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Turismo de Recreio Nautico na Ilha Terceira O Iatismo Perfil e potencial sócio-económico Setembro de 2012 CARLOS COSTA

Turismo de Recreio Nautico na Ilha Terceira O Iatismo · 2015. 1. 28. · “Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 4 Resumo: Este trabalho pretende analisar, quantificar

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Turismo de Recreio Nautico na Ilha Terceira

O Iatismo Perfil e potencial sócio-económico

Setembro de 2012 CARLOS COSTA

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 1

Universidade dos Açores

Departamento de Ciências Agrárias

Licenciatura em Guias da Natureza

3º Ano – 2º Semestre

Turismo de Recreio Nautico na Ilha Terceira

O Iatismo Perfil e potencial sócio-económico

Tutor: João Pedro Barreiros Co-Tutor: José Eduardo Toste

Discente: Carlos Costa

Setembro de 2012

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 2

Índice …………………………………………………………………………………….........2

1 - Introdução………….………………………………………………………………….........5

2 - Objetivos e metodologia......................................................................................................11

3 - O segmento de iates no contexto regional; Enquadramento estratégico.............................13

4 - Análise SWOT do setor do iatismo …………………………………………………........22

5 – Caracterização da oferta ao iatismo....................................................................................25

5.1 - As Marinas nos Açores ....................................................................................................26

5.2 - Marina de Angra do Heroísmo ........................................................................................28

5.3 - Marina da Praia da Vitória...............................................................................................29

5.4. Evolução da oferta aos iatistas ……………………………………………………..........31

5.5 - Aproximações aos impactos diretos sobre o emprego e economia local.........................32

5.6 - A sazonalidade do turismo náutico .................................................................................34

6. Caracterização da procura ....................................................................................................35

6.1- Metodologia e caracterização da amostra .......................................................................36

6.2 - Mercados de origem dos nautas ......................................................................................36

6.3 - Caracterização da visita e análise do percurso da passagem pela Região .......................37

6.4 - Perfil socioeconómico do nauta.......................................................................................37

6.5 - Impacto económico agregado na economia da ilha .........................................................39

6.6 - Análise da concorrência interna nos Açores ………………………………………...….43

6.7 - Avaliação da imagem da ilha Terceira pelos nautas………………………………..….43

7 - A atividade marítima turística desenvolvida e os seus aspetos legais................................47

8 - Contributo para uma estratégia do turismo náutico no segmento iates ..............................49

8.1 - Pacotes turísticos temáticos de saúde e bem-estar …………………………………......49

9 - Conclusão …………………………………………………………………………..….....59

Anexos .....................................................................................................................................60

Anexo I - Ficha da Marina de Angra do Heroísmo .................................................................60

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Anexo II - Ficha da Marina da Praia da Vitória .......................................................................61

Anexo III - Tarifários das marinas ...........................................................................................63

Anexo IV - Questionários ....................................................................................................... 64

Bibliografia...............................................................................................................................66

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 4

Resumo: Este trabalho pretende analisar, quantificar e compreender a importância e o

contributo que o turismo de recreio náutico manifesta no desenvolvimento económico e social

da ilha Terceira. Esta é a ilha mais desenvolvida do grupo central do arquipélago dos Açores e

é servida por duas marinas implantadas nas enseadas das urbes de Angra do Heroísmo e Praia

da Vitória, fruto de uma política de recuperação e de requalificação das suas zonas

ribeirinhas, revitalizando as orlas costeiras, aproximando-as das suas populações e

potenciando o turismo náutico. Uma década após a construção dessas infraestruturas de apoio

aos iatistas, constata-se um maior desenvolvimento económico associado aos turistas que

entram por via marítima, atraídos pela tranquilidade dos lugares, beleza da paisagem e

preservação ambiental, cultural e patrimonial. Todavia, importa incutir uma maior dinâmica

no sector náutico e retirar daí o máximo proveito com a oferta de atividades lúdicas e de bem-

estar aumentando os dias de permanência no destino. A metodologia consistiu na

investigação, recolha e tratamento de dados junto das entidades de controlo de fronteira

marítima e ainda num questionário aberto e aleatório aos turistas de recreio náutico e às

principais empresas ligadas às atividades marítimo-turísticas. Relativamente à inquirição

efetuada aos nautas, esta resultou no conhecimento dos mercados de origem, do perfil

socioeconómico dos iatistas e das principais atividades de lazer praticadas. Deste estudo

conclui-se que a ilha Terceira tem boas perspetivas para, num futuro próximo, poder liderar

no maior número de entradas de embarcações e tornar as marinas da ilha as mais procuradas

do arquipélago com a oferta de boas infraestruturas de atracagem, a prestação de serviços

marítimos com preços sem concorrência e a vivência de expêriencias diferenciadas. Da

colheita de dados conclui-se ainda que seja possível prolongar a estadia daqueles que nos

visitam por via marítima, incrementando significativamente os impactos gerados na economia

local. A procura existe nos serviços de manutenção e reparação de embarcações e nas

prestações de serviços a elas associados, originando valor económico acrescido e efeito

multiplicador de rendimento, na medida em que também gera a prestação de serviços no

inverno em doca seca. Os pacotes temáticos de saúde e bem-estar é uma oferta inovadora e

terá aceitação em cerca de 10 % do universo dos nautas que nos visitam desde que as

empresas ligadas ao programa mantenham uma constante no preço/qualidade do serviço

prestado.

Palavras-chave: Turismo nautico; infraestruturas nauticas; desenvolvimento sócio-

económico sustentável.

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1. Introdução

Analisando o conceito e definição de “turismo de recreio nautico”, o termo “turismo”

segundo o entendimento da Organização Mundial de Turismo (OMT) “ são todas as

atividades realizadas por individuos durante as suas viagens e estadas em lugares distintos da

sua residência habitual, por um período de tempo consecutivo inferior a um ano, com fins de

lazer, negócios ou outros motivos”. O conceito de “recreio” é sinónimo de passeio e diversão.

A terceira palavra “náutico (a)” tem origem no termo grego nautiké e significa a arte ou

ciência de navegar.

A náutica de recreio deu os seus primeiros passos nos países anglosaxónicos, surgindo

a denominação “yachting” no Reino Unido, (CCDRA, 2008).

Segundo a publicação Bordo Livre, 2004, editada pelo Clube de Oficiais da Marinha

Mercante, “desde meados do século XIX que em Portugal surgem embarcações de recreio,

apesar de já existirem, desde 1660 na Holanda, País onde apareceram os iates.

Em 1661 um dos primeiros iates ingleses foi o “Catherine of Braganza“ em

homenagem à rainha inglesa de origem portuguesa.

No século XVIII, no Sul da Irlanda, surge o primeiro clube náutico de iates à vela o

“Water Club of Cork“ seguindo-se em 1815 a fundação do “Royal Yacht Squadron” na cidade

de Cowes, tornando-se um dos mais famosos e distintos clubes do mundo, Cowes é ainda nos

nossos dias, um centro de actividades vélicas.

A partir daí por todo o mundo surgem os clubes, com carácter social e desportivo, não

sendo Portugal excepção, pois é quando surge em 1855 no Arsenal da Marinha a “Real

Associação Naval”.

O turismo é a maior indústria do mundo e tem demonstrado ser o motor de

desenvolvimento económico de diversos países e de certas regiões. Tem importância

estratégica para a economia portuguesa devido à sua capacidade de criar riqueza e emprego.

Segundo o Turismo de Portugal, iP (2006), o Turismo Náutico está organizado por forma

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a corresponder às espectativas de dois mercados distintos:

-A Náutica de Recreio;

-Náutica Desportiva.

A motivação principal do turismo náutico é desfrutar de uma viagem ativa em contato

com a àgua, com possibilidade de realizar todo o tipo de atividades náuticas, em lazer ou

em competição.

Ligadas à Náutica de Recreio estão as experiências relacionadas com a realização de

atividades náuticas (vela, windsurf, body board, surf, mergulho, etc.) ou de charter náutico

(cruzeiros, veleiros, aluguer de veleiros sem tripulação), como forma de lazer. Representa

cerca de 85% do total das viagens de náutica.

A ligação à Náutica Desportiva refere experiências baseadas em viagens realizadas e

cujo objetivo é participar em competições náutico-desportivas. É um mercado muito

especifico, com as suas próprias regras de funcionamento e pelo facto não é considerado um

mercado turístico. Representa 15 % deste setor.

Luís Sequeira, presidente do conselho de administração da EPUL, em nota

introdutória do relatório do Grupo de Trabalho da Náutica de Recreio do Fórum permanente

para os assuntos do Mar, (2012 ) cita o professor Hernâni Lopes na demonstração de que “o

Mar é não só a nossa maior reserva estratégica, mas também o nosso recurso menos

explorado, com capacidade de, a prazo, poder transformar Portugal num ator global da

Economia do Mar”.

A Região Autónoma dos Açores considerou o mercado turistico como um sector

estratégico para o seu desenvolvimento. Todavia, os Açores como destinos turísticos são

ecossistemas frágeis, vulneráveis e impróprios para turismo de massas. Para que não fosse

posta em causa a sustentabilidade e os recursos ambientais foram criados planos de

ordenamento turístico (POTRAA), politicas de ordenamento do território (PROTA), Plano

Estratégico de Animação Turística para o Grupo Central (PEAT-GC) e a recente legislação

sobre a criação de parques de reservas naturais em cada ilha.

“Os Açores foram considerados pelo programa europeu QualityCoast o destino de

férias mais sustentável da Europa. A Região ocupa o primeiro de 100 lugares”, noticiou o

diário insular de 17 de Maio de 2012.

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Fonte: http://www.qualitycoast.info/index.htm

Aquele diário da ilha Terceira noticiou que o “ QualityCoast Gold Award” é da

responsabilidade da European Coastal & Marine Union, organização suportada pela União

Europeia, e foi atribuído ao arquipélago por se considerar que é dos destinos de férias

europeus que melhor mantém a sua identidade local, a sua herança cultural e natural, a sua

beleza e o seu ambiente limpo.

O jornal cita o organismo europeu referindo que os Açores são "um excelente exemplo

de uma região que está a desenvolver o turismo com base na identidade e nos produtos locais

das ilhas" e que, neste sentido, a Região tem dado especial atenção à conservação ambiental

das ilhas e do mar, ao património arquitetónico, às suas tradições e herança cultural. "Os

Açores não permitem que o turismo corrompa estes valores", adiantam. De acordo com os

responsáveis do programa “Quality Coast”, a escolha resultou de uma investigação criteriosa

de 1000 destinos costeiros e ilhas, tendo sido utilizado 120 indicadores de avaliação,

nomeadamente o número de praias com Bandeira Azul e o número de estabelecimentos

merecedores do galardão Green Key, que distingue as boas práticas ambientais

implementadas em hotéis e no turismo rural.

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Fonte: http://www.qualitycoast.info/portugal/destinations/azores.pdf

De acordo com os dados da OMT os principais destinos turisticos mundiais em termos

de nº de chegadas de turistas per capita referem-se a ilhas, sobretudo as Caraíbas. Assim, o

arquipélago dos Açores tem condições de vir a ser um destino turistico de segmentação

especializada a fim de preservar a ecologia marinha e terrestre.

O Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT, 2007/2015), tem por base as

tendências da procura internacional, considerou 10 produtos que foram selecionados de

acordo com a quota de mercado e o potencial de crescimento. Os produtos estratégicos

oferecidos são Sol e Mar, Turismo de Natureza, Turismo Náutico, Resorts integrados e

Turismo Residencial, Turismo de Negócios, Golfe, Gastronomia e Vinhos, Saúde e Bem-

Estar, Touring Cultural e Paisagístico e City Breaks. O turismo náutico representa 2,8 milhões

de viagens/ano na Europa sendo esperados 6,6 milhões de viagens em 2015, o equivalente a

um crescimento anual de 9%. Os principais países de origem do turista de turismo náutico são

Alemanha (24%), a Escandinávia (15%) e o reino Unido (9%). E o Portugal, o Turismo

Náutico representa 1,2% das motivações de turistas. As regiões onde este produto é mais

importante são os Açores (6,2%), a Madeira (5,8%) e o Algarve (3,1%). O PENT, que serve

de base à concretização de ações definidas para o crescimento sustentado do turismo nacional

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divide o produto turístico náutico em três segmentos: cruzeiros, iates e marítimo-desportivo.

O mercado de cruzeiros está em crescimento na Europa, Portugal e nos Açores. Outra

tendência é a emergência das rotas dos cruzeiros no Atlântico em consequência de alguma

saturação no Mediterrâneo.

Segundo os estudos realizados no âmbito do PENT, encomendado pelo Turismo de

Portugal, ip em 2006, à empresa espanhola THR (Asesores en Turismo, Hotelaría y

Recreación, S.A., o arquipélago dos Açores foram considerados a 2ª prioridade para o

desenvolvimento do turismo náutico em Portugal, atrás das regiões de Lisboa e Algarve.

Fonte: Turismo de Portugal ip, (PENT)

Apesar de o principal produto turístico dos Açores ser o turismo de natureza, é

importante referir outros segmentos que podem ser potenciados, como é o caso do turismo de

saúde e bem-estar. A aposta no subproduto “turismo náutico” no Arquipélago é referido como

podendo ter também um grande impacto para o futuro.

A localização geográfica dos Açores, a importância crescente do mar e das dinâmicas

económicas associadas, favorece o turismo de recreio náutico.

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Este tem um interesse estratégico para o desenvolvimento Regional na medida em que

o turista recorre a equipamentos de acolhimento (marinas e Portos), provocando impactos no

mercado local em que é retida uma determinada imagem do destino.

Considera-se que a Região Açores possui grande potencial turístico para o futuro, o

mar e as atividades ligadas a ele poderão desempenhar funções de destaque nesse

desenvolvimento. De igual modo se destaca o turismo de saúde e bem-estar com ofertas de

espaços termais e Spa’s em algumas ilhas.

Da oferta existente (7 marinas e dois núcleos de recreio náutico), surge uma procura

sazonal por parte dos iatistas (Maio a Outubro).

Segundo um trabalho de Luković, T. & Gržetić, Z., 2007, as marinas podem ser

classificadas de acordo com:

a. O nível de equipamento;

Standart, com equipamento básico,

Luxuoso, com equipamento de qualidade,

Recreativo, com a possibilidade de utilizar simultaneamente equipamento

desportivo e recreativo.

b. Tipos de construção;

Tipo americano,

Tipo atlântico,

Tipo mediterrâneo,

c. Posicão da zona maritima;

Aberta,

Semi-fechado,

Fechado,

d. Propriedade das marinas;

Privadas,

Municipais,

Públicas,

e. Localização;

Mar,

Lago,

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Rio,

Canal.

A ilha Terceira recebe anualmente e em média, cerca de 477 iates. Cada um transporta,

em média, 2/3 tripulantes.

Face ao exposto, importa complementar essa oferta de forma a prolongar a estadia

média de 3 dias nas marinas a fim de obter valor económico acrescido, ao mesmo tempo que

se proporciona cuidados saudáveis e de lazer ao turista náutico que por motivo da viagem

longa ou condições meteorológicas adversas chegam debilitados física e emocionalmente.

Assim sendo, logo que sejam colocadas amarras às embarcações e os nautas ponham

os pés em terra, nas receções das marinas da ilha Terceira e nos quiosques da Associação

Regional de Turismo, (ART) os tripulantes terão à sua disposição pacotes turísticos temáticos

de saúde e bem-estar com a finalidade de recuperar energias e elasticidade, desentorpecer e

relaxar de uma forma lúdica.

Se o projeto programático conseguir atrair no mínimo 10 % do universo das

tripulações então teremos cerca de 143 clientes anuais aderentes.

2 – Objetivos e metodologia

Os estudos base do Plano Regional de Desenvolvimento Sustentável da Região

Autónoma dos Açores (PReDSA) definem como prioridades estratégicas para o futuro (2015-

2030) a oferta da Qualidade, conceito entendido como indissociável da Excelência. Assim, na

proposta para a implementação procura-se a definição de uma visão de futuro sustentável para

a Região. O plano apresenta dez pontos principais mais uns considerados intrinsecos ao

desígnio de Qualidade e que importa destacar aqui o que refere que a “componente ambiental

é o fator de diferenciação nuclear dos Açores” e ainda outro ponto que afirma que “ o

património cultural, social e religioso é o espírito da Região”. A economia regional deverá ser

baseada em vantagens competitivas. Este é um dos objetivos gerais deste plano de

desenvolvimento que refere “a existência das vantagens naturais da Região como a paisagem,

a imagem de qualidade ambiental, a singularidade como destino turístico e os recursos do

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mar. Todas estas vantagens devem ser potenciadas para o exterior como um cluster regional.

A capacidade de encontrar elementos que permitam um diferenciamento no mercado nacional

e internacional constitui um fator chave com potencial de fidelização de clientes”. Um apoio

estratégico por parte do Estado e o papel a desempenhar pelas empresas privadas, através de

parcerias de investimento público-privado deverá atrair e fixar novas actividades, podendo ser

um ponto de apoio adicional para a criação de valor, refere ainda os objectivos do plano.

Relativamente aos objetivos gerais da componente ambiental do plano de

desenvolvimento sustentável os mesmos apontam para a “segmentação da oferta de lazer-

turismo, atenuando a sazonalidade e potenciando a sofisticação do serviço”. O plano reforça

ainda a ideia de que as preocupações ambientais devem ser transformadas em oportunidades

de investimento e criação de emprego por actividades económicas que potenciem a gestão

sustentável de recursos endógenos como o turismo e a floresta.

A estrutura do projeto assenta numa abordagem metodológica semelhante nas duas

marinas da Ilha Terceira.

A metodologia aplicada neste estudo permitiu o conhecimento do perfil do turista

que visita a ilha Terceira. As suas opiniões e sugestões, as suas motivações e espectativas,

foram de extrema importância para se realizar um plano estratégico sustentável e direcionado

ao segmento de recreio náutico.

O método consistiu na investigação, recolha e tratamento de dados junto das entidades

de controlo de fronteira marítima e ainda num questionário aberto e aleatório aos turistas de

recreio náutico e às principais empresas ligadas às actividades marítimo-turísticas.

O estudo desenvolveu-se por etapas. Numa primeira fase de investigação procedeu-se

à pesquisa bibliográfica por diversas fontes desde livros especializados em questões de

turismo náutico, na procura de trabalhos cientificos que demonstrassem a problemática e a

sustentabilidade ambiental do setor de turismo náutico.

Numa segunda fase procurou-se conhecer os números estatisticos dos turistas que

entram em Portugal e nos Açores por via aérea, analisando os dados disponibilizados

eletrónicamente pelo (INE) instituto Nacional de Estatística, (EUROSTAT), Gabinete de

Estatísticas da União Europeia e pelo (SREA) Serviço Regional de Estatistica dos Açores,

com o objetivo de compara-los com os dados estatisticos recolhidos sobre os turistas que nos

chegam por via maritima.

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Numa terceira fase acompanhou-se toda a imprensa diária a fim de estar a par de

qualquer informação relevante como, por exemplo, a recente inauguração do porto de recreio

Ilha das Flores ou a notícia difundida pela agência Lusa, em 2009, de que o Governo dos

Açores havia lançado o plano de promoção das marinas e portos de cruzeiro como forma de

estratégia de desenvolvimento da economia maritima.

Procurou-se conhecer as politicas vigentes para a proteção e desenvolvimento turistico

sustentável. Foram elaborados Planos que visam defenir estratégias adequadas de crescimento

do destino turistico Açores. (PLANO ANUAL 2012, PENT, PEAT-GC, POTRAA, PREDSA,

POEMA, e outros planos de ordenamento do território).

Numa quarta fase, foram elaborados questionários dirigidos aos nautas, empresas

maritimo turisticas alvo e empresas na envolvencia das marinas da Ilha Terceira, com a

finalidade de recolher toda a informação pertinente, sujeitando-a a um tratamento e

disponibilizando-a numa base de dados estatística, de forma a que os resultados obtidos

sustentassem e validassem a conclusão do estudo.

Neste documento pretende-se demonstrar que a Gestão de um projecto passa pela

coordenação das tarefas de planeamento, implementação e de controlo, também pela

optimização da distribuição de recursos às diferentes actividades do projecto em si, bem como

a adaptação da estratégia e da estrutura organizacional à especificidade do projecto. Na gestão

de um projecto o mais relevante é terminar a nossa tarefa a tempo.

3 - O segmento de iates no contexto regional; Enquadramento estratégico

Portugal dispõe da maior Zona Económica Exclusiva (ZEE) da Comunidade Europeia

– 1.732 mil Kms², o que corresponde a cerca de 18 vezes superior à área terrestre.

Portugal formalizou em 2009, estando em negociações com instâncias internacionais,

junto da comissão de limites de plataformas continentais (ONU) o alargargamento da

plataforma continental para além das 200 milhas. A proposta de alargamento da área maritima

sob jurisdição nacional para 350 milhas ou 563 km vai aumentar substancialmente a área de

mar passando dos cerca de 1,8 para 3,6 milhões de kms², o que corresponde a 41 vezes mais

do que a área que temos de território terrestre.

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Carta simplificada das áreas marinhas protegidas

incluídas no Parque Marinho dos Açores

Fonte: Diário da República, 1.ª série, N.º 217, Decreto Legislativo Regional 28/2011/A de 11 de

Novembro de 2011

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Fonte: Diário da Républica , 1ª Série, Nº 217, Decreto Legislativo Regional 28/2011/A de

11 de Novembro de 2011

O Plano de Acção da Estratégia Nacional para o Mar, aprovada pela Resolução do

Conselho de Ministros n.º 163/2006, de 12 de Dezembro, incluiu o programa “Planeamento

e ordenamento do espaço e actividades marítimas”. Em Dezembro de 2008, por Despacho

da CIAM ‐ Comissão Interministerial para os Assuntos do Mar, foi determinada a elaboração

do Plano de Ordenamento do Espaço Marítimo (POEM). Este plano incide sobre o território

nacional correspondente aos espaços marítimos sob soberania ou jurisdição portuguesa Tendo

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 16

em consideração as particularidades dos territórios continental e insulares, coube aos dois

Governos Regionais liderar o ordenamento do seu espaço marítimo. Desde modo, no âmbito

das competências atribuidas aos orgãos governativos regionais, em breve será publicado o

Plano de Ordenamento do Espaço Maritimo dos Açores. (POEMA). O plano incide sobre o

mar territorial e a plataforma continental contigua ao arquipélago e orientará os modos de

utilização intensiva e principalmente extensiva das águas que circundam o arquipélago. Para

já e enquanto se espera pela decisão da ONU sobre o alargamento da plataforma para as 350

milhas, o espaço maritimo dos Açores está salvaguardado pelo Decreto Legislativo Regional

28/2011/A de 11 de Novembro de 2011.

Possivel alargamento da ZEE para as 350 milhas

Fonte: Instituto da àgua, IP, 2011

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 17

Fonte: Instituto da àgua, IP, 2011

O relatório cujo projeto temático é o Hypercluster da economia do mar produzido pela

(SaeR) Sociedade de Avaliação Estratégica e Risco para a Associação Comercial de Lisboa,

(2009) esquematiza os planos prioritários com cinco principais componentes que definem o

hyper cluster do mar em Portugal que devem ser potencializados e que são:

-Portos, Logística e transportes maritimos;

-Náutica de Recreio e Turismo Náutico;

-Pesca, Aquicultura e Industria de Pescado;

-Energia, Minerais e Biotecnologia.

Englobam os componentes fundamentais para o bom desempenho da “linha da frente”, os

planos de sustentação imediata:

-Serviços Maritimos;

-Construção e Reparação Navais;

-Obras Maritimas.

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 18

Quanto aos Planos de Alimentação, estes englobam os componentes criadores de consistência

e sustentabilidade a longo prazo que são:

-Investigação cientifica, Inovação e Desenvolvimento;

-Ensino e Formação:

-Defesa e Segurança no Mar;

-Ambiente e Conservação da Natureza.

O Master Plan de ações, distribuidas por quatro plataformas termina com o Plano

Horizonte Mais/Meta-Oceano, com carater prospetivo, de longo prazo e criação das condições

de continuidade da visão.

Estas atividades económicas têm um efeito indireto e multiplicador noutras atividades

e no emprego (efeito multiplicador médio de cerca de 2,8), constituindo, por isso, fortes

geradores de valor acrescentado e desenvolvimento para a economia portuguesa, no quadro da

competição global.

No passado, a construção de barcos à vela tinha como finalidade a navegação para

transporte comercial e a descoberta de novos mundos. Nos dias que hoje correm os veleiros

são construidos para navegação de recreio e lazer.

A náutica de recreio é uma atividade turística, hoje em dia considerada a maior

indústria em expansão no mundo. As viagens de turismo náutico representam 1,15% do total

de viagens dos Europeus. Segundo dados de 2007 da organização mundial do turismo

registaram-se no mundo 903 milhões de chegadas de turistas internacionais em que 50 % dos

que visitam tem como motivo as férias e o lazer, amigos e familiares, 16 % viaja por motivos

profissionais e 27% por motivos de saúde, religião e o outros. Em 2006, o turismo

internacional gerou receitas de 733 mil milhões de dolares, sendo um dos principais setores de

exportação a nivel global. Representam 30% das exportações mundiais de serviços,

alcançando percentagens superiores a 50% em países onde o turismo tem um papel

económico mais relevante como sejam as ilhas. A maioria das chegadas de turistas

internacionais verifica-se em destinos da Europa com 54 %, da Ásia 21% e da América 15%.

(OMT, 2008)

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 19

Relativamente a Portugal a sua posição geografica e o clima ameno e a sua história

oferecem as condições necessárias ao crescimento do setor turistico. É atividade fundamental

para Portugal, pois gera uma riqueza com um peso económico significativo em que este setor

representa 6,5 % do PIB e 7,7 % do emprego, segundo dados de 2007 da WTTC.

O projeto náutica da Intercéltica, Portugal, (2008) desenvolveu uma monografia sobre

“a náutica como fator de desenvolvimento da Região Norte” e refere que as atividades

náuticas mais procuradas são a vela e o mergulho com 1 milhão de praticantes com licença

federativa na Europa. A náutica de recreio é uma atividade em ascensão em Portugal, quer nas

vertentes turística, desportiva e de lazer, quer na industrial, sobretudo na construção de

embarcações de recreio. Referem ainda que a taxa de crescimento anual do turismo náutico

está entre os 8 e 10 %.

Nos Açores o turismo surge como um dos pilares de desenvolvimento estratégico e

também como forma de diferenciação e alternativa ao ciclo produtivo da vaca.

A reserva estratégica dos Açores está direcionada para a economia do mar e o

desenvolvimento do turismo de recreio nautico favorece o fomento da economia local.

O Arquipelago possui recursos abundantes que podem ser utilizados nas atividades de

turismo náutico. O clima e uma ampla zona costeira com paisagens paradisiacas e qualidade

ambiental, favorecem o desenvolvimento do setor. A extensa zona economica exclusiva da

união Europeia (ZEE) potencializa a atividade dos desportos nauticos (Vela, canoagem, jet

sky, surf e windsurf) e as atividades maritimo turisticas whale watching, mergulho, passeios

de barco, pesca desportiva e caça submarina.

Além disso, o arquipelago possui recursos naturais autênticos em terra que marcam a

diferença comparando com destinos internacionais. O vulcanismo, termalismo e a

talassoterapia, a paisagem, e o bird watching e o património histórico, arquitetónico e cultural

são potencialidades extra.

O quadro de referência para o desenvolvimento da náutica de recreio passa por

diversos documentos estratégicos que importa realçar.

As bases para a estratégia de Gestão Integradada Zona Costeira (GIZC) foram

lançadas em Agosto de 2005 com o objetivo de definir as grandes linhas de orientação para a

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 20

adoção de medidas de gestão da linha costeira. Definem competências sobre a zona costeira,

instrumentos de planeamento e respetiva articulação.

O livro verde apresentado em junho de 2006 vem potenciar a relação mar-terra, na

medida em que o turismo costeiro deve aproveitar melhor a proximidade do mar para interagir

com ele através de um conjunto de atividades associadas ao desporto, ao lazer e á saúde.

No mesmo ano surge a Estratégia Nacional para o Mar (ENM) que vem apontar os

vários setores de atividade que apresentam potencial de exploração. O turismo náutico é

referido como um produto a explorar nas vertentes de passeios de barco, pesca desportiva,

desportos náuticos e atividades maritimo turisticas. Este documento vem reconhecer à náutica

e à atividade turistica a capacidade de dinamização do mar e de gerar beneficios económicos.

Em 2007, o Programa Nacional da Politica de Ordenamento do Território (PNPOT)

apresentava a visão estratégica e o modelo territorial orientadores da politica de ordenamento

do território até ao ano 2025, em articulação com a Estratégia Nacional de Desenvolvimento

Sustentável (ENDS), tendo por base os mesmos objetivos gerais de desenvolvolvimento

económico, coesão social e proteção ambiental.

Por seu turno o Plano de Ordenamento do Espaço Maritimo (POEM) aponta um

conjunto de estratégicas em que se destaca o aumento da promoção de Portugal como destino

de turismo náutico.

A nivel da Região o Plano de Ordenamento do Espaço Maritimo Açores (POEMA)

será o instrumento utilizado para programar e concretizar as politicas relacionadas com o mar

territorial e com a plataforma continental contigua ao arquipelago bem como a gestão

integrada das atividades que lhe estão associadas. Um dos objetivos focados sugere o fomento

do turismo, das atividades de recreio e lazer.

O Plano Estratégico Nacional de Turismo (PENT) 2007 inclui o turismo nautico na

lista dos 10 produtos turisticos estratégicos para Portugal devido a uma ampla zona costeira, a

riqueza dos recursos marinhos e as boas condições climatéricas, favorecem as atividades

nauticas e potencia a procura dos turistas.

O homólogo do (PENT) para os Açores, o Plano de Ordenamento Turístico da Região

Autonoma dos Açores (POTRAA) foi aprovado pela Assembleia Legislativa Regional em

2008 através do Decreto Legislativo Regional nº 38/2008/A.. Este plano vem definir o

desenvolvimento sustentável do turismo. Á semelhança do (PENT), o (POTRAA) define as

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 21

àreas de potenciação turistica, com base nas carateristicas especificas de cada ilha. O Plano

Regional de Desenvolvimento sustentável

O parque marinho dos Açores, publicado pelo decreto legislativo Regional de

28/2011/A de 11 de Novembro, estabelece a rede regional de áreas protegidas dos Açores

com base no Plano de Ordenamento do Espaço Maritimo dos Açores (POEMA). Por seu

turno, o Decreto Legislativo Regional nº 35/2012/A define todo o regime de coordenação dos

âmbitos do sistema de gestão territorial, tais como o regime geral do uso do solo e o regime

de elaboração, acompanhamento, aprovação, execução e avaliação dos instrumentos de gestão

territorial.

Recentemente foi publicado em Jornal oficial da Região Açores o diploma de proteção

aos recursos naturais sejam eles fauna, flora, solo ou minerais extraídos do seu habitat para

amostra científica. O DLR nº 9/2012/A de 20 de Março torna obrigatório o pedido de

autorizações e licenças para atividades de investigação cientifica.

O Decreto Legislativo Regional nº 15/2012/A de 02 de Abril – publica o regime

jurídico da conservação da natureza e da proteção da biodiversidade dos Açores. Por outro

lado o Decreto-lei nº 108/2010 de 13 de Outubro – aprova o Regime jurídico com a estratégia

para garantir o bom estado ambiental até 2020.

Os planos diretores municipais (PDM) são instrumentos da política de ordenamento do

território e urbanismo, através dos quais é disciplinado o uso do solo da totalidade do

território. Para Angra - Decreto Regulamentar Regional nº 38/2004 de 11 de Novembro e para

a Praia da Vitória Decreto Regulamentar Regional nº 11/2006/A de 22 de Fevereiro.

O Plano Anual para 2012 da Região Autónoma dos Açores prevê investimento público

na rúbrica Assuntos do Mar (Estratégia para o desenvolvimento e sustentabilidade do mar

Açores no valor de 380.889.00€. O plano para o setor do turismo prevê a consolidação dos

produtos turisticos através do desenvolvimento de ações visando os mercados emissores com

apetencia para os produtos de touring, mergulho, observação de cetáceos, geoturismo,

percursos pedestres, golfe, saúde e bem-estar e meeting industry.

O Governo dos Açores programou medidas á iniciativa privada através do (SIDER),

Sistema de incentivo ao desenvolvimemto regional. É possível investir na compra de

embarcação para exercer atividade de operador marítimo-turístico com o objetivo de aumentar

e qualificar a oferta. De igual modo é possivel apoiar o desenvolvimento de ações e eventos

de animação e promoção turística aos agentes do setor através de ajuda financeira prevista no

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 22

Subsistema de apoio ao Desenvolvimento do Turismo (SIDET). A concessão de incentivos

financeiros a associações e entidades afins para o desenvolvimento de planos de promoção e

animação é executada através dos diplomas regionais18/2005/A, de 20 de Julho e 30/2006/A

de 8 de Agosto.

Também no mesmo âmbito de apoio turístico, a Associação Regional de Turismo dos

Açores disponibilizou apoio técnico em 2008-2009 através do Plano Estratégico de Animação

Turística para o Grupo Central (PEAT-GC) a todos aqueles que pretendessem desenvolver

projetos e programas com objetivo de promover o desenvolvimento sustentado do turismo no

grupo central das ilhas Açorianas. O apoio foi prestado por colaboradores da ART, visava a

consultoria técnica, orientação e apoio na elaboração de candidaturas a incentivos regionais e

formação especializada. As principais áreas de intervenção a que a ART se propôs a ajudar

foram: Turismo e desporto na natureza; Atividade marítimo-turística; Touring e animação

cultural; Meeting industry; e Saúde e bem-estar.

Deste enquadramento é possível concluir que estão reunidas parte das condições

indispensáveis para o desenvolvimento da economia açoriana no setor turístico náutico.

Todavia, não basta a publicação de legislação estratégica e protecionista, ou a existência de

infraestruturas construídas e de uma oferta planeada. É essencial promover

internacionalmente as ilhas dos Açores e em particular as marinas e portos dos Açores para

que o investimento efetuado tenha retorno.

4 - Análise SWOT do setor do iatismo

Em anos de crise económica tornam-se improváveis muitos negócios em todo o mundo.

Mais do que nunca, é extremamente importante pensar duas vezes antes de concretizar

qualquer negócio. Os clientes são cada vez mais exigentes e menos fieis a qualquer produto,

marca ou empresa. Por isso, uma empresa deve analisar com atenção o meio envolvente

através de uma análise SWOT que “corresponde à identificação por parte de uma organização

e de forma integrada dos principais aspetos que caraterizam a sua posição estratégica num

determinado momento, tanto a nivel interno como externo”, Bicho & Baptista,( 2006).

O termo SWOT advém da conjugação das iniciais das palavras anglo-saxónicas Strengths

(forças), Weaknesses (fraquezas), Oportunities (oportunidades) e Threats (ameaças).

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 23

Relativamente à análise externa, no âmbito SWOT, tem como objetivo identificar as

principais oportunidades (Oportunities) e ameaças (Threats), que num determinado momento

se coloca perante a organização. Uma empresa que entenda que o ambiente externo está a

mudar e que tenha destreza suficiente para se adaptar a esta mudança, irá aproveitar melhor as

oportunidades que lhe surjam e estará menos exposta às consequências das ameaças.

No que diz respeito à análise interna, a análise SWOT sujeita à identificação dos

principais pontos fortes (Strengths) e pontos fracos (Weaknesses) caraterizadores da

organização num determinado momento. Tanto o ambiente externo como o interno deverá ser

monitorizado constantemente.

Assim, importa proceder a uma listagem correta das forças e fraquezas na medida em que

dá ao segmento turismo de recreio náutico elementos essenciais no que se refere à sua

orientação estratégica, tendente a retirar maior proveito possivel das forças e a minorizar ao

máximo as fraquezas.

Os dados apresentados basearam-se na recolha de informação junto das entidades gestoras

das marinas, junto dos nautas utilizadores daquelas infraestruturas, junto das empresas que

direta ou indiretamente estão ligadas à atividade maritima na àrea envolvente, bem como em

documentação de orientação estratégica regional e nacional.

Análise SWOT ao turismo náutico dos Açores

Pontos fortes Pontos fracos

Posição geoestratégica privilegiada no

Atlântico Norte e rotas históricas de

navegação

Falta de locais de acostagem, postos de

amarração flutuantes e em seco para

embarcações de dimensões maiores, face a

uma procura que já existe

Condições climáticas e biodiversidade

favoráveis

Sazonalidade do movimento de iates muito

forte (Outubro a Abril)

Quantidade e qualidade das marinas Grande variabilidade das forças da natureza

Segurança nas marinas e portos de recreio Vulnerabilidade ambiental e dos recursos

Possibilidade de complementar e alargar o

leque de atividades e serviços associados ao

iatismo na cadeia de valor do turismo

náutico.

Serviços de manutenção e reparação naval

insuficientes

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 24

Tempo de permanência na Região superior

ao turista que pernoita em alojamento

hoteleiro.

Conhecimento escasso do perfil do turista

náutico pelos orgãos do planeamento,

estatística e promoção regional

Paisagem, hospitalidade, identidade cultural e

patrimonial, recursos naturais e gastronomia

referênciados pelos turistas náuticos como

diferenciação e valor acrescentado

Conhecimento deficiente da capacidade de

carga da náutica de recreio nos Açores

Contribuição para uma cultura maritima

nacional

Carga fiscal elevada e custos crescentes da

manutenção das embarcações

Promoção de emprego diferenciado em

atividades endógenas e exógenas

Dificuldade das empresas maritimo-turisticas

de se afirmarem na marina da Praia da Vitória

Atividade complementar que valoriza e

enriquece a experiência de outros produtos

turísticos

Fonte: Bibliografia náutica diversa e fonte própria

Oportunidades Ameaças

Criação de novos produtos turisticos com

valor acrescentado

Ausência de informação sistematizada sobre a

náutica de recreio

Implemento de uma cadeira de ensino escolar

para a prática da náutica de recreio nas

vertentes de treino e competição

Desajustamento do enquadramento legal do

setor. Morosidade no licenciamento e no

despacho dos processos da náutica,

dessiminado por várias entidades

Apostar no mercado de invernagem a seco Falta de espirito de união entre os vários

agentes, nos diversos subsectores da região.

As outras ilhas dependem das entidades de

S.Miguel

Criar centros náuticos juntos às marinas Transporte aéreo muito oneroso para regresso

dos iatistas a cruzeiros de vela charter e no

regresso ao País na invernagem em doca seca

Implementação de um plano de gestão de

qualidade nas marinas

Crise económica internacional

Dar a conhecer o plano de emergêcia das

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 25

marinas

Fonte: Bibliografia náutica diversa e fonte própria

O sector turístico nos Açores, em geral, e em particular na Ilha Terceira é problemático. O

número de dormidas de cada visitante em média não ultrapassa os 3 dias de permanência,

(Observatório Regional do Turismo, 2008). É por demais evidentes que os altos custos dos

transportes aèreos para as ilhas condiciona a actividade turística. O facto de haver uma

diminuição do turismo interno (-7,6%) no primeiro semestre de 2012 devido à crise

económica leva a que haja a necessidade da tomada de atitudes por parte das entidades ligadas

ao sector do turismo para inverter o rumo. Para este decréscimo contribui a diminuição das

dormidas dos residentes em Portugal (-15,5%).

5 – Caracterização da oferta ao iatismo

O turismo náutico pode ser dividido em três segmentos: Iates, cruzeiros e marítimo-

desportivo. O turismo náutico é um produto emergente porque está sub-explorado e também

em consequência de alguma saturação no mediterrâneo. O mercado de cruzeiros está em

crescimento e esta tendência já se faz sentir tendo o oceano Atlântico como destino.

Fazendo uma análise demográfica, aos concelhos a que obedece o estudo e de acordo

com os resultados preliminares dos censos 2011 publicados na Página eletrónica do Serviço

Regional de Estatística da Região Açores, (SREA) a população residente da ilha Terceira era

de 56,062 habitantes. O Concelho de Angra tinha uma população residente total de 34, 976 e

o Concelho da Praia contabilizava 21,086 habitantes. A urbe da Praia da Vitória possuía 6,723

habitantes e a cidade de Angra 12, 348 habitantes residentes.

Relativamente ao emprego ligado ao sector turístico, nos Açores, no ano de 2005 atingia 6,08

% da população empregada.

Caraterizando em termos de qualidades ambientais e regulamentares importa referir que a

bandeira azul é hasteada desde 2004 no porto de recreio náutico de Angra. Ambas as marinas

regem-se por regulamentação um pouco diferente na medida em que a estância de recreio

náutico da Praia está sobre administração da Câmara Municipal da Praia da Vitória. As regras

são impostas pelo regulamento de exploração da marina da Praia da Vitória que prevê sanções

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 26

pecuniárias, direitos e deveres para os utentes. Por sua vez o empreendimento de Angra é

regrado pelo regulamento de tarifas das marinas dos Açores, publicado pela portaria nº

21/2008 de 21 de Fevereiro.

A oferta nos Açores ao turismo náutico é realizada por:

- Associações e clubes que promovem as modalidades, oferecendo a possibilidade de

usufruirem e praticarem as atividades nauticas de recreio e turismo.

- As infraestruturas de recreio e outras de apoio, como os portos de recreio e as marinas, as

rampas de varagem, os guinchos para alagem e os terminais de cruzeiros.

- As empresas de animação turistica e os operadores maritimo-turisticos.

- Os agentes económicos do setor da indústria (reparação ou manutenção naval), Comércio

(motores, palamenta e acessórios) e serviços (manutenção, aluguer).

5.1 As Marinas nos Açores

A crescente procura dos Açores como porto seguro no Atlântico Norte central por iatistas

e navios de cruzeiro que demandam as rotas das Américas, Europa e de África, levou o

governo açoriano a investir na construção de marinas e portos por todo o arquipélago numa

estratégia conjunta entre as administrações portuárias e a direcção regional do Turismo.

Segundo palavras proferidas por Carlos César, Presidente do Governo Regional dos Açores

em 2009, “as marinas têm um efeito multiplicador de rendimento e geram serviços

complementares necessários aos utentes e visitantes”. Afirmou ainda que na “última década o

executivo regional investiu mais de 150 milhões de Euros na construção de infraestruturas de

apoio ao recreio náutico e ao turismo de cruzeiros, referindo ainda da “importância de tirar-se

o máximo proveito da relação dos Açores com o mar”, sendo objetivo do governo fazer do

arquipélago um destino turístico apetecivel para os iatistas que cruzam os oceanos.

Os Açores, gradualmente, vão deixando de ser um ponto de passagem para descanso e

reabastecimento ou reparação avarias de iates e cruzeiros turisticos que navegam das Caraíbas

para a Europa, passando a ser um destino turistico de recreio náutico.

Em termos de promoção turistica as marinas dos Açores é uma porta maritima aberta ao

mundo.

Neste momento, já existem infraestruturas suficientes de modo a criar as condições

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 27

necessárias para os iatistas que entram na região poderem estabelecer um circuito regional de

recreio náutico, aumentando os dias de permanência na Região. (Ficam de fora a ilha do

Corvo e a ilha Graciosa por falta de infraestruturas).

Em 2009 a Associação Portuguesa de Portos de Recreio avançava com a informação de

que Portugal possuia 30 marinas com 12.000 postos de amarração e um rácio de barcos per

capita de 285 habitantes por barco. Nos Açores esse rácio é de aprox. 59 habitantes por cada

barco.

POSIÇÃO DAS MARINAS NOS AÇORES

Fonte: Pesquisa própria

Marinas 7

Portos de recreio náutico 2

Marina em fase de concurso 1

QUANTIDADE DE MARINAS/LUGARES/EMBARCAÇÕES LOCAIS

AÇORES

Nº DE

MARINAS/

PORTOS

LUGARES

DE

AMARRAÇÃO

EMBARCAÇÕES

RECREIO

REGISTADAS

NOS AÇORES

RÁCIO

EMBARCAÇÃO/

POSTOS DE

AMARRAÇÃO

S. MIGUEL 2 795 709 0,89

S.MARIA 1 120 328 2,73

TERCEIRA 2 470 1094 2.32

FAIAL 1 300 617 2,05

PICO 1 48 a) 514 10,7

S.JORGE 1 76 428 5,63

GRACIOSA 1 ? (97) ? b) 213 2,19

FLORES 1 50 281 5,62

TOTAIS 9 1859 4184 2,25

Terceira

S.Miguel

Corvo

Faial

Graciosa

Flores

S.Jorge

Pico

S.Maria

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 28

Fonte: Elaboração própria baseada em dados das Capitanias maritimas dos Açores e Portos dos

Açores (Agosto 2012)

a) Núcleos de recreio náutico

b) Marina em fase de concurso público ( Esta marina e os 97 lugares de amarração não estão

somados)

Na tabela acima se constata que;

-Existem 2,25 embarcações por cada posto de amarração;

-O número de embarcações de recreio registadas nos Açores é superior à oferta dos lugares de

amarração em 44,4 %.

RÁCIO EMBARCAÇÃO PER CAPITA

REGIÃO/ILHAS EMBARCAÇÕES

RECREIO

POPULAÇÃO

RESIDENTE a)

RÁCIO BARCOS

PER CAPITA

AÇORES 4184 24.6102 58,81

S.MIGUEL 709 112.014 157,98

TERCEIRA 1094 56.062 51,24

FAIAL 617 15.038 24,37

Fonte: Elaboração própria baseada em dados das Capitanias maritimas dos Açores e SREA (Agosto

2012)

a) Censos 2011

5.2 Marina de Angra do Heroísmo

A situação privilegiada do Arquipelago dos Açores no Atlantico Norte, a cidade de

Angra e o seu porto de abrigo constituiu uma importância geoestratégica. Um ponto de

confluência obrigatório das rotas maritimas das Américas e Indias.

Angra, a baía abrigada que deu o seu primeiro nome á cidade do Heroísmo, segundo

nome, por força da sua valentia em defesa própria dos seus habitantes contra os invasores dos

séculos XV e XVI.

A marina de Angra foi construída em 2001, ostenta a bandeira azul desde 2004 e

encontra-se integrada na histórica baía da cidade patrimonio mundial, classificada pela

Unesco em 1983. Está rodeada pelo monte brasil, por uma pequena praia e por serviços de

apoio às embarcações e suas tripulações. Quatro funcionários prestam serviço na

infraestrutura. É administrada pelos “Portos dos Açores”, entidade pública regional.

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Fonte: http://www.svsarah.com/sailing/atlanticcircle/sailterceira.htm

A Marina de Angra do Heroísmo possui 260 lugares de amarração. Destes, cerca de 60

lugares são destinados iates de passagem. Segundo dados fornecidos pelos “Portos dos

Açores”, entidade que tutela a Marina de Angra, esta tem uma movimentação média anual de

320 embarcações de recreio de diversas nacionalidades com uma média de 2/3 tripulantes por

cada iate e com uma média de permanência de 3 dias. As nacionalidades estrangeiras mais

representativas são a França, Reino Unido e Alemanha.

5.3 Marina da Praia da Vitória

A Nordeste da ilha, cidade da Praia da Vitória, a marina tem construção de 2002.

Relativamente à Marina da Praia da Vitória esta possui 210 lugares sendo 45 lugares

reservados a embarcações não permanentes. A movimentação média anual é de 225

embarcações de recreio de diversas nacionalidades com uma média de 2/3 tripulantes por cada

iate e com uma média de permanência de 3 dias. As nacionalidades dos tripulantes

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 30

estrangeiros que mais visitam a Praia da Vitória são as mesmas que entram em Angra (França,

Reino Unido e Alemanha).

A marina localiza-se no extremo Este da ilha Terceira, protegida pelos molhes Norte e

Sul da baía da cidade da Praia da Vitória. Dispõe de 210 postos de amarração com água e luz.

Após passar os molhes a NW avista-se o molhe de protecção da marina entre as praias de

areia. Prainha e Praia Grande e a frente marginal da Avenida Beira-Mar.

A baía proporciona excelentes condições para a prática de desportos náuticos como

sejam a vela, windsurf, esqui aquático, motonáutica. A partir da zona Norte da ilha fazem-se

excursões organizadas de barco, pesca desportiva, mergulho subaquático e whale watching.

Quatro funcionários prestam serviço na marina e é administrada pela Câmara

Municipal da Praia da Vitória.

REGISTO DE ENTRADAS DE IATES EM ANGRA E PRAIA DA VITÓRIA

ANGRA DO HEROÍSMO PRAIA DA VITÓRIA

ANOS QUANT. IATES

PRINCIPAIS NACIONALIDADES

DOS TRIPULANTES ANOS QUANT IATES

ENTRADAS

BANDEIRA DAS

EMBARCAÇÕES

Nação Quant. Trip. Nação Quant.Mov.

2006 *

* *

2006 213

1º França 53

* * 2º Portugal 40

* * 3º R. Unido 34

2007 *

* *

2007 177

1º R. Unido 33

* * 2º Portugal 32

* * 3º França 26

2008 412

1º França 457

2008 292

1º R. Unido 67

2º Portugal 359 2º França 62

3º Alemanha 200 3º Portugal 47

2009 463

1º França 403

2009 268

1º França 79

2º Portugal 325 2º Portugal 52

3º R. Unido 248 3º R. Unido 40

2010 436

1º França 371

2010 217

1º França 61

2º Portugal 218 2º Portugal 34

3º R. Unido 187 3º R. Unido 29

2011 427

1º França 386

2011 196

1º França 56

2º R. Unido 179 2º R. Unido 46

3º Portugal 163 3º Portugal 22

2012 376

1º França 348

2012 211

1º França 67

2º R. Unido 163 2º R. Unido 39

3º Portugal 147 3º Portugal 21

TOTAIS 2114 França 4154 1574 França 1440

Fonte: Portos dos Açores, CMPV, SEF

* Não foram colhidos dados

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 31

Fonte:Própria

5.4. Evolução da oferta aos iatistas

As autoridades nacionais e regionais ditaram as regras e prioridades para o fomento do

produto nautico. Nos Açores, depois de uma década (2000-2012) foram concluídas (excepto a

marina da ilha Graciosa) as prioridades na construção e ampliação de infraestruturas de

suporte para as actividades de recreio náutico (marinas para iates e embarcações de pesca

lúdica), na modalidade desportiva (rampas para a canoagem, kayakes, motonáutica), na

vertente maritimo-turistica (pontões de atracagem seguros e estratégicos) e no segmento de

cruzeiros turisticos (com a construção e melhoramento dos portos e terminais de cruzeiros).

As regras foram surgindo estratégicamente a fim de orientar, proteger e potenciar o

turismo de um modo sustentável.

Depois de criadas as condições de aproximação ao mar começou a afluência à

formação para a prática das actividades náuticas, aumentando o número de praticantes

encartados.

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 32

Cerca de 80% das marinas tem ocupação de embarcações locais, o que demonstra o

aumento do mercado da venda de embarcações de recreio nos Açores na última década. Nas

Capitanias dos Açores existem 4184 barcos de recreio, o que corresponde a mais de 2

embarcações por cada posto de amarração.

5.5 Aproximações aos impactos diretos sobre o emprego e economia local

A nautica de recreio é relevante para o fomento do emprego. “As intervenções

realizadas no domínio do turismo costeiro contribuiem positivamente para a dinâmica do

crescimento e do emprego” refere um estudo sobre o impacto do turismo nas zonas costeiras,

publicado em 2008 por solicitação do parlamento Europeu á CSIL (Centre for industrial

studies em parceria com a Touring servizi).

RELAÇÃO ENTRE OS EMPREGOS GERADOS DIRECTOS E INDIRETOS DAS

ACTIVIDADES ECONÓMICAS ENVOLVENTES ÀS MARINAS DA ILHA TERCEIRA

Fonte: Elaboração própria

O gráfico demonstra que a construção das marinas de Angra em 2001 e a da Praia da

Vitória em 2002 produziu um efeito multiplicador de emprego direto e indireto pelo

surgimento de novas atividades económicas na àrea envolvente. O emprego gerado mais

relevante foi nas empresas maritimo-turistas formadas após 2001, (9). Os novos postos de

trabalho nas marinas, (10), novos Hoteis, Restaurantes, cafés, bares e lojas comerciais. No ano

0

20

40

60

80

100

120

ANO 2000 ANO 2012

DE

EMP

REG

AD

OS

DÉCADA DA CONSTRUÇÃO DAS MARINAS

ANGRA

PRAIA

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 33

de 2000 existiam 38 empregos e em 2012 triplicou nos arredores da marina da Praia (58). Na

envolvente da marina de Angra quadruplicou o número de empregos, era de 22 no ano de

2000 e passou para 103 postos de trabalho.

Os salários constituem valor acrescentado. São os rendimentos dos factores de

produção. Esses rendimentos contribuem para a melhoria da qualidade de vida dos

residentes locais.

É possivel avaliar o peso das actividades económicas ligadas ao mar na economia

portuguesa, considerando os efeitos diretos e indiretos gerados nos seguintes agregados

macroeconómicos:

- Produto interno Bruto (PIB)

- Valor acrescentado bruto, total e por ramo de atividade

- Remunerações

- Impostos sobre os produtos

Das diversas actividades económicas pertencentes ao hypercluster da economia do mar

como as pescas, aquicultura, reparação naval, transportes maritimos, portos, etc, interessa

focalizar-nos no turismo nautico, segmento iates. Todavia, é sempre relevante o peso que tem

na economia as actividades de efeito indirecto como sejam o alojamento e restauração e que

abaixo se apresenta.

VALOR ACRESCENTADO BRUTO (VAB) DAS EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS

NO SECTOR ECONÓMICO-ALOJAMENTO, RESTAURAÇÃO E SIMILARES

Ilha Terceira 2009 2010

Angra do Heroísmo 6.374 9.288

Praia da Vitória 2.955 4.300

Fonte: INE-Sistema de contas (10AGO2012)

Uma marina ou núcleo de recreio é muito mais do que uma simples estrutura de aluguer

de espaços dentro ou fora de água. Ela fornece àgua luz, combustivel e segurança. É prestada

toda uma panóplia de serviços por empresas situadas na envolvência e que poderá ter uma

relação direta com os serviços da marina. Esta prestação de serviços é efectuada pelas oficinas

de manutenção e reparação da náutica e pelas casas de comércio de artigos e acessórios

náuticos.

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 34

RÁCIO EMBARCAÇÃO - EMPREGO

2012

Fonte: Própria e Capitanias dos Açores

O rácio é de 1 embarcação por 6,79 empregos (diretos e indiretos) na ilha Terceira.

Constata-se que apenas associando serviços á estada das embarcações é possivel criar e

potenciar valor sobre a fileira náutica, neste caso em particular sobre o emprego enquanto

variável fundamental do tecido económico.

5.6 A sazonalidade do turismo náutico

“A diversificação de produtos e serviços pode contribuir para a redução dos efeitos

sazonais “CSIL & Touring servizi, 2008. Estes defendem que essa é uma possibilidade se os

turistas puderem desfrutar tanto de sítios culturais e naturais da costa e da área de influência

rural/urbana, como de atividades marítimas diversificadas (mergulho, saúde, talassoterapia,

arqueologia subaquática, etc.,). Os autores defendem que a sazonalidade do turismo tem

decrescido devido a fatores externos, como as alterações climáticas, as mudanças nas

preferências dos turistas e a flexibilidade no gozo dos períodos de férias ao longo de todo o

ano. Este estudo encomendado pelo parlamento europeu para se perceber o impacto do

turismo nas zonas costeiras e os aspetos gerados no desenvolvimento regional, defende que as

EMBARCAÇÕES REGISTADAS

NOS AÇORES; 1094

EFEITO MULTIPLICADOR

DE EMPREGO; 161

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 35

formas alternativas podem ajudar a prolongar a época turística, produzindo vantagens, tais

como: Fontes de rendimento alternativas, criando mais crescimento e emprego, redução do

impacto e da pressão ambiental, económicos e sociais provocados pela concentração da

atividade turística em apenas alguns meses do ano e criação de novas atividades de apoio à

preservação e valorização do património de uma zona.

Nos Açores verifica-se uma perfeita ligação da sazonalidade com as estações do ano.

No segmento de iates ocorre uma quebra de movimentação de embarcações de Outubro a

Abril.

Relativamente ao segmento de cruzeiros não é possível identificar com exatidão a

sazonalidade por ser um produto com forte crescimento. De qualquer modo, os números

estatísticos de 2011 (63 escalas) e 2012 até Junho (81 escalas) indicam que as escalas nos

portos dos Açores são distribuídas pelo ano inteiro.

Quanto às atividades marítimo-desportivas, verifica-se uma forte sazonalidade na

atividade marítimo-turística nas estações de Outono e Inverno. Não há muita saída para o mar

em passeios de barco, observação de cetáceos e pesca desportiva. No entanto, as atividades de

mergulho, Surf e Wind Surf sucedem todo o ano nas ilhas.

6. Caracterização da procura

A procura primária de viagens internacionais de turismo náutico totaliza 3 milhões de

viagens de uma ou mais noites de duração na Europa Segundo os estudos realizados no

âmbito do PENT, encomendado pelo Turismo de Portugal, ip em 2006, à empresa espanhola

THR (Asesores en Turismo, Hotelaría y Recreación, S.A.. Entre as actividades náuticas mais

consumidas estão a vela e o mergulho. Referem ainda que a Alemanha e a escandinávia são os

principais mercados emissores de turismo náutico na Europa. A procura secundária de náutica

de recreio corresponde aos turistas que viajam por outras motivaçõese acabam por realizar

actividades náuticas. Segundo o estudo THR a procura secundária de náutica é estimada em 7

milhões de viagens por ano.

No caso dos Açores a maior procura das actividades náuticas é feita às empresas

maritimo turisticas na modalidade de observação de cetáceos e passeios de barco. O principal

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 36

mercado emissor no ano de 2012 foram os Espanhois e Holandeses. O mercado é muito

incerto porque está dependente dos transportes aéreos e dos charters promocionais.

Relativamente ao volume turistico de iates de recreio os dados recolhidos apontam

para um mercado maioritáriamente de origem francesa em todas as ilhas.

6.1 Metodologia e caracterização da amostra

A pesquisa foi realizada ao londo do ano de 2012 e foi dirigido aos nautas que

atracavam nas marinas de Angra e Praia e utilizado o método de inquérito por amostragem.

Na abordagem metodológica procurou-se informação de fontes crediveis e variadas que

pudessem atestar a validade cientifica de acordo com a realidade socioeconomica actual.

Foi efectuado um questionário aberto e aleatório aos turistas de recreio náutico e às

principais empresas ligadas às atividades marítimo-turísticas.

Relativamente à inquirição efetuada aos nautas, esta resultou no conhecimento dos

mercados de origem, do perfil socioeconómico dos iatistas e das principais atividades de lazer

praticadas.

Na composição da amostra houve uma preocupação da representatividade do todo das

marinas da Ilha e dos operadores maritimo turisticos, todavia, os questionários validados não

representaram mais do que 27,61 %, o que corresponde a 29 questionários que correspondem

a uma amostra de 105 nautas.

Relativamente aos 10 operadores maritimo turisticos metade dos questionários foram

realizados por telefone. O questionário aberto e aleatório deu uma ampla margem de resposta

aos operadores.

O número de questionários obtidos é representativo do universo e a sua amplitude

assegura o alcance dos objetivos estabelecidos para o estudo.

6.2 Mercados de origem dos nautas

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 37

A nacionalidade dos iatistas que mais representatividade tem em todas as marinas dos

Açores é em primeiro lugar Francesa, seguida do Reino Unido e em terceiro lugar de

Portugueses.

Quanto aos nautas portugueses constata-se que a maioria é proveniente das ilha dos

Açores, o que é dizer que circulam num turismo interno.

REGISTO DE ENTRADAS DE EMBARCAÇÕES DE RECREIO

MARINAS ANO

2011

ANO

2012

(Até 15

AGO)

PRINCIPAIS

ORIGENS

DA

VIAGEM

PRINCIPAIS

NACIONALIDADES

DOS TRIPULANTES

MÉDIA DE

DIAS

DE ESTADA

NAS

MARINAS

MÉDIA

DE

IDADES

DOS

IATISTAS

HORTA 1163 1120 Caraíbas França, Alemanha,

Reino Unido 4/5 20/60

P. DELGADA 605 574 Horta,

Terceira França, Reino Unido 5,89 42,4

A. HEROÍSMO 427 376(-43) Horta,

P. Delgada

França, Portugal,

Reino Unido 2/3 40/70

P. VITÓRIA 196 211(-67) Angra, Horta França, Reino Unido,

Portugal 2/3 40/70

TOTAL 2391 2281 Horta França 4,22 45,5

Fonte: Portos dos Açores, CMPV, SEF

Os dados entre parentises referem-se á procedência e destino entre as marinas da ilha

Terceira da mesma embarcação, ou seja a embarcação tocou em Angra, depois deu entrada na

Praia e vice-versa.

6.3 Caracterização da visita e análise do percurso da passagem pela Região

A marina da Horta e o núcleo de recreio da ilha das Flores são os principais pontos de

entrada de embarcações vindas do exterior. Esta primeira entrada nos Açores é originária,

essencialmente das Caraíbas. Depois os iatistas circulam pelas restantes ilhas, principalmente

por S. Miguel e Terceira.

Das 1120 embarcações que tocaram a Horta (2012), 29 delas passaram na Praia da

Vitória o que equivale dizer que 2,6 % destas visitam esta marina.

6.4 Perfil socioeconómico do nauta

O turismo que nos chega por via maritima é pouco expressivo em termos númericos,

mas os turistas têm poder de compra e contribuem para o crescimento económico a nível

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 38

local. Este turismo de recreio nautico, embora não seja uma alternativa ao turismo via aérea é

sem dúvida mais uma opção para o crescimento turístico. È fundamental que os Açores

deixem de ser, cada vez mais, um ponto de passagem para descanso de tripulações e

reabastecimento de embarcações que navegam das Caraíbas para a Europa e África e seja, de

forma expressiva, um destino turístico de recreio náutico.

O perfil sócio económico destes turistas caracteriza-se por possuírem média de idade

elevada, fixando-se entre os 35 e os 65 anos, geralmente são reformados ou com muita

disponibilidade de tempo pertencentes ao sexo masculino, em grande parte com formação

superior, poder económico, educação ambiental e apreciadores do património natural e

cultural, visão das coisas, experiência de vida e abertura de espírito, enquadrando-se e

interligando-se também com a oferta turística que a região faz das atividades de Saúde e

Lazer. Os maiores gastos prendem-se com os combustiveis e de seguida com os custos

inerentes à permanência nas marinas.

A principal actividade de lazer que o iatista faz enquanto permanece na ilha são os

percursos pedestres e a visita cultural.

Foi possivel apurar ainda no inquérito que 90 % das refeições são consumidas a bordo

o que demonstra a importância das compras efectuadas nos supermercados

Fonte: Elaboração própria por consulta de dados em Portos dos Açores

As embarcações tripuladas por portugueses estariam neste gráfico na 3ª posição com

22 % de afluências, caso não fosse pedido iatistas estrangeiros.

FRANÇA 57%

R.UNIDO 26%

ALEMANHA 17%

ANGRA - ANO 2012 MERCADO DE ORIGEM

DOS TURISTAS NÁUTICOS ESTRANGEIROS

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 39

Fonte: Elaboração própria por consulta de dados da Câmara Municipal P.Vitória

6.5 Impacto económico agregado na economia da ilha

As novas edificações das frentes ribeirinhas favorecem a animação turística costeira e

tem impacto no crescimento da economia regional. Ademais, contribui para a requalificação

urbana e ambiental. É por demais evidente que as zonas costeiras dos Açores são as áreas com

maior desenvolvimento económico, fruto de uma maior procura e uma maior valorização da

terra. Os Sectores da construção civil e imobiliário, comércio e transportes retiram benefício e

crescem impulsionados pelo desenvolvimento do turismo.

Segundo o relatório da SAER sobre o hyper cluster da economia do mar, 2009 O

turista praticante de actividades nauticas gasta em média entre 80 €/dia, no caso de praticar

desportos tais como surf, windsurf, e snorkeling, 200 €/dia por noite e embarcação no caso de

navegação de recreio com embarcação própria, e 500€/dia, quando já envolve o aluguer de

barcos privados com tripulação ou quando realizam cursos de navegação.

RETORNO DEIXADO PELO IATISTA NA ECONOMIA LOCAL

MARINAS DA ILHA TERCEIRA VALOR

MÉDIO

Despesas com a marina 50€/dia

Gastos em restaurantes/cafés/supermercados 22€/dia

Despesas com combustivel 70€/dia

Gastos na manutenção/reparação barcos 13€/dia

Despesas com transportes (rent-a-car, táxis) 20€/dia

0%

55% 32%

13%

PRAIA - ANO 2012 MERCADO DE ORIGEM DOS TURISTAS

NÁUTICOS ESTRANGEIROS

França R.Unido Alemanha

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 40

Outros 45€/dia

TOTAL 220€

220,00€ x 6 dias = 1,320,00 € por embarcação

Ano de 2012 com 477 embarcações

1,320,00 € x 477 = 629,640,00 €

Em consonância com a amostra recolhida por inquérito aberto aos iatistas, os dados

acima referidos enquadram-se nos resultados obtidos na ilha Terceira em que o retorno

deixado naquelas na economia local é de de 220 €/dia. Sabendo que a estada na ilha Terceira

é de cerca 6 dias (3+3) multiplicando obtemos o produto de 1,320,00 € por cada embarcação.

1,320,00 € multiplicando pelo número total de embarcações entradas na ilha em 2012 que é de

477, obtemos um valor final de 629,640,00 €.

A náutica de recreio, por ser no momento, uma atividade com caráter residual,

significa que tem potencial para se desenvolver. Todas as infraestruturas de recreio náutico

criadas contribuíram também para virar a construção da malha urbana para o mar. A marginal

da Praia da Vitória, e as portas do mar de Angra e Ponta Delgada são exemplo da vontade

abrir portas e janelas e tirar proveito dos recursos que o que o mar nos dá ao invés de pensar

que dele só vem tempestades, inimigos e para os pescadores perderem a vida.

MARINA DE ANGRA DO HEROÍSMO - CONSTRUÍDA EM 2001 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS JUNTO À MARINA

Indicadores de

desenvolvimento

Antes da construção

da marina

(Ano 2000)

Marina a operar (Ano 2012)

População local (Concelho) 35.581 ( censos 2001) 34.976 (censos 2011) Nº de emprego gerado envolvente 22 103 Preço de construção (por m²) 450,43 € 607,77 € Nº de Hoteis 1 2 Nº. de restaurantes 3 6 Nº. de cafés-Bar 2 6 Nº Empresas de Náutica recreio 3 8 Nº. Lojas de Comércio 0 0 Nº.de Escritórios 0 0 Nº.de Agências de viagens 0 0 Nº de Caixas autom. multibanco 0 0

Preservação dos recursos naturais Preservados Preservados

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 41

Fonte:. Pesquisa do autor

Tabela nº (12 anos de atividade da marina de Angra do Heroísmo)

MARINA DA PRAIA DA VITÓRIA - CONSTRUÍDA EM 2002

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS JUNTO À MARINA

Indicadores de

desenvolvimento

Antes da construção

da marina

(Ano 2000)

Marina a operar (Ano 2012)

População local (Concelho) 20.252 ( censos 2001) 21.086 ( censos 2011) Nº de emprego gerado envolvente 16 58 Preço de construção (por m²) 450,43 € 607,77 € Nº de Hoteis 1 2 Nº. de restaurantes 1 5 Nº. de cafés-Bar 3 8 Nº Empresas de Náutica recreio 1 2 Nº. Lojas de Comércio 0 2 Nº.de Escritórios 1 1 Nº.de Agências de viagens 1 2 Nº de Caixas autom. multibanco 0 1

Preservação dos recursos naturais Preservados Preservados

Fonte:. Pesquisa do autor

Tabela nº (12 anos de atividade da marina da Praia da Vitória

Num relatório final datado de 17 de Fevereiro de 2009, cujo projeto temático é o

Hypercluster da economia do mar produzido pela (SaeR) Sociedade de Avaliação Estratégica

e Risco para a Associação Comercial de Lisboa, refere que o valor económico das atividades

ligadas ao mar considerado na economia portuguesa é, atualmente, cerca de 2% do PIB

nacional, empregando diretamente cerca de 75 milhares de pessoas. Considerando os efeitos

diretos e indiretos, o valor total situa-se entre 5 e 6 % do PIB português.

Em zonas económicamente subdesenvolvidas, as marinas têm um impacto de tal

ordem que a economia local e regional inicia um desenvolvimento muito rápido em circulos

concêntricos à sua volta. O melhor exemplo deste facto é a marina “Frapa” na Rogoznica, na

Croácia. Este exemplo mostra como as melhores decisões de negócios e os melhores

investimentos levam ao topo. Demonstra também o modo como as marinas podem estimular o

desenvolvimento económico local e regional no Mediterrâneo, Lukovic, T. & Seric, N., 2007.

Estes dois professores universitários croatas defendem que existem seis modelos

básicos de oferta dada pelas marinas:

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 42

1- As marinas que criam a sua própria oferta independente, dentro da sua àrea. Ex:

Algumas marinas da Croácia e Grécia.

2- As marinas que vão além dos seus próprios limites e incorporam a localidade na

sua oferta. Ex: Sucede com as marinas altamente desenvolvidas com a “marina

Frapa”, na Croácia.

3- Marinas cuja oferta se baseia na atratividade dos centros urbanos. Marinas situadas

em centros históricos como Dubrovnik, Atenas, Creta, Barcelona etc.

4- Marinas que estão rodeadas por uma oferta turistica mais ampla. Ex: Actualmente

acontece com a maioria das marinas francesas, Cote d’Azure.

5- Marinas com uma convivência sustentável entre a indústria e outras zonas

económicas. Ex: Marinas Espanholas com carateristicas de transito ou passagem.

6- Marinas que fazem parte da actividade desportiva local. Ex: A totalidade da costa

Mediterrânica.

Marina Frapa (Rogoznica), Croácia

Fonte: “Nautical Tourism and Its Function in the Economic Development of Europe Marina

Frapa, Croácia”. Tihomir Luković University of Dubrovnik

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 43

Atendento aos modelos desenvolvidos por Lukovic, T. & Seric, N., é possivel

enquadrar o modelo básico de oferta das marinas da ilha Terceira. A marina de Angra está

situada numa pequena cidade histórica, património mundial e numa ilha com preservação do

ambiente natural, sendo por isso enquadra-la no modelo 3. O modelo de oferta 1 é o que

melhor define a estratégia actual por parte da marina da Praia da Vitória.

6.6 Análise da concorrência interna nos Açores

Numa primeira análise, podem-se avaliar os principais mercados concorrentes

exógenos. Serão aqueles que possuem destinos costeiros apropriados à prática de desportos

náuticos e com infraestruturas preparadas para a recepção e manutenção de embarcações. São

eles a Espanha, França e Itália, segundo o Turismo de Portugal Ip.

A concorrência às marinas da ilha Terceira é feita pelas marinas da Horta, com 1120

movimentos em 2012 e Ponta Delgada com 574 movimentos no mesmo ano. As duas marinas

da ilha em estudo não somam mais do que 477 movimentos anuais.

Dificil será inverter as tendências na medida em que existem factores que não

favorecem uma nova ordem. A marina da Horta, apesar de só dispôr de 300 amarrações não

deixará de ser uma escala obrigatória porque a marina está para os iatistas como Meca está

para os muçulmanos. Ponta Delgada tem uma marina moderna e com 795 lugares de

atracação mais o desenvolvimento económico que a ilha Terceira não tem.

6.7 Avaliação da imagem da ilha Terceira pelos nautas

“A imagem de um destino é objeto de estudo desde a década de 70, cientificamente

enquadrada na área do marketing a partir da qual desenvolve uma abordagem e instrumentos

de reconhecida interdisciplinaridade”, defendeu a Comissão de coordenação e

desenvolvimento Regional do Algarve no ano de 2008 com o título “Perfil e potencial

económico –social do turismo náutico no Algarve . É muito subjetivo defenir-se “imagem”,

cada um individuo tem uma imagem muito pessoal das coisas. Entender a imagem de um

destino é extremamente complexo, pois a imagem está em constante mudança e pode ser

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 44

influenciável por razões históricas, opiniões pessoais, comunicação social e outras

motivações.

Foi utilizado o método de inquérito para avaliação pelos nautas da imagem dos Açores

em geral e da ilha Terceira em particular, tendo em conta como principio orientador o estudo

da Comissão de coordenação e desenvolvimento Regional do Algarve no ano de 2008. Foram

listados 17 atributos, posteriormente avaliados numa escala de muito bom a mau. Seguiu-se a

sequência de inventariação efectuada por Echtner e Ritchie (1991,1993) relativa a 14 estudos

sobre o processo de medição da imagem, selecionaram-se e adaptaram-se os elementos á

realidade da Região insular dos Açores como os transportes que são fulcrais.

IMPRESSO DE INQUÉRITO

ATRIBUTOS DE IMAGEM COGNITIVA

Colocar uma X nas coluna que achar a resposta mais correta

MUITO

BOM

BOM SATISF. MAU M. MAU

1-NIVEL GERAL DE PREÇOS

2-HOSPITALIDADE

3-QUALIDADE NOS

SERVIÇOS

4-SINALÉCTICA DE

INFORMAÇÃO E TRANSITO

5-VIDA NOCTURNA

6-ANIMAÇÃO

7-PAISAGEM

8-SERVIÇOS DE SAÚDE

9-SEGURANÇA EM TERMOS

GERAIS

10-PATRIMÓNIO E EVENTOS

CULTURAIS

11-GASTRONOMIA

12-LIMPEZA

13-OPORTUNIDADES DE

COMPRAS

15-ORDENAMENTO URBANO

16-CONSERVAÇÃO ESPAÇOS

PÚBLICOS

17-TRANSPORTES

18-CLASSIFICAÇÃO GERAL

Fonte: Própria

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 45

GRÁFICO DE ANÁLISE AOS ATRIBUTOS DE IMAGEM

Fonte: Própria

Na análise de distribuição de frequências constata-se que todos os atributos

apresentam valores positivos com uma percentagem superior a 10, revelando um perfil de

imagem positivo.

Os elementos mais valorizados foram a paisagem e a limpeza (Angra e Praia) seguido

do ordenamento urbano (Angra) e o nivel geral de preços (Praia). O elemento menos

valorizado foi o nº 13 oportunidades de compras em Angra e Praia.

0% 20% 40% 60% 80% 100%

1-NIVEL GERAL DE PREÇOS

2-HOSPITALIDADE

3-QUALIDADE NOS SERVIÇOS

4-SINALÉCTICA DE INFORMAÇÃO…

5-VIDA NOCTURNA

6-ANIMAÇÃO

7-PAISAGEM

8-SERVIÇOS DE SAÚDE

9-SEGURANÇA EM TERMOS GERAIS

10-PATRIMÓNIO E EVENTOS…

11-GASTRONOMIA

12-LIMPEZA

13-OPORTUNIDADES DE COMPRAS

15-ORDENAMENTO URBANO

16-CONSERVAÇÃO ESPAÇOS…

17-TRANSPORTES

18-CLASSIFICAÇÃO GERAL

MUITO BOM

BOM

SATISF.

MAU

M. MAU

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IMPRESSO DE INQUÉRITO

ATRIBUTOS DAS CONDIÇÕES NAUTICAS NA REGIÃO

CLASSIFICAÇÃO POR ORDEM NUMÉRICA DE 1 A 10, EM QUE 1 É A MELHOR CONDIÇÃO

1. VENTO

2. ONDAS

3. TEMPERATURA

4. SEGURANÇA

5. INVERNO

6. PROBABILIDADE DE TEMPESTADES

7. LUGARES PARA ANCORAR

8. BELEZA NATURAL

9. ÁGUAS LIMPAS

10. OUTROS

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 47

Fonte: Elaboração própria

No conjunto dos atributos analisados destaca-se o ponto 8. Beleza Natural,

coincidindo com a imagem que os turistas tem com um estudo de 2005-2006 sobre os turistas

que visitaram os Açores realizado pelo SREA.

De uma maneira geral a imagem associada aos Açores e em particular à ilha Terceira é

muito positiva em que os nautas não se cansam de valorizar os aspetos de tranquilidade,

conforto, hospitalidade, autenticidade e gosto de bem servir dos habitantes locais.

7. A atividade marítimo turística desenvolvida e os seus aspetos legais

Estas actividades englobam um imenso grupo de serviços de turismo de lazer. Esta

oferta vai desde o aluguer de barcos de recreio com ou sem tripulação, à pesca turistica e

pesca-turismo, (pesca efectuada a bordo de embarcações de pesca profissional) observação de

cetáceos, mergulho e escafandrismo, aluguer de motos de água e outras pequenas

05

101520253035404550

1.VENTO

2.               ONDAS

3.TEMPERATURA

4.SEGURANÇA

5.INVERNO

6.PROBABILIDADE

DE TEMPESTADES

7.LUGARES PARA

ANCORAR

8.               BELEZANATURAL

9.               ÁGUASLIMPAS

10.            OUTROS

MÉDIA DOS ATRIBUTOS DAS

CONDIÇÕES NÁUTICAS

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 48

embarcações como as canoas ou caiaques. Todas estas actividades maritimo-turisticas estão

regulamentadas e previstas em legislação regional Artº 4º do Decreto Legislativo Regional nº

23/2007/A de 23 de Outubro (RAMTA) e requerem uma licença por parte dos operadores

maritimo turisticos para prestarem serviços.

Esta atividade tem uma carateristica muito sazonal desenvolvendo-se essencialmente

nos meses de Maio a Outubro, tanto nos Açores como no Continente.

Por outro lado todas as actividades maritimas estão sujeitas ao regulamento da náutica

de recreio (RNR) em que o seu regime juridico foi consagrado pelo Decreto Lei 124/2004 de

25 de Maio. Tendo como objetivo controlar todas as embarcações de recreio a fim de manter

os niveis de segurança das mesmas e dos seus utilizadores.

EMPRESAS MARITIMO-TURISTICAS EM 2012

ANGRA DO HEROÍSMO PRAIA DA VITÓRIA

AGUIATURS AÇORPRAIA

ANFIBIOS LIMA PRAIA

GRATURMAR MAR VELA E SOL

MARSOL OCTAPUS

OCEAN EMOTION PRAIAAÇORES

Fonte: Própria

EMPRESAS MARITIMO-TURISTICAS EM 2012

QUANT.

ACTIVIDADES

PRINCIPAIS MAIS DESENVOLVIDAS

CLIENTES

GASTO

POR ACTIVIDADE

MERCADO

EMISSOR

GRUPO

ETÁRIO

ÉPOCA

DE PROCURA MÉDIA ANO

ANGRA 5

1º Observ. cetáceos

2º Passeios de barco 3º Mergulho

8.200 265,00€ 1º

HOLANDA 2º

ESPANHA

20-50

2ªquinzena

Junho,

Julho Agosto e 1ª

quinzena

Setembro TOTAL 2,173,000,00 €

PRAIA 5

1º Passeios de barco

2º Pesca Desportiva

3º Observ. cetáceos

230 185,00€

1º E.U.A.

PORTUGAL

25-40 Maio a

Outubro

TOTAL 42,550,00 €

Fonte: Própria com base a inquérito por telefone e por questionário escrito

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 49

8. Contributo para uma estratégia do turismo náutico no segmento iates

O projeto realizado teve como objetivo sistematizar possiveis caminhos para retirar o

máximo proveito do contributo do iatismo no incremento da riqueza e bem-estar na ilha na

ilha Terceira e na economia regional.

O estudo efectuado conduziu ao conhecimento do actual perfil da procura e da oferta

no segmento de iates, os impactos económicos agregados na actividade, a imagem do produto

e da região retida pelos nautas e as caracteristicas dos mercados concorrênciais internas.

As eficiências estratégicas da forma como se promove a imagem da região mede-se

pela estabilidade com que são transmitidas ao longo do tempo.

Apresentam-se algumas medidas que contribuiem para o melhoramento do segmento:

Contribuir para a evolução da qualidade dos serviços prestados. Potencializar o cluster

nautico. Elaborar roteiros programáticos em colaboração com Hotéis, Gabinetes de estética,

restaurantes e Health Centers, desenvolvendo o cluster saúde e bem-estar, para que os

visitantes possam usufruir dessas infraestruturas de qualidade e com isso prolongar a estada

do turista por mais três dias. Valorizar, revitalizar e melhorar as infraestruturas de recreio

nautico.

8.1 Pacotes turísticos temáticos complementares para os iatistas

No âmbito dos estudos realizados para o PENT, encomendado pelo Turismo de

Portugal, ip em 2006, à empresa espanhola THR (Asesores en Turismo, Hotelaría y

Recreación, S.A., o turismo de saúde e bem-estar tem vindo a aumentar na Europa e prevê-se

que o ritmo de crescimento no futuro. Em Portugal. O produto saúde e bem-estar representa

1,9 % das motivações dos turistas que nos visitam. Os estudos revelam que relativamente às

infraestruturas existentes, o País dispõe de termas com instalações antigas e serviços

reduzidos e que apenas 18% das mesmas em actividade operavam durante todo o ano.

No que concerne aos spas, o estudo aponta para a existência de um numero reduzido e

insuficiente para dar visibilidade a Portugal como destino no segmento. A Alemanha domina

entre os mercados emissores com 64 % da quota e o consumidor tem uma despesa entre os

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100 e os 400 euros e fica em média 4 ou mais noites no destino. Este produto divide-se em 3

segmentos: termas, spas e clínicas especializadas.

As regiões que deverão ser prioritárias para o desenvolvimento do Turismo de saúde e

bem-estar são Açores e Madeira, refere os estudos para a elaboração do plano estratégico

nacional de turismo. Portugal pode ambicionar tornar-se um “wellness destination”,

alavancando o potencial dos Açores e da Madeira para o desenvolvimento de ofertas

distintivas.

A talassoterapia é um produto turistico de saúde e bem-estar com forte potencial de

desenvolvimento nos Açores na medida em que dispoe de recursos abundantes. É um

tratamento que utiliza água do mar, o ambiente marinho e os seus recursos (algas, esponjas,

anémonas).

A fim de prolongar a estada do nauta nas marinas propõs-se associar outro segmento

turistico de saude e bem-estar. No inquérito efectuado não houve muita receptividade ao

pacote turistico programado, todavia foi aqui projectado.

Neste documento pretende-se demonstrar que a Gestão de um projecto passa pela

coordenação das tarefas de planeamento, implementação e de controlo, também pela

optimização da distribuição de recursos às diferentes actividades do projecto em si, bem como

a adaptação da estratégia e da estrutura organizacional à especificidade do projecto. Na gestão

de um projecto o mais relevante é terminar a nossa tarefa a tempo.

O presente trabalho tem por objeto colocar em marcha um plano de recuperação

direcionado para o corpo e mente no ambiente natural dos Açores e em forma de lazer do

nauta que nos visita. Para isso pretende-se:

Criar uma empresa denominada “Relaxing Land” direcionada para passeios e trilhos

pedestres em ambiente natural para contemplação da paisagem ou em ambiente citadino para

conhecer as tradições, a cultura e o património local.

Adquirir um prédio urbano próximo da marina da Praia da Vitória e reconstrui-lo para

sede da empresa.

Elaborar roteiros programáticos em colaboração com Hotéis, Gabinetes de estética,

restaurantes e Ginásios para que os visitantes possam usufruir dessas infraestruturas de

qualidade.

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Contribuir para a diferenciação e evolução na qualidade dos serviços prestados nas

marinas, postos de turismo e disponibilizar informação e outras atividades com interesse para

os iatistas.

Contribuir para o reconhecimento da importância dos nossos portos de abrigo, para

divulgação e promoção dos Açores em geral e da ilha Terceira em particular como destino

turístico.

Compreender as condicionantes existentes no desenvolvimento do cluster saúde e

bem-estar na ilha Terceira.

Sabendo que 477 embarcações que visitaram a ilha Terceira entre Maio e Agosto

passaram por aqui cerca de 1431 pessoas.

São estes indivíduos os potenciais clientes da “Relaxing Land”. Se o projeto

programático conseguir atrair no mínimo 10% desse universo então teremos 143 clientes

aderentes.

Relativamente à metodologia a aplicar, a estratégia passa pela oferta de conforto

térmico e de espaço físico, elementos que carecem numa embarcação. O plano para satisfação

do cliente remete-o para um programa de atividades indoor/outdoor orientado para a

libertação da tensão corporal acumulada nas viagens marítimas.

Apesar de ser considerada uma viagem de recreio ela é desgastante, existindo fatores

individuais e ambientais que influenciarão a sensação corporal de conforto térmico,

necessitando de recuperar energias físicas e mentais através de atividades complementares de

relaxamento e de ócio.

Para que haja qualidade na oferta de lazer, tendo em conta o viver experiências

humanas benéficas, incluindo a liberdade de escolha, a criatividade, satisfação, diversão e

aumento do prazer e felicidade, os recursos humanos que servirão os turistas serão licenciados

e especializados nas temáticas programadas e acompanha-los-ão permanentemente.

Recursos humanos especializados - 1 licenciado em guias da natureza, 1 licenciado em

fisioterapia, 1 estéticista/massagista, 1 professor de Tai chi, Reiki.

Recursos logísticos – 1 veículo automóvel de 7 lugares, 8 bicicletas. Parcerias com

Hoteis, Restaurantes, estéticistas e ginásios.

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 52

Recursos financeiros - O preço pago pelo cliente estará relacionado com a qualidade

do serviço prestado (value for money). Todos os grupos de turistas terão um seguro de

acidentes pessoais.

Caberá à ART as tarefas de orientação e organização para cumprimento do programa

desde o transporte da origem ao destino e regresso. Todavia, o alojamento em hotel e as

atividades indoor serão também acompanhados por um colaborador dessas instituições.

O projeto tem o seguinte orçamento:

SERVIÇO EXECUTADO PELA

“RELAXING LAND”

CUSTO

(aprox.)

SERVIÇO PRESTADO POR

TERCEIROS

CUSTO

(aprox.)

- Aquisição e remodelação de prédio

para sede da firma 150.000,00€

- 2 noites alojamento em Hotel de 4

estrelas (época alta) 276,00€

- Recursos humanos (equipa de

licenciados e técnicos de apoio)

1 guia da Natureza, 1 professor de artes

holísticas

160,00 €

- 4 refeições nos Hoteis 100,00€

- Restaurantes (2 refeições) 45,00 €

- Recursos logísticos, material de

consumo e custos administrativos

(Aluguer de Viat. 7 Lugares, despesas

combustível, telefones, seguros)

493,00 €

fisioterapeuta/massagista/estéticista

(Limpeza de pele e depilação,

massagem, reiki, serviço de chá,

banhos de imersão, aromaterapia)

205,00 €

Total 653,00 € Total 626,00 €

Custo do programa por cliente 199,00 € (casal 299 €) Total Geral 151.279,00€

Fonte: Elaboração Própria

O presente documento pretende diagosticar, sugerir, resolver, transformar e colmatar

as carências das infraestruturas de apoio aos turistas nauticos.

A estratégia passa por caracterizar o problema para propôr soluções, justificando a

necessidade de intervir.

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 53

Nº reduzido de Turistas nauticos na Ilha Terceira

Falhas na Oferta

Ambientais e Estruturais

Poluição nas

marinas

Espaços

Adaptados

Assoreamento

constante

marina P.Vit.

Estruturais

falta lugares

amarração

Ineficiente

rentabilidade

dos espaços

Falta de Manutenção

Carências na Procura

Má divulgação das

infraestruturas

Problemas promocionais

Má gestão dos recursos humanos

Excesso de

pessoal

DIAGNÓSTICO

Outro problema associado prende-se com a escassez de actividades de animação e

entretenimento turístico na ilha. A falta de inovação e diferenciação para o surgimento de

novas actividades, aumentando o leque de opções para manter o turista ocupado está na base

do problema. Do acima exposto e no sentido de contribuir para quantificar a procura de

visitantes que nos chegam por via maritima, conhecer o perfil do turista e diversificar a oferta

com a apresentação de programas temáticos de lazer, saúde e bem-estar, surgiu este projeto na

tentativa de inverter a situação actual e aumentar a permanência dos turistas nauticos na

região.

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 54

QUADRO LÓGICO

Objectivos Indicador Fonte do

Indicador Hipótese

-Espaços nas marinas:

-Potenciar.

-Valorizar.

-Aumentar.

600-800 lugares

Dados estatísticos

da CMPV, GNR,

SEF, Portos

Açores

Regulação da

procura

-Divulgação.

-Apresentação de dados

estatísticos

Análise da

procura e da

oferta

-Inquérito aberto

aos utentes

-Internet

-Divulgação site

CMPV

-Regulamentos

internos das

marinas

-Legislação

regulamentar

-Melhorar serviços.

-Diferenciação e

diversificação do

produto oferecido.

-Redução de

recursos

humanos.

-Formação

contínua de

colaboradores

-Alternativas e

inovação ao

serviço

prestado.

Projeto próprio

-Fiscalização dos

serviços de apoio.

-Manutenção dos

espaços.

-Aumentar quantidade

de turistas.

-contribuir para o

aumento das receitas

das empresas locais

-Aumentar as

taxas hoteleiras,

de restauração e

atividades de

apoio em época

alta

Projeto próprio

-Garantir a

qualidade dos

serviços prestados

-Elaboração de

programa de Saúde e

Bem-Estar

Prolongar estadia

mais 3 dias

Projeto próprio

-Aumento da taxa

de ocupação

hoteleira.

-Dinamização da

economia local

Fonte: Elaboração própria

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 55

Descrição de alternativas

Propõe-se fazer um estudo de impacte ambiental e inquérito aos residentes locais sobre a

hipótese de construir e aumentar os lugares disponíveis na zona húmida do Paúl, colmatando a

falta de lugares de amarração para embarcações de tamanho superior a 18 metros e

reestruturando o acesso passando a navegar-se junto ao molhe Leste para entrar na marina da

Praia da Vitória, resolvendo a problemática do assoreamento constante da marina da Praia e

atribuindo mais valor aos terrenos circundantes ao novo espaço adaptado do Paúl.

Outra alternativa possivel é utilizar a baia da Prainha para a colocação de pontões de

amarração com boia colmatando a carência de lugares de mega-iates.

Investimentos, Receitas, Custos

Avaliação Financeira

A análise financeira tem importância no estudo da viabilidade de um projeto. Só se

deverá investir em projetos que gerem beneficios

A avaliação finançeira é desenvolvida pela apresentação de três tabelas destinadas a

calcular os indicadores mais importantes. A tabela dos custos de investimento e valor

residual, a tabela dos custos operacionais e receitas e a tabela das fontes de financiamento.

As tabelas de síntese de análise financeira usadas no cálculo dos indicadores são a

tabela de sustentabilidade financeira, tabela usada para calcular a rendibilidade/o retorno

(define o VAL e o TIR) e a tabela usada para calcular a rendibilidade do capital.

O VAL (valor actual liquido) é um critério financeiro destinado a avaliar

investimentos através da comparação entre cashflows gerados por um projeto e o capital

investido. Sempre que o VAL for positivo o projeto é viável.

Outra forma de avaliar a viabilidade do projeto é pelo método da TIR (Taxa interna

de rentabilidade) que é a taxa mais elevada a que o investidor pode contrair um empréstimo

para financiar um investimento sem perder dinheiro. Este método apenas deve

complementar a aplicação do método VAL, apontando para a viabilidade do negócio. A

TIR sempre que for maior que a taxa da actualização o projecto será viável.

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 56

CALCULO DO VAL EM EXCEL

Fonte: Própria

Factor de actualização: Taxa de desconto anual 7%

VAL do investimento: 7.274,56 €

Relativamente à taxa interna de retorno ou rentabilidade, a taxa mais elevada que

pode-se contrair um empréstimo para financiar o investimento sem perder dinheiro é de 9,02

%.

O Valor actual líquido para este projeto é de 7.274,56€ a uma taxa de 7%. Quer dizer

que somando aos 130.000,00€ (137.274,56 €) que este é o valor limite para investir para não

se perder dinheiro.

O efeito multiplicador é um processo segundo o qual uma variação de uma grandeza

económica (investimento, exportação, base monetária, etc), produz, ao longo de um dado

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 57

período, uma variação maior de outra grandeza (rendimento, crédito, etc.). este efeito é

medido pelo seguinte coeficiente multiplicador.

Neste projeto importa verificar o efeito da variação no investimento provocado na

variação do rendimento.

Y=

130.000=

=3.33 130.000X3.33=432.900

130.000 91.000 39.000 7 % =taxa propensão consumo

91.000 63.700 27.300

63.700 44.590

Com efeito, a despesa inicial em bens de produção traduz-se, numa primeira etapa, por

uma distribuição de rendimentos de 130.000 (salários, lucros e outros rendimentos

distribuidos pelas empresas de bens de produção Ex. Gabinetes de estética, pagamento de

salários ao guia da natureza e às firmas de hotelaria e restauração). Numa segunda etapa estes

rendimentos são em parte gastos (91.000) e em parte poupados (39.000). A despesa de

(91.000) constitui para outros agentes económicos um rendimento. Este processo prosseguirá

até que o último rendimento induzido seja negligênciavel.

Refira-se em jeito de conclusão do projeto de pacotes turisticos temáticos

complementares do segmento saúde ambiente lazer que é a localização geográfica dos Açores,

a importância crescente do mar e das dinâmicas económicas associadas, que favorecem o

turismo de recreio náutico.

Sabendo que as experiências de recreio e lazer têm-se revelado como importantes

vetores para a ampliação do turismo (um dos setores da economia que tem um interesse

estratégico para o desenvolvimento Regional, que atualmente tem maior crescimento),

poderemos á afirmar que é possível conjugar o turismo de recreio náutico com o turismo de

saúde e bem-estar porque ambos se enquadram no conceito de oferta de lazer. Optar por este

conceito é escolher um estilo de vida ativo e saudável com benefícios pessoais, sociais,

económicos e ambientais, na ótica de quem procura.

Tem benefícios pessoais agregados a prática regular da atividade física numa

perspetiva lúdica e de aumento da esperança média de vida. O relaxar, descansar e revitalizar-

se com as oportunidades de lazer são elementos essenciais para a gestão do stress. A

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satisfação final do cliente será plena, retirando das atividades programadas uma melhor

relação com o corpo, melhorias consigo próprio e com a sociedade, maior qualidade e

interesse pela vida e ganhos na saúde e bem-estar.

Considera-se um proveito social a oportunidade de viver experiências de lazer

significativas, em instalações apropriadas, combinadas com a qualidade do ambiente local,

elementos essenciais para a construção do orgulho comunitário.

Os pequenos investimentos em lazer resultam em retornos económicos expressivos no

mercado local.

Constata-se a importância extrema de conhecer a quantidade e a origem dos turistas

que entram por via maritima e o efeito multiplicador que gera na economia local com a

prestação de serviços, o comércio e transportes. Todavia, existe a necessidade de potenciar a

oferta com a melhoria das instalações, diferenciar e diversificar os serviços prestados.

No ponto de vista ambiental, a tendência atual das experiências de lazer realizadas no

meio ambiente natural pode garantir uma nova forma de preservar esses espaços para

gerações futuras.

Este perfil de turista está sensibilizado e preparado positivamente para a não

destruição das áreas ambientais que frequenta.

Segundo dados de Berger R. 2005, e publicados pelo INE,os Açores são considerados

destinos em crescimento para o turismo de natureza (67%). Este é o produto core oferecido. A

aposta na diversidade engloba o turismo nautico a saúde e bem estar e o golfe (20%).

Todavia, o produto saúde e bem estar só é possivel conjugar com o produto turismo nautico

em plena época alta (junho, julho e agosto) quando existem condições atmosféricas propícias

para os movimentos de embarcações de recreio.

Também constatamos a falta de uma estância termal na ilha Terceira para alargar o

leque de ofertas de saúde e bem estar. Sabe-se que na freguesia do Posto Santo os serviços

municipalizados de Angra fez um furo para captação e abastecimento ao público de àgua

potável, mas afinal debita àguas termais e para explorá-las era necessário programar outro

projeto que fosse sustentável.

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É possivel obter valor económico acrescido da procura das nossas marinas pelo

“turismo de recreio nautico” e oferecer-lhes mais satisfação, prazer, criatividade e

experiências com o produto turístico “saúde e bem estar.”

Para concluirmos, podemos afirmar que o Turismo de Recreio Nautico e o Turismo de

Saúde e Bem estar são àreas pouco exploradas nos Açores e face ao exposto poderá ser um

investimento rentável para o desenvolvimneto económico da região, prolongando a estadia

dos turistas que chegam via marítima. Face à conjuntura de preços praticados nos transportes

aéreos para a região, a recepção dos turistas por via maritima, não sendo uma alternativa será

sem dúvida um acréscimo aos números que nos chegam por aquela via.

9- Conclusão

É possivel pensar que o turismo náutico no segmento de iates é um produto que se

poderá transformar numa mais valia para a região se for bem planeado de forma correta e

orientado para a qualidade. É essencial a maximização dos resultados económicos na época

alta para colmatar a atennuação da sazonalidade.

Nota-se uma carência na indústria de reparação e manutenção naval e uma excessiva

burocracia nos licenciamentos das actividades, aspecto que continua a ser referido como um

problema para quem pretende trablhar no sector.

Refira-se que a retenção positiva da imagem pelo iatista prende-se pela qualidade do

ambiente, tanto na limpeza dos espaços como da beleza natural e por isso importa dar

continuidade à preservação e protecção ambiental.

Com a finalidade de desenvolver a pratica de recreio náutico na região, propõe-se a

implementação de estações náuticas à semelhança do que já é feito na Europa. Estas estações

congregarão todas as valências associadas à nautica de recreio, desde a formação dos

praticantes até à componente prática. Em alternativa a formação poderá fazer parte de uma

disciplina de ensino nas escolas.

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Anexos

Anexo I – Ficha da Marina de Angra do Heroísmo

Fonte: Prospeto de Portos dos Açores

MARINA DE ANGRA

Angra do Heroísmo – Ilha Terceira

Telefone: +351 295 216 304

Email: [email protected]

Detalhe:

Marina de Angra do Heroísmo situa-se na zona leste da Baía de Angra, na Ilha Terceira,

Arquipélago dos Açores.

Coordenadas geográficas: 38º43'N 27º03´W

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Anexo II – Ficha da Marina da Praia da Vitória

Fonte: Própria

Serviços:

Balneários (sanitários e duches) Lavandaria (lavar e secar)

Vigilância 24 horas

Rampa de varragem Estacionamento em seco

Travel-lift 35 toneladas Cais de recepção

Internet gratuita (ligação adsl)

Fornecimento de combustivel por auto-tanque com marcação antecipada de 24h

Canal VHF 9 / 16

MARINA DA PRAIA DA VITÓRIA 9760 Praia da Vitória Ilha Terceira

- Açores Telefone: +351 295 512

082

Fax: +351 295 512 121 Email: [email protected]

URL: http://cm-

praiadavitoria.azoresdigital.pt/Marina/

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Anexo III –Tarifários das marinas

Tarifário da marina da Praia da Vitória

Fonte: Página online da Câmara Municipal da Praia da Vitória Setembro de 2012

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Tarifário das marinas dos Portos dos Açores

Fonte: Prospeto de Portos dos Açores Setembro de 2012

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Anexo IV Questionários

INQUÉRITO AOS IATISTAS

1. NACIONALIDADE, IDADE, PROFISSÃO, HABILITAÇÕES

2. QUANTO GASTA EM DESPESAS COM A MARINA

3. DESPESAS DE ALIMENTAÇÃO (RESTAURANTES/CAFÉS OU SUPERMERCADOS, BEBIDAS E

TABACO)

4. DESPESAS COM ESTALEIRO P/REPARAÇÃO DE BARCO

5. DESPESAS DE COMBUSTIVEL

6. DESPESAS COM TRANSPORTES INTERNOS (RENT-A-CAR, TÁXIS)

7. DECORAÇÃO E PRODUTOS COSMÉTICOS

8. OUTROS

9. REFEIÇÕES CONSUMIDAS A BORDO

10. NOME DA EMBARCAÇÃO

RECOLHA DE DADOS JUNTOS DOS FUNCIONÁRIOS NAS MARINAS

1-PRÉMIOS OU CERTIFICADOS DE QUALIDADE ATRIBUIDOS

2- QUANTOS NOS VISITAM POR ESTA VIA

3- FAIXA ETÁRIA (IDADE) SEXO

4-TIPO DE IATISTA (TURISTA) EM TERMOS EDUCAÇÃO AMBIENTAL, FINANÇEIROS FORMAÇÃO

5-CONTRIBUTO QUE DEIXA NA ECONOMIA LOCAL

6-ANÁLISE DO PERCURSO DENTRO DOS AÇORES

7-APRESENTAR SUGESTÕES NA MELHORIA DOS SERVIÇOS E INSTALAÇÕES DAS MARINAS

8-SABER Nº DE LUGARES DE AMARRAÇÃO TOTAL, SÓ PARA IATES, PREÇOS COBRADOS PARA DOCA

SECA E AMARRAÇÃO.

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9-SERVIÇOS EXISTENTES PARA OS IATISTAS E PREÇOS

10-ANO CONSTRUÇÃO MARINA, Nº FUNCIONÁRIOS

ATIVIDADES ECONÓMICAS LIGADAS AO MAR ANGRA E PRAIA

1-ATIVIDADE DESENVOLVIDA________________________________________________________

2-ANO DE INICIO__________________________________________________________________

3-EMPREGO GERADO______________________________________________________________

4-PRINCIPAL ORIGEM DOS TURISTAS; IDADES; M/F; PROCURA POR ÉPOCA

_______________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

5-IMAGEM QUE RETIVERAM DA ATIVIDADE; PROPOSTAS DEIXADAS PARA

MELHORAR______________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

6-QUANTO GASTAM POR ATIVIDADE________________________________________________

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“Turismo de Recreio Nautico-segmento Iates” Página 66

Bibliografia

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Legislação Consultada

- Decreto Legislativo Regional 28/2011/A de 11 de Novembro de 2011 (Aprova o Plano de

Ordenamento do Espaço Maritimo dos Açores) (POEMA)

- Decreto Legislativo Regional nº 23/2007/A de 23 de Outubro (Aprova o Regulamento da

Actividade maritimo turistica dos Açores)

- Decreto Lei 124/2004, de 25 de Maio ( Aprova o Regulamento da Nautica de Recreio)

- Decreto Legislativo Regional nº 38/2008/A (Aprova o Plano de Ordenamento Turistico da

Região Autónoma dos Açores) (POTRAA)

- Plano Estratégico de Animação Turística para o Grupo Central (PEAT-GC)

- Plano Estratégico para o Turismo no Triangulo (PETT)

- Plano Regional de Desenvolvimento Sustentável da Região Autónoma dos Açores

(PReDSA)

- Plano Anual de 2012 (Assembleia Legislativa Regional, Dezembro 2011)

- Plano Estratégico Nacional de Tursimo (PENT)

Fontes Estatísticas

- Capitanias dos Açores

- EUROSAT

- Instituto Nacional de Estatistica. (ine)

-Sistema de indicadores de sustentabilidade do turismo da macaronésia 2000-2005, 2006.

Serviço Regional de Estatistica dos Açores. (SREA).

- Portos dos Açores, SA

- Direcção-Geral da Autoridade Maritima

- Instituto Portuário e dos Transportes Terrestres (IPTM)

QualityCoast Gold Award Acedido em 04JUL12, disponível em

http://www.qualitycoast.info/index.htm