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Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 Varginha, MG CEP: 37026-400 35 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br TRIBUTO À TECNOLOGIA CAFEEIRA E AOS NOSSOS TÉCNICOS E CAFEICULTORES J.B. Matiello-Eng Agr Mapa-Fundação Procafé A lavoura cafeeira no Brasil sofreu grandes transformações nas 4 últimas décadas, com avanços significativos na tecnologia de produção de café. Até a década de 1970, as lavouras vinham recebendo tratos rotineiros, com pouco uso de tecnologia, função do desestimulo de preços e, também, da falta de uma estrutura de apoio ao setor, o qual acabava de sair de uma política de erradicação de cafezais. Com isso, com uma área cafeeira total de 2,5 milhões de hectares se produzia, em média, pouco mais de 20 milhões de sacas por ano, com produtividade de 6-8 sacas por ha, ainda menor nas zonas cafeeiras de Minas e E.Santo, onde ela era de 4-6 sacas/ha. No período 1970-80 houve o aparecimento da ferrugem do cafeeiro, logo no inicio, que motivou, juntamente com o declínio das safras de café, a execução do Plano de Renovação e Revigoramento de Cafezais, executado pelo ex-IBC, com o objetivo de renovar e recuperar o parque cafeeiro, só que agora baseado no uso de tecnologias adequadas. O plano se baseou na trilogia, do uso do credito, da assistência técnica e apoiado pela pesquisa cafeeira regionalizada e integrada na mesma Equipe. Como resultado, foram implantados mais de 230 mil projetos assistidos, com o plantio de 1,8 bilhão de cafeeiros em cerca de 1,1 milhão de hectares de novas lavouras. Essas lavouras passaram a ser implantadas com base no zoneamento agroclimático, contavam com espaçamentos mais racionais e com variedades mais produtivas(Catuai e M. Novo), alem do uso de práticas de proteção do solo, como o plantio em nível, quando a tradição era o plantio morro abaixo. A correção do solo, com uso de calcário, por incrível que pareça, era novidade na cafeicultura da época, pois, antes, eram usadas para o café apenas as terras férteis, como àquelas de solos roxos, do Paraná e de São Paulo, ou as terras de mata virgem, dizendo-se que o café ia atrás do “pio do macuco”. Com a necessidade de utilização das áreas esgotadas, antes exploradas com cafezais quase extrativos,,ou aquelas de cerrado, naturalmente pobres, os trabalhos de nutrição mineral do cafeeiro foram essenciais para garantir o sucesso das novas plantações, agora tendo, também, de superar o ataque da ferrugem. Na evolução tecnológica, a densidade de plantas de café por área foi muito ampliada. Antes tínhamos 700-1000 cafeeiros por ha, a primeira etapa ampliou para 1600-2500 plantas e depois para 5000- 10000 plantas por ha, com adensamento na linha e-ou também na rua de plantio. Foram desenvolvidos sistemas adequados de controle da ferrugem, combinando, também, o controle via solo, e de outras doenças e pragas que vieram, em função da exploração mais intensiva e com o aproveitamento de novas áreas cafeeiras. Foram lançadas inúmeras novas variedades, produtivas e tolerantes a pragas e doenças, as quais já vêm, gradativamente, substituindo as, ainda com maior uso, o Catuai e o Mundo-Novo. Foi implantada a irrigação, em sistemas novos e em alta escala, inclusive com a tecnologia do plantio circular, para economia de água e de energia, a irrigação suplementar para evitar perdas de produção com veranicos Foi desenvolvida a técnica da clonagem, de cafeeiros arábica , robusta e híbridos superiores. A qualidade do café melhorou muito. Muitas regiões antes consideradas produtoras de cafés de bebidas inferiores (Ryada e Rio) são agora produtoras, em mais de 60%, de cafés de bebidas suaves. A tecnologia de mecanização, em praticamente todo o manejo dos cafezais, do plantio à colheita e preparo, viabilizou a expansão especialmente da cafeicultura empresarial. A transformação ocorreu, simultaneamente, na mudança entre as regiões cafeeiras. Antes a cafeicultura estava concentrada em São Paulo e Paraná e, agora, mais distribuída, com destaque para o crescimento havido em Minas, E. Santo, Bahia e Rondonia. O trabalho de zoneamento e do Plano de Renovação permitiu, assim, incorporar as áreas de cerrado(MG, GO, MS. E SP), antes terras inativas e hoje abrigando a cafeicultura mais expressiva do pais, mais a região do Jequitinhonha, do Norte e Noroeste em Minas, mais a das Chapadas ma Bahia e, recentemente, também o cerrado do Oeste baiano, mais os micro-climas serranos de Pernambuco e Ceará, mais as zonas de altitudes elevadas, chamadas de cafeicultura de Montanha, nos estados do Espírito Santo, Zona da Mata de Minas, estado do Rio de Janeiro e parte do Sul de Minas, destacando-se que, anteriormente, o café era, principalmente, explorado em áreas de baixas altitudes nessas regiões. A cafeicultura de conillon também foi apoiada, no Espirito Santo, Rondonia e Sul da Bahia.

