III – “Das Tutelas Antecipatórias”.

Assim, dispõe o art. 108-A, do RITCE/RO:

Art.108-A. A Tutela Antecipatória é a decisão proferida

de ofício ou mediante requerimento do Ministério

Público de Contas, da Unidade Técnica, de qualquer

cidadão, pessoa jurídica interessada, partido político,

associação ou sindicato, por juízo singular ou

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colegiado, com ou sem prévia oitiva do requerido,

normalmente de caráter inibitório, que antecipa, total

ou parcialmente, os efeitos do provável provimento

final, nos casos de fundado receio de consumação,

reiteração ou de continuação de lesão ao erário ou de

grave irregularidade, desde que presente justificado

receio de ineficácia da decisão final.

§ 1º. A tutela Antecipatória, informada pelo princípio

da razoabilidade, pode ser proferida em sede de

cognição não exauriente e acarreta, dentre outros

provimentos, a emissão da ordem de suspensão do ato ou

do procedimento impugnado ou ainda a permissão para o

seu prosseguimento escoimado dos vícios, preservado, em

qualquer caso, o interesse público.

§ 2º. Aplica-se à Tutela Antecipatória o artigo 461 do

Código de Processo Civil e as suas demais disposições

em caráter subsidiário.

Pois bem.

A relação jurídica em análise versa sobre a

prevalência do interesse público sobre o privado, razão

porque deve-se, obrigatoriamente, ser buscada a verdade

material.

E para alcançar essa verdade material,

inclusive, para adoção de medida preventiva acautelatória,

não se pode perder de vista a eficiência do processo e a

efetividade da decisão final.

Por outro lado, deve-se considerar o princípio

da segurança jurídica que assegura entre as garantias

fundamentais, que ninguém será privado de seus bens e

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direitos senão por meio do devido processo legal (art. 5º,

inc. LIV, da CF), o qual necessariamente propiciará aos

litigantes o contraditório e a ampla defesa (art. 5º, inc.

LV, da CF).

Portanto, existem dois dispositivos

constitucionais opostos atuando sobre o processo. Um que

exige solução rápida para o litígio e outro que impõe delonga

à atividade jurisdicional para efetivação do contraditório e

da ampla defesa. De qualquer sorte, por mais rápido que o

julgador consiga ser, o processo exige uma demora que pode

ser mais ou menos longa, conforme a complexidade da causa.

E é em razão dessa demora inevitável que o

processo, em algumas circunstâncias, tem de enfrentar e

solucionar o perigo de alterações nocivas na situação dos

seus elementos, isto é, nos bens, pessoas e provas

relacionados com o litígio.

Dentro desse contexto, a outorga jurisdicional

marcada pela efetividade e tempestividade da tutela, o art.

273 do CPC e o art. 108-A, do RITCE/RO, conceberam a

antecipação da tutela que possibilita a autoridade

jurisdicional deferir um provimento liminar provisório,

assegurando à parte o bem jurídico a que se refere a

prestação de direito material postulado como objeto da

relação jurídica envolvida no litígio.

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Segundo os ensinamentos do renomado Professor

Titular da Faculdade de Direito da UFMG e Desembargador

Aposentado, Humberto Theodoro Júnior:

[...] Justifica-se a antecipação de tutela pelo

princípio da necessidade, a partir da constatação de

que sem ela a espera pela sentença de mérito importaria

denegação de justiça, já que a efetividade da prestação

jurisdicional restaria gravemente comprometida.

Reconhece-se, assim, a existência de casos em que a

tutela somente servirá ao demandante se deferida de

imediato. Mais do que um julgamento antecipado da lide,

a medida autorizada pelo art. 273 do CPC vai ainda mais

longe, entrando, antes da sentença de mérito, no plano

da atividade executiva. Com efeito, o que a lei permite

é, em caráter liminar, a execução de alguma prestação

que haveria, normalmente, de ser realizada depois da

sentença de mérito e já no campo da execução forçada.

