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Exercícios
TRT
2ª fase
Período 2003 – 2017.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Sumário
Português ........................................................................................................................ 3
Funções sintáticas (sujeito, predicado, objeto, adjunto, complemento etc) .................. 3
Orações subordinadas substantivas .............................................................................. 6
Função sintática dos pronomes pessoais átonos ........................................................... 8
Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc) ....................................... 10
Interpretação de Textos (compreensão) ...................................................................... 15
Gabarito ......................................................................................................................... 53
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Português
Questão 1: IBFC - Per Crim (PC RJ)/PC RJ/Biologia/2013
Funções sintáticas (sujeito, predicado, objeto, adjunto, complemento etc)
Texto I
Lágrimas e testosterona
Ele vivia furioso com a mulher. Por, achava ele, boas razões. Ela era relaxada com a casa,
deixava faltar comida na geladeira, não cuidava bem das crianças, gastava demais. Cada
vez, porém, que queria repreendê-la por uma dessas coisas, ela começava a chorar. E aí,
pronto: ele simplesmente perdia o ânimo, derretia. Acabava desistindo da briga, o que o
deixava furioso: afinal, se ele não chamasse a mulher à razão, quem o faria? Mais que isso,
não entendia o seu próprio comportamento. Considerava-se um cara durão, detestava
gente chorona.
Por que o pranto da mulher o comovia tanto? E comovia-o à distância, inclusive. Muitas
vezes ela se trancava no quarto para chorar sozinha, longe dele. E mesmo assim ele se
comovia de uma maneira absurda.
Foi então que leu sobre a relação entre lágrimas de mulher e a testosterona, o hormônio
masculino. Foi uma verdadeira revelação. Finalmente tinha uma explicação lógica,
científica, sobre o que estava acontecendo. As lágrimas diminuíam a testosterona em seu
organismo, privando-o da natural agressividade do sexo masculino, transformando-o num
cordeirinho,
Uma ideia lhe ocorreu: e se tomasse injeções de testosterona? Era que o seu irmão mais
velho fazia, mas por carência do hormônio. Com ele conseguiu duas ampolas do hormônio.
Seu plano era muito simples: fazer a injeção, esperar alguns dias para que o nível da
substância aumentasse em seu organismo e então chamar a esposa à razão.
Decido, foi à farmácia e pediu ao encarregado que lhe aplicasse a testosterona, mentindo
que depois traria a receita. Enquanto isso era feito, ele, de repente, caiu no choro, um
choro tão convulso que o homem se assustou: alguma coisa estava acontecendo?
É que eu tenho medo de injeção, ele disse, entre soluços. Pediu desculpas e saiu
precipitadamente. Estava voltando para casa. Para a esposa e sua lágrimas.
(Moacyr Scliar)
Texto II
Atenção, mulheres, está demonstrado pela ciência: chorar é golpe baixo. As lágrimas
femininas liberam substâncias, descobriram os cientistas, que abaixam na hora do nível de
testosterona do homem que estiver por perto deixando o sujeito menos agressivo.
Os cientistas queriam ter certeza de que isso acontece em função de alguma molécula
liberada - e não, digamos, pela cara de sofrimento feminina, com sua reputação de
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
derrubar até o mais insensível dos durões. Por isso, evitaram que os homens pudessem ver
as mulheres chorando. Os cientistas molharam pequenos pedaços de papel em lágrimas
de mulher e deixaram que fossem cheirados pelos homens. O contato com as lágrimas fez
a concentração da testosterona deles cair quase 15%, em certo sentido, deixando-os
menos machões.
(Publicado no caderno Ciência, da Folha de São Paulo, em 7 de janeiro de 2011) Textos disponíveis em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2802201105.htm,;acesso dia 16/07/2013)
Assinale a alternativa que classifica, corretamente, o sujeito da forma verbal em destaque
no fragmento abaixo, retirado do texto II:
"(...) chorar é golpe baixo." (1º parágrafo)
a) Sujeito Desinencial
b) Sujeito Simples
c) Sujeito Composto
d) Sujeito Inexistente
e) Sujeito Indeterminado
Questão 2: CESPE - Ass Jur (TCE-RN)/TCE-RN/Técnico de Informática/2015
Assunto: Funções sintáticas (sujeito, predicado, objeto, adjunto, complemento
etc)
A Comissão de Acompanhamento e Fiscalização da Copa 2014 (CAFCOPA) constatou
indícios de superfaturamento em contratos relativos a consultorias técnicas para
modelagem do projeto de parceria público-privada usada para construir uma das arenas
da Copa 2014.
Após análise das faturas de um dos contratos, constatou-se que os consultores
apresentaram regime de trabalho incompatível com a realidade. Sete dos 11 contratados
alegadamente trabalharam 77,2 horas por dia no período entre16 de setembro e sete de
outubro de 2010. Os outros quatro supostamente trabalharam 38,6 horas por dia. Tendo
em vista que um dia só tem 24 horas, identificou-se a ocorrência de superfaturamento no
valor de R$ 2.383.248. “É óbvio que tais volumes de horas trabalhadas jamais existiram.
Diante de tal situação, sabendo-se que o dia possui somente 24 horas, resta inconteste o
superfaturamento praticado nesta primeira fatura de serviços”, aponta o relatório da
CAFCOPA.
Existem outros indícios fortes que apontam para essa irregularidade, pois não há nos autos
qualquer folha de ponto ou documento comprobatório da efetiva prestação dos serviços
Internet: <www.jornaldehoje.com.br> (com adaptações).
Acerca das ideias e estruturas linguísticas do texto a respeito da CAFCOPA, julgue o item
subsecutivo. por parte dos consultores.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
O termo “com a realidade” (l.3 e 4) e a oração ‘que tais volumes de horas trabalhadas jamais
existiram’ (l.6) desempenham a função de complemento dos adjetivos “incompatível” (l.3)
e ‘óbvio’ (l.6), respectivamente.
Certo
Errado
Questão 3: FUNRIO - Moto (CM Tanguá)/CM Tanguá/2016
Assunto: Funções sintáticas (sujeito, predicado, objeto, adjunto, complemento
etc)
Medidas simples garantem mais segurança no trânsito
Em um clássico desenho da Disney, ao assumir a direção de um carro, o pacato e humilde
senhor Andante se transforma no terrível senhor Volante, modelo de arrogância e
violência. Essa cena ilustra uma situação comum até hoje no trânsito, onde os motoristas
descarregam toda sorte de frustração.
Não por acaso, o fator humano é responsável pela maioria dos acidentes. Dirigir
defensivamente é essencial para prevenir os desastres ou pelo menos minimizar suas
consequências. De acordo com o professor Adilson Lombardo, especialista em segurança
no trânsito, na direção defensiva “é preciso avaliar riscos, reduzir a velocidade perto de
escolas, não fazer ultrapassagens perigosas”. Na prática, são medidas simples, que podem
ser resumidas em duas: respeito às normas e bom senso.
Lombardo frisa que não se deve confundir direção defensiva com técnicas de pilotagem,
que também podem ajudar a prevenir acidentes. “Os cursos de pilotagem ensinam a sair
da aquaplanagem, a fazer uma frenagem segura e a desviar de obstáculos”, explica. “As
autoescolas não dão essa formação, que é essencial, por exemplo, para funcionários de
empresas.” Ele destaca ainda a função educativa da multa: “Todos sabemos que a cultura
da impunidade é perigosa.”
Ari Silveira Adaptado de gazetadopovo.com.br, 22/08/2009.
O objeto direto é um complemento verbal. Um exemplo de objeto direto está destacado
em:
a) Em um clássico desenho da Disney, ao assumir a direção de um carro,
b) Essa cena ilustra uma situação comum
c) que também podem ajudar a prevenir acidentes.
d) As autoescolas não dão essa formação,
Questão 4: FEPESE - Med Vet (CIDASC)/CIDASC/2017
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Orações subordinadas substantivas
O pai nota que seus dois filhos estão muito quietos e vai verificar.
— O que vocês estão falando? – perguntou o pai
— Encontramos uma moeda de 1 real – diz o mais
velho. — Fizemos uma aposta: aquele que contar a
maior mentira ganha a moeda.
— Mas isso é muito feio! – disse o pai.
— Quando eu era criança NUNCA contava mentiras.
Os meninos se entreolharam surpresos.
O mais novo diz:
— Tudo bem, pai, a moeda é sua.
Gabriel Barazal. Piadas para rachar o bico. Proibido para adultos. SP: Fundamento, 2010.
Avalie as afirmativas abaixo feitas sobre o texto.
1. O primeiro período do texto é composto por coordenação.
2. A oração sublinhada é subordinada substantiva objetiva direta.
3. Em “perguntou o pai”, a expressão sublinhada é sujeito simples.
4. A última oração do texto é uma oração subordinada substantiva completiva
nominal.
5. Na oração “Os meninos se entreolharam surpresos”, temos um predicado verbo-
nominal.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
b) São corretas apenas as afirmativas 4 e 5.
c) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
d) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
e) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 5.
Questão 5: AOCP - AnaLM (CM Salvador)/CM Salvador/Comissões/Assessoria
Técnica a Comissão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente/2011
Assunto: Orações subordinadas substantivas
A questão baseia no texto apresentado abaixo.
O Colapso do Enem
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Se restava alguma dúvida quanto à credibilidade do Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) e do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), ela foi desfeita depois que a Justiça
Federal concedeu liminar prorrogando por seis dias o prazo de inscrições somente nas
universidades federais situadas no Estado do Rio de Janeiro. Com isso, a confusão
aumentou ainda mais, pois o sistema de informática do Ministério da Educação (MEC) não
está preparado para "isolar" os estudantes fluminenses. O término das inscrições estava
previsto para as 23h59 da última terça-feira e já havia sido prorrogado até o último minuto
de quinta-feira pelo Ministério da Educação.
Além das trapalhadas administrativas e eletrônicas, as inscrições agora estão marcadas
por indefinições e incertezas na área jurídica. Como a disputa pelas 83.125 vagas oferecidas
pelo Sisu envolve um concurso de amplitude nacional, o adiamento das inscrições somente
no Estado do Rio de Janeiro fere o princípio da isonomia - e isso poderá levar para o âmbito
da Justiça o processo seletivo das 83 universidades públicas que aceitaram a proposta do
MEC de substituir o vestibular tradicional pelas notas do Enem.
Depois de todas as trapalhadas ocorridas em 2009, esperava-se que o MEC tivesse
tomado as medidas necessárias para evitar que elas se repetissem. Infelizmente, isso não
aconteceu. Entre outros tropeços, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (Inep) - o órgão encarregado do Enem e do Sisu - não conseguiu explicar por
que vestibulandos que se inscreveram para determinados cursos de determinadas
instituições tiveram seus nomes registrados em cursos diferentes oferecidos por outras
universidades - com uma distância superior a mil quilômetros entre elas.
O Inep chegou a reconhecer que o sistema de informática não foi planejado para atender
à demanda, mas afirmou que ele estava imune a erros e riscos de manipulação. Com cópias
de imagens extraídas do site do MEC, os estudantes desmoralizaram o órgão, mostrando
que as opções de curso realizadas entre a manhã de domingo e a tarde de segunda-feira
foram alteradas entre a terça e a quarta-feira. Além disso, mais uma vez o Inep não
conseguiu evitar o vazamento de informações sigilosas dos vestibulandos e houve até
casos de dados que foram modificados com nítida má-fé por concorrentes.
O novo fracasso do MEC pode comprometer o início do ano letivo das instituições que
fazem parte do Sisu e pôr em risco o planejamento do ensino superior público para 2011.
Os prazos de inscrição no Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior e no
ProUni, por exemplo, já tiveram de ser prorrogados.
Como ocorreu em 2009, para aplacar críticas, a cúpula do MEC substituiu o presidente
do Inep. Em pouco mais de um ano, o órgão - que também é responsável pelo Ideb, pelos
censos da educação e pelo Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - teve três
presidentes.
Os dois primeiros assumiram o cargo prometendo resolver as trapalhadas administrativas
na condução do Enem. E a terceira - a pedagoga Malvina Tuttman -, assim que foi
nomeada, esta semana, propôs a criação de uma Concursobrás - uma estatal para gerir o
Enem e fazer avaliações. A ideia já havia sido discutida pelo MEC com o Ministério do
Planejamento, em 2009, mas não prosperou.
Em vez de cobrar eficiência e corrigir os problemas de gestão da máquina do MEC, uma
das maiores da administração pública federal, a presidente do Inep - seguindo uma triste
tradição do serviço público brasileiro - quer ampliar ainda mais a burocracia. E isso pode
resultar em mais contratações e gastos, sem qualquer garantia de que sejam sanadas as
deficiências que levaram à desmoralização do Enem.
Na realidade, o desafio não é criar órgãos novos, mas requalificar a burocracia do MEC,
reestruturar o sistema de avaliação desfigurado pelo último governo e rever o Sisu - esse
gigantesco vestibular das universidades federais que a União não consegue gerir.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
É o caso de discutir a possibilidade de voltar ao esquema em que cada universidade
federal tinha autonomia para definir seu vestibular, sem qualquer interferência dos ineptos
burocratas de Brasília.
O Estado de S.Paulo, 22 de janeiro de 2011. A3
Em “...esperava-se que o MEC tivesse tomado as medidas necessárias...”, a oração
destacada é subordinada
a) adverbial temporal.
b) adverbial concessiva.
c) substantiva subjetiva.
d) substantiva predicativa.
e) substantiva objetiva direta.
Questão 6: FCC - AJ TST/TST/Administrativa/2012
Função sintática dos pronomes pessoais átonos
Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.
Uma pergunta
Frequentemente cabe aos detentores de cargos de responsabilidade tomar decisões
difíceis, de graves consequências. Haveria algum critério básico, essencial, para amparar
tais escolhas? Antonio Gramsci, notável pensador e político italiano, propôs que se
pergunte, antes de tomar a decisão: − Quem sofrerá?
Para um humanista, a dor humana é sempre a prioridade a se considerar.
(Salvador Nicola, inédito)
As decisões mais graves são sempre difíceis: os que devem tomar tais decisões medem
essas decisões pelos mais variados critérios, avaliam essas decisões conforme algum
interesse em vista.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados,
na ordem dada, por:
a) as devem tomar - medem-nas - avaliam-nas
b) devem tomá-las - lhes medem - as avaliam
c) lhes devem tomar - medem-nas - avaliam-nas
d) devem as tomar - medem-lhes - avaliam-lhes
e) devem tomar-lhes - as medem - as avaliam
Questão 7: FCC - Adv Jr (METRO SP)/METRO SP/2016
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Assunto: Função sintática dos pronomes pessoais átonos
Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.
Nascido nos Estados Unidos da América em 30 de abril de 1916, Claude E. Shannon obteve
o título de doutor no MIT, em 1937, com trabalho notável em "Álgebra de Boole", propondo
circuitos elétricos capazes de executar as principais operações da Lógica clássica.
Quatro anos antes (23 de junho de 1912) de seu nascimento, em Londres, nascera Allan M.
