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2010 Oficina de Criação de Texto

TSI - Sesc Ribeirão Preto

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Resultado de oficina de criação de textos feitas pelos inscritos no pregrama TSI Trabalho Social com Idosos do SESC Ribeirão Preto.

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Oficina de Criação de Texto

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Apresentação O convite feito pelo SESC com o objetivo de ministrar uma Oficina de Criação de Texto, para estimular a leitura de diferentes autores e períodos literários para um grupo da 3ª Idade, ensejou uma rica experiência, não só de convivência mas, especial-mente, de transmissão de conhecimentos que permiti-ram a construção de um diálogo extremamente rico. A avaliação que se faz é altamente positiva pois, através da reflexão sobre os diferentes períodos literários, começando pelo Quinhentismo , passando pelo Romantismo, Realismo e Parnasianismo e suas interfaces com outras escolas, e a leitura de excertos literários ou poemas dos respectivos autores, foi pos-sível a criação, pelos participantes, de textos diferen-ciados, com qualidade, com beleza, com paixão, de forma interativa.Isso permitiu, não só a reciclagem intelectual do grupo como, também, a verticalização dos conhecimentos aprofundando conceitos extremamente importantes de convívio acadêmico. Foi, também, uma experiência muito rica da integração do grupo com a Instituição o quê demonstra não só o interesse no aprendizado da perspectiva intelectual como também o interesse no exercício da cidadania. Sob esse aspecto vale evidenciar a elevada importância do SESC preocupada em criar, alimentar e disseminar a sua elevada responsabilidade social.

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Poesias

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“Hoje estou aqui. Amanhã? Quem sabe!”EU TENHO OBRIGAÇÃO DE SER FELIZ PORQUE agora, depois de ter visto meus filhos e netos também realizados em suas vidas, como eu fui, nada mais desejo. Tudo, com as bençãos de Deus.Meu prazer é ver minha família reunida, pertinho de mim.Eu quero e posso voar alto, cada vez mais longe, com ami-gos sempre por perto.Por isso, eu tenho a obrigação de ser feliz sempre, porque posso viajar, ter saúde, mente aberta para que novas inspirações aflorem e novas poesias nasçam.

Alice B. Brocheto21/05/2010

Olhos VerdesOlhar de quem não quer nadaExpressa boa intençãoAvilta-me, enlouqueceCorrói meu coração

No abismo de seu olharDe cor verde da mataAmor que não vai acabarMas dilacera e maltrata

Contemplo silenciosamenteOlhar de poder inconsequenteSendo eu mulher imaturaE você, um delinquente

Seu olhar transparentePerplexo deste mundoFere, me deixa dementeAmo-te, acima de tudo!

Alice Baroza Brochetto09.04.2010

Esse LuarEsse luar De intenso brilho Absorvo-me a olhar Entrego-me à influência Da energia liberada Bendita obra da natureza Metamorfose de ilusões vivi Chorei!..busquei a ti... Lágrimas quentes Meu rosto contornaram Para esse luar perturbador Prostro-me em delírio Luar persistente Cria inconsequente Reações, conflitos, suspiros, Lembranças De uma felicidade passada Cambiada entre trevas e luz Neste momento que desprende amor! O tempo parou!

Alice B. Brochetto 23.04.2010

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Deusa do AmorEm meio às espumasDo mar, em uma conchaBrotou uma florAfrodite. A Deusa do amor.

Nua, insinuante, bela.Boticelli se inspirou em telaFiguras notáveisDeuses da imaginação.Pretenciosa utopia secularesIngressam recursosDo viver em conflito.Põe em xeque a condição humanaPor despertar iras tamanhasQue a deusa do amor causou.Assédio infernal aos olhos de ZeusFascínio que provocou HeraGênio do mal, ciúmes, inveja,Despeito, dor no Olimpo e na Terra.Uma grande guerra formouMas em certame de belezaA Deusa do amor, ganhou.

Alice B. Brochetto

TerraProfundo vínculo da criaçãoNão somos frutos do acaso.Ligados à sua concepção,Energia motivadora que produzEm seu seio a químicaQue alimenta, transforma, conduz.

Grande é o amorA esta Terra que Deus criouE que nos gerou.Nela andamos eretosColocamos nossos pésNeste campo magnéticoA céu aberto,Nossas cabeças pela aura do planeta,Estamos protegidos pelos anjos e santos.Bendita terra em que nascemosE que um dia, nela mesmaDescansaremos.

Alice B. Brochetto

AmizadeNo solo raízes envelhecemCom água é amortecidaSolta brotos, produz floragemA natureza da acolhida.

Contemplo neste momentoFlores nascidas no chão.Como amizades recebidasPlantadas no coração.

Enquanto a vida a conteceE o sol da manhã sai,Amizade permaneceSe fluido nela existir.

O tempo arrasta-se lentoDescrenças e desalentosDesfiguram desanimados.Por certo, a justiça de DeusEstará por pertoDe amizade serão consolados.

Cantemos louvoresElevemos braços e mãosAmizades são floresNascidas no coração

Alice B. Brochetto

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O Despertar SensorialFoi o que me ajudou a voltar para a realidade!A vida é tão cheia de luz que nos cega! Nosso olhar não aguenta! Nosso entender é pouco!Voltei aos meus sentidos!O meu pensar excessivo da tensão irônica desse mundo sumiu! Logo veio o senso para a vida normal, no aqui e agora!A culpa ...foi da saudade?... da solidão?...talvez!E porque não...Eu pensava que nossa vida inteira poderia ter sido isso ou aquilo e não foi ! Tê-lo sempre comigo...que nosso amor sempre foi maior que o tempo em seu curso sideral, como um rio a deslizar ermo em águas brandas mas, logo tudo foi para o espaço sem fim!Estive num lamentar como doida a procurar palavras de alguém que me confortasse.Entendo agora! Os desígnios são reais; a vida não vale a pena ser vivida com dor. Aqui os cor-pos ficam mas as almas se vão!Quando despertei, abriu a possibilidade de permitir novas reações de dentro para fora!Minha inspiração de poeta, que acreditei já apagada, despertou com louvor! Aleluia!

Alice Baroza Brochetto23.04.2010

“Eu me permito hoje. Amanhã? Quem sabe!”EU TENHO OBRIGAÇÃO DE SER FELIZ PORQUE eu existo.Porque sou capaz de pensar por mim mesma, sou capaz de escolher meu próprio caminho.Por que a vida foi boa para comigo, deu-me dois filhos sadios e inteligentes, um com-panheiro ético, honesto e leal.Porque tenho amigos e con-tinuo a fazer amigos.Porque gosto de escrever.

Carmen Lúcia de Souza21/05/2010

O Que ImportaVocê existe. Isto é o mais importante para mim...Pouco importa se você vive distantePouco importa, se você esqueceu os momen-tos doces, ternos, puros...Só importa que você existe...No céu, nas estrelas, no sol que me aquece a cada manhã, no orvalho que a noite deixa na natureza, na música que embala os sentidos, na criança que brinca serena...Você existe, e isto basta para eu ser feliz!Você existe...e eu... Eu amo você!

Carmen Lúcia09.04.2010

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Amor de PerdiçãoNo ébano profundo dos olhos deleNa cor de canela de sua peleEla se deixou ficar...Pudor, inocência, as amarras...Perdeu no calor do abraço.Medo, pejo, decênciaAo fogo do beijo entregouSucumbiu, transcendeu, na ânsiaDo amor maior e total.Ah! Estouvada juventudeQuis ser ele, deixou de ser elaPara amar-se com sofreguidão e arrebatamento.Louca...loucaTudo foi um enganoLedo engano!Exangue, ferida, desiludidaEmergiu do sonho destruídoNão conseguiu se amarPorque só conseguia mesmoEra amar aquele homemSim, idealizado, mas...Não verdadeiro!.

Carmen Lúcia16.04.2010

Eu SouEu sou o mar...Eu sou areia branca e macia, onde seus pés vão pisar;Eu sou a onda revolta que se quebra com violência na rocha dura e fria;Eu sou o azul do horizonte que se funde com o mar;Eu sou a água morna e salgada que vai banhar seu corpo nu;Eu sou a jangada de esperança que segue mar adentro;Eu sou o pescador rude, mas que respeita quem lhe dá o alimento;Eu sou a água viva invisível, quase bela, mas que queima a pele;Eu sou a mulher que clama de desejo pelo seu homem;Eu sou tudo, eu sou nada...Eu vou ser sempre, e tão somenteAquilo que você quiser.

Carmen Lúcia23.04.2010

EnganoAntes, tê-lo eu queriaUm medo insanoImpedia...Você era para mim, arcano.

Na insignificância terrenaDo meu serEntreguei-me serenaAo seu bel prazer.

Enterrada foi a vidaSem sentido foi a lutaSobrou o cansaçoDe todo este ranço.

Hoje careço d’ausênciaDe sua presençaSonho? ... desistênciaAmor? ... indiferença.

Carmen Lúcia23.04.2010

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AmigoAmigo não cobra... doaAmigo não pergunta ... escutaAmigo permite ... não julgaAmigo incentiva ... não menteAmigo silencia ... mas diz com o olharAmigo não só empresta o lenço ... mas se comove juntoAmigo perdoa os defeitos, as falhas.Por que?Porque é amigo.

Carmen Lúcia14.05.2010

“Viveremos HojeO Amanhã Não ProcedeCom A Alma Liberta”EU TENHO OBRIGAÇÃO DE SER FELIZ PORQUE ser feliz é privilégio de poucos, imprenscindível. Se as dificuldades chegam sem avisar ou pedir, eu digo: e daí? Quando não é possível mudar, aceito.O quê hoje parece um pesadelo, o tempo poderá transformar em sonho amparado na esperança.Nunca me deixo levar por correntes de incerte-za; tento conquistar o equilíbrio ajustando o emocional sem qualquer contestação negativa.E é com este trato e de braços dados com a paciência que eu tento ser ainda mais feliz.

Célia Silli21/05/2010

Versando Com Gonçalves Dias“Debruçada nas águas d’um regato”“A corrente onde a bela se mirava”Daria um pôster, para um belo retratoA chuva da cascata a alvejava!

“A voz do meu amor move teus passos”“Com mimoso tapiz das folhas brandas”Tocam teu rosto no som dos compassos...Quando dormes nas redes das varandas!

Tal qual o vento que a folha frisa“seja vales ou montes, lago ou terra”“correm perfumes no correr da brisa”

Do outro lado vejo a cordilheira...Romantismo, semântica da era,Onde canta o sabiá laranjeira!

Célia Silli09.04.2010

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Lenda do EncantamentoExaltar a graça dessa donzelaA quem deveras, muito me encantaSeu pisar leve a conduzAos jardins em meio à clarinadaE faz do meu ser seu escravo!

Ela nem sequer suspeitaQue um mal ruidoso me oprimeNão a culpo, a culpa é só minhaQue vive nessa cadência inseguraSoluçando por esse lúgubre frenesi

Ouço sons de risos cristalinosVindos de meu lado opostoMas existe o vento, ainda mansoA me açoitar, contínuo e distanteAtrelados aos ecos dessa inibição

Velhos tempos! Jaz a me lembrar...Acordes na redoma do silêncioNessa noite sonsa, quase abstrataAntagônico da renúncia e lamentosVisualizando miragens e tormentos

Eu sou hoje aquele pássaroPerdido em meio à florestaQue não mais canta, solfeja murmúriosRecebe a brisa suave e acolhedoraSoluçando a percussão ainda me resta!

Célia Cilli23.04.2010

Amigos de InfânciaApós a passagem das nuvens cinzen-tas e aquela chuvarada, dois garotos sentados na calçada, bem rente à sarjeta, viajavam nos seus barquinhos de papel.

A enxurrada dava ênfase à fantasia e os meninos desfilavam dentro dessa magia.

Naquele tempo, o mesmo tempo que os empolgavam, também os faziam jo-vens. Eram assíduos na escola, depois no trabalho e nas determinações.

Penso que ambos fizeram um pacto secreto por conta da confiança mútua e de muitas lembranças, sem data.

No compartilho, havia muitos seg-redos, ilusões e afeto, sempre com o ritual do devido respeito. Adultos crescentes da imensa e fiel amizade.

Entre os apertos de mão e o abraço do cumprimento fraterno, mais que irmãos, os laços os envolviam e não precisavam ser de sangue, mas de amor.

Sendo assim, puderam consolidar e perpetuar o poder da palavra AMIZADE.

Celia Silli13/05/2010

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Finalizou o ProcessoNesse fantástico universo de ideias há um processo delegado aos racionais, extensivo a todo ser vivente. É quando termina a viagem derradeira.Ela pode ser súbita, lenta ou sonolenta, sem sonhos, só a realidade dessa temida incógnita que até hoje permanece irredutível.Não há definição convicta, somente suposições: poéticas, religiosas muito conhecidas nas ocasiões da dor, da mágoa e até mesmo em grandes sagos; é quando a inspiração é ainda bem maior!Pode-se bloquear a chegada, mas a par-tida é impossível. Dela, ninguém foge. Pode ser fria, morna ou quente e até inconsequente o fator conclusivo: não tem choro nem vela, o quê foi meio não mais será fim.De lá, nada mais saberemos; daqui, resta ainda o espólio, a lacuna a eterna lembrança numa chama intensa que in-comoda mas, o grande aliado, o tempo, encarrega-se de dar baixa nessa chama desse desfecho.

Célia Silli30.04.2010

Esperança ePerseverançaBem gravado ficou na sua memória as perguntas e as respostas.Confiante nas palavras sábias de uma linda fada, obediente, pacífico espe-rava. Havia nele a chamada energia positiva na qual ele acreditava.Enquanto isso, o tempo passava. O garoto solitário não brincava e também não chorava, apenas suportava.A esperança com ele compartilhava no acordo firmado com sua madrinha, mantido como um “fio de bigode” imaginário.Continuou firme, sempre com o mesmo propósito, mas as folhas que o vento derrubava rolavam pelo chão e, aí, aconteceram as mudanças.Nessas viagens, a miragem junto dele questionava: será que um dia ela ainda vai me achar? Sem titubear pensou que, quando crescesse, usaria calças compridas e por certo continuaria com o trato secreto.Contudo, lá no fundo, ainda areditava que um dia ainda poderia assistir aos palhaços no circo vestindo apenas bermudas e podendo deixar à mostra aquilo que, durante longo tempo, fora segredo.Ele continuava esperando, perseveran-do na sua crença.

Célia Silli26.04.2010

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“Quero falar com Deus mas não quero morrer. A vida é muito boa”EU TENHO OBRIGAÇÃO DE SER FELIZ porque a felicidade está em minha casa, no trabalho, nas ruas. Porque eu tenho saúde e amigas. Porque na minha idade, descobri que ainda posso aprender muito, viajar, ler Machado de Assis e fazer poemas

Divina21/05/2010

ViagemSão Paulo, grande Capital onde gente do mundo inteiro vem tentar a sorte. Onde um dia, um homem valente, com a espada em punho, gritou Independência ou Morte.Descendo a Serra do Mar, eu acho um encanto, vejo grandes portos, São Sebastião, Ilha Bela e venho beirando o mar até chegar em Santos.Campinas, cidade de Carlos Gomes. Cidade de muitos esportes. De homens que ajudaram o Presidente a desenrolar o “grande pacote”.Pirassununga, ouço um barulho no ar e meus ouvidos não se enganam. É a Base Aérea e assisto à chegada da Esquadrilha da Fumaça ou nosso avião Tucano.Ao lado, os laranjais e seus colhedores da cidade de Guaíra, discutindo com os patrões. Reivindicam?Venho estrada afora e vejo lá no cantinho, a pequena e velha Cravinhos.Paro lá no alto e olho à minha esquerda. Muito verde e amarelo da cana e lá está a Zanini com suas máquinas pesadas. Orgulho de nossas indústrias. Esporte Mundial, OK Patinhos e quando caminho mais um pouco, olha Sertãozinho. À direita, Brodwski, terra de Portinari, e mais à frente, Batatais, com sua igreja tombada. Um pouco mais e surge à minha frente a cidade dos belos sapatos, do couro e desponta a Franca do Imperador.Que bom ter olhos e saúde para enxergar todas as maravilhas que o Criador nos deu.

Divina14.05.2010

Sou agradecida a Deus pela minha vida”EU TENHO OBRIGAÇÃO DE SER FELIZ PORQUE gozo de boa saúde, tenho três filhos maravilhosos e tenho paz no meu coração.Porque estou escrevendo este texto dentro de uma biblioteca, lugar sagrado para mim que, através das oficinas do SESC, fui incentivada a ler muito, a escrever, a desenvolver esse dom maravilhoso de poetizar e, ainda por cima, escrever um livro. Plantar uma árvore, já o fiz.Porque aprendi a dividir o meu tempo entre amigas que conheço bem e pessoas que não conheço mas que precisam da minha solidariedade.Preciso dizer mais alguma coisa? Eu sou feliz.

Elisa Alderani21.05.2010

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Leitura RomânticaPreparei um leito de cambraiaCálido como o bogari perfumadoAo lado da frouxa luz da alabastrinaQue lambe tua lembrança voluptuosa...Aparecem assim teus contornosTão desejados pelos meus lábios mornos.

Canta para ti a cavaquinhaNo delírio em tua esperaSinto tua presença na tua ausênciaMas a brisa da manhã logo me acorda!Foi só um sonho que passou, sem voltaNão me escutas, então te clamoOh! leito inútil preparado com perfumeDo bogari, eu sou aquela flor que espera Um doce raio de solQue me dê vida!

Elisa Alderani16.04.2010

PalavrasVejo a carta pousada sobre a mesaComo uma rosa branca, perfumadaMas quando ela chegou, não foi surpresaPois já sabia, mas fiquei transtornada.

São palavras e assuntos repetidosSempre querendo dizer tudo ou nadaCom meus olhos de lágrimas contidosDeixando o coração na encruzilhada.

À água do passado é remexidaSão palavras, crítica doloridaCaindo como pedras em minha vida.

Não merecias a flor, o renascerDe um dia perfumando o seu jardimDe repente murchou, no florescer!

Elisa Alderani 07.05.2010

SonhoNeste silêncio o coração acordaSenti no peito palpitar de novoEncontrar o amor no meio do povo...Voava pendurada numa corda.

Eu sonhava e docemente falavaOlhando nos seus olhos com carinhoE devagar me introduziu no ninhoCom amor nos seus braços me entregava.

Mas o tempo passou e foi mudandoQantos defeitos o amor superavaMas as mágoas no caminho aumentando.

Sua intolerância me deixou feridaDe palavra em palavra, não esperavaQue a amizade querida fosse perdida.

Elisa Alderani07.05.2010

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Meu Pai PietroForte como uma pedra. Era meu pai um homem simples, nascido em lugarejo pobre. A família era numerosa e quase ninguém podia estudar. Apenas um irmão dele tinha conseguido este feito. Meu pai cuidava do campo e tanto amava a natureza que se tornou um bom jardineiro. Tão bom, que foi convidado a fazer um jardim de um famoso professor de Milão. Lá, conheceu minha mãe que trabalhava para ele, como governanta. Fic-aram morando lá mesmo, naquele imenso e bonito jardim, onde também ficava a casa do Professor. O jardim ia crescendo, ficando sempre mais bonito pelos cuidados e capricho de meu pai que harmonizava as cores das flores com os canteiros e o verde das árvores das mais variadas espécies. Havia muitas roseiras, gerânios, gérberas, hortências azuladas e rosadas e pés de cerejeira que, na primavera floresciam de branco e pareciam cobertas de neve. Meu pai andava todos os dias por entre os canteiros e eu tenho certeza que ele conversava com as flores e elas respondiam ficando cada vez mais exuberantes. Ele não permitia que se arrancasse nenhuma delas, mesmo que fosse pedida uma única. Tudo era cheio de encanto.É assim que lembro da minha infância. Talvez, aquela beleza infindável tenha me tornado poeta desde sempre.Meu pai era lindo. Tinha um perfil greco-romano, olhos cor de amêndoa e de uma doçura sem igual. Não havia estudado mas era de uma sabedoria própria dos puros de coração. Amava a família e mais

ainda, minha mãe. Imaginem, ele tinha ciúmes dela. Talvez porque ela tenha tido a chance de estudar. Era professora.Eu amava meu pai, apesar de ele gostar de uma bebidinha e minha mãe, coitada, sofria muito por isso. Lugar pobre, longe do centro, casa isolada, muita neve no in-verno. Quantas vezes ela não foi buscá-lo, encontrando-o dormindo sobre a neve.Acho que só depois de adulta, entendi o porquê dos desentendimentos entre eles. A diferença cultural às vezes gritava alto e não permitia um diálogo fácil. A fua dele era a bebida. No entanto, isto nunca tirou-lhe o mérito de bom homem.Agradeço até hoje o legado que ele deixou. Para mim, ficou o exemplo de um homem sensível, que me amava, amava as flores e me ensinou a olhar a natureza de forma que eu pudesse sentir a sua beleza em toda a plenitude.Ele me ensinou a ser poeta.

Elisa Alderani

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As Formigas Um Símbolo De PerseverançaO sol já estava alto no céu quando Sofia passou na mesma trilha, no bosque que todo dia percor-ria sozinha para chegar à escola do seu bairro. Ela conhecia cada pedra daquele caminho, apesar de caminhar apressadamente.

Ela observava atentamente o percurso porque já havia tropeçado e caído, machucando os joelhos que ficaram doloridos por muitos dias.

Sofia gostava de observar as florzinhas ao lado da trilha, no meio do verde da grama que, exuber-ante as escondia nesta época de primavera.

De repente, alguma coisa chamou sua atenção: eram formigas pretas, enfileiradas, andando rapi-damente carregando pedacinhos de folhas verdes até um pequenino buraco.

A menina ficou encantada olhando o trabalho das formigas e, observando melhor, percebeu que uma delas era muito menor e mais fraca que as outras; ela pegava seu pedacinho de folha mas, de vez em quando, o perdia. Cada vez que isso acontecia ela voltava e o pegava de novo segurando, talvez, com mais força e recomeçava sua caminhada para chegar à sua casa, seguindo as companheiras. Sofia esperou agachada, olhando curiosa, até a formiguinha chegar ao seu destino e admirou-se com a persistência dela. Percebeu que além de laboriosas eram, também, previdentes. Neste dia, talvez tenha chegado um pouco mais tarde à escola, mas, com certeza, teria uma linda história para contar.

Elisa Alderani19.03.2010

“A paciência e a

felicidade caminham juntas”EU TENHO OBRIGAÇÃO DE SER FELIZ porque sou filha do Deus Perfeito. Porque vivo mergulhada dentro da infinita beleza do universo, no per-fume que a mãe natureza oferece, no aconchego da primavera ornamentada pelas cores do arco íris.

Glória Guimarães21/05/2010

ConstânciaO colibri sussurra aos pássaros.A gruta de dourado estioBrilha e fulgura.Pompas, não vivesNa voz dos ventos, no chorar das aves.Eras a Glória,constante amor,Beija-flor! Tu dormes,no entanto!Do criador dos seres subirá a alma.

Do cajamanga a flor entreabertaA brisa da manhã sacuda as floresNa floresta, os pássaros esquecidosComo um desterro; o poeta errante,A terra de aroma cheiaRespira- alma inocenteA vida –um hino d’amor

Oh! Dias da minha infânciaA constante mão acariciaLivre filhos da montanhapés descalços, risonha manhãAs ondas beijando a areiaatrás das asas ligeirasDas borboletas azuis

Glória Guimarães09.04.2010

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InspiraçãoTu não sabes que é sertãonesta dourada prisãocala-te bardo dos bosquesa rosa assim respondemolha-te a fria geadana cantilena loçãodepois cadáveres de rosaa valsa vertiginosaDeus ao chão amarrou.Não és livre, descansaa virgem te balança enquanto dormes nuateto, cristal, abrigo, vaso, estátua ,pedrafeliz és tu primavera, chuvas ensopadasse aurora fora seu Deuszombarias agora ,menestreis passarinhosdelírio, tu não sabesbeijos,adálias, líriossem as auras do sertãoas praias ocultam neblinaoceano, condor, o mar, sulco, tempo, cabeça, sementedesfralda igualdade nação.

Glória Guimarães16.04.2010

AmizadeAmizadesinceridade sentir,sono sem sonobom prazer de vida.Amizade é como hortatem que ser sempre irrigado.Confiança a gente tem saudadetem lembrança de alguma coisaque o outro fez,falou ou sorriu.Amizade é um tesouroimplantado entre duas pessoassem prejudicar um ao outro.Na sua ausência é como a árvore no meio da campinaé encontro de duas almasbucam o mesmo horizonte.Amigo vem da amizadeé coisa de se guardar dentro do peitodesde a infância com relacionamentosalvador da alma. Amizade é como uma ovelha no rebanhoveias da Terraforte que abarca o Universo.Sustenta raizes da inteligênciaAlimenta o Ego-explosão.É puro viver de alegria.

Glória Guimarães14.05.2010

AlcunhaDobrada ao jeito tranquila escreveardente torce a ampla roupagemazul-celeste,formosa efígiequem dera que sintas como um rubina dança serena, santa vida

corri as dores, flor perfumadaSem pena de mim tu valsavasNão mintas eu vi, de ledo amo

Estrela, gentil carmim, não negues sirva-mesem pena, atenua, estrela, pálida

Assim para ouvir capaz de ouvirver o sol, saudoso e em pranto,abro as janelas pálidas de espanto.

Glória Guimarães14.05.2010

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A ÁrvoreNo deserto, uma árvore errante procura fazer graça. À sombra dela, um leito solitário sonhando e acordando.Ele é a semente solta, que salta, que solta risada de alívio de olhos aber-tos- doce ilusão. Sonha através da engenharia genética. Cacos agregando ao solo produz leite, depois morre. E olha o milho! Produz toxinas que matam os insetos , possui vida.Como as plantas, a terra, os animais,o sangue corre nas veias, a seiva corre dentro das árvores, é parte do solo, é parte de nós .O orvalho, as ervas, a montanha rochosa fazem parte da família, o múrmurio das águas é a voz do Pai.Tudo forma em todos os seres como um Deus da mata. E os deuses atuam dentro de suas funções de forma integrada e harmoniosa.A Terra ensina as sementes das plantas a viverem graças à energia, à boa energia. Nós, ficamos aqui no dígito da inteligên-cia complexa e sábia.As árvores a cada dia renovam-se com-pletamente requintadas, sensibilizadas, observa-se um sentimento de reverência à MAE NATUREZA.Os galhos balançam na tempestade com maior alegria, o campo floresce, a floresta oferece uma misteriosa relação entre o homem e as plantas.As flores compreendem a força que gera o encontro da Natureza e o homem. A palha, o trigo, a erva daninha, toda a vegetação e até as pragas, a chuva, o Sol, são todos emblemas sagrados; símbolos da sabedoria e misericórdia que faz com que o homem seja homem.

Glória Guimarães21.05.2010

Estou completo e feliz aqui e agora. Depois, a Deus pertence.”EU TENHO OBRIGAÇÃO DE SER FELIZ PORQUE tenho que contagiar aqueles que comigo convivem, pois a felicidade é a mola propulsora do nosso bem estar e de nossas realizações plenas.

Porque este estado de espírito nos pos-sibilita, com serenidade, transpormos as adversidades e obstáculos.

Porque estar feliz nos ajuda a evitar males do corpo e da mente.“A sabedoria é a senhora do Universo e, a felicidade, sua espinha dorsal. Pródiga é a nação cujos cidadãos, em sua maioria, são felizes.”

Marco Antonio21/05/2010

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Meus Amores Em seu caminho, poucas donzelas passaram e, seu envolvimento, cândido com todas foi, não se descurando da sinceridade. Guardou em si e, consigo, de todas os traços e trejeitos por mais sutil que fossem. Umas, inesperada e furtivamente povoaram sua vida e, da maneira mesma que surgiram, foram-se. Outras, poucas, engalanaram seus pensamentos, sonhos e coração por lapso considerável. Sua estirpe, tez, meio e “modus vivendi” constituíram, mor das vezes o motivo dos desenlaces. Algumas, que muito lhe gostavam, tiveram que arrostar descaso de afins e sarcasmos de pretendentes. Não se tem conta das ocasiões em que o mancebo, não por pusilanimidade, mas pelo coração lancetado por a quem amava era submetida, dela se afastava. Umas das, quiçás, a derradeira donzela que o amou... Um lírio que, no feminino, empresta-lhe o nome: graciosa, meiga, prendada não só dos afazeres domésticos, mas inclusive, nos estudos; tão jovem quanto o protagonista, estatura mediana, pele da cor do jambo, olhos e cabelos e rosto semelhantes à Iracema, enfim, um anjo que Da Vince gostaria de ter colocado em uma tela, aportou em sua vida e, manhã, tarde e noite se amaram. Por alguma indiscrição, deixou transparecer-se e, por sua ousadia: “Ora, ora! Por que te deixas seduzir por certa gente!” A despeito de ter passado a ser vigiada e admoestada pelos seus, deu de ombros e continuaram a namorar. Um dia, no entanto, no seu percurso de casa à escola, namorando; qual a um cometa, surgiu Elias, não o prometido, mas um dos responsáveis pela vinda dela ao orbe, deixando-os pasmos, que ríspido, ali, sentenciou o cabo àquele idílio. O homem tem o poder de fazer e desfazer muitas cousas mas, não o condão de, sequer, perturbar o que vai n’alma e inscrito nos corações, que fora de seu alcance, autoridade, e ditames palpáveis, continuam e continuarão... mais entrelaçados que nunca. A vida prossegue. Ele, num cantinho sagrado, secreto, só do seu saber, de toda plenitude do seu ser reservou espaço indevassável e imaculado para ela que, já convidada por Ele, em seu seio está e, por certo, o seu bem que, a despeito de desposado outra a quem respeita, estima e quer bem, pelo desvelo consigo e, prole, num porvir despojado de sua carcaça terrena, para todo o sempre, anseia religar-se a ela.

Marco Antonio23.05.2010

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IolandaDeus!!! Quanto me alegreiPor ao meu lado tê-laEra como apalpar ‘strelaNão te admires... sonhei!

Arquitetei apoderar d’abóbadas celestesE, na condição de bardo,C’ o esforço hercúleo de membrosIgualmente de coração e neurosAlcei vôos indescritíveis, incontestesNeles pensei realizar o fado

Vi-te radiante p’lo ingenteLabor para ti possuir.Mas, pelo batismo controversoSó paralelos podemos ir.Não oramos no mesmo terço

Assim, com o pensar em mimE, eu, com o meu em tiAndamos mui emparelhadosAmando-nos, ardentemente.Sabendo, magoados, tristementePelas ímpares e arraigadas crençasQue nosso querer chegava ao fim!

Marco Antonio23.04.2010

... Sobre A Amizade Na vida, o interesse e a necessidade do homem prendem-se à aquisição de tudo quanto concorra para a sua sobrevivência, ascensão, comodidade e bem estar. Para a aquisição destes fins, todos, indistintamente têm que dispor de meios para tal, eles são valorados proporcionalmente ao que se queira obter e, a moeda para a permuta é variável em quantia/vol-ume consoante várias premissas. No intuito da satisfação de suas necessidades e aspirações, em princípio, o homem se contenta, momentaneamente, mas, para atingir a plenitude e estar feliz – o que sem-pre almeja – há que isto atinja o seu cerne, o coração e mente e aí não se comporta o mensurável em pecúnia. Homem sensato! Coloca em destaque na sua vida o que, de coração, o atenda em quaisquer situ-ações ou ocasiões, principalmente nas de agruras e carências, quer sejam ou não, rotineiras; um ombro fraterno, uma admoestação constru-tiva, um óbolo, um ouvido disponível a escutá-lo nos instantes de crise, enfim um abençoado que, a despeito de não ser raro, não abunda. Por isso, o homem na bus-ca de angariar o bem supremo – a amizade – despoja-se de si mesmo, dos seus bens e, de sua casca, para aproximar-se e/ou ter um A-M-I-G-O.

Marco Antonio14.05.2010

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DelinhaVia-me em tiFora tua canduraAltivez e belezasCorporal e d’alma

Igualmente, a todos os paisAntevi um amanhã alegre eRisonho, por e para ti

Cria poder saborearOs mais lindos sonhosQuimera!

Tão cedo nosso Pai te chamouIncontido chorei, revoltei-meAntes...

Hoje, genuflexo, peço clemênciaEgoísta fui!As jóias são de todos!Do Senhor, mais ainda.

Marco Antonio16.04.2010

O Convite Os anos de sua existência, as dezenas já não se podem contar numa das mãos, têm que surrupiar dois outros, da outra. Ainda não conseguiu sacudir o pó que os janeiros lhes colocaram na cacunda. Do mesmo modo, tem imenso trabalho em se colocar nos dias de hoje, no burburinho hodierno. Fica meio coxo nas reuniões festivas e sociais. Os quê não são de sua casa veem-no como “fora de esquadro”, taciturno ou que já haja engolido um príncipe. Sabedor do que representa, nem sabe, ao corrente o quê é de si para consigo mesmo, o seueu no tempo. Furta-se de comparecer a muitíssimos encontros e eventos. Segregando ao leitor, digo que de muito para cá, uns trint’anos, a perda de uma pérola de sua prole, certamente contribuiu para ele ser assim, ensimesmado. Já indagam que muito rodeio ocupando espaço e tempo e o assunto, nada. Ei-lo: um moço que ele preza e, de sua família, acaba de atingir a idade da razão e, informal e proto-colarmente, convidou-o e à sua família para pomposa e festiva comemoração da efeméride. Cientificou-lhe o seu con-tentamento ensejando-lhe a realização de todos os seus sonhos e que sua família, exclusive ele, já exposto na ladainha, com muito gosto e satisfação, comparecerá à festa.

Marco Antonio30.04.2010

“Obrigada Senhor, por mais um dia.”EU TENHO OBRIGAÇÃO DE SER FELIZ PORQUE estou com saúde, tenho minha família, uma casa para morar e minhas amigas.Porque ainda quero e vou fazer muitas coisas que descobri ser capaz somente agora, como por exemplo, escrever. Estou tendo a oportunidade de criar, de fazer poesias, de falar através das letras e ainda vou aprender muito mais porque voltarei a estudar.Porque quando escrevo, sinto-me feliz.

Maria Dolores dos Reis Masson25/05/2010

O AmorO amor é lindo quando a gente ama e é correspondido.É lindo como o raiar do sol, o clarão da lua cheia e as estrelas.Quando a gente ama os olhos brilham de alegria. O coração bate forte no peito.O amor é como um jardim florido nas manhãs de primavera. É lindo como as ondas e a brisa do mar em uma tarde de verão.O amor faz bem para a alma e o coração.

Maria Dolores dos Reis Masson09.04.2010

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Visão RomanticaA voz do meu amor move teus passosComo prece de amor, e a brisa da manhãO azul do céu e o brilho das estrelasNão é maior que meu amor por você

Nem o perfume das floresNo jardim do amor veio florescerAs folhas das árvores movendoDoce raio de sol que me dá vida

No cair da tarde os pássarosVão para seus ninhos e seus filhotesO sol se esconde atrás dos montesE a lua aparece do céu

Maria Dolores Reis Massom16.04.2010

VocêSimples como a naturezaAlegre como um dia de sol.Forte como a rochaSerenos como a brisa do mar.

A paciência está na raiz de tudo.Um dia, tenho esperanças de ser felizCantando uma canção de amor e pazO sol, no infinito do mar.

A natureza tão bela na janelaUm jardim e a rosa amarelaNa frente da casa delaOnde os pássaros vivem a cantar.

Não existe nada mais lindoQue a natureza, o amor, a amizadeO céu, a lua e as estrelasO mar e a praia para bronzear.

Sorrisos, calma, bondadePrudência, paz e bom humor.São em tudo o brando orvalhoDo tamanho do nosso amor.

Maria Dolores dos Reis Masson06.05.2010

O Pé de AlgodãoQuando um pé de algodão nasceu no meu jardim, comentei com o marido que aquilo mais parecia um pé de mamão.Para minha surpresa e alegria, ele cresceu tão depressa que logo estava dando flores. Fiquei encantada porque elas eram brancas e rosa.Chamei o marido para ver e ele confir-mou que o meu “pé de mamão” era, na verdade, um pé de algodão.Eu nunca tinha visto um pé de algodão na cidade. E, apesar de ele não gostar de muita chuva, abriu as maçãs e, generosa-mente, deixou à mostra seus fios brancos como a neve.

Eu sempre fico maravilhada com a generosi-dade de Deus.Penso muito a respeito de toda a utilização que ele tem na natureza e na vida das pessoas.O meu marido, que era farmacêutico, usava todos os dias impreterivelmente. Quantas árvores de natal não são enfeitadas com ele. E posso garantir, que ele também serve como material para os ninhos de beija-flor. Eles, sempre que precisam, vêm “roubá-los” do meu jardim.É mais uma grande obra do Criador.

Maria Dolores dos Reis Masson0.04.2010

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“Não deixe para de-pois; hoje é o dia e o tempo para se viver bons momentos.”EU TENHO OBRIGAÇÃO DE SER FELIZ PORQUE estou viva, enxergo, falo, ouço, tudo pela graça de Deus.Porque nasci em uma família unida onde todos se amam e se respeitam.Porque, apesar de não ser rica, tenho uma profissão que me dá quase tudo que preciso.Porque gosto de escrever – Deus me deu ideias maravilhosas – e de cantar – Ele também me deu uma voz bonita.O quê mais eu posso desejar? Ser feliz sempre, ora!

Wanda Duarte da Silva21/05/2010

IntertextoVelada por arminhos e cambraiasCaminha a noiva ao som das catavinasPor que se casa assim, menina?Oculta, como se monja fosse?

Não quer que lhe vejam o rostoEnevoado por lágrimas sentidasEla a outro ama e, ressentidaDeixa rolar pelas faces pérolas de alabastro.

A nave toda enfeitada de bogarisCujo aroma trescala sutilmenteE os convivas a cumprimentam gentilmenteSem saber a saga que os rodeia.

Sai da capela sobre o rubro tapizE descobre o rosto descoradoDe emoção! Pensa o convidadoDeixar o lar paterno é muito triste...

Que futuro a aguarda, senhorita?O marido risonho a fita alegrementeDe amor por mim, pensa somenteNada mais fútil, tal pensamento.

Ah! Pobre menina, amanhã senhoraVai percorrer a vida, encarar a morteFilhos terá, será sua sortePara enfrentar o mundo de vilezas!

Wanda Duarte da Silva16.04.2010

MarinaMarina me olhava...Seu olhar azul como céuSua tez macia e leitosa Parece coberta por tênue véu.Cintura fina, cadeiras amplas,Arredondadas.Cabelos doirados e sedosos

Caindo sobre os ombros com lindos cachos,Marina... uma fadaUma deusa saída do Olimpo.Um colar de pérolas a ornar O colo de alabastro de minha amadaE o seu lindo sorriso a falarDesvenda os alvos dentesQue adornam sua boca mimosaCarminada como bela rosa.Tâo encantadora e frágil.Os pés parecem ter asasTocando o solo e e ela ágilQue parece pairar no ar.Quanta beleza!E eu, diante dessa musaEmudeço e não consigoFalar-lhe sobre meu amorSó balbuciar baixinhoMarina... Marina

Wanda Duarte da Silva21.05.2010

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AmizadeSer amigo não é somente passar juntos bons momentosÉ muito mais que isso.É ser irmão nos pensamentos,Nas alegrias, tristezas, solidário.Eu me lembro de um amigoTão amigo ele eraQue quando morreu meu cãoEnterramos juntos seus corpo no jardimE choramos vendo as rosas Desabrocharem e as violetasCuriosas, até espiarem sorrateirasPara se mostrarem solidárias.Nos momentos de alegriaQuantas horas a gente viviaE era como se fosse uma só família.Hoje, com o passar do tempoAinda revejo alguns que ficaramE alegremente nos recordamosDaqueles tempos que não voltam mais.Feliz o homem que possui amigos.

Wanda Duarte da Silva21.05.2010

Perseverança

Todos os dias, Roberto está no mesmo local com sua gaita, sua roupa rota, porém, sempre limpa. Sua deficiência não o torna triste. Tem à sua frente uma lata onde os transeuntes colocam uma colaboração.

Ele nem olha para quem faz a doação; fica tocando uma música, às vezes baixinho, quando há barulho à sua volta e alta, quando tudo está calmo.

Há anos ela toca, mas ninguém nunca descobriu que música é essa. É uma melodia, talvez criada por ele mesmo.

A sua deficiência, que é múltipla não o afeta.

Ele persevera em tocar sua gaita na esperança de esquecer suas agruras.

Wanda Duarte da Silva19.03.2010

O Homem Os raios dourados vão se diluindo, sendo vagarosamente presos pelas garras da noite. O lusco- fusco faz ficar mais nítido o vulto de um homem, elegantemente vestido com um terno preto; traz nas mãos uma bengala crave-jada de pedras e prata, estava defronte a uma cruz no cemitério. Solenemente lê em voz alta o quê está escrito na lápide coberta de musgo. De vez em quando, cutuca o musgo com sua bengala para ler melhor. Fala consigo mesmo decifrando o epitá-fio: Nasci... Cresci... Vivi? Morri?... Não!

- Mesmo dentro dessa cova escura estou bem vivo, rindo dos imbecis com os quais me rela-cionei na terra. Há... Há... Há. O homem acaba de ler e fica cisman-do, enquanto corujas começam a fazer ronda “alegrando” a noite com seus lúgubres piados. A noite tomou conta da paisagem, avistam-se difusamente árvores, santos, cruzes, pirilampos e, lá nos confins, um fogo fátuo. O quadro é tétrico e apavorante. O homem de preto dá uma sonora gargalhada ao ler as datas no final do epitáfio: * 28.04.1920 + 06.05.2010...???!!!

Wanda Duarte da Silva06.05.2010

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“Do Fundo Do Meu Coração” Não poderia, de maneira nenhuma, encerrar esta oficina sem deixar registrado o meu carinho e a minha admiração por vocês. Tive surpresas tão gratas que ficarão marcadas a ferro no meu coração. Alice: Poucas palavras e muitas letras. Escreve com a sensibilidade de quem tem uma vida inteira para ser vivida. Carmen Lúcia. Que bom conhecer você e poder chamá-la de amiga. Que bom! Célia: A sua garra de mãe e mulher fizeram com que eu repensasse alguns valores. Obrigada por me ajudar. Divina: Tivemos pouco tempo, mas você será sempre lembrada pela alegria e ternura. Elisa: Minha doce poetisa. Viajei bastante nas asas de sua imaginação e por isso, a conheci melhor. Por isso, a admiro. Glória: Duas vezes Glória. Uma pela quarta e outra pela sexta-feira. Escrevendo um texto tão limpo quanto sua alma. Marco Antonio: Em etrusco, significa “ines-timável martelo”, talvez por isso, os romanos o desig-nassem o deus da guerra. E esta é a lembrança que eu levarei. Um Marco Antonio forte, obstinado, mas doce como a geléia de goiaba lá das Minas Gerais. Maria Dolores: Meu presente! Saber de você, dos limites que você se empunha, e de repente lhe desco-brir escrevendo. Ah! Que presentaço. Wanda: De uma franqueza à toda prova. A sua lembrança será sempre da mulher que escreve para acordar quem dorme “em berço esplêndido”. Maravilha.

Obrigada por tudo, sempre.

Eliete Cardoso Furtado

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