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12º Fórum Internacional de Turismo do Iguassu 20, 21 e 22 de junho de 2018 Foz do Iguaçu Paraná - Brasil Turismo em tons mais escuros: Uma Análise da Imagem Projetada de Atrativos Turísticos de Dark Turismo Resumo A busca por atrativos que representam experiências de sofrimento, morte e desastre está crescendo gradativamente. A imagem projetada desses atrativos influencia a decisão de visitação dos turistas. Diante desses fatos, o trabalho possuiu como objetivo geral analisar a imagem projetada dos atrativos ligados ao Dark Turismo. Para tal fim, foram escolhidos 7 atrativos turísticos contemplando as distintas tipologias de atrativos de Dark Turismo propostas por Stone (2006). O trabalho possui abordagem predominantemente qualitativa e utilizou a coleta de dados secundários em sites oficiais. Foram utilizadas categorias definidas a priori na análise de conteúdo (15 descritores na pesquisa de palavras e 10 categorias de representações visuais). Pode-se perceber ao final do trabalho que, muitas vezes, as palavras encontradas não correspondiam aos critérios da motivação que estavam relacionadas. Palavras-chave: Marketing, Atrativos Turísticos, Imagem Projetada, Dark Turismo. Abstract The search of attractions that represents experiences of suffer, death and disasters are gradually increasing. The projected image of these attractions influences the tourist’s visitation decision. Therefore, the present work has as general objective analyze the projected image of the Dark Tourism attractions. For this purpose, it has been chosen 7 tourist attractions that contemplate the distinct attraction typology of Dark Tourism proposed by Stone (2006). The research has predominantly qualitative approach and utilized the collect of secondary data in official sites. It were used categories defined a priori in the content analysis (15 descriptors in the research of words and 10 categories of visual representations). It can be observed at the end of the research that, many times, the words that were finded don’t corresponded at the criteria of motivation that they were linked. Key-Words: Marketing, Tourist Attraction, Projected Images, Dark Tourism. 1 Introdução Segundo a Organização Mundial de Turismo (1998), a imagem induzida é aquela que vem diretamente dos meios de promoção dos órgãos de turismo de um país. Também é citado que essa imagem é controlável através do marketing e é decisiva no processo de compra pelo consumidor turista, ainda que a mesma não corresponda com a realidade. A partir dessa imagem projetada, pode-se entender como o destino deseja ser visto. Se sua divulgação for feita da maneira correta, ela pode e deve acarretar milhares de visualizações e possíveis visitantes que serão avaliadores dessas informações. Stone (2006) define alguns tipos de provisões do Dark Turismo, dentre elas: Fábricas de Diversão, Lugares de Descanso, Campos de Genocídio, Áreas de Conflito, Santuários, Masmorras e Exibições. Cada uma dessas categorias pode ser representada por um atrativo do segmento que possua características semelhantes às especificadas pelo autor.

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12º Fórum Internacional de Turismo do Iguassu

20, 21 e 22 de junho de 2018 Foz do Iguaçu – Paraná - Brasil

Turismo em tons mais escuros: Uma Análise da Imagem Projetada de Atrativos

Turísticos de Dark Turismo

Resumo A busca por atrativos que representam experiências de sofrimento, morte e desastre está crescendo

gradativamente. A imagem projetada desses atrativos influencia a decisão de visitação dos turistas. Diante

desses fatos, o trabalho possuiu como objetivo geral analisar a imagem projetada dos atrativos ligados ao

Dark Turismo. Para tal fim, foram escolhidos 7 atrativos turísticos contemplando as distintas tipologias

de atrativos de Dark Turismo propostas por Stone (2006). O trabalho possui abordagem

predominantemente qualitativa e utilizou a coleta de dados secundários em sites oficiais. Foram utilizadas

categorias definidas a priori na análise de conteúdo (15 descritores na pesquisa de palavras e 10

categorias de representações visuais). Pode-se perceber ao final do trabalho que, muitas vezes, as palavras

encontradas não correspondiam aos critérios da motivação que estavam relacionadas.

Palavras-chave: Marketing, Atrativos Turísticos, Imagem Projetada, Dark Turismo.

Abstract

The search of attractions that represents experiences of suffer, death and disasters are gradually

increasing. The projected image of these attractions influences the tourist’s visitation decision. Therefore,

the present work has as general objective analyze the projected image of the Dark Tourism attractions.

For this purpose, it has been chosen 7 tourist attractions that contemplate the distinct attraction typology

of Dark Tourism proposed by Stone (2006). The research has predominantly qualitative approach and

utilized the collect of secondary data in official sites. It were used categories defined a priori in the

content analysis (15 descriptors in the research of words and 10 categories of visual representations). It

can be observed at the end of the research that, many times, the words that were finded don’t

corresponded at the criteria of motivation that they were linked.

Key-Words: Marketing, Tourist Attraction, Projected Images, Dark Tourism.

1 Introdução

Segundo a Organização Mundial de Turismo (1998), a imagem induzida é

aquela que vem diretamente dos meios de promoção dos órgãos de turismo de um país.

