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Projetos sociais licenciatura em matemática Ministério da Educação - MEC Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Universidade Aberta do Brasil Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

UAB / IFCE Projetos sociais

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Page 1: UAB / IFCE Projetos sociais

Projetossociaislicenciatura emmatemática

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Ministério da Educação - MEC

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

Universidade Aberta do Brasi l

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

Page 2: UAB / IFCE Projetos sociais

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Universidade Aberta do Brasil

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

Diretoria de Educação a Distância

Fortaleza, CE2011

Licenciatura em Matemática

Projeto Social

Tereza Cristina Valverde Araújo Alves

Page 3: UAB / IFCE Projetos sociais

CréditosPresidenteDilma Vana RousseffMinistro da EducaçãoFernando HaddadSecretário da SEEDCarlos Eduardo BielschowskyDiretor de Educação a DistânciaCelso CostaReitor do IFCECláudio Ricardo Gomes de LimaPró-Reitor de EnsinoGilmar Lopes RibeiroDiretora de EAD/IFCE e Coordenadora UAB/IFCECassandra Ribeiro JoyeVice-Coordenadora UAB Régia Talina Silva AraújoCoordenador do Curso de Tecnologia em HotelariaJosé Solon Sales e SilvaCoordenador do Curso de Licenciatura em Matemática Priscila Rodrigues de AlcântaraElaboração do conteúdoTereza Cristina Valverde Araújo AlvesColaboradorJane Fontes GuedesEquipe Pedagógica e Design InstrucionalAna Claúdia Uchôa AraújoAndréa Maria Rocha RodriguesCarla Anaíle Moreira de OliveiraCristiane Borges BragaEliana Moreira de OliveiraGina Maria Porto de Aguiar VieiraGlória Monteiro Macedo Iraci Moraes SchmidlinJane Fontes GuedesKarine Nascimento PortelaLívia Maria de Lima SantiagoLuciana Andrade RodriguesMaria Irene Silva de MouraMaria Vanda Silvino da SilvaMarília Maia MoreiraMaria Luiza Maia

Equipe Arte, Criação e Produção VisualÁbner Di Cavalcanti MedeirosBenghson da Silveira DantasDavi Cabral de OliveiraErica Andrade FigueiredoFlavio Roberto de Freitas GonçalvesGermano José Barros PinheiroGilvandenys Leite Sales JúniorHommel Almeida de Barros Lima José Albério Beserra José Stelio Sampaio Bastos NetoQuezia Brandão SoutoLarissa Miranda CunhaLuana Cavalcante Crisóstomo Lucas de Brito ArrudaMarco Augusto M. Oliveira Júnior Equipe WebBenghson da Silveira Dantas Fabrice Marc JoyeGisele Pereira dos SantosHerculano Gonçalves SantosLucas do Amaral SaboyaPaulo Henrique Silva MotaRicardo Werlang Samantha Onofre Lóssio Tibério Bezerra SoaresRevisão TextualAurea Suely ZavamNukácia Meyre Araújo de AlmeidaRevisão WebDébora Liberato Arruda HissaSaulo GarciaLogísticaFrancisco Roberto Dias de AguiarVirgínia Ferreira MoreiraSecretáriosBreno Giovanni Silva AraújoFrancisca Venâncio da SilvaAuxiliarBernardo Matias de CarvalhoMaria Tatiana Gomes da SilvaWagner Souto FernandesZuila Sâmea Vieira de Araújo

Page 4: UAB / IFCE Projetos sociais

Valverde, Tereza Cristina. Projeto social / Tereza Cristina Valverde Araújo Alves; Coordenação Cassandra Ribeiro Joye. - Fortaleza: UAB/IFCE, 2011. 53 p. : il. ; 27cm. ISBN 978-85-63953-23-0

1. PRINCÍPIO EDUCATIVO. 2. INSERÇÃO SOCIAL. 3. VULNERABILI-DADE. I. Joye, Cassandra Ribeiro (Coord.). II. Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE. III. Universidade Aberta do Brasil – UAB. IV. Título.

CDD 371.19

V215p

Catalogação na fonte: Islânia Fernandes Araújo (CRB 3 – Nº 917)

Page 5: UAB / IFCE Projetos sociais

SUMÁRIO

AULA 2

AULA 3

AULA 4

Tópico 1

Tópico 2

Tópico 1

Tópico 2

Tópico 3

Tópico 1

Tópico 2

Tópico 3

Tópico 1

Projetos Sociais 7Projetos sociais: direito de ter direitos 8Análise de contexto como estratégia de mobilização

social 13

AULA 1

Dimensão Estrutural: concepções

introdutórias à práxis do projeto social 20Princípios éticos e pedagógicos 21Projetos sociais: um princípio educativo na práxis

da educação profissional 24A construção de um projeto 26

Dimensão Humana 32Práticas socioinclusivas de educação ambiental em

áreas de grande adensamento populacional 33Ação universitária como componente

socioinclusivonas práticas de educação ambiental 36Componentes Metodológicos do Projeto Social 40

Dimensão Técnica 44A dimensão técnica da práxis dos Projetos Sociais 45

Referências 49Currículo 51

Apresentação 6

Page 6: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s6

APRESENTAÇÃOPrezado(a) aluno(a),

A disciplina de Projetos Sociais surgiu como uma necessidade de se fazer uma ponte entre

um currículo acadêmico permeado pelo saberes científicos e tecnológicos e a urgência de

uma leitura crítica do tecido social. A contemporaneidade vem exigindo novas posturas

comportamentais, sobretudo, em relação à ética nas relações sociais e na vida cidadã. O

licenciando traz em si o compromisso de promover práticas socioeducativas que mobilizem

as comunidades de seu entorno, resguardando o protagonismo de seus agentes, bem como

se tornando um dos atores no processo de efetivação do direito democrático.

Uma das condições de inserção na disciplina é entender o seu corpo teórico fundamentado

nos conceitos de cidadania e voluntariado, e, estar aberto a novos desafios que o façam ver

além da superficialidade aparente. Para isso, caro educando, será exigido de você um olhar

introspectivo revelador de suas potencialidades a fim de exercitá-las em prol do “outro” ou dos

“outros” que não conseguem ser vistos pelas políticas públicas de sua cidade.

Mente aberta e vontade de ajudar formarão a base que sustentará seu Projeto Social.

Bons estudos!

Page 7: UAB / IFCE Projetos sociais

7AULA 1

AULA 1 Projetos Sociais

Caro(a) aluno(a),

Nesta aula, discutiremos as formas de organização e participação em trabalhos

sociais protagonizada pelos estudantes universitários no seio das comunidades

com alta demanda de necessidades infraestruturais, permeando em seu

bojo doutrinário orientações voltadas à afirmação da cidadania plena. Nessa

perspectiva, será míster entender que o papel do voluntariado é acima de tudo

um pensar solidário que transforma ideias em planos de ações mobilizadoras e

transformadoras cujo foco seja a promoção da paz e equidade social. Enfim, é um

estar juntos na divisão de um sonho na busca do bem comum.

Page 8: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s8

Iniciaremos a aula formulando a seguinte premissa: todos os homens

nascem livres e iguais em dignidade e direitos, porém, quando andamos

na rua, vemos meninos e adultos moradores de rua, um grande número

de pessoas lavando e cuidando de carros, pedindo esmolas nos semáforos, crianças

vendendo balas etc; à priori, questiona-se, o que essas pessoas têm a ver comigo?

Sua resposta tenderia a recair na perspectiva de que caberia ao poder público

efetivar a inclusão das mesmas no tecido social.

Contudo, tal análise estaria destituída de outras variáveis diretamente

relacionadas à organização de uma sociedade de classes onde apenas uma minoria

de 20% dos mais ricos detêm o equivalente a 80% do nosso Produto Interno Bruto

(PIB), isso equivale ao aumento das desigualdades em todas as esferas administrativas

da nação. As políticas de distribuição de renda, entre outros indicadores, refletem

no cotidiano de nossas cidades, analisando sob uma perspectiva consciente e

cidadã, não se deve ficar insensível diante dessa problemática.

Um movimento da sociedade civil, surgido nas últimas décadas como uma

resposta ao combate dos desníveis sociais, tem sido chamado de TERCEIRO SETOR,

que na definição de Montaña (2005, p.288) pode ser assim expressado:

“é o conjunto de organizações da sociedade civil de direito privado e sem fins

lucrativos que realiza atividades em prol do bem comum. Inclui institutos,

fundações, organizações não governamentais (Ong,s) e as organizações da

sociedade civil de interesse público (OSCIPs)”.

TÓPICO 1 Projetos sociais: direito de ter direitosObjetivO

• Conhecer as formas de organização e participação em

trabalhos sociais

Page 9: UAB / IFCE Projetos sociais

9AULA 1 TÓPICO 1

A cidadania, nesse prisma, equivale a uma participação social plena que

não envolve apenas a exigência de direitos e deveres, mas requer, sobretudo,

engajamento crítico para a criação de propostas norteadoras da democracia e

paz social. Milton Santos (2001, p.141)) traduz este novo momento societário da

seguinte forma:

O novo nasce sem que se perceba. Quase na sombra, o mundo muda de maneira

imperceptível, todavia constante. Neste início de século, temos a consciência de

que estamos vivendo uma nova realidade. As transformações atuais colocam os

homens em permanente estado de perplexidade. A poluição e a desertificação

se alastram, a super-população e as tecno-epidemias etc., tornam o mundo

diverso negativamente. A pobreza e a desigualdade são produtos desta forma

da produção do modo civilizatório capitalista

Saindo do plano da crítica e análise social e enveredando para uma

perspectiva da cultura da paz, e do fim da violência em qualquer de suas dimensões,

encontramos o grande líder tibetano Dalai Lama afirmando que os problemas atuais

são causados por uma falta de ética. O monge faz um apelo para que a sociedade

distancie-se da habitual preocupação com o eu e se volte para a ampla comunidade

de seres com os quais está ligada, adotando uma conduta que reconheça o interesse

dos outros paralelamente ao seu, complementa seu pensamento com a seguinte

frase: “Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e

o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e

principalmente viver”.

