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Roteiro Pico 2 GUIA/ROTEIRO ILHA DO PICO FICHA TÉCNICA Edição ADELIAÇOR – Associação para o Desenvolvimento Local de Ilhas dos Açores Textos ADELIAÇOR – Associação para o Desenvolvimento Local de Ilhas dos Açores Arlene Goulart e Sónia Borges Fotografias Museu dos Baleeiros, Manuel Inácio Goulart, Sónia Borges, Ricardo Medeiros, Sérgio Azevedo Paginação Carlos Mota AID Impressão Nova Gráfica, Lda Tiragem 250 exemplares Depósito Legal 00000000/09 ISBN 00000000 TURISMO CULTURAL O projecto de Turismo Cultural denominado Itinerários Turísticos Temáticos, surge no terri- tório da ADELIAÇOR pela necessidade de enaltecer todo o património e história associados a temas que, quer pela importância económica quer pela importância cultural, marcaram a história destas ilhas. É desta forma que, a ADELIAÇOR, enquanto associação de desenvolvimen- to local, propõe a realização de um trabalho de concepção e programação, que permitirá a criação de condições para a organização e promoção de um novo produto turístico, na sua Zona de Intervenção, cuja designação internacional corresponde ao que em Portugal se convencionou chamar “Rotas”. Assim, neste contexto, entende-se por Rota, um conjunto de entidades e instituições públicas, associadas a empresas locais, nas áreas da restaura- ção, artesanato, património (natural, cultural e edificado) e animação, or- ganizados num itinerário, devidamente sinalizado e aprovado para o efeito, aumentando assim o leque de oferta turística na área em que se insere. 3 Roteiro Pico

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Roteiro Pico 2

GUIA/ROTEIRO ILHA DO PICO

FICHA TÉCNICA

EdiçãoADELIAÇOR – Associação para o Desenvolvimento Local de Ilhas dos Açores

TextosADELIAÇOR – Associação para o Desenvolvimento Local de Ilhas dos AçoresArlene Goulart e Sónia Borges

Fotografi as Museu dos Baleeiros, Manuel Inácio Goulart, Sónia Borges, Ricardo Medeiros, Sérgio AzevedoPaginação Carlos Mota AIDImpressão Nova Gráfi ca, LdaTiragem 250 exemplaresDepósito Legal 00000000/09ISBN 00000000

TURISMO CULTURAL O projecto de Turismo

Cultural denominado Itinerários Turísticos Temáticos, surge no terri-

tório da ADELIAÇOR pela necessidade de enaltecer todo o património

e história associados a temas que, quer pela importância económica quer

pela importância cultural, marcaram a história destas ilhas.

É desta forma que, a ADELIAÇOR, enquanto associação de desenvolvimen-

to local, propõe a realização de um trabalho de concepção e programação,

que permitirá a criação de condições para a organização e promoção de

um novo produto turístico, na sua Zona de Intervenção, cuja designação

internacional corresponde ao que em Portugal se convencionou chamar

“Rotas”.

Assim, neste contexto, entende-se por Rota, um conjunto de entidades e

instituições públicas, associadas a empresas locais, nas áreas da restaura-

ção, artesanato, património (natural, cultural e edifi cado) e animação, or-

ganizados num itinerário, devidamente sinalizado e aprovado para o efeito,

aumentando assim o leque de oferta turística na área em que se insere.

3 Roteiro Pico

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Roteiro Pico 4

Com estes itinerários culturais, adiante designados por Rotas, a ADELIA-

ÇOR pretende proporcionar ao visitante, um percurso pela cultura que,

no caso da Ilha do Pico, está associado aos temas da Faina Baleeira e do

Vinho do Pico, através da organização de toda a oferta turística e cultural

relacionada com as temáticas propostas.

A Zona de Intervenção da ADELIAÇOR, constituída pelas Ilhas de São

Jorge, Pico, Faial, Flores e Corvo, oferece ao visitante um vasto e diverso

conjunto de elementos associados a uma cultura rica em manifestações.

A Rota da Faina Baleeira e a Rota do Vinho do Pico, propostas

para a Ilha do Pico, podem ser percorridas durante todos os meses do

ano recomendando-se um percurso de carro, para que seja realizada com

maior comodidade.

Este guia encontra-se organizado em duas partes: uma primeira dedicada à

caracterização histórica e geográfi ca da Ilha, e uma segunda parte aborda,

os conteúdos relativos à Rota da Faina Baleeira e Rota do Vinho. Por

sua vez, e para que o visitante possa planear o seu percurso pelas Rotas,

de forma segura e esclarecida, a segunda parte está organizada de forma a

5 Roteiro Pico

que o visitante tenha uma percepção das freguesias contempladas em cada

itinerário, relevando os eventos que possam ocorrer na localidade, asso-

ciados à respectiva temática, para além de curiosidades históricas, sempre

que estas se justifi cam e uma identifi cação dos Aderentes.

O roteiro é complementado com um mapa desdobrável, onde está iden-

tifi cado, através de pictogramas, o itinerário da Rota, os respectivos Ade-

rentes e outras informações turísticas gerais. No verso do mapa existe um

resumo da respectiva rota.

Sugerimos que organize a sua visita, pelos itinerários propostos, com base

neste Roteiro, concebido com o intuito de guiar o visitante pelo percurso

escolhido, para que não deixe passar a oportunidade de sentir a emoção

da baleação vivida em terra de baleeiros, provar o vinho nascido do basalto

e apreciar a gastronomia local.

Seja bem-vindo à Ilha do Pico!

ENTIDADE GESTORA DA ROTA

ADELIAÇOR – Associação para o Desenvolvimento Local de Ilhas dos

Açores

Pasteleiro s/n 9900 – 069 Horta – Faial - Açores

E-Mail [email protected]

Website www.itinerariosculturais.com

T. 292 200 360/1/2/3 TM 913397808 F. 292 200 365

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Roteiro Pico 6 Roteiro Pico 6 7 Roteiro Pico

UM POUCO DE HISTÓRIA O povoamento da ilha teve início em 1460, na Vila das La-

jes, tornando-se defi nitivo apenas em 1483, quando Joss

Van Hurtere mandou fundar a freguesia de São Mateus.

Assim, em 29 de Dezembro de 1482, a Ilha é integrada na

Capitania do Faial, pela Infanta D. Beatriz. Dezoito anos

mais tarde, em 1501, a Vila das Lajes do Pico é elevada

a sede de concelho, pelo Rei D. Manuel I. As restantes

vilas apenas são elevadas a sedes de Concelho em 1542,

no caso de São Roque do Pico e em 1712, no caso da

Madalena.

Segundo a maioria dos historiadores, os povoadores do

Pico, vieram da Ilha do Faial, embora alguns confi rmam

a existência de moradores iniciais sendo o primeiro do

Faial, o fl amengo Joss Van Hurtere. De uma forma geral,

podemos afi rmar que o povoamento da Ilha do Pico pos-

sa ter resultado da fusão de elementos de origem mista,

fl amenga e portuguesa, de povoadores que podiam já ter

vivido noutras ilhas dos Açores ou até na Madeira.

Esta ilha recebeu pessoas de vários grupos sociais, por

isso existem registos de uma pequena nobreza, de uma

forte presença do clero secular e regular, do qual se des-

taca a presença da ordem religiosa franciscana e de um

grupo composto por mercadores, artífi ces, trabalhado-

res rurais e artesãos.

Há registo de alguns escravos.

Vila das Lajes

GEOGRAFIA, FAUNA E FLORA

A Ilha do Pico é a segunda maior ilha do Arquipélago dos

Açores, com 42 km de comprimento máximo e 20 km

de largura máxima, distanciada da Ilha do Faial 8,3 km e

da Ilha de São Jorge cerca de 15 km e uma superfície de

447 km2. Conta com uma população residente de 14

806 habitantes (Censos de 2001).

À semelhança das restantes ilhas do Arquipélago, a Ilha

do Pico, possui uma paisagem fortemente marcada pela

prática agrícola, destacando-se a imperiosa montanha

vulcânica do Pico, com cerca de 2.351 metros de altitude,

convertendo-se na montanha mais alta de Portugal e na

terceira maior montanha que emerge do Atlântico.

Está dividida administrativamente em três concelhos: La-

jes do Pico e Madalena cada uma com seis freguesias e

São Roque do Pico, com cinco freguesias.

Principalmente nas zonas mais altas, do interior da ilha, a

vegetação é marcada por manchas da fl oresta Laurissilva,

sendo visíveis diversas espécies de fl ora deste tipo de

fl oresta, como são disso exemplo o Laurus azorica, (Lou-

ro), Frangula azorica (Sanguinho), Myrica faya (Faia-da-ter-

ra), Ilex perado azorica, (Azevinho), Vaccinium cylindraceum

(Uva-da-serra), Juniperus brevifolia (Cedro-do-mato). À

medida que diminui a altitude, surgem as espécies intro-

duzidas, como o Pittosporum Undulatum (Incenso) e a He-

dychium Gardneniaum (Roca da Velha).

Nas ilhas dos Açores não existem animais de grande

porte. No Pico, encontra-se apenas uma espécie endé-

mica – o Morcego-dos-Açores (Nyctalus azoreum).

Louro-da-Terra

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Roteiro Pico 8 9 Roteiro Pico

Os passeios pedestres percorridos através de caminhos ver-

dejantes, oferecem ao visitante da ilha paisagens de extraor-

dinária beleza onde se podem surpreender com a diversida-

de de fauna e fl ora e pela geografi a resultado dos sucessivos

vulcões que deram origem à ilha.

A CULTURA DE UM POVO A Pai-

sagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, classifi cada como

Património da Humanidade pela UNESCO, em 2004, surge

como um reconhecimento pela obra hercúlea deste povo.

A zona classifi cada, que engloba os lajidos das freguesias da

Criação Velha e de Santa Luzia, abrange uma área de 987

hectares de muros lineares paralelos e perpendiculares à li-

nha de costa rochosa, construídos com pedras soltas, para

protecção da vinha, contra a água do mar e do vento. São

os denominados currais. Aqui continua a ser produzido o

famoso “Verdelho do Pico”. A necessidade de trabalhar a

terra, em paralelo com a vinha, para sustento das famílias

obrigou a que os terrenos fossem limpos de pedras, levando

à construção de amontoados de pedras, em forma piramidal,

designados por “maroiços”, localizados em terrenos adja-

centes aos currais das vinhas. Hoje ainda são visíveis estes

“monumentos de basalto”.

Paisagem da Cultura da Vinha do Pico

Poço de Maré Rola-Pipas

Mas a zona classifi cada abrange também todo o

património civil e religioso associado a esta activi-

dade, cujas origens datam do século XV. São disso

exemplo, os Solares do Verdelho, do início do sé-

culo XIX, as adegas, os poços de maré, as igrejas

e ermidas e até os portos com os “rola-pipas”,

porta de saída do vinho para a exportação.

A introdução da vinha na ilha, atribuída à ordem

religiosa Jesuíta, remonta ao tempo do povoamen-

to, quando foi inserida a casta Verdelho. Apenas no

século XIX, são introduzidas novas castas que dão

origem a vinhos de mesa brancos e tintos.

Para além do Ciclo do Vinho, a ilha conheceu aquilo

que poderá denominar-se o Ciclo da Baleação, pelo

que a caça à baleia também faz parte das vivências

deste povo insular. No século XIX, as armações ba-

leeiras que se instalaram na ilha, proporcionaram à

população uma nova forma de sustento, comple-

mentar à actividade agrícola muito débil. Como

testemunho desta actividade, subsiste todo um

património arquitectónico e cultural, singular nos

Açores.

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Roteiro Pico 10

Estes pratos podem e devem ser precedidos

pelo Verdelho e pelo Queijo do Pico. A refei-

ção propriamente dita, deve ser acompanhada

pelo “Vinho de Cheiro” artesanal ou por um

dos Vinhos Regionais, brancos ou tintos pro-

duzidos na Ilha. Para terminar, a doçaria está

representada pelo Arroz Doce, a Massa Sova-

da ou até as Rosquilhas e as Vésperas. E como

pelos sabores se identifi ca um território, a

refeição pode ainda ser terminada com uma

Aguardente de Bagaço do Pico, um Licor de

Amora ou Nêspera ou com uma “Angelica”.

No artesanato, destacam-se as rendas e os

bordados produzidas pelas mãos habéis das

senhoras da ilha que, através de técnicas de

“Gancho”, ou “Crochet de Arte”, criam be-

las e diversas peças de utilidade doméstica

decorativa, como toalhas e centros de mesa,

cortinas e uma série de entremeios e outras

aplicações em tecido de linho e de algodão,

tendo sido no passado um complemento fun-

damental ao sustento das famílias.

Com o contributo da actividade baleeira, sur-

ge a forma de arte popular conhecida por

“Scrimshaw”, cuja origem remonta às frotas

baleeiras nos fi nais do século XVIII, como

forma de ocupar o tempo durante as longas

horas de lazer a bordo. Nas ilhas do Faial e do

Pico, esta forma de artesanato consiste num

processo de gravura e escultura em dente e

osso de cachalote, aplicado em objectos tanto

de uso diário como ornamental.

11 Roteiro Pico

A museologia da ilha, enaltece a cultura associada aos

dois ciclos económicos referenciados: o Museu dos

Baleeiros, na Vila das Lajes, o Museu da Industria Ba-

leeira, na Vila de São Roque e o Museu do Vinho, na

Vila da Madalena.

Museu do Vinho

Comemorações do Divino Espírito Santo

Linguiça

Rendas do Pico

Scrimshaw

O calendário festivo da ilha tem início com as festividades em honra do

Divino Espírito Santo, comuns a todas as ilhas do Arquipélago. Para além

destas, as festividades que mais se destacam na Ilha são: a Festa de Santa

Maria Madalena; Cais Agosto, em São Roque; a Festa e Procissão do Senhor

Bom Jesus, na freguesia de São Mateus e a Semana dos Baleeiros, em honra

de Nossa Senhora de Lourdes; realizada na Vila das Lajes.

Mas, da cultura de um povo faz também parte a gastronomia e nenhum

roteiro fi caria completo sem esta referência. No caso da Ilha do Pico, esta

caracteriza-se pela abundância e riqueza de sabores. A partir dos produtos

oferecidos pelo mar, onde se destacam, os crustáceos (lagosta, cavaco e

caranguejo) e o peixe de todos os tamanhos e sabores, é possível confec-

cionar pratos como o “Caldo de Peixe” ou a “Caldeirada”. A terra também

é generosa e presenteia a gastronomia com carnes de bovino e suíno, a

partir das quais são confeccionados pratos como a “Molha de Carne à

Moda do Pico”, “Sopas do Espírito Santo”, “Torresmos de Vinha-d’alhos”,

a “Linguiça” e a “Morcela”.

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12 Rota da Rota da 13

Esta – a vida para que nasceram. Cavar a terra que lhes pertence; ir à pesca

em noites bonançosas; ir à baleia, por esses mares sem fi m, quando o foguete

rebenta na vigia; e, no intervalo de duas canseiras, ter tempo, muito tempo, para

descansar, na casa dos botes. Terra de baleeiros – vida de baleeiros.

Dias de Melo

12 Rota da

A Rota da Faina Baleeira, na Ilha do Pico, surge com a principal fi nalidade

de promover localidades, estruturas e actividades desportivo-culturais es-

treitamente associadas à história da baleação. Para além deste objectivo,

procura dinamizar o património industrial e artesanal, com a divulgação

do vasto legado vernacular e o rico espólio de artesanato - “Scrimshaw”,

testemunhos vivos da epopeia da baleia.

A caça à baleia surge como designação genérica para a caça de várias es-

pécies, de grandes cetáceos, que passam ao largo das ilhas dos Açores, nas

quais se incluem as baleias de bossa e os cachalotes.

Em 28 de Abril de 1876 foi estabelecida a primeira armação baleeira, na

Ilha do Pico, na freguesia da Calheta de Nesquim, através de um contrato

escrito entre a família Dabney, residente no Faial, e o Capitão Anselmo

Silveira. Logo de seguida, surgiram diversas armações pelo Sul do Pico. Pri-

meiro na freguesia de São João, pertencente à família Lemos da freguesia

de São Mateus e aos “Macieis” da freguesia de São João, cujas instalações

terrestres viriam a ser destruídas pelo ciclone de 28 de Agosto de 1893,

tendo as canoas sido depois vendidas às armações da Vila das Lajes.

Em 1897 existiam, na Vila das Lajes, seis companhias baleeiras, sociedades

irregulares que funcionavam em nome dos respectivos gerentes. No início

do século XX é publicada legislação para regulamentação da actividade

baleeira que dará origem à legalização das sociedades existentes.

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14 Rota da Rota da 15 14 Rota da

Assim, estava iniciada uma “epopeia” que duraria pouco mais do que um

século na ilha, mas que deixou marcas indeléveis. A faina baleeira encer-

ra-se defi nitivamente nos anos oitenta do séc. XX, por causa das mora-

tórias ambientalistas internacionais. O último cachalote a ser arpoado no

Grupo Ocidental ocorreu em 1981, enquanto nas ilhas do Grupo Central

a caça continuou, de forma extemporânea, por mais meia dúzia de anos.

Hoje em dia, a caça à baleia é recordada e perpetuada pelos açorianos na

chamada “Regata de Botes Baleeiros”.

Os homens da ilha, “baleeiros”, eram sobretudo agricultores durante todo

o ano, dedicando-se, nos meses de Verão, à caça à baleia.

Embarcação destinada à caça ao cachalote, tem cerca de 10 a 12 metros

de comprimento por 1,90m de largura de boca, considerada uma das em-

barcações mais elegantes do mundo. O mastro mede cerca de 8,80 m de

altura suportando duas velas, a grande e a giba (burrajona). Da palamenta

fazem ainda parte: seis remos, duas selhas, cinco arpões, cinco lanças, um

espeide, um croque, um machado, um balde, um pequeno barrilete com

água doce, uma faca, uma bússola, uma caixa de víveres e uma lanterna.

No mar, a experiência dita as regras. Assim, e depois de ultrapassarem as

ondas da costa, os botes, com os sete homens a bordo, que compõem

uma “Companha”, começavam a deslizar. A sua velocidade era sinal de que

seria uma boa jornada na faina. Por vezes, as baleias mudavam de rumo e

então o “Vigia” retirava a bandeira. Os botes começavam a deslocar-se

em círculo, até que o “Vigia” voltasse a hastear a bandeira, indicando que

estavam no rumo certo e podiam avançar.

VIGIA DAS RELVAS

BOTE OU CANOA BALEEIRA

As vigias eram os locais onde homens, com binóculos, se instalavam em

busca de baleias no horizonte. Estes espaços, normalmente construídos

num formato quadrado ou hexagonal, localizavam-se em zonas onde se

vislumbrava o mar numa grande amplitude.

Não há dúvida que a baleação muito contribuiu, durante século e meio,

para um certo desafogo económico da população picarota. Nos meses de

passagem dos cachalotes, estes homens aguardavam, pelo sinal do “Vigia”,

normalmente dado com o soprar de um búzio ou com o lançamento de

um foguete.

Ouvido o sinal, os homens corriam para o calhau, deixando os seus afa-

zeres do campo e, com os olhos fi xos no mar, alguns conseguiam ainda

receber o farnel entregue pelas esposas ou fi lhos que também corriam

até ao cais ao encontro do marido ou pai. Arreados os “botes”, também

designados “canoas baleeiras”, seguiam os homens para a faina do mar, em

busca de uma vida melhor, sem saber quando e se voltavam.

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Rota da 17 16 Rota da

Acaba na vigia de rebentar o foguete, o alarme de baleia à vista. O seu fumo

esbranquiçado, que se recortou e diluiu na limpidez do céu azul, impregnou a

luz do sol e a pureza do ar que respiramos de um fl uido misterioso que nos

penetra no corpo, entra no sangue e nos transmite qualquer coisa de diferente.

(…) Entretanto, não demoram os que, dispersos pela freguesia, trabalhavam nas

suas terras, muitos nas suas ofi cinas. Descem em corrida vertiginosa pelos velhos

e empinados caminhos. (…) Os que andavam à pesca, recolhem rapidamente os

aparelhos, gorazeiras e agulheiras, vogam para o porto. Embatem barcos contra

barcos. Quebram-se remos. Arrombam-se embarcações. (…) Nem as mulheres

fi cam indiferentes ao acontecimento movimentado, espectacular, emocionante.

As que não têm ninguém que parta – poucas – debruçam-se pelas janelas,

empinam-se pelos balcões, a ver. As outras – as mães, as esposas, as irmãs,

as fi lhas dos baleeiros – chegam ao portão, à cancela, a alcançar, nervosas, a

comida e a roupa aos seus homens, que passam, como rajadas de vento, sem

as olharem – ou, se eles trabalhavam arredados do caminho de casa, também

correm, esbraseadas, esbaforidas, xailes pelas cabeças, até à beira do cais. Vêm

trazer-lhes as suas coisinhas.

No mar, não há pão. O sol, durante o dia todo, queima, com seu fogo de frigir

demónios, as carnes dos baleeiros: porém, depois que se esconde à ilharga do

Faial, a noite chega e o frio aperta.

In, “Mar Rubro”, Dias de Melo

Nome pelo qual a tripulação de um bote era conhecida.

A técnica consistia em aproximarem-se da baleia, sem ruído, sendo a tarefa

mais difícil aquela desempenhada pelo “trancador” ou “arpoador” o qual,

de pé, com os pés bem fi rmes, vai à proa de arpão em punho, aguardando

a ordem do mestre que lhe dará a indicação para atingir a baleia num

sítio crucial. Depois de arpoado, o animal sangra até à morte. Esta acti-

vidade torna-se perigosa, sobretudo nesta fase em que, o animal ferido,

pode reagir violentamente e abafar os botes com a cauda, provocando um

redemoinho nas ondas ou até mesmo arrastando os botes para o fundo,

quando mergulha entre as vagas, uma vez que o bote continua seguro à

baleia, através da linha, que se encontra dentro de duas celhas, muito bem

enrolada. Muitas vezes, a linha acabava e a baleia submergia a muita profun-

didade, resolvendo-se apenas quando estava outro barco por perto e era

possível fornecer mais linha, senão a baleia perdia-se….mas na maior parte

das vezes o animal emergia, para respirar, antes de acabar a linha, a qual

passando de mão em mão, era segurada por todos os tripulantes do barco.

Uma baleia dava muito óleo e o óleo dava sustento às famílias.

COMPANHA

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18 Rota da Rota da 19

O Capitão vai contando:

- Um embrulho de linha. Passou aqui no cepo, eu gritei prá proa: Lá vai embrulho!

Safa se podes, senão corta! – O rapaz estendeu-se por riba do leito, já o bote

afocinhava, deu uma pancada no embrulho, por baixo, com a mão esquerda,

e disse: Safei! – Nisto, a linha começa a correr, dá-lhe uma chicotada e atira-o

borda fora. O Azevedo mergulhou, agarrou-o pelos cabelos, estava ele já sem sen-

tidos. Metemo-lo dentro, vimos que tinha um inchaço na cabeça, a mão esquerda

esmigalhada e com falta de dedos.

In, Mar Rubro, Dias de Melo

Depois da captura, a baleia era rebocada até uma das fábricas onde era

esquartejada, para produção de óleos.

Inicialmente, todo este processo era feito de forma artesanal, pelos pró-

prios baleeiros através de um método designado de “fogo directo”, em

típicos “traiols”. Só mais tarde, a partir de 1930, com as fábricas de derreti-

mento, é que esta árdua tarefa passa a ser menos artesanal. O aparecimen-

to destas fábricas e a industrialização permitiu também o desenvolvimento

económico da Ilha do Pico. Foi nesta fase que se constituiu a Sociedade

de Indústria Baleeira Insular, Lda, - SIBIL, a partir da fusão de dez socieda-

des baleeiras, três sediadas em Santa Cruz das Ribeiras e sete da Vila das

Lajes.

Os trancadores, meios nus, de pé em cima das baleias, com as espés muito afi a-

das, separavam-lhes dos corpos as enormes cabeças, descascavam-lhes da carne

o toicinho. (…) Á borda d’ água, abriam-se as cabeças. Esvaziam-se do líquido

precioso, o esparmacete que enchia baldes, celhas, latas.

Trabalho nauseabundo. Só por se não perder substância tão procurada, tão cara,

rica em virtudes medicinais, havia homens que se sujeitavam àquele banho pe-

gajoso, repugnante, em que, enfi ados até à cintura, tinham de permanecer horas

e horas. Retalhava-se a parte sólida das cabeças e, no cais, o toicinho.

(…)

Trabalho de escravos. Dois a dois, pendia-lhes a carga, numa corrente, do meio

do pau de adreço, que aguentavam, pelas pontas, nos ombros. E as verrugas do

pau de adreço dilaceravam-lhes, retalhavam-lhes as carnes, os ossos; retesavam-

se-lhes os músculos, vergavam-se-lhes as costas, cansavam-se-lhes as pernas, o

lume do chão, a ferver ao fogo do sol, queimava-lhes os pés nus, o dia todo e a

noite toda para cima, para baixo, naquela vida dolorosa.

In, Mar Rubro, Dias de Melo

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20 Rota da Rota da 21 Roteiro Pico

TRAIOL

A fábrica pertencente à SIBIL, iniciou a sua laboração em Junho de 1955,

com a exportação de óleos, farinha e o valioso âmbar, um pouco por todo

o mundo. Conhecida ainda hoje como “Fábrica da Baleia”, encerrou a acti-

vidade no início dos anos 80, tendo sido, no fi m da década, adquirida pela

Câmara Municipal das Lajes do Pico, onde instalou o “Centro de Artes e

Ciências do Mar”.

Fábrica SIBIL

Fábrica das Armações Baleeiras Reunidas

Vila das Lajes

Na Vila de São Roque foi fundada, em 1942, a Fabrica das Armações Baleei-

ras Reunidas, que resultou da união entre a Companhia Velha Baleeira, Lda.,

a Armação Baleeira do Livramento, Lda. e a Armação Baleeira Atlântica,

Lda. Actualmente, neste espaço, funciona o Museu da Indústria Baleeira,

onde é possível ver as máquinas de guinchos e todos os elementos utiliza-

dos no reboque, esquartejamento e desmanche do cachalote.

Local onde se derrete o toucinho do cacha-

lote para produzir óleo, antes de existirem

as Fábricas da Baleia. Poderão ser observadas

junto ao Museu dos Baleeiros.

Ao percorrer o itinerário aqui sugerido, são

notórias as marcas que esta actividade econó-

mica imprimiu na sociedade local. Destacam-

se como atracções mais relevantes, os dois

núcleos museológicos do Museu da Ilha do

Pico e todo o vasto património ligado à bale-

ação, incluindo ambientes portuários onde se

imagina a faina da caça à baleia e as tradições e

festividades evocativas.

Trata-se de uma homenagem à história e à

identidade desta ilha. Nas Lajes do Pico, os

últimos baleeiros encabeçam o corpo de jo-

vens provenientes de várias localidades da

ilha, havendo entre eles os Mestres de outros

tempos. As regatas, que percorrem as ilhas do

triângulo, especialmente o Faial e o Pico, são a

memória de um legado cultural que não de-

sapareceu com o fi m das capturas em 1987.

Recentemente, têm sido recuperados edifícios

ligados à história da baleação, para neles insta-

lar estruturas museológicas.

Estes museus são pólos de atracção a não

perder, por todos os que visitam a Ilha do

Pico. Tanto as Regatas de Botes Baleeiros, tal

como os espaços museológicos, mostram o

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22 Rota da Rota da 23

quão “heróica” foi a epopeia baleeira açoriana, sobretudo quando vista

aos olhos de hoje, habituados que estamos a um mundo facilitado pela

tecnologia. Hoje, os Açores procuram tirar partido da tradição da baleia

de outra forma, através da Observação de Cetáceos.

Regatas de Botes Baleeiros

Observação de Cetáceos

Conscientes da importância de contribuir para o equilíbrio ecológico do

planeta e para a defesa dos ecossistemas, os açorianos deram o seu exem-

plo ao mundo, ao aceitarem subscrever o tratado internacional em prol

da vida das baleias. Viraram-se, entretanto, para a observação de baleias e

escolheram um destino mais “eco” – e essa é a história de um novo rela-

cionamento com o mar, que também merece ser contada.

Para além de todo o espólio baleeiro, que pode ser apreciado nos museus

da ilha, a memória dos baleeiros tem sido enaltecida pela construção de

monumentos, em dois concelhos. Monumento à Memória Baleeira, locali-

zado no cais da Vila das Lajes e o Monumento ao Homem Baleeiro, locali-

zado junto ao cais de São Roque, em frente à antiga fábrica da Baleia.

O potencial da ilha, para o avistamento de baleias e todo o património

baleeiro, são aproveitados para o lazer, quer em termos da actividade de

Observação de Cetáceos, que possui um papel importante na animação

turística da Ilha, utilizando os conhecimentos do povo e as infra-estruturas

como as vigias para o avistamento dos cetáceos, quer através do aprovei-

tamento dos botes baleeiros, das gasolinas ou lanchas baleeiras e das casas

dos botes para a realização das Regatas, organizadas durante o Verão, entre

os meses de Junho e Setembro.

GASOLINA OU LANCHA BALEEIRA

É um rebocador dos botes e dos cachalotes capturados, movidas a gasolina que pode medir entre os 10 e os 18 metros de comprimento e 2, 50 me-tros a 4,10 metros de boca e 1,15 a 2,15 metros de pontal. Actualmente, é também usada nas regatas de Botes Baleeiros, nos meses de Verão.

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24 Rota do Rota da 25 24 Rota da 25

O ITINERÁRIO DA FAINA BALEEIRA NA ILHA DO PICOInstruções Breves

Itinerário São Mateus – São Caetano – São João -

Lajes – Ribeiras – Calheta de Nesquim –

Piedade - Santo Amaro - São Roque

Duração média 2 dias

Distância aproximada 63km

Trajectos

Chegada por via aérea

Chegadas por via

marítima ao Porto

da Madalena

Chegadas por via

marítima ao Porto

de São Roque

À saída do ramal do aeroporto voltar à

direita e seguir pela ER, em direcção à

Madalena e a partir daqui em direcção às

Lajes do Pico. Continuar até à freguesia de

São Mateus onde a Rota tem o seu início.

Na Vila da Madalena seguir pela ER, em di-

recção às Lajes do Pico. Continuar até à

freguesia de São Mateus onde a Rota tem

o seu início.

Seguir pela ER, em direcção à Madalena e

depois em direcção às Lajes do Pico. Con-

tinuar até à freguesia de São Mateus onde

a Rota tem o seu início.

Terminamos com uma curiosidade. Aquando da visita régia, à Cidade da

Horta, em 28 de Junho de 1901, os reis D. Carlos e D. Amélia foram rece-

bidos por uma esquadrilha de canoas baleeiras, a remos, que contornaram

o navio onde estes se encontravam e o acompanharam ao ancoradouro.

No dia seguinte houve regatas, à vela e a remos, de canoas baleeiras e em-

barcações de recreio. Sabe-se que participaram duas canoas das Lajes do

Pico, pertencentes às companhias das “Senhoras” e “Judeus”. O rei, muito

satisfeito com a homenagem dos baleeiros, veio a oferecer, às armações

proprietárias das duas canoas vencedoras, uma canoa baleeira.

Lancha “Medina” Século XX Lancha “Medina” Século XXI

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26 Rota da Rota da 27 27

Locais a Visitar

Partindo do centro da Madalena, seguir pela Estrada Regional (ER), em di-

recção a São Mateus. Depois de passar o lugar do Guindaste, junto à placa

de identifi cação da Rota da Faina Baleeira, localizada no lugar do Areeiro,

deve virar à esquerda para o lugar das Relvas. Seguindo pela direita, o ca-

minho passa a ser de terra batida, mas o esforço da subida é compensado

por existir aqui um ponto fulcral da actividade baleeira – a Vigia – tendo

o exemplar em causa - Vigia das Relvas - um raro formato octogonal, que

merece uma visita atenta. Tal como as restantes vigias, esta guarita é hoje

utilizada como local de observação de baleias para a actividade marítimo-

turística de Observação de Cetáceos.

Voltando à ER, em direcção às Lajes do

Pico, seguir pelo acesso, do lado direito, ao

Porto de São Mateus para uma paragem

na Casa dos Botes, actualmente usada

para guardar o bote baleeiro, propriedade

da freguesia, que participa nas regatas que

animam as ilhas do Triângulo nos meses de

Verão.

Junto à Casa dos Botes deve subir, optan-

do pela direita na primeira bifurcação e

depois sempre em frente até encontrar

a ER. Neste cruzamento deve virar nova-

mente à direita, em direcção à freguesia de

São Caetano.

Vigia das Relvas

Casa dos Botes de São Mateus

Porto de S. Mateus actualmente

Sr. Silvino

SÃO MATEUS

O itinerário da Faina Baleeira, na Ilha do Pico tem início na freguesia de São

Mateus, do Concelho da Madalena.

Porto de São Mateus

- década de 70 do Século XX

Eventos

Festa do Senhor Bom Jesus Milagroso, festa religiosa que se realiza

no seu Santuário, no dia 6 de Agosto.

Participação na Regata de Botes Baleeiros.

Histórias e Lendas

A Freguesia de São Mateus foi um importante baluarte da epopeia baleeira,

havendo muitas histórias para contar, de entre as quais destaca-se aquela

em que, numa perseguição a uma baleia mais agressiva, esta terá virado o

bote, atirando toda a companha ao mar… um dos baleeiros foi literalmen-

te apanhado na boca da baleia, que lhe terá dado uma valente dentada…O

Sr. Silvino sobreviveu a tal trincadela e está vivo para contar a história.

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28 Rota da Rota da 29 29

SÃO CAETANO

Locais a Visitar

O itinerário continua pela ER, em direcção à

freguesia de São Caetano, com a descida ao

porto local mais conhecido por Porto da Prai-

nha. Aqui, a Casa dos Botes, construída em

alvenaria de basalto está relativamente bem

conservada. Este edifício servia como local de

abrigo das embarcações e das palamentas uti-

lizadas na faina baleeira, o que demonstra que,

tanto São Mateus como São Caetano eram

freguesias muito comprometidas com a caça

à baleia.

Ao saír do Porto de São Caetano deve subir

pelo lado direito, até junto da escola primária,

para regressar à ER, em direcção às Lajes do

Pico.

Casa dos Botes

de São Caetano

SÃO JOÃO

Locais a Visitar

Depois de passar pela placa toponímica da freguesia de São João, vai en-

contrar um acesso do lado direito com a placa da Rota da Faina Baleeira.

Ao descer, encontra um entroncamento onde deve virar à esquerda para

uma paragem no Porto de São João, do lado direito depois de passar pela

Igreja. Este porto merece uma referência uma vez que, também aqui se

caçou à baleia. Uma das primeiras armações baleeiras da Ilha do Pico foi

a Armação dos “Macieís”, que possuíam dois botes e caldeiras de derreti-

mento. As instalações terrestres viriam a ser destruídas pelo ciclone de 28

de Agosto de 1893, tendo os proprietários desistido da actividade. Os des-

troços terão depois sido vendidos às armações baleeiras da Vila das Lajes.

Retomando o itinerário, à saída do porto deve voltar à direita para a Rua

do Porto, onde no nº 18, poderá visitar a Exposição das Lulas e dos

Cachalotes. Continuando a subir vai desembocar na ER, onde deve virar

à direita, em direcção às Lajes do Pico. Pelo caminho, pode avistar um Moi-

nho de Vento em bom estado de conservação, localizado junto ao campo

de futebol de São João.

Aderentes

EXPOSIÇÃO DAS LULAS E DOS CACHALOTES

Rua do Porto, 18 – Companhia de Baixo – São João

T. 292 673 278 / 267

E-Mail [email protected] / [email protected]

Website www.bienal-baleias.org/malcom

Horário de Funcionamento contactar previamente

Histórias e Lendas

Conta-se que um dia foi avistada uma baleia. Os homens largaram o sacho

e acorreram ao porto de São João para se fazerem ao mar. Era um esper-

macete (cachalote). Arreada a vela, padejaram e o trancador que primeiro

se posicionou deu-lhe com o arpão, mas a baleia, ferida, mergulhou. O

trancador, vendo que esta escapava, laçou a corda ao tronco, deixando-se

arrastar pelo mar. Os outros fi caram aterrados, mas recompuseram-se

para procurar o colega. Não o vendo, voltaram a terra e contaram à família

a triste notícia. Toda a noite se carpiu e lembrou o corajoso homem. No

dia seguinte, os homens voltaram ao mar à procura do corpo. Inespera-

damente, viram ao longe um negrume: era o baleeiro de pé sobre a baleia

morta, encostado ao arpão, fumando um cigarro: “Agora é que chegam?”

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30 Rota da Rota da 31

LAJES DO PICO

A Vila das Lajes do Pico é um dos lugares do arquipélago dos Açores onde

mais predomina o ambiente nostálgico da faina baleeira. Será por isso que

esta vila é também conhecida por Vila Baleeira.

Esse ambiente característico resulta de um conjunto de pormenores, uns

mais evidentes, outros mais subtis. Logo à partida, importa destacar o en-

quadramento do porto (e da própria baía) com a vila. Contrariamente a

outras localidades, as Lajes do Pico estão espraiadas ao longo da marginal

marítima, num abraço aparente ao seu porto.

Da tradição baleeira de oitocentos, chegaram-nos alguns exemplares de

arquitectura baleeira, especialmente no centro histórico da vila, denotan-

do, como noutras ilhas, clara infl uência norte-americana. Mas, é ao longo

da marginal que se concentram os maiores atractivos baleeiros desta lo-

calidade. Ainda hoje estão varados, no cais da vila (dir-se-ia que prontos

para se fazerem ao mar, depois de avistada alguma baleia), botes baleeiros,

inspirados nos botes americanos e um bom conjunto de lanchas da baleia

(“Gasolinas”).

Outrora abundantes no cais, existe também aqui um traiol intacto enorme

caldeirão onde se derretia o toucinho do cachalote a fi m de extrair o seu

óleo. Isto antes da chegada das “fábricas” da baleia, já no séc. XX.

Em frente à marginal, em local central da vila, destaca-se ainda o conjunto

de edifícios contíguos onde hoje está instalado o Museu dos Baleeiros.

Para os turistas, amantes dos temas marítimos, este museu é um local de

visita obrigatória nos Açores.

Na marginal, surgiram entretanto espaços comerciais, associados ao arte-

sanato e à actividade de animação turística, numa clara identifi cação com

o mar e a baleia, agora num registo mais ecológico e trendy, em que ganha

especial relevo a oferta de serviços turísticos de observação de cetáceos.

A Vila das Lajes transformou-se nos últimos anos, por força desta oferta,

num dos locais mais procurados pelos amantes da observação de cetáce-

os.

Por fi m, deve ser destacado o papel da autarquia local na evocação e na

reinvenção da cultura baleeira das Lajes do Pico e no estreitamento das

relações da vila com o mar, agora numa perspectiva de turismo e de lazer.

Esse movimento moderno de recuperação da memória marítima e baleei-

ra da Ilha do Pico está patente no Monumento aos Baleeiros, no porto da

vila. Inaugurado em 2001, esta obra , da autoria de Pedro Cabrita Reis, já é

uma das peças de arte pública açoriana mais importantes deste século.

Locais a Visitar

À entrada das Lajes do Pico e após passar

pela placa de toponímica da freguesia das La-

jes, deve saír da ER na segunda saída à direita,

junto à placa identifi cativa da Rota da Faina

Baleeira. Ao chegar ao entroncamento deve

voltar à esquerda, em direcção ao Centro de

Artes e Ciências do Mar.

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32 Rota da Rota da 33

Ao sair do Centro deve continuar pela es-

querda, subindo pela rampa de acesso à ER,

em direcção ao centro da Vila das Lajes. Nesta

subida e do lado direito encontra-se instalado

o Posto de Informação Turística/Loja, no

Forte de Santa Catarina, o qual foi objecto de

recuperação em 2006 e onde poderá encon-

trar, diversa literatura associada à temática da

baleação.

No centro da Vila encontra o Museu dos

Baleeiros, constítuido por três casas de bo-

tes, tenda de ferreiro e biblioteca, classifi cado

como Imóvel de Interesse Público. Este museu

é hoje o mais visitados dos Açores, possuindo

uma colecção eclética e abrangente da cultura

baleeira do arquipélago em geral e das ilhas do

Grupo Central em particular.

Do lado direito do porto avistam-se as an-

tigas Casas dos Botes, hoje utilizadas pelo

Clube Naútico da Vila para arrumo dos botes

baleeiros.

Localizado no porto está o Monumento à

Baleação, uma escultura da autoria de Pe-

dro Cabrita Reis, que representa uma home-

nagem contemporânea à tradição baleeira da

Vila. Junto ao Monumento pode apreciar os

antigos “traioís” (caldeirões), onde eram der-

retidos os cachalotes.

À saída das Lajes em direcção às Ribeiras, en-

contra do lado direito a Vigia da Queima-

da, antiga vigia baleeira, hoje explorada por

uma empresa de observação de cetáceos.

Posto de Turismo das Lajes

Museu dos Baleeiros

Casa dos Botes

Monumento à Baleação

Vigia da Queimada

Eventos

Festival da Canção Infantil “Baleia de Marfi m”, uma organização do

Município das Lajes do Pico e da Associação Cultural Terra Baleeira.

Semana dos Baleeiros, semana de actividades culturais e desportivas,

em homenagem a todos os baleeiros, realiza-se na última semana de Agos-

to. O momento alto das festas é a realização da procissão da Padroeira dos

Baleeiros - Nossa Senhora de Lourdes - que termina com o Sermão da

Pesqueira e o “Ritual do Baleeiro”, enquanto provas de devoção.

Participação na Regata de Botes Baleeiros, integrado na Semana dos

Baleeiros.

Bienal de Baleias, realiza-se na Vila das Lajes, desde 2000, no último

trimestre do ano. Reúne investigadores, jornalistas, fotógrafos, cineastas,

cientistas, agentes turísticos e entidades várias relacionadas com o Mar, à

Economia e ao Turismo.

Aderentes

CULTURPICO, EM

Centro de Artes e de Ciências do Mar

Rua do Castelo

T. 292 679 330/1 F. 292 679 330 TM 91 663 52 23 / 96 983 21 80

E-Mail [email protected]

Website: www.municipio-lajes-do-pico.pt

Horário de Funcionamento Todos os dias: 10H00 às 19H00

POSTO DE TURISMO

Forte de Santa Catarina T. 292 679 320 F. 292 679 337

E-Mail [email protected]

Horário de Funcionamento Encerra ao Domingo

2ª Feira a 6ª Feira: 10H00 às 13H00 / 14H00 às 17H00

Sábado, 11H00 às 15H00

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34 Rota da Rota da 35

CASA DE EXPOSIÇÕES CAPITÃO ALVES,

de Manuel Alves Gonçalves

Rua Engenheiro Falcão - Lajes do Pico (no centro da Vila, junto às antigas

casas dos botes).

T. 292 672 264 F. 292 672 645 TM 91 735 68 28

E-Mail [email protected]

Horário de Funcionamento Todos os dias, 09h00 às 22H00

ARTESANATO LAJENSE, de Camilo Costa

Avenida dos Baleeiros - Lajes do Pico (no centro da Vila).

T. 292 672 000 F. 292 672 027 TM 96 241 34 09

E-Mail [email protected]

Website www.lajesbelavista.com

Horário de Funcionamento Verão 09H00 às 17H30

Inverno 09H00 às 12H30 e 13H30 às 17H30

RESTAURANTE HOCUS-POCUS ALDEIA DA FONTE

Caminho de Baixo – Silveira – Lajes do Pico (no sentido Madalena - Lajes

no entroncamento do lado direito, junto ao posto de abastecimento de

combustíivel da GALP).

T. 292 679 504 E-Mail [email protected]

Horário de Funcionamento Almoço: 12H00 às 15H00 / Jantar: 19H00 às

22H00, com ementa alusiva à Faina Baleeira.

Histórias e Lendas

Conta-se que, em fi nais de 1882, Nossa Senhora de Lourdes, salvou vários

baleeiros os quais, no meio de uma tempestade, tentavam entrar no Porto

da Vila das Lajes. A partir desta data, Nossa Senhora de Lourdes passou

a ser considerada a padroeira dos baleeiros, sendo o culto a esta santa

comemorado com uma festa, realizada na última semana de Agosto e inte-

grada na Semana dos Baleeiros.

RIBEIRAS

Na freguesia das Ribeiras existiram três armações baleeiras – “Companhia

Baleeira Americana”, “Companhia Nova Ribeirense” e “Companhia União

Ribeirense” – tendo sido um dos mais importantes centros de baleação do

Pico, em paralelo com as freguesias das Lajes e da Calheta de Nesquim, do

Concelho das Lajes e do Cais do Pico, do Concelho de São Roque.

Do património baleeiro existente nesta freguesia subsiste a “Casa dos Bo-

tes” da “Companhia Baleeira Americana”, construída sobre o leito da ribei-

ra. Recentemente herdado pelo Clube Náutico da localidade, nela conti-

nuam a guardar-se os botes baleeiros, que todos os verões participam nas

Regatas de Botes Baleeiros. A lancha baleeira “Açoriana” faz parte deste

espólio móvel, que a população preserva com grande orgulho. Ainda hoje,

os velhos baleeiros encontram-se na Casa dos Botes para um jogo de car-

tas ou para relembrar velhos tempos da faina baleeira.

Nesta localidade, também podem ser observados os velhos caldeirões de

derreter o toucinho das baleias, bem como alguns recipientes para arre-

fecimento do óleo, numa reconstituição dos antigos “traiois”. As restantes

casas dos botes e a estação de derreter, infelizmente, foram destruídas

pelos ciclones.

O lugar das Pontas Negras – Aguada, destaca-se por

ser um local de construção de muitos botes baleeiros,

espalhados por todo o arquipélago. Seguindo as pisa-

das de Mestre Francisco José Machado, os mestres da

Aguada destacaram-se pelas linhas das embarcações

que construíam. Esta saga continua ainda hoje com o

Mestre Manuel Hermínio e Mestre João Tavares. Des-

taque ainda para a qualidade do risco e costura de Traiol

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36 Rota da Rota da 37

muitos panos de botes baleeiros ali produzidos e que equipam os actuais

botes nas regatas.

Importa ainda fazer uma breve referência a João Fernandes Leal, um exímio

artesão de marfi m de cachalote, natural desta localidade, cujas obras fazem

parte das mais importantes colecções de Scrimshaw do mundo, incluindo

a colecção do Museu dos Baleeiros.

Locais a Visitar

Após passar pela placa toponímica da freguesia das Ribeiras, deve descer

do lado direito, pelo Ramal de Santa Cruz, junto à placa de identifi cação

da Rota da Faina Baleeira, até ao centro da localidade. Ao chegar ao en-

troncamento, deve virar à direita e seguir em frente até encontrar, do lado

esquerdo a ofi cina do Mestre João Tavares, estaleiro de construção de

botes baleeiros sobretudo de réplicas para actividades de lazer, nomeada-

mente as Regatas.

De regresso ao entroncamento, deve seguir em

frente, em direcção ao Porto das Ribeiras, onde

se encontra localizada a Casa dos Botes. Actu-

almente, serve de apoio às actividades náuticas da

freguesia, bem como de ponto de encontro dos

antigos baleeiros que ali se reúnem para jogar às

cartas e pôr a conversa em dia.

Junto à igreja existe um Monumento dedicado à

baleação da freguesia.

Para continuar o itinerário deve fazer o percurso

inverso até à ER e seguir pela direita em direcção

à freguesia da Calheta de Nesquim.

Eventos

Participação na Regata de Botes Baleeiros.

Casa dos botes

Ofi cina do Mestre João Tavares

Casa dos botes

CALHETA DO NESQUIM

Localidade com grande tradição na caça à baleia, a Calheta de Nesquim

ainda hoje apresenta um conjunto de casas dos botes e várias embarca-

ções baleeiras varadas, as quais, pelo seu estado de conservação, são dignas

de uma visita. Merece referência também o busto evocativo do Capitão

Anselmo da Silveira, natural da Calheta, fi gura maior da história da balea-

ção do Pico, que aqui fundeou a primeira armação baleeira da ilha.

Relativamente à Calheta de Nesquim, uma referência em homenagem ao

escritor Dias de Melo, (1925-2008) um dos maiores escritores da Ilha

do Pico, que imortalizou a faina baleeira com as suas obras, “Mar Pela

Proa”, “Pedras Negras”, “Mar Rubro”, “Vida Vivida em Terra de Baleeiros”,

“A Montanha Cobria-se de Negro” e “Na Memória das Gentes”. A maior

parte das suas obras foi propositadamente concluída na casa de seus pais,

na Calheta de Nesquim, com a referência fi nal: “Alto da Rocha do Canto

da Baía”.

Locais a Visitar

Descer o Ramal da Calheta, junto à placa de sina-

lização da Rota da Faina Baleeira, até ao Porto da

Calheta de Nesquim.

Aqui, pode visitar a Casa dos Botes, um edifí-

cio em formato rectangular que se apresenta em

bom estado de conservação, destinado à guarda

de botes baleeiros, quer na época da caça à baleia,

quer hoje para os botes destinados à participação

nas Regatas. A Casa dos Botes contempla ainda a colecção de troféus

recebidos ao longo dos anos pelas vitórias alcançadas aquando da partici-

pação dos botes nas Regatas. Para além disso, estão expostas fotografi as

dos antigos capitães e baleeiros naturais da freguesia.

Eventos

Participação na Regata de Botes Baleeiros.

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Rota da 39 38 Rota da

SANTO AMARO/PRAÍNHALocais a Visitar

Na ER deve virar à direita junto à sinalização da Rota

da Faina Baleeira existente na freguesia de Santo

Amaro. Ao desembocar junto ao porto, deve seguir

a placa de sinalização da Escola Regional de Ar-

tesanato, localizada junto à Igreja. Aqui, funcionam

três dimensões de cultura local: ensino e venda de

artesanato e mostra etnográfi ca, que conta as vivên-

cias da ilha durante grande parte do século XX.

Voltando ao ponto de partida junto ao porto de San-

to Amaro poderá avistar os antigos Estaleiros Navais

que testemunham a grande tradição desta freguesia

ao nível da construção naval dos Açores. Aqui, foram

construídos barcos de passageiros e traineiras para a

pesca do atum. Alguns construtores de botes baleei-

ros eram residentes em Santo Amaro.

Após regressar à ER deve virar à direita e seguir em

direcção à Vila de São Roque.

Aderentes

PIEDADE A freguesia da Piedade tem uma ligação indi-

recta com a baleação na medida em que, na

época do Verão, o Porto da Manhenha era por

vezes utilizado, pelos baleeiros das freguesias

vizinhas – Lajes e Calheta de Nesquim, com o

propósito de arrear à baleia no Canal Pico –

São Jorge. Para isso levavam um vigia o qual,

primeiro no lugar da Engrade e depois no Ca-

beço da Era, vigiava baleias para esses botes.

As baleias arpoadas não eram derretidas na

freguesia da Piedade, porque aqui não havia

caldeiros. Assim, as baleias iam a reboque para

a freguesia das Lajes ou para a Vila da Calheta

de Nesquim, consoante o bote que as arpo-

ava.

RESTAURANTE CANTO DO PAÇO

Rua do Ramal – Prainha (localizado no arruamento por trás da Igreja local)

T. 292 655 020 TM 91 474 23 02

E-Mail [email protected]

Website www.cantodopaco.com

Horário de Funcionamento Almoço: 11H00 às 15H00 / Jantar: 19H00 às

22H00, com ementa alusiva à Faina Baleeira.

Rota da 39

Eventos

Participação na Regata de Botes Baleeiros.

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Rota da 41 40 Rota da

SÃO ROQUE DO PICO

O percurso baleeiro pela Ilha do Pico termina

na Vila de São Roque do Pico, de grandes tra-

dições baleeiras.

São Roque apresenta uma disposição urbana

curiosa, muito alongada, organizada em torno

de dois pólos principais: a Nascente, o centro

histórico da vila e, a Poente, o Cais do Pico,

que conheceu um grande desenvolvimento

com o incremento das actividades marítimo-

comerciais, baleeiras e piscatórias, a partir de

meados do século XIX.

Continuando em frente, deve seguir a indica-

ção da placa de sinalização da Rota da Faina

Baleeira e virar à direita junto ao Museu da

Indústria Baleeira. Este museu, hoje um dos

três pólos do Museu do Pico, foi inaugurado

em 1994, e está instalado no edifício da antiga

Fábrica das Armações Baleeiras Reunidas, Lda,

de transformação de cachalotes. Desactivada

em 1984, a fábrica foi fundada em 1942 e tra-

duziu o esforço de associação de várias com-

panhias baleeiras do Pico para, em conjunto,

poderem acompanhar a crescente industria-

lização da transformação da matéria-prima

baleeira.

Cais do Pico

Bote baleeiro a motor

Museu da Indústria Baleeira

Cachalote em terra

Monumento ao Baleeiro Açoriano

O velho Cais do Pico, espraiado entre a Ponta da Laje e a Ponta do Raso,

desenvolveu até há poucos anos uma actividade baleeira e piscatória das

mais importantes nestas ilhas, subsistindo desse período ainda algumas

casas de botes no cais.

Da tradição baleeira, de fi nais de oitocentos e início de novecentos che-

garam até hoje, alguns exemplares de arquitectura de infl uência baleeira,

dispersos pela vila. São casas construídas parcialmente em madeira e pin-

tadas em cores variadas. Merece especial menção a Casa Azul, com torre

em madeira característica.

Locais a visitar

Passando pelo centro da Vila de São Roque re-

comenda-se uma paragem para visitar o Cen-

tro Multimédia onde está instalada uma ex-

posição permanente dedicada à baleação. Para

além do bote baleeiro a motor, em tamanho

real, suspenso, existe uma exposição fotográfi -

ca dos baleeiros da Vila de São Roque.

O equipamento da fábrica deve-se a engenheiros americanos, merecendo

destaque o sistema de transporte do óleo da baleia – através de pipeline –

para as embarcações que o transportavam, para exportação.

No museu, é possível conhecer o ciclo de processamento do cachalote,

desde a chegada à rampa até à produção do óleo e farinha.

Este museu é considerado um dos melhores museus industriais do género,

exibindo caldeiras, fornalhas, maquinaria e outros apetrechos usados no

aproveitamento e transformação dos cetáceos em óleo e farinha.

Em homenagem aos seus baleeiros, a edilida-

de de São Roque erigiu um Monumento ao

Baleeiro Açoriano, da autoria do escultor

Soares Branco, que está, desde o ano 2000,

no Cais, em frente ao Museu da Indústria Ba-

leeira.

Eventos

Cais Agosto, semana dedicada a actividades culturais e desportivas, estas

últimas associadas à terra e ao mar, realiza-se na última semana de Julho.

Participação na Regata de Botes Baleeiros, durante as festividades do

Cais Agosto.

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Rota da 43 42 Rota da

OUTROS ADERENTES DA ROTA DA FAINA BALEEIRA

CÂMARA MUNICIPAL DE S.ROQUE DO PICO

Paços do Município

T. 292 642 700 F. 292 642 718 E-Mail [email protected]

Website www.cm-saoroquedopico.azoresdigital.pt

CÂMARA MUNICIPAL DA MADALENA

Largo Cardeal Costa Nunes

T. 292 628 700 F. 292 628 748

E-Mail [email protected]; [email protected]

Website www.cm-madalena.pt

MUSEU DO PICO

E-Mail [email protected]

Website www.drac.raa

MUSEU DOS BALEEIROS

Rua dos Baleeiros, 13 Lajes do Pico

T. 292 679 340 F. 292 672 276

MUSEU DA INDÚSTRIA BALEEIRA

Rua do Poço São Roque do Pico

T. 292 642 096 F. 292 679 020

PICOARTES – CASA DE ARTESANATO

Estrada Regional - São Mateus (depois de passar a Igreja, do lado esquerdo)

T./F. 292 699 400 E-Mail [email protected]

Horário de Funcionamento todos os dias Verão: 09H00 às 19H00

todos os dias Inverno: 09H00 às 18H30

O ALVIÃO - ASSOCIAÇÃO PARA A DEFESA

DO PATRIMÓNIO CULTURAL DE SÃO JOÃO

Rua da Igreja, nº 8 A São João T. 292 673 154

Horário de Funcionamento 2ª Feira a Domingo: 11H00 às 18H00

Encerra à 3ª Feira Sujeito a marcação

Casa do Pico e exposição sobre pastorícia local

Caminho do Engenho – Piedade (na ER, à saída da freguesia da Piedade, do

lado direito).

T. 292 666 379 TM 91 262 21 98 / 93 818 80 99

E-Mail [email protected] Website www.turispico.com

Horário de Funcionamento 09H00 às 00H00

Actividades passeios de Charrete, passeios de cavalo e burro, jogos infan-

tis, musica, lanches, picadeiro e bar no de apoio; organização de subidas à

montanha, passeios pedestres e de bicicleta.

QUINTA DO CAVALO – PICADEIRO

Turispico – Actividades de Animação Turística, Lda.

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Rota da 45 44 Rota da

LITERATURA – Temática Baleeira:

José Dias de Melo, natural da freguesia da Calheta de Nesquim, era profes-

sor, dedicado à literatura, utilizando a baleação como tema de eleição.

No tema da Baleação Dias de Melo, é de facto o autor que mais se destaca.

Como poucos autores, escreveu muito sobre a saga baleeira, retratando a

vida vivida em terra de baleeiros, ele próprio também baleeiro ocasional.

O seu percurso de vida foi marcado pela perseguição da PIDE, obrigando-o

a abandonar a Ilha de São Miguel, onde residia e era professor, para residir

em Lisboa. Na capital portuguesa, começou a colaborar com o Diário de

Notícias e o Diário de Lisboa, continuando sempre a leccionar. Regressou

alguns anos mais tarde aos Açores, à Ilha de São Miguel, onde residiu até

à sua morte, em Setembro de 2008. Sempre que possível, regressava à

casa dos pais, no Alto da Rocha do Canto da Baía, na freguesia da Calheta

de Nesquim, onde fazia questão de terminar de escrever todos os seus

livros.

Foi homenageado diversas vezes, tanto em Portugal como no estrangeiro,

tendo sido condecorado com a Ordem do Infante pelo Presidente da Re-

pública Mário Soares. O seu romance “Pedras Negras” está já traduzido

em várias linguas, incluindo o Japonês.

A ABEGOARIA

Caminho do Poço Diogo Vieira – Praínha

T./F. 292 642 834 TM 91 781 59 02 / 96 675 60 88

E-Mail [email protected]

Horário de Funcionamento: 08H30 às 12H00 e 15H00 às 19H30

Actividades: animação turística, incluindo visitas a espaços de interesse cul-

tural e mostra/venda de artesanato.

ESCOLA REGIONAL DE ARTESANATO

DE SANTO AMARO

Rua Barão Nunes de Melo, n.º 9 – Santo Amaro (seguir a sinalização

existente, a partir do porto de Santo Amaro).

T. 292 655 115 / 456 / 418

Horário de Funcionamento Verão: 09H00 às 18H00

Inverno: 09H00 às 17H00

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Rota da 47 46 Rota da

OBRAS LITERÁRIASToadas do Mar e da Terra, poesia, 1954

Mar Rubro, crónicas romanceadas, 1958

Pedras Negras, narrativa, 1964

Na Noite Silenciosa, poesia, 1973

Mar pela Proa, romance, 1976

Vida Vivida em Terras de Baleeiros, crónicas, 1983

Aquém e Além Canal, crónicas, 1992

A Viagem do Medo Maior, novela, 1993

A Montanha Cobria-se de Negro, novela, 2008

DEMAIS BIBLIOGRAFIA E TEMÁTICA BALEEIRAAFONSO, João. Mar de Baleias e de Baleeiros. Direcção Regional da Cul-

tura, 1998.

ÁVILA, Ermelindo. Temática Baleeira na Literatura Açoriana. Separata da

revista “Insulana”, Ponta Delgada, 1991.

BETTENCOURT, Manuel Moniz. Os Picoenses na Odisseia da Baleação.

Câmara Municipal das Lajes do Pico, Lajes do Pico, 1996.

CLARKE, Robert. Baleação em Botes de Boca Aberta nos Mares dos Aço-

res, História e Métodos Actuais de uma Indústria Relíquia. Trad. Fernando

Silva, Nova Gráfi ca, Ponta Delgada, (1954) 2001.

FIGUEIREDO, J. Mousinho, Introdução ao Estudo da Indústria Baleeira In-

sular. Museu dos Baleeiros, Pico, 1996.

GARCIA, José Carlos. As Vigias de Baleias da Ilha do Pico, Uma Perspectiva

Sistémica. Artesanato Lajense, Pico, 2001.

GARCIA, José Carlos. O Museu dos Baleeiros e a Cultura da Baleação.

Artesanato Lajense, Pico, 2002.

GARCIA, José Carlos. A Fábrica da Baleia de S. Roque do Pico. C. M. S.

Roque, Nova Gráfi ca, Ponta Delgada, 2008.

GOUVEIA, Paulo. Arquitectura Baleeira nos Açores. Presidência do Gover-

no Regional dos Açores, Gabinete de Emigração e Apoio às Comunidades

Açorianas, s/d.

MARTINS, Rui Sousa, “Introdução” in João A. Gomes Vieira, O Homem e o

Mar, Artistas Portugueses do Marfi m e do Osso dos Cetáceos – Açores e

Madeira, Vidas e Obras. Intermezzo, Lisboa, 2003.

MELO, Dias de. Vida Vivida em Terra de Baleeiros. Secretaria Regional de

Educação e Cultura, Angra do Heroísmo,1983.

VIALLELLE, Serge, Golfi nhos e Baleias dos Açores. Espaço Talassa, Porto,

1997.

VIEIRA, João A. Gomes, O Homem e o Mar, Embarcações dos Açores. In-

termezzo, Lisboa, 2002.

OBS: A presente listagem de bibliografi a de temática baleeira não é exaus-

tiva, apenas procura divulgar de forma sucinta e relevante, algumas obras

em língua portuguesa que se encontram disponíveis no mercado, com ex-

cepção para Vida Vivida em Terra de Baleeiros, de Dias de Melo, que se

encontra esgotada e sem reedição. A partir das obras indicadas é possível

construir uma listagem de bibliografi a muito mais completa.

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Rota do 49 48 Rota do

Um vinho desta categoria não foi criado para bebedores, mas sim para enten-

didos e, como tal, terá a sua perenidade assegurada, porque a raridade não

tem preço.

Produzi-lo, constitui um desafi o, mas com ufania.

Saboreá-lo, é sempre um privilégio.

Servi-lo, exige requinte.

Guardá-lo, um tesouro…

Tomaz Duarte Jr., in “O Vinho do Pico”

A Rota do Vinho, na Ilha do Pico, surge com a prin-

cipal fi nalidade de promover localidades, estrutu-

ras e actividades culturais estreitamente associa-

das ao Vinho do Pico. Para além deste objectivo,

procura dinamizar o património cultural, com a

divulgação do vasto legado vernacular e o rico es-

pólio patrimonial, testemunhos do Ciclo do Vinho

em geral e do Verdelho, em particular.

Para conhecer a história do Vinho Verdelho da Ilha

do Pico, não há como percorrer, sem pressas, os

currais que se espraiam pelos Lajidos da Criação

Velha e de Santa Luzia: é a chamada “fronteira”,

na base do estabelecimento da Zona de Paisagem

Protegida da Cultura da Vinha da Ilha do Pico. O

Verdelho, fruto de um trabalho persistente, no di-

fícil solo vulcânico, tantas vezes regado a sangue,

suor e lágrimas, terá quatro séculos de cultivo

ininterrupto no Pico. A história viva da vinha e do

vinho da ilha, a insólita e rara austeridade desta

paisagem vinhateira (inicialmente tão inóspita, pe-

dregosa e seca de águas, que afastou os primeiros

povoadores) e as entranhadas vivências vínicas do

povo do Pico, fi zeram desta herança, Património

da Humanidade.

Currais de vinha

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50 Rota do Rota do 51

A cultura da vinha é contemporânea da chegada dos primeiros povoadores,

sendo atribuída a Frei Pedro Gigante, pároco da única comunidade picoense,

baptizada na altura por Santíssima Trindade (hoje Vila das lajes), a aquisição

de bacelos importados da Ilha de Chipre, querem outros que da Madeira, e

os ensaiou nos arrabaldes da sua moradia, num sítio que tomaria o nome de

Silveira (…).

Estávamos já na segunda metade do século XV quando o aludido franciscano

concretizou tal empreendimento. Atendendo aos seus naturais conhecimentos

por via da Irmandade espalhada por todo o mundo cristão da época, nada

repugna aceitar que, o primitivo plantio tenha vindo directamente daquela ilha

do Mediterrâneo Oriental, como é dado adquirido, mas também é igualmente

de considerar a sua proveniência, simultânea ou não, da Ilha da Madeira, onde

a viticultura se iniciara com a casta Malvasia, da ilha grega Minoa, através de

vidonhos de Chio, Cândia, Chipre e Itália, ainda no primeiro quartel de quatro-

centos (…).

In, O Vinho do Pico, Tomás Duarte Jr

A cultura da vinha era praticada de forma extensiva, desde o mar, que

todos os anos destruía muros de pedra e queimava as videiras, que se iam

renovando, até à altitude máxima que permitia a adaptação dos bacelos.

Contudo, também se processava de forma intensiva, na medida em que não

havia cerro de lava, por mais empinado, que não fosse utilizado.

Os característicos currais são um património rural único, herança desta

época, que tem resistido aos vários cataclismos que assolaram a ilha.

Em data que a História não regista, muito menos de que cabeça terá saído a

ideia – diríamos que providencial – de meter plantas de vinha nas fi ssuras do

manto requeimado que recobre toda a encosta ocidental da Ilha do Pico, deu-se

início ao mais longo e auspicioso ciclo económico da sua existência multissecular

e produziu-se uma transformação radical da sua vivência.

(…)

Foi um labor sobrehumano efectuado nessa paisagem revestida pela lava arre-

fecida (…). Ao todo, e ao fi m da ingente empreitada, foram 120km², em que

se edifi cou com pedra solta ou arrancada a pulso, sobre um descomunal tapete

lajeado, uma extensíssima e engenhosa teia urdida nos muretes singelos de ba-

salto para abrigo das videiras.

O ordenamento do território obedeceu às exigências da cultura e ao conforto

dos proprietários. (…) Havia que atender, para além do melhor rendimento da

produção, ao transporte, armazenagem e escoamento das uvas e do vinho. (…)

As vinhas eram bem defendidas por altas paredes dobradas e alongavam-se em

comprimento, encosta arriba, para partilharem dos diversos condicionamentos

ambientais. Conforme a dimensão, dividiam-se em mais ou menos “jeirões”, se-

parados por muros, junto aos quais corriam veredas transversais – “servidões”

– em que desembocavam as “canadas”.

Duas paredinhas baixas e paralelas, distando entre si por norma dois a três

metros, a ladear nesgas de solo para arrumação de umas tantas cepas, que se

desenvolvem de ponta a ponta da vinha, ou de cada um dos seus “jeirões” e são

interceptadas perpendicularmente, a intervalos de uma meia dúzia de metros,

por outras idênticas que se chamam “traveses”, formando uma sequência de

rectângulos – os característicos e tão conhecidos currais.

Currais de vinha

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52 Rota do Rota do 53

De curral para curral progride-se através de exíguas passagens, as “bocainas”,

de preferência desencontradas à direita e à esquerda para impedir a livre cir-

culação do vento. Lateralmente, as canadas não comunicam entre si, pelo que

todas as tarefas se processam (…) subindo uma e descendo a imediata e assim

sucessivamente.

In, O Vinho do Pico, Tomás Duarte Jr

Para viver da vinha, foi necessário encontrar sustento alternativo com o

cultivo de hortas, daí o Homem do Pico ter retirado as pedras encontra-

das nos terrenos. Os inertes em excesso, normalmente a rocha vulcânica

arrancada ao chão, eram depois acumulados em montes de pedra – os

Maroiços – e criados os já referidos “travesses”, muros mais largos, verda-

deiros monumentos ao árduo trabalho dos homens do vinho.

Importa conhecer também locais como o Cachorro, o Lajido ou o Guin-

daste para observar curiosidades como os currais construídos por cima

de escorrências lávicas, adegas e alambiques, os poços de maré, os “des-

cansadouros”, os “rola-pipas”, os portos de embarque, e as “rileiras”, as

marcas das pipas que rolavam para dentro das barcas com destino ao

porto da Horta.

Este modelo arquitectural não foi obra do acaso, an-

tes resultado da sabedoria popular com a preocupa-

ção de resguardar as videiras da ventania. Para im-

pressionar, ao chegarmos a este ponto, costumamos

referir: se alinhássemos as paredinhas destas “cana-

das”, todas a seguir umas às outras, obteríamos um

cordão que daria cerca de duas voltas ao Globo, no

círculo máximo do Ecuador!...

In, O Vinho do Pico, Tomás Duarte JrMaroiço

Toda esta intervenção do Homem, apesar de ciclópica, não terá

alterado a paisagem natural, porque de mais não se tratou do

que a partir da pedra, sobre a mesma pedra, dar um diferente

arranjo à pedra. Pedra era e pedra fi cou.

In, O Vinho do Pico, Tomás Duarte Jr

Durante séculos, desenvolveu-se um verdadeiro espólio de

utensílios, ligados à cultura da vinha e ao fabrico do vinho,

algum do qual reunido no Museu do Vinho do Pico. Ao longo

do itinerário surgem como atracções associadas à paisagem

vinhateira do Pico, todo o património vitivinícola: núcleos de

adegas, alambiques e os currais de fi gueiras, com seus carac-

terísticos muros altos e curvos, eram então uma importante

cultura destinada à produção da Aguardente de Figo.

E como tudo o que está relacionado com o Vinho do Pico

se produz com muito esforço e dedicação, também a vinha

exige tarefas que envolvem um trabalho minucioso e árduo.

O rude solo basáltico difi culta as “viradas”, que podem atin-

gir uma profundidade de um metro. Nem sempre é possível

proceder à virada, pois as covas são muitas vezes abertas na

rocha basáltica. Por isso, fende-se a camada de rocha não só

para permitir o alongamento das raízes através das fendas,

mas também para facilitar a penetração do ar, indispensável

à vida das raízes. Os instrumentos utilizados nessas viradas

são o pique, o foicinho, a luva, o machado, a barra, o malho, a

corrente, as cunhas, o alvião e o cesto das viradas.

No Inverno plantava-se, enxertava-se, repunham-se as falhas do

ano anterior, rapava-se o chão e podavam-se as videiras. Entra-

da a Primavera, os rebentos (…) medravam e estendiam-se por

Poço de maré

Alambique

Rola-Pipas

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Rota do 55

cima dos lajidos até serem levantados com apoio nos abrigos. Verão adiante, o

sol ía maturando os cachos que, de noite, recebiam o bafo quente que o basalto

conservara, sazonando completamente.

A torreira não queimava as plantas, sempre viçosas pela humidade presente

que chegava ao subsolo através dos interstícios da crosta e da porosidade da

própria lava. Nutriam-se à sombra com as uvas à mostra da luz, ultimando-se

o amadurecimento, nas vésperas das vindimas, com a desfolha nos pontos me-

nos expostos. Neste ambiente, de estufa espontânea desidratavam os bagos e

concentrava-se a doçura que fazia a generosidade da colheita.

O vinho branco do Pico, nascido em tais condições, era e é um vinho sui generis,

de elevada graduação, sabor especial, inconfundível “bouquet”, cuja estirpe lhe

vem das torrentes dos vulcões.

In, O Vinho do Pico, Tomás Duarte Jr

A chegada da praga do Oídio e posteriormente da Filoxera, por volta da

segunda metade do século XIX, afectaram esta cultura secular. A queda

dos rendimentos da vinha levou os viticultores a abraçar, em desespero

de causa, a casta americana Isabela, para produzir um vinho de qualidade

inferior: o “Vinho de Cheiro”. No entanto, a vinha sobreviveu recorrendo

à introdução dos bacelos americanos como porta-enxertos.

A vitivinicultura do Pico conheceu depois um lento período de recupe-

ração. A entrada em funcionamento da Cooperativa Vitivinícola da Ilha

do Pico, no início da década de sessenta do século passado, bem como

a classifi cação, em 2004, da Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico,

como Património da Humanidade, pela UNESCO, são um forte contributo

para a sua preservação, garantindo maiores índices de notoriedade aos

vinhos do Pico.

A paisagem da cultura da vinha da Ilha do Pico, ocupa uma área total de

154,4 ha, envolvida por uma zona tampão de 2445,3 ha e é composta por

dois sítios de elevado valor patrimonial – o Lajido da Criação Velha e o

Lajido de Santa Luzia. Por constituírem excelentes representações da ar-

quitectura tradicional, do desenho da paisagem e dos elementos naturais,

estes dois locais são partes integrantes da Paisagem Protegida de Interesse

Regional da Cultura da Vinha da Ilha do Pico. Os lajidos da Criação Velha

e de Santa Luzia, estão implantados em extensos campos de lava caracte-

rizados por uma extrema riqueza e beleza geológica e paisagística.

A diversidade da fauna e da fl ora aí presentes, está associada a uma abun-

dância de espécies e comunidades endémicas, raras e com estatuto de

protecção.

Os vinhos de elevada qualidade produzidos nesta área a partir da casta

Verdelho, chegaram aos quatro cantos do mundo, assumindo desde essa

altura um papel importante na economia da ilha.

Aliás, cada vez mais o vinho é visto como produto cultural e isso pode ser,

em qualquer parte do mundo, um cartaz turístico. O turismo associado à

cultura do vinho tem aqui um grande potencial pois o Verdelho do Pico

oferece boas histórias para contar aos turistas, ao ponto de tornar obriga-

tória uma visita à ilha para conhecer verdadeiramente os Açores.

Paisagem de cultura da vinha

54 Rota do

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56 Rota do Rota do 57

O ITINERÁRIO DO VINHO NA ILHA DO PICOInstruções Breves

Itinerário Madalena – Santa Luzia – Santo António

– São Roque – Praínha – Piedade – São

Mateus – Candelária – Criação Velha –

Madalena

Duração média 2 dias

Distância aproximada 102km

Trajectos

Chegada por via aérea

Chegadas por via

marítima ao Porto

da Madalena

Chegadas por via

marítima ao Porto

de São Roque

Á saída do ramal do aeroporto voltar à

direita e seguir pela ER, em direcção à

Madalena. A Rota do Vinho tem início no

Museu do Vinho, à entrada da freguesia da

Madalena.

Na Vila da Madalena seguir pela ER, em di-recção a São Roque.

Seguir pela ER, em direcção à Madalena. A Rota do Vinho tem início no Museu do Vinho, à entrada da freguesia da Madale-na.

MADALENA

O itinerário do Vinho, na Ilha do Pico, tem início e termina na freguesia da

Madalena.

A Vila da Madalena foi, desde o século XVII, o grande centro da actividade

vitivinícola dos Açores. Isso deve-se, em primeiro lugar à sua localização

entre as duas áreas de vinha mais extensas do arquipélago: o Lajido da

Criação Velha e o Lajido de Santa Luzia. Aqui, são cultivadas as castas –

Verdelho, Arinto, Terrantez – responsáveis pela produção do herdeiro do

famoso Vinho Verdelho que atingiu uma escala de exploração notável na

ilha do Pico, dando origem à criação de uma paisagem única e a aspec-

tos paisagísticos, ambientais, etnográfi cos e culturais muito particulares, os

quais acabariam por ser reconhecidos pela UNESCO.

O Cais da Madalena cedo se afi rmou também como um dos melhores e

mais seguros da ilha, aproveitando as reentrâncias naturais de um lajedo

vulcânico milenar. Por outro lado, a Madalena benefi ciou da proximidade

à Cidade da Horta, creditando-se aos aristocratas e frades faialenses, a

rápida expansão da vitivinicultura na Ilha do Pico. A Madalena benefi ciou

da confl uência destes e a sua riqueza está bem patente na Igreja de Santa

Maria Madalena, do século XVII, o maior templo da ilha. O elegante templo

ergue-se sobre as ruínas de uma ermida do séc. XV, muito afectada pelos

sucessivos abalos sísmicos e já pequena para a comunidade que servia,

que cresceu graças ao negócio do Verdelho. A capela-mor apresenta talha

dourada ao estilo barroco e azulejos da mesma época.

Porto Velho – Madalena

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58 Rota do

Locais a Visitar

Partindo do centro da Madalena, seguir em direcção a São Roque. Reco-

menda-se subir pelo acesso paralelo ao edifício dos Paços do Concelho,

contornar a rotunda e seguir pela terceira saída. No entroncamento deve

voltar à direita e continuar a subir até encontrar a placa da Rota do Vinho

junto a um cruzamento. Cerca de dez metros depois do cruzamento deve

seguir a placa que identifi ca o Museu do Vinho, situado num antigo Con-

vento de Carmelitas, no lugar do Carmo.

O nome do lugar em questão deriva certamente da casa conventual ali

erigida pelas Carmelitas da Horta, entre os séculos XVII e XVIII. Inserida

numa propriedade vitivinícola, a casa foi aproveitada para instalar o Museu

do Vinho do Pico, que integra o Museu Regional do Pico. Este é um local

privilegiado para conhecer a história e a cultura do vinho desta ilha, não

só pela parcela de vinha cultivada nos currais anexos (dominada por um

belo mirante vermelho), como pelas estruturas de vinifi cação (alambique e

lagar) e o espólio vínico reunido.

As ordens religiosas instaladas na Horta tiveram um papel muito relevante

na expansão da cultura da vinha no Pico. Franciscanos, Jesuítas e Carmeli-

tas estudaram as condições ideais de vegetação da vinha e aclimatizaram

as melhores castas para criar a combinação que está na base do vinho

generoso que fi cou conhecido por “ Verdelho”.

No espaço envolvente ao Museu do Vinho está o mais importante con-

junto de dragoeiros que se conhece no mundo. Essa majestosa árvore

ornamental, entre outras aplicações práticas, possui grande valor para a

tinturaria.

Ao saír do Museu, seguir pela esquerda em direcção ao lugar dos Toledos.

Aqui, merecem atenção as ruínas de uma Casa Conventual dos Jesuítas,

construída por esta ordem religiosa no séc. XVIII, bem como a Ermida das

Almas, templo barroco, construído entre os séculos XVII e XVIII.

Para continuar a visita deverá voltar ao entroncamento, junto ao Salão Re-

creativo dos Toledos e voltar à direita, descendo até à estrada da costa, ao

lugar da Formosinha. No entroncamento deve voltar novamente à direita

em direcção ao Lajido de Santa Luzia.

Eventos

Durante o mês de Setembro, é possível aos visitantes do Museu do Vinho

participar nas vindimas, o que torna mais “viva” a experiência da Rota do

Vinho.

Convento dos JesuítasErmida das Almas

Rota do 59

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60 Rota do Rota do 61

MADALENA/BANDEIRAS / SANTA LUZIA / SANTO ANTÓNIO

Locais a Visitar

O percurso até ao Lajido de Santa Luzia faz-se pela marginal junto ao mar,

passando por vários núcleos de adegas tradicionais, inseridos no Conce-

lho da Madalena – Barca, Formosinha, Cais do Mourato e Cachor-

ro e do Concelho de São Roque – Lajido, Arcos, Cabrito e Santana.

Cada um des-tes aglomerados costeiros merece uma visita, devendo para

tal, voltar à esquerda junto de cada acesso que se encontra devidamente

identifi cado, regressando sempre à marginal junto ao mar. Antigamente, as

adegas serviam de habitação sazonal, durante a época do ano em que era

mais inten-so o trabalho nas vinhas, com um pico na altura das vindimas.

Durante este percurso junto à costa é possível ob-

servar um dos valores mais relevantes da Paisagem

Protegida da Cultura da Vinha da Ilha do Pico – Pa-

trimónio da Humanidade da UNESCO – o Lajido

de Santa Luzia, um dos exemplares dos campos

de lava mais bem preservados dos Açores, resultante

de erupções com escoadas lávicas de superfície lisa

popularmente conhecidas por “lajes” ou “lajidos”. A

lava formou aqui uma camada extensa de pequena

espessura, muito fracturada, na qual as raízes da vinha

se alimentam, o que lhe confere um carácter único.

O Lajido é percorrido por um trilho pedestre PR1-

PIC – Caminhos de Santa Luzia, junto à costa,

classifi cado pela Direcção Regional do Turismo, que

permite a observação de currais, com muros rectan-

gulares e semicirculares em alvenaria (estas últimas

para as fi gueiras), abertas a Sul para defesa dos ven-

tos predominantes de Norte.

Na época das vindimas traziam-se as uvas para os

lagares para serem pisadas. Aqui, eram alojadas as

barricas, pipas, quintos, potes e garrafões e abrigavam

vinhos, aguardentes de fi go e de bagaço, licores e a

Angelica, a bebida tradicional da ilha. No centro deste

manto basáltico, o lugar do Lajido evidencia-se como

o núcleo vitivinícola melhor conservado da ilha, man-

tendo ainda uma utilização sazonal.

Aqui destacam-se a Ermida de Nossa Senhora da

Pureza, datada de 1760, ao estilo “Chão”; um Poço

de Maré, localizado no centro da localidade, rele-

Nestes núcleos de adegas, envolvidos por currais de vinha e de fi gueiras,

existe um património arquitectónico e cultural considerável, associado à

actividade vitivinícola, sobretudo no que se refere a alambiques e armazéns,

algumas casas solarengas, poços de maré, portos, rampas de varadouro e

ermidas. Importa também destacar o relevante papel de confraternização

que as adegas representam no contexto da sociedade local. As adegas,

mais do que o lugar onde se produz o vinho, são locais de convívio com a

família e os amigos, onde abundam quer a gastronomia tradicional quer o

vinho, a Aguardente e a Angelica.

No Porto da Formosinha existe uma rampa escavada – Rola-Pipas – que

ajudava no embarque das pipas que seriam transportadas para a Horta. No

Cachorro poderá visitar a Ermida de Nossa Senhora dos Milagres,

em estilo “Chão”.

Lajido de Santa Luzia

Ermida de Nossa

Senhora dos Milagres

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62 Rota do Rota do 63

vante à época da sua construção por ser a fon-

te de fornecimento de água, para as actividades

domésticas e para os alambiques, pela captação

dos veios de água que correm em galerias sub-

terrâneas com pendente para o mar e que, devi-

do à proximidade do mesmo, a água acumulada

ressente-se pela infl uência das marés e apresen-

ta, por vezes, alguma salinidade; e o Solar dos

Salgueiros, casa solarenga delimitada por um

muro de alvenaria de pedra seca. O imóvel apre-

senta locais de lazer, adega, casas de arrumos,

retrete e um poço de maré. A fachada principal

tem um balcão com dupla escadaria, simétrica. O

corpo principal tem dois pisos e balcão, com uma

cisterna e um forno adossados. Nas proximida-

des encontram-se as ruínas do Forno dos Frades,

que terá servido para a secagem de fi gos e os

respectivos tanques de fermentação.

Poço de maré

Solar dos Salgueiros

Rilheiras no Lajido

de Santa Luzia

Ermida de S. Mateus

Adega “A Buraca”

Forno dos Frades

Núcleo Museológico do Lajido de Sta. Luzia

guesia de Santa Luzia e Santana, na freguesia de Santo

António, onde terminava. Em alguns locais existem

vestígios de calçada, enquanto noutros está á vista

a utilização de lajes de pedra. Em certo locais desta

via, onde a estrada actual não os cobriu, são visíveis

trilhos vincados nas lajes – Rilheiras – alguns com

considerável profundidade, resultantes da passagem

intensa dos carros de bois, responsáveis pelo trans-

porte do Vinho e da Aguardente até aos Rola-Pipas –

rampas talhadas, na pedra, para facilitar o transporte

das pipas do caminho até ao porto.

No núcleo do Cabrito destaca-se a Ermida de São

Mateus, cuja época inicial de construção remonta

ao século XVII/XVIII e que ostenta um belo trabalho

de cantaria de pedra com blocos talhados em basalto,

decorados com baixos-relevos.

O contexto urbanístico que rodeia o Solar dos Salgueiros é hoje o Nú-

cleo Museológico do Lajido de Santa Luzia, aberto ao público du-

rante todo o ano, incluindo o edifício do alambique (destilaria) e do lagar

de varas (com o seu peso de basalto) e a casa do alambiqueiro. Também

merecem referência os tanques para a fermentação do fi go, operação pré-

via à decantação da aguardente de fi go no alambique.

A partir do Lajido de Santa Luzia poderá per-

correr a pé, o Caminho Antigo, via de comu-

nicação antiga que, junto à costa, ligava a Vila da

Madalena e outras localidades deste Concelho

ao Lajido de Santa Luzia, Arcos e Cabrito, na fre-

Após visitar estes aglomerados, deverá seguir a sinalização existente de

forma a desembocar na ER, na freguesia de Santa Luzia. No entroncamento

deve voltar à esquerda em direcção à freguesia de Santo António para uma

visita à Adega “A Buraca”. Este empreendimento, localizado junto à

escola primária da freguesia, do lado direito da ER, no sentido Santa Luzia

– São Roque, está associado à enologia e contempla várias valências, nome-

adamente: loja de artesanato; mostra museológica com ofi cina de tanoeiro,

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64 Rota do Rota do 65

tenda de ferreiro, atelier da palha, atelier da lã e atelier dos vimes; cozinha

regional com produção de produtos locais; sala de provas da gastronomia

local; sala de engarrafamento dos produtos vínicos produzidos por A Bu-

raca, para além de dois edifícios anexos – adega onde são envelhecidos o

Verdelho e as Aguardentes e o Lagar. O recinto dispõe ainda de um espaço

para actividades de animação.

Eventos

Durante os meses de Outubro e Novembro decorre a “Queima” no

Alambique do Lajido. Qualquer visitante poderá assistir à destilação e pro-

dução da Aguardente e com sorte poderá fazer uma prova.

Festas da Costa, que decorrem nos aglomerados costeiros, durante os

meses de Julho, Agosto e Setembro:

Festa de Nossa Senhora da Barca, que se realiza no lugar da Barca, no

inicio do mês de Julho.

Festa de São Mateus da Costa, que se realiza no lugar do Cabrito, no

dia 31 de Agosto.

Festa de Nossa Senhora Raínha do Mundo, que se realiza nos Arcos,

no dia 01 de Setembro.

Festa de Nossa Senhora do Desterro, que se realiza no lugar do Cais

do Mourato, no primeiro fi m-de-semana de Setembro.

Festa de Nossa Senhora da Pureza, que se realiza no Lajido, no dia

14 de Setembro.

Festa de Nossa Senhora dos Milagres, que se realiza no lugar do

Cachorro, no terceiro fi m-de-semana de Setembro.

Aderentes

ADEGA “A BURACA”

Estrada Regional, nº 37 – Santo António

T. 292 642 119 TM 91 739 80 83

E-Mail [email protected] / [email protected]

Website www.adegaaburaca.com

Horário de Funcionamento todos os dias, das 08H00 às 20H00

Actividades visitas às vinhas e às instalações produtivas, para além da ven-

da e provas de vinho.

PRAÍNHA

Locais a Visitar

Seguindo pela ER, em direcção à Vila de São Roque, deve continuar até à

freguesia da Prainha, junto ao Parque Florestal. Aqui, poderá descer do

lado esquerdo à Baía de Canas, unidade paisagística construída associada

ao cultivo da vinha. Para além das adegas, dos currais de vinha e dos cami-

nhos de calhaus rolados, existe uma escadaria de pedra, com 365 degraus,

que constituiu em tempos, a única ligação, por terra, a este lugar. Poderá

também ver as ruínas daquilo que foi a Cerca dos Frades, constituído por

uma ermida dedicada a Nossa Senhora das Dores e um conjunto habita-

cional que era usado sazonalmente na época das vindimas pelos frades.

Para continuar a Rota deverá regressar ao entroncamento de acesso à ER,

voltando à esquerda em direcção à freguesia de Santo Amaro.

Trilho de Baía de Canas

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66 Rota do Rota do 67

PIEDADE

Locais a Visitar

Chegado ao centro da freguesia da Piedade, junto ao coreto, deverá seguir

a placa identifi cativa do lugar da Engrade, núcleo característico de adegas,

utilizadas sobretudo na época do Verão e das vindimas.

De regresso à ER, deve percorrer as freguesias da Calheta de Nesquim,

Ribeiras, Lajes, São João e São Caetano até alcançar a freguesia de São

Mateus.

SÃO MATEUS

Locais a Visitar

Chegados à freguesia de São Mateus deverá saír da ER, pela esquerda, junto

à placa identifi cativa da Rota do Vinho, entrando na Rua dos Cabeços. Aqui,

deve voltar logo na primeira rua estreita – Canada das Tumbas – do lado

direito e descer até à zona das adegas, seguindo então pela direita. Depois

de passar o campo de futebol deve seguir em frente até encontrar um

entroncamento junto a um conjunto de grandes Dragoeiros. Aqui, deve

virar à esquerda e seguir sempre para baixo em direcção ao Porto de São

Mateus e depois sempre em frente até voltar a encontrar a ER, onde deve

virar à esquerda, no sentido São Mateus – Madalena.

Nesta freguesia a paisagem retoma os elementos da cultura do Vinho. Esta

é uma das localidades mais antigas da ilha e é uma das que há mais tempo,

se dedica ao cultivo da vinha. Os rendimentos gerados pela vitivinicultura

ajudaram certamente à construção da Igreja Matriz de São Mateus, templo

de fundação medieval, mas hoje com traça eminentemente oitocentista. A

igreja passa por ser uma das mais monumentais da ilha, o que diz da rique-

za que se acumulou nesta paróquia.

No séc. XIX construiu-se a propriedade conhecida pelo nome de Vinha

das Casas, tendo como anexos à casa solarenga um Alambique e Lagar,

cisterna, adega e acesso directo ao mar (Poço da Lagem).

Hoje, a vinha já não tem a expressão económica e social do passado. Exis-

tem muitos currais derrubados e vinhas abandonadas. A produção que

subsiste destina-se especialmente ao consumo próprio, o que vai permi-

tindo a preservação da cultura do vinho e de patrimónios rurais como as

adegas.

O facto desta freguesia abranger uma zona tampão da Paisagem Protegida

da Cultura da Vinha do Pico, classifi cada como Património da Humani-

dade, contribui para a preservação dos pequenos núcleos de adegas e uma

malha de currais de vinha que surgem um pouco por toda a linha da costa,

desde o Farol até ao lugar da Pontinha.

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68 Rota do Rota do 69

CANDELÁRIA

Locais a Visitar

Para prosseguir a Rota do Vinho deve seguir pela ER até à freguesia da

Candelária. Pelo caminho, recomenda-se uma descida junto à placa do lu-

gar do Guindaste para apreciar o Solar dos Arriaga, propriedade da

família do primeiro Presidente da República Portuguesa. Na subida de re-

gresso à ER e logo depois da curva, deve visitar, do lado direito, a Adega

“A Rodilha”, espaço expositivo associado à cultura da vinha, à produção

de vinho e às vivências da ilha, nos séculos passados, onde poderá também

fazer provas de bebidas típicas.

Seguindo pela ER e após passar a placa toponímica da freguesia da Can-

delária, fi que atento para a sinalização da Rota do Vinho, após a qual deve

virar na primeira à esquerda, em frente à Igreja, em direcção ao lugar dos

Fogos. Para tal deve descer, voltando à esquerda junto ao Poço de Maré.

Aqui, encontra um aglomerado de adegas, construídas em pedra vulcânica,

onde o vinho é produzido e armazenado. Anteriormente usadas como

locais de descanso sazonal, durante a época do ano em que havia mais

trabalho na vinha e sobretudo nas vindimas, hoje, continuam a ser locais

de descanso mas numa vertente de lazer e convívio.

Adega “A Rodilha” Núcleo de Adegas nos Fogos

Moinho do Frade

Com sorte, alguma das adegas particulares estará aberta, num convite sin-

cero à conversa e a um copinho de Angelica ou Aguardente de Figo.

De volta à ER, seguir em direcção à freguesia da Criação Velha.

Aderentes

ADEGA A RODILHA

Guindaste, nº5 – Candelária

T. 292 629 007 TM 91 986 90 66

E-Mail [email protected]

Horário de Funcionamento visitas sujeitas a marcação prévia.

CRIAÇÃO VELHA

Locais a Visitar

Chegados à freguesia da Criação Velha poderá virar à esquerda, junto a

qualquer uma das placas de sinalização dos currais de vinha, porque nesta

zona todos os caminhos vão dar ao Património da Humanidade. Contudo,

recomenda-se voltar à esquerda junto à Igreja e novamente na primeira à

esquerda. A cerca de 200 metros deve voltar à direita para uma visita ao

Moínho do Frade. Do topo da sua escadaria poderá testemunhar uma

paisagem construída pelas mãos do Homem, para garantir o seu sustento

e experimentar a sensação de estar rodeado por um mar de muros de

pedra.

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70 Rota do Rota do 71

“O vinho faz-se na vinha” e é talvez na paisagem rendilhada da Criação

Velha que melhor se percebe este ditado popular. Aqui surgem as vinhas

nos currais do Lajido da Criação Velha, vigiadas de perto pelo vulcão do

Pico. É uma paisagem com escala, singularidade e inconfundível marca cul-

tural, que se deve ao labor do Homem Picaroto no difícil solo vulcânico.

Este será o contínuo de currais mais impressionante que integra a zona da

Paisagem Protegida de Interesse Regional da Cultura da Vinha da Ilha do

Pico, que está na base da respectiva classifi cação, em meados de 2004, pela

UNESCO, como Património Cultural da Humanidade.

O Lajido da Criação Velha é uma extensa área costeira da ilha, in-

tegralmente dominada pelas vinhas em currais que constituem um dos

patrimónios rurais mais signifi cativos dos Açores, marcando o que de mais

singular apresenta a paisagem e os modos de vida tradicionais da ilha do

Pico. O complexo sistema de muros permanece hoje praticamente inalte-

rado, apesar de toda a actividade sísmica que tem afectado esta zona. A

organização espacial dos currais é defi nida por um reticulado de muros

negros que dividem os terrenos de cultivo da vinha e protegem-na dos

ventos marítimos e do rocio do mar.

A quadrícula de terrenos assenta na rocha basáltica do lajido, que apesar

de dura e aparentemente improdutiva, permite a introdução dos bacelos

e o desenvolvimento das videiras. Os muros do reticulado foram erigidos

com a pedra basáltica retirada do próprio local e são parte de um plano

de trabalho que foi de alguma forma refl ectido. A estrutura dos currais foi

pensada para tirar o máximo proveito do solo e para facilitar o transporte

e armazenamento da uva. As vinhas estão delimitadas por muros altos e

dobrados, que se estendiam do mar pela encosta acima, em direcção ao

Pico.

A propriedade divide-se em “jeirões”, separados pelos muros das veredas

transversais – as “servidões”. É aqui que afl uem as “canadas”, que mais

não são do que os eixos estruturantes da vinha, comunicando perpen-

dicularmente com muros mais pequenos – os “traveses”. Os “currais”

são a quadrícula defi nida pelas canadas e pelos traveses, separando-se uns

dos outros através de pequenas e apertadas passagens desencontradas, à

direita e à esquerda, para barrar a progressão do vento – as “bocainas”.

A compreensão deste complexo sistema de muros só é possível com a

observação no local, do mesmo.

Face à extensão da vinha e à escassez de acessos e transportes, que origi-

navam grandes caminhadas com as uvas à cabeça, foram edifi cados “des-

cansadouros” – paredões a espaços reforçados, rematados com pedra

alisada, à altura dos carregadores, para descansar durante o transporte das

uvas, para além dos “Rola-pipas”, para transporte das pipas até aos em-

barcadouros. Por sua vez, a passagem dos carros de bois que transporta-

vam as pipas ao longo dos tempos, acabou por formar “rilheiras” no piso

de basalto e nas zonas de vinha, a pedra solta foi aproveitada para construir

casas de abrigo – pequenas construções em pedra solta para guarda das

ferramentas para trabalhar a vinha.Currais de Vinha

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72 Rota do Rota do 73

Fica a sugestão de, toda esta zona de vinhas ser percorrida a pé, podendo

para o efeito percorrer, em parte ou no todo, o trilho pedestre PR5PIC –

Vinhas da Criação Velha, com passagem pela Paisagem Protegida iden-

tifi cada, com início no Porto do Calhau, no lugar do Monte, terminando na

Criação Velha junto ao entroncamento do caminho junto ao mar (coinci-

dente com a extensão fi nal do trilho) com a estrada de acesso ao lugar da

Areia Larga (o percurso a pé tem cerca de duas horas).

Por coincidência do destino, exactamente neste entroncamento surge à

nossa frente, com imponência, o Solar dos Salema. Este exemplar dos

Solares do Verdelho, bem como o Solar dos Lima (localizado no cami-

nho da Areia Larga) e o Solar dos Arriagas (localizado no Guindaste),

são exemplos de casas solarengas construídas em vinhas, propriedade de

famílias abastadas da Ilha do Faial, de chão lajido e em zona de costa. São

construções de dois edifícios: um considerado como edifício principal

constituído por dois pisos, o primeiro destinado à actividade vitivinícola e

o segundo à habitação, onde nos meses de verão a família proprietária se

instalava e um segundo edifício onde existia a copa, o forno e a cozinha. O

acesso a estas casas solarengas era normalmente feito por uma escadaria

em basalto. Alguns dos Solares tinham Capela própria e possuíam ainda um

alpendre que lhes dava um alcance visual sobre a vinha.

Solar dos Salema

Eventos

Festa de São Martinho, realiza-se no dia 11 de Novembro.

MADALENA

A elevação da Madalena a Concelho coincide com o grande desenvolvi-

mento da viticultura no Pico, conhecido como o Ciclo do Vinho. A riqueza

proporcionada pela vinha permitiu um grande aumento populacional e o

desejo de autonomia dos madalenenses. Por carta régia de 1723, a paró-

quia da Madalena é elevada a vila e a sede de concelho. A presença da sede

da Comissão Vitivinícola Regional dos Açores na vila atesta a forte relação

com o vinho.

Locais a Visitar

Seguindo pelo caminho da Areia Larga, junto

ao mar, a Rota do Vinho termina com uma vi-

sita às instalações da Cooperativa Vitiviní-

cola da Ilha do Pico, para uma apetecida e

merecida prova e compra de Vinhos do Pico.

Eventos

Festa das Vindimas, no dia 11 de Novembro.

Aderentes

COOPERATIVA VITIVINÍCOLA

DA ILHA DO PICO, C.R.L.

Avenida Padre Nunes da Rosa, nº 29

T. 292 622 262 F. 292 623 346

E-Mail [email protected] Website www.picowines.net

Horário de Funcionamento Visitas e Provas entre 09H00 e 16H00 e ao

fi m de semana com marcação prévia. Durante o mês de Setembro, por

mês das vindimas, não se efectuam visitas ou provas.

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74 Rota do Rota do 75

OUTROS ADERENTES DA ROTA DO VINHO

CÂMARA MUNICIPAL DA MADALENA

Largo Cardeal Costa Nunes

T. 292 628 700 F. 292 628 748

E-Mail [email protected]; [email protected]

Website www.cm-madalena.pt

CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO ROQUE

Paços do Município

T. 292 642 700 F. 292 642 718

E-Mail [email protected]

Website www.cm-saoroquedopico.azoresdigital.pt

MUSEU DO VINHO

Rua do Carmo

T. 292 622 147 F. 292 679 020

E-mail [email protected]

LITERATURA – Temática Vitivinícola

QUINTEIRO, Margarida; TAVARES, Armando Matias; COSTA, Manuel Pau-

lino; PACHECO, Nuno; BETTENCOURT, Maria José. Paisagem da Cultura

da Vinha do Pico – Lagidos da Criação Velha e de Santa Luzia, Secretaria

Regional do Ambiente e do Mar, 2005.

MELIN, Graça. O Vinho das Ilhas, O LIBERAL – empresa de artes gráfi cas,

2000.

CARQUEIJEIRO, Eduardo; TAVARES, Armando Matias; COSTA, Manuel

Paulino; PACHECO, Nuno; BETTENCOURT, Maria José. Paisagem da Vinha

da Ilha do Pico. Secretaria Regional do Ambiente, 2001.

SERPA, Manuel. Da Pedra Se Fez Vinho. Fotografi a José António Rodrigues.

Ver Açor, Lda. 2008

DUARTE, Tomás. O Vinho do Pico, COINGRA, Lda. 1ª edição 2001, 2ª edi-

ção 2004.

MARQUES, Helder; CARQUEIJEIRO, Eduardo; TAVARES, Armando Matias;

COSTA, Manuel Paulino; PACHECO, Nuno; BETTENCOURT, Maria José;

GARCIA, Ângela; LEAL, Dália; GOULART, Mónica; LOPES, Nuno Ribeiro;

MENEZES, Ruben. Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico – candida-

tura a Património Mundial. Secretaria Regional do Ambiente, 2001.

“A ABEGOARIA”

Caminho do Poço Diogo Vieira – Praínha de Baixo

T./F. 292 642 834 TM 91 781 59 02 / 96 675 60 88

E-Mail [email protected] Website www.a-abegoaria.com

Horário de Funcionamento todos os dias, das 08H30 às 12H00 e 15H00

às 19H30

Actividades Animação turística, incluindo visita às vinhas e às instalações

produtivas e venda de vinhos e produtos vínicos.

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76 Rota do Rota do 77

CONSELHOS ÚTEIS

Língua

O Português é a língua ofi cial. Entre a população, é possível encontrar, com

relativa facilidade, quem fale Inglês ou Francês. O Castelhano e o Italiano

são facilmente entendidos pelos portugueses.

Conduzir

A rede de estradas nos Açores está classifi cada em Estradas Regionais (ER),

Estradas/Caminhos Municipais (EM/CM) e Estradas/Caminhos Secundários

(ES/CS). Para conduzir na Região, é obrigatório possuir carta de condução,

bilhete de identidade, seguro, livrete e título de registo de propriedade (os

dois últimos em documento único).

Táxis

Caso não queira aventurar-se a conduzir, pode recorrer aos táxis. Nos

Açores, tal como no Continente português, os táxis são de cor beije. Exis-

tem praças de táxis nas Vilas da Madalena, Lajes e São Roque.

Moeda, Bancos e Câmbio

Nos Açores, enquanto região autónoma portuguesa, circula o Euro, moeda

comum a 15 países da União Europeia. Um Euro divide-se em 100 Cên-

timos. O câmbio de moeda pode ser efectuado nos bancos, que estão

abertos ao público, entre as 08h30 e as 15h00, durante os dias úteis ou nas

máquinas automáticas. A rede regional de caixas automáticas – com a iden-

tifi cação de MB de Multibanco – é muito signifi cativa, existindo em todas

as sedes de Concelho e algumas freguesias, permitindo o levantamento de

notas, 24 horas por dia.

A aceitação de cartões de crédito está bastante disseminada, sendo os mais

utilizados das redes Visa e Visa Electron, American Express, Mastercard e

Maestro. No caso de extravio ou roubo do seu cartão Visa ou Mastercard,

poderá solicitar ajuda através dos seguintes telefones: Visa T. 800 811 107

e Mastercard T. 800 811 272.

Fuso Horário

Nos Açores a hora segue o Tempo Médio de Greenwich (1), logo menos 1

hora do que em Portugal Continental.

Chamadas Telefónicas

O código telefónico internacional de Portugal é o número 351. Para ligar

a partir de Portugal para o estrangeiro deve marcar o indicativo interna-

cional (00), o indicativo do país e o respectivo número.

Principal Festividade Religiosa

As principais festividades religiosas dos Açores caracterizam-se pelos

festejos em louvor do Pentecostes ou Senhor Espírito Santo, como são

localmente conhecidas e tendem a apresentar algumas variações entre

localidades.

As comemorações decorrem durante oito semanas, entre o Domingo de

Páscoa e o Domingo da Trindade, entrelaçando tradições cristãs com a

celebração da Primavera, da Vida, da Solidariedade, da Generosidade e da

Esperança.

A natureza vulcânica das ilhas dos Açores e as suas manifestações, terão

contribuído para a implantação destes festejos. O temor provocado pelas

convulsões da terra, aliado à comoção religiosa, animou a ideia de votos

e o cumprimento fi el de promessas. Participar numa procissão, fazer uma

romaria ou até ser “Imperador” e patrocinar uma “Coroa”, são algumas

formas de cumprir promessas para reconhecer graças concedidas.

O objecto simbólico das festas do Pentecostes é a Coroa, de prata, cujo

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78 Rota do Rota do 79

formato poderá variar, mas na extremidade estará

sempre uma pomba, símbolo do Espírito Santo. É

acompanhada de um ceptro, em prata. A pomba bran-

ca está também representada nos estandartes das Ir-

mandades, cujas cores predominantes são o branco,

dourado e vermelho.

Embora comuns a todas as ilhas, estas comemora-

ções divergem nos seus rituais entre localidades.

Não existe freguesia que não possua o seu Império e

respectiva Irmandade. O Império é uma ermida, cuja

porta principal está encimada por uma coroa e é ex-

clusivamente destinada ao louvor do Espírito Santo.

A comida do dia-a-dia é enriquecida, adornada e alte-

rada em termos de forma e tamanho. Ao pão de tri-

go do quotidiano é-lhe adicionado manteiga, açúcar

e ovos, formando grandes pães, Rosquilhas ou Vés-

peras, que são dispostas em Açafates sobre toalhas

de renda.

A distribuição do pão e das Sopas do Espírito Santo

é feita a todos os Irmãos e respectivas famílias e, em

algumas localidades, a todos os visitantes.

No caso da Ilha do Pico, todas as freguesias festejam

o Pentecostes com o tradicional almoço de Sopas do

Espírito Santo aos irmãos, bem como a distribuição,

por todos os visitantes, de Rosquilhas, ou Vésperas,

ou ainda Pão Creme, consoante a tradição de cada

localidade.

CONTACTOS ÚTEIS

Bombeiros Voluntários da Madalena

T. 292 628 300 / F. 292 628 308 / TM 91 929 38 53

Bombeiros Voluntários das Lajes do Pico

T. 292 679 300 / 292 672 895

Bombeiros Voluntários de São Roque

T. 292 642 250/315 / F. 292 642 033

Polícia de Segurança Pública

Madalena: T. 292 622 860/806

São Roque: T. 292 642 115/730

Lajes: T. 292 672 410

Unidade de Saúde da Ilha do Pico

Madalena: T. 292 628 800

São Roque: T. 292 648 070

Lajes: T. 292 679 400

Farmácia Madalena

Av Machado Serpa, 1 – Madalena

T. 292 622 159

Farmácia Lajense

Rua Pedre Manuel J Lopes – Lajes

T. 292 672 408/403 / F. 292 679 026

Farmácia Melo, Unipessoal Lda

Estrada Regional, nº 27 – Monte – Candelária

T. 292 629 100 / F. 292 629 101

Farmácia Picoense

Rua do Cais, nº29 – Cais do Pico

T. 292 642 364

Farmácia da Piedade

Estarada Regional, nº 1/2 - Piedade

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