42

Tutorial e tema REVISÃO aula 3/2017 - site-carlos.s3 ... · maior de divulgação e valorização do português. Num mundo em que cresceu o interesse pela língua portuguesa, em

Embed Size (px)

Citation preview

Uma língua para o mundo

Nas prioridades políticas do Ministério dos Negócios Estrangeiros incluem-se a promoção de um ensino de qualidade paraaqueles que querem manter na língua portuguesa a vinculação à sua pátria e, ao mesmo tempo, a sua inserção numa vidaquotidiana cada vez mais globalizada, mas também a valorização e expansão de uma língua, a portuguesa, que à escalaglobal conta já com mais de 260 milhões de falantes, que, em 2050, serão previsivelmente mais de 350 milhões.Estas prioridades exigem compreensão e vontade para vencer alguns dos novos desafios. O primeiro deles está relacionadocom a necessidade de trabalharmos numa transição gradual do ensino enquanto língua de herança para uma ofertaintegrada do português nas estruturas educativas dos países de acolhimento.O segundo está relacionado com a última grande vaga migratória de 2011 a 2014. O INE contabilizou 485 128 saídas doterritório nacional neste período. Muitos destes cidadãos ficam fora por apenas alguns meses ou anos. Nestes anos, as saídasinferiores a um ano somaram 285 814. Estas famílias procuram manter a ligação dos seus filhos com a língua materna. Noentanto, a atual oferta de cursos de português enquanto língua de herança não integra o perfil linguístico das crianças ejovens destas famílias, que apresentam um desenvolvimento linguístico análogo ao dos seus colegas em Portugal.O terceiro tem que ver com a nossa capacidade para nos mobilizarmos enquanto comunidade, tendo em vista afirmar oensino da língua portuguesa como um esteio da presença de Portugal no mundo. Objetivo que exige estabilidade,previsibilidade, conhecimento e confiança da parte de todos.Apesar das dificuldades, há factos positivos a ocorrer e que ilustram o reconhecimento internacional do carácter estratégicoda língua portuguesa. Atentemos nalguns exemplos.Em primeiro lugar, em França. A declaração conjunta dos ministros da Educação de França e de Portugal, no seguimento dotrabalho conjunto dos ministros dos Negócios Estrangeiros. Pretende-se a substituição dos cursos ELCO (Língua e Cultura deOrigem) pelos cursos EILE (Ensino Internacional de Línguas Estrangeiras), com início neste ano letivo. Esta decisão consolida o

português como língua viva no sistema educativo francês, numa oferta que antes de mais contempla as comunidadesportuguesas e lusodescendentes e, sobretudo, cria garantias de continuidade no primeiro ciclo do ensino básico (premierdegré). Este ensino é assegurado por docentes colocados pelo Estado português e o acordo tem dois significados muitoclaros: primeiro, traduz o reconhecimento por parte do Estado francês da importância estratégica da língua portuguesa e, emsegundo lugar, garante a continuidade na oferta do português nos segundo e terceiro ciclos do básico (second degré). Poroutro lado, o anúncio de mais dois horários de língua portuguesa para o 2.º e 3.º ciclos e que abrirá as portas a mais 400alunos. Este ano letivo teremos em França um aumento do número de alunos superior a 1200.Em segundo lugar, na Alemanha. Aqui, os progressos ocorrem a três níveis. Ao nível do reconhecimento dos cursos deportuguês nas atividades extracurriculares obrigatórias; na procura da garantia do português como língua de exame de acessoao ensino superior e como língua estrangeira a partir do 8.º ano de escolaridade e, por último, a contratação por parte dasautoridades alemãs de dois professores de português que anteriormente pertenciam ao Camões, IP, tendo em vista aumentaro número de cursos.Em terceiro lugar, no Luxemburgo. A abertura da Escola Internacional de Differdange e a criação de uma secção de línguaportuguesa e o trabalho da Comissão Conjunta de Avaliação dos Cursos Integrados para garantir a certificação dasaprendizagens EPE no âmbito do período extracurricular (periscolaire), constituem avanços importantes.Em quarto lugar, a aprovação por parte das autoridades britânicas da primeira escola bilingue anglo-portuguesa., comoresultado de um esforço estruturado da Embaixada de Portugal em Londres, do Camões I.P. e da coordenação de ensino.Mas trabalhamos, ainda, outras dimensões, nomeadamente, no projeto da plataforma do Ensino de Português LínguaMaterna que visa responder às necessidades das crianças e jovens em idade escolar que acompanham os pais em saídastemporárias do país e no reforço da formação e qualificação dos professores.A estas iniciativas soma-se um conjunto alargado de atividades nos cinco continentes, nuns casos de reforço da intervençãoque, de há muito, e bem, vem fazendo o Camões I.P., noutros de inovação, que conjugadamente concorrem para o objetivo

maior de divulgação e valorização do português.Num mundo em que cresceu o interesse pela língua portuguesa, em resultado, designadamente, da dinâmica de países comoAngola, Brasil ou Moçambique, quisemos convocar e otimizar os recursos disponíveis, apostando em:Criar conteúdos suportados nas novas tecnologias, oferecendo cursos de formação contínua de professores, de portuguêscomo língua estrangeira, e para fins específicos (negócios, jornalismo, hotelaria, jurídico);Ampliar o sistema de certificação, que valida o conhecimento da língua;Expandir o reconhecimento da aprendizagem do português como disciplina que também habilita no acesso ao ensinosuperior, com especial destaque nos Estados Unidos;Alargar a rede de centros de língua no Chile, Vietname, Ucrânia, ainda em 2016, e Congo, Senegal e Tanzânia, em preparação.Criar mais cátedras e núcleos científicos, que proximamente poderão atingir a meia centena literalmente nos quatro cantos doplaneta;Assegurar maior presença em organizações internacionais (UA, CEDAO, CDAA, BAD, UNON), sobretudo em África, para efeitosde tradução e interpretação;Abrir, em 2016, seis novos leitorados;Conferir importância maior à educação em português no quadro da cooperação para o desenvolvimento, traduzida, porexemplo, na abertura de escolas portuguesas em Cabo Verde e S. Tomé, este ano, no esforço acrescido, em Timor-Leste, naformação de professores na preparação de cursos de português destinados às forças militares, aos agentes da justiça e àcomunicação social, ou na quase duplicação, no ano letivo 2016--2017, de bolsas para estudantes dos PALOP e Timor-Leste;Este elenco não esgota o contributo de Portugal para a difusão da língua portuguesa, sendo dele apenas indicativo. Não incluitão-pouco quanto por esse mundo se vai fazendo, em resultado de uma procura crescente e que queremos conhecer melhorpara melhor racionalizar recursos e multiplicar resultados.Teresa Ribeiro é secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, José Luís Carneiro é secretário de Estado dasComunidades Portuguesas

No que deu o desprestígio do professor

Com uma das mais importantes matérias sobre as raízes da crise da educação básica no Brasil, o repórter Fábio Takahashiantecipou na Folha de ontem as conclusões desalentadoras de um estudo sobre o preparo do professorado.Apenas 1 em cada 4 dos melhores alunos do ensino médio escolhem o magistério como carreira, informa a reportagem,citando a pesquisa. É exatamente o contrário do que acontece na Coréia do Sul, cujas escolas estão entre as melhores domundo. Ali, só os 5% mais bem avaliados num exame nacional podem ser professores. Na Finlândia, outro exemplo desistema educacional bem sucedido, o candidato a professor deve estar entre os 10% com as notas mais altas.O desprestígio social da profissão no Brasil é a causa primeira do desinteresse dos melhores estudantes em cursar pedagogia.Isso conta mais até do que salário e condições de trabalho para afugentar do magistério a elite dos que terminam o ensinomédio – embora bons salários e boas condições de trabalho contribuam para a imagem de uma atividade.Os educadores sabem disso. O grande público, não necessariamente.”Como a profissão é desprestigiada”, diz com franqueza o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores emEducação, Roberto Leão, “a maioria daqueles que escolhem trabalhar como professor o faz porque o curso superior na área émais fácil de entrar, barato e rápido”.A maioria também vem de famílias com baixa renda.A matéria menciona um levantamento da Fundação Carlos Chagas segundo o qual 73% dos 2.700 participantes de cursos deformação de professores no país afirmam que seus amigos entendem que a carreira não vale a pena.Isso resume “a impressão que a sociedade tem do professor”, observa a coordenadora do levantamento, Clarilza Prado.E a impressão é de que tem fundamento o ditado “quem sabe faz, quem não sabe ensina”.A mídia decerto não tem poderes para mudar essa impressão, mas bem que poderia mostrar, desde logo, que adesvalorização social do magistério não aconteceu por acontecer. A imprensa deu de ombros e a sociedade – leia-se: a classe

média – não chiou quando os salários do professorado da rede estatal começaram a cair em termos reais, ao mesmo tempoem que a escola pública se massificava, a partir dos anos 1970.Como a própria Folha registra, nas palavras do professor Dermeval Saviani, da Unicamp, “a opção dos governos foi atendermais gente com praticamente os mesmos recursos. Por isso, os salários foram reduzidos e o prestígio dos professor diminuiumuito. O docente virou um simples funcionário público.”A imprensa vive martelando, com razão, que sem um grande salto no ensino básico o Brasil continuará a se desenvolveraquém do seu potencial. No entanto, quando noticia o mau desempenho da maioria dos alunos nos exames nacionais deavaliação, deixa em segundo plano, ou nem mesmo menciona, uma das causas básicas do fracasso disseminado – adesvalorização social do magistério, que afugenta da profissão muitos daqueles que, de outro modo, fariam a diferença nassalas de aula.

Levantamento revela falta de professores em 48,1% das escolas públicas pesquisadasPesquisa realizada por ZH ouviu 54 instituições nas 10 maiores cidades do Estado

Na disputa entre o governo estadual e o Cpers/Sindicato, fica a dúvida sobre se faltam -e quantos - professores nas escolas gaúchas. Conforme levantamento feito por ZeroHora, mais de um mês após o início das aulas, a carência de profissionais ainda faz comque alunos sejam dispensados e voltem para casa sem preencher uma linha sequer deseus cadernos.

As informações colhidas por ZH mostram que há estabelecimentos de ensino precisando de docentes. Das cem escolascontatadas nas 10 maiores cidades do Estado, 54 responderam ao levantamento. Destas, 26 (48,1%) precisam de professores.A carência de profissionais atinge 20 disciplinas, principalmente de geografia, história, matemática e química.Burocracia estatal, má gestão de algumas direções e uma pitada do tradicional "jeitinho brasileiro" são as principais causasque levam o Rio Grande do Sul a ter salas de aula vazias em pleno ano letivo. Enquanto isso, mais de 12 mil aprovados noconcurso do magistério esperam para assumir suas vagas.- Iniciamos o ano faltando vários professores na escola - relatou Sônia Beretta, vice-diretora da Escola Estadual de EnsinoMédio Heitor Villa Lobos, de Gravataí, na Região Metropolitana.Nos 28 estabelecimentos com o quadro de professores completo, o clima é de comemoração.- Parece mentira, mas no momento está completo. Olha que é difícil - exaltou Cristina Feijó Ribeiro, vice-diretora da EscolaEstadual de Ensino Médio Setembrina, de Viamão, ao responder a pesquisa por telefone.

A Secretaria da Educação, no entanto, rebate o número repassado pelas direções das escolas com os dados do sistemainformatizado de controle de recursos humanos. Chamado de Informativo da Secretaria de Educação (ISE), ele ainda estásendo implantado, mas já mostra se houve ou não solicitação por parte da instituição.Segundo o governo, "não há pedido no ISE" em seis das 26 escolas que informaram a ZH precisar de docentes. Nas demais, asecretaria informa que o professor está em fase de contratação ou que, para solucionar a questão, a escola fará ajustesinternos na carga horária dos profissionais.Ainda conforme o Estado, ao precisar de docentes, a direção da escola deve formalizar pedido por via eletrônica (pendrive ouCD) ou pessoalmente, na Coordenaria Regional de Educação (CRE) à qual pertence.As direções das instituições, por outro lado, respondem que é neste momento que muitas escolas são convencidas a dar umjeito para não deixar os alunos sem aulas. Assim, em algumas situações, estende-se a carga horária dos professores ematividade ou retira-se um docente de um turma para solucionar o problema de outra.Carência de profissionais compromete aprendizadoNeste paliativo "tapa-buraco", as direções garantem que, enquanto não vierem mais professores, sempre haverá lacunas,atrapalhando o andamento das aulas. E aí, independentemente de faltar 7 mil docentes, como alega o Cpers, ou de setratarem apenas de casos pontuais, como argumenta o governo, quem sofre é o aluno.- O governo se apega ao sistema que diz que tem professor na vaga, mas se ele (professor) não vai, é porque falta professor,não adianta. Não há uma previsão, um planejamento de que, quando o professor se afastar, vai imediatamente entrar alguémna vaga - argumenta Berenice Cabreira da Costa, presidente da Federação das Associações e Círculos de Pais e Mestres do RioGrande do Sul.Para Fernando Becker, professor titular de Psicologia da Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), oprocesso de recuperação de aulas a toque de caixa não recupera o tempo em que o conteúdo deixou de ser ensinado.- O conhecimento é complexo. Por isso, se vai do mais simples ao mais complexo, para que o aluno dê conta aos poucos de

cada passo. Não tem como queimar etapas e recuperar aquilo que se perdeu - avalia Fernando Becker.Segundo o Censo Escolar da Educação Básica 2013 e a Secretaria da Educação, o Estado tem, ao todo, 79 mil professorestrabalhando na rede estadual. Em 2.570 estabelecimentos de ensino, estão matriculados 1.050.692 alunos.

QUAIS AS CAUSAS DO PROBLEMA?BurocraciaQuando um professor sai de licença de saúde, a escola tem de dar conta de suprir a ausência dele por até 20 dias. Só depoisdeste prazo, ganha o direito de solicitar um novo docente à Secretaria da Educação. Para ter um novo professor, a escolaprecisa manter atualizadas as informações de banco de alunos e efetividade do quadro docente. Quando chamado a assumiro contrato temporário, o profissional tem 72 horas para apresentar a documentação e, só depois de publicada a aprovação,poderá assumir o cargo. Além disso, há lentidão na nomeação de mais de 12 mil professores aprovados no concurso domagistério de 2013, que ainda não foram chamados.Jeitinho brasileiroNa tentativa de reduzir as contratações temporárias, que já estão quase no limite do permitido para a Secretaria da Educação,o governo e as Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) incentivam as escolas a tentarem suprir a ausência deprofessores com o quadro atual. Em diversas situações, professores ministram aulas em disciplinas para a qual não têmformação ou estendem a carga horária dentro de sala de aula. Da parte das direções, a própria burocracia incentiva que aquestão tente ser resolvida internamente, sem depender do Estado. O problema é, quando realmente falta professor, alacuna só é transferida, mas não resolvida.Má gestãoO secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo, alega que parte da falta de professores tem a ver com osproblemas de gestão das escolas. Segundo ele, há casos em que professores têm sobra de carga horária e, assim, poderiamassumir outras turmas.

Falta de funcionários também é comum nas instituiçõesA falta de funcionários para realizar outras funções, como merendeiras e serventes, é um problema constante nosestabelecimentos de ensino da rede estadual. Relatado por diretores e por funcionários durante o levantamento, o déficit deprofissionais que mantêm a escola limpa e organizada impacta profundamente na rotina escolar.- Fazem falta como o professor, e há muito tempo que o governo não abre concurso para este profissional. O Estado entendeque, tendo professor, está tudo bem. Mas não é somente isso. Precisamos também do outro profissional. Acabamos nosdesdobrando e não fazendo o trabalho que deveríamos fazer - comenta a vice-diretora da Escola Estadual de Ensino MédioPonche Verde, de Gravataí, Graciela Machado Bopp da Silva.Sem monitor e orientador, a instituição, que neste ano não sofre com a falta de professores, não tem quem abra e feche oportão ou receba os pais dos alunos.De acordo com a Secretaria Estadual da Educação, o último concurso para os demais profissionais que atuam nas instituiçõesde ensino foi realizado no governo Olívio Dutra, há mais de 10 anos.Atualmente, a rede estadual tem 20.524 funcionários, sendo 14.043 efetivos e 6.481 contratados.O secretário estadual de Educação, Jose Clovis de Azevedo, promete que um novo concurso será lançado em breve.- De fato, falta, é real, e admitimos. Tem regiões que chamamos funcionários por contrato, e não aparece o número suficientede pessoas. Por outro lado, a contratação de funcionários é mais lenta que a de professores porque obedece a outralegislação - explica.

ENTREVISTA: Rejane de Oliveira, presidente do Cpers/Sindicato"São 7 mil professores que faltam"Presidente do Cpers/Sindicato, entidade que representa os professores estaduais, Rejane de Oliveira defende que as atuaisdeclarações do secretário da Educação, Jose Clovis de Azevedo, só reforçam a luta do Cpers no lema "Fora José Clovis". Visto

como um representante que envergonha a categoria por suas atitudes como titular da pasta de Educação, Azevedo, que é ex-sindicalista, se tornou inimigo declarado do Cpers ao dizer em entrevista à Rádio Gaúcha que a falta de 7 mil professores noEstado é um mito. Além de garantir que faltam professores em sala de aula, Rejane também classifica como calúnia aafirmação de que há professores trabalhando menos do que determina a carga horária. Por telefone, a presidente do Cpersconversou com a reportagem de Zero Hora. Leia alguns trechos da entrevista:Zero Hora - Qual é a base de dados do sindicato para afirmar que faltam 7 mil professores no Estado?Rejane de Oliveira - Fazemos uma levantamento, todo início do ano, com visitações nas escolas e através da visitação dos 42núcleos. Para nós, permanece 7 mil. Não podemos fazer um número preciso porque não temos o controle. Quem tem e sabepara aonde manda o professor e onde falta é a Secretaria Estadual de Educação, que infelizmente não tem tidotransparência. O governo tenta dizer que a falta de professores é um mito e, por isso, não diz (os números). Para nós, são 7mil professores que faltam na escola e fazem com que as crianças voltem para casa. São 7 mil em que a criança não tem odireito de aula naquela escola, por falta de professores. A nossa contabilidade é essa.ZH - De que forma as escolas costumam avisar sobre a falta de professores à Secretaria?Rejane - Pelo que sabemos, as escolas fazem o quadro das necessidades e apresentam na Secretaria de Educação ou na CRE.Existe um setor de recursos humanos que recebe essa solicitação, mas infelizmente este setor não repõe. A culpa não é nemdo setor. A culpa é do governo, ou porque não faz concurso, ou porque não nomeia os concursados. As escolas trabalhamcom planilhas oficiais. O problema é que estão passando por um processo de muita repressão. Se tu pedir para uma escola,eles não vão te entregar, porque há um processo de sindicâncias que são abertas. É um governo muito repressor. As pessoassão procuradas para esconder a realidade da escola. As direções sofrem pressão e são ameaçadas.ZH - O secretário alega que professores fazem acordos com as direções para não cumprir toda carga horária. Existe umaflexibilização neste sentido?Rejane - Sabe, fico impressionada! Agora o secretário está tentando jogar em cima dos ombros dos trabalhadores, da direçãodas escolas, a responsabilidade pela falta de professores criando uma calúnia sobre eles. Os professores são obrigados a

cumprir as 800 horas, os 200 dias letivos, não deixam de cumprir isso. O que o secretário está dizendo é uma falta deresponsabilidade com os trabalhadores do Estado. É uma tentativa covarde de jogar nos ombros dos outros suaresponsabilidade. Não existe isso de o trabalhador fazer menos carga horária, é bem ao contrário.

ENTREVISTA: Jose Clovis de Azevedo, secretário estadual da Educação"Isso não tem nem uma base real"Acompanhado da assessoria de imprensa e de servidores da secretaria, o secretário estadual da Educação Jose Clovis deAzevedo, recebeu a reportagem de Zero Hora na semana passada. Com informações expostas em um telão, a cúpula daeducação gaúcha exemplificou algumas distorções na alegação das escolas que apontam falta de professores. Aposta deAzevedo para eliminar problemas de comunicação entre diretores e secretaria, o Informativo da Secretaria de Educaçãomostra se houve a demanda de professores pela instituição. Azevedo defende que a falta de profissionais é um mito e diz quealguns trabalham menos do que o determinado em contrato. No entanto, admite que os alunos podem ser prejudicados poralguns dias, enquanto ocorre o processo de substituição de professores. Confira a entrevista:Zero Hora - Para o governo, não há falta de professores?Jose Clovis de Azevedo - Quando digo que não há falta de professores, não estou dizendo que não vai faltar professor naescola por um dia, dois dias ou até 10 dias, para substituir o que saiu. Estou dizendo que nós temos como substituir. Tem algofora do nosso controle que são os contratados temporários que pedem demissão. Todo dia tem 100 ou 200 que pedemdemissão. Isso é um problema muito sério para nós e reconhecemos que isso significa muitas vezes o aluno ficar semprofessor durante até 10 dias. Agora, isso não está na nossa governabilidade, porque herdamos o quadro de 21 milcontratados. Se aplicarmos o conceito de falta de professor em cima desses problemas, vai ter falta de professor sempre,porque, enquanto não tivermos um quadro definitivo, vai ter sempre um movimento de professores entrando e saindo.ZH - Como a secretaria fica sabendo da necessidade de professores nas escolas?

Azevedo - Estamos implantando um sistema, pois ainda trabalhamos parcialmente e não queremos mais trabalhar compapeizinhos, nem com pedido de professor por telefone, nem por cartinha. Quando as Coordenadorias Regionais de Educaçãoconstatam que realmente falta professor, eles colocam no sistema e, quando chega para nós, divulgamos a vaga e buscamosum professor no nosso banco, que tem cerca de 20 mil pessoas. Daí, o professor tem 72 horas para apresentar toda adocumentação e, depois, pode assumir. Neste prazo que a pessoa tem, pode acontecer que ela vá na escola, não goste dolocal e não assuma. Aí, temos de chamar outro professor, e a substituição pode demorar de oito a 10 dias.

ZH - Há alguma tentativa do governo de omitir a falta de professores? O Cpers alega que foram abertas sindicâncias contradiretores que denunciaram o problema.Azevedo - Ao contrário. Nunca abrimos sindicância em escola pela questão de ter denunciado falta de professores. Só abrimossindicância quando há denúncia escrita sobre algum problema na escola. Não queremos perseguir ninguém, de jeito nenhum,mas vamos ser muito rígidos no cumprimento da legislação e da carga horária de cada professor. Não menti quando disse queé mito que faltam 7 mil professores, como o Cpers disse. Isso não tem nem uma base real. Se a vaga não está no sistema,significa que ela não comprovou as informações na CRE e, se a CRE não colocou no sistema, não falta professor para nós.Muitas vezes, há um acordo para que o professor trabalhe menos horas, acordo feito às vezes no processo de eleição dosdiretores, ou há a tentativa de colocar em prática a ação do Cpers para que sejam considerados períodos em sala (e não horas)e nós não aceitamos.

MODELO 1O Português é uma língua global, uma vez que é falada em todos os continentes e por mais de 200 milhões de

pessoas. Esse idioma milenário está em evidência devido à ascensão econômica do Brasil no cenário mundial. Contudo, aindahá “Adamastores” que dificultam a expansão e consolidação do Português.

Um desses empecilhos está relacionado ao acesso à língua que, no Brasil, só foi generalizado nas ultimas décadas de1900. Até o século XIX, 90% dos brasileiros não sabiam ler nem escrever , e essa situação só se alterou na década de 80,quando o número de alfabetizados superou o de analfabetos. Esse “Adamastor” foi, portanto, parcialmente conquistado como acesso a educação, que ocorreu a partir do século passado. Essa inclusão educacional aconteceu com a disponibilização deescolas públicas para a população. Logo, a melhora desse aspecto é essencial, já que ele é um impedimento para a expansãodo idioma, porquanto demonstra a falta de conhecimento dos próprios falantes sobre o Português.

Entretanto, ainda há impedimentos que afetam a dispersão da língua que precisam ser solucionados. Mesmo que opovo tenha acesso ao ensino do idioma, isso não significa que ele seja de qualidade. Um dos principais problemas atuais doBrasil é a precariedade da formação educacional. O país tem pequenos índices de leitura -1,8 livros por habitante por ano -,além das dificuldades que os habitantes têm para acessar conteúdos devido ao custo alto tanto da internet quanto daspublicações literárias. Isso contribui para a carência de análise crítica, de educação e de instrução da população. Dessa forma,embora saibam ler e escrever, os brasileiros ainda apresentam uma característica que representa um “Adamastor ” para oidioma: o analfabetismo funcional, falta de habilidade para interpretar e redigir textos mais complexos. Essa debilidadecontribui para a estagnação da língua, já que revela a falta de conhecimento acerca do Português ainda presente no povobrasileiro.

Nessa perspectiva, são nítidos os “Adamastores” que prejudicam a expansão desse idioma. Afinal, para que umalíngua seja mais falada e conhecida é preciso, primeiramente, que seus falantes tenham acesso e conhecimento sobre ela , e éexatamente a carência desses aspectos as mazelas que o passado e o presente brasileiro trouxeram para o Português.

MODELO 2

A língua portuguesa tem, cada vez mais, adquirido relevância no cenário internacional. Devido a esse contexto, apreservação da língua como parte da nossa memória cultural, assim como a percepção da mesma como forma de identidade,para a nossa nação hoje, caracterizam-se como uns dos Adamastores a serem vencidos, a respeito da nossa língua materna.A língua portuguesa tem se difundido com enorme expressão, caracterizando-se como a quinta língua mais falada do mundo e

a terceira mais falada em sites de relacionamentos, portanto percebe-se que tem ganhado prestígio em cenário internacional,sendo, portanto, uma parte fundamental da nossa cultura história. Um dos maiores Adamastores, ou seja, um dos obstáculosque a nossa nação deve vencer, caracteriza-se pela perda da identidade histórica e cultural da língua. Atualmente, a realidadevivida pelo Brasil é a de completo descaso com a educação, logo parte importante da nossa história linguística perde-setambém. O desprezo pela língua portuguesa culta faz-se como um grande e irreparável dano a nossa civilização e às futuras,pois, perdendo as características típicas do nosso idioma, descaracterizamos também o momento histórico que a criou.

O legado da língua portuguesa traz consigo uma bagagem histórica, capaz de nos fazer compreender períodoscaracterísticos da nossa literatura, assim como determinadas épocas. Não estudar o idioma, em suas mais diversas estâncias, fazcom que uma parte da nossa identidade nacional se perca e que, por exemplo, livros da grande literatura sejam abandonados.Logo, a carência na educação poderá acarretar carência de identificação da língua portuguesa como parte integrante da culturanacional. O modo de falar de um determinado povo marca para sempre a história deste. Por isso, a preservação da história dalíngua necessita ser feita. A fim de que isso aconteça, o Adamastor a ser vencido é justamente o que se relaciona com ointeresse da população no interesse pelo seu idioma. A fim de que isso aconteça, o Estado deve prover à educação os subsídiosnecessários, para que aulas suficientemente qualificadas sejam dadas aos nossos alunos, fazendo-os capazes de ter criticidadehistórica e cultural, através da melhor compreensão do idioma.

Integrar um país é mais que meramente residir nele, pois fazemos parte de uma cultura e temos uma bagagemhistória. Uma das formas para que esse processo aconteça é através da melhor compreensão do seu idioma materno. Paratanto, é imprescindível que haja não só uma educação de qualidade, como também uma população capaz de interessar-se ecompreender a importância que isso representa para a história de uma nação.