84
1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) 1 Duas estelas não acabadas. 2 Lintel exterior: o defunto ajoelhado em adoração. Ombreiras: Textos na parte superior, Ramose sentado, na parte inferior. Espessura esq. O defunto e a esposa em adoração, hino a Ré. Espessura dir. o defunto entrando com o seu pessoal. Interior das ombreiras, hinos e títulos. Pl. III-V, XLI [2, 3]. 3 O defunto consagra oferendas seguido por oficiais e por três oficiais, com caules de papiro. Sub-cena: três cantores, magarefes e portadores de oferendas. Pls. VI, VII, XIII [2], XLVI (dir.), XLVII (dir.). 4 Dois registos: I, Convidados diante do defunto, representado com um ganso, como animal de estimação, esposa e pais. II, Quatro casais diante do defunto e esposa, e Amen-hotep, o irmão, filha e esposa, com um gato e um ganso debaixo da cadeira. Pls. VIII-XII, XLVII (esq.). 5 Dois registos: Procissão funerária, incluindo sacerdotes, carpideiras, nove amigos e oficiais. Pls. XXIII-XVII, XLIX. 6 Dois registos: I, o defunto e a esposa entoam um hino de adoração a Osíris e outras divindades. II, quatro representações do morto diante do túmulo e dos portões. Pls. XXII, XXVIII [2]. 7 O defunto oferecendo os ramos de flores de Amon e de Ré-Horakhti a Amen-hotep IV, entronizado junto de Maet. Pls. XXIX-XXXI, LII (esq.), LV [4]. 8 O defunto, na companhia da esposa e de portadores de oferendas, verte incenso sobre uma braseira. Sub-cena: Portadores de oferendas e magarefes. Pls. XIII [1], XIV, XV, XV, XLIV. 9 Dois registos. I, três raparigas com sistros e menats diante do defunto e da esposa. II, purificação da estátua de Ramose. Pls. XVIII, XXI (dir.), XLVIII e frontispício. 10 Dois registos. I, duas filas de sacerdotes apresentam oferendas de unguentos a Ramose, esposa e pais. II, um sacerdote sem celebra ritual diante do defunto, sua esposa e de Amen-hotep e sua esposa. Pls. XVI, XVII, XIX-XXI (esq.). 11 O defunto recebe ramos de flores vindos do templo. Pl. XXXVIII. 12 Dois registos: I, o defunto é recompensado e aclamado pelos cortesãos. II, o defunto recebe cortesãos e delegados estrangeiros (núbios, asiáticos e um líbio). Pls. XXXIV (dir.), XXXV, XXXVI (dir.), XXXVII, LIV. 13 Ramose, perante Amen-hotep IV e Nefertiti. Pls. XXXII-XXXIV (esq.), XXXVI (esq.), LII (dir.), LIII 14 Entrada para a câmara interior. Lintel exterior: cena dupla com o defunto diante do nome de Hórus e da cartela de Amen-hotep III. Ombreiras: textos, na parte inferior o defunto sentado. Espessura esq.: O morto e a esposa en- trando, hino a Ré. Espessura dir. O defunto e seu acompanhamento regressando ao túmulo. Texto autobiográfico e hino aos deuses da Duat. Fig. 1 Planta do túmulo de Ramose, TT 55, e localização iconográfica, segundo PORTER e MOSS, TBAE, vol. I, p. 106 e SILIOTI, Alberto, El valle de los reyes y los templos y necrópolis de Tebas, p. 156

Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

1

Túmulo do vizir Ramose (TT 55)

1 – Duas estelas não acabadas.

2 – Lintel exterior: o defunto ajoelhado em

adoração. Ombreiras: Textos na parte superior,

Ramose sentado, na parte inferior. Espessura esq.

O defunto e a esposa em adoração, hino a Ré.

Espessura dir. o defunto entrando com o seu

pessoal. Interior das ombreiras, hinos e títulos. Pl.

III-V, XLI [2, 3].

3 – O defunto consagra oferendas seguido por

oficiais e por três oficiais, com caules de papiro.

Sub-cena: três cantores, magarefes e portadores de

oferendas. Pls. VI, VII, XIII [2], XLVI (dir.),

XLVII (dir.).

4 – Dois registos: I, Convidados diante do defunto,

representado com um ganso, como animal de

estimação, esposa e pais. II, Quatro casais diante

do defunto e esposa, e Amen-hotep, o irmão, filha

e esposa, com um gato e um ganso debaixo da

cadeira. Pls. VIII-XII, XLVII (esq.).

5 – Dois registos: Procissão funerária, incluindo

sacerdotes, carpideiras, nove amigos e oficiais. Pls.

XXIII-XVII, XLIX.

6 – Dois registos: I, o defunto e a esposa entoam

um hino de adoração a Osíris e outras divindades.

II, quatro representações do morto diante do

túmulo e dos portões. Pls. XXII, XXVIII [2].

7 – O defunto oferecendo os ramos de flores de Amon e de

Ré-Horakhti a Amen-hotep IV, entronizado junto de Maet.

Pls. XXIX-XXXI, LII (esq.), LV [4].

8 – O defunto, na companhia da esposa e de portadores de

oferendas, verte incenso sobre uma braseira. Sub-cena:

Portadores de oferendas e magarefes. Pls. XIII [1], XIV,

XV, XV, XLIV.

9 – Dois registos. I, três raparigas com sistros e menats

diante do defunto e da esposa. II, purificação da estátua de

Ramose. Pls. XVIII, XXI (dir.), XLVIII e frontispício.

10 – Dois registos. I, duas filas de sacerdotes apresentam

oferendas de unguentos a Ramose, esposa e pais. II, um

sacerdote sem celebra ritual diante do defunto, sua esposa

e de Amen-hotep e sua esposa. Pls. XVI, XVII, XIX-XXI

(esq.).

11 – O defunto recebe ramos de flores vindos do templo.

Pl. XXXVIII.

12 – Dois registos: I, o defunto é recompensado e

aclamado pelos cortesãos. II, o defunto recebe cortesãos e

delegados estrangeiros (núbios, asiáticos e um líbio). Pls.

XXXIV (dir.), XXXV, XXXVI (dir.), XXXVII, LIV.

13 – Ramose, perante Amen-hotep IV e Nefertiti. Pls.

XXXII-XXXIV (esq.), XXXVI (esq.), LII (dir.), LIII

14 – Entrada para a câmara interior. Lintel exterior: cena

dupla com o defunto diante do nome de Hórus e da cartela

de Amen-hotep III. Ombreiras: textos, na parte inferior o

defunto sentado. Espessura esq.: O morto e a esposa en-

trando, hino a Ré. Espessura dir. O defunto e seu

acompanhamento regressando ao túmulo. Texto

autobiográfico e hino aos deuses da Duat.

Fig. 1 – Planta do túmulo de Ramose, TT 55, e localização iconográfica, segundo PORTER e MOSS, TBAE, vol.

I, p. 106 e SILIOTI, Alberto, El valle de los reyes y los templos y necrópolis de Tebas, p. 156

Page 2: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

2

Fig. 2 – Localização da rampa de acesso à câmara funerária do túmulo do vizir Ramose.

TONIC, François, La Tombe de Ramose.p. 13.

Embora já conhecido desde 1860, o túmulo do vizir Ramose (figs. 1-2) só em 1884 foi alvo

dos primeiros trabalhos de investigação, dirigidos por Henry Stuart-Villiers1, consistindo na

libertação da parede Sul. O trabalho prosseguiu com Arthur Weigall2, em 1904, mas houve que

esperar até 1924 para que o TT 55 fosse completamente livre de areia e escombros, no decorrer da

intervenção conjunta de Sir Robert Mond3 e Walter Emery4. Em 1927, Émile Baraize5 reconstruiu

as colunas, inserindo os fragmentos que foi possível encontrar, e construiu um novo tecto para

protecção do monumento. O primeiro estudo científico do túmulo e da sua iconotextualidade só foi

publicado em 1941 e é da autoria de Norman de G. Davies6. A descrição que, seguidamente se faz,

do túmulo de Ramose é baseada neste estudo, bem como na obra actualizada de François Tonic7.

1 TONIC, François, La tombe de Ramose p. 14. Henry Stuart-Villiers, 1827-1925. Militar, clérigo, parlamentar

e estudioso inglês. Depois da intervenção da Inglaterra no Egipto em 1882 foi para ali enviado para reportar

acerca das suas condições de vida. 2 Arthur Weigall, 1880-1934. Egiptólogo inglês. Substituiu Howard Carter em Luxor, onde permaneceu até

1911. Trabalhou com Sir Alan Gardiner nos Túmulos dos Nobres. 3 Sir Robert Mond, 1867-1938. Químico e egiptólogo inglês. Trabalhou na necrópole tebana com Percy

Newberry, Howard Carter e Arthur Weigall. 4 Walter B. Emery, 1902-1971. Egiptólogo inglês. Integrado na Egypt Exploration Society, trabalhou nas

escavações de Amarna, bem como em Sakara e Lucsor. A sua acção decorreu igualmente na Núbia e no

Sudão. 5 Émile Baraize, 1874-1952. Egiptólogo francês. Sucedeu em 1912 a Alessandro Barssanti como director do

Egyptian Antiquities Service. Trabalhou na reconstrução de vários monumentos, nomeadamente a Grande

Esfinge de Giza. 6 DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose. Mond Excavations at Thebes 1, London: The Egypt

Exploration Society, 1941 7 TONIC, François, La tombe de Ramose, Barcelona: Novoprint, 2012.

Page 3: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

3

O túmulo segue o modelo básico de estrutura em T mas as zonas normais ao eixo sofreram

um grande desenvolvimento8. Daqui resulta uma larga sala hipostila, 5, dotada de trinta e duas

colunas, e uma câmara interior, 7, bastante mais estreita e com oito colunas.

O local de enterramento que contém o ataúde e o mobiliário funerário, 11, situa-se a um

nível inferior, fig. 2. O acesso faz-se através de uma rampa, 9-10-11, que sai da região superior, à

esquerda de quem entra, passa por baixo do túmulo até atingir a câmara funerária, 11. O túmulo não

foi acabado9. A câmara 7 e a capela 11 não receberam qualquer decoração e as estátuas previstas

para os vários nichos desapareceram ou talvez não tenham sido executadas. O local foi reocupado e

três túmulos ali foram cavados, ao nível do pátio, na época ramséssida.

As imagens de Akhenaton e Nefertiti e suas respectivas cartelas foram marteladas, em clara

manifestação anti-atonista, embora o protocolo «clássico» de Amen-hotep IV não tenha sofrido

quaisquer depredações10. A beleza das suas figuras tornou este túmulo num dos mais visitados de

todo o Vale dos Nobres mas, tal como o autor pôde comprovar pessoalmente, a zona visitável do

TT 55 limita-se à escadaria, pátio e sala hipostila, terminando no ponto 6, que está obstruido por

grandes pedras.

A porta de entrada, sobrepujada por uma bela cornija, foi parcialmente reconstituida.

Mostra o defunto em adoração e possui restos de texto.

Fig. 3 − Túmulo do vizir Ramose, TT 55. Lintel e exterior da porta, (restaur.).

DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. III.

8 TONIC, François, La tombe de Ramose, p. 12. 9 Ibidem, p. 15 10 Ibidem, pp. 97, 111.

Page 4: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

4

A iconografia do túmulo reparte-se por cinco assuntos principais:

1 – Banquete funerário Pls. VI, VII, XII [2]; VIII-XII (3+4)11.

2 – Cortejo funerário Pls. XXIII-XXVII; O defunto e a esposa diante dos deuses, hino a

Osiris Pls. XXII, XXVIII [2] (5+6). Este conjunto de cenas é estudado no Cap. VII.

3 – Purificação de Ramose. O vizir verte incenso no brazeiro, Pls XIII [1], XIV, XV, duas

jovens agitam sistros diante do vizir e sua esposa, purificação da estátua de Ramose, Pls. XVIII,

XXI (dir.). Duas filas de sacerdotes com unguentos diante do defunto (com um ganso sob a

cadeira), esposa e pais, o sacerdote sem com a lista das oferendas diante do casal e de Amen-hotep e

esposa, Pls. XVI, XVII, XIX-XXI (8+9+10).

4 – Oferenda de ramos de flores, provenientes da tríade tebana (Amon, Mut e Khonsu) e de

Ré-Horakhti, a Amen-hotep IV acompanhado pela deusa Maet Pls. XXIX-XXXI, (7).

5 – Recompensa do vizir Ramose, Pls. XXXII-XXXIV (esq.)XXXIV (dir.), XXXV, XXVI

(dir.), XXXVII, (13+12). Ramose recebe flores do Templo de Karnak, Pl. XXXVIII, (11).

2. Cargos, títulos e epítetos do vizir Ramose

r-pat HAty-a

Senhor e membro da elite

sp r-pat Smaw ta-mHw

Administrador do Alto e do Baixo Egipto

mrt nTr

Amado do deus (o rei)

r shr r m tA rDr

Uma boca que dá satisfação à terra inteira

smr aA n mr(w)t

Companheiro grandemente amado

Hry-tp n tA r-Dr

Superintendente da terra inteira

smr-wa

Companheiro único

sAb

Dignitário12

sDAw bity

Chanceler do rei do Baixo Egipto

sAb tAty

Dignitário da cortina 13

imy-r niwt

Governador da cidade

r-Nxn(y)

Boca de Nekhen

11 A numeração romana refere-se às pranchas de DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose. Os

números árabes referem-se à sua localização das cenas de acordo com PORTER. Bertha e MOSS, Rosalind L. B.,

TBAE, vol. I. The Theban Necropolis, Part One: Private tombs.. 12 Juiz, na tradução de Davies, embora este fosse designado por termos como DADAt ou qnbt. 13 Um epíteto do vizir.

Page 5: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

5

TAt(y)

Vizir

Hm-nTr MAat

Sacerdote (da deusa) Maet

imy-r kAtw m mnw wrw

Superintendente dos trabalhos

nos grandes monumentos

sAb m wpwt iwnwt

Juiz encarregado do inventário dos bens dos

deuses de Heliópolis14

imy-r sSw

Superintendente dos documentos

wpi mAat

O que faz justiça

wpi mAat m Xrt-hrw Hnk.sy r ah n nb.s

O que faz justiça diariamente e apresenta-a no palácio ao senhor dela15

iri mAat msdt bin SsyA

O que pratica a maet e odeia os preceitos do mal

imy-r Hmw-nTr SmAw tA-mHw

Chefe dos sacerdotes do Alto e do Baixo Egipto

imy-r Hwt-nTrw nbw

Superintendente dos templos de todos os deuses

wr mAw

Grande dos videntes16

Hry sStA m(w)dw nTr

O que está no segredo das palavras divinas

sSm n Htpw nTr

O que lidera as oferendas do deus

Hry sStA n wAD iarty

14 wpwt, «inventário, lista». Quanto à palavra seguinte, pertence ao campo semântico de iwn,

«coluna» e permite, tendo em conta o plural, uma tradução como iwnyt, «sala hipóstila». Por outro

lado, se se admitir um erro de escrita é possível considerar Iwnw, «Heliópolis» ou «os habitantes

(divinos) de Heliópolis». Ramose poderia ser o «juiz encarregado do inventário dos bens dos deuses de

Heliópolis», na verdade era sumo-sacerdote do seu templo. Daqui, a tradução que foi feita. 15 Amen-hotep IV, sempre se considerou como vivendo «em maet». Não seria essa a opinião dos seus

sucessores. 16 Sumo-sacerdote de Heliópolis.

Page 6: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

6

O que está nos segredos das duas deusas-serpente17

rh Dsrw nTrw nbw

O que conhece os segredos de todos os deuses

rh StAw dwAt

O que conhece os segredos da Duat

rx Dsrw Iwnw Smaw

O que conhece todos os mistérios de Iunu do

Sul (Tebas)

aqw sStAw nw pt n tA

O que entra nos segredos do céu e da terra

sm

Sacerdote-sem

Xrp Sndyt nbt

O que está à cabeça de todos os funcionários18

tkn m nb.f

O que tem proximidade com o seu senhor

irty @r m pr.f

(Os dois olhos) de Hórus na sua casa

smnx mnw.f

O que põe em ordem os seus monumentos

mH ib mnx nb tAwy

O que tem a plena confiança do senhor (das Duas

Terras)

Hry sStA pt nsw

O que está nos segredos da casa do rei

mn Hswt xr nb tAwy

o que é firme no favor do senhor das Duas Terras

mr r nb tAwy Hry Hm nit.f

A quem o senhor das Duas Terras ama pelas

suas virtudes

Hsy mri nb tAwy

O que é favorecido e amado pelo senhor das Duas

Terras

Hsi n nfr-nTr

O que é favorecido pelo deus bom

aq r aH pri Xr Hswt

O que entra e sai em favor do palácio

(r)di tp-rd n Snyt

(O que) estabelece as regras da aristocracia19

wr wrw

O maior dos grandes

saH smrw

Hri tw Hr priw n r.f

17 Uadjit foi, por excelência, a serpente protectora da monarquia egípcia. Representava a coroa real

divinizada. Existiam outras deusas-serpente, como Ueret-Hekau, «grande em magia», considerada como

esposa de Ré. Ver SALES, As Divindades Egípcias. Uma chave para a compreensão do Egipto antigo, pp.

198-202, 267. 18 Lit. «dos saiotes». 19 Lit. «os que estão no círculo»; de Sni, «delimitar por uma circunferência». O texto refere-se aos que

rodeiam o soberano isto é, os Snyt, «os cortesãos, a aristocracia».

Page 7: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

7

Líder dos companheiros20 As pessoas ficam satisfeitas com o que sai da sua

boca

wa m (r ) n rx(y)t

Um que está na (boca) do povo

sHtp ib n Hnmmt

(O que) apazigua o coração do povo de Heliópolis21

Sr m HAt (n) rx(y)t

Um oficial que está à frente do povo

nD xrt tA pn

Um que investiga esta terra

3. Entrada. Recesso sul22

Fig. 4 − Túmulo de Ramose, TT55. Entrada, recesso sul. Saudação ao deus solar, por Ramose e sua esposa,

Merytptah, emergindo do túmulo. As palavras da senhora perderam-se, as do vizir são parcialmente legíveis.

DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. IV

1

(iAw n Ra-Hr-Axty in … ) r-pat HAty-a iry Nexn

(Louvores a Ré- Horakhty pelo …23) senhor e membro da elite, o de Nekhen24

2

sAb m wpwt iwnwt (… TAt(y) Rams mAa-Xrw)

Juiz encarregado do inventário dos bens dos deuses de Heliópolis (… o vizir Ramose, justificado,

ele diz:) 25

20 De saH, «dignitário»; do campo semântico de saAy, «tornar grande, promover».

21 Hnmmt, «povo de Heliópolis, povo do Sol». Note-se o erro h por H. 22 Recesso. Designa a espessura da parede de uma janela ou porta. 23 Tradução possível. 24 Hieracompólis, Kom el-Ahmar, no Alto Egipto. 25 Reconstrução possível.

Page 8: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

8

3

psd.k psd mwt.k xay nsw im pt nsw

Tu brilhas no dorso de tua mãe, apareces em em glória como rei no céu, como rei…

4

… … … mr dswy … r m Htpw sbi

… … … o Lago das duas Facas … está em repouso,

5

sbi xrw awy.f … … xrw r nmt.sn

o rebelde foi derrubado e os seus braços (amarrados) … … (e levado) de rastos até ao lugar de

execução deles (dos rebeldes)

6

nTrw ib.sn nDm wnn Ra …

(Quanto aos) deuses, o seu coração está alegre e Ré está …

7

nTrw rstyw nTrw mxtyw nTrw imntyw nTrw iAbtyw dwA.k

Os deuses do Sul, os deuses do Norte, os deuses do Ocidente e os deuses do Oriente adoram-te.

Recesso norte, (Pl. V)

Fig. 5 − Túmulo de Ramose, TT 55. Entrada, recesso norte. Saudação ao deus solar, por Ramose, reentrando

do túmulo. DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. V.

Page 9: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

9

8

… aq(w) Xr Hswt nTr-nfr r Htp m … …TAt(y) Rams mAa-Xrw… …

… (Trazendo) provisões, trazendo jarros de água, pelo deus perfeito, para o repouso… do vizir

Ramose, justificado.

9

… H .k … … s … … m r ….. prw niwt nbw sSm n Htpw

nTrw

… … … … casas e todas as aldeias, (o que) conduz as divinas oferendas26

10

rx Dsrw Iwnw Smaw

e conhece todos os mistérios de Iunu do Sul (Tebas)

11

…s nsw-bit(y) xai m Sw… Hb-sd… nbw m Haawt… H..

… o rei do Alto e do Baixo Egipto que aparece em glória como a luz do Sol… jubileu… e todos

estão em júbilo…

Xr st Hr.f

trazendo para o seu lugar

12

… … m d(w)At Ddw … … Wnn-nfr(w) nb Dt … … …t.f

… … na Duat e em Djedu (Busíris27)… Uenen-nefer28, senhor da eternidade … dele

13

… n rk.i… ti n nb… sn tA.k

… do meu tempo… do senhor… beijar a tua terra29

26 Referência ao conhecimento da liturgia dos rituais de oferenda aos deuses, por parte de Ramose. 27 Busíris, cidade do Delta, cujo patrono era Osíris. 28 Lit. «aquele que está sempre feliz». Epíteto de Osíris ressuscitado.

29 Tradução possível, admitindo o original sn tA, «beijar a terra».

Page 10: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

10

m… .k iw iri(.n.i)

como…te. Eu actuei30

14

… … mtr(i) n pHty(.k) … t… . i

… … dou testemunho da tua força31 … -me …

Abertura da porta de entrada, recesso sul,

Oração a Ré-Horakhti

15

rdit iAw n Ra-¡r-Axty

Dando graças a Ré-Horakhti32

16

…r-pat HAty-a mrt nTr r shr m tA r Dr.f sm

… o senhor, o nobre, o amado do deus 33, uma boca que dá satisfação à terra inteira, o sacerdote

sem,

30 Sobre a forma iw.n.iri, ver GARDINER, p. 385.

31 Tradução possível se o original for mtr.i pHty.k, «dou testemunho da tua força».

Note-se que no original as extremidades superiores dos signos T14 estão voltadas para a direita. 32 Trata-se de uma reconstituição possível, com base em textos contemporâneos. 33 O rei.

Page 11: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

11

Fig. 6− Túmulo de Ramose, TT 55. Abertura da porta de entrada, recesso sul. Saudação ao deus solar, por

Ramose e de Meryt-Ptah, saindo do túmulo. DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose,

Pl. XXXIX.

17

Aqw sStAw nw pt n tA

o que está à frente de todos os funcionários e penetra nos segredos do céu e da terra,

18

imy-r niwt TAt(y) Rams mAa-xrw Dd.f

o governador da cidade, o vizir Ramose, justificado. Ele diz34:

19

Hy.i.k Imn-Ra-Itm- @r-Axty nb pt nb tA

Eu te saúdo, Amon-Ré-Atum-Horakhti, senhor do céu e da terra,

20

Iri Xrw Hrw nb r Dr

o que fez os que estão em baixo e os que estão em cima, senhor de tudo (o que existe),

21

KAmwt.f nsw n Iwnw wr WAst… xnty itrtyw

Kamutef, soberano de Heliópolis, príncipe de Tebas, … o que está à frente dos dois santuários,

22

bs Dsr imy m Hwt-bnw

o que foi iniciado nas coisas sagradas da Casa do Benu,

23

sxaw m Imn-Ra ib(h)tw sqdy

obra gloriosa de Amon-Ré, mandada construir em pedra de Ibhet em toda a sua volta.

24

34 Reconstrução possível.

Page 12: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

12

…qnw Tsi.i nmt(.i) xft-Hr-nbs nb tmw

…o que está completo (Atum?) e que eu exalto ao atravessar Khefet-her-nebes (Tebas), o senhor de

todos os seres humanos,

25

it mn(iw) nTrw ity SmAw ta-mHw iw nTrw m nbsw

pai e pastor dos deuses, soberano de Alto e do Baixo Egipto, de quem os deuses se aproximam,

reverentes

26

psDt tm Hr tiXt.sn

e toda a Enéade em prostração (lit. «sobre os seus ventres»).

27

(pt n) Hsyw sbAw (m Haa)wt n.f

O céu (rompe) em louvores e as estrelas (estão cheias) de alegria por causa dele,

28

Imyw dAt iri hy hnw

Os que estão na Duat fazem aclamações e louvores.

29

THw TA nb m nfrw.f

Toda a terra está alegre com a tua beleza

30

wa Hr xw.f… (m) Sfty(.f) pXr n bAw… manDt

única e sem par… (na sua) dignidade e os bau (esvoaçam) em redor da barca da alvorada.

Também Merytptah, esposa do vizir, faz uma oração:

31

dwA Ra wbn.f m Dw Xrt-hrw nt ra-nb

Adoração a Ré, quando ele se ergue na montanha, diariamente e em todos os dias,

Page 13: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

13

32

in snt.f Smayt nt Imn nbt-pr PtH-mryt mAat-xrw

pela sua esposa, a cantora de Amon, a dona de casa, Merytptah, justificada.

Abertura da porta de entrada, recesso norte

33

Dd-mdw in r-pat HAty-a Hry sStA pr-nsw imy-r niwy TAt(y) Rams mAa-

xrw

Palavras ditas pelo senhor e nobre, o que está nos segredos do palácio, o governador da cidade, o

vizir Ramose, justificado:

34

ii.n.i m http r is.i Xr Hswt n nTr-nfr

Eu vim em paz para o meu túmulo (mantendo) o favor do deus perfeito.

Fig. 7 − Túmulo de Ramose, TT 55. Abertura da porta de entrada, recesso norte. Ramose saúda os deuses

da Duat. Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. XL.

35

iri.n.i Hsst nsw rk.i nn HDi tp-rd wDt.n.f

Fiz o que era agradável ao rei do meu tempo e não desobedeci às leis decretadas por ele,

36

Page 14: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

14

nn iri.i isft r rmT n mrwt Htpy Hrt smt.i

não pratiquei mal contra o povo, a fim de que (pudesse vir a estar) em paz (sob) o céu, na minha

necrópole

Hr wnmy wr r WAst

que está sobre a mão direita de Tebas35.

37

Dd-mdw in r-pat HAty-a r shr m tA rDr.f sm Xrp Sndyt nbt

Palavras ditas pelo senhor e nobre, uma boca que dá satisfação à terra inteira, o sacerdote sem, o

que está à frente de todos os funcionários,

38

sDAw-bity imy-r niwt TAt(y) Rams mAa-xrw

o chanceler do Baixo Egipto, o governador da cidade, o vizir Ramose, justificado.

39

i.i nTrw nbw d(w)At DADAt imyt tA Dsr

Ó (vós) todos os deuses da Duat (e vós) concílio divino que estais na terra sagrada,

40

sra-wAt tnwy n nb (n)HH dwA.i sw qmA.i

encaminhai-me até ao Senhor da Eternidade para que possa adorá-lo e apresentar(-lhe)

SfSfywt(.i)

os (meus) respeitos.

41

wsx n.i st sn tA m-m wrw imyw Smsw.k

Possa eu ter um lugar espaçoso para beijar a terra entre os grandes que são teus (seus) seguidores.

42

Ssp.i Awt Xft Hmwt.sn m snw

35 Isto só é válido, atendendo a que os antigos egípcios se orientavam virados para a nascente do Nilo, para

Sul.

Page 15: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

15

Possa eu receber as oferendas diante de Suas Majestades, como oferendas de alimento

n Wnn-nfr

de Uennefer.

