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Projetossociaislicenciatura emmatemática
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Ministério da Educação - MEC
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Universidade Aberta do Brasi l
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Universidade Aberta do Brasil
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
Diretoria de Educação a Distância
Fortaleza, CE2011
Licenciatura em Matemática
Projeto Social
Tereza Cristina Valverde Araújo Alves
CréditosPresidenteDilma Vana RousseffMinistro da EducaçãoFernando HaddadSecretário da SEEDCarlos Eduardo BielschowskyDiretor de Educação a DistânciaCelso CostaReitor do IFCECláudio Ricardo Gomes de LimaPró-Reitor de EnsinoGilmar Lopes RibeiroDiretora de EAD/IFCE e Coordenadora UAB/IFCECassandra Ribeiro JoyeVice-Coordenadora UAB Régia Talina Silva AraújoCoordenador do Curso de Tecnologia em HotelariaJosé Solon Sales e SilvaCoordenador do Curso de Licenciatura em Matemática Priscila Rodrigues de AlcântaraElaboração do conteúdoTereza Cristina Valverde Araújo AlvesColaboradorJane Fontes GuedesEquipe Pedagógica e Design InstrucionalAna Claúdia Uchôa AraújoAndréa Maria Rocha RodriguesCarla Anaíle Moreira de OliveiraCristiane Borges BragaEliana Moreira de OliveiraGina Maria Porto de Aguiar VieiraGlória Monteiro Macedo Iraci Moraes SchmidlinJane Fontes GuedesKarine Nascimento PortelaLívia Maria de Lima SantiagoLuciana Andrade RodriguesMaria Irene Silva de MouraMaria Vanda Silvino da SilvaMarília Maia MoreiraMaria Luiza Maia
Equipe Arte, Criação e Produção VisualÁbner Di Cavalcanti MedeirosBenghson da Silveira DantasDavi Cabral de OliveiraErica Andrade FigueiredoFlavio Roberto de Freitas GonçalvesGermano José Barros PinheiroGilvandenys Leite Sales JúniorHommel Almeida de Barros Lima José Albério Beserra José Stelio Sampaio Bastos NetoQuezia Brandão SoutoLarissa Miranda CunhaLuana Cavalcante Crisóstomo Lucas de Brito ArrudaMarco Augusto M. Oliveira Júnior Equipe WebBenghson da Silveira Dantas Fabrice Marc JoyeGisele Pereira dos SantosHerculano Gonçalves SantosLucas do Amaral SaboyaPaulo Henrique Silva MotaRicardo Werlang Samantha Onofre Lóssio Tibério Bezerra SoaresRevisão TextualAurea Suely ZavamNukácia Meyre Araújo de AlmeidaRevisão WebDébora Liberato Arruda HissaSaulo GarciaLogísticaFrancisco Roberto Dias de AguiarVirgínia Ferreira MoreiraSecretáriosBreno Giovanni Silva AraújoFrancisca Venâncio da SilvaAuxiliarBernardo Matias de CarvalhoMaria Tatiana Gomes da SilvaWagner Souto FernandesZuila Sâmea Vieira de Araújo
Valverde, Tereza Cristina. Projeto social / Tereza Cristina Valverde Araújo Alves; Coordenação Cassandra Ribeiro Joye. - Fortaleza: UAB/IFCE, 2011. 53 p. : il. ; 27cm. ISBN 978-85-63953-23-0
1. PRINCÍPIO EDUCATIVO. 2. INSERÇÃO SOCIAL. 3. VULNERABILI-DADE. I. Joye, Cassandra Ribeiro (Coord.). II. Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE. III. Universidade Aberta do Brasil – UAB. IV. Título.
CDD 371.19
V215p
Catalogação na fonte: Islânia Fernandes Araújo (CRB 3 – Nº 917)
SUMÁRIO
AULA 2
AULA 3
AULA 4
Tópico 1
Tópico 2
Tópico 1
Tópico 2
Tópico 3
Tópico 1
Tópico 2
Tópico 3
Tópico 1
Projetos Sociais 7Projetos sociais: direito de ter direitos 8Análise de contexto como estratégia de mobilização
social 13
AULA 1
Dimensão Estrutural: concepções
introdutórias à práxis do projeto social 20Princípios éticos e pedagógicos 21Projetos sociais: um princípio educativo na práxis
da educação profissional 24A construção de um projeto 26
Dimensão Humana 32Práticas socioinclusivas de educação ambiental em
áreas de grande adensamento populacional 33Ação universitária como componente
socioinclusivonas práticas de educação ambiental 36Componentes Metodológicos do Projeto Social 40
Dimensão Técnica 44A dimensão técnica da práxis dos Projetos Sociais 45
Referências 49Currículo 51
Apresentação 6
Pro je tos Soc ia i s6
APRESENTAÇÃOPrezado(a) aluno(a),
A disciplina de Projetos Sociais surgiu como uma necessidade de se fazer uma ponte entre
um currículo acadêmico permeado pelo saberes científicos e tecnológicos e a urgência de
uma leitura crítica do tecido social. A contemporaneidade vem exigindo novas posturas
comportamentais, sobretudo, em relação à ética nas relações sociais e na vida cidadã. O
licenciando traz em si o compromisso de promover práticas socioeducativas que mobilizem
as comunidades de seu entorno, resguardando o protagonismo de seus agentes, bem como
se tornando um dos atores no processo de efetivação do direito democrático.
Uma das condições de inserção na disciplina é entender o seu corpo teórico fundamentado
nos conceitos de cidadania e voluntariado, e, estar aberto a novos desafios que o façam ver
além da superficialidade aparente. Para isso, caro educando, será exigido de você um olhar
introspectivo revelador de suas potencialidades a fim de exercitá-las em prol do “outro” ou dos
“outros” que não conseguem ser vistos pelas políticas públicas de sua cidade.
Mente aberta e vontade de ajudar formarão a base que sustentará seu Projeto Social.
Bons estudos!
7AULA 1
AULA 1 Projetos Sociais
Caro(a) aluno(a),
Nesta aula, discutiremos as formas de organização e participação em trabalhos
sociais protagonizada pelos estudantes universitários no seio das comunidades
com alta demanda de necessidades infraestruturais, permeando em seu
bojo doutrinário orientações voltadas à afirmação da cidadania plena. Nessa
perspectiva, será míster entender que o papel do voluntariado é acima de tudo
um pensar solidário que transforma ideias em planos de ações mobilizadoras e
transformadoras cujo foco seja a promoção da paz e equidade social. Enfim, é um
estar juntos na divisão de um sonho na busca do bem comum.
Pro je tos Soc ia i s8
Iniciaremos a aula formulando a seguinte premissa: todos os homens
nascem livres e iguais em dignidade e direitos, porém, quando andamos
na rua, vemos meninos e adultos moradores de rua, um grande número
de pessoas lavando e cuidando de carros, pedindo esmolas nos semáforos, crianças
vendendo balas etc; à priori, questiona-se, o que essas pessoas têm a ver comigo?
Sua resposta tenderia a recair na perspectiva de que caberia ao poder público
efetivar a inclusão das mesmas no tecido social.
Contudo, tal análise estaria destituída de outras variáveis diretamente
relacionadas à organização de uma sociedade de classes onde apenas uma minoria
de 20% dos mais ricos detêm o equivalente a 80% do nosso Produto Interno Bruto
(PIB), isso equivale ao aumento das desigualdades em todas as esferas administrativas
da nação. As políticas de distribuição de renda, entre outros indicadores, refletem
no cotidiano de nossas cidades, analisando sob uma perspectiva consciente e
cidadã, não se deve ficar insensível diante dessa problemática.
Um movimento da sociedade civil, surgido nas últimas décadas como uma
resposta ao combate dos desníveis sociais, tem sido chamado de TERCEIRO SETOR,
que na definição de Montaña (2005, p.288) pode ser assim expressado:
“é o conjunto de organizações da sociedade civil de direito privado e sem fins
lucrativos que realiza atividades em prol do bem comum. Inclui institutos,
fundações, organizações não governamentais (Ong,s) e as organizações da
sociedade civil de interesse público (OSCIPs)”.
TÓPICO 1 Projetos sociais: direito de ter direitosObjetivO
• Conhecer as formas de organização e participação em
trabalhos sociais
9AULA 1 TÓPICO 1
A cidadania, nesse prisma, equivale a uma participação social plena que
não envolve apenas a exigência de direitos e deveres, mas requer, sobretudo,
engajamento crítico para a criação de propostas norteadoras da democracia e
paz social. Milton Santos (2001, p.141)) traduz este novo momento societário da
seguinte forma:
O novo nasce sem que se perceba. Quase na sombra, o mundo muda de maneira
imperceptível, todavia constante. Neste início de século, temos a consciência de
que estamos vivendo uma nova realidade. As transformações atuais colocam os
homens em permanente estado de perplexidade. A poluição e a desertificação
se alastram, a super-população e as tecno-epidemias etc., tornam o mundo
diverso negativamente. A pobreza e a desigualdade são produtos desta forma
da produção do modo civilizatório capitalista
Saindo do plano da crítica e análise social e enveredando para uma
perspectiva da cultura da paz, e do fim da violência em qualquer de suas dimensões,
encontramos o grande líder tibetano Dalai Lama afirmando que os problemas atuais
são causados por uma falta de ética. O monge faz um apelo para que a sociedade
distancie-se da habitual preocupação com o eu e se volte para a ampla comunidade
de seres com os quais está ligada, adotando uma conduta que reconheça o interesse
dos outros paralelamente ao seu, complementa seu pensamento com a seguinte
frase: “Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e
o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e
principalmente viver”.
O VOLUNTARIADO
Mas afinal o que significa a palavra voluntário?
Etimologicamente, esse termo vem do latim voluntarìu que de acordo com os
conhecidos dicionários da língua portuguesa é a pessoa que se compromete a cumprir
determinada tarefa ou função sem ser obrigada a isso e sem obtenção de qualquer
benefício material em troca.
Assim, ser um voluntário é ter atitude, é encarar a vida de forma a
compartilhar com o outro o que se tem de melhor, é ter consciência de que nossas
ações são consequentes e afetam sobremaneira os outros. Nessa perspectiva, todos
os humanos estão inexoravelmente ligados à natureza e envolvidos na produção
Pro je tos Soc ia i s10
de suas existências. Entretanto, o gesto solidário é uma opção pessoal, é o uso do
livre arbítrio para dividir sonhos na busca de um ideal comum. Na Grécia pré-
socrática, esse ato é chamado de “ ethos”, de onde provém ética, e que significa
originariamente morada. Essa morada se refere à ambiência que é própria ao ser
humano, ao modo em que este ser realiza sua humanidade.
Assim, o envolvimento no trabalho voluntariado é um compromisso
assumido de forma cidadã e comprometido pela luta de uma sociedade com justiça
social e sem pobreza absoluta. Todos têm o direito a uma vida onde a segurança
alimentar, a moradia em áreas salubres, onde o acesso universal a educação
possam ser assegurados indistintamente. É uma nova onda que felizmente vem se
perpetuando no contexto de uma sociedade onde os valores e a ética sejam bens
inalienáveis, superando o caráter de mero assistencialismo e/ou de políticas com
foco compensatório, a ação voluntária, nessa perspectiva, deve ser considerada
uma nova forma comportamental e coletiva que substancialmente se contrapõe a
cultura do individualismo.
Avançando na história moderna, Gomes (2010) aponta que o trabalho
voluntário não é uma descoberta do século XX. No Brasil, ele é desenvolvido desde
1543, remontando à época da criação do primeiro hospital brasileiro, intitulado Santa
Casa de Misericórdia, localizado na capitania de São Vicente, atual Estado de São
Paulo, onde missionárias ligadas à ordem religiosa assumiam encargos filantrópicos
tais como: fornecer alimentos, cuidar da saúde dos desvalidos da sorte, promover
oficinas de trabalho etc., tudo de forma gratuita.
Em vista disso, o caráter religioso continuou sendo o principal precursor das
ações motivadoras do trabalho voluntário. A Igreja Católica, já no século XVII e
XVIII, era quase que exclusiva no papel de assistência social. Hoje, no Brasil, a rede
de voluntariados mobiliza mais de 150 mil integrantes em todo o país, destacando-
se o projeto da Pastoral da Criança.
Ainda segundo Gomes (op.cit), a década de 30, impulsionada pelo governo
de Getúlio Vargas, promove uma política centralizadora transformando o Estado no
maior destinador de recursos para a área social. Durante a ditadura varguista, em
1942, é criada a Legião Brasileira de Assistência (LBA) para coordenar a política
de assistência social do país. Desde o início até sua extinção, no governo Collor, o
órgão foi administrado pelas primeiras - damas.
Mas atualmente, no sentido de normatizar o trabalho do voluntariado, o
Governo Federal sancionou a Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998 (publicada
11AULA 1 TÓPICO 1
no Diário Oficial da União de 19 de fevereiro de
1998), distinguindo-o do trabalho remunerado.
Dessa forma, essa lei vem assegurar práticas de
envolvimento solidário sem está atrelada a fins
econômicos e/ou vínculos empregatícios, cabendo
ao voluntário disponibilizar o tempo e ações que
julgar necessárias a promoção humana. E isso é o
que podemos chamar de cidadania plena.
Mas afinal o que é CIDADANIA?
Essa palavra é muito usada principalmente em épocas
de campanhas eleitorais, mas na realidade, poucos de fato
a entendem e usufruem de seu direito de cidadão. A sua
essência reside no direito de ter uma ideia e poder expressá-
la. É igualdade de acesso aos bens acumulados pela sociedade,
é exercer plenamente seu direito político, é ter uma educação
de qualidade, entre tantos outras garantias constitucionais
editadas na Constituição de 1988.
O artigo 5º da nossa Carta Magna fala sobre os direitos e deveres individuais e
coletivos, diz que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
Enfim, cidadania é uma conquista da humanidade. Na história temos inúmeros
exemplos de pessoas que deram sua vida na luta por uma sociedade democrática, você
se lembra dos ideais da Revolução Francesa, cujo lema era Liberdade - Igualdade -
Fraternidade – onde todos os homens eram iguais diante da Lei? Muitos morreram
para conquistar esse ideal para as futuras gerações.
A despeito de termos conquistado uma série de Direitos Sociais, consagrados
na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, aprovado pela Organização
das Nações Unidas (ONU), afirma Dimenstein (1999.p. 30) que democracia é muito
mais que a liberdade de votar e não ser perseguido por suas convicções, o homem
tem direito a uma vida digna.
Existem imensos bolsões de pobreza e a exclusão social permeia o cotidiano
de diversos países, no Brasil, esse cenário não é diferente, temos muito que avançar
em termos de políticas públicas e mobilização da sociedade civil para a legitimação
do direito constitucional de “todos serem iguais perante a Lei”.
s a i b a m a i s !
Saiba mais sobre a LEI Nº 9.608, DE 18 DE
FEVEREIRO DE 1998, que dispõe sobre o serviço
voluntário e dá outras providências no site http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9608.htm
Figura 1 - Exercendo a cidadania
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Pro je tos Soc ia i s12
Como forma de ilustração e objetivando traçar uma linha do tempo no percurso dos Projetos Sociais em nosso País, são destacados abaixo os principais movimentos sociais inclusivos, segundo SESC (2007, p.8-9).
• 1543 - Fundada, na Vila de Santos, a Santa Casa de Misericórdia• 1908 - A Cruz Vermelha chega ao Brasil• 1910 - O Escotismo se estabelece no país, com o objetivo de “ajudar o
próximo em toda e qualquer ocasião”• 1961 - Surge a Apae – Associação de Pais e Amigos de Excepcionais • 1983 - É criada a Pastoral da Criança, para combater a mortalidade
infantil • 1993 - Betinho cria a Ação da Cidadania Contra a Miséria e pela Vida,
que organiza a sociedade para combater a fome• 1995 - Criação do Programa Comunidade Solidária, para tentar se
adequar às exigências do moderno voluntariado. • 1997 - São Criados os Centros de Voluntariado no país • 1998 - É promulgada a Lei 9.608, que dispõe sobre as condições do
serviço voluntário • 2001 - Ano Internacional do Voluntário / Comitê Nacional
Vejam que ações solidárias sempre existiram e sempre irão ocorrer, pois
sempre haverá pessoas e instituições cujo interesse maior é Servir..., não se
importando com dificuldades e/ou barreiras que certamente aparecem ao longo do
caminho. Podemos convir que, quando se tem o ideal de uma sociedade igualitária
e que cuida de seus cidadãos, todo esforço é compensador, você concorda? No
próximo tópico, faremos uma breve análise do contexto socioeconômico brasileiro
que servirá de embasamento a futuras práticas de intervenções socioinclusivas.
13AULA 1 TÓPICO 2
TÓPICO 2 Análise de contexto como estratégia de mobilização socialObjetivO
• Compreender o papel de mobilização de diversos
setores da sociedade civil, também chamado de
Terceiro Setor, no combate às desigualdades sociais
e na promoção de práticas socioinclusivas
Uma das grandes lições do século XX foi o legado científico e
tecnológico que delegou ao homem certa supremacia no domínio
da natureza e de todas as formas de vida. Avanços nas tecnologias
da informação e comunicação em áreas como a robótica, biotecnologia aplicada
à produção de alimentos, telemática, mecatrônica industrial, nanotecnoclogia,
entre outras conquistas tecnológicas, permitiram-no superar as dificuldades de
sobrevivência e o acesso ao consumo de bens supérfluos. Não obstante a todas essas
riquezas, a humanidade não conseguiu acabar com as desigualdades de classes
sociais e nem se desvencilhar das amarras burocráticas e ideologias impostas pelo
poder político ao longo de diversos séculos.
Xavier (2010, p.6), no jornal Diário do Nordeste, Caderno de Política, explicita
essa difusão da seguinte maneira:
No século XXI, o grande desafio é a busca de respostas para a questão social.
Sabemos que o crescimento econômico é necessário; mas não suficiente, porque
o desenvolvimento deve estar relacionado à melhoria da qualidade de vida e,
como defende Amartya Dem: “deve ser visto como um processo de expansão
das liberdades reais que as pessoas desfrutam”. Como o social não é apenas
o somatório de ações individuais coordenadas por uma estrutura impessoal
chamada mercado.
Nessa perspectiva, a ação de diversos atores que compõem a esfera societária
precisa somar esforços visando à diminuição dos processos de exclusão vivenciados
Pro je tos Soc ia i s14
por um imenso contingente populacional em todas as partes do planeta, alijados
do acesso à água potável, moradia, seguridade social, atendimento aos serviços de
saúde, educação, conforme já salientado no tópico 1.
CIDADANIA, UM DIREITO DE TODOS: REALIDADE OU UTOPIA?
Será que em uma sociedade tão estratificada como a nossa é possível pensar
em condições iguais para todos? Essa indagação figura na cabeça de toda pessoa
que esteja efetivamente engajada na luta por uma sociedade justa e igualitária, e
não são poucas, acredite!
Observe a figura 2.
Qual o primeiro pensamento que vem a sua cabeça?
Pensar na realidade brasileira e especialmente da região nordeste é ter clareza
do enorme abismo social que precisa ser equacionado a fim de garantir condições
de vida sustentável à geração atual e futura. É promover políticas públicas de
investimento com vistas ao atendimento das necessidades infraestruturais,
tais como: saneamento básico, moradias populares, postos de saúde, escolas,
equipamentos de lazer, projeto urbanístico que privilegie áreas verdes, enfim,
ações que proporcionem às cidades nordestinas padrão de qualidade ambiental e
de vida compatíveis as regiões mais ricas do país.
Atendidas as condições acima de forma satisfatória, ainda assim
continuaríamos a necessitar de bens que atendam aos nossos interesses de ordem
cultural e de apropriação de conhecimentos, afinal não devemos nos esquecer de
que vivemos em uma época onde o volume de informações dobra a cada segundo.
Por exemplo, será que a população de nosso estado e cidade tem acessibilidade às
tecnologias tão presentes no mundo globalizado?
Font
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Figura 2 - Os menos favorecidos
15AULA 1 TÓPICO 2
Essas e outras indagações invariavelmente nos remetem a pensar em
desenvolvimento, tendo por base o local que vivemos e produzimos nossas
existências, esse local é o nosso bairro, nossa rua, nossa vizinhança. A partir disso,
considerar que podemos conceber que homens, mulheres, crianças e idosos são
cidadãos que possuem direitos garantidos constitucionalmente. Não raro, a mídia
(veículos de comunicação) retrata as discriminações de gênero (homem-mulher),
classe social, grupos sociais de forma atenuada e/ou enviesada, camuflando a
realidade das pessoas desfavorecidas e dos contrastes sociais.
Nesse sentido, o direito social se constitui num mecanismo de conquista
e operacionalização das políticas públicas que as instