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 1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ THIAGO AMORIM CAMINADA TWITTER E ELEIÇÕES A Influência da atuação em Redes Sociais no desempenho dos candidatos da Região da AMFRI em 2010 Itajaí 2011

Twitter e eleições

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Monografia - TCC de Thiago Amorim Caminada

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

THIAGO AMORIM CAMINADA

TWITTER E ELEIÇÕESA Influência da atuação em Redes Sociais no desempenho dos candidatos da Região

da AMFRI em 2010

Itajaí 2011

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THIAGO AMORIM CAMINADA

TWITTER E ELEIÇÕESA Influência da atuação em Redes Sociais no desempenho dos candidatos da Região

da AMFRI em 2010 

Monografia apresentada como requisito paraobtenção do título de bacharel emComunicação Social – Habilitação emJornalismo pela Universidade do Vale doItajaí, Centro de Ciências Sociais Aplicadas –Comunicação Turismo e Lazer.

Orientadora: Profª MSc. Laura Seligman

Itajaí 2011

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THIAGO AMORIM CAMANADA

TWITTER E ELEIÇÕESA Influência da atuação em Redes Sociais no desempenho dos candidatos da Região

da AMFRI em 2010 

Esta monografia foi julgada adequada para obtenção do título de Bacharel em Comunicação

Social – Habilitação em Jornalismo e aprovada pelo curso de Comunicação Social –Habilitação em Jornalismo da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências SociaisAplicadas – Comunicação, Turismo e Lazer.

Itajaí, 29 de junho de 2011.

_________________________________Profª. MSc. Laura Seligman

Orientadora

_________________________________

Prof. MSc. Robson Souza dos SantosMembro

_________________________________Prof. Eng. MSc. Marco Antonio Pinheiro

Membro

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RESUMO

A campanha vitoriosa de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos chamou a atenção depolíticos em todo o mundo para o uso das Redes Sociais na Internet como estratégia de marketingeleitoral. Esta pesquisa analisa o uso que os candidatos ao Legislativo Estadual da região daAssociação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí-Açu em 2010 fizeram do Twitter. Através da técnicade Análise de Conteúdo, foram avaliados os resultados nas urnas em comparação à atuação nomicroblog em contabilidade de frequência e estudo do conteúdo postado. O resultado nos levou a crerque o Twitter ainda não é decisivo junto ao eleitorado, mas seu bom uso pode ser identificado noscandidatos que já usam outras ferramentas e estratégias no marketing eleitoral e no marketing político.

PALAVRAS CHAVE

Web 2.0; Redes Sociais; Eleições; Twitter; Amfri

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“Qualquer nova tecnologia gradualmente cria um novo ambiente para o ser humano.”

Marshall McLuhan

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Candidatos e perfis no Twitter.........................................................................29

Tabela 2: OS 3 MENOS VOTADOS (FEDRAL)...........................................................32

Tabela 3: OS 3 MENOS VOTADOS (ESTADUAL).....................................................32

Tabela 4: OS 5 MAIS VOTADOS (FEDRAL)...............................................................33

Tabela 5: OS 5 MAIS VOTADOS (ESTADUAL).........................................................34

Tabela 6: LEITURAS (TWEETS X MÉDIAS DE SEGUDORES)...............................35

Tabela 7: NÚMERO DE INTERAÇÕES........................................................................38

Tabela 8:TWEETS X INTERVALOS DE COLETA.....................................................42

Tabela 9: TOTAL DE VOTOS X FOLLOWERS (FEDERAL).....................................44

Tabela 10: TOTAL DE VOTOS X FOLLOWERS (ESTADUAL)................................45

Tabela 11: TOTAL DE VOTOS X FOLLOWING (FEDERAL)...................................46

Tabela 12: TOTAL DE VOTOS X FOLLOMING (ESTADUAL)................................47

Tabela 13: FOLLOWING ADICIONADOS X FOLLOWERS CONQUISTADOS......48

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Perfil @monojornal..........................................................................................29

Figura 2: Perfil no Twitter do candidato Volnei Morastoni............................................37

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................10

2. OBJETIVOS................................................................................................................12

2.1 Objetivo Geral...........................................................................................................12

2.2 Objetivos Específicos................................................................................................12

3. UM MUNDO TECNOLÓGICO.................................................................................13

3.1 Web 2.0......................................................................................................................13

3.1.1 As três gerações da Web.........................................................................................13

3.1.2 As características da Web 2.0.................................................................................14

3.2 As Redes Sociais na Internet.....................................................................................16

3.3 Twitter.......................................................................................................................18

3.3.1 Rede social ou ferramenta potencializadora das redes sociais?..............................18

3.3.2 A lógica de funcionamento do Twitter...................................................................19

3.3.3 Weblogs como origens dos Microblogs.................................................................21

3.4 Marketing Eleitoral....................................................................................................22

3.5 O uso da Internet por partidos políticos e seus candidatos........................................25

4. ASPECTOS METODOLÓGICOS..............................................................................274.1 Os candidatos da região da Amfri.............................................................................27

4.2 A Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí...................................................28

4.3 As coletas...................................................................................................................28

4.4 Ferramenta de pesquisa: Análise de Conteúdo..........................................................30

5. O DESEMPENHO NAS URNAS E O TWITTER.....................................................32

5.1 Os menos votados......................................................................................................32

5.1.1 Candidatos à Câmara Federal.................................................................................325.1.2 Candidatos à Assembléia Legislativa.....................................................................32

5.2 Os mais votados.........................................................................................................33

5.2.1 Candidatos à Câmara Federal.................................................................................33

5.2.2 Candidatos à Câmara Estadual...............................................................................34

5.3 Leituras dos Tweets...................................................................................................35

5.4 Interações no Twitter.................................................................................................38

5.4.1 Interações dos candidatos com os usuários............................................................38

5.4.2 Interações dos candidatos para com o perfil @monojornal....................................41

5.5 Números relativos por intervalos...............................................................................42

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5.6 Intervalos de tempo entre os tweets...........................................................................43

5.7 Comparativos entre os seguidores e os resultados nas urnas.....................................44

5.7.1 Candidatos à Câmara Federal.................................................................................44

5.7.2 Candidatos à Assembléia Legislativa.....................................................................45

5.8 Comparativos entre o número de perfis seguidos e o resultado nas urnas................46

5.8.1 Candidatos à Câmara Federal.................................................................................46

5.8.2 Candidatos à Assembléia Legislativa.....................................................................47

5.9 Comparativos entre os followers e os following dos candidatos...............................48

6. É PRECISO SABER UTILIZAR TODAS AS ESTRATÉGIAS................................52

7. REFERÊNCIAS..........................................................................................................55

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1. INTRODUÇÃO

Responder os e-mails, ler as notícias dos grandes jornais em todo o mundo, conversar

virtualmente com os amigos, acessar a conta bancária: essas eram as práticas de um internauta

no início do século XXI. Hoje, quando se fala em internet, é impossível não pensar nas fotos

do álbum do Flickr, na plantação de cenouras do aplicativo Farmville no Facebook, em

quantos seguidores conquistou no Twitter, nos comentários do seu blog ou do vídeo postado

no You Tube. Hoje, falar em internet é falar em mídias sociais.

As redes sociais na Internet são verdadeiros locais de encontro para todos os estilos e

gostos. Elas reúnem pessoas pelos seus interesses em comum: encontrar uma companhia,

convidar para uma festa, conseguir um emprego, torcer pelo seu time do coração, manter

contato com parentes e amigos distantes. Essas redes nos interligam para discussão de

assuntos variados e há os que dizem que as redes sociais nos ajudam a construir

conhecimento. Então, as redes sociais na internet são o local ideal para fazer política.

Militância social, protesto, panfletagem e campanha eleitoral.

Na campanha para a presidência dos Estados Unidos da América de 2008, Barack

Obama chamou a atenção de profissionais do marketing para a influência das redes sociais na

internet sobre a opinião do eleitorado. Especialmente por ter saído vitorioso e com o largoapoio dos jovens, grandes entusiastas das redes sociais. Obama atraiu, também, os olhares de

políticos interessados na manutenção de seu status e na procura por eleitores. Seus esforços

foram distribuídos em 16 redes sociais diferentes1.

Dentre as diversas frentes organizadas pela equipe de Obama, a atuação do candidato

no microblog Twitter atraiu maior atenção dos eleitores, pesquisadores e usuários da internet.

Seu perfil, ainda ativo, é @BarackObama. A proposta simples e objetiva do Twitter de

acompanhar e publicar pequenas mensagens entre os usuários se uniu perfeitamente aoobjetivo de criar interação entre os usuários, motivar eleitores e convocar para eventos. A

partir do sucesso do atual presidente americano, diversos políticos tentaram seguir o mesmo

caminho.

O primeiro homem público brasileiro de reconhecimento nacional a usar o Twitter foi

José Serra (no perfil @joseserra_), candidato à Presidência da República no período eleitoral

analisado por esta pesquisa. Sua primeira tuitada foi em 18 de maio de 2009. Além dele, os

1 Barack Obama usou, oficialmente, 16 redes sociais na web: Twitter, Facebook, MySpace, Flickr, YouTube,Blackplanet, Faithbase, Eons, Digg, Glee, Migente, Mybatanga, Eventful, Asianave, Linkedin e DngPartybuilder.

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outros três principais candidatos à Presidência do Brasil no ano de 2010 – Plínio de Arruda

Sampaio (@pliniodearruda), Marina Silva (@silva_marina) e a candidata vitoriosa Dilma

Rousseff (@dilmabr) – também se conectaram através do microblog.

Dessa forma, nas eleições de 2010, em que foram eleitos a Presidenta da República, o

governador do estado, os deputados federais e deputados estaduais e os senadores, o Twitter

figurou como estratégia de campanha de diversos candidatos em todo o país, inclusive em

Santa Catarina. Outras redes sociais também foram utilizadas para persuadir o eleitor, mas

esta pesquisa focou seu olhar sobre o Twitter pelos motivos já apresentados acima.

Tendo em vista a crescente popularização da internet, os brasileiros invadiram as

Redes Sociais na internet e estão entre os maiores usuários. Com o Twitter, os internautas

brasileiros são os vice-campeões em tempo de uso. Nas eleições de 2010, vários candidatos

criaram contas nas Redes Sociais e foram em busca de seu eleitorado.

Sendo assim, este trabalho estudou o Twitter dos candidatos a deputado estadual e

federal da região da Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí-Açu (AMFRI). A análise

se debruça, portanto, sobre o comportamento desses candidatos ao Legislativo no microblog

Twitter em comparação com o resultado das urnas, incluindo os que não utilizaram essa

ferramenta. Avaliando o papel dessa ferramenta de informação durante o processo

democrático de 2010, podemos aferir sua importância para a sociedade.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar o comportamento dos candidatos a deputado estadual e federal, na Região da Amfri,

no Twitter e sua relação com o resultado nas urnas.

2.2 Objetivos Específicos

•  Verificar o comportamento dos candidatos no microblog;

•  Identificar a importância do Twitter no processo democrático de 2010;

•  Comparar o resultado dos candidatos que utilizaram a ferramenta com os demais;

•  Formular uma relação entre o número de seguidores, seguidos e mensagens com o

resultado das eleições;

•  Discutir a influência das Redes Sociais na sociedade e, principalmente, na decisão do

voto.

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3. UM MUNDO TECNOLÓGICO 

3.1 Web 2.0

Com a finalidade de transmitir dados militares, em meio à Guerra Fria, surgiu em

1966, a ARPANET2, projeto que se transformaria na atualmente conhecida Internet. Em

março de 1989, a World Wide Web trazia a proposta de um sistema de compartilhamento de

informações, armazenamento de dados e disponibilização de conteúdo para produção de

conhecimento. Desenvolvida pelo engenheiro Tim Berners-Lee3, a World Wide Web viria

para simplificar a troca de informações através da internet, utilizando o hipertexto, para o

avanço das pesquisas nucleares e aproximando a interface da Internet à dinâmica que

conhecemos agora. Ao longo desses mais de 50 anos, foram sucessivas transformações que

levaram a uma evolução inimaginável. Sem um centro de comando, nem hierarquias ou

cerceamentos, o desenvolvimento da internet atravessou o século passado como uma certeza

para este próximo.

3.1.1 As três gerações da Web

Atualmente, a quase cinquentona Internet já vive a sua segunda geração, a Web 2.0, ouWeb social. Em sua primeira fase, a Web 1.0, também chamada de Web tradicional ou Web

estática, limitou-se a conectar páginas através de links. É certo dizer que enquanto a Web 1.0

conecta computadores, a Web 2.0 conecta pessoas. O perfil do usuário da Web tradicional é

de um consumidor de informação passivo (ISOTANI, et al., 2008), ou seja, um navegador-

expectador dos conteúdos disponíveis nas páginas.

Enquanto o usuário da Web tradicional é tido como passivo, o usuário da Web social é

considerado dono da audiência, aquele que decide qual conteúdo é importante (O´REILLY,2011). Mais do que usuário, ele é um desenvolvedor de conteúdos, um co-autor. Não

obstante, Primo (2000) rejeita a nomenclatura usuário e sugere que seja substituída por

“agentes intercomunicadores”. “Na Web 2.0 todos são produtores de informação” (ISOTANI,

et al., 2008, p. 789).

Faz-se necessário explicitar que, como destaca Primo (2006), essa evolução da Web

faz parte de um contexto histórico, social e tecnológico que culminou nesse processo. Ou seja,

não existe uma divisão categórica entre os aplicativos e sites em Web 1.0 e 2.0. O próprio

2 ARPA sigla do inglês para Advanced Research Projects Agency.3 Timothy John Berners-Lee engenheiro e cientista da computação britânico.

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criador do termo Web 2.0, Tim O´Reilly4, explica que o conceito não tem delimitação

rigorosa. Para o autor, “pode-se visualizar a Web 2.0 como um conjunto de princípios e

práticas que interligam um verdadeiro sistema solar de sites que demonstram alguns ou todos

esses princípios e que estão a distâncias variadas do centro” (O´REILYY, 2011, p. 2). Sem

discordar do autor do termo, Primo (2006) apresenta uma conceituação mais mensurável.

Web 2.0 pode referir-se a uma combinação de técnicas informáticas(serviços, Web, linguagem Ajax, Web syndication, etc.), a um momentohistórico, a um conjunto de novas estratégias mercadológicas para ocomércio eletrônico e a processos de interação social mediados pelocomputador. (p. 1)

Além da segunda geração Web, alguns autores já conceituam sua terceira e última

geração, a Web 3.0, Web semântica social, ou simplesmente Web semântica. Na Web 3.0, os

dados transmitidos poderão ser interpretados pelas máquinas, ou seja, os “sistemas serão

capazes de auxiliar na produção de conhecimento coletivo através da análise da contribuição

colaborativa humana” (ISOTANI, et al., 2008, p. 792). Autores como Crucianelli (2010)

apostam que a Web semântica irá revolucionar o modo de consumir informação. Porém, até

agora, não passam de experiências em desenvolvimento. De alguma forma, aplicativos já

disponíveis na Internet dão conta dessa promessa. Bons exemplos são os sistemas de hits das

páginas de busca e os anúncios inteligentes, que se adequam ao que o internauta mais busca.

3.1.2 As características da Web 2.0

As características definidoras de um aplicativo/site Web 2.0 são campo de estudo de

diversos autores. A principal delas é a postura do usuário como um co-desenvolvedor

(O´REILLY, 2011), os aplicativos da Web social não são softwares “empacotados”,

geralmente são aplicativos em código aberto. Ou seja, os desenvolvedores de programas vêem

os usuários como parceiros na construção de seus aplicativos e ferramentas para web. “Os

editores da Web estão criando plataformas ao invés de conteúdo. Os usuários estão criando

conteúdo” (BRIGGS, 2007, p. 28).

O lançamento de versões beta, ou a permanência em constante construção também é

uma característica da Web 2.0. O´Reilly (2011) cita o Yahoo como site que soube sobreviver

à segunda geração da web. O autor argumenta que apesar de o portal Yahoo ser produtor de

4 Tim O´Reilly é fundador da O´Reilly Media e diretor da CollabNet. Criador do conceito Web 2.0, que foiassunto de diversas conferências a partir de outubro de 2004.

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conteúdo próprio, seu maior valor está no trabalho coletivo dos usuários, como a seção Yahoo

Respostas.

Para O´Reilly (idem), o sucesso na Web 2.0 depende de uma vasta base de

informações que não pode ser facilmente copiada, ainda assim o autor destaca que “o serviço

fica automaticamente melhor quanto mais forem os usuários que se utilizarem” (p. 8). Briggs

(2007) aponta que os sites Web 2.0 “não são mais depósitos isolados de informação com

canais de comunicação de uma só via (um entre muitos), mas que, ao invés disso, são fontes

de conteúdo e funcionalidade” (p. 28). Por isso, uma das marcas da Web 2.0 é a Inteligência

Coletiva5, ou também chamada de Inteligência Acumulada. “Nesta nova era da Web, os

usuários podem se encontrar, colaborar e interagir para criar e compartilhar conhecimento”

(ISOTANI, et al., 2008, p. 789). O exemplo mais famoso é a Wikipedia (wikipedia.org), uma

enciclopédia virtual criada e atualizada, conforme a arquitetura de participação, pelos

usuários.

Além disso, o criador do termo Web 2.0 destaca a importância de projetos abertos para

a “hackeabilidade” e “remixabilidade”. Ou seja, “hackeabilidade” não no sentido de

destruição e invasão, como é usado no senso comum, mas para permitir alterações nos

aplicativos e sites para melhor funcionalidade. Já “remixabilidade” entende-se como

facilidade na reutilização de conteúdos em outras plataformas. Já existem alguns aplicativosque possibilitam que uma mensagem seja postada em várias redes sociais com apenas um

clique.

Outra característica da Web 2.0 apresentada por O´Reilly (2011) é a plataforma de

serviços e aplicativos, ao invés de softwares que precisam ser instalados e ocupam espaço no

HD dos computadores. Além disso, a Web social traz como requisito a interface leve para

usuários e desenvolvedores, o que permite a outros aplicativos leves serem acoplados. Essa

constante evolução das interfaces gráficas é para Walker (2011) fruto da constante evoluçãona interação entre o homem e as máquinas digitais. Além da velocidade no acesso aos dados e

conteúdos, a leveza de interface facilita o acesso de dispositivos móveis (celular, iPhone).

Esse é o caso do Twitter. Ferramenta leve, minimalista, criada para facilitar o uso através de

celulares. Além disso, o Twitter tem seu código aberto, o que possibilitou a criação de

diversos aplicativos como, por exemplo, para postar fotos, vídeos, transmissões ao vivo

5 “É uma inteligência distribuída por toda a parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, queresulta em mobilização efetiva das competências. Acrescentemos à nossa definição este complementoindispensável: a base e o objetivo da inteligência coletiva são o reconhecimento e o enriquecimento mútuo daspessoas, senão o culto de comunidades fetichizadas ou hipostasiadas” (LEVY, 1998, p. 28-29)

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através de webcam e etc. As características desse microblog e seu uso serão descritos mais

adiante.

No campo das relações comerciais pela web, O´Reilly (2011) destaca a preferência do

consumidor pelo autosserviço e o efeito cauda longa6. No artigo, o autor destaca o site

Amazon.com que permite que os usuários teçam comentários, avaliem e indiquem produtos.

Por fim, O´Reilly destaca uma curiosidade: os sites verdadeiramente de sucesso no formato

Web 2.0 não são frutos de nenhum anúncio e sim de compartilhamento dos usuários e

propagação pela rede de forma viral, assim como toda a dinâmica da segunda geração da

World Wide Web. Este conceito, de Web 2.0, está intimamente ligado ao que chamamos de

Redes Sociais na Internet, em que os brasileiros são campeões em uso – 80% dos internautas

participam de alguma.

3.2 Redes Sociais na Internet

As Redes Sociais, em si, sempre existiram e são objeto de estudo desde antes da

Internet. Já na década de 1950, o termo era utilizado para as observações acerca das conexões

estabelecidas dentro dos agrupamentos sociais pela Sociologia (RECUERO, 2009). A autora

ainda define que em uma rede social existem dois elementos impossíveis de isolar: os atores

sociais e suas conexões.

Na internet, as redes sociais são consequências das apropriações dos programadores de

softwares de interação para a construção de sites que permitissem o registro dessas redes

online (RECUERO, 2011). Contudo, a autora aponta a visibilidade das conexões, a

manutenção dos laços sociais e a articulação das redes como as diferenças entre os sites de

redes sociais na internet e as ferramentas de comunicação mediada por computador. “As redes

sociais fomentam a possibilidade de estreitar vínculos desconhecidos e dispersos, criar um

espaço para compartilhar conhecimento”7 (PARA, 2011, sem página) e não simplesmente um

programa para comunicação entre usuários.

É importante ressaltar a diferença entre as redes sociais na internet e mídias sociais,

também chamados de softwares ou sites de redes sociais (SRS). “Redes sociais não são

mídias sociais. Associamos redes com o Orkut, Twitter e Facebook, na verdade estas são as

6 Cauda longa é denominada a tendência de consumo do século XXI, se opondo ao consumo incentivado pelaCultura de Massa. Análises de compras pela web demonstraram que o valor de compra dos produtos nãomassivos supera o valor de compra dos produtos massivos. Enquanto um produto de sucesso atinge grandesvalores, a junção de vários produtos de não sucesso supera o de sucesso. O nome cauda longa se dá pelo desenhoformado em um gráfico valor de compra x produto. (ANDERSON, 2011)7 Tradução Livre do Espanhol.

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mídias, são as ferramentas para possibilitar as redes. As redes sociais são feitas por pessoas e

não por ferramentas” (GARCIA, 2011, p. 67). A autora vem ao encontro da afirmação de

Orihuela (2011a, sem página): “a rede [social] são as pessoas e o que as pessoas fazem com

ela.”8 

Por mídias sociais, Graeff (2009, p. 6) define como

mídias que permitam comunicação de ‘muitos para muitos’, e a criação(individual ou colaborativa), o compartilhamento e a distribuição deconteúdo – textos, imagens e vídeos – em uma ou mais plataformas (comointernet e celulares). São mídias que não só convidam ao envolvimento eparticipação, mas tornam-se melhores com isso.

Já as redes sociais na internet, são constituídas pelos atores sociais (RECUERO,

2009). Pereira (2011) define como “o valor da diversidade entre pessoas, ou seja, é uma

conexão entre pessoas no mundo virtual” (p. 47). Porém, a mais palpável definição de redes

sociais na internet é de Orihuela:

Podemos pensar em uma rede social como em uma grande festa:reencontramo-nos com antigos amigos e amores antigos, conhecemos gentenova, trocamos informações pessoais e telefones para rever-nos, fazemosnegócios ou simplesmente somos parte do ritual. Podemos nos divertirtentando fazer amigos, amores ou negócios, ou nos aborrecemos

grandemente porque não vamos às festas, já que preferimos sair com osamigos. (ORIHUELA, 2011a, sem página)9 

Em Orihuela (2011a, sem página), as redes sociais na Internet possuem três funções

básicas, chamadas pelo autor de “3Cs”:

1. Comunicação – estabelece ferramentas de comunicação entre os membros;

2. Comunidade – reúne os membros em comunidades por interesses e afinidades em

comum;

3. Cooperação – estimula a construção coletiva.Entretanto, autores como Para (2011) são reticentes em avaliar as redes sociais na

internet. Ele expõe críticas referentes à política de privacidade das redes e sua finalidade. Para

o autor, as redes sociais interligam os usuários sem uma finalidade/utilidade específica,

exigem uma série de dados pessoais sem se saber a quem as informações estão sendo

fornecidas, sua ameaça a intimidade, além de “sua massiva proliferação, que pode ser tornar

uma grande moléstia” (PARA, 2011, online). Mesmo sendo alvo de desconfiança e críticas, as

redes sociais na internet vem ganhando diversos entusiastas.

8 Idem.9 Ibidem.

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3.3 Twitter

A Rede Social mais popular em todo o mundo é o Facebook com 700 milhões de

usuários. Já no Brasil, o líder disparado de público ainda é o Orkut com 36 milhões de visitas

mensais, seguido pelo Facebook com 8,8 milhões. Outro fenômeno de acessos é uma

ferramenta que potencializa as redes sociais no seu funcionamento, o Twitter, com 8,6

milhões de usuários no país10. Inclusive, seu papel nas eleições de 2010 foi assunto de revistas

como a Super Interessante11 e destaque de outras como a Piauí 12.

3.3.1 Rede social ou ferramenta potencializadora das redes sociais?

Criado em 2006 pela startup californiana Obvious Corp, o Twitter é uma ferramenta

de comunicação e interação minimalista que conecta milhares de pessoas em torno da

pergunta “o que você está fazendo?”. O microblog permite que os usuários postem mensagens

de até 140 caracteres para compartilhar informações pessoais, notícias, links (GRAEFF,

2009). Para Orihuela (2011b, sem página) esta característica é uma contribuição decisiva em

meio à saturação informativa: “o conciso é mais que o dobro de bom”13, destaca o autor.

Recentemente, a pergunta-chave da ferramenta deixou de ser tão intimista e passou a ser “oque está acontecendo?”, reconhecendo a grande utilidade informativa do Twitter. Desde a

primeira tuitada, em 21 de março de 2006, o Twitter cresceu avassaladoramente. Em 2008,

apenas oito pessoas geriam a ferramenta, hoje são 400 funcionários. Mesmo tendo uso

gratuito, especialistas avaliam o Twitter em 7,7 bilhões de dólares devido ao impacto de suas

mensagens e à repercussão instantânea proporcionada pelo microblog.

Graeff (2009, p. 29) aponta que a “instantaneidade, simplicidade e abertura do Twitter

popularizaram seu uso como forma de propagação rápida de informações e como mecanismosde coordenação de grupos de pessoas”.

Porém, um dos criadores do Twitter, Kevin Thau, afirmou14 que o microblog não é

uma rede social, mas através dele existem diversas interações sociais entre os participantes

que caracterizam uma rede social. Thau descreve o Twitter como o “sistema telegráfico da

10 Dados da consultoria internacional ComScore (http://www.comscore.com/por/Press_Events/Press_Releases/2010/10/Orkut_Continues_to_Lead_Brazil_s_Social_Networking_Market_Facebook_Audience_Grows_Fivefold

 

)11 Através da reportagem “Na Internet, a eleição já começou”. Revista Super Interessante de julho de 2010,edição 280.12 Através da reportagem “Pancadaria na rede”. Revista Piauí de agosto de 2010, edição 47.13 Tradução livre do Espanhol.14 Em palestra concedida para o evento Nokia World, em setembro de 2010.

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  19

Web 2.0”. Já Recuero e Zago (2010), se apóiam na conceituação de Boyd e Ellison (2007) e

afirmam que o Twitter é uma rede social, visto que permite “às pessoas criarem um perfil

público, interagir por meio dele, e mostrar suas redes sociais” (RECUERO e ZAGO, 2010, p.

71). Interessante perceber que a argumentação utilizada pelas autoras é similar à de Kevin

Thau. Outra justificativa apresentada por Recuero e Zago (2010) é que

o caráter de rede social encontra-se presente, na medida em que essasinformações são distribuídas para os seguidores, os quais podem seapropriar dessas informações e respondê-las ou ‘retuitá-las’, repassando-aspara suas redes. (RECUERO e ZAGO, 2010, p. 71)

Em vista disso, e apoiando-se sobre a literatura explorada anteriormente sobre redes

sociais na internet, podemos classificar o Twitter como um site, ou software, de rede social.

3.3.2 A lógica de funcionamento do Twitter

Para Graeff (2010), o Twitter é uma rede social bem mais simples em comparação ao

Orkut e Facebook. Na visão do autor, basta apenas responder à pergunta-chave. De certa

forma, o Twitter tem como base da sua dinâmica a publicação dos tweets (no microblog, a

publicação, ou  post , se chama tweet 15). Porém, apesar de ser uma ferramenta simplista, elanão se limita a isso. Além das mensagens públicas, o Twitter permite que o envio de tweets 

privados, que podem ser direcionados a usuários em específico. Esse recurso é chamado de

 Direct Messages.

Como comprova a pesquisa de Recuero e Zago (2010), a maior preocupação dos

tuiteiros (nome dado aos usuários do Twitter) é a conquista de  followers, ou, no Português,

seguidores. Além dos seguidores, em uma conta de Twitter, há também o  following. O total

de followers corresponde ao número de usuários que recebem os tweets de uma determinadaconta e o número de following é o total de usuários que essa conta no Twitter acompanha ou

segue. Ou seja, o primeiro é o número de leitores (seguidores) e o segundo é número de perfis

seguidos.

Para adicionar um seguidor, é necessário que o usuário aperte o botão “Follow”, que

significa seguir, por isso, fazemos essa relação de seguidores e seguidos. É importante notar

que, ao contrário de outras redes sociais, não é necessária autorização para seguir um perfil, a

15 A origem do nome Twitter vem do gorjear dos pássaros. Tweet, em inglês, é o nome que se dá ao piar dospássaros e faz alusão à economia de caracteres na comunicação via microblog. Exatamente por isso, que osímbolo do Twitter é o passarinho azul.

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aceitação é automática. Somente para evitar a leitura de determinados perfis é necessário

bloqueá-los. Para deixar de acompanhar os tweets de um usuário, é necessário clicar em

“Unfollow”. Sendo assim, o número de unfollows de certo usuário é o mesmo que dizer

quantos seguidores este usuário perdeu. Primo (2000) afirma que o estabelecimento e

manutenção das conexões envolvem mais do que pessoas, envolvem eventos, ações e

comportamentos. Essa relação entre os usuários é explicada por Rodrigues (2009, p. 148):

o Twitter faz basicamente uma pergunta – ‘o que você está fazendo agora?’– e parte do princípio de que a sua rede social está tão genuinamenteinteressada nessa informação que vai te ‘seguir’ (tradução para  follow) parasaber a sua resposta.

A utilização do Twitter por parte dos usuários permitiu a criação de diversos recursosde postagem e interatividade. O recurso reply, de resposta, é um deles. O usuário pode

conversar e responder a outros usuários, ou até comentar outros tweets. O uso de “@” seguido

pelo username do usuário com o qual estabelece conexão cria um link para que os demais

seguidores possam acessar o perfil do usuário. Além disso, o usuário que recebeu o reply,

mesmo que não seguindo o usuário que lhe interpele, ele recebe o recado. Outro recurso

utilizado é o de retweet , ou como chamam os brasileiros retuitar . Ele permite que um tweet de

determinado usuário seja reproduzido originalmente por outro. Assim, várias pessoas podemler a postagem. O tweet retuitado pode ser percebido pelo uso do símbolo “RT”, ou através de

um botão que retuita automaticamente a mensagem.

As hashtags também são utilizadas no Twitter. Os tags (etiqueta em Inglês, uma

marcação de assunto na Internet) são precedidos pelo símbolo “#” e criam um link

permitindo, assim, que se reúnam todos os tweets que utilizaram o mesmo tag. Eles são

usados para catalogar e organizar os conteúdos, e não são preestabelecidos (BRIGGS, 2007,

p. 32). Com base na frequência das hashtags, os administradores do site geram o Trending

Topics. Os Trends, como também são chamados, formam uma lista atualizada a todo o

momento, que elenca os assuntos mais populares do Twitter.

Por ser projetado com Interface de Programação de Aplicação (API), que permite que

outros programadores possam criar aplicativos compatíveis, característica latente da Web 2.0,

o Twitter reúne uma lista vasta de aplicativos complementares, que garantem funcionalidade à

proposta inicial simplificada de somente texto em 140 caracteres. O microblog permite, por

exemplo, postagem de fotos através de aplicativos como o Twitpic e o plixi.com; transmissões

ao vivo pela internet, como através do Twitvid  e Twitcam, também são possíveis. Outros

aplicativos, ainda, auxiliam no gerenciamento de dados através do Twitter. O Tweetdeck , por

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  21

exemplo, organiza as informações do usuário em várias redes sociais além do microblog em

uma mesma página de internet.

Outros aplicativos de sucesso que foram criados para dar suporte ao Twitter são os

chamados encurtadores de links. Sites como o migre.me ou o Tinyurl, onde o usuário cola um

link da internet com uma infinidade de caracteres e eles são encurtados para dez ou onze,

permitindo que se possa escrever mais informações sobre o link postado, uma adequação ao

limite de 140 caracteres.

Rodrigues (2009, p. 149) aponta que as “possibilidades de uso [do Twitter] ainda estão

sendo descobertas”. Em virtude da sua popularidade, muitas funções dessa ferramenta estão

em constante evolução e diversas apropriações ainda devem surgir. Para os candidatos

políticos, o Twitter pode unir os espaços midiático, político e público e por conta disso o

candidato “é assim conduzido implacavelmente a fazer o triplo papel de ator, de personagem e

de pessoa” (CAVALCANTI, et al., 2010). Orihuela (2011b) afirma que o uso do microblog

possibilitará “explorar e extrair seu potencial na educação, no jornalismo, no marketing e na

política”16. Afinal, como apontam Recuero e Zago (2010) e Rodrigues (2009), as aplicações

do Twitter superam a simples resposta à pergunta inicial: o que você está fazendo agora.

3.3.3 Weblogs como origem dos Microblogs

Na visão de Rodrigues (2009, p. 149), o Twitter “combina características de blog e

rede social”. Em Zago (2010, p.11), a origem dos microblogs está nos weblogs: “(...) boa

parte das características dos blogs estão presentes também nos microblogs, mas em versão

simplificada”. Para a autora, os microblogs nasceram em meio a uma crise do conceito de

blog e a necessidade de utilizar plataformas móveis para ganhar agilidade.

(...) passaram a surgir ferramentas de blogs mais simplificadas, voltadaspara postagens com limitações de tamanho, e muitas vezes associadas àidéia de mobilidade. Essas ferramentas passaram a designadas comomicroblogs, na medida em que seguem algumas características dos blogs,mas de forma simplificada. (ZAGO, 2010, p. 7)

Em outro artigo, Zago (2011) conceitua o Twitter como blog – pelo formato das

postagens e pela ordem inversa de publicação –, rede social – porque cada usuário possui

perfil próprio e pode interagir para criar laços sociais – e ferramenta de mensagem instantânea

– pelas mensagens curtas e velocidade de publicação se assemelhar a ferramentas como

16 Tradução livre do Espanhol.

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Google Talk e MSN. As principais características das ferramentas de microblogagem, como o

Twitter, são a simplicidade, a fácil adaptação às mídias móveis, a limitação no tamanho das

publicações e a organização em ordem cronológica inversa como maior herança dos weblogs

(ZAGO, 2010).

No que toca o conteúdo dos tweets, Rodrigues (2009) apresenta a classificação de

Akshay Java e Tim Finin (2009) que aponta os quatro maiores motivos de uso do Twitter por

parte dos internautas:

1.  informações sobre rotinas diárias, conteúdo mais comum noTwitter;

2.  conversas diretas entre pessoas ou grupos, recurso utilizado por21% dos usuários;

3.  compartilhamento de links interessantes e indicação de bons links;4.  veiculação de notícias que são importadas por mecanismos

automáticos, como fazem grandes empreendimentos de mídia.(RODRIGUES, 2009. p. 149)

No Brasil, Recuero e Zago (2010) também constataram que a prioridade dos usuários é

a disseminação de informação através do Twitter, assim também já existem outras pesquisas

comprovando a mesma finalidade em outros países. Zago (2011) conclui que existe uma

grande diversidade de usos sociais para o Twitter e um deles é o Marketing Político e

Eleitoral.

3.4 Marketing Eleitoral

O marketing é parte primordial na vida de um homem público, não somente no

momento de disputa eleitoral, mas na totalidade de seu mandato, garantindo a manutenção da

boa imagem construída na campanha. Recuero (2009) classifica as redes sociais na internet

como propícias para a construção da reputação. A autora coloca as redes como as maiores e

melhores no controle sobre as impressões daquilo que é publicado, sendo a maior facilidade

em comparação as relações off-line. Ou seja, para os políticos é o locus ideal para a

construção de uma imagem positiva junto ao eleitorado.

Teixeira (2006) evidencia a diferença entre marketing político e marketing eleitoral,

embora estejam intimamente interligados. Enquanto o marketing eleitoral é responsável por

pensar nos jingles, programas do horário eleitoral gratuito, utilização de redes sociais,

confecção de santinhos, enfim, toda a estratégia de campanha; o marketing político cuida da

imagem do homem público perante os meios de comunicação de massa e seu relacionamento

com o eleitorado mesmo depois da campanha encerrada.

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  23

Em Silveira (2000, p. 129), o marketing político e eleitoral tem a função de:

construir a imagem de um candidato eliminando ou neutralizando os seusaspectos considerados negativos pelos eleitores e os problemas geradores derepulsa e rejeição, fortalecendo os aspectos vistos como positivos, que

afirmam uma imagem favorável do candidato, capaz de atrair simpatia eapoio.

Já Figueiredo (2000) aponta os procedimentos necessários para um bom trabalho de

marketing eleitoral “cujo objetivo é avaliar, através de pesquisas qualitativas e quantitativas,

os humores do eleitorado para, a partir daí, encontrar o melhor caminho para que o candidato

atinja a maior votação possível.” (pp. 14-15)

Evidentemente, as pesquisas qualitativas e quantitativas são norteadoras do

planejamento estratégico em marketing eleitoral. Santa Rita (2002) é categórico ao afirmarque sem pesquisas é impossível formular um trabalho satisfatório. Através das pesquisas se

observa as tendências do eleitorado, seus desejos, a rejeição, os pontos fortes e fracos de um

candidato. “Isso significa dizer que o político moderno tenta convencer os eleitores sobre

aquilo do qual eles já estão convencidos. Um político, nesse caso, não lidera; é ‘liderado’ pela

opinião pública.” (FIGUEIREDO, 2000. p. 35)

Foi justamente para satisfazer o consumidor (ou eleitor) com o produto consumido

(candidato escolhido) que o marketing nasceu. Cervellini aponta que “o marketing político e o

marketing comercial cada vez mais compartilham instrumental teórico e técnico para atender

às necessidades de seus clientes, mesmo com suas especificidades” (2000. pp. 83-84).

Não somente o referencial teórico assemelha o marketing eleitoral do marketing

comercial. Cervellini (2000) aponta outras características similares como a importância

devotada ao planejamento para a utilização de linhas estratégicas; a necessidade de pesquisas

e informações sistematizadas; e a utilização de técnicas para aproximar o consumidor/eleitor.

O autor aponta, ainda, quatro semelhanças entre os partidos políticos e as marcas:

1. O foco de ação no indivíduo;

2. A função social de organizar a competição;

3. A finalidade de influenciar numa escolha; e

4. O objetivo de mexer com opiniões, crenças e valores.

Inclusive a campanha de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos da

América em 2008, tida como referência em marketing eleitoral online, não utilizou nenhuma

prática que já não havia sido usada no marketing comercial e com comprovada eficiência. “O

grande diferencial (...) foi a amplitude das ações e o fato de todas as possibilidades de

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  24

comunicação digital terem sido exploradas de maneira eficiente.” (GOMES, et al., 2009, p.

39)

Apesar das muitas características que aproximam o mercado de produtos e serviços

com a política, existem diversas diferenças. Figueiredo (2000, p. 14) aponta “que o ‘produto’

no marketing político pensa, fala e tem história de vida”, enquanto no marketing comercial ele

é simplesmente um objeto e é destinado somente a uma parcela de consumidores. Já o

candidato deve agradar o maior número possível de eleitores de um universo imensamente

diversificado.

Para Kuntz (1999), a necessidade da utilização dos meios de comunicação por parte

dos candidatos aumenta em decorrência da grande área geográfica e densidade populacional.

O autor acredita que os meios de comunicação de massa são a melhor forma de atingir o

maior número de eleitores. Assim também, a internet pode atingir ainda mais eleitores que os

mass media pela liberdade de acesso em qualquer horário e local. Dessa forma, eleitores que

residem no exterior ou que moram em estados diferentes da sua seção eleitoral podem ter

acesso irrestrito da campanha através da internet.

Com a dificuldade em construir uma relação de contato físico e fidelidade entre eleitor

e candidato está nascendo, na visão de Silveira, um “novo eleitor”. “As modificações políticas

e tecnológicas recentes estão favorecendo o crescimento de um novo eleitor que se identificade forma pontual e fugaz com candidatos em função das imagens da mídia” (SILVEIRA,

2000. p. 125).

Este seria o perfil do eleitor do século XXI, ao invés da prática colonial do voto de

cabresto17 ou do famigerado clientelismo18, o eleitor seria refém de uma nova prática eleitoral:

a estética. Silveira (2000, p. 125) explica que:

A nova escolha não-racional é uma decisão individual que não supõe,necessariamente, contato pessoal com o candidato. As imagens dos

candidatos e as informações da campanha eleitoral são captadasespecialmente através da mídia (televisão e rádio são os principais meios decomunicação utilizados).

O autor classifica o processo de decisão do voto como não-racional e sua direção

muda com rapidez e frequência deixando-se seduzir pelos atributos simbólicos do candidato.

O objetivo da campanha é convencer os eleitores através dos “seus sentimentos, emoções,

pulsões, motivações inconscientes e desejos” (SILVEIRA, 2000. p. 129). Mesmo o eleitor

17 Voto de Cabresto: prática política em que as pessoas eram coagidas pelos coronéis (poderosos fazendeiros) avotarem nos candidatos aliados a eles. Como o voto era aberto, os coronéis mandavam capangas, ou iampessoalmente, para conferir o voto. (Farias, 2000)18 Clientelismo: prática política em que determinado candidato barganha favores e benefícios aos eleitores emtroca de votos. (Farias, 2000)

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  25

agindo como na lógica do consumidor, o autor adverte que a distorção da natureza política e

psicológica dos candidatos só prejudica a candidatura, pois é preciso que as manifestações

sejam reconhecidas como autênticas. Sobretudo, as redes sociais na internet figuram como

uma oportunidade de aproximar o eleitor de seu candidato através da interação mediada por

computador (GRAEFF, 2009).

Uma das oportunidades vislumbradas desde seu início pelos políticos e as agremiações

partidárias para atingir de forma mais eficiente os eleitores foi a Internet, primeiramente,

através da construção de sites e, posteriormente, com a inserção nas redes sociais.

3.5 O uso da internet por partidos políticos e seus candidatos

Blanchard (2006) traz um panorama da primeira década com a utilização da internet

pelos partidos políticos na Europa através do olhar de diversos autores. A pesquisadora revela

um comportamento idêntico entre os partidos políticos pesquisados em que a internet é

considerada “como um meio – adicional – de valorização do discurso político do partido” (p.

14), onde a manifestação aberta do eleitor, através de fóruns e chats, é considerada

“arriscada”. Ainda em 2006, Steffen analisa os sites das campanhas presidenciais de 2002 e

encontra resultados semelhantes: “uma repetição de padrões discursivos nos websites quemostram o quanto estes estão vinculados as culturas e processos que se dão se fazem na

sociedade e no campo político” (p. 10). O autor constata que o modelo jornalístico de web e o

discurso político são apenas adaptados para a criação dos sítios dos candidatos.

Já em 2008, Coutinho e Safatle apresentam os emergentes weblogs como destaque de

participação política nas eleições municipais daquele ano. Mesmo com uma audiência restrita

aos mais jovens e de maior escolaridade, os blogs desempenharam o papel de mídia

alternativa frente aos meios de comunicação de massa (COUTINHO; SAFATLE, 2008). Napesquisa de Canavilhas (2011), o autor insere as redes sociais na Internet como estratégia de

comunicação política “como espaços de convívio informal” (p. 9). Para o autor, o Twitter

seria a “ferramenta ideal para políticos em acções (sic) de campanha ou no decurso de

missões governamentais” (p. 9).

Diversos são os autores que discutem as mudanças na práxis política com a revolução

causada pela Internet. Gomes (2005) lista em seu artigo sete vantagens do uso da internet na

participação política da sociedade, apresentando como “o que a Internet pode fazer pela

participação política?” (p. 66):

1. Superação dos limites de tempo e espaço para a participação política;

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  26

2. Extensão e qualidade do estoque de informações on-line;

3. Comodidade, conforto, conveniência e custo;

4. Facilidade e extensão de acesso;

5. Sem filtros, nem controles;

6. Interatividade e Interação;

7. Oportunidade para vozes minoritárias ou excluídas.

Entretanto, o brilho e entusiasmo com as novidades tecnológicas parece ofuscar a

realidade que aponta poucas mudanças na movimentação política social via web. Afinal, essas

características que tornam os meios digitais propícios para o debate político levam em conta o

uso ideal da tecnologia. Assim, da mesma forma como Gomes (2005) destacou sete pontos

que qualificam a internet como meio de incentivo da participação, o autor apresenta outros

sete tópicos, porém negativos, que contrapõem os argumentos, intitulado de “a perspectiva

dos críticos” (p. 70):

1. Informação política com qualidade questionável

2. Desigualdade de acesso

3. Cultura política

4. Os meios de massa continuam predominando

5. O sistema político continua fechado6. Liberdade e controle

7. A ciberameaça

De fato, a internet pode reunir diversas pessoas de localidades distantes sem que elas

precisem se deslocar, além disso, as informações estão disponíveis ao acesso a qualquer hora

construindo um repositório diversificado sobre as questões políticas. Entretanto, se

observarmos os jornalistas responsáveis por essas informações são os mesmos dos meios de

comunicação de massa (COUTINHO; SAFATLE, 2008). A tecnologia permite a interaçãoentre os candidatos e os eleitores. Mais do que isso, permite estabelecer comunicação entre os

representantes políticos e os cidadãos. Contudo, o sistema político continua resistente em dar

espaço ao eleitor, além do acesso à internet ainda ser restrito ou nulo para muitos brasileiros.

Em meio a essa realidade complexa, esta pesquisa seguiu o caminho da Análise de

Conteúdo para observar o comportamento dos candidatos na região da Associação dos

Municípios da Foz do Rio Itajaí (Amfri) durante a campanha eleitoral de 2010.

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  27

4. ASPECTOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa tem como objeto de estudo o posicionamento no Twitter dos candidatos

da região da Amfri para o Legislativo catarinense no ano de 2010. O período analisado se deu

entre 8 de agosto e 3 de outubro de 2010, dia da votação do primeiro turno das eleições.

4.1 Os candidatos da região da Amfri

Em toda Santa Catarina, foram inscritos 168 candidatos ao cargo de deputado federal

para concorrer a 16 cadeiras destinadas ao estado, de um total de 513 vagas na Câmara dos

Deputados em Brasília. Já para o cargo de deputado estadual foram 363 inscrições no

Tribunal Regional Eleitoral (TER-SC) para disputar a 40 vagas na Assembléia Legislativa do

Estado de Santa Catarina (Alesc). Pela região dos municípios da foz do rio Itajaí-Açu, 30

candidaturas foram deferidas pela Justiça Eleitoral: 20 candidatos a deputado estadual e 10

candidatos a deputado federal disputando os votos de 4.536.718 eleitores aptos no estado.

É importante destacar que o sistema eleitoral brasileiro utiliza o voto proporcional por

legenda, portanto não existem distritos que dividam os votos por região. Além disso, o cargo

do Legislativo pertence à legenda partidária que alcançou o quociente eleitoral mínimo econquistou a vaga. Por isso, convém relacionar os candidatos abaixo com suas respectivas

siglas.

Pretendendo o cargo de deputado federal foram os seguintes candidatos: Arno

Schneider Filho (Partido Democrático Trabalhista, PDT), Fabrício José Satiro de Oliveira

(Partido da Social Democracia Brasileira, PSDB), Flávio Luiz Furtado (Partido Trabalhista

Brasileiro, PTB), Marcelo Werner (Partido Comunista do Brasil, PCdoB), Marcos Augusto

Kurtz (Partido do Movimento Democrático Brasileiro, PMDB), Níkolas Reis Moraes dosSantos (Partido dos Trabalhadores, PT), Paulo Roberto Barreto Bornahusen (Democratas,

DEM) com perfil no Twitter. Josué Pereira (Partido Progressista, PP) e Levi Itamar Storini

(Partido Verde, PV) também concorreram, mas não utilizaram a ferramenta.

Já para deputado estadual foram: Anna Carolina Cristofolini Martins (PV), Claudir

Maciel (Partido Popular Socialista, PPS), Cristiano Rafael Florêncio (Partido Socialismo e

Liberdade, PSoL), Deodato Cesar Casas (PSDB), Fábio Francisco Flor (PP), Jacir Pansera

(PP), Laudelino Lamim (PMDB), Lucien Anderson de Aguiar (PT), Luiz Eduardo Cherem

(PSDB), Suzete Inês Bellini de Andrade (PP) e Volnei José Morastoni (PT) com Twitter.

Aristo Manoel Pereira (PT), Claudio Fernando Dalvesco (Partido Socialista Brasileiro, PSB),

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  28

Francisco da Silva Braga (Partido Trabalhista do Brasil, PT do B), Gilson Vieira (PSoL),

Jucelino Carlos Schmitt (PT), Luiz Carlos Vieira (PT), Marcus Alexandre Sodré (Partido

Socialista dos Trabalhadores Unificado, PSTU), Maria Salete de Miranda (PT), Paulo Manoel

Vicente (PDT) e Maria do Socorro Costa Lisboa (PPS) candidatos sem perfil no microblog.

4.2 A Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí 

A Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí-Açu, com sede em Itajaí, reúne 11

municípios do estado de Santa Catarina: Balneário Camboriú, Balneário Piçarras, Bombinhas,

Camboriú, Ilhota, Itajaí, Itapema, Luiz Alves, Navegantes, Penha e Porto Belo.

Geograficamente, a Amfri se estende pelo litoral catarinense ao norte da capital Florianópolis.

Segundo o censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em

2010, a região contabiliza 555.635 habitantes, dos quais 368.396 eram eleitores aptos a votar

no dia 3 de outubro de 2010, de acordo com o TRE-SC. A economia da região é voltada para

o turismo, sendo que dos 11 municípios que compõem a Amfri, oito são cidades litorâneas.

Outras duas forças da economia regional são a pesca e a movimentação portuária.

Esta pesquisa optou por monitorar todos os candidatos pela região da Associação dos

Municípios da Foz do Rio Itajaí-Açu (AMFRI). Na ausência de candidatos a Presidente daRepública, governador e senador pela AMFRI, a pesquisa focou, apenas, nos candidatos a

deputado estadual e federal. A escolha pela região da Foz do Rio Itajaí se deu pela

proximidade geográfica e social. Isso permite melhor interpretação do contexto em que se

insere a disputa. Outros aspectos da campanha, que não são expostos na rede mundial de

computadores, podem ser melhor observados pela proximidade, como por exemplo os

materiais de campanha (santinhos, informativos, panfletos, adesivos, placas), comícios e

carreatas. Outro aspecto importante é que as candidaturas para deputados investem um valormenor em suas campanhas, em comparação aos outros cargos, e com isso existe uma relação

maior do voto com as relações sociais estabelecidas entre candidato e eleitor.

4.3 As coletas

Durante os 57 dias de análise, os dados foram coletados duas vezes por semana, nas

quartas e domingos. Importante ressaltar, que todos os dados foram coletados manualmente,

ou seja, sem utilização de qualquer aplicativo ou recurso on-line para contabilizar dados. Os

horários das 17 coletas variaram entre 10 horas e 40 minutos (início) e 23 horas e 56 minutos

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  29

(término) dos respectivos dias. Durante as coletas, foram monitorados o número de followers 

conquistados, de following adicionados e dos tweets publicados pelos candidatos. Nesse

intervalo de tempo, foram publicadas 2.575 mensagens, das quais foram analisadas, também,

as interações dos perfis com os demais usuários.

Para que os dados fossem coletados de forma objetiva e organizada, foi criada uma

conta no Twitter especificamente para seguir os candidatos no microblog. O perfil

@monojornal não estabeleceu nenhuma interação com os perfis dos candidatos, exceto o

seguimento para que o resultado das coletas não fosse influenciado pela atuação do

pesquisador. Foram publicados somente 25 tweets com algumas informações sobre a

campanha e sobre a atuação dos políticos nas redes sociais. O objetivo que motivou a criação

do perfil estava explícito em sua “Biografia19”: “Twitter destinado à pesquisa acadêmica para

monografia. Bacharelado em Comunicação Social – Univali” e poderia ser acessado por

qualquer usuário do microblog.

Figura 1

Como a finalidade de monitoramento para pesquisa, @monojornal seguiu os perfis do

seguinte quadro:

Anna Carolina C. Martins @annacarolinapv

Arno Schneider Filho @arnoschneider20 

Claudir Maciel @ClaudirMaciel23

Cristiano Rafael Florêncio @Cristiano_R_F

Deodato Cesar Casas @DrDeodatoCasas

Fábio Francisco Flor @fabioflor

19 Nomenclatura utilizada pelo Twitter para a descrição do usuário.20 Perfil deletedo entre 29 de setembro e 2 de outubro.

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  30

Fabrício Oliveira @fabricioPSDB

Flávio Luiz Furtado @Flavio_Furtado21_

Jacir Pansera @panserajacir

Laudelino Lamim @Lamim15100

Lucien Anderson de Aguiar @LucienAguiar

Luiz Eduardo Cherem @dado_cherem

Marcelo Werner @Marcelo6505

Marcos Augusto Kurtz @marquinho1507

Níkolas Reis M. dos Santos @NikolasReis

Paulo Roberto B. Bornahusen @bornhausen

Suzete Inês Bellini de Andrade @SusiBellini

Volnei José Morastoni @vmorastoni

Tabela 1

Nenhum desses usuários utilizou o recurso disponível do Twitter Verified Acount , em

Português, Conta Verificada. Ele funciona como um selo ao lado do perfil do usuário

atestando a veracidade do detentor da conta do Twitter. Ou seja, um inibidor de falsos perfis

de usuários. Mesmo assim, as contas são atribuídas aos próprios candidatos e, na maioria doscasos, confirmados por eles mesmos em outras redes sociais como Facebook e blogs, além de

sites, eventos de campanha e entrevistas. Além disso, esta pesquisa optou por relacionar

diretamente o candidato com o perfil no Twitter, mesmo admitindo que diversos tweets

devam ter sido postados por assessores. Afinal, o microblog é uma ferramenta individual e

intimista (Orihuela, 2011b), o eleitor que segue um perfil de político, segue ao agente político

e não a sua assessoria.

4.4 Ferramenta de pesquisa: Análise de Conteúdo

O método escolhido para guiar esta pesquisa foi a Análise de Conteúdo, sob a ótica der

Klaus Krippendorff (1990). A Análise de Conteúdo é uma técnica híbrida (FONSECA

JÚNIOR, 2005; HERSCOVITZ, 2007), muito utilizada nas Ciências Humanas e Sociais, que

utiliza procedimentos quantitativos e a observação qualitativa. O primeiro a utilizar essa

técnica para estudos em comunicação foi Harold Laswell em 1927.

21 Perfil criado em 31 de agosto e monitorado somente a partir de 29 de setembro.

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“A análise de conteúdo é uma técnica de pesquisa destinada a formular, a partir de

certos dados, inferências reproduzíveis e válidas que podem aplicar-se ao seu contexto.22”

(KRIPPENDORFF, 1990, p. 28) O autor vai dizer ainda que a análise de conteúdo é uma

ferramenta para o desenvolvimento de uma pesquisa.

Krippendorff (1990) apresenta seis marcos de referência que garantem a eficiência da

análise: (1) Os dados tais como se comunicam ao analista – o autor afirma que os dados são a

matéria prima do pesquisador e devem ser apresentados de forma abrangente apresentando de

que população foram extraídos; (2) O contexto dos dados – o contexto no qual os dados estão

mergulhados também é parte importante na análise de conteúdo e devem ser descritos com

minúcia; (3) A forma com que o conhecimento do analista o obriga a dividir sua realidade – a

visão de mundo do pesquisador é considerada por Krippendorff determinante para os

resultados apresentados; (4) O objetivo de uma análise de conteúdo – os objetivos da análise

de conteúdo devem ser os primeiros a serem definidos e explicitamente apresentados na

pesquisa; (5) A inferência como tarefa intelectual básica – através da relação entre

conhecimentos do analista sobre o contexto e os dados obtidos pelas coletas a inferência é a

tarefa básica; (6) A validação como critério supremo de êxito – Krippendorff dá importância a

descrição criteriosa de todo o processo de pesquisa estabelecendo critérios para que ela possa

ser repetida e comprovada a sua eficiência.Para Herscovitz (2007, p. 125) a análise de conteúdo “é um método eficiente e

replicável que serve para avaliar um grande volume de informação”. Ou seja, é ideal para este

trabalho, pois um vasto volume de Tweets que foram recolhidos no período de amostragem.

Além do monitoramento do número de followers e following dos perfis. Sob a visão de

Fonseca Júnior (2005, p. 287), pode-se considerar este trabalho um grande desafio, pois “a

análise de mensagens da chamada nova mídia (Internet, CD-ROM, livros eletrônicos, TV

segmentada) altera algumas características centrais da comunicação de massa tradicional: aunidirecionalidade e a massificação”.

Com base nesses preceitos, foi realizada a coleta ainda em 2010, durante o período que

precedeu as eleições. A seguir, comentaremos os achados.

22 Tradução livre do Espanhol.

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5. O DESEMPENHO NAS URNAS E O TWITTER

5. 1 Os menos votados

5. 1. 1 Candidatos à Câmara Federal

OS 3 MENOS VOTADOS (FEDERAL)CANDIDATO VOTOS

Arno S. Filho 3.195Flavio Luiz Furtado 3.155Levi Itamar Storini 1.519

Tabela 2 

A tabela acima lista os três piores resultados nas urnas entre os nove candidatos a

deputado federal pela região da Amfri. O pior resultado da região, Levi Itamar Storini (com

1.519 votos), não utilizou o Twitter como estratégia de campanha eleitoral. Storini já foi

candidato a vereador em Itajaí e também não obteve sucesso, o que não dá uma sustentação

para a candidatura ao Congresso Nacional.

O segundo pior desempenho foi de Flávio Luiz Furtado, com 3.155 votos. O candidato

utilizou o Twitter, mas só criou seu perfil em 31 de agosto de 2010, ou seja, em meio ao

processo eleitoral o que prejudica o processo de relacionamento com os seguidores. Furtado

também tentou ser vereador em Itajaí e, assim como Levi, também não conseguiu eleger-se.

Um dos piores desempenhos em redes sociais é do terceiro menos votado, Arno

Schneider, coronel aposentado da Polícia Militar. O candidato criou uma conta no Twitter em

27 de julho e apagou-a meses depois, entre os dias 29 de setembro e dia 3 de outubro. Esse

posicionamento cria uma péssima impressão junto aos seguidores, alguns podem até associar

com a desistência da candidatura e desistir do seu voto. Além disso, mostra fragilidade na

equipe de campanha, que além de não saber utilizar a ferramenta a favor do candidato, ainda

deleta sua conta há poucos dias da eleição.

Ao construirmos a mesma tabela com os piores resultados para os candidatos para a

Assembléia Legislativa do estado, percebemos que a ausência no Twitter também é

característica de dois candidatos.

5.1.2 Candidatos à Assembléia Legislativa

OS 3 MENOS VOTADOS (ESTADUAL)

CANDIDATO VOTOSCristiano Florêncio 262Socorro Lisboa 203

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Francisco Braga 159Tabela 3 

Justamente os dois candidatos que não utilizaram o Twitter como estratégia de

campanha eleitoral foram as piores votações da região da Amfri para deputado estadual. O

pior da região com apenas 159 votos foi Francisco Braga, conhecido como Braguinha. A

candidatura por uma das legendas mais fracas do país, o PTdoB que conta com apenas cinco

cadeiras na Câmara Federal, pode ser o principal fator do inexpressivo número de eleitores.

Maria do Socorro Costa Lisboa Lisboa conseguiu 203 votos e também não utilizou nenhuma

estratégia através do Twitter. A advogada já havia concorrido para vereadora em Itajaí, mas

obteve, como na última disputa, uma votação inócua.

Já o terceiro menos votado, Cristiano Florêncio (262 votos), utilizou seu perfil nomicroblog para auxiliar sua campanha, mas, assim como Francisco Braga, sua legenda

partidária não mostra expressividade com o eleitor. Florêncio lançou candidatura pelo Partido

Socialismo e Liberdade (PSoL), uma dissidência dos primeiros meses do governo petista. Em

seu perfil no Twitter, o jovem candidato de Itapema promovia algumas idéias do partido como

a estatização de todos os serviços em saúde e educação e o cancelamento dos gastos de

governo com dívidas internacionais. Apesar de serem bandeiras de seu partido, essas

propostas não tem repercutido junto à opinião pública brasileira se observada a reação doeleitor. Mendonça (2001) reforça a idéia de como eleitor comum brasileiro não simpatiza com

radicalismo. O autor mostra os exemplos da modernização da identidade do Partido dos

Trabalhadores e a suavização da imagem do presidente Lula.

Cristiano Florêncio foi o único candidato que utilizou o Twitter e não conquistou

sequer um milhar de votos. Depois dele, o pior resultado de quem teve o microblog como

ferramenta de campanha foi Jacir Pansera com 2.394 votos, do Partido Progressista, que

utilizou seu perfil quase que exclusivamente para comentar seus compromissos de campanha.Observando os candidatos que conquistaram os melhores resultados nas urnas em outubro de

2010 continuaremos fazendo relação com o uso do Twitter e a quantidade de votos.

5.2 Os mais votados

5.2.1 Candidatos à Câmara Federal

OS 5 MAIS VOTADOS (FEDERAL)CANDIDATO VOTOS

Paulo R. B. Bornhausen 143.976Fabrício Oliveira 39.017Níkolas R. M. dos Santos 28.208

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Marcos Augusto Kurtz 9.662Josué Pereira 3.195

Tabela 4 

Dentre os cinco candidatos mais votados para a Câmara dos Deputados pela região daAmfri, apenas um deles não utilizou o Twitter como ferramenta para angariar votos. Com

3.195 votos, o vereador de Camboriú Josué Pereira não fez uso do microblog e figura como o

último da lista apresentada acima. É interessante destacar a disparidade entre o número de

eleitores do primeiro colocado e único eleito Paulo Roberto Barreto Bornhausen e os demais

candidatos. O deputado federal reeleito Paulo Bornhausen teve sua campanha voltada para

todo o estado e não somente a região da Amfri. A cidade de Itajaí é o berço político da

tradicional família Bornhausen, mas sua atuação garante votos em todas as cidades de SantaCatarina, herança direta de seu pai, ex-senador, governador e ministro. Ao contrário dele, os

demais candidatos vêem na Amfri sua principal e quase que única fonte de votos para sua

campanha.

Entre o filho da tradicional família da política catarinense e o segundo da tabela,

Fabrício Oliveira, há mais de 100 mil votos. Existe, também, uma diferença considerável

entre os três primeiros da tabela acima e os dois últimos: de Níkolas Reis Morais dos Santos

para Marcos Augusto Kurtz são quase 20 mil votos a menos.

Ao lançarmos o olhar sobre a mesma tabela construída acima, só que para os

candidatos a deputado estadual, encontramos os candidatos que utilizaram o Twitter ocupando

as mesmas posições:

5.2.2 Candidatos à Câmara Estadual

OS 5 MAIS VOTADOS (ESTADUAL)

CANDIDATO VOTOSLuiz Eduardo Cherem 57.684Volnei José Morastoni 30.670Suzete I. B. de Andrade 20.745Deodato Cesar Casas 18.526Claudio Dalvesco 15.354

Tabela 5 

Ao contrário do observado com os candidatos ao Congresso Nacional, os cinco

primeiros candidatos para a Alesc pela região da Amfri tiveram uma votação equilibrada. Isso

também se dá pelo maior número de candidatos à vaga de deputado estadual e pela eleição de

dois representantes da região: Luiz Eduardo Cherem e Volnei José Morastoni.

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O único candidato sem Twitter que figura entre os cinco mais bem votados para

deputado estadual é o vice-prefeito de Balneário Camboriú Claudio Dalvesco. E isso pode ser

apontado como uma deficiência grave na campanha de Dalvesco. Afinal, um candidato

experiente que utilizou todas as estratégias convencionais de campanha (carro de som com

  jingle, passeatas, carreatas, bandeiras, santinhos, adesivos) não utilizou as novas tecnologias

como ferramentas que poderiam auxiliar no relacionamento com os eleitores e, também, com

os habitantes de Balneário Camboriú. Além disso, a diferença de Dalvesco, detentor de maior

capital político, para Claudir Maciel, sexto mais votado e vereador da cidade, é de apenas

2.612 votos.

Inclusive, o caso da campanha de Claudir Maciel foi destaque no Twitter, pois utilizou

a ferramenta para opinar sobre os compromissos de campanha, publicar suas promessas,

agradecer o apoio dos eleitores, divulgar seu trabalho na câmara de vereadores, e criar uma

identificação em seus tweets com as palavras “por uma SC [Santa Catarina] melhor” e “juntos

podemos mais”. Mais do que isso, a campanha de Claudir nas ruas chamou atenção

especialmente por causa do jingle “Eu vou votar no Claudir”, paródia de “  I want to break 

 free” da banda Queen, que foi insistentemente divulgado em carros de som na região de

Balneário Camboriú. A paródia foi comentário nas ruas e foi parar, inclusive, no blog “10+”

da revista Veja23

como o terceiro jingle mais grudento das eleições de 2010. No Twitter, ocandidato vangloria-se da exposição e sucesso conquistado com o jingle de campanha.

Além do desempenho dos candidatos, podemos observar a importância das duas

maiores cidades da região da Amfri, Itajaí (183.388 habitantes) e Balneário Camboriú

(108.107 habitantes), ao analisarmos as duas tabelas acima. Dos dez candidatos listados, nove

tem forte ligação com as duas cidades: Volnei Morastoni, Suzete Andrade, Deodato Casas,

Paulo Bornhausen e Níkolas dos Santos de Itajaí; e Luiz Eduardo Cherem, Claudio Dalvesco,

Fabrício Oliveira e Marcos Kurtz por Balneário. O que demonstra uma pequena vantagempara Itajaí neste cenário político.

5.3 Leituras dos Tweets

LEITURAS (TWEETS X MÉDIA DE SEGUIDORES)CANDIDATO LEITURA VOTOS

Fabrício Oliveira 437.041,5 39.017

Luiz Eduardo Cherem 362.771,5 57.68423 Vídeo do jingle no link: http://veja.abril.com.br/blog/10-mais/politica/os-10-jingles-mais-grudentos-destas-eleicoes-em-todo-o-pais/8/ .

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Paulo R. B. Bornhausen 342.768 143.976Suzete I. B. de Andrade 168.797,5 20.745Lucien Aguiar 88.412 2.641Claudir Maciel 54.649 12.742

Níkolas R. M. dos Santos 33.937,5 28.208Cristiano Florêncio 33.440 262Deodato Cesar Casas 30.831 18.526Marcelo Werner 26.724 9.662Fabio Francisco Flor 26.180 9.213Jacir Pansera 5.568 2.394Flávio Furtado 4.293 3.155Volnei José Morastoni 4.100 30.670Laudelino Lamim 3.379 11.508Anna Carolina C. Martins 2.430 3.535

Arno Schneider 972 3.195Marcos Augusto Kurtz 426 11.577Tabela 6 

A tabela acima contabiliza a média de leituras total dos tweets analisados no período

de coleta dos dados. Ou seja, foi considerada a média de followers do Twitter dos candidatos

no período de coleta e multiplicado pelo número de mensagens postadas por eles nesse

mesmo intervalo de tempo. Para chegar ao número médio de seguidores de cada candidato

foram contados os  followers no dia 8 de agosto (data da primeira coleta) e somados com os

 followers do dia 3 de outubro (data da última coleta) e dividido o produto por dois. O

resultado dessa fórmula é o número médio de exposições que o candidato teve nesse intervalo

de tempo. Os números nos trazem uma média, afinal nem todos os seguidores leram todos os

tweets postados pelos candidatos, mas nos traz um valor representativo a ser mensurado.

O resultado indica a visibilidade atingida pelos candidatos no Twitter. A informação

traz quantas vezes o candidato atingiu os usuários até porque, como afirma Graeff (2019) “a

grande mudança nessa nova era não tem só a ver com o uso das mídias sociais pelos

candidatos; tem a ver com o uso dessas novas mídias pelos cidadãos” (p. 6).Podemos ver que os candidatos com maior exposição diante dos usuários do Twitter

no período observado obtiveram melhores resultados nas urnas. É o caso de Luiz Eduardo

Cherem e Paulo Bornhausen, que estão entre os três mais lidos e foram eleitos com uma

votação expressiva, se colocando entre os mais votados do estado de Santa Catarina. Ao

compararmos os dois candidatos e sua atuação no Twitter, notamos que as estratégias para

ganharem maior visibilidade na campanha foram bem distintas.

O deputado Paulo Bornhausen, que concorreu à reeleição, conseguiu a média de342.768 leituras através do grande número de seguidores que conquistou desde junho de 2009

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(entre os analisados, o candidato que está há mais tempo no Twitter). Com 3.783 seguidores

em 3 de outubro de 2010, Bornhausen tuitou 96 vezes no período para atingir o terceiro maior

número médio de leituras de seus tweets. Contudo, é importante destacar que o candidato

pouco deu atenção à sua campanha no seu perfil do Twitter. No microblog, sua preocupação

estava voltada para seus atos como parlamentar e links de textos em seu blog – talvez uma

estratégia.

Já o ex-secretário estadual de Saúde, Luiz Eduardo Cherem, apostou no volume de

mensagens enviadas para alcançar a segunda maior visibilidade dos candidatos analisados.

Dado Cherem (seu nome de campanha) tuitou 637 vezes no período analisado (quase o dobro

do segundo mais ativo: Fabrício Oliveira com 321 mensagens). Já o número de seguidores na

coleta de 3 de outubro ficou em 634, um número razoável para quem mantinha a conta desde

novembro de 2009. Uma estratégia de marketing mais equilibrada foi usada pelo vereador de

Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira. Com 1.479  followers no dia 3 de outubro, Oliveira

enviou 321 mensagens instantâneas no período das coletas. Candidato a deputado federal, ele

alcançou a maior média: 437.041,5 leituras. Apesar disso, nenhum dos dois foi eleito.

Mesmo eleito deputado estadual, o ex-prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni, teve uma

das mais baixas médias de exposição. Morastoni não soube valorizar a posição do microblog

no cenário político e postou apenas 8 tweets. O despreparo foi tamanho que o tweet “Teste”(ver Figura.) ficou em destaque na Home do candidato inclusive no dia das eleições. O

Twitter que poderia ser uma ferramenta para diminuir sua rejeição junto ao eleitorado

itajaiense, acabou deixando uma péssima impressão aos internautas. Ainda assim, o candidato

conquistou 69 seguidores, certamente motivados pelo reconhecimento político de Morastoni.

Figura 2

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Volnei Morastoni foi um dos candidatos analisados que excluiu mensagens após elas

serem publicadas. Nas coletas dos dias 19 e 22 de setembro, o candidato aparecia com 15

tweets, já na coleta do dia 26 de setembro uma mensagem foi apagada. Além dele, Arno

Schneider também excluiu mensagens da sua timeline, pouco antes de excluir sua conta no

microblog. O candidato tinha 32 mensagens postadas na coleta de 26 de setembro e na coleta

seguinte, do dia 29 de setembro, apareceram 29 mensagens, três a menos.

Além de contabilizar os tweets e sua provável exposição perante os usuários, é

necessário também analisar a maneira com que foram estruturadas as interações dos

candidatos com seus seguidores. A tabela abaixo apresenta os diversos recursos de interação

no Twitter que, segundo Recuero e Zago (2010), são estratégias para a difusão de informação,

além de agregarem capital social aos usuários da rede. As autoras listaram entre as estratégias

mais eficientes a prática do RT – Retweet das mensagens de outros usuários – a utilização de

Hashtags e os Replies e menções (simbolizados pelo @ na tabela) aos tweets de outros

usuários. Além desses recursos, Recuero e Zago ainda destacaram como função principal

apontada pelos usuários a difusão de informação através dos 140 caracteres e do

compartilhamento de links multiplicando as possibilidades de difusão.

5.4 Interações no Twitter5.4.1 Interações dos candidatos com os usuários

NÚMERO DE INTERAÇÕESCANDIDATO  RETWEET LINK @ TAGS

Fabrício Oliveira 66 31 171 6Flávio Furtado 0 0 0 0Marcelo Werner 5 32 3 0Marcos Augusto Kurtz 0 0 0 0Níkolas R. M. dos Santos 1 11 25 0Paulo R. B. Bornhausen 14 12 40 0Anna Carolina C. Martins 0 2 0 0Claudir Maciel 14 10 57 0Cristiano Florêncio 26 11 12 0Deodato Cesar Casas 1 0 3 0Fabio Francisco Flor 30 44 10 0Jacir Pansera 1 0 3 0Laudelino Lamim 2 24 1 0Lucien Aguiar 22 63 14 1Luiz Eduardo Cherem 82 129 126 0Suzete I. B. de Andrade 14 63 153 0

Volnei José Morastoni 0 0 0 0Tabela 7 

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De acordo com o conceito formulado por Raymond Williams e apresentado por Primo

(2000), as interações no Twitter podem ser classificadas como mútuas. “Um diálogo de

interação mútua não se dá de forma mecânica, pré-estabelecida. Cada mensagem (...) é

decodificada e interpretada, podendo então gerar nova codificação” (PRIMO, 2000, p. 8).

Sendo assim, diversas são as formas de interação no microblog (algumas delas contabilizadas

na tabela). E, ainda, as respostas dos usuários não seguem uma regra, cada qual responde de

acordo com o contexto inserido.

Ao observar-se a tabela, os candidatos que melhor utilizaram as ferramentas e

possibilidades do Twitter obtiveram votações significativas. É o caso da vereadora de Itajaí 

Suzete Bellini de Andrade, que mesmo tendo os votos da base do governo itajaiense divididos

com Deodato Casas, Anna Carolina Martins e Laudelino Lamim, além de enfrentar a oposição

do ex-prefeito Volnei Morastoni, alcançou mais de 20 mil votos. A vereadora de Itajaí 

utilizou o recurso de replies 153 vezes, prioritariamente para agradecer o apoio de outros

usuários do Twitter e motivar seus eleitores para se engajarem na campanha. Além disso, Susi

Bellini (nome de campanha) soube utilizar o aplicativo Twitpic para publicar fotos de seus

eventos de campanha e registrar o apoio de diversos aliados de peso político na região (sobre

tudo de seu irmão e prefeito de Itajaí Jandir Bellini e da vice-prefeita Dalva Rhenius). A

candidata, também, é a mais próxima das convenções e linguagens utilizadas na internet cm afrequente utilização de “mto” para significa muito e “bj” para beijo. O coeficiente eleitoral a

deixou fora do posto pretendido.

Outro destaque é o candidato que utilizou com maior frequência o Twitter em sua

campanha, Luiz Eduardo Cherem. Foi o que mais publicou links nos seus tweets. Dado

também usou com frequência o Retweet das mensagens postadas por seus seguidores: foram

82 RT. O candidato linkou seu blog de campanha para os usuários baixarem jingles, verem

fotos, comentarem texto e fotos através do Twitpic. Porém, a grande maioria dos links foipara sites de notícia.

Os links proporcionam maior relevância ao usuário, pois eles “agem como portas

virtuais que abrem caminhos para outras informações” (WALKER, 2011, sem página). Sendo

assim, Dado Cherem agregou valores de informações na sua conta para atrair novos

seguidores. Além dele, os candidatos Suzi Bellini, Fábio Flor e Lucien Aguiar também

utilizaram com frequência a publicação de diversos links nos tweets. Em Primo (2003), a

utilização de hiperlink é classificada como interação, pois o usuário tem a possibilidade de

acessar diversos outras informações por caminhos diversos. Ao abrir o blog de um candidato

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o usuário pode escolher ler outro texto, acessar outros blogs que estão linkados no blogroll, ou

simplesmente fechar a página.

Fabrício Oliveira também utilizou com frequência o retweet, foram 66 vezes. Essa

estratégia de campanha aproxima os eleitores do candidato e incentiva os usuários à

escreverem tweets de apoio aos candidatos e serem retwitados, Segundo Recuero e Zago

(2010), a estratégia busca creditar reputação ao usuário retwitado, mas também agrega

reputação ao usuário que retuitou, ou seja, o candidato. A prática do RT é tão valorizada pelos

usuários, porque ela torna os tweets visíveis a outros que ainda não seguem aquele perfil, pois

são seguidores do usuário que republicou e não do autor do tweet.

Hashtag foi um recurso disponível pelo Twitter e descrito por Recuero e Zago (2010)

pouquíssimo utilizado pelos candidatos no período de coleta. As tags foram utilizadas pelo

candidato Lucien Aguiar para participar da convenção mundialmente conhecida no Twitter

como Follow Friday24, utilizando a tag “#FF” por uma única vez. Além de Aguiar, Fabrício

Oliveira também utilizou o recurso para destacar seu número de campanha escrevendo

somente em cinco tweets “#4566”. Porém, no caso de Oliveira, a estratégia não foi bem

sucedida. A marcação do símbolo “#” antes de uma palavra cria um link no Twitter para que

os usuários possam acessar as mensagens que usaram a mesma tag. Porém, utilizar “#”

associado a números não cria nenhum link disponível – a equipe de campanha do candidatodemonstrou desconhecer as características da ferramenta. Os demais candidatos não

utilizaram hashtags.

O candidato Fabrício Oliveira foi o campeão em utilização dos recursos que atribuem

valor de capital social ao Twitter. O candidato a deputado federal estabeleceu conversa com

seus seguidores em 171 mensagens. Na grande maioria delas, agradeceu o apoio dos usuários

interagindo com vários eleitores na mesma mensagem. Além de agradecimentos, o vereador

de Balneário Camboriú respondeu a diversos questionamentos sobre seu trabalho delegislador, sua campanha e as eleições em geral. Postou links de notícias, vídeos e fotos pelo

Twitpic. Outro ponto marcante na campanha online de Fabrício foi o forte apoio da

comunidade evangélica Luz da Vida, com tweets de pastores e fiéis apoiando o candidato.

Porém, nem todos os candidatos souberam utilizar os recursos que o Twitter proporciona para

aumento de seu capital social não só na internet.

24 O Follow Friday, ou Siga na Sexta, consiste em indicar usuários aos seus seguidores para que eles sigamtambém. A escolha desses usuários para serem indicados pode ser por interesse, afinidade ou critério aleatórioqualquer escolhido pelos usuários. Receuro e Zago (2010) apontam como uma estratégia para aumentar onúmero de seguidores.

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Com apenas três e oito tweets respectivamente no período analisado, Marcos Kurtz e

Volnei Morastoni foram os candidatos que menos utilizaram o Twitter como peça de sua

estratégia eleitoral. Com poucas mensagens, os dois candidatos não utilizaram recurso algum

do Twitter para atrair atenção dos eleitores para o seu perfil. Além dos dois citados, outros

candidatos não utilizaram alguns dos recursos. É o caso da candidata Anna Carolina Martins

que não retuitou, nem estabeleceu uma conversa com seus followers, a candidata preferiu

utilizar apenas alguns links para os blogs do Partido Verde. Ainda, os candidatos Deodato

Casas e Jacir Pansera não fizeram uso do compartilhamento de links no seu perfil do Twitter.

5.4.2 Interações dos candidatos para com o perfil @monojornal

Apesar de não ter estabelecido nenhuma interação com os perfis dos candidatos no

Twitter, exceto segui-los, o perfil @monojornal, criado para acompanhar a atuação dos

candidatos no microblog, recebeu duas formas de interação por parte de alguns candidatos. A

retribuição do follow recebido e o encaminhamento de Direct Message.

Os candidatos que estabeleceram conexão seguindo o perfil criado para a pesquisa

foram, consecutivamente, Níkolas Reis, Cristiano Florêncio, Deodato Casas, Anna Carolina

Martins e Flávio Furtado. Todos esses candidatos listados acima estabeleceram a conexãoretribuindo o seguimento de seus perfis, ou seja, a iniciativa partiu da necessidade da

pesquisa.

Mesmo seguindo, nenhum deles estabeleceu diálogo, através de reply, com o perfil da

pesquisa. Os candidatos não hesitaram em seguir o perfil, mas sequer deram atenção para o

seu objetivo, ou para os seus tweets. Porém, como afirma Primo (2000, p. 8), nenhum deles

estabeleceu uma relação, apenas uma conexão sem aproximação, afinal “cada agente é uma

multiplicidade em evolução. E como a própria relação está em constante redefinição nenhumarelação pode se reduzir a um par perene e definido”. Se o Twitter foi pensado como estratégia

de conquista dos eleitores, os candidatos foram ingênuos em supor que o simples fato do

 follow atrairia a atenção dos usuários. Mesmo que cada interação influencie o comportamento

(PRIMO, 2000), a importância da manutenção desse laço e constante mutação da relação,

destaca o autor.

A conexão através de  Direct Message foi utilizada apenas pelo candidato Fabrício

Oliveira. A mensagem foi enviada logo após o candidato começar a seguir o perfil criado para

a pesquisa. A mensagem enviada foi a seguinte: “Olá, mto obrigado pela confiança. O Twitter

fez uma eleição e conto com o seu voto p Dep. Federal (http://migre.me/ZIJj

 

). Obrigado.”. O

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link contido na mensagem remetia à pesquisa realizada através do site tvoto.virtualnet.com.br

relacionava todos os candidatos que concorriam por uma cadeira no Congresso Nacional por

Santa Catarina, independente se possuem Twitter ou não. O conteúdo pouco intimista e com

certa formalidade deixa a impressão de uma mensagem padrão enviada a todos os usuários.

Provavelmente, o candidato Fabrício Oliveira utilizou um aplicativo que segue e envia

mensagem automaticamente a todos os usuários que decidem se tornar followers de seu perfil

no microblog.

5.5 Números relativos por intervalos

TWEETS X INTERVALO DE COLETASCANDIDATO  8PRIMEIROS

8ULTIMOS

Arno Schneider 3 12Fabrício Oliveira 52 243Flávio Furtado - -Marcelo Werner 41 74Marcos Augusto Kurtz 3 0Níkolas R. M. dos Santos 51 19Paulo R. B. Bornhausen 42 37Anna Carolina C. Martins 25 30Claudir Maciel 114 122Cristiano Florêncio 86 98Deodato Cesar Casas 20 15Fabio Francisco Flor 84 112Jacir Pansera 18 26Laudelino Lamim 25 6Lucien Aguiar 98 63Luiz Eduardo Cherem 230 342Suzete I. B. de Andrade 115 111Volnei José Morastoni 4 4

Tabela 8 

A tabela acima dividiu o período de coleta das amostras em dois intervalos: as

primeiras oito coletas (de 8 de agosto a 1º de setembro) e as oito últimas coletas (de 8 de

setembro a 3 de outubro) e comparou a quantidade de tweets enviados nesses dois momentos

distintos da campanha. Por se tratar de um número ímpar de coletas, a data de 5 de setembro

foi excluída do comparativo para estabelecer igualdade no número de coletas.

O comparativo mostra que não houve variação significativa na quantidade de tweets

entre o primeiro e o segundo período. Isso significa que, apesar de alguns candidatos teremutilizado o Twitter de forma ineficiente, a importância da ferramenta teve espaço significativo

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na campanha. Isso porque, mesmo com o aumento dos compromissos de campanha em vista

da proximidade da eleição, as mensagens foram postadas com a mesma regularidade. Até o

candidato Volnei Morastoni teve exatamente a mesma quantidade, quatro tweets, nos dois

períodos. Destoam dessa realidade os candidatos Níkolas dos Santos e Fabrício Oliveira. O

primeiro diminuiu consideravelmente o número de mensagens na segunda metade da

campanha. O vereador de Itajaí passou de 51 para 19 tweets. É importante ressaltar que

Níkolas do PT foi um dos poucos candidatos em exercício de mandato que não se licenciou e

inclusive publicava algumas mensagens durante a seção da câmara de seu smartphone. Já

Fabrício Oliveira aumentou de forma significativa suas postagens. Foram 52 tweets nas oito

primeiras coletas, contra 243 nas oito últimas. Apenas o candidato Marcos Augusto Kurtz não

publicou nenhum tweet no segundo período analisado, mas manteve a conta ativa.

5.6 Intervalos de tempo entre os tweets

Apesar dos candidatos terem mantido a média de tweets nos dois intervalos acima

descritos, uma característica negativa foi marcante entre os perfis analisados: os grandes

intervalos de tempo sem tuitar. E o candidato Marcos Kurtz foi o recordista. No período

analisado, o candidato publicou três tweets, um no dia 18, outro no dia 19 e o terceiro no dia20 de agosto. Desta última data até o fim do período de análise são 44 dias consecutivos sem

postar uma única mensagem sequer para os seguidores no Twitter.

O mesmo aconteceu com o perfil do candidato Deodato Casas que do primeiro dia de

observação da pesquisa passou 13 dias sem atualização por parte do candidato, só em 21 de

agosto houve a publicação do primeiro tweet. Treze dias também foi um dos períodos que o

candidato Volnei Morastoni passou sem tuitar. Depois o candidato ficou por mais 12 dias, no

período de 26 agosto a 8 de setembro, sem publicar um tweet sequer. Jacir Pansera tambémdeixou de tuitar na reta final da campanha de 24 de setembro até o dia das eleições somaram 9

dias.

A atuação de Laudelino Lamim no Twitter pode ser considerada uma das mais

desordenadas dentre as que fizeram parte da pesquisa. Foram dois longos período sem tweets:

19 dias, no período de 14 de setembro até 3 de outubro; e 17 dias, entre 8 de agosto e 25 de

agosto. Além de passar longos períodos sem atualizar sua conta, o candidato Lamim

concentrou seus tweets em poucos dias. No dia 26 de agosto foram 16 tweets e no dia 31 de

agosto mais 10. Essa atuação concentrada em poucos dias acaba saturando a timeline dos

seguidores, causa uma impressão de invasão, exagero e o perfil do candidato se torna

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inconveniente propiciando o unfollow. Não à toa que o candidato Lamim conquistou apenas

34 seguidores no período de 56 dias de análise.

Obviamente, a presença no Twitter é indispensável para os candidatos que escolheram

o microblog como ferramenta de marketing. De todos os candidatos apenas um não deixou de

postar seus tweets um dia sequer no período analisado: Luiz Eduardo Cherem. A presença

diária aumenta a chance de mais pessoas acompanharem as mensagens aumentando, assim, a

visibilidade. Dado, além de ter sido o candidato mais ativo dentre os observados, twitou ao

menos uma vez a cada dia, mantendo a incrível média de 11,375 tweets por dia.

5.7 Comparativos entre seguidores e resultados das urnas

5.7.1 Candidatos à Câmara Federal

TOTAL DE FOLLOWERS X VOTOS (FEDERAL)CANDIDATO  SEGUIDORES VOTOS VOTOS

(%)Paulo R. B. Bornhausen 3.783 143.976 4,15Fabrício Oliveira 1.479 39.017 1,12Níkolas R. M. dos Santos 507 28.208 0,81Marcos Augusto Kurtz 153 11.577 0,33

Marcelo Werner 228 9.662 0,28Arno Schneider 64 3.195 0,09Flávio Furtado 83 3.155 0,09

Tabela 9 

A tabela acima mostra que na votação para o cargo de deputado federal, entre os

candidatos da Amfri com Twitter, houve uma relação direta entre o número de seguidores no

dia 3 de outubro (data da votação) e a quantidade de votos recebidos. Mesmo Recuero e Zago

(2010) afirmarem que quanto mais seguidores um usuário possuir mais popular ele é, se faz

relevante ressaltar que o uso do Twitter é apenas uma ferramenta de todo um aparato de

campanha e que o resultado das urnas é reflexo de todo um contexto histórico, político e

social.

Recuero (2009) ressalta que a quantidade de conexões nas redes sociais na internet

segue certa tendência de popularidade na vida off-line, como é o caso do candidato Paulo

Bornhausen. Porém, a autora admite que a popularidade na internet pode contribuir para as

relações fora da web. O candidato Fabrício Oliveira usou como principal estratégia de

campanha a dobradinha com Dado Cherem e obteve um resultado satisfatório, porém

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insuficiente para se eleger. O vereador de Balneário Camboriú é jovem na política e está

apenas na segunda reeleição como legislador do município.

Outro dado que relaciona com o número de seguidores dos candidatos a deputado

federal pela Amfri é o tempo em que a conta do Twitter está no ar. Paulinho Bornhausen

mantém a conta desde 15 de junho de 2009, Fabrício Oliveira desde 21 de setembro de 2009,

  já Níkolas Reis criou seu perfil em 8 de março de 2010. Mesmo com menor número de

followers, Marcelo Werner criou sua conta alguns dias antes, em 1º de março. Já Marcos

Kurtz entrou para a Twitosfera em 17 de junho. Por fim, os menos votados dentre os sete com

Twitter, são justamente os dois que por último criaram o perfil. Arno Schneider Filho criou a

conta em 21 de julho e Flávio Furtado em 31 de agosto de 2010.

Outro dado que merece atenção, pois se entrecruza com os dados até agora

apresentados é o número total de seguidores na data da última coleta:

5.7.2 Candidatos à Assembléia Legislativa

TOTAL DE FOLLOWERS X VOTOS (ESTADUAL)CANDIDATO  SEGUIDORES VOTOS VOTOS

(%)

Deodato Cesar Casas 735 18.526 0,53Suzete I. B. de Andrade 733 20.745 0,59Luiz Eduardo Cherem 634 57.684 1,64Volnei José Morastoni 547 30.670 0,87Lucien Aguiar 465 2.641 0,07Claudir Maciel 252 12.742 0,36Cristiano Florêncio 188 262 0,01Fabio Francisco Flor 150 9.213 0,26Jacir Pansera 127 2.394 0,07Laudelino Lamim 126 11.508 0,33Anna Carolina C. Martins 60 3.535 0,10

Tabela 10

Na tabela acima estão relacionados o número total de seguidores no dia da eleição e os

votos obtidos pelos candidatos a deputado estadual da região da Amfri. Observa-se que os

candidatos que mais conquistaram seguidores até a data da votação obtiveram melhores

resultados, porém, ao contrário da tabela montada para os candidatos ao legislativo federal, os

eleitos, Luiz Eduardo Cherem e Volnei José Morastoni, não ocupam as primeiras posições da

tabela. O candidato mais seguido é Deodato César Casas que teve sua primeira experiênciaeleitoral na disputa de 2010 e se saiu muito bem. Em seu Twitter, o candidato fez de sua

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maior promessa – um hospital regional – um mantra que era repetido diversas vezes. Além do

hospital, eram postadas diversas outras promessas de campanha, inclusive muitas delas que

não competem ao trabalho do legislador, mas de competência do poder Executivo.

Em relação ao tempo de uso da ferramenta, a candidata que há mais tempo utiliza o

Twitter foi a segunda em número de seguidores até 3 de outubro. Susi Bellini está na

Tuitosfera desde 29 de junho de 2009, logo depois dela, Deodato Casas, maior em número de

seguidores, entrou em 17 de setembro de 2009. Além deles, outros dois candidatos criaram

seu perfil no microblog: Lucien Aguiar em 27 de setembro e 13 de novembro foi a vez do

mais votado da região, Luiz Eduardo Cherem. Anna Carolina Cristofolini Martins foi a última

a registrar sua conta em 30 julho de 2010, tendo menos tempo para conquistar seguidores,

esse foi um dos motivos para ser a candidata com menor desempenho nesse quesito. Além de

comentar sobre seus compromissos de campanha no microblog, Anna Carolina evidenciou

sua vida pessoal na ferramenta com diversos comentários sobre uma festa de sua família,

sobre seu irmão e seu pai.

Pouco antes dela, o vereador de Itajaí Laudelino Lamim entrou no Twitter no dia 21

do mesmo mês. Com uma boa votação e mau posicionamento no microblog, Volnei

Morastoni criou sua conta em 26 de março de 2010. No outro extremo das urnas, Cristiano

Florêncio entrou para o Twitter em 3 de fevereiro. No mês de abril, faltando seis meses para aeleição, os candidatos Jacir Pansera e Claudir Maciel entraram para o Twitter nos dias 24 e 22

respectivamente. Por fim, o candidato Fábio Francisco Flor entrou em 25 de maio.

Ao comparar o número de seguidores com o de eleitores dos candidatos a deputado

estadual, as posições na tabela mudam completamente em relação à tabela acima, fenômeno

que não aconteceu na comparação dos resultados da pesquisa com os candidatos a deputado

federal.

5.8 Comparativos entre números de perfis seguidos e resultados das urnas

5.8.1 Candidatos à Câmara Federal

TOTAL DE FOLLOWING X VOTOS (FEDERAL)CANDIDATO  FOLLOWING VOTOS

Paulo R. B. Bornhausen 2.181 143.976Fabrício Oliveira 1.997 39.017Níkolas R. M. dos Santos 582 28.208

Marcos Augusto Kurtz 410 11.577Arno Schneider 279 3.195Flávio Furtado 183 3.155

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Marcelo Werner 146 9.662Tabela 11 

Com o auxílio da tabela acima se observa que o número de following tem relação como número de votos obtidos, sendo assim, é co-relacionado, também, com o número total de

seguidores. Da mesma forma que na tabela anterior, o único candidato que não encaixa sua

atuação no Twitter com o desempenho nas urnas é Marcelo Werner. Não há indícios de que

tenha tomado um comportamento diferente dentre candidatos analisados no Twitter. Werner

publicava links do seu blog, tecia comentários sobre o quadro político nacional e regional,

informava seus seguidores sobre compromissos de campanha assim como os demais. Sendo

assim, não mostrou discrepância dos seus dados nas últimas tabelas.

5.8.2 Candidatos à Assembléia Legislativa

TOTAL DE FOLLOWING X VOTOS (ESTADUAL)CANDIDATO  FOLLOWING VOTOS

Deodato Cesar Casas 587 18.526Laudelino Lamim 562 11.508Cristiano Florêncio 403 262

Fabio Francisco Flor 340 9.213Suzete I. B. de Andrade 243 20.745Claudir Maciel 176 12.742Lucien Aguiar 124 2.641Volnei José Morastoni 88 30.670Luiz Eduardo Cherem 75 57.684Jacir Pansera 58 2.394Anna Carolina C. Martins 54 3.535

Tabela 12 

O fluxo da tabela acima é quase o inverso da anterior. Enquanto na primeira os

candidatos que possuíam um maior número de seguidores receberam boa votação, na segunda

tabela os que mais seguiram usuários no Twitter são preferencialmente os menos votados,

com exceção dos dois primeiros e dois últimos da tabela. Enquanto Deodato Casas e

Laudelino Lamim seguiram uma grande quantidade de usuários e conquistaram uma boa

votação, Jacir Pansera e Anna Carolina Martins foram cuidadosos em escolher quem seguir e

obtiveram poucos votos.

Nos meses que antecederam as eleições, especialmente de maio a agosto, aconteceu

um fenômeno nas redes sociais na internet. Repentinamente, uma avalanche de políticos

começou a adicionar usuários nas diversas redes de relacionamento e compartilhamento de

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informação. Obviamente, no Twitter não foi diferente. Essa avalanche contribuiu

significativamente no aumento de número de followers para os candidatos. Cristiano

Florêncio, por exemplo, obteve apenas 74 votos a mais do que o seu número de seguidores,

188. Além disso, o candidato seguia 403 usuários, quase o dobro de sua votação. Recuero

(2009) destaca que essas redes podem ser muito maiores que as redes sociais off-line. A

autora argumenta que a manutenção dessas conexões não oferece custo algum para os

usuários, sequer interação social ou investimento em capital social, elas sem mantêm até que

o usuário as delete, caso contrário permanecem. O tornar-se  follower  no Twitter

definitivamente não implica em tornar-se eleitor.

Já a febre dos candidatos em buscar usuários para suas redes sociais através do

adicionamento compulsório teve seu remédio imediato. Vários internautas começaram a

bloquear, ou excluir os perfis de candidatos invasivos, por isso que a movimentação dos

candidatos não foi registrada na pesquisa. A primeira coleta de dados foi no início de agosto

quando a avalanche já havia diminuído sua intensidade. Utilizando a nomenclatura de

Raymond Williams em Primo (2000), podemos dizer que os candidatos que utilizaram essa

estratégia compreendiam as interações no Twitter como interação reativa. O autor conceitua a

interação reativa como aquela mecanicista de estímulo e resposta, pensada anteriormente pela

Escola Americana25

, e que, portanto ao seguirem diversos usuários os candidatos tambémseriam seguidos realidade distante da observada no Twitter.

A tabela abaixo nos descreve o fluxo de usuários nos perfis dos candidatos analisados

durante o período de coleta. Ela relaciona o número de followers conquistados e os following

adicionados, ou excluídos pelos candidatos.

5.9 Comparativo entre followers e following dos candidatos

FOLLOWING ADICIONADOS X FOLLOWERS CONQUISTADOS

CANDIDATO FOLLOWING FOLLOWERSLuiz Eduardo Cherem -23 129Paulo R. B. Bornhausen -18 425Jacir Pansera -6 22Fabrício Oliveira -4 235Marcos Augusto Kurtz -4 22Lucien Aguiar 0 -31Volnei José Morastoni 0 69

25 Mass Comunication Research, ou Escola Americana de Comunicação, linha de pesquisas em comunicaçãofamosamente repercutida na década de 1930.

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Laudelino Lamim 5 34Deodato Cesar Casas 6 36Arno Schneider 11 20Suzete I. B. de Andrade 19 121

Anna Carolina C. Martins 23 39Claudir Maciel 46 82Marcelo Werner 51 48Cristiano Florêncio 55 24Fabio Francisco Flor 87 62Níkolas R. M. dos Santos 156 109

Tabela 13 

Mesmo com a rejeição dos usuários, o fenômeno de adicionamento compulsório por

parte dos candidatos pode ser observado nos últimos quatro candidatos da tabela acima.

Marcelo Werner, Cristiano Florêncio, Fabio Flor e Níkolas dos Santos terminaram com um

déficit de seguidores, ou seja, seguiram mais usuários do que foram seguidos. O maior

prejuízo de seguidores ficou para Níkolas Reis Morais dos Santos que, mesmo figurando entre

cinco candidatos que mais conquistaram usuários, somou 47 seguidores a mais do que foi

seguido. Logo pós vem Cristiano Florêncio com o déficit de 31 usuários. Depois deles, o

candidato Fabio Flor que em seu perfil no Twitter retuitou diversos seguidores, deu prioridade

para a postagem de fotos através do aplicativo Twitpic nos diversos eventos de campanha e

terminou com o déficit de seguidores em 25 usuários. Por fim, o candidato Marcelo Werner

que ficou com o prejuízo de três seguidores.

Os candidatos que mais conquistaram os seguidores no Twitter e também o voto dos

eleitores foram justamente os mesmos que excluíram usuários da sua lista de following, ou

seja, foram os que deixaram de seguir seus eleitores. Dado Cherem e Paulinho Bornhausen

foram os campeões em rejeitar usuários na sua Timeline. O primeiro deu unfollow em 23

usuários, já o segundo excluiu 18. Inclusive, os dois candidatos foram os mais ferozes do

Twitter durante o período analisado. Tanto Dado Cherem quanto Paulinho Bornhausen

publicaram diversas vezes fortes críticas ao governo Lula e à então candidata petista Dilma

Rousseff. Dado ainda criticou ferozmente o governo municipal de Balneário Camboriú

(afinal, tinha sido derrotado por Edson Olegário na disputa anterior para a prefeitura),

denunciou supostas perseguições a funcionários públicos e sobraram críticas até para a

pesquisa de intenção de votos da Univali

Dado Cherem chegou a ofender adversários políticos, em 19 de setembro, no seguinte

tweet: “Alguns otários comissionados da prefa, estão indo em algumas casas com placas

nossas e batendo fotos. Querem intimidar.” Já Paulinho Bornhausen encontrou uma maneira

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mais elegante para dispensar usuários pertinentes com diálogos desgastantes utilizando a

expressão “vá namorar”, para que os adversários deixassem de importuná-lo no Twitter.

Os dois candidatos juntamente com Fabrício Oliveira foram os campeões de eficiência

no período. Afinal, pode-se considerar o crescimento de seguidores como eficiência

comprovada para aqueles que vêem na ferramenta um palanque para maior visibilidade na

campanha e, também, depois dela. Paulo Bornhausen alcançou a marca de 425 followers a

mais uma média extraordinária de 7,456 usuários por dia. Atrás dele, vem Fabrício Oliveira

com 235 seguidores conquistados nos 57 dias analisados pela pesquisa. Além dos dois, apenas

outros três candidatos conseguiram conquistar mais de 100 followers: Dado Cherem com 129,

Susi Bellini com 121 e Níkolas dos Santos com 109 seguidores alcançados. O candidato

Fabrício Oliveira, além do grande número de seguidores, também diminui seus following.

Fabrício e Maços Kurtz deram unfollow em quatro pessoas; Jacir Pansera excluiu seis

usuários.

Esta quantidade de unfollows comprova que os candidatos não souberam usufruir de

toda a dinâmica do Twitter. Além de garantir maior visibilidade, a ferramenta favorece a

aproximação de pessoas. Com isso, o Twitter pode favorecer o relacionamento eleitor-

candidato e cidadão-político que ultimamente vem desgastando com os inúmeros casos de

corrupção. Graeff (2009) destaca que o Twitter não pode ser utilizado apenas como mais uminstrumento para distribuição de conteúdos de campanha. Essa é, portanto, uma das maiores

razões do baixo interesse dos usuários do microblog em seguir os candidatos.

Além disso, Recuero (2009) afirma que quanto mais conectado o usuário estiver

“maiores são as chances de que ele receba determinados tipos de informação que estão

circulando na rede” (p. 108). Sendo assim, um número razoável de seguidores permite ter um

melhor acesso a informações que podem ser importantes para arquitetar estratégias de

campanha. O Twitter permite ao candidato vislumbrar tendências e chegar à frente.Outro erro grave nas campanhas online, também apontado por Graeff (2009), é a falsa

voz concedida aos internautas. Nas redes sociais, os usuários não podem falar sozinhos, eles

precisam e exigem respostas às mensagens enviadas, de outra forma não podem sequer ser

consideradas como redes sociais, mas apenas como softwares de comunicação na internet. “O

contato mais próximo com os representantes eleitos deve contribuir também para combater a

‘falta de memória’ e a indiferença do eleitor brasileiro” (GRAEFF, 2009, pp. 49-50).

Enfim, o candidato que saiu com o maior desgaste no Twitter durante o processo

eleitoral de 2010 foi o vereador de Camboriú Lucien Aguiar. Lucien do PT foi o único

candidato que perdeu seguidores, ou seja, recebeu mais unfollows do que usuários

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adicionando-o. Aguiar terminou o processo eleitoral com 31 seguidores a menos. Mesmo com

os esforços em publicar mensagens interessantes, links, retweets e interagir com seus

eleitores, os esforços do candidato a deputado estadual foram em vão. O que surpreende é que

mesmo com o rápido crescimento do Twitter no Brasil, o interesse e a relevância social que

recaem sobre os comentários de um candidato em época de eleição não foram suficientes para

conquistar seguidores. Um dos motivos que pode ter afastado os eleitores é a saturação de

tweets sem a menor informação ou validade como “Boa tarde a todos” que foi twitado 21

vezes por este candidato durante o período analisado.

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6. É PRECISO SABER USAR TODAS AS ESTRATÉGIAS 

A presente pesquisa buscou relacionar o comportamento dos candidatos da região da

Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí-Açu no microblog Twitter e sua estratégia

eleitoral para as eleições de 2010. Com isso, relacionou a estratégia de marketing na

ferramenta on-line e o resultado obtidos pelos candidatos nas urnas em 3 de outubro de 2010.

Através das afirmações de diversos autores sobre Web 2.0, redes sociais na internet,

marketing político e eleitoral e sobre o próprio Twitter, encontrou suporte teórico para

investigar a atuação dos candidatos. Utilizando a técnica de Análise de Conteúdo em

Krippendorff (2000), debruçou-se sobre os dados coletados de tweets, followers conquistados

e following adicionados pelos candidatos e então partir para o exercício da inferência.

Em 2010, as Redes Sociais e a Internet como um todo foram autorizadas e

regulamentadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), através da Resolução 23.191, de 16 de

dezembro de 2009. Nas últimas eleições, em 2008, o TSE proibiu qualquer manifestação

política na internet que estivesse fora dos sites oficiais de campanha, registrado com o

endereço .cam.br . Em vista disso, os candidatos se aventuraram de diversas formas para

buscarem a confiança do eleitor. Especialmente, as redes sociais foram campo de atuação no

marketing. O Twitter se tornou um palanque eleitoral online no qual discursavam candidatos eeleitores.

Evidentemente, não se pode superestimar a influência das redes sociais na Internet no

processo de decisão do voto, em especial do microblog. O uso eficiente das estratégias de

comunicação na Internet traz ao candidato um recurso viável e barato para a conquista de

votos. Contudo, as redes sociais e a própria Internet sozinhas não elegem um candidato a

deputado.

Isso se dá, principalmente, porque para a maioria dos eleitores brasileiros, a Internetainda não é parte da sua vida. Mesmo sendo 73,9 milhões de internautas no Brasil26, uma

parcela deles não faz uso constante da internet e também das redes sociais. Mesmo assim, é

importante creditar que os formadores de opinião usam ativamente os recursos disponíveis

pelas redes sociais na Internet.

Os próprios candidatos tinham consciência plena de que a Internet não atinge a maior

parte da população. Dentre os analisados, nenhum candidato utilizou somente estratégias on-

line para sua campanha. Inclusive, dentre eles, não houve candidato que apresentasse o

26 Números divulgados pelo Ibope Nielsen.

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Twitter, ou a Internet como principal estratégia de marketing em 2010. Alguns candidatos,

inclusive, nem fizeram uso de estratégias online.

A verdade é que os próprios candidatos, em alguns casos, fazem parte da parcela da

população que não faz uso diário da internet. Portanto, a maioria dos candidatos não está

inserida no meio online a ponto de fazer uso eficiente das ferramentas disponíveis. Em alguns

casos, os candidatos têm aptidão como bons usuários, mas não dominam as técnicas para

serem publicadores de conteúdo na web. Tampouco investiram em profissionais

especializados.

Mesmo que o número de candidatos com Twitter pela região da Amfri tenha sido

maior do que aqueles que não usaram (foram 18 candidatos contra 12), em geral, os perfis

foram mal utilizados no período eleitoral de 2010. Os candidatos, ou suas assessorias não

souberam utilizar com destreza todos os recursos disponíveis pelos aplicativos do Twitter, ou

pelo próprio microblog. Alguns criaram o perfil e o deixaram esquecido, sem atualizações. O

caso do candidato Arno Schneider Filho foi o mais latente: além das raras atualizações, seu

perfil foi deletado poucos dias antes da votação. Outros candidatos acabaram insultando

usuários, como foi o caso de Luiz Eduardo Cherem.

Pior do que tudo isso é que os candidatos e suas assessorias não compreenderam a

dinâmica básica de qualquer rede social na Internet, o relacionamento. As interações entrecandidato e eleitor, no Twitter, foram esparsas e dificultavam a construção de laços fores de

relacionamento via web. O Twitter, na visão geral dos políticos, se tornou um meio de se

comunicar diretamente com os eleitores sem a mediação dos jornalistas e os meios de

comunicação de massa. Ou seja, o microblog é, apenas, um lugar a mais para repetir o mesmo

discurso político, disfarçado em uma interface on-line aparentemente mais moderna.

Infelizmente, os candidatos buscaram no Twitter um lugar para replicar e publicar seus

compromisso de campanha, mas sem buscar interação com os usuários da ferramenta.Contudo, alguns candidatos se sobressaíram em relação aos outros. Fabrício Oliveira,

Paulo Bornhausen e Luiz Eduardo Cherem podem ser apontados como os candidatos que

melhor souberam utilizar o Twitter. Cometeram alguns deslizes como o desentendimento com

usuários, mas a estratégias desses candidatos pode ser considerada modelo. Outros candidatos

também utilizaram o microblog de maneira inteligente, mas não se destacaram. Foi o caso de

Susi Bellini e Deodato Casas que não foram eleitos, mas conquistaram um número razoável

de seguidores.

É interessante ressaltar que os candidatos da região da Amfri que melhor utilizaram os

recursos disponíveis pelo Twitter obtiveram os melhores resultados eleitorais. Contudo, a

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campanha eleitoral de 2010 não se deu exclusivamente online e os melhores planejamentos de

marketing eleitoral na Internet são, justamente, as melhores campanhas em outros meios

tradicionais como panfletos, jingles. Evidentemente que os candidatos que dispunham de

melhores recursos, puderam aproveitar melhor as características de cada meio. Sendo assim,

souberam capitalizar os votos de maneira eficiente.

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