Turismo náutico

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3a EdiçãoTURISMO NÁUTICO: Orientações Básicas1Ministério do Turismo Secretaria Nacional de Políticas de Turismo Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico Coordenação Geral de SegmentaçãoTURISMO NÁUTICO: Orientações Básicas3ª EdiçãoBrasília, 20101Presidente da República Federativa do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva Ministro de Estado do Turismo Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho Secretário-Executivo Mário Augusto Lopes Moysés Secretário Nacional de Polí

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3a Edio

TURISMO NUTICO: Orientaes Bsicas

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Ministrio do Turismo Secretaria Nacional de Polticas de Turismo Departamento de Estruturao, Articulao e Ordenamento Turstico Coordenao Geral de Segmentao

TURISMO NUTICO: Orientaes Bsicas3 Edio

Braslia, 20101

Presidente da Repblica Federativa do Brasil Luiz Incio Lula da Silva Ministro de Estado do Turismo Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho Secretrio-Executivo Mrio Augusto Lopes Moyss Secretrio Nacional de Polticas do Turismo Carlos Silva Diretor do Departamento de Estruturao, Articulao e Ordenamento Turstico Ricardo Martini Moesch Coordenadora-Geral de Segmentao Sskia Freire Lima de Castro Coordenadora-Geral de Regionalizao Ana Clvia Guerreiro Lima Coordenadora-Geral de Informao Institucional Isabel Cristina da Silva Barnasque Coordenadora-Geral de Servios Tursticos Rosiane Rockenbach

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2010, Ministrio do Turismo Todos os direitos reservados. Este trabalho poder ser reproduzido ou transmitido na ntegra, desde que citados o autor e a obra. So vedadas a venda e a traduo, sem autorizao prvia por escrito do Ministrio do Turismo. Coordenao e Execuo Ministrio do Turismo

3 Edio Distribuio gratuita

Ministrio do Turismo Esplanada dos Ministrios, Bloco U, 2 andar 70.065-900 Braslia-DF http://www.turismo.gov.br

Dados internacionais de catalogao na publicao (CIP)

Brasil. Ministrio do Turismo. Turismo Nutico: orientaes bsicas. / Ministrio do Turismo, Secretaria Nacional de Polticas de Turismo, Departamento de Estruturao, Articulao e Ordenamento Turstico, Coordenao Geral de Segmentao. 3. ed. Braslia: Ministrio do Turismo, 2010. 65 p. ; 24 cm.

Coleo com onze volumes. Inclui bibliografia. 1. Programa de Regionalizao do Turismo. 2. Roteiro turstico, Brasil. 3. Atividade nutica. 4. Atividade turstica. I. Ttulo. CDD 338.47910981

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Ficha TcnicaCoordenao-Geral Sskia Freire Lima de Castro Wilken Souto Marcela Souza Alessandro Dias de Castro Alessandra Lana Ana Beatriz Serpa Brbara Rangel Cristiano Borges Fabiana Oliveira Luis Eduardo Delmont Priscilla Grintzos Rafaela Lehmann Salomar Mafaldo Walter Garcia Cmara Temtica de Segmentao Grupo de Trabalho de Turismo Nutico Romeu Tuma Jnior, Luciano Pestana Barbosa e Riane Freitas Paz Falco Ministrio da Justia (MJ) Luiz Alberto Campos da Silva Marinha do Brasil Mrcia Oliveira Ministrio do Meio Ambiente (MMA) Reinaldo Redorat Secretaria do Patrimnio da Unio (SPU) Jurema Monteiro Ministrio do Turismo (MTur) Prof. M. Mara Flora Lottici Krahl Rosiane Rockenbach Ministrio do Turismo (MTur) [email protected] [email protected] Coordenao Tcnica Reviso Tcnica Apoio Tcnico

Consultoria contratada Colaborao

Agradecimentos

Contatos

Agradecemos a todos que contriburam na elaborao da 2 edio (2008) deste documento:Tnia Brizolla, Mara Flora Lottici Krahl, Mariana Leite Xavier, lvaro Cavaggioni, Carmlia Amaral, Joo Lino, Maria Madalena Nobre, Norma Martini Moesch, Rosana Frana, Grupo Tcnico Temtico (GTT) de Turismo Nutico da Cmara Temtica de Segmentao, Organizao No-Governamental para o Desenvolvimento do Turismo (OngTour).

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ApresentaoO comportamento do consumidor de turismo vem mudando e, com isso, surgem novas motivaes de viagens e expectativas que precisam ser atendidas. Em um mundo globalizado, onde se diferenciar adquire importncia a cada dia, os turistas exigem, cada vez mais, roteiros tursticos que se adaptem s suas necessidades, sua situao pessoal, seus desejos e preferncias. O Ministrio do Turismo reconhece essas tendncias de consumo como oportunidades de valorizar a diversidade e as particularidades do Brasil. Por isso, prope a segmentao como uma estratgia para estruturao e comercializao de destinos e roteiros tursticos brasileiros. Assim, para que a segmentao do turismo seja efetiva, necessrio conhecer profundamente as caractersticas do destino: a oferta (atrativos, infraestrutura, servios e produtos tursticos) e a demanda (as especificidades dos grupos de turistas que j o visitam ou que viro a visit-lo). Ou seja, quem entende melhor os desejos da demanda e promove a qualificao ou aperfeioamento de seus destinos e roteiros com base nesse perfil, ter mais facilidade de insero, posicionamento ou reposicionamento no mercado. Vale lembrar que as polticas pblicas de turismo, incluindo a segmentao do turismo, tm como funo primordial a reduo da pobreza e a incluso social. Para tanto, necessrio o esforo coletivo para diversificar e interiorizar o turismo no Brasil, com o objetivo de promover o aumento do consumo dos produtos tursticos no mercado nacional e inseri-los no mercado internacional, contribuindo, efetivamente, para melhorar as condies de vida no Pas. A aprendizagem contnua e coletiva. Diante disso, o Ministrio do Turismo divulga mais um fruto do esforo conjunto entre poder pblico, sociedade civil e iniciativa privada: as verses revisadas e atualizadas de nove Cadernos de Orientaes Bsicas de Segmentos Tursticos. Apresenta, tambm, dois novos cadernos: Turismo de Sade e Segmentao do Turismo e Mercado, que passam a fazer parte desta coletnea. O objetivo difundir informaes atualizadas para influir na percepo daqueles que atuam no processo de promoo, desenvolvimento e comercializao dos destinos e roteiros tursticos do Brasil.7

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Sumrio1. INTRODUO ............................................................ .........................11 2. ENTENDENDO O SEGMENTO ............................................................ .13 2.1 Aspectos histricos............................................................ ..........13 2.2 Conceituao e caracterizao .....................................................14 2.2.1 Conceituao .....................................................................14 2.2.2 Caracterizao ....................................................................15 2.2.3 Tipos de Turismo Nutico ....................................................17 2.3 Relevncia do Turismo Nutico .....................................................19 2.4 Estudos e pesquisas sobre o segmento .........................................20 2.4.1 O Turismo Nutico no mundo e os principais mercados emissores .....................................20 2.4.2 O Turismo Nutico de cruzeiros...........................................23 2.4.3 Perfil do turista nutico .......................................................24 2.4.3.1 Turista Nutico de Cruzeiros....................................25 2.4.3.2 Turista nutico de recreio e esporte barcos de pequeno e mdio porte .......................26 2.5 Marcos legais ..............................................................................29 2.5.1 Legislao Turstica .............................................................29 2.5.2 Legislao Especfica ...........................................................30 3. BASES PARA O DESENVOLVIMENTO DO SEGMENTO ..........................39 3.1 Identificao e anlise de recursos ................................................39 3.1.1 Estruturas de apoio ao Turismo Nutico da regio ...............41 3.2 Estabelecimento de parcerias e formao de redes ...................... 43 3.3 Agregao de atratividade ...........................................................45 3.4 Tendncias do mercado para o segmento .................................... 48 3.5 Gesto do produto turstico nutico .............................................50 3.6 Acessibilidade ..............................................................................58 4. CONSIDERAES FINAIS......................................................................61 5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................ 62

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1. IntroduoA atividade nutica, quando atrelada ao turismo, possui caractersticas que a diferenciam do simples ato de navegao. O Turismo Nutico, portanto, no se configura pela utilizao da embarcao como simples meio de transporte, mas como principal motivador da prtica turstica. Por possuir cerca de 8.500 km de linha de costa, 35 mil km de vias internas navegveis, 9.260 km de margens de reservatrios de gua doce, lagos e lagoas, ser banhado por correntes ocenicas favorveis navegao, contar com um clima propcio ao esporte e ao lazer nutico e apresentar uma infinidade de parasos naturais intocados, o Brasil apresenta um dos maiores potenciais de desenvolvimento do Turismo Nutico do mundo. Para o objetivo especfico deste Caderno de Orientaes Bsicas, importante compreender a nutica como indutora da demanda turstica, agregando-se esta, o patrimnio cultural e natural como fonte para a formatao de produtos tursticos singulares. Para isso, a primeira e segunda edio desta publicao contemplaram, de forma geral, os aspectos conceituais e legais do segmento, o perfil do turista, aspectos acerca da identificao de agentes e parceiros, at as peculiaridades relativas promoo e comercializao do segmento, oferecendo subsdios a gestores pblicos e privados na perspectiva da diversificao e caracterizao da oferta turstica brasileira. Agora, ao lanar esta terceira edio do Caderno, o Ministrio do Turismo complementa e atualiza as principais informaes relacionadas ao segmento publicadas anteriormente, com vistas a adequar tais informaes s novas tendncias observadas no mercado turstico. Alm disso, traz caractersticas especficas sobre o Turismo Nutico de cruzeiros e de recreio e esporte, bem como apresenta dados e pesquisas mais recentes que revelam importantes informaes para a estruturao e promoo de produtos tursticos nuticos, com vistas a favorecer o desenvolvimento do Turismo Nutico no Brasil.

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2. Entendendo o segmento2.1 Aspectos histricosDurante anos, o Brasil simplesmente se manteve a margem das rotas de navegao dos milhares de turistas e velejadores que passeiam com seus barcos pelo mundo, devido ligao entre a licena de permanncia do barco em guas nacionais e o visto do turista/proprietrio da embarcao. Situao que comeou a mudar a partir de setembro de 2006. Com a publicao do Decreto Presidencial n 5.887, a permanncia do barco, alm de ter sido dissociada do visto do proprietrio, aumentou de trs meses para dois anos. Medida que ficou conhecida no segmento nutico como A nova abertura dos portos. Tal decreto foi revogado em 5 de fevereiro de 2009 pelo Decreto n 6.759, que regulamenta a administrao das atividades aduaneiras, a fiscalizao, o controle e a tributao das operaes de comrcio exterior, no entanto, os avanos alcanados permaneceram inalterados. Como consequncia desta ao, a cada ano vem crescendo o nmero de barcos estrangeiros a circularem por guas brasileiras. Muitos atrados pelo poder da divulgao boca-a-boca, onde as belezas naturais existentes ao longo do litoral, a navegao tranquila e o fim da lei que inibia a vinda dos turistas para o Brasil so alardeados pelos prprios navegantes. Mas boa parte do movimento se deve tambm ao de divulgao do potencial nutico brasileiro por meio de um stio eletrnico1 sobre o Turismo Nutico criado e levado ao ar pela EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo. Aes conjugadas que, associadas a tantas outras em andamento, tendem a transformar o Brasil em um dos principais destinos nuticos do mundo. Situao semelhante foi vivenciada tambm pelo setor ligado aos navios de cruzeiros. Devido proibio da navegao de cabotagem2 para navios de bandeiras estrangeiras, muitos armadores,3 durante anos, evitaram a incluso do Brasil nas rotas de viagem. Situao que s comeou a modificar em agosto de 1995, a partir da aprovao da Emenda Constitucional n 7/95, que liberou a navegao no litoral brasileiro para as embarcaes de turismo e contouhttp://www.braziltour.com/coast Entende-se por navegao de cabotagem aquela realizada entre portos brasileiros, utilizando exclusivamente a via martima ou as interiores. BRASIL. Lei n 9.432, de 8 de janeiro de 1997. 3 Trata-se de empresas que oferecem servios de transportes aquavirio (martimo, fluvial e lacustre).1 2

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com intensa atuao da EMBRATUR. Vale destacar que o Turismo Nutico est diretamente ligado ao desenvolvimento da nutica como um todo e ampliao e modernizao da indstria nacional de barcos e navios. Pesquisa realizada pela Allen Consulting4 aponta que 90% da produo mundial dos barcos de lazer est concentrada nos pases que melhor desenvolveram o Turismo Nutico.

2.2 Conceituao e caracterizaoO Turismo Nutico se diferencia dos outros segmentos na medida em que o seu principal elemento caracterizador um equipamento nutico: a embarcao, que se constitui no prprio atrativo motivador do deslocamento, ao mesmo tempo em que utilizada como meio de transporte turstico.

2.2.1 ConceituaoEntende-se como nutica toda atividade de navegao desenvolvida em embarcaes sob ou sobre guas, paradas ou correntes, sejam fluviais, lacustres, martimas ou ocenicas. A navegao, quando considerada como uma prtica turstica, caracteriza o segmento denominado Turismo Nutico. Assim,

Turismo Nutico caracteriza-se pela utilizao de embarcaes nuticas com a finalidade da movimentao turstica.55

A depender do local onde ocorre, o Turismo Nutico pode ser caracterizado como: Turismo Fluvial; Turismo em Represas; Turismo Lacustre; Turismo Martimo.

Diviso semelhante pode ser percebida tambm em relao ao tipo e tamanho de embarcao empregada e a forma de utilizao da mesma.

2.2.2 CaracterizaoPor ser estabelecido com base no equipamento de transporte, o Turismo Nutico apresenta alguns aspectos que merecem esclarecimentos e facilitam a compreenso de seu conceito.

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Empresa australiana de consultoria, fundada em 1988. BRASIL, Ministrio do Turismo. Segmentao do Turismo: Marcos Conceituais. Braslia: Ministrio do Turismo, 2006.

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a) Finalidade de Movimentao Turstica6 A utilizao de embarcaes nuticas pode se dar sob dois enfoques: Como finalidade da movimentao turstica: toda a prtica de navegao considerada turstica que utilize os diferentes tipos de transportes aquavirios, cuja motivao do turista e finalidade do deslocamento seja a embarcao em si, levando em conta o tempo de permanncia a bordo. Como meio da movimentao turstica: o transporte nutico utilizado especificamente para fins de deslocamento, para o consumo de outros produtos ou segmentos tursticos, o que no caracteriza o Turismo Nutico. b) Embarcaes Nuticas Entende-se por embarcao a construo sujeita inscrio na autoridade martima e suscetvel de se locomover na gua, por meios prprios ou no, transportando pessoas, classificadas pela Marinha do Brasil em: Embarcao de grande porte ou Iate - com comprimento igual ou maior do que 24 metros. Embarcao de mdio porte - com comprimento inferior a 24 metros, exceto as midas. Embarcaes midas - com comprimento igual ou inferior a 5 metros ou com comprimento total inferior a 8m e que apresentem as seguintes caractersticas: convs aberto, convs fechado, mas sem cabine habitvel e sem propulso mecnica fixa e que, caso utilizem motor de popa, este no exceda 30 HP. As embarcaes de esporte e/ou recreio, com ou sem propulso, tambm so classificadas pela NORMAN-02/DCP7 Normas da Autoridade Martima para Amadores, Embarcaes de Esporte e/ou Recreio e para Cadastramento e Funcionamento das Marinas, Clubes e Entidades Desportivas Nuticas de acordo com a rea de navegao e com o tipo de embarcao conforme apresentado a seguir:

6 Entende-se como movimentao turstica os deslocamentos e estadas que pressupem a efetivao de atividades consideradas tursticas, isto , a oferta de servios, equipamentos e produtos de operao e agenciamento; transporte; hospedagem; alimentao; recepo; recreao e entretenimento; eventos; outras atividades complementares. 7 O Ministrio da Marinha, por meio da NORMAN-02/DCP Normas da Autoridade Martima para Amadores, Embarcaes de Esporte e/ ou Recreio e para Cadastramento e Funcionamento das Marinas, Clubes e Entidades Desportivas Nuticas , define como embarcao qualquer construo, inclusive as plataformas flutuantes e as fixas quando rebocadas, sujeita inscrio na autoridade martima e suscetvel de se locomover na gua, por meios prprios ou no, transportando pessoas ou cargas. Uma vez que o Turismo Nutico considera apenas as embarcaes nuticas para transporte de pessoas, no foi possvel considerar de maneira integral o conceito utilizado pela Marinha do Brasil. Disponvel em http://www.dpc.mar.mil.br/normam/tabela_normam.htm. Acesso em novembro de 2010.

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c) Tipo de embarcao Balsa; Barcaa; Bote; Chato; Escuna; Flutuante; Hovercraft; Jangada; Lancha; Saveiro; Traineira; Veleiro; Iate; Moto aqutica e similares; Outras.

d) Embarcaes de turismo Considera-se embarcao de turismo a construo inscrita na autoridade martima, apta ao transporte de pessoas, que possua como finalidade a oferta de servios tursticos, e os navios estrangeiros que operam mediante fretamento por agncias de turismo brasileira ou por armadores estrangeiros com empresa cadastrada no Ministrio do Turismo. As condies para prestao de servios de turismo das embarcaes de turismo observaro procedimento de inspeo tcnica realizada por instituies credenciadas pelos rgos competentes, conforme estabelecido no Decreto n 7.381, de 02 de dezembro de 2010. Em relao aos padres de classificao em categorias de conforto e servios dos veculos terrestres e embarcaes de turismo sero estabelecidos em ato do Ministrio do Turismo. e) rea de navegao Navegao em guas interiores: Realizada em guas consideradas abrigadas, podendo ser subdivididas em duas: rea 1: reas abrigadas, tais como lagos, lagoas, baas, rios e canais, que normalmente no apresentam diculdades ao trfego das embarcaes. rea 2: reas parcialmente abrigadas, onde sejam eventualmente16

observadas combinaes adversas de agentes ambientais, tais como vento, correnteza ou mar, que dicultem o trfego das embarcaes. Navegao em mar aberto: Realizada em guas martimas consideradas desabrigadas, que podem ser subdividas em: guas costeiras: rea localizada dentro dos limites de visibilidade da costa at a distncia de 20 milhas. guas ocenicas: rea localizada alm das 20 milhas da costa.

2.2.3 Tipos de Turismo NuticoNo mbito do segmento, possvel observar uma distino entre os segmentos de mercado que tm se destacado pela expanso nacional e internacional e provocado impactos diretos nas economias das regies que elegem como destino. Assim, podem-se considerar dois tipos principais, o Turismo Nutico de Cruzeiro e de Recreio e Esporte, que so apresentados a seguir com mais detalhe.

2.2.2.1 Turismo Nutico de CruzeiroDe acordo com o Decreto n 7.381, de 02 de dezembro de 2010, o programa de turismo denominado cruzeiro martimo ou fluvial se constitui da:

Prestao de servios conjugados de transporte, hospedagem, alimentao, entretenimento, visitao de locais tursticos e servios afins, quando realizados por embarcaes de turismo.Para todos os efeitos legais e regulamentares, ainda de acordo com o decreto citado, os cruzeiros martimos e fluviais so classificados nas seguintes categorias: De cabotagem: aquele entre portos ou pontos do territrio brasileiro, utilizando a via martima, ou esta e as vias navegveis interiores. Ou seja, aquele cuja viagem tem incio e trmino em porto nacional, com trnsito exclusivo em portos e pontos nacionais; Internacional: aquele cuja viagem tem incio e trmino em qualquer porto estrangeiro. Por exemplo aquele cuja viagem tem incio em porto estrangeiro e trmino em porto nacional, ou incio em porto nacional e trmino em porto estrangeiro; De longo curso: aquele realizado entre portos brasileiros e estrangeiros;

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Misto: aquele cuja viagem tem incio e trmino em porto nacional, com trnsito em portos e pontos nacionais e portos estrangeiros. No que se refere aos cruzeiros martimos ou fluviais, entende-se por: Escala: a entrada da embarcao em porto nacional para atracao ou fundeio; Embarque: o momento de incio da viagem de passageiros; Desembarque: o momento de trmino da viagem de passageiros; Trnsito: a entrada e sada de passageiros que no caracterize embarque e desembarque; Parte internacional de uma viagem de cruzeiro misto: o perodo compreendido entre o ltimo porto nacional ou ponto nacional do roteiro da embarcao com destino a porto estrangeiro e o primeiro porto nacional ou ponto nacional de regresso desta embarcao ao Brasil. Vale ressaltar que os roteiros de cruzeiros martimos ou fluviais bem como suas intermodalidades efetuadas pelos prestadores de servios tursticos que comercializem pacotes de viagem, devero ser apresentados ao Ministrio do Turismo, respeitadas as competncias dos rgos reguladores e demais rgos da administrao pblica federal.

2.2.2.2 Turismo Nutico de Recreio e Esporte:Realizado em barcos de pequeno e mdio porte, que podem ser de propriedade do turista ou alugados. Devido autonomia8 de cada equipamento nutico, possuem vocaes especficas capazes de determinar a rea de atuao do turista (regional, nacional e internacional). A seguir so apresentadas algumas maneiras de realizao: a) Barcos Conduzidos pelos Proprietrios: Veleiros: Por depender principalmente do vento, possibilita que o proprietrio navegue pela regio em que o barco est fundeado,9 ou realize grandes viagens transocenicas; Lanchas: Devido baixa autonomia, so mais utilizadas para o turismo regional; Iates: Com tanques de combustveis maiores, podem viajar pela costa e tambm se aventurar a navegaes transocenicas.

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Distncia que se pode percorrer com o consumo total do combustvel a bordo. Ancorado.

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b) Barcos alugados Podem ser encontrados em duas estruturas principais: Bases de charter: estruturas nuticas em que barcos de mdio porte, principalmente veleiros, so colocados disposio de turistas que queiram alug-los para vivenciar uma aventura nutica no destino escolhido. A depender da experincia do turista com a navegao, os pacotes prevem a possibilidade de alugar as embarcaes com ou sem tripulao. Este tipo de aluguel, normalmente feito para grupos fechados ou famlias. O perodo dos passeios varia, normalmente, entre 01 e quinze dias. Embora o Brasil seja apontado mundialmente como um dos pases com maior vocao para este tipo de atividade, a inexistncia de uma legislao especfica e a forte incidncia das taxas dificulta o avano do segmento. Porm, a confiana no avano do Turismo Nutico no pas vivenciada at por estrangeiros ligados a atividade. Passeios organizados por agncias, clubes e marinas: realizados em barcos de mdio porte tripulados. Na maioria das vezes, os bilhetes so vendidos avulsos e o turista divide a embarcao com outros clientes que no fazem parte de seu grupo.

2.3 Relevncia do Turismo NuticoO esporte o motor do avano das atividades nuticas, porm s se consegue alcanar os benefcios sociais e econmicos com o desenvolvimento das atividades nuticas quando se transcende o esporte e se chega sem complexo promoo da cultura e do Turismo Nutico.1010

Na confirmao deste parecer, cabe ressaltar que experincias vivenciadas em diferentes regies do planeta, e tambm no Brasil, demonstram que o foco exclusivo no esporte, sem o envolvimento das aes necessrias relacionadas ao meio ambiente, ao turismo e indstria, no auxilia na criao de um ciclo auto-sustentvel de desenvolvimento e acaba por frustrar a possibilidade de crescimento do segmento nutico. Abaixo, alguns nmeros que fazem parte deste ciclo: Na rea de servios/marinas, a nutica gera em torno de 3 postos de trabalho por barco acima de 25 ps; Um barco gasta em mdia 8% de seu valor de compra por ano, em manuteno; 90% da produo mundial da nutica de recreio esto concentrados10

Livro Azul da Nutica. Fundao de Esportes da Galcia & Escola de Negcios Caixa Nova, 2005.

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nos pases que melhor desenvolveram o Turismo Nutico;11 O desenvolvimento do Turismo Nutico est diretamente ligado ao fomento e desenvolvimento da indstria nutica onde a mdia de criao de empregos de 7 por barco produzido.12

2.4 Estudos e pesquisas sobre o segmentoNo Brasil, como o desenvolvimento deste segmento turstico ainda incipiente, dados e pesquisas que retratem seus impactos econmicos, perfil do turista e demanda potencial ainda so escassos, o que dificulta o planejamento e a monitoria das aes planejadas e em execuo para o setor. Exceo faz-se ao setor de cruzeiros martimos, onde anualmente a ABREMAR13 divulga dados referentes ao impacto econmico, gerao de empregos, tributos, dentre outros. Vale ressaltar que de fundamental importncia que os destinos interessados no desenvolvimento deste segmento devem possuir dados confiveis e atualizados acerca da demanda existente, potencial, perfil do turismo e impactos econmicos para o destino, com vistas a subsidiar aes de estruturao e promoo do destino em questo.

2.4.1 O Turismo Nutico no mundo e os principais mercados emissoresSegundo pesquisa realizada pelo Governo de Portugal, o mercado do Turismo Nutico na Europa (principal emissor de turistas nuticos) cresce a taxas que variam entre 8 e 10% ao ano.14 A estimativa para prtica de Turismo Nutico no continente de 3 milhes de viagens/ano, sendo Alemanha e Escandinvia os principais emissores de turistas no movimento interno ao continente. J o movimento aduaneiro de Gibraltar, Bahamas e Trinidad (1999-2003) aponta que britnicos e franceses so os que mais se lanam ao mar em busca de aventuras transocenicas. O principal destino destes o Caribe. Porm, com o Decreto Presidencial que amplia o prazo de permanncia dos barcos estrangeiros de lazer de 3 meses (renovveis por mais 3 meses) para dois anos, o Brasil se coloca na rota de destinos possveis e atraentes para este segmento do turismo internacional. No Brasil, os dados existentes, referem-se a informaes da Polcia Federal, queFonte: Allen Consulting. Fonte: Acobar / Allen Consulting. 13 Associao Brasileira de Cruzeiros Martimos (ABREMAR). Para mais informaes, consulte http://www.abremar.com.br 14 Fonte: 10 Produtos Estratgicos para o Desenvolvimento do Turismo Nutico Em Portugal: Turismo Nutico. THR (Asesores en Turismo Hotelera y Recreacin, S.A.). Turismo de Portugal, 2006, ip. Disponvel em http://www.thr.es11 12

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indicam a residncia permanente dos turistas que ingressaram no pas por via martima e os estados mais visitados por estes, conforme grficos a seguir.Grfico 1 Ranking dos Pases Emissores X Nmero de Turistas Via Martima 2008.

Grfico 2 Ranking dos Estados Receptores X Nmero de Turistas Via Martima 2008.

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Assim, pode-se dizer que os pases europeus, responsveis pela emisso de 33.264 turistas ao Brasil, no ano de 2008, por via martima, possuem cinco dos dez principais pases emissores, sendo o mercado alvo prioritrio para o desenvolvimento do Turismo Nutico. J a Amrica do Norte, em grande parte representada pelos EUA, maior emissor de turistas que ingressam no pas por via martima, tambm seria um mercado alvo a ser atingido, em um segundo momento, seguido pela Argentina, terceiro maior pas emissor, o qual possui um mercado interessante a ser trabalhado, principalmente por estados do Sul e Sudeste do Brasil. Abaixo, seguem duas tabelas capazes de dar uma idia da dimenso do mercado internacional.Tabela 1 - Relao nmero de habitantes x barcoSucia 6,7 Alemanha 185 EUA 18,1 Nova Zelndia 8,0 Itlia 68 Finlndia 7,0 Espanha 185Fonte: Livro Azul da Nutica (2003 - Galcia)

Holanda 57

Frana 68

Tabela 2 - Relao nmero de barcos x vagaSucia 6,7 Portugal 8,9 EUA 14,0 Nova Zelndia 23,5 Itlia 6,5 Finlndia 9,3 Espanha 2,12 Fonte: Livro Azul da Nutica (2003 - Galcia Holanda 14,8

Frana 3,36

2.4.2 O Turismo Nutico de cruzeirosPara se compreender o setor de Cruzeiros no Brasil, segundo a Associao Brasileira de Representantes de Empresas Martimas (ABREMAR), apenas nas temporadas 2007/2008 e 2008/2009, houve um aumento de 32% no nmero deste tipo de turistas. Na temporada 2008/2009, o setor registrou um movimento econmico de 342 milhes de dlares. Impacto que tende a aumentar por meio da melhor estruturao do setor e com a futura criao dos portos tursticos internacionais. Durante o carnaval da referida temporada, os sete navios de cruzeiro que atracaram no Porto de Salvador/BA provocaram um movimento de turistas na cidade equivalente a 74 vos charters. Com cerca de 80% de desembarque registrado pelos navios ali aportados, a cidade, o comrcio e os blocos carnavalescos se viram invadidos por alguns milhares de turistas vidos em consumir a festa e a alegria caractersticas da Bahia.1515

Fonte: Secretaria de Turismo do Estado da Bahia. Disponvel em http://www.setur.ba.gov.br

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Conforme informaes do Conselho Europeu de Cruzeiros, cada milho de euros gasto pela indstria dos cruzeiros, naquele continente cria outros 2,2 milhes em rendimentos. A previso de que o nmero de turistas europeus em alto mar atinja 4 milhes de passageiros at 2010.16 importante perceber que este um movimento que provoca o consumo em forma de ondas. A depender do nmero de navios programados para atracar, o destino poder receber entre mil e oito mil turistas de uma s vez. Turistas estes que se destacam pelo seu poder e vontade de consumo.

Os turistas dos cruzeiros de cabotagem despendem, em mdia, US$ 100.00/dia nas escalas, o que representa um volume de transferncia dos navios para terra de cerca de US$ 31,5 milhes por temporada nos ltimos cinco anos, correspondente a mais de 315.000 visitantes/ano nas cidades com portos17 tursticos. Vale ressaltar que o nmero de turistas passou de 139.430 na temporada 2004/2005 para 521.983 na temporada 2008/2009, o que representa um crescimento de 374% nos ltimos cinco anos.181718

Diante de realidades como esta, necessrio que o trade turstico,19 os governos e operadoras se unam para permitir que a relao Valor X Esforo20 seja a mais positiva possvel para o cliente e a comunidade local, programando com antecedncia o nmero de escalas/dia, de modo a respeitar a capacidade de carga de cada destino. No Brasil, a carncia de infraestruturas porturias (insuficincia de beros, instalaes precrias para turistas), a legislao e a falta de preparo do receptivo para o atendimento ao pblico destacam-se dentre os fatores que prejudicam o avano do setor.

2.4.3 Perfil do turista nuticoO perfil do turista nutico difere de acordo com o tipo de embarcao utilizada, tipo de viagem e nacionalidade. Neste item, sero destacadas algumas distines quanto aos perfis, formas de agir e principalmente necessidades de consumo do turista nutico nacional e internacional.Fonte: http://www.abremar.com.br Abrigo natural ou artificial para os navios munido de instalaes necessrias ao embarque de mercadorias e de passageiros. Fonte: Abremar: Impacto dos Cruzeiros Martimos de Cabotagem no Brasil, 2009. 19 Trade o conjunto de agentes, operadores, hoteleiros e demais prestadores de servios tursticos. 20 Valor o que o cliente percebe durante a viagem; resulta da soma das experincias, opes de lazer e consumo, satisfao das necessidades emocionais, eficincia e qualidade no atendimento. Esforo a energia que uma comunidade local despende para atender aos viajantes e ao mesmo tempo os impactos sofridos por ela em razo da chegada destes.16 17 18

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No entanto, possvel identificar algumas caractersticas comuns maioria dos turistas nuticos, sejam eles de cruzeiro ou de esporte e recreio. De forma geral, os servios mais utilizados pelos turistas so: restaurantes; programao noturna; atividades esportivas; compras; atividades de ecoturismo, como trekking e passeios nuticos em reas bem preservadas; atividades culturais, folclore e festas tpicas regionais; e roteiros tursticos nuticos e terrestres diversificados. Para a escolha do destino da viagem, alguns pontos tambm so considerados, como: Oferta de infraestrutura e servios de qualidade (marinas); Conservao do meio ambiente; Segurana; Proximidade dos atrativos; Atividades de lazer e de recreio para crianas durante o dia e adultos noite; Indicao de amigos; Possibilidade de descanso; Atividades esportivas (regatas, competies); Clima da regio; Divulgao estruturada e segmentada do destino; Preo.

Para compreender melhor o perfil do turista nutico, a seguir apresentado por tipo de Turismo Nutico.

2.4.3.1 Turista Nutico de Cruzeirosa) Motivao Neste nicho, a embarcao destaca-se como o prprio atrativo motivador do deslocamento. Mais do que conhecer cidades, passear por diferentes regies, o turista nutico de cruzeiro busca vivenciar ao mximo as experincias internas do navio. Embora o foco principal sejam as festas, o romantismo e outros diferentes prazeres que a embarcao est preparada para lhe ofertar, o turista nutico de cruzeiro capaz de gerar forte impacto nas cidades e regies onde os navios programam suas escalas. Para tanto, necessrio que os atores (governos, comrcio, agentes de viagens entre outros) entendam a dinmica do segmento e se preparem para atender da melhor maneira possvel o turista que desembarca do navio, oferecendo-lhe produtos e servios de interesse.

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b) Perfil O turista de cruzeiros/navios, de modo geral, apresenta as seguintes caractersticas:21 A maioria tem entre 31 e 65 anos; Cerca de 80% possui uma renda mdia familiar acima de dez salrios mnimos; 54% possui nvel superior e 20% ps graduao; 55% dos que optam por cruzeiros costumam viajar para o exterior; 94% realizam outras viagens pelo Pas; A maioria busca segurana, agilidade e conforto; Em geral, possui pouca disponibilidade de tempo; Visita o maior nmero de atrativos durante as atracaes (restaurantes, shows e feiras, por exemplo); 75% retornam ao destino turstico visitado por via area.

2.4.3.2 Turista nutico de recreio e esporte barcos de pequeno e mdio portea) Motivao: Realizar uma viagem ativa em contato com a gua e no caso dos barcos vela tambm com o sistema de ventos das regies visitadas. Desfrutar de autonomia e liberdade, j que renem no mesmo equipamento (o barco) a moradia/estadia e o meio de transporte, podendo alterar roteiros e tempo de permanncia de acordo com os prprios interesses e necessidades. A preservao da natureza, riqueza cultural e gastronomia so fatores que agregam valor e influenciam fortemente no momento da escolha do destino, assim como a possibilidade de realizar atividades nuticas, em lazer ou em competio. Aqui, h que se destacar um subgrupo bem especfico: o que tem por principal motivao a participao em eventos esportivos ligados nutica. Parte deste grupo programa seu calendrio de modo a viajar para os locais e participar de eventos/competies nacionais e internacionais. um mercado bastante especfico e pouco representativo no movimento turstico. Porm, devido ao poder de gerao de mdia espontnea, pode ser aproveitado como oportunidade de divulgao e promoo do destino turstico. As possibilidades de negcios e investimentos que envolvem os patrocinadores21

RABAHY, Wilson Abraho; KADOTA, Dcio K. Caracterizao da Demanda das Viagens de Cruzeiros Martimos no Brasil. Revista Turismo em Nmeros, Caderno de Estatsticas, edio n 53. Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de So Paulo, 2004. Disponvel em http://www.sindetur.com.br e http://www.abremar.com.br/pdf/Caracterizacao_da_Demanda_de_Viagens.pdf. Acesso em novembro de 2010.

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destes eventos outro fator que pede um pouco mais de ateno a este tipo de turismo. Principalmente, quando se trata de competies internacionais de grande expresso como Velux, Jacques Vabre, Volvo Ocean, Clipper Round, Transat 6.50, dentre outras. b) Perfil Os turistas nuticos que utilizam embarcaes de mdio e pequeno porte (Turismo Nutico de recreio), como os turistas velejadores, apresentam perfis diferentes de acordo com a nacionalidade e forma de utilizao do barco: b.1) Turista Estrangeiro possvel distingui-lo conforme a embarcao utilizada, conforme tabela a seguir.Quadro 1 Perfil dos Turistas Estrangeiros22 A maioria tem entre 40 e 50 anos; Possui poder aquisitivo elevado; o que mais gasta com alimentao, compras, passeios e lazer de modo geral durante as viagens. Gasta, em mdia, cinco vezes mais que um turista convencional; profissional liberal ou empresrio; Com embarcao prpria Interessa-se pela cultura, gastronomia e esportes da regio (principalmente nuticos); Permanece a bordo grande parte do tempo; , na maioria das vezes, europeu ou americano; Visita vrios destinos durante a permanncia no Pas; Gera postos de trabalho ao contratar servios de manuteno e marinheiros; Continua gastando no destino mesmo quando volta ao Pas de origem, pois deixa o barco no Pas visitado para aproveitar mais uma temporada no futuro. Em sua maioria possuem entre 30 e 50 anos; Majoritariamente homens; Escolaridade: tcnico ou superior; profissional liberal ou empresrio.

Que utiliza embarcao alugada (bases de charter):22

Consumo do turista internacional que utiliza embarcao mdia Os hbitos de compra destas duas categorias internacionais so semelhantes. Afinal, no so raras s vezes em que o turista nutico internacional que aluga barcos22

Fonte: 10 Produtos Estratgicos para o Desenvolvimento do Turismo Nutico Em Portugal: Turismo Nutico. THR (Asesores en Turismo Hotelera y Recreacin, S.A.). Turismo de Portugal, 2006, ip. Disponvel em http://www.thr.es

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em bases de charter pelo mundo possua um barco em seu pas de origem. O turista que visita a base de charter, dependendo das condies ligadas a segurana, infra-estrutura, qualidade de atendimento, nmero de destinos e preservao do meio ambiente encontrados na regio, algumas vezes, acaba por trazer, mesmo que por apenas uma temporada sua embarcao para o destino visitado. Produtos e servios consumidos: Hotis de 4 a 5 estrelas; Cursos de navegao realizados pelas operadoras de bases de charter; Roteiros tursticos: nuticos e terrestres; Atividades culturais: festas tpicas, folclore, artesanato, museus etc; Gastronomia local; Transporte areo: mesmo quando chegam ao destino de barco, acabam por usar o transporte areo para visitar outras regies distantes do mar como Chapada Diamantina/BA, Amaznia e Pantanal ou para retornar ao pas de origem.

b.2) Turista Nacional Este se divide em duas categorias que, apesar de manter traos semelhantes, possuem hbitos bastante distintos. Lancheiros: Devido at mesmo questo da autonomia dos barcos, utilizam principalmente atrativos das regies prximas aos equipamentos nuticos onde so mantidas as embarcaes. Velejadores: Com maior mobilidade, j que o combustvel principal o vento, permanecem nos destinos prximos s estruturas nuticas, mas tambm se aventuram a passeios mais longos e transitam com maior facilidade pelo litoral do Pas.

importante observar que a autonomia do veleiro permite a expanso global desta modalidade do Turismo Nutico e as travessias transocenicas. A necessidade de abastecimento freqente da lancha limita sua possibilidade de afastamento das bases de apoio. Esse um dos principais fatores que fazem com que seja mais comum a presena de velejadores e no de lancheiros europeus a trafegarem pela costa brasileira, ilhas do Caribe e outros destinos nuticos.

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Quadro 2 Perfil dos Turistas Nacionais Velejadores Pertence classe mdia alta ou classe alta; empresrio, profissional liberal ou aposentado; Possui tempo disponvel para viagens longas; profissional liberal ou empresrio; Velejador com embarcao prpria: As embarcaes permanecem no mesmo porto ou marina por mais de seis meses; Quando no reside prximo ao destino, possui casa no local; Parte deste grupo se movimenta pelo litoral em busca de eventos nuticos esportivos, tais como regatas Rio-Santos, Aratu-Maragogipe, Recife-Fernando de Noronha. Uma pequena parcela destes turistas contrata profissionais que possam levar os barcos, em funo de seu tempo disponvel Velejador com embarcao alugada: Pertence classe mdia; Utiliza servios de aluguel oferecidos pelas marinas e clubes nuticos; Realiza viagens curtas e de fim de semana.

Este tipo de turismo vem se popularizando nos ltimos anos, modificando a idia de que turistas de menor poder aquisitivo no fazem parte desse mercado.

Os veleiros representam cerca de 15% da frota total de embarcaes de esporte e recreio no Brasil.2323

2.5 Marcos LegaisOs marcos que incidem no Turismo Nutico englobam, alm da legislao brasileira, acordos, normas, tratados e outros instrumentos internacionais, o que torna a abordagem bastante ampla. Diante dessa abrangncia, so enfocados neste documento os principais aspectos relativos atividade nutica no Pas.

2.5.1 Legislao TursticaA recente Lei do Turismo, Lei n 11.771, de 17 de setembro de 2008, aparece como marco na rea. Refere-se, entre outros assuntos, ao cadastramento no sistema CADASTUR24 (obrigatrio ou optativo) e fiscalizao dos prestadores de servios tursticos e encontra-se disponvel no stio eletrnico do Ministrio do Turismo.25 Essa legislao abrange, de modo geral, os segmentos tursticos como um todo e refere-se prestao de servios tursticos e aplicam-se a meios de hospedagem, transporte, operao e agenciamento turstico, guiamento,Fonte: Associao Brasileira de Construtores de Barcos (ACOBAR). Disponvel em http://www.acobar.com.br CADASTUR o Sistema de Cadastro dos Empreendimentos, Equipamentos e Profissionais da rea de Turismo. Tem como finalidade possibilitar o cadastro de empresas prestadoras de servios tursticos e profissionais de turismo, conforme legislao especfica. 25 Disponvel em http://www.cadastur.turismo.gov.br23 24

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eventos etc. A Lei n 11.771/ 2008 (Lei do Turismo) regulamentada pelo Decreto n 7.381, de 02 de dezembro de 2010. Este decreto estabelece, entre outros, normas, mecanismos e critrios para o bom funcionamento do Sistema Nacional de Cadastramento, Classificao e Fiscalizao dos Prestadores de Servios Tursticos26 (SINASTUR). Define as infraes e as penalidades administrativas para os meios de hospedagem, agncias de turismo, transportadoras, organizadoras de eventos, parques temticos e acampamentos tursticos. Em relao ao Turismo Nutico vlido destacar os artigo 22 (que trata da construo, instalao, ampliao e funcionamento dos estabelecimentos e empreendimentos de turismo utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como capazes de causar degradao ambiental) e os artigos 37 a 41, que tratam das embarcaes de turismo e dos roteiros tursticos de cruzeiros martimos ou fluviais. Ateno ainda deve ser dada Resoluo CONAMA n 341, de 25 de setembro de 2003 - Critrios para a caracterizao de atividades ou empreendimentos tursticos sustentveis.

2.5.2 Legislao Especficaa) Aspectos Legais sobre Embarcaes Brasileiras No que se refere a este aspecto, todas as embarcaes devem observar as Normas da Autoridade Martima - NORMANS,27 publicadas pela Marinha do Brasil. b) Aspectos Legais sobre Embarcaes Estrangeiras De acordo com a NORMAN-04/DCP28 Normas da Autoridade Martima para Operao de Embarcaes Estrangeiras em guas Jurisdicionais Brasileiras , para obter o direito de prestao de servios de Turismo Nutico, a embarcao deve possuir:29 Certificado de Autorizao de Afretamento (CAA);30 Carto de Tripulao de Segurana (CTS); Declarao de Conformidade para Operar em guas Jurisdicionais26 Prestador de Servios tursticos so sociedades empresariais, sociedades simples, empresrios individuais e servios sociais autnomos de servios tursticos remunerados, que exeram atividades econmicas relacionadas a cadeia produtiva do turismo, no termos do art. 21 da Lei n 11.771/2008. 27 Disponvel em: http://www.dpc.mar.mil.br/normam/tabela_normam.htm 28 Disponvel em: https://www.dpc.mar.mil.br/normam/tabela_normam.htm 29 A NORMAN-04/DCP define os requisitos gerais para a obteno da autorizao para navegao em guas jurisdicionais brasileiras. Destarte, todas as embarcaes estrangeiras devero obedecer tambm aos requisitos relacionados no item 0119, seo II, captulo 1 da referida Norman. 30 o documento emitido pela Agncia Nacional de Transportes Aquavirio (ANTAQ) que comprova a autorizao de afretamento da embarcao para emprego na navegao de cabotagem e interior.

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Brasileiras; Atestado de Inscrio Temporria (AIT) autorizada pela DCP (visando sua emisso, a embarcao ser cadastrada no Sistema de Gerenciamento de Vistorias, Inspees e Percias SISGEVI); Requerimento da empresa responsvel pelo afretamento com a cpia do contrato do mesmo e declarao formal de assuno de responsabilidade civil anexos; Parecer favorvel do rgo federal responsvel pela atividade de turismo (a Autoridade Martima ainda no est cobrando esse documento da embarcao, que est sendo elaborado). Os navios de passageiros em cruzeiros martimos de cabotagem, assim como as embarcaes estrangeiras empregadas na navegao de longo curso, so isentos da citada Inscrio Temporria, desde que no estejam fretados por empresas brasileiras de navegao. c) Aspectos Legais sobre vistos A situao jurdica dos estrangeiros no Brasil est disciplinada na Lei n 6.815/80, regulamentada pelo Decreto n 86.715/81, e a entrada, em geral, depende de visto31 obtido na repartio consular brasileira, no exterior, mais prxima do local de residncia do interessado, salvo quando prevista a dispensa por reciprocidade de tratamento ou acordo.32 A concesso de visto martimo33 estrangeiro empregado a bordo de embarcao de turismo estrangeira que opere em guas jurisdicionais brasileiras disciplinada pela Resoluo Normativa n 71, de 5 de setembro de 2006.34 De acordo com a legislao, s exigido visto de entrada no pas ao martimo estrangeiro que no seja portador da Carteira de Identidade Internacional de Martimo prevista em Conveno da Organizao Internacional do Trabalho (atualmente, vigora a Conveno n 108 da OIT) ou documento equivalente.35 Aquele que no for portador da Carteira de Identidade Internacional de Martimo vlida ou documento equivalente dever obter o visto de trabalho previsto no art. 13, inciso V, da Lei n. 6.815, de 19 de agosto de 1980, a partir de au31 O visto pode ser de trnsito, turista, temporrio (subdividido em 7 itens, de acordo com a finalidade), permanente, cortesia, oficial e diplomtico. 32 Para fins tursticos tambm poder ser dispensada a apresentao de passaporte e visto, mediante apresentao de Carteira de Identidade, ou outros documentos equivalentes previstos em Acordos internacionais no mbito do Mercosul e pases associados. 33 De acordo com a Resoluo n 71, equipara-se ao martimo qualquer pessoa portadora da Carteira de Identidade Internacional de Martimo que exera atividade profissional a bordo de embarcao de turismo estrangeira. 34 Um guia de procedimentos que informa acerca das condies necessrias para a concesso de vistos para trabalhador estrangeiro a bordo de embarcao estrangeira destinada a turismo pode ser encontrado em: http://www.mte.gov.br/trab_estrang/Guia_Procedimentos.pdf 35 O art. 49, pargrafo nico, do Dec. n 86.715/81 determina que a carteira de identidade de martimo poder ser substituda por documento de viagem que atribua ao titular a condio de martimo.

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torizao do Ministrio do Trabalho e Emprego. A Resoluo disciplina tambm que a embarcao de turismo estrangeira dever, a partir do 31 (trigsimo primeiro) dia de operao em guas jurisdicionais brasileiras, contar com um mnimo de 25% (vinte e cinco por cento) de brasileiros em funes tcnicas e em atividades a serem definidas pelo armador ou pela empresa representante do mesmo, Alm disso, aqueles brasileiros recrutados apenas para trabalhar durante a temporada de cruzeiros36 devero ser contratados de acordo com a legislao trabalhista brasileira aplicvel espcie. J o Decreto 4.406, de 3 de outubro de 2002, estabelece diretrizes para a fiscalizao em embarcaes comerciais de turismo, seus passageiros e tripulantes, e determina que a fiscalizao37 migratria dever ser realizada no primeiro porto turstico internacional do Pas, quando de sua entrada no territrio nacional, e no ltimo porto turstico internacional do Pas, quando de sua sada do territrio nacional. d) Aspectos Legais sobre importao de embarcaes Outro dispositivo legal pertinente o Decreto n 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, que regulamenta a administrao das atividades aduaneiras e a fiscalizao, o controle e a tributao das operaes de comrcio exterior. De modo geral, as embarcaes podem admitidas no pas de duas formas: importao definitiva ou admisso temporria. No primeiro caso, os tributos que incidem sobre a importao de tais bens so: Imposto de Importao 20%, Imposto sobre produtos industrializados 10%, PIS 1,65%, COFINS 7,60% e ICMS at 25% (a depender de cada estado). No total, estes impostos somados chegam 95% do valor da embarcao. J no caso de admisso temporria, cobrado o percentual de 1% ao ms sobre o valor do imposto devido, ou seja, at 0,95% do valor total da embarcao. e) Aspectos Legais sobre a implantao de empreendimentos nuticos A implantao e a operao de estruturas nuticas envolvem questes relativas qualidade das guas, ocupao e uso das reas ribeirinhas e litorneas, preservao dos mananciais, das matas ciliares, das florestas e das demais formas de vegetao natural prximas ao corpo de gua, entre outras. Dessa forma,36 Considera-se temporada de cruzeiros martimos pela costa brasileira o perodo compreendido entre 30 (trinta) dias antes da partida da embarcao para o primeiro porto brasileiro at 30 (trinta) dias depois da sada do ltimo porto brasileiro, incluindo nesse perodo eventuais ausncias das guas jurisdicionais brasileiras. 37 As atividades de fiscalizao e inspeo para entrada e sada de embarcaes, a cargo das autoridades aduaneiras, de marinha, do trabalho, de vigilncia sanitria e zoofitosanitrias, sero efetivadas no primeiro e no ltimo porto turstico internacional de escala do Pas, independentemente de sua permanncia em guas brasileiras.

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vrios aspectos legais de carter ambiental devem ser considerados, entre eles:Quadro 3 Alguns aspectos legais sobre implantao de empreendimentos nuticosInstrumentos legais Constituio Federal Lei Federal no 10.257 de 10 de julho de 2001 Lei Federal no 4.771, de 15 de setembro de 1965

Escopo Artigo 225, 1, define as incumbncias do poder pblico para garantir a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.38 Estatuto das Cidades - estabelece normas de ordem pblica e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurana e do bem-estar dos cidados, bem como do equilbrio ambiental.39 Novo Cdigo Florestal - principalmente o 2, onde se estabelece, por exemplo, a preservao permanente das florestas e demais formas de vegetao natural ao longo dos rios ou de outro qualquer curso dgua de acordo com o seu nvel mais alto em faixa marginal e sua largura mnima, das nascentes e dos olhos dgua.40 Regulamenta o artigo 225, 1, incisos I, II, III e VII da Constituio Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza e d outras providncias.41

Lei Federal no 9.985, de 18 de julho de 2000

38 39 40 41 42 43 44 45

Instrumentos legais Lei Federal no 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 Lei Federal no 7.661/88 de 16 de maio de 1988 Lei Federal no 9.636 de 15 de maio de 199838 39 40

Escopo Lei de Crimes Ambientais - dispe sobre as sanes penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e d outras providncias.42 Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - regulamentada pelo Decreto no 5.300 de 7 de dezembro de 2004,43 dispe sobre regras de uso e ocupao da zona costeira e estabelece critrios de gesto da orla martima. Regularizao, administrao, aforamento e alienao de bens imveis de domnio da Unio.44 Ressalta-se que esta lei regulamentada pelo Decreto no 3.725 de 10 de janeiro de 2001.45

Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiao.htm Acesso em novembro de 2010. Disponvel em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10257.htm Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4771.htm 41 Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9985.htm 42 Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm 43 Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/D5300.htm 44 Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L9636.htm 45 Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/D3725.htm

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Instrumentos legais

Escopo Estabelece os princpios bsicos a serem obedecidos na movimentao de leo e outras substncias nocivas ou perigosas em portos organizados, instalaes porturias, plataformas e navios em guas sob jurisdio nacional Estabelecem que a construo, instalao, ampliao e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidoras, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradao ambiental, dependero de prvio licenciamento de rgo estadual competente integrante do SISNAMA, e do IBAMA, em carter supletivo, sem prejuzo de outras licenas exigveis.

Lei no 9.966/200046

Leis no 6.938/8147 e no 7.804/8948

Resolues CONAMA no 001/8649 e n 237/9750 Plano Diretor Municipal5146 47 48 49 50 51

Estabelecem a necessidade dos Estudos de Impacto Ambiental para fins de licenciamento de atividades, inclusive o turismo

Estabelece as diretrizes para a adequada ocupao do municpio, determinando o que pode e o que no pode ser realizado em cada parte deste.

No que tange Lei no 9.636/98, recomenda-se ateno especial ao Artigo 18, o qual a critrio do Poder Executivo podero ser cedidos, gratuitamente ou em condies especiais, sob qualquer dos regimes previstos no Decreto-Lei no 9.760,52 de 1946, imveis da Unio a: I - Estados, Distrito Federal, Municpios e entidades sem fins lucrativos das reas de educao, cultura, assistncia social ou sade; II - pessoas fsicas ou jurdicas, em se tratando de interesse pblico ou social ou de aproveitamento econmico de interesse nacional. (...) 2 O espao areo sobre bens pblicos, o espao fsico em guas pblicas, as reas de lveo de lagos, rios e quaisquer correntes dgua, de vazantes, da plataforma continental e de outros bens de domnio da Unio, insusceptveis de transferncia de direitos reais a terceiros, podeDisponvel em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/L9966.htm Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L6938.htm 48 Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7804.htm 49 Disponvel em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html 50 Disponvel em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html 51 Para informaes acerca do Plano Diretor de sua cidade, consulte a Prefeitura Municipal. 52 Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil/Decreto-Lei/Del9760.htm46 47

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ro ser objeto de cesso de uso, nos termos deste artigo, observadas as prescries legais vigentes. (...) 5 A cesso, quando destinada execuo de empreendimento de fim lucrativo, ser onerosa e, sempre que houver condies de competitividade, devero ser observados os procedimentos licitatrios previstos em lei. (...) 7 Alm das hipteses previstas nos incisos I e II do caput e no 2 deste artigo, o espao areo sobre bens pblicos, o espao fsico em guas pblicas, as reas de lveo de lagos, rios e quaisquer correntes dgua, de vazantes e de outros bens do domnio da Unio, contguos a imveis da Unio afetados ao regime de aforamento ou ocupao, podero ser objeto de cesso de uso. Alm disso, os bens imveis da Unio so regidos atualmente, pelo Decreto-Lei no 9.760, de 05 de setembro de 1946, Decreto Lei no 2.398 de 21 de dezembro de 198753 e Lei no 9.636 de 15 de maio de 1998. No que tange aos pagamentos que so efetuados, so os chamados foros ou taxas de ocupaes. O laudmio54 somente pago quando da transferncia onerosa entre foreiros.

So considerados terrenos de marinha todos os que, banhados pelas guas do mar ou dos rios e lagoas, vo at de 33 metros para a parte da terra, contados desde o ponto a que chega a preamar mdia.5555

Deve ser considerada tambm a NORMAN-11/DCP56 Normas da Autoridade Martima para Obras, Dragagem, Pesquisa e Lavra de Minerais Sob, Sobre e s Margens das guas sob Jurisdio Brasileira, que estabelece condutas com vistas solicitao de parecer para a realizao de obras sobre, sob e s margens das guas sob jurisdio brasileira, o que depende de consulta prvia Capitania dos Portos, s suas Agncias ou Delegacias. J no caso de Terminais Porturios, alm de considerar os procedimentos previstos na NORMAN 11, deve-se atentar s Resolues publicadas pela ANTAQ, em especial a Resoluo no 1556, de 11 de dezembro de 2009, que normatiza a outorga de autorizao para construo, explorao e ampliao de termiDisponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil/Decreto-Lei/1965-1988/Del2398.htm Tributo federal obrigatrio, cobrado nas transaes imobilirias de compra e venda com escritura definitiva, que envolvam imveis localizados em terrenos de Marinha ou em rea dita aforada. 55 Ponto mdio das mars altas observadas durante o ano de 1831. da exclusiva competncia da Diretoria do Domnio da Unio e rgos subordinados a determinao da linha da preamar mdia. Para mais informaes, devem-se contatar os Servios Regionais da Diretoria do Domnio da Unio nos Estados e Distrito Federal. Fonte: Turismo Nutico: Orientaes Bsicas, Ministrio do Turismo, 2008. 56 Disponvel em: http://www.dpc.mar.mil.br/normam/tabela_normam.htm53 54

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nal porturio de uso privativo de turismo, para movimentao de passageiros. f) Passo a Passo do Licenciamento Ambiental57 De acordo com o artigo 10, da Resoluo Conama no 237/97, estes so os procedimentos bsicos para o licenciamento ambiental, adaptveis a cada situao, dependendo do porte e do impacto do empreendimento ou atividade a ser licenciada: O rgo ambiental competente define, com participao do empreendedor, os documentos, projetos e estudos ambientais necessrios ao incio do processo; O empreendedor apresenta requerimento ao rgo ambiental de pedido de licena, acompanhado dos documentos necessrios; D-se a devida publicidade ao pedido de licena, por meio de jornais locais ou afixao em local pblico; O rgo ambiental competente analisa os documentos apresentados e faz as vistorias tcnicas, quando necessrio; O rgo ambiental pede esclarecimentos e complementaes ao empreendedor uma nica vez, em decorrncia da anlise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, podendo reiterar a solicitao, caso os esclarecimentos no tenham sido satisfatrios; Realiza-se audincia pblica, quando couber, para que a comunidade tenha possibilidade de conhecer mais sobre a atividade ou empreendimento, questionar e expressar seus pontos de vista; Em funo dos resultados da audincia pblica, o rgo ambiental pode ou no pedir novos esclarecimentos; O rgo ambiental emite parecer tcnico conclusivo e, quando couber, parecer jurdico; O pedido de licena deferido ou indeferido, ou seja, aceito ou no aceito, dando-se a ele a devida publicidade. Para pequenos empreendimentos e atividades de menor impacto sugere-se que sejam utilizados procedimentos simplificados e a aprovao se d por meio dos Conselhos Municipais de Meio Ambiente. Etapas do Licenciamento O sistema de licenciamento composto pelas seguintes etapas: Licena Prvia (LP) concedida na fase de planejamento da obra ou atividade, aprovando sua localizao, concepo, atestando57 Fonte: Plano Nacional de Capacitao de Gestores Ambientais. http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo. monta&idEstrutura=76. Acesso em novembro de 2010.

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a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos bsicos e condicionantes a serem atendidos nas prximas fases de sua implementao; Licena de Instalao (LI) autoriza a instalao da obra ou atividade, de acordo com as especificaes constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e condicionantes; Licena de Operao (LO) autoriza a operao do empreendimento ou atividade depois que se verifica que as licenas anteriores foram realmente cumpridas a includas as medidas de controle ambiental e as condies adequadas para a operao. A legislao municipal pode definir outras modalidades de licena, bem como a simplificao dos procedimentos, dependendo da realidade local. Durante o processo de licenciamento necessrio acompanhar o cumprimento das exigncias e condies estabelecidas, por meio de fiscalizao efetuada por funcionrios do rgo ambiental municipal devidamente credenciados. Deve-se garantir livre acesso dos fiscais s instalaes, bem como s informaes dos empreendimentos fiscalizados. g) Aspectos Legais sobre a Operao de Empreendimentos Nuticos Alm de estabelecer os aspectos legais sobre as embarcaes brasileiras que prestam servios de Turismo Nutico, a NORMAN-03/DCP tambm dispe sobre as regras de funcionamento das marinas, clubes e entidades desportivas nuticas e o cadastramento de instalaes de apoio s embarcaes de recreio. Ressalta-se que a sinalizao nutica (bias, balizas e outros tipos de marcao) regulada e mantida pela Diretoria de Hidrografia e Navegao da Marinha do Brasil, pela NORMAN-17/DCP58 Normas da Autoridade Martima para a Sinalizao Nutica. Por fim, uma lei que merece destaque a Lei no 8078, de 11 de setembro de 1990, que institui o Cdigo de Defesa do Consumidor, estabelece uma srie de direitos ao consumidor em relao qualidade do produto ou servio, ou seja, o direito ao princpio da qualidade; o direito do consumidor de ser informado sobre as reais caractersticas dos produtos e servios, ou seja, o direito ao princpio da transparncia; e, por ltimo, a norma d proteo contratual ao consumidor ou o direito ao princpio da proteo contratual. O Cdigo do Consumidor deu nova redao a vrios dispositivos da Lei no58

Disponvel em: http://www.dpc.mar.mil.br/normam/tabela_normam.htm .

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7.347, de 24/07/1985, que previne ao de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente (art. 1, I). Com o entrosamento entre as duas leis, o direito de defesa dos consumidores e das vtimas poder ser exercido em juzo, individualmente, ou a ttulo coletivo. A defesa coletiva ser exercida quando se tratar de interesses, ou direitos difusos, entendida como os trans-individuais, de natureza indivisvel, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstncias de fato (art. 81, pargrafo nico, I do Cdigo). Alm de recursos naturais bem preservados, as estruturas de apoio (portos, marinas, bases nuticas, ancoradouros etc.) so elementos essenciais para o desenvolvimento do Turismo Nutico. Ademais, a agregao de atratividade fator primordial para que o segmento atinja o seu potencial turstico e, consequentemente, de gerador de emprego e renda.

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3. Bases para o desenvolvimento do segmento3.1 Identificao e anlise de recursosA anlise da potencialidade de cada rea para o turismo e estudos de viabilidade econmica deve levar em considerao a possibilidade de melhor aproveitamento dos recursos e a elaborao de produtos singulares e competitivos. Por exemplo, se a regio possuir um corpo de gua com caractersticas propcias ao desenvolvimento do segmento, tais como navegabilidade, qualidade da gua, balneabilidade e demais caractersticas que viabilizem a sua estruturao, mas no possuir uma marina ou atracadouro, o estudo da viabilidade econmica pode demonstrar que os gastos com a construo dessa estrutura podem ser, em um determinado tempo, revertidos em lucro com a chegada dos turistas. Devem ser considerados na construo de empreendimentos nuticos os elementos naturais que podem influenciar na sua concepo, entre eles: ventos, ondas, profundidade, correntes e desnveis da gua. O Atlas de Cartas Piloto, publicado pela Diretoria de Hidrografia e Navegao da Marinha do Brasil, possui registros estatsticos de freqncia, direo e fora dos ventos, presso atmosfrica, correntes martimas predominantes e visibilidade da regio litornea do Pas. Para fins do desenvolvimento do Turismo, uma ferramenta importante consiste no Inventrio da Oferta Turstica,59 que pode ser entendido como o resultado do levantamento, da identificao e do registro dos atrativos, dos servios e os equipamentos tursticos e da infraestrutura de apoio ao segmento. Tem a finalidade de servir como instrumento solidificador das informaes para fins de planejamento e gesto da atividade turstica. Vale ressaltar que informaes atualizadas e confiveis acerca da oferta turstica de determinado municpio so fundamentais para a formatao de produtos e estratgias de promoo eficazes, podendo facilitar e incrementar a oferta de produtos complementares, aumentando assim a permanncia mdia e a qualidade da experincia do turista que o visita.59

Fonte: Projeto Inventrio da Oferta Turstica. Disponvel em http://www.turismo.gov.br

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Alm das informaes que podem ser levantadas com a utilizao da metodologia do inventrio, algumas outras tambm merecem ser consideradas, tais como: a) Recursos Naturais da Regio Um dos primeiros passos para o desenvolvimento do Turismo Nutico a verificao dos potenciais atrativos capazes de despertar o interesse do turista e de motiv-lo a se deslocar at a regio. Entre eles, alguns so elementares para o segmento, a comear pelos recursos naturais. Diante disso, consideram-se atrativos naturais relevantes para o Turismo Nutico: b) Costas ou Litoral:Restingas Mangues Baas/enseadas Sacos Pennsulas/cabos/pontas Falsias/barreiras Dunas Outros

c) Terras Insulares:Ilhas llhotas Arquiplagos Recifes/atol

d) Hidrografia:Rios Lagos Riachos Lagoas Canais Praias fluviais e lacustres Barragens Alagados e outros

importante que seja dada especial ateno quando os atrativos naturais mencionados acima estiverem inseridos em Unidades de Conservao (UC). A visitao em UC um dos principais recursos e atrativos para o desenvolvimento de inmeras atividades tursticas no Pas, ocupando lugar de destaque na poltica ambiental, a partir de atividades compatveis com a conservao da biodiversidade.

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O documento Diretrizes para Visitao em Unidades de Conservao, elaborado pelo Ministrio do Meio Ambiente, estabelece linhas orientadoras a serem observadas e adotadas nas aes de planejamento, gesto, implementao e prtica de atividades tursticas em UC. Desse modo, esse documento dever ser observado principalmente se a infraestrutura estiver localizada no interior da UC ou em seu entorno, pois h previso de restries para ancoragens e exigncia de que todas as embarcaes possuam uma caixa estanque ou um reservatrio de dejetos orgnicos, que devero ser descarregados em local apropriado. Apesar de terem sido pensadas para as atividades em UC, as diretrizes podem servir como referncia para a prtica em qualquer ambiente natural.6060

Tambm necessrio um levantamento de algumas caractersticas relevantes para o desempenho do Turismo Nutico: Cor, transparncia e temperatura da gua; Extenso, largura e profundidade do corpo de gua; Intensidade das ondas, mars; Ventos; Navegabilidade; Clima; Fauna e flora.; Qualidade do solo na margem do corpo de gua; Balneabilidade; Concentrao da oferta; Singularidade do atrativo.61

3.1.1 Estruturas de apoio ao Turismo Nutico da regioOs atrativos naturais so indispensveis ao desenvolvimento do produto, contudo necessria a existncia de infraestrutura com capacidade e qualidade para receber as embarcaes dos turistas. Desse modo, preciso que seja feito um levantamento e adequao da estrutura e empreendimentos nuticos disponveis na regio, de acordo com as atividades a serem desenvolvidas: 60 61

Portos; Fundeadouros;62 Atracadouros;63 Marinas;64

Disponvel em: http://www.mma.gov.br Segundo o Plano de Marketing Turstico Internacional do Brasil, a singularidade do atrativo entendida como o valor que tem um recurso pelo fato de ser nico, seja no mundo, no pas, na regio, seja no Estado. Quanto mais singular, maior ser a atrao gerada. 62 Onde as embarcaes fundeiam, ancoradouro. 63 Stio onde atracam embarcaes. 64 Local destinado ao estacionamento e abrigo de pequenas e mdias embarcaes, geralmente barcos de recreio.

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Clubes nuticos.65 Devem-se analisar a condio fsica, a qualidade dos servios e a localizao estratgica dessas estruturas com destaque para os aspectos considerados essenciais para esse tipo de turismo: Segurana para a embarcao; Localizao do empreendimento (proximidade de centros urbanos, aeroporto etc.); Segurana para o turista no apenas nas marinas e portos, mas tambm no entorno das estruturas nuticas; Facilidade de locomoo; Conforto para os usurios; Qualidade da mo de obra. Alm desses elementos gerais, devem ser verificados os elementos singulares a cada empreendimento, levando-se em conta as caractersticas de cada um. Em um porto, por exemplo, a anlise incide principalmente na estrutura do terminal de passageiros, no receptivo, na disponibilizao de produtos e servios tursticos em geral.

A operao de um empreendimento nutico envolve diversas responsabilidades e questes administrativas, tais como: segurana, acesso, plano de emergncia (incndio), resgate de barcos, terminal de passageiros, coordenao de competies, regatas e festividades, manuteno, seguros, treinamento de marinheiros, escolas de vela e outros ofcios nuticos, previso do tempo, tbua de mars etc.

3.2 Estabelecimento de parcerias e formao de redesAssim como em outros setores da economia, estabelecer parcerias no Turismo Nutico pode significar uma reduo significativa de custos para as partes envolvidas, bem como viabilizar aes de promoo e comercializao conjunta, potencializando assim os resultados obtidos. Neste sentido, associaes relacionadas ao segmento podem ser de grande importncia para a obteno de informaes e parcerias estratgicas, destacando-se dentre elas:

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Local onde indivduos se renem habitualmente para a prtica de atividades nuticas.

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Nome Associao Brasileira de Representantes de Empresas Martimas (ABREMAR) Associao Brasileira de Terminais de Cruzeiros Martimos (Brasilcruise) Associao Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos (Acobar) Confederao Brasileira de Vela e Motor (CBVM) Confederao Brasileira de Vela Adaptada (CBVA)

Stio Eletrnico ou e-mail http://www.abremar.com.br http://www.brasilcruise.com.br http://www.acobar.com.br http://www.cbvm.org.br E-mail: [email protected]

Por outro lado, uma importante ferramenta para se estabelecer uma poltica relacionada ao segmento por meio da formao de redes,66 em que instituies cooperam entre si e tm seus princpios fundamentados na cooperao, colaborao, trabalho conjunto, gesto compartilhada e gesto autnoma integrada a uma viso coletiva. Por possuir grande interface com outras reas do turismo, governamentais e mesmo atividades econmicas, a formao de redes para a discusso, elaborao e implantao de polticas pblicas voltadas ao Turismo Nutico torna-se um importante instrumento de gesto governamental, principalmente para a elaborao de polticas pblicas participativas e descentralizadas. Tal ferramenta, alm de gerar uma gesto coordenada do destino, divide as responsabilidades das aes planejadas por toda a Rede formada, o que aumenta o controle social, exercido pela sociedade civil e reduz o risco de mudanas bruscas relacionadas s polticas governamentais, levando continuidade das aes pactuadas e ao aumento das chances de sucesso do que foi planejado e almejado para o destino. Como exemplo, pode-se citar o Grupo de Trabalho de Turismo Nutico,67 cujo objetivo desenvolver uma poltica que permita o gerenciamento eficiente do Turismo Nutico brasileiro, detalhando as estratgias de gesto para esse segmento turstico, inclusive no que tange aos empreendimentos nuticos e s polticas de capacitao, gerando subsdios ao Plano Nacional de Turismo. Replicar tais grupos em mbito estadual e municipal pode ser uma iniciativa interessante para estados e municpios interessados em desenvolver este segmento.Rede para o MTur, so instrumentos de troca de informaes, experincias e fortalecimento das relaes entre os diversos parceiros envolvidos no processo de desenvolvimento do turismo. A troca de informaes organiza a colaborao desses agentes e permite que eles implementem aes comuns e articulaes para o desenvolvimento do turismo (BRASIL, Ministrio do Turismo. Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil: Introduo Regionalizao do Turismo. Braslia: Ministrio do Turismo, 2007 p. 33). 67 O Grupo de Trabalho do Turismo Nutico, constitudo por rgos do setor pblico, iniciativa privada e terceiro setor, foi formalmente institudo pela Portaria n 54, de 26 de maro de 2009, com a finalidade de aperfeioar polticas que viabilizem uma gesto eficiente do Turismo Nutico brasileiro. Este Grupo conduzido pelo Ministrio do Turismo.66

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Para a estruturao de um destino turstico, as parcerias permitem a realizao de diversas aes de forma conjunta. Poder pblico, iniciativa privada e terceiro setor, trabalhando de forma articulada com a comunidade local e com os turistas e usurios de equipamentos nuticos permitem a realizao de diversas aes, programas e projetos de forma integrada, que viabilizam, entre outros, a melhoria da produtividade, reduo de custos, facilidades de acesso a novos mercados, troca de experincias e maior acesso a informaes.Figura 1 Inter-relaes entre os diversos atores e setores dos destinos nuticos

Como forma de incentivo organizao de redes, o Ministrio do Turismo dispe de metodologia de desenvolvimento de gesto de destinos tursticos com foco na estratgia de segmentao do turismo.68 O mtodo foi desenvolvido no mbito do Projeto Destinos Referncia em Segmentos Tursticos e visa participao efetiva dos representantes locais e de toda a cadeia produtiva relacionada com o segmento, levando formao de um Grupo Gestor que assuma o papel de lder do processo e de animador da rede formada. Assim, com o intuito de desenvolver a gesto do turismo local com foco na estratgia de segmentao de produtos tursticos, a metodologia foi aplicada em 10Sistema Cores de Planejamento de Gesto de Destinos, desenvolvido no mbito do Projeto Destinos Referncia em Segmentos Tursticos: ferramenta de planejamento turstico que estimula do envolvimento dos diferentes setores tursticos na gesto do destino. (BRASIL, Ministrio do Turismo & ICBC, Instituto Casa Brasil de Cultura. Destinos Referncia em Segmentos Tursticos. Goinia: Instituto Casa Brasil de Cultura, 2010). Disponvel em http://www.turismo.gov.br68

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diferentes destinos brasileiros, mas que hoje serve de modelo referencial que pode servir de base para aplicao em outros destinos tursticos brasileiros. Outras metodologias so disponibilizadas pelo Ministrio do Turismo, entre elas a de formao de redes de cooperao para a roteirizao turstica,69 que tem por objetivo apoiar a produo de roteiros tursticos de forma articulada e integrada. Importante ressaltar que a roteirizao turstica uma das estratgias usadas no Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil, que busca estruturar, ordenar, qualificar, ampliar e diversificar a oferta turstica. um processo voltado para a construo de parcerias em nveis municipal, regional, estadual, nacional e internacional. A idia integrar e fortalecer o compromisso entre os atores envolvidos, de modo a aumentar os negcios nas regies, promover a incluso social, resgatar e preservar valores culturais e ambientais. O Ministrio disponibiliza, tambm, o Caderno de Turismo Formao de Redes,70 com o passo a passo para formalizao de uma rede social, com foco no desenvolvimento do turismo. Essas e outras metodologias e documentos orientadores sobre parcerias e formao de redes podem ser acessadas no stio eletrnico (site) http://www. turismo.gov.br.

3.3 Agregao de atratividadeO Turismo Nutico no existe por si s, ou seja, alm dos atrativos naturais e dos empreendimentos nuticos, necessrio que servios de receptivo e outras atividades estejam agregados ao produto.No Turismo Nutico, a estratgia mais indicada para a formatao de um produto a diferenciao, ou seja, produtos e/ou servios secundrios devem ser desenvolvidos e oferecidos como forma de agregar valor ao produto principal. Um produto de Turismo Nutico pode englobar diversas atividades concernentes a outros segmentos tursticos, como visitas a patrimnios culturais ou naturais, participao em regatas, competies, festas nuticas, entre outras, visando enriquecer o produto para atrair um maior nmero de turistas e prolongar sua estadia. A identificao desses servios e atividades deve considerar diversos elementos necessrios a uma oferta de qualidade, tais como:69 70

Para mais informaes sobre a metodologia de formao de redes de cooperao, consulte http://www.turismo.gov.br BRASIL, Ministrio do Turismo. Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil: Contedo fundamental: Formao de Redes. Braslia: Ministrio do Turismo, 2007. Disponvel em http://www.turismo.gov.br

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Informaes sobre os servios e atividades; Guias ou monitores para conduo dos visitantes e fornecimento das informaes sobre o atrativo e as atividades agregadas; Recursos humanos capacitados para o atendimento ao pblico e para o gerenciamento dos servios e atividades.71 Alm das diversas atividades, os atrativos tursticos de diferentes municpios podem estar integrados em um nico produto/roteiro, potencializando, assim, o processo de regionalizao proposta pelo Ministrio do Turismo.

Na maioria das vezes prefervel que os atrativos agregados possam ser visitados em curto espao de tempo. Dessa forma, devem estar localizados relativamente prximos ao empreendimento nutico e no demandar muito mais que uma hora de deslocamento. No entanto, quando o destino conta com uma boa estrutura nutica, possvel que o turista se aventure a viagens mais longas pelo interior do pas.Em diferentes pases, turistas ligados a outras motivaes, como Sol e Praia, encontram uma segunda opo de lazer em passeios de barcos e charters nos destinos escolhidos. Segundo a European Travel Monitor, a procura secundria pela nutica na Europa j estimada em 7 milhes de viagens/ano. Um dado relevante para destinos que apresentam grande vocao para nutica, mas que no contam ainda com boas estruturas e servios de qualidade (mo de obra especializada), como acontece em diferentes regies do Brasil. Outra possibilidade de interface do Turismo Nutico com o segmento de Negcios e Eventos. Os eventos nacionais, quando bem elaborados e encaminhados, com o intuito de atrair a ateno da mdia e do pblico interno, trazem a possibilidade de quebrar paradigmas como o de que nutica acessvel apenas para uma classe restrita de pessoas de alto poder aquisitivo. Informaes bem contextualizadas passadas para a mdia e para o pblico podem atrair um nmero maior de curiosos e ampliar o leque de clientes dispostos a se envolver com o segmento. A atrao e apoio a eventos internacionais, quando bem planejados, alm de destacar em reportagens o potencial do destino para o Turismo Nutico, podem ainda atuar como forte fomentador de negcios junto indstria nacional ao se caracterizar como porta de entrada para investidores internacionais atravs da sensibilizao dos patrocinadores dos eventos para os potenciais de71 A Marinha do Brasil oferece diversos cursos voltados formao de aquavirios (Prepoms). A relao destes cursos pode ser encontrada em: https://www.dpc.mar.mil.br/epm/index_epm.htm. Acesso em novembro de 2010.

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investimentos na regio em questo.

A realizao e recepo de eventos nuticos (nacionais e internacionais) de alto nvel ajudam a sedimentar a imagem de destino nutico, a mostrar ao mundo e aos amantes do mar a vocao nutica da regio e pode ser o primeiro passo para a implementao de uma estratgia de comunicao contextualizada.Eventos como Velux, Volvo Ocean, Jaques Vabre, Clipper e Transat 6.50 chegam a obter mais de 8 milhes de visitaes aos seus stios eletrnicos durante a realizao dos eventos. Em 2007, a Regata Jacques Vabre (La Rochelle Salvador, Bahia) mobilizou mais de 100 jornalistas para o Terminal Nutico de Salvador. Situao que rendeu mais de 68 horas de noticirio em televises do mundo inteiro, 40 horas em rdio, 5,5 mil reportagens em jornais e revistas e 5,5 milhes de pages views ao stio eletrnico do evento. O equivalente a 38% acima da divulgao conquistada na competio anterior (2005). Coincidentemente, o aumento se deu exatamente quando a Bahia criou condies para que os reprteres que acompanhavam a competio mostrassem tambm as belezas da regio e parte da cultura nutica nacional.72 Por meio de curtas viagens por regies como Morro de So Paulo, passeios pela Baa de Todos os Santos e Rio Paraguau, foi possvel sensibilizar reprteres e at patrocinadores internacionais ligados regata em relao s belezas naturais, riqueza cultural e oportunidades de negcios existentes na regio. Colocar skippers internacionais e patrocinadores a bordo dos antigos Saveiros de Vela de Iar (veleiros cujos desenhos e estruturas so apontados por alguns historiadores como os mais antigos ainda em uso no planeta) foi outra ao que acabou ajudando a criar novos temas para reportagens e a agregar valor ao Turismo Nutico na regio. Assim, associar outros segmentos como o turismo de Sol e Praia, Negcios e Eventos, de Esportes, Cultural e de Aventura nutica pode aumentar a possibilidade de retorno do turista ao destino. Vale destacar tambm que a disponibilizao para o turista de atividades nuticas e a criao de cursos rpidos (de mergulho, navegao etc.) e de bases de charter amplia as possibilidades de experincias nos destinos, alm de concretizar um turismo de maior valor agregado. No mercado europeu, o gasto dirio do turista nutico varia entre 80 e 500, a depender do tipo de programa e dos barcos a serem utilizados.73Fonte: Pen Duick. Fonte: 10 Produtos Estratgicos para o Desenvolvimento do Turismo Nutico Em Portugal: Turismo Nutico. THR (Asesores en Turismo Hotelera y Recreacin, S.A.). Turismo de Portugal, 2006, ip. Disponvel em http://www.thr.es72 73

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Outra alternativa bastante utilizada pelos operadores de empreendimentos nuticos o charter ou aluguel de embarcaes, como o chamado vale-vela,74 que estipula o nmero de horas por ms em que o turista pode utilizar a embarcao. Alm disso, o empreendimento pode disponibilizar um skipper, comandante de veleiro, que pode conduzir a embarcao com segurana e tambm ensinar o turista a velejar. Algumas atividades e servios do Turismo Nutico no requerem, necessariamente, atrativos na regio para ocorrerem, podendo se agregar atividade principal. Para algumas empresas, os eventos e convenes realizados durante os cruzeiros martimos constituem, por exemplo, uma alternativa de negcios, conhecida como cruzeiro corporativo, para a qual geralmente so reservadas cerca de 10% da oferta de cabines dos navios.

3.4 Tendncias do mercado para o segmentoComo forma de promover um ritmo mais acelerado de desenvolvimento do setor, foram inseridas abaixo algumas linhas gerais de ao que tendem a ser implementadas pelo poder pblico e iniciativa privada no Brasil: Criao do Servio de Apoio ao Turista Nutico; Incentivo ao esporte nutico; Incentivo a criao de escolas nuticas e cursos de capacitao de mo de obra para o segmento; Adoo de um selo de qualidade para equipamentos nuticos (marinas, estaes nuticas); Incentivo a criao de cidades irms ligadas pelo mar; Criao de linhas de crdito especficas para o segmento; Realizao de palestras, fruns, cursos e debates regionais e nacionais voltados para o despertar para o segmento e a profissionalizao de empresrios, funcionrios pblicos, empregados, professores e profissionais liberais com o objetivo de melhorar a qualidade dos servios prestados, alm de expor as oportunidades que o setor apresenta; Apoio a criao de estruturas no litoral e no interior do pas; Criao de associaes setoriais capazes de se fazerem representar frente ao Estado; Incentivo a criao de bases de charter internacionais no pas com maior capacidade para divulgao do destino em mbito internacional; Incentivo ao surgimento de pequenas estruturas nuticas a beira mar; Facilitao de acesso ao meio martimo (construo de rampas); Estabelecimento de uma estratgia para a promoo do Turismo Nutico;74

Vale-Vela so charters programados com antecedncia, onde o cliente estipula o nmero de dias que ir utilizar determinada embarcao.

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Identificao de antigas estruturas abandonadas beira mar com vocao para serem transformadas em equipamentos nuticos; Criao de uma poltica de reocupao urbana, identificando atividades pblicas e privadas que poderiam ser realizadas em qualquer rea distante do mar e incentivar, por meio de polticas de liberao de impostos, a transferncia destas atividades; Incentivo a criao estruturas de apoio nutico a distncias que no ultrapassem a um dia de viagem com o objetivo de aumentar a segurana da navegao ao longo do litoral do pas e ampliar a rea de atuao dos lancheiros; Incentivo a cooperao entre clubes e marinas de forma a favorecer o deslocamento dos barcos entre diferentes regies do Brasil. Um aspecto que merece especial destaque o Turismo Nutico no Interior do Pas. Estudo realizado pelo Governo Federal, por meio do Programa Nacional de Orientao para Implantao de Marinas nas guas Interiores Brasileiras, aponta de forma clara e inquestionvel o potencial de desenvolvimento da nutica tambm no interior do pas. Afinal, o Brasil conta com 35 mil quilmetros de vias internas navegveis e 9.260 quilmetros de margens de reservatrios de gua doce, lagos e lagoas. Universo nutico que, a partir de sua ressignificao como reas de vocao e potencial para o desenvolvimento turstico, sem dvida, abre um imenso leque de oportunidades para empreendedores regionais. As atividades econmicas ao longo dessa imensido de gua geram consumidores de toda a ordem de produto, inclusive de barcos. Para exemplificar o que vem ocorrendo em alguns longnquos lagos em relao ao eixo RioSo Paulo, cita-se o Lago de Manso, na Chapada dos Guimares, distante cerca de 100 km de Cuiab. L, empreendedores construram uma marina que, em menos de dois anos, atingiu sua capacidade plena de vagas para 150 embarcaes de recreio, com uma mdia de 27 ps de comprimento. Em 2001, havia pouqussimos barcos de recreio na regio. A marina foi construda, surgiram os barcos. Mais trs marinas foram implantadas e a populao de Cuiab j se acostumou a usufruir das guas do lago, com lanchas e casas de campo. Alm da exuberante beleza visual de suas margens, o enorme lago de Manso (uma vez e meia o tamanho da baa de Guanabara, no Rio de Janeiro) reserva atraes tpicas do ecoturismo, com trilhas e animais silvestres do cerrado, tais como o macaco-prego, o lobo-guar, a gara do Pantanal e a guia pescadora, habitante da fronteira entre Brasil e Bolvia.

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Em resumo, a interiorizao do lazer nutico uma questo de tempo, j que, no Brasil, h enorme disponibilidade de guas navegveis. Muitas Unidades de Conservao, principalmente na Amaznia, requerem embarcaes para a visitao, devendo contemplar atividades de baixo impacto e o envolvimento das comunidades locais, o que tambm auxilia o desenvolvimento deste segmento.

3.5 Gesto do produto turstico nuticoPara a estruturao de um produto turstico, bem como sua promoo e comercializao, alguns pontos essenciais merecem ser revistos. A elaborao de um plano de ao, detalhando as aes de estruturao, capacitao, captao de investimentos, entre vrias outras necessrias para o desenvolvimento de produtos e roteiros, permite, de forma planejada, o lucro e a sustentabilidade do negcio. No que se refere a um empreendimento nutico, para a garantia da sua sustentabilidade e rentabilidade, alguns fatores merecem destaque:75 Vocao natural para o segmento - A vocao para o desenvolvimento do Turismo Nutico est diretamente ligada existncia de lminas de gua navegveis onde a profundidade seja superior a 1,5 metro. Abaixo disso, a navegao, na maioria das vezes, ficar restrita a pequenos barcos ou barcos de calado reduzido e muitas vezes sem motor. Quanto maior a profundidade, maior a possibilidade de desenvolvimento e atrao de diferentes tipos de barcos e turistas. A qualidade da gua e a proteo natural (guas abrigadas baas, sacos etc.) tambm influenciam na escolha do destino e principalmente na prospeco de reas para a construo de estruturas nuticas (marinas/portos); Layout operacional - O ideal que a marina e a garagem nutica estejam localizadas beira mar, ou s margens das represas e rios. A depender do tipo de embarcao utilizada na regio e que ser docada na estrutura nutica, a empresa poder utilizar desde rampas at os modernos Travel Lifts para a retirada das lanchas, veleiros e outras modalidades de barcos da gua. importante que se destine reas secas para a docagem de barcos menores e para a explorao de servios, lojas nuticas, bares e restaurantes. A marina se destaca tambm como uma importante rea de confraterniza75

BRASIL, Marinha do Brasil. Programa Nacional de Orientao para Implantao de Marinas nas guas Interiores Brasileiras, 2003.

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o entre proprietrios de embarcaes e curiosos que gostam de consumir o glamour que envolve o mundo nutico. Este pblico em especial deve ser encarado como cliente potencial. Em locais de guas abrigadas interessante manter tambm vagas flutuantes, onde os barcos podem ser atracados. Estas devem contar com o fornecimento de gua e luz. No so raras tambm as marinas que contam com estruturas de apart-hotel. Qualidade e durabilidade dos materiais - A qualidade e durabilidade dos materiais devem ser determinadas em funo dos custos de aquisio e manuteno dos mesmos, bem como em razo da qualidade dos servios a serem oferecidos; Poltica de preos - A deciso deve estar ligada aos custos operacionais, mas tambm depende muito da presso de mercado, da qualidade do servio oferecido, instalaes e concorrncia direta. No litoral do Brasil, os preos das