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Trovas de Ercy Maria Marques de Faria e Helvécio Barros ... · Terra e Céu Trovas de Ercy Maria Marques de Faria e Helvécio Barros XCVIII. 4 Rua Otto Niemeyer, 2460 - CEP 91910-001

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2017

União Brasileira de TrovadoresPorto Alegre - RS

Coleção

Terra e Céu

Trovas de

Ercy Maria Marques de Fariae

Helvécio Barros

XCVIII

4

Rua Otto Niemeyer, 2460 - CEP 91910-001 Bairro CavalhadaFones: 0**51 3243 8400SITE: www.ubtportoalegre.com.brE-mail: [email protected]ório do Registro Especial n° 6.405Fundada em 08 de março de 1969.

União Brasileira de TrovadoresSeção de Porto Alegre

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Para bem comemorar o centenário de nasci-mento de Luiz Otávio, idealizador e fundador damaior entidade congregadora de cultores do gê-nero poético TROVA do mundo, a seção de Por-to Alegre da mesma criou a coleção “LUIZ OTÁ-VIO É CEM”, com o intuito de editar cem livrosde trovas até o final do ano.

E agora, em cima disso, uma outra, comple-mentando-a: “TERRA E CÉU”. Ou seja, os trova-dores vivos homenagearão os falecidos, seusamigos, com a edição de um livro duplo, com tro-vas de um e de outro.

A ideia é sempre a mesma, mudou um pouqui-nho a forma. E, com certeza, teremos uma por-ção de belos livros, uns virtuais, outros físicos,mas serão sempre livros. Dessa forma, lavra-semais um tento nesta busca incansável, nesta ver-dadeira cruzada de que os trovadores brasilei-

Palavras Iniciais

ros participam, qual seja a de ver, um dia,este gênero poético devidamente valoriza-

do e divulgado, inclusive pelachamada grande mídia.

Flávio Roberto StefaniPresidente

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DIRETORIA - GESTÃO 2015/2016

Presidente: FLÁVIO ROBERTO STEFANIVice-Presidente de Administração:LISETE JOHNSONVice-Presidente de Cultura: SONIA LINDEMAYERVice-Presidente de Relações Públicas: CLÁUDIO DERLISILVEIRAVice-Presidente de Finanças: DORALICE GOMES DA ROSASuplente de Diretoria:JOSOEVERTON LOPES

União Brasileira deTrovadores - Seção de

Porto Alegre

Conselho Municipal(Titulares)

MÍLTON SOUZADELCY CANALLESCLÊNIO BORGES

Conselho Municipal(Suplentes)

NEOLY DE OLIVEIRA VARGASJANAÍNA SCARDUA BONATTOJANETE VARGAS

Secretária: SONIA LINDEDMAYERAssessor de Imprensa: SÉRGIO BECKERAssessora Especial: ANGELA PONSICoord. Do Juventrova: LÚCIA BARCELOS

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Ercy MariaMarques de Faria

Ercy Maria Marques deFaria é natural de Bauru -SP, filha de João MarquesLontra e dona Laurinda So-ares Lontra. É Professo-ra, Poetisa, Trovadora,Haicaista, Membro Fun-dador da Academia Bauru-ense de Letras e MembroCorrespondente da Acade-mia de Letras de RibeirãoPreto - SP.

Ingressou na União Brasileira de Trovadoresem 1984, por intermédio do Poeta e Trovadorbauruense Helvécio Barros, considerado, com ca-rinho, seu Mestre e grande incentivador. É Dele-gada da UBT - Bauru - SP, onde realiza inces-sante trabalho pela Trova. Dois grandes eventossão promovidos anualmente há 23 anos consecuti-

vos, em parceria com as Se-cretarias Municipais da Cultu-ra, Meio Ambiente e EMDURB:- o “Trovas no Bosque”, expo-sição de Trovas ecológicas eHaicais no Bosque da Comuni-

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dade ,evento integrante docalendário de festejos doaniversário da cidade, ondeos trabalhos dos Trovadoreslocais e de todo o Brasil, fi-cam expostos nas árvores por30 dias; e também a exposição de TrovasNatalinas, realizada no Terminal Rodoviário,estendendo-se de dezembro a janeiro seguin-te, com idêntica participação.

Entre as conquistas da UBT local, destacaa oficialização do “Dia do Trovador” no municí-pio de Bauru, cujos festejos também fazemparte anualmente das comemorações de ani-versário da cidade; o Auditório Municipal “Hel-vécio Barros”, anexo ao Teatro Municipal deBauru, e a “Praça dos Trovadores”, localizadana zona sul e magnificamente revitalizada nesteano em homenagem ao Centenário de Luiz Otávio.

Coordena em sua cidade, o Grupo de Trova-dores “Lucy Rangel Fraga”, com o qual publicoua Antologia “Quando vierem as rosas”...

Em 1999 recebeu o Prêmio“Menestrel da Trova”, ofere-cido pela UBT - Seção Juiz deFora - MG, como “Delegacia-Destaque”.

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Quando me vêm à memóriafatos que anseio esquecer,eu fecho o livro da históriae finjo que não sei ler...

Aos meus filhos, aos meus netos,eu repasso, em confiança,este tesouro de afetosque recebi como herança!!!

Final de Outono... Me ponhoa constatar a verdade:-Deixo a idade do meu sonhoe ingresso na da saudade...

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Relendo o livro da vidaquando a solidão me invade,em cada página lidasempre encontro uma saudade...

Encanto é juntar pedaçosde nossa infância queridapara recompor os traçosda longa história da vida...

Uma paixão muito antigadeixou seu rastro cravadonesta ponte que ainda ligameu presente ao meu passado.

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A insônia que vai alémdas horas da madrugada,por teimosia mantémminha saudade acordada!

Pelas sandálias furadaseu não lastimo... ao invés,faço preces renovadasde gratidão... por ter pés!!!

Ama o trabalho, meu filho,por maior que seja a luta!Deus também expõe seu brilhopor detrás da pedra bruta...

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Mais uma vez o destinomuda a face dos meus planos:-Desfaz meu sonho divinoe refaz sonhos profanos...

Somente a Força Divinapromove graças tamanhas:-O sol remove a neblina...-A fé remove montanhas...

A apatia que hoje vêsneste semblante cansado,é vestígio dos “porquês”sem respostas do passado!!!

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A varanda, hoje vazia,da algazarra das crianças,se transforma, dia a dia,num castelo de lembranças!

Ao trabalho rendo graçase, repartindo a alegria,meu Deus, a todas as raçasdai o pão de cada dia!!!

Tal qual uma água escondidaque escapa por entre os dedos,como é difícil na vidaesconder nossos segredos!...

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O resmungar do meu netoaos meus ouvidos de avóé doce canção de afetofeita de uma nota só!...

Conto lendas à noitinhae não me canso jamais...Que satisfação a minha,do neto ouvir: -“Conta mais?”

Minha mãe, foram teus braços,refúgio dos meus segredos,onde deitei meus cansaçose adormeceram meus medos!...

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O luar não vê pobrezano telhado destruído...E espalha sua belezano meu lar... de ”chão batido”!!!

Desta emoção incontidanão faço nenhum alarde...E culpo demais a vidapor te encontrar muito tarde!

Toda união é perfeita,se congregando emoções,além das mãos que ela estreita,une também corações...

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Lembrança... retorno ousado que se faz às escondidaspelos porões do passadobuscando ilusões perdidas! ,

Renúncia – uma ponte estreita,onde das extremidades,pode-se ouvir, sempre à espreita,chorando duas saudades!...

Esse teu jeito tão mudo...Esse modo de encarar...A gente, às vezes, diz tudona carícia de um olhar!

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Lembrando o que tu diziasdo amor que tinhas por mim,eu vi, enquanto partias,quanto o infinito... tem fim!

Com ampla solicitudee com respeito maior,o homem, com sua atitude,constrói um mundo melhor!

Nos transtornos enfrentados,a vitória sempre alcançaquem possui como aliadosa Fé, o Amor e a Esperança!!!

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Educando e dando amora minha missão exerço,pois dos filhos, o valor,sempre é reflexo do “berço”!...

Coqueiro, essa tua forçaé um grande exemplo de fé:-por mais que o vento te torça,tu permaneces de pé!...

Que a Terra seja o canteiro,onde, ao invés de ervas más,o homem, qual bom jardineiro,cultive lírios da paz!,,,

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Velha ponte do caminhonossa história é parecida:-Suportamos de mansinhotantas pisadas na vida,,,

Deixo de fora a amargura...Respiro a paz simplesmente.-Há um refúgio de ternuranos braços da mãe da gente!!!