43

irt nw n.i m ib mry r wDAw iri.n.i tp tA

Fazei isto para mim com o coração (pleno) de boa-vontade, tal como eu o fiz (para vós, quando

estava) sobre a terra.

44

iw drp.n.i n nTrw Dwi.n.i psDt tm

Eu ofereci aos deuses, chamei até mim toda a Enéade

45

wab nbwy twri nbwy Xr xt m-bAH KAmwt.f

(para uma oferenda) − quão limpa e quão pura! − trazendo dádivas à presença de Kamutef.

46

iw snm.n.i n nsw bitAw

Eu alimentei os reis do Alto e do Baixo Egipto,

47

mrr n Imn m pr.f Hmyt-nsw msw-nsw smrw Hsi n kA.f

amados por Amon, no seu templo, as esposas e os filhos reais e os companheiros, tal como aprazia

ao seu ka.

48

nn m h(y).i Hr dm.i rn.sn mt Xrt-hrw nt ra-nb

Não fui negligente (em) pronunciar o nome deles ao longo do dia e em todos os dias.

Parede oriental. Metade sul.

A seguir à entrada, na parede oriental, tem lugar uma grande cena de oferenda aos deuses e

o banquete funerário que junta o vizir, seus familiares, colegas e amigos (Figs. A.1-A.2)

Page 16: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

16

Fig. 8 − Túmulo de Ramose, TT55. Parede oriental, lado sul. Ramose faz uma oferenda aos deuses solares,

DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. VI.

49

smAa xt nbt nfrt wabt (n) Imn-Ra nsw-nTrw (n) Ra-@rAxty (n) Itm n

xpry

Efectivação de uma oferenda de todas as coisas boas e puras (a) Amon-Ré, rei dos deuses, a Ré-

Horakhti, (a) Atum e a Khepri

50

n (irt).f n dt.f n Dt.f

ao seu (olho), à sua mão e ao seu corpo,

51

n (msktt) (n) mandt

à barca Meseketet e à barca Menedet36,

52

n nTrw rsy (n nTrw) mHty

aos deuses do sul e aos deuses do norte,

53

n nTrw imnt n nTrw iAbty

aos deuses do ocidente e aos deuses do oriente,

36 Referência às duas barcas a bordo das quais Ré efectua o seu percurso. A barca Meseketet é a barca da noite

e Menedet, a barca do dia.

Page 17: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

17

54

(n) nTrw nbw (n nTrwt nbwt)

(a) todos os deuses e (a todas as deusas)

55

(Hr-tp) nsw-bit(y) nb tAwy… (Rams dd.f dwA Ra-@rAxty) wbn.f

e (em favor) do rei do Alto e do Baixo Egipto, senhor das Duas Terras. (O vizir Ramose, ele diz:

Adoração de Ré-Horakhti) quando ele nasce.

56

di.f wnn.i m-ma Smsw.f Htp bA.i (m)sktt

Permita ele que eu esteja entre os seus seguidores e repouse o meu ba na barca da noite,

mt Xrt-hrw nt ra-nb

no decurso do dia e por todos os dias

Sob o cotovelo de Ramose:

57

wab n kA.k Imn-Ra

O teu ka é puro, ó Amon-Ré!

Fig. 9 − Túmulo de Ramose, TT55. Parede oriental, centro. Portadores das oferendas aos deuses solares. As

colunas do centro e da direita ostentam marcas a tinta vermelha onde seriam distribuídos os hieróglifos.

DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. VII.

Registo superior. Frente ao primeiro membro do cortejo:

Page 18: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

18

58

… iw NbmHyt iri.n sS Iry…

… é Nebmehyt e fez o escriba Iry.

Linha horizontal

59

ms xt-nbt nfrt wabt n kA.k

Trazendo todas as coisas boas e puras para o teu ka,

60

Imn-Ra nsw nTrw nbw

ó Amon-Ré, senhor de todos os deuses!

61

wab awy r-pat HAty-a Hmy nb tAwy

O sacerdote de mãos puras, o senhor e membro da elite (da) Majestade do senhor das Duas Terras…

A região inferior da Pl. VII mostra não só os portadores de oferendas mas os açougueiros

que desmancham a carcassa de um boi acabado de matar. Um deles transporta a cabeça do animal.

Fig. 10 − Túmulo de Ramose, TT55. Parede oriental, centro. Portadores das oferendas aos deuses solares e

magarefes. DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. XIII-2.

62

I(A)w m pt hnw m Hwt-aAt ihhy m Xnw wsxt

Louvor no céu, júbilo na Casa Grande37, exultação na corte:

37 O palácio real.

Page 19: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

19

63

tAwy @r m Haawt ( Imn Hr st wrt wbn.f m Imn-Ra nb (tAwy)

As Duas Terras estão em júbilo (quando) Amon, no seu trono poderoso, se ergue

m Imn-Ra nb (tAwy)

como Amon-Ré, senhor das Duas Terras

64

swAH.f Nb-MAat-Ra di anx di.f aHaw.f smA m (n)HH

e faz perdurar Nebmaetré, dotado de vida, concedendo-lhe o seu tempo de vida,38 unido com a

continuidade,

rnpwt.f dmd m Hfnw

com os seus anos (de vida), num total de centenas de milhar.

65

niwt TAt(y) Rams mAa-xrw Hsiwt nb.k Imn-Ra

Ó governador da cidade, ó vizir Ramose, justificado, concede-te favores o teu senhor, Amon-Ré,

m pr.k anxw

na tua Casa dos Vivos.

66

nTrw nbw imnty tA Haa(wt) m mrw.k iw wdn.k

Todos os deuses do ocidente estarão em júbilo por tua causa, quando fizeres39

67

htp di nsw n Imn-Ra-@r-Axty

38 O tempo de vida de Amon isto é, a eternidade. Recorde-se que o rei é sempre aA m

aHaw.f, «grande no seu tempo de vida». 39 wdn, «oferecer, fazer oferendas».

Page 20: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

20

“Uma oferenda que o rei faz” a Amon-Ré-Horakhty40, a Atum, senhor de Iunu,

68

n irt.f n Drt.f n Dt.f Wsir ¢nty-imntyw

ao seu olho, à sua mão e ao seu corpo, a Osíris-Khentamentiu41

69

n @t-Hr Hry.T smt n I(n)pw nb tA-Dsr

A Hathor, senhora da necrópole, a Anúbis, senhor de Ta-djeser

70

nTrw nbw dwAt

e a todos os deuses da Duat.

71

mAaw wabw n kA.k

Oferendas puras para teu ka,

Frente aos três primeiros membros do cortejo:

72

Sspwt nt Smayt

recebidas pela cantora.

73

… Ha wr n (iwA n) ntrw nbw WAst Imn nb tAwy

… boa carne (de boi para) todos os deuses de Uaset (Tebas) e para Amon, senhor das Duas

Terras.42

Parede oriental. Lado Norte

Ramose faz uma oferenda aos deuses43

74

40 Início da Coluna 6. 41 «Osíris, o que está à frente dos ocidentais» isto é, os mortos. 42 Trata-se apenas de uma reconstituição possível. 43 O texto está muito fragmentado e só pode ser reconstruído com base nos anteriores.

Page 21: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

21

Wdn (xt-nbt wabt nfrt) antyw snTr

Oferecendo todas as coisas puras e boas, mirra e incenso

75

(n Imn-Ra… n) Inpw nb qAA.f

(A Amon-Ré… a) Anúbis, senhor da sua colina,

Fig. 11 − Túmulo de Ramose, TT55. Parede oriental, lado norte. Ramose faz uma oferenda aos deuses.

DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. XIV.

76

n @t-Hr Hry.T smt …n (msktt) (n) mandt

a Hathor, senhora da necrópole, …à barca Meseketet e à barca Menedet.

n kA.k Ssp bw nfr (Sbw Imn-Ra)

Para o teu ka. Recebe a boa (comida, Amon-Ré44)

Região abaixo da Pl. XIV.Portadores de oferendas e magarefes

44 Reconstrução possível, de acordo com Davies.

Page 22: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

22

Fig. 12 − Túmulo de Ramose, TT55. Parede oriental, lado sul. Portadores das oferendas aos deuses solares e

magarefes. DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. XIII-1.

Frase no extremo direito da figura:

77

… … Hr awy imy-r niwt TAt(y) r-Nxn(y) Hm-nTr mAat Rams mAa-xrw

… … imediatamente, o governador da cidade, o vizir, a boca de Nekhen, … o sacerdote de Maet,

Ramose, justificado.

Fig. 13 − Túmulo de Ramose, TT55. Parede oriental, lado norte. Oferendas realizadas pela esposa de Ramose,

que agita um sistro na mão esquerda, DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. XV.

78

… MA(nw) … .f n imiw DwAt di.f

… Ma(nu)45 … a ele, entre os que estão na Duat, concede-lhe,

79

niwt TAt(y) Rams mAa-xrw Hsiwt nb.k Imn-Ra m-a Sms…

ao governador da cidade, ao vizir Ramose, justificado, que esteja com (os que) se-guem…

80

45 Posível referência a r MAnw, «porta de Manu», um epíteto de Amon. Vejam-se os hinos do túmulo de

Kheruef.

Page 23: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

23

(Hw)t ¡r Spsw nis tw.f mi w aim.sn

Na casa do Hórus (o palácio real)46, os nobres referem-se-lhe como o único deles47

nn skt bA.f r (n)HH

não há destruição para o seu ba, ao longo da eternidade

À esquerda da esposa de Ramose.

No registo médio, três funcionários48 caminham com oferendas de aves e flores. Diante do primeiro,

que também conduz um vitelo gordo, pode ler-se:

81

Dd.f wab n kA n Imn m Ipt nnw m Drt TAt(y) Rams

Ele diz: Puro para o teu ka, ó Amon, que vieste do Nun49, pela mão do vizir Ramose

No registo inferior:

82

Dd.f Ssp… m Drt TAt(y) Rams

Ele diz: Recebe … pela mão do vizir Ramose, por Bakenamon (nome do ofertante).

Parede oriental. Metade sul, (Pls. VIII-XII)

46 É uma reconstrução possível. 47 Isto é, Ramés é o nobre por excelência. 48 Distinguem-se dos outros pelas suas cabeleiras bem cuidadas.

49 Poderia ler-se: Dd.f wab n kA n Imn m Ipt, «Ele diz: Puro

para o teu ka, Amon de Ipet, «Amon de Lucsor». Davies prefere traduzir por «Amon de Karnak»,

Imn-m-Ipt-swt. Ora, no original apenas se distinguem três signos iguais que não parecem

pertencer a este nome e são seguidos por .

A tradução proposta, «Amon, que vieste do Nun» afigura-se possível. Amon assume o aspecto de Atum, o

demiurgo primordial.

Page 24: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

24

Fig. 14 − Túmulo de Ramose, TT55. Parede oriental, metade sul. Os sogros de Ramose, May e sua esposa

Uernuer. Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. VIII.

83

Ssp Aw(t) m Xrt-Hrw prt m-bAH Imn

Recebendo as oferendas diárias que vêm da presença de Amon

84

Iw wab sp sn n kA n imy-r ssmwt n nb tAwy

e são puras (repetir). Pelo o ka do intendente dos cavalos do senhor das Duas Terras,

85

ipwty n nsw n Hr xst nbt mH-ib mnx ity

mensageiro do rei através de todas as terras, fiel e eficiente para com o soberano,

86

mnx Hswt xr nb tAwy May mAa-xrw

firme no favor do senhor das Duas Terras, May, justificado,

87

snt.f mryt.f Hs(y)t n Mwt nbt ISrw

e a sua amada esposa, a cantora de Mut, senhora de Icheru,

nbt-pr Wrnwr

Page 25: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

25

A dona de casa Uernuer50.

88

Htp Hr DfAw m Xrt-Hrw m snw n nb nTrw

Oferecendo alimentos quotidianamente, como oferendas do senhor dos deuses,

89

n kA n imy-r nw n rsw Imn KSy mAa-xrw

pelo ka do intendente dos guardas51 de Amon, Kechy, justificado.

Fig. 15 − Túmulo de Ramose, TT55. Parede oriental, metade sul. O irmão e o sobrinho de Ramose.

Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. IX.

90

Hry sStA n wAD iarty Hr(y)-tp n tA r Dr

O que está nos segredos das duas deusas-serpente, que têm autoridade sobre a terra inteira,

91

imy-r hmw-nTr SmAw tA-mHw imy-r niwt TAt(y) Rams mAa-Hrw Dd.f

o chefe dos sacerdotes do Alto e do Baixo Egipto, o governador da cidade, o vizir Ramose,

justificado. Ele diz:

92

Ink… n kA(w) tn inr ainw xA m xt nbt nfrt wabt

Eu (ofereço?), aos vossos kau, pedra de Ainu e um milhar de todas as coisas boas e puras:

50 Poderá tratar-se de um nome de ressonância cananeia, Uer-nu-El, referindo o deus El /Ilu. O mesmo

acontece com o nome do vizir Aper-El que viveu no tempo de Akhenaton.

51 No sentido de rsw, «guardar, estar de sentinela». Kechy é cunhado de Ramose.

Page 26: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

26

93

xA m mrHt xA m a Tw xA m Hnqwt xA m kAw Apdw

um milhar de vasos de unguento, um milhar de travessas de pão, mil jarros de cerveja, um milhar de

bois e de aves

94

… wabt sp sn xA m… a smr-tpy m smrw m-HAt

(como uma oferenda?) duplamente pura. Um milhar de … o primeiro amigo dos amigos que estão

que estão diante (do rei?)

95

(imy)-ra Smaw tA-mHw imy-r nfrw Imn-Htp mAa-xrw m Xr(t)-nTr

O administrador do Alto e do Baixo Egipto, o intendente dos recrutas, Amen-hotep52, justificado, na

necrópole.

96

sn.f r-pa(t) smr tpy n nb tAwy mH- ib mnx (n) ity

Seu filho53, o membro da elite, o que está à frente dos amigos do senhor das Duas Terras, o que tem

a confiança54 e é eficiente (para com) o soberano.

97

Hsy mry nb tAwy imy-r wr n nsw n spAt (n) Inb-HD… .. .f

O que é favorecido e amado pelo senhor das Duas Terras, o grande mordomo real do nomo de

Mênfis (Amen-hotep) …seu (irmão).

…xr nTr aA

… sob o deus grande

98

… wab (nb) Iwn-mwt.f

… deus puro, «Pilar de sua Mãe»55…

52 Ámen-hotep Huy, meio-irmão de Ramose 53 O Sobrinho de Ramose, Ipy. 54 Lit. «enche o coração».

55 Epíteto de Amon, cf. acróstico do túmulo de Kheruef.

Page 27: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

27

99

rh StAw dwAt sm m At

Conhece os segredos da Duat56, sacerdote sem em …

Fig. 16 − Túmulo de Ramose, TT55. Parede oriental, metade sul. Ramose, sentado numa bela cadeira sob a

qual se encontra um ganso, talvez um animal de companhia, faz um gesto de saudação aos antepassados.

DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. X.

100

… snw.i imiw Xrt-nTr qaH n Xr-HAt.i

(Saúdo os) meus irmãos que estão na necrópole. Curvo o meu braço a(os que existiram) antes de

mim57

101

tr.i Xr… w.f iritw… Spsw smn…

(e d)o meu tempo58 sob… … é feito … o nobre permanece

Sob a mesa de oferendas, ricamente servida:

102

xA m t Hnqt kA Apdw

Esta tradução não é única, poderia, de acordo com Davies, ler-se … Gb, o deus Geb. Se este

filho de Amen-hotep, tivesse ocupado o cargo de sacerdote de Geb é de crer que o termo Hm.nTr estivesse a

seguir ao nome do deus, de acordo com a habitual anteposição honorífica. Se se optar pela tradução

apresentada, o qualificativo «deus puro» referir-se-à ao deus Hórus, uma vez que o epíteto «Pilar de sua Mãe»

lhe pertence. 56 Tradução hipotética.

57 Ramose saúda os seus antepassados. No original está . Segundo Davies, trata-se de um erro. Ver

DAVIES, op. cit., p. . 58 Reconstituição possível de acordo com Davies. Ver DAVIES, op. cit., p. .

Page 28: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

28

Um milhar de pães de (vasos de) cerveja, de bois e de aves.

103

… Xkryt nsw Smayt nt Imn nbt pr Hsyt…

… ornamento real59, cantora de Amon60 , dona de casa, favorita…

104

… mryt… qaH xrw m Xrt-nTr

… Meryt(ptah61. Ela diz:) Curvo o meu braço (diante da) voz (dos que estão)

na necrópole.

Diante de Neby, pai de Ramose que se encontra sentado na companhia da esposa, Apuya

105

Htp-di-nsw (n) Imn… di.f pri.nb

Uma oferenda que o rei faz a Amon… para que ele dê tudo (o que vem)

106

Hr xAwt.f Hr Hb(w) xt-nbt

das (suas mesas de oferendas62), todas as coisas (que vêm dos festivais)

107

(n) pt n tA m tpy trw nbw

do céu e da terra, no início de todas as estações e

108

… r m Ipt-swt Ssp mDt

(que se realizam) em Karnak (e nas quais se) recebe unguento,

59 Título ostentado por algumas damas da corte.

60 Ou . Ver ARAÚJO, O Clero do Deus Amon no Antigo Egipto, p. 206. 61 Esposa de Ramose. 62 Esta reconstrução é meramente hipotética, embora acompanhe a de DAVIES. Compare-se com o Terceiro

Hino de Ay:

di.k n.i snw wabw pri m-bAH.k m spyt.k it.k Itn, «Concede-me os alimentos puros

das oferendas que vêm à tua presença, como o que sobeja de teu pai Aton.»

Page 29: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

29

109

Xt.f Hr m sfxt n st wrt nfr

quando as suas coisas são removidas do Lugar Grande

110

smA xt nfrt wabt Sbwt nTrw m-xt

(e há) uma participação em todas as coisas (boas e puras) depois da comida dos deuses.

111

mi iri tw mAaty s nb

tal como é feito para todo o homem justo.

112

n kA n … (imy-r) kAw (n Imn) m spAwt imyw TA-mHw

Pelo ka do … (intendente) do gado (de Amon nos nomos que estão63 no Baixo Egipto

Nby mAa-xrw

Neby, justificado)64.

Sobre a figura de Apuya, segunda esposa de Neby:

113

Hmt.f mrit.f nbt-pr ApwyA mAat-xrw

Sua esposa amada, a dona de casa, Apuya, justificada,

114

nbt imAx(yt) xr Wsir

e senhora venerável, sob (= por decreto de) Osíris.65

115

63 Repare-se nesta grafia para o plural de imy, o qual poderia escrever-se na forma . Há no texto

uma anteposição com intuitos estéticos. 64 Ver PL XI, onde se referem o nome e o título deste funcionário, nem mais menos que o pai do vizir

Ramose. 65 Que Osíris proclamou, estar absolvida/justificada, pelo seu tribunal e ser digna de reverência, pelas suas

qualidades. Ver Pl. XI.

Page 30: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

30

Dd irt http di nsw wab sp sn xA m tw Hnqt kAw Apdw xt nbt nfrt

wabt

Palavras ditas: Efectivação de «uma oferenda que o rei dá», duplamente pura, (consti-tuída por) mil

pães, cerveja, gado e aves e todas as coisas boas e puras,

116

a.i qaHw Xr Df(A)w rnpwt nbt tr.s

A minha mão está inclinada para os alimentos e toda a espécie de vegetais próprios da estação

117

xAw nb nDm sty iw wab sp sn n kA n it.i

e toda a espécie de plantas de doce odor. Elas são duplamente puras para o ka de meu pai,

Fig. 17 − Túmulo de Ramose, TT55. Parede oriental, metade sul. Pais e irmãos de Ramose. DAVIES, Norman

de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. XI.

115

Dd irt http di nsw wab sp sn xA m tw Hnqt kAw Apdw xt nbt nfrt

wabt

Palavras ditas: Efectivação de «uma oferenda que o rei dá», duplamente pura, (consti-tuída por) mil

pães, cerveja, gado e aves e todas as coisas boas e puras,

116

a.i qaHw Xr Df(A)w rnpwt nbt tr.s

A minha mão está inclinada para os alimentos e toda a espécie de vegetais próprios da estação

117

Page 31: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

31

xAw nb nDm sty iw wab sp sn n kA n it.i

e toda a espécie de plantas de doce odor. Elas são duplamente puras para o ka de meu pai,

118

mwt.i n snw.i imyw Xrt-nTr

de minha mãe e dos meus irmãos que estão na necrópole.

119

imy-r niwt TAt(y) Rams Dd.f

O governador da cidade, o vizir Ramose, ele diz:

120

Ink Ax ib iri MAat nsw n rki.i

Eu tenho um coração abençoado, praticando a Maet para o rei do meu tempo

Amen-hotep, irmão de Ramose e sua esposa May, fazem uma oferenda aos kau de Neby e

de Apuya, sua primeira esposa, e mãe de Amen-hotep:

121

r-pat HAty-a mH ib n nTr nfr imy-r Hmwt nbt nsw n

O senhor e membro da elite, confidente do deus perfeito, o superintendente de todos os trabalhos do

rei

122

Mn-nfr sS n nsw mri.f Imn-htp mAa-xrw

no nomo de Mênfis, escriba do rei e amado por ele, Amen-hotep, justificado

123

Hmt.f mryt.f Smayt nt Imn … nbt-pr May mAat-xrw

e a sua mulher, sua amada, a cantora de Amon… a dona de casa May, justificada e

nbt imAx

senhora venerável.

124

Page 32: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

32

prrt nbt wDHw n Wnn-nfr nb Dt

(Recebe) tudo o que vem sobre a mesa de oferendas de Uennefer, senhor da eternidade.

125

sst TAw nDm mHyt Ssp snw

Respirando a doce brisa do norte, enquanto recebe oferendas de alimentos

126

Hr xAt.f mi wrw imyw nyw Smsw.f

da sua mesa de oferendas (a de Uennefer), tal como os príncipes que fazem parte dos seus

seguidores,

m Xrt-Hrw nt ra-nb

no decurso do dia e de todos os dias.

127

n kA n imy-r iHw n Imn imy-r Snwty n Imn m tA-mHw

Pelo ka do superintendente dos rebanhos de Amon, o superintendente do duplo celeiro de Amon no

Baixo Egipto,

128

sS Nby mAa-Xrw xr nTr-aA

o escriba Neby, justificado sob o deus grande.

129

n kA n snt.f mryt.f Hsyt n @wt-@r nbt-pr IpwiA mAat-Xrw

Pelo ka da sua esposa, sua amada, a cantora de Hathor, a dona de casa Apuya, justifi-cada.

130

nbt imAH Hr Wsir sSp Aw(t) m Xrt-Hrw

Senhora venerável (por decreto de) Osíris. Recebe as oferendas diárias

131

prrt m-bAH Imn

Page 33: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

33

que vêm da presença de Amon.

Fig. 18 − Túmulo de Ramose, TT55. Parede oriental, metade sul. Ramose e a família do irmão. DAVIES,

Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, PL. XII.

132

Hsi.k wi Hr(-tp) sni.i

Celebra os ritos em meu favor, ó tu que passas por mim!66

133

rdi.n.f wi m HAt smrw i irt sxrw nw tA pn Sndyt nbt

Ele (o rei) colocou-me à frente dos companheiros na administração desta terra e todos os saiotes

134

Dhnt.sn n.i sary mdw(t) (n @r m aA)

se curvavam (diante de ) mim, quando eu apresentava petições ao Hórus no palácio,

Xrt-Hrw nt ra-nb

ao longo do dia e durante todos os dias.

135

Dd in it.f mwt.f imy-r niwt TAt(y) Rams

Palavras ditas por seu pai e sua mãe: “Ó governador da cidade, ó vizir Ramose

136

66 Tradução hipotética. Poderá tratar-se do verbo sni, «passar por».

Page 34: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

34

wnn rn.k mn m rw m Hwt.k n HHw

possa o teu nome (continuar a) existir nas bocas (dos homens), no teu templo dos milhões de anos

137

bA(.k) xr(.k)… HAty(.k) (tpiw-a.k)

que o teu ba esteja contigo…o teu coração, como os teus antepassados!

138

HAty-a Ssp.k Hknw.i m wiA n HHw wn nsw m nTr

Ó nobre senhor, recebe as minhas orações na barca dos milhões (de anos) e sê um como um deus,

nn xftyw.k Dt sp sn

sem inimigos na eternidade. (Repetir)

139

snt.f mryt.f Smayt nt Imn nbt-pr Mryt-PtH mAat-xrw xr nTr aA Dt

A irmã dele (sobrinha), sua amada, a cantora de Amon, a dona de casa Merytptah (filha de Amen-

hotep Huy), justificada sob o deus grande, eternamente.

140

sn.f r-pat HAty-a Hsy mri nb tAwy

O irmão dele, o senhor e membro da elite, favorito e amado do senhor das Duas Terras

141

r wrw r.f iri iqrw.f st.f

de acordo os seus príncipes, que os faz excelentes, no seu lugar.

142

imy-r prwy hD nbw Hmtw nbt (imy-r) n nsw sS nsw mAa mri.f

O superintendente da “Dupla Casa da Prata e do Ouro” e de todas as obras do rei, o verdadeiro

escriba real, seu amado,

143

Page 35: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

35

imy-r pr n nsw n sSm m Hb xr n nTrw nbw

o mordomo real, o guia do festival de todos os deuses

m Inb-HD Imn-htp mAa-xrw

no nomo de Mênfis, Amenhotep, justificado.

144

sAt.f mrt.f n st.f ib.f Smayt nt Imn nbt-pr

A sua filha (de Amen-hotep), sua amada (diz): Que o seu coração esteja no lugar dele!. (Pel)a

cantora de Amon, a dona de casa

145

Mryt-PtH maat-xrw xr Wsir

Meryt-Ptah, justificada, por decreto de Osíris

146

mwt.s Smayt nt Imn nbt-pr Hsy(t) nt nbt tAwy

Sua mãe, a cantora de Amon, a dona de casa, a favorita da senhora das Duas Terras,

147

May mAat-xrw nbt imAH

May (esposa de Amen-hotep), justificada, senhora bem-aventurada.

Parede Oriental, metade norte

Page 36: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

36

Fig. 19 − Túmulo de Ramose, TT55. Parede oriental, metade norte. Recepção de unguentos. DAVIES,

Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. XVI.

148

hA Wsir imy-r niwt Tat(y) Rams mAa-xrw m Dt.k

Ó Osíris, governador da cidade, vizir Ramose, justificado, vem com o teu corpo,

149

m-a iw m xprw.k m-a iw iriw.k wnn tp tA

vem com as tuas transformações, vem com a tua forma que existe sobre a terra.

150

Ssp.k iArw nDm sty.k dmd.kiw m m-a nTrw (di.k) Ah.sn

Recebe todas as plantas de suave perfume, une-te aos deuses, e que eles te concedam o seu akh

151

Tw wab.k nTry.k Sm.k tw iw.k m StA

Tu és puro, tu és divino, tu vais e vens em segredo,

152

mn.k nw mrHt Spsy aA n sn.k Taw

tu conservas estes unguentos, grandemente preciosos para inalar os seus odores

153

n imiw pr hn.k nTrw mrw.sn Ha.k

e que estão no teu peito. Os deuses enfaixam o teu corpo

154

Xnm.sn r.k TAt(y) Rams mAa-xrw

e o seu odor é para ti, ó vizir Ramose, justificado.

155

snt.f, mrit.f Smayt nt Imn Xkrw-nsw nbt-pr

A sua esposa, a cantora de Amon e ornamento real, a dona de casa

Page 37: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

37

Mryt-PtH mAat-xrw

Merytptah, justificada.

156

Ssp(.k) mDt an tA mrHt ibr

Recebe o belo unguento, este bálsamo e o óleo iber

157

iArw nb nDm sty.k anxt nTr(w) im sn ib

e todas as plantas de suave perfume, pelas quais os deus(es) vive(m) no coração

158

mrHt Spsy Ts nDm.f xnm hn.k

O precioso unguento entranha-se67 e a sua doçura e o (seu) odor (enchem) o teu peito

159

n kA n it.f imAHy xr Wsir

pelo ka de seu pai, proclamado bem-aventurado por Osíris.

160

imy-r Snwty imy-r iHw n Imn m- a mHtt

O superintendente do duplo celeiro de Amon68, superintendente dos rebanhos de Amon no norte,

161

sS Nby mAa-xrw xr nTr aA Dt

o escriba Neby, justificado pelo deus grande, eternamente.

162

snt.f mryt.f nbt-pr IpwiA

A sua irmã (esposa), sua amada, a dona de casa Apuya

67 Verbo Ts, «ligar, unir». A presente tradução parece contudo mais próxima do texto. 68 Snuwt é a palavra para «celeiro» com o determinativo O51. Ora, este não aparece no texto, sendo

substituído por algo parecido com dois pães Sns sobre uma casa invertida e assim poder-se-ia ler como

prwy-Snswy, «a dupla casa dos dois pães», o que cabe perfeitamente na ideia de «duplo celeiro».

Page 38: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

38

163

mAat-xrw xr wsir ntr aA nb tA Dsr

justificada por Osíris, deus grande, senhor da terra sagrada (a necrópole).

Fig. 20 − Túmulo de Ramose, TT55. Parede oriental, metade norte.Apresentação de unguentos. DAVIES,

Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. XVII.

Primeiro ofertante:

164

n kA.k st(y)-Hb nwdw isw prwy

Para o teu ka o odor festivo, os perfumes 69 (que vêm) dos juncos dos dois templos de Osíris,

m xA pn rnp(w)t n Wsir

neste milhar de ano(s)

Linha horizontal

165

wab n MAat pA wAHy

Purificado em Maet, o ofertante.

Segundo ofertante

166

n kA.k Hknw…

Para o teu ka, óleo hekenu… ( repetição das palavras do primeiro ofertante)

69 Normalmente com a grafia nwdw, «unguentos, perfumes». Excepcionalmente, aparece sob as

formas ou . Ver BONNAMY et SADEK, op. cit., p. 314.

Page 39: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

39

Linha horizontal

167

imy-r niwt TAt(y) Rams sA n.k Imn

o governador da cidade, o vizir Ramose, teu filho Amon

As oferendas a seguir discriminadas, seguem a fórmula das duas primeiras e não exibem inscrições

horizontais. Temos assim:

Ofertante

Oferenda

3 sft, «óleo sefet»

4 Arf msmDt wnn siAty, «um saco de pintura para os

olhos e duas peças de tecido»70

5 ti-Spsy, «goma ti-chepsi »71

6 ibr, «óleo iber»

7 nHaas, «goma nehââs)

8 mDt, «óleo medjet»

9 TwA, «óleo tjuá»

10 nXnm, « um jarro de óleo nehnem»

11 anD, «um jarro de óleo ândj»

12 mrHt Hsqt, «gordura heseket»72

13 mrHt wt, «gordura para embalsamar»

14 rnpw nb nDm st(y), «todas as ervas de suave

perfume»

70 Uma peça de tecido é designada normalmente por siAt. Note-se, no texto, a inclusão de dois

signos S88.

71 É a tradução de DAVIES. O termo Spsy pode traduzir-se por «nobre, valioso». qmyt, «resina,

goma» não aparece no texto, nem algum determinativo que o sugira. 72 Como o termo Hsqt designa um cutelo, estaremos perante uma gordura animal não especificada.

Page 40: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

40

Fig. 21 − Túmulo de Ramose, TT55. Parede oriental, metade norte. Ramose toca objectos sagrados. DAVIES,

Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. XVIII.

Da esquerda para a direita

168

nTrw Axtw m mAa-xrw m rk.n Dt mw nTr pri m Wsir

Os deuses dos horizontes (declaram-te) justificado no teu tempo de eternidade, (deram-te) a água do

deus, que vem de Osíris.

169

snty n.k iw.k wabty hna kA.k

as tuas duas irmãs sacerdotisas vêm a ti e ocupam-se do teu ka,

170

m Hapy wHm.k rnpy mi rnpy mw wAH.k

numa inundação de água fresca, como a água fresca colocada para ti.

171

mi pt Dd.k anx.k anx m xt.f snxx.f rS.k

Tal como para ti é duradouro o céu, tu vives através dele, ele renova a tua respiração para que te

alegres

172

Page 41: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

41

HHw m sAH.f smn.f n.k nb Imn

(com) milhões de concessões da terra dele. A firmeza dele está em ti, (a do divino) senhor, Amon

173

wni ti n nbw tAwy

ele abriu-te a totalidade das Duas Terras

174

sSp.n.k st diw Hsi.s sSSwt mnwty m Imn-Ra

e tu recebeste-a como uma dádiva, ela canta (agitando) os sistros e os colares menat de Amon-Ré

175

Dd-mdw (i)my-r niwt TAt(y) Rams mAa-xrw n kA.k

Palavras ditas pelo governador da cidade, o vizir Ramose, justificado: Pelo teu ka,

Inscrição da esquerda

176

r-pa HAty-a n mr(w)t wpi mAat m Xrt-hrw Hnk.sy r ah n nb.s

(Para) o nobre, o príncipe, o amigo grande em amor, o que faz justiça no decorrer do dia,

exercendo-a no palácio do seu senhor73,

177

Imy-r TAt(y) r-NHn(y) Hm-nTr (m) MAat Rams mAa-xrw

o governador da cidade, o vizir, a boca de Nekhen, o sacerdote de Maet, Ramose, justificado.

178

snt.f, mrt.f Xkrw-nsw Smayt nt Imn Mryt-PtH mAat-xrw

a sua esposa, sua amada, o ornamento real, a cantora de Amon Meryt-Ptah, justificada.

179

Ssp snw m dqrw rnpwt prrt

Recebe as oferendas de vegetais e frutos que vêm

180

73 Do senhor da justiça, do rei que vive segundo os princípios da maet.

Page 42: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

42

m Xnw n pr-nw pr Spsi ssnt snt-nTr

do interior do santuário do nobre templo, o odor do incenso

Fig. 22 − Túmulo de Ramose, TT55. Parede oriental, metade norte. Ramose e o irmão tomam uma refeição,

DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. XIX.

181

an tA mrHt Hr Nxbt wnm Snw TA-Wr i

e este belo unguento da (deusa) Nekhebet. (Possas tu) comer (tudo o que foi deposto dentro) dos

limites de Tauer (Abidos),

182

i m-a hnw Htp-ib m irpw Hnqt iArw nb nDm sty

juntamente com um jarro de vinho, para apaziguar o coração, cerveja, todas as plantas de suave

perfume

183

rnpwt nbt r tr.s

e todas as plantas, na sua estação (própria).

184

Iw wab sp-sn nkA.k r-pat mrt nTr Hry sStA n wAD iarty Hr-tp tA r

Dr.f

Tu estás purificado (repetir). Pelo teu ka, Osíris, senhor amado do deus, o que está nos segredos das

duas deusas-serpentes, em nome da terra, na sua inteireza,

185

Page 43: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

43

wr m iAt aA m saH.f (m) ta-wr m HAty-a rxyt

poderoso na grande função do seu posto em Tauer (Abidos) como chefe do povo,

186

imy-r katw m mnw wrw sAb imy-r sSw

o superintendente dos trabalhos nos grandes monumentos, o superintendente dos docu-mentos,

187

Imy-r niwt TAt(y) Rams mAa-xrw

o governador da cidade, o vizir Ramose, justificado

188

Hmt.f mryt.f Xkrw-nsw Smayt nt Imn nbt-pr Mryt-PtH

A sua esposa, sua amada, o ornamento real, a cantora de Amon, a dona de casa Meryt-Ptah,

mAat-xrw xr nTr aA

justificada pelo deus grande.

189

htp di nsw (n) Wsir HqA Dt di.f prt-xrw qbHw irpw

Uma oferenda que o rei faz a Osíris, senhor da eternidade, para que ele conceda invocações-

oferendas74 de bois e aves, libações de vinho

190

irt(t) mnxt Ss bAs mrHt drp dqrw rnpwt nbt

e leite, vestuário, alabastro75 e uma jarra de unguento, e ofereça todos os vegetais e frutos

191

Xt-nbt nfr wab nTr anxt im.sn

e todas as coisas boas e puras, pelas quais os deuses vivem.

74 Lit. «o que sai da boca (do deus)». Quando Osíris «lê» em voz alta cada uma das numerosas oferendas que

foram feitas, ou se diz que o foram, as suas palavras materializam-nas para que o Osíris Ramose delas possa

usufruir.

75 mnxt, «vestuário» Ss, «alabastro».

Page 44: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

44

192

Htp Hr Df(A)w m Xrt-hrw Hr WdHw n Wnn-nfr

Uma oferenda de provisões no decurso do dia, (vinda) das mesas de oferenda de Uennefer.

193

n kA n r-pa(t) HAty-a wa mnx mry nb tAwy

Pelo ka do senhor e nobre, o único que é eficiente e amado pelo senhor das Duas Terras

194

mr(yt) r ity bitw(.f) imy-r prwy HD nbw

amado pelo soberano pelas (suas) qualidades, o superintendente da Dupla Casa da Prata e do Ouro,

195

imy-r pr n nsw m Mn-nfr sS-nsw mAa mr.f

o mordomo real do nomo de Mênfis, o verdadeiro escriba real, seu amado

196

Imn-htp mAa-xrw xr nTr aA nb Dt

Amen-hotep, justificado pelo deus grande, senhor da eternidade

197

snt.f mryt.f n st.f Smayt nt Imn

e a sua esposa, sua amada, na sua categoria de cantora de Amon,

198

May mAat-xrw xr Wsir

May, justificada por Osíris

Page 45: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

45

Fig. 23 − Túmulo de Ramose, TT55. Parede oriental, metade norte.Consagração dos alimentos para o

banquete ffunerário. DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. XX.

Nos dois primeiros registos, discriminam-se alimentos, tais como:

− Diversos tipos de pão

psn, tm, qmH, pAt e t ASr,

«pão torrado».

− Bolos

xnfw, Sns.

− Peças de carne

xpS, «quarto de boi»; iwA, «coxa de bovino» spHt, «costeletas»,

ASrt, «carne assada».

− Vinhos de diversas procedências

irp TA-mHw, «vinho do Delta», p. ex.

− Outros alimentos

waH, «sementes de alfarroba»; frutos da árvore iSd

No registo inferior, sacerdotes , Xry-Hbt, «sacerdotes-leitores», fazem

purificações rituais.

Page 46: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

46

199

St wabwy Hr n Wsir imy-r niwt TAt(y) Rams

Lugar duplamente puro para o Osíris, o governador da cidade, o vizir Ramose.

200

Xry-Hbt rdit aab mw ntr anx

O sacerdote-leitor oferece uma taça de água ao deus vivo,

201

rdit mw qbb tw nTr im Wsir imy-r niwt TAt(y) Rams

oferece água fresca ao deus, ao Osíris governador da cidade, o vizir Ramose.

202

Xry-Hbt irt sntr wab sp-sn

O sacerdote-leitor oferece incenso duplamente puro.

203

Dd-mDw int rd …i nb

Palavras ditas, ao remover todas as pegadas76.

Fig. 24 − Túmulo de Ramose, TT55. Parede oriental, metade norte.Purificação do vizir Ramose. DAVIES,

Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. XXI.

76 Ver FAULKNER, A Concise Dictionary …, p. 154. Esta legenda acompanha um sacerdote-leitor, no acto de

abandonar a cena. Tem na mão algo que pode ser uma pá ou uma vassoura e que se destina a limpar quaisquer

vestígios presenciais depois da purificação do lugar.

Page 47: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

47

204

irt htp di nsw wab sp-sn xA mtw xA m Hnkwt xA m iAw xA m Apdw

Realização de uma «oferenda que o rei dá», duplamente pura, de um milhar de pães, um milhar de

jarros de cerveja, um milhar de bois e um milhar de aves

205

xA m Ss mnxt xA m bAsw mrHt xA m qbHw irp

um milhar de vestes, alabastro, um milhar de vasos de unguento e um milhar de libações de vinho.

206

Iri irtt xA m di dqrw xA m xt nbt nDm xA m rnpwt nbt

Apresentação de leite, de um milhar dádivas de frutos e de todas as coisas plenas de doçura, de um

milhar de todo o tipo de vegetais

207

xA xt nbt nfrt wabt iwn mwt.f swab m ©wty wdn.f

e um milhar de todas as coisas boas e puras (provenientes do) «pilar de sua mãe77» e que ele fez

purificar (segundo o que foi estabelecido) por Tot e (com as quais) faz uma oferenda

208

kA n Wsir r-pa HAty-a mrt nTr mn Hswt Xr nb tAwy imy-r niwt TAt(y)

Pelo ka do Osíris senhor e nobre, amado pelo deus estável, (gozando dos) favores do senhor das

Duas Terras, o governador da cidade, o vizir

Rams mAa-xrw

Ramose, justificado.

209

Ssp.k snw wab n mAat pA wAHy(t) Htp dqrw rnpwt prrt

Recebe as oferendas purificadas em maet e a abundância de oferendas de frutos e vegetais que vêm

m-bAH Imn

da presença de Amon.

77 O epíteto «pilar de sua mãe» pertence a Hórus, é também um título sacerdotal. O decorrer do texto mostra

que está aqui empregue nesta última assepção. Ver FAULKNER, op. cit., p. 13.

Page 48: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

48

210

Sx tw xpSw n kA.k HAtyw n sHa(y) anx Spsy.k wn bA.k

Os quartos de boi foram cortados, pelo teu ka, os corações aclamaram a tua nobre vida e abrem

(passagem para) o teu ba

211

anx r (n)HH nn skt xr Dt

que vive para sempre, sem perigo, e eternamente.

À direita, dois sacerdotes-leitores estão sentados.

212

… Hsy n nb tAwy Wsir r-pat HAty-a

… favorecido pelo senhor das Duas Terras, para o Osíris, o senhor e nobre.

213

irt sAxw in Xryw-Hbt aSAw

Realizando as recitações rituais por parte dos sacerdotes-leitores ordinários78.

Junto ao vizir Ramose, que está ser purificado pela água.

214

Irt abw n Wsir Imy-r niwt TAt(y) Rams m Hwt.f

Efectuando a purificação do Osíris governador da cidade, do vizir Ramose na sua morada,

imit imntt(y)

entre os que habitam no Ocidente.

Um sacerdote semer verte água sobre Ramose

215

Dd-mdw in Xry-Hbt smr dbn HA.f sp fdw m dSrt sp fdw nt mw

Palavras ditas pelo sacerdote-leitor semer, girando à volta dele por quatro vezes e vertendo por

quatro vezes água de um vaso decheret

216

78 Sobre esta tradução, ver GARDINER, op. cit., p. 300.

Page 49: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

49

Dd-mdw sp fdw wab sp sn Wsir imy-r niwt Tat(y) Rams mAa-xrw

Palavras ditas quatro vezes, pelo duas vezes purificado Osíris governador da cidade, o vizir

Ramose, justificado.

Um sacerdote sem verte, igualmente, água sobre Ramose

217

Dd-mdw in Xry-Hbt sm dbn HA.f sp fdw m nmst sp fdw nt mw

Palavras ditas pelo sacerdote-leitor, girando à volta dele, por quatro vezes e vertendo por quatro

vezes água de um vaso nemeset.

218

Dd-mdw sp fdw wab sp sn Wsir imy-r niwt Tat(y) Rams mAa-xrw

Palavras ditas quatro vezes pelo duas vezes puro Osíris, o governador da cidade, o vizir Ramose,

justificado.

No registo inferior, dois sacerdotes estão ajoelhados

219

Dd-mdw in Xry-hbt sm smr nTr-anx m Sdi.tn sAxw

Palavras ditas pelo sacerdotes-leitor e pelos sacerdotes sem e semer ao deus vivo, ao ler-vos, em voz

altas, as invocações rituais:

220

Rw.tn Hr Wsir mn Hm Tw H3 Nb tAwy imy-r niwt Tat(y) Rams mAa-xrw

Pelas vossas bocas, em benefício do Osíris, firme como a majestade do senhor das Duas Terras, o

governador da cidade, o vizir Ramose, justificado.

Debaixo da elegante curva traçada pela água que tomba, o vizir ostenta numa das mãos o

seu bordão e noutra um bastão com a forma de bd, «natrão». Está portanto duplamente

purificado pelo mesmo banho que os sacerdotes tomavam antes dos seus deveres nos templos.

221

imAxy xr Ra imy-r niwt TAt(y) Rams mAa-xrw

(Foi) abençoado por Ré, o governador da cidade, o vizir Ramose, justificado

222

Page 50: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

50

Rn.n tw.f ra m mst.f r

Foi-lhe dado o seu nome, no dia do seu nascimento, pela boca do

223

bA nTry sxntw.f m-ma

ba divino que é anterior a ele.

Parede sul, metade superior. O cortejo ffunerário do vizir Ramose

O cortejo fúnbre do vizir Ramose está descrito no seu túmulo, mais concretamente, na

parede sul, metade superior, da sala hipóstila (fig. 3). Na obra de Davies, distribui-se ao longo das

Pls. XXVII (1-2), XXVI, XXV (1-2), XXIV (1-2) e XXIII (1-3) XXII. Toda esta cerimónia foi

analisada no Capítulo VII, § 6.2, dedicado à morte do funcionário e às suas envolventes religiosa e

ritual.

Fila superior, A

224

… .k qrs… imy-r niwt TAt(y) Rams mAa-xrw xr nTr aA

[Acompanhando] o sarcófago do governador da cidade, o vizir Ramose, justificado pelo deus

grande

225

Sms Dw n Hsy n nTr nfr imy-r niwt TAt(y) Rams mAa-xrw

Acompanhando o cortejo do favorito do deus bom, o governador da cidade, o vizir Ramose,

justificado,

226

r imntt WAst m http m Htp in Hm-nTr tpy (n Imn) m Htp sp sn

até ao ocidente de Tebas, em paz, (repetir). Pelo sumo-sacerdote (de Amon), em paz, (repetir),

227

Hm-nTr nw 2 n Imn Hm-nTr nw 3 n Imn Hm-nTr nw 4 n Imn SA Imn mAa-xrw

Page 51: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

51

(pelo) segundo sacerdote de Amon, (pelo) terceiro sacerdote de Amon (e pelo) quarto sacerdote de

Amon, Siamon, justificado79.

Fig. 25 − Os quatro sacerdotes de Amon que fazem parte do cortejo e o primeiro catafalco.

À direita, tal como no túmulo. À esquerda, segundo DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier

Ramose, Pl. XXVII – A.

228

rmT Dp STAt imy-r niwt TAt(y) Rams mAa-xrw

Os homens de Dep conduzem o governador da cidade, o vizir Ramose, justificado

r imntt WAst m Htp m Htp

para o ocidente de Tebas, em paz, (repetir)80.

79 Túmulo de Ramose, TT 55, lns. 232-235. 80 Túmulo de Ramose, TT 55, ln. 236.

Page 52: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

52

Fig. 26 − Segundo catafalco. Em cima, segundo DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl.

XXVII – A. Em baixo, tal como no túmulo

É igualmente transportado numa barca disposta sobre um trenó. Exibe uma

decoração análoga ao primeiro e está também ornamentado com altas flores de papiro. Ísis

e Néftis protegem o precioso conteúdo:

229

imAxy xr Imn mri nb tAwy

Um que é abençoado por (Amon) e amado pelo senhor das Duas Terras,

230

Imy-r miwt TAt(y) Rams mAa-xrw

o governador da cidade, o vizir Ramose, justificado81,

O trenó da grande barca é puxado por quatro

231

rmTt P Dp Wnw SAw…[Hwt] – wr-[iHw]

homens de Pe, Dep, Unu (Hermópolis), Sau (Sais) e (Hutueriu)82…

81 Túmulo de Ramose, TT 55, lns. 237-238.

Page 53: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

53

Fig. 27 − Grupo de homens, arrastando o tekenu. À esquerda, segundo DAVIES, Norman de G., The Tomb of

the vizier Ramose, Pl. XXV – A. À direita, tal como no túmulo.

O trenó, contem o tekenu.

232

sTAt tknw in rmT NTr-(BHdt) … ii

Arrastando o tekenu pelos homens de Netjer-Behedet 83… vir, (ln. 238)

Sobre o tekenu:

239-233

sTAt tknw in niwty nsw irt wAt nfrt

Arrastando o tekenu pelos parentes do rei e fazendo uma bela caminhada por terra

234

r aAwy Axt r st.f imiw Htpw

82 Lit. «Casa Grande dos Bois», local, propriedade ou templo desconhecidos. A palavra está parcialmente

apagada e Davies leu Heturkau. Na presente tradução optou-se por seguir ASSMANN, Jan, Death and Salvation

in Ancient Egypt, p. 308. 83 Edfu, cidade do segundo sepat do Alto-Egipto onde Hórus era especialmente cultuado. O resto da frase está

ilegível. Davies apresenta a seguinte tradução: «Men of the district of the three (?) pools entering and

leaving». Ver DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Mond Excavations at Thebes 1,

London: The Egypt Exploration Society, 1941, p.

Page 54: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

54

em direcção às duas portas do horizonte, até ao seu lugar de repouso (junto dos) que estão em terra

santa,

235

r sar imy-r niwt TAt(y) r-Nxn(y Hm-nTr MAat Rams mAa-xrw

para fazer subir o governador da cidade, o vizir, a boca de Nekhen, o sacerdote (da deusa) Maet,

Ramose, justificado,

236

r Xr(t)-nTr htp.f rd wi(.f) rwD XAt.f sp sn r nHH

em direcção à necrópole, para que ele repouse e a sua múmia prospere e perdure o seu corpo

eternamente (repetir) e para sempre.84

237

Swab m irtt Xr-HAt Wsir imy-r niwt TAt(y) Rams mAa-xrw

Executando uma purificação com leite diante do Osíris governador da cidade, o vizir Ramose,

justificado85.

238

Irt snt-nTr qbHw wabt r tA Dsr Xrt-HAt Wsir…

Fazendo (uma defumação com) incenso e uma libação. Purificando o caminho até à terra sagrada,

diante do Osíris…

239

r Htp m st.f imy Xr(t)-nTr Dt

para que repouse em paz no seu lugar, entre os que estão na necrópole, eternamente86.

84 Túmulo de Ramose, TT 55, lns. 239-242. 85 Túmulo de Ramose, TT 55, ln. 243. 86 Túmulo de Ramose, TT 55, lns. 244-245.

Page 55: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

55

Fig. 28 − Vacas e touros, arrastando o grande catafalco. Em cima, segundo DAVIES, Norman de G.,

The Tomb of the vizier Ramose, Pls. XXIV, XXV-A. Em baixo, tal como no túmulo.

.

Seguem-se dois grupos de quatro homens de braços erguidos, fig. V.20, gritando:

240

qAi wrwt.k mi mnw.k mnw imy-r niwt TAt(y) Rams (mAa-xrw)

O teu poder é exaltado, tal como os teus monumentos são firmes, (ó) governador da cidade, vizir

Ramose (justificado)87

87 Túmulo de Ramose, TT 55, ln. 246.

Page 56: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

56

Fig. 29 − Em frente ao grupo de homens e animais, o sacerdote leitor lê um texto alusivo à

cerimónia. DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. XXIV – A

Leitura do sacerdote:

241

Irt qrst nfrt n Wsir imy-r niwt TAt(y) Rams mAa xrw

Efectivação do belo serviço fúnebre do Osíris, governador da cidade, o vizir Ramose, justificado,

242

Sart nTr r Axt.f

e da ascensão do deus até ao seu horizonte 88 ,

243

Sms n imy-r TAt(y) Rams mAa-xrw r wart Xr(t)-nTr m Htp Htp

Seguindo o governador da cidade, o vizir Ramose, justificado, até à região da necrópole que está em

paz absoluta89,

244

wDA m htp r pt r Axt sxt iArw

Avançando em paz, rumo ao céu, ao horizonte, aos Campos de Iaru.

245

88 No original está . O verbo é iar que acabou por perder o i inicial; o causativo sar tem o

sentido de «fazer ascender», ver GARDINER, op. cit., p. 551.

O deus a que o texto se refere é o vizir defunto, agora transformado em Osíris Ramose. 89 A partícula sp sn indica que há uma repetição, «duplamente em paz». Pode também significar que as

palavras «em paz» são repetidas.

Page 57: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

57

r dAt bw nty nTrw pn iw m Htp Htp Dt Dt

e à Duat, até ao lugar no qual estão estes deuses, em absoluta paz, por toda a eternidade.

246

Haiw dit m pt hnw m tA Haawt m dAt

Sejam dados louvores no céu, (com) júbilo na terra e alegria na Duat. 90

Linha horizontal

247

xA m Ss mnxt xA m bAsw mrHt xA m qbHw irp r- pat nbt rxyt nbt

Um milhar de vestes, alabastro, um milhar de vasos de unguento. Toda a nobreza e todo o povo

comum91.

Fig. 30 − Três sacerdotes transportam oferendas. DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose Pl.

XXIII – A.

A legenda que acompanha o primeiro sacerdote está parcialmente perdida e só

permite ler:

248

… … kn … … t imy-r niwt TAt(y) (Hsy n) nTr (nfr)

… … kn … … o governador da cidade, o vizir, favorecido pelo deus perfeito, (ln. 256)

90 Túmulo de Ramose, TT 55, lns. 247-252. 91 Túmulo de Ramose, TT 55, lns. 254-255. Note-se que a categoria r-pat aparece com um determinativo

«terra», (N21), vincando que se trata de proprietários.

Page 58: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

58

249

Rams mAa-xrw r … … … … r bw nTry sp fwdw …n… im … dSrt sp sn

Dt sp sn

Ramose, justificado por … … para o lugar quatro vezes divino… na dupla purificação,92

Fig. 31 − Dois sacerdotes do grupo anterior e uma sacerdotisa diante do túmulo de Ramose. À esquerda

DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose Pl. XXII – A. À direita, como no túmulo.

250

sbA tpy n m dAt… … r Dt

Primeira porta para a Duat… … para a eternidade, (ln.258)

251

Dr tw … … Rams mAa-xrw nfr

inteira … … Ramose, justificado e perfeito93

Segue-se um sacerdote que parece fazer kApt, «uma defumação»

enquanto o que vai à sua frente efectua uma

92 Túmulo de ramose, TT 55, lns. 256-257. 93 Túmulo de Ramose, TT 55, lns. 259.

Page 59: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

59

252

Diw r tA n Wsir TAt(y) Rams (Deposição de) oferendas sobre a terra pelo Osíris, vizir Ramose94.

Fila inferior, B

Fig. 32 − Altos funcionários, acompanhando Ramose à sua última morada. BÀ esquerda, como no

túmulo. À direita DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. XXVII-B.

253

Sms Dw n Hsy mri nb tAwy imy-r niwt TAt(y) Rams mAa-xrw

Acompanhando o cortejo do favorito, amado pelo senhor das Duas Terras, o governador da cidade,

o vizir Ramose, justificado.

254

in sA nsw n KS in wHm tpy nsw in imy-r pr-HD wr

Pelo filho real de Kuch, pelo primeiro arauto do rei, pelo superintendente da grande casa do ouro.

94 Túmulo de Ramose, TT 55, ln. 260.

Page 60: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

60

255

in wHm nw 2 n nb tAwy smrw wrw aH srw n nwt

pelo segundo arauto do senhor das Duas Terras, pelos grandes dignitários do palácio e por oficiais

da cidade,95.

Um homem transporta pássaros e um ramo de flores. É

256

sS imy-r mnmnt n mAat ©Hwtyms

O fiel escriba e intendente do gado, Tutmés,96

À sua frente, um grupo de seis homens que levam jarros de bebida, precedidos por

um outro que transporta uma caixa e uma pele de felino.

Fig. 33 − Servos de Ramose transportando oferendas.Tal como no túmulo. Corresponde, em parte, a À direita

DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. XXVI – B.

Dois homens levam à cabeça um leito. São, respectivamente

257

¡sqbptH sDm-aS n TAt(y) Rams mAa-xrw

Heskebptah, servidor do vizir Ramose, justificado.

258

95 Túmulo de Ramose, TT 55, lns. 262-264. 96 Túmulo de Ramose, TT 55, lns. 270.

Page 61: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

61

*Atnfr sA (Mwt)wy sDm-aS n TAt(y) Rams mAa-xrw

Tjatnefer, filho de Mutuy, servidor do vizir Ramose, justificado.

259

Sfwt PHfmnfr (sDm-aS n TAt(y) Rams mAa-xrw)

Pehemnefer, servidor do vizir Ramose, justificado,97

O equilíbrio é dícil e depende do perfeito sincronismo de movimentos entre os dois

homens. Isto parece não estar a acontecer porque um deles diz ao companheiro:

260

r Sm mH rdwy.ky

Vamos, mexe essas pernas!98

Segue-se um grupo constituído por sete servidores de Ramose. Os quatro primeiros

transportam preciosas caixas e o seu nome é:

261

sDm-aS n TAt(y) ¡sybAknf sDm-aS n TAt(y) Rams mAa-xrw TAnfr

O servidor do vizir, Hesybakenef e o servidor do vizir Ramose, justificado, Tjanefer,

262

Xaqw n maat QnmsAw sA.f Xaqw n mAat

o fiel barbeiro Kenemsau e seu filho, o fiel barbeiro,

263

Imnm… sDm-aS n TAt(y) Rams mAa-xrw

Amenem… fiel servidor do vizir Ramose, justificado99,

97 Túmulo de Ramose, TT 55, lns. 265-267. 98 Túmulo de Ramose, TT 55, ln. 268. 99 Túmulo de Ramose, TT 55, lns. 273-275.

Page 62: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

62

À sua frente, um servo leva aos ombros uma bela cadeira almofadada e na outra

mão um estojo de escriba e outro, duas jarras de unguento e outras duas de óleo Um homem

leva uma caixa de chauábtis e um par de sandálias, Trata-se de

264

Mniw Apdw sDm-aS n mAat MHw Dd.f

O guardador de aves, o fiel servidor Mahu, ele diz:

265

pA Dw imntt wn Rams mAa-xrw HAp.k sw m Xnw.k

“Ó montanha do Ocidente, abre-te para Ramose, justificado, esconde-o no teu interior!100

Encontramos nesta altura um primeiro grupo de carpideiras.

Fig. 34 − Um primeiro grupo de carpideiras manifesta a sua dor pela morte do vizir Ramose. Tal como no

túmulo. Corresponde, em parte, a DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose Pl. XXV – B.

266

rmT.f n Dt.f Dd.sn pA miniw aA Smw

A sua própria gente (o pessoal da sua casa) diz: O grande pastor partiu e

100 Túmulo de Ramose, TT 55, lns. 271.

Page 63: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

63

wnw.f n n ma iy nw(y).k n n

passa por nós. Vem, regressa para nós!101

Segue-se um grupo de treze homens, fig. V.27. A legenda horizontal que está sobre

eles traduz uma ordem que por se terminar sobre a cabeça do primeiro deles talvez seja da

sua autoria

Fig. 35 − Um grupo de treze homens, carregando flores e outras oferendas. Tal como no túmulo.

Corresponde, em parte, a DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose Pls. XXV, XXIV – B.

267

Sm pA HAty(a) Xr pA wAH xt Hsy n MAat sAt Ra

Vai, ó chefe (dos que transportam) oferendas para o favorito de Maet, a filha de Ré.

268

mH rdwy.ky pA qrs(w) iw hAi Hr.nw nfr r pA Dd.i

Depressa, o sarcófago vem a descer e (já está) sobre nós! O que eu digo, é correcto102.

Cada um destes servos transporta ramos de flores e leva aos ombros uma vara

horizontal de onde pendem caixas (de pão?) cobertas de folhagem e odres. O que vai à

frente leva um equipamento para a purificação, constituído por um banco, um defumador e

um pequeno jarro de água. Trata-se de:

101 Túmulo de Ramose, TT 55, lns. 262-264. 102 Túmulo de Ramose, TT 55, lns. 276-277.

Page 64: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

64

269

Xry-Hbt n ra-nb ¡s-n-(Imn) Dd.f

O sacerdote-leitor diário, Hesen(amon), ele diz:

270

ini.n.k mAat nbt m (Xr-HAt n Imn) Htp kA.k Hr.sn

“Trouxe-te todas as oferendas (que estavam diante de Amon) para, com elas, apaziguar o teu

ka.”103.

À sua frente, um grupo de nove carpideiras estão acocoradas em duas filas.

Fig. 36 − Um segundo grupo de carpideiras manifesta a sua dor pela morte do vizir Ramose. DAVIES, Norman

de G., The Tomb of the vizier Ramose Pls. XXIV – B, 1e 2.

São precedidas por quatro senhoras104 que parecem envergar apenas saias, cingidas

por longos cintos de tecido branco, fig. 37. A estas saias alternadamente vermelhas e

amarelas correspondem perucas da mesma cor. Duas batem no peito, três companheiras

oferecem minúsculas peças de carne sobre pratinhos e à frente, um grupo de quatro damas

envergando xailes vermelhos sobre vestidos brancos e de mãos tapando a boca, numa

atitude de respeitoso silêncio. Sobre as suas cabeças há uma legenda explicativa:

103 Túmulo de Ramose, TT 55, lns. 262-264. 104 Tra-se de sacerdotisas. Ver el-SHAHAWY, Abeer, The funerary art of Ancient Egypt, p. 80.

Page 65: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

65

Fig. 37 − Um primeiro grupo de sacerdotisas bate no peito e transporta pequenas oferendas. Tal como no

túmulo. Corresponde, em parte, a DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose Pl. XXIV – B, 1.

271

dit htp di nsw (n Ra) Gb di.sn

Fazendo «uma oferenda que o rei dá» a (Ré) e a Geb105, para que eles dêem

272

xA m tw Hnqt, xA m Ss mnht xA m bAsw mrHt xA m qbHw

Um milhar de pães e cerveja, um milhar de vestes, alabastro, um milhar de vasos de unguento

273

xA xt nbt nfrt wabt n kA n Wsir imy-r TAt(y) Rams wab sp sn

e um milhar de todas as coisas boas e puras, pelo ka do Osíris governador da cidade, do vizir

Ramose, duplamente purificado106

Efectivamente, fig. 38, uma grande quantidade de alimentos e bebidas está

representada neste ponto, junto de um sacerdote cujos traços foram apagados.

105 Na verdade, a dedicatória a Ré não aparece no original. Na tradução de Davies, contudo, o pronome

dependente sn mostra que a oferenda é feita a mais do que um deus. 106 Túmulo de Ramose, T 55, lns. 282-284.

Page 66: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

66

Fig. 38 − Grande pilha de comida e de bebida destinada a Ramose. Está colocada entre dois sacerdotes, dos

quais só o da direita é ainda visível. DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. XXIII – B 2.

No wsxt, o grande pátio diante do túmulo, estão duas múmias em posição

vertical e colocadas sobre um estrado. A legenda diz que pertencem ao

274

Hsy xr (nb tAwy) Hsy n nTr-nfr TAt(y) Rams mAa-xrw

Favorecido pelo senhor das Duas Terras, favorecido pelo deus bom, o vizir Ramose, justificado

e à

275

… rx Wsir Smayt nt Imn Mryt-PtH mAat-xrw

… conhecida de Osíris, a cantora de Amon, Meryt-Ptah, justificada107.

O vizir ostenta barba e cone de cera e a sua múmia é alaranjada e com bandas

vermelhas. Está orientada para Sul, de modo que ao meio-dia solar, quando a energia de Ré

estiver no seu máximo, os raios possam incidir no seu rosto. Acompanha-o a da sua esposa.

Diante delas, um sacerdote sem derrama a água de quatro jarros enquanto outro sacerdote lê

o texto desta cerimónia de purificação, o qual reza o seguinte:

107 Túmulo de Ramose, TT 55, lns. 285-286.

Page 67: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

67

276

Dd-mdw in Xry-Hbt sm dbn HA.f sp fdw m nmst sp fdw nt mw

Palavras ditas pelo sacerdote-leitor, girando à volta dele, por quatro vezes e vertendo por quatro

vezes água de um vaso nemeset.

277

Dd-mdw sp fdw wab sp sn Wsir imy-r niwt Tat(y) Rams mAa-xrw

Palavras ditas quatro vezes pelo duas vezes puro Osíris, o governador da cidade, o vizir Ramose,

justificado

wabwy ¡r StX ©Hwty dwn-awy wabw wab.k

e duplamente puro (pela voz de) Hórus, Set, Tot e Dunauy108. Ó puro purifica-te!

No campo do sacerdote leitor:

278

Dd mdw sp fdw wab sp sn Wsir imy-r TAt(y) sSp.n.k tp.k qsw.k xr Gb

Palavras ditas quatro vezes por intenção do duplamente puro Osíris governador da cida-de, o vizir.

Recebeste a tua cabeça. Os teus ossos foram ajustados para ti, diante de Geb,

279

©Hwty iab sw tm iwf(.k)

Tot reuniu-o(s) para completar a (tua) carne (o teu corpo).

No campo do último sacerdote leitor, cuja figura foi apagada

280

wAH xi n Wsir imy-r niwt TAt(y) Rams mAa-xrw Dd mdw n Xry-hbt htp

di nsw (n) Ra

108 Dunauy, «aquele que estende os braços (as asas)» era um deus-falcão, especialmente venerado no 18º

sepaut do Alto Egipto. Ver SALES, José das Candeias, As divindades egípcias, p. 172.

Page 68: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

68

Fazendo oferendas ao Osíris governador da cidade, o vizir Ramose, justificado. Palavras ditas pelo

sacerdote leitor: “Uma oferenda que o rei faz a Ré…109

O túmulo está representado de dois modos diferentes. Na fila A tem uma forma

rectangular e está decorado por bandas azuis e verdes, fig. 40.

Fig. 39 − Oficiando diante dos sarcófagos do vizir Ramose e de sua esposa Meritptah. Em cima, na fila A e,

em baixo, na fila B. Tal como no túmulo.Corresponde, a DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier

Ramose, Pls. XXIII (2) – A e B.

281

sbA tpy n m dAt… … r Dt Dr tw … … Rams mAa-xrw nfr

Primeira porta para a Duat… … para a eternidade inteira … … Ramose, justificado e perfeito110.

109 Túmulo de Ramose, TT 55, lns. 293-294.

110 Túmulo de Ramose, TT 55, lns. 191-192.

Page 69: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

69

Em B, o túmulo é uma construção branca sobrepujada por uma cornija e dotada

com uma porta. Está designada por is n imntt, «Câmara do

Ocidente». Atrás dele e ocupando o espaço das duas filas apresenta-se a deusa Hathor, fig.

V.31, de pé sobre uma almofada e ostentando numa das mãos o símbolo da vida e noutra

um bordão encimado pelo símbolo uase.

Fig. 40 − A deusa Hathor, protegendo o túmulo do vizir Ramose e de sua esposa Meritptah. À esquerda,

como no túmulo. À direita DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pl. XXIII (3) – A e B.

O texto refere-se-lhe como:

282

@t-Hr Hry-tpt smt nbt-pt Hnt mHyt

Hathor, a que está à frente da necrópole, senhora do céu, senhora do vento norte.111 Ln. 190)

Parede sul

111 Túmulo de Ramose, TT 55, ln. 190.

Page 70: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

70

Fig. 41 − O vizir e sua esposa diante dos deuses, DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose,

Pl. XXII.

283

rdit iAw Wsir Hry-tp n tA r Dr.f imy-r niwt TAt(y)

Fazendo uma adoração a Osíris, pelo que está à frente da terra na sua totalidade, o governador da

cidade, o vizir

Rams mAa-xrw Dd.f

Ramose, justificado, ele diz:

284

ii.n.i m http m km n aHa(w) m Hswt nt nTr-nfr

Eu vim em paz112, tendo completado o (meu) tempo de vida nos favores do deus bom

285

iw iri.n.i mrrt rmT hrrt nTrw r n.s

fiz o que era desejado pela Humanidade, aquilo com que os deuses se alegravam,

286

iw iri.n.i Hsst nTr niwt.i nn wAD.i HDtw n.f

fiz aquilo que agradava ao deus da minha cidade e não aquilo que depreciava os seus mandamentos.

287

nn iri.n.i isftw.f r rmT iw iri.n.i

112 Note-se a grafia do verbo ii.

Page 71: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

71

Não fiz coisas (consideradas) más por ele ou pela Humanidade mas pratiquei

mAat Hr tA

a maet na terra

288

Iw.i rx.kwi Hss.k mAa ib tm irt spw nt DA(yt)

porque sei que tu recompensas a justeza do coração de quem não fez uma acção má.

Diz Merytptah:

289

rdit iAw Wsir sn tA n Wnn-nfr mAa-xrw

Fazendo uma adoração a Osíris, beijando a terra a Uennefer, justificado.

290

inD Hr.k Smayt nt Imn nbt-pr Mryt-PtH mAat-xrw

Saudações a ti, pela cantora de Amon, a dona de casa Meryt-Ptah, justificada.

291

Nsw nb nHH sA Nwt iwa Gb…

Rei e senhor da eternidade, filho de Nut, herdeiro de Geb…

Lintel. Interior da porta de entrada

Fig. 41 − Lintel da porta de entrada. O vizir é purificado, DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier

Ramose, Pl. XXXVIII-1.

Região direita. Atrás do vizir

292

Iwnw mwt.f swab.f ©Hwty wdn.n.f

Page 72: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

72

Iunu, sua mãe, fez a sua purificação113; Tot ofereceu-lha.

293

in r-pa HAty-a smr-wa tkn m nb mrr nb tAwy Hr bitw.f

Pelo senhor e nobre, companheiro único, o que se aproxima do seu senhor, o que é amado pelo

senhor das Duas Terras, pelas suas virtudes

294

Ak r ah pri Xr Hswt

O que entra no palácio e sai, em favor,

295

Hritw Hr priw n r.f

e as pessoas ficam satisfeitas com o que sai da sua boca

296

sDAw-bity imy-r niwt TAt(y) Rams mAa-xrw

O chanceler do Baixo Egipto, o governador da cidade, o vizir Ramose, justificado.

Região esquerda

297

Im.sn iw wab wab r-Nxny

Neles está a dupla purificação, ó boca de Nekhen114

298

Irty ¡r m pr.f iri mAat ms…

Os olhos de Hórus da sua casa, o que pratica a maet, nasce…

299

sDAw-bit(y) imy-r kAtw m mnw wrw imy-r niwt Rams mAa-xrw

o chanceler do Baixo Egipto, o superintendente dos trabalhos nos grandes monumentos. (o

governador da cidade), o vizir que faz justiça, Ramose, justificado

113 Do vizir, naturalmente. 114 Referência à cidade de Nekhen

Page 73: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

73

Parede sul, metade inferior115

Pl. XXVIII (2) −Sem texto

Parede ocidental. Lado sul, (Pls. XXIX-XXXI)

Amenhotep IV entronizado na companhia da deusa Maet, (Pl. XXIX). Sobre o lintel do pavilhão, à

esquerda e à direita de um sol dotado de asas

300

BHdt nTr aA sAb Swt nb pt di.f anx wAs

(Hórus) de Behedet, deus grande, de variegadas plumas116, senhor do céu, dá-lhe vida e força

Pilares esquerdo e direito

Fig. 42 − Parede ocidental. Lado sul. Ramose apresenta a Amen-hotep IV objectos sagrados das divindades.

DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose, Pls. XXIX, XXXI. Cena inacabada.

301

@r kA nxt qA(i)

Hórus, touro poderoso, com altas plumas

302

nsw-bit(y) nb tAwy Nfr-xprw-Ra wa-n-Ra di anx sA Ra meri.f

Rei do Alto e do Baixo Egipto, senhor das Duas Terras, Neferkheperuré Uaenré, dotado de vida,

filho de Ré, seu amado

115 Está muito danificada. Refere oferendas rituais a vários deuses como Amon, Ré, Mut e Ré-Horakhti bem

como à sagrada Enéade.

116 Embora o primeiro da titulatura (nome de Hórus) não esteja aqui indicado, ele aparece muito perto, no

cimo do pilar. De qualquer modo o epíteto sAb Swt é típico desta divindade. Ver GARDINER, Egyptian

Grammar, p. 464.

Page 74: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

74

303

Imn-htp nTr HqA wast aA m aHaw.f tit Ra xnt rn.f r nsw n nb

Amen-hotep, deus soberano de Uaset (Tebas), grande no seu tempo de vida, imagem (viva?) de Ré,

diante do seu nome, de senhor de tudo.117

Diante de Maet que segura nas mãos o signo triplo que se pode ler como rnpwt

304

MAat sAt Ra Hr-ib aH nbt pt

Maet, filha de Ré, a que está no palácio, senhora do céu,

305

(m)-ab nTrw di.s HHw rnpwt

na companhia dos deuses118. Possa ela conceder-lhe milhões de anos.

Sob o trono real dispõem-se os inimigos tradicionais do Egipto, os «Nove Arcos», representados

pelos seus emblemas. São os seguintes:

¡A (w) nbw

Hau-nbu

¥wtiw

Chutiu

TA Sma(w)

Alto Egipto

¥xtiw-(i)m

Sekhtiu-im

TA-mHw

Baixo Egipto

Pdtiw-Sw

Pedetiu-chu

*Hnw

Tehenu (Líbios)

Iwnw-st(y)

Iunetiu-seti (tribo núbia)

Mntiw-stt

Mentiu-setet (Asiáticos)

O vizir diante de Amen-hotep IV, (Pl. XXX)

306

Dd-mdw in imy-r niwt TAt(y) Rams mAa-xrw

Palavras ditas pelo governador da cidade, o vizir Ramose, justificado:

307

n kA anx n (i)t.k Imn-Ra nb nswt tAwy

Para o teu ka, um ramo de teu pai, (Amon-Ré, senhor dos tronos das Duas Terras,

117 Esta reconstrução é sugerida pela pl. XXIX. 118 Note-se o complicado arranjo gráfico.

Page 75: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

75

308

nb Ipt-swt

senhor de Ipet-sut119).

309

Tw Hs.f tw mry.f tw swAH.f aHa(w).f wr

Possa ele favorecê-lo e amá-lo, fazer com que ele perdure e o seu tempo de vida seja longo.

310

Sxr xftyw.k m(w)t m anx

(Possa ele) derrotar os teus inimigos, na morte (como) na vida

311

mn.ti Hr st ¡r nb anxw

(enquanto) tu estás firme no trono de Hórus, senhor dos vivos.

312

Anx wAs nb Xr.k snb nb xr.k mi (i)t.k Ra ra-nb

Toda a vida e prosperidade (esteja) contigo, toda a saúde (esteja) contigo, tal como Ré, teu pai (está

contigo) todos os dias.

313

Dd-mdw in r-nxn(y) n Hmt nTr Maat imy-r niwt Tat(y) Rams mAa-xrw

Palavras ditas pela boca de Nekhen, pelo sacerdote de Maet, o governador da cidade, o vizir

Ramose, justificado:

314

n kA.k n (i)t.k

Para o teu ka um ramo de teu pai,

315

119 Karnak.

Page 76: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

76

Anx(w) Ra-@r-Axty Hay m Axt m rn.f Sw nty m Itn

o vivo Ré-Horakhti que rejubila no horizonte, no seu nome de «a luz que está no disco solar».

316

Tw Hs.f tw mry.f tw swAH.f tw di.f HHw

Possa ele favorecê-lo e amá-lo, conceder-lhe uma longa vida. Possas tu dar-lhe milhões

317

m rnpw gnwt.k (n) Hbw-sd

de anos, nos teus registos dos jubileus.

318

tAw nbw Xr tbty.k

Todas as terras estão sob as tuas sandálias.

319

Sxr xftiw.k m(w)t m anx

(Possa ele) derrotar os teus inimigos, na morte (como) na vida

320

Awt-ib nb r.k snb nb Xr.k anx nb Xr.k

Que toda a alegria (desça) sobre ti, toda a saúde (desça) sobre ti, toda a vida (desça) sobre ti,

321

Iw.k mn.ti Hr nst Ra Dt (n)HH

(enquanto) tu estás firme no trono de Ré, eternamente e para sempre.

Pl. XXXI

Junto do primeiro homem

322

n kA.k anx n Mwt tw mry.s

Para o teu ka, um ramo de Mut, possa ela amar-te

323

Page 77: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

77

Tw di.s awy.s m sA HA.k

e pôr os seus braços, em protecção, em volta de ti.

324

in imy-r niwt TAt(y) Rams mAa-xrw

Pelo governador da cidade, o vizir Ramose, justificado.

325

N kA.k anx n ¢nsw-http di.f Awt-ib nb xr.k

Para o teu ka, um ramo de Khonsu-hotep. Possa ele dar conceder toda a alegria sobre ti.

326

In r-Nxn(y) Hmt-ntr (n) Maat imy-r niwt TAt(y) Rams mAa-xrw

Pela voz de Nekhen, o sacerdote de Maet, o governador da cidade, o vizir Ramose, justificado.

Entre as duas figuras, no registo inferior

327

ms anx n nsw

Trazendo um ramo para o rei.

Parede Ocidental, lado norte (Pls. XXXII - XXXVIII)

Fig. 43 − Parede ocidental. Lado norte. Recompensa do vizir Ramose. É recebido em solene audiência por Amen-

hotep IV, junto à janela das aparições do Gem-pa-Aton. DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose,

Pls. XXXII, XXXV- XXXVII

Page 78: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

78

Fig. 44 − Parede ocidental. Lado norte. Continuação da cena anterior. Depois da audiência, o vizir dirige-se

ao templo de Aton. DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose,Pl. XXXVIII.

O vizir presta homenagem a Amen-hotep IV:

328

rdit n nTr-nfr sn ta n nb tAwy in r-pa(t) smr-wa

Prestando homenagem ao deus bom, beijando a terra (diante) do senhor das Duas Terras, pelo

senhor e companheiro único,

imy-r niwt TAt(y) Rams Dd.f

o governador da cidade, o vizir Ramose. Ele diz:

329

wbn.k Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra xay.k mi it.k pA Itn anx

Tu brilhas, ó Neferkheruré-Uaenré, e apareces como teu pai, o Aton vivo.

330

di.f n.k (n)HH n nsw anx pd m HqA Awt-ib

Possa ele conceder-te a eternidade como rei e uma vida longa como um feliz soberano

No campo do vizir que está a ser revestido com colares de ouro por dois servidores. Diz ao rei:

331

r-pa(t) smr-wa Hsy mri nb tAwy imy-r niwt TAt(y) Rams Dd.f

O senhor e companheiro único, favorecido e amado pelo senhor das Duas Terras, o governador da

cidade, o vizir Ramose, ele diz:

332

Page 79: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

79

ssnb (pr-aA) pA Itn…

Possa Aton dar saúde ao faraó …

Discurso de Ramose ao povo:

333

pA Itn Hr.k iai ib.f pA HqA nfr qni m xpr wbn n.f

Possa Aton estar contigo e lavar o seu (sic) coração120 a este bom e valente soberano que veio à

existência. Brilha para ele

pA Itn

ó Aton!

334

Ssnb pr aA pA Itn

Dá saúde ao faraó, ó Aton!

Pl. XXXV - Sem texto

Discurso do rei, (Pl. XXXVI)

335

Dd-mdw in nsw anx m MAat nb tAwy

Palavras ditas pelo rei que vive em Maet, [o senhor das Duas Terras,

336

nTr.nfr Nfr-xprw-Ra wa-n-Ra sA-Ra Imn-htp ntr HqA wast aA m

aHa(w).f di anx mi Ra

deus bom, filho de Ré, Amen-hotep (IV), deus soberano de Tebas, grande no seu tempo de vida,

dotado de vida como Ré.]121

337

imy-r niwt TAt(y) Rams

120 Isto é, «satisfazer o rei». O pronome utilizado está incorrecto, deveria ser «o teu coração». 121 Trata-se de uma reconstituição hipotética, mas possível, que aparece no túmulo de Kheruef, em Tebas

(TT92). Davies só refere o título nb tAwy.

Page 80: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

80

Ó governador da cidade, vizir Ramose:

338

sDm.k mdwt r-ra.i m Hr.k sxrw

Escuta as palavras dirigidas a ti, na minha presença, as determinações …

339

… sSmw xpr(w).sn… wD.n.i

… o que lidera os seus acontecimentos122… eu ordenei

340

wn tw nb tAw… r nsw r rk nTr tm

O que existe na terra inteira… mais do que os reis, desde o tempo do deus completo123…

341

… S(A)w… …

…(isto é) uma ordem…

Resposta do vizir:

342

r-Nxn(y) imy-r niwt TAt(y) Rams Dd.f

A boca de Nekhen, o governador da cidade, o vizir Ramose, ele diz:

343

iri pA Itn m wD.n.k

Possa Aton fazer tal como ordenaste

344

wnn mnw.k mnw mi pt aHaw.k mi Itn im.s

Possam os teus monumentos ser tão duradouros quanto o céu. O teu tempo de vida é como o do

próprio Aton!

345

122 Reconstituição possível. 123 O deus Atum, demiurgo primordial.

Page 81: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

81

Xpr mnw.k mi xprw n pt

Os teus monumentos vêm à existência (sobre a terra) como o que vem à existência no céu

346

ntk wa tA pn Xr sxrw.f ssbn.k Dww HAp.sn

Tu és único e esta terra está sob as tuas ordens, as montanhas são obrigadas a revelar-te o que

escondem

347

Xpr hmhm(t).k ibw.sn mi hmhm(t).k m ibw rmT

(pois) o teu grito de guerra cresce nos seus corações, tal como o teu grito de guerra (cresce) nos

corações do povo.

sDm.sn mi sDm rmT

Elas obedecem-te, tal como te obedece o povo.

Adenda

Túmulo do vizir Ramose, TT 55. Ordenação e montagem das cenas do «Banquete

funerário», Pls. VI, VII, XII [2]; VIII-XII (3+4)124

124 Os números romanos referem-se às pranchas de DAVIES, Norman de G., The Tomb of the vizier Ramose.

Os números árabes referem-se à sua localização das cenas de acordo com PORTER. Bertha e MOSS, Rosalind L.

B., Topographical Bibliography of Ancient Egyptian Hieroglyphic Textes, Reliefs and PaintingsI. The Theban

Necropolis, Part One: Private tombs,p. 106.

Page 82: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

82

A

B

Fig. I.X – Banquete funerário. Metade sul da parede oriental. Leitura no sentido A → B.

Page 83: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

83

C

Page 84: Túmulo do vizir Ramose (TT 55) - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/14/Anexo_Ramose cor..pdf · 1 Túmulo do vizir Ramose (TT 55) oferendas, verte incenso sobre

84

D

Fig. I. x – Purificação do vizir Ramose. Parede Oriental, metade norte.

Sentido de leitura C → D