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Língua Portuguesa Provas Fundep www.prolabore.com.br PROVA 01 Fundep/Administrador Jr./CEMIG/2010 INSTRUÇÃO As questões de 19 a 30 relacionam-se com o texto abaixo. Leia atentamente todo o texto antes de responder a elas. QUALIFICAÇÃO: O QUE É ISSO? 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 É comum ouvir no mercado que falta gente qualificada para preencher as vagas abertas nas empresas. Quando se fala de profissionais realmente bons, com experiência, capacidade de liderança, as ofertas são poucas , diz uma consultora de busca de executivos de uma empresa com sede em São Paulo, confirmando uma percepção que assombra as companhias que têm plano de expansão. Alguns requisitos básicos, como falar inglês fluentemente, ter cursado uma faculdade de renome e mostrar experiência na área em que se deseja atuar, abrem portas, mas não são imprescindíveis em todos os mercados. Na verdade, o currículo essencial muda de acordo com a empresa. As companhias vão precisar de gente ambiciosa, com visão interdisciplinar, que dialogue com outras áreas além da sua, pensando na organização como um todo. Como as principais operações das organizações em expansão continuam sendo as internacionalizações, fusões e aquisições, é importante lidar e ter experiência com diversidade cultural. As características pessoais e a prova de que um profissional usou o que sabe a seu favor para conseguir sucesso são, portanto, mais importantes do que formação impecável, principalmente quando se trata de gente com alguns anos de experiência. Comprometimento e flexibilidade, por exemplo, são habilidades que não se colocam em currículo, mas que são avaliadas durante as entrevistas. Entrevistamos executivos de empresas de tamanhos e mercados diversos e fizemos a eles a mesma pergunta: Do que precisa um profissional para ser considerado qualificado? Eles respondem aqui, de acordo com o que é essencial em suas áreas, o que valorizam ao fazer uma contratação. Diretor superintendente da ALL, companhia de logística sediada no Paraná: “A formação boa é valorizada, mas não mais que atitude e vontade de crescer rapidamente. Esse é o perfil que buscamos. Costumo perguntar pelas decisões que um profissional tomou na vida, vejo se ele arriscou, se aceitou fazer algo diferente no trabalho ou em outras áreas que demonstrem sua ousadia.” Presidente da Guararapes, representante da Coca-Cola em Pernambuco: “Não esperamos que um profissional esteja pronto, pois investimos em formação. Mas ele tem de mostrar que se atualiza em relação ao mercado e ao mundo. Se está na área comercial, o que tem feito para vender mais? Ele está a par das novas tecnologias? Como faz para prever tendências? Valorizo qualidade nos resultados, mais do que quantidade.” Vice-presidente de marketing da Nextel: “Tem de ser inconformado com o que há na empresa e mostrar resultados que demonstrem que saiu do lugar-comum. Também é importante construir relações colaborativas em todos os níveis da corporação para resolver os problemas. Inglês é essencial, experiência é importante. Mas competências técnicas podem ser aprendidas.” Vice-presidente de estratégia de mercado da Totvs: “Precisamos de gente que traga ideias ousadas. Alguns cargos pedem conhecimento técnico, mas é mais importante a capacidade de liderança, mesmo que seja sobre pessoas de outras equipes: nossos resultados são medidos pelo

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PROVA 01 Fundep/Administrador Jr./CEMIG/2010 INSTRUÇÃO As questões de 19 a 30 relacionam-se com o texto abaixo. Leia atentamente todo o texto antes de responder a elas.

QUALIFICAÇÃO: O QUE É ISSO?

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É comum ouvir no mercado que falta gente qualificada para preencher as vagas abertas nas empresas. ―Quando se fala de profissionais realmente bons, com experiência, capacidade de liderança, as ofertas são poucas‖, diz uma consultora de busca de executivos de uma empresa com sede em São Paulo, confirmando uma percepção que assombra as companhias que têm plano de expansão. Alguns requisitos básicos, como falar inglês fluentemente, ter cursado uma faculdade de renome e mostrar experiência na área em que se deseja atuar, abrem portas, mas não são imprescindíveis em todos os mercados.

Na verdade, o currículo essencial muda de acordo com a empresa. As companhias vão precisar de gente ambiciosa, com visão interdisciplinar, que dialogue com outras áreas além da sua, pensando na organização como um todo. Como as principais operações das organizações em expansão continuam sendo as internacionalizações, fusões e aquisições, é importante lidar e ter experiência com diversidade cultural.

As características pessoais e a prova de que um profissional usou o que sabe a seu favor para conseguir sucesso são, portanto, mais importantes do que formação impecável, principalmente quando se trata de gente com alguns anos de experiência. Comprometimento e flexibilidade, por exemplo, são habilidades que não se colocam em currículo, mas que são avaliadas durante as entrevistas.

Entrevistamos executivos de empresas de tamanhos e mercados diversos e fizemos a eles a mesma pergunta: ―Do que precisa um profissional para ser considerado qualificado?‖ Eles respondem aqui, de acordo com o que é essencial em suas áreas, o que valorizam ao fazer uma contratação.

Diretor superintendente da ALL, companhia de logística sediada no Paraná: “A formação boa é valorizada, mas não mais que atitude e vontade de crescer rapidamente. Esse é o perfil que buscamos. Costumo perguntar pelas decisões que um profissional tomou na vida, vejo se ele arriscou, se aceitou fazer algo diferente no trabalho ou em outras áreas que demonstrem sua ousadia.” Presidente da Guararapes, representante da Coca-Cola em Pernambuco: “Não esperamos que um profissional esteja pronto, pois investimos em formação. Mas ele tem de mostrar que se atualiza em relação ao mercado e ao mundo. Se está na área comercial, o que tem feito para vender mais? Ele está a par das novas tecnologias? Como faz para prever tendências? Valorizo qualidade nos resultados, mais do que quantidade.” Vice-presidente de marketing da Nextel: “Tem de ser inconformado com o que há na empresa e mostrar resultados que demonstrem que saiu do lugar-comum. Também é importante construir relações colaborativas em todos os níveis da corporação para resolver os problemas. Inglês é essencial, experiência é importante. Mas competências técnicas podem ser aprendidas.” Vice-presidente de estratégia de mercado da Totvs: “Precisamos de gente que traga ideias ousadas. Alguns cargos pedem conhecimento técnico, mas é mais importante a capacidade de liderança, mesmo que seja sobre pessoas de outras equipes: nossos resultados são medidos pelo

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desempenho de outras áreas. Quem cursou MBA nos Estados Unidos ou Europa ganha pontos — demonstra que se preparou e foi dedicado.” Vice-presidente de recursos humanos do Google: “Queremos gente que se destacou ao longo da vida, que se esforçou para estar entre os melhores na escola, no time, na comunidade ou numa ONG. Tem de ter relevância em alguma área. É uma atitude, mais do que formação ou experiência.” Diretor de estratégia da rede Accor: “Fico atento ao comportamento. Estudar fora do País é importante, pois amplia os horizontes, mas ganha relevância se a pessoa fez isso por si mesma, se se preparou financeiramente, foi organizada. Saber ouvir e trazer informação nova também é essencial, embora não esteja no currículo.” Diretor de cadeia de suprimentos da Dow Química: “Tem de ter iniciativa, experiência de trabalho em equipe e saber inovar. Isso aparece na maneira como ele conta seus resultados. Quando alguém fala que cortou custos, quero saber quais os benefícios para o meio ambiente. Escolhemos gente das melhores faculdades e que fale bem inglês.”

CORRÊA, Fabiana. Você S/A, 6 de abril de 2010. (Texto adaptado) 19. Considerando apenas a parte introdutória da matéria, a alternativa CORRETA em relação aos requisitos apontados como desejáveis para se preencher uma vaga numa empresa é a) alto grau de especialização na função desejada, ainda que em detrimento do conhecimento do universo

conjuntural da instituição. b) curso superior completo, independentemente da instituição que se frequentou. c) disposição e disponibilidade para novos conhecimentos, assim como necessidade de que o indivíduo seja

insipiente naquela atividade. d) fluência no idioma mais comumente utilizado em transações internacionais. 20. Com relação aos depoimentos apresentados na reportagem, NÃO se pode afirmar que a) a seleção das empresas representadas nas entrevistas caracteriza-se pela heterogeneidade no que diz

respeito ao ramo de atividade. b) embora haja requisitos convergentes, cada empresa aponta prioridades de acordo com suas especificidades. c) os depoentes são, majoritariamente, profissionais ligados a áreas estratégicas das empresas. d) todos consideram que o profissional de alto nível já chega tecnicamente pronto para a empresa, já que ela

não é espaço adequado de formação. 21. Assinale a relação que NÃO pode ser confirmada pelo texto. a) Diretor de estratégias da rede da Accor foco nas pessoas que impõem uma opinião e que se formam

com a determinação de se autopromover. b) Diretor superintendente da ALL capacidade de tomar decisões e de ousar, além dos estudos

acadêmicos, como valores proeminentes. c) Presidente da Guararapes os aspectos qualitativos suplantam os quantitativos. d) Vice-presidente de recursos humanos do Google valorização de pessoas que sobressaem. 22. Assinale a alternativa que NÃO contém um valor ou habilidade expressos em qualquer parte do texto, como sendo desejáveis no profissional ideal. a) Acompanhamento da realidade tanto no que se refere aos aspectos mercadológicos, quanto às inovações

tecnológicas. b) Atitudes de ousadia e risco. c) Conduta ético-moral irrepreensível nos termos dos valores consensuais da sociedade moderna. d) Consciência, além dos resultados em si, dos desdobramentos e consequências das estratégias empresariais

adotadas.

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23. “As características pessoais e a prova de que um profissional usou o que sabe a seu favor para conseguir sucesso são, portanto, mais importantes [...]” (linhas 15-16) O trecho sublinhado sugere, sobretudo, uma atitude de a) autocomiseração, ausência de limites. b) deslealdade. c) exploração do próprio talento. d) oportunismo aético. 24. Considerando a opinião do executivo da Nextel, assinale a alternativa que NÃO contém uma atitude favorável à contratação pela empresa. a) Ceticismo b) Habilidade para relacionamento interpessoal c) Inovação d) Inquietude 25. “Como as principais operações das organizações em expansão continuam sendo as internacionalizações, fusões e aquisições, é importante lidar e ter experiência com diversidade cultural.” (linhas 12-14) Assinale a alternativa que contém uma redação que altera significativamente o sentido do trecho acima. a) Ainda que as principais operações das organizações em expansão continuem sendo as

internacionalizações, fusões e aquisições, é importante lidar e ter experiência com diversidade cultural. b) É importante lidar e ter experiência com diversidade cultural, haja vista que as principais operações das

organizações em expansão continuam sendo as internacionalizações, fusões e aquisições. c) Já que as principais operações das organizações em expansão continuam sendo as internacionalizações,

fusões e aquisições, é importante lidar e ter experiência com diversidade cultural. d) Pelo fato de as principais operações das organizações em expansão continuarem sendo as

internacionalizações, fusões e aquisições, é importante lidar e ter experiência com diversidade cultural. 26. Assinale a alternativa em que a nova redação do trecho destacado NÃO apresenta erro de concordância. a) “Alguns requisitos básicos, como falar inglês fluentemente [...] e mostrar experiência na área em que se

deseja atuar, abrem portas, mas não são imprescindíveis em todos os mercados.” Alguns requisitos básicos, como falar inglês fluentemente [...] e mostrar experiência na área em que se deseja atuar, abre portas, mas não é imprescindível em todos os mercados.

b) “As companhias vão precisar de gente ambiciosa, com visão interdisciplinar, que dialogue com outras áreas além da sua, pensando na organização como um todo.” A estrutura das companhias vai precisar de pessoas ambiciosas, com visão interdisciplinar, que dialoguem com gente de outras áreas, pensando na organização como um todo.

c) “É comum ouvir no mercado que falta gente qualificada para preencher as vagas abertas nas empresas.” É comum ouvir no mercado que falta pessoas qualificadas para preencherem as vagas abertas nas empresas.

d) “Quando se fala de profissionais realmente bons, com experiência, capacidade de liderança, as ofertas são poucas [...]” Quando se falam de profissionais realmente bons, com experiência, capacidade de liderança, a quantidade de ofertas são poucas [...]

27. “Tem de ser inconformado com o que há na empresa e mostrar resultados que demonstrem que saiu do lugar-comum.” (linhas 41-42) Assinale a alternativa em que a redação mantém a coesão e a coerência verbais, mesmo que haja alteração no sentido. a) Se tivesse de ser inconformado com o que acontecerá na empresa e mostrará resultados que demonstraram

que tenha saído do lugar-comum. b) Terá de ser inconformado com o que vier a acontecer na empresa e terá de mostrar resultados que

demonstrem que teria saído do lugar-comum. c) Teria de ser inconformado com o que aconteceu na empresa e mostrasse resultados que demonstrarem que

saíra do lugar-comum. d) Teve de ser inconformado com o que acontecesse na empresa e mostraria resultados que demonstram que

saísse do lugar-comum.

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28. “Esse é o perfil que buscamos.” (linha 28) Assinale a alternativa que implica erro gramatical ao se substituir o trecho sublinhado. a) com que lidamos b) do qual gostamos c) em que pensamos d) o qual acreditamos 29. Assinale a alternativa em que o termo entre parênteses substitui a expressão sublinhada sem que se incorra em erro. a) “Alguns cargos pedem conhecimento técnico [...]” (ALGUM DOS CARGOS PEDE) b) “A formação boa é valorizada, mas não mais que atitude e vontade de crescer realmente.”

(VALORIZADO) c) “Quem cursou MBA nos Estados Unidos ou Europa ganha pontos [...]” (GANHAM) d) “Saber ouvir e trazer informação nova também é essencial [...]” (SÃO ESSENCIAIS) 30. “Quando se fala de profissionais realmente bons, com experiência, capacidade de liderança, as ofertas são poucas‘, diz uma consultora de busca de executivos de uma empresa com sede em São Paulo, confirmando uma percepção que assombra as companhias que têm plano de expansão”. (linhas 2-5) No texto, foram utilizadas aspas no trecho sublinhado para a) chamar a atenção para a parte do texto que contém uma síntese do que se pretende comprovar. b) destacar parte do texto, tendo em vista o teor altamente significativo da opinião expressa. c) indicar um conjunto de palavras que devem ser tomadas num segundo sentido. d) transcrever literalmente uma citação alheia ao autor do texto.

RESPOSTAS

19 – D 21 – A 23 – C 25 – A 27 – B 29 – A 20 – D 22 – C 24 – A 26 – B 28 – D 30 – D

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PROVA 02 Fundep/Prefeitura de Lagoa Santa/2011

INSTRUÇÃO As questões de 1 a 20 relacionam-se com o texto abaixo. Leia atentamente todo o texto antes de responder a elas.

A roupa nova do imperador

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A imagem oficial do momento em que Dom Pedro I proclamou a Independência do Brasil no dia 7 de setembro de 1822 foi eternizada na pintura do artista Pedro Américo e é o mais famoso registro que se tem dessa data histórica. A grandiosidade e imponência que se vê na tela, no entanto, é um tanto fantasiosa, tão somente um símbolo do corajoso gesto do jovem príncipe que, aos 23 anos, rompeu com sua pátria-mãe, Portugal, e se tornou o primeiro imperador brasileiro. Documentos, cartas e relatos orais nos mostram hoje que aquela manhã em que Dom Pedro I gritou “Independência ou Morte”, às margens do rio Ipiranga, não foi assim tão idílica. Ele acabara de chegar a São Paulo de uma longa e perigosa trilha pela Serra do Mar saído da cidade paulista de Santos – vestia trajes de tropeiro, montava uma mula e estava há dias sofrendo de mal-estar intestinal provocado, provavelmente, pela ingestão de alimentos deteriorados. Isso o obrigava a interromper a viagem a todo momento. A indiscrição foi legada à posteridade por um integrante da comitiva cujo relato se baniu da história oficial do Brasil. A certa altura da jornada, um acompanhante, provavelmente o futuro Barão de Pindamonhangaba, anotou: “Dom Pedro apeava da montaria para prover-se” – leia-se satisfazer necessidades fisiológicas. Além da indisposição física e da ansiedade pela decisão que iria tomar, o então príncipe já não tirava do pensamento a imagem da mulher que marcaria para sempre a sua vida pessoal e política: Domitila de Castro Canto e Melo, a futura Marquesa de Santos, que ele conhecera há poucos dias. O livro “1822” (Nova Fronteira), do escritor e jornalista Laurentino Gomes, reúne detalhes prosaicos, íntimos, escatológicos e ardentes dessa tumultuada história de amor. A reconstituição desse explosivo romance é feita do ponto de vista do Imperador, cujas cartas à Marquesa foram preservadas por ela (Dom Pedro provavelmente livrou-se das suas). A leitura dessa correspondência escrita de próprio punho ajuda a desfazer o mito, a caricatura e o estereótipo do príncipe regente, tão exaustivamente impregnado em nossa historiografia, e revela a face humanizada de uma figura-chave da história brasileira. “Nosso complexo de vira-latas nos faz desprezar um decisivo momento de nossa história e também um de seus personagens mais importantes. Dom Pedro é um herói brasileiro”, diz Gomes.

Ao decidir romper com Portugal, Dom Pedro deixou o Rio de Janeiro e viajou a cavalo os 500 quilômetros até São Paulo para apaziguar cisões políticas, selar parcerias e, então, proclamar a Independência. Foram três semanas engolindo poeira. Depois de atravessar a Serra do Mar, ele e sua guarda imperial pernoitaram nas pequenas vilas que povoavam o Vale do Paraíba – Dom Pedro era recebido por cavaleiros e curiosos, pessoas que jamais tinham visto um herdeiro do Império. Muitos se juntaram a sua comitiva numa romaria cívica que foi se tornando mais numerosa. O historiador Octávio Tarquínio de Sousa conta que, quando o Imperador passou pela cidade de Taubaté, onde dormiu, deixou o acampamento, alimentou-se com toucinhos e farinha de mandioca e passou a noite com uma prostituta. Mulherengo incorrigível, ele se envolvia com dançarinas, escravas e até freiras de conventos. Vale lembrar que uma das causas das enfermidades que o levaram à morte aos 34 anos de idade foi a sífilis.

Entre as impressões que causou, um relato da época o descreve como “um adolescente em férias”, um gozador que perdia o amigo, mas não a piada. O jeito despojado, sem pompa nem circunstância, conquistou a simpatia da população que encontrava pelo caminho. Ao atravessar um rio, por exemplo, Dom Pedro dispensou a enfeitada canoa que lhe prepararam e esporeou o cavalo pela água até a outra margem do rio. Molhado pela cintura, pediu que alguém lhe cedesse uma calça seca, no que foi atendido prontamente: “Pois troquemos de calção”, disse ele. E o fizeram ali mesmo. O Imperador Dom Pedro I já foi uma referência de heroísmo e coragem

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no passado, mas sucumbiu nas décadas de 1960 e 1970 quando passou a ser identificado com o atraso e os desmandos das elites brasileiras. Hoje, 188 anos depois, talvez esteja surgindo uma interpretação mais humana e realista de seu legado histórico.

ISTOÉ. 8 de setembro de 2010, p. 69-70. (Texto adaptado)

1. “A Roupa Nova do Imperador” O título do texto é uma alusão metafórica a) à ausência de vaidade e de pompa na conduta de Dom Pedro I. b) à troca de calções perpetrada no episódio da travessia do rio. c) ao romance tumultuado e ardente do Imperador com a Marquesa de Santos. d) a uma revisão da imagem e do papel do Imperador na história do Brasil. 2. No texto, Dom Pedro só não é caracterizado como a) inepto, desatinado. b) sem sofisticação, simples. c) brincalhão, espirituoso. d) sedutor, lascivo. 3. A hipótese de que, no dia 7 de setembro, Dom Pedro I estivesse com problemas de saúde decorre a) de inferências a partir das cartas a Domitila. b) de especulações aventadas pelo autor do texto. c) de registro do historiador Octávio Tarquínio de Souza. d) de relato produzido por um membro da comitiva. 4. Sobre o texto, é correto afirmar que a) apresenta em tom irônico uma imagem decadente, indolente e perniciosa do antigo Imperador. b) auxilia, com uma perspectiva humana, no resgate da imagem, decaída num período do século XX, de

Dom Pedro I. c) chega a se mostrar desrespeitoso com a imagem do Imperador, por apresentar fatos fictícios,

inverossímeis e incompatíveis com a figura de Dom Pedro I. d) ratifica a imagem que se fazia de Dom Pedro nas décadas de 1960 e 1970, momentos em que a figura do

Imperador foi associada a aspectos negativos da História. 5. “Nosso complexo de vira-latas nos faz desprezar um decisivo momento de nossa história [...]” (linhas 28-29) A expressão sublinhada faz uma alusão a) a um crônico complexo de inferioridade dos historiadores brasileiros. b) a uma pretensa falta de orgulho e de autoestima dos brasileiros. c) ao apuro e zelo com que a História oficial brasileira é ensinada em nossas escolas. d) ao aspecto hilariante relativo a como teriam sido os acontecimentos ligados à Independência. 6. Segundo o texto, a imagem de Dom Pedro I junto à população revelava um homem a) humano e natural, desprovido de deslumbramento e afetação. b) nobre e excêntrico, preocupado em preservar-se e vaidoso em relação à imagem pública. c) relaxado e politicamente inconsequente, pouco afeto às obrigações que deveria desempenhar no exercício

de seu cargo. d) tosco e primitivo, pragmaticamente voltado para os interesses mais privados e escusos. 7. Assinale a afirmativa que NÃO pode ser confirmada pelo texto. a) A proclamação da Independência fora do Rio de Janeiro foi decorrência de um ato deliberado de Dom Pedro. b) As informações sobre o romance entre Dom Pedro e a Marquesa de Santos têm como uma de suas fontes

principais os escritos do próprio Dom Pedro. c) Mesmo em se tratando de viagens de um nobre, os deslocamentos entre cidades eram, na época, cercados

de percalços e de situações desconfortáveis. d) O contexto em que se deu a Proclamação da Independência era de absoluta harmonia política interna no

Brasil.

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8. Assinale a alternativa em que o vocábulo sublinhado NÃO está adequadamente explicado. a) “A leitura dessa correspondência [...] o mito, a caricatura e o estereótipo do príncipe regente [...]” (linhas

25-26) [IDEIA CLASSIFICATÓRIA PRECONCEBIDA, NORMALMENTE ALIMENTADA PELA FALTA DE CONHECIMENTO].

b) “[...] aquela manhã em que Dom Pedro I [...] não foi assim tão idílica.” (linhas 7-8) [DELICADA, ROMÂNTICA]

c) “[...] e viajou [...] até São Paulo para apaziguar cisões políticas, selar parcerias [...]” (linhas 31-32) [ATO DE CINDIR, DIVISÕES, RACHADURAS, ROMPIMENTOS]

d) “O livro [...] reúne detalhes prosaicos, íntimos, escatológicos e ardentes dessa tumultuada história de amor.” (linhas 20-22) [SECRETOS, SIGILOSOS, INCONFESSÁVEIS]

9. “[...] um integrante da comitiva cujo relato se baniu da história oficial do Brasil.” (linhas 13-14) O trecho acima deve ser entendido como: a) a comitiva e seus integrantes foram banidos no relato da história oficial do Brasil. b) a história oficial do Brasil baniu um integrante da comitiva mencionado no relato. c) o integrante da comitiva bem como seu relato foram banidos da história oficial do Brasil. d) o relato elaborado por um integrante da comitiva foi banido da história oficial do Brasil. 10. “Ele acabara de chegar a São Paulo de uma longa e perigosa trilha pela Serra do Mar saído da cidade paulista de Santos – vestia trajes de tropeiro, montava uma mula e estava há dias sofrendo de mal-estar intestinal provocado, provavelmente, pela ingestão de alimentos deteriorados.” (linhas 8-12) Sobre o trecho acima, é correto afirmar que a) poderíamos substituir a expressão “a São Paulo” por “em São Paulo”. b) poderíamos trocar a forma verbal “saído” por “vindo”. c) seria admissível permutar a expressão “há dias” por “a dias”. d) seria facultativo o uso do sinal indicativo de crase na expressão “a São Paulo”. 11. “A indiscrição foi legada à posteridade por um integrante da comitiva [...]” (linha 13) Assinale a alternativa que contém a voz ativa correspondente ao trecho acima. a) A posteridade legaria a indiscrição por um integrante da comitiva [...]. b) À posteridade um integrante da comitiva [...] legara a indiscrição. c) Teria um integrante da comitiva [...] legado a indiscrição à posteridade. d) Um integrante da comitiva [...] legou a indiscrição à posteridade. 12. “A grandiosidade e imponência que se vê na tela, no entanto, é um tanto fantasiosa [...]” (linhas 3-4) Assinale a alternativa que contém ERRO de concordância. a) A grandiosidade da tela sua imponência é, no entanto, fantasiosa. b) A grandiosidade e a imponência que se veem na tela são, no entanto, um tanto fantasiosas. c) A grandiosidade e a imponência vistos na tela, no entanto, são um tanto fantasiosos. d) No entanto, são um tanto fantasiosas a grandiosidade e a imponência que são vistas na tela. 13. “Ele acabara de chegar a São Paulo de uma longa e perigosa trilha [...]” (linhas 8-9) A alternativa que contém uma forma verbal que corresponde exatamente, em tempo e sentido, à forma sublinhada é a) acabava. b) havia acabado. c) teria acabado. d) tivera acabado. 14. “Isso o obrigava a interromper a viagem a todo momento.” (linhas 12-13) Assinale a alternativa que apresenta erro na regência do verbo. a) Isso lhe levava a interromper a viagem a todo momento. b) Isso lhe trazia o ímpeto de interromper a viagem a todo momento. c) Isso o forçava a interromper a viagem a todo momento. d) Isso o impelia a interromper a viagem a todo momento.

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15. “A imagem oficial do momento em que Dom Pedro I proclamou a Independência do Brasil no dia 7 de setembro de 1822 foi eternizada na pintura [...]” (linhas 1-2) Assinale a alternativa que NÃO pode substituir o trecho destacado, por implicar erro gramatical. a) de que tratam os livros de História b) do qual tanto se orgulha o País c) no qual seria um marco definitivo na História do Brasil d) pelo qual os brasileiros tanto lutaram. 16. Assinale a alternativa em que todos os vocábulos são acentuados com base na mesma regra. a) Água, além, três, vê b) Herói, história, histórica, príncipe c) Heroísmo, Paraíba, reúne, saído d) Incorrigível, independência, íntimos, imponência 17. Assinale a alternativa em que o uso da crase está CORRETO e não altera o sentido original. a) “A certa altura da jornada, um acompanhante [...] anotou [...]” (linhas 14-15)

[À CERTA ALTURA DA JORNADA] b) “[...] alimentou-se com toucinhos e farinha de mandioca e passou a noite com uma prostituta.” (linhas 39-

40) [À NOITE]

c) “[...] Dom Pedro [...] viajou a cavalo os 500 quilômetros até São Paulo [...]” (linhas 31-32) [À CAVALO] d) “Muitos se juntaram a sua comitiva numa romaria cívica [...]” (linha 37)

[À SUA COMITIVA] 18. “Ao decidir romper com Portugal, Dom Pedro deixou o Rio de Janeiro e viajou [...]” (linha 31) O trecho sublinhado contém uma noção de a) causa. b) condição. c) modo. d) tempo. 19. “A leitura dessa correspondência [...] ajuda a desfazer o mito, a caricatura e o estereótipo do príncipe regente [...]” (linhas 25-26) Assinale a alternativa que contém uma forma INCORRETA do verbo. a) A leitura dessa correspondência desfaria o mito, a caricatura e o estereótipo do príncipe regente. b) A leitura dessa correspondência teria desfeito o mito, a caricatura e o estereótipo do príncipe regente. c) Se a leitura dessa correspondência desfazer o mito, a imagem ficará mais positiva. d) Se a leitura dessa correspondência desfizesse o mito, a caricatura e o estereótipo, a imagem seria digna do

Imperador. 20. “E o fizeram ali mesmo.” (linhas 50-51) O pronome destacado se refere a) à calça seca. b) a Dom Pedro. c) à troca de calções. d) ao calção.

RESPOSTAS

01 – D 03 – D 05 – B 07 – D 09 – D 11 – D 13 – B 15 – C 17 – D 19 – C 02 – A 04 – B 06 – A 08 – D 10 – B 12 – C 14 – A 16 – C 18 – D 20 – C

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PROVA 3 Fundep/Auditoria-Ciências Contábeis/Prefeitura de Uberaba/2011

MINISTÉRIO DA SAÚDE EXIGE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA

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Estados e municípios devem, a partir desta quarta-feira, notificar os casos graves e as mortes suspeitas por dengue em até 24 horas ao Ministério da Saúde. É o que estabelece a portaria publicada no Diário Oficial da União, oficializando decisão anunciada pelo Ministro da Saúde na semana passada.

Os casos de dengue seguem o fluxo rotineiro de notificação semanal, porém óbito, casos graves, casos produzidos pelo sorotipo DENV 4 necessitam de melhor acompanhamento, o que justifica a sua inclusão entre as doenças de notificação imediata. Essa medida possibilitará a identificação precoce de introdução de novo sorotipo e de alterações no comportamento epidemiológico da dengue, com a adoção imediata das medidas necessárias por parte do Ministério da Saúde e das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. Com a inclusão na portaria, será possível identificar, de maneira precoce, alterações na letalidade da dengue, o que permitirá uma melhor investigação epidemiológica e a adoção de mudanças na rede assistencial para evitar novas mortes.

Todas as unidades de saúde da rede pública ou privada devem informar casos graves e mortes suspeitas por dengue às Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, que repassam os dados ao Ministério da Saúde. A notificação imediata pode ser feita por telefone, e-mail ou diretamente ao „site‖ da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério, de acordo com instrumentos e fluxos já amplamente utilizados no Sistema Único de Saúde. A regra vale, ainda, para casos ocorridos em fins de semana e feriados.

“A mudança na portaria permitirá um conhecimento melhor e mais rápido de como está se comportando a dengue, propiciando uma ação de prevenção e de controle mais oportuna”, explica o Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Jarbas Barbosa.

Além disso, também foi publicada a adequação da portaria à nova legislação brasileira, tornando as violências doméstica, sexual e/ou outras violências de notificação universal, por toda a rede de assistência à saúde, e não apenas por unidades sentinelas, como anteriormente.

A notificação compulsória pelos serviços de saúde de qualquer suspeita ou confirmação de violência contra crianças, adolescentes, mulheres e pessoas idosas já está prevista na legislação. Com isso, a maioria das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde já estava em processo de expansão para outras unidades de saúde além das sentinelas, incluindo para as Unidades de Saúde da Família e outros serviços de saúde.

Devido à ocorrência de casos importados de sarampo em 2010 e à ampla vacinação realizada contra rubéola em 2008, o Ministério também incluiu todo caso de sarampo e rubéola como de notificação imediata, independentemente de ter história de viagem ou vínculo com viajante internacional. Esta medida foi adotada para detectar casos suspeitos de forma oportuna para adoção de medidas de controle em tempo hábil.

No ano de 2010, foi incorporada ao calendário básico de vacinação a vacina pneumocócica 10 valente. Diante disso, faz-se necessário o estabelecimento de medidas de monitoramento do comportamento das pneumonias no País, que passam a ser notificadas em unidades sentinelas que integram essa rede de vigilância específica. A nova portaria passa a ter 45 eventos de notificação obrigatória, com fluxos e periodicidades distintos, de acordo com a situação epidemiológica de cada um. Todos os casos notificados são registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação, pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. A nova lista de doenças de notificação compulsória e imediata está em consonância com o novo Regulamento Sanitário Internacional.

Em setembro de 2010, a lista de notificação compulsória incluíra cinco novos itens, entre os quais acidentes com animais peçonhentos, como cobras,

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escorpiões e aranhas; atendimento antirrábico após ataque de cães, gatos e morcegos; intoxicações por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos e metais pesados; síndrome do corrimento uretral masculino e sífilis adquirida. A atual portaria (104/2011) mantém na lista de notificação imediata doenças como cólera, dengue pelo sorotipo DEN-4, doença de Chagas aguda, febre amarela, poliomielite, raiva humana, influenza por novo subtipo viral, entre outras. “A notificação dessas doenças possibilita que os gestores, sejam dos estados, municípios ou o próprio Ministério, monitorem e planejem ações de prevenção de controle, avaliem tendências e impacto das intervenções e indiquem riscos para a população”, explica Jarbas Barbosa.

http://portal.saude.gov.br (texto adaptado) 1. Assinale a alternativa que contém uma afirmativa que pode ser confirmada pelo texto. a) A portaria restringe-se a organizar os mecanismos de comunicação aos órgãos de saúde de doenças

caracterizadas como de risco epidemiológico. b) As atribuições prescritas na portaria circunscrevem todas as responsabilidades atribuídas aos órgãos de

saúde das prefeituras municipais. c) Quanto à notificação referente aos casos de violência, a portaria tão somente disciplina um comando já

previsto em norma legal. d) Várias doenças, listadas em outras oportunidades, foram mantidas na portaria de que trata o texto,

enquanto outras eram excluídas. 2. A determinação do Ministério da Saúde tem como um de seus objetivos a possibilidade da adoção de medidas a) coercitivas. b) paliativas. c) preventivas. d) punitivas. 3. Assinale a alternativa em que o vocábulo sublinhado NÃO foi corretamente explicado entre parênteses. a) “A notificação compulsória pelos serviços de saúde [...] já está prevista na legislação.” (OBRIGATÓRIA,

COMPELIDA) b) “Além disso, também foi publicada a adequação da portaria à nova legislação brasileira [...]”

(DOCUMENTO CONTENDO NORMAS DE EXECUÇÃO) c) “Em setembro de 2010, a lista de notificação compulsória incluíra cinco novos itens, entre os quais

acidentes com animais peçonhentos [...]” (VENENOSOS, MALÉFICOS) d) “[...] será possível identificar, de maneira precoce, alterações na letalidade da dengue, o que permitirá uma

melhor investigação epidemiológica [...]” (SERIEDADE, GRAVIDADE) 4. “Estados e municípios devem, a partir desta quarta-feira, notificar os casos graves e as mortes suspeitas por dengue em até 24 horas ao Ministério da Saúde.” (linhas 1 e 2) Assinale a alternativa em que a nova redação, na voz passiva, preserva o sentido e ainda a forma e o tempo verbais. a) A partir desta quarta-feira, o Ministério da Saúde será notificado, em até 24 horas, por estados e

municípios de casos graves e de mortes suspeitas por dengue. b) Estados e municípios deverão ser notificados, em até 24 horas, pelo Ministério da Saúde de casos graves e

mortes suspeitas de dengue, a partir desta quarta-feira. c) O Ministério da Saúde deve, a partir desta quarta-feira, notificar estados e municípios, em até 24 horas,

dos casos graves e das mortes suspeitas de dengue. d) Os casos graves e as mortes suspeitas por dengue devem ser notificados, em até 24 horas, ao Ministério da

Saúde por estados e municípios, a partir desta quarta-feira. 5. “A mudança na portaria permitirá um conhecimento melhor e mais rápido de como está se comportando a dengue, propiciando uma ação de prevenção e de controle mais oportuna”, explica o Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Jarbas Barbosa. (linhas 22 a 25) O uso das aspas no trecho acima pretende a) apresentar, de certa forma, uma sutil e leve ironia relativa àquele contexto. b) destacar um trecho em função da relevância da advertência que é feita. c) identificar o objetivo da portaria e seu significado para a prevenção da dengue. d) registrar que se trata de citação textual da fala de alguém.

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6. “Em setembro de 2010, a lista de notificação compulsória incluíra cinco novos itens, entre os quais acidentes com animais peçonhentos [...]” (linhas 52 e 53) Mantêm-se o sentido original, o tempo e o modo verbal se substituirmos a forma verbal sublinhada por a) havia incluído. b) inclui. c) incluía. d) teria incluído. 7. “Além disso, também foi publicada a adequação da portaria à nova legislação brasileira, tornando as violências doméstica, sexual e/ou outras violências de notificação universal, por toda a rede de assistência à saúde, e não apenas por unidades sentinelas, como anteriormente.” (linhas 26 a 29) Desconsideradas as alterações de sentido, mantém-se a obrigatoriedade do uso do acento indicativo de crase em ambos os casos, se as expressões sublinhadas forem substituídas respectivamente por a) a toda legislação brasileira; a saúde física e mental do cidadão. b) as leis recentemente promulgadas; a preservação da saúde. c) a um conjunto de normas recentemente aprovadas; a qualquer forma de vida. d) a normas referentes à saúde; a todos os aspectos da saúde. 08. Desconsideradas as alterações de sentido, assinale a alternativa em que se preserva a correção quanto à concordância, de acordo com os preceitos da norma culta. a) “Com a inclusão na portaria, será possível identificar, de maneira precoce, alterações na letalidade da dengue, o

que permitirá uma melhor investigação epidemiológica e a adoção de mudanças na rede assistencial para evitar novas mortes.” Serão possíveis, com a inclusão da portaria, identificar de maneira precoce alterações na letalidade da dengue e isso permitirão melhores investigações epidemiológica e adoção de mudanças na rede assistencial para evitar novas mortes.

b) “Com isso, a maioria das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde já estava em processo de expansão para outras unidades de saúde além das sentinelas [...].” A maioria das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde já estavam, com isso, em processo de expansão para outras unidades de saúde além das sentinelas [...].

c) “Estados e municípios devem, a partir desta quarta-feira, notificar os casos graves e as mortes suspeitas por dengue em até 24 horas ao Ministério da Saúde.” Deve, a partir desta quarta-feira, tanto estados quanto municípios notificarem em 24 horas ao Ministério Saúde os casos suspeitos de dengue.

d) “A mudança na portaria permitirá um conhecimento melhor e mais rápido de como está se comportando a dengue, propiciando uma ação de prevenção e de controle mais oportuna.” A mudança nas portarias permitirão conhecimento melhor e mais rápido de como está se comportando a dengue, o que propiciam ações de prevenção e de controle mais oportunas.

9. “Diante disso, faz-se necessário o estabelecimento de medidas de monitoramento do comportamento das pneumonias no País, que passam a ser notificadas em unidades sentinelas que integram essa rede de vigilância específica.” (linhas 43 a 46) O pronome sublinhado no trecho acima se refere ao termo a) comportamento. b) medidas. c) País. d) pneumonias. 10. “Em setembro de 2010, a lista de notificação compulsória incluíra cinco novos itens, entre os quais acidentes com animais peçonhentos, como cobras, escorpiões e aranhas [...].” (linhas 52 a 54) Desconsideradas eventuais alterações de sentido, assinale a alternativa em que a substituição do trecho sublinhado acarretaria erro gramatical a) aos quais o Ministério tem estado especialmente atento. b) com os quais a saúde pública precisa tomar cuidados especiais. c) cujos os quais necessitam de monitoramento específico. d) que a saúde pública deve acompanhar e controlar de perto.

RESPOSTAS

01 – C 02 – C 03 – D 04 – D 05 – D 06 – A 07 – B 08 – B 09 – D 10 – C

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PROVA 04 Fundep/Prodabel/Analista-Gestão de Recursos Estratégicos/Recursos Humanos/2009 INSTRUÇÃO As questões de 1 a 10 relacionam-se com o texto abaixo. Leia atentamente todo o texto antes de responder a elas.

BANQUE O PROFETA

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Arthur Clarke escreveu 2001: Uma Odisseia no Espaço entre 1966 e 1968. Como cientista, criara o conceito de satélites de telecomunicações. Mas como profeta da ficção não foi tão bem. Arthur e Stanley Kubrick sugeriram em 2001 que o homem teria colônias de exploração na Lua, naves rumo a Júpiter e que a PanAmerican seria a primeira companhia aérea a servir o espaço. (A empresa faliu em 1991). Para Clarke, em 2001 o máximo em matéria de computador seria o HAL- 9000, um “mainframe” programado para matar. Com o sucesso do filme, Clarke lançou em 1982 a continuação, 2010: Odisseia 2. Em 2010, o cientista que criou o HAL-9000 pegava carona numa nave soviética para tentar consertar o computador na órbita de um satélite em Júpiter. Enquanto traz HAL de novo à vida, a missão é abortada porque na Terra estourou um conflito apocalíptico entre os Estados Unidos e a União Soviética por causa da Nicarágua. No processo, Júpiter explode e se transforma num minissol. Chegamos a 2010, sabendo que Júpiter está inteiro, girando ao redor do único sol que temos e que a URSS faliu no mesmo ano que a PanAmerican.

Agora o calendário maia e o diretor de cinema Roland Emmerich declaram que não passaremos de 2012, quando bilhões de pessoas morrerão.

Aceitar a possibilidade de uma catástrofe é um perigo real e imediato, porém achar que sabemos quando acontecerá é outra coisa.

Quebramos a cara ao bancar profetas. Faz parte das angústias humanas não controlar o futuro. Talvez por isso as previsões tendam a ser tão catastróficas e pessimistas. Projetamos nossos medos. Mesmo sabendo que é uma atividade de alto risco, vou inalar os vapores da vidência e fazer algumas previsões tecnológicas para 2010.

Este será o ano da ascensão definitiva da leitura digital. Leitores do tipo “Kindle” vão baratear e se espalhar.

A Microsoft vai mergulhar de vez na crise de quem insiste em internet 1.0. Não vai falir, claro. O Windows 7 deve vender muito bem. Mas por que comprar o novo Office se já escrevo esta coluna confortavelmente na “Google Docs”?

Vão surgir nas lojas monitores e consoles de videogames em 3D. Caros e cheios de “bugs”. É só o início. A terceira dimensão já se estabeleceu no cinema e está chegando à TV.

A indústria da música vai considerar o som do vinil artificial demais e anunciará o relançamento de discos no único formato que preserva o “calor” das gravações: a fita cassete.

A nova onda será o metaversa, uma versão simplificada e mais realista do “Second Life”. Será mais divertido que digitar até cento e quarenta toques. Encontraremos as pessoas numa “rua” virtual e estabeleceremos diálogos cara a cara com outros avatares. Fora encontros em lugares reservados.

O Brasil enfrentará suas primeiras grandes eleições da era do “Twitter” e do “Facebook”. O clima vai ficar irrespirável na blogosfera.

MARQUEZI, Dagomir. Revista Info, janeiro de 2010. (Texto adaptado)

Questão 1

Assinale a alternativa que contém o trecho que melhor sintetiza o objetivo do texto. a) “ [...] achar que sabemos quando acontecerá é outra.” b) “ [...] fazer algumas previsões tecnológicas para 2010.” c) “Projetamos nossos medos.” d) “Quebramos a cara ao bancar profetas.”

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Questão 2

“O clima vai ficar irrespirável na blogosfera.” (linha 41)

O trecho destacado faz uma alusão

a) à tensão decorrente dos debates relativos ao processo eleitoral, na esfera tecnológica. b) às dificuldades de preservação do anonimato e do sigilo por causa dos sites de relacionamento. c) ao avanço inexorável da tecnologia e da informação, especialmente no que se refere à possibilidade de

eleições pelo sistema digital. d) aos problemas ambientais e ecológicos que afetam o planeta. Questão 3

“Vão surgir nas lojas monitores e consoles de videogames em 3D. Caros e cheios de „bugs‟. É só o início. A terceira dimensão já se estabeleceu no cinema e está chegando à TV.” (linhas 30-32)

Assinale a redação em que se mantêm o sentido e a coesão, sem se incorrer em erro gramatical.

a) Caros e cheios de “bugs”, surgirá nas lojas monitores e consoles de videogames em 3D. É só o início. A terceira dimensão já terá se estabelecido, pois, no cinema e estará chegando à TV.

b) Consoles de videogames em 3D, caros e cheios de “bugs”, vão surgir nas lojas. É só o início, conquanto a terceira dimensão já tenha se estabelecido no cinema e esteja chegando na TV.

c) Nas lojas vão surgir monitores e consoles de videogames em 3D caros e cheios de “bugs”. Considerando-se que a terceira dimensão já se estabeleceu no cinema e está chegando à TV, isso é só o início.

d) Visto que só no início, a terceira dimensão já se estabeleceu no cinema e está chegando à TV; não obstante vão surgir nas lojas monitores e consoles de videogames, caros e cheios de “bugs”, em 3D.

Questão 4

“[...] relançamento de discos no único formato que preserva o ‘calor’ das gravações [...]” (linha 34)

Assinale a alternativa em que a justificativa para a utilização de aspas no termo sublinhado é a mesma do trecho acima.

a) “Caros e cheios de ‘bugs’.” b) “Encontraremos as pessoas numa ‘rua’ virtual e [...]” c) “O Brasil enfrentará suas primeiras grandes eleições da era do ‘Twitter’ [...].” d) “[...] o máximo em matéria de computador seria o HAL-9000, um ‘mainframe’ programado para matar.” Questão 5

“Como cientista, criara o conceito de satélites de telecomunicações.” (linha 2)

O termo sublinhado corresponde à forma verbal

a) havia criado. b) houvera criado. c) tem criado. d) teria criado. Questão 6

“Arthur e Stanley Kubrick sugeriram em 2001 que o homem teria colônias de exploração na Lua, naves rumo a Júpiter e que a PanAmerican seria a primeira companhia aérea a servir o espaço.” (linhas 3-5)

No que se refere ao uso do acento grave indicativo da crase, o trecho sublinhado pode ser substituído corretamente pela expressão

a) rumo à estrelas e planetas distantes. b) rumo à lua. c) rumo à toda a galáxia. d) rumo à uma lua do planeta Júpiter.

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Questão 7

“A indústria da música vai considerar o som do vinil artificial demais e anunciará o relançamento de discos no único formato que preserva o ‘calor’ das gravações: a fita cassete.” (linhas 33-35)

Assinale a alternativa em que foram mantidos o sentido, os tempos e os modos verbais na redação.

a) Artificial demais é como o som do vinil será considerado pela indústria da música e, assim, é anunciado o relançamento de discos no único formato em que o “calor” das gravações poderá ser preservado: a fita cassete.

b) Considerando-se o som do vinil artificial demais, seria anunciado pela indústria da música o relançamento de discos no único formato em que o “calor” das gravações seria preservado: a fita cassete.

c) O som do vinil vai ser considerado artificial demais pela indústria da música e será anunciado o relançamento de discos no único formato em que o “calor” da gravações é preservado: a fita cassete.

d) Por ser considerado pela indústria da música artificial demais, é anunciado que o som do vinil será relançado no único formato em que era preservado o “calor” das gravações: a fita cassete.

Questão 8

Assinale a alternativa em que a substituição do termo sublinhado está gramaticalmente INCORRETA.

a) “[...] a missão é abortada porque na Terra estourou um conflito apocalíptico [...] [...] a missão é abortada porque na Terra o estourou [...]

b) “Encontraremos as pessoas numa “rua” virtual [...]” Encontrá-las-emos numa “rua” virtual [...]

c) “Faz parte das angústias humanas não controlar o futuro.” Faz parte das angústias humanas não controlá-lo.

d) “Projetamos nossos medos.” Projetamo-los.

Questão 9

“[...] por que comprar o novo Office se já escrevo esta coluna confortavelmente na ‘Google Docs’?” (linhas 28-29)

Assinale a alternativa que contém INCORREÇÃO na ortografia.

a) Se já escrevo esta coluna confortavelmente na “Google Docs”, por que comprar o novo Office? b) Se já escrevo esta coluna confortavelmente na “Google Docs”, comprar o novo Office por quê? c) Se já escrevo esta coluna confortavelmente na “Google Docs”, quero saber porque comprar o novo Office. d) Se já escrevo esta coluna confortavelmente na “Google Docs”, quero saber o porquê de comprar o novo

Office. Questão 10

“Faz parte das angústias humanas não controlar o futuro.” (linhas 20-21)

Assinale a alternativa que apresenta, quanto à concordância, uma redação CORRETA.

a) Faz parte das angústias humanas a falta de possibilidades de domínio de mecanismos de controle do futuro.

b) Faz parte das angústias humanas as dificuldades de domínio de mecanimos de controle do futuro. c) Fazem parte das angústias humanas a impossibilidade de domínio de mecanismos de controle do futuro. d) Fazem parte das angústias humanas não deter mecanismos de controle do futuro.

RESPOSTAS

01 – B 02 – D 03 – C 04 – B 05 – A 06 – B 07 – C 08 – A 09 – C 10 – A

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PROVA 05 Fundep/CBMMG/CFO/2010 INSTRUÇÃO As questões de 01 a 05 relacionam-se com o texto abaixo. Leia atentamente todo o texto antes de responder a elas.

A tragédia que veio da chuva e da omissão

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Há um século, libertamos os escravos sem considerar que isso forçaria migrações em direção às cidades. Desde os anos 30, iniciamos o salto para a industrialização, aumentando a migração. E submetemos nossos projetos de infraestrutura urbana à voracidade de um modelo de desenvolvimento perdulário e concentrador.

Para não mudarmos o modelo de desenvolvimento e o imediatismo que norteiam nossas decisões, vamos dando “jeitinhos”, como se as chuvas nunca viessem em densidades infernais, nem previsíveis no longo prazo.

A natureza é paciente, mas não tolera “jeitinhos”. A consequência é que as cidades estão pagando pelos erros e omissões do

passado. Nossas cidades são levantadas sobre o alicerce dos “jeitinhos”. Prisioneiros do imediato, ignoramos o futuro.

Não podemos jogar a culpa somente nos atuais governantes, nem nos governantes locais, nem mesmo em todos os governantes. A culpa é da nossa cultura de preferência pelo imediato e de pavor à prevenção. Fizemos a opção pelo imediatismo, pela concentração, pela industrialização rápida, pela urbanização apressada, com infraestrutura incompleta.

E o resultado é a tragédia. A tragédia vem da “chuvomissão”. Esse é um problema que nenhum governante vai resolver se o Brasil continuar

com a prática do jeitinho suicida. Certamente, governadores e prefeitos precisam fazer seus deveres de casa,

mas nenhum conseguirá resolver os problemas de sua região se o Brasil continuar desprezando o futuro.

Enquanto isso não for feito, a chuva e a omissão continuarão a provocar tragédias cíclicas, gritantes e visíveis, ao lado de outras, permanentes, mas que nos negamos a ver: na saúde, na pobreza, na educação, na migração por necessidade de sobreviver. Essas, sim, as verdadeiras causas.

(Cristovam Buarque – Jornal O Tempo, Belo Horizonte, sexta-feira, 16 de abril de 2010) Questão 01

“A tragédia vem da ‘chuvomissão’.” (linha 18)

O sentido da palavra sublinhada NÃO está diretamente explicitado, no texto,

a) no título. b) no quarto parágrafo. c) no penúltimo parágrafo. d) no último parágrafo. Questão 02

“A natureza é paciente, mas não tolera ‘jeitinhos’.” (linha 9)

No texto, os “jeitinhos” citados nessa frase são

a) condenados. b) decantados. c) extirpados. d) tolerados.

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Questão 03

“Não podemos jogar a culpa somente nos atuais governantes, nem nos governantes locais, nem mesmo em todos os governantes.” (linhas 13 e 14)

As conjunções sublinhadas nessa frase podem ser adequadamente classificadas como a) aditivas. b) adversativas. c) conclusivas. d) explicativas. Questão 04

“Fizemos a opção pelo imediatismo, pela concentração, pela industrialização rápida, pela urbanização apressada, com infraestrutura incompleta.” (linhas 15-17)

Nessa frase, as palavras que indicam qualificação são em número de a) apenas duas palavras. b) três palavras. c) quatro palavras. d) mais de quatro palavras. Questão 05

Das formas verbais sublinhadas nas frases seguintes, a que se configura como construção própria da voz passiva é:

a) A consequência é que as cidades estão pagando pelos erros e omissões do passado. (linhas 10-11) b) “Nossas cidades são levantadas sobre o alicerce dos ‘jeitinhos’.” (linha 11) c) “Não podemos jogar a culpa somente nos atuais governantes [...]” (linha 13) d) “Certamente, governadores e prefeitos precisam fazer seus deveres de casa, [...]” (linha 21)

RESPOSTAS

01 – C 02 – A 03 – A 04 – B 05 – B

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PROVA 06 Fundep/TJ/MG/Oficial Judiciário-Oficial de Apoio Ju dicial/2009 INSTRUÇÃO As questões de 1 a 18 relacionam-se com o texto abaixo. Leia atentamente todo o texto antes de responder a elas.

VIOLÊNCIA, TV E CRIANÇA: O COMEÇO DE UMA NOVA ERA.

SERÁ? (Artur da Távola)

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Muita gente culpa os meios de comunicação por disseminar e incentivar, através de programas e notícias, a violência no mundo. A tevê então é a principal acusada deste malefício à sociedade.

Acontece que os meios de comunicação são considerados, por estas mesmas pessoas, como causa de alguma coisa e não reflexo e causa ao mesmo tempo, num processo interativo, como pessoalmente creio ocorrer. Quer dizer: a tevê não é a causa das coisas, das transformações, dos fatos. Não. Ela é veículo. É meio pelo qual as coisas, as transformações e os fatos chegam aos indivíduos.

Pois bem, é neste ponto que três temas passam a ser profundamente entrelaçados e discutidos, adquirindo a maior importância em qualquer sociedade: criança – violência e televisão.

As crianças, estas estão aí. No Brasil, sessenta por cento da população têm menos de vinte anos de idade, o que desde logo dá a devida magnitude do problema.

A violência também está aí mesmo. Com uma diferença: ao longo da história do mundo ela sempre esteve presente só que lá longe. Agora, graças aos meios de comunicação são as pessoas, em suas casas, as que estão presentes a ela. As gerações anteriores, para saber das guerras, ou as viam “idealizadas”, glamourizadas e heroicizadas no cinema, ou liam a respeito nos livros de história. Hoje, ninguém idealiza nada. Vê. Vê, via satélite. Não ouve falar dos horrores. Participa deles. Por outro lado, a violência aumenta em proporções assustadoras, tanto no resto do mundo como aqui bem perto, em cada esquina.

Pergunto eu: será só o incentivo à violência o resultado único desse processo de informação em escala mundial?

É preciso lembrar, por exemplo, que muito da campanha de opinião pública contra a guerra do Vietnã nos Estados Unidos deveu-se à cobertura instantânea da televisão. Nada é estático. O que divulga provoca também resistências. Hoje as pessoas deixaram de ter a violência como algo sempre distante, algo que “só acontece com os outros”. Todos estão ameaçados nesta bolota azul em que vivemos. Logo, repudiar a violência é tarefa comum.

Não é verdade, igualmente, que os meios de comunicação só disseminem a violência. Quem acompanha de boa-fé, assiste ao alerta diário destes meios contra todas as formas de violência e as ameaças de destruição tanto da terra quanto da espécie, no caso de persistirem as ameaças nucleares e as afrontas ecológicas.

Ninguém agüenta tensões prolongadas. A humanidade está podendo se ver a cada dia. Está podendo julgar e avaliar a que leva os seus desvarios. Está se conhecendo em seus máximos e em seus mínimos, em suas grandezas e em suas patologias, como nunca antes da televisão fora possível. Está secretando os anticorpos à violência e as atitudes necessárias à sua sobrevivência. Está consciente de que a ameaça é conjuntural. De que ou o homem se entende e redescobre o Direito estabelecendo seu primado, ou se aniquila: no macro do mundo ou no micro de cada comunidade.

E as crianças? Elas estão assistindo a tudo isso. Elas, por definição, são mais saudáveis, mais instintivas, mais purificadas. Ninguém vai lhes contar histórias sobre as guerras: elas as acompanham. Sobre os atentados brutais: elas os vêem. E no segredo de sua psique, ainda plena dos instintos vitais, seguramente elaboram os mecanismos de defesa necessários à preservação da vida.

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É analisando estes assuntos que me recordo de uma tese, estranha, mas séria e digna de reflexão, de um amigo meu, médico, homem de idade, sabedoria e ciência. Diz ele que nunca como hoje a humanidade pôde conviver tão perto da loucura. Ela entra diariamente através dos noticiários, dos fatos e das imagens, enfim, da comunicação moderna. E acrescenta: só quando o ser humano aceitar conviver com seu lado louco ele começa a se aproximar da cura. Negar a loucura é tão louco quanto ela. Aceitá-la como dado desse eterno conflito em superação no caminho absoluto que é o homem significa poder entrar em relação com a doença e só assim tratá-la, superá-la, dimensioná-la, aproveitar o fluxo de sua energia desordenada para a tarefa de reconstrução humana.

Desnecessário dizer que ele é psiquiatra. Como necessário é concluir o artigo dizendo: concordando ou não, sua tese merece reflexão. E perguntando com pavor: será mesmo necessário pagar um preço existencial tão alto para se ter esperança? Que ela venha com as crianças deste país que sei (por intuição) serão os pontais de uma civilização espiritualizada que há de emergir (já está começando) das cinzas da violência, se possível antes da generalização desta como única forma de resolver os conflitos e as diferenças entre os homens. Eros e Tanatos, sempre. Mas o amor é maior que o ódio.

(In: Dias Carneiro, Agostinho & Farias, A. Rio de Janeiro, Ao Livro Técnico, 1979. p. 11-2.) Questão 1

“Violência, TV e Criança: O começo de uma Nova Era. Será”?

É CORRETO afirmar que o título do texto traduz

a) uma severa crítica. b) uma fina ironia. c) uma visão inovadora. d) um velado retrocesso. Questão 02

“Está secretando os anticorpos à violência [...].” (linhas 38 e 39)

Assinale a afirmativa que indica corretamente a figura de linguagem utilizada acima. a) Paradoxo b) Metonímia c) Alegoria d) Sinestesia Questão 03

Uma das frases abaixo deixa claro o comprometimento do autor com o meio de comunicação televisivo.

Assinale a alternativa que justifica essa afirmação. a) “Hoje, ninguém idealiza nada.” (linha 20) b) “Muita gente culpa os meios de comunicação [...].” (linha 01) c) “[...] será só o incentivo à violência [...].” (linha 23) d) “Quer dizer: a tevê não é a causa das coisas, das transformações, dos fatos. Não. Ela é veículo.” (linhas 6-

7) Questão 04

Relendo o trecho: “Será só o incentivo à violência o resultado único desse processo de informação em escala mundial?” (linhas 23-24)

É CORRETO afirmar que a presença do questionamento do autor a) reforça sua visão positiva dos veículos de comunicação. b) coloca em dúvida a natureza das informações veiculadas. c) deixa patente sua indignação quanto à autenticidade das notícias. d) protesta, com veemência, contra os equívocos a que estamos sujeitos.

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Questão 05

O autor encerra o texto fazendo alusão a “Eros e Tanatos”. (linha 64)

É CORRETO afirmar que, com essa referência, o autor a) reconhece a presença constante do Amor e da Morte no mundo. b) admite o poder de forças sobrenaturais para reverter o mal. c) invoca seres mitológicos para a solução dos problemas. d) suplica a ajuda de força imaginária para salvar o mundo.

Questão 06

No texto ―E as crianças? [...] Elas são mais saudáveis, mais instintivas, mais purificadas.” (linhas 43 a 44)

É CORRETO afirmar que a opção cujo sinônimo nos remete a um dos adjetivos grifados é a) evoluídas. b) intuitivas. c) dedicadas. d) espirituosas.

Questão 07

“[...] ou o homem se entende e redescobre o Direito estabelecendo seu primado, ou se aniquila [...].” (linhas 40 a 41)

Considerando as relações de sentido estabelecidas pelas conexões nas frases acima, é CORRETO afirmar que houve entre elas uma relação de a) alternância. b) oposição. c) conclusão. d) explicação ou confirmação.

Questão 08

Considerando a correlação entre os termos grifados e as indicações dos parênteses, assinale a alternativa que NÃO ESTÁ CORRETA . a) “[...] graças aos meios de comunicação são as pessoas, em suas casas, as que estão presentes a ela.” (linhas 16-

17) - (pronome adjetivo possessivo, pronome demonstrativo, pronome relativo, pronome pessoal) b) “E as crianças? Elas estão assistindo a tudo isso.” (linha 43) - (pronome pessoal, pronome indefinido, pronome

demonstrativo) c) “Ninguém agüenta tensões prolongadas. A humanidade está podendo se ver em cada dia.” (linhas 35-36) -

(pronome indefinido, pronome reflexivo, pronome demonstrativo) d) “Hoje ninguém idealiza nada.” (linha 20) - (pronome substantivo indefinido, pronome substantivo indefinido)

Questão 09

Assinale a alternativa em que a função do termo grifado está corretamente indicada. a) “[...] será só o incentivo à violência o resultado [...].” (linha 23) – objeto indireto b) “Sobre os atentados brutais: elas os vêem.” (linha 45) – adjunto adnominal c) “Hoje, ninguém idealiza nada.” (linha 20) – sujeito indeterminado d) “Está secretando os anticorpos à violência e as atitudes necessárias à sua sobrevivência.” (linhas 38-39) –

objeto direto

Questão 10

“[...] só quando o ser humano aceitar conviver com seu lado louco ele começa a se aproximar da cura.” (linhas 52 a 53) Na frase acima é CORRETO afirmar que a) apenas quatro verbos são encontrados. b) o último verbo se apresenta no modo indicativo. c) um verbo anômalo é encontrado. d) há um verbo da primeira conjugação flexionado na voz passiva. Questão 11

Considerando o acento tônico e a classificação quanto ao número de sílabas, assinale a alternativa CORRETA. a) Psiquiatra – Paroxítona – Quatro sílabas b) Noticiário – Proparoxítona – Seis sílabas c) Absoluto – Paroxítona – Cinco sílabas d) Ódio – Oxítona – Duas sílabas

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Questão 12 Nos trechos abaixo, assinale a alternativa em que a associação está CORRETA. a) “Todos estão ameaçados nesta bolota azul em que vivemos. Logo, repudiar a violência é tarefa comum.”

(linhas 29-30) - (O termo grifado é advérbio de tempo). b) “Agora, graças aos meios de comunicação, são as pessoas, em suas casas, as que estão presentes a ela.” (linhas

16-17) - (O pronome grifado substitui a palavra “história”) c) “Desnecessário dizer que ele é psiquiatra.” (linha 58) - (Psiquiatra é sujeito da oração) d) “Pergunto eu: será só o incentivo à violência o resultado único desse processo [...]?” (linhas 23-24) - (O sujeito

está posposto ao verbo) Questão 13 Assinale a afirmativa em que se aplica a mesma regra de acentuação. a) tevê – pôde – vê b) únicas – histórias – saudáveis c) indivíduo – séria – noticiários d) diário – máximo – satélite Questão 14 Assinale a alternativa em que se encontra uma gradação. a) “[...] será o incentivo à violência o resultado único desse processo de informação em escala mundial?” (linhas

23-24) b) “[...] a violência aumenta em proporções assustadoras, tanto no resto do mundo como aqui bem perto, em cada

esquina.” (linhas 21-22) c) “[...] reflexão de um amigo meu, médico de meia idade, sabedoria e ciência.” (linhas 49-50) d) “Está se conhecendo em seus máximos e em seus mínimos [...].” (linhas 36-37) Questão 15 “[...] só quando o ser humano aceitar conviver com seu lado louco ele começa a se aproximar da cura.” (linhas 52-53) É CORRETO afirmar que, nessa frase, empregou-se a linguagem a) conotativa. b) hermética. c) erudita. d) coloquial. Questão 16 Assinale a alternativa em que o jogo de antônimos não está presente a) “[...] no macro do mundo ou no micro de cada comunidade.” (linhas 41-42) b) “Está se conhecendo em seus máximos e seus mínimos [...].” (linhas 36-37) c) “Desnecessário dizer que ele é psiquiatra. Como necessário é concluir o artigo [...].” (linha 58) d) “[...] civilização espiritualizada que há de emergir [...] das cinzas da violência.” (linhas 62-63) Questão 17 Considerando o processo de formação de palavras, assinale a alternativa em que se encontra um prefixo e um sufixo. a) Reconstrução b) Idealizadas c) Diariamente d) Heroicizadas Questão 18 Considerando a regência verbal, assinale a alternativa em que a associação está INCORRETA. a) “Quem acompanha de boa fé assiste ao alerta diário destes meios contra [...].” (linha 32) – O complemento

verbal pode ser substituído por LHE. b) A violência assiste em qualquer parte do mundo – Nesta frase o verbo assistir é intransitivo. c) Não me assiste o direito de criticar os meios de comunicação – No sentido de competência ou atribuição o

verbo assistir é transitivo indireto. d) Repudiar a violência na tevê é um direito que assiste ao telespectador – No sentido de caber, competir, o

complemento verbal pode ser substituído por LHE.

RESPOSTAS 01 – B 03 – D 05 – A 07 – A 09 – D 11 – A 13 – C 15 – A 17 – A 02 – C 04 – A 06 – B 08 – C 10 – A 12 – D 14 – B 16 – D 18 – A

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PROVA 07 Fundep/Prodabel/Técnico/Tecnologia da Informação/2009 INSTRUÇÃO As questões de 1 a 10 relacionam-se com o texto abaixo. Leia atentamente todo o texto antes de responder a elas.

PAZ NA REDE

5

10

15

A partir do dia 20 de novembro, internautas do mundo todo poderão assinar um documento que defende a indicação da rede mundial de computadores ao Prêmio Nobel da Paz de 2010. Quanto mais pessoas acessarem o site disponível, maiores as chances de conseguirmos que a web seja reconhecida pela sua capacidade de conectar pessoas, gerar novas ideias e difundir a democracia, e não como um instrumento de preconceito e crime. Abaixo, você lê, na íntegra, o manifesto assinado pelos embaixadores desse ambicioso projeto. São eles: o estilista Giorgio Armani, a ativista iraniana e Nobel da Paz em 2003 Shirin Ebadi, o cientista italiano Umberto Veronesi e os diretores da revista Wired na Itália, na Inglaterra e nos Estados Unidos. No Brasil, Galileu é a primeira revista do País a divulgar a causa. E, além de você, também queremos estimular que outras publicações do Brasil também adotem e espalhem a ideia dessa campanha.

GALILEU, dezembro, 2009 (Texto adaptado).

Manifesto

20

25

30

35

“Finalmente compreendemos que a internet não é uma rede de computadores, mas um infinito entrelace de pessoas. Homens e mulheres, de todas as latitudes, conectados entre si por meio da maior plataforma de relações que a humanidade já conheceu. A cultura digital criou os fundamentos para uma nova civilização. E essa civilização está construindo a dialética, o confronto e a solidariedade por meio da comunicação. Porque, desde sempre, a democracia germina onde há hospitalidade, escuta, troca e compartilhamento.

40

45

E, desde sempre, o encontro com o ‘outro’ é o antídoto mais eficaz contra o ódio e o conflito. É por isso que a internet é um instrumento de paz. É por isso que cada um de nós, dentro da rede, pode ser uma semente de não- violência. É por isso que a Rede merece o próximo Prêmio Nobel para a paz. Que será um Nobel dado também a cada um de nós.”

Giorgio Armani, Shirin Ebadi, Umberto Veronesi e Wired team.

Questão 1

Com relação à rede mundial de computadores, NÃO se ressalta, no texto, o seu potencial a) criativo. b) estético. c) político. d) social.

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Questão 2

No manifesto apresentado, considera-se, principalmente, o papel da a) civilidade. b) comunicação. c) educação. d) urbanidade. Questão 3

Finalmente compreendemos que a internet não é ____________________ uma rede de computadores, mas um infinito entrelace de pessoas.

Das palavras seguintes, a que pode ser introduzida na lacuna acrescentada a essa frase, explicitando-lhe o sentido, é a) apenas. b) assim. c) jamais. d) também. Questão 4

Dos sentimentos listados a seguir, o que é especialmente exaltado no texto é a) a animosidade. b) a solidariedade. c) o destemor. d) o entusiasmo. Questão 5

No texto, sugere-se que um prêmio concedido à internet abrangeria, na verdade, a) toda a latinidade. b) toda a sociedade. c) todo um país. d) todo um povo. Questão 6

“Abaixo, você lê na íntegra o manifesto assinado pelos embaixadores desse ambicioso projeto.” (linhas 11-13)

É CORRETO considerar que essa frase empresta ao texto um tom preferencialmente a) acadêmico. b) coloquial. c) dissertativo. d) formal. Questão 7

“[...] queremos estimular que outras publicações [...] também adotem e espalhem a idéia dessa campanha.” (linhas 18-19)

As formas verbais sublinhadas nessa frase NÃO estão conjugadas a) na mesma voz. b) no mesmo modo. c) no mesmo número. d) no mesmo tempo.

Questão 8

“A cultura digital criou os fundamentos para uma nova civilização.” (linhas 28-29)

As palavras sublinhadas exercem, nessa frase, uma função a) circunstancial. b) conectiva. c) qualificativa. d) substantiva.

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Questão 9

“[...] a democracia germina onde há hospitalidade [...]” (linhas 33-34)

A forma verbal sublinhada está conjugada na 3ª pessoa do singular porque a) concorda com o objeto direto da frase. b) concorda com sujeito oculto de terceira pessoa do singular. c) é uma forma fixa com sujeito inexistente. d) é um modo de indeterminação do sujeito. Questão 10

“É por isso que a internet é um instrumento de paz.” (linhas 39-40)

A palavra e a expressão sublinhadas nessa frase podem ser classificadas, respectivamente, como a) predicativo e adjunto adverbial. b) predicativo e sujeito. c) sujeito e adjunto adnominal. d) sujeito e predicativo.

RESPOSTAS

01 – B 02 – B 03 – A 04 – B 05 – B 06 – B 07 – B 08 – C 09 – C 10 – D

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PROVA 08 Fundep/TJ/MG/Técnico Judiciário-Técnico Judiciário/2009

Instrução: As questões de 01 a 20 relacionam-se com o texto abaixo. Leia-o com atenção antes de responder a elas.

Como o rei de um país chuvoso

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Um espectro ronda o mundo atual: o espectro do tédio. Ele se manifesta de diversas maneiras. Algumas de suas vítimas invadem o “shopping center” e, empunhando um cartão de crédito, comprometem o futuro do marido ou da mulher e dos filhos. A maioria opta por ficar horas diante da TV, assistindo a “reality shows”, os quais, por razões que me escapam, tornam interessante para seu público a vida comum de estranhos, ou seja, algo idêntico à própria rotina considerada vazia, claustrofóbica.

O mal ataca hoje em dia faixas etárias que, uma ou duas gerações atrás, julgávamos naturalmente imunizadas a seu contágio. Crianças sempre foram capazes de se divertir umas com as outras ou até sozinhas. Dotadas de cérebros que, como esponjas, tudo absorvem e de um ambiente, qualquer um, no qual tudo é novo, tudo é infinito, nunca lhes faltam informação e dados a processar. Elas não precisam ser entretidas pelos adultos, pois o que quer que estes façam ou deixem de fazer lhes desperta, por definição, a curiosidade natural e aguça seus instintos analíticos. E, todavia, os pais se vêem cada vez mais compelidos a inventar maneiras de distrair seus filhos durante as horas ociosas destes, um conceito que, na minha infância, não existia. É a idéia de que, se a família os ocupar com atividades, os filhos terão mais facilidades na vida.

Sendo assim, os pais, simplesmente, não deixam os filhos pararem. Se o mal em si nada tem de original e, ao que tudo indica, surgiu, assim como

o medo, o nojo e a raiva, junto com nossa espécie ou, quem sabe, antes, também é verdade que, por milênios, somente uma minoria dispunha das precondições necessárias para sofrer dele. Falamos do homem cujas refeições da semana dependiam do que conseguiria caçar na segunda-feira, antes de, na terça, estar fraco o bastante para se converter em caça e de uma mulher que, de sol a sol, trabalhava com a enxada ou o pilão. Nenhum deles tinha tempo de sentir o tédio, que pressupõe ócio abundante e sistemático para se manifestar em grande escala. Ninguém lhe oferecia facilidades. Por isso é que, até onde a memória coletiva alcança, o problema quase sempre se restringia ao topo da pirâmide social, a reis, nobres, magnatas, aos membros privilegiados de sociedades que, organizadas e avançadas, transformavam a faina abusiva da maioria no luxo de pouquíssimos eleitos.

O tédio, portanto, foi um produto de luxo, e isso até tão recentemente que Baudelaire, para, há século e meio, descrevê-lo, comparou-se ao rei de um país chuvoso, como se experimentar delicadeza tão refinada elevasse socialmente quem não passava de “aristocrata de espírito”.

Coube à Revolução Industrial a produção em massa daquilo que, previamente, eram raridades reservadas a uma elite mínima. E, se houve um produto que se difundiu com sucesso notável pelos mais inesperados andares e recantos do edifício social, esse produto foi o tédio. Nem se requer uma fartura de Primeiro Mundo para se chegar à sua massificação. Basta, a rigor, que à satisfação do biologicamente básico se associe o cerceamento de outras possibilidades (como, inclusive, a da fuga ou da emigração), para que o tempo ocioso ou inútil se encarregue do resto. Foi assim que, após as emoções fornecidas por Stalin e Hitler, os países socialistas se revelaram exímios fabricantes de tédio, único bem em cuja produção competiram à altura com seus rivais capitalistas. O tédio não é piada, nem um problema menor. Ele é central. Se não existisse o tédio, não haveria, por exemplo, tantas empresas de entretenimento e tantas fortunas decorrentes delas. Seja como for, nem esta nem soluções tradicionais (a alta cultura, a religião organizada) resolverão seus impasses. Que fazer com essa novidade histórica, as massas de crianças e jovens perpetuamente desempregados, funcionários, gente aposentada e cidadãos em geral ameaçados não pela fome, guerra ou epidemias, mas pelo tédio, algo que ainda ontem afetava apenas alguns monarcas?

ASCHER, Nélson, Folha de S. Paulo, 9 abr. 2007, Ilustrada. (Texto adaptado)

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Questão 01

“Como o rei de um país chuvoso”

O título do texto contém, sobretudo, a) uma alusão à antítese entre a facilidade de provimento das necessidades materiais e o vazio decorrente do ócio

e da monotonia pela ausência de motivos por que lutar. b) uma comparação que trata da dificuldade de convivência entre a opulência do poder e a manipulação

decorrente do consumismo exacerbado. c) uma metáfora relacionada à coabitação da angústia existencial contemporânea com a busca de sentidos para a

vida, especialmente entre os membros da aristocracia. d) uma referência ao conflito advindo da solidão do poder, especialmente no que se refere ao desânimo oriundo da

ausência de perspectivas para a vida em sociedade. Questão 02

O texto NÃO menciona como causa para a presença do tédio na sociedade moderna a) a ausência de atividades físicas compulsórias relacionadas com a sobrevivência. b) a facilidade de acesso aos bens que provêem as necessidades físicas primárias. c) a limitação da mobilidade física e privação de certas liberdades. d) a proliferação de empresas e de espaços de lazer e de consumo. Questão 03

Na abordagem histórica que faz do tédio, o autor só NÃO afirma que o fenômeno a) durante muito tempo esteve circunscrito a um grupo de pessoas detentoras do poder e do capital. b) foi especialmente significativo no período de Stalin e de Hitler, haja vista os acontecimentos fortes e marcantes

da época. c) pode ser considerado um traço comum às sociedades de economia capitalista e socialista. d) teve um vertiginoso incremento como conseqüência da popularização de bens de consumo decorrente da

Revolução Industrial. Questão 04

A alternativa em que o termo destacado NÃO está corretamente explicado entre parênteses é a) “[...] aos membros privilegiados de sociedades que [...] transformavam a faina abusiva da maioria no luxo de

pouquíssimos eleitos.” (linhas 30-32) (A CARÊNCIA, A MISÉRIA) b) “Basta [...] que à satisfação do biologicamente básico se associe o cerceamento de outras possibilidades ...”

(linhas 41-43) (A RESTRIÇÃO, A SUPRESSÃO) c) “[...] os países socialistas se revelaram exímios fabricantes do tédio [...]” (linhas 45-46) (EMINENTES,

PERFEITOS) d) “Um espectro ronda o mundo atual: o espectro do tédio.” (linha 1) (UM FANTASMA, UMA AMEAÇA) Questão 05

“O mal ataca hoje em dia faixas etárias que, uma ou duas gerações atrás, julgávamos naturalmente imunizadas a seu contágio.” (linhas 8-9)

A expressão destacada pode ser substituída sem alteração significativa do sentido por a) a uma ou duas gerações. b) acerca de duas gerações. c) há uma ou duas gerações. d) por uma ou duas gerações. Questão 06

“Se não existisse o tédio, não haveria, por exemplo, tantas empresas de entretenimento e tantas fortunas decorrentes delas.” (linhas 47-49)

Alterando-se os tempos verbais, haverá erro de coesão em a) Não existindo o tédio, não haveria, por exemplo, tantas empresas de entretenimento e tantas fortunas

decorrentes delas. b) Se não existe o tédio, não terá havido, por exemplo, tantas empresas de entretenimento e tantas fortunas

decorrentes delas. c) Se não existir o tédio, não vai haver, por exemplo, tantas empresas de entretenimento e tantas fortunas

decorrentes delas. d) Se não tivesse existido o tédio, não teria havido, por exemplo, tantas empresas de entretenimento e tantas

fortunas decorrentes delas.

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Questão 07

“[...] único bem em cuja produção competiram à altura com seus rivais capitalistas.” (linhas 46-47)

A substituição do verbo acarreta erro de regência em a) “[...] único bem a cuja produção eles ultrapassaram seus rivais capitalistas.” b) “[...] único bem com cuja produção eles superaram seus rivais capitalistas.” c) “[...] único bem de cuja produção não se orgulharam os rivais capitalistas.” d) “[...] único bem por cuja produção não lutaram contra seus rivais capitalistas.” Questão 08

A supressão da vírgula implica alteração do sentido em a) “Coube à Revolução Industrial a produção em massa daquilo que, previamente, eram raridades reservadas

a uma elite mínima.” (linhas 37-38) Coube à Revolução Industrial a produção em massa daquilo que previamente eram raridades reservadas a uma elite mínima.

b) “Nenhum deles tinha tempo de sentir o tédio, que pressupõe ócio abundante e sistemático [...]” (linhas 26-27) Nenhum deles tinha tempo de sentir o tédio que pressupõe ócio abundante e sistemático [...]

c) “O tédio não é piada, nem um problema menor.” (linha 47) O tédio não é piada nem um problema menor.

d) “[...] também é verdade que, por milênios, somente uma minoria dispunha das precondições necessárias [...]” (linhas 21-23) [...] também é verdade que por milênios somente uma minoria dispunha das precondições necessárias [...]

Questão 09

A alteração da colocação pronominal acarreta erro em a) “E, todavia, os pais se vêem cada vez mais compelidos [...]” (linha 15)

E, todavia, os pais vêem-se cada vez mais compelidos [...] b) “[...] que Baudelaire, para, há século e meio, descrevê-lo, comparou-se [...]” (linhas 33-34)

[...] que Baudelaire, para o descrever, há século e meio, comparou-se [...] c) “[...] se a família os ocupar com atividades, os filhos terão mais facilidades na vida.” (linhas 17-18)

[...] se a família ocupá-los com atividades, os filhos terão mais facilidades na vida. d) “[...] sentir o tédio [...] para se manifestar em grande escala.” (linhas 26-28)

[...] sentir o tédio [...] para manifestar-se em grande escala. Questão 10

O pronome utilizado na expressão entre parênteses está CORRETO e corresponde ao termo destacado em a) “A maioria [...] assistindo a ‘reality shows’ [...]” (linha 4) (ASSISTINDO-OS) b) “Algumas de suas vítimas [...] comprometem o futuro do marido ou da mulher e dos filhos.” (linhas 2-

4) (COMPROMETEM-NOS) c) “Seja como for, nem esta nem soluções tradicionais [...] resolverão seus impasses.” (linhas 49-51)

(RESOLVER-LHES-ÃO) d) “[...] os quais [...] tornam interessante para seu público a vida comum de estranhos [...]” (linhas 5-6)

(TORNAM-NA INTERESSANTE PARA SEU PÚBLICO) Questão 11

A substituição da forma verbal destacada pela que se encontra entre parênteses NÃO implica erro em a) “Nenhum deles tinha tempo de sentir o tédio [...]” (linha 26) (TINHAM) b) “[...] para que o tempo ocioso ou inútil se encarregue do resto.” (linhas 43-44) (ENCARREGUEM) c) “Se não existisse o tédio, não haveria, por exemplo, tantas empresas de entretenimento [...]” (linhas 47-

49) (HAVERIAM) d) “[...] tudo é infinito, nunca lhes faltam informação e dados a processar.” (linha 12) (FALTA)

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Questão 12

A forma ativa correspondente a “[...] Elas não precisam ser entretidas pelos adultos [...]” (linhas 12-13) é a) Não se precisou entreter as crianças. b) Os adultos não as entretêm. c) Os adultos não as vão entreter. d) Os adultos não precisam entretê-las. Questão 13

“...o tédio [...] pressupõe ócio abundante e sistemático [...]” (linhas 26-28)

O verbo pressupor está utilizado de forma errada em a) O tédio pressupôs ócio abundante e sistemático. b) O tédio pressupusera ócio abundante e sistemático. c) Quando o tédio pressupor ócio abundante e sistemático. d) Se o tédio pressupusesse ócio abundante e sistemático. Questão 14

“O tédio, portanto, foi um produto de luxo, e isso até tão recentemente que Baudelaire, para, há meio século e meio, descrevê-lo, comparou-se ao rei de um país chuvoso [...]” (linhas 33-35)

O termo destacado apresenta uma idéia de a) causa. b) concessão. c) conclusão. d) conseqüência. Questão 15

“A maioria opta por ficar horas diante da TV, assistindo a ‘reality shows’, os quais, por razões que me escapam, tornam interessante para seu público a vida comum de estranhos, ou seja, algo idêntico à própria rotina considerada vazia, claustrofóbica.” (linhas 4-7)

A redação que NÃO apresenta erro gramatical é a) Algo idêntico a própria rotina considerada vazia, claustrofóbica, ou seja, a vida comum de estranhos,

torna-se interessante para o público da TV, cuja maioria opta por ficar horas diante dela assistindo, por razões, que me escapam, “reality shows”.

b) A vida comum de estranhos, ou seja, algo idêntico à própria rotina considerada vazia, claustrofóbica, tornam-se, por razões que me escapam, interessante para a maioria do público o qual opta por ficar horas diante da TV assistindo a “reality shows”.

c) Escapa-me as razões pelas quais os “reality shows”, que a maioria assiste, optando por ficar horas diante da TV, tornam interessante para seu público a vida comum de estranhos, ou seja, algo idêntico à própria rotina considerada vazia, claustrofóbica.

d) Os “reality shows”, aos quais a maioria, ficando horas diante da TV, opta por assistir, tornam, por razões que me escapam, interessante para seu público a vida comum de estranhos, ou seja, algo idêntico à própria rotina considerada vazia, claustrofóbica.

Questão 16

A expressão entre parênteses NÃO corresponde ao termo destacado em

a) “[...] aos membros privilegiados de sociedades que, organizadas e avançadas, transformavam a faina abusiva da maioria [...]” (linhas 30-31) (MEMBROS PRIVILEGIADOS DE SOCIEDADES)

b) “E, todavia, os pais se vêem cada vez mais compelidos a inventar maneiras de distrair seus filhos durante as horas ociosas destes, [...]” (linhas 15-16) (DE SEUS FILHOS)

c) “O mal ataca hoje em dia faixas etárias que, uma ou duas gerações atrás, julgávamos naturalmente imunizadas a seu contágio.” (linhas 8-9) (O MAL)

d) “Se não existisse, não haveria, por exemplo, tantas empresas de entretenimento e tantas fortunas decorrentes delas.” (linhas 47-49) (DE TANTAS EMPRESAS DE ENTRETENIMENTO)

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Questão 17

“Um espectro ronda o mundo atual: o espectro do tédio.” (linha 1)

A alternativa em que o termo destacado exerce a mesma função sintática que a expressão sublinhada no período acima é a) “Coube à Revolução Industrial a produção em massa daquilo que, previamente, [...]” (linhas 37-38) b) “Dotadas de cérebro que, como esponjas, tudo absorvem e de um ambiente [...]” (linhas 10-11) c) “E se houve um produto que se difundiu com sucesso notável pelos mais inesperados andares e recantos

[...]” (linhas 38-40) d) “Se não existisse o tédio, não haveria, por exemplo, tantas empresas de entretenimento [...]” (linhas 47-

49) Questão 18

“[...] os pais, simplesmente, não deixam os filhos pararem.” (linha 19)

Segundo os preceitos da norma culta, a expressão destacada pode ser substituída por a) não deixam eles parar. b) não deixam eles pararem. c) não os deixam parar. d) não lhes deixam pararem. Questão 19

“Basta, a rigor, que à satisfação do biologicamente básico se associe o cerceamento de outras possibilidades [...], para que o tempo ocioso ou inútil se encarregue do resto.” (linhas 41-44)

A alternativa em que a nova redação do parágrafo acima apresenta erro gramatical é a) a rigor, basta que se associem o cerceamento de outras possibilidades [...] e a satisfação do biologicamente

básico, para que o tempo ocioso ou inútil se encarregue do resto. b) a rigor, basta que se associe o cerceamento de outras possibilidades [...] à satisfação do biologicamente

básico, para que o tempo ocioso ou inútil se encarregue do resto. c) basta, a rigor, que se associe a satisfação do biologicamente básico ao cerceamento de outras

possibilidades, [...] para que o tempo ocioso ou inútil se encarregue do resto. d) bastam, a rigor, a associação do cerceamento de outras possibilidades [...] e da satisfação do

biologicamente básico para que o tempo ocioso ou inútil se encarregue do resto. Questão 20

“Falamos do homem cujas refeições da semana dependiam do que conseguiria caçar na segunda-feira, antes de, na terça, [...]” (linhas 23-24)

A redação que NÃO apresenta erro gramatical é a) as refeições da semana do homem do qual falamos dependiam do que ele conseguiria caçar na segunda-

feira, antes de, na terça, [...] b) das refeições da semana do qual homem falamos dependia aquilo que conseguiria caçar na segunda-feira,

antes de, na terça, [...] c) falamos do homem de cujas as refeições da semana dependia aquilo que conseguiria caçar na segunda-

feira, antes de, na terça [...] d) falamos do homem que as refeições dele da semana dependiam do que ele conseguiria caçar na segunda-

feira, antes de, na terça [...]

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INSTRUÇÃO : As questões de 21 a 30 relacionam-se com o texto abaixo. Leia-o com atenção antes de responder a elas.

Entrevista: “o ideal é 6% do PIB”

O Ministro da Educação diz ter invertido a lógica dos planos de governo. Em vez de pedir dinheiro e depois dizer o que pretende fazer, afirma que vai demonstrar que é viável melhorar o ensino para só depois apresentar a conta. Essa conta deve ser de 6% do Produto Interno Bruto ao ano, disse na entrevista em seu gabinete. O Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE), do Governo Federal, pretende que, em 2022, os alunos brasileiros saibam tanto quanto a média dos alunos de países desenvolvidos.

REPÓRTER – Cada governo lança um plano novo. Em 2001 foi aprovado o Plano Nacional de Educação, com metas para 2011. Agora o senhor lança outro para 2022. Quanto tempo vai durar esse seu plano?

Ministro – O Plano Nacional colocava metas quantitativas. Fala da cobertura da rede, mas não da qualidade. Pode parecer óbvio, mas, com o PDE, pela primeira vez colocamos o foco no aprendizado. As metas pretendem garantir que a criança vá à escola se formar como cidadã e profissional.

REPÓRTER – A Coréia do Sul investiu 10% do PIB por duas décadas para recuperar a educação. Se o Brasil quer dar prioridade à área, não é hora de aumentar o investimento? 4% dos recursos bastam?

Ministro – Creio que é hora de aumentar os investimentos. Eu inverti um pouco a lógica da prática no Brasil, que é sempre de pedir dinheiro primeiro para depois dizer o que vai fazer. Decidi fazer um plano e demonstrar sua viabilidade, para depois apresentar a conta.

REPÓRTER – O plano não resolve o problema dos professores. Muitos faltam às aulas. Outros têm um sentimento de estagnação profissional. Por que não dar bônus ao professor por bom desempenho?

Ministro – O papel do governo federal é estabelecer diretrizes gerais para a carreira do professor. Quando se planeja construir formas de incentivos dentro do plano de carreira, você tem de reunir a categoria e construir com ela. E a maioria dos professores possui predisposição ao diálogo para a melhora da educação.

REPÓRTER – Os sindicatos não se oporiam a mecanismos de punição?

Ministro – Duvido. Você pode estar falando de situações em que a relação com o poder público esteja tensa ou sendo politizada no mau sentido da palavra. Mas, se houver uma convocação à categoria para fazer um plano sério, tenho certeza de que teremos um diálogo.

REPÓRTER: Por que os seus filhos não estudam em escolas públicas, Ministro?

Ministro – Nos afastamos dessa perspectiva. Eu nunca estudei em escola pública, só na universidade. Quem sabe meus netos estudem? O Presidente sempre faz essa pergunta aos prefeitos, logo depois de ouvir que as escolas estão indo bem. É a prova dos nove. Mas eu me animei com os últimos resultados da Prova Brasil. Nós temos escolas com nível de excelência. Tenho esperança de que em breve o Brasil vai conseguir se reeducar.

ÉPOCA, 30 de abril de 2007, n. 467, p. 42-3, (Texto adaptado). Questão 21

Em relação ao que se afirmou sobre Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE) na entrevista, só NÃO se pode depreender que a) a ênfase se concentra na atividade docente e na perspectiva de uma carreira para o professor. b) há uma premissa de maior comprometimento do PIB do País em investimentos em educação. c) o plano em si e sua factibilidade antecedem a solicitação dos recursos que permitirão sua viabilização. d) o programa projeta o foco na qualidade do ensino, nos resultados que se esperam do processo pedagógico. Questão 22

A pergunta formulada pelo repórter NÃO está bem caracterizada em a) “Agora o senhor lança outro para 2022. Quanto tempo vai durar esse seu plano?” (CETICISMO,

INCREDULIDADE) b) “Os sindicatos não se oporiam a mecanismos de punição?” (POSSIBILIDADE DE ÓBICES E

DIVERGÊNCIAS) c) “Por que não dar bônus ao professor por bom desempenho?” (CORPORATIVISMO, INTEMPESTIVIDADE) d) “Por que os seus filhos não estudam em escolas públicas, Ministro?” (REPTO, DESAFIO)

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Questão 23

Relativamente à resposta do Ministro à pergunta sobre a razão de os filhos não estudarem em escolas públicas, é INCORRETO afirmar a) que, segundo o Ministro, se trata de uma boa referência para se avaliar se os governantes efetivamente

acreditam no ensino público. b) que o Ministro faz uma generalização em que admite que a classe de pessoas a que pertence não tende a

matricular os filhos na escola pública. c) que o Ministro manifesta sua fé no sentido de que existem perspectivas positivas para a educação pública

brasileira. d) que o Ministro reitera sua convicção de que as escolas públicas do País, em sua maioria, oferecem uma

boa qualidade de ensino. Questão 24

“Agora o senhor lança outro para 2022. Quanto tempo vai durar esse seu plano?”

Mantendo-se a correção gramatical e a uniformidade de tratamento, a pergunta do repórter poderia ter sido elaborada como na alternativa a) Agora o senhor lança outro para 2022. Quanto tempo vai durar esse vosso plano? b) Agora V. Exa. lançais outro para 2022. Quanto tempo vai durar esse vosso plano? c) Agora V. Exa. lança outro para 2022. Quanto tempo vai durar esse seu plano? d) Agora vós lançais outro para 2022. Quanto tempo vai durar esse seu plano? Questão 25

“REPÓRTER – Os sindicatos não se oporiam a mecanismos de punição? Ministro – Duvido.”

Mantêm-se a coesão e a correção gramatical, sem se alterar significativamente o valor semântico original do excerto acima, em a) a uma pergunta do jornalista sobre a possibilidade de os sindicatos se oporem a mecanismos de punição, o

Ministro respondeu que duvidava. b) interpelado pelo jornalista se os sindicatos não se oporiam a mecanismos de punição, o Ministro teria

respondido que duvidou. c) o jornalista perguntou se os sindicatos se teriam oposto a mecanismos de punição e o Ministro respondeu

ter duvidado. d) o Ministro respondeu à pergunta do jornalista relativa à possibilidade dos sindicatos se oporem a

mecanismos de punição, dizendo que duvidara. Questão 26

“As metas pretendem garantir que a criança vá à escola se formar como cidadã e profissional.”

A alternativa que NÃO apresenta forma verbal no mesmo tempo e modo do termo destacado acima é a) “Agora o senhor lança outro para 2022.” b) “O Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE), do Governo Federal, pretende que, em 2022, os

alunos brasileiros saibam tanto quanto [...]” c) “Quem sabe meus netos estudem?” d) “Você pode estar falando de situações em que a relação com o poder público esteja tensa ou sendo

politizada no mau sentido da palavra.” Questão 27

A substituição da forma verbal entre parênteses pela forma destacada NÃO acarreta erro em a) “4% dos recursos bastam?” (BASTA) b) “E a maioria dos professores possui predisposição ao diálogo para a melhora da educação.” (POSSUEM) c) “Outros têm um sentimento de estagnação profissional.” (TEM) d) “Quando se planeja construir formas de incentivos dentro do plano de carreira [...]” (PLANEJAM)

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Questão 28

A alternativa em que todas as palavras recebem acento com base na mesma regra de acentuação gráfica é a) está, vá, você. b) nível, óbvio, sério. c) só, nós, têm. d) teríamos, últimos, décadas. Questão 29

“Os sindicatos não se oporiam a mecanismos de punição?”

No período acima, será obrigatório o uso do sinal indicativo da crase, se se substituir a expressão destacada por a) a ameaças de punição. b) as ameaças de punição. c) a qualquer ameaça de punição. d) a uma ameaça de punição. Questão 30

“Nos afastamos dessa perspectiva”.

A construção acima é característica do padrão coloquial da língua.

A alternativa em que ambas as formas estão de acordo com as regras de colocação pronominal prescritas pelo padrão culto é

a) “Afastamo-nos dessa perspectiva” e “Afastamos-nos dessa perspectiva” b) “Afastamo-nos dessa perspectiva” e “Nós nos afastamos dessa perspectiva” c) “Afastamos-nos dessa perspectiva” e “Nós afastamos-nos dessa perspectiva” d) “Nós nos afastamos dessa perspectiva” e “Nós afastamos-nos dessa perspectiva”

RESPOSTAS

01 – A 04 – A 07 – A 10 – D 13 – C 16 – A 19 – D 22 – C 25 – A 28 – D 02 – D 05 – C 08 – B 11 – D 14 – C 17 – D 20 – A 23 – D 26 – A 29 – B 03 – B 06 – B 09 – C 12 – D 15 – D 18 – C 21 – A 24 – C 27 – B 30 – B