Realiza-se, então, uma provisória execução, total ou

parcial, daquilo que se espera venha a ser o efeito de

uma sentença ainda por proferir (in Revista do Tribunal

de Contas de Minas Gerais, edição nº 01 de 1998, Ano

XVI).

Na hipótese em apreço o acervo probatório

anexado à Representação do Ministério Público Estadual

revelam a ocorrência de dano no montante de R$ 29.811.816,00,

indicam os agentes responsáveis que de uma forma ou de outra

concorreram para a prática dos procedimentos ilegítimos,

ilegais e lesivos ao denominado Eixo Estrutural/Setor

Institucional da cidade de Ariquemes/RO e que por dispor de

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proteção de lei, assume a condição de ativo integrante do

Patrimônio Público municipal.

E acrescentou o Corpo Técnico:

[...] Embora sob o aspecto material o dano não esteja

consumado, em razão de fatos alheios às vontades dos

agentes que concorreram na prática das ilegalidades

(liminar concedida pelo judiciário), sob o aspecto

jurídico a situação é diversa, eis que o dano se

encontra devidamente consumado (R$ 29.811.816,49) ante

o deslinde dos procedimentos administrativos,

materializado no Termo de Aprovação expedido pelo

Prefeito Municipal.

De pronto, a despeito da oportuna intervenção do MPE

perante o Judiciário, que via liminar suspendeu os atos

preparatórios ao dano material, na vertente

procedimental é o caso do desfazimento dos atos

administrativos (que se encontram consumados) para fim

de obstaculizar o dano material, concreto, efetivo ao

Patrimônio Público, que, uma vez consumado, será de

difícil e, sobremaneira, onerosa reparação.

Ademais, não se pode olvidar haver sérios

riscos de dano ao meio ambiente devendo, nessas hipóteses,

incidir o princípio da precaução, oriundo do Direito Alemão.

Conceitualmente, o princípio da precaução é

aquele que está a impor e a legitimar a adoção de urgente

medida precautória em relação a um dado risco ambiental, nas

situações em que depara com o desconhecimento acerca dos

detalhes desse risco, suficiente, portanto, a mínima

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probabilidade da sua existência, a ensejar medida dotada de

eficácia com vistas à defesa do meio ambiente.

E que me autoriza a fazer tal afirmação é o

Professor Juarez Freitas em festejado artigo no qual

ministra, magistralmente, ensinamentos sobre o princípio da

precaução em relação aos princípios da proporcionalidade e da

motivação:

[...] Já o princípio constitucional da precaução,

também diretamente aplicável traduz-se, nas relações

administrativas ambientais (mas não só), como o dever

de o Estado motivadamente evitar, nos limites de suas

atribuições e possibilidades orçamentárias, a produção

de evento que supõe danoso, em face da fundada

convicção (juízo de verossimilhança) quanto ao risco

de, não sendo interrompido tempestivamente o nexo de

causalidade, ocorrer um prejuízo desproporcional, isto

é, manifestamente superior aos custos da eventual

atividade interventiva (in FREITAS, Juarez. Princípio

da Precaução: Vedação de Excesso e de Inoperância.

Interesse Público. Porto Alegre: Notadez, n. 35,

jan./fev. 2006. p. 37.)

22

O Tribunal de Contas da União já enfrentou

questão semelhante à presente, invocando o princípio da

precaução, conforme decisão prolatada em processo de

representação relacionada ao Ministério da Integração

Nacional e ao Ibama, e se refere ao Rio São Francisco

(Tribunal de Contas da União. Ata nº. 30/2005 - Plenário,

sessão de 10/08/2005. Diário Oficial da União, Brasília, DF,

22 ago. 2005. Disponível em: www.tcu.gov.br), vejamos:

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Acórdão nº 1147/2005 – Plenário

Grupo I/Classe VI I/Plenário - TC-011.659/2005-0

Natureza: Representação

Entidades: Ministério da Integração Nacional e

Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis

Interessados: Tribunal de Contas da União e Ministério

Público Federal

Ata nº 30/2005 – Plenário

Data da Sessão: 10/08/2005

Publicação no DOU: 22/08/2005

Ministro-Relator: Benjamin Zymler

Ementa: REPRESENTAÇÃO. FALHAS NA ÁREA AMBIENTAL DO

PROJETO DE INTEGRAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO.

DETERMINAÇÃO. Conhece-se de representação para

determinar ao órgão que se abstenha de dar continuidade

aos atos conducentes à celebração do contrato com a

empresa vencedora da concorrência até o total

esclarecimento dos fatos em apuração; e realizar

diligência para colher manifestação quanto à aprovação

do Certificado de Avaliação da Sustentabilidade Hídrica

da Obra e da Outorga de Direito de Uso de Recursos

Hídricos, necessários para assegurar a viabilidade

técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do

empreendimento; quanto ao saneamento das falhas e

omissões do Estudo de Impacto Ambiental; e quanto a

eventual alteração do projeto básico resultante das

conclusões de eventuais exigências realizadas,

decorrentes das complementações e correções dos estudos

ambientais realizados com vistas à obtenção da Outorga

de Direito de Uso de Recursos Hídricos.

Da leitura do bojo do Acórdão, observa-se que

o Tribunal de Contas da União baseou-se na informação

constante do relatório da equipe de auditoria: “Segundo a

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Cartilha de Licenciamento Ambiental elaborada pelo TCU, com

parceria do Ibama, a licença prévia possui extrema

importância no atendimento do princípio da precaução, inciso

IV do art. 225 da Constituição Federal, pois é nessa fase

que: a) levanta-se os impactos ambientais e sociais prováveis

do empreendimento; b) avalia-se tais impactos, no que tange à

magnitude e abrangência; c) formula-se medidas que, uma vez

implementadas, serão capazes de eliminar ou atenuar os

impactos; d) ouve-se os órgãos ambientais das esferas

competentes; e) ouve-se órgãos e entidades setoriais, em cuja

área de atuação se situa o empreendimento; f) discute-se com

a comunidade, quando há audiência pública, os impactos

ambientais e respectivas medidas mitigadoras; e toma-se a

decisão a respeito da viabilidade ambiental do

empreendimento, levando em conta a sua localização e seus

prováveis impactos, em confronto com as medidas mitigadoras

dos impactos ambientais e sociais”.

Verifica-se, pois, na espécie, estarem

preenchidos os requisitos consistentes na prova inequívoca

(preexistente) do direito e o fundado receio de dano

irreparável ou de difícil reparação a ensejar a concessão da

tutela antecipada.

A interrupção da cadeia causal de atos

administrativos que levaram à aprovação do Termo de

loteamento do “Residencial Jardim Bella Vista” é medida que

se impõe, sobretudo porque a população daquele município de

Ariquemes/RO foi diretamente afetada com a aprovação dos

referidos loteamentos.

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Em face do exposto, norteado pelo princípio da

proporcionalidade e ante a verificação das possíveis

consequências da não antecipação, DEFIRO a tutela para

antecipar os efeitos da decisão de mérito a ser proferida em

futuro processo de Tomada de Contas Especial para:

DETERMINAR ao atual Prefeito do Município de

Ariquemes/RO ou a quem lhe tiver sucedido, nos termos do art.

