TST Sumulas e OJ Comentadas Juspodivm 1ed Atualizacao 2ed

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  • LISSON MIESSA DOS SANTOS HENRIQUE CORREIA

    2012

    www.editorajuspodivm.com.br

    Comentadas e organizadas por assunto

    SMULAS E ORIENTAES JURISPRUDENCIAIS DO

    NOTA DE ATUALIZAODa 1 edio para a 2 edio

  • PARTE I

    NOVAS SMULAS E OJS

    Captulo IV contrato de trabalho3.1.2. Ausncia de concurso pblico na administrao pblica indireta. Posterior privatizao. Convalidao

    Smula n 430 do TST. Administrao pblica indireta. Contratao. Ausncia de concurso pblico. Nulidade. Ulterior privatizao. Convalidao. Insubsistncia do vcio.

    Convalidam-se os efeitos do contrato de trabalho que, considerado nulo por ausncia de concurso pblico, quando celebrado originalmente com ente da Administrao Pblica In-direta, continua a existir aps a sua privatizao.

    Como visto, a Constituio Federal, no art. 37, II e 2, veda, expressamente, a contratao sem o prvio concurso pblico com base nos princpios da legalidade, moralidade, impessoalidade e publicidade. No h, portanto, aplicao do princ-pio da primazia da realidade e tampouco a possibilidade de contrato de trabalho tcito com a Administrao Pblica (art. 442 da CLT).

    A consequncia da contratao, sem prvio concurso pblico, a nulidade do contrato de trabalho. O servidor que estiver de forma irregular, na Administrao, receber apenas saldo de salrio e os depsitos do FGTS, conforme Smula n 363 do TST:

    Smula n 363 do TST. A contratao de servidor pblico, aps a CF/1988, sem prvia aprovao em concurso pblico, encontra bice no respectivo art. 37, II e 2, somente lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestao pactuada, em relao ao nmero de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salrio-mnimo, e dos valores referentes aos depsitos do FGTS.

    A recente Smula n 430 do TST trata da privatizao de empresa pblica da administrao indireta. A privatizao ocorre quando uma empresa pblica

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    adquirida pelo setor privado. Esse fenmeno tambm conhecido por desesta-tizao. Exemplos: Vale do Rio Doce foi adquirida e se tornou a empresa Vale; o banco Banespa foi comprado pela Santander.

    Na hiptese de privatizao, as antigas contrataes sem o prvio concurso sero convalidadas, pois no se exige, na iniciativa privada, o requisito do concur-so. Assim sendo, o servidor que antes estava trabalhando de forma irregular, por ausncia do prvio concurso pblico, aps a privatizao, ter todos os direitos trabalhistas garantidos.

    A seguir, dois precedentes que deram origem recente Smula n 430:

    RECURSO DE REVISTA. CONTRATO NULO. SOCIEDADE DE ECONOMIA MIS-TA. PRIVATIZAO. Na linha dos precedentes desta Corte Uniformizadora, a privatizao de sociedade de economia mista convalida contrato de empre-gado admitido, anteriormente, sem concurso pblico, inexistindo nulidade a ser declarada. Precedentes. Recurso de revista de que no se conhece. (RR-1154000-87.2002.5.09.0003, 1 Turma, Rel. Min. Walmir Oliveira da Costa, D.J. de 24/4/2009)

    RECURSO DE REVISTA. ARGUIO DE NULIDADE DO CONTRATO DE TRA-BALHO. AUSNCIA DE CONCURSO PBLICO. SUCESSO. EMPRESA PRIVA-DA. Impertinente a alegao de contrariedade Smula n 363 do TST e de violao ao artigo 37, II e 2, da Constituio da Repblica, tendo em vista que a empresa sucessora da sociedade de economia mista empre-sa privada, no se lhe aplicando a vedao de contratao por ausncia de concurso pblico. Como bem asseverou a Corte de origem, a aceitao pela sucedida da continuidade da prestao dos servios pelo reclamante, no submetido anteriormente a concurso pblico para ingresso na sucedida, con-validou o ato, no podendo posteriormente arguir a nulidade da contratao se no o fez no momento oportuno. Recurso de revista no conhecido. (E-RR-157500-70.2000.5.19.0004, 1 Turma, Rel Min. Lelio Bentes Corra, D.J. de 28/3/2008)

    Essa nova smula tambm trata do fenmeno da sucesso trabalhista, pois o novo adquirente (sucessor) assumir todos os dbitos trabalhistas do antigo pro-prietrio (Estado). Dever pagar os contratos de trabalho, inclusive dos emprega-dos admitidos sem concurso pblico.

    O fenmeno da estatizao, entretanto, inverso. Nesse caso, o Estado adquire uma empresa privada, e os empregados que antes poderiam ser contratados livre-mente, aps a estatizao, devero ser submetidos ao prvio concurso pblico, conforme art. 37, II, da CF/88. No h, portanto, sucesso trabalhista entre o suce-dido (empresa privada) e sucessor (Estado). Caso no haja realizao de concur-so aps a estatizao, os empregados estaro em situao irregular, tendo direito apenas ao saldo de salrio e depsitos do FGTS, conforme posicionamento do TST:

    Smula n 363 do TST. Contrato nulo. Efeitos

    A contratao de servidor pblico, aps a CF/1988, sem prvia aprovao em concurso pblico, encontra bice no respectivo art. 37, II e 2, somente lhe

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    conferindo direito ao pagamento da contraprestao pactuada, em relao ao nmero de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salrio-mnimo, e dos valores referentes aos depsitos do FGTS.

    Por fim, para os empregados que ingressaram com a ao judicial, antes da estatizao, e se a ao j estiver na fase de execuo com penhora de bens, no ser submetida ao precatrio previsto no art. 100 da CF/88, com base no princpio da segurana jurdica e do direito adquirido. No tocante s entidades pblicas que explorem atividade econmica (art. 173, 1, II, da CF/88), elas no se submetem ao regime diferenciado de execuo (precatrio), podendo ter seus bens penhora-dos. Os Correios, por outro lado, no esto sujeitos penhora, pois o STF1 entende que pessoa jurdica equiparada Fazenda Pblica, aplicando a ele a impenhora-bilidade de seus bens, rendas e servios. Nesse sentido, prev a jurisprudncia do TST:

    Orientao Jurisprudencial n 343 da SDI-I do TST. Penhora. Sucesso. Art. 100 da CF/1988. Execuo

    vlida a penhora em bens de pessoa jurdica de direito privado, realizada anteriormente sucesso pela Unio ou por Estado-membro, no podendo a execuo prosseguir mediante precatrio. A deciso que a mantm no viola o art. 100 da CF/1988.

    Orientao Jurisprudencial n 87 da SDI-I do TST. Entidade pblica. Ex-plorao de atividade eminentemente econmica. Execuo. Art. 883 da CLT.

    direta a execuo contra a APPA e MINASCAIXA ( 1 do art. 173 da CF/88)

    Captulo VI Remunerao

    1.9.1.4. Clculo das horas extras. Jornada de 40 horas semanais

    Smula n 431 do TST. Salrio-hora. 40 horas semanais. Clculo. Aplicao do divisor 200.Aplica-se o divisor 200 (duzentos) para o clculo do valor do salrio-hora do empregado sujeito a 40 (quarenta) horas semanais de trabalho.

    A durao normal do tempo de trabalho do empregado em geral de 8 horas dirias e 44 horas semanais. Se ultrapassado esse perodo, ter incidncia de adi-cional, chamado de hora extraordinria ou suplementar. De acordo com art. 7, XVI, da CF/88:

    So direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, alm de outros que visem melhoria de sua condio social: remunerao do servio extraordinrio su-perior, no mnimo, em cinquenta por cento do normal.

    1. RE 222.906. Essa deciso entendeu que o Decreto-Lei n 509/69 foi recepcionado pela Constituio Federal de 1988.

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    Assim sendo, o pagamento da hora extraordinria ser: hora normal acrescida de adicional de, no mnimo, 50%.

    O clculo para se chegar hora normal, para os empregados que trabalham 8 horas, feito dividindo o salrio do empregado por 2202. Para o empregado que trabalha 6 horas dirias, dever utilizar o divisor 180 (30 dias x 6 horas dirias), considerando, portanto, os dias remunerados do ms e no os efetivamente traba-lhados. A seguir a jurisprudncia do TST em que, embora os precedentes tenham sido de aes judiciais de bancrios, o raciocnio ser utilizado para outros casos:

    Smula n 124 do TST. Bancrio. Hora de salrio. Divisor

    Para o clculo do valor do salrio-hora do bancrio mensalista, o divisor a ser adotado 180.

    Smula n 343 do TST. Bancrio. Hora de salrio. Divisor

    O bancrio sujeito jornada de 8 horas (art. 224, 2, da CLT), aps a CF/1988, tem salrio-hora calculado com base no divisor 220, no mais 240.

    A recente Smula n 431 do TST traz o divisor para os empregados que tra-balham 40 horas semanais, ou seja, aqueles que, em regra, trabalham de segunda a sexta-feira com jornada de 8 horas dirias. Para o clculo da hora trabalhada (salrio-hora) deve-se dividir o salrio mensal por 200 (5 semanas X 8 horas). Uma vez encontrado o valor da hora normal, ser tarefa fcil calcular a hora extra (hora normal + adicional 50% = valor da HE). Dessa forma, alcanado o valor da hora suplementar, s multiplicar pelo nmero de horas efetivamente prestadas alm do horrio normal e acrescentar o adicional de, no mnimo, 50%.

    A seguir dois precedentes que deram origem a essa recente smula n 431:

    RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. FRMULA DE CLCULO. DIVI-SOR. JORNADA SEMANAL DE 40 HORAS. A partir da edio da Constituio de 1988, o divisor a ser utilizado no clculo do salrio-hora, na hiptese de durao semanal do trabalho de quarenta e quatro horas e com jornada de oito horas, o 220. Para o empregado que labora quarenta horas sema-nais, o divisor aplicvel 200. Recurso de revista conhecido e provido (TST--RR-1.238/2007-028-12-00, Ac. 3 Turma, Rel. Ministro Alberto Bresciani, DJ 27/6/2008).

    RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. DIVISOR. A Seo Especializada em Dissdios Individuais I, uniformizadora de jurisprudncia, j consagrou o en-tendimento de que, com a instituio da carga de 44 horas semanais pela atual Constituio Federal, o divisor passou a ser 220. Para os empregados que tra-balham 40 horas, como na hiptese, deve ser utilizado o divisor 200. Recur-so de revista a que se d provimento (TST-RR-2.471/2005-007-12-00, Ac. 5 Turma, Rel. Ministra Katia Magalhes Arruda, DJ 20/6/2008).

    2. O divisor 220 ocorre em razo de durao de 44 horas, multiplicadas por 5 semanas de trabalho.

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    Ademais, o clculo desse adicional deve ser realizado sobre a globalidade sa-larial, ou seja, as horas extras so calculadas com base na hora normal, acrescida de adicional noturno, de insalubridade, de periculosidade etc., conforme previsto na Smula n 264 do TST3.

    Por fim, caso o salrio seja pago por produo ou comisso, o empregado re-ceber apenas o adicional de 50%, pois a hora trabalhada ser paga com a produ-tividade. Nesse sentido, prev a jurisprudncia do TST:

    Smula n 340 do TST. Comissionista. Horas extras

    O empregado, sujeito a controle de horrio, remunerado base de comisses, tem direito ao adicional de, no mnimo, 50% (cinquenta por cento) pelo tra-balho em horas extras, calculado sobre o valor-hora das comisses recebi-das no ms, considerando-se como divisor o nmero de horas efetivamente trabalhadas.

    Orientao Jurisprudencial n 235 da SDI I do TST. O empregado que recebe salrio por produo e trabalha em sobrejornada faz jus percepo apenas do adicional de horas extras.

    1.9.1.6. Critrio de deduo/abatimento dos valores relativos s horas extras comprova-damente pagos no curso do contrato de trabalho

    Orientao Jurisprudencial n 415 do TST. Horas extras. Reconhecimento em juzo. Crit-rio de deduo/abatimento dos valores comprovadamente pagos no curso do contrato de trabalho.

    A deduo das horas extras comprovadamente pagas daquelas reconhecidas em juzo no pode ser limitada ao ms de apurao, devendo ser integral e aferida pelo total das horas extraordinrias quitadas durante o perodo imprescrito do contrato de trabalho.

    O contrato de trabalho regido pelo princpio da lealdade contratual. Logo, as partes devem agir com boa f no ato da contratao, durante e no trmino do contrato. Decorre desse princpio o no enriquecimento sem causa. Dessa forma, o trabalho prestado pelo empregado deve ser, sempre, pago nos moldes ajustados. Por outro lado, os valores pagos pelo empregador devem ser deduzidos/abatidos no montante das verbas rescisrias, do contrrio ocorrer duplo pagamento e o enriquecimento ilcito do trabalhador.

    A recente OJ 415 trata da possibilidade do critrio de abatimento do valor das horas extras pagas durante o contrato de trabalho. O abatimento consiste no valor pago sob o mesmo ttulo, para evitar o enriquecimento ilcito de uma das partes. No caso das horas extras, cabe o abatimento global, ou seja, de todo o contrato

    3. Smula n 264 do TST: A remunerao do servio suplementar composta do valor da hora normal, integrado por parcelas de natureza salarial e acrescido do adicional previsto em lei, contrato, acordo, conveno coletiva ou sentena normativa.

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    de trabalho cujo perodo no tenha sido alcanado pela prescrio. No cabe ao trabalhador, portanto, alegar que o abatimento est restrito a um ms de salrio como se tratasse de compensao.

    Para tentar ficar mais claro, segue o exemplo: A sentena condena a empresa a pagar 1 hora extra por dia de segunda a sexta-feira, dando um mdia de 22 horas extras por ms (22 dias trabalhados). Nos contracheques da empresa, entretanto, dos meses de janeiro a abril, foi possvel verificar o pagamento de 10 horas extras em janeiro, 30 em fevereiro, 12 em maro e 25 em abril. Se a deduo fosse ms a ms, em janeiro, o empregado teria 12 horas extras, em fevereiro nenhuma, em maro 10 horas extras e em abril nenhuma. O empregado, nessa hiptese, teria direito a 22 horas extras. As horas extras pagas alm da condenao, neste caso, eram consideradas como pagamento por mera liberalidade. O entendimento, an-tes da recente OJ 415, era nesse sentido, porque eles utilizavam a mesma base cronolgica que a do salrio, ou seja, ms a ms, j que o salrio deve ser pago a cada ms (art. 459 da CLT). Atualmente, com a OJ 415, se o empregado fez 88 horas extras (4 x 22h) e se o empregador j pagou 77 horas (10, 30, 12 e 25 como no exemplo), o trabalhador ter direito a apenas 11 horas extras (global) e no 22 horas extras, como no clculo ms a ms. O TST, de forma acertada, entende dessa forma, com base no princpio da vedao do enriquecimento sem causa.

    A seguir alguns julgados do TST que serviram de precedentes OJ 415:

    LIMITAO DA COMPENSA O OU ABATIMENTO DOS VALORES PAGOS. I I Tratando-se de deduo de horas extras pagas a menor essa deve observar o universo do sobretrabalho quitado, sem a limitao imposta pelo critrio da competncia mensal, de modo a evitar a enriquecimento sem causa do traba-lhador. II Isso porque pode ocorrer que as horas extras prestadas num deter-minado ms tenham sido pagas conjuntamente com outras que o tenham sido no ms subseqente, de sorte que, a prevalecer o critrio da deduo ms a ms, as que foram prestadas em determinado ms e pagas no ms subseqen-te juntamente com as que ali o foram no seriam deduzidas da sano jurdica. III Recurso conhecido e provido. (TST-RR-26727/1998-005-09-00.2, Min. Barros Levenhagen, 4 Turma, DJ 24/10/2008)

    EMBARGOS. HORA EXTRAORDINRIA CRITRIO GLOBAL DE DEDU O DOS VALORES PAGOS. POSSIBILIDADE. O atual posicionamento da c. SDI no sentido de que o abatimento dos valores pagos a ttulo de horas extraordin-rias j pagas no pode ser limitado ao ms da apurao, devendo ser integral e aferido pelo total das horas extraordinrias quitadas durante o perodo im-prescrito do contrato de trabalho de trabalho. Embargos conhecidos e pro-vidos. (E-ED-RR322000-3 4.2006.5.09.0001, SDI-1, Relator Ministro Aloysio Corr a da Veiga, publicado no DEJT em 3/12/2010)

    Cabe destacar que abatimento no se confunde com a compensao, pois ela forma de extino de uma obrigao. Na compensao empregado e empregador so credores e devedores ao mesmo tempo e as dvidas esto restritas as de natu-reza trabalhista, conforme jurisprudncia do TST:

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    Smula n 18 do TST. Compensao

    A compensao, na Justia do Trabalho, est restrita a dvidas de natureza trabalhista.

    Alis, didtica a diferenciao feita pelo coautor desse livro, lisson Miessa dos Santos, ao comentar a parte de processo do trabalho, mais especificamente a Smula 48 do TST:

    No se confunde, no entanto, compensao com deduo:

    A compensao, como aludido anteriormente, ocorre quando duas pessoas fo-rem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, sendo matria de defesa, o que significa que depende da alegao do ru (reclamado), sob pena de operar a precluso, ou seja, no poder argui-la em outra oportunidade. O exemplo cls-sico de compensao diz respeito possibilidade de o empregador compensar o aviso-prvio no concedido pelo empregado, quando este pedir demisso.

    A deduo, por sua vez, matria de ordem pblica embasada no princpio do no enriquecimento sem causa, razo pela qual pode ser arguida em qualquer tempo e, principalmente, manifestada ex officio. o que ocorre, por exemplo, na hiptese de a empresa ser condenada ao pagamento de horas extras, e o juiz determinar a deduo das horas extras j pagas. Percebe-se, nessa hipte-se, que o empregador no credor do empregado, mas simplesmente j pagou parte de sua obrigao contratual. Noutras palavras, a simples desonerao da obrigao do empregador no pode ser tida como crdito capaz de gerar a compensao, tratando-se, pois, de mera deduo.

    Em resumo, a recente OJ 415 utiliza-se do abatimento/deduo dos valores globais pagos a ttulo de hora extra.

    1.6.5. Ajuda-alimentao e a possibilidade de alterar a natureza jurdica em ra-zo de norma coletiva

    Orientao Jurisprudencial n 413 da SDI I do TST. Auxlio-alimentao. Alterao da natureza jurdica. Norma coletiva ou adeso ao PAT.

    A pactuao em norma coletiva conferindo carter indenizatrio verba auxlio-alimen-tao ou a adeso posterior do empregador ao Programa de Alimentao do Trabalhador PAT no altera a natureza salarial da parcela, instituda anteriormente, para aqueles empregados que, habitualmente, j percebiam o benefcio, a teor das Smulas n 51, I, e 241 do TST.

    Como visto na Smula 241, se a alimentao fornecida habitualmente, por fora do contrato de trabalho ou do costume, integrar o salrio do empregado, configurando salrio-utilidade. Nesse caso, o valor da alimentao, uma vez confi-gurado salrio in natura, vai incidir na contribuio previdenciria, depsitos do FGTS, clculo do dcimo terceiro e 1/3 de frias.

    Por outro lado, se a alimentao fornecida com base no Plano de Alimen-tao do Trabalhador PAT , previsto na Lei n 6.321/76, no tem natureza salarial (OJ 133). Dessa forma, se a empresa aderir a esse programa, no haver

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    incidncia, sobre o valor pago a ttulo de alimentao, de contribuio previdenci-ria, reflexos em demais verbas trabalhistas ou nos depsitos do FGTS. Alis, essa lei autoriza a deduo do Imposto de Renda das empresas que adotam o PAT.

    De acordo com o art. 6 do Decreto n 5/1991 que regulamenta a Lei n 6.321/76:

    Nos programas de Alimentao do Trabalhador PAT , previamente apro-vados pelo Ministrio do Trabalho e da Previdncia Social, a parcela paga in natura pela empresa no tem natureza salarial, no se incorpora remune-rao para quaisquer efeitos, no constitui base de incidncia de contribuio previdenciria ou de Fundo de Garantia do Tempo de Servio nem se configu-ra como rendimento tributvel do trabalhador. (grifos acrescidos)

    A OJ 413 trata da mudana da natureza jurdica da parcela paga a ttulo de alimentao durante o contrato de trabalho. As regras da contratao e os direitos conquistados durante o contrato integram o patrimnio jurdico do trabalhador, com base no princpio da condio mais benfica e conforme art. 468 da CLT. Dian-te disso, caso o empregador adira ao PAT Programa de Alimentao ao Traba-lhador , a parcela com natureza indenizatria somente atingir novos contratos. Ressalta-se que nem mesmo a norma coletiva pode alterar, durante o contrato, a mudana da natureza jurdica da alimentao aos atuais empregados.

    Nesse sentido, prev a jurisprudncia do TST:

    Smula n 51 do TST. Norma regulamentar. Vantagens e opo pelo novo regulamento. Art. 468 da CLT

    I As clusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferi-das anteriormente, s atingiro os trabalhadores admitidos aps a revogao ou alterao do regulamento.

    Captulo X prescrio e decadncia 1.3.4. Contagem do prazo prescricional do contrato em curso poca da promul-gao da EC/28-2000

    Orientao jurisprudencial n 271 da SDI I do TST. Rurcola. Prescrio. Contrato de em-prego extinto. Emenda constitucional n 28/2000. Inaplicabilidade O prazo prescricional da pretenso do rurcola, cujo contrato de emprego j se extinguira ao sobrevir a Emenda Constitucional n 28, de 26/5/2000, tenha sido ou no ajuizada a ao tra-balhista, prossegue regido pela lei vigente ao tempo da extino do contrato de emprego.

    Orientao Jurisprudencial n 417 da SDI I do TST. Prescrio. Rurcola. Emenda Consti-tucional n 28, de 26.05.2000. Contrato de trabalho em cursoNo h prescrio total ou parcial da pretenso do trabalhador rural que reclama direi-tos relativos a contrato de trabalho que se encontrava em curso poca da promulgao daEmenda Constitucional n 28, de 26.05.2000, desde que ajuizada a demanda no prazo de cinco anos de sua publicao, observada a prescrio bienal.

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    Violado o direito do trabalhador, nasce a pretenso de exigi-lo judicialmente. Assim sendo, o empregado ter um determinado prazo para exigir, na Justia do Trabalho, o cumprimento da obrigao no respeitada pelo empregador. O funda-mento para a existncia do prazo prescricional encontra-se na paz social. Se no existisse a prescrio, as empresas deveriam guardar documentos eternamente, esperando que um ex-empregado, algum dia, ajuizasse reclamaes trabalhistas. Tal fato ocasionaria insegurana nas relaes jurdicas.

    O instituto da prescrio est intimamente ligado ao tempo e inrcia do titu-lar da pretenso. Prescrio retira a possibilidade de exigir um determinado direi-to em razo do decurso do tempo.

    O prazo prescricional para o empregado rural era de 2 anos, a contar do tr-mino do contrato de trabalho, conforme previsto no art. 10 da Lei n 5.889/73. Ele poderia pleitear as verbas trabalhistas de todo o perodo trabalhado, pois no havia prescrio durante o curso da relao de emprego, como ocorria para o em-pregado urbano. O fundamento para ausncia do prazo prescricional (de 5 anos) durante o contrato era em razo da pouca instruo e do isolamento geogrfico dos empregados rurais.

    Ocorre que a Emenda Constitucional n 28, de maio de 2000, alterou o art. 7, XXIX, alnea b, da CF/88, e o prazo prescricional do trabalhador rural passou a ser o mesmo do urbano: 2 anos para ingressar com a ao judicial, aps a extino do contrato (permaneceu igual nesse ponto), com possibilidade de pleitear apenas dos ltimos 5 anos, a contar da propositura da ao.

    Surgiu, assim, o conflito intertemporal para os empregados contratados antes da emenda constitucional, dando origem a vrios posicionamentos doutrinrios e jurisprudenciais. Repete-se: todas as correntes a seguir tratam dos contratos iniciados antes da entrada em vigor da EC/28-2000, pois os iniciados aps j esto sujeitos ao novo prazo.

    O primeiro posicionamento defendia a inconstitucionalidade do art. 1 da EC/28-2000, pois, ao reduzir o prazo prescricional do empregado rural, o legisla-dor constituinte derivado teria afrontado alm do art. 60, 4, IV, da CF, tambm o princpio da proibio do retrocesso social. Essa tese no prosperou. As crticas feita a ela consistiam em: a) prescrio no direito social, mas norma de ordem pblica com finalidade de paz social; b) no h direito adquirido a determinado prazo prescricional; e c) o antigo prazo prescricional diferenciado do rural afron-tava diretamente o princpio da igualdade.

    A segunda corrente, defendida por vrios doutrinadores4, e recentemente ado-tada no TST pela Orientao Jurisprudencial n 417, estabelece que a alterao

    4. BARROS, Alice Monteiro de. Contratos e regulamentaes especiais de trabalho: peculiaridades, aspectos controvertidos e tendncias. 3. ed. rev. e ampl. So Paulo: LTr, 2008. p. 504.

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    do prazo prescricional teve eficcia imediata e se aplicava a situaes em cur-so, mas os 5 anos devero ser contados a partir da entrada em vigor da Emenda (maio/2000), do contrrio haveria retroatividade da lei. Assim sendo, com base na OJ 417, somente aps 5 anos da entrada em vigor da emenda, portanto em 26 de maio/2005, poder-se-iam atingir os contratos que estavam em curso anteriores a maio/2000. Em resumo, no h prescrio total ou parcial para os empregados que ajuizaram a reclamao trabalhista at 26 de maio de 2005.

    Nesse sentido, segue uma das decises que serviram de precedente ao tema agora em anlise:

    PRESCRIO. TRABALHADOR RURAL. CONTRATO DE TRABALHO EXTINTO APS O ADVENTO DA EMENDA CONSTITUCIONAL N 28/2000. AO AJUI-ZADA ANTES DE CINCO ANOS CONTADOS DA DATA DA PROMULGAO DA REFERIDA EMENDA. A partir de 26/5/2000, por ocasio da promulgao da Emenda Constitucional n 28/2000, comeou a fluir, para os contratos de tra-balho vigentes poca, o prazo de prescrio quinquenal para o trabalhador rural pleitear a reparao de todos os direitos trabalhistas violados at ento ao longo do contrato, conforme a nova redao dada ao artigo 7, inciso XXIX, da Constituio Federal. No caso, extinto o contrato de trabalho somente aps a promulgao da aludida norma constitucional e tendo a ao trabalhista sido ajuizada em 19/05/2005, antes de cinco anos contados da data da pro-mulgao da referida emenda, no h prescrio a ser pronunciada, consoan-te os precedentes desta Corte. Embargos conhecidos e no providos. (Proces-so: E-ED-RR 62500-03.2005.5.15.0029 Data de Julgamento: 04/08/201 1 , Relator Ministro: Jos Roberto Freire Pimenta, Subseo I Especializada em Dissdios Individuais, Data de Publicao: DEJT 12/08/2011. )

    Por fim, de acordo com a OJ 271, o TST leva em conta a data da extino do contrato. Se o trmino do contrato ocorreu antes da entrada em vigor da emenda, no haver o prazo de 5 anos. Se a extino do contrato de trabalho fosse posterior EC/28-2000, estaria sujeito ao novo prazo prescricional.

    Captulo XI Direito Coletivo do Trabalho

    5. CONTRIBUIO SINDICAL RURAL

    Smula n 432 do TST. Contribuio sindical rural. Ao de cobrana. Penalidade por atraso no recolhimento. Inaplicabilidade do art. 600 da CLT. Incidncia do art. 2 da Lei n 8.022/1990.

    O recolhimento a destempo da contribuio sindical rural no acarreta a aplicao da multa progressiva prevista no art. 600 da CLT, em decorrncia da sua revogao tcita pela Lei n 8.022, de 12 de abril de 1990.

    A Smula n 432 trata da contribuio sindical obrigatria. Era chamada, an-tigamente, de imposto sindical. prevista em lei e no texto constitucional, sendo

  • SMULAS E ORIENTAES JURISPRUDENCIAIS DO TST | NOTA DE ATUALIZAO 13

    obrigatria para todos os empregados, profissionais liberais e, ainda, obrigatria aos empregadores, conforme previsto nos artigos 578 a 610 da CLT. Essa contri-buio compulsria tem natureza de tributo.

    O Brasil um dos nicos pases que ainda exige a contribuio compulsria de todos os empregados (associados ou no) e empregadores, via contribuio sindical. De acordo com a CF/88:

    Art. 8, IV. A assembleia geral fixar a contribuio que, em se tratando de categoria profissional, ser descontada em folha, para custeio do sistema con-federativo da representao sindical respectiva, independentemente da con-tribuio prevista em lei.

    O valor a ser descontado dos empregados da remunerao de 1 dia de tra-balho5. Esse valor ser descontado no ms de maro e repassado ao sindicato no ms de abril. O empregado deve ter prova da quitao da contribuio sindical, pois ser solicitada na admisso. Se no estiver trabalhando ou no tiver prova da quitao, dever ser descontado no primeiro ms subsequente ao reincio do trabalho.

    Para os empregadores, o valor cobrado ser proporcional ao capital social da empresa, e o recolhimento ocorrer no ms de janeiro.

    O rateio da contribuio sindical, cobrada dos trabalhadores, feita de acordo com o artigo 589 CLT:

    5% para as confederaes;

    10% para centrais sindicais6;

    15% para as federaes;

    60% para os sindicatos;

    10% restantes para conta especial do emprego e salrio.

    De acordo com o art. 600 da CLT, o atraso no pagamento da contribuio sin-dical dever incluir as multas. O valor da contribuio rateado entre as pessoas indicadas anteirormente, no art. 589 da CLT, mas as multas sero revertidas ex-clusivamente ao sindicato. A competncia processual para julgar as causas envol-vendo cobrana de multa da Justia do Trabalho. A antiga Smula n 222 do STJ7 foi superada com o novo art. 114 da CF/88, pois previa a competncia da Justia Comum para julgar aes envolvendo contribuio sindical.

    5. Se a remunerao for paga por tarefa, empreitada ou comisso, ser 1/30 da quantia recebida no ms anterior. Alis, quando o empregado receber salrio-utilidade ou, ainda, gorjetas, a contribuio sindical corresponder a 1/30 da importncia que tiver recebido no ms de janeiro, para a contribuio do empregado previdncia social, conforme previsto no art. 582 da CLT.

    6. O sindicato de trabalhadores indicar ao Ministrio do Trabalho e Emprego a central sindical a que estiver fi liado como benefi ciria da respectiva contribuio sindical.

    7. Smula n 222 do STJ: Compete justia comum processar e julgar as aes relativas contribuio sindical prevista no art. 578 da CLT.

  • HENRIQUE CORREIA E LISSON MIESSA DOS SANTOS 14

    De acordo com o texto da CLT:

    Art. 600 O recolhimento da contribuio sindical efetuado fora do prazo re-ferido neste Captulo, quando espontneo, ser acrescido da multa de 10% (dez por cento), nos 30 (trinta) primeiros dias, com o adicional de 2% (dois por cento) por ms subseqente de atraso, alm de juros de mora de 1 % (um por cento) ao ms e correo monetria, ficando, nesse caso, o infrator, isento de outra penalidade. (Redao dada pela Lei n 6.181, de 11.12.1974)

    1 O montante das cominaes previstas neste artigo reverter sucessiva-mente: (Redao dada pela Lei n 6.181, de 11.12.1974)

    a) ao Sindicato respectivo;

    b) Federao respectiva, na ausncia de Sindicato;

    c) Confederao respectiva, inexistindo Federao.

    2 Na falta de Sindicato ou entidade de grau superior, o montante a que alude o pargrafo precedente reverter conta Emprego e Salrio. (Redao dada pela Lei n 6.181, de 11.12.1974)

    Conforme a recente Smula n 432, a multa do art. 600 da CLT no se apli-ca contribuio sindical rural, pois houve revogao pelo art. 2, II, da Lei n 8.022/90, conforme previsto abaixo:

    Art. 1 transferida para a Secretaria da Receita Federal a competncia de ad-ministrao das receitas arrecadadas pelo Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (Incra), e para a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional a competncia para a apurao, inscrio e cobrana da respectiva dvida ativa.

    (...)

    Art. 2 As receitas de que trata o art. 1 desta lei, quando no recolhidas nos prazos fixados, sero atualizadas monetariamente, na data do efetivo paga-mento, nos termos do art. 61 da Lei n 7.799, de 10 de julho de 1989, e cobra-das pela Unio com os seguintes acrscimos:

    I juros de mora, na via administrativa ou judicial, contados do ms seguinte ao do vencimento, razo de 1% (um por cento) ao ms e calculados sobre o valor atualizado, monetariamente, na forma da legislao em vigor;

    II multa de mora de 20% (vinte por cento) sobre o valor atualizado, moneta-riamente, sendo reduzida a 10% (dez por cento) se o pagamento for efetuado at o ltimo dia til do ms subseqente quele em que deveria ter sido pago;

    O TST acompanhou as decises que j vinham sendo dadas pelo Superior Tri-bunal de Justia, conforme a seguir mencionada a ementa:

    DIREITO SINDICAL. CONTRIBUI O SINDICAL RURAL. CONFEDERAO NACIONAL DA AGRICULTURA. CNA. MULTA. JUROS. CORRE O MONET-RIA. TERMO INICIAL. ARTIGO 600 DA CLT. IMPOSSIBILIDADE. REVOGA O TCITA DO DISPOSITIVO LEGAL. Afigura-se contrasenso a anlise de tese que busca ampliar o termo inicial dos consectrios previstos no artigo 600 da CLT, pois referido dispositivo foi tacitamente revogado pelo artigo 2. da Lei n 8.022/90. Precedentes. Recurso especial de que no se conhece. (STJ--Resp-731175/SP, 2 Turma, Rel. Min. Carlos Fernando Mathias Convocado, DJ, 6/3/20 08 p. 1.)

  • SMULAS E ORIENTAES JURISPRUDENCIAIS DO TST | NOTA DE ATUALIZAO 15

    OUTRAS ATUALIZAES

    Item 1.9.3. Adicional de Transferncia

    Foi includo o Informativo abaixo:

    De acordo com o Informativo n 2 do TST: Adicional de transferncia. Inde-vido. nimo definitivo. Perodo imprescrito. Contrariedade Orientao Ju-risprudencial n. 113 da SBDI-I. A transferncia do empregado para localidade diversa da estipulada no pacto laboral, em que permanece, por largo perodo de tempo, at o fim do contrato, evidencia o nimo de definitividade da alterao e afasta, por consequncia, o pagamento do adicional de transferncia ao trabalha-dor. No caso dos autos, ressaltou-se ainda que, no obstante a ocorrncia de suces-sivas transferncias durante a contratualidade, apenas esta ltima, com durao de nove anos, ocorreu no perodo imprescrito, afastando-se, portanto, seu carter provisrio. Com esse posicionamento, decidiu a SBDI-I, por maioria, vencidos os Ministros Augusto Csar Leite de Carvalho, relator, Jos Roberto Freire Pimenta, Renato de Lacerda Paiva, Horcio Raymundo de Senna Pires e Delade Miranda Arantes, conhecer dos embargos por contrariedade Orientao Jurisprudencial n. 113 da Subseo e, no mrito, dar-lhes provimento para excluir da condenao o adicional de transferncia. TST-E-ED-RR-1345800-08.2001.5.09.0015, SBDI-1, rel. Min. Augusto Csar Leite de Carvalho, red. p/ acrdo Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho, 15.3.2012.

    No item 1.2.3.17

    Nos comentrios da Oj 379 incluir um ltimo pargrafo:

    Por fim, h intensa discusso se os empregados da Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos (ECT) so equiparados a bancrios. H dois posiciona-mentos. O primeiro deles, minoritrio, defende a ideia de que os empregados dos Correios, aps o convnio com o Banco Bradesco, em 2001, exercem ati-vidades tipicamente bancrias, portanto os empregados que executam essas tarefas devem ter os direitos da categoria, como jornada reduzida de 6 horas etc. A segunda corrente, majoritria e adotada pelo TST8, defende a ideia de que o enquadramento do empregado feito pela atividade preponderante do empregador. Logo, a atividade principal dos Correios est ligada a servios postais, ainda que haja algumas transaes envolvendo banco postal. Alis, h outros estabelecimentos que prestam os mesmos servios de bancos, como lotricas, supermercados e drogarias e nem por isso so equiparados aos bancos.

    8. E-RR-158600-77.2006.5.18.0004. Relator Ministro Horcio de Senna Pires.

  • HENRIQUE CORREIA E LISSON MIESSA DOS SANTOS 16

    Terceirizao Pg. 165Nos comentrios do item IV, foi includo um pargrafo:

    Dessa forma, para que o tomador seja responsabilizado dever figurar no plo passivo, juntamente com a empresa prestadora. Caso o empregado/terceirizado ingresse com a reclamao trabalhista apenas contra seu empregador (empresa prestadora), e no encontre bens para o pagamento dos seus dbitos, no poder, no futuro, ingressar com ao autnoma contra o tomador de servios. Nesse sen-tido, prev a jurisprudncia majoritria9 do TST (Informativo n 1):

    Responsabilidade subsidiria. Ajuizamento de ao autnoma apenas con-tra o tomador de servios. Impossibilidade. Existncia de sentena conde-natria definitiva prolatada em ao em que figurou como parte somente o prestador de servios. No possvel o ajuizamento de ao autnoma pleite-ando a responsabilidade subsidiria do tomador de servios quando h sentena condenatria definitiva prolatada em ao anteriormente proposta pelo mesmo reclamante, em que figurou como parte apenas o prestador de servios. Tal pro-cedimento afrontaria a coisa julgada produzida na primeira ao e o direito ampla defesa e ao contraditrio, resguardado ao tomador de servios. Assim, reiterando a jurisprudncia da Corte, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos por divergncia jurisprudencial e, no mrito, por maioria, negou-lhes provimento. Vencidos os Ministros Augusto Csar Leite de Carvalho, Jos Roberto Freire Pimenta e Delade Miranda Arantes. TST-E-RR-9100-62.2006.5.09.0011, SBDI-I, rel. Min. Horcio Raymundo de Senna Pires, 8.3.2012.

    Hora in itinere Pg. 217Foi includo pargrafo abaixo:

    O que o TST no admite, porm, a mera supresso da jornada itinerria. A seguir a jurisprudncia recente prevista no Informativo n 2 do TST:

    Horas in itinere. Limitao por norma coletiva. Possibilidade. vlida clu-sula coletiva que prev a limitao do pagamento das horas in itinere, em ateno ao previsto no art. 7, XXVI, da CF. Com esse entendimento, a SBDI-I, por maioria, conheceu dos embargos por divergncia jurisprudencial e, no mrito, negou-lhes provimento, reafirmando a jurisprudncia da Subseo no sentido de considerar vlida clusula de acordo coletivo que limita o pagamento das horas gastas no per-curso at o local de trabalho a uma hora diria, conquanto o contexto ftico deline-ado nos autos tenha revelado que o tempo efetivamente gasto pelo trabalhador at o local da prestao de servios fora, em mdia, de duas horas e quinze minutos. Vencidos os Ministros Lelio Bentes Corra, relator, Renato de Lacerda Paiva, Jos Ro-berto Freire Pimenta e Delade Miranda Arantes, que admitiam a possibilidade de a norma coletiva estabelecer tempo fixo para fins de pagamento das horas in itine-re, desde que constatada a devida proporcionalidade em relao ao tempo efetiva-mente gasto no percurso. TST-E-RR-471-14.2010.5.09.0091, SBDI-I, rel. Min. Lelio Bentes Corra, red. p/ acrdo Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho, 15.3.2012.

    9. H posicionamento minoritrio no sentido de que o terceirizado poder ingressar com ao autnoma, pois discutir com o tomador apenas a responsabilidade subsidiria dos dbitos. Alis, a primeira ao em nada interfere nessa segunda ao judicial, pois as partes so diferentes.

  • PARTE II

    NOVAS SMULAS E OJS

    Captulo II Competncia

    2. IMUNIDADE DE JURISDIO. ORGANIZAO OU ORGANISMO INTERNA -CIONAL

    Orientao Jurisprudencial n 416 da SDI I do TST. Imunidade de jurisdio. Organiza-o ou organismo internacional

    As organizaes ou organismos internacionais gozam de imunidade absoluta de jurisdio quando amparados por norma internacional incorporada ao ordenamento jurdico brasi-leiro, no se lhes aplicando a regra do Direito Consuetudinrio relativa natureza dos atos praticados. Excepcionalmente, prevalecer a jurisdio brasileira na hiptese de renncia expressa clusula de imunidade jurisdicional.

    Os entes de direito pblico externo podem ser divididos em: 1) Estados es-trangeiros e; 2) Organizaes (ou organismos) internacionais. Partindo dessa di-viso, passamos a analisar a submisso de tais entes jurisdio brasileira, vale dizer, se esto sujeitos s imposies do Judicirio brasileiro ou se esto imunes a esta Jurisdio.

    No que se refere aos Estados estrangeiros, a doutrina e a jurisprudncia fra-cionam os atos por eles praticados em: atos de imprio e atos de gesto.

    Os atos de imprio so aqueles praticados no exerccio de suas prerrogativas soberanas. Nesse caso, os Estados estrangeiros possuem imunidade absoluta de jurisdio, ou seja, no se submetem jurisdio brasileira.

    J os atos de gesto so aqueles em que o Estado estrangeiro atua em matria de ordem estritamente privada, equiparando-se ao particular, como o caso da

  • HENRIQUE CORREIA E LISSON MIESSA DOS SANTOS 18

    aquisio de bens, contratao de empregados etc. Nessa hiptese, a jurisprudn-cia brasileira (STF e TST) no contempla a imunidade de jurisdio. Assim, os Es-tados estrangeiros, nos litgios trabalhistas, submetem-se s decises proferidas pelos juzes e tribunais brasileiros.

    Observa-se, porm, que a imunidade de jurisdio est ligada fase de conhe-cimento. No mbito da execuo, o STF entende que o Estado estrangeiro tem imu-nidade absoluta (imunidade executria)1. J o C. TST tem entendido no sentido de que somente haver imunidade se os bens estiverem afetos s atividades diplom-ticas e consulares, de modo que, havendo bens no afetados, eles se submetero execuo trabalhista2.

    interessante registar que o tema da imunidade de jurisdio do Estado no objeto de nenhum tratado, tendo sido regulado, no mbito internacional, por normas costumeiras, cujo teor vem refletindo na doutrina e na jurisprudncia das cortes internas dos entes estatais.3 Noutras palavras, a imunidade dos Estados estrangeiros, em regra, decorre do direito consuetudinrio.

    Quanto aos organismos (organizaes) internacionais como, por exemplo, a ONU, OIT, OMC etc., o C.TST adotou entendimento diverso, no sentido de que para tais entidades a imunidade de jurisdio (processo de conhecimento) abso-luta, conforme se verifica pela orientao em apreo.

    A Corte Trabalhista justifica seu posicionamento nos seguintes fundamentos.

    O tema das imunidades das organizaes internacionais, em regra, decorre do direito convencional, ao contrrio da imunidade dos Estados estrangeiros que se embasa no direito consuetudinrio4. Em outros termos, as imunidades dessas organizaes vm estabelecidas em tratados internacionais, os quais, depois de ratificados, integram o ordenamento interno brasileiro.

    Em decorrncia disso, o Estado brasileiro tem obrigao de cumprir os trata-dos firmados, vez que so pactuados livremente pelo Brasil, sendo compromissos internacionais de carter vinculante. Ademais, o descumprimento dos tratados firmados pelo Brasil sujeita o Estado brasileiro responsabilizao internacional.

    Com efeito, estando a imunidade de jurisdio prevista em tratado internacio-nal, para o TST o organismo internacional no se submete jurisdio brasileira. Excepciona-se, porm, o caso do organismo internacional, expressamente, renun-ciar a imunidade a ele conferida. Nesse sentido, seguem precedentes do C. TST:

    EMBARGOS. INTIMAO DO ENTE PBLICO ANTES DA VIGNCIA DA LEI N 11.496/2007. CINCIA EM 24.08.2007. IMUNIDADE DE JURISDIO.

    1. STF ACO-AgR 633/SP. Tribunal Pleno. Rel Min. Ellen Gracie. DJ 22.6.07.2. TST ROMS 28200-14.2003.5.10.0000. Rel. Min. Renato de Lacerda Paiva. DJ. 26.8.053. PORTELA, Paulo Henrique Gonalves. Direito Internacional pblico e privado. 3. ed. Salvador: JusPodivm, 2011.p. 184.4. PORTELA, Paulo Henrique Gonalves. Direito Internacional pblico e privado. 3. ed. Salvador: JusPodivm, 2011.p. 189.

  • SMULAS E ORIENTAES JURISPRUDENCIAIS DO TST | NOTA DE ATUALIZAO 19

    ORGANISMOS INTERNACIONAIS. ONU/PNUD. 1. Diferentemente dos Estados estrangeiros, que atualmente tm a sua imunidade de jurisdio relativizada, segundo entendimento do prprio Supremo Tribunal Federal, os organismos internacionais permanecem, em regra, detentores do privilgio da imunida-de absoluta. 2. Os organismos internacionais, ao contrrio dos Estados, so associaes disciplinadas, em suas relaes, por normas escritas, consubstan-ciadas nos denominados tratados e/ou acordos de sede. No tm, portanto, a sua imunidade de jurisdio pautada pela regra costumeira internacional, tradicionalmente aplicvel aos Estados estrangeiros. Em relao a eles, segue--se a regra de que a imunidade de jurisdio rege-se pelo que se encontra efetivamente avenado nos referidos tratados de sede. 3. No caso especfi-co da ONU, a imunidade de jurisdio, salvo se objeto de renncia expressa, encontra-se plenamente assegurada na Conveno sobre Privilgios e Imuni-dades das Naes Unidas, tambm conhecida como -Conveno de Londres-, ratificada pelo Brasil por meio do Decreto n 27.784/1950. Acresa-se que tal privilgio tambm se encontra garantido na Conveno sobre Privilgios e Imunidades das Agncias Especializadas das Naes Unidas, que foi incorpo-rada pelo Brasil por meio do Decreto n 52.288/1963, bem como no Acordo Bsico de Assistncia Tcnica com as Naes Unidas e suas Agncias Especia-lizadas, promulgado pelo Decreto n 59.308/1966. 4. Assim, porque ampara-da em norma de cunho internacional, no podem os organismos, guisa do que se verificou com os Estados estrangeiros, ter a sua imunidade de jurisdi-o relativizada, para o fim de submeterem-se jurisdio local e responde-rem, em conseqncia, pelas obrigaes contratuais assumidas, dentre elas as de origem trabalhista. Isso representaria, em ltima anlise, a quebra de um pacto internacional, cuja inviolabilidade encontra-se constitucionalmente assegurada (art. 5, 2, da CF/88). 5. Embargos conhecidos, por violao ao artigo 5, 2, da Constituio Federal, e providos para, reconhecendo a imu-nidade absoluta de jurisdio da ONU/PNUD, restabelecer o acrdo regional, no particular.5

    RECURSO DE EMBARGOS. ORGANISMO INTERNACIONAL. IMUNIDADE DE JU-RISDIO. RECONHECIMENTO DO TRATADO INTERNACIONAL INSERIDO NO ORDENAMENTO JURDICO. Fonte de Direito Internacional o tratado nasce no ordenamento jurdico pela manifestao autnoma e soberana dos sujeitos que o celebram. pela ratificao que o tratado passa a integrar o direito in-terno, depois de aprovado pelo Congresso Nacional. A autoridade do tratado apenas mitigada, por entendimento ainda no pacificado, quando ingressa no ordenamento jurdico norma legal de direito interno, que revogue o seu contedo. Os fundamentos que nortearam o rompimento com a imunidade absoluta de jurisdio no podem ser aplicados, nem por analogia, aos orga-nismos internacionais. A anlise da origem Estado estrangeiro x organismo internacional, em face do alcance da imunidade de jurisdio, deve ter como norte os princpios de direito internacional, em especial os relativos reci-procidade e natureza da constituio do privilgio. Quanto ao primeiro, a imunidade de jurisdio funda-se no costume e, quanto ao segundo, a imuni-dade funda-se no tratado internacional de que o Brasil, em sendo signatrio, pela ratificao, tem inserido no ordenamento jurdico interno e no pode

    5. TST E-RR90000-49.2004.5.10.0019. Rel. Min. Guilherme Augusto Caputo Bastos. DEJT 4.12.2009.

  • HENRIQUE CORREIA E LISSON MIESSA DOS SANTOS 20

    descumprir. Deve ser reformado o entendimento da c. Turma que relativizou a imunidade de jurisdio do organismo internacional, em face do mandamento constitucional inserido no art. 5, 2, da Constituio Federal, que prev, no captulo relativo aos direitos fundamentais, o reconhecimento do tratado internacional. Embargos conhecidos e providos.6

    Em suma, para o C. TST, tratando-se de Estado estrangeiro, no h imunidade de jurisdio nas lides trabalhistas. Por outro lado, sendo organizaes (organis-mos) internacionais, tais entidades tm o privilgio da imunidade de jurisdio.

    Captulo II Competncia

    2.6. Competncia para execuo da contribuio social referente ao seguro de acidente de trabalho (SAT)

    Captulo XV Execuo trabalhista

    3.3. Competncia para execuo da contribuio social referente ao seguro de acidente de trabalho (SAT)

    Orientao Jurisprudencial n 414 da SDI I do TST. Competncia da justia do trabalho. Execuo de ofcio. Contribuio social referente ao seguro de acidente de trabalho (SAT). Arts. 114, VIII, e 195, I, a, da Constituio da Repblica

    Compete Justia do Trabalho a execuo, de ofcio, da contribuio referente ao Seguro de Acidente de Trabalho (SAT), que tem natureza de contribuio para a seguridade social (arts. 114, VIII, e 195, I, a, da CF), pois se destina ao fi nanciamento de benefcios relativos incapacidade do empregado decorrente de infortnio no trabalho (arts. 11 e 22 da Lei n 8.212/1991).

    O art. 114, VIII, da CF/88 vaticina que a Justia do Trabalho competente para a execuo, de ofcio, das contribuies sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acrscimos legais, decorrentes das sentenas que proferir.

    Percebe-se, de plano, que a competncia da Justia laboral, para a execuo de tais contribuies, passa pela anlise do art. 195, I, a, e II, da CF/88, que estabelece:

    Art . 195. A seguridade social ser financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos or-amentos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, e das seguintes contribuies sociais:

    I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

    6. TST E-ED-ED-RR-12100-84.2004.5.10.0020. Rel. Min. Aloysio Corra da Veiga. DEJT 12.11.2010.

  • SMULAS E ORIENTAES JURISPRUDENCIAIS DO TST | NOTA DE ATUALIZAO 21

    a) a folha de salrios e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer ttulo, pessoa fsica que lhe preste servio, mesmo sem vnculo empregatcio;

    (...)

    II do trabalhador e dos demais segurados da previdncia social, no incidin-do contribuio sobre aposentadoria e penso concedidas pelo regime geral de previdncia social de que trata o art. 201;

    Verifica-se, portanto, que a Justia do Trabalho tem competncia para a execu-o das contribuies sociais a cargo do empregador, empresa e entidades equipa-radas incidentes sobre a folha de salrios e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer ttulo, pessoa fsica que lhe preste servio.

    Em regra, as empresas tm a obrigao de recolher 20% sobre o total da folha de salrios dos empregados e trabalhadores avulsos.

    Alm desse percentual, existem dois adicionais que tambm incidem sobre a folha de pagamento.

    O primeiro a contribuio conhecida como SAT (seguro por acidente de trabalho)ou GILRAT (grau de incidncia de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho), destinado a financiar benefcios de natureza acidentria.

    Essa contribuio impe que as empresas recolham mais 1%, 2% ou 3% sobre a remunerao dos trabalhadores empregados e avulsos, a depender do risco de acidente de trabalho na empresa (art. 22, II, da Lei n 8.212/91). Desse modo, se o risco da empresa leve, deve recolher 1%, sendo mdio 2%, e mximo, 3%.

    interessante anotar que o risco verificado de acordo com a atividade pre-ponderante da empresa, e no o risco da atividade individual do trabalhador, res-saltando que, havendo diferentes estabelecimentos com CNPJ diversos, a alquota ser analisada considerando cada um dos estabelecimentos (Smula n 351 do STJ7).

    Atente-se que esse adicional incide sobre a remunerao dos trabalhadores empregados e avulsos, independentemente de estarem expostos a condies es-peciais de trabalho.

    Alm disso, importante observar que o Ministrio da Previdncia Social po-der alterar o enquadramento das empresas para efeito de adicional, com base nas estatsticas de acidentes do trabalho, apuradas em inspeo, a fim de estimular investimentos em preveno de acidentes (art. 10 da Lei n 10.666/03). Desse

    7. Smula n 351 do STJ: Alquota de Contribuio para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT). A alquota de contribuio para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro.

  • HENRIQUE CORREIA E LISSON MIESSA DOS SANTOS 22

    modo, a alquota poder ser diminuda em at 50% e majorada para at 100%, o que significa que pode variar de 0,5% a 6%, a depender do investimento feito em segurana do trabalho.

    O segundo adicional que incide na folha de pagamento o destinado a finan-ciar as aposentadorias especiais. Nesse caso, as alquotas de 1%, 2% e 3%, anun-ciadas acima (segundo a atividade de risco), so acrescidas de 6%, 9% ou 12%, a depender da aposentadoria especial dos trabalhadores, vale dizer, 25, 20 ou 15 anos, respectivamente (art. 57, 6, da Lei 8.213/91). Nessa hiptese, o adicional incide apenas sobre a folha dos trabalhadores com direito, em tese, aposentado-ria especial.

    Da anlise desses adicionais possvel extrair que ambos integram o art. 195, I, a, da CF/88, embora a orientao em anlise verse apenas sobre o primeiro (con-tribuio do SAT), sendo destinados a custear a seguridade social.

    Alm disso, o art. 114, VIII, da CF/88 enftico em conceder Justia labo-ral competncia para executar contribuies sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acrscimos legais. A expresso acrscimos legais no deixa nenhuma dvida acerca da competncia dessa Justia Especializada para a execuo da con-tribuio do SAT.

    Com efeito, havendo deciso condenatria, incumbe empresa recolher sua cota parte de 20%, acrescida do adicional relativo ao risco de sua atividade (1%, 2% ou 3%), as quais sero executadas, de ofcio, na Justia do Trabalho.

    Antes de finalizar os comentrios dessa orientao, necessrio fazer duas observaes.

    Primeira, a competncia da Justia do Trabalho para a execuo de tais adicio-nais est limitada s condenaes em pecnia que proferir ou que seja objeto de acordo judicial homologado nessa Especializada, nos termos da Smula n 368, I, do TST.

    A segunda observao diz respeito s contribuies de terceiros, ou seja, aque-las destinadas ao sistema S (Sesi, Senai, Sest, Senat, Senac, Senar, Sebrae, Incra etc.). Tais contribuies no tm como finalidade custear a seguridade social, es-tando excluda do art. 195, I, a, e II, da CF/88. Isso decorre de disposio expressa da Constituio da Repblica, ao mencionar em seu art. 240 que ficam ressalva-das do disposto no art. 195 as atuais contribuies compulsrias dos empregado-res sobre a folha de salrios, destinadas s entidades privadas de servio social e de formao profissional vinculadas ao sistema sindical.

    Assim, no estando includas no art. 195, I, a, e II, da CF/88, a Justia do Tra-balho incompetente para execut-las, por fora do art. 114, VIII, da CF/88. Nesse sentido, caminha a jurisprudncia da Corte Trabalhista:

    RECURSO DE REVISTA. EXECUO. COMPETNCIA DA JUSTIA DO TRA-BALHO. CONTRIBUIO SOCIAL DE TERCEIROS. SISTEMA S. SEGURO DE

  • SMULAS E ORIENTAES JURISPRUDENCIAIS DO TST | NOTA DE ATUALIZAO 23

    ACIDENTE DE TRABALHO SAT. Compete Justia do Trabalho a execuo, de ofcio, da contribuio social do empregador referente ao seguro de aci-dente de trabalho SAT, incidente sobre a remunerao e destinado ao finan-ciamento da seguridade social, nos moldes dos arts. 114, VIII, e 195, I, a, e II, da Carta Poltica. Por outro lado, luz da jurisprudncia desta Corte, a exao da contribuio social de terceiros, de interesse das categorias profissional ou econmica (CF, art. 149), que constituem o denominada sistema S, refoge competncia material desta Justia Especializada porquanto no se enquadra na hiptese constitucional de execuo ex officio das contribuies previden-cirias stricto sensu, assim entendidas as compreendidas pelo art. 195, I, a, e II, da Constituio da Repblica e decorrentes de condenao ou de sentena homologatria de acordo, nos termos do art. 114, VIII, da Carta Magna.8

    De todo o exposto, conclui-se que a Justia do Trabalho competente para a execuo, de ofcio, das contribuies do SAT, decorrentes das sentenas condena-trias em pecnia que proferir e de seus acordos homologados, sendo incompe-tente para a execuo das contribuies de terceiros.

    Captulo XIV Recurso

    2.4.7. Embargos para a SDI na fase executiva

    Smula n 433 do TST. Embargos. Admissibilidade. Processo em fase de execuo. Acrdo de Turma publicado na vigncia da Lei n 11.496, de 26.06.2007. Divergncia de interpreta-o de dispositivo constitucional

    A admissibilidade do recurso de embargos contra acrdo de Turma em recurso de revista em fase de execuo, publicado na vigncia da Lei n 11.496, de 26.06.2007, condiciona-se demonstrao de divergncia jurisprudencial entre Turmas ou destas e a Seo Especiali-zada em Dissdios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho em relao interpretao de dispositivo constitucional.

    A presente smula busca disciplinar o cabimento dos embargos SDI, na fase executiva, aps o advento da Lei n 11.496/07, que suprimiu os embargos de nulidade.

    sabido que, na fase de execuo, no se admite, como regra, o recurso de re-vista, permitindo-o to somente quando houver violao da Constituio Federal, como se verifica pelo disposto no 2 do art. 896 da CLT, in verbis:

    2 Das decises proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas Turmas, em execuo de sentena, inclusive em processo incidente de embargos de terceiro, no caber Recurso de Revista, salvo na hiptese de ofensa direta e literal de norma da Constituio Federal.

    8. TST RR 1765442-12.2004.5.09.0009. Rel. Min. Rosa Maria Weber. 3 T. DEJT 27.11.2009.

  • HENRIQUE CORREIA E LISSON MIESSA DOS SANTOS 24

    Vislumbra-se por aludido dispositivo que o recurso de revista, na fase execu-tiva, est limitado deciso que viola direta e literalmente a Constituio Federal. Afastou-se nessa hiptese, portanto, o cabimento do recurso por violao lei fe-deral, contrariedade de smula, bem como por divergncia jurisprudencial.

    Diante dessa limitao e, principalmente, pelo novo regramento dos embargos para a SDI, estabelecido pela Lei n 11.496/2007, passou-se a questionar o cabi-mento dos embargos na fase de execuo e, sendo cabveis, em quais hipteses sero admitidos.

    Isso ocorreu porque antigamente os embargos seguiam praticamente as mes-mas diretrizes do recurso de revista, exercendo a funo revisora das decises da Turma, assim como a funo unificadora da jurisprudncia do TST.

    Com o advento da Lei n 11.496/2007, os embargos de nulidade, que tinham a funo revisora, foram suprimidos, de modo que atualmente os embargos servem to somente para unificar o entendimento interno do TST. Isso significa que ape-nas tm cabimento, nos dias atuais, os embargos de divergncia.

    Desse modo, questiona-se: sendo o recurso de revista antecedente dos embar-gos SDI, e sabendo que aquele recurso (revista), na fase executiva, no admi-tido com fundamento na divergncia jurisprudencial, sero cabveis os embargos para a SDI por divergncia jurisprudencial?

    O C. TST, acertadamente, vem contemplar na, presente smula, o cabimento dos embargos SDI na fase de execuo. E isso se justifica porque as hipteses de cabimento do recurso de revista e dos embargos SDI so diversas na atualidade.

    O recurso de revista tem cabimento, nessa fase, apenas quando violar direta e literalmente a Constituio Federal, enquanto os embargos SDI sero admitidos quando houver decises das Turmas do TST que divergirem entre si, ou das deci-ses proferidas pela Seo de Dissdios Individuais (CLT, art. 894, II).

    Portanto, a violao Constituio Federal, na fase de execuo, serve para adentar no TST, por meio do recurso de revista. J estando no TST, caso a Turma, examinando o dispositivo constitucional objeto do recurso de revista, profira in-terpretao diversa de outra Turma ou da SDI, sero cabveis os embargos SDI, com a finalidade de unificar o entendimento interno do TST9.

    interessante anotar, no entanto, que a divergncia, na hiptese, estar limi-tada violao Constitucional.

    Isso porque, sendo os embargos de divergncia um recurso de natureza extra-ordinria, ele est submetido ao prequestionamento. Com efeito, cabendo o recurso

    9. PEREIRA, Joo Batista Brito. Os embargos no TST na vigncia da Lei 11.496/2007 art. 894, inc. II, da CLT. Revista do Tribunal Superior do Traba-lho. Braslia, vol. 74, n2, abr/jun 2008. p. 43.

  • SMULAS E ORIENTAES JURISPRUDENCIAIS DO TST | NOTA DE ATUALIZAO 25

    de revista exclusivamente por violao da Constituio Federal, apenas tal tema ser prequestionado e, consequentemente, poder alcanar os embargos SDI.

    Assim, conclumos que os embargos de divergncia na fase executiva so ca-bveis apenas quando a divergncia jurisprudencial entre as Turmas do TST ou destas com a SDI estiver fundada na interpretao da Constituio Federal.

    Captulo VI Atos processuais

    3.4.9. Interposio do recurso antes da publicao do acrdo impugnado

    Captulo XIV Recurso

    1.4.2.7. Interposio do recurso antes da publicao do acrdo impugnado

    Smula n 434 do TST. Recurso. Interposio antes da publicao do acrdo impugnado. Extemporaneidade.

    I extemporneo recurso interposto antes de publicado o acrdo impugnado.

    II A interrupo do prazo recursal em razo da interposio de embargos de declarao pela parte adversa no acarreta qualquer prejuzo quele que apresentou seu recurso tempestivamente.

    I extemporneo recurso interposto antes de publicado o acrdo impugnado.

    O C. TST disciplinou o tema, inicialmente, por meio da OJ n 357 da SDI-I do TST, convertendo-a na presente smula que passamos a analisar.

    O julgamento do mrito do recurso pressupe a anlise prvia do juzo de admissibilidade, oportunidade em que se verifica a presena dos pressupostos recursais, tendo dentre eles o pressuposto extrnseco da tempestividade. Por-tanto, o recurso somente ter seu mrito julgado se interposto no prazo previsto em lei, alm de preencher os demais pressupostos recursais. Assim no agindo, o recurso no ser conhecido pelo juzo ad quem ou no ter seguimento pelo juzo a quo.

    A constatao da regularizao do prazo depende de dois aspectos: a) o termo inicial (dies a quo) e b) o termo final (dies ad quem). Na presente smula discute--se o termo inicialdo prazo para interpor recurso contra acrdo.

    O art. 506 do CPC estabelece o momento em que deve ser iniciada a contagem do prazo recursal, declinando:

    Art . 506. O prazo para a interposio do recurso, aplicvel em todos os casos o disposto no art. 184 e seus pargrafos, contar-se- da data:

  • HENRIQUE CORREIA E LISSON MIESSA DOS SANTOS 26

    I da leitura da sentena em audincia;

    II da intimao s partes, quando a sentena no for proferida em audincia;

    III da publicao do dispositivo do acrdo no rgo oficial.

    Interpretando o inciso III do artigo supramencionado, o C. TST entendeu que somente aps a publicao no rgo oficial se d existncia jurdica ao acrdo, de modo que apenas depois de preenchido esse requisito poder a parte interpor recurso, sob pena de se recorrer do que ainda no existe. Trata-se do chamado recurso prematuro ou intempestividade ante tempus adotado pela jurispru-dncia do Supremo Tribunal Federal:

    a intempestividade dos recursos tanto pode derivar de impugnaes pre-maturas (que se antecipam s publicaes dos acrdos) quanto decorrer de oposies tardias (que se registram aps o decurso dos prazos recursais)

    Em qualquer das duas situaes impugnao prematura ou oposio tardia , a conseqncia de ordem processual uma s: o no conhecimento do recurso, por efeito de sua extempornea interposio.

    A jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal tem advertido que a sim-ples notcia do julgamento, alm de no dar incio fluncia do prazo recur-sal, tambm no legitima a prematura interposio do recurso, por absoluta falta de objeto. Precedentes. (grifos no original) 10

    Portanto, com base nesse entendimento, a parte somente poder interpor recurso aps a publicao do acrdo no rgo oficial, mesmo que tenha ci-ncia da deciso antes da publicao, sob pena de seu recurso no ser co-nhecido por extemporaneidade. Registra-se que, nessa hiptese, o TST j de-cidiu que o recorrente poder interpor novamente o recurso depois do incio do prazo recursal, vez que o primeiro recurso no produziu nenhum efeito11.

    Aludido posicionamento no encontra guarida na doutrina, nem mesmo no Superior Tribunal de Justia12. Fundamenta-se que a juntada da deciso aos au-tos, ou seja, sua integrao no processo capaz de dar-lhe existncia jurdica, sen-do desde j recorrvel, independentemente de publicao no rgo oficial13. Nesse sentido, Cndido Rangel Dinamarco:

    10. STF AI n. 375.124-3.2 T. Rel. Min. Celso de Mello. DJU 28.06.2002.11. INTEMPESTIVIDADE RECURSO PREMATURO ADITAMENTO RATIFICAO PRECLUSO CONSUMATIVA A intempestividade decorrente

    da interposio de recurso antes do incio do prazo no gera a precluso consumativa, porquanto o recurso prematuro no produz qualquer efeito, razo por que o segundo recurso, interposto no prazo recursal, revela-se regular. Recurso de Embargos de que se conhece e a que se d provimento. (TST E-ED-RR 625419/2000 Rel. Min. Joo Batista Brito Pereira DJe 21.5.2010).

    12. STJ AgRg nos EREsp 492.461-MG. Rel. originrio Min. Gilson Dipp, Rel. para acrdo Min. Eliana Calmon, julgado em 17.11.2004.13. Para Jlio Csar Bebber: A deciso adquire publicidade e passa a ter existncia como ato jurdico quando se torna pblica. E se torna pblica

    quando redigida em sesso de julgamento ou entregue na secretaria do juzo. Tornada pblica a deciso as partes sero dela intimadas mediante publicao no rgo ofi cial. Assim, se a publicidade d existncia jurdica deciso, a partir dela permite-se a impugnao, independentemente da sua publicao no rgo ofi cial. Interposto o recurso, ento, tem-se por antecipada a intimao da parte. BEBBER, Jlio Csar.Recursos no processo do trabalho. 2. ed. So Paulo: LTr, 2009. p. 110-111.

  • SMULAS E ORIENTAES JURISPRUDENCIAIS DO TST | NOTA DE ATUALIZAO 27

    No se confundem, pois, publicao da sentena, como ato de sua integrao ao processo, e sua publicao pela imprensa. Esta apenas um dos modos pe-los quais se d cincia da sentena aos defensores das partes. Mas, o Supremo Tribunal Federal chegou a implantar uma indesejvel linha jurisprudencial portadora dessa confuso, ao considerar intempestivos os recursos que fos-sem interpostos depois de publicado o acrdo ou a sentena nos autos e an-tes de sua publicao pela imprensa (intempestividade por prematuridade). Felizmente o Superior Tribunal de Justia repudiou com veemncia essa tese, mas infelizmente ela ainda continua viva no Supremo Tribunal Federal. pre-ciso bani-la de vez.14 (grifos no original)

    O mesmo doutrinador, em estudo especfico sobre a matria, adverte:

    A tcnica dos julgamentos nos tribunais brasileiros inclui, entre outras provi-dncias menores e sem interesse para o presente estudo, (a) a discusso da causa ou recurso pelos integrantes do rgo colegiado, com eventual susten-tao oral, (b) a manifestao do voto de cada um, seguida da proclamao do resultado pelo presidente do rgo, (c) a publicao desse resultado pela im-prensa oficial, (d) os trabalhos de datilografia, digitao e impresso dos votos e do acrdo, realizados pelo pessoal auxiliar, (e) a assinatura pelo re-lator ou, quando assim dispe o regimento interno, tambm pelo presidente, (f) o registro do acrdo, sua anexao aos autos e finalmente (g) a publicao das concluses do acrdo, ou de sua parte dispositiva, pela imprensa oficial.

    ...

    No caso de decises tomadas pelos rgos colegiados de um tribunal (cma-ra, turma, seo, plenrio etc.), a mera pronncia de votos em sesso de julgamento no d corpo ainda a um julgamento acabado, porque os votos so pronunciados oralmente sem serem reduzidos a termo ou regis-trado em ata o teor de cada um. Por isso, e como verba volant, a formao do ato processual acrdo s se consuma quando este lavrado e impresso em papel, sendo ento registrado e levado aos autos. Apenas depois de rea-lizadastais providncias, com o concurso dos servios auxiliares do tribunal, que a deciso dos rgos colegiados se considera publicada. E da o acerto daqueles precedentes do Supremo Tribunal Federal, na parte em que afirmam ser insuficiente a mera notcia do julgamento, como ato capaz de desencade-ar a admissibilidade de eventual recurso. Mas, realizadas as providncias de lavratura, assinatura,registro e juntada aos autos, o julgamento reputa-se acabado e portanto existente, no sendo adequado afirmar que um recurso interposto antes da publicao pela imprensa casse no vazio por voltar--se contra um ato juridicamente inexistente. Realizadas tais providncias,o julgamento do tribunal j existe perante o direito; ele j ser ento, a partir da, um autntico ato do processo.

    ...

    Outro significado e outra finalidade tm as publicaes de concluses e ementas, a serem feitas pela imprensa oficial (CPC, art. 506, incs. II--III). Elasso feitas com o objetivo de levar aos defensores das partes o

    14. DINAMARCO, Cndido Rangel. Instituies de direito processual civil. 6. ed. So Paulo: Malheiros Editores Ltda, 2009. v. 3, p. 707.

  • HENRIQUE CORREIA E LISSON MIESSA DOS SANTOS 28

    conhecimento de uma sentena, deciso ou acrdo j previamente exis-tente. So, pois,puros atos de comunicao processual, sabendo-se que, por fora de uma determinao legal bastante ampla, as intimaes aos advoga-dos se realizam por esse meio (CPC, art. 236). Publica-se pela imprensa, para intimar. Mas intimam-se os advogados do teor de uma sentena, deciso ou acrdo j presente nos autos e existente perante o direito.

    ...

    Ora se o valor das publicaes, de decises, sentenas ou acrdos pela im-prensa oficial representado pela cincia desses atos, a ser obtida atravs delas, imperioso, em cada caso, dar muito mais ateno obteno desse resultado do que ao cumprimento da formalidade consistente em pu-blicar. Publica-se para intimar e intima-se para fazer saber. Por isso, no tem qualquer necessidade ou relevncia uma intimao a quem j sabe.

    E conclui trazendo os significados do verbo publicar:

    As decises tomadas pelos rgos colegiados de um tribunal so sujeitas a um complexo iter de formao, principiando pela discusso da causa ou recurso em sesso de julgamento, tomada dos votos dos julgadores, proclamao do resultado pelo presidente e intimao desse resultado pela imprensa, seguin-do-se a tudo isso uma srie de providncias destinadas lavratura, assinatura e registro do acrdo, o qual ser afinal anexado aos autos. Nesse momento o acrdo est publicado, ou seja, a partir da existe no mundo jurdico um julgamento que poder ser objeto do recurso que em cada caso o sistema pro-cessual admitir. Estamos no campo da existncia de um ato jurdico processu-al perfeito e acabado, o qual poder ento ter a eficcia que a lei lhe atribuir. A outra publicao, aquela que pelo jornal oficial se faz, no se confunde com aquela primeira. O acrdo cuja ementa e concluses so enviados impren-saj est previamente publicado, no sentido de que j um ato pblico, um ato processual perfeito e acabado e, portanto, recorrvel conforme as dispo-sies legais pertinentes (recorrvel pela via de embargos infringentes, recurso especial, extraordinrio etc.)15.

    Assim, com a integrao do acrdo ao processo, que se faz por meio da junta-da aos autos, ele passa a ter existncia jurdica, podendo, portanto, ser impugn-vel via recurso, independentemente de publicao no rgo oficial. A exigncia da juntada aos autos necessria, pois conhecida a mxima de que o que no est nos autos no est no mundo.

    Registra-se que admitir o recurso antes da publicao na imprensa oficial no somente juridicamente cabvel, como demonstrado anteriormente, vez que a juntada da deciso nos autos lhe confere existncia jurdica, como tambm privi-legia os princpios da celeridade e efetividade processual, os quais so to procla-mados atualmente, razo pela qual deveriam ser incentivados e no penalizados como faz o Tribunal Superior do Trabalho na presente smula.

    15. In:Revista Dialtica de Direito Processual. So Paulo: Dialtica, 2004, n. 16, p. 9-23.

  • SMULAS E ORIENTAES JURISPRUDENCIAIS DO TST | NOTA DE ATUALIZAO 29

    Interessante notar que o Supremo Tribunal Federal alterou seu posiciona-mento quando se tratar dedeciso monocrtica. Isso porque entendeu a Su-prema Corte que nesse caso a deciso j sai do gabinete devidamente juntada aos autos, ou seja, publicada. Difere, na viso do STF, da deciso colegiada que somen-te juntada ao processo depois da remessa ao dirio oficial.

    EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL CONTRA DECISO DE RELATOR QUE, POR INTEMPESTIVIDADE, NEGOU SEGUIMENTO A OUTRO AGRAVO REGIMEN-TAL. RECURSO NO RATIFICADO OPORTUNAMENTE. Conforme entendimen-to predominante nesta colenda Corte, o prazo para recorrer s comea a fluir com a publicao do acrdo no rgo oficial, sendo prematuro o recurso que o antecede. Entendimento que no se aplica no caso de deciso monocrtica, a cujo inteiro teor as partes tm acesso nos prprios autos, antes da respectiva publicao. Recurso provido para, afastada a intempestividade do primeiro agravo,dar-se-lhe seguimento.16

    Desse modo, ao menos quanto deciso monocrtica do relator, urge modifi-cao do posicionamento do TST, pois est afastado do entendimento do STF.

    II A interrupo do prazo recursal em razo da interposio de embargos de declarao pela parte adversa no acarreta qualquer prejuzo quele que apresentou seu recurso tempestivamente.

    A OJ n 357 da SDI I do TST no fazia referncia aos embargos de declarao, sendo includos no item II da smula ora comentada.

    Para melhor compreenso do tema e ampliao dos casos existentes, anali-saremos a interposio de recurso quando pendente o julgamento dos embargos de declarao em duas hipteses: a) recurso interposto por uma das partes e os embargos de declarao pela parte adversa; b) recurso e embargos de declarao interpostos pela mesma parte.

    A primeira proposio vem disciplinada no item II da presente smula.

    Nesse caso, sendo interpostos os embargos de declarao, o Superior Tribu-nal de Justia17 tem decidido no sentido de que o recurso principal interposto deve ser reiterado, aps o julgamento dos embargos de declarao, sob pena de ser considerado prematuro (intempestividade ante tempus), conforme explanado anteriormente no item I.

    O C. TST, porm, de modo acertado, no aplicou a intempestividade ante tempus na hiptese de interposio de recurso pela parte adversa da que apre-sentou os embargos de declarao.

    16. STF AO 1133AgR-AgR/DF. Pleno. Rel. Min. Carlos Brito. DJ. 24.03.2006.17. STJ Resp 659.663/MG. 4 Turma. Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, DJe. 22.03.2010.

  • HENRIQUE CORREIA E LISSON MIESSA DOS SANTOS 30

    Entendeu a Corte trabalhista que a parte que no interps os embargos de declarao e j tenha interposto seu recurso principal, tempestivamente, no pode ser prejudicada, ou seja, seu recurso produzir todos os efeitos, no haven-do necessidade de reiterao ou ratificao. Nesse caso, a interrupo do prazo recursal, no entendimento do C. TST, somente atingir a parte que interps os em-bargos de declarao e no a parte contrria que j interps o recurso principal. Exemplificamos:

    A sentena condena a empresa X ao pagamento das horas extras, julgando improcedente o pedido de adicional de insalubridade. O reclamante interpe embargos de declarao, dentro do prazo legal de 5 dias, alegando obscurida-de na anlise do pedido de adicional de insalubridade. A empresa X, por sua vez, dentro do prazo recursal (8 dias), interpe recurso ordinrio quanto condenao ao pagamentodas horas extras. Nesse caso, a empresa no pre-cisar ratificar seu recurso ordinrio, depois do julgamento dos embargos de declarao.

    Isso no significa, porm, que a parte adversa no ter seu prazo interrompi-do na hiptese de no ter interposto nenhum recurso. Noutras palavras, o C. TST disciplina, nessa smula, apenas a hiptese de j existir um recurso interposto pela parte adversa. Se ambas as partes no apresentaram, por exemplo, recurso ordinrio, e uma delas interps embargos de declarao, a interrupo do prazo recursal atingir as duas partes.

    Desse modo, a aplicao do presente item sumular somente ter incidncia quando h interposio de embargos de declarao por uma parte e de recurso principal pela outra.

    Cabe registrar, nesse momento, que ocorrendo alterao ou integrao da de-ciso, em razo do acolhimento dos embargos, nasce para a parte adversa o direito (e no obrigao ou dever) de complementar a fundamentao do seu recurso, com a finalidade de atacar a deciso em seus termos atuais, limitado nova su-cumbncia, observando assim o princpio do contraditrio.

    Por fim, cumpre analisar a hiptese em que o recurso e embargos de declara-o so interpostos pela mesma parte.

    Nesse caso, s.m.j., o segundo recurso interposto no produzir efeitos, tendo em vista o princpio da unirrecorribilidade. Em outros termos, por vezes as partes, no sabendo se os embargos de declarao sero conhecidos e avaliando o enten-dimento de alguns juzes no sentido de que o no conhecimento dos embargos no interrompe o prazo recursal, interpem, simultaneamente18, embargos de declarao e um outro recurso (por exemplo, ordinrio). Aqui, o ato impugnvel

    18. (...) apesar de concordar com a possibilidade de uma das partes, por exemplo, apelar da sentena, enquanto a outra ingressa com embargos de declarao no parece admissvel que a mesma parte ingresse com os dois recursos simultaneamente (...). NEVES, Daniel Amorim Assumpo. Manual de direito processual civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense; So Paulo: Mtodo, 2010.p. 556.

  • SMULAS E ORIENTAES JURISPRUDENCIAIS DO TST | NOTA DE ATUALIZAO 31

    apenas um, a sentena, no comportando dois recursos, sob pena de violar o princpio da unirrecorribilidade. Assim, considerando que a unirrecorribilidade solucionada pela precluso consumativa19, o primeiro recurso interposto ser o vlido, sendo o posterior ineficaz. Com efeito, caso os embargos de declarao sejam interpostos primeiro que o outro recurso, aps a deciso dos embargos, a parte dever interpor novamente o recurso, por exemplo, o recurso ordinrio.

    Captulo XIV Recurso

    1.2.1.3. e 2.7.2.3. Interposio de agravo inominado ou regimental de deciso colegiada. Erro grosseiro

    Orientao jurisprudencial n 412 da SDI I do TST. Agravo inominado ou agravo regi-mental. Interposio em face dedecisocolegiada. No cabimento. Erro grosseiro. Inaplica-bilidade do princpio da fungibilidade recursal

    incabvel agravo inominado (art. 557, 1, do CPC) ou agravo regimental (art. 235 do RITST) contra deciso proferida por rgo colegiado. Tais recursos destinam-se, exclusivamente, a impugnar deciso monocrtica nas hipteses expressamente previstas.Inaplicvel, no caso, o princpio da fungibilidade ante a confi gurao de erro grosseiro.

    Conforme j estudado nesta obra, as decises dos tribunais devem ser proferi-das por rgo colegiado (princpio do colegiado).

    Contudo, com base nos princpios da economia e celeridade processual, o le-gislador passou a mitigar o princpio do colegiado, atribuindo poderes ao relator para julgar monocraticamente os recursos, como se observa, por exemplo, nos arts. 896, 5, da CLT e 557 do CPC. A atuao do relator, porm, mera delegao de poder, mantendo-se com o rgo colegiado a competncia para decidir20.

    Desse modo, para manter a substncia do tribunal (rgo colegiado) e a com-petncia do colegiado, a deciso monocrtica do relator est sujeita ao agravo in-terno (inominado) ou regimental, o qual ser analisado pelo rgo colegiado do tribunal competente (por exemplo, Turma).

    Percebe-se, por essa sistemtica, que o agravo interno ou regimental tem como foco sempre uma deciso monocrtica. A razo da existncia desse recurso justamente levar ao colegiado a deciso monocrtica do relator.

    Isso quer dizer que no ser cabvel a interposio de agravo regimental ou interno de deciso colegiada.

    19. BEBBER, Jlio Csar. Recursos no processo do trabalho. 2. ed. So Paulo: LTr, 2009. p. 210.20. NEVES, Daniel Amorim Assumpo. Manual de direito processual civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense; So Paulo: Mtodo, 2010.p. 643.

  • HENRIQUE CORREIA E LISSON MIESSA DOS SANTOS 32

    A propsito, no se aplica, na hiptese, o princpio da fungibilidade recursal. Isso porque sabido que tal princpio tem incidncia quando presente trs re-quisitos: a) dvida objetiva; b) inexistncia de erro grosseiro; e c) observncia do prazo do recurso correto (teoria do prazo menor).

    O erro grosseiro consiste na interposio de recurso manifestamente ilegal, ou seja, aquele que interps o recurso no possui nenhuma dvida sobre o recurso interposto, faltando-lhe, contudo, conhecimento jurdico. Portanto, ocorre quando a lei (ou o regimento interno do Tribunal) expressamente estabelece a forma de impugnao da deciso, mas o recorrente no observa o comando legal.

    Na hiptese, o art. 239 do Regimento Interno do TST declina expressamente:

    Art. 239. Cab er agravo ao rgo colegiado competente para o julgamento do respectivo recurso, no prazo de oito dias, a contar da publicao no rgo oficial:

    I da deciso do Relator, tomada com base no 5. do art. 896 da CLT;

    II da deciso do Relator, dando ou negando provimento ou negando se-guimento a recurso, nos termos do art. 557 e 1.-A do CPC. (grifos nossos)

    Conclui-se, portanto, que, seja pela prpria sistemtica do agravo interno ou regimental, seja porque o regimento interno do TST dispe sobre qual o recurso correto, incabvel a interposio desses recursos para impugnar deciso colegia-da, afastando, inclusive, a aplicao do princpio da fungibilidade, por se tratar de erro grosseiro.

    Por fim, ressalta-se que, sendo manifestamente inadmissvel o agravo interno ou regimental no presente caso, poder ser aplicada a multa descrita no art. 557, 2, do CPC, a qual aplicada subsidiariamente ao processo do trabalho (TST-IN 17/99, item III)21.

    21. Para maiores detalhes acerca da aplicao da multa do art. 557, 2, do CPC, vide os comentrios da OJ n 389 da SDI I do TST, no captulo XIV, item 1.4.6.2.

  • SMULAS E ORIENTAES JURISPRUDENCIAIS DO TST | NOTA DE ATUALIZAO 33

    SMULAS E OJS QUE TIVERAM SUA REDAO ALTERADA

    Captulo XVII Ao rescisria

    9.4.4.1. Necessidade quando se tratar de violao lei

    Smula n 298 do TST. Ao rescisria. Violao a disposio de lei. Pronunciamento explcito

    I A concluso acerca da ocorrncia de violao literal a disposio de lei pressupe pronun-ciamento explcito, na sentena rescindenda, sobre a matria veiculada.

    II O pronunciamento explcito exigido em ao rescisria diz respeito matria e ao enfo-que especfi co da tese debatida na ao, e no, necessariamente, ao dispositivo legal tido por violado. Basta que o contedo da norma reputada violada haja sido abordado na deci-so rescindenda para que se considere preenchido o pressuposto.

    III Para efeito de ao rescisria, considera-se pronunciada explicitamente a matria trata-da na sentena quando, examinando remessa de ofcio, o Tribunal simplesmente a confi rma.

    IV A sentena meramente homologatria, que silencia sobre os motivos de convencimen-to do juiz, no se mostra rescindvel, por ausncia de pronunciamento explcito.

    V No absoluta a exigncia de pronunciamento explcito na ao rescisria, ainda que esta tenha por fundamento violao de dispositivo de lei. Assim, prescindvel o pronuncia-mento explcito quando o vcio nasce no prprio julgamento, como se d com a sentena "extra, citra e ultra petita".

    O prequestionamento um pressuposto recursal especfico dos recursos de natureza extraordinria, consistente na obrigatoriedade de que haja deciso prvia acerca do direito objetivo supostamente violado ou aplicado de forma divergente. Tem como objetivo impedir a deciso dos Tribunais Superiores sobre matrias no decididas nas instncias ordinrias, obstando inclusive a existncia de teses originrias nesses tribunais22.

    Isso se justifica, porque os recursos de natureza extraordinria so julgados pelos Tribunais Superiores (STF, TST e STJ), que so rgos revisores da instncia ordinria, tendo a misso de unificar a interpretao do direito brasileiro, definin-do a exata aplicao da norma. Com efeito, tratando-se de rgo revisor, somente se alcana, por exemplo, o recurso de revista ou de embargos para a SDI aps o esgotamento da instncia ordinria, o que significa que o TST apenas julgar tais recursos se as matrias j tiverem sido discutidas e decididas anteriormente. o que estabelece a Smula n 297 do TST.

    O prequestionamento, portanto, instituto criado para os recursos de nature-za extraordinria, o que gerou dvida acerca de sua aplicao na ao rescisria.

    22. BEBBER, Jlio Csar. Recursos no processo do trabalho. 2. ed. So Paulo: LTr, 2009. p. 306.

  • HENRIQUE CORREIA E LISSON MIESSA DOS SANTOS 34

    Para parcela da doutrina e da jurisprudncia, diga-se majoritria, no h fa-lar em prequestionamento na ao rescisria. Primeiro, porque no se trata de recurso, mas de ao autnoma de impugnao. Segundo, porque o objetivo do recurso de natureza extraordinria o de unificar o entendimento nacional acerca do direito federal. Assim, para atingir seu objetivo imprescindvel que a justia local haja emitido um derradeiro pronunciamento acerca da matria23. Na ao rescisria, por sua vez, embora tenha por fim preservar a exata aplicao da lei, no se busca unificar a jurisprudncia, o que significa que a matria, mesmo que no debatida e decidida anteriormente, poder ser invocada na ao rescisria. Nesse sentido, lecionaFlvio Luiz Yarshell:

    Em qualquer dessas hipteses, convm enfatizar, a propsito do disposto no art. 485, V, do CPC, que no se exige para a rescisria o requisito do preques-tionamento entendido como o enfretamento da questo ftica ou jurdica pela deciso (aqui) rescindenda. Nem mesmo parece desejvel, de lege feren-da, fosse ele exigido para a ao rescisria, porque exigncia dessa natureza no teria como no tem qualquer justificativa lgica no sistema (como, diversamente, tem nos casos de recurso extraordinrio e especial); exceto para, sob o ngulo pragmtico, criar maiores obstculos desconstituio das decises transitadas em julgado, ao argumento de se prestigiar a estabilidade das decises judiciais24.

    No mesmo caminho j decidiu o Supremo Tribunal Federal:

    AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINRIO CONSTITUCIO-NAL RESCISRIA CABIMENTO EXIGNCIA DE PREQUESTIONAMENTO PRAZO DECADENCIAL INOBSERVNCIA VIOLAO EFETIVA COISA JULGADA 1. Ao rescisria. Cabimento. Exigncia de prequestionamento para a sua admissibilidade. Insubsistncia. O Supremo Tribunal Federal, poca em que detinha competncia para apreciar a negativa de vigncia de legislao federal, assentou que as hipteses enunciadas nos incisos do artigo 485 do Cdigo de Processo Civil evidenciam a inaplicabilidade, rescisria, do pressuposto concernente ao prequestionamento, dado que a rescisria no recurso, mas ao contra a sentena transitada em julgado. Precedentes. 2. Ao rescisria. Julgamento sem observncia do prazo bienal. Decadncia. H efetiva violao coisa julgada, se conhecida e julgada procedente ao rescisria proposta quando j decorrido o prazo bienal, contado a partir do trnsito em julgado da deciso rescidenda. Agravo regimental no provido25.

    DIREITO DO TRABALHO. EMBARGOS DE DECLARAO EM AGRAVO DE INS-TRUMENTO. CONVERSO EM AGRAVO REGIMENTAL. ANULAO DE DEMIS-SO. AO RESCISRIA. PREQUESTIONAMENTO. INCIDNCIA DA SMULA TST 298 AFASTADA. RETORNO DOS AUTOS AO TST. ART. 557, 1, CPC. JU-RISPRUDNCIA DOMINANTE. DECISO MONOCRTICA DE RELATOR. 1. Em-bargos de declarao recebidos como agravo regimental, consoante iterativa

    23. TEIXEIRA FILHO, Manoel Antnio. Curso de direito processual do trabalho . So Paulo: LTr, 2009. v. 3, p. 2.750.24. YARSHELL, Flvio Luiz.Ao rescisria: juzos rescindente e rescisrio. So Paulo: Malheiros Editores Ltda., 2005. p. 324-325. 25. STF RE-AgR 444810 DF. 1 T. Rel. Min. Eros Grau. DJU 22.4.2005.

  • SMULAS E ORIENTAES JURISPRUDENCIAIS DO TST | NOTA DE ATUALIZAO 35

    jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal, alm da evidente infringncia ao julgado. 2. Aplicao da Smula TST 298 (ausncia de prequestionamento) em ao rescisria, bice afastado. 3. Matria sedimentada na jurisprudn-cia desta Corte possibilita ao relator julg-la, monocraticamente, nos termos do art. 557, 1, do CPC. Precedentes. 4. Agravo regimental a que se nega seguimento26.

    Da mesma forma, o Superior Tribunal de Justia:

    PROCESSO CIVIL. AO RESCISRIA. VIOLAO LITERAL DISPOSITIVO DE LEI. NECESSIDADE DE PREQUESTIONAMENTO NO JULGADO RESCINDENDO. A jurisprudncia do colendo Pretrio Excelso e a doutrina encontram-se orientadas no entendimento de que a ao rescisria alicerada no art. 485, V, do Cdigo de Processo Civil no exige que a indigitada norma apontada como infringida tenha sido prequestionada no r. julgado rescindendo. Recur-so provido27.

    O Tribunal Superior do Trabalho, por sua vez, adotou posicionamento dia-metralmente oposto, exigindo, na redao original dessa smula, o prequestio-namento na ao rescisria.

    Em sesso do Tribunal Pleno realizada em 6.2.2012, o C. TST alterou a redao da presente smula modificando o termo prequestionamento por pronunciamen-to explcito, tentando adequar-se doutrina e jurisprudncia majoritria.

    No entanto, a modificao da redao no altera o contedo do verbete. Isso porque pronunciamento explcito significa tese jurdica apreciada e decidida na deciso rescindenda, ou seja, deciso prvia acerca da matria. Mantm-se, portanto, a exigncia do prequestionamento, embora escrito de outra forma.

    Registra-se, contudo, que a smula em comentrio ter aplicao apenas quando se tratar de ao rescisria calcada em violao literal disposio de lei(inciso V), e no nas demais hipteses do art. 485 do CPC. Alis