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Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro
ACRDO N 2 56.105
AO DE INVESTIGAO IUDICIAL ELEITORAL N 9 18-04.2011.6.19.0000
AUTOR : MINISTRIO PBLICO ELEITORALINVESTIGADO : ANDREIA CRISTINA MARCELLO BUSATTO (ANDREIA DO CHARLINHO)INVESTIGADO : CARLO BUSATTO JNIOR (CHARLINHO)ADVOGADOS : Bruno Calfat e outrosINVESTIGADO : JORGE LUIS DA SILVA ROCHA (JORGINHO CHARLINHO)ADVOGADOS : Bruno Calfat e outrosINVESTIGADO : MARCELO DOS SANTOS GODINHOADVOGADOS : Andre Luis Reis de Amorim e outro
Ao de Investigao Judicial Eleitoral. Eleies 2010. Prtica de abusode poder poltico, poder econmico e uso indevido dos meios decomunicao. Configurao. Procedncia.Rejeio da preliminar de ilegitimidade passiva dos investigados nocandidatos, posto que a norma insculpida no art. 22, XIV, da LC n964/90 dispe que todos os que tenham praticado condutas abusivascom finalidade de promover candidatura, devero ser punidos. Paratanto, necessrio se faz que haja o litisconsrcio passivo.No mrito, configuradas as condutas abusivas.Quanto ao abuso do poder poltico, tem-se a prtica comprovada decoao dos servidores contratados temporariamente ou em comisso,para participarem da campanha da primeira investigada. Alm disso, daanlise das circunstncias, observa-se que foi conferido aportefinanceiro em jornal para que mudasse de posio e passasse apromover a candidatura da primeira investigada.Quanto ao uso indevido dos meios de comunicao, ficou configuradoque os dois ltimos investigados, responsveis pelos peridicos "JornalAtual" e "Jornal Impacto" usaram-os para promoo indevida daprimeira investigada, gerando desigualdade no pleito.Afasta-se a alegao defensiva de potencialidade lesiva, posto querequisito no mais previsto em lei (art. 22, XVI, da LC 64/90). Ademais,ainda que fosse imprescindvel a sua aplicao, verificou-se, no caso,que houve gravidade bastante nas condutas para caracterizar o abuso,capaz, inclusive, de influenciar no pleito.Possibilidade de aplicao da penalidade de cassao de diploma e dasano de inelegibilidade no prazo de oito anos, tendo e vista queuma vez praticada conduta definida como ilcito eleitor I, impe-severificar a respectiva sano prevista em lei no mom nto - uaocorrncia. Aplicao da LC n9 135/10, tendo em vista o atabusivo tersido praticado na sua vigncia.Procedncia do pedido.
Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro
ACORDAM os Membros do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro,por unanimidade, em rejeitar a preliminar e, no mrito, julgar procedente o pedidodeclarando-se a inelegibilidade por 8 (oito) anos dos quatro investigados, comfundamento no art. 22, XIV, da Lei Complementar 64/90, cassou-se o diploma da Sra.Andreia Cristina Marcello Busatto e determinou-se a expedio de ofcio AssembleiaLegislativa do Estado do Rio de Janeiro, nos termos do voto do relator.
Sala de Sesses do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro, 14 de julho de 2011.
JUIZ ANTUGUSTO GASPARelator
Ao de Investigao Judicial Eleitoral ri g 18-04.2011.6.19.0000
RELATRIO
Trata-se de Ao de Investigao Judicial Eleitoral por abuso de poder
poltico, econmico e uso indevido dos meios de comunicao proposta pelo
MINISTRIO PBLICO ELEITORAL em face de (1) ANDREIA CRISTINA MARCELLO
BUSSATO (Andreia do Charlinho), candidata eleita ao cargo de Deputado Estadual
pelo PDT; (2) CARLOS BUSSATO JUNIOR (Charlinho), Prefeito de Itagua; (3) JORGE
LUIS DA SILVA ROCHA (Jorginho Charlinho), Vereador de Itagua; (4) MARCELO DOS
SANTOS GODINHO, Diretor do Jornal Atual.
Sustenta que durante o ano de 2010 os representados se utilizaram
da estrutura da Prefeitura de ltagua para beneficiar a candidatura da P
representada, por meio da utilizao de jornais em circulao na cidade e da
gigantesca estrutura de cargos comissionados e contrataes sem concurso pela
municipalidade, com vistas obteno de apoio poltico e de votos para a primeira
investigada.
Relata que os representados se valeram do apoio macio e abusivo
dos peridicos "Jornal Atual", "Jornal Impacto" e "No Stilo" com grande circulao
nos Municpios de ltagua, Seropdica e Mangaratiba, realizando publicao de
propaganda eleitoral em benefcio da ento candidata Andreia do Charlinho, ora [email protected]
investigada.
Assevera que, at o incio de 2009, o 4-Q investigado, Marcelo
Godinho, editor e dono do "Jornal Atual", fazia oposio ao governo do 2(2
investigado, Charlinho, aduzindo, inclusive, "a inviabilidade econmica de sua
atividade" jornalstica em razo da perseguio do Poder Pblico Municipal, que
ameaava prejudicar seus anunciantes e pressionava as bancas a no venderem o
peridico.
Destaca que o referido peridico, aps ter sido escolhido, sem
licitao, para realizar as publicaes oficiais do municpio de Seropdica, cujos
governantes fariam parte do grupo poltico do 2 2 investigado, passou a fazer
campanha em favor da 1 P- investigada.
Ressalta que o aludido peridico era editado semanalmente,
passando a ser editado quatro vezes por semana.
Afirma que o "Jornal Impacto", de propriedade do 3 12 investigado,
Jorginho Charlinho, criado como um panfleto para o grupo que apoiava o 29-
investigado, Charlinho, foi registrado como firma individual na Junta Comercial,
constando como proprietria Elizabeth Neves de Oliveira, me da atual
companheira do 3 2 investigado, Sheila Neves de Oliveira, que vem a ser a
responsvel pela parte comercial do peridico, sendo certo que a distribuio do
referido jornal se dava gratuitamente.
Alega que o endereo de sua sede o mesmo daquele encontrado
nos cadastros da Justia Eleitoral de Jorginho Charlinho e de sua companheira,
ressaltando, ainda, que no local h to somente uma casa que permanece quase
sempre fechada.
Assevera que o "Jornal Impacto" no possui o devido registro junto
ao Registro Civil de Pessoas Jurdicas e que, atualmente, no faz meno aos
nomes de editores, grfica ou responsveis, pelo jornal ou pelas matrias, em sua
publicaes.
Destaca que o 3 2 investigado pertence a tradicional famlia de
polticos da regio, tendo se aliado a Charlinho quando do segundo mandato deste
como Prefeito em Mangaratiba, e que o peridico fora criado em 2004 visando a
impulsionar sua candidatura.
Narra que o "Jornal Impacto" foi condenado multa de R$50.000,00,
no Recurso Eleitoral 2491/2004, que se encontra apensado presente AIJE, em
razo de irregularidades cometidas na campanha de 2004, consubstanciadas no
seu uso poltico e na realizao de propaganda extempornea em prol da
campanha de Charlinho.
Sustenta que tramita, junto ao Juzo da Comarca de Mangaratiba,
Ao de Improbidade Administrativa para apurao do uso irregular dos meios de
comunicao para promoo pessoal do Sr. Charlinho, ento Prefeito de
Mangaratiba, imputando-lhe a destinao irregular de dinheiro pblico ao peridico,
na qual restaria demonstrada que desde sua criao o aludido jornal fora usado
como panfleto poltico.
Afirma que Sheila Neves e Elizabeth Neves, companheira e sogra do
3 2 investigado, Jorginho Charlinho, eram funcionrias comissionadas da Cmara
Municipal, quando o irmo de Jorginho, de nome "Fabinho", era vereador. J na
administrao do Sr. Charlinho, na Prefeitura de Itagua, passaram a ocupar cargos
comissionados na municipalidade.
Informa, ainda, que Srgio Roberto Gonalves, editor do Jornal
Impacto e do "ABC Dirio", foi nomeado para cargo em comisso no primeiro dia
da administrao de Charlinho, e que continua a publicar matrias promocionais
dos "Charlinhos".
Salienta que em 2004 foi proposta ao de investigao judicial
eleitoral apontando o uso poltico do "Jornal Impacto" na qual, em depoimento nos
autos, o Sr. Srgio Roberto "deu a entender" que suas matrias seriam fruto de
opinio jornalstica, e no propaganda institucional paga, sem qualquer vinculao
com Charlinho. Pondera, contudo, que tal feito foi julgado improcedente por
inexistncia de prova da vinculao do jornal ao candidato, por se tratar de jornal
novo, mas que atualmente restaria evidenciada tal vinculao, visto que o
peridico circula por 6 anos ininterruptos promovendo politicamente o 2Q
investigado.
Destaca que os advogados que defenderam o referido jornal
obtiveram cargo comissionado na Procuradoria Jurdica de ltagua com a posse de
Charlinho.
Assevera que a famlia "Charlinho" utilizava-se, ainda, da revista "No
Rito", criada recentemente e com distribuio gratuita, para promover a
candidatura de Andreia do Charlinho, tendo com principal anunciante a empresa
"Marvalle Corretora de Seguros", que ou foi de propriedade do 2 Q investigado e
de Alexandre Valle, atualmente Secretrio Municipal de Indstria e Comrcio de
ltagua.
Relata que no Processo Administrativo n Q 041-57.2010.619.0105
restou verificada a utilizao da mquina administrativa pelos investigados em prol
da candidatura da P. investigada, Andreia do Charlinho, em razo do grande
nmero de funcionrios no concursados e de empregos manipulados pelo 22
investigado.
Sustenta a utilizao da mquina administrativa em favor da primeira
investigada, consubstanciada na existncia de militncia poltico-partidria dos
funcionrios pblicos municipais, em razo do grande nmero de funcionrios no
concursados.
Ressalta que pessoas detentoras de cargos comissionados sem
ocupao precisa, aps desligamento recente da prefeitura, foram flagrados
trabalhando no comit de campanha da 1 investigada e que os servidores
municipais encontravam-se vulnerveis aos apelos e presses do Prefeito,
asseverando a coao exercida sobre os funcionrios, restando evidente o
cometimento de abuso do poder poltico.
Corrobora sua assertiva com o Termo de Ajustamento de Conduta
firmado em 2007 e revisto em 2009, em virtude das contrataes irregulares
perpetradas pela administrao do ento Prefeito.
Destaca, ainda, que a 1 Q investigada obteve mais de 76% do total de
seus votos nos Municpios de ltagua, Seropdica e Mangaratiba, locais de
circulao dos aludidos peridicos, o que comprovaria o abuso do uso dos meios de
comunicao e do poder econmico.
Outrossim, afirma que o abuso de poder poltico teria se revelado na
coao dos servidores da prefeitura de Itagua para participarem da campanha em
favor da primeira investigada, bem como na "capitulao econmica" do "Jornal
Atual", que implicou em radical mudana de sua orientao ideolgica.
Por essas razes, requer a cassao do registro das candidaturas ou
eventualmente dos diplomas, com a declarao de inelegibilidade dos
representados pelo prazo de oito anos, na forma prevista na Lei Complementar nQ
135/2010.
Instruem a inicial expedientes do Ministrio Pblico Eleitoral, para
apurao de irregularidades perpetradas pelo Prefeito de Itagua (fls. 28-583);
Processo Administrativo n Q 41-57.2010.619.0105, onde se apura notcia de
irregularidade em face da primeira investigada (fls. 584-790); e Processo
Administrativo n Q 42-42.2010.619.0105, onde se apura notcia de irregularidade em
face da primeira investigada (fls. 791-976).
Defesa de Andreia do Charlinho, 1 @ investigada e de Carlos Busatto,
2 2 investigado, s fls. 1000/1020 aduzindo, preliminarmente, a ilegitimidade
passiva do 2 Q investigado, vez que no foi candidato s eleies de 2010 e que a
penalidade imposta pelo XIV do art. 22 da Lei Complementar 64/90 alcana apenas
candidatos, no podendo o 2 Q investigado ter o seu diploma cassado.
No mrito, alegam que no h proibio para a imprensa escrita
assumir posio em relao aos pleitos eleitorais, sem que isso caracterize
propaganda eleitoral ilcita. Narram que as matrias anexadas na inicial sequer
expressaram apoio candidatura da 1 .9 investigada.
Argumentam que por ser a V investigada ento candidata ao cargo
de deputado estadual no pleito de 2010, primeira-dama e Secretria de Educao e
Cultura de ltagua, os peridicos locais apenas informavam sua presena em
determinados eventos ocorridos na cidade.
Li
Informam que o "Jornal Atual" jamais celebrou contrato com o
Municpio de Itagua, nem veiculou propaganda institucional da Prefeitura ou dos
investigados, sendo certo que so diversos os anncios publicitrios trazidos no
peridico, evidenciando-se, assim, a sua principal fonte de receita.
Afirmam que, com relao ao "Jornal Impacto", os anncios
publicitrios representam a sua receita, no havendo somente anncios da 'Porto
Veculos", como alega o Parquet, e que h no peridico propaganda eleitoral de
diversos polticos adversrios dos investigados.
No que tange revista "No Stilo", asseveram que sua fonte de renda
so os anncios publicitrios, e que a edio de maro de 2010 trouxe reportagem
com a l investigada, j que ela era Secretria Municipal de Educao e Cultura, e
mulher de destaque na regio, no havendo qualquer conotao de propaganda
poltica.
No que diz respeito s assertivas do autor de contratao irregular,
alegam que j houve Termo de Ajustamento de Conduta celebrado com o
Ministrio Pblico Estadual sobre o tema, decorrendo disso, inclusive, a realizao
de concurso pblico no primeiro semestre de 2011.
Ademais, afirmam que no houve contratao fora da rotina no ano
de 2010, no havendo indcio de benefcio para a primeira investigada, e que a
contratao temporria de servidores ocorreu devido a abertura de 12 novas
escolas, com capacidade, cada uma, de cerca de 1000 alunos, bem como de 8
creches e mais de 10 postos de sade.
Aduzem a ausncia de coao de servidores, visto que as dispensas
de servidores contratados temporariamente no precisam ser motivadas,
rebatendo a afirmao do autor quanto irregularidade delas.
Negam, ainda, a suposta ilicitude no trabalho de ex-funcionrios da
Prefeitura na campanha da l investigada.
Alegam que os peridicos tm tiragem de cerca de 6 mil exemplares,
enquanto que, no Rio de Janeiro, h 11 milhes de eleitores, sendo necessrio
alcanar quociente eleitoral de mais de 60 mil votos para eleio de Deputado
Estadual, motivo pelo qual no h potencialidade lesiva no suposto abuso, vez que
tais condutas seriam irrelevantes para a eleio da 1 investigada.
Assim, concluem que os pedidos devem ser julgados improcedentes,
por no haver caracterizao de qualquer tipo de abuso por parte dos investigados.
Por fim, ressaltam que os Srs. Aramis Brito Bezerra Junior, Vicente
Cicarino e Benedito Marques so adversrios polticos notrios do 2 Q investigado,
da porque seus depoimentos ao Parquet devem ser considerados imprestveis,
ainda mais porque no terem sido submetidos ao crivo do contraditrio, j que sua
oitiva ocorreu apenas na presena do Ministrio Pblico Eleitoral, em procedimento
prprio.
Defesa do 4 Q investigado, Marcelo Godinho, s fls.; 1022-1045, na
qual aduz, preliminarmente, sua ilegitimidade passiva, posto que no concorria -
nem nunca concorreu - a qualquer cargo eletivo, no lhe podendo ser aplicada a
pena de inelegibilidade.
No mrito, alega que no h na inicial qualquer imputao de
conduta ilcita por ele praticada.
Relata ser o diretor do "Jornal Atual", criado h mais de 10 anos,
nico que mantm imparcialidade na sua linha editorial, da porque no ser
distribudo gratuitamente, mas comprado pelos leitores que acreditam no tipo de
jornalismo que faz.
Sustenta que o Ministrio Pblico Eleitoral, em sua nsia acusatria,
sem qualquer embasamento chegou a propor sano de inelegibilidade em face do
"Jornal Atual", em feito que tramita na 502E.
Afirma que o autor atua de forma inconsistente, na medida em que,
apesar de elencar outros peridicos - "Jornal Impacto" e a revista "No Stilo" - que
so distribudos gratuitamente, no chama para o polo passivo os respectivos
diretores.
Refuta a alegao de que houvera acordo financeiro com o Sr.
Charlinho, para que adotasse postura parcial quanto s notcias veiculadas no
peridico, com lastro no depoimento do Sr. Aramis Brito, considerando-o passional,
vez que o depoente sentiu-se atingido com a linha editorial adotada pelo peridico,
de imparcialidade.
Informa, ainda, que a mudana de sua sede no se deu em virtude
de acerto poltico, relatando que a antiga sede, alugada por R$890,00 por ms, foi
trocada pela atual porque, na poca, pareceu-lhe a oportunidade de locar imvel 4
vezes maior por apenas R$1.300,00, valor muito abaixo do comum na regio.
Narra que o "Jornal Atual" publica atos da prefeitura de Seropdica,
mas que o autor no informou que o ento Prefeito foi substitudo pelo Sr.
Martinazzo, que realizou licitao para contratao de servios de imprensa,
logrando xito o referido peridico no certame.
Salienta a incongruncia do autor, quando, perante o Juzo da [email protected],
acionou o 4Q investigado por suposto favorecimento ao candidato derrotado Z Luis
do Posto, nas eleies suplementares de Mangaratiba, candidato este adversrio
ao grupo poltico dos "Charlinhos", e, agora, tenta imputar-lhe suposto
favorecimento da 1-4 investigada, esposa do 2 Q investigado, Sr. Charlinho,
pugnando pela improcedncia do pedido.
Defesa do 3 Q investigado, Jorge Luiz da Silva Rocha (Jorginho
Charlinho), s fls. 1065-1083, afastando as imputaes autorais, sob os mesmos
argumentos utilizados pelo 4 Q investigado em sua pea defensiva.
Manifestao do Ministrio Pblico Eleitoral s fls. 1088-1089,
refutando as preliminares de ilegitimidade passiva ventiladas nas defesa, face ao
entendimento pacfico em doutrina e jurisprudncia quanto possibilidade de
qualquer pessoa figurar no polo passivo de Ao de Investigao Judicial Eleitoral,
se houver contribudo para a prtica eleitoral abusiva.
Audincia, fl. 1097, com colheita de prova oral das testemunhas
Srs. Vicente Antonio Santiago Cicarino e Genessi Machado s fls. 1098/1100.
Alegaes finais de Andreia do Charlinho, 1 g- investigada, Charlinho e
Jorginho Charlinho, 2 Q e 32 investigados, s fls.1103-1118, sustentando a no
comprovao da prtica de qualquer abuso ou ilicitude por parte dos investigados,
requerendo a improcedncia do pedido, salientando que a prova oral produzida em
audincia mostrou-se completamente viciada, vez que nenhuma das duas
testemunhas foi capaz de esconder o comprometimento e evidente interesse no
acolhimento desta ao.
Alegaes finais de Marcelo Godinho, 4 2 investigado, s fls. 1119-
1138, reiterando a arguio de ilegitimidade passiva, posto que no fora candidato
ao pleito de 2010, devendo ser excludo do polo passivo tambm porque o
peridico pelo qual responsvel poderia assumir posio em favor de campanha
eleitoral, apesar de no t-lo feito. Ademais, suscita o princpio da presuno da
inocncia, nos termos do processo penal, sendo certo que as duas testemunhas
ouvidas na audincia confirmaram que inmeros outros candidatos tiveram notcias
publicadas no "Jornal Atual".
Ademais, afirma que tais depoimentos no merecem credibilidade,
pois apoiam a futura candidatura do Sr. Aramis Brito, o qual j vem fazendo
pesquisas na Internet sobre sua eventual candidatura, destacando que no h
comprovao da acusao de que houve acordo financeiro entre o ele e o Sr.
Charlinho, revelando-se absurda a acusao de que o peridico sob sua
responsabilidade presta servios para a prefeitura de Seropdica sem licitao.
Alegaes finais apresentadas pelo Ministrio Pblico Eleitoral s fls.
1139-1154, afastando a alegao de ilegitimidade passiva, reiterando no mais, as
alegaes iniciais.
o relatrio.
VOTO
Ao de Investigao Judicial Eleitoral. Eleies 2010. Prtica deabuso de poder poltico, poder econmico e uso indevido dosmeios de comunicao. Configurao. Procedncia.
Rejeio da preliminar de ilegitimidadepassiva dos investigados no candidatos, posto que a normainsculpida no art. 22, XIV, da LC n 2 64/90 dispe que todos osque tenham praticado condutas abusivas com finalidade depromover candidatura, devero ser punidos. Para tanto,necessrio se faz que haja o litisconsrcio passivo.
No mrito, configuradas as condutasabusivas.
Quanto ao abuso do poder poltico,tem-se a prtica comprovada de coao dos servidorescontratados temporariamente ou em comisso, paraparticiparem da campanha da primeira investigada. Almdisso, da anlise das circunstncias, observa-se que foiconferido aporte financeiro em jornal para que mudasse deposio e passasse a promover a candidatura da primeirainvestigada.
Quanto ao uso indevido dos meios decomunicao, ficou configurado que os dois ltimosinvestigados, responsveis pelos peridicos "Jornal Atual" e"Jornal Impacto" usaram-os para promoo indevida daprimeira investigada, gerando desigualdade no pleito.
Afasta-se a alegao defensiva depotencialidade lesiva, posto que requisito no mais previstoem lei (art. 22, XVI, da LC 64/90). Ademais, ainda que fosseimprescindvel a sua aplicao, verificou-se, no caso, quehouve gravidade bastante nas condutas para caracterizar oabuso, capaz, inclusive, de influenciar no pleito.
Possibilidade de aplicao dapenalidade de cassao de diploma e da sano deinelegibilidade no prazo de oito anos, tendo em vista que umavez praticada conduta definida como ilcito eleitoral, impe-severificar a respectiva sano prevista em lei no momento desua ocorrncia. Aplicao da LC n 2 135/10, tendo em vista oato abusivo ter sido praticado na sua vigncia.
7. Procedncia do pedido.
Preliminarmente, aduzem os Srs. Carlos Busatto Junior, Jorge Luis da Silva
Rocha e Marcelo dos Santos Godinho, respectivamente, segundo, terceiro e quarto
investigados, sua ilegitimidade para compor o polo passivo da demanda, posto que no
foram candidatos ao pleito de 2010.
A alegao no merece prosperar, na medida em que o art. 22, inciso
XIV, da Lei Complementar 64/90 determina, in verbis:
julgada procedente a representao, ainda que aps aproclamao dos eleitos, o Tribunal declarar a inelegibilidade dorepresentado e de quantos hajam contribudo para a prtica doato 1 "...] (Grifou-se).
Nesse diapaso, conclui-se que, se a punio da inelegibilidade pode ser
aplicada a todos os que hajam contribudo para a prtica do ato, logo, todos podemparticipar do polo passivo da demanda. Tem-se, in casu, a formao de litisconsrcio
passivo facultativo. Por bvio, no poder haver a decretao de inelegibilidade
daqueles que perpetraram a conduta abusiva, em benefcio de candidato, sem que
sejam chamados a participar do feito, por meio da citao.
Para sedimentar o entendimento, bem discorre Adriano Soares da Costa,
ao enumerar que a ao de investigao judicial eleitoral pode ser proposta contra:
7"...] (a) os candidatos beneficiados pelo abuso de podereconmico e poltico, ou pela utilizao indevida de transportese meios de comunicao [ ...I, e (b) qualquer pessoa, candidatoou no-candidato, que beneficie ilicitamente algum candidato, oumesmo aspirante a candidato (que depois venha a obter oregistro), pela prtica de atos proibidos por lei de modo ainfluenciar indevidamente na vontade do eleitor, menoscabandosua liberdade de voto." (In Instituies de Direito Eleitoral, 7Ped.Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 358) (Grifou-se).
Assim, afasta-se a alegao preliminar de ilegitimidade passiva adcausam, levantadas pelos trs ltimos investigados.
Passa-se, ento, anlise do mrito.
O Parquet ajuizou ao de investigao judicial eleitoral em face de
Andreia Busatto (Andreia do Charlinho), candidata eleita ao cargo de deputado
estadual no pleito de 2010, como beneficiria da suposta conduta de abuso de poder
poltico, econmico e do uso indevido dos meios de comunicao. Tal ao foi ajuizada
AO
tambm em face do Sr. Carlos Busatto (Charlinho), Prefeito de Itagua, por usar a
mquina pblica em favor da candidatura da primeira investigada, bem como dos Srs.
Jorge Rocha (Jorginho do Charlinho) e Marcelo Godinho por panfletarem nos peridicos
sob sua responsabilidade, respectivamente "Jornal Impacto" e "Jornal Atual", em favor
da primeira investigada.
V-se que o Parquet, em sua inicial, separou as condutas abusivassupostamente cometidas pelos investigados, motivo pelo qual, para melhor
interpretao das alegaes das partes luz das provas produzidas, tambm sero
analisadas neste momento em separado.
DO ABUSO DO PODER POLTICO
O Parquet pretende caracterizar o abuso de poder poltico sobre duascondutas praticadas pelo Sr. Carlos Busatto, segundo investigado, quais sejam: (i) a
coao dos servidores municipais para participarem da campanha da primeira
investigada; (ii) e a alavancagem econmica do "Jornal Atual", aps ameaas ao
responsvel pelo peridico.
Num primeiro momento, trata do uso da mquina pblica da prefeitura,
pelo Sr. Carlos Busatto, em favor da candidatura da Sra. Andreia Busatto, atravs da
coao de servidores pblicos para participarem da campanha eleitoral.
H, nos autos, depoimento do Sr. Genessi Machado (fl. 1100), sob o crivo
do contraditrio, em que afirma ter sido demitido do seu cargo, na prefeitura de
Itagua, por no ter feito campanha em favor da primeira investigada. Afirma,
peremptoriamente, que houve convite aos servidores municipais para participarem da
campanha da primeira investigada.
Cabe tambm transcrever excertos das aludidas declaraes de Genessi
Machado perante o Ministrio Pblico Estadual (fls. 694-695):
"(...) que o declarante tem dezenove anos ininterruptos detrabalho na Prefeitura de Itagua; que trabalhou na Prefeitura naadministrao de distintos prefeitos; (...) que h cerca de duassemanas teve uma reunio com a candidata a deputadoestadual Andreia Bussatto no prdio ao lado do supermercadoPEGPAG (...) que no faria papel de cabo eleitoral, tendoinclusive comentado que estava em situao financeira difcil eno poderia dispor de tempo gratuitamente; que sabe dizer queexistem reunies polticas na casa de funcionrios, diretoras e osfuncionrios da educao so chamados boca a boca paracomparecer; (...) que muitos dos funcionrios da educao socontratados, sem estabilidade; que o declarante no respondeua nenhuma sindicncia administrativa e no de seuconhecimento que exista reclamaes sobre sua condutaprofissional; que na data de hoje (06/08/2010) chegou a EscolaMunicipal Coronel Alziro Santiago, no bairro Mazombinha, paraassumir seu posto de trabalho, s 6:50, horrio normal, e juntocom o declarante chegou outro vigia da prefeitura, de nomeFrancisco, com memorando para assumir o posto de trabalhonesta data; que j trabalhava como vigia da referida escola hsete anos; (...) fez contato com Valter Santiago, coordenador daGuarda Municipal; (...) que informou a citada diretora que odeclarante estaria demitido; (...) por motivo da campanha daAndreia (...)."(fls. 694-695)
Fica claro, portanto, que a prova oral acostada aos autos, tanto em sede
judicial, quanto ministerial (fls. 694/695), demonstra que houve, por parte do segundo
investigado, coao de servidores para apoiarem a candidatura a deputado estadual
da primeira investigada.
Alm disso, quando do cumprimento de mandado de busca e apreenso
expedido, em 23/07/2010, pelo Juzo da 109 Zona Eleitoral deste Estado, verificou-se
que vrios funcionrios da Prefeitura de Itagua estavam trabalhando na campanha da
primeira investigada (fls. 589-590 e 672).
Destaca-se que a mdia foi analisada por este Relator e que dela
constavam inmeros nomes dos servidores do Poder Executivo de Itagua, em quatro
arquivos, sendo dois da Secretaria de Educao referentes ao meses de junho e julho
de 2009 e outros dois das demais secretarias do Municpio de Itagua com meno dos
mesmos meses.
Ressalta-se que o convite, feito pelo prefeito de Itagua - ou sob suas
ordens - possui uma carga compulsria aos servidores, principalmente aos
comissionados, de livre exonerao, e aos temporrios, de dispensa imotivada aps o
perodo de contratao.
Como bem leciona Adriano Soares da Costa,
"Abuso de poder poltico o uso indevido de cargo ou funopblica, com a finalidade de obter votos para determinadocandidato. Sua gravidade consiste na utilizao do munuspblico para influenciar o eleitorado, com desvio de finalidade"(Op. Cit., p. 353) (Grifos do original).
O desvio de finalidade fica demonstrado quando o segundo investigado
utiliza-se da estrutura da Prefeitura de Itagua para promover a candidatura da
primeira investigada.
Ademais, deve-se salientar que a primeira investigada exercia, no ano
eleitoral, o cargo de Secretria Municipal de Educao e Cultura, recebendo, por conta
do exerccio do cargo, grande divulgao na cidade e na regio. No bastasse isso, o
segundo investigado, atravs do uso indevido de sua competncia pblica, buscou
finalidade alheia ao interesse pblico.
Consta, ainda, nos autos, s fls. 704-708, Termo de Ajustamento de
Conduta, firmado em 2007 e reiterado em 2009, entre o Ministrio Pblico e a
Prefeitura de Itagua, devido a contratao exagerada e irregular de servidores em
cargo comissionado. A finalidade, demonstrada pelo Parquet, foi eleitoreira, tanto em
relao ao pleito de 2008 - reeleio do segundo investigado - quanto em relao ao
pleito de 2010, agora em favor da primeira investigada, para o cargo de deputado
estadual.
Alega, o segundo investigado, em sua defesa, que as contrataes
temporrias de servidores deveram-se abertura de novas escolas, creches e postos
de sade. Entretanto, no justifica o porqu no lanou, to logo, concurso pblico
para o preenchimento dessas vagas, respeitando as normas bsicas da Administrao
Pblica, como a isonomia - refletida na livre concorrncia e igualdade de condies de
qualquer pessoa no certame pblico - e a eficincia.
Pelo contrrio. Justifica em sua defesa que ser realizado concurso
pblico no primeiro semestre de 2011. Por que no realizado to logo vislumbrada a
carncia de servidores? Embora o tema receba o respaldo da descricionariedade
administrativa (convenincia e oportunidade da Administrao Pblica), da anlise dos
fatos, verifica-se a ocorrncia de desvio de finalidade a ensejar a anlise da prtica
abusiva ou de omisso da Administrao Pblica. Por que esperar que o Ministrio
Pblico proponha ajustamento de conduta, em 2007, reiterando-o em 2009, para ento
verificar a irregularidade das contrataes temporrias? E mais, por que apenas em
2011? De certo, no cabe o julgamento de tais questes na presente, mas elas saltam
aos olhos, quando se analisa a inteno de promover a candidatura da primeira
investigada, atravs do uso da Prefeitura de ltagua.
Ao que sobressai do refletido nos autos, o segundo investigado buscou
se afastar da conduta vedada prevista no art. 73, inciso V, da Lei 9504/97, pois que
no contratou irregularmente no prazo delimitado no dispositivo (3 meses). Ao
contrrio, a sua conduta denota maior gravidade, pois que, no decorrer dos anos, com
o uso irregular da mquina pblica em favor da primeira investigada, gerou
desigualdade de condies no pleito, tratando-se de um atuar com fins eminente
simulao.
A conduta abusiva de coao dos servidores municipais para
participarem da campanha da Sra. Andreia Busatto, assim, restou comprovada.
O Parquet tambm busca configurar o abuso de poder poltico sob o
fundamento da prtica de alavancagem econmica do "Jornal Atual".
Registre-se, que, de acordo com as provas trazidas nos autos, o "Jornal
Atual", pelo seu editor Sr. Marcelo Godinho, sofreu ameaas por parte do segundo
investigado, tendo a rixa que existia entre eles sido retratada em diversas matrias
(fls. 320-321, 325 e 331-332). Como exemplo, pode-se citar notcia constante no site
da Associao Brasileira de Jornalismo Investigado, de 13/11/2008, que relata o
seguinte:
"Jornal do Interior do RJ tem distribuio reduzida aps criticarprefeito reeleito.O Jornal Atual, de Itagua, interior do Rio de Janeiro, teve suadistribuio significativamente reduzida desde 6 de novembro.Segundo o proprietrio, Marcelo Godinho, as aproximadamente15 bancas que negaram-se a distribuir o jornal so do mesmodono, conhecido por Rodolfo, e que um homem prximo aoprefeito Carlos Busatto (PMDB). (...)."(fl. 320)
Em outra matria, do blog Notcia de Itagua, Charlinho diz que vai
processar o Jornal Atual. Eis excerto do referido blog:
"Charlinho vai processar Jornal Atual. Jornal Impacto, publicadoem 3/11/2008. Charlinho vai processar Jornal Atual por mentir populao. (...)."(fl. 325)
Entretanto, aps divulgar publicamente a coao sofrida, o quarto
investigado e editor do peridico cessou de publicar matrias negativas relativas ao
governo da prefeitura de Itagua, como se constata, por exemplo, da notcia de fl. 39:
"Charlinho: ' a vez de jorginho assumir a Cmara Municipal'.Em entrevista exclusiva ao ATUAL, prefeito de Itagua, antecipaapoio ao vereador e anuncia projetos." (Jornal Atual, Ano X,Edio 464, 09/07/2010) (fl. 39)
Como demonstrado nos autos, o quarto investigado, em editorial
datado de 7.11.2008 (fl. 332), rebate acusaes ao segundo investigado, feitas em
entrevista ao "Jornal Impacto". O debate acirrado. As acusaes so graves, de
ambos os lados. No h qualquer sinal de trgua, por nenhuma das partes.
Contudo, e surpreendentemente, o "Jornal Atual", a partir de 2010 (fls.
39-59), faz entrevistas exclusivas com os dois primeiros investigados, dando destaque
eleio da Sra. Andreia Busatto ao cargo de deputada estadual. No s isso! No se
v mais qualquer matria negativa sobre o governo municipal.
Alega o quarto investigado que a postura do peridico sempre foi
imparcial: no h promoo de candidato, no h opinio do jornal em relao
qualquer candidatura.
O Parquet juntou aos autos (fls. 312-313) depoimento de ex-colunista
que afirmara que houve mudana da linha editorial do jornal, com orientao direta,
por parte do quarto investigado, de que no haveria mais notcias negativas em
relao ao governo municipal, suspeitando, inclusive, de capitulao econmica.
Importante destacar os seguintes excertos do aludido depoimento:
"(...) que se desligou do Jornal Atual no incio de 2009, pois, napoca, o dono do jornal, de forma suspeita, afirmou que adotariauma linha jornalstica 'chapa branca, que no envolvessequestionamentos ou crticas figura do Prefeito Charlinho, deseus aliados ou da Prefeitura; que at aquele momento o jornal,que atuava com liberdade editorial e padro jornalstico, estavasofrendo grande presso do prefeito; (...) que acredita que o donodo jornal tenha capitulado as presses e possivelmente aceitadoproposta de recompensa financeira para tornar o jornalsubserviente aos interesses do prefeito Charlinho, pois s issoexplica a mudana de rumo do jornal; que quando MarceloGodinho chamou o declarante e lhe disse que a partir de entono poderia mais escrever em sua coluna sobre acertos e errosda administrao municipal e de seus membros, o declarante viuque teria ocorrido algum tipo de acerto; que Marcelo tambmlhe disse que deixaria de ser jornalista para ser empresrio; queo declarante ficou sabendo que o Jornal Atual, recentemente,obteve at um contrato para ser veculo oficial de propagandada Prefeitura de Seropdica, agora na gesto Martinazzo, o qualacabou de assumir aquela Prefeitura, era secretrio de'Charlinho' e foi Vice-Prefeito daquele, fazendo parte do mesmogrupo poltico; (...) podendo afirmar que eram forte as pressesda administrao do Prefeito Charlinho diante da antiga linha deindependncia editorial (...)". (grifo nosso) (fls. 312-313).
No obstante tal depoimento no ter sido submetido ao crivo do
contraditrio, as declaraes prestadas, em sede judicial, por Vicente Antonio Santiago
Cicarino, corroboram as afirmaes acima, conforme se constata nos seguintes trechos
(fls. 1098-1099):
"(...) que o Pastor Aramis foi proibido de escrever no Jornal Atual,passando a escrever folhetos, tal como o de fls. 308 e 311; quetem contato intenso com o Pastor Aramis; que ainda hoje odeclarante e o pastor distribuem o folheto de fls. 308 e 311 aoscidados; que o Pastor Aramis no filiado a qualquer partido enem nunca concorreu a qualquer cargo eletivo; que o pastordeixou o Jornal Atual pois o proprietrio dele disse-lhe que sefossem escritas matrias contra a administrao ele ali nopoderia continuar; (..) que o jornal atuava de formaindependente; que se recorda com uma das ltimas notciascontrrias ao grupo do segundo investigado; (..)." (fls. 1098-1099).
Cabe tambm transcrever excertos das declaraes de Vicente Antonio
Santiago Cicarino prestadas em mbito ministerial (fls. 315-319), as quais foram
ratificadas integralmente pelo declarante em juzo (fls. 1098-1099):
"(...) que em determinado momento, acreditando ter sido noincio do segundo mandato de 'Charlinho' que o jornal Atualmudou radicalmente de atitude e passou a no mais fazermatrias que de alguma forma mostrasse mazelas do Municpiono solucionadas pela Prefeitura; que o Jornal Atual passou a selogiar os 'Charlinhos'; que todos na cidade notaram a radicalmudana, at porque pouco antes o Jornal Atual vinha publicandocom destaque que estava sendo perseguido pelo Prefeito, o qual,segundo o prprio jornal, pressionava seus anunciantes e donosde bancas para inviabiliz-lo financeiramente; que o prprioMarcelo Godinho saa falando 'a torto e a direita' que o 'Charlinho'estava pressionando os anunciantes para esvaziar o jornal; que,ao que parece deve ter tido algum tipo de acerto para que oJornal Atual passasse apenas a prestigiar o prefeito e seusapadrinhados deixando de fazer matrias jornalsticas que nofosse bem vista pela Administrao (...); que nos ltimos meses oque mais se viu nos Jornais Impacto e Atual foram matrias depuro elogio candidata Andria Busatto, Andria do 'Charlinho,sempre lembrada como 'a candidata' e tendo suas realizaes frente da Secretaria de Educao retratadas como excepcionais;que os elogios eram muitos, exacerbados para o que deveria seruma matria de cunho jornalstico, e crticas nenhuma; quenenhum outro candidato teve cobertura de campanha nemprxima a que foi dada a Andria do Charlinho; (..)". (grifonosso) (fls. 315-319)
Assim, tem-se a configurao do abuso de poder poltico pela coao aos
servidores municipais, denotando a prtica de desvio de finalidade por parte do segundo
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investigado, uma vez que buscou alavancar a candidatura da primeira investigada
usando da mquina pblica da prefeitura.
Do mesmo modo, o abuso de poder poltico restou caracterizado, ainda,
por ter o grupo dos "Charlinhos" colocado em xeque a postura ideolgica do "Jornal
Atual" com o objetivo de promover a candidatura da primeira investigada. Ressalte-se
que o abuso de poder poltico sobre o "Jornal Atual" tambm objeto do uso indevido
dos meios de comunicao.
DO USO INDEVIDO DOS MEIOS DE COMUNICAO.
Roberto Moreira de Almeida, citando Delosmar Mendona Jnior, ensina o
seguinte acerca do uso indevido dos meios de comunicao, previsto no artigo 22 da
Lei Complementar 64/90:
"Delosmar Mendona Jnior (Manual de direito eleitoral, p. 146),no mesmo diapaso, trata sobre o papel da mdia e suainterferncia lesiva, se usada abusivamente, no resultado dospleitos eleitorais: o abuso do poder de mdia, ou dos meios decomunicao, a utilizao de veculos da imprensa (rdio,jornal, TV) em benefcio de determinado candidato, concedendo-lhe espao privilegiado ou criticando abusivamente os demais. Hque se distinguir a crtica poltica razovel e at mesmo atomada de posio que se admite nos rgos da imprensaescrita, com a transformao do veculo em 'brao de campanha',atuando ostensivamente como militante de uma candidatura."(grifo nosso) (In ALMEIDA, Roberto Moreira de. Direito Eleitoral,2 @ ed. Rio de Janeiro: JusPodivm, 2009. p. 308)
O Parquet, em sua inicial, buscou definir as condutas abusivas combastante acuidade. No que tange ao uso indevido dos meios de comunicao,
demonstra, atravs de farto material probatrio, que os peridicos "Jornal Atual",
"Jornal Impacto" e revista "No Stilo" foram usados para impulsionar a candidatura da
primeira investigada.
sabido que os rgos de imprensa escrita podem apoiar determinado
candidato, inclusive atravs de editorial. Entretanto, no lhes permitido que
travistam suas opinies de matrias jornalsticas, levando o leitor ao erro de
entendimento sobre a "notcia" divulgada a respeito de determinado candidato. Nesse
sentido, excertos de julgados do c. TSE:
1..1 1. O entendimento consagrado na jurisprudncia destaCorte de que 'os jornais e os demais veculos impressos decomunicao podem assumir posio em relao aos pleitoseleitorais, sem que tal, por si s, caracterize propaganda eleitoralilcita' [...J (Ac. de 10.12.2009 no RCED n2 758, rel. Min. MarceloRibeiro) (grifou-se).[ ....1. O princpio constitucional da informao deve serinterpretado em harmonia com os princpios da soberaniapopular e da garantia do sufrgio. [ ...r NE: "[ Contrrio alegao de afronta ao artigo 220 da Constituio Federal!...] oTribunal de origem UI reconheceu no se tratar de meradivulgao de notcia, mas de realizao de propaganda eleitoralextempornea e considera que a liberdade de expresso e demanifestao do pensamento e a liberdade de imprensa devemser exercidas dentro dos limites estabelecidos pelo ordenamento.[ ...1" (Ac. de 13.10.2009 no EARESPE n 2 27.087, rel. Min.Fernando Gonalves.) (Grifou-se).
Em relao ao "Jornal Atual", cujo responsvel o quarto investigado, Sr.
Marcelo Godinho, j foi registrada a mudana de postura editorial. Entretanto, deve-se
consignar que o referido jornal no apoiou abertamente a candidatura da primeira
investigada, como poderia ter feito, mas publicou inmeras matrias promovendo o
nome da primeira investigada.
Assim, no houve expressa tomada de posio pelo jornal ou seu
responsvel, mas as matrias, nos meses anteriores ao pleito de 2010 (fls. 39-59),
sempre apresentam os nomes dos "Charlinhos", seja em elogios ao prefeito e governo
municipal, seja em aluso primeira investigada, candidata ao cargo de deputado
estadual. De fato, no h espao para outros candidatos. V-se que o peridico buscou,
inexoravelmente, alavancar a candidatura da primeira investigada, em latente
confronto com as normas eleitorais.
Em relao ao "Jornal Impacto", de responsabilidade atribuda ao terceiro
investigado, Jorginho Charlinho, claro est o seu papel de panfleto do grupo poltico dos
investigados. J em 2004, o peridico foi condenado a pagar multa no valor de
R$50.000,00, por propaganda irregular na campanha municipal poca (Recurso
Eleitoral 2491, de Relatoria do ento Juiz Antonio Jayme Boente, julgado em
16/12/2004, cujos autos encontram-se em apenso). Quem concorria aos cargos de
prefeito e vereador? Os Srs. Carlos Busatto e Jorginho Charlinho, respectivamente.
Desde ento o peridico vem sendo usado pelo grupo poltico dos
investigados para alavancar as figuras polticas a eles ligadas. Agora em 2010, com o
lanamento da candidatura da primeira investigada, o "Jornal Impacto" d-lhe
destaque exorbitante. Alega o terceiro investigado que o destaque normal, tendo em
vista que a Sra. Andreia Busatto, naquele ano, era secretria municipal, primeira dama
e, depois, tornou-se candidata da regio.
Entretanto, o que se v um arremedo de material jornalstico que
oculta, se assim pode-se dizer, uma espcie de panfletagem para a primeira
investigada, gerando desigualdade de condies entre os candidatos para o pleito de
2010.
Ademais, o Parquet apresenta cpia do registro, perante a Junta
Comercial, da firma individual por trs do "Jornal Impacto" (fls. 340-347 e 51, esta do
Recurso Eleitoral 2491, em apenso). Tem-se o registro no nome de Elizabeth Neves de
Oliveira, me da esposa do terceiro investigado, Sra. Sheila Neves. Alm disso, o
registro remete ao endereo "Rua Santo Incio, 85", mesmo endereo do terceiro
investigado. O registro inicialmente era para confeco de fraldas descartveis e
produtos afins (fls. 340-341). Foi posteriormente modificado (09.07.2003)
Mais uma vez, no se busca impedir que a imprensa exera seu mister
com liberdade. Pelo contrrio. Busca-se, sim, evitar que a liberdade de imprensa seja
usada em confronto com a democracia, atravs de promoo indevida de candidatos e
criao, consequente, de desigualdade no pleito. E sem democracia, por bvio, no
haver liberdade para a imprensa.
Todas as cpias do peridico, juntadas aos autos, trazem "notcias" dos
"Charlinhos". E muitas fotos! Nada de negativo ligado aos investigados. O destaque
dado primeira investigada latente (fls. 39-59, 525-534 e 537-538). No h espao
para nenhum outro candidato.
No bastasse o uso dos "Jornal Atual" e "Jornal Impacto" - de tiragem de
6.000 exemplares, cada - h, ainda, a revista "No Stilo", que traz, na edio de maro
de 2010, a primeira investigada, em foto de capa. O destaque dado no s na
matria de capa, mas em fotos de matrias diversas, no s da candidata, como
tambm do segundo investigado. H, at, foto do segundo investigado abraado ao
dono de uma churrascaria, na publicidade do estabelecimento.
Para ilustrar o raciocnio at aqui narrado, cabe citar, como exemplos,
algumas matrias jornalsticas em que o nome da primeira investigada realado,
demonstrando toda a atividade desenvolvida pelo grupo dos "Charlinhos" para,
utilizando-se de meios de comunicao de grande veiculao na regio, reforar a
candidatura da primeira investigada, em detrimento dos demais candidatos:
"Andria Busatto marca a Histria da Educao de Itagual"."Com os olhos no futuro".(Revista no Stilo, Ano II, N 9 9,maro/10) (fls. 718 e 729-734)
"Picaani, Andreia do Charlinho e Fernando jordo juntos emcaminhada. Para completar a segunda etapa da caminhada dacandidata Andria do Charlinho pelo comrcio de Itagua,Andria contou com a presena do candidato a senador JorgePicciani, Candidato a Deputado Federal Fernando Jordo alm deCharlinho e Vereadores de Itagua que sempre fazem questo deacompanhar Andria em suas caminhadas." (jornal Impacto, AnoVII, Edio 292, de 17/09 a 23/09/2010) (fl. 530)
"Andria do Charlinho e Fernando jordo so recebidos comcarinho em passeata." (jornal Impacto, Ano VII, Edio 291, de10/09 a 16/09/2010) (fl. 511)
"jorginho Charlinho Homenageia Andria Busatto e Fernandojordo." (jornal Impacto, de 09/07 a 15/07/2010) (fl. 76)
"/tagua tem educao de excelncia! Parabns para educaode Itagual (...) o resultado o alcanado por Itagua consequncia de aes srias, focadas em Leitura, Interpretaoe Produo, que vm sendo implementadas h 5 anos pela Ex-Secretria de Educao e Cultura, Profo Andria CristinaMarcelo Busatto (..)." Gomai Impacto, 09/07 a 15/07/2010) 0-1.85)
"A Andria Busatto e o Fernando Jordo vem cumprir esse papel.Tenho certeza de que o povo vai entender. Charlinho, sobre aseleies deste ano.()' hora do forginho assumir a Cmara'." Gomai Atual,09/07/2010) (fl. 41)
Cumpre, ainda, ressaltar que a Revista "No Stilo" uma publicao
recente, com sua primeira edio em julho de 2009, com custo de R$1,99 e tiragem de
8.000 exemplares. O alcance , sem dvida, indiscutvel. Todavia, o Parquet entendeu
por no acionar os responsveis por essa publicao, impossibilitando, assim, a sua
responsabilizao pela prticas abusivas. Como j discorrido linhas acima, a incluso
dos agentes, na presente, no obrigatria, pois que se trata de litisconsrcio
facultativo. Ademais, as matrias da aludida revista no so to contundentes a
caracterizar ilcito eleitoral, ao contrrio das condutas dos Jornais "Atual" e "Impacto".
Assim, caracterizado est o uso indevido dos meios de comunicao
escrita pelos investigados: (i) Sra. Andreia Busatto, beneficiria de todas as "matrias",
concorrente, pela primeira vez, ao cargo de deputado estadual; (ii) Sr. Carlos Busatto,
por usar sua prpria imagem e nome, associando-o ao da esposa, para promov-la na
regio; (iii) Sr. Jorge Rocha, responsvel pelo "Jornal Impacto", por us-lo como panfleto
do grupo poltico dos "Charlinhos"; (iv) Sr. Marcelo Godinho, por usar o "Jornal Atual", de
sua responsabilidade, para promoo da candidatura da primeira investigada.
DO ABUSO DO PODER ECONMICO.
O Parquet, ainda, afere aos investigados a prtica de abuso do poder
econmico, devido a distribuio gratuita do "Jornal Impacto" e de parcela da revista
"No Stilo". Alegam os investigados, resumidamente, que a receita dos peridicos
advm dos anncios publicitrios em seu corpo. De fato, deve-se registrar que h
diversos anncios, de diversos empresrios locais.
Mas, deve-se, nesse momento, averiguar o que o abuso do poder
econmico, para fins eleitorais. Nos dizeres de Jos Jairo Gomes:
"(...) a expresso abuso de poder econmico deve sercompreendida como a concretizao de aes que denotem mauuso de recursos patrimoniais detidos, controlados oudisponibilizados ao agente. Essas aes no so razoveis nemnormais vista do contexto em que ocorrem, revelando aexistncia de exorbitncia, desdobramento ou excesso noemprego de recursos. necessrio que a conduta abusiva tenha em vista processoeleitoral futuro ou em curso. (...)." (In Direito Eleitoral. 6 @ed. SoPaulo: Atlas, 2011. p. 211-212).
Ora, disso se conclui que no necessrio que haja, de fato, o gasto do
investigado, ou a vantagem para o eleitor, mensurvel em dinheiro. Tem-se que o
abuso do poder econmico pode ser configurado - e de fato, na presente o - como o
uso de recursos financeiros - seja em dinheiro, seja em bens mensurveis em pecnia -
para a promoo de determinado candidato.
Conclui-se, pois, que todas as condutas analisadas at ento - com
exceo da contratao de servidores -, sendo analisadas em conjunto demonstram a
prtica de atividades, s expensas de terceiros, com razovel utilizao de dinheiro em
prol da candidatura da primeira investigada.
A economicidade verificada na medida em que h aporte financeiro em
benefcio da candidatura impugnada. Com o uso dos peridicos para panfletagem
escamoteada, tem-se latente a desigualdade de condies entre os candidatos, no
certame. A primeira investigada utiliza a imprensa escrita como palanque, em total e
reprovvel afronta s normas eleitorais. Ou seja, o uso da imprensa, tal como
verificado, adequa-se ao abuso de poder poltico, ao uso indevido dos meios de
comunicao e abuso de poder econmico.
Cumpre, ainda, reproduzir excerto de Jos Jairo Gomes, quando trata do
conceito de abuso de poder, seja ele poltico ou econmico:
"Trata-se de conceito fluido, indeterminado, que, na realidadefenomnica, pode assumir contornos diversos. Tais variaesconcretas decorrem de sua indeterminao a priori. Logo, emgeral, somente as peculiaridades divisadas no caso concreto que permitiro ao intrprete afirmar se esta ou aquela situaoreal configura ou no abuso. O conceito elstico, flexvel,podendo ser preenchido por fatos ou situaes to variadosquanto os seguintes: uso nocivo e distorcido de meios decomunicao social; propaganda eleitoral irregular; [...J" (Op.Cit., pp. 442-443).
DA POTENCIALIDADE LESIVA E DA GRAVIDADE DAS CONDUTAS.
No cabe alegao de que no h potencialidade lesiva nas condutas
abusivas, para influenciar o pleito, como pretendem os investigados. Com efeito, bem
andou o legislador, ao acrescentar o inciso XVI ao art. 22 da Lei Complementar ng
64/90, in verbis "para a configurao do ato abusivo, no ser considerada a
potencialidade de o fato alterar o resultado da eleio, mas apenas a gravidade das
circunstncias que o caracterizam."
Houve, como se v, a consagrao do que j entendia a Corte Superior
Eleitoral, que afastava a potencialidade lesiva das condutas abusivas, no importando,
para a sua configurao, o resultado do pleito:
[ ...] Ao de impugnao de mandato eletivo. Abuso de podereconmico. Caixa dois. Configurao. Potencialidade parainfluenciar no resultado do pleito. [...J 4. O nexo de causalidadequanto influncia das condutas no pleito eleitoral to-somenteindicirio; no necessrio demonstrar que os atos praticadosforam determinantes do resultado da competio; basta ressairdos autos a probabilidade de que os fatos se revestiram dedesproporcionalidade de meios. [...J" (Ac. de 19.12.2007 noREspe n 1? 28.387, rel. Min. Carlos Ayres Britto.) (Grifou-se).
Destarte, torna-se necessria a prova da relevncia jurdica do ilcito
praticado pelo candidato, uma vez que restaram comprovadas as prticas abusivas,
graves ao ponto de levar realizao da sua finalidade, ou seja, se o meio apto, til,
idneo ou apropriado para atingir ou promover o fim pretendido, em outras palavras,
se a conduta perpetrada pelos agentes se mostrou hbil a promover indevidamente a
candidatura da primeira investigada, agindo ao arrepio da legislao eleitoral.
No h que se falar, ento, em potencialidade de a conduta abusiva
influenciar no resultado do pleito. Com efeito, analisa-se, com a nova lei, a gravidade
das condutas praticadas, para, ento, configur-las como abusivas. Tal anlise, por
bvio, foi levada em considerao, linhas atrs, para a caracterizao das condutas
imputadas aos investigados.
Por amor ao debate, entretanto, analisa-se a suposta existncia da
potencialidade lesiva nas condutas abusivas perpetradas pelos investigados.
Alegam os investigados que as tiragens dos peridicos no so capazes
para influenciar no resultado do pleito, tendo em vista que no Estado do Rio de Janeiro
seriam mais de 11 milhes de eleitores, sendo necessrio o quociente eleitoral de 60
mil votos para eleio de deputado estadual.
A primeira investigada foi eleita com 62.599 votos. Nas cidades
abrangidas pelos peridicos - Itagua, Mangaratiba e Seropdica - ela recebeu 28.162,
6.215 e 12.705 votos, respectivamente. Tem-se uma simples questo matemtica! O
total de votos nessas cidades - 47.082 - representa mais de 75% dos votos obtidos por
ela. Houve, de fato, influncia no resultado do pleito, decorrente das prticas abusivas
perpetradas pelos investigados.
Assim, se fosse incidente o critrio da potencialidade lesiva, no haveria
como afast-lo, no caso sob julgamento.
Diante do exposto, conclui-se que a famlia dos "Charlinhos", em especial
o segundo investigado, Carlos Busatto, utilizou-se do poder que possui no comando da
Prefeitura de Itagua para promover a candidatura de Andria do Charlinho, primeira
investigada, seja por meio da utilizao de servidores municipais na campanha de
Andria a deputado estadual, seja por meio do apoio dos peridicos locais (Jornal Atual,
dirigido pelo quarto investigado, Marcelo Godinho; e Jornal Impacto, comandado de fato
pelo terceiro investigado, Jorginho Charlinho), tendo inclusive fornecido aporte financeiro
ao Jornal Atual, para que este mudasse sua orientao ideolgica e passasse a apoiar o
grupo do primeiro, segundo e terceiro investigados.
DA APLICAO DA SANO DE INELEGIBILIDADE, NOS TERMOS DA LEI COMPLEMENTAR
135/2010.
Uma vez constatada a ocorrncia de abuso de poder poltico, abuso de
poder econmico e uso indevido dos meios de comunicao, h de se verificar a
majorao da sano prevista na novel redao do inciso XIV do art. 22 da Lei
Complementar 64/90, alterado pela Lei Complementar 135/2010, para que se conclua
sobre a aplicao ou no das sanes e a sua adequao ao princpio constitucional da
anualidade da legislao eleitoral.
Com tal intento, podem ser apresentadas, de incio, duas ponderaes.
A primeira refere-se ao fato de, luz da existncia de carga declaratria
na deciso que julgou procedente o pedido - alm, claro, da carga desconstitutiva
que cassa o registro ou o diploma e que consequncia -, conclui-se que a declarao
da existncia do ilcito retroage data de sua ocorrncia (efeito ex tunc dos
provimentos declaratrios) e, portanto, naquele momento, j era considerado
inelegvel.
Trata-se, na verdade, do reconhecimento de um fato ensejador de
inelegibilidade. Ad argumentandum tantum, no se pode olvidar a carga constitutiva
negativa do referido provimento ao cassar o registro ou o diploma e que
consequncia da declarao de inelegibilidade pelo reconhecimento de ilcito praticado
durante o processo eleitoral. H de se ressaltar que dito efeito desconstitutivo gera
efeitos ex nunc. Se, por exemplo, j diplomado, os atos praticados pelo investigado no
exerccio do mandato sero vlidos at a efetiva cassao.
Sob esse raciocnio, dvidas no h de que o fato ilcito e a consequente
inelegibilidade ocorreram durante o processo eleitoral, motivo pelo qual h de se
aplicar a antiga redao do inciso XIV do art. 22 da Lei Complementar 64/90, bem
como o inciso XV do mesmo dispositivo legal, permitindo-se a propositura de Ao de
Impugnao de Mandato Eletivo. Veja-se que, se h cassao de registro ou de
diploma, estaremos diante da declarao de existncia de inelegibilidade para a
eleio que se realiza (inelegibilidade simples), no havendo sano futura, ou seja,
atingindo pleitos futuros (inelegibilidade potenciada).
Ora, alegar-se que cassar registro ou diploma nada tem de ver com
inelegibilidade algo absurdo no aspecto tcnico-jurdico. Mais uma vez, assiste razo
ao nobre professor Adriano Soares da Costa, no sentido de indicar uma legislao
eleitoral cujas normas estejam em consonncia sistmica. Sucede que, no fervor de
regular casusmos, o Estado-Legislador, mais uma vez, impe ao Estado-Juiz demarcar
a correta aplicao dos institutos jurdicos.
J a segunda ponderao funda-se na possibilidade de aplicao das
sanes trazidas pela novel legislao. Ora, o Supremo Tribunal Federal, quando do
julgamento do Recurso Extraordinrio 633.703, entendeu, por maioria de votos, que as
alteraes introduzidas pela Lei Complementar 135/2010, nas alneas do inciso I do art.
1 9-, no se aplicariam s eleies gerais daquele ano, sob pena de afronta ao princpio
da anterioridade eleitoral, previsto no art. 16 da Constituio da Repblica. Assim, no
momento da anlise dos registros de candidaturas para o pleito de 2010, caberia aos
Tribunais verificar a ocorrncia de uma das causas de inelegibilidade previstas na
legislao anterior.
O Ministro Gilmar Mendes, a quem coube a lavratura do voto condutor do
acrdo, fundamenta sua deciso em um conceito alargado de processo eleitoral, o
qual se inicia com a filiao partidria, um ano antes do pleito, findando-se com a
diplomao dos eleitos. No seu entender, restringir tal perodo realizao das
convenes partidrias implicaria na violao aos princpios da igualdade de chances
entre os candidatos e na garantia constitucional das minorias, uma vez que "a
competio eleitoral se inicia exatamente um ano antes da data das eleies e, nesse
interregno, o art. 16 da Constituio exige que qualquer modificao nas regras do
jogo no ter eficcia imediata para o pleito em curso." (Extrado do Informativo STF
620, de 21 a 25/03/2011)
Tal entendimento no impede, todavia, a aplicao das alteraes
introduzidas no inciso XIV do artigo 22 da Lei Complementar 64/90 quando da prtica
de abuso de poder poltico, econmico ou de uso indevido dos meios de comunicao.
Isso porque deve-se distinguir as causas de inelegibilidade, quanto
origem, em originrias ou inatas e em inelegibilidade-sano ou cominadas. A
inelegibilidade prevista no referido inciso XIV, como explicitado no prprio texto legal,
caracteriza-se como inelegibilidade-sano ou cominada, pois decorrente da prtica de
ato vedado pela legislao eleitoral.
Assim, uma vez praticada uma conduta definida como ilcito eleitoral,
impe-se verificar a respectiva sano prevista em lei no momento de sua ocorrncia.
No caso em anlise, tendo o ato abusivo sido praticado na vigncia da Lei
Complementar 135/2010, devem incidir as sanes nela descritas.
importante destacar que esse raciocnio no est em contradio com
o entendimento do Supremo Tribunal Federal, em razo da aplicao da sano de
inelegibilidade no atingir o processo eleitoral em si, podendo at mesmo ser aplicada
quando de seu trmino, ou seja, aps a diplomao dos eleitos. Logo, no h que se
falar em mudana nas regras do jogo poltico e, por consequncia, em violao aos
princpios da igualdade e da anterioridade eleitoral. Ao contrrio, uma vez praticada a
conduta ilcita, qualquer dos beneficirios ser sancionado com as penas de
inelegibilidade e, se for o caso, da cassao do diploma, assegurando, dessa forma, a
plena igualdade entre candidatos no pleito.
Nesse prumo, a sano de inelegibilidade deve ser aplicada a fatos
ocorridos aps a publicao da lei inovadora, fato ocorrido em 7 de junho de 2010 - to
s um ms antes do perodo para o registro de candidaturas - da porque a Corte
Constitucional posicionou-se, tambm, no sentido da impossibilidade de sua incidncia
a fatos anteriores a sua vigncia, verificados e trazidos baila no momento do pedido
de registro de candidatura.
Nesse sentido, a lio, a contrario senso, de Jos Jairo Gomes:
"Conquanto a norma que trate de inelegibilidade sano tenhaeficcia imediata, sua natureza punitiva impede que alcancefatos passados, agravando sano j aplicada em julgamentoanterior" (Direito Eleitoral. 6 P- ed. So Paulo: Atlas, 2011, p.151).
E, ainda, os ensinamentos de Thales Tcito Cerqueira e Camila
Albuquerque Cerqueira, ao tratar das alteraes realizadas nos prazos de
inelegibilidade:
"Assim, a nova lei, a nosso sentir, somente pode ser aplicadapara os processos que se iniciarem a partir de 7 de junho de2010 e surtindo efeito para as "prximas eleies" (2012 emdiante), por fora do art. 16 da CF/88." (Reformas EleitoraisComentadas. So Paulo: Saraiva, 2010, p. 846)
Tal posio, antes mesmo do pronunciamento do Supremo Tribunal
Federal, j havia sido aplicada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Maranho
em acrdo proferido nos autos do Registro de Candidatura 3337-63/2010, assim
ementado:
"ELEIES 2010. IMPUGNAO AO REGISTRO DE CANDIDATURAAJUIZADA PELO MINISTRIO PUBLICO ELEITORAL COM BASE NALC N. 135/2010. INAPLICABILIDADE DA LEI AO CASOCONCRETO. IMPOSSIBILIDADE DE RETROATIVIDADE DA LEIPUNITIVA MAIS SEVERA. IMPROCEDNCIA DA IMPUGNAO.REQUERIMENTO DE REGISTRO DE CANDIDATURA. COLIGAOREQUERENTE COLIGAO "O MARANHO NO PODE PARAR"(PRB, PP, PT, PTB, PMBD, PSC, PR, DEM, PV). CARGO DEDEPUTADO FEDERAL. ATENDIMENTO DAS FORMALIDADESLEGAIS (ART. 11 DA LEI N. 9.504/97 E ART. 26 DA RESOLUON-Q 23.221/10- TSE). DEFERIMENTO DO REGISTRO.1. A inelegibilidade decorrente de ato ilcito configura sano,entendida como 'toda consequncia que se agrega,intencionalmente, a uma norma, visando ao seu cumprimento'(in: Filosofia Do Direito, 14a ed. So Paulo, Saraiva, 1991, p.260).
Nas hipteses de inelegibilidade-sano, aplica-se o princpioda anterioridade da lei punitiva, sendo proibido a retroatividadede lei mais severa sob pena de violar-se os incisos XXXIX e XL,art. 5 da Constituio Federal e o princpio da segurana,considerado 'premissa de toda civilizao' (Gustav Radbruch).
A inaplicabilidade da LC n. 135/2010 a fatos anteriores a suavigncia no configura reconhecimento a direito adquirido ascondies de elegibilidade. A pratica de ilcitos eleitorais navigncia da nova lei enseja a sano de inelegibilidade com basenos novos critrios, e jamais com base nos critrios revogados.
Assim, embora a LC n. 135 tenha aplicabilidade em tese, spode disciplinar fatos futuros, ocorridos aps a sua vigncia.
Impugnao julgada improcedente. Registro de candidaturadeferido." (TRE-MA, Acrdo 12.662, Relator juiz MagnoLinhares, sesso de 26.07.2010, publicado em sesso)" (Grifou-se).
Cabe, ainda, destacar as consideraes tecidas pelo doutrinador Adriano
Soares da Costa acerca do citado acrdo regional:
(...) A deciso do TRE/MA simples, sem muita pretenso, masvai ao nervo da questo: h duas espcies de inelegibilidade, ainata e a cominada. A inelegibilidade cominado, efeito de fatoilcito que , tem natureza de sano. Como sano, no poderetroagir. E adverte - como o fizemos aqui no blogue - que aprpria LC 135/2010 chama a inelegibilidade cominada pelonome: sano!(Extrado do site adrianosoares69.qooalepages.com em25/04/2011).
Sendo assim, no obstante diante de um ilcito de natureza cvel, pode-
se aplicar s hipteses em que a lei comina a sano de inelegibilidade, o mesmo
raciocnio quanto anterioridade da lei penal, de modo que incidir a sano prevista
na lei no momento da prtica da conduta ilcita.
Esse argumento foi inclusive objeto de anlise no voto condutor do
mencionado acrdo proferido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Maranho,
consoante se extrai dos seguintes excertos, impondo-se uma interpretao a contrario
sensu para se chegar concluso acerca da aplicao da nova lei:
"Sendo assim, entendo ser aplicvel espcie as normas dosincisos XXXIX e XL do art. 59 da Constituio Federal que exige aanterioridade da lei punitiva aos fatos ilcitos ensejadores da
pena/idade e probe a retroatividade da lei punitiva, a no serpara beneficiar o ru. (...)Na anlise da ocorrncia do fenmeno da retroatividade das leis,o importante a data da ocorrncia dos fatos consideradosilcitos, e no o enfrentamento de suas conseqncias. No casopresente os fatos ensejadores da condenao do impugnadoocorreram antes da vigncia da LC n2.135/2010, sendo obastante para se inferir que a tese sustentada pelo impugnanteimplica na efetiva retroatividade de lei mais severa. (...)A inaplicabilidade da LC n 2. 135 a fatos pretritos no reconhecimento de direito adquirido elegibilidade.Evidentemente se o candidato reiterar sua conduta na vigncia danova lei, a sano da inelegibilidade dever ser aplicada combase nos novos critrios, e jamais com base nos critriosrevogados. (Grifou-se).
Dessa forma, tendo a conduta ilcita em exame sido praticada aps a
vigncia da Lei Complementar 135/2010, impe-se a aplicao da sano de
inelegibilidade pelo perodo de oito anos, contados da data da eleio em que se
verificou.
Pelos mesmos fundamentos, plenamente cabvel a fixao da penalidade
de cassao do diploma.
Ainda que assim no fosse e no obstante o entendimento que vinha
sendo adotado pelo Tribunal Superior Eleitoral antes da edio da Lei Complementar
135/2010, no se afigura razovel que o julgamento da ao de investigao judicial
eleitoral aps as eleies no permita a cassao do registro. Ora, plenamente
possvel que este seja desconstitudo e, de forma reflexa, atinja o diploma concedido,
entendimento que melhor se coaduna com os princpios constitucionais que se
pretende resguardar com a lei das inelegibilidades, descritos no artigo 14, 9 Q , da
Constituio da Repblica, bem como pela presuno de que a nova lei deve ter
incidncia geral e imediata, cabendo ao Estado-Juiz aplic-la de acordo com a
finalidade social para qual foi constituda, nos termos do art. 5 Q da LICC (DL nQ
4657/42).
V-se que ambos os fundamentos se sustentam. Em sntese a primeira
argumentao tem base eminentemente tcnica, enquanto a segunda funda-se na
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necessidade de aplicao imediata da lei nova para os fatos presentes e futuros - tal
como a teoria objetiva concebida por Roubier, em sua tese de direito intertemporal -
buscando-se, assim, o alcance dos anseios sociais atravs de sua incidncia.
Portanto, resta demonstrada a aplicabilidade, ao caso em questo, do
inciso XIV do art. 22 da Lei Complementar 64/90 em sua redao atual.
Por fim, cumpre destacar, nos termos do entendimento do Supremo
Tribunal Federal, que tal deciso tem eficcia imediata, conforme se extrai do seguinte
julgado:
"MANDADO DE SEGURANA. SUPLENTE DE DEPUTADO FEDERAL.IMPETRAO CONTRA OMISSO DA PRESIDNCIA DA CMARADOS DEPUTADOS. CUMPRIMENTO DE DECISO DA JUSTIAELEITORAL. SEGURANA CONCEDIDA. Rejeitadas, porunanimidade, as preliminares de prejudicialidade, deilegitimidade passiva, de inpcia da inicial por falta de indicaodo litisconsorte passivo e de decadncia. Eficcia imediata dasdecises da justia eleitoral, salvo excees previstas em lei.Comunicada a deciso Presidncia da Cmara dos Deputados,cabe a esta dar posse imediata ao suplente do parlamentar queteve seu diploma cassado. Segurana concedida." (STF, MS25.548/DF, Relatar Ministro Joaquim Barbosa, DJU 9.3.2007)
Por tudo encimado, vota-se pela procedncia do pedido, declarando-se a
inelegibilidade, por 8 anos, dos quatro investigados, nos termos do art. 22, XIV, da Lei
Complementar 64/90, e cassa-se o diploma da Sra. Andreia Busatto, candidata eleita ao
cargo de deputado estadual.
Oficie-se Assembleia Legislativa deste Estado, comunicando o teor desta
deciso, para que declare a vacncia do cargo e d posse ao respectivo suplente.
PODER JUDICIRIOTRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO DE JANEIROSeo de Degravao, Digitao e Preparo de Notas - SI()
EXTRATO DE ATA
AO DE INVESTIGAO JUDICIAL ELEITORAL N 9 18-04.2011.6.19.0000 - CLASSE AI J E
RELATOR: J UIZ ANTONIO AUGUSTO GASPAR
AUTOR : MINIST RIO P BLICO ELEITORALINVESTIGADO : ANDREIA CRISTINA MARCELLO BUSATTO (ANDREIA DO
CHARLINHO), CANDIDATA ELEITA AO CARGO DE DEPUTADOESTADUAL PELO PDT
INVESTIGADO : CARLO BUSATTO J NIOR ( CHARLINHO), PREFEITO DO MUNIC PIODE ITAGUA
ADVOGADO : MARCELO FONTES CESAR DE OLIVEIRAADVOGADO : BRUNO CALFATADVOGADO : ADILSON VIEIRA MACABU FILHOADVOGADO : DANIELA DE ASSIS RIBEIRO FIGUEIREDOINVESTIGADO : JORGE LUIS DA SILVA ROCHA (J ORGINHO CHARLINHO),
VEREADOR DO MUNIC PIO DE ITAGUA ADVOGADO : MARCELO FONTES CESAR DE OLIVEIRAADVOGADO : BRUNO CALFATADVOGADO : ADILSON VIEIRA MACABU FILHOINVESTIGADO : MARCELO DOS SANTOS GODINHO, DIRETOR DO J ORNAL ATUALADVOGADO : ANDRE LUIS REIS DE AMORIMADVOGADO : CESAR DE SOUTO PALMA
DECISO: POR UNANIMIDADE, REJ EITOU -SE A PRELIMINAR E, NO M RITO,J ULGOU-SE PROCEDENTE O PEDIDO DECLARANDO -SE A INELEGIBILIDADE POR 8 (OITO)ANOS DOS QUATRO INVESTIGADOS, COM FUNDAMENTO NO ART. 22, XIV, DA LEICOMPLEMENTAR 64/90, CASSOU -SE O DIPLOMA DA SRA. ANDREIA CRISTINA MARCELLOBUSATTO E DETERMINOU -SE A EXPEDIO DE OF CIO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DOESTADO DO RIO DE JANEIRO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR.
(A PROCURADORA REGIONAL ELEITORAL MNICA CAMPOS DE R USOU DA PALAVRA.)
(OS ADVOGADOS BRUNO CALFAT E ANDR LUIS REIS DE AMORIM USARAM DA PALAVRA.)
PRESID NCIA DO DES. LUIZ ZVEITER. PRESENTES OS D ESEMBARGADORES S RGIO LCIODE OLIVEIRA E CRUZ E SERGIO SCHWAITZER, OS JU IZES ANTONIO AUGUSTO DE TOLEDO GASPAR, LuizROBERTO AYOUB E ANA TEREZA BASILIO E O REPRESENTANTE DA PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL.
SESSO DO DIA 14 DE JULHO DE 2011.
SENOTA, 14/7/11- AllE 18-04.2011.6.19.0000 \kr`
CERTIDO DE ENVIO AO DIRIO DE JUSTIA ELETRNICO
CERTIFICO que, nesta data, a concluso do Acrdo do processo em refernciafoi enviada ao Dirio da Justia Eletrnico do TRE/RJ para publicao.
Rio de Janeir 5 de julho de 2011.
a de Souza Ribeiro
Chefe a Seo de AcrdosAme a d Souza Ribeiro
Cheia da Seo de Acrdo.
CERTIDO DE PUBLICAO
CERTIFICO que a concluso do Acrdo do processo em referncia foi publicada
no Dirio da Justia Eletrnico do TRE/RJ ri Q 098, em 18 de julho de 2011, pgs. 06.
Rio de Janeiro, 18 de julho de 2011.
a ouza Ribeiro
Chef da Seo de AcrdosAmlia d Souza Ribeiro
Chata da Seo de Acrdos
de Souza Ribeiro
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO DE JANEIROSJD - COSES
SEO DE ACRDOS
Ref.: AO DE INVESTIGAO JUDICIAL ELEITORAL N Q 18-04.2011.6.19.0000
REMESSA
Nesta data, remeto os presentes autos CORIP.
Rio de Janeiro, de julho de 2011.
Chefe a Seo de Acrdos
AeKe dd Souza Ribeiro:teste da Seo de Acrdo,
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