108-A, do RITCE/RO que adote todas as medidas e/ou

providências necessárias no sentido de suspender, no prazo 5

dias, a contar do recebimento desta, os efeitos do Termo de

Aprovação do loteamento denominado “Residencial Jardim Bella

Vista”, fls. 316, assim como suspender, no prazo de 5 dias, a

contar do recebimento desta, todos os atos administrativos

que lhe antecedeu, quais sejam: a) o Parecer Técnico

Favorável à continuidade do projeto, constante do processo

administrativo de consulta prévia de viabilidade

administrativos, fls. 366; b) o Parecer favorável

consubstanciado no Ofício nº 0133/SEMPOG/NUCLEX/2012,

constante do processo administrativo de consulta prévia de

viabilidade (2012/04/005689), fls. 247-verso; c) a Resolução

nº 004, de 11.07.2012, favorável à aprovação da “Viabilidade

de Implantação de Loteamento Jardim Bella Vista, fls. 315; e

d) o Parecer Favorável à concessão de Certidão Ambiental,

constante do processo administrativo para implantação do

empreendimento (2012/06/009095), fls. 311-verso e 312, sob

pena de aplicação de multa e de outras cominações legais, até

ulterior deliberação deste Relator.

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DETERMINAR, também, ao atual Prefeito do

Município de Ariquemes/RO ou a quem lhe tiver sucedido que se

abstenha de praticar quaisquer atos administrativos

relacionados ao loteamento “Residencial Jardim Bella Vista”,

em razão da eiva de ilegalidades que o permeia, sobremodo

quanto à obstrução do Eixo Estrutural/Setor Institucional, em

violação às Leis do Plano Diretor (Lei nº 1.273/2006) e do

Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (Lei nº 1.574/2010), sob

pena de aplicação de multa e de outras cominações legais, até

ulterior deliberação deste Relator.

DETERMINAR à atual Secretária de Estado de

Desenvolvimento Ambiental ou a quem lhe tiver sucedida, nos

termos do art. 108-A, do RITCE/RO que adote todas as medidas

e/ou providências necessárias no sentido de suspender, no

prazo de 5 dias, a contar do recebimento desta, os efeitos da

Licença Prévia nº 122884/COLMAM/SEDAM, fls. 354 e 358-verso,

até o julgamento da Tomada de Contas Especial, bem como

suspender os efeitos da Licença de Instalação nº

122885/COLMAM/SEDAM, fls. 354-verso e 359, sob pena de

aplicação de multa e de outras cominações legais, até

ulterior deliberação deste Relator.

Nos termos do art. 108-A, § 2º, do RITCE/RO

c/c art. 461, § 4º, do Código de Processo Civil, a fim de

assegurar o resultado na obrigação de fazer imposta fixo

multa pecuniária individual ao Prefeito do Município de

Ariquemes/RO e à Secretária de Estado de Desenvolvimento

Ambiental em caso de descumprimento no valor de R$ 1.000,00

por dia até o limite de R$ 100.000,00;

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DETERMINAR à Secretaria do Gabinete que

encaminhe cópia desta decisão à 3ª Promotoria de Justiça de

Ariquemes/RO (Dr.ª Joice Gushy Mota Azevedo), acompanhado do

Relatório Técnico (fls. 871/901-verso), para conhecimento e

adoção das providências de seu alto descortino;

DETERMINAR à Secretaria do Gabinete que

encaminhe cópia desta decisão ao Juízo da 1ª Vara Cível da

Comarca de Ariquemes (Autos nº 0011487-55.2012.8.22.0002),

acompanhado do Relatório Técnico (fls. 871/901-verso), para

conhecimento e adoção das providências de seu alto

descortino;

DETERMINAR, à Secretaria do Gabinete que

depois da expedição dos ofícios e da tramitação interna,

inclua estes autos para julgamento na pauta do dia

13.12.2012.

Expeça-se o necessário, ficando desde já

autorizado a utilização dos meios eletrônicos.

Faculto a extração de cópia reprográfica

mediante requerimento dos interessados por escrito e recibo

nos autos (data e assinatura). Caso os interessados sejam

representados por terceiro, este deverá, então, apresentar,

juntamente com o requerimento, procuração específica para a

realização do ato.

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Publique-se e, ante a celeridade que o caso

requer, cumpra-se esta decisão por meio da Secretaria

Regional de Controle Externo de Ariquemes.

Porto Velho, 05 de dezembro de 2012.

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