Também é citado que essa imagem é controlável através do marketing e é decisiva no

processo de compra pelo consumidor turista, ainda que a mesma não corresponda com a

realidade. A partir dessa imagem projetada, pode-se entender como o destino deseja ser

visto. Se sua divulgação for feita da maneira correta, ela pode e deve acarretar milhares

de visualizações e possíveis visitantes que serão avaliadores dessas informações.

Stone (2006) define alguns tipos de provisões do Dark Turismo, dentre elas:

Fábricas de Diversão, Lugares de Descanso, Campos de Genocídio, Áreas de Conflito,

Santuários, Masmorras e Exibições. Cada uma dessas categorias pode ser representada

por um atrativo do segmento que possua características semelhantes às especificadas

pelo autor.

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Como as pesquisas sobre o Dark Turismo “são generalistas e muitas vezes não

têm em consideração as especificidades dos tipos de turismo” (FONSECA; SILVA,

2014), o segmento não possui muito aprofundamento em outras dimensões que não

sejam relacionadas à sua conceituação. O tema possui um interesse turístico crescente,

sendo assim, seu estudo é importante para o estímulo da divulgação e valorização dos

atrativos e destinos relacionados.

Para Bordim (2015), Dark Turismo é um setor com crescimento expressivo e

pode ser uma solução para crises econômicas e concorrências no mercado, que são

obstáculos que podem ser contornados através de estratégias e ações de marketing para

manter o destino em comercialização e buscar novos clientes. Além disso, o segmento

de Dark Turismo, segundo Fonseca e Silva (2014), possui um “interesse acadêmico e

científico muito recente e a compreensão da procura deste tipo de turismo ainda é

limitada”.

Sabendo disso, surge a pergunta: “Qual é a imagem projetada dos atrativos

ligados ao Dark Turismo?”. Para responder esse questionamento, o presente trabalho

delimitou como objetivo geral analisar a imagem projetada dos atrativos ligados ao

Dark Turismo a partir de seus sites institucionais.

Como forma de satisfazer essa finalidade, optou-se pelos seguintes objetivos

específicos: a) Discutir os conceitos de Dark Turismo e Imagem Projetada; b)

Classificar os atrativos do segmento nas categorias da “Tipologia de Locais, Atrações e

Exposições de Dark Turismo” (STONE, 2006); c) Descrever qual é a imagem que o

destino, instituição ou organização divulga sobre os atrativos de Dark Turismo

selecionados.

O atual trabalho possui um referencial teórico, onde são discutidos conceitos de

Dark Turismo e Imagem Projetada, seguidos da descrição da metodologia realizada para

a conclusão da pesquisa e respostas para os objetivos. As discussões e resultados são

apresentados na sessão “a imagem projetada dos atrativos turísticos de Dark Turismo”

e, por fim, é possível localizar as considerações finais e referências no final do trabalho.

2 Referencial Teórico

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Tendo em vista as áreas de importância para a pesquisa e a revisão da literatura

existente, definiu-se que os conceitos de Dark Turismo e Imagem Projetada deveriam

ser discutidos para melhor compreensão do tema.

2.1 Dark Turismo

Segundo Jahnke (2013), o Dark Turismo já vem sendo praticado há milhares de

anos, sabendo que as pessoas viajavam em peregrinação para memoriais de oferendas

sagradas ou execuções públicas. Trzaskos, Dropa e Souza (2014) relembram que

eventos como batalhas de gladiadores e visitas as catacumbas de santos canonizados da

Igreja Católica também recebiam vários expectadores na antiguidade. Apesar desse

antigo interesse, as pesquisas sobre o tema começaram em 1990, quando houve a maior

busca por novas experiências turísticas (JAHNKE, 2013).

Na visão de Cánepa et.al. (2016), esse segmento não se trata de testemunhar ou

presenciar tragédias e catástrofes, mas sim observar o que permaneceu após esses fatos,

como forma de memória e conscientização da história do local. Sharpley e Stone

(2009,p. 579) mencionam que “razões mais específicas variam de fascinação mórbida

ou curiosidade, através da empatia com as vítimas e até a necessidade de um senso de

sobrevivência/continuação”.

Foley e Lenon (2000) citam que a análise do uso da mídia e da compreensão da

motivação para a visitação de atrativos de Dark Turismo é importante para desenvolver

e compreender o comportamento humano ou eventos do passado. Krisjanous (2016, p.

345), em relação ao uso da mídia, também comenta que as expectativas e o

comportamento dos turistas podem estar em conflito direto com a natureza e as emoções

desejadas. Furtado (2011, p. 26) afirma que:

Os destinos de Dark Tourism necessitam especificamente de uma estratégia

de marketing que tenha em conta a sensibilidade dos diferentes tipos de

visitantes, já que diferentes pessoas irão ter diferentes interpretações e

diferentes perspectivas do local.

Segundo Liguori (2017), a mídia também é um dos grandes catalisadores atuais

desse segmento. Obras como “A Lista de Schindler” (1993) e “O Diário de Anne

Frank” (1947) podem influenciar o interesse dos turistas em atrativos ligados a Segunda

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Guerra Mundial. Chernobyl, na Ucrânia, também teve um aumento na visitação após o

lançamento do filme “Chernobyl: Sinta a Radiação” (2012).

Yuill (2003, p.126), articula que a mídia serve como fator de impulso para os

atrativos “dark”, pois tem a capacidade de trazer locais de turismo sombrios para a

percepção pública: “as pessoas que querem ouvir e ver informações específicas podem

ser atraídas pelas ferramentas usadas nesses sites”. Dessa forma faz-se importante a

caracterização da imagem projetada de um atrativo, que está apontada na próxima

sessão.

2.2 Imagem Projetada

O papel do marketing no desenvolvimento do destino é identificar as

necessidades e desejos dos consumidores e corresponder com determinado recurso que

supra essas carências ou produtos que melhor satisfaçam o público alvo

(KASTENHOLZ, 2002). Dentro dos recursos fornecidos pelo marketing, a imagem do

destino surge como auxílio na divulgação e reconhecimento do local.

Como o turista não pode avaliar o produto no momento da aquisição da viagem,

ele compra uma imagem do destino escolhido. Nessa “compra”, a imagem do destino

necessita transmitir um diferencial que possua uma experiência única, fazendo com que

o mesmo se destaque dos seus concorrentes (MELO, 2013). Por esse motivo, é

necessário que essa imagem que está sendo transmitida seja a mais real e

compromissada com a identidade local para não causar frustrações e reduzir os

comentários negativos gerados após a experiência turística do visitante (GOSLING;

MACHADO, 2007).

Apesar disso, nem sempre a imagem de um destino coincide com a imagem que

a empresa quer transmitir ou a imagem real do mesmo. Gosling e Machado (2007)

comentam que o turista observa os benefícios e desenvolve uma imagem mental do

destino baseando-se na percepção pessoal da imagem captada, na divulgação boca a

boca e nas vantagens retratadas pelos profissionais do turismo, como por exemplo,

pôsteres e anúncios de viagem.

Pimentel, Pinho e Vieira (2006) afirmam que a imagem de um destino é

fundamental para atrair uma demanda segmentada e específica e é capaz de influenciar

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na organização do espaço. Para isso ocorrer, é necessário traçar metas, objetivos e

estratégias para consolidar uma imagem coerente com a identidade real do local.

Dentro dos vários tipos de imagem de destino que podem ser estudados, Lopes

(2011) organiza três níveis de análise que são expostos no Quadro 1.

NÍVEL ANÁLISE

Imagem

Percebida Como o segmento alvo vê e percebe a marca, através de um estudo de imagem.

Imagem Real Pontos fortes e fracos que a empresa ou destino percebem, com base em uma auditoria

interna.

Imagem

Desejada Como a empresa ou destino quer ser percebido pelo segmento-alvo.

Quadro 1: Níveis de análise de imagem de destino de Lopes (2011)

Fonte: baseado em Lopes (2011)

Já Schwaighofer (2014), afirma que existem outros componentes na concepção

da imagem do destino além dos do quadro 1: a imagem orgânica e a imagem induzida.

A imagem orgânica, considerada passiva e informal, é aquela que o próprio indivíduo

forma através de experiências passadas e informações trazidas por notícias de jornais,

relatórios, artigos, filmes, etc. Já a imagem induzida é aquela que é criada através de

fontes externas como publicidade e promoção do destino, resultados de campanhas de

marketing.

Por fim, Almeida, Miranda e Almeida (2012, p.66) acrescentaram o conceito de

Imagem Completa: “uma vez visitado um destino turístico, o turista desenvolve, com

base na experiência real, uma imagem mais completa e realista”. A imagem completa

concentra-se na última fase da compra, a pós-experimentação, e reúne todas as

informações recebidas sobre o destino, definindo o nível de satisfação e qualidade.

Nesse estudo, os atrativos serão analisados utilizando o conceito de imagem

projetada, que segundo Manosso, Bizinelli, Gândara (2013), seria um conjunto de

ações comunicativas trabalhadas pelo destino turístico. A imagem projetada

influencia no poder de decisão dos turistas. Segundo Banyai (2009), as pessoas fazem

suas escolhas de viagens baseadas nas imagens que os publicitários do destino divulgam

sobre o local, mas também são induzidos por diversos outros fatores como experiências

anteriores em destinos similares. Essa mesma imagem gerada pode afetar as intenções

futuras de visitas ou motivar a recomendação do destino para outros interessados.

Gândara (2008, p.8) também comenta que quanto mais e melhor informação o destino

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dispuser ao turista, mais correta será a sua eleição e poderá ter um nível maior de

satisfação ao decorrer da viagem.

Apesar de os estudos em geral tratarem da imagem projetada utilizando como

unidade de análise o destino como um todo, entende-se que os conceitos expostos

podem ser aplicados à unidade de análise de atrativos turísticos específicos,

principalmente atrativos bastante particulares como àqueles considerados “dark”. A

seção seguinte aponta outras escolhas determinadas para a execução sistemática da

pesquisa.

3 METODOLOGIA

A pesquisa é exploratória, ou seja, tem como finalidade proporcionar mais

informações e possibilita a definição e delineamento do assunto investigado utilizando

levantamento bibliográfico e análise de exemplos que estimulem a compreensão

(PRODANOV; FREITAS, 2013). Sua abordagem dar-se-á de forma qualitativa.

A coleta de dados foi efetivada por meio de dados secundários: documentos

oficiais, arquivos públicos e reportagens de jornais disponíveis na internet. Os atrativos

turísticos utilizados no trabalho foram retirados dos exemplos dados nas categorias da

Tipologia de Locais, Atrações e Exposições de Dark Turismo (STONE, 2006) e

analisou-se a imagem projetada de cada um desses atrativos citados (quadro 2).

CATEGORIA DESCRIÇÃO EXEMPLO

Fábricas

Sombrias de

Diversão

Foco no entretenimento comercial, apresentando morte

fictícia, representações de acontecimentos reais ou eventos

macabros.

London Dungeon –

Londres, Reino Unido.

Lugares de

Descanso

Baseiam-se em cemitérios, tumbas, túmulos e mausoléus.

Considerados “museus a céu aberto”, envolvem aspectos

artísticos e históricos.

Cemitério de Weaste –

Salford, Reino Unido

Campos de

Genocídio

Locais onde ocorreram grandes genocídios, catástrofes e

atrocidades. Proporciona a maior experiência emocional do

segmento, deixando explícito o sofrimento humano para que

o passado não se repita.

Campo de

concentração de

Dachau – Dachau,

Alemanha.

Santuários Lugares de respeito e memória aos recém-falecidos. São

construídos (formalmente ou informalmente) próximos ao

local da morte e em um curto período de tempo.

Memorial e Museu

Nacional do 11 de

Setembro – Nova

York, Estados Unidos.

Áreas de

Conflitos

Atrações, atividades, locais ou destinos associados à guerra. Memorial Thiepval –

Paris, França.

Masmorras Atrações que remetem a códigos penais e de justiça,

geralmente em antigas prisões e tribunais.

Museu Nacional da

Justiça – Nottingham,

Reino Unido.

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Exibições Permitem o aprendizado e reflexão. Muitas vezes estão

localizados longe do local real da morte ou evento.

Exposição Body

Worlds – Amsterdã,

Holanda.

Quadro 2: Tipologia de Locais, Atrações e Exposições de Dark Turismo

Fonte: baseado em Stone (2006)

Essas categorias envolvem atrativos que possuem uma natureza que pode ser

comparada com um espectro (Quadro 3), variando entre o lado "mais claro" e o "mais

escuro" do segmento. As categorias podem ser dispostas dentro do espectro, definindo o

grau de morbidez do atrativo. Os lugares que possuem tanto características suaves

quanto características intensas, ocupam o centro do quadro:

Darkest Darker Dark Light Lighter Lightest

Campos de

Genocídio

Santuários e

Exibições

Lugares de descanso e

Masmorras

Áreas de

conflito

Fábricas de

Diversão

Quadro 3: Espectro do Dark Turismo

Fonte: baseado em Stone (2006)

A análise da imagem projetada dos atrativos citados foi feita a partir dos

seguintes sites oficiais do destino e/ou do atrativo em análise (quadro 4):

ATRATIVO LOCALIZAÇÃO SITE UTILIZADO NATUREZA DO SITE

London

Dungeon

Londres,

Reino Unido. https://www.thedungeons.com/londo

n/en/

Site da organização

responsável pelo

atrativo

Cemitério de

Weaste

Salford,

ReinoUnido. http://www.weasteheritagetrail.co.uk

/

Site da associação

responsável pelo

atrativo

Campo de

concentração de

Dachau

Dachau,

Alemanha. https://www.kz-gedenkstaette-

dachau.de/index-e.html

Site do própriodo

atrativo

Memorial e

Museu Nacional

do 11 de

Setembro

Nova York,

Estados Unidos. https://www.911memorial.org/

Site do própriodo

atrativo

Memorial

Thiepval

Paris,

França.

https://www.cwgc.org/find/find-

cemeteries-and-

memorials/80800/thiepval-memorial

Site da organização

responsável pelo

atrativo

Museu Nacional

da Justiça

Nottingham,

Reino Unido.

http://www.nationaljusticemuseum.o

rg.uk/

Site do própriodo

atrativo

Exposição Body

Worlds

Amsterdã,

Holanda. https://bodyworlds.com/

Site do própriodo

atrativo

Quadro 4: Sites analisados

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

A análise do Memorial Thiepval não correspondeu aos critérios da pesquisa,

visto que não há um site oficial próprio para o monumento. Quem cuida da divulgação

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do memorial é a Commonwealth War Graves Commission (CWGC), ou seja, o site em

que ele aparece é utilizado para divulgar todos os outros memoriais de guerra que a

organização conserva e não possui informações especificas para o memorial em si. Ao

contrário do site London Dungeon que também é representado pelo site da organização

responsável, porém é redirecionado a uma página específica que fornece mais

informações relacionadas apenas a esse atrativo.

A análise dos sites foi realizada pelo método de Análise de Conteúdo (AC).

Moraes (1999) afirma que a AC é uma abordagem metodológica que busca descrever e

interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos. Compreende técnicas

“que permitem, de forma sistemática, a descrição das mensagens e das atitudes atreladas

ao contexto da enunciação, bem como as inferências sobre os dados coletados”

(CAVALCANTE; CALIXTO; PINHEIRO; 2014, p.14).

Segundo Bardin (1977, p. 95), a análise de conteúdo organiza-se em 3 fases: a

pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados obtidos e

interpretação (quadro 5).

FASE CONCEITO

Pré-análise Sistematizar as ideias, organizar esquemas e conduzir um plano inicial

baseado na leitura flutuante e escolha de documentos.

Exploração do material Administração sistemática das regras formadas na primeira fase por

meio de codificação, enumeração, etc.

Tratamento dos resultados

obtidos e interpretação

As informações são tratadas a fim de tornarem-se válidas e

significativas. Nessa fase, propõem-se inferências e são feitas

interpretações das descobertas obtidas.

Quadro 5: Processo de análise proposto por Bardin (1977)

Fonte: Baseado em Bardin (1977)

Para a utilização desse procedimento, é preciso definir categorias que sejam

relacionadas ao objeto de pesquisa. Na presente pesquisa as categorias foram definidas a

priori com base em estudos anteriores conforme apresentado no Quadro 6:

CATEGORIA ITEM ANALISADO REPRESENTAÇÕES

Representações

Visuais

Logotipos Devem estar visíveis em todas as sessões do site.

Fotografias

Analisadas de acordo com:

Paisagens Naturais;

Paisagens Cultivadas;

Patrimônio e Cultura Material;

Produtos de Turismo;

Sem pessoas;

Apenas anfitriões;

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Apenas visitantes;

Anfitrião e visitantes;

Ilustrações / Desenhos São utilizados ilustrações ou desenhos?

Mensagens

escritas

Palavras relevantes no

contexto da pesquisa

Artefatos;

Autenticidade;

Aventura.

Culpa;

Cultural;

Curiosidade;

Dark

Educacional;

Experiência única;

Histórico;

Identidade;

Memória;

Nostalgia;

Sacralização;

Social;

Quadro 6: Categorias para a análise de conteúdo

Fonte: Elaborado com base em Bardin (1977); Hunter (2008);Fonseca (2015); e Machado, Medeiros e

Passador (2012).

Em relação à análise das representações figurativas, como patrimônio e cultura

material pode-se entender ruínas antigas, artes, esculturas, templos e santuários, marcos

e paisagens urbanas (vielas e ruas), povos étnicos e seus trajes e estilos, etc. Já como

“produtos de turismo” entende-se tudo o que o turista pode consumir, como

lanchonetes, loja de souvenir, banheiros e postos de atendimento (HUNTER, 2008).

Definiu-se que as estruturas internas do atrativo seriam classificadas como “sem

pessoas” e que as estruturas externas seriam “paisagens cultivadas”, assim como as

“paisagens naturais” seriam aquelas sem nenhum aspecto de interferência humana. Para

identificar os anfitriões, verificou-se se as pessoas estavam uniformizadas,

caracterizadas ou utilizavam algum tipo de identificação e, quando não era possível

identificar nenhum desses aspectos e a foto não possuía legenda, considerou-se

visitantes.

As palavras relevantes para a pesquisa foram retiradas das motivações para a

prática de Dark Turismo, quando Fonseca (2015) lista os 14 fatores que influenciam a

procura desses atrativos: identidade; históricos; culpa; curiosidade; sociais; nostalgia;

educacionais; lembrança/memória; artefatos (representações); sacralização; culturais;

experiência única; autenticidade/validação e aventura. As palavras foram traduzidas

para o inglês, visto que todos os sites possuem essa opção de idioma e a palavra “dark”

foi introduzida na pesquisa por ser o assunto principal da pesquisa.

4 A Imagem Projetada de Atrativos Turísticos de Dark Turismo

Para pesquisar os descritores dentro de cada site selecionado para análise

utilizaram-se as ferramentas de pesquisa do próprio site e, quando não estava

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disponível, foi utilizada a pesquisa avançada do Google. As palavras relevantes no

contexto da pesquisa (tabela 1) foram analisadas e contabilizadas como demonstrado a

seguir:

Tabela 1: Análise das palavras relevantes no contexto da pesquisa

PALAVRA A B C D E F

Dark 1 4 2 11 79 0

Identity 0 2 1 7 44 0

Historic/Historical 0 80 4 65 295 0

Guilt 4 2 5 1 5 0

Curiosity 0 0 1 1 14 1

Social 0 7 12 25 164 1

Nostalgia 0 0 0 0 6 0

Educational 0 27 5 139 503 12

Memory 1 21 8 0 927 0

Artifacts 0 2 0 0 645 0

Sacralization 0 0 0 0 0 0

Cultural 0 8 1 10 744 0

Uniqueexperience 1 0 0 3 8 0

Authenticity 0 0 0 0 7 0

Adventure 0 0 0 2 8 1

Considerando: “A” London Dungeon; “B” Campo de Concentração de Dachau; “C” Cemitério de

Weaste; “D” Museu Nacional da Justiça; “E” Memorial do 11 de Setembro; “F” Exposição Body Worlds.

Fonte: dados da pesquisa (2018)

Alguns sites possuíam blogs ou uma concentração de artigos e notícias e, por

conta disso, foi possível contabilizar palavras em abundância. Outro motivo para a

repetição elevada dos termos em dois dos sites (Memorial do 11 de Setembro e Museu

Nacional da Justiça), foi a falta de ferramentas de pesquisa própria; isso levou a utilizar

a pesquisa de termos da ferramenta do Google, que contabiliza todos os termos já

utilizados no site, incluindo arquivos anexados. Apesar de a contagem ter sido feita

através de outros meios, foi realizada a leitura de todos os termos ressaltados.

Percebeu-se que os únicos termos “dark” que possuíam relação com a motivação

do visitante, ou seja, aqueles que eram citados com o sentido de obscuro, só foram

mencionados em dois dos sites analisados (D, E). Esse fato provavelmente ocorre

porque ainda há uma falta de informação sobre o segmento e ainda é uma temática

pouco conhecida para potenciais turistas (GONÇALVES, 2017, p. 3).

A pouca relevância dada ao termo “curiosidade” pela maioria dos sites contrasta

com a importância do mesmo, visto que é notada pelo próprio autor de um dos sites (E)

como motivação dos visitantes do atrativo. Observando nesse mesmo aspecto e sabendo

que alguns autores (E,C) referem-se à instituição como tal, os termos “histórico” e

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“educacional” são bem desenvolvidos em todos os sites, dado que são os termos mais

citados nas pesquisas. Além disso, “educacional” foi a palavra que mais teve relação

com a motivação da visita, citada para comentar sobre as mídias, trabalhos, programas,

materiais e o departamento relacionado à educação (B, D, F, E).

Além dos atrativos que se intitulam instituições educacionais e históricas, é

possível encontrar o desejo de tornar-se um referencial de destino cultural em um dos

sites (D) e uma das instituições (E) já se intitula como uma Organização Cultural e

Educacional.

“Autenticidade” foi usada para confirmar a veracidade do local em apenas um

dos casos. Pode-se perceber a negatividade que a falta de exploração desse termo

acarreta quando Podoshen (2013, p. 265) explica que a “falta de uma experiência

autêntica nesses atrativos turísticos específicos abre um amplo campo de falácia

interpretativa”. O mesmo ocorre com o termo “artefatos”, dado que ele aparece em

pouca escala. Podoshen (2013, p. 268) afirma que os visitantes que possuem como

objetivo principal buscar artefatos ou remanescentes físicos do atrativo, podem sentir

falta de tangibilidade se esses materiais não forem encontrados. Em um dos sites (E) é

possível encontrar várias vezes a palavra “artefatos”, visto que a conservação dessas

peças é o foco principal da equipe do museu.

Já o termo “culpa” foi utilizado para comentar o sentimento dos sobreviventes

da tragédia (E), condizendo com a motivação da visita, visto que os turistas “são

atraídos ao local para honrar as vítimas e aliviarem o sentimento de culpa de terem

sobrevivido à morte e desastre” (FONSECA, 2015, p. 25). Porém o termo só foi usado

com esse sentido em uma das atrações, enquanto as outras o usaram para exemplificar o

comportamento dos personagens nas encenações presentes no atrativo e das

personalidades históricas do local (A, C, D).

A palavra “identidade” foi usada muitas vezes com relação a documentos

pessoais (B, C), porém observa-se a presença de palavras que se identificavam como

identidade do local, da corporação e da sociedade envolvida (D, E). É importante

investir nesse termo, poisas pessoas são atraídas a “locais associados com a morte para

ganharem um sentido de identidade, tenham eles ou não, uma ligação direta com o

lugar/evento” (FONSECA, 2015, p. 25).

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A palavra “nostalgia” não é bem explorada pelos sites e aparece apenas como

característica da arte em um museu (E). Percebe-se o valor dessa palavra quando Yuill

(2003, p. 92) define nostalgia como uma “arma poderosa” para áreas de morte e

desastre, visto que essas áreas propiciam um lugar de identidade, romantizam o passado

e minimizam o sentimento de perda.

Além de “experiência única”, também foram encontrados termos como

experiência personalizada (B) e oportunidade única (F). Além disso, a palavra

“aventura” só possui um termo correspondente a motivação do visitante. É necessário,

sempre que possível, agregar essas palavras citadas ao atrativo, pois torna o local mais

atraente para os turistas, visto que eles revelam uma mistura de aventura e emoções

(FONSECA, 2015, p. 27)

Existe uma grande repetição do termo “memória” em alguns sites, visto que se

refere a um memorial e/ou uma homenagem às vitimas do local (B, C, E). A palavra

“sacralização” também poderia ser aplicada nesses casos, visto que se santifica um local

de honra a mártires, heróis ou grandes perdas da comunidade com monumentos e

memoriais (YUILL, 2003, p. 28).

Pode-se relacionar essa pesquisa de palavras com o espectro dos atrativos de

Dark Turismo, onde, na teoria, os atrativos que fazem alusão a educação, conservação e

autenticidade do local ocupam os lugares mais escuros do espectro, enquanto os

atrativos que possuem orientação para entretenimento, comercialização e maior

necessidade de infraestrutura turística ocupam os lugares mais claros (STONE, 2006).

Sendo assim, o Campo de Concentração de Dachau, o Memorial do 11 de

Setembro e a Exposição Body Worlds que deveriam se identificar mais com educação,

conservação e autenticidade, acabam citando mais os aspectos históricos, memoráveis e

educacionais, respectivamente. Já o atrativo London Dungeon, que exemplifica a parte

mais clara do espectro e reflete entretenimento e comercialização, não cita nenhum

desses aspectos na maioria das suas palavras.

Além do texto, também foram analisadas as representações visuais dispostas nos

sites. Barboza, Nunes e Sena (2000), apontam que o uso de representações visuais em

um site deve contribuir para facilitar a leitura, os ícones devem ter uma relação com o

conteúdo exposto, as fotografias utilizadas devem veicular uma informação e os

recursos de multimídia devem ser usados em sintonia com os objetivos do site.

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As representações visuais constantes nos sites dos atrativos (tabela 2) foram

analisadas e contabilizadas como demonstrado a seguir:

Tabela 2: Análise das representações visuais:

REPRESENTAÇÃO A B C D E F

Paisagens Naturais 0 0 3 0 0 0

Paisagens Cultivadas 0 18 0 14 19 2

Patrimônio Cultural e Material 7 18 10 9 16 17

Produtos de Turismo 1 2 0 2 2 0

Sem pessoas 2 7 0 25 9 1

Apenas anfitriões 14 0 0 10 5 12

Apenas visitantes 5 2 0 38 15 30

Anfitrião e visitantes 10 3 2 12 16 1

Desenhos e figuras 8 17 9 13 20 40

Logotipo • • • • • •

Nº de representações analisadas 47 67 24 123 102 103

Considerando: Marcador verde = possui; Marcador vermelho = não possui ou não é possível identificar;

“A”: London Dungeon; “B”: Campo de Concentração de Dachau; “C”: Cemitério de Weaste; “D”: Museu

Nacional da Justiça; “E”: Memorial do 11 de Setembro; “F”: Exposição Body Worlds.

Fonte: dados da pesquisa (2018)

A categoria menos representada foi a de “paisagens naturais”. Foram

identificadas representações visuais de plantas nativas e jardins em um dos atrativos

(C). Esse fato provavelmente ocorre porque a maioria dos atrativos define-se como

histórico ou educacional, fazendo com que sejam encontradas mais representações de

“patrimônio cultural e material”. Foi possível localizar esculturas (B, C), lápides (B),

ruínas de prédios (B, E), acervo de museu (D, F, E), placas memorativas (E), e registros

fotográficos antigos (A, B, C, D, E).

Foram identificados painéis interpretativos (B, D, E), kits de souvenir (A) e

fotografias da loja do atrativo (E) como “produtos de turismo”. Alguns registros “sem

pessoas” foram identificados em ambientes internos das atrações, como palcos de

atuação (A), alas de museus (D), bibliotecas, dormitórios (B) e monumentos com

inscrições (B). Hunter (2008, p. 360) afirma a importância de representações como

essas, pois são esses espaços que representam exatamente o que “está esperando para

ser apreciado, para ser consumido como uma experiência de turismo”.

O grande número de fotografias da categoria “apenas visitantes” de

representações visuais em um dos sites (D) é resultado da postagem de fotos dos

convidados que compareceram a um evento, não correspondendo com os critérios da

pesquisa.Registros fotográficos que continham “apenas visitantes” foram identificados

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de duas maneiras. Enquanto a maioria dos sites prefere divulgar fotografias espontâneas

de visitantes interagindo com o ambiente do atrativo (figura 1), outros investem em

cenários e situações ligados à história do local (figura 2).

Figura 1: Família em frente ao “skateboarder”

Fonte: www.bodyworlds.com/

Figura 2: “Fairy Tale Trials”

Fonte:www.nationaljusticemuseum.org.uk/

A forma em que foram registrados funcionários interagindo com visitantes

também difere bastante de um atrativo para o outro. Um dos sites investe muito na

edição de figuras (figura 3), tornando sua representação visual única e mais chamativa

em comparação aos demais. O restante segue representando essa categoria com

anfitriões guiando grupos de visitantes ao longo do atrativo (figura 4). Porém, nos dois

casos citados, alguns registros não identificam o local onde está ocorrendo esta ação.

Figura 3: “The Tyrant Boat Ride”

Fonte: www.thedungeons.com/london/en/

Figura 4: Tour guiado pelo atrativo

Fonte: www.weasteheritagetrail.co.uk

Ambas as categorias (“vistantes e anfitriões” e “somente visitantes”) facilitam o

entendimento do visitante sobre o atrativo, visto que Manosso, Bizinelli e Gândara

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(2013) afirmam que as fotografias que exprimem as experiências vivenciadas ajudam a

reduzir o desconhecimento sobre o atrativo e agem como uma forma de convencimento.

Dois sites (A, D) utilizam representações visuais “apenas com anfitriões”,

expondo os atores que interpretam em suas exibições e espetáculos. Apesar de tratarem

da mesma categoria, as abordagens são feitas de maneiras diferentes. Novamente, o

atrativo “A” busca personalizar suas representações visuais (figura 5) por meio da

edição, enquanto o outro utiliza técnicas mais simples, como o uso de roupas específicas

em cenários do próprio local (figura 6).

Figura 5: “Guy Fawkes Gunpowder Plot”

Fonte: www.thedungeons.com/london/en/

Figura 6: Residentes do M. Nacional da Justiça.

Fonte: www.nationaljusticemuseum.org.uk/

Nesse mesmo caso, “paisagens cultivadas” chamam bastante atenção quando

explicitam a fachada dos prédios principais do atrativo, instalações e exibições a céu

aberto (B, D, E). Representações fotográficas como essas devem garantir que a

experiência exposta é exatamente o que o atrativo proporciona, pois podem facilmente

correr o risco de desapontar os visitantes (HUNTER, 2008).

Ao pesquisar “figuras” e “desenhos”, foram contabilizadas figuras aéreas dos

atrativos (B), páginas de livros com a finalidade de divulgação (B, C, E, F), figuras de

cartões fidelidade (A, E), cartazes (D), artigos da loja do atrativo (E) e logotipos de

empresas parceiras (B, C, D, E, F). Também se podem encontrar mapas interativos do

local (C), que possibilitava “visitas virtuais”. Além disso, como “figuras” foram

encontrados símbolos relacionados à acessibilidade para pessoas com restrições físicas

(E). Devido à falta dessa informação especifica nos sites e, sabendo que “o turismo

surge como potencial motivador da inclusão social, visando à ampliação da participação

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de todos na atividade turística” (MENDES; PAULA, 2008, p.334), fica evidenciado a

sua necessidade em todos os outros atrativos.

Pode-se perceber na análise que, muitas vezes, as palavras encontradas não

correspondiam aos critérios da motivação que estavam relacionadas.Também é possível

analisar que os atrativos que se intitulam instituições educacionais e históricas, investem

mais na divulgação de representações visuais de patrimônios históricos e culturais. Os

atrativos que possuem foco no espetáculo visam divulgar mais representações visuais

em que os anfitriões e atores estejam presentes.

5 CONCLUSÃO

O presente trabalho objetivou analisar a imagem projetada dos atrativos ligados

ao Dark Turismo a partir de seus sites institucionais. Para isso, foram definidos sites

oficiais de sete atrativos relacionados a Tipologia de Locais, Atrações e Exposições de

Dark Turismo (STONE, 2006).

Um dos atrativos definidos não possuía um site oficial com informações

exclusivas sobre a mesma, portanto não cumpriu o critério determinado na pesquisa e

não pode ser analisado. Além disso, outras restrições foram encontradas ao longo do

trabalho, tais quais sites que não possuíam ferramentas de busca (Memorial do 11 de

Setembro e Museu Nacional da Justiça) e, portanto, foi necessário pesquisar o termo no

Google, o que pode ter proporcionado uma repetição elevada de algumas palavras. Sites

que não possuíam “Site Maps” também dificultaram a contagem das representações

visuais, visto que essa opção ajuda a entender como o site está estruturado e

disponibiliza todas as URLs armazenadas, sem repetição.

Como a pesquisa é exploratória, não se buscou relatar as causas dos resultados

encontrados; porém, é possível analisar que as palavras que se referem às principais

motivações do Dark Turismo muitas vezes não são aprofundadas. O pouco uso da

palavra “Dark” em algumas atrações provavelmente evidencia a falta de interesse na

caracterização dos atrativos da área, enquanto, o freqüente uso de termos relacionados à

“história” e “educação” revela que os atrativos visualizam-se mais como instituições

históricas e educacionais. Outro fator que revela esse aspecto é o destaque de

representações visuais referentes à patrimônios culturais e materiais, onde são focados

acervos dos museus e memoriais.

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Foi possível analisar também que, apesar da importância do uso de

representações visuais, algumas atrações não investem em seu uso. Por outro lado, uma

das instituições investe muito na personalização dessas representações, utilizando

edições que geram uma originalidade perante os outros atrativos. Outra singularidade

percebida na análise das representações visuais foi que os atrativos que remetem ao

espetáculo, enfatizam seus anfitriões caracterizados ou seus visitantes interagindo nas

encenações.

As organizações responsáveis por esses atrativos poderiam investir mais em

meios que evidenciam o seu papel no segmento, visto que a procura pelo Dark Turismo

é crescente. Os termos de pesquisa mais específicos agrupariam os consumidores,

dariam mais visibilidade a todos os atrativos relacionados e facilitariam o marketing e

estudo dos atrativos e do segmento em geral.

Como os estudos sobre Dark Turismo são recentes e limitados, essa pesquisa

contribui para o crescimento da produção científica e aperfeiçoamento dos

conhecimentos sobre a área em estudo. Nesse sentido, o trabalho também contribui para

apontar como as atrações da área estão sendo divulgadas em seus sites oficiais e abre

oportunidade para o estudo das outras imagens existentes. Como sugestão para

trabalhos posteriores, dá-se a análise da imagem percebida por meio da análise da

reputação online desses atrativos. Esse estudo possibilitaria a analogia entre o que o

destino está promovendo e o que o visitante percebe, sendo possível averiguar se o

atrativo está conseguindo seguir o que está expondo aos visitantes.

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