TRIBUTO À TECNOLOGIA CAFEEIRA E AOS NOSSOS TÉCNICOS E CAFEICULTORES

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TRIBUTO À TECNOLOGIA CAFEEIRA E AOS NOSSOS TÉCNICOS E CAFEICULTORES

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Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400

35 – 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br

TRIBUTO À TECNOLOGIA CAFEEIRA E AOS NOSSOS TÉCNICOS E

CAFEICULTORES J.B. Matiello-Eng Agr Mapa-Fundação Procafé

A lavoura cafeeira no Brasil sofreu grandes transformações nas 4 últimas décadas, com avanços significativos na tecnologia de produção de café.

Até a década de 1970, as lavouras vinham recebendo tratos rotineiros, com pouco uso de

tecnologia, função do desestimulo de preços e, também, da falta de uma estrutura de apoio ao setor, o qual acabava de sair de uma política de erradicação de cafezais. Com isso, com uma área cafeeira total de 2,5

milhões de hectares se produzia, em média, pouco mais de 20 milhões de sacas por ano, com produtividade

de 6-8 sacas por ha, ainda menor nas zonas cafeeiras de Minas e E.Santo, onde ela era de 4-6 sacas/ha. No período 1970-80 houve o aparecimento da ferrugem do cafeeiro, logo no inicio, que motivou,

juntamente com o declínio das safras de café, a execução do Plano de Renovação e Revigoramento de

Cafezais, executado pelo ex-IBC, com o objetivo de renovar e recuperar o parque cafeeiro, só que agora

baseado no uso de tecnologias adequadas. O plano se baseou na trilogia, do uso do credito, da assistência técnica e apoiado pela pesquisa cafeeira regionalizada e integrada na mesma Equipe. Como resultado,

foram implantados mais de 230 mil projetos assistidos, com o plantio de 1,8 bilhão de cafeeiros em cerca

de 1,1 milhão de hectares de novas lavouras. Essas lavouras passaram a ser implantadas com base no zoneamento agroclimático, contavam com

espaçamentos mais racionais e com variedades mais produtivas(Catuai e M. Novo), alem do uso de

práticas de proteção do solo, como o plantio em nível, quando a tradição era o plantio morro abaixo. A correção do solo, com uso de calcário, por incrível que pareça, era novidade na cafeicultura da época, pois,

antes, eram usadas para o café apenas as terras férteis, como àquelas de solos roxos, do Paraná e de São

Paulo, ou as terras de mata virgem, dizendo-se que o café ia atrás do “pio do macuco”. Com a necessidade

de utilização das áreas esgotadas, antes exploradas com cafezais quase extrativos,,ou aquelas de cerrado, naturalmente pobres, os trabalhos de nutrição mineral do cafeeiro foram essenciais para garantir o sucesso

das novas plantações, agora tendo, também, de superar o ataque da ferrugem.

Na evolução tecnológica, a densidade de plantas de café por área foi muito ampliada. Antes tínhamos 700-1000 cafeeiros por ha, a primeira etapa ampliou para 1600-2500 plantas e depois para 5000-

10000 plantas por ha, com adensamento na linha e-ou também na rua de plantio. Foram desenvolvidos

sistemas adequados de controle da ferrugem, combinando, também, o controle via solo, e de outras

doenças e pragas que vieram, em função da exploração mais intensiva e com o aproveitamento de novas áreas cafeeiras. Foram lançadas inúmeras novas variedades, produtivas e tolerantes a pragas e doenças, as

quais já vêm, gradativamente, substituindo as, ainda com maior uso, o Catuai e o Mundo-Novo. Foi

implantada a irrigação, em sistemas novos e em alta escala, inclusive com a tecnologia do plantio circular, para economia de água e de energia, a irrigação suplementar para evitar perdas de produção com veranicos

Foi desenvolvida a técnica da clonagem, de cafeeiros arábica , robusta e híbridos superiores. A qualidade

do café melhorou muito. Muitas regiões antes consideradas produtoras de cafés de bebidas inferiores (Ryada e Rio) são agora produtoras, em mais de 60%, de cafés de bebidas suaves. A tecnologia de

mecanização, em praticamente todo o manejo dos cafezais, do plantio à colheita e preparo, viabilizou a

expansão especialmente da cafeicultura empresarial.

A transformação ocorreu, simultaneamente, na mudança entre as regiões cafeeiras. Antes a cafeicultura estava concentrada em São Paulo e Paraná e, agora, mais distribuída, com destaque para o

crescimento havido em Minas, E. Santo, Bahia e Rondonia. O trabalho de zoneamento e do Plano de

Renovação permitiu, assim, incorporar as áreas de cerrado(MG, GO, MS. E SP), antes terras inativas e hoje abrigando a cafeicultura mais expressiva do pais, mais a região do Jequitinhonha, do Norte e

Noroeste em Minas, mais a das Chapadas ma Bahia e, recentemente, também o cerrado do Oeste baiano,

mais os micro-climas serranos de Pernambuco e Ceará, mais as zonas de altitudes elevadas, chamadas de cafeicultura de Montanha, nos estados do Espírito Santo, Zona da Mata de Minas, estado do Rio de Janeiro

e parte do Sul de Minas, destacando-se que, anteriormente, o café era, principalmente, explorado em áreas

de baixas altitudes nessas regiões. A cafeicultura de conillon também foi apoiada, no Espirito Santo,

Rondonia e Sul da Bahia.

Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400

35 – 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br

As tecnologias foram desenvolvidas e difundidas graças a uma estrutura de trabalho que envolvia

campos experimentais regionalizados(3 em MG, 2 no ES, 2 na BA, 1 no PR, 1 em MT, 1 em MS, 1 no CE,

1 em PE e 1 no RJ), com apoio, mediante convênios, aos trabalhos do IAC em São Paulo, do IAPAR no Paraná e da Epamig em Minas. Aliás, o IAPAR e a EPAMIG, esta oriunda do PIPAEMG, foram entidades

criadas com a iniciativa do Plano de Renovação do ex-IBC.

Todos esses avanços resultaram, atualmente, numa maior competitividade da cafeicultura brasileira, que teve sua produtividade ampliada, para a faixa de 20-23 sacas por ha, contando com menos

área de café do que havia 40 anos atrás (hoje são 2,3 milhões de ha), mas produzindo com alto potencial

de safra, de cerca de 50 milhões de sacas de café por ano. Contado o milagre, vamos aos milagreiros. Primeiro a estrutura de trabalho de apoio tecnológico,

que foi essencial para pesquisar, desenvolver e aplicar as novas tecnologias. Segundo, porém não menos

importante, temos que render tributos à tenacidade dos cafeicultores, capazes de suportar períodos de

dificuldades, no passado e, provavelmente, terão de continuar suportando no futuro. Para homenagear nossos técnicos, com prioridade aos mais velhos, como manda a Lei, citamos

alguns mais próximos aos Programas que realizamos, não nos esquecendo que muitos outros colaboraram e

continuarão com o trabalho, oxalá com nova luz no direcionamento do setor tecnológico do café, focados, como antes, na solução dos problemas dos produtores e não simplesmente de olho no Curriculum Lattes

dos pesquisadores, como tem sido, em parte, ultimamente.

Aqui vão alguns, muito importantes, que queremos agradecer. Uns já se foram- Coaracy Franco, Angelo Camargo, Alcides Carvalho, Chebabi, Kepler e Kupper. Outros ainda andam por aqui, mesmo

aposentados, passando sua experiência para os jovens, sendo A. Wander, J. Edgard, Durval, Miguel,

Santinato, Matiello, Saulo, Mauricinho, Kaiser, Chico Carneiro, José Maria Sebastião e Adelso, estes do

ex-IBC, mais Julio Cesar, Paulo Rebellis, Sara, Fábio, Rubens e Zambolim do sistema da Epamig-UFLA-UFV, mais Tumoru e Androciolli, do IAPAR e Fazuoli e Thomaziello do IAC