O VOLUNTARIADO

Mas afinal o que significa a palavra voluntário?

Etimologicamente, esse termo vem do latim voluntarìu que de acordo com os

conhecidos dicionários da língua portuguesa é a pessoa que se compromete a cumprir

determinada tarefa ou função sem ser obrigada a isso e sem obtenção de qualquer

benefício material em troca.

Assim, ser um voluntário é ter atitude, é encarar a vida de forma a

compartilhar com o outro o que se tem de melhor, é ter consciência de que nossas

ações são consequentes e afetam sobremaneira os outros. Nessa perspectiva, todos

os humanos estão inexoravelmente ligados à natureza e envolvidos na produção

Page 10: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s10

de suas existências. Entretanto, o gesto solidário é uma opção pessoal, é o uso do

livre arbítrio para dividir sonhos na busca de um ideal comum. Na Grécia pré-

socrática, esse ato é chamado de “ ethos”, de onde provém ética, e que significa

originariamente morada. Essa morada se refere à ambiência que é própria ao ser

humano, ao modo em que este ser realiza sua humanidade.

Assim, o envolvimento no trabalho voluntariado é um compromisso

assumido de forma cidadã e comprometido pela luta de uma sociedade com justiça

social e sem pobreza absoluta. Todos têm o direito a uma vida onde a segurança

alimentar, a moradia em áreas salubres, onde o acesso universal a educação

possam ser assegurados indistintamente. É uma nova onda que felizmente vem se

perpetuando no contexto de uma sociedade onde os valores e a ética sejam bens

inalienáveis, superando o caráter de mero assistencialismo e/ou de políticas com

foco compensatório, a ação voluntária, nessa perspectiva, deve ser considerada

uma nova forma comportamental e coletiva que substancialmente se contrapõe a

cultura do individualismo.

Avançando na história moderna, Gomes (2010) aponta que o trabalho

voluntário não é uma descoberta do século XX. No Brasil, ele é desenvolvido desde

1543, remontando à época da criação do primeiro hospital brasileiro, intitulado Santa

Casa de Misericórdia, localizado na capitania de São Vicente, atual Estado de São

Paulo, onde missionárias ligadas à ordem religiosa assumiam encargos filantrópicos

tais como: fornecer alimentos, cuidar da saúde dos desvalidos da sorte, promover

oficinas de trabalho etc., tudo de forma gratuita.

Em vista disso, o caráter religioso continuou sendo o principal precursor das

ações motivadoras do trabalho voluntário. A Igreja Católica, já no século XVII e

XVIII, era quase que exclusiva no papel de assistência social. Hoje, no Brasil, a rede

de voluntariados mobiliza mais de 150 mil integrantes em todo o país, destacando-

se o projeto da Pastoral da Criança.

Ainda segundo Gomes (op.cit), a década de 30, impulsionada pelo governo

de Getúlio Vargas, promove uma política centralizadora transformando o Estado no

maior destinador de recursos para a área social. Durante a ditadura varguista, em

1942, é criada a Legião Brasileira de Assistência (LBA) para coordenar a política

de assistência social do país. Desde o início até sua extinção, no governo Collor, o

órgão foi administrado pelas primeiras - damas.

Mas atualmente, no sentido de normatizar o trabalho do voluntariado, o

Governo Federal sancionou a Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998 (publicada

Page 11: UAB / IFCE Projetos sociais

11AULA 1 TÓPICO 1

no Diário Oficial da União de 19 de fevereiro de

1998), distinguindo-o do trabalho remunerado.

Dessa forma, essa lei vem assegurar práticas de

envolvimento solidário sem está atrelada a fins

econômicos e/ou vínculos empregatícios, cabendo

ao voluntário disponibilizar o tempo e ações que

julgar necessárias a promoção humana. E isso é o

que podemos chamar de cidadania plena.

Mas afinal o que é CIDADANIA?

Essa palavra é muito usada principalmente em épocas

de campanhas eleitorais, mas na realidade, poucos de fato

a entendem e usufruem de seu direito de cidadão. A sua

essência reside no direito de ter uma ideia e poder expressá-

la. É igualdade de acesso aos bens acumulados pela sociedade,

é exercer plenamente seu direito político, é ter uma educação

de qualidade, entre tantos outras garantias constitucionais

editadas na Constituição de 1988.

O artigo 5º da nossa Carta Magna fala sobre os direitos e deveres individuais e

coletivos, diz que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade

do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.

Enfim, cidadania é uma conquista da humanidade. Na história temos inúmeros

exemplos de pessoas que deram sua vida na luta por uma sociedade democrática, você

se lembra dos ideais da Revolução Francesa, cujo lema era Liberdade - Igualdade -

Fraternidade – onde todos os homens eram iguais diante da Lei? Muitos morreram

para conquistar esse ideal para as futuras gerações.

A despeito de termos conquistado uma série de Direitos Sociais, consagrados

na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, aprovado pela Organização

das Nações Unidas (ONU), afirma Dimenstein (1999.p. 30) que democracia é muito

mais que a liberdade de votar e não ser perseguido por suas convicções, o homem

tem direito a uma vida digna.

Existem imensos bolsões de pobreza e a exclusão social permeia o cotidiano

de diversos países, no Brasil, esse cenário não é diferente, temos muito que avançar

em termos de políticas públicas e mobilização da sociedade civil para a legitimação

do direito constitucional de “todos serem iguais perante a Lei”.

s a i b a m a i s !

Saiba mais sobre a LEI Nº 9.608, DE 18 DE

FEVEREIRO DE 1998, que dispõe sobre o serviço

voluntário e dá outras providências no site http://

www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9608.htm

Figura 1 - Exercendo a cidadania

Font

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Page 12: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s12

Como forma de ilustração e objetivando traçar uma linha do tempo no percurso dos Projetos Sociais em nosso País, são destacados abaixo os principais movimentos sociais inclusivos, segundo SESC (2007, p.8-9).

• 1543 - Fundada, na Vila de Santos, a Santa Casa de Misericórdia• 1908 - A Cruz Vermelha chega ao Brasil• 1910 - O Escotismo se estabelece no país, com o objetivo de “ajudar o

próximo em toda e qualquer ocasião”• 1961 - Surge a Apae – Associação de Pais e Amigos de Excepcionais • 1983 - É criada a Pastoral da Criança, para combater a mortalidade

infantil • 1993 - Betinho cria a Ação da Cidadania Contra a Miséria e pela Vida,

que organiza a sociedade para combater a fome• 1995 - Criação do Programa Comunidade Solidária, para tentar se

adequar às exigências do moderno voluntariado. • 1997 - São Criados os Centros de Voluntariado no país • 1998 - É promulgada a Lei 9.608, que dispõe sobre as condições do

serviço voluntário • 2001 - Ano Internacional do Voluntário / Comitê Nacional

Vejam que ações solidárias sempre existiram e sempre irão ocorrer, pois

sempre haverá pessoas e instituições cujo interesse maior é Servir..., não se

importando com dificuldades e/ou barreiras que certamente aparecem ao longo do

caminho. Podemos convir que, quando se tem o ideal de uma sociedade igualitária

e que cuida de seus cidadãos, todo esforço é compensador, você concorda? No

próximo tópico, faremos uma breve análise do contexto socioeconômico brasileiro

que servirá de embasamento a futuras práticas de intervenções socioinclusivas.

Page 13: UAB / IFCE Projetos sociais

13AULA 1 TÓPICO 2

TÓPICO 2 Análise de contexto como estratégia de mobilização socialObjetivO

• Compreender o papel de mobilização de diversos

setores da sociedade civil, também chamado de

Terceiro Setor, no combate às desigualdades sociais

e na promoção de práticas socioinclusivas

Uma das grandes lições do século XX foi o legado científico e

tecnológico que delegou ao homem certa supremacia no domínio

da natureza e de todas as formas de vida. Avanços nas tecnologias

da informação e comunicação em áreas como a robótica, biotecnologia aplicada

à produção de alimentos, telemática, mecatrônica industrial, nanotecnoclogia,

entre outras conquistas tecnológicas, permitiram-no superar as dificuldades de

sobrevivência e o acesso ao consumo de bens supérfluos. Não obstante a todas essas

riquezas, a humanidade não conseguiu acabar com as desigualdades de classes

sociais e nem se desvencilhar das amarras burocráticas e ideologias impostas pelo

poder político ao longo de diversos séculos.

Xavier (2010, p.6), no jornal Diário do Nordeste, Caderno de Política, explicita

essa difusão da seguinte maneira:

No século XXI, o grande desafio é a busca de respostas para a questão social.

Sabemos que o crescimento econômico é necessário; mas não suficiente, porque

o desenvolvimento deve estar relacionado à melhoria da qualidade de vida e,

como defende Amartya Dem: “deve ser visto como um processo de expansão

das liberdades reais que as pessoas desfrutam”. Como o social não é apenas

o somatório de ações individuais coordenadas por uma estrutura impessoal

chamada mercado.

Nessa perspectiva, a ação de diversos atores que compõem a esfera societária

precisa somar esforços visando à diminuição dos processos de exclusão vivenciados

Page 14: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s14

por um imenso contingente populacional em todas as partes do planeta, alijados

do acesso à água potável, moradia, seguridade social, atendimento aos serviços de

saúde, educação, conforme já salientado no tópico 1.

CIDADANIA, UM DIREITO DE TODOS: REALIDADE OU UTOPIA?

Será que em uma sociedade tão estratificada como a nossa é possível pensar

em condições iguais para todos? Essa indagação figura na cabeça de toda pessoa

que esteja efetivamente engajada na luta por uma sociedade justa e igualitária, e

não são poucas, acredite!

Observe a figura 2.

Qual o primeiro pensamento que vem a sua cabeça?

Pensar na realidade brasileira e especialmente da região nordeste é ter clareza

do enorme abismo social que precisa ser equacionado a fim de garantir condições

de vida sustentável à geração atual e futura. É promover políticas públicas de

investimento com vistas ao atendimento das necessidades infraestruturais,

tais como: saneamento básico, moradias populares, postos de saúde, escolas,

equipamentos de lazer, projeto urbanístico que privilegie áreas verdes, enfim,

ações que proporcionem às cidades nordestinas padrão de qualidade ambiental e

de vida compatíveis as regiões mais ricas do país.

Atendidas as condições acima de forma satisfatória, ainda assim

continuaríamos a necessitar de bens que atendam aos nossos interesses de ordem

cultural e de apropriação de conhecimentos, afinal não devemos nos esquecer de

que vivemos em uma época onde o volume de informações dobra a cada segundo.

Por exemplo, será que a população de nosso estado e cidade tem acessibilidade às

tecnologias tão presentes no mundo globalizado?

Font

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Figura 2 - Os menos favorecidos

Page 15: UAB / IFCE Projetos sociais

15AULA 1 TÓPICO 2

Essas e outras indagações invariavelmente nos remetem a pensar em

desenvolvimento, tendo por base o local que vivemos e produzimos nossas

existências, esse local é o nosso bairro, nossa rua, nossa vizinhança. A partir disso,

considerar que podemos conceber que homens, mulheres, crianças e idosos são

cidadãos que possuem direitos garantidos constitucionalmente. Não raro, a mídia

(veículos de comunicação) retrata as discriminações de gênero (homem-mulher),

classe social, grupos sociais de forma atenuada e/ou enviesada, camuflando a

realidade das pessoas desfavorecidas e dos contrastes sociais.

Nesse sentido, o direito social se constitui num mecanismo de conquista

e operacionalização das políticas públicas que as instituições sociais doravante

chamadas de Terceiro Setor vêm implementando na perspectiva de propiciar, aos

menos favorecidos, a criação de redes de engajamento popular na resolução de

amplos problemas que o Primeiro Setor (Governo) não consegue minimizar, nessa

perspectiva, formas colaborativas de promoção e redução das desigualdades são

estimuladas objetivando o protagonismo social.

Nos últimos anos, a despeito da política de distribuição de renda do Governo

Federal, têm-se agravado o problema de desemprego no país, principalmente para

a juventude. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE, 2000) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), metade

do desemprego nacional está concentrado em pessoas de 15 a 24 anos. A falta de

oportunidade de emprego para os jovens acarreta o grave problema da ociosidade a

qual são submetidos sem opção de escolha.

Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA, 2003, p.5)) a

situação de empregabilidade dos jovens é devida:

“As transformações recentes da esfera do trabalho acentuam as dificuldades

de ingresso e permanência no mercado de trabalho para uma ampla parcela de

trabalhadores, especialmente para os jovens. Historicamente, este segmento

enfrenta uma posição desfavorável no mercado de trabalho, afetado pelo trabalho

precário, menor ingresso e permanência e maiores taxas de desocupação [ver

Latelier (1999) e Jacinto (1998)]. As altas taxas de desemprego entre os jovens

constituem um obstáculo à passagem de status, identidade e responsabilidade

da vida adulta. Segundo Pochmann (2000), os dados novos da situação juvenil

brasileira são o tamanho e o perfil de desemprego juvenil, assim como o

aumento do “desassalariamento” e das ocupações precárias.

Page 16: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s16

Não se pode esquecer, ainda, que a desigualdade do Brasil é uma das maiores

do mundo. O denominado “Índice Gini” é um indicador que mede a concentração

de renda e/ou de qualquer aspecto medidor de riqueza. Quanto mais próximo de

1 (um), pior a distribuição de renda. O Brasil alcançou em 2004 o valor de 0,535

(embora tenha reduzido nos últimos anos, pois era de 0,571 em 2001).

A exclusão do mercado de trabalho, por exemplo, a dificuldade de acesso ao

lazer, educação e saúde, atinge principalmente, os jovens pobres, e isso se agrava

se esse jovem for negro. A situação das mulheres também reflete indicadores nada

favoráveis, quer sejam eles relacionados ao mercado de trabalho, onde há diferenças

salariais notórias a favor dos homens no exercício de funções equivalentes às das

mulheres, quer relacionadas ao preocupante aumento da violência doméstica que

abrange todas as classes sociais, mais notadamente nas classes menos favorecidas, e

que originou uma categoria de análise intitulada

a “feminização da pobreza”.

O termo vulnerabilidade também é

empregado na análise de risco decorrente de

determinados processos sociais e que conduzem

a um evento potencialmente adverso, uma

incapacidade de resposta e uma inadequada

adaptação das pessoas para a nova situação. Por

exemplo, a perda do emprego pode acarretar

para uma pessoa ou família em uma perda de

status ou a vivenciar uma situação de carências,

desde a alimentar até a cultural.

A noção de vulnerabilidade é particularmente útil porque exprime várias

situações: identificar grupos que estão em situação de risco social, grupos que

devido a padrões comuns de conduta têm probabilidade de sofrer algum evento

danoso, identificar grupos que compartilham algum atributo comum e por isso são

mais propensos a problemas similares. No quadro abaixo são elencados indicadores

da desigualdade de gênero e pobreza:

v o c ê s a b i a?

A feminização da pobreza é um termo adotado pela

organização da ações unidas na 40º sessão da sua

comissão jurídica e social da mulher(1996) para

indicar o fato de que 70% das 1,5 bilhão de pessoas

do planeta que vivem e situação de extrema miséria

(menos de 1 dólar por dia) são mulheres.

Indicadores Mulheres Homens

Trabalho mundial realizado (produtuvo

+ reprodutivo + comunitário

64% 85%

Page 17: UAB / IFCE Projetos sociais

17AULA 1 TÓPICO 2

Diante do exposto, não é prematuro concluir que enormes mudanças no

cenário mundial estão a exigir da sociedade nova forma de articulação dos grupos

sociais. Entre essas intervenções, configuram-se as redes sociais onde a meta

estabelecida é o “empoderamento” das lideranças comunitárias em prol da garantia

de seus direitos civis. Nesse sentido, as participações junto aos conselhos gestores

governamentais na mesa de discussão é um passo importante na elaboração de

políticas públicas consoantes ás reais necessidades de suas comunidades.

É nesta interface que o Terceiro Setor aparece como possibilidade de

fortalecimento das bases locais, ampliando suas condições de participação no

cenário sociopolítico, econômico e educacional ao municiar os agentes comunitários

(ou líderes) na implementação de ações comprometidas com o bem estar social.

UMA FORÇA PROPULSORA MOVIDA POR JOVENS UNIVERSITÁRIOS

MUDANDO A FACE DE POBREZA DA REGIÃO.

Em 1993, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, criou a Ação da Cidadania

contra a Miséria e pela Vida, movimento que teve repercussão nacional ao ser

divulgada na mídia impressa e televisa. Durante sete meses, a Ação já havia

arrecadado 500 toneladas de alimentos, através de 30 mil voluntários em 3 mil

comitês espalhados pelo Brasil.

Este grande enfrentamento contra a miséria visava mitigar a fome de pessoas

carentes, o projeto social encabeçado por Betinho serviu de referência a outros

similares em todo o país, a atitude solidária foi replicada até mesmo em outros

Propriedade dos meios de produção

10% 90%

Cúpula do poder formal 9% 91%

População pobre 70% 30%

População analfabeta 2/3 1/3

Quadro 1: Indicadores de desigualdade de gênero e pobrezaFonte: Relatório da ONU, 1995/96, Disponível em www.redemulher.org.br/desigual.htm

Salários em circulação

Salário para o mesmo tipo de trabalho no Brasil é um dos piores do mundo, colocando o país em

123º colocado nesse quesito - esse dado veio piorando constante-mente nos últimos três anos.

Page 18: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s18

países como exemplo de mobilização popular, despertando a consciência cidadã

e de luta por melhores condições de vida. É relevante pontuar, também, que a

proliferação de trabalhos voluntários abrange diversos setores e segmentos da

sociedade, desde entidades que já desenvolviam ações filantrópicas e comunitárias

até as instituições universitárias.

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, no início do

novo milênio, institui a disciplina de Projetos Sociais como componente curricular

de caráter obrigatório em todos os seus cursos de nível superior. A referida

disciplina concorre de forma incisiva para a formação integral dos alunos dos

cursos superiores visto que propicia leituras, reflexões e práticas consoantes ao

exercício da cidadania.

Uma das ideias centrais que emerge das leituras e reflexões é que uma mudança

na estrutura social vigente, marcada pela desigualdade, passa inevitavelmente pelo

interesse e participação política, além de uma alteração na lógica de distribuição

dos resultados nas atividades produtivas.

A contribuição para a reversão desse quadro significa, antes de tudo, tornar-

se um sujeito da própria história e um ser humano solidário, o que pressupõe uma

postura que se afasta do individualismo, e que abre mente, corpo e espírito para

um programa de vida que inclui tempo para a gratuidade. Isso durante toda a vida!

Esse paradigma curricular vai ao encontro da missão da instituição

consagrada no princípio:

Produzir, disseminar e aplicar os conhecimentos científicos e tecnológicos na

busca de participar integralmente da formação do cidadão, tornando-a mais

completa, visando sua total inserção social, política, cultural e ética (IFCE,

2015)

Essa formação envolve a percepção do papel do técnico e tecnólogo frente aos

desafios do mundo hodierno, tais como: a preservação do meio ambiente, constituição

de uma sociedade mais justa e igualitária, a eticidade nas suas relações pessoais.

Para alcançar esses objetivos, as práticas pedagógicas e a missão educacional

são focadas nos valores da cooperação e solidariedade, tratados em temas como:

identidade planetária, a educação da vida na dimensão da integralidade; a

formação sociopolítica do discente, enquanto ser de relações consigo mesmo, com

os outros seres humanos e com a natureza; a educação capaz de nutrir no educando

a preocupação e cuidados com a natureza (equilíbrio do ecossistema) e, finalmente,

Page 19: UAB / IFCE Projetos sociais

19AULA 1 TÓPICO 2

uma educação comprometida efetivamente com os princípios da sociabilidade

humana e da ética, enquanto práxis de libertação.

Com base nos pressupostos acima, na próxima aula, iremos detalhar o perfil

de uma práxis socioeducativa como componente curricular, nesse ponto, abrimos

um parêntesis para destacar que o IFCE foi a primeira instituição a nível de Estado

a pautar diretrizes inclusivas como metas nas linhas de ensino, pesquisa e extensão.

Page 20: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s20

AULA 2 Dimensão Estrutural: concepções introdutórias à práxis do projeto social

Caro(a) aluno(a),

Abrimos esta aula fazendo uma reflexão sobre a prática de projeto social em que

a ação espontânea de algumas pessoas mobiliza uma rede de convivência onde

“todos podem caber” (FREIRE, In: GADOTTI, 2004).O ato solidário necessita de

ações sistematizadas cuja análise de contexto das áreas vulneráveis é condição

essencial para o sucesso de uma ação socioinclusiva. É com essa perspectiva

que convidamos você, caro (a) aluno (a), a conhecer as bases que irão subsidiá-

lo na construção de Projetos Sociais focados no despertar de uma consciência

libertadora e preocupada com as condições socioambientais do entorno de

moradia. A partir desse posicionamento, veremos que é possível interagir com

comunidades carentes, implementando estratégias de melhoria das condições

de vida e cobrando políticas públicas sociais que de fato atendam aos interesses

e necessidades comuns. Bem, chegou a hora de iniciarmos essa aventura na

busca de uma sociedade onde os espaços de liberdade e participação possam

ser garantidos a todos. Vamos começar?

Page 21: UAB / IFCE Projetos sociais

21AULA 2 TÓPICO 1

Acreditamos que a “ação solidária” ou o “gesto solidário” não seja

característica e/ou aptidão inata apenas de pessoas especiais,

tais como Madre Tereza de Calcutá, Gandhi, Chico Mendes,

Betinho, Francisco Xavier, Zilda Arns e tantos outros, que consagraram suas vidas

ao atendimento de pessoas menos favorecidas, promovendo não só uma melhoria

substantiva em suas vidas, mas também lhes dando condições de buscar os meios

necessários para atingi-la.

A consciência cidadã e, consequentemente, o comprometimento social

também podem ser construídos via currículo escolar centrado na panorâmica social

e nos respectivos problemas de um contexto globalizado. A “co-responsabalidade”

e “cidadania”, nessa ótica, são norteadores de uma práxis escolar crítica.

A prática educativa nas suas diversas etapas de escolarização, ao

oportunizar o aluno o conhecimento local e global das desigualdades sociais e

das ações antrópicas sobre o meio ambiente, permitirá que ele faça uma leitura

menos individualista sobre seu papel dentro de uma coletividade, cujos valores

humanos sejam baseados na solidariedade, fraternidade, ética e indignação frente

às injustiças sociais.

Segundo Martineli (1992), vivemos em tempos violentos, críticos e

desesperados. Isso de fato concorre para certa apatia da sociedade frente à resolução

de suas necessidades vitais. Nesse contexto, pensar em uma cultura cujo norte

seja o resgate de valores, atitude, ética, comportamentos e estilo de vida menos

TÓPICO 1 Princípios éticos e pedagógicosObjetivO

• compreender os princípios éticos e pedagógicos na con-

strução do projeto social

Page 22: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s22

competitivo e desigual irá requerer uma nova práxis educacional e política, que

visem substancialmente à reeducação dos cidadãos com vistas a postular o resgate

de direitos e deveres negados por uma sociedade excludente.

No cenário nacional e internacional, a mídia nos fornece dados sobre

tragédias que vêm maltratando a sociedade e diariamente retrata o escancarado

retrato da pobreza no país e no mundo, enquanto a sociedade globalizada trata de

emoldurá-lo sem piedade. O percentual de cidadãos sem direito a uma vida digna

aumenta consideravelmente. Estudos promovidos pela academia e instituições de

pesquisa enumeram as consequências desse cenário de exclusão social e o aumento

exponencial da violência, desemprego, moradia em áreas de risco, degradação

ambiental etc. Abaixo, a figura 1 ilustra uma noção de como acontece essa

desigualdade social no que diz respeito às condições de moradia e necessidades

primeiras como infraestrutura de saneamento básico nos bairros.

Figura 1: A desigualdade social

Então? Você percebeu como há certa proximidade geografia entre as duas

situações apontadas na foto? Mesmo assim, veja que isso não impede a desigualdade

de condições estruturais do local. As soluções apontadas passam necessariamente

por vários caminhos, dentre eles, citamos a educação, juntamente com a família,

podem formar um “tecido” complexo capaz de gerar uma consciência solidária

e cidadã. A instituição escolar, ao fornecer ao aluno condições de realizar sua

inserção no contexto de áreas, cuja demanda e vulnerabilidade sejam acentuadas,

o mobiliza a sair de seu mundo individual e particularizado para levá-lo a uma

reflexão sobre a condição humana e o processo civilizatório.

Em janeiro de 2001, realizou-se em Porto Alegre a 1ª. edição do Fórum Social

Mundial (FSM) que constitui um grande movimento mundial pela cidadania planetária,

em defesa do direito universal à educação e formas livres de participação popular.

Font

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Page 23: UAB / IFCE Projetos sociais

23AULA 2 TÓPICO 1

Uma das grandes novidades do milênio tem sido o movimento histórico-

social provocado pelo aparecimento das Organizações Não Governamentais

(ONG´s), associações e entidades populares lutando pelos direitos conquistados e

por novos direitos em boa parte do mundo, particularmente no Brasil.

Nessa perspectiva de uma práxis educativa integrada e crítica surge a

proposta dos Projetos Sociais, inserida no currículo escolar do IFCE, em seus

dois níveis: Educação Básica e Educação Superior, cuja finalidade é agregar no

educando competências cognitivas, habilidades laborais, bem como uma formação

ética e cidadã.

Essa formação envolve a percepção do aluno frente aos desafios do mundo

hodierno, tais como a preservação do meio ambiente, constituição de uma sociedade

mais justa e igualitária e atenta ás maiores dificuldades das grandes metrópoles.

Para alcançar esses objetivos, as práticas pedagógicas devem estar focadas nos

valores da cooperação e solidariedade, bem como em conteúdos programáticos

cujos temas sejam permeados pela discussão da condição humana, das relações do

educando com outros seres humanos e com a natureza, criando-se uma educação

capaz de levá-lo á autonomia enquanto práxis libertadora.

Neste tópico foram destacadas contribuições de diversas instâncias da

sociedade civil, com destaque as instituições escolares. No próximo, focalizaremos

as ações sociais como princípio educativo no Instituto Federal de Educação

Tecnológica do Ceará.

Page 24: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s24

TÓPICO 2 Projetos sociais: um princípio educativo na práxis da educação profissionalObjetivO

• inserir em ações promotoras de desenvolvimento

social como proposta curricular

Este tópico retrata um pouco sobre a filosofia pedagógica que

permeia a disciplina de Projetos Sociais no IFCE, e sobre o grau de

importância que a mesma assume na transformação do educando

ao longo de sua preparação profissional, ensejando torná-lo um cidadão crítico e

atuante no contexto societário.

Tudo começa em sala de aula onde a análise da estrutura macro e

microeconômica e social possibilita aos educandos uma visão da complexidade

das áreas urbanas de maior vulnerabilidade. O mapeamento das debilidades e

potencialidades locais determina elencar estratégias de intervenções que foquem

na dignidade dos que vivem em situação de pobreza e os levem a se tornar agentes

e principais interlocutores do processo de construção de sua cidadania.

Daí a percepção coletiva de que o desenvolvimento do projeto social se faz

numa conjunção de esforços, ou melhor, numa rede interdisciplinar da qual a

Instituição escolar é apenas um de seus componentes, caso contrário, incorrer-se-ia

na falsa presunção que cabe apenas uma das partes, no caso a Instituição escolar,

a responsabilidade pela deflagração e continuidade do processo de melhoria das

condições sociais.

É relevante pontuar ainda que o tempo de “salvador da pátria” não se aplica

num contexto globalizador que pressupõe redes de informações permanentemente

interligadas e dependentes, seria ingenuidade pensar numa proposta de intervenção

social dissociada da comunidade a ser assistida, tal percepção redundaria na

Page 25: UAB / IFCE Projetos sociais

25AULA 2 TÓPICO 2

descontinuidade das políticas socioinclusivas não permitindo sua efetividade junto

ao público a quem se destina.

A intencionalidade de uma proposta socialmente inclusiva necessita ser

concretizada por meio de uma metodologia de projeto que no tópico a seguir você

irá conhecer.

Page 26: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s26

TÓPICO 3 A construção de um projeto

ObjetivO

• entender os passos metodológicos para elaboração

de um projeto social

Como já foi sinalizado anteriormente, a construção de um projeto social

irá requerer por parte do voluntário requisitos que vão além da vontade

de ajudar. Muitos projetos “recheados” de boa intencionalidade

fracassam por não deixar claro os passos de uma metodologia ou por não determinar o

mapeamento prévio das reais necessidades da clientela a ser atendida.

Há dois elementos-chave de um projeto:1. o sujeito que irá agir na ação solidária e 2. o público pelo qual a ação será destinada.

O trabalho voluntário constitui-se em atividade realizada de forma espontânea,

sem fins lucrativos, ou seja, uma doação de si mesmo transformada em tempo e

conhecimentos em prol do bem comum. Não é preciso ter uma habilidade específica

para realizá-lo. Benefícios podem ser conquistados por quem o pratica, a exemplo

do bem-estar pessoal e da aquisição de novas habilidades, contudo devem ser uma

decorrência natural que envolve a ação, e não seu principal objetivo. Para o público

atendido, representa a oportunidade de serem contempladas pelo “terceiro setor”

necessidades geralmente não atendidas pelas políticas públicas governamentais.

Aproveitamos para esclarecer que propostas e ações de um Projeto Social não

têm a finalidade de substituir o papel do estado em suas obrigações sociais, porém,

à medida que o cidadão percebe a falta de valorização de seus direitos garantidos

constitucionalmente, passa a agir de forma mais crítica na defesa e implementação deles.

Page 27: UAB / IFCE Projetos sociais

27AULA 2 TÓPICO 3

PASSOS METODOLÓGICOS DE UM PROJETO SOCIAL

O manual adotado nas Organizações das Nações Unidas – ONU (1984) –

apresenta a seguinte definição de projeto: “é um empreendimento planejado que

consiste num conjunto de atividades inter-relacionadas e coordenadas, com o fim

de alcançar objetivos específicos, dentro dos limites de um orçamento e de um

dado período de tempo”.

Essa definição, contudo, não contempla integralmente a dimensão totalizante

de uma ação social, pois, para isso, há de ser levado em consideração o requisito

“disponibilidade do voluntário”, sua intencionalidade e condições de ordem

física e material para a realização de práticas socioinclusivas. Fundamentalmente,

um bom projeto social deverá ter como observância um planejamento de caráter

inovador, cujo objetivo inerente seja a transformação da realidade, conforme

ilustra diagrama abaixo:

Diagrama1: Processo social sistêmico

Tendo o objetivo bem definido, didaticamente, iremos apresentar os passos

a serem seguidos para a elaboração de um Projeto social. A sequência apresentada

não está diretamente relacionada ao grau de importância de cada passo para o

processo, e sim busca estabelecer algumas hierarquias básicas, tais como:1. Formulação da ideia solidária2. Mapeamento e estudo da área a ser atendida3. Articulação da comunidade com as lideranças locais4. Levantamento das necessidades da comunidade5. Planejamento estratégico das ações6. Construção de um plano de metas7. Controle e análise dos planos de metas8. Avaliação dos resultados.

Page 28: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s28

1. Formulação da ideia

A ação voluntária normalmente é concebida pela percepção de uma

realidade caótica em que não se visualizam ações efetivas de solução. A partir daí,

o voluntário é movido em parte pelo espírito solidário de natureza intrínseca e em

parte por uma consciência cidadã desenvolvida no seio de sua educação familiar e

pela escola cuja natureza é extrínseca. A partir da conjugação desses dois fatores, e

dependendo das oportunidades que o meio proporciona, a ação é desencadeada. A

ideia solidária sempre está associada ao interesse e disponibilidade do voluntário

na execução da ação.

2. mapeamento e estudo da área a ser atendida

Envolve a articulação não apenas do voluntário, como também, mais

substantivamente, da instituição pelo qual se encontra envolvido (ONGs,

Associações, Instituições sociais e educativas etc.). O estudo das fragilidades e

potencialidades do local possibilita uma ação de intervenção mais consistente e

direcionada às reais necessidades apresentadas.

3. articulação com as lideranças locais

O planejamento horizontalizado de fluxo dinâmico oferece clareza aos agentes

envolvidos (comunidade e voluntariado) sobre os níveis de responsabilidade

e comprometimento dos envolvidos em suas respectivas funções, permitindo

flexibilidade no redirecionamento das metas traçadas, tornando uma ação mais

consistente e articulada em prol do desenvolvimento competente do trabalho de

caráter colaborativo.

4. levantamento das necessidades da comunidade

Este passo consiste primeiramente na inserção do voluntário na localidade

objeto de intervenção. Através de uma pesquisa qualitativa, caracterizada como

pesquisa-ação, os alunos irão metodologicamente registrar todas as fases e as

interações existentes nos grupos comunitários e sua capacidade resolutiva frente

aos problemas gerais existentes. A percepção sobre o grau de empoderamento das

lideranças na luta pelos interesses coletivos, existência de parcerias institucionais dos

mais diversos tipos e finalidades na localidade, tornam-se essencial no cumprimento

das metas a serem traçadas. Reitera-se, dessa forma, sobre a importância da coleta e

Page 29: UAB / IFCE Projetos sociais

29AULA 2 TÓPICO 3

sistematização de dados como “inputs” necessários à construção de uma proposta

de projeto social integrada à perspectiva do público-alvo.

5. planejamento estratégico das ações e/ou diagnóstico situacional

Não existe um modelo padrão de projeto social. Sua elaboração e delineamento

irão depender das especificidades do público e da localidade no qual ele deverá

ser implementado e isso necessariamente implicará em ajustes e monitoramentos

constantes. Uma ferramenta consistente para a formulação de um diagnóstico

situacional é a “análise SWOT” – Strenghts (Fortaleza), Weaknesses (Fraqueza),

Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças), destacado abaixo no diagrama 2:

Diagrama 2: Análise SWOT

A análise interna consiste no mapeamento dos recursos materiais e humanos

disponíveis para a viabilização do projeto social. Nessa etapa, a clareza, objetividade,

senso da realidade são fatores essenciais para o sucesso da ação inclusiva. A priori,

a identificação desses recursos pode objetivar uma super-dimensionalidade dos

pontos fortes e/ou uma subdimensionalidade das fraquezas da organização, por

isso que essa etapa estratégica necessita ser avaliada cuidadosamente.

Page 30: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s30

A fase da análise externa tampouco é menos relevante para o sucesso do

planejamento, pois nela estão inclusas as parcerias interinstitucionais, o diferencial

criativo das propostas socioinclusivas, o envolvimento dos agentes, a originalidade

na busca de soluções frente aos desafios impostos, quer de natureza física (ambiente

natural) quer de ordem social (tensões sociais, as políticas públicas, a conjuntura

local e global), enfim, toda a sorte de fatores e/ou condições que podem impactar

favorável e desfavoravelmente nas metas traçadas.

6. construção de um plano de metas

Logo após serem analisados os fatores previstos na etapa do planejamento

estratégico, segue-se o delineamento das metas a curto, médio e longo prazo,

devendo ser mensuradas de acordo com suas especificidades. Essa etapa nos

remete diretamente aos resultados esperados e aos mecanismos de controle das

variáveis que possam afetar o alcance dos objetivos traçados, portanto devem

ser necessariamente quantificadas. A título de exemplo, sinalizamos tal atitude:

conceber e implantar, a partir do 2º semestre letivo de 2010, programas e oficinas

de educação ambiental na comunidade do Pirambu que atendam a turmas de até

25 participantes.

7. controle e análise dos planos de metas

O acompanhamento efetivo das diversas áreas de atuação dos agentes

promotores da ação socioinclusiva e de suas interações permitirá a realimentação

dos avanços obtidos e as correções necessárias às decisões e ações, em busca de

melhores resultados institucionais. Este é um desafio da responsabilidade de todos

que integram o projeto, podendo ser focadas nas seguintes estratégias:1. Monitoramento das ações dirigidas à comunidade alvo2. Acompanhamento das metas traçadas e orientação das ações efetivadas

mediante reuniões programadas 3. Apoio técnico às lideranças locais 4. Elaboração de relatórios bimestrais 5. Atuação como facilitador de ações e interlocuções necessárias para

viabilizar as metas traçadas no planejamento estratégico.

Page 31: UAB / IFCE Projetos sociais

31AULA 2 TÓPICO 3

8. avaliação dos resultados

Deve obedecer a uma lógica contínua durante toda a execução das ações,

não devendo ficar restrita apenas ao final do projeto. A avaliação periódica revela

a preocupação do voluntário em empreender todos os esforços necessários à

otimização dos resultados esperados, conduzindo-o ao aperfeiçoamento constante

das metas traçadas na sua fase inicial quando ele tinha apenas uma visão parcial da

problemática a ser trabalhada. Por fim, a avaliação sistemática e processual torna-se

a ferramenta-chave para o sucesso do planejamento.

Pensar em cada um desses elementos irá contribuir significativamente

para o sucesso da ação solidária. Acreditamos que uma preparação prévia e um

conhecimento da realidade com qual você, aluno (a), irá trabalhar é condição

indispensável na sua interlocução com a comunidade, promovendo na mesma

uma rede voltada para interesses comuns e bem estar social. Para sua reflexão,

apresentamos uma experiência descrita no texto em anexo por Gilda Maria Lins

de Araújo e Maria José de Matos Luna, realizada em escola pública cuja proposta

é uma cultura para paz.

Page 32: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s32

AULA 3 Dimensão Humana

Caro(a) aluno(a),

Esta aula tem como finalidade demonstrar o percurso metodológico de práticas

sócio inclusivas com foco na educação ambiental, efetivado por alunos do

IFCE, tendo como área de intervenção o município de Caucaia, na localidade de

Soledade, caracterizada por um forte adensamento populacional, e, considerada

área de risco por estar situada às margens do rio Ceará, um dos principais do

estado. A execução do projeto teve como referencial a disciplina de Projetos

Sociais, subsidiando com as bases teóricas e práticas as ações direcionadas ao

desenvolvimento humano integrada à sustentabilidade ambiental.

Page 33: UAB / IFCE Projetos sociais

33AULA 3 TÓPICO 1

A proposta levada a cabo teve como meta a formação universitária

que refletisse, através do currículo escolar, as desigualdades

que secularmente marcaram a região nordeste cujos reflexos

significativos são representados pelo atraso educacional e pelos déficits

socioeconômicos do Estado. A interface academia e sociedade inevitavelmente

passa pelo interesse na superação das graves desigualdades sociais e na proposição

de estudos direcionados à criação de políticas públicas concatenadas aos interesses

coletivos. Um currículo universitário que institui na sua práxis valores e atitudes

éticas, técnicas e compromisso com a cidadania garantem ao educando um

engajamento mais consistente e crítico em prol de uma sociedade mais justa.

Nessa perspectiva, a capacitação de pessoas da comunidade e seu

empoderamento nas questões que lhe são pertinentes se constituem uma ferramenta

importante de organização social e de fomento a uma economia solidária. A

metodologia e/ou a operacionalização do projeto partiu dessa premissa para uma

análise prévia da área a ser trabalhada ao se mapear as demandas comunitárias

e característica geográfica da localidade, selecionando pontos mais sensíveis à

intervenção planejada.

Com esta finalidade, elaborou-se as interfaces definidas no planejamento

contemplando dois momentos importantes: convocação das lideranças locais que

subsidiaram com seu conhecimento tácito o detalhamento da problemática local

existente e as metas a serem direcionadas às suas reais demandas, bem como, na busca

TÓPICO 1 Práticas socioinclusivas de educação ambiental em áreas de grande adensamento populacionalObjetivO

• Demonstrar o mapeamento metodológico utilizado para a

realização de um Projeto Social por meio de um estudo de

caso

Page 34: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s34

de parcerias com distintos segmentos da sociedade (poder público, setor privado,

Terceiro setor etc) no enfrentamento das dificuldades constatadas. Os indicadores

de avaliação de resultados foram sistematizados por meio de registros e formulários

padronizados de acompanhamento e reuniões com os agentes envolvidos.

FUNDAMENTAÇÃO DO PROJETO

Práticas socioinclusivas, em áreas de grande adensamento populacional,

se inserem como prática acadêmica voltada a promover uma melhor qualidade

de vida e sustentabilidade socioambiental no seio de comunidades cujo perfil

seja evidenciado por problemas de ocupação irregular em área de risco, ou seja,

imprópria à habitação humana. Os indicadores educacionais e econômicos também

são evidenciados no momento de seleção das mesmas pelo projeto em causa.

O envolvimento desses agentes universitários preliminarmente envolve o

contato com as lideranças, em seguida, o mapeamento das debilidades existentes,

escolha de metodologias participativas que enfatizem a importância do envolvimento

dos beneficiários e demais atores durante todo o desenvolvimento do projeto.

O sucesso da intervenção, ou seja, a efetividade de sua contribuição para a

solução ou melhoria da situação-problema enfrentada, depende da compreensão e

do consentimento dos atores sociais envolvidos quanto aos propósitos do projeto,

e, consequentemente, do empenho dos mesmos

na concretização de seus objetivos. Isso só é

possível – de uma maneira ética – a partir da

participação efetiva dos atores sociais – em

especial dos beneficiários – em todo o processo

de desenvolvimento do projeto desde sua

elaboração até a avaliação de seus impactos.

A efetividade de toda e qualquer ação

transformadora percorre em um primeiro plano

pelo envolvimento e comprometimento de todos

os agentes envolvidos, e assinalaríamos como

destaque o convívio harmonioso com o ambiente natural que os circundam, ações

de sustentabilidade ambiental tem de ser previstas e devem ser parte integrante

de todo e qualquer planejamento, sobretudo, sua inserção como práxis educativa

no cotidiano de famílias carentes, geralmente mais vulneráveis a ações antrópicas

e suas consequências danosas. O protagonismo social, nesse sentido, se reveste por

v o c ê s a b i a?

Sustentabilidade é uma forma de pensamento

sistêmico, relacionado com a continuidade

dos aspectos econômicos, sociais, culturais e

ambientais da sociedade humana.

F o n t e : h t t p : / / p t . w i k i p e d i a . o rg / w i k i /

Sustentabilidade

Page 35: UAB / IFCE Projetos sociais

35AULA 3 TÓPICO 1

uma ação coletiva voltada para mudanças nos códigos de postura na utilização dos

recursos naturais e na convivência cidadã.

A adoção da pesquisa-ação como metodologia de campo foi a que melhor

permitiu conhecer as necessidades da comunidade eleita para a amostra,

representando indicadores com baixo índice de Índice de Desenvolvimento

Social de Resultado (IDS-O), no ano de 2006, que alcançou o percentual de 0,456,

ocupando a 54ª posição em relação a outros municípios do estado referente ao nível

educacional. (IPECE,2008).

Esse mapeamento e zoneamento permitiram determinar as estratégias de

intervenção conduzidas pelos estudantes universitários que elaboraram um plano

de ação prevendo a realização de oficinas, cursos básicos de informática, palestras

diversificadas com foco nos grupos etários e nas necessidades reais demandadas.

A avaliação dos resultados teve por base os relatórios de periodicidade semestral,

elaborados pela equipe coordenadora do projeto, detalhando os avanços obtidos pelas

comunidades assistidas, detecção dos problemas existentes e reelaboração de propostas

voltadas à otimização das metas. As instituições parceiras tiveram suas logomarcas

identificadas no material educativo na divulgação do apoio oferecido.

Page 36: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s36

TÓPICO 2 Ação universitária como componente socioinclusivonas práticas de educação ambiental

ObjetivO

• Caracterizar a localidade estudada destacando seu

mapeamento e especificidades geográficas e socio-

econômicas por meio de pesquisa-ação

Você conhecerá agora uma ação solidária feita na comunidade

chamada de Soledade, pertencente ao município de Caucaia/CE. Este

projeto foi intitulado Ação Universitária Como Componente Sócio-

Inclusivo nas Práticas de Educação Ambiental, tendo como a diretriz básica fomentar

no educando uma visão crítica da realidade social, através de sua inserção no seio de

comunidades carentes, buscando-se a intervenção planejada e sistêmica nas formas

colaborativas de organização social e de economia solidária. A proposta de intervenção

social foi fundamentada nos seguintes pressupostos: gestão própria - realizada pelo

IFCE através do programa de extensão universitária, viabilizado pelo oferecimento da

disciplina de projetos sociais; e gerenciamento, condução e avaliação do programa de

extensão pelos professores e alunos, estabelecendo parcerias institucionais (empresas,

terceiro setor, órgão públicos etc).

A viabilização do trabalho socioinclusivo teve o currículo escolar como eixo

integrador, o que certamente favoreceu a percepção do futuro tecnólogo e licenciado

na busca de respostas aos desafios do mundo hodierno, tais como: a preservação do

meio ambiente, constituição de uma sociedade mais justa e igualitária, a eticidade na

construção de suas relações pessoais e profissionais etc.

Nessa perspectiva, o IFCE, por meio de sua missão educacional, tem a proposta

de privilegiar uma preparação profissional que contemple o homem em sua totalidade,

Page 37: UAB / IFCE Projetos sociais

37AULA 3 TÓPICO 2

percebendo-o como ser crítico, reflexivo e integrado no contexto sócio político e

cultural, capaz de agir com independência e espírito empreendedor numa sociedade

em constantes mudanças macroestruturais.

Em decorrência desta posição acadêmica, adotou-se como prerrogativa a

transferência de informações e a troca de saberes vivenciados pelos discentes em

ações de extensão como estratégia importante no gerenciamento das atividades

socioinclusivas.

Acreditava-se, também, que todos que integram este processo ajudem na

veiculação de ideias e propostas voltadas à conscientização, consequentemente numa

mudança de paradigma frente ao uso e exploração do meio ambiente, favorecendo

melhores condições de vida no planeta.

Por fim, teve-se como entendimento que o IFCE, ao estabelecer seu compromisso

social de melhorar os índices educacionais e sociais da região e estado há exatamente

10 anos, fez ciente de sua potencialidade em termos de recursos humanos e cabedal

científico e tecnológico em prol de mudanças significativas na paisagem e nas condições

de vida de comunidades situadas em seu perímetro geográfico, assumindo, dessa

forma, o pioneirismo em trabalhos voluntários dentre as instituições superiores de

ensino da capital cearense. Passaremos agora a fazer o detalhamento da área escolhida

em seus aspectos histórico, geográfico e econômico.

CARACTERIZAÇÃO DO MUNICIPIO DE CAUCAIA – CE

A escolha do município de Caucaia se deve à proximidade de Fortaleza e

constituir a região metropolitana dessa capital, agrega-se a este fator a facilidade

de mobilidade de alguns alunos envolvidos no projeto morarem na localidade,

contribuindo para um melhor conhecimento das necessidades da população e dos

déficits infraestruturais existentes.

Caucaia é a cidade mais próxima da capital, distando 16 km em linha reta com

sua sede a uma altitude de 29,91 metros acima do nível do mar, esse município é mais

acidentado do que plano. Começam nele as elevações que vão constituir o cordão

central do estado do Ceará. É um dos municípios cearenses mais ricos em lagoas

permanentes. Os rios de Caucaia, entretanto, caracterizam-se por serem temporários,

como é o caso do riacho Tapeba. Sua principal via fluvial é o rio Ceará, que corta o

município em sua maior extensão, dirigindo-se de sudoeste a nordeste, com um curso

de aproximadamente 50 km.

Page 38: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s38

UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE CAUCAIA

O ano de sua criação data de 1759, toponímia - Denominação de aldeia indígena.

Etimologicamente significa Mato Queimado ou Vinho Queimado, Gentílico – Caucaiense.

O município de CAUCAIA foi um dos primeiros núcleos populacionais do estado do

Ceará. Seu povoamento teve início quando chegaram ali os jesuítas Luís Figueiras e

Francisco Pinto, encarregados, pela Carta Régia de 22 de outubro de 1735, de iniciar

na região uma segunda tentativa de colonização. Homens afeitos à catequese, os padres

da Companhia de Jesus, conseguiram aldear os índios “caucaias”, transformando-os

em amigos e auxiliares em sua missão. Abaixo, na figura 1, você pode analisar o mapa

dessa cidade apresentados e conferir maiores detalhes da situação geográfica.

Font

e: c

auca

ia.c

e.go

v.br

Figura 1 - Mapa de Caucaia/CE

Page 39: UAB / IFCE Projetos sociais

39AULA 3 TÓPICO 2

AS PRIMEIRAS POPULAÇÕES

A história dos grupos locais onde hoje vivem os índios Tapeba relaciona-se

às mudanças recentes nas formas de apropriação fundiária anteriormente obtida no

Tapeba e no Paumirim - tidos como locais tradicionais de habitação deles. Os Tapeba

não conheceram apenas uma única modalidade de apropriação fundiária e uso dos

recursos naturais disponíveis. Partindo dos dados da historiografia disponível, que

caracteriza uma situação de instabilidade, no século passado, quanto à destinação das

terras dos extintos aldeamentos indígenas, poderiam caracterizar a situação dos Tapeba

como o produto de dois resultados históricos distintos, geralmente encontrados em

áreas de colonização antiga: (1) a desagregação de domínios territoriais pertencentes

à igreja, onde tenham passado a prevalecer formas de uso comum, onde a “santa”

(Nª Sª dos Prazeres) apareceria como proprietária; e (2) a perda da posse de eventuais

domínios titulados, que teriam sido entregues formalmente a grupos indígenas sob a

forma de doação ou em retribuição a serviços prestados ao Estado.

A área em que hoje se situa o município de Caucaia e vivem os Tapeba esteve

relacionada ao trânsito das populações aborígenes que ali habitaram antes e depois da

chegada dos primeiros colonizadores, e à conquista e ao povoamento pelos europeus

(franceses, holandeses e portugueses) do que hoje é a costa cearense. Isso faz com

que se sustente hoje a tese de que os Tapeba sejam o resultado de um lento processo

de individuação étnica dos contingentes indígenas originários (Potiguara, Tremembé,

Cariri e Jucá) reunidos sob a autoridade da administração colonial.

O grupo autóctone acima caracterizado constituiu-se uma das cinco etnias

oficialmente reconhecidas pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI) no estado. O

município integra a área metropolitana de Fortaleza, um dos principais portões do

turismo litorâneo do estado, viabilizado pelo projeto Polo Ceará Costa do Sol, que se

estende por aproximadamente 191 km de costa a oeste de Fortaleza.

Page 40: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s40

TÓPICO 3 Componentes Metodológicos do Projeto Social

ObjetivO• Desenvolver uma metodologia de trabalho socio-

inclusico com base nas demandas da localidade

Soledade no Município de Caucaia

INTRODUÇÃO

A escolha de um percurso metodológico é um dos passos mais

importantes para a realização de um projeto, qualquer que

seja o seu alcance. Desse modo, a escolha de procedimentos

como a análise do local, as formas de melhor intervir contando com a ajuda do

público a ser assistido e o compartilhamento de decisões devem ser pensados de

forma comprometida e integrada a finalidades do que se propõem a executar. Nos

parágrafos abaixo será demonstrado pari passo cada um desses momentos.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foi adotada a pesquisa de campo no mapeamento das áreas do município

com características de vulnerabilidade social, buscando-se trabalhar categorias

referentes à degradação ambiental e renda per capita inferior a dois salários

mínimos cujas amostras estivessem inseridas no mercado informal e formal de

emprego. Foram selecionados dois grupos representados por corte de faixa etária: • 6 a 14 anos. • Maiores de 14 anos.

No desenvolvimento das estratégias metodológicas, foram considerados 4

momentos assim representados:

1° momento

Sistematização de encontros quinzenais tendo como interface colaborativa

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41AULA 3 TÓPICO 3

as lideranças locais, alunos do IFCE na gestão e condução dos trabalhos. Nos

encontros foram pensadas propostas de cunho socioeducativo e de capacitação

profissional tendo as seguintes temáticas como eixo integrador: Educação

ambiental e protagonismo social; Sociedade do conhecimento e da informação

(Tic´s); Utilização dos recursos naturais de forma sustentável; Economia solidária

promovida pelos APL´s (Arranjos Produtivos Locais) e Medidas mitigadoras a

impactos ambientais negativos.

2°. momento

Desenvolvimento de um curso de capacitação profissional em 2 módulos: O 1º

constituído de parte teórica sobre práticas socioeducativas e ambiental inclusivas,

com carga horária do módulo de 20 horas/aulas.

O 2° módulo instrumental realizado constitui-se de oficinas em áreas

específicas tais como: vassoura ecológica, artesanatos, fabricação de produtos de

limpeza domésticos, hortas comunitárias, customização de roupas e informática

básica. Terá uma carga horária de 40 horas/aula.

3° momento

Realização de práticas socioeducativas tendo com público alvo crianças de

6 a 12 anos, contemplando oficinas de arte (pintura, desenho, teatro e música)

trabalhando-se com a temática da conscientização e preservação ambiental, foram

utilizados materiais reciclados para a confecção de objetos e utilitários.

Programação da campanha Limpeza das Praias, em parceria com a SEMACE

(Secretaria Estadual do Meio Ambiente), visando destacar a importância da coleta

seletiva e formas de acondicionamento do lixo doméstico. A indicação das cores

referentes a cada tipo de material a ser reciclado.

4°. momento

Tem por meta a divulgação dos trabalhos desenvolvidos nas oficinas por meio

de feiras expositivas na localidade de outros locais de ampla circulação, tais como:

shoppings, supermercados, praças públicas etc. Buscou-se parcerias com empresas

portadoras do selo verde e que tinham em sua missão o foco da responsabilidade

social-ambiental. A meta central foi possibilitar á comunidade assistida formas

alternativas de sustentabilidade econômica com a criação e instalação de pequenos

núcleos produtivos locais com potencialidade de autogestão.

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Pro je tos Soc ia i s42

DESCRIÇÃO DO PÚBLICO ALVO• População caracterizada pelo desemprego e pelo subemprego com

renda per capta inferior a dois salários mínimos.• Área urbana impactada socioambientalmente.• Núcleos comunitários desarticulados no alcance de políticas públicas

de seu interesse.

PLANO DE METAS

Ações socioinclusivas com foco na capacitação profissional ministradas para

um público em torno de 150 pessoas sem limite de escolaridade e com faixa etária

acima de 15 anos.

A sistematização de 4 minicursos e palestras socioeducativas.

Resultados esperados em torno de 75% de participação do público alvo.

AVALIAÇÃO DAS METAS

Os resultados foram medidos com base nas anotações das fichas de observação

e nos encontros quinzenais onde se buscou a compatibilização das ações propostas

às demandas da comunidade, formas colaborativas e interface com as lideranças

locais como principal norteador das metas planejadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considera-se que a ideia desse projeto tem o caráter processual e permanente,

independentemente de gestão ou política escolar, insere-se como princípio

educativo norteando a práxis curricular e, de certa forma, constituindo-se numa

DISCRIMINAÇÃO2006 2007 (1)

Nº % Nº %

Total 313.584 100,00 316.906 100,00

Urbana ... ... ... ...

Rural ... ... ... ...

Homens 154.583 49,30 ... ...

Mulheres 159.001 50,70 ... ...

Quadro 1: Estimativa da População – 2006 - 2007Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (1) Contagem da População 2007.

Inclusive a população estimada nos domicílios fechados. Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

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43AULA 3 TÓPICO 3

política educacional cuja marca registrada é a oferta da educação profissional de

qualidade, compromisso social que o Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia, instituição centenária, tem com seu

estado, sua região e com o seu país.

Sendo assim, o aluno incorpora à sua

formação profissional valores éticos e de

responsabilidade com o outro, que, sem dúvida, o

fará diferente, incitando-o a buscar uma sociedade

que respeite o meio ambiente, a diversidade ética,

pluralismo de ideias e a paz mundial.

A prática social solidária e participativa tornar-se um imperativo ético

para aqueles que creem nas possibilidades do ser humano, que sonham com um

mundo de paz, justiça e fraternidade. As políticas de governo têm uma grande

responsabilidade pela educação daqueles que não têm voz, que não sabem que têm

direitos, dos excluídos, da nossa sociedade injusta. Na percepção da crise sombria

em que vivemos, temos o dever de buscar algo maior que dê sentido de luta para

a vida e pela construção de uma sociedade onde todos tenham acesso aos bens

materiais e imateriais acumulados pela humanidade.

at e n ç ã o !

No ambiente Moodle (Aula 3, Tópico 3),

você conhecerá alguns exemplos de Plano de

Atividades.

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Pro je tos Soc ia i s44

AULA 4 Dimensão Técnica

Caro(a) aluno(a),

A Aula 4 tem como proposta apresentar, de forma prática, a estrutura básica da

construção de um anteprojeto, que tem como eixo norteador o desenvolvimento

de ações sociais em comunidades consideradas vulneráveis no aspecto social

e no ambiental. Para isso, cada passo da idealização socioinclusiva tem de ser

pensada metodologicamente para que nada possa ser esquecido e os objetivos

finais possam ser alcançados com êxito.

Ao longo das aulas passadas, foi possível conhecer o embasamento teórico e

filosófico que permeou a construção da disciplina Projetos Sociais, agora em

diante, cabe a você, caro (a) aluno (a), fazer a diferença na busca e efetivação de

uma sociedade onde todos tenham dignidade de vida.

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45AULA 4 TÓPICO 1

A sistematização de toda e qualquer medida voltada para a

transformação no espaço social implica em considerar a dimensão

técnica, ou seja, o modus operandi em que a ação socioinclusiva

irá se desenvolver. A competência exigida do voluntário irá requerer não apenas

ênfase no planejamento e na operacionalização do projeto social, mas, sobretudo a

fase de avaliação.

Outro dado importante na implementação do Projeto Social é o conceito

de “vulnerabilidade social”. Há diversas formas de identificação desse termo

relacionadas a questões de trabalho, moradia, saúde, escolar etc. Na prática

de campo, o aluno pode encontrar uma ou mais dessas categorias envolvidas,

evidentemente que uma solução definitiva dos déficits implica numa conjugação

de esforços onde o poder público tem a sua maior parcela de responsabilidade.

Nesse sentido, o que estaríamos expressando como categoria de

vulnerabilidade está em concordância com Castell (1997, p. 19) ao assinalar:

[...] a vulnerabilidade social é uma zona intermediária instável que conjuga a

precariedade do trabalho e a fragilidade dos suportes de proximidade. Se ocorrer

algo como uma crise econômica, o aumento do desemprego, a generalização

do subemprego, a zona de vulnerabilidade dilata-se, avança sobre a zona de

integração e elimina a desfiliação. Os estudos sobre vulnerabilidade social,

especialmente os que se aplicam à realidade dos países menos desenvolvidos,

estão associados também à idéia de risco frente ao desemprego, à precariedade

do trabalho, à pobreza e à falta de proteção social.

TÓPICO 1 A dimensão técnica da práxis dos Projetos SociaisObjetivOs

• Apresentar os instrumentos de execução da práxis dos projetos

sociais

• Apresentar um template de anteprojeto como ferramenta de

registro e planejamento das ações sociais

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Pro je tos Soc ia i s46

O enfrentamento desta categoria de subdesenvolvimento deve ser encarado

numa dimensão ética pautada por uma visão crítica do planejador, capaz de

questionar, a todo momento, a intencionalidade das ações, os resultados efetivos

de modo a contribuir para a transformação das reais condições evidenciadas na

localidade e anseios do público-alvo

Tendo-se como princípio norteador o desenvolvimento e práticas voltadas

à transformação de uma sociedade mais equânime, passaremos agora a especificar

o instrumental técnico necessário para a realização do projeto social. Por isso,

torna-se importante realizar o registro e inventário das demandas detectadas das

comunidade-alvo e discriminar as fases de acompanhamento e avaliação da proposta

de intervenção. Essa fase é conhecida como a dimensão comunicativa do projeto,

nela estão inseridos os seguintes passos:• Identificar a comunidade e/ou Instituição (Nome, endereço, telefone,

site, nome do coordenador e/ou líder etc.)• Mapear necessidades e/ou demandas do grupo a ser assistido.• Justificativa (O porquê do projeto e sua abrangência) • Especificar os objetivos a serem atingidos.• Metodologia a ser utilizada.• Descrição das atividades a serem desenvolvidas.• Previsão do número de pessoas a serem atendidas.• Recursos materiais e humanos.• Interface (Possíveis apoios institucionais e/ ou de pessoas físicas). • Cronograma• Anexos

A fim de melhor exemplificar cada um desses itens, apresentamos

detalhadamente as bases em que cada um deles devem estar assentados, para isso,

os dividimos em 4 momentos.

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47AULA 4 TÓPICO 1

ETAPAS DO PROJETO DE APLICAÇÃO

1º momento

Desenvolver a ideia solidária• Mapeamento ou sondagem da área social a ser trabalhada (bairro, rua,

escola etc).• Contacto com a liderança local ou instituição que será o elo entre

alunos + comunidade.• Apresentação de propostas previamente delineadas, conjugando-as

com as necessidades da comunidade.• Levantamento dos recursos e possíveis parcerias.

2º momento - colocando no papel a ideia solidária Dados de identificação do projeto social• Nome da Instituição, ONG`S, escolas, associações etc.• Endereço, telefone, site, email etc.• Nome da liderança local e/ou pessoa de contato.• Número de pessoas a serem atendidas no projeto.Descrição da ação a ser desenvolvida • Nome da atividade.• Objetivos a serem atingidos.• Justificativa (Relevância do projeto).• Desenvolvimento (Detalhamento das ações ).• Cronograma (Previsão temporal).• Recursos materiais e humanos.• Interfaces (Possíveis parcerias e/ou patrocínios)..

3º momento - etapa de implementação

• Após o contato inicial com a comunidade, deverá ser apresentado o projeto social e seu detalhamento.

• Estabelecer com o público a ser atendido uma sinergia de propósitos, buscando-se uma ação participativa e colaborativa.

• Mostrar-se sempre acessível a uma readaptação do projeto original.

• Incentivar as intervenções e/ou atitudes de colaboração por parte da comunidade envolvida.

at e n ç ã o !

Após compromisso assumido com o público, é

preciso zelar pela sua implementação, lembre-se

de que foi gerada uma expectativa e ela precisa

ser honrada.

Page 48: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s48

4º momento - relatório simpliFicado

Dados de identificação do projeto • Nome da Instituição e/ou comunidade, endereço, telefone, site etc.• Nome do projeto desenvolvido.• Nome da liderança local, telefone etc. • Número de pessoas atendidas.• Descrição das principais atividades.• Cronograma• Avaliação de suas expectativas no desenvolvimento do projeto.• A avaliação de seu trabalho junto ao público assistido é fundamental

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49REFERÊNCIAS

REFERÊNCIASBRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Aspectos Conceituais da Vulnerabilidade Social-Convênio MTE – DIEESE, 2007.

BRASIL . Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Contagem da População Inclusive a população estimada nos domicílios fechados, 2007.

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IFCE. Visão, missão e valores do IFCE. Disponível em: <http://www.ifce.edu.br/instituicao/visao-missao-e-valores.html>. Acesso em: 17 nov 2015.

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MARTINELLI, Marilu. Conversando sobre Educação em Valores Humanos. São Paulo: Peirópolis, 1999.

MONTAÑO, Carlos. Terceiro setor e questão social: crítica ao padrão emergente de

Page 50: UAB / IFCE Projetos sociais

Pro je tos Soc ia i s50

intervenção social. 3. ed. – São Paulo: Cortez, 2005. 288p.

O MODELO DA ANÁLISE S.W.O.T. Acesso em: <portal2.tcu.gov.br/.../BTCU_ESPECIAL_30_de_14_12_2010_Análise_ SWOT_e_Diagrama_.pdf>.

REDEMULHER. Desigualdade de Gênero. Disponível em: <www.redemulher.org.br/desigual.htm>.

SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. 2. ed. – São Paulo: Record, 2001. 473p.

SESC. Serviço Social do Comércio. Manual do voluntário: mesa brasil. Rio de Janeiro: SESC, Departamento Nacional, 2007.

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XAVIER, Antonio Roberto. Jornal Diário do Nordeste. Caderno de Política. 2010, p.6.

Page 51: UAB / IFCE Projetos sociais

51CURRÍCULO

CURRÍCULOTereza Cristina Valverde Araújo Alves

Doutora em Geografia, Mestre em Gestão em negócios Turísticos, especialista nas áreas

de Educação Profissional, Metodologia Superior e Tecnologia Educacional. Professora do

IFCE nas áreas de Licenciatura nas modalidades presencial e a distância nas disciplinas de

Políticas educacionais, Metodologia científica e Projetos Sociais. Integrante dos grupos de

pesquisas com foco em Informática educativa e Educação ambiental.

Page 52: UAB / IFCE Projetos sociais

Projetossociaislicenciatura emmatemática

LIC

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CIA

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EM

MA

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TIC

A - P

RO

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5

Ministério da Educação - MEC

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

Universidade Aberta do Brasi l

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará