32
___________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 1 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected] Advogados: Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ___ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE GOIÂNIA - GOIÁS. “Somos todos escravos da lei, para que possamos ser livres.” Marco Túlio Cícero SINDICATO DOS POLICIAIS CIVIS DO ESTADO DE GOIÁS (SINPOL), entidade sindical sem fins lucrativos, pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 02.677.585/0001-04, com sede na Rua Salermo, quadra 47, lote 07, casa 01 - Setor Jardim Europa - Goiânia - Goiás, neste ato representado por seu Presidente, PAULO SÉRGIO ALVES DE ARAÚJO, brasileiro, casado, agente de polícia, portador da Cédula de Identidade RG. n.º 1654410 (SSP/GO), inscrito no CPF/MF sob o n.º 464.385.211-91, com domicilio na sede do sindicato, por seus advogados devidamente constituídos [procurações em anexo (Doc.1), bem como atos constitutivos e documentos pessoais do outorgante (Doc.2)] com endereço profissional no rodapé, onde recebem as comunicações judiciais de estilo, vem à presença de Vossa Excelência, com respeito e o acato de costume, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA EQUIPARAÇÃO SALARIAL COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA em desfavor do ESTADO DE GOIÁS, pessoa jurídica de direito público, representado em juízo, nos termos do artigo 75, inciso II, do Código de Processo Civil, na pessoa do Procurador-Geral do Estado de Goiás, Dr. ALEXANDRE EDUARDO FELIPE TOCANTINS, com endereço profissional na Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, n.º 03 - Centro - Goiânia - Goiás - CEP: 74.003.010, pelos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos. U R G E N T E PEDIDO LIMINAR Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051 Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37 GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I Ação Civil Pública ( L.E. ) Valor: R$ 1.000,00 | Classificador: Tribunal de Justiça do Estado de Goiás Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13 Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOS Validação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

U R G E N T E PEDIDO LIMINAR - sinpolgo.org.br · Substituto e de Escrivão de Polícia Substituto do Quadro de Pessoal da Polícia Civil do Estado de Goiás ... na anulação de

  • Upload
    lynhi

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 1 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ___ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE GOIÂNIA - GOIÁS.

“Somos todos escravos da lei, para que possamos ser livres.”

Marco Túlio Cícero

SINDICATO DOS POLICIAIS CIVIS DO ESTADO DE GOIÁS (SINPOL), entidade sindical sem fins lucrativos, pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 02.677.585/0001-04, com sede na Rua Salermo, quadra 47, lote 07, casa 01 - Setor Jardim Europa - Goiânia - Goiás, neste ato representado por seu Presidente, PAULO SÉRGIO ALVES DE ARAÚJO, brasileiro, casado, agente de polícia, portador da Cédula de Identidade RG. n.º 1654410 (SSP/GO), inscrito no CPF/MF sob o n.º 464.385.211-91, com domicilio na sede do sindicato, por seus advogados devidamente constituídos [procurações em anexo (Doc.1), bem como atos constitutivos e documentos pessoais do outorgante (Doc.2)] com endereço profissional no rodapé, onde recebem as comunicações judiciais de estilo, vem à presença de Vossa Excelência, com respeito e o acato de costume, propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

PARA EQUIPARAÇÃO SALARIAL

COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

em desfavor do ESTADO DE GOIÁS, pessoa jurídica de direito público, representado em juízo, nos termos do artigo 75, inciso II, do Código de Processo Civil, na pessoa do Procurador-Geral do Estado de Goiás, Dr. ALEXANDRE EDUARDO FELIPE TOCANTINS, com endereço profissional na Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, n.º 03 - Centro - Goiânia - Goiás - CEP: 74.003.010, pelos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos.

U R G E N T E PEDIDO LIMINAR

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 2 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

1. DOS FATOS:

Com o advento da Lei Estadual n.º 19.275, de 28 de abril de 2016, cuja cópia segue em anexo (Doc.3), criou-se os cargos de escrivão de polícia substituto e agente de polícia substituto, nas respectivas carreiras da Delegacia-Geral da Polícia Civil, alterando a Lei Estadual n.° 16.901, de 26 de janeiro de 2010; em evidente desvio de finalidade da norma, e violação: a) do princípio da irredutibilidade de subsídios, prevista no artigo 92, inciso XVII, e, artigo 95, inciso II, ambos da Constituição do Estado de Goiás, bem como no artigo 37, inciso XV, da Constituição Federal; b) do princípio da isonomia, uma vez que cria cargos na carreira da Polícia Civil, sem identificar sua função específica, o que levaria a situação de servidores desenvolvendo a mesma função, mas com remuneração distinta, sendo uma muita aquém da outra; c) dos critérios de remuneração estabelecidos nos incisos I, II e III, do §1º, do artigo 94, da Constituição do Estado de Goiás; e d) do direito à aposentadoria, prevista no inciso XVI, do artigo 95, da Constituição do Estado de Goiás, uma vez que ao prolongar a carreira que antes era de 20 anos, para 24 anos, diminuirá a possibilidade de o servidor se aposentar no topo da carreira.

A referida Lei Estadual surgiu com a justificativa de que seria para o aumento do efetivo de policiais civis, no intuito de reforçar os trabalhos de Segurança Pública em nosso Estado. Contudo, com a referida norma, em verdade, não houve a criação de nenhuma única nova vaga para incremento dos quadros de Agentes e Escrivães da Polícia Civil do Estado de Goiás, mas tão somente um remanejamento das vagas já existentes, conforme se passa a demonstrar.

A Lei Estadual n.° 16.901/2010, com a antiga redação dada pela Lei Estadual n.º 17.902, de 27 de dezembro de 2012, previa em seu artigo 99, inciso IV, 490 (quatrocentos e noventa) cargos de Escrivão Policial de 3ª classe; assim como em seu artigo 100, inciso IV, 936 (novecentos e trinta e seis) cargos de Agente de Polícia de 3ª classe. Contudo, com a nova redação dada pelo artigo 2º da Lei Estadual sob análise, ao artigo 99, inciso IV, esse quantitativo passou a ser de apenas 270 (duzentos e setenta) cargos de Escrivão Policial de 3ª classe; e ao artigo 100, inciso IV, esse quantitativo passou a ser de apenas 656 (seiscentos e cinquenta e seis) cargos de Agente de Polícia de 3ª classe. Ou seja, a alteração legislativa, imposta pela Lei Estadual, ora em discussão, representou uma diminuição de 220 (duzentos e vinte) cargos de Escrivão Policial de 3ª classe; e de 280 (duzentos e oitenta) cargos de Agente de Polícia de 3ª Classe.

Acontece, que a mesma Lei Estadual que alterou a Lei Estadual n.° 16.901/2010, para modificar o inciso IV, do artigo 99, para reduzir em 220 (duzentos e vinte) cargos, o efetivo de Escrivão Policial de 3ª classe; e modificar o inciso IV, do artigo 100, para reduzir em 280 (duzentos e oitenta) cargos, o efetivo de Agente de Polícia de 3ª classe; criou 220 (duzentos e vinte) cargos de Escrivão de Polícia Substituto, e 280 (duzentos e oitenta) cargos de Agente de Polícia

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 3 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

Substituto, através da inclusão do inciso V, ao artigo 99, e da inclusão do inciso V, ao artigo 100, ambos da Lei Estadual n.° 16.901/2010.

Não é necessário muito esforço para perceber que a malfada Lei Estadual, não acrescenta um único novo cargo ao efetivo da Polícia Civil, se limitando, tão somente, a um manejo legislativo, com o nítido objetivo de diminuir os gastos com a remuneração dos policiais civis, e assim reduzir os gastos do Governo do Estado de Goiás com a Segurança Pública. Uma vez que serão reduzidos os cargos de Agente e Escrivão de Polícia de 3ª Classe (que possuem remuneração superior), para contratação, de Agente e Escrivão de Polícia Substitutos (que possuem remuneração bem inferior), o que torna notório o desvio de finalidade da referida Lei.

Ou seja, reduziu-se o quantitativo de vagas de Agente e Escrivão de 3ª Classe (que era o cargo de ingresso na carreira), para, no subterrâneo da carreira, criar um novo quantitativo de vagas, para um novo cargo, com remuneração inferior.

Tanto que o artigo 4º, da referida norma legal, prevê um subsidio de R$1.500,00 (mil e quinhentos reais) aos Policiais Civis Substitutos, o que é astronomicamente menor do que o adotado hoje aos policiais em início de carreira (3ª classe).

Deste modo, o Estado de Goiás, com a Lei Estadual n.º 19.275/2016, impôs ao policial civil em início de carreira um subsídio bem menor que os que já iniciaram a carreira. Isto fará com que ocorra a paradoxal existência de funcionários que exercem as mesmas atribuições, no mesmo local de trabalho, com as mesmas ferramentas e grau de instrução, todavia, com subsidio quase 50% inferior aos demais.

Firme nesse propósito, o Estado de Goiás, por meio de sua Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento – SEGPLAN, fez tornar público a realização de concurso público para provimento de vagas nos cargos de Agente de Polícia Substituto e de Escrivão de Polícia Substituto do Quadro de Pessoal da Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO), para a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Administração Penitenciária, através do Edital n.º 004, cuja cópia segue em anexo (Doc.4), após celebrar contrato com o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe) para realização do certame.

Desta feita, o concurso foi realizado, os aprovados empossados, e os mesmos já estão finalizando o curso de formação para as suas devidas lotações.

Não há mais sentido ou razão, na anulação de um concurso que já foi iniciado e finalizado, para em declaração da inconstitucionalidade da referida Lei Estadual, realizar um novo certame, se a quantidade de vagas será a mesma, havendo tão somente a diferenciação de remuneração.

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 4 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

Porém a equiparação salarial entre Agentes e Escrivães de Polícia Substitutos e Agentes e Escrivães de 3ª Classe, é medida que se impõe, para sanar esse grave desequilíbrio causado pela Lei Estadual n.º 19.275/2016.

Assim, a entidade sindical, ora Requerente, representante máximo da categoria, ora prejudicada, se viu sem alternativa, que não fosse a propositura da presente Ação Civil Pública, para preservação dos interesses e direitos dos Policiais Civis do Estado de Goiás.

2. DO DIREITO:

2.1 DO CABIMENTO DA PRESENTE AÇÃO CIVIL PÚBLICA:

Conforme teor do art. 1º, da Lei n.º 7.347/1985, a ação civil pública é via apta a deduzir pretensões decorrentes de responsabilidade por danos morais e patrimoniais, causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, por infração de ordem econômica e da economia popular, à ordem urbanística e, em geral, a qualquer outro interesse difuso e coletivo. Sendo que, diante da sua magnitude, mereceu assento constitucional.

Segundo o Ministro Teori Albino Zavascki, em obra de sua autoria, com o título “Processo Coletivo - Tutela de Direitos Coletivos e Tutela Coletiva de Direitos”, publicado pela Editora Revista dos Tribunais, visto isoladamente, o art. 1º da Lei da Ação Civil Pública, poderia conduzir à suposição de que a ação civil pública tem finalidade puramente reparatória, ou seja, seria destinada unicamente a obter condenação de ressarcimento de danos já causados. Todavia, no art. 3º, prevê-se a possibilidade de obter, também, provimentos que imponham prestações de fazer ou não fazer. E, no seu art. 4º, a Lei prevê a possibilidade de “ser ajuizada a ação cautelar (...) objetivando, inclusive, evitar danos (...)” aos bem jurídicos por ela tutelados.

Bem se vê à luz desses dispositivos, que a ação civil pública é instrumento com múltipla aptidão, o que a torna meio eficiente para conferir integral tutela aos direitos transindividuais: tutela preventiva e reparatória, para obter prestações de natureza pecuniária (indenizações em dinheiro) ou pessoal (de cumprir obrigações de fazer ou de não fazer), o que comporta todo o leque de provimentos jurisdicionais: condenatórios, constitutivos, inibitórios, executivos, mandamentais e meramente declaratórios.

Ademais, à Ação Civil Pública se aplica, subsidiariamente, as disposições do Código de Processo Civil (art. 19, da Lei n.º 7.347/1985), e, portanto, os significativos avanços trazidos pela Lei n.º 13.105/2015, mais conhecida como Novo Código de Processo Civil. O regime de tutelas de urgência, com a sua variada e rica potencialidade (CPC, art. 300), e o da prestação específica de obrigação de

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 5 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

entregar qualquer coisa (CPC, art. 498) são apenas dois exemplos de hipóteses de aplicação subsidiária, à ação civil pública, de preceitos do Código de Processo Civil.

A ela se aplicam, também (art. 21, da Lei 7.347/1985), os dispositivos processuais previstos nos arts. 81 a 104 do Código de Defesa do Consumidor (Lei n.º 8.078/1990). Dentre todos, pela sua especialidade e adequação a certos direitos transindividuais, notadamente ao da preservação do meio ambiente, é relevante o art. 84 do CDC (atualmente reproduzido também no art. 497 do CPC), segundo qual “na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento”. Nesse particular, o art.11 da Lei 7.347/1985 já trouxera dispositivos de largo alcanço inovador do regime processual vigente à época da sua edição, permitindo tutela jurisdicional mandamental, inclusive inibitória, a ser garantida com aplicações de astreintes, de acordo com a circunstância do caso.

Atualmente, o potencial de eficácia da ação civil pública em casos de cumprimento do Código de Proteção e Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), seja pelo art. 497 do CPC que, conforme reiterado, lhe são aplicáveis subsidiariamente (Lei 7.347/85, arts.19 e 21). Enaltece-se, sobretudo, a viabilidade da ação civil pública, cuja função a coloca entre os mais importantes instrumentos de tutela jurisdicional de direitos transindividuais.

O Ministro Teori Albino Zavascki, em sua obra “Antecipação de Tutela”, adverte que:

Não se pode confundir ação cautelar, destinada a obter provimento de natureza cautelar, com ação preventiva, destinada a obter tutela específica para evitar a lesão ao direito material. A propósito, já tivemos oportunidade de anotar, alhures, o seguinte: “É comum afirmar-se que a tutela cautelar, e, por certo, também a antecipatória, é espécie de tutela preventiva, cuja matriz constitucional estaria no inciso XXXV do art. 5º da Carta, que assegura proteção jurisdicional não apenas em caso de lesão, mas também em caso de ameaça a direito. Esta, porém, não é justificado suficiente, até porque, no regime constitucional anterior, a cláusula que garantia a inafastabilidade de acesso ao Judiciário não continha referência à hipótese de ameaça (art. 153, §4º, da Constituição de 1969) e nem por isso se poderia duvidar da legitimidade constitucional da tutela cautelar. Com efeito, a tutela preventiva assegurada pela Constituição é tutela definitiva (isto é, formada à base de cognição exauriente e apta a produzir coisa julgada material, ou seja, semelhante à tutela conferida para o caso de direito já lesado) e não provisória, como é a tutela cautelar e antecipatória. Diferentemente desses, a tutela preventiva, como enfatizou Barbosa Moreira, ‘visa proteger de maneira direta a situação material em si, razão por que a providencia judicial descansará no prévio acertamento (lato sensu) e jamais assumirá feição de provisoriedade, nem podendo qualificar-se de instrumental senão no sentido genérico em que o é todo processo, mas apresentando em qualquer caso caráter definitivo - ou, se quisermos usar uma linguagem tipicamente carneluttiana, satisfativo.

(ZAVASCKI, Teori Albino, Antecipação de tutela, p.60).

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 6 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

Com a inserção do princípio da eficiência no corpo do texto constitucional como princípio da Administração Pública, passou a ser legítima a realização do controle de constitucionalidade de qualquer manifestação da Administração que, de acordo com as condições disponíveis, se revele ineficiente.

Assim, não se vale a Ação Civil Pública à luz dos ensinamentos do Doutrinador JOÃO BATISTA DE ALMEIDA amparar direitos individuais coletivos, já que seus titulares deverão se utilizar das vias ordinárias próprias. São tutelados apenas os interesses coletivos e os direitos individuais homogêneos socialmente relevantes, como se mostrará no presente caso (ALMEIDA. João Batisla de. Aspectos Controvertidos da Açio Civil Pública. Sâo Paulo: Revisia dos Tribunais. 2001).

Para arremate, insta consignar ainda que, em sede de Ação Civil Pública, é perfeitamente cabível a declaração incidental de inconstitucionalidade de lei, desde que a alegação não se confunda com o pedido principal da causa.

Neste sentido, é entendimento jurisprudencial, firmado pelo Supremo Tribunal Federal. Vejamos:

EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL. AGRAVO INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento no sentido de se admitir o controle difuso de constitucionalidade em ação civil pública desde que a alegação de inconstitucionalidade não se confunda com o pedido principal da causa. Precedentes. 2. Inaplicável o art. 85, § 11, do CPC/2015, uma vez que não é cabível, na hipótese, condenação em honorários advocatícios (arts. 17 e 18, Lei nº 7.347/1985). 3. Agravo interno a que se nega provimento, com aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, em caso de unanimidade da decisão. (RE 910570 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 02/05/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-104 DIVULG 18-05-2017 PUBLIC 19-05-2017). Grifo nosso.

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO – VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CARACTERIZADA – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE – PEDIDO PRINCIPAL – IMPOSSIBILIDADE. 1. Não ocorre ofensa ao art. 535, II, do CPC, se o Tribunal de origem decide, fundamentadamente, as questões essenciais ao julgamento da lide. 2. Segundo a jurisprudência do STJ, em tese, é possível a declaração incidental de inconstitucionalidade, na ação civil pública, de quaisquer leis ou atos normativos do Poder Público, desde que a controvérsia constitucional não figure como pedido, mas sim como causa de pedir, fundamento ou simples questão prejudicial, indispensável à resolução do litígio principal, em torno da tutela do interesse público. 3. Hipótese em que a matéria constitucional no presente feito não é simples causa de pedir ou questão incidental, mas pedido principal. 4. Recurso especial não provido. (STJ - REsp: 1096456 MG 2008/0216877-7, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de Julgamento: 18/06/2009, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 01/07/2009). Grifo nosso.

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 7 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CÍVEL. DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INOCORRÊNCIA DE USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA DESTA CORTE DE JUSTIÇA. OMISSÃO, AMBIGUIDADE, CONTRADIÇÃO OU ERRO MATERIAL INEXISTENTES. REEXAME DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. I - Os embargos declaratórios objetivam, exclusivamente, rever decisões que apresentam falhas ou vícios, como obscuridade, contradição, omissão ou erro material, a fim de garantir a harmonia lógica, a inteireza e a clareza da decisão embargada, não sendo meio hábil ao reexame do julgado. II - Desde que a declaração incidental de inconstitucionalidade não se confunda com o pedido principal da ação civil pública, ou seja, se limite à mera causa de pedir, essa declaração não usurpa a competência desta Corte de Justiça. EMBARGOS CONHECIDOS E REJEITADOS. (TJGO, APELACAO CIVEL 83750-27.2014.8.09.0051, Rel. DES. FAUSTO MOREIRA DINIZ, 6A CAMARA CIVEL, julgado em 06/12/2016, DJe 2169 de 15/12/2016). Grifo nosso.

Assim, mostra-se perfeitamente cabível a ação civil pública declaratória com pedido de declaração incidental de inconstitucionalidade da lei, uma vez que, a redução salarial dos Agentes e Escrivães de Polícia substitutos, previsto no artigo 4º, da Lei n.º 19.275/2016, mostra-se ilegal, ante a proibição da redução de subsídios prevista nos artigos 92, inciso XVII e 95, inciso II, ambos da Constituição do Estado de Goiás, bem como no artigo 37, inciso XV da Constituição Federal.

Quanto ao pedido principal da presente ação, esta se vale na equiparação entre os Agentes e Escrivães de Polícia Civil substitutos, com os Policiais da antiga classe inicial de Agentes e Escrivães de Polícia, de 3ª Classe, Nível I, para todos os seus efeitos, inclusive salariais.

2.2 DA LEGITIMIDADE ATIVA DO REQUERENTE:

A Constituição Federal, no inciso III, do artigo 8º, assegura aos sindicatos a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas.

Na mesma linha, a Carta Magna, no parágrafo 1º do artigo 129, assevera que a legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.

Reforçando tal entendimento, a Lei n.º 7.347/1985, em seu o artigo 5º, inciso V, que elenca a figura da associação como legítima para esta finalidade, desde que esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; e inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência,

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 8 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Neste sentido caminha a pacificada jurisprudência dos tribunais superiores. Vejamos:

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SINDICATO. SUBSTITUTOPROCESSUAL. EXECUÇÃO. LEGITIMIDADE. PRECEDENTES DA CORTE ESPECIAL EDO STF.

I - Este eg. Tribunal, por meio da jurisprudência da Corte Especial, já consolidou o entendimento no sentido de que a legitimidade extraordinária conferida pela Constituição da República aos Sindicatos, para defesa em juízo ou fora dele dos direitos e interesses coletivos ou individuais, independentemente de autorização expressa do associado, se estende à liquidação ou execução da decisão judicial, hipótese em que deverá particularizara situação jurídica de cada qual dos substituídos (EREsp nº 941.108/RS, Rel. Min. HAMILTON CARVALHIDO, DJe de 08/02/2010).

II - Entendimento também emanado pelo eg. Supremo Tribunal Federal: RE n.s 193.503/SP e 210.029/RS.

III - Embargos de divergência improvidos.

(STJ - EREsp: 1103434 RS 2009/0168356-7, Relator: MIN. FRANCISCO FALCÃO, Data de Julgamento: 01/08/2011, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicação: DJe 29/08/2011)

O Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Goiás (SINPOL), ora Requerente, é entidade sindical, fundada em 11 de julho de 1998, e representa todos os servidores da Polícia Civil do Estado de Goiás.

Com mais de dezoito anos de existência, o SINPOL é a entidade máxima de representação sindical dos servidores da Polícia Civil do Estado de Goiás, conforme previsto em seu Estatuto:

Art. 1° Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Goiás – SINPOL e/ou SINPOL-GO, entidade sindical de primeiro grau, fundado em 11 de julho de 1998, devidamente cadastrado no CNPJ sob o n.º 02.677.585/0001-04, tendo ainda finalidades cultural, esportiva, assistencial e representativa dos servidores da Polícia Civil do Estado de Goiás, será regido pelas normas legais vigentes, por este Estatuto e por seu Regimento Interno e atos de sua Diretoria, tendo como base territorial o Estado de Goiás.

Assim, sendo o SINPOL entidade máxima de representação dos Servidores da Polícia Civil no Estado de Goiás, e estando toda a categoria atingida pelos efeitos da conduta aqui combatida, não resta dúvida a respeito de sua legitimidade para propositura da presente ação na condição de substituto processual.

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 9 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

2.3 DA TUTELA DE URGÊNCIA:

A tutela de urgência, prevista nos arts. 294 c/c 300, ambos do Código de Processo Civil, pressupõe a existência inconteste da probabilidade do direito (fumus boni iuris) e do perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo (periculum in mora).

Logo, em havendo casos em que há fundado receio de ocorrência de dano grave ou risco de resultado útil do processo, cumulado com a probabilidade do direito, a medida liminar deve ser concedida, fazendo cessar o dano ou tutelando o resultado válido da demanda.

No presente caso, trata-se de ilegal discriminação salarial entre servidores policiais civis, que ocupam os mesmos cargos, com as mesmas atribuições, mesmo nível de instrução, na mesma estrutura de carreira, mas que recebem remuneração uma bem aquém à outra. Fundada em Lei Estadual inconstitucional.

Para tanto, necessário demonstrar a existência do periculum in mora e do fumus boni iuris que justificam a concessão da tutela provisória requerida.

2.3.1 Do Periculum in mora:

O perigo da demora, consubstanciado no risco de grave dano ou ameaça à solução válida do processo judicial deve ser analisada com ponderação, com o fim de evitar que a decisão tomada traga consequências trágicas a ambas as partes.

In casu, o periculum in mora corporifica-se na manifesta probabilidade de prejuízo tanto ao serviço público, quanto aos servidores, e ainda a toda a Sociedade.

Os agentes e escrivães de polícia substitutos, terão evidentes dificuldades até mesmo de sustento próprio e de suas famílias, com remuneração inferior a dois salários mínimos, no exercício de uma profissão de risco e extremamente estressante.

Cada dia de manutenção desta situação de flagrante violação ao princípio da isonomia, representará mais um dia de prejuízos de difícil reparação, e que podem levar a consequências imprevisíveis.

Ademais, há de ressaltar que no mesmo dia de publicação da malfada norma estadual, a Confederação Brasileira de Policiais Civis (COBRAPOL), com o apoio do Requerente, ajuizou ação direta de inconstitucionalidade da referida lei, justamente para tentar evitar a presente situação.

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 10 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

O Requerente também buscou suspender o concurso, através de ação anulatória, mais uma vez para evitar o imbróglio jurídico, que está a acontecer. Contudo, também não foi suficiente para frear essa esdruxula inciativa do Estado de Goiás.

Contudo, não há mais sentido ou razão, na anulação de um concurso que já foi iniciado e finalizado, para em declaração da inconstitucionalidade da referida Lei Estadual, realizar um novo certame, se a quantidade de vagas será a mesma, havendo tão somente a diferenciação de remuneração.

Cumpre repisar que não houve a criação de cargos pela Lei Estadual n.º 19.275/2016, mas tão somente uma transferência de vagas de um cargo melhor remunerado para outro que tem subsidio absurdo, o que certamente levará à inconstitucionalidade da supramencionada Lei!

Por conta disto, é evidente o perigo da demora e a necessária concessão da liminar ora pleiteada, para a imediata suspensão dos efeitos da Lei Estadual n.º 19.275, de 28 de abril de 2016, para que os agentes e escrivães substitutos, aprovados no referido certame e já nomeados, sejam equiparados aos agentes e escrivães de polícia de 3ª classe, nível I, para todos os efeitos, inclusive salariais.

2.3.2 Do Fumus Boni Iuris:

O fumus boni iuris, na sistemática do Novo Código de Processo Civil, consubstancia-se na probabilidade do direito invocado, mormente a demonstração através de elementos jungidos aos autos que demonstrem a viabilidade do direito requerido.

É certo que o juízo de probabilidade do direito não sai da esfera subjetiva, mas que deve ser analisado conjuntamente com o periculum in mora, pois quando este é devidamente demonstrado, o fumus boni iuris deve ser analisado de forma mais suave.

Todavia, no caso sub judice, o fumus boni iuris é evidente e consistente, de modo que a probabilidade do direito invocado é perfeitamente demonstrado, principalmente diante da desproporcionalidade e ausência de razoabilidade com as atribuições e o subsídio previsto para os cargos que deverão ser preenchidos.

Vale repisar que a Lei Estadual n.º 19.275, de 28 de abril de 2016, surgiu com a justificativa de que seria para o aumento do efetivo de policiais civis, no intuito de reforçar os trabalhos de Segurança Pública em nosso Estado. Contudo, com a referida norma, em verdade, não houve a criação de nenhuma única nova vaga para incremento dos quadros de Agentes e Escrivães da Polícia

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 11 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

Civil do Estado de Goiás, mas tão somente um remanejamento das vagas já existentes, conforme se passa a demonstrar.

A Lei Estadual n.° 16.901/2010, com a antiga redação dada pela Lei Estadual n.º 17.902, de 27 de dezembro de 2012, previa em seu artigo 99, inciso IV, 490 (quatrocentos e noventa) cargos de Escrivão Policial de 3ª classe; assim como em seu artigo 100, inciso IV, 936 (novecentos e trinta e seis) cargos de Agente de Polícia de 3ª classe. Contudo, com a nova redação dada pelo artigo 2º da Lei Estadual sob análise, ao artigo 99, inciso IV, esse quantitativo passou a ser de apenas 270 (duzentos e setenta) cargos de Escrivão Policial de 3ª classe; e ao artigo 100, inciso IV, esse quantitativo passou a ser de apenas 656 (seiscentos e cinquenta e seis) cargos de Agente de Polícia de 3ª classe. Ou seja, a alteração legislativa, imposta pela Lei Estadual, ora em discussão, representou uma diminuição de 220 (duzentos e vinte) cargos de Escrivão Policial de 3ª classe; e de 280 (duzentos e oitenta) cargos de Agente de Polícia de 3ª Classe.

Acontece, que a mesma Lei Estadual que alterou a Lei Estadual n.° 16.901/2010, para modificar o inciso IV, do artigo 99, para reduzir em 220 (duzentos e vinte) cargos, o efetivo de Escrivão Policial de 3ª classe; e modificar o inciso IV, do artigo 100, para reduzir em 280 (duzentos e oitenta) cargos, o efetivo de Agente de Polícia de 3ª classe; criou 220 (duzentos e vinte) cargos de Escrivão de Polícia Substituto, e 280 (duzentos e oitenta) cargos de Agente de Polícia Substituto, através da inclusão do inciso V, ao artigo 99, e da inclusão do inciso V, ao artigo 100, ambos da Lei Estadual n.° 16.901/2010.

Não é necessário muito esforço para perceber que a malfada Lei Estadual, não acrescenta um único novo cargo ao efetivo da Polícia Civil, se limitando, tão somente, a um manejo legislativo, com o nítido objetivo de diminuir os gastos com a remuneração dos policiais civis, e assim reduzir os gastos do Governo do Estado de Goiás com a Segurança Pública. Uma vez que serão reduzidos os cargos de Agente e Escrivão de Polícia de 3ª Classe (que possuem remuneração superior), para contratação, de Agente e Escrivão de Polícia Substitutos (que possuem remuneração bem inferior), o que torna notório o desvio de finalidade da referida Lei.

Deste modo, sendo declarada a inconstitucionalidade da norma em questão, não haverá distorções com relação ao quantitativo de cargos, posto que a quantidade de cargos criados para agentes e escrivães de polícia substitutos, é a exata quantidade de cargos diminuídos para agente e escrivães de polícia terceira classe. Que é exatamente os cargos para os quais o Estado de Goiás deveria ter realizado o provimento das vagas, por meio de concurso público.

Ademais, há de se destacar que a Lei Estadual n.º 19.275, de 28 de abril de 2016, que criou os cargos de escrivão de polícia substituto e agente de polícia substituto, nas respectivas carreiras da Delegacia-Geral da Polícia Civil, alterando a Lei Estadual n.° 16.901, de 26 de janeiro de 2010; em evidente desvio de finalidade

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 12 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

da norma, mostra-se inconstitucional, pelas seguintes razões: a) do princípio da irredutibilidade de subsídios, prevista no artigo 92, inciso XVII, e, artigo 95, inciso II, ambos da Constituição do Estado de Goiás, bem como no artigo 37, inciso XV, da Constituição Federal; b) do princípio da isonomia, uma vez que cria cargos na carreira da Polícia Civil, sem identificar sua função específica, o que levaria a situação de servidores desenvolvendo a mesma função, mas com remuneração distinta, sendo uma muita aquém da outra; c) dos critérios de remuneração estabelecidos nos incisos I, II e III, do §1º, do artigo 94, da Constituição do Estado de Goiás; e d) do direito à aposentadoria, prevista no inciso XVI, do artigo 95, da Constituição do Estado de Goiás, uma vez que ao prolongar a carreira que antes era de 20 anos, para 24 anos, diminuirá a possibilidade de o servidor se aposentar no topo da carreira.

Quanto à infração exposta no item “b”, do parágrafo acima, referente à violação do princípio da isonomia, uma vez que referida lei “cria” cargos na carreira da Polícia Civil, sem identificar sua função específica, o que levaria a situação de servidores desenvolvendo a mesma função, mas com remuneração distinta, sendo uma muita aquém da outra. Essa afirmação pode ser extraída pela simples leitura do edital, em seu item 2.1.2 e 2.2.1, equivalente, respectivamente, aos cargos de Agente de Polícia Substituto e Escrivão de Polícia Substituto, em que as atribuições são as mesmas fixadas aos policiais civis de 3ª Classe, nível I, ou seja, antiga classe inicial da carreira policial.

Não obstante, a diferença de subsídio é gritante e é uma verdadeira afronta ao Estado de Direito, demonstrando o verdadeiro descaso com a segurança pública estadual e, via de consequência, com a população goiana.

Assim, baseado nos requisitos primários do deferimento da tutela de urgência e na verossimilhança da alegação, notadamente, pelo risco de dano irreparável de tutela coletiva, uma vez que os Agentes e Escrivães de polícia substitutos dos quadros da Delegacia-Geral da Polícia Civil de Goiás, estão recebendo subsídios bem abaixo dos Policiais da antiga classe inicial de Agentes e Escrivães Policiais, causando prejuízo ao patrimônio público que irá ter que arcar com uma futura equiparação salarial com suas devidas atualizações aos servidores lesados, e tendo em vista o conjunto dos pressupostos autorizadores da concessão da liminar pleiteada, quais sejam, o fumus boni iuris e o periculum in mora, é que o Requerente pleiteia, nos termos do artigo 300, do Código de Processo Civil, a concessão liminar da tutela provisória de urgência, para a imediata suspensão dos efeitos da Lei Estadual n.º 19.275, de 28 de abril de 2016, para que os agentes e escrivães substitutos, aprovados no referido certame e já nomeados, sejam equiparados aos agentes e escrivães de polícia de 3ª classe, nível I, para todos os efeitos, inclusive salariais.

2.4 DO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE:

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 13 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

Não sendo concedida a medida liminar, tendo em vista que a matéria ora debatida trata-se de matéria unicamente de direito, estando estas devidamente e patentemente comprovadas através dos documentos anexos, requer, nos termos do art. 355, inciso I, do Digesto Processual Civil, o JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE, dispensando, desde logo, a realização de audiência de conciliação, nos termos do art. 334, §4º, I, e §5º do mesmo diploma legal.

2.5 DO MÉRITO:

2.5.1 DA INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI ESTADUAL N.º 19.275, DE 28 DE ABRIL DE 2016:

Como é cediço, o controle de constitucionalidade é o instrumento de verificação, fiscalização e monitoramento das normas infraconstitucionais para que estas não venham a ingressar no mundo jurídico afrontando qualquer disposição contida na Magna Carta Política.

Neste desiderato, existe o controle de constitucionalidade difuso e o abstrato, de tal sorte que naquele é permitido a qualquer componente do Poder Judiciário declarar a inconstitucionalidade de uma norma no caso concreto, deixando de aplica-la; neste, por seu turno, só é permitido agir entes legitimados para tal mister, com rol previsto na Constituição Federal (art. 103) e Constituição Estadual (art. 60).

Nesta esteira, forçoso se faz citarmos trecho dos d. doutrinadores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, in litteris:

(...)

Por outras palavras, na discussão de uma relação jurídica qualquer, submetida à apreciação do Poder Judiciário, suscita-se a dúvida sobre a constitucionalidade de um ato normativo relacionado com a lide. Surge, então, a necessidade de o Poder Judiciário apreciar a constitucionalidade de tal ato normativo para proferir a sua decisão no processo. Ao apreciar a questão constitucional, como antecedente necessário e indispensável ao julgamento do mérito do caso em exame, o juiz u tribunal estará realizando o denominado controle difuso.1

O presente incidente de inconstitucionalidade, tem como principal fundamento a manifesta ilegalidade contida nas determinações do texto da Lei Estadual n.º 19.275, de 28 de abril de 2016, que ao criar os cargos de escrivão de polícia substituto e agente de polícia substituto, nas respectivas carreiras da Delegacia-Geral da Polícia Civil, alterando a Lei Estadual n.° 16.901, de 26 de janeiro

1 Direito Constitucional descomplicado / Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. – 11. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO: 2013. Pág. 803.

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 14 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

de 2010; por desvio de finalidade da norma, e ainda por ferir: a) o princípio da irredutibilidade de subsídios, prevista no artigo 92, inciso XVII, e artigo 95, II, ambos da Constituição do Estado de Goiás, bem como no artigo 37, inciso XV, da Constituição Federal; b) o princípio da isonomia, uma vez que cria cargos na carreira da Polícia Civil, sem identificar sua função específica, o que levaria a situação de servidores desenvolvendo a mesma função, mas com remuneração distinta, sendo uma muita aquém da outra; c) os critérios de remuneração estabelecidos nos incisos I, II e III, do §1º, do artigo 94, da Constituição do Estado de Goiás; e d) o direito à aposentadoria, prevista no inciso XVI, do artigo 95, da Constituição do Estado de Goiás, uma vez que ao prolongar a carreira que antes era de 20 anos, para 24 anos, diminuirá a possibilidade de o servidor se aposentar no topo da carreira.

2.5.1.1 Do desvio de finalidade da norma atacada:

A norma estadual, ora atacada, afirma que dispõe acerca da criação de novos cargos nas respectivas carreiras de Policial Civil e Escrivão de Polícia da Delegacia-Geral da Polícia Civil do Estado de Goiás. In casu, a norma combatida tem em sua ementa o seguinte:

Cria os cargos de Escrivão de Polícia Substituto e Agente de Polícia Substituto nas respectivas carreiras da Delegacia-Geral da Polícia Civil e altera a Lei n. 16.901, de 26 de janeiro de 2010.

Extrai-se do Ofício Mensagem n.º 34, de março de 2016, enviado à Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, que o ilustre Governador do Estado afirma que “a propositura anexa busca criar 220 (duzentos e vinte) cargos de Escrivão de Polícia Substituto e 280 (duzentos e oitenta) cargos de Agente de Polícia Substituto. ”

Contudo, insta salientar que existe uma importante ressalva, de que a Lei visa “reduzir, na mesma proporção, os quantitativos hoje existentes para os cargos de Escrivão de Polícia de 3ª Classe e Agente de Polícia de 3ª Classe, de modo que não há previsão de impacto orçamentário financeiro em decorrência de sua aprovação e posterior conversão em Lei”. [grifo e negrito não original]

Não ocorrerá efeitos orçamentários financeiros ao erário de forma negativa e imediata, pois a finalidade da Lei não é a de criar novos cargos, mas sim de transferir vagas de um cargo para outro com a nefasta intenção de dar aparência de legalidade a um ato que afronta flagrantemente a Constituição Estadual, no que se reporta à irredutibilidade de subsídios dos servidores públicos estaduais. Se de fato a intenção fosse a de constituir novos cargos, não haveria a manifesta transferência de vagas de uma classe melhor remunerada para outra com proventos vergonhosos e desproporcionais frente ao servidor público que exercerá as mesmas funções.

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 15 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

O que demonstra, de forma cristalina, que a bem da verdade, a malfada Lei Estadual, não acrescenta um único novo cargo ao efetivo da Polícia Civil, se limitando, tão somente, a um manejo legislativo, com o único objetivo de diminuir a remuneração dos policiais civis, e assim reduzir os gastos do Governo do Estado de Goiás com a Segurança Pública.

A Lei Estadual n.° 16.901/2010, com a antiga redação dada pela Lei Estadual n.º 17.902, de 27 de dezembro de 2012, previa em seu artigo 99, inciso IV, 490 (quatrocentos e noventa) cargos de Escrivão Policial de 3ª classe; assim como em seu artigo 100, inciso IV, 936 (novecentos e trinta e seis) cargos de Agente de Polícia de 3ª classe. Contudo, com a nova redação dada pelo artigo 2º da Lei Estadual sob análise, ao artigo 99, inciso IV, esse quantitativo passou a ser de apenas 270 (duzentos e setenta) cargos de Escrivão Policial de 3ª classe; e ao artigo 100, inciso IV, esse quantitativo passou a ser de apenas 656 (seiscentos e cinquenta e seis) cargos de Agente de Polícia de 3ª classe. Ou seja, a alteração legislativa, imposta pela Lei Estadual, ora em discussão, representou uma diminuição de 220 (duzentos e vinte) cargos de Escrivão Policial de 3ª classe; e de 280 (duzentos e oitenta) cargos de Agente de Polícia de 3ª Classe.

Acontece, que a mesma Lei Estadual (que encontra-se sob análise desta Ação Direta de Inconstitucionalidade) que alterou a Lei Estadual n.° 16.901/2010, para modificar o inciso IV, do artigo 99, para reduzir em 220 (duzentos e vinte) cargos, o efetivo de Escrivão Policial de 3ª classe; e modificar o inciso IV, do artigo 100, para reduzir em 280 (duzentos e oitenta) cargos, o efetivo de Agente de Polícia de 3ª classe; criou 220 (duzentos e vinte) cargos de Escrivão de Polícia Substituto, e 280 (duzentos e oitenta) cargos de Agente de Polícia Substituto, através da inclusão do inciso V, ao artigo 99, e da inclusão do inciso V, ao artigo 100, ambos da Lei Estadual n.° 16.901/2010.

É certo que é de competência do Governador do Estado a inciativa de Projeto de Lei que trate do provimento ou extinção de cargos públicos estaduais (inciso XII, art. 37 da Constituição Estadual de Goiás). Todavia, o termo ‘prover’ significa abastecer, munir, fornecer e guarnecer, não transferir, transladar e\ou deslocar. Logo, é evidente que há uma clara inconstitucionalidade e desvio de finalidade da Lei, que tenta sorrateiramente a redução dos subsídios da classe de Policiais Civis do Estado de Goiás.

Como dito acima, a Lei ora impugnada tem como intenção, tão somente, a redução dos subsídios dos Policiais Civis do Estado. Uma vez que serão reduzidos os cargos de Agente e Escrivão de Polícia de 3ª Classe, para contratação, de Agente e Escrivão de Polícia Substitutos, a uma remuneração, muito abaixo, dos policiais que encontram-se já em efetivo serviço público, tornando notório o desvio de finalidade da presente Lei.

A Lei n.º 4.717, de 29 de junho de 1965, que regula a ação popular, retrata para fins meramente didáticos e instrutivos o que se entende por desvio de finalidade, em seu artigo 2º, alínea “e”, e também na alínea “e”, de seu parágrafo

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 16 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

único, o que será também demonstrado para fins de se deixar exposto o desvio de finalidade da Lei ora impugnada, in verbis:

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:

(...)

e) desvio de finalidade.

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas:

(...)

e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.

[grifo e negrito não originais]

Nota-se que os atos perpetrados pelo administrador público, seja em suas competências típicas ou atípicas, que tenham em suas raízes propósitos que não sejam os previstos pela Constituição ou Leis infraconstitucionais, obedecida à hierarquia das normas, devem ser anulados (leia-se: retirados do mundo jurídico por manifesta inconstitucionalidade e\ou ilegalidade).

No caso sub judice, é de competência do Governador do Estado iniciativa de Lei que disponha sobre os servidores públicos, criação ou extinção de cargos e seus respectivos subsídios. É o que dispõe a alínea b, do inciso II do §1º do artigo 20, assim como no inciso XII do artigo 37, ambos da Constituição do Estado de Goiás:

Art. 20. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou comissão da Assembleia Legislativa, ao Governador do Estado, ao Tribunal de Justiça, ao Procurador-Geral de Justiça e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta e na Constituição da República.

§ 1º São de iniciativa privativa do Governador as leis que:

(...)

II - disponham sobre:

(...)

b) Os servidores públicos do Estado, seu regime jurídico, a criação e o provimento de cargos, empregos e funções na administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo, a estabilidade e aposentadoria, e a fixação e alteração de sua remuneração ou subsídio;

(...)

Art. 37 - Compete privativamente ao Governador do Estado:

(...)

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 17 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

XII – prover e extinguir os cargos públicos estaduais, na forma da lei;

Muito embora, seja competência do Governador do Estado de Goiás a iniciativa de leis que disponham sobre os servidores públicos, assim como o provimento e a extinção de cargos públicos, e ainda conste da referida Lei, a “criação” de cargos, restou demonstrado que a finalidade de tal norma, é outra, a saber, a redução de gastos com a remuneração de policiais civis em início de carreira.

Desse modo, não afigura-se, na norma legal questionada qualquer razoabilidade, tampouco proporcionalidade, diante da gritante redução salarial e da aviltante extensão da carreira, de uma classe tão importante para toda a coletividade, devendo esta ser melhor remunerada e gratificada pelo esmero em seu labor cotidiano, além de merecer melhor tratamento pelo Estado em retribuição às consequências físicas ao ser humano policial que encontra-se diuturnamente enfrentando o perigo em prol do cidadão.

Mais a mais, questiona-se o motivo pelo qual a legislação prevê a redução da classe inicial dos respectivos cargos da Lei anterior (3ª Classe, nível I), transferindo em número exato as vagas para os cargos ‘criados’ pela supradita Lei. Se houvesse realmente interesse do Poder Público em prover, municiar ou abastecer de funcionários públicos a serem lotados na Polícia Civil, auxiliando destarte a população a obter um melhor e mais efetivo serviço de segurança pública, não haveria supressão daquelas vagas.

Assim, tendo havido desvio de finalidade, da norma atacada, a sua inconstitucionalidade se aflora cristalina.

2.5.1.2 Da inconstitucionalidade decorrente da afronta ao princípio da irredutibilidade de subsídios, prevista no artigo 92, inciso XVII, e artigo 95, II, ambos da Constituição do Estado de Goiás, bem como no artigo 37, inciso XV, da Constituição Federal:

Os Policiais Civis e Escrivães de Polícia exercem um mister fundamental para a garantia da paz social, principalmente no que se refere à investigação de delitos, prezando sempre pela boa e fiel aplicação da Lei penal ao caso concreto, visando sempre reprimir o infrator e dar segurança ao sujeito de bem, trabalhador, o que demonstra que a criação destes ‘novos cargos’ e com a previsão salarial do art. 4º da Lei n.º 19.275/16 não guarda qualquer proporcionalidade e é, de fato, uma vergonha.

O regime jurídico dos servidores públicos até pode ser alterado, desde que preservado o valor global da sua remuneração, o que significa dizer que não cabe ao administrador público simplesmente elaborar uma Lei com o fim específico de diminuir o quantitativo de um determinado cargo com remuneração já prevista, para a

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 18 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

incorporação em outro cargo, criado para exercer as mesmas atribuições funcionais, percebendo subsidio ínfimo.

O que deixa claro e evidente a desvirtuação da Lei e, via de consequência, a infração ao valor global da remuneração do servidor, lesionando frontalmente os preceitos da Constituição Estadual, mormente aos princípios implícitos da proporcionalidade, razoabilidade, isonomia e o princípio explicito da irredutibilidade de subsídios, que não se limita aos cargos já ocupados, é o fato de não ser incrementado um único servidor para a administração pública, sendo tão somente um remanejamento de vagas para um cargo de subsídio vergonhoso e desproporcional.

A Lei, ora em discussão, se justifica no argumento de hipotético aumento do efetivo de policiais, para reforço dos trabalhos de Segurança Pública em nosso Estado. Contudo, não há, em verdade, criação de novas vagas para incremento dos quadros de Agentes e Escrivães da Polícia Civil do Estado de Goiás, mas tão somente um remanejamento de vagas, com a condenável finalidade de reduzir os gastos com a Segurança Pública, com a contratação de mão de obra barata, para a prestação de serviço público de tamanha importância, quando a imperiosa necessidade é que medida inversa fosse tomada.

Contudo, conforme já demonstrado acima, a malfada Lei Estadual, não acrescenta um único novo cargo ao efetivo da Polícia Civil, se limitando, tão somente, a um manejo legislativo, com o único objetivo de diminuir a remuneração dos policiais civis, e assim reduzir os gastos do Governo do Estado de Goiás com a Segurança Pública. Uma vez que serão reduzidos os cargos de Agente e Escrivão de Polícia de 3ª Classe, para contratação, de Agente e Escrivão de Polícia Substitutos, a uma remuneração, muito abaixo, dos policiais que encontram-se já em efetivo serviço público.

O artigo 4º, da norma estadual acima citada, prevê como subsidio para os Agentes e Escrivães de Polícia, substitutos, nos quadros da Polícia Civil do Estado de Goiás, o valor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais). Vejamos:

Art. 4º O subsidio dos cargos de Escrivães de Polícia Substituto e Agente de Polícia Substituto é fixado em R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais).

Contudo, é de se assustar a discrepância entre o valor acima citado com o subsidio dos policiais da antiga classe inicial de Agentes e Escrivães Policiais que é de aproximadamente R$ 3.646,67 (três mil, seiscentos e quarenta e seis reais e sessenta e sete centavos), ou seja, é uma diferença de R$ 2.146,67 (dois mil, cento e quarenta e seis reais e sessenta e sete centavos) para cargos que, nos termos da omissão encontradiça na referida norma, exercerão as mesmas funções e atribuições, com a mesma importância na guarda dos interesses sociais da segurança pública, de acordo com o previsto no edital (itens 2.1.2 e 2.2.2).

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 19 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

É uma desproporcionalidade monstruosa com as atribuições e a natureza de risco dos cargos de Agente e Escrivão Policial que diuturnamente estão sujeitos à morte em defesa da paz social e da ordem pública. Essa desproporcionalidade só evidencia que a finalidade da Lei é a de reduzir o valor dos subsídios, dificultar a promoção e o avanço na carreira, bem como para ampliar a carreira policial, definindo um tempo que destoa da natureza jurídico-social dos cargos de Policial Civil e Escrivão de Polícia.

Nesta toada, evidencia-se que não existe a criação de cargos, mas tão somente a transferência de vagas de uma classe melhor remunerada (Agente e Escrivão de Polícia de 3ª Classe) para uma classe de remuneração pífia (Agente e Escrivão de Polícia Substitutos).

É em razão desta situação, que, mais do que manifestou o Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, sobre os efeitos para o orçamento estatal, o que haverá é a sua ampliação, com a redução dos gastos com a remuneração dos policiais civis em inícios de carreira.

É inequívoco o direito dos servidores públicos estaduais, com fundamento nos objetivos fundamentais do Estado e no art. 95, inciso II, da Carta Política Estadual, a irredutibilidade dos subsídios. Senão, vejamos:

Art. 95. São direitos dos servidores públicos do Estado, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

(...)

II - irredutibilidade dos vencimentos, proventos ou subsídios, observado o inc. XVII, do art. 92;

Ademais, há de ressaltar que constitui objetivos fundamentais do Estado de Goiás “contribuir para uma sociedade livre, justa, produtiva e solidária” (art, 3º, I, da Constituição Estadual), e “promover o desenvolvimento econômico e social, erradicando a pobreza e a marginalização e reduzindo as desigualdades regionais e as diferenças de renda” (art. 3º, II, da Constituição Estadual). A medida tomada pelo Governador do Estado de Goiás, ao editar a Lei, em discussão, que prevê subsidio de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a um Policial Civil constitui franca violação aos objetivos fundamentais acima citados.

Destarte, os incisos do §1º do art. 94 da Constituição do Estado de Goiás, (cópias dos incisos do §1º do art. 39 da Magna Carta), asseveram o seguinte:

Art. 94 - O Estado e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes.

§ 1º - A fixação dos padrões de vencimentos e dos demais componentes do sistema remuneratório observará:

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 20 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira;

II – os requisitos para a investidura;

III – as peculiaridades dos cargos.

Todavia, os critérios impostos pela norma Constitucional, para a fixação dos padrões de vencimentos e dos demais componentes do sistema remuneratório, foram flagrantemente ignorados, na fixação da remuneração dos Agentes e Escrivães de Polícia Substitutos.

Não se pode olvidar que cabe ao administrador público criar métodos capazes de poupar o erário, mormente ante a atual situação da economia brasileira, mas não com a redução de subsídios do serviço público.

Assim, diante da flagrante redução do efetivo da Polícia Civil do Estado de Goiás, para a criação de cargos pior remunerados, o que configura indubitável redução salarial da categoria, a declaração da inconstitucionalidade da citada norma estadual, por afronta direta à Constituição do Estado de Goiás, conforme já exaustivamente demonstrado, é medida que se impõe.

2.5.1.3 Da inconstitucionalidade decorrente da afronta ao princípio da isonomia, bem como aos critérios de remuneração estabelecidos nos incisos I, II e III, do §1º, do artigo 94, da Constituição do Estado de Goiás:

O princípio da isonomia ou também chamado de princípio da igualdade é o pilar de sustentação de qualquer Estado Democrático de Direito.

O sentimento de igualdade na sociedade moderna pugna pelo tratamento justo aos que ainda não conseguiram a viabilização e a implementação de seus direitos mais básicos e fundamentais para que tenham não somente o direito a viver, mas para que também possam tem uma vida digna.

Este princípio remonta as mais antigas civilizações e esteve sempre embutido, dentro das mais diversas acepções de justiça mesmo que com interpretações diferentes, umas mais abrangentes outras nem tanto, ao longo da história.

O Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943, mais conhecido como Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), embora não seja aplicável ao caso, do ponto de vista didático, nos traz interessante conceito de isonomia:

Art. 461 - Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade.

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 21 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

No tocante, ao serviço público, a eminente Ministra Cámem Lúcia, em julgamento da ADI n.º 4303, no colendo Supremo Tribunal Federal, assim consignou:

Servidores que ocupam os mesmos cargos, com a mesma denominação e na mesma estrutura de carreira, devem ganhar igualmente (princípio da isonomia).

(ADI 4303, Rela. Mina. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 05/02/2014, DJe 28/08/2014).

Neste sentido, os incisos do §1º do art. 94 da Constituição do Estado de Goiás, (cópias dos incisos do §1º do art. 39 da Magna Carta), asseveram o seguinte:

Art. 94 - O Estado e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes.

§ 1º - A fixação dos padrões de vencimentos e dos demais componentes do sistema remuneratório observará:

I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira;

II – os requisitos para a investidura;

III – as peculiaridades dos cargos.

Constata-se, em percepção não exaustiva, que o Constituinte derivado impôs a necessidade de fixação de particularidades dos cargos pertencentes ao funcionalismo público, de modo que cabe ao administrador público, exercendo sua competência exclusiva para criar cargos públicos, descrever de forma pormenorizada quais são as peculiaridades do cargo, “a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos” daquela carreira.

Cabe, outrossim, ao elaborador da Lei de criação de cargos, fazer constar, impreterivelmente, quais são as atribuições e obrigações do cargo, de modo que sua remuneração\subsidio deverá guardar consonância com a natureza, importância e grau de complexidade da profissão, além de não dar sorte a qualquer usurpação de outro cargo já definido anteriormente, ferindo, assim, a isonomia do cargo.

No caso em tela, não há qualquer discriminação de atribuição ou função dos Agentes de Polícia Substitutos e Escrivães de Polícia Substituto, fazendo, destarte, presumir que estes irão possuir as mesmas atribuições dos Policiais e Escrivães de Classes superiores.

Nesta toada, vejamos o que dispõe a Lei contraditada, in verbis:

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 22 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

Art. 1º. Ficam criados, nas respectivas carreiras da Delegacia-Geral da Polícia Civil, da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Administração Penitenciária, os cargos de Escrivão de Polícia Substituto e Agente de Polícia Substituto, com quantitativos de 220 (duzentos e vinte) e 280 (duzentos e oitenta) unidades, respectivamente.

O artigo supramencionado não dispõe, nem de forma sutil, quais serão as atribuições do cargo de Escrivão e Agente de Polícia Substitutos. Prevê, de forma genérica e abstrata, a hipotética “criação” daqueles cargos nas respectivas carreiras da Delegacia-Geral da Polícia Civil.

Em sendo assim, é evidente que a Lei é inconstitucional, neste sentido, visto que era impositivo ao legislador prever as delimitações, atribuições e responsabilidade dos cargos criados, sob pena de dar sorte a usurpação de cargos, nos termos já expostos acima.

Desta toada, além da possibilidade de os Agentes e Escrivães de Polícia Substitutos vierem a exercer atividades que são atribuídas a outros cargos, ficará patente o desvirtuamento consequente dessa norma legal quanto à desproporcionalidade de subsídios, onde funcionários públicos de uma mesma unidade ou órgão, exercerão as mesmas atividades e atribuições, com subsídios que variam, no mínimo, em R$ 2.478,19 (dois mil, quatrocentos e setenta e oito reais e dezenove centavos).

Insta salientar, ainda, que o presente caso se destoa de forma relevante dos casos julgados acerca da criação de cargos comissionados. Aqui, trata-se de cargos de caráter efetivo, que foram criados com fim de tão somente reduzir os salários dos servidores públicos, estendendo a carreira policial que é de risco, o que gerará efeitos devastadores tanto à saúde física e mental dos policiais e escrivães, quanto na dotação orçamentária do Estado de Goiás a longo tempo.

Há de se destacar ainda que é dever do Estado a organização de seus serviços públicos essenciais e de utilidade pública (art. 5º, V, da Constituição Estadual) com o fim de se manter a segurança e a ordem pública (art. 5º, XI, da Constituição Estadual). Porém, a criação de um dito novo cargo que não prevê qualquer discriminação de suas específicas atribuições, fazendo presumir que são as mesmas dos Policiais Civis e Escrivães de Polícia de 3ª Classe, chega-se ao entendimento de que não se vislumbrou qualquer das obrigações estatais acima descritas como finalidade norteadora da elaboração da Lei impugnada, mas tão somente um interesse econômico ilegal, que não observou, nem em primeiro momento, o interesse público e a obrigação de agregar maiores meios para se chegar a uma melhor Segurança Pública no nosso querido Estado de Goiás.

Desta forma, diante da flagrante afronta ao princípio da isonomia, bem como ao entabulado nos incisos do §1º, do artigo 94, da Constituição do Estado de Goiás, mais uma vez a inconstitucionalidade norma discutida se impõe.

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 23 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

2.5.1.4 Da inconstitucionalidade decorrente do prolongamento da carreira policial, em mais quatro anos:

A carreira de Agente e Escrivão da Polícia Civil do Estado de Goiás, até então, dividida em quatro classes (3ª Classe, 2ª Classe, 1ª Classe, e Classe Especial), e 10 níveis, demandava em torno de 20 (vinte) anos para alcance do topo. Contudo, com as alterações trazidas, pela Lei ora questionada, aumentou-se mais quatro anos para tal intento, com a criação das classes de Agente de Polícia Substituto e Escrivão de Polícia Substituto.

Destaca-se que a Lei em debate faz menção a criação de um cargo, e, em alteração substancial das respectivas carreiras, tendo em vista que há previsão também de alteração quanto ao prazo de permanência naqueles cargos que passam a constituir as classes iniciais das respectivas carreiras (parágrafo único do art. 54 da Lei 16.901, de janeiro de 2010 c\c e incisos do art. 3º da norma atacada).

Após a vigência da norma questionada, a carreira policial foi absurdamente alterada, aumentando o tempo necessário para que Agentes e Escrivães de Polícia cheguem ao merecido topo da carreira, com subsídios proporcionais e razoáveis diante da incontestável importância e da experiência do agente público obtidas durante tantos anos na frente da defesa dos cidadãos.

Em virtude do que dispõe o art. 3ª da referida lei, os novos servidores públicos que ocuparão os ‘cargos’ de Escrivão e Agente de Polícia Substitutos terão que permanecer na ativa por pelo menos 24 (vinte e quatro) anos. E acabará fazendo jus, por consequência, nos termos da legislação referente à matéria que regula a concessão de aposentadoria especial a policiais e escrivães de polícia (Lei Complementar 59, de 13 de novembro de 2006 c\c art. 53 da LC 77, de 22 de janeiro de 2010), ao necessário pagamento do abono de permanência (art. 1º da Lei Complementar Estadual n.º 118, de 06 de novembro de 2015, que altera a Lei Complementar Estadual n.º 77, de 22 de janeiro de 2010, que dá expresso direito ao abono de permanência ao Policial Civil que, preenchidos os requisitos para aposentar-se, continua na ativa), além de que em razão do desgaste natural da profissão, aumentará a quantidade de pedidos de licença médica e outros consectários lógicos, o que, evidentemente, levará a um gasto astronômico para o erário.

Ademais, não houve o necessário estudo, conforme em linhas pretéritas exposto, sob o efeito desta medida na previdência social no que se refere ao benefício do abono de permanência a longo prazo.

Não se pode deixar de salientar que com a redução do número de vagas de Agente e Escrivão de 3ª Classe, haverá também maior dificuldade para as promoções, em virtude da escassez de vagas, levando os policiais a permanecer por maior tempo em uma determinada classe.

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 24 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

Assim, evidencia-se novamente que a norma sob censura foi elaborada não com intuito de manter a segurança e a ordem pública (art. 5º, XI, da Constituição Estadual), agregando maior força policial aos quadros da Polícia Civil do Estado de Goiás, mas sim com intuito de estender a carreira, de uma categoria que por sua natureza é estressante, perigosa e que expõe o funcionário público a intemperes que pode leva-lo à morte, violando, consequentemente o princípio da dignidade da pessoa humana (inciso XII do art. 5º da Lei Maior do Estado).

Portanto, diante do ilegal prolongamento da carreira policial, sem estudos dos impactos desta medida na previdência do Estado, a sua inconstitucionalidade, novamente, se impõe.

2.5.2 DA DECLARAÇÃO DE EQUIPARAÇÃO DOS AGENTES E ESCRIVÃES SUBSTITUTOS AOS AGENTES E ESCRIVÃES DE TERCEIRA CLASSE, NÍVEL I:

O Supremo Tribunal Federal aprovou, no dia 16 de outubro de 2014, quatro novas Propostas de Súmula Vinculante.

Merece destaque a Súmula Vinculante 37 do STF, ao prever que: “Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia”.

Houve, na realidade, a conversão da antiga Súmula 339 do STF, que tinha a mesma redação.

Porém, há de se destacar, que o objetivo da presente ação, não é “aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento da isonomia”, mas sim de equiparar, para todos os efeitos, inclusive salariais, servidores que desempenharão idêntica função, por meio de trabalho de igual valor, a ser prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade. Em razão da declaração incidental de inconstitucionalidade da lei estadual que gerou a referida discrepância.

O princípio da isonomia ou também chamado de princípio da igualdade é o pilar de sustentação de qualquer Estado Democrático de Direito.

O sentimento de igualdade na sociedade moderna pugna pelo tratamento justo aos que ainda não conseguiram a viabilização e a implementação de seus direitos mais básicos e fundamentais para que tenham não somente o direito a viver, mas para que também possam tem uma vida digna.

Este princípio remonta as mais antigas civilizações e esteve sempre embutido, dentro das mais diversas acepções de justiça mesmo que com interpretações diferentes, umas mais abrangentes outras nem tanto, ao longo da história.

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 25 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

O Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943, mais conhecido como Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), embora não seja aplicável ao caso, do ponto de vista didático, nos traz interessante conceito de isonomia:

Art. 461 - Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade.

No tocante, ao serviço público, a eminente Ministra Cámem Lúcia, em julgamento da ADI n.º 4303, no colendo Supremo Tribunal Federal, assim consignou:

Servidores que ocupam os mesmos cargos, com a mesma denominação e na mesma estrutura de carreira, devem ganhar igualmente (princípio da isonomia).

(ADI 4303, Rela. Mina. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 05/02/2014, DJe 28/08/2014).

Neste sentido, os incisos do §1º do art. 94 da Constituição do Estado de Goiás, (cópias dos incisos do §1º do art. 39 da Magna Carta), asseveram o seguinte:

Art. 94 - O Estado e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes.

§ 1º - A fixação dos padrões de vencimentos e dos demais componentes do sistema remuneratório observará:

I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira;

II – os requisitos para a investidura;

III – as peculiaridades dos cargos.

Constata-se, em percepção não exaustiva, que o Constituinte derivado impôs a necessidade de fixação de particularidades dos cargos pertencentes ao funcionalismo público, de modo que cabe ao administrador público, exercendo sua competência exclusiva para criar cargos públicos, descrever de forma pormenorizada quais são as peculiaridades do cargo, “a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos” daquela carreira.

Cabe, outrossim, ao elaborador da Lei de criação de cargos, fazer constar, impreterivelmente, quais são as atribuições e obrigações do cargo, de modo que sua remuneração\subsidio deverá guardar consonância com a natureza, importância e grau de complexidade da profissão, além de não dar sorte a qualquer

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 26 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

usurpação de outro cargo já definido anteriormente, ferindo, assim, a isonomia do cargo.

No caso em tela, não há qualquer discriminação de atribuição ou função dos Agentes de Polícia Substitutos e Escrivães de Polícia Substituto, fazendo, destarte, presumir que estes irão possuir as mesmas atribuições dos Policiais e Escrivães de Classes superiores.

Nesta toada, vejamos o que dispõe a Lei contraditada, in verbis:

Art. 1º. Ficam criados, nas respectivas carreiras da Delegacia-Geral da Polícia Civil, da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Administração Penitenciária, os cargos de Escrivão de Polícia Substituto e Agente de Polícia Substituto, com quantitativos de 220 (duzentos e vinte) e 280 (duzentos e oitenta) unidades, respectivamente.

O artigo supramencionado não dispõe, nem de forma sutil, quais serão as atribuições do cargo de Escrivão e Agente de Polícia Substitutos. Prevê, de forma genérica e abstrata, a hipotética “criação” daqueles cargos nas respectivas carreiras da Delegacia-Geral da Polícia Civil.

Neste sentido, é incontestável a ilegalidade prevista nestes subitens, especialmente porque está em flagrante afronta ao princípio da eficiência (caput do art. 37 da CF/88) e da irredutibilidade de subsídios, prevista no inciso XVII do art. 92 c/c inciso II do art. 95 da Constituição do Estado de Goiás, e, também, no inciso XV do art. 37 da Constituição Federal.

Já no que se refere à previsão dos subitens 2.1.2 e 2.2.2, deixa claro que as atribuições são as mesmas dos Agentes e Escrivães de Polícia, conforme abaixo transcritos:

2.1.2 DESCRIÇÃO SUMÁRIA DAS ATIVIDADES: efetuar diligências a fim de prender criminosos; apreender objetos furtados e localizar pessoas; fazer investigações, realizar rondas noturnas e diurnas; policiar zonas impróprias para menores; dar plantão; seguir elementos suspeitos da prática de infração penal; fazer coletas de informações; prender infratores em flagrante ou em virtude de mandado da autoridade competente; conduzir pessoas à presença da Autoridade de Polícia Judiciária, quando necessário ao esclarecimento de fatos delituosos; elaborar relatório das investigações realizadas; dirigir viaturas policiais e zelar pela sua conservação e limpeza; desempenhar outras tarefas compatíveis com as atribuições do cargo (Decreto Estadual nº 213, de 1970, e Lei Estadual nº 16.901, de 2010).

2.2.2 DESCRIÇÃO SUMÁRIA DAS ATIVIDADES: reduzir a termos ocorrências, declarações e depoimentos; expedir intimações, citações e notificações; redigir portarias, ofícios, mandados, termos, autos, ordens de serviço, editais, circulares, boletins etc., preencher guias para identificação, recolhimento e soltura de presos; protocolar ofícios, requerimentos e representações; catalogar e arquivar em pastas próprias todos os documentos relativos ao serviço; organizar os livros de cargas e

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 27 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

descargas de remessa de autos, de conclusões de inquéritos e de ofícios, documentos e demais papéis dos cartórios policiais; dar plantão; lavrar termos de fiança e recolher respectivos valores às repartições competentes, dentro do prazo legal; organizar mapas de estatísticas policiais; acompanhar autoridades policiais em suas diligências; fornecer certidões, mediante despacho da autoridade policial; executar os trabalhos de datilografia/digitação necessários ao desempenho de suas funções; desempenhar outras tarefas compatíveis com as atribuições do cargo (Decreto Estadual nº 213, de 1970, e Lei Estadual nº 16.901, de 2010).

Essa conclusão reforça a tese de que, na verdade, a Lei tem manifesta intenção de garantir a redução de subsidio, não agregando força policial para o aumento da segurança pública estadual, como quer fazer pregar a Administração Pública.

Em sendo assim, é evidente que a Lei é inconstitucional, neste sentido, visto que era impositivo ao legislador prever as delimitações, atribuições e responsabilidade dos cargos criados, sob pena de dar sorte a usurpação de cargos, nos termos já expostos acima.

Desta toada, além da possibilidade de os Agentes e Escrivães de Polícia Substitutos vierem a exercer atividades que são atribuídas a outros cargos, ficará patente o desvirtuamento consequente dessa norma legal quanto à desproporcionalidade de subsídios, onde funcionários públicos de uma mesma unidade ou órgão, exercerão as mesmas atividades e atribuições, com subsídios bem aquém uns dos outros.

Insta salientar, ainda, que o presente caso se destoa de forma relevante dos casos julgados acerca da criação de cargos comissionados. Aqui, trata-se de cargos de caráter efetivo, que foram criados com fim de tão somente reduzir os salários dos servidores públicos, estendendo a carreira policial que é de risco, o que gerará efeitos devastadores tanto à saúde física e mental dos policiais e escrivães, quanto na dotação orçamentária do Estado de Goiás a longo tempo.

Há de se destacar ainda que é dever do Estado a organização de seus serviços públicos essenciais e de utilidade pública (art. 5º, V, da Constituição Estadual) com o fim de se manter a segurança e a ordem pública (art. 5º, XI, da Constituição Estadual). Porém, a criação de um dito novo cargo que não prevê qualquer discriminação de suas específicas atribuições, fazendo presumir que são as mesmas dos Policiais Civis e Escrivães de Polícia de 3ª Classe, chega-se ao entendimento de que não se vislumbrou qualquer das obrigações estatais acima descritas como finalidade norteadora da elaboração da Lei impugnada, mas tão somente um interesse econômico ilegal, que não observou, nem em primeiro momento, o interesse público e a obrigação de agregar maiores meios para se chegar a uma melhor Segurança Pública no nosso querido Estado de Goiás.

Os Policiais Civis e Escrivães de Polícia exercem um mister fundamental para a garantia da paz social, principalmente no que se refere à investigação de delitos, prezando sempre pela boa e fiel aplicação da Lei penal ao caso concreto,

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 28 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

visando sempre reprimir o infrator e dar segurança ao sujeito de bem, trabalhador, o que demonstra que a previsão deste subsidio é, de fato, uma vergonha e bem aquém do subsidio dos que hoje estão em início de carreira policial (3ª Classe).

Isto porque a previsão de redução de remuneração ou subsidio de cargos que terão a mesmas atribuições dos que já se encontram em atividade lesiona frontalmente os preceitos da Constituição Estadual, mormente aos princípios implícitos da proporcionalidade, razoabilidade, isonomia e o princípio explicito da irredutibilidade de subsídios, já que trata-se de verdadeiro desvio de finalidade da Lei Estadual n.º 19.275 de 28 de abril de 2016, não se tratando, em verdade, em criação de novos cargos, mas sim na transferência de vagas de cargos com subsídios mais altos, para um com subsidio que não condiz com as atribuições, responsabilidade e importância dos Agentes de Polícia e Escrivães de Polícia para a sociedade goiana.

É uma desproporcionalidade monstruosa o valor previsto nos subitens acima citados com as atribuições e a natureza de risco dos cargos de Agente e Escrivão Policial que diuturnamente estão sujeitos à morte em defesa da paz social e da ordem pública.

Repisa-se que é inequívoco o direito dos servidores públicos, com fundamento nos objetivos fundamentais do Estado e no inciso XVII do art. 92 c/c inciso II do art. 95 da Carta Política Estadual, a irredutibilidade dos subsídios. Senão, vejamos:

Art. 92. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes do Estado e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, razoabilidade, proporcionalidade e motivação e, também, ao seguinte:

(...)

XVII - os vencimentos e os subsídios dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XII e XV deste artigo e nos arts. 39, §4º, 150, inciso II, 153, inciso III, 153, §2.º, inciso I da Constituição da República;

Art. 95. São direitos dos servidores públicos do Estado, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

(...)

II - irredutibilidade dos vencimentos, proventos ou subsídios, observado o inc. XVII, do art. 92;

A irredutibilidade de subsidio, por seu turno, deve ser compreendida não somente como a vedação à redução do subsidio do servidor público já em atividade, mas também ao veto a toda e qualquer redução de remuneração a quem venha a ocupar o serviço público em cargo com as mesmas atribuições daqueles. Em havendo entendimento contrário, se daria

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 29 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

espaço para que referida garantia constitucionalmente protegida fosse hodiernamente burlada, propiciando que dois servidores que trabalham no mesmo lugar, exercendo as mesmas atividades, tendo as mesmas atribuições, percebam remuneração absurdamente diversa, ignorando o plano de cargos e salários previstos, in casu, na Lei n.º 16.900/2010, bem como ao que consta na Lei Orgânica da Polícia Civil do Estado de Goiás (Lei n.º 16.901/2010).

É certo que existe diferença entre o subsidio devido ao servidor que tenha ingressado na carreira a mais de dois anos, ou mais, haja vista, por exemplo, o instituto da progressão prevista nos arts. 2º e 3º da Lei n.º 16.900/2010. Contudo, efetivar um servidor com o salário de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) - sem os devidos descontos -, com as mesmas atribuições dos que já se encontram na atividade em início de carreira (até então os ocupantes da 3º classe), conforme se depreende da simples leitura dos subitens 2.1.2 e 2.2.2 do edital que se quer anular, é uma gritante afronta ao Estado de Direito e ao ordenamento jurídico pátrio.

Desta feita, tendo em vista a manifesta redução dos subsídios dos policiais e escrivães de Polícia, afrontando, destarte, o princípio da irredutibilidade de subsídios, prevista no artigo 92, inciso XVII, e artigo 95, II, ambos da Constituição do Estado de Goiás, bem como no artigo 37, inciso XV, da Constituição Federal, declaração da equiparação, para todos os efeitos, inclusive salariais, entre os agentes e escrivães de polícia substitutos e os agentes e escrivães de terceira classe, nível I, para que a sociedade goiana seja respeitada, tendo servidores públicos de incontestável importância, como os de Agentes de Polícia e Escrivães de Polícia, percebendo subsídios dignos e condizentes com sua relevância social e atribuições.

3. DOS PEDIDOS:

Ante ao exposto, tendo em vista a inconstitucionalidade da Lei Estadual n.º 19.275, de 28 de abril de 2016, e a discrepância salarial entre servidores que desempenham a mesma função, REQUER o que segue:

a) Seja recebida a presente ação, para conceder, preliminarmente, a tutela provisória de urgência em caráter liminar inaudita altera pars, para que seja suspenso os efeitos da Lei Estadual n.º 19.275, de 28 de abril de 2016, para imediata equiparação, para todos os efeitos, inclusive salariais, entre agentes e escrivães substitutos e agentes e escrivães de terceira classe, nível I, conforme razões acima, até o julgamento do mérito da presente ação;

b) A fixação de multa diária em valor razoável, aplicável em caso de descumprimento das ordens determinadas por Vossa Excelência;

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 30 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

c) A determinação da prisão do Governador do Estado de Goiás, pelo crime de desobediência, aplicável em caso de descumprimento das ordens determinadas por Vossa Excelência;

d) Em caso de entendimento diverso, tendo em vista que a matéria ora debatida trata-se de matéria unicamente de direito, estando estas devidamente e patentemente comprovadas através dos documentos anexos, requer, nos termos do art. 355, inciso I, do Digesto Processual Civil, o julgamento antecipado da lide, dispensando, desde logo, a realização de audiência de conciliação, nos termos do art. 334, §4º, I, e §5º do mesmo diploma legal.

e) A citação do Requerido, na pessoa de seu representante legal, por meio de Oficial de Justiça, para, querendo, contestar o feito no prazo legal, com as advertências dos artigos 242 e 335 do Código de Processo Civil;

f) A citação, também em nome próprio, do Sr. Marconi Ferreira Perillo Júnior, Excelentíssimo Senhor Governador do Estado de Goiás;

g) A intimação do Ministério Público Estadual, nos termos do art.5º, §1º, da Lei n.º 7.347/1985, para se manifestar na condição de custus legis;

h) No mérito, após a devida instrução processual, concessão da tutela ora pleiteada, para:

• A declaração de inconstitucionalidade incidental material da Lei Estadual n.º 19.275 de 28 de abril de 2016, decorrente de manifesto desvio de finalidade da norma, e ainda por ferir: a) o princípio da irredutibilidade de subsídios, prevista no artigo 92, inciso XVII, e artigo 95, II, ambos da Constituição do Estado de Goiás, bem como no artigo 37, inciso XV, da Constituição Federal; b) o princípio da isonomia, uma vez que cria cargos na carreira da Polícia Civil, sem identificar sua função específica, o que levaria a situação de servidores desenvolvendo a mesma função, mas com remuneração distinta, sendo uma muita a aquém da outra; c) os critérios de remuneração estabelecidos nos incisos I, II e III, do §1º, do artigo 94, da Constituição do Estado de Goiás; e d) o direito à aposentadoria, prevista no inciso XVI, do artigo 95, da Constituição do Estado de Goiás, uma vez que ao prolongar a carreira que antes era de 20 anos, para 24 anos, diminuirá a possibilidade de o servidor se aposentar no topo da carreira;

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 31 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

• A declaração da inconstitucionalidade incidental formal da Lei Estadual n.º 19.275 de 28 de abril de 2016, decorrente ausência de discriminação das responsabilidades, atribuições e funções dos cargos ditos criados, em infração aos ditames do §1º, do artigo 94, da Carta Politica Estadual;

• E, em decorrência da inconstitucionalidade da Lei n.º 19.275/2016, a equiparação, para todos os efeitos, inclusive salariais, entre agentes e escrivães substitutos e agentes e escrivães de terceira classe, nível I, devendo ser determinada o pagamento das diferenças salariais retroativas, com as devidas atualizações, deste a data da nomeação de cada servidor público até a data do efetivo pagamento;

i) Seja o Requerido condenado a arcar com as custas e despesas processuais, além dos honorários advocatícios de sucumbência, por Vossa Excelência arbitrados;

j) Que todas as publicações sejam realizadas exclusivamente em nome do advogado BRUNO AURÉLIO RODRIGUES DA SILVA PENA, OAB/GO n.º 33.670.

Protesta o Requerente pela produção de todas as provas em direito admitidas, principalmente prova documental e demais que se fizerem necessárias.

Para os fins do art. 334, §4º, I, do Código de Processo Civil de 2015 e em atenção ao disposto no §5º do mesmo dispositivo, o Requerente manifesta-se pelo desinteresse na realização de audiência de conciliação, visto o caráter da matéria debatida.

Atribui-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para fins meramente legais e fiscais.

Sem mais para o momento, são estes os termos que se aguarda o mais rápido deferimento, para expressão da mais lídima justiça!

Goiânia/GO, 20 de outubro de 2017.

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena

OAB/GO n.º 33.670 (Assinado Digitalmente)

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________ Rua 1, n.º 928 - Ed. Wall Street - Setor Oeste - Goiânia - Goiás - CEP.: 74.115-040 Página | 32 Fone/Fax: (62)3095 4595 - www.brunopena.adv.br - [email protected]

Advogados:

Bruno Aurélio Rodrigues da Silva Pena Karolinne da Silva Santos Pena Camila Dufrayer Coelho Silveira

Camila Gonçalves Galvão Marcos Paulo Alves de Assunção

ANEXOS:

Doc.1 - Procuração;

Doc.2 - Atos constitutivos e documentos pessoais dos outorgantes;

Doc.3 - Lei Estadual n.º 19.275, de 28.04.2016;

Doc.4 - Cópia do Edital n.º 004/2016;

Doc.5 - Guia de custas.

Processo: 5391043.79.2017.8.09.0051

Usuário: Karolinne da Silva Santos - Data: 20/10/2017 18:38:37

GOIÂNIA - 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Ação Civil Pública ( L.E. )

Valor: R$ 1.000,00 | Classificador:

Tribunal de Justiça do Estado de GoiásDocumento Assinado e Publicado Digitalmente em 20/10/2017 18:35:13Assinado por KAROLINNE DA SILVA SANTOSValidação pelo código: 106227703934, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica