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12º Fórum Internacional de Turismo do Iguassu
20, 21 e 22 de junho de 2018 Foz do Iguaçu – Paraná - Brasil
Turismo em tons mais escuros: Uma Análise da Imagem Projetada de Atrativos
Turísticos de Dark Turismo
Resumo A busca por atrativos que representam experiências de sofrimento, morte e desastre está crescendo
gradativamente. A imagem projetada desses atrativos influencia a decisão de visitação dos turistas. Diante
desses fatos, o trabalho possuiu como objetivo geral analisar a imagem projetada dos atrativos ligados ao
Dark Turismo. Para tal fim, foram escolhidos 7 atrativos turísticos contemplando as distintas tipologias
de atrativos de Dark Turismo propostas por Stone (2006). O trabalho possui abordagem
predominantemente qualitativa e utilizou a coleta de dados secundários em sites oficiais. Foram utilizadas
categorias definidas a priori na análise de conteúdo (15 descritores na pesquisa de palavras e 10
categorias de representações visuais). Pode-se perceber ao final do trabalho que, muitas vezes, as palavras
encontradas não correspondiam aos critérios da motivação que estavam relacionadas.
Palavras-chave: Marketing, Atrativos Turísticos, Imagem Projetada, Dark Turismo.
Abstract
The search of attractions that represents experiences of suffer, death and disasters are gradually
increasing. The projected image of these attractions influences the tourist’s visitation decision. Therefore,
the present work has as general objective analyze the projected image of the Dark Tourism attractions.
For this purpose, it has been chosen 7 tourist attractions that contemplate the distinct attraction typology
of Dark Tourism proposed by Stone (2006). The research has predominantly qualitative approach and
utilized the collect of secondary data in official sites. It were used categories defined a priori in the
content analysis (15 descriptors in the research of words and 10 categories of visual representations). It
can be observed at the end of the research that, many times, the words that were finded don’t
corresponded at the criteria of motivation that they were linked.
Key-Words: Marketing, Tourist Attraction, Projected Images, Dark Tourism.
1 Introdução
Segundo a Organização Mundial de Turismo (1998), a imagem induzida é
aquela que vem diretamente dos meios de promoção dos órgãos de turismo de um país.
Também é citado que essa imagem é controlável através do marketing e é decisiva no
processo de compra pelo consumidor turista, ainda que a mesma não corresponda com a
realidade. A partir dessa imagem projetada, pode-se entender como o destino deseja ser
visto. Se sua divulgação for feita da maneira correta, ela pode e deve acarretar milhares
de visualizações e possíveis visitantes que serão avaliadores dessas informações.
Stone (2006) define alguns tipos de provisões do Dark Turismo, dentre elas:
Fábricas de Diversão, Lugares de Descanso, Campos de Genocídio, Áreas de Conflito,
Santuários, Masmorras e Exibições. Cada uma dessas categorias pode ser representada
por um atrativo do segmento que possua características semelhantes às especificadas
pelo autor.
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20, 21 e 22 de junho de 2018 Foz do Iguaçu – Paraná - Brasil
Como as pesquisas sobre o Dark Turismo “são generalistas e muitas vezes não
têm em consideração as especificidades dos tipos de turismo” (FONSECA; SILVA,
2014), o segmento não possui muito aprofundamento em outras dimensões que não
sejam relacionadas à sua conceituação. O tema possui um interesse turístico crescente,
sendo assim, seu estudo é importante para o estímulo da divulgação e valorização dos
atrativos e destinos relacionados.
Para Bordim (2015), Dark Turismo é um setor com crescimento expressivo e
pode ser uma solução para crises econômicas e concorrências no mercado, que são
obstáculos que podem ser contornados através de estratégias e ações de marketing para
manter o destino em comercialização e buscar novos clientes. Além disso, o segmento
de Dark Turismo, segundo Fonseca e Silva (2014), possui um “interesse acadêmico e
científico muito recente e a compreensão da procura deste tipo de turismo ainda é
limitada”.
Sabendo disso, surge a pergunta: “Qual é a imagem projetada dos atrativos
ligados ao Dark Turismo?”. Para responder esse questionamento, o presente trabalho
delimitou como objetivo geral analisar a imagem projetada dos atrativos ligados ao
Dark Turismo a partir de seus sites institucionais.
Como forma de satisfazer essa finalidade, optou-se pelos seguintes objetivos
específicos: a) Discutir os conceitos de Dark Turismo e Imagem Projetada; b)
Classificar os atrativos do segmento nas categorias da “Tipologia de Locais, Atrações e
Exposições de Dark Turismo” (STONE, 2006); c) Descrever qual é a imagem que o
destino, instituição ou organização divulga sobre os atrativos de Dark Turismo
selecionados.
O atual trabalho possui um referencial teórico, onde são discutidos conceitos de
Dark Turismo e Imagem Projetada, seguidos da descrição da metodologia realizada para
a conclusão da pesquisa e respostas para os objetivos. As discussões e resultados são
apresentados na sessão “a imagem projetada dos atrativos turísticos de Dark Turismo”
e, por fim, é possível localizar as considerações finais e referências no final do trabalho.
2 Referencial Teórico
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Tendo em vista as áreas de importância para a pesquisa e a revisão da literatura
existente, definiu-se que os conceitos de Dark Turismo e Imagem Projetada deveriam
ser discutidos para melhor compreensão do tema.
2.1 Dark Turismo
Segundo Jahnke (2013), o Dark Turismo já vem sendo praticado há milhares de
anos, sabendo que as pessoas viajavam em peregrinação para memoriais de oferendas
sagradas ou execuções públicas. Trzaskos, Dropa e Souza (2014) relembram que
eventos como batalhas de gladiadores e visitas as catacumbas de santos canonizados da
Igreja Católica também recebiam vários expectadores na antiguidade. Apesar desse
antigo interesse, as pesquisas sobre o tema começaram em 1990, quando houve a maior
busca por novas experiências turísticas (JAHNKE, 2013).
Na visão de Cánepa et.al. (2016), esse segmento não se trata de testemunhar ou
presenciar tragédias e catástrofes, mas sim observar o que permaneceu após esses fatos,
como forma de memória e conscientização da história do local. Sharpley e Stone
(2009,p. 579) mencionam que “razões mais específicas variam de fascinação mórbida
ou curiosidade, através da empatia com as vítimas e até a necessidade de um senso de
sobrevivência/continuação”.
Foley e Lenon (2000) citam que a análise do uso da mídia e da compreensão da
motivação para a visitação de atrativos de Dark Turismo é importante para desenvolver
e compreender o comportamento humano ou eventos do passado. Krisjanous (2016, p.
345), em relação ao uso da mídia, também comenta que as expectativas e o
comportamento dos turistas podem estar em conflito direto com a natureza e as emoções
desejadas. Furtado (2011, p. 26) afirma que:
Os destinos de Dark Tourism necessitam especificamente de uma estratégia
de marketing que tenha em conta a sensibilidade dos diferentes tipos de
visitantes, já que diferentes pessoas irão ter diferentes interpretações e
diferentes perspectivas do local.
Segundo Liguori (2017), a mídia também é um dos grandes catalisadores atuais
desse segmento. Obras como “A Lista de Schindler” (1993) e “O Diário de Anne
Frank” (1947) podem influenciar o interesse dos turistas em atrativos ligados a Segunda
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Guerra Mundial. Chernobyl, na Ucrânia, também teve um aumento na visitação após o
lançamento do filme “Chernobyl: Sinta a Radiação” (2012).
Yuill (2003, p.126), articula que a mídia serve como fator de impulso para os
atrativos “dark”, pois tem a capacidade de trazer locais de turismo sombrios para a
percepção pública: “as pessoas que querem ouvir e ver informações específicas podem
ser atraídas pelas ferramentas usadas nesses sites”. Dessa forma faz-se importante a
caracterização da imagem projetada de um atrativo, que está apontada na próxima
sessão.
2.2 Imagem Projetada
O papel do marketing no desenvolvimento do destino é identificar as
necessidades e desejos dos consumidores e corresponder com determinado recurso que
supra essas carências ou produtos que melhor satisfaçam o público alvo
(KASTENHOLZ, 2002). Dentro dos recursos fornecidos pelo marketing, a imagem do
destino surge como auxílio na divulgação e reconhecimento do local.
Como o turista não pode avaliar o produto no momento da aquisição da viagem,
ele compra uma imagem do destino escolhido. Nessa “compra”, a imagem do destino
necessita transmitir um diferencial que possua uma experiência única, fazendo com que
o mesmo se destaque dos seus concorrentes (MELO, 2013). Por esse motivo, é
necessário que essa imagem que está sendo transmitida seja a mais real e
compromissada com a identidade local para não causar frustrações e reduzir os
comentários negativos gerados após a experiência turística do visitante (GOSLING;
MACHADO, 2007).
Apesar disso, nem sempre a imagem de um destino coincide com a imagem que
a empresa quer transmitir ou a imagem real do mesmo. Gosling e Machado (2007)
comentam que o turista observa os benefícios e desenvolve uma imagem mental do
destino baseando-se na percepção pessoal da imagem captada, na divulgação boca a
boca e nas vantagens retratadas pelos profissionais do turismo, como por exemplo,
pôsteres e anúncios de viagem.
Pimentel, Pinho e Vieira (2006) afirmam que a imagem de um destino é
fundamental para atrair uma demanda segmentada e específica e é capaz de influenciar
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na organização do espaço. Para isso ocorrer, é necessário traçar metas, objetivos e
estratégias para consolidar uma imagem coerente com a identidade real do local.
Dentro dos vários tipos de imagem de destino que podem ser estudados, Lopes
(2011) organiza três níveis de análise que são expostos no Quadro 1.
NÍVEL ANÁLISE
Imagem
Percebida Como o segmento alvo vê e percebe a marca, através de um estudo de imagem.
Imagem Real Pontos fortes e fracos que a empresa ou destino percebem, com base em uma auditoria
interna.
Imagem
Desejada Como a empresa ou destino quer ser percebido pelo segmento-alvo.
Quadro 1: Níveis de análise de imagem de destino de Lopes (2011)
Fonte: baseado em Lopes (2011)
Já Schwaighofer (2014), afirma que existem outros componentes na concepção
da imagem do destino além dos do quadro 1: a imagem orgânica e a imagem induzida.
A imagem orgânica, considerada passiva e informal, é aquela que o próprio indivíduo
forma através de experiências passadas e informações trazidas por notícias de jornais,
relatórios, artigos, filmes, etc. Já a imagem induzida é aquela que é criada através de
fontes externas como publicidade e promoção do destino, resultados de campanhas de
marketing.
Por fim, Almeida, Miranda e Almeida (2012, p.66) acrescentaram o conceito de
Imagem Completa: “uma vez visitado um destino turístico, o turista desenvolve, com
base na experiência real, uma imagem mais completa e realista”. A imagem completa
concentra-se na última fase da compra, a pós-experimentação, e reúne todas as
informações recebidas sobre o destino, definindo o nível de satisfação e qualidade.
Nesse estudo, os atrativos serão analisados utilizando o conceito de imagem
projetada, que segundo Manosso, Bizinelli, Gândara (2013), seria um conjunto de
ações comunicativas trabalhadas pelo destino turístico. A imagem projetada
influencia no poder de decisão dos turistas. Segundo Banyai (2009), as pessoas fazem
suas escolhas de viagens baseadas nas imagens que os publicitários do destino divulgam
sobre o local, mas também são induzidos por diversos outros fatores como experiências
anteriores em destinos similares. Essa mesma imagem gerada pode afetar as intenções
futuras de visitas ou motivar a recomendação do destino para outros interessados.
Gândara (2008, p.8) também comenta que quanto mais e melhor informação o destino
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dispuser ao turista, mais correta será a sua eleição e poderá ter um nível maior de
satisfação ao decorrer da viagem.
Apesar de os estudos em geral tratarem da imagem projetada utilizando como
unidade de análise o destino como um todo, entende-se que os conceitos expostos
podem ser aplicados à unidade de análise de atrativos turísticos específicos,
principalmente atrativos bastante particulares como àqueles considerados “dark”. A
seção seguinte aponta outras escolhas determinadas para a execução sistemática da
pesquisa.
3 METODOLOGIA
A pesquisa é exploratória, ou seja, tem como finalidade proporcionar mais
informações e possibilita a definição e delineamento do assunto investigado utilizando
levantamento bibliográfico e análise de exemplos que estimulem a compreensão
(PRODANOV; FREITAS, 2013). Sua abordagem dar-se-á de forma qualitativa.
A coleta de dados foi efetivada por meio de dados secundários: documentos
oficiais, arquivos públicos e reportagens de jornais disponíveis na internet. Os atrativos
turísticos utilizados no trabalho foram retirados dos exemplos dados nas categorias da
Tipologia de Locais, Atrações e Exposições de Dark Turismo (STONE, 2006) e
analisou-se a imagem projetada de cada um desses atrativos citados (quadro 2).
CATEGORIA DESCRIÇÃO EXEMPLO
Fábricas
Sombrias de
Diversão
Foco no entretenimento comercial, apresentando morte
fictícia, representações de acontecimentos reais ou eventos
macabros.
London Dungeon –
Londres, Reino Unido.
Lugares de
Descanso
Baseiam-se em cemitérios, tumbas, túmulos e mausoléus.
Considerados “museus a céu aberto”, envolvem aspectos
artísticos e históricos.
Cemitério de Weaste –
Salford, Reino Unido
Campos de
Genocídio
Locais onde ocorreram grandes genocídios, catástrofes e
atrocidades. Proporciona a maior experiência emocional do
segmento, deixando explícito o sofrimento humano para que
o passado não se repita.
Campo de
concentração de
Dachau – Dachau,
Alemanha.
Santuários Lugares de respeito e memória aos recém-falecidos. São
construídos (formalmente ou informalmente) próximos ao
local da morte e em um curto período de tempo.
Memorial e Museu
Nacional do 11 de
Setembro – Nova
York, Estados Unidos.
Áreas de
Conflitos
Atrações, atividades, locais ou destinos associados à guerra. Memorial Thiepval –
Paris, França.
Masmorras Atrações que remetem a códigos penais e de justiça,
geralmente em antigas prisões e tribunais.
Museu Nacional da
Justiça – Nottingham,
Reino Unido.
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Exibições Permitem o aprendizado e reflexão. Muitas vezes estão
localizados longe do local real da morte ou evento.
Exposição Body
Worlds – Amsterdã,
Holanda.
Quadro 2: Tipologia de Locais, Atrações e Exposições de Dark Turismo
Fonte: baseado em Stone (2006)
Essas categorias envolvem atrativos que possuem uma natureza que pode ser
comparada com um espectro (Quadro 3), variando entre o lado "mais claro" e o "mais
escuro" do segmento. As categorias podem ser dispostas dentro do espectro, definindo o
grau de morbidez do atrativo. Os lugares que possuem tanto características suaves
quanto características intensas, ocupam o centro do quadro:
Darkest Darker Dark Light Lighter Lightest
Campos de
Genocídio
Santuários e
Exibições
Lugares de descanso e
Masmorras
Áreas de
conflito
Fábricas de
Diversão
Quadro 3: Espectro do Dark Turismo
Fonte: baseado em Stone (2006)
A análise da imagem projetada dos atrativos citados foi feita a partir dos
seguintes sites oficiais do destino e/ou do atrativo em análise (quadro 4):
ATRATIVO LOCALIZAÇÃO SITE UTILIZADO NATUREZA DO SITE
London
Dungeon
Londres,
Reino Unido. https://www.thedungeons.com/londo
n/en/
Site da organização
responsável pelo
atrativo
Cemitério de
Weaste
Salford,
ReinoUnido. http://www.weasteheritagetrail.co.uk
/
Site da associação
responsável pelo
atrativo
Campo de
concentração de
Dachau
Dachau,
Alemanha. https://www.kz-gedenkstaette-
dachau.de/index-e.html
Site do própriodo
atrativo
Memorial e
Museu Nacional
do 11 de
Setembro
Nova York,
Estados Unidos. https://www.911memorial.org/
Site do própriodo
atrativo
Memorial
Thiepval
Paris,
França.
https://www.cwgc.org/find/find-
cemeteries-and-
memorials/80800/thiepval-memorial
Site da organização
responsável pelo
atrativo
Museu Nacional
da Justiça
Nottingham,
Reino Unido.
http://www.nationaljusticemuseum.o
rg.uk/
Site do própriodo
atrativo
Exposição Body
Worlds
Amsterdã,
Holanda. https://bodyworlds.com/
Site do própriodo
atrativo
Quadro 4: Sites analisados
Fonte: Dados da pesquisa (2018)
A análise do Memorial Thiepval não correspondeu aos critérios da pesquisa,
visto que não há um site oficial próprio para o monumento. Quem cuida da divulgação
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do memorial é a Commonwealth War Graves Commission (CWGC), ou seja, o site em
que ele aparece é utilizado para divulgar todos os outros memoriais de guerra que a
organização conserva e não possui informações especificas para o memorial em si. Ao
contrário do site London Dungeon que também é representado pelo site da organização
responsável, porém é redirecionado a uma página específica que fornece mais
informações relacionadas apenas a esse atrativo.
A análise dos sites foi realizada pelo método de Análise de Conteúdo (AC).
Moraes (1999) afirma que a AC é uma abordagem metodológica que busca descrever e
interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos. Compreende técnicas
“que permitem, de forma sistemática, a descrição das mensagens e das atitudes atreladas
ao contexto da enunciação, bem como as inferências sobre os dados coletados”
(CAVALCANTE; CALIXTO; PINHEIRO; 2014, p.14).
Segundo Bardin (1977, p. 95), a análise de conteúdo organiza-se em 3 fases: a
pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados obtidos e
interpretação (quadro 5).
FASE CONCEITO
Pré-análise Sistematizar as ideias, organizar esquemas e conduzir um plano inicial
baseado na leitura flutuante e escolha de documentos.
Exploração do material Administração sistemática das regras formadas na primeira fase por
meio de codificação, enumeração, etc.
Tratamento dos resultados
obtidos e interpretação
As informações são tratadas a fim de tornarem-se válidas e
significativas. Nessa fase, propõem-se inferências e são feitas
interpretações das descobertas obtidas.
Quadro 5: Processo de análise proposto por Bardin (1977)
Fonte: Baseado em Bardin (1977)
Para a utilização desse procedimento, é preciso definir categorias que sejam
relacionadas ao objeto de pesquisa. Na presente pesquisa as categorias foram definidas a
priori com base em estudos anteriores conforme apresentado no Quadro 6:
CATEGORIA ITEM ANALISADO REPRESENTAÇÕES
Representações
Visuais
Logotipos Devem estar visíveis em todas as sessões do site.
Fotografias
Analisadas de acordo com:
Paisagens Naturais;
Paisagens Cultivadas;
Patrimônio e Cultura Material;
Produtos de Turismo;
Sem pessoas;
Apenas anfitriões;
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Apenas visitantes;
Anfitrião e visitantes;
Ilustrações / Desenhos São utilizados ilustrações ou desenhos?
Mensagens
escritas
Palavras relevantes no
contexto da pesquisa
Artefatos;
Autenticidade;
Aventura.
Culpa;
Cultural;
Curiosidade;
Dark
Educacional;
Experiência única;
Histórico;
Identidade;
Memória;
Nostalgia;
Sacralização;
Social;
Quadro 6: Categorias para a análise de conteúdo
Fonte: Elaborado com base em Bardin (1977); Hunter (2008);Fonseca (2015); e Machado, Medeiros e
Passador (2012).
Em relação à análise das representações figurativas, como patrimônio e cultura
material pode-se entender ruínas antigas, artes, esculturas, templos e santuários, marcos
e paisagens urbanas (vielas e ruas), povos étnicos e seus trajes e estilos, etc. Já como
“produtos de turismo” entende-se tudo o que o turista pode consumir, como
lanchonetes, loja de souvenir, banheiros e postos de atendimento (HUNTER, 2008).
Definiu-se que as estruturas internas do atrativo seriam classificadas como “sem
pessoas” e que as estruturas externas seriam “paisagens cultivadas”, assim como as
“paisagens naturais” seriam aquelas sem nenhum aspecto de interferência humana. Para
identificar os anfitriões, verificou-se se as pessoas estavam uniformizadas,
caracterizadas ou utilizavam algum tipo de identificação e, quando não era possível
identificar nenhum desses aspectos e a foto não possuía legenda, considerou-se
visitantes.
As palavras relevantes para a pesquisa foram retiradas das motivações para a
prática de Dark Turismo, quando Fonseca (2015) lista os 14 fatores que influenciam a
procura desses atrativos: identidade; históricos; culpa; curiosidade; sociais; nostalgia;
educacionais; lembrança/memória; artefatos (representações); sacralização; culturais;
experiência única; autenticidade/validação e aventura. As palavras foram traduzidas
para o inglês, visto que todos os sites possuem essa opção de idioma e a palavra “dark”
foi introduzida na pesquisa por ser o assunto principal da pesquisa.
4 A Imagem Projetada de Atrativos Turísticos de Dark Turismo
Para pesquisar os descritores dentro de cada site selecionado para análise
utilizaram-se as ferramentas de pesquisa do próprio site e, quando não estava
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disponível, foi utilizada a pesquisa avançada do Google. As palavras relevantes no
contexto da pesquisa (tabela 1) foram analisadas e contabilizadas como demonstrado a
seguir:
Tabela 1: Análise das palavras relevantes no contexto da pesquisa
PALAVRA A B C D E F
Dark 1 4 2 11 79 0
Identity 0 2 1 7 44 0
Historic/Historical 0 80 4 65 295 0
Guilt 4 2 5 1 5 0
Curiosity 0 0 1 1 14 1
Social 0 7 12 25 164 1
Nostalgia 0 0 0 0 6 0
Educational 0 27 5 139 503 12
Memory 1 21 8 0 927 0
Artifacts 0 2 0 0 645 0
Sacralization 0 0 0 0 0 0
Cultural 0 8 1 10 744 0
Uniqueexperience 1 0 0 3 8 0
Authenticity 0 0 0 0 7 0
Adventure 0 0 0 2 8 1
Considerando: “A” London Dungeon; “B” Campo de Concentração de Dachau; “C” Cemitério de
Weaste; “D” Museu Nacional da Justiça; “E” Memorial do 11 de Setembro; “F” Exposição Body Worlds.
Fonte: dados da pesquisa (2018)
Alguns sites possuíam blogs ou uma concentração de artigos e notícias e, por
conta disso, foi possível contabilizar palavras em abundância. Outro motivo para a
repetição elevada dos termos em dois dos sites (Memorial do 11 de Setembro e Museu
Nacional da Justiça), foi a falta de ferramentas de pesquisa própria; isso levou a utilizar
a pesquisa de termos da ferramenta do Google, que contabiliza todos os termos já
utilizados no site, incluindo arquivos anexados. Apesar de a contagem ter sido feita
através de outros meios, foi realizada a leitura de todos os termos ressaltados.
Percebeu-se que os únicos termos “dark” que possuíam relação com a motivação
do visitante, ou seja, aqueles que eram citados com o sentido de obscuro, só foram
mencionados em dois dos sites analisados (D, E). Esse fato provavelmente ocorre
porque ainda há uma falta de informação sobre o segmento e ainda é uma temática
pouco conhecida para potenciais turistas (GONÇALVES, 2017, p. 3).
A pouca relevância dada ao termo “curiosidade” pela maioria dos sites contrasta
com a importância do mesmo, visto que é notada pelo próprio autor de um dos sites (E)
como motivação dos visitantes do atrativo. Observando nesse mesmo aspecto e sabendo
que alguns autores (E,C) referem-se à instituição como tal, os termos “histórico” e
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“educacional” são bem desenvolvidos em todos os sites, dado que são os termos mais
citados nas pesquisas. Além disso, “educacional” foi a palavra que mais teve relação
com a motivação da visita, citada para comentar sobre as mídias, trabalhos, programas,
materiais e o departamento relacionado à educação (B, D, F, E).
Além dos atrativos que se intitulam instituições educacionais e históricas, é
possível encontrar o desejo de tornar-se um referencial de destino cultural em um dos
sites (D) e uma das instituições (E) já se intitula como uma Organização Cultural e
Educacional.
“Autenticidade” foi usada para confirmar a veracidade do local em apenas um
dos casos. Pode-se perceber a negatividade que a falta de exploração desse termo
acarreta quando Podoshen (2013, p. 265) explica que a “falta de uma experiência
autêntica nesses atrativos turísticos específicos abre um amplo campo de falácia
interpretativa”. O mesmo ocorre com o termo “artefatos”, dado que ele aparece em
pouca escala. Podoshen (2013, p. 268) afirma que os visitantes que possuem como
objetivo principal buscar artefatos ou remanescentes físicos do atrativo, podem sentir
falta de tangibilidade se esses materiais não forem encontrados. Em um dos sites (E) é
possível encontrar várias vezes a palavra “artefatos”, visto que a conservação dessas
peças é o foco principal da equipe do museu.
Já o termo “culpa” foi utilizado para comentar o sentimento dos sobreviventes
da tragédia (E), condizendo com a motivação da visita, visto que os turistas “são
atraídos ao local para honrar as vítimas e aliviarem o sentimento de culpa de terem
sobrevivido à morte e desastre” (FONSECA, 2015, p. 25). Porém o termo só foi usado
com esse sentido em uma das atrações, enquanto as outras o usaram para exemplificar o
comportamento dos personagens nas encenações presentes no atrativo e das
personalidades históricas do local (A, C, D).
A palavra “identidade” foi usada muitas vezes com relação a documentos
pessoais (B, C), porém observa-se a presença de palavras que se identificavam como
identidade do local, da corporação e da sociedade envolvida (D, E). É importante
investir nesse termo, poisas pessoas são atraídas a “locais associados com a morte para
ganharem um sentido de identidade, tenham eles ou não, uma ligação direta com o
lugar/evento” (FONSECA, 2015, p. 25).
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A palavra “nostalgia” não é bem explorada pelos sites e aparece apenas como
característica da arte em um museu (E). Percebe-se o valor dessa palavra quando Yuill
(2003, p. 92) define nostalgia como uma “arma poderosa” para áreas de morte e
desastre, visto que essas áreas propiciam um lugar de identidade, romantizam o passado
e minimizam o sentimento de perda.
Além de “experiência única”, também foram encontrados termos como
experiência personalizada (B) e oportunidade única (F). Além disso, a palavra
“aventura” só possui um termo correspondente a motivação do visitante. É necessário,
sempre que possível, agregar essas palavras citadas ao atrativo, pois torna o local mais
atraente para os turistas, visto que eles revelam uma mistura de aventura e emoções
(FONSECA, 2015, p. 27)
Existe uma grande repetição do termo “memória” em alguns sites, visto que se
refere a um memorial e/ou uma homenagem às vitimas do local (B, C, E). A palavra
“sacralização” também poderia ser aplicada nesses casos, visto que se santifica um local
de honra a mártires, heróis ou grandes perdas da comunidade com monumentos e
memoriais (YUILL, 2003, p. 28).
Pode-se relacionar essa pesquisa de palavras com o espectro dos atrativos de
Dark Turismo, onde, na teoria, os atrativos que fazem alusão a educação, conservação e
autenticidade do local ocupam os lugares mais escuros do espectro, enquanto os
atrativos que possuem orientação para entretenimento, comercialização e maior
necessidade de infraestrutura turística ocupam os lugares mais claros (STONE, 2006).
Sendo assim, o Campo de Concentração de Dachau, o Memorial do 11 de
Setembro e a Exposição Body Worlds que deveriam se identificar mais com educação,
conservação e autenticidade, acabam citando mais os aspectos históricos, memoráveis e
educacionais, respectivamente. Já o atrativo London Dungeon, que exemplifica a parte
mais clara do espectro e reflete entretenimento e comercialização, não cita nenhum
desses aspectos na maioria das suas palavras.
Além do texto, também foram analisadas as representações visuais dispostas nos
sites. Barboza, Nunes e Sena (2000), apontam que o uso de representações visuais em
um site deve contribuir para facilitar a leitura, os ícones devem ter uma relação com o
conteúdo exposto, as fotografias utilizadas devem veicular uma informação e os
recursos de multimídia devem ser usados em sintonia com os objetivos do site.
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As representações visuais constantes nos sites dos atrativos (tabela 2) foram
analisadas e contabilizadas como demonstrado a seguir:
Tabela 2: Análise das representações visuais:
REPRESENTAÇÃO A B C D E F
Paisagens Naturais 0 0 3 0 0 0
Paisagens Cultivadas 0 18 0 14 19 2
Patrimônio Cultural e Material 7 18 10 9 16 17
Produtos de Turismo 1 2 0 2 2 0
Sem pessoas 2 7 0 25 9 1
Apenas anfitriões 14 0 0 10 5 12
Apenas visitantes 5 2 0 38 15 30
Anfitrião e visitantes 10 3 2 12 16 1
Desenhos e figuras 8 17 9 13 20 40
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Nº de representações analisadas 47 67 24 123 102 103
Considerando: Marcador verde = possui; Marcador vermelho = não possui ou não é possível identificar;
“A”: London Dungeon; “B”: Campo de Concentração de Dachau; “C”: Cemitério de Weaste; “D”: Museu
Nacional da Justiça; “E”: Memorial do 11 de Setembro; “F”: Exposição Body Worlds.
Fonte: dados da pesquisa (2018)
A categoria menos representada foi a de “paisagens naturais”. Foram
identificadas representações visuais de plantas nativas e jardins em um dos atrativos
(C). Esse fato provavelmente ocorre porque a maioria dos atrativos define-se como
histórico ou educacional, fazendo com que sejam encontradas mais representações de
“patrimônio cultural e material”. Foi possível localizar esculturas (B, C), lápides (B),
ruínas de prédios (B, E), acervo de museu (D, F, E), placas memorativas (E), e registros
fotográficos antigos (A, B, C, D, E).
Foram identificados painéis interpretativos (B, D, E), kits de souvenir (A) e
fotografias da loja do atrativo (E) como “produtos de turismo”. Alguns registros “sem
pessoas” foram identificados em ambientes internos das atrações, como palcos de
atuação (A), alas de museus (D), bibliotecas, dormitórios (B) e monumentos com
inscrições (B). Hunter (2008, p. 360) afirma a importância de representações como
essas, pois são esses espaços que representam exatamente o que “está esperando para
ser apreciado, para ser consumido como uma experiência de turismo”.
O grande número de fotografias da categoria “apenas visitantes” de
representações visuais em um dos sites (D) é resultado da postagem de fotos dos
convidados que compareceram a um evento, não correspondendo com os critérios da
pesquisa.Registros fotográficos que continham “apenas visitantes” foram identificados
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de duas maneiras. Enquanto a maioria dos sites prefere divulgar fotografias espontâneas
de visitantes interagindo com o ambiente do atrativo (figura 1), outros investem em
cenários e situações ligados à história do local (figura 2).
Figura 1: Família em frente ao “skateboarder”
Fonte: www.bodyworlds.com/
Figura 2: “Fairy Tale Trials”
Fonte:www.nationaljusticemuseum.org.uk/
A forma em que foram registrados funcionários interagindo com visitantes
também difere bastante de um atrativo para o outro. Um dos sites investe muito na
edição de figuras (figura 3), tornando sua representação visual única e mais chamativa
em comparação aos demais. O restante segue representando essa categoria com
anfitriões guiando grupos de visitantes ao longo do atrativo (figura 4). Porém, nos dois
casos citados, alguns registros não identificam o local onde está ocorrendo esta ação.
Figura 3: “The Tyrant Boat Ride”
Fonte: www.thedungeons.com/london/en/
Figura 4: Tour guiado pelo atrativo
Fonte: www.weasteheritagetrail.co.uk
Ambas as categorias (“vistantes e anfitriões” e “somente visitantes”) facilitam o
entendimento do visitante sobre o atrativo, visto que Manosso, Bizinelli e Gândara
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(2013) afirmam que as fotografias que exprimem as experiências vivenciadas ajudam a
reduzir o desconhecimento sobre o atrativo e agem como uma forma de convencimento.
Dois sites (A, D) utilizam representações visuais “apenas com anfitriões”,
expondo os atores que interpretam em suas exibições e espetáculos. Apesar de tratarem
da mesma categoria, as abordagens são feitas de maneiras diferentes. Novamente, o
atrativo “A” busca personalizar suas representações visuais (figura 5) por meio da
edição, enquanto o outro utiliza técnicas mais simples, como o uso de roupas específicas
em cenários do próprio local (figura 6).
Figura 5: “Guy Fawkes Gunpowder Plot”
Fonte: www.thedungeons.com/london/en/
Figura 6: Residentes do M. Nacional da Justiça.
Fonte: www.nationaljusticemuseum.org.uk/
Nesse mesmo caso, “paisagens cultivadas” chamam bastante atenção quando
explicitam a fachada dos prédios principais do atrativo, instalações e exibições a céu
aberto (B, D, E). Representações fotográficas como essas devem garantir que a
experiência exposta é exatamente o que o atrativo proporciona, pois podem facilmente
correr o risco de desapontar os visitantes (HUNTER, 2008).
Ao pesquisar “figuras” e “desenhos”, foram contabilizadas figuras aéreas dos
atrativos (B), páginas de livros com a finalidade de divulgação (B, C, E, F), figuras de
cartões fidelidade (A, E), cartazes (D), artigos da loja do atrativo (E) e logotipos de
empresas parceiras (B, C, D, E, F). Também se podem encontrar mapas interativos do
local (C), que possibilitava “visitas virtuais”. Além disso, como “figuras” foram
encontrados símbolos relacionados à acessibilidade para pessoas com restrições físicas
(E). Devido à falta dessa informação especifica nos sites e, sabendo que “o turismo
surge como potencial motivador da inclusão social, visando à ampliação da participação
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de todos na atividade turística” (MENDES; PAULA, 2008, p.334), fica evidenciado a
sua necessidade em todos os outros atrativos.
Pode-se perceber na análise que, muitas vezes, as palavras encontradas não
correspondiam aos critérios da motivação que estavam relacionadas.Também é possível
analisar que os atrativos que se intitulam instituições educacionais e históricas, investem
mais na divulgação de representações visuais de patrimônios históricos e culturais. Os
atrativos que possuem foco no espetáculo visam divulgar mais representações visuais
em que os anfitriões e atores estejam presentes.
5 CONCLUSÃO
O presente trabalho objetivou analisar a imagem projetada dos atrativos ligados
ao Dark Turismo a partir de seus sites institucionais. Para isso, foram definidos sites
oficiais de sete atrativos relacionados a Tipologia de Locais, Atrações e Exposições de
Dark Turismo (STONE, 2006).
Um dos atrativos definidos não possuía um site oficial com informações
exclusivas sobre a mesma, portanto não cumpriu o critério determinado na pesquisa e
não pode ser analisado. Além disso, outras restrições foram encontradas ao longo do
trabalho, tais quais sites que não possuíam ferramentas de busca (Memorial do 11 de
Setembro e Museu Nacional da Justiça) e, portanto, foi necessário pesquisar o termo no
Google, o que pode ter proporcionado uma repetição elevada de algumas palavras. Sites
que não possuíam “Site Maps” também dificultaram a contagem das representações
visuais, visto que essa opção ajuda a entender como o site está estruturado e
disponibiliza todas as URLs armazenadas, sem repetição.
Como a pesquisa é exploratória, não se buscou relatar as causas dos resultados
encontrados; porém, é possível analisar que as palavras que se referem às principais
motivações do Dark Turismo muitas vezes não são aprofundadas. O pouco uso da
palavra “Dark” em algumas atrações provavelmente evidencia a falta de interesse na
caracterização dos atrativos da área, enquanto, o freqüente uso de termos relacionados à
“história” e “educação” revela que os atrativos visualizam-se mais como instituições
históricas e educacionais. Outro fator que revela esse aspecto é o destaque de
representações visuais referentes à patrimônios culturais e materiais, onde são focados
acervos dos museus e memoriais.
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Foi possível analisar também que, apesar da importância do uso de
representações visuais, algumas atrações não investem em seu uso. Por outro lado, uma
das instituições investe muito na personalização dessas representações, utilizando
edições que geram uma originalidade perante os outros atrativos. Outra singularidade
percebida na análise das representações visuais foi que os atrativos que remetem ao
espetáculo, enfatizam seus anfitriões caracterizados ou seus visitantes interagindo nas
encenações.
As organizações responsáveis por esses atrativos poderiam investir mais em
meios que evidenciam o seu papel no segmento, visto que a procura pelo Dark Turismo
é crescente. Os termos de pesquisa mais específicos agrupariam os consumidores,
dariam mais visibilidade a todos os atrativos relacionados e facilitariam o marketing e
estudo dos atrativos e do segmento em geral.
Como os estudos sobre Dark Turismo são recentes e limitados, essa pesquisa
contribui para o crescimento da produção científica e aperfeiçoamento dos
conhecimentos sobre a área em estudo. Nesse sentido, o trabalho também contribui para
apontar como as atrações da área estão sendo divulgadas em seus sites oficiais e abre
oportunidade para o estudo das outras imagens existentes. Como sugestão para
trabalhos posteriores, dá-se a análise da imagem percebida por meio da análise da
reputação online desses atrativos. Esse estudo possibilitaria a analogia entre o que o
destino está promovendo e o que o visitante percebe, sendo possível averiguar se o
atrativo está conseguindo seguir o que está expondo aos visitantes.
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