Velho pomar, foste um dia,o meu refúgio mais terno:viste nascer a poesiaem meu primeiro caderno!

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Voltaste, enfim!... A demoraserviu para demonstrarcomo é importante este “agora”,por quanto tempo durar...

Quando enfim, a noite desce,ao fim de tanta labuta,elevo a Deus uma precee sinto que Ele me escuta!!!

O nosso amor é tão fortee nossa afeição tão rara,que nem a força da morteas nossas almas separa!

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Ao ouvir por um momentoo canto da criançada,dou voltas no pensamentoe vou brincar na calçada...

És a estrela que entre os astrosdos céus meus passos conduz,fazendo, mãe, dos teus rastros,o meu caminho de luz!

“Irmã Água”... eu te saúdo!...Sou Poeta e Trovador...Tu és para a vida – TUDO!!!Por isso sou teu cantor!

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“Quem canta, os males espanta”...E o sabiá na prisão,,extravasa na garganta,as mágoas do coração!

Quem se dedica à leituratem privilégios reaise esta verdade assegura:-“O homem que lê, vale mais!”

Cai a chuva... e lá no morroante os sofrimentos seus,os pobres pedem socorroe pegam na mão de Deus!

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Cordialidade é esse afetocom que estendes tua mãoe ofertas ao mundo o tetodo teu próprio coração!

Enfrenta a maré braviae luta por teu futuro!,,,Só com força e valentiase alcança um porto seguro...

Minha ilusão naufragadaem violentos temporais,transporta restos de “nadas”ao porto do “nunca mais”!!!

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Helvécio Barros

Helvecio Barrosnasceu em Macau -RN, em 30 de abrilde 1909. Foram seuspais: Manuel Antu-nes da Silveira Bar-ros e Maria Emíliade Souza Barros.

Aos 19 anos dei-xou sua terra natal,rumo ao Rio de Ja-neiro. Chegou a in-tegrar o “Bando dos Tangarás”, dirigidopelo Almirante, e do qual fazia parte ofamoso Noel Rosa. Finalmente, em 1932,a convite de um tio, veio para Bauru /SP, onde ingressou na Caixa de Aposen-

tadoria (atual INSS), láse aposentando em 1969. Nesse ínterim lançou trêslivros: “Primeiros Poe-mas”, “Vitrine Iluminada”

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e “Um olhar dentro daVida”.

Seu interesse pelaTrova ocorreu após aaposentadoria, tornando-se, em 1974,“Magnífico Trovador” em Nova Fribur-go.

Foi delegado da UBT local e, graças arelevantes participações em prol do mu-nicípio, recebeu o título de “CidadãoBauruense” em 28.11.1986 e em04.02.1995, foi empossado na Acade-mia Bauruense de Letras. Faleceu em27.09 desse mesmo ano.

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Trago ao voltar, triste e só,por entre espinhos medonhos,as vestes cheias de pó,as mãos vazias de sonho...

Um grande amor não se esquece!Nada no mundo o destrói...-Quanto mais longe, mais cresce!-Quanto mais perto, mais dói!

Os teus segredos, criança,pelos decretos da idade,um dia serão lembrançanos arquivos da saudade!

Duas almas bem unidasninguém separa jamais!As vezes são duas vidasque a vida já fez iguais...

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Não te julgues o primeiro,nem que sejas um portento,quanto mais alto o coqueiro,mais fácil se verga ao vento!

Nesta cabana esquecidae sem você, quem sou eu?...-Um resto, talvez, de vidaque a própria vida esqueceu.

Há sempre um dia cinzentovivendo dentro de nós ...-Reticências de um lamento,tristeza que não tem voz!...

Velho mar, soturno e rude,entre nós – que afinidade,gemendo a mesma inquietude,chorando a mesma saudade...

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Ganhou na Loto o Clemente,e, sem prever o futuro,atendeu tanto parenteque acabou ficando duro...

-Não vou mais ao Mercadão,diz a mulher do Valtinho:-Compro lá um pacotãoe só trago um pacotinho...

Meu veleiro de criançana saudade ainda sigo,pois és tudo que a esperança,sem saber, deixou comigo...

Em sua luz concentrada,o livro, sublime e mudo,ensina sem cobrar nada,nos guia, mostrando tudo!

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Velhinhos, lembram seus passos,a despedida chegando,e a vida a levar, nos braços,duas saudades sonhando...

Quando a harmonia, em verdade,for lema da terra inteira,as pátrias, em liberdade,deixarão de ter fronteira!

Cabelos brancos ao vento,saudade feita de neve...-Mil fibras do sentimentodizendo a tudo:-Até breve!

O silêncio também fala,pois até o olhar, que é mudo,quando a nossa voz se calatem resposta para tudo!

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Nunca erra, na verdade,o juiz, que a todo custo,se escudando na bondade,além de bom quer ser justo!

Misto de enlevo e ternura,a trova, com brilho novo,não é somente cultura:é a alma também do povo!

Na calmaria eu componho,pois me dando lenitivo,quanto mais penso, mais sonho,quanto mais sonho, mais vivo!

Hoje, ao fim da caminhada,trago a alma combalida:sou qual vidraça trincadapelos açoites da Vida!...

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Com seu azul tão profundo,o céu de beleza imensa,parece mostrar ao mundo,de Deus a eterna presença!

Lembro, mãe, naquele “adeus”,não sei porque fiquei mudo! ...-Mas fitando os olhos teus,ao te beijar disse tudo!

A serenata encantada,pela rua mais modesta,transforma cada calçadanum lindo salão de festa!

Quando o crepúsculo avança,a voz do sino, em verdade,fecha a porta da esperança,para abrir a da saudade...

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Vai, com ternura moldandoo amor em traços de afetos:Tua obra irá ficando,para os filhos, para os netos!

A tua voz compassada,quando tu cantas, ao léu,é uma sonata encantada,metrificada no céu!...

Passa sobre a ponte erguida,todo o mistério da sorte:passa a alegria da vida,passa a tristeza da morte!

Neste exílio, embora a sós,a saudade é meu escudo:sonhando, te escuto a voz...desperto, te vejo em tudo...

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Li, comovido, em menino,um livro que me ensinou,não, a ler o meu destino,mas a ser o que hoje sou!

Quando o povo, decidido,vence a força da opressão,passa à história redimido,pela força da razão!

O tempo não se detém,ninguém o prende jamais.-A vida que foi não vem,só fica a marca dos ais!

Deste exílio tão tristonho,entre angústias eu te peço:-Não me devolvas o sonho,mas o sol do teu regresso!...

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Certa vez olhei bem fundoos olhos de uma criança!-Só então eu vi no mundo,onde se esconde a esperança.

Ah! Quantos vão pelo mundo,sem calor, de alma abatida,fugindo a cada segundo,da própria sombra da Vida!

Quando a bonança na terra,de nos unir for capaz,todos, no mundo sem Guerra,serão soldados da Paz!

A linda roda da infância,de cantiga comovente,é ciranda na distância,é saudade no presente!...

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O Deus criador da Vida,que é também um grande esteta,com bondade desmedida,deu-me a estrela de poeta!

Nos atletas desfilandoa mostrar força viril,julgo ver, feliz, marchando,a esperança do Brasil!

Independência – palavra –que tem sentido profundo:nos lembra o braço que lavraas terras livres do mundo!

A própria infância, também,é do passado uma voz:Saudade, às vezes, de alguém,que vive dentro de nós...

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A saudade não fenece,se o sonho, acaso, findou:-O silêncio faz-se precenos olhos de quem chorou!

Quando a tristeza me invadelogo o tormento aparece:duas notas de saudade,na surdina de uma prece!

Relembro a minha cidade,abrigo na minha infância!...Ah!, como dói a saudade,quando a saudade é distância!

Em qualquer justa vitória,a virtude sobressai:-Quem pelo bem sobe à glória,não retrocede nem cai!

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Instrui-te a cada momento,das trevas arranca o véu,que as asas do pensamentosobem às portas do Céu!

Esta rosa emurchecida,que guardei da mocidade,lembra o calor de uma vidaque envelheceu na saudade!

A amizade não quer palmaspor ajudar seus irmãos.Deus olha o fundo das almase nunca a palma das mãos!

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Edição: Jornalista Milton Souza([email protected])

(51) 99987 7648

Agência Texto CertoAvenida Flores da Cunha, 1643 - Sala 12

Cachoeirinha - RS - CEP 94 910 002

Fone (51) 3471 7741

Contato com Ercy Maria Marques de Faria

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