Turing, que também se interessou por encontrar meios de realizar operações lógicas e
aritméticas, fazendo uso de máquinas. Suas ideias resultaram no importante conceito de
"Máquina de Turing", paradigma abstrato para a computação, apresentado durante seus
estudos, no King's College, em Cambridge, no ano de 1936. Entre 1936 e 1938, Turing viveu
em Princeton-NJ onde realizou seu doutorado estudando problemas relativos à
criptografia.
Assim, Shannon e Turing, de maneira independente, trabalhavam, simultaneamente, em
comunicações e computação, dois tópicos que, combinados, hoje proporcionam recursos
antes inimagináveis para o mundo moderno das artes, da ciência, da medicina, da
tecnologia e das interações sociais.
Contemporaneamente à eclosão da Segunda Guerra Mundial, Shannon e Turing gestavam
ideias abstratas sofisticadas, tentando associá-las ao mundo concreto das máquinas que,
gradativamente, tornavam-se fatores de melhoria da qualidade de vida das populações.
A Segunda Grande Guerra utilizou-se de tecnologias sofisticadas para a destruição. Os
bombardeios aéreos causaram muitas mortes e devastaram cidades. Evitá-los e preveni-
los eram questões de vida ou morte e, para tanto, ouvir as comunicações dos inimigos e
decifrar seus códigos era uma atividade indispensável.
Os países do eixo tinham desenvolvido sofisticadas técnicas de comunicação criptografada
utilizada para planejar ataques inesperados às forças aliadas. Shannon e Turing, então, com
seu conhecimento sofisticado da matemática da informação deduziram as regras alemãs
de codificação, levando os aliados a salvar muitas de suas posições de ataques nazistas.
Pode-se dizer que uma boa parte da inteligência de guerra dos aliados vinha desses dois
cérebros privilegiados.
Finda a guerra, Shannon passou a trabalhar nos laboratórios Bell, propondo a "Teoria da
Informação", em 1948. Com carreira profícua, notável pela longevidade e muitos trabalhos
importantes, deixou sua marca nas origens das comunicações digitais. Faleceu aos 85 anos
(em 24 de fevereiro de 2001), deixando grande legado intelectual e tecnológico.
Turing, após o término da guerra, ingressou como pesquisador da Universidade de
Manchester, sofrendo ampla perseguição por ser homossexual. Mesmo vivendo na
avançada Inglaterra, foi condenado à castração química, em 1952. Essa sequência de
dissabores levou-o ao suicídio, em 7 de junho de 1954.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Shannon viu sua teoria transformar o mundo, com o nascimento da internet. Turing,
entretanto, não viu sua máquina se transformar em lap-tops e tablets que hoje povoam,
até, o imaginário infantil.
(PIQUEIRA, José Roberto Castilho. “Breve contextualização histórica”, In: “Complexidade computacional e medida
da
informação: caminhos de Turing e Shannon”, Estudos Avançados, Universidade de São Paulo, v. 30, n. 87,
Maio/Agosto 2016, p.340-1)
A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente, com os necessários
ajustes, foi feita corretamente em:
a) gestavam ideias abstratas sofisticadas = gestavam-nas
b) obteve o título de doutor = obteve-no
c) deduziram as regras alemãs de codificação = lhes deduziram
d) povoam [...] o imaginário infantil = povoam-lo
e) decifrar seus códigos = decifrar-lhes
Questão 8: ESAF - ATRFB/SRFB/Tributária e Aduaneira/2006
Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Os trechos a seguir constituem seqüencialmente um texto. Assinale o segmento que
apresenta erro de pontuação.
a) Aguardado com certa ansiedade por analistas do mercado financeiro, mas de leitura
difícil para o cidadão comum, desta vez o Relatório de Inflação, divulgado a cada três
meses pelo Banco Central (BC), tem um conteúdo que interessa a todos.
b) A avaliação positiva do desempenho da economia e as projeções otimistas sugeridas
por ele justifi cam a expectativa de um cenário promissor para os próximos meses.
c) É um cenário no qual parece inevitável a queda dos juros a uma velocidade maior do
que a decidida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em sua reunião de setembro,
quando reduziu a taxa Selic em 0,25 ponto percentual.
d) Apesar de seu título sugerir um estudo limitado à inflação, o documento trata, também
do desempenho da economia brasileira e dos impactos que fatores externos podem ter
sobre a atividade doméstica. Em praticamente todos os itens analisados, as perspectivas
são boas.
e) Se não ficar abaixo da meta de 5,1% fixada para este ano, a inflação deve ficar muito
próximo dela, não há riscos de gargalos na produção que possam pressionar os preços
internos, a cotação do dólar não preocupa, não existem ameaças reais ou riscos iminentes
no cenário internacional.
(Itens adaptados de O Estado de S. Paulo, 01/10/2005, Editorial)
uestão 9: ESAF - Proc (BACEN)/BACEN/2001
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Assinale a opção em que o trecho transcrito apresenta pontuação correta.
a) Aplicativos que visam consolidar notícias e informações internas e externas sobre as
instituições, calcular e acompanhar os limites operacionais e a concentração das
aplicações (maiores devedores) e das captações (maiores depositantes) ainda encontram-
se em fase de desenvolvimento.
b) Tais sistemas possibilitam o acesso a dados contábeis com o intuito de diagnosticar
situações de anormalidade; ou de risco, e acompanhar, tanto individualmente como de
forma comparativa o comportamento das instituições com base em indicadores
econômico-financeiros.
c) Outros sistemas aplicativos permitem também, obter informações relativas ao cadastro
de instituições e de pessoas físicas que atuem, na condição de administradores no Sistema
Financeiro Nacional, e à movimentação das reservas bancárias e operações de
empréstimos de liquidez.
d) Permitem também, obter informações quanto: ao registro e controle do trânsito de
processos; às taxas e índices praticados ou utilizados pelo mercado e ao controle de
ocorrências, de irregularidades praticadas por instituição financeira.
e) Com base no Sistema de Informações do Banco Central, cujo uso é franqueado às
instituições do Sistema Financeiro Nacional; a fiscalização utiliza intensivamente inúmeras
informações através de diversos sistemas aplicativos.
(Trechos adaptados de http://www.bcb.gov.br - Histórico)
Questão 10: VUNESP - ContJ (TJ SP)/TJ SP/2008
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Leia o texto para responder à questão.
Recado ao senhor 903
Vizinho,
Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que
me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento.
Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente
reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, elhe dou inteira razão.
O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a
Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível
repousar no 903, quando há vozes, passos e música no 1003. Ou melhor: é impossível ao
903 dormir, quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o
meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de
outros. Eu, o 1003, me limito, a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano
Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. Todos
esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e
bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois
das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem
vier à minha casa (perdão: ao meu número) será convidado a se retirar às 21:45, e explicarei:
o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o
levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda
numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerada, quando um número não incomoda
outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe
desculpas – e prometo silêncio.
... Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem
batesse à porta do outro e dissesse: "Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em
tua casa. Aqui estou." E o outro respondesse: "Entra, vizinho, e come de meu pão e bebe
de meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e
a lua é bela."
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho
entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas
árvores, e o dom da vida e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.
(Rubem Braga, Para gostar de ler: crônicas)
Assinale a alternativa em que as barras devem ser substituídas por vírgulas, como exige a
regra do uso da vírgula, explicitada em: Nossa vida, vizinho, está toda numerada.
a) Use a tecnologia a seu favor/para relaxar/para divertir e fugir da rotina.
b) A cada dia de trabalho/ faça uma pausa de trinta minutos/ descanse e depois retome
as atividades.
c) De hoje em diante/ leitores/ reajam contra a tirania da tecnologia.
d) Eu estava perdendo quase metade de meu dia navegando sem rumo/dispersivamente/
na Internet.
e) Seja mais frio diante dos avanços digitais/ resista ao fascínio que eles exercem/ nunca
perca o senso crítico.
Questão 11: CETRO - Fax (CONFEF)/CONFEF/2012
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Assinale a alternativa correta quanto à pontuação.
a) O fogo meus amigos destruiu tudo.
b) Algumas pessoas que estavam na festa, foram embora com o primo da noiva.
c) O estádio Jornalista Mário Filho, mais conhecido como Maracanã, passará por
reformas.
d) Uns dizem que ele foi aprovado outros reprovado.
e) Após o almoço de domingo todos foram embora.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Questão 12: CONSULPLAN - Aux FOP (Uberlândia)/Pref Uberlândia/2012
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Texto
É preciso aperfeiçoar a Lei Seca
Embora não tenha sido capaz de atender às generosas expectativas anunciadas no
momento em que foi aprovada pelo Congresso, os números oficiais comprovam que a Lei
Seca ajuda a reduzir o desperdício de vidas humanas. Contando indenizações por morte
pagas às famílias de vítimas de acidentes fatais, um levantamento do Departamento
Nacional de Trânsito mostra que, em 2007, quando a legislação ainda não entrara em vigor,
morria uma pessoa a cada 742 veículos. Em 2009, o último ano para o qual todos os dados
estão disponíveis e o segundo da Lei Seca, morria uma pessoa para cada 1.119 veículos.
Embora esses resultados não possam ser considerados civilizados, é bom advertir que eles
podem piorar. A Lei Seca já nasceu com uma ambiguidade. Com base no princípio
constitucional de que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo, nenhum
motorista pode ser forçado a fazer o teste do bafômetro nem submeter-se contra a vontade
a um exame de sangue para comprovar o nível de álcool no organismo.
Em hora oportuna, o governo federal e os parlamentares debatem ideias para aperfeiçoar
a Lei Seca. É uma preocupação correta.
(Época, 9 de abril de 2012)
Em “É uma preocupação correta.”, o ponto final ( . ) foi utilizado para
a) enumerar citações.
b) expressar surpresa de espanto.
c) marcar pausa de curta duração.
d) finalizar frase declarativa.
e) marcar estrangeirismo.
Questão 13: FCC - Ana Leg (ALEPE)/ALEPE/Mídia Impressa/Comunicação
Social/2014
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Sobre palavras
Nossa língua escrita e falada numa abordagem irreverente
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
02/02/2012
Consultório
‘No aguardo’, isso está certo?
“Parece que virou praga: de dez e-mails de trabalho que me chegam, sete ou oito terminam
dizendo ‘no aguardo de um retorno’! Ou outra frase parecida com esta, mas sempre
incluindo a palavra ‘aguardo’. Isso está certo? Que diabo de palavra é esse ‘aguardo’ que
não é verbo? Gostaria de conhecer suas considerações a respeito.” (Virgílio Mendes Neto)
Virgílio tem razão: uma praga de “no aguardo” anda infestando nossa língua. Convém
tomar cuidado, nem que seja por educação: antes de entrarmos nos aspectos
propriamente linguísticos da questão, vale refletir por um minuto sobre o que há de rude
numa fórmula de comunicação que poderia ser traduzida mais ou menos assim: “Estou aqui
esperando, vê se responde logo!”.
(Onde terá ido parar um clichê consagrado da polidez como “Agradeço antecipadamente
sua resposta”? Resposta possível: foi aposentado compulsoriamente ao lado de outros
bordados verbais do tempo das cartas manuscritas, porque o meio digital privilegia as
mensagens diretas e não tem tempo a perder com hipocrisias. O que equivale a dizer que,
sendo o meio a mensagem, como ensinou o teórico da comunicação Marshall McLuhan, a
internet é casca-grossa por natureza. Será mesmo?)
Quanto à questão da existência, bem, o substantivo “aguardo” existe acima de qualquer
dúvida. O dicionário da Academia das Ciências de Lisboa não o reconhece, mas isso se
explica: estamos diante de um regionalismo brasileiro, um termo que tem vigência restrita
ao território nacional. Desde que foi dicionarizado pela primeira vez, por Cândido de
Figueiredo, em 1899, não faltam lexicógrafos para lhe conferir “foros de cidade”, como diria
Machado de Assis. Trata-se de um vocábulo formado por derivação regressiva a partir do
verbo aguardar. Tal processo, que já era comum no latim, é o mesmo por meio do qual,
por exemplo, do verbo fabricar se extraiu o substantivo fábrica.
Acerca da pontuação empregada, é correto o seguinte comentário:
a) Em Que diabo de palavra é esse ‘aguardo’ que não é verbo?, seria mais apropriado um
ponto de exclamação, considerado o conteúdo da frase.
b) Considerado o conteúdo do texto, os parênteses que acolhem o segundo parágrafo
da resposta justificam-se pelo caráter menos central das informações e comentários que
contêm.
c) Na primeira linha do texto citado e nas três primeiras do texto de Sérgio Rodrigues,
dado o sentido do que vem em seguida, os dois-pontos poderiam ser substituídos por
“porque”.
d) Em foi aposentado compulsoriamente ao lado de outros bordados verbais, a
apresentação de compulsoriamente entre vírgulas alteraria o sentido original, tornando
prescindível a presença desse advérbio na frase.
e) As aspas em “foros de cidade” assinalam que a expressão é usada por outros, que não
o autor, diferentemente das aspas em “no aguardo”.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Questão 14: FCC - TJ TRF2/TRF 2/Administrativa/2007
Interpretação de Textos (compreensão)
A eterna juventude
Conforme a lenda, haveria em algum lugar a Fonte da Juventude, cujas águas garantiriam
pleno rejuvenescimento aquem delas bebesse. A tal fonte nunca foi encontrada, mas os
homens estão dando um jeito de promover a expansão dos anos de "juventude" para limites
jamais vistos. A adolescência começa mais cedo - veja-se o comportamento de "mocinhos"
e "mocinhas" de dez ou onze anos - e promete não terminar nunca. Num comercial de TV,
uma vovó fala com desenvoltura a gíria de um surfista. As academias e as clínicas de
cirurgia plástica nunca fizeram tanto sucesso. Muitos velhos fazem questão de se
proclamar jovens, e uma tintura de cabelo é indicada aos homens encanecidos como um
meio de fazer voltar a "cor natural".
Esse obsessivo culto da juventude não se explica por uma razão única, mas tem nas leis do
mercado um sólido esteio. Tornou-se um produto rentável, que se multiplica
incalculavelmente e vai da moda à indústria química, dos hábitos de consumo à cultura de
entretenimento, dos salões de beleza à lipoaspiração, das editoras às farmácias. Resulta
daí uma espécie de código comportamental, uma ética subliminar, um jeito novo de viver.
O mercado, sempre oportunista, torna-se extraordinariamente amplo, quando os
consumidores das mais diferentes idades são abrangidos pelo denominador comum do
"ser jovem". A juventude não é mais uma fase da vida: é um tempo que se imagina poder
prolongar indefinidamente.
São várias as conseqüências dessa idolatria: a decantada "experiência dos mais velhos" vai
para o baú de inutilidades, os que se recusam a aderir ao padrão triunfante da mocidade
são estigmatizados e excluídos, a velhice se torna sinônimo de improdutividade e objeto
de caricatura. Prefere-se a máscara grotesca do botox às rugas que os anos trouxeram, o
motociclista sessentão se faz passar por jovem, metido no capacete espetacular e na roupa
de couro com tachas de metal.
É natural que se tenha medo de envelhecer, de adoecer, de definhar, de morrer. Mas não
é natural que reajamos à lei da natureza com tamanha carga de artifícios. Diziam os antigos
gregos que uma forma sábia de vida está na permanente preparação para a morte, pois só
assim se valoriza de fato o presente que se vive. Pode-se perguntar se, vivendo nesta ilusão
da eterna juventude, os homens não estão se esquecendo de experimentar a plenitude
própria de cada momento de sua existência, a dinâmica natural de sua vida interior.
(Bráulio Canuto)
Considere as seguintes afirmações:
I. A convicção dos antigos gregos, segundo o autor do texto, era a de que os anos da
velhice constituiriam a fase mais proveitosa da vida.
II. O culto da juventude acaba impedindo que muitos velhos tirem melhor proveito dos
atributos naturais de sua idade e de sua experiência de vida.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
III. O autor do texto revela algum otimismo quando se refere a uma ética subliminar e a um
jeito novo de viver.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma APENAS em
a) I.
b) I e II.
c) II.
d) II e III.
e) III.
uestão 15: FEPESE - AIPE (SEF SC)/SEF SC/2005
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Leia o texto abaixo para responder à questão.
Indique a alternativa correta.
a) O narrador já havia acompanhado a agonia de outros doentes.
b) O reumatismo e o cancro levaram a mãe do narrador à morte.
c) O narrador vive um drama de consciência diante da morte da mãe.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
d) O narrador não se deixa impressionar pela morte.
e) A mãe do narrador estava ciente da gravidade de seu estado.
Questão 16: CESPE - Insp PC CE/PC CE/2012
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto para o item
Muitos acreditam que chegamos à velhice do Estado nacional. Desde 1945, dizem, sua
soberania foi ultrapassada pelas redes transnacionais de poder, especialmente as do
capitalismo global e da cultura pós-moderna. Alguns pós-modernistas levam mais longe a
argumentação, afirmando que isso põe em risco a certeza e a racionalidade da civilização
moderna, entre cujos esteios principais se insere a noção segura e unidimensional de
soberania política absoluta, inserida no conceito de Estado nacional. No coração histórico
da sociedade moderna, a Comunidade Europeia (CE) supranacional parece dar especial
crédito à tese de que a soberania político-nacional vem fragmentando-se. Ali, tem-se às
vezes anunciado a morte efetiva do Estado nacional, embora, para essa visão, uma
aposentadoria oportuna talvez fosse a metáfora mais adequada. O cientista político
Phillippe Schmitter argumentou que, embora a situação europeia seja singular, seu
progresso para além do Estado nacional tem uma pertinência mais genérica, pois "o
contexto contemporâneo favorece sistematicamente a transformação dos Estados em
confederatii, condominii ou federatii, numa variedade de contextos".
É verdade que a CE vem desenvolvendo novas formas políticas, que trazem à memória
algumas formas mais antigas, como lembra o latim usado por Schmitter. Estas nos obrigam
a rever nossas ideias do que devem ser os Estados contemporâneos e suas inter relações.
De fato, nos últimos 25 anos, assistimos a reversões neoliberais e transnacionais de alguns
poderes de Estados nacionais. No entanto, alguns de seus poderes continuam a crescer.
Ao longo desse mesmo período recente, os Estados regularam cada vez mais as esferas
privadas íntimas do ciclo de vida e da família. A regulamentação estatal das relações entre
homens e mulheres, da violência familiar, do cuidado com os filhos, do aborto e de hábitos
pessoais que costumavam ser considerados particulares, como o fumo, continua a crescer.
A política estatal de proteção ao consumidor e ao meio ambiente continua a proliferar.
Tudo indica que o enfraquecimento do Estado nacional da Europa Ocidental é ligeiro,
desigual e singular. Em partes do mundo menos desenvolvido, alguns aspirantes a Estados
nacionais também estão fraquejando, mas por razões diferentes, essencialmente "pré-
modernas". Na maior parte do mundo, os Estados nacionais continuam a amadurecer ou,
pelo menos, estão tentando fazê-lo. A Europa não é o futuro do mundo. Os Estados do
mundo são numerosos e continuam variados, tanto em suas estruturas atuais quanto em
suas trajetórias.
Michael Mann. Estados nacionais na Europa e noutros continentes: diversificar, desenvolver, não morrer. In: Gopal
Balakrishnan. Um mapa da questão nacional. Vera Ribeiro (Trad.). Rio de Janeiro: Contraponto, 2000, p. 311-4 (com
adaptações).
Com relação às ideias do texto, julgue o item.
De acordo com o texto, os Estados nacionais, apesar de alguns reveses, têm ampliado
poderes em diversas partes do mundo.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Certo
Errado
Questão 17: VUNESP - Esc (TJ SP)/TJ SP/"Interior"/2011
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Considere a história em quadrinhos para responder à questão.
Acerca da mensagem apresentada nos quadrinhos, é correto afirmar que
a) a menina é avessa à liberdade de imprensa por esta permitir a publicação de receitas
que ela considera deliciosas.
b) a liberdade de imprensa prejudica o direito das crianças no que diz respeito à
alimentação saudável.
c) a receita é recortada do jornal como forma de censura e protesto.
d) a mãe apoia a supressão da liberdade de imprensa por concordar com a filha.
e) a liberdade de imprensa nem sempre agrada a todos.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Questão 18: FCC - TEFE SP/SEFAZ SP/2010
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Atenção: A questão baseia-se no texto abaixo.
Até pouco tempo atrás, as empresas costumavam atrelar seu nome às causas verdes
principalmente como estratégia de marketing. À medida que o mundo tomava consciência
das questões ambientais, em especial da degradação dos recursos naturais, demonstrar
preocupação com o planeta era uma forma de lustrar a imagem da companhia e atrair os
consumidores para suas marcas. Essa relação entre o mundo dos negócios e a natureza
avançou dramaticamente. Se antes as empresas patrocinavam o reflorestamento de uma
área ou reciclavam seu lixo, colocavam a conta na lista de despesas, sem esperar retorno
financeiro. Hoje, os custos de ações como essas vão para a lista de investimentos, já que
podem significar lucros e crescimento nos negócios. Conglomerados como a General
Electric, o Walmart e a IBM mantêm projetos de ecoeficiência e de preservação do
ambiente porque os consideram estratégicos para a própria sobrevivência. O que mudou?
"O aquecimento global, a escassez de água, a extinção das espécies e o despejo de
produtos tóxicos afetaram profundamente o funcionamento da sociedade e também o das
empresas", diz o economista Andrew Winston, consultor de grandes companhias para
questões ambientais. "Pela primeira vez na história os empresários deparam com limites de
crescimento reais impostos por questões relacionadas à natureza", ele completa.
O mundo dos negócios e o mundo natural estão inextricavelmente ligados. Todo produto
que chega ao consumidor, seja um carro, um tênis ou uma xícara de café, tem origem na
extração ou na colheita de bens da natureza. Esses bens – a água, as terras cultiváveis, as
florestas – são finitos. Justamente nesse ponto reside o maior desafio para as empresas.
Desde a Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, o modelo econômico privilegiou a
produção em detrimento da preservação dos recursos naturais. Essa conta está sendo
cobrada agora – e é bem cara.
(Gabriela Carelli. Veja, 9 de junho de 2010, pp. 149-150, com adaptações)
O que mudou?
A resposta correta para a questão contida no 1o parágrafo está
a) na ausência de investimentos que possibilitem a produção de bens destinados ao
consumo de uma sociedade mais exigente.
b) na necessidade imposta às empresas de se aliarem em grandes conglomerados, com o
objetivo de conquistar sempre mais consumidores.
c) na conscientização atual de que é necessário haver maior preocupação com os recursos
naturais e com a sustentabilidade do planeta.
d) no fato de que os investimentos em ações voltadas para o meio ambiente nem sempre
possibilitam os lucros indispensáveis à produção.
e) no desenvolvimento industrial do mundo moderno, em que se exige um número cada
vez maior de produtos para o consumo.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Questão 19: FCC - AFR SP/SEFAZ SP/Gestão Tributária/2013
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
Entrevista
Otaviano Canuto
O Brasil é considerado, pelo Banco Mundial, um país com renda por habitante de nível
médio para alto. Esse status foi confirmado em 1987 e ameaçado pela última vez em 2002.
Estamos na faixa de renda por habitante entre US$ 4 mil e US$ 12.500 por ano. Por esse
critério, parecemos bem próximos dos cerca de 30 países ricos da mesma classificação.
Mas há um obstáculo no caminho. [...]
ÉPOCA – O Brasil corre hoje o risco de ficar preso numa armadilha de baixo crescimento?
Otaviano Canuto – Acho que ele é baixo hoje, mas o Brasil corre esse risco se não avançar
no ritmo necessário para a educação de qualidade. [...] Além disso, precisa recuperar a
capacidade de investir em infraestrutura, a tradicional – transportes, energia – e a
avançada, de telecomunicações. Esse atraso, aliás, pode ser visto como problema e
oportunidade. Se as deficiências de infraestrutura forem enfrentadas, o efeito em aumento
de produtividade e redução dos gargalos será tamanho que abrirá oportunidade de o país
continuar crescendo substancialmente. No caso da infraestrutura, quanto mais o Brasil
perseguir a criação de campeões nacionais nessas áreas, maior é o risco de deixar para trás
o usufruto e o potencial produtivo do acesso às novas tecnologias para todos [...].
ÉPOCA – Mas o país foi bem-sucedido ao passar de economia de baixa renda para média
renda. Por que o processo não continuaria?
Otaviano Canuto – Aí é que está: isso não é um processo contínuo. É o que se conclui da
observação dos países na história recente que fizeram a transição para a renda alta. Não
são muitos. [...] Entre esses, há sete que servem mesmo como referência: Japão, Coreia
do Sul, Cingapura, Israel e Ilhas Maurício, além de Hong Kong e Taiwan, que no Banco
Mundial tratamos como parte da China. [...]
ÉPOCA – Como funciona o salto, da média renda para a alta renda?
Otaviano Canuto – O que caracteriza aqueles sete casos que mencionei que servem de
exemplo? Em todos eles, a partir de certo momento, foi esgotado o filão da simples
transferência de gente (entre setores e do campo para a cidade). Esses países foram para
o outro estágio, em que a mão de obra precisa ser muito educada. Mas não basta fazer o
esforço educacional se não houver um escoadouro da mão de obra para atividades de
maior conteúdo tecnológico. Houve a criação local de capacidade de gestão, de
organização de processos de produção, em setores com alto valor de mercado na
economia mundial. A transição da média renda para a renda alta acontece quando uma
parcela crescente da população é ocupada com atividades no alto da escala de
sofisticação tecnológica. Elas exigem manejo de tecnologia, a adaptação, a inovação em
processos e produtos. No Brasil, você tem altas capacidades tecnológicas e gerenciais [...].
Mas a proporção dessas atividades não é alta o suficiente para puxar para cima a renda
média do país.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
(CORONATO, Marcos. Entrevista [com Otaviano Canuto]. ÉPOCA. São Paulo: Editora Globo, 21 de janeiro de 2013,
p. 34 e 36)
É correto depreender-se da leitura do texto:
a) De acordo com os diferentes parâmetros atualmente disponíveis, o Brasil pode ser
considerado um país medianamente desenvolvido.
b) Educação e desenvolvimento tecnológico são interdependentes e imprescindíveis para
a continuidade do processo de evolução material do país.
c) O investimento em tecnologia deve preceder o aprimoramento da educação, uma vez
que o primeiro é condição para o bom aproveitamento de pessoal mais bem instruído.
d) Deve haver autonomia total de gestão de recursos, materiais ou humanos, para que um
país possa ser considerado desenvolvido em relação à renda de seus habitantes.
e) Apenas na história recente da humanidade encontram-se países que fizeram a transição
da média para a alta renda.
Questão 20: FCC - TJ TRT2/TRT 2/Serviços Gerais/Portaria/2004
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.
Redução da maioridade penal?
Os constantes crimes cometidos por crianças e adolescentes suscitam discussão sobre a
maioridade penal, que atualmente é estabelecida após os 18 anos. Os debates realizados
em torno desse tema mostram que há duas correntes: uma favorável e outra contrária à
redução da idade penal.
Os favoráveis à redução argumentam que um adolescente de 16 ou 17 anos é plenamente
capaz de entender a gravidade e a conseqüência de um crime. Dizem os defensores desta
corrente que a pobreza e a falta de políticas públicas não devem servir como justificativa
para que um adolescente cometa um crime e ainda seja tratado de forma tão benevolente.
Há mesmo quem responsabilize o Estatuto da Criança e do Adolescente pelo aumento dos
índices de criminalidade entre os jovens.
Já os que não aceitam a redução da maioridade acham que o Código Penal não tem nada
o que fazer em relação aos menores, cujos direitos e deveres são competentemente
estipulados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. O argumento desta corrente é o
de que se deve apostar tudo no potencial de um jovem. A repressão só ensejaria um
aumento ainda maior da violência, além de representar o definitivo abandono de qualquer
outra providência que permitisse reintegrar o jovem à sociedade, dever que é desta e do
Estado.
Com a palavra os cidadãos brasileiros.
(Adaptado do site portrasdasletras.folhadaregiao.com.br/maioridade.html, 26/11/2003)
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Considere as seguintes afirmações:
I. Quanto às duas correntes, deve-se entender que é majoritária a corrente que
rejeita a redução da maioridade penal.
II. As duas correntes de que trata o texto concordam apenas num ponto: a discussão
sobre a maioridade penal não envolve o Estatuto da Criança e do Adolescente.
III. A repressão ao menor infrator teria conseqüências opostas, segundo a posição
de uma ou de outra corrente.
Em relação ao texto, está correto somente o que se afirma em
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.
Questão 21: VUNESP - Esc (TJ SP)/TJ SP/"Interior"/2013
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Leia o texto, para responder à questão.
Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de deux” (*): sentado, ao fundo do
restaurante, o cliente paulista acena, assovia, agita os braços num agônico polichinelo;
encostado à parede, marmóreo e impassível, o garçom carioca o ignora com redobrada
atenção. O paulista estrebucha: “Amigô?!”, “Chefê?!”, “Parceirô?!”; o garçom boceja, tira
um fiapo do ombro, olha pro lustre.
Eu disse “cliente paulista”, percebo a redundância: o paulista é sempre cliente. Sem querer
estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas interações sociais terminam,
99% das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”.[...] Como pode ele entender que
o fato de estar pagando não garantirá a atenção do garçom carioca? Como pode o ignóbil
paulista, nascido e criado na crua batalha entre burgueses e proletários, compreender o
discreto charme da aristocracia?
Sim, meu caro paulista: o garçom carioca é antes de tudo um nobre. Um antigo membro
da corte que esconde, por trás da carapinha entediada, do descaso e da gravata borboleta,
saudades do imperador. [...] Se deixou de bajular os príncipes e princesas do século 19,
passou a servir reis e rainhas do 20: levou gim tônicas para Vinicius e caipirinhas para
Sinatra, uísques para Tom e leites para Nelson, recebeu gordas gorjetas de Orson Welles
e autógrafos de Rockfeller; ainda hoje fala de futebol com Roberto Carlos e ouve conselhos
de João Gilberto. Continua tão nobre quanto sempre foi, seu orgulho permanece intacto.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Até que chega esse paulista, esse homem bidimensional e sem poesia, de camisa polo,
meia soquete e sapatênis, achando que o jacarezinho de sua Lacoste é um crachá universal,
capaz de abrir todas as portas. Ah, paulishhhhta otááário, nenhum emblema preencherá o
vazio que carregas no peito - pensa o garçom, antes de conduzi-lo à última mesa do
restaurante, a caminho do banheiro, e ali esquecê-lo para todo o sempre.
Veja, veja como ele se debate, como se debaterá amanhã, depois de amanhã e até a
Quarta-Feira de Cinzas, maldizendo a Guanabara, saudoso das várzeas do Tietê, onde a
desigualdade é tão mais organizada: “Ô, companheirô, faz meia hora que eu cheguei, dava
pra ver um cardápio?!”. Acalme-se, conterrâneo. Acostume-se com sua existência plebeia.
O garçom carioca não está aí para servi-lo, você é que foi ao restaurante para homenageá-
lo.
(Antonio Prata, Cliente paulista, garçom carioca. Folha de S.Paulo, 06.02.2013)
(*) Um tipo de coreografia, de dança.
É correto afirmar que, no primeiro parágrafo, o autor traça um contraste entre as posturas
do cliente e do garçom, contrapondo a
a) agitação insistente do primeiro à estaticidade do segundo.
b) informalidade do primeiro ao profissionalismo impassível do segundo.
c) falta de polidez do primeiro à eficiência do segundo.
d) negligência do primeiro à falta de educação do segundo.
e) grosseria do primeiro ao cavalheirismo nobre do segundo.
Questão 22: FGV - JE TJAM/TJ AM/2013
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Leia com atenção o texto a seguir, para responder à questão.
Ao longo do século XX, a liberdade de expressão se consolidou como um direito. A
Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em pleno pós‐guerra, em 1948,
postula, no artigo 19º, que “todo o indivíduo tem direito a liberdade de opinião e de
expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de
procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por
qualquer meio de expressão”. É daí que vem o conceito de direito à comunicação, assim
como a valorização e o respeito à diversidade e às minorias. [...]
Uma questão se impõe, contudo: em sociedades plurais e múltiplas, como se propõem a
ser as contemporâneas, como definir a fronteira entre a liberdade de expressão e o
respeito ao outro? [...]
A legislação é, na opinião de Eugênio Bucci, a dimensão que demarca os limites da
liberdade de expressão, já que, em sua concepção, a liberdade deve ser plena. “Se não for
plena, não pode ser chamada de liberdade. O limite é dado pela própria responsabilização
do autor”, defende. Em outras palavras, se um jornalista – ou um cidadão qualquer – ofende
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ou calunia outra pessoa, ele deve responder por isso nos termos da lei. “Mas a liberdade
não será alterada. O abuso deve ser punido, mas a posteriori, sempre e somente a
posteriori”.
As normas de convívio social são outra via pela qual se pode regular a livre expressão do
pensamento, defende a coordenadora do Gemini/UFRN. “A liberdade de expressão, por si
só, não garante a equidade e o equilíbrio social em uma sociedade democrática”, afirma
Sousa. Assim, de acordo com ela, são as regras de convívio – que surgem em pactos sociais
e depois são ratificadas por representantes dos grupos sociais e transformadas em leis –
que asseguram a liberdade plena no contexto de uma democracia. Isso porque são elas
que promovem a equidade.
Nessa medida, avalia Sousa, não é possível defender liberdade de expressão para
comportamentos que diferem dos pactos sociais estabelecidos por determinadas culturas.
Então, na prática, não existe liberdade de expressão se não há liberdade de
comportamento.
(Adapt. de AVANCINI, M. M. Os usos e sentidos da liberdade de expressão na contemporaneidade. Com ciência.
Revista Eletrônica de Jornalismo Científico – SBPC http://www.comciencia.br/comciencia, 10/03/2013)
Considerando as opiniões reportadas no texto, assinale a alternativa que contém duas vias
de regulação da liberdade de expressão.
a) A legislação e as normas de convívio social.
b) O respeito ao outro e a democracia.
c) Os valores culturais e as normas de convívio social.
d) A legislação e a democracia.
e) O equilíbrio social e o respeito à diversidade.
Questão 23: FCC - Proc Leg (CamMun SP)/CM SP/2014
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo .
Pensando sobre o exílio
Houve um tempo em que muitos brasileiros estavam no exílio, por questões políticas. Tão
velho quanto a civilização, o exílio é uma pena cruel, inventada para proporcionar ao
apenado a terrível experiência do desenraizamento, da expatriação, dessa espécie de
orfandade imposta pelos que nos afastam da nossa terra materna.
Convidado a falar sobre a relação entre literatura e exílio, num ciclo de palestras
promovido por uma associação cultural, dispus-me a investigar mais de perto o conceito
mesmo de exílio − para que a palestra não rodasse em torno de uma ideia pouco
determinada. Num artigo do professor e pensador Edward Said, em que esse grande
intelectual palestino faz sérias reflexões sobre o tema, encontrei esta pérola, esta bela
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citação que faz Said de um monge da Saxônia, Hugo de Saint Victor, de escritos datados
do século XII:
“O homem que acha doce seu torrão natal é ainda um iniciante fraco. Aquele para quem
todo solo é sua terra natal já é forte. Mas perfeito é aquele para quem o mundo inteiro é
uma terra estrangeira. A alma frágil fixou seu amor num ponto do mundo; o homem forte
estendeu seu amor para todos os lugares; o homem perfeito extinguiu esse amor”.
Said comenta: “são linhas assustadoramente belas”. Humildemente, ouso ressaltar a
sabedoria magistral desse monge, que se esquivou das dores e amores que nos prendem
a algum lugar para proclamar o espaço essencial de todo homem: o de sua própria
interioridade. Tratando-se de um monge, é lícito pensar que esse homem perfeito não está
sozinho dentro de si mesmo; sua companhia é Deus.
(Salvador Gouveia, inédito)
Depreende-se do sentido geral do texto que o conceito de exílio
a) é um instituto jurídico que, nesse limite, diz respeito aos que o compreendem numa
acepção estritamente legal.
b) é um instituto político, não podendo estender-se a qualquer outra situação que não a
da expatriação punitiva.
c) tem um sentido aberto, servindo tanto ao fenômeno da expatriação como à ideia de
confinamento em si mesmo.
d) tem um sentido aberto, aludindo ao que sofre um viajante longe de sua terra e ao prazer
implícito de toda viagem.
e) é tomado aqui num sentido estrito, em que se avalia a vantagem de estar longe do que
se quer compreender.
Questão 24: IADES - Ana Tec (FUNPRESP)/FUNPRESP/Auditoria/2014
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto para responder a questão.
Aposentado de 84 anos compõe poema para homenagear o município
Aos 84 anos de idade, José Koch Filho compôs um poema em português e alemão para
homenagear Ivoti. As belezas do município, que viu crescer e se desenvolver, serviram de
inspiração para o ex-produtor. Quando jovem, era sócio de um curtume e, devido a lapsos
de memória, com 35 anos foi desenganado.
Em busca de uma vida melhor e mais saudável, começou a trabalhar na roça, o que
preservou a saúde. A memória que um dia foi desenganada é a mesma que hoje guarda os
poemas compostos. É na tranquilidade da própria casa que compõe os poemas. Quando
possível, sai para passear entre as árvores e flores que cercam a residência. Sem poder
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realizar muitas atividades pesadas, devido a alguns problemas de saúde, José tenta
preencher os dias. Ler e estudar são as tarefas preferidas para passar o tempo.
Além de falar português e alemão e arriscar um pouco de espanhol, o aposentado estuda
italiano pela internet. “Ligo o computador, coloco os fones e acesso o tradutor, o que eu
quero saber ele traduz e assim eu vou aprendendo”, explica o poeta. Os inúmeros livros
guardados, resultado das faculdades que filhos e netos cursaram, servem como fonte de
conhecimento de outras áreas.
Disponível em: <http://novo.odiario.net/noticias/Aposentado+de+84
+anos+compoe+poema+para+homenagear+o+municipio++ -- 04 _ 12 _ 2013>. Acesso em: 14/12/2013, com adaptações.
Com base no significado contextual dos vocábulos destacados no trecho “Além de falar
português e alemão e arriscar um pouco de espanhol, o aposentado estuda italiano pela
internet.” (linha 8), infere-se que o aposentado
a) não entende nada de espanhol.
b) domina pouco os idiomas português e alemão, e ainda menos o espanhol.
c) domina menos o espanhol do que o português e o alemão.
d) fala com fluência o espanhol.
e) domina melhor o italiano do que o espanhol.
Questão 25: FGV - TSE (DPE RJ)/DPE RJ/Administração/2014
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
XÓPIS
Não foram os americanos que inventaram o shopping center. Seus antecedentes diretos
são as galerias de comércio de Leeds, na Inglaterra, e as passagens de Paris pelas quais
flanava, encantado, o Walter Benjamin. Ou, se você quiser ir mais longe, os bazares do
Oriente. Mas foram os americanos que aperfeiçoaram a ideia de cidades fechadas e
controladas, à prova de poluição, pedintes, automóveis, variações climáticas e todos os
outros inconvenientes da rua. Cidades só de calçadas, onde nunca chove, neva ou venta,
dedicadas exclusivamente às compras e ao lazer – enfim, pequenos (ou enormes) templos
de consumo e conforto. Os xópis são civilizações à parte, cuja existência e o sucesso
dependem, acima de tudo, de não serem invadidas pelos males da rua.
Dentro dos xópis você pode lamentar a padronização de lojas e grifes, que são as mesmas
em todos, e a sensação de estar num ambiente artificial, longe do mundo real, mas não
pode deixar de reconhecer que, se a americanização do planeta teve seu lado bom, foi a
criação desses bazares modernos, estes centros de conveniência com que o Primeiro
Mundo – ou pelo menos uma ilusão de Primeiro Mundo – se espraia pelo mundo todo. Os
xópis não são exclusivos, qualquer um pode entrar num xópi nem que seja só para fugir do
calor ou flanar entre as suas vitrines, mas a apreensão causada por essas manifestações de
massa nas suas calçadas protegidas, os rolezinhos, soa como privilégio ameaçado. De um
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jeito ou de outro, a invasão planejada de xópis tem algo de dessacralização. É a rua se
infiltrando no falso Primeiro Mundo. A perigosa rua, que vai acabar estragando a ilusão.
As invasões podem ser passageiras ou podem descambar para violência e saques. Você
pode considerar que elas são contra tudo que os templos de consumo representam ou
pode vê-las como o ataque de outra civilização à parte, a da irmandade da internet, à
civilização dos xópis. No caso seria o choque de duas potências parecidas, na medida em
que as duas pertencem a um primeiro mundo de mentira que não tem muito a ver com a
nossa realidade. O difícil seria escolher para qual das duas torcer. Eu ficaria com a mentira
dos xópis.
(Veríssimo, O Globo, 26-01-2014.)
O texto de Veríssimo pode ser definido mais adequadamente como
a) uma análise sociológica de um movimento contemporâneo.
b) uma apreciação filosófica sobre aspectos da vida moderna.
c) um comentário bem humorado sobre um fato social.
d) uma crítica ao elitismo e consumismo de nossa sociedade.
e) um alerta contra o agravamento de tensões sociais.
Questão 26: CONSULPLAN - Ass Adm (Natividade)/Pref Natividade/2014
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto
Súplica por uma árvore
Um dia, um professor comovido falava‐me de árvores. Seu avô conhecera Andersen‐
Andersen, esse pequeno deus que encantou para sempre a infância, todas as infâncias,
com suas maravilhosas histórias. Mas, além de conhecer Andersen, o avô desse comovido
professor legara a seus descendentes uma recordação extremamente terna: ao sentir que
se aproximava o fim de sua vida, pediu que o transportassem aos lugares amados, onde
brincara em menino, para abraçar e beijar as árvores daquele mundo antigo – mundo de
sonho, pureza, poesia – povoado de crianças, ramos, flores, pássaros... O professor
comovido transportava‐se a esse tempo de ternura, pensava nesse avô tão sensível, e
continuava a participar, com ele, dessa cordialidade geral, desse agradecido amor à
Natureza que, em silêncio, nos rodeia com a sua proteção, mesmo obscura e enigmática.
Lembrei‐me de tudo isso ao contemplar uma árvore que não esqueço, e cujo tronco há
quinze dias se encontra todo ferido, lascado pelo choque de um táxi desgovernado.
Segundo os técnicos, se não for socorrida, essa árvore deverá morrer dentro em breve:
pois a pancada que a atingiu afetou‐a na profundidade da sua vida.
Uma testemunha realista, meramente interessada na descrição dos fatos aparentes,
contaria que, uma destas tardes, um pobre táxi obscuro, rodando dentro da
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quilometragem regular, foi abalroado por um poderoso furgão, de maneira tão jeitosa que
o motorista foi cuspido do seu lugar; e o carro, em movimento, dirigiu‐se, desgovernado,
para cima, para baixo, para a direita e para a esquerda, até se amassar contra uma árvore.
Apenas isso: sem falar que o táxi levava passageiro, que, no seu lugar, aguardava o
desfecho desse jogo de forças cumprindo‐se inexoráveis dentro das leis da física.
Mas um observador mais sensível, mais dedicado ao que mora além das aparências – sem
divergir da descrição gráfica do fato –, veria, no instante mais agudo da situação, a
bondosa, a caridosa, a dadivosa árvore enfrentar o desastre com a sua solidez estoica,
deter o desvario da máquina, embora expondo ao risco a sua vida.
Com que abraço se pode agradecer o heroísmo de uma árvore? Num tempo em que os
homens se destroem com pensamentos, palavras e atos, de que maneira se pode louvar
uma árvore que protege e salva, embora anônima e em silêncio? A quem se deve pedir
que venha, com os recursos de que os homens dispõem, impedir que se extinga a vida
vegetal que salvou uma vida humana? Vinde, senhores da cidade! Tratai desta árvore‐
símbolo! Tratai‐a com amor, porque está sofrendo, porque está ferida, porque não se
queixa – e para que não se diga que os homens são menos generosos que as plantas.
(MEIRELES, Cecília. Crônicas para jovens; seleção,
prefácio e notas biobibliográficas Antonieta Cunha. São Paulo: Global,
2012.)
“Lembrei‐me de tudo isso...” (2º§). Os termos anteriormente sublinhados
a) referem‐se ao professor comovido ao falar em árvores.
b) resumem todas as lembranças da infância da narradora.
c) referem‐se ao professor comovido citado no início do texto.
d) servem para desenvolver a narrativa do acontecimento no texto.
Questão 27: FGV - AFTRM (Cuiabá)/Pref Cuiabá/2014
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Leia o verbete a seguir.
“cereal adj.2g. 1. Relativo às sementes ou às plantas cujos grãos servem de base à
alimentação 2. fig. relativo a ou próprio para produzir pão s.m. 3. Planta, esp. aquela cujos
grãos servem de base à alimentação, como p.ex. trigo, arroz, milho, soja. ETIM lat.
cerealis,e relativo ao trigo, ao pão.”
(Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, p. 439)
Assinale a opção que apresenta a informação que está indicada de forma inadequada.
a) A abreviatura “adj.2g.” significa “adjetivo de dois graus”.
b) Os números 1 / 2 / 3 indicam diferentes significados que o vocábulo pode assumir.
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c) A abreviatura “fig” significa “em linguagem figurada”.
d) A abreviatura “s.m.” indica “substantivo masculino”.
e) As letras maiúsculas ETIM indicam a origem da palavra.
Questão 28: CESPE - AL (CAM DEP)/CAM DEP/Área XX/Consultor
Legislativo/2014
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Após quinze anos no poder, Getúlio estava pronto para retornar a São Borja, sua cidade
natal. Durante o longo tempo em que permaneceu à frente dos destinos da nação, o país
sofreu transformações significativas — políticas, econômicas e sociais. Os setores da
manufatura mais tradicional assistiram à expansão do parque industrial de base,
representado em particular pela área metal-mecânica. A vasta obra de regulamentação das
relações entre capital e trabalho serviu como estratégia de sustentação política do regime
e, pela força da propaganda, foi anunciada como concessão benevolente do Estado às
classes trabalhadoras.
Lira Neto. Getúlio: do governo provisório à ditadura do Estado Novo (1930–1945). São Paulo: Companhia das Letras,
2013, p. 490 (com adaptações).
Tendo o fragmento de texto acima como referência inicial, julgue o item seguinte, relativo
à Era Vargas.
A Companhia Siderúrgica Nacional (com a usina de Volta Redonda) e a Companhia Vale
do Rio Doce são dois exemplos de empresas surgidas sob o influxo da política
desenvolvimentista do Estado Novo, favorecida pelas circunstâncias criadas pela guerra
mundial.
Certo
Errado
Questão 29: CESPE - Ana MPU/MPU/Apoio Técnico Administrativo/Atuarial/2015
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
A persecução penal se desenvolve em duas fases: uma fase administrativa, de inquérito
policial, e uma fase jurisdicional, de ação penal. Assim, nada mais é o inquérito policial que
um procedimento administrativo destinado a reunir elementos necessários à apuração da
prática de uma infração penal e de sua autoria. Em outras palavras, o inquérito policial é
um procedimento policial que tem por finalidade construir um lastro probatório mínimo,
ensejando justa causa para que o titular da ação penal possa formar seu convencimento, a
opinio delicti, e, assim, instaurar a ação penal cabível. Nessa linha, percebe-se que o
destinatário imediato do inquérito policial é o Ministério Público, nos casos de ação penal
pública, e o ofendido, nos casos de ação penal privada.
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De acordo com o conceito ora apresentado, para que o titular da ação penal possa, enfim,
ajuizá-la, é necessário que haja justa causa. A justa causa, identificada por parte da doutrina
como uma condição da ação autônoma, consiste na obrigatoriedade de que existam prova
acerca da materialidade delitiva e, ao menos, indícios de autoria, de modo a existir fundada
suspeita acerca da prática de um fato de natureza penal. Dessa forma, é imprescindível que
haja provas acerca da possível existência de um fato criminoso e indicações razoáveis do
sujeito que tenha sido o autor desse fato.
Evidencia-se, portanto, que é justamente na fase do inquérito policial que serão coletadas
as informações e as provas que irão formar o convencimento do titular da ação penal, isto
é, a opinio delicti. É com base nos elementos apurados no inquérito que o promotor de
justiça, convencido da existência de justa causa para a ação penal, oferece a denúncia,
encerrando a fase administrativa da persecução penal.
Hálinna Regina de Lira Rolim. A possibilidade de investigação do Ministério Público na fase pré-processual penal.
Artigo científico. Rio de Janeiro: Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, 2010, p. 4. Internet :
<www.emerj.tjrj.jus.br>. (com adaptações).
Conforme as ideias contidas no texto.
a fase jurisdicional da persecução penal tem início após o oferecimento da denúncia pelo
promotor de justiça.
Certo
Errado
Questão 30: VUNESP - Tec Adm (PM SP)/PM SP/2014
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Leia o trecho de Vidas secas, de Graciliano Ramos, para responder à questão.
Fabiano tinha ido à feira da cidade comprar mantimentos. Precisava sal, farinha, feijão e
rapaduras. Sinhá Vitória pedira além disso uma garrafa de querosene e um corte de chita
vermelha. Mas o querosene de seu Inácio estava misturado com água, e a chita da amostra
era cara demais.
Fabiano percorreu as lojas, escolhendo o pano, regateando um tostão em côvado, receoso
de ser enganado. Andava irresoluto, uma longa desconfiança dava-lhe gestos oblíquos. À
tarde puxou o dinheiro, meio tentado, e logo se arrependeu, certo de que todos os
caixeiros furtavam no preço e na medida: amarrou as notas na ponta do lenço, meteu-as
na algibeira, dirigiu-se à bodega de seu Inácio.
Aí certificou-se novamente de que o querosene estava batizado e decidiu beber uma
pinga, pois sentia calor. Seu Inácio trouxe a garrafa de aguardente. Fabiano virou o copo
de um trago, cuspiu, limpou os beiços à manga, contraiu o rosto. Ia jurar que a cachaça
tinha água. Por que seria que seu Inácio botava água em tudo? perguntou mentalmente.
Animou-se e interrogou o bodegueiro:
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– Por que é que vossemecê bota água em tudo?
Seu Inácio fingiu não ouvir. E Fabiano foi sentar-se na calçada, resolvido a conversar. O
vocabulário dele era pequeno, mas em horas de comunicabilidade enriquecia-se com
algumas expressões de seu Tomás da bolandeira. Pobre de seu Tomás. Um homem tão
direito andar por este mundo de trouxa nas costas.
Seu Tomás era pessoa de consideração e votava. Quem diria?
(Graciliano Ramos. Vidas secas. 118. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2012, p. 27-28. Adaptado)
Pode-se dizer que, no que se referia ao uso da linguagem, Fabiano
a) tinha domínio das variantes linguísticas de maior prestígio na sociedade, pois havia
estudado com um homem bem instruído.
b) reconhecia a importância de saber usar as variantes de prestígio social, embora ele
mesmo não as dominasse.
c) era um homem de poucas palavras, mas sabia se comunicar com desenvoltura em
diferentes circunstâncias, inclusive em situações formais.
d) falava uma variante popular em casa, enquanto na rua ou em estabelecimentos públicos
usava uma linguagem culta e formal.
e) mostrava-se bem articulado, apesar de evitar o emprego de termos da linguagem culta,
pois não gostava de parecer pedante.
Questão 31: FCC - AJ TRT15/TRT 15/Apoio Especializado/Odontologia
(Endodontia)/2015
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
Eu pertenço a uma família de profetas après coup, post factum*, depois do gato morto, ou
como melhor nome tenha em holandês. Por isso digo, e juro se necessário for, que toda a
história desta lei de 13 de maio estava por mim prevista, tanto que na segunda-feira, antes
mesmo dos debates, tratei de alforriar um molecote que tinha, pessoa de seus dezoito
anos, mais ou menos. Alforriá-lo era nada; entendi que, perdido por mil, perdido por mil e
quinhentos, e dei um jantar.
Neste jantar, a que meus amigos deram o nome de banquete, em falta de outro melhor,
reuni umas cinco pessoas, conquanto as notícias dissessem trinta e três (anos de Cristo),
no intuito de lhe dar um aspecto simbólico.
No golpe do meio (coup du milieu, mas eu prefiro falar a minha língua), levantei-me eu
com a taça de champanha e declarei que acompanhando as ideias pregadas por Cristo, há
dezoito séculos, restituía a liberdade ao meu escravo Pancrácio; que entendia que a nação
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inteira devia acompanhar as mesmas ideias e imitar o meu exemplo; finalmente, que a
liberdade era um dom de Deus, que os homens não podiam roubar sem pecado.
Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como um furacão, e veio abraçar-me os
pés. Um dos meus amigos (creio que é ainda meu sobrinho) pegou de outra taça, e pediu
à ilustre assembleia que correspondesse ao ato que acabava de publicar, brindando ao
primeiro dos cariocas. Ouvi cabisbaixo; fiz outro discurso agradecendo, e entreguei a carta
ao molecote. Todos os lenços comovidos apanharam as lágrimas de admiração. Caí na
cadeira e não vi mais nada. De noite, recebi muitos cartões. Creio que estão pintando o
meu retrato, e suponho que a óleo.
No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza:
− Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais
um ordenado, um ordenado que...
− Oh! meu senhô! fico.
− ...Um ordenado pequeno, mas que há de crescer. Tudo cresce neste mundo; tu cresceste
imensamente. Quando nasceste, eras um pirralho deste tamanho; hoje estás mais alto que
eu. Deixa ver; olha, és mais alto quatro dedos...
− Artura não qué dizê nada, não, senhô...
− Pequeno ordenado, repito, uns seis mil réis; mas é de grão em grão que a galinha enche
o seu papo. Tu vales muito mais que uma galinha. Justamente. Pois seis mil réis. No fim de
um ano, se andares bem, conta com oito. Oito ou sete.
Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por me não
escovar bem as botas; efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco, sendo
um impulso natural, não podia anular o direito civil adquirido por um título que lhe dei. Ele
continuava livre, eu de mau humor; eram dois estados naturais, quase divinos.
Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí pra cá, tenho-lhe despedido alguns
pontapés, um ou outro puxão de orelhas, e chamo-lhe besta quando lhe não chamo filho
do diabo; cousas todas que ele recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até
alegre. [...]
*Literalm ente, “depois do golpe”, “depois do fato”.
(Adaptado de: ASSIS, Machado de. "Bons dias!", Gazeta de Notícias, 19 de maio de 1888)
O diálogo que se desenvolve a partir do 5º parágrafo
a) contrasta a altura do empregado com a pequenez inicial de seu salário, de maneira que
se compreenda a prosperidade da nova condição de assalariado.
b) evidencia, em frases como Tu vales muito mais que uma galinha, o valor humano que
passam a ter os que eram antes considerados simples mercadoria.
c) ilustra, em frases como Artura não qué dizê nada, não, senhô..., a mentalidade a que
estava condicionado o escravo, que chega a falar em detrimento de si próprio.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
d) prevê o novo padrão das relações de trabalho, pautado por diálogo e negociação de
direitos, persistente até a atualidade com empregados domésticos.
e) demonstra a afeição que ligava senhor e escravo, rompida com o fim do regime de
escravidão, como se pode ver nos parágrafos seguintes.
Questão 32: CESGRANRIO - Aju (LIQUIGÁS)/LIQUIGÁS/Carga-Descarga/2014
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto I
Eu e ele
No vertiginoso mundo dos computadores, o meu, que devo ter há uns quatro ou cinco
anos, já pode ser definido como uma carroça(a). Nosso convívio não tem sido muito
confortável. Ele produz um texto limpo, e é só o que lhe peço. Desde que literalmente
metíamos a mão no barro e depois gravávamos nossos símbolos primitivos com cunhas em
tabletes até as laudas arrancadas da máquina de escrever para serem revisadas com
esferográfica, não havia maneira de escrever que não deixasse vestígio nos dedos. Nem o
abnegado monge copiando escrituras na sua cela asséptica estava livre do tinteiro virado.
Agora, não. Damos ordens ao computador, que faz o trabalho sujo por nós. Deixamos de
ser trabalhadores braçais e viramos gerentes de texto. Ficamos pós-industriais. Com os
dedos limpos.
Mas com um custo. Nosso trabalho ficou menos respeitável. O que ganhamos em asseio
perdemos em autoridade. A um computador não se olha de cima, como se olhava uma
máquina de escrever. Ele nos olha na cara(b). Tela no olho. A máquina de escrever fazia o
que você queria, mesmo que fosse a tapa. Já o computador impõe certas regras. Se
erramos, ele nos avisa. Não diz “Burro!”, mas está implícito na sua correção. Ele é mais
inteligente do que você. Sabe mais coisas, e está subentendido que você jamais
aproveitará metade do que ele sabe. Que ele só desenvolverá todo o seu potencial quando
estiver sendo programado por um igual(c). Isto é, outro computador. A máquina de escrever
podia ter recursos que você também nunca usaria(e) (abandonei a minha sem saber para o
que servia “tabulador(e)”, por exemplo), mas não tinha a mesma empáfia, o mesmo ar de
quem só aguenta os humanos por falta de coisa melhor, no momento.
Eu e o computador jamais seríamos íntimos. Nosso relacionamento é puramente
profissional. Mesmo porque, acho que ele não se rebaixaria ao ponto de ser meu amigo. E
seu ar de reprovação cresce. Agora mesmo, pedi para ele enviar esta crônica para o jornal
e ele perguntou: “Tem certeza?”
VERISSIMO, L. F. Eu e ele. Disponível em: <http://oglobo. globo.com/opiniao/eu-ele-12305041#ixzz307alRnzu>. Acesso em: 17 jun.
2014. Adaptado.
Em vários momentos do Texto I, o autor confere características humanas a máquinas.
Qual dos trechos a seguir exemplifica isso?
a) “já pode ser definido como uma carroça.”
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b) “Ele nos olha na cara.”
c) “quando estiver sendo programado por um igual.”
d) “A máquina de escrever podia ter recursos que você também nunca usaria”
e) “abandonei a minha sem saber para o que servia ‘tabulador’”
Questão 33: FGV - AO (SSP AM)/SSP AM/2015
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto
Construímos no Brasil uma sociedade hierarquizada e arcaica, majoritariamente
conservadora (que aqui se manifesta em regra de forma extremamente nefasta, posto que
dominada por crenças e valores equivocados), que se julga (em geral) no direito de
desfrutar de alguns privilégios, incluindo-se o de não ser igual perante as leis (nessa
suposta “superioridade” racial ou socioeconômica também vem incluída a impunidade,
que sempre levou um forte setor das elites à construção de uma organização criminosa
formada por uma troika maligna composta de políticos e outros agentes públicos + agentes
econômicos + agentes financeiros, unidos em parceria público-privada para a pilhagem do
patrimônio do Estado). Continuamos (em pleno século XXI) a ser o país atrasado do “Você
sabe com quem está falando?” (como bem explica DaMatta, em várias de suas obras). Os
da camada “de cima” (na nossa organização social) se julgam no direito (privilégio) de
humilhar e desconsiderar as leis assim como os “de baixo”. Se alguém questiona essa
estrutura, vem o corporativismo e retroalimenta a chaga arcaica. De onde vem essa
canhestra forma de organização social? Por que somos o que somos?” (Luiz Flávio Gomes,
JusBrasil)
“Construímos no Brasil uma sociedade hierarquizada e arcaica...”; o texto é escrito na
primeira pessoa do plural (construímos) e, nesse caso, o sujeito “nós” se refere a:
a) organizadores de nossa estrutura política;
b) historiadores de nossa pátria;
c) políticos de nossa história;
d) classe dominante em geral;
e) todos os brasileiros em geral.
Questão 34: CESGRANRIO - Ass Adm (EPE)/EPE/Apoio Administrativo/2014
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Coração e mente de uma cidade
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Toda grande cidade cultiva, entre seus prédios, ruas e muros, uma soma de aspirações e
opiniões sobre a sua própria forma de se organizar. Embora muitas vezes imperceptíveis,
elas apontam tendências do que serão os grandes centros no futuro.
Para debater a dinâmica dos espaços urbanos, um projeto mergulhou dois anos no
cotidiano das metrópoles Nova York, Berlim e Mumbai. Explorou a forma como lidam com
sua arquitetura, arte, design, tecnologia, educação, sustentabilidade e disposição urbana.
Dessa experiência, extraiu-se um raio X de uma cidade, uma lista de cem tendências e
pensamentos, cuja conclusão é de que cada vez mais a população fará a diferença no
futuro. São os próprios moradores que promoverão mudanças — e, para isso, precisam de
canais mais diretos para interferirem nas decisões. Chamada de 100 trending topics, a lista
traz tendências que podem soar utópicas ou abstratas, mas há também exemplos
concretos, que já começam a se impor nas ligações entre população e governos.
Nesse contexto, surge o conceito de “hackear” a cidade, transformar seu sistema por meio
de ações informais dos cidadãos. O modelo seria uma contraposição às ditas “cidades
inteligentes”, em que máquinas tomariam conta de todos os ambientes. Seria sim um
urbanismo de “código aberto”, ou seja, em que qualquer um pode interferir, de forma
constante, para mudar a estrutura da cidade.
Para atingir esse objetivo, cada vez mais o design passa a ser pensado como uma
ferramenta que promove a inclusão. Em uma população diversificada como a do mundo
de hoje, as cidades precisam garantir que ambientes e serviços permaneçam igualmente
acessíveis a todos, independentemente da idade, cultura ou condição social.
Outra ideia é o “departamento de escuta”, instituição utópica que tornaria o ato de
reclamar muito mais prático e menos penoso: o governo ouviria nossos anseios com
sinceridade e atenção. No lugar de um atendente estilo telemarketing, que, apenas com
um script em mãos, muitas vezes nos frustra, estaria alguém preparado para nos responder
no ato, sem parecer seguir um protocolo.
Essas iniciativas demonstram que uma democracia pode ir muito além de um sistema
eleitoral tradicional. É o que diversos grupos e associações no mundo inteiro têm tentado
colocar em prática, estendendo as decisões da cidade a uma série de outras dimensões
sociais. A ideia é fazer com que todos os ambientes de nossas vidas funcionem de forma
democrática: trabalho, educação, serviços públicos e outros. A sociedade precisa escolher
qual linha de metrô ela quer, qual praça precisa receber mais atenção, quais investimentos
devem ser prioritários. E esse processo se dá com novos fóruns locais, que estabeleçam
canais de negociação com os moradores e as associações comerciais.
Para intensificar a democracia participativa na cidade, deve-se apostar na disseminação da
informação, com dados menos gerais. Os indicadores precisam contemplar as diferentes
realidades das comunidades, que poderiam ser vistas como microcidades. Também há
necessidade de mais e melhores espaços e fóruns de discussão sobre as políticas públicas.
E o mundo digital trouxe novas ferramentas para medir a informação produzida pelas
cidades e transformá-la em fatos, figuras e visualizações. A quantidade de dados coletados
entre os primórdios da humanidade e 2003 equivale, atualmente, ao que se coleta a cada
dois dias. Mas o volume maciço de dados por si só não torna uma cidade mais inteligente.
É preciso criar mecanismos capazes de filtrar esta riqueza de informação e torná-la
acessível a todos. Com estimativas mais precisas e transparentes, há mais espaço para
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ações independentes. O desafio é integrar o fluxo de informação através de plataformas
digitais abertas em que o cidadão possa inserir, pesquisar dados e cruzar informações que
o ajudem a resolver problemas do cotidiano. Investigar a inteligência social das multidões
é reconhecer suas individualidades para além de números e traduzir anseios em serviços.
Assim, a webcidadania ganha força no mundo através de petições on-line, financiamentos
colaborativos ou plataformas para acompanhar gastos públicos.
TORRES, B. Jornal O Globo, Caderno Amanhã, p. 12-19. 12 nov. 2013. Adaptado.
Esse texto é um artigo de opinião porque defende um posicionamento a respeito de um
tema.
Uma das propostas apresentadas pelo autor é que as
a) decisões sobre as mudanças almejadas nas cidades devem respeitar o desejo de todos
por meio de votação.
b) ligações permanentes entre população e governo são imprescindíveis para a criação de
cidades inteligentes.
c) sugestões a respeito das reformas das cidades precisam ser analisadas por especialistas
em arquitetura.
d) modificações nas cidades precisam estar de acordo com os anseios dos moradores e
das associações comerciais.
e) propostas de estudiosos sobre o futuro das cidades devem levar em consideração as
medidas adotadas em países europeus.
Questão 35: CESPE - Diplomata/IRBr/2015
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto para a questão.
A distinção entre espetáculo (manifestação legítima da cultura) e simulacro
(entretenimento da indústria cultural) tornou-se corrente entre os analistas que se ancoram
nos valores modernistas para a compreensão da pós-modernidade. Segundo eles, no
campo da produção simbólica e da produção propriamente cultural, a pós-modernidade
estaria se manifestando e se definindo pela proliferação abusiva e avassaladora de imagens
eletrônicas, de simulacros, e mais e mais estaria privilegiando-os. A distinção entre
espetáculo e simulacro é correta e deve ser acatada, pois ajuda a melhor compreender o
universo simbólico e cultural dos nossos dias.
Como quer Fredric Jameson em Pós-modernidade e sociedade de consumo, o campo da
experiência do homem atual se circunscreve às paredes da caverna de Platão: o sujeito
pós-moderno já não fita diretamente, com seus próprios olhos, o mundo real à procura do
referente, da coisa em si, mas é forçado a buscar as suas imagens mentais do mundo nas
paredes do seu confinamento. Para ele, permanece a concepção triádica que temos do
signo (significante, significado e referente). No entanto, em lugar de se privilegiar o
referente, como acontece nas teorias clássicas e modernistas do realismo, afirma-se a
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onipresença da imagem, isto é, da cadeia significante. A realidade (se não for abusivo o
uso desse conceito neste contexto) se dá a ver mais e mais em representações de
representações, como querem ainda os teóricos da pós-modernidade.
A distinção entre espetáculo e simulacro é correta; no entanto, em mãos de teóricos
modernos, traz em si uma estratégia de avaliação negativa da pós-modernidade, muitas
vezes pouco discreta. Ela visa privilegiar o reino da experiência viva, in corpore, e
desclassificar a experiência pela imagem, in absentia. Visa também classificar o espetáculo
(que se dá em museus, salas de teatro, de concerto etc.) como forma autêntica de cultura
e desclassificar o simulacro (que se dá sobretudo pelo cinema ou vídeo e pela televisão)
como arremedo bastardo produzido pela indústria cultural. O primeiro leva à reflexão e o
outro serve para matar o tempo. Visa ainda e finalmente a qualificar os meios de
comunicação de massa como os principais responsáveis pelo aviltamento da vida pública.
Para os idealizadores da distinção e defensores do espetáculo está em jogo preservar a
todo custo, numa sociedade que se quer democrática, a possibilidade de uma opinião
pública, e esta só pode se dar plena em uma crítica avassaladora dos meios de
comunicação de massa, que divulgam à exaustão imagens e mais imagens simulacros —
para o consumo indigesto das massas.
Nos países avançados, o jogo entre espetáculo e simulacro, se não tem como vencedor o
espetáculo, termina certamente pelo empate. Bibliotecas, museus, salas de teatro, de
concerto, competem — e mais importante: convivem —, com as salas de cinema, as
locadoras de vídeo e a televisão. Existe público pagante para o espetáculo caríssimo da
encenação de uma grande ópera em Berlim, Paris ou Nova Iorque, e existe um grande
público não privilegiado (economicamente, geograficamente, culturalmente etc.) para a
retransmissão pela TV desse espetáculo ou de outros. Certos “espetáculos” já nem existem
como tal, já surgem como simulacros, isto é, produzidos só para a transmissão eletrônica.
No Brasil, a disputa entre espetáculo e simulacro, entre modernidade cultural e sociedade
de massa, já tem a sua história. Começa e passa pela discussão em torno do consumo
extremamente restrito do produto literário — o livro — pelo mercado brasileiro. Antonio
Candido, em ensaio de 1973, publicado em plena ditadura militar e em época de
alfabetização pelo Mobral, discutia a relação entre literatura e subdesenvolvimento e
chamava a atenção para o fato de que, nos países latino-americanos, criava-se uma
“condição negativa prévia” para a fruição de obras literárias — essa condição era o número
restrito de alfabetizados. O escritor moderno, da periferia subdesenvolvida, estava fadado
a ser “um produtor para minorias”, já que as grandes massas estavam “mergulhadas numa
etapa folclórica de comunicação oral”. Entre parênteses, lembre-se de que, para os
pensadores do iluminismo, o acesso à obra de arte e a subsequente fruição dela
significavam um estágio superior no processo de emancipação do indivíduo.
Silviano Santiago. Intensidades discursivas. In: O cosmopolitismo do pobre. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004, p.
125-7 (com adaptações).
Com relação às ideias desenvolvidas no texto, julgue (C ou E) o item subsequente.
O Brasil, segundo o autor do texto, é um dos países que poderá resolver a oposição entre
espetáculo e simulacro, uma vez que “já tem a sua história”.
Certo
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Errado
Questão 36: ESAF - APO (MPOG)/MPOG/Planejamento e Orçamento/2015
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Leia com atenção o texto abaixo.
Este livro pretende demarcar uma área de pesquisa e reflexão dentro da antropologia
contemporânea. Esta tem hoje tantas possibilidades, tornando-se um campo de
conhecimento de tal forma rico e complexo, que não é mais possível a figura do generalista
capaz de dominá-la em seus vários ramos e tendências. A própria antropologia social,
aparentemente uma subárea, já abriu tantos espaços e produziu uma bibliografia tão vasta
que é incomum encontrar profissionais que, por exemplo, se movam com familiaridade do
estudo de sociedades indígenas sul-americanas para a problemática do meio urbano com
toda a sua diversidade ou mesmo para as discussões sobre campesinato, trabalhadores
rurais etc. No entanto, permanece, como ponto aglutinador e condensador, uma
problemática teórica, às vezes deixada de lado ou marginalizada. Os nomes podem variar,
assim como as ênfases, mas a questão da unidade e continuidade dos sistemas sociais
permanece sendo referência central da disciplina. Quer se privilegie o consenso ou o confl
ito, quer se parta do indivíduo ou da sociedade e/ou cultura, estamos sempre lidando com
o dilema da estabilidade e da descontinuidade. Como se estabelecem pactos? Como se
efetiva a dominação? De que forma são socializados e incorporados os indivíduos? Como
é possível exercer o poder e que padrões de reciprocidade sustentam redes de relações
sociais?
(Adaptado de Gilberto Velho, Individualismo e cultura: notas para uma Antropologia da Sociedade Contemporânea,
2004, p. 7).
A partir das ideias do texto, julgue como verdadeiras (V) ou falsas (F) as inferências a seguir.
( ) A antropologia social é um ramo recente da antropologia.
( ) A antropologia social ainda não definiu com clareza seu objeto.
( ) São poucos os pesquisadores familiarizados com todos os temas da antropologia
social.
( ) A relação entre estabilidade e descontinuidade dos sistemas sociais é um
problema teórico central da antropologia social.
( ) A antropologia social estuda, sobretudo, as relações de poder.
A sequência correta é:
a) V, F, V, V, F
b) F, V, F, V, V
c) V, F, V, F, F
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
d) F, F, V, V, F
e) V, F, V, F, V
Questão 37: CS UFG - Ana Leg (ALGO)/ALGO/Analista de Dados/2015
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Leia a tira a seguir para responder à questão.
Disponível em: <http://www.opera10.com.br
/2012/10/vicios-de-linguagem.html>. Acesso em: 12 fev. 2015.
O aspecto linguístico que desfaz a ambiguidade presente na tira é:
a) o possível emprego do verbo “vender” no futuro.
b) a pressuposição desencadeada pela palavra “também”.
c) a identificação da criança por meio do pronome “eu”.
d) o uso da locução verbal “estou vendo” na fala da criança.
Questão 38: CESPE - Adm (FUB)/FUB/"Sem Área"/2013
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Um conjunto de mudanças quantitativas e estruturais nas universidades tem promovido o
surgimento de um novo tipo de instituição acadêmica, que ocupa papel de destaque no
funcionamento proposto pelo modelo dinâmico da “hélice tripla”, ou modelo de pesquisa
multidirecional. Nesse caso, além de desempenhar suas tradicionais atividades de ensino
e pesquisa, a universidade estaria assumindo a missão de usar o conhecimento científico
produzido em suas pesquisas para apoiar o desenvolvimento social e econômico do
ambiente.
Entretanto, há estudiosos que afirmam que as universidades não se estruturam em função
dessas atividades, mas que essas instituições as articulam convenientemente de acordo
com as possibilidades apresentadas por sua história e tradição, pelos recursos financeiros
e humanos de que dispõem, pela “clientela” que devem atender, pelo contexto social
vigente, pelas políticas públicas e privadas que as afetem direta ou indiretamente. Sugerem
que as universidades desempenham três diferentes funções — ensino superior em massa
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
(licenciatura); ensino superior profissional (bacharelado) e pesquisa para a resolução de
problemas; e formação de pesquisadores acadêmicos (formação de mestres e doutores e
publicação de artigos científicos) —, e que as inúmeras combinações possíveis dessas
funções são a variável-chave na explicação da posição ocupada pelas universidades em
quaisquer classificações.
Adicionalmente, outros subtemas ajudam a conformar o universo de estudos que tratam
da relação entre universidades e empresas. São relevantes, nesse contexto, o efeito do
arcabouço legal que designa a própria universidade como beneficiária da exploração
comercial dos resultados de suas pesquisas, ainda que financiadas com recursos
governamentais; o processo de criação e a avaliação de desempenho dos escritórios de
transferência de tecnologia e o processo de criação de empresas dedicadas a explorar os
resultados das pesquisas acadêmicas como iniciativa empreendedora dos seus
pesquisadores, entre outros.
Rodrigo Maia de Oliveira. Proteção e comercialização da pesquisa acadêmica no Brasil: motivações e percepções dos inventores.
SP: UNICAMP, 2011. Tese de doutoramento. Internet: <www.bibliotecadigital.unicamp.br> (com adaptações).
Julgue o item com base nas ideias do texto.
A partir da justaposição de “ensino superior profissional (bacharelado)” e “pesquisa para a
resolução de problemas”, é correto inferir que as atividades desenvolvidas nos cursos de
bacharelado são estritamente voltadas à pesquisa para a resolução de problemas.
Certo
Errado
Questão 39: VUNESP - Aux (CM Pradópolis)/CM Pradópolis/Serviços Gerais/2016
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Leia o texto para responder à questão.
A marca do professor
Lourenço e o pai, Sr. Nicola, saíram para fazer uma visita. Foram recebidos pelo dono da
casa, que escancarou a porta e os braços, envolvendo o Sr. Nicola, o qual não era de muitas
emoções, sentia as coisas mais por dentro. Mas ficou evidente que estava feliz com o
reencontro. O dono da casa, Paulo, dava a impressão de que eram os reis magos
chegando.
Paulo devia ter a idade do homem maduro que sua calvície não ocultava. Ele se demorou
no abraço afetuoso. Lourenço se surpreendeu no momento em que Paulo, curvando-se
para a frente, puxou com delicadeza a mão do Sr. Nicola e a levou aos lábios, beijando-a.
Paulo pediu bênção ao pai de Lourenço, que achou estranho, pois até então julgava ser a
única pessoa com direito a pedir bênção ao pai.
Pois Paulo, um homenzarrão, não se envergonhava de pedir a bênção ao pai de Lourenço,
acrescentando palavras que soaram nítidas:
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− A bênção, professor.
Lourenço sentiu que havia entre os dois homens uma ligação que ultrapassava uma
amizade. Ele estava diante de um amor de filho para pai. Havia ali um gesto de gratidão, a
estima de um antigo aluno por seu velho professor. O pai de Lourenço havia sido professor
daquele homem.
Lourenço não sabe se hoje ainda existem laços de afeto tão fortes entre os professores e
seus alunos, ou se todo relacionamento se encerra no fim do curso, ou no fim de cada aula.
Mas se existe uma criatura que Lourenço respeita até a raiz dos cabelos é o professor.
Nenhum país poderá atingir altos graus de civilização e de progresso enquanto o professor
não for prestigiado e formado para ser mais do que professor: para ser alguém que, por
onde passar, deixará a lembrança e a marca de sua bênção.
(Lourenço Diaféria. In: Redação, Humor e Criatividade. Branca Granatic.1997. Adaptado)
De acordo com o texto, é correto afirmar que
a) Lourenço já era amigo de Paulo fazia algum tempo, mas não frequentava a casa dele.
b) O Sr. Nicola costumava emocionar-se facilmente quando revia alunos.
c) Paulo aparentava ser um homem bastante jovem aos olhos de Lourenço.
d) Lourenço quis fazer uma surpresa ao pai e promoveu o encontro deles.
e) Lourenço não imaginava que, além dele, outra pessoa pediria bênção a seu pai.
Questão 40: VUNESP - Sold (PM SP)/PM SP/2ª Classe/2013
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
A tecnologia e o futuro do policiamento
O policiamento – como todas as demais atividades – está sendo reimaginado na era das
montanhas de dados, sob a expectativa de que uma análise mais ampla e profunda sobre
crimes passados, combinada a algoritmos1 sofisticados, possa ajudar a prever futuros
delitos. Trata-se de uma prática conhecida como “policiamento preditivo” e, ainda que
exista há apenas alguns anos, muitos especialistas a veem como uma revolução na forma
pela qual o trabalho policial é realizado.
Um exemplo é o departamento de polícia de Los Angeles, que está usando um software
chamado PredPol. O software começa pela análise de anos de estatísticas criminais
disponíveis, depois divide o mapa de patrulha em zonas (de cerca de 45 metros quadrados)
e calcula a distribuição e frequência de crimes em cada uma delas. Por fim, informa aos
policiais sobre as probabilidades de local e horário de crimes, o que permite que eles
policiem de maneira mais intensa as áreas sob ameaça.
A atraente ideia que embasa o policiamento preditivo é a de que é muito melhor prevenir
um crime antes que aconteça do que chegar depois e investigá-lo. Assim, mesmo que os
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
policiais em patrulha não apanhem o bandido em flagrante, sua presença no lugar certo e
na hora certa pode exercer efeito dissuasório2.
A lógica parece sólida. Em Los Angeles, houve um declínio de 13% na criminalidade. A
cidade de Santa Cruz, também usuária do PredPol, viu queda de 30% no número de furtos.
Mas, apesar do mérito inegável do novo sistema, há quem questione sua eficácia, uma vez
que as ações da polícia não podem ser guiadas apenas pela interpretação de números
aproximados. Isso porque, nos regimes democráticos, a polícia precisa de causa provável
– alguma forma de prova, e não apenas um palpite – para deter e revistar alguém na rua.
Também há o problema dos crimes que passam sem denúncia. Embora a maioria dos
homicídios seja denunciada, muitos estupros e furtos residenciais não são. Mesmo na
ausência desse tipo de denúncia, a polícia continua a desenvolver métodos de descobrir
quando algo de estranho acontece em um bairro. Os críticos do policiamento preditivo
temem que esse conhecimento obtido pela análise atenta que os policiais fazem de seu
entorno seja substituído pela análise exclusiva das estatísticas. Se apenas dados sobre
crimes que foram registrados em queixas formais forem usados para prever futuros crimes
e orientar o trabalho policial, algumas formas de crime poderão passar sem registro – e,
com isso, sem qualquer repressão.
As recompensas do policiamento preditivo podem ser reais, mas seus perigos também o
são. A polícia precisa sujeitar seus algoritmos a um rigoroso exame externo e enfrentar a
questão das distorções implícitas que carreguem.
(Evgeny Morozov, tradução de Paulo Migliacci, www1.folha.uol.com.br, 23.07.2012. Adaptado)
1 algoritmo: conjunto das regras e procedimentos lógicos que levam à solução de um
problema
2 dissuasório: que convence ou tenta convencer a desistir
De acordo com o texto, o PredPol ajuda a prever futuros delitos por meio de cálculos feitos
a partir
a) da vigilância ininterrupta das regiões mais populosas.
b) de informações sobre crimes cometidos no passado.
c) de denúncias feitas por cidadãos que se sentem ameaçados.
d) do interrogatório dos bandidos que são presos em flagrante.
e) da análise do comportamento de criminosos em detenção.
Questão 41: NC-UFPR - Ana Jud (TJ PR)/TJ PR/Ciências Contábeis/2008
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Acerca do título do texto, é possível afirmar corretamente que:
a) Refere-se, indubitavelmente, ao posicionamento do Ministro das Cidades, já que ele é
o autor da proposta que prevê a restrição da ingestão de medicamentos pelos motoristas.
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b) Se a colocação das palavras direção e remédio fosse alterada não haveria prejuízo de
sentido para o leitor.
c) Lido isoladamente pode ser interpretado de pelo menos duas maneiras: não há mais
conserto para a direção ou a direção não deve ser associada a medicamentos.
d) A expressão “sem remédio” é uma locução verbal que pode ser substituída, no
contexto, por irremediável.
Questão 42: TJ PR (Ban. Exam.) - Ana Jud (TJ PR)/TJ PR/Odontologia/2006
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto para a questão.
São Paulo, domingo, 30 de julho de 2006
Desestímulo aos negócios
A CARGA tributária elevada e o custo estratosférico do crédito são fatores sempre citados
por economistas e empresários como inibidores dos negócios no Brasil. Também é comum
serem elencados, nesse rol, fatores de outra série, como o peso da burocracia. Estudo
recente do Banco Mundial (Bird) pôs em números essa percepção, com resultados
alarmantes.
A fim de possibilitar a comparação internacional, o Bird selecionou indicadores como o
tempo para a abertura de uma firma e para fazer cumprir contratos e o nível de pagamento
de tributos. Em termos gerais, o Brasil obteve a vergonhosa 119ª classificação no ranking
dos países onde é mais fácil fazer negócios, entre 155 nações analisadas.
A pesquisa também avaliou a performance de 13 Estados brasileiros. O resultado é ruim
para São Paulo, o mais rico do país, que é apenas o 11º na lista de facilitação de negócios.
Empresas paulistas levam em média absurdos cinco meses para serem abertas. A título de
comparação, a recordista Austrália conseguiu reduzir esse período para apenas dois dias.
Em Minas, destaque positivo no Brasil, já se abre uma firma em menos de 20 dias.
Um contrato que precise de arbitragem judicial leva em média 2,5 anos para ser liquidado
no Brasil. São Paulo, nesse item, é o menos vagaroso, com 1,5 ano em média. Já o Rio
Grande do Sul é o destaque negativo: quatro anos de tramitação, em média.
Tamanho entrave à atividade empresarial no país é uma das causas da informalidade: pelo
menos 40% das firmas não se legalizam. Resultados tão díspares entre os Estados requerem
um esforço nacional para harmonizar as burocracias, escolhendo as unidades federativas
mais destacadas em cada item como modelo. É urgente eliminar processos e custos das
empresas que apenas desestimulam os negócios.
Assinale a alternativa que apresenta o objetivo principal do texto:
a) Analisar em detalhe todos os fatores que influenciam a atividade empresarial no Brasil.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
b) Estabelecer uma comparação entre o desempenho brasileiro e o de outros 155 países,
na indústria e no comércio.
c) Divulgar um estudo do Banco Mundial, no qual o Brasil obteve uma colocação crítica
nas categorias que analisam a carga tributária e o custo do crédito.
d) Comparar o desempenho dos diversos Estados brasileiros no que se refere ao tempo
gasto para se abrir uma firma e para fazer cumprir contratos.
e) Demonstrar a necessidade de eliminar ao máximo os entraves burocráticos, uma vez
que são responsáveis por desestimular a atividade empresarial brasileira.
Questão 43: VUNESP - Ana PS (CM Marília)/CM Marília/2016
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Leia o texto para responder à questão.
Uma noite no mar Cáspio
Na semana passada, uma aluna da Sorbonne foi encarregada de fazer um estudo sobre a
literatura latino-americana, mal informada de tudo, inclusive sobre a América Latina. Veio
entrevistar algumas pessoas e, não sei por que, pediu-me que a recebesse para uma
conversa que pudesse explicar o Brasil com apenas um título que serviria de roteiro para o
trabalho que deveria apresentar.
Já me pediram coisas extravagantes, recusei algumas, aceitei outras. Aleguei minha
incompetência para titular qualquer coisa.
Mas não quis decepcionar a moça. Pensando na atual crise política, sugeri “Garruchas e
punhais” – era o nome da briga entre os meninos da rua Cabuçu contra os meninos da rua
Lins de Vasconcelos. Morei nas duas e era considerado um espião a soldo de uma ou de
outra. O que no fundo era verdade, considerava idiotas os dois lados.
A moça riu mas não gostou. Todos os países têm garruchas e punhais. Dei outra sugestão:
“O mosteiro de tijolos de feltro”. Ela não gostou – nem eu. Parti então para uma terceira
via, por sinal, a mais estúpida. Pensou um pouco, inicialmente recusou. Olhou bem para
mim e aprovou: “Uma noite no mar Cáspio”. Para meu espanto, ela aceitou.
Acredito que os professores da Sorbonne também gostarão. E eu nem sei onde fica o mar
Cáspio, embora também não saiba onde fica o Brasil.
(Carlos Heitor Cony. Folha de S.Paulo, 26.01.2016. Adaptado)
A frase – Morei nas duas e era considerado um espião a soldo de uma ou de outra. O que
no fundo era verdade, considerava idiotas os dois lados. – (3º parágrafo) indica que o
narrador, em suas brincadeiras de criança,
a) acreditava que a rivalidade entre as duas ruas era algo sem propósito.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
b) orgulhava-se por ser espião nas duas ruas, principalmente pelo pagamento.
c) pagava aos meninos de ambas as ruas para não se envolver em suas brigas.
d) atendia os pedidos dos amigos, pois se considerava o melhor espião do lugar.
e) encantava-se com a richa entre as ruas, por isso defendia a mais forte.
Questão 44: VUNESP - As Leg (CM Registro)/CM Registro/2016
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Após o fim de um relacionamento, um amigo fez uma viagem às Ilhas Maldivas. Foi sozinho
para um hotel fantástico, onde pretendia passar seu aniversário calmamente. Por tradição,
o hotel comemora o aniversário dos hóspedes e, ao final de seu jantar, uma comitiva de
garçons com um bolo de velas acesas aproximou-se de sua mesa solitária cantando “Happy
birthday”. Foi um horror suportar os olhares de piedade dos turistas nas outras mesas.
A pessoa sozinha é vista como uma fracassada. Há algo de errado com ela, pensam. No
passado, o maior terror das garotas era ficar para tia, ou seja, solteirona. Era ela quem
cuidava dos pais velhinhos. Depois, ia morar na casa de algum irmão ou irmã, onde era
tratada como um estorvo, embora cozinhasse, lavasse e passasse. Na divisão da herança,
ficar com um pedaço de terra para quê, se era sozinha? No máximo, um enfeite de
porcelana que pertencera à mãe.
Uma família é definida pelo encontro de duas pessoas que se amam e constroem um lar.
Mas se as famílias estão mudando, o amor também não? A transformação começa já no
vocabulário. Antes namorada era alguém com quem se pretendia um compromisso. Hoje,
pode ser simplesmente uma pessoa com quem o rapaz esteja saindo, uma espécie de
amiga íntima, sem outros planos. Um casal se apresenta como “meu marido” e “minha
mulher”. Mas de fato seriam, no conceito de antigamente, namorados. Estão juntos, mas
em casas separadas. As palavras foram se tornando fluidas. "Ficar” é uma agarração sem
compromisso. “Ficante” é alguém que se vê até com frequência, mas não é namoro. Mas a
ficante às vezes é apresentada como namorada ou mulher. Apresenta-se uma amiga que
de fato é namorada. Alguém fala em amante? É namorada. Ou até noiva. Mas o noivado
não é resultado de um compromisso. Só de um dia especialmente mais amoroso. Assim
como “noivaram”, param de se falar. Ou a pessoa diz que está namorando. E depois
descubro que ainda não conheceu o par. É só pela internet.
A confusão de significados mostra que o amor romântico, a união de duas almas dos
poetas, está desaparecendo. As pessoas sonham com ele. Mas relacionamentos são
fluidos. Basta uma noite para dizerem que estão casadas! Ninguém suporta ficar sozinho.
Cada vez com mais frequência, ficam sozinhas junto com alguém! Ou se apaixonam, mas
só dura algumas semanas. O amor não é duradouro nem fator de união das famílias, como
no passado. Para “casar”, basta emprego. Mas se os dois têm, é fácil separar. Não é
necessário um par para sobreviver. Mas todo mundo quer um amor, dá para entender?
Ninguém quer ser o solitário num restaurante no dia do aniversário. Só que eu vejo, cada
vez mais, as pessoas tendo relações fugazes. E já se preparam para uma vida solitária, de
eternos “namorados”.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
(Walcyr Carrasco. “O amor é necessário?”. www.epoca.globo.com. 18.11.2015. Adaptado)
De acordo com o texto, o autor
a) considera que passar o aniversário sozinho em um hotel das Ilhas Maldivas é um
desperdício.
b) concorda que pessoas sozinhas não são merecedoras de herança, basta uma
lembrança de família.
c) afirma que as famílias não mudam, assim como o amor romântico, que é estável e
duradouro.
d) não entende por que as pessoas param de se falar quando noivam.
e) constata que, apesar de viverem relações passageiras, as pessoas continuam desejando
um amor.
Questão 45: VUNESP - Ass SA II (UNESP)/UNESP/Metalografia e Metalurgia/2016
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Criatividade se adquire com prática
O que você faria se soubesse que não iria falhar? “Nada”, segundo o professor de design
gráfico Brad Hokanson, da Universidade de Minnesota. Isso porque, para ele, não há
diversão nenhuma na falta de desafio e é exatamente isso que melhora a nossa criatividade.
Em entrevista à Galileu, o professor Hokanson explica como essa habilidade pode ser
adquirida.
Galileu: A criatividade é para todo mundo?
Hokanson: Algumas pesquisas mostram que a criatividade é parte das habilidades mentais.
Nós a usamos na hora de resolver problemas que encontramos no dia a dia. A gente só não
reconhece isso como criatividade. Nós não devemos pensar que não somos criativos só
porque não estamos produzindo arte ou inventando alguma coisa, como Einstein. Na
verdade, somos bem inventivos e criativos em muitas coisas. Por isso, devemos reconhecer
a criatividade e trabalhá-la. Todo mundo consegue. Criatividade se adquire com prática.
Galileu: Para ser criativo é preciso desafiar alguns padrões. Você acha que as pessoas têm
medo de serem criativas por conta disso?
Hokanson: Acho. Uma das características da criatividade é que ela difere do normal, da
rotina. Ou seja, temos que ser corajosos para propor coisas novas, seja vestindo meias
diferentes, ou comendo de uma forma inusitada. Às vezes, nos sentimos limitados pela
sociedade, sejam colegas de trabalho com regras rígidas ou uma família muito tradicional,
mas todos devem estar abertos a resolver problemas de forma diferente dentro do seu
próprio contexto.
Galileu: Falta de criatividade é associada com uma visão de mundo mais limitada. Como as
pessoas podem se livrar desse tipo de visão?
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Hokanson: Uma das formas de aumentar nosso potencial criativo é nos expondo a
ambientes, coisas e pessoas diferentes. Algumas pesquisas mostram que nossas memórias
e experiências em lugares diferentes podem nos ajudar a resolver os problemas de onde
vivemos.
(Nathan Fernandes. http://revistagalileu.globo.com, 28.10.2014. Adaptado)
De acordo com Hokanson,
a) a expectativa da falha pode gerar o medo, o que bloqueia a criatividade.
b) a criatividade se desenvolve a partir de desafios e novas experiências.
c) o cotidiano não produz situações propícias para o exercício da criatividade.
d) o apoio de uma família tradicional, via de regra, estimula ações criativas.
e) o desenvolvimento da criatividade independe das relações interpessoais.
Questão 46: CONSULPLAN - AJ TRF2/TRF 2/Apoio
Especializado/Arquivologia/2017
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Medo e preconceito
O tema é espinhoso. Todos somos por ele atingidos de uma forma ou de outra, como
autores ou como objetos dele. O preconceito nasce do medo, sua raiz cultural, psíquica,
antropológica está nos tempos mais primitivos – por isso é uma postura primitiva –, em que
todo diferente era um provável inimigo. Precisávamos atacar antes que ele nos destruísse.
Assim, se de um lado aniquilava, de outro esse medo nos protegia – a perpetuação da
espécie era o impulso primeiro. Hoje, quando de trogloditas passamos a ditos civilizados,
o medo se revela no preconceito e continua atacando, mas não para nossa sobrevivência
natural; para expressar nossa inferioridade assustada, vestida de arrogância. Que mata sob
muitas formas, em guerras frequentes, por questões de raça, crença e outras, e na agressão
a pessoas vitimadas pela calúnia, injustiça, isolamento e desonra. Às vezes, por um gesto
fatal.
Que medo é esse que nos mostra tão destrutivos? Talvez a ideia de que “ele é diferente,
pode me ameaçar”, estimulada pela inata maldade do nosso lado de sombra (ele existe,
sim).
Nossa agressividade de animais predadores se oculta sob uma camada de civilização, mas
está à espreita – e explode num insulto, na perseguição a um adversário que enxovalhamos
porque não podemos vencê-lo com honra, ou numa bala nada perdida. Nessa guerra ou
guerrilha usamos muitas armas: uma delas, poderosa e sutil, é a palavra. Paradoxais são as
palavras, que podem ser carícias ou punhais. Minha profissão lida com elas, que desde
sempre me encantam e me assombram: houve um tempo, recente, em que não podíamos
usar a palavra “negro”. Tinha de ser “afrodescendente”, ou cometíamos um crime. Ora, ao
mesmo tempo havia uma banda Raça Negra, congressos de Negritude... e afinal
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
descobrimos que, em lugar de evitar a palavra, podíamos honrá-la. Lembremos que termos
usados para agredir também podem ser expressões de afeto. “Meu nego”, “minha
neguinha”, podem chamar uma pessoa amada, ainda que loura. “Gordo”, tanto usado para
bullying, frequentemente é o apelido carinhoso de um amigo, que assim vai assinar bilhetes
a pessoas queridas. Ao mesmo tempo, palavras como “judeu, turco, alemão” carregam,
mais do que ignorância, um odioso preconceito.
De momento está em evidência a agressão racial em campos esportivos: “negro”,
“macaco” e outros termos, usados como chibata para massacrar alguém, revelam nosso
lado pior, que em outras circunstâncias gostaríamos de disfarçar – a grosseria, e a nossa
própria inferioridade. Nesses casos, como em agressões devidas à orientação sexual, a
atitude é crime, e precisamos da lei.
No país da impunidade, necessitamos de punição imediata, severa e radical. Me perdoem
os seguidores da ideia de que até na escola devemos eliminar punições do “sem limites”.
Não vale a desculpa habitual de “não foi com má intenção, foi no calor da hora, não deem
importância”. Temos de nos importar, sim, e de cuidar da nossa turma, grupo, comunidade,
equipe ou país. Algumas doenças precisam de remédios fortes: preconceito é uma delas.
“Isso não tem jeito mesmo”, me dizem também. Acho que tem. É possível conviver de
forma honrada com o diferente: minha família, de imigrantes alemães aqui chegados há
quase 200 anos, hoje inclui italianos, negros, libaneses, portugueses. Não nos ocorreria
amar ou respeitar a uns menos do que a outros: somos todos da velha raça humana. Isso
ocorre em incontáveis famílias, grupos, povos. Porque são especiais? Não. Simplesmente
entenderam que as diferenças podem enriquecer.
Num país que sofre de tamanhas carências em coisas essenciais, não devíamos ter energia
e tempo para perseguir o outro, causando-lhe sofrimento e vexame, por suas ideias, pela
cor de sua pele, formato dos olhos, deuses que venera ou pessoa que ama. Nossa energia
precisa se devotar a mudanças importantes que o povo reclama. Nestes tempos de
perseguição, calúnia, impunidade e desculpas tolas, só o rigor da lei pode nos impedir de
recair rapidamente na velha selvageria. Mudar é preciso.
(LUFT, Lya. 10 de setembro, 2014 – Revista Veja.)
Segundo pode-se apreender do texto, a agressividade humana
a) é tanto pior quanto física numa bala nada perdida.
b) desarmoniza-se com o manto de civilização com que nos vestimos.
c) é uma instância urdida como fator necessário e insubstituível para a sobrevivência.
d) atenua-se por uma ansiedade irracional que tem sua gênese nas relações interpessoais.
Questão 47: IDECAN - Of BM (CBM DF)/CBM DF/Cadete/2017
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Um amor conquistado
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Encontrei Ivan Lessa na fila de lotação do bairro e estávamos conversando, quando Ivan se
espantou e me disse: olhe que coisa esquisita. Olhei para trás e vi, da esquina para a gente,
um homem vindo com seu tranquilo cachorro puxado pela correia. Só que não era
cachorro. A atitude toda era de cachorro, e a do homem era a de um homem com o seu
cão. Este é que não era. Tinha focinho acompridado de quem pode beber em copo fundo,
rabo longo e duro – poderia, é verdade, ser apenas uma variação individual da raça. Ivan
levantou a hipótese de quati, mas achei o bicho muito cachorro demais para ser quati, ou
seria o quati mais resignado e enganado que jamais vi. Enquanto isso, o homem
calmamente vindo. Calmamente, não; havia uma tensão nele, era uma calma de quem
aceitou luta: seu ar era de um natural desafiador. Não se tratava de um pitoresco; era por
coragem que andava em público com o seu bicho. Ivan sugeriu a hipótese de outro animal
de que na hora não se lembrou o nome. Mas nada me convencia. Só depois entendi que
minha atrapalhação não era propriamente minha, vinha de que aquele bicho já não sabia
mais quem ele era, e não podia portanto me transmitir uma imagem nítida.
Até que o homem passou perto. Sem um sorriso, costas duras, altivamente se expondo –
não, nunca foi fácil passar diante da fila humana. Fingia prescindir de admiração ou
piedade; mas cada um de nós reconhece o martírio de quem está protegendo um sonho.
– Que bicho é esse? Perguntei-lhe, e intuitivamente meu tom foi suave para não feri-lo
com uma curiosidade. Perguntei que bicho era aquele, mas na pergunta o tom talvez
incluísse: “por que é que você faz isso? que carência é essa que faz você inventar um
cachorro? e por que não um cachorro mesmo, então? pois se os cachorros existem! Ou
você não teve outro modo de possuir a graça desse bicho senão com uma coleira? Mas
você esmaga uma rosa se apertá-la com força!” Sei que o tom é uma unidade indivisível
por palavras, sei que estou esmagando uma rosa, mas estilhaçar o silêncio em palavras é
um dos meus modos desajeitados de amar o silêncio, e é assim que muitas vezes tenho
matado o que compreendo. (Se bem que, glória a Deus, sei mais silêncio que palavras.)
O homem, sem parar, respondeu curto, embora sem aspereza. E era quati mesmo. Ficamos
olhando. Nem Ivan nem eu sorrimos, ninguém na fila riu – esse era o tom, essa era a
intuição. Ficamos olhando.
Era um quati que se pensava cachorro. Às vezes, com seus gestos de cachorro, retinha o
passo para cheirar as coisas, o que retesava a correia e retinha um pouco o dono, na usual
sincronização de homem e cachorro. Fiquei olhando esse quati que não sabe quem é.
Imagino: se o homem o leva para brincar na praça, tem uma hora que o quati se constrange
todo: “mas, santo Deus, por que é que os cachorros me olham tanto?” Imagino também
que, depois de um perfeito dia de cachorro, o quati se diga melancólico, olhando as
estrelas; “que tenho afinal? Que me falta? Sou tão feliz como qualquer cachorro, por que
então este vazio, esta nostalgia? Que ânsia é esta, como se eu só amasse o que não
conheço?” E o homem, o único a poder livrá-lo da pergunta, esse homem nunca lhe dirá
para não perdê-lo para sempre.
Penso também na iminência de ódio que há no quati. Ele sente amor e gratidão pelo
homem. Mas por dentro não há como a verdade deixar de existir: e o quati só não percebe
que o odeia porque está vitalmente confuso.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Mas se ao quati fosse de súbito revelado o mistério de sua verdadeira natureza? Tremo ao
pensar no fatal acaso que fizesse esse quati inesperadamente defrontar-se com outro
quati, e nele reconhecer-se, ao pensar nesse instante em que ele ia sentir o mais feliz pudor
que nos é dado: eu...nós... Bem sei, ele teria direito, quando soubesse, de massacrar o
homem com o ódio pelo que de pior um ser pode fazer a outro ser – adulterar-lhe a
essência a fim de usá-lo. Eu sou pelo bicho, tomo o partido das vítimas do amor ruim. Mas
imploro ao quati que perdoe o homem, e que o perdoe com muito amor. Antes de
abandoná-lo, é claro.
(LISPECTOR, Clarice. Elenco de cronistas modernos – 25ª ed.– Rio de Janeiro: José Olympio, 2013.)
As imagens conotativas construídas pela narradora transmitem sentimentos e supostas
atitudes. Assinale a alternativa que contém uma imagem que define uma suposta vingança
do animal para com seu dono.
a) “Mas por dentro não há como a verdade deixar de existir: e o quati só não percebe que
o odeia porque está vitalmente confuso.” (6º§)
b) “Tinha focinho acompridado de quem pode beber em copo fundo, rabo longo e duro
– poderia, é verdade, ser apenas uma variação individual da raça.” (1º§)
c) “Bem sei, ele teria direito, quando soubesse, de massacrar o homem com o ódio pelo
que de pior um ser pode fazer a outro ser – adulterar-lhe a essência a fim de usá-lo.” (7º§)
d) “Calmamente não; havia uma tensão nele, era uma calma de quem aceitou luta: seu ar
era de um natural desafiador. Não se tratava de um pitoresco; era por coragem que andava
em público com o seu bicho.” (1º§)
Questão 48: CESPE - Sold (PM AL)/PM AL/Combatente/2017
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Quino. Toda a Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1993, p. 384
Com relação aos sentidos do texto, em que aparecem as personagens Mafalda (presente
apenas no primeiro quadrinho) e Susanita, julgue o seguinte item.
O principal comportamento humano satirizado na tirinha é a indiferença para com as
condições de vida a que são submetidas as pessoas pobres.
Certo
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
Errado
Questão 49: VUNESP - Ana PP (IPRESB)/IPRESB/2017
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
A questão baseia no texto apresentado abaixo.
Fazer 70 anos
Fazer 70 anos não é simples.
A vida exige, para o conseguirmos,
perdas e perdas no íntimo do ser,
como, em volta do ser, mil outras perdas.
Fazer 70 anos é fazer
catálogo de esquecimentos e ruínas.
Viajar entre o já-foi e o não-será.
É, sobretudo, fazer 70 anos,
alegria pojada de tristeza.
Ó José Carlos, irmão-em-Escorpião!
Nós o conseguimos…
E sorrimos
de uma vitória comprada por que preço?
Quem jamais o saberá?
À sombra dos 70 anos, dois mineiros
em silêncio se abraçam, conferindo
a estranha felicidade da velhice.
(Carlos Drummond de Andrade, Amar se aprende amando)
É correto afirmar que, no tratamento da temática do poema, o eu lírico adota
a) perspectiva intimista, atribuindo ao avanço do tempo a certeza da felicidade.
b) tom pessimista, expressando o avanço da idade como acúmulo de privações.
c) ponto de vista impessoal, falando com frieza de sua relação com a idade.
d) expressão contida, evitando demonstrar seus reais sentimentos.
e) inflexão autoritária, como forma de afugentar o fantasma da velhice.
Questão 50: VUNESP - CUP (SEPOG SP)/SEPOG SP/Controle e Auditoria/2017
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Leia a charge.
Analista Judiciário Área Administrativa - TRT - 2ª fase
(Pancho. Rolmops&Catchup. Gazeta do Povo,
03.05.2017)
Na charge, a personagem está machucada, porque seguiu a sugestão de “chutar o balde”
em sentido literal. Em sentido figurado, a expressão pode ser interpretada, no contexto,
como
a) reação, pondo fim a alguma situação.
b) conformismo, mostrando falta de apoio.
c) desistência, expressando insegurança.
d) persistência, impressionando pela força.
e) protesto, negando uma atuação violenta.
Gabarito
1) E 2) Errado 3) B 4) E 5) C
6) A 7) A 8) D 9) A 10) C
11) C 12) D 13) B 14) C 15) E
16) Certo 17) E 18) C 19) B 20) C
21) A 22) A 23) C 24) C 25) C
26) B 27) A 28) Certo 29) Certo 30) B
31) C 32) B 33) E 34) D 35) Errado
36) D 37) D 38) Errado 39) E 40) B
41) C 42) E 43) A 44) E 45) B
46) B 47) C 48) Certo 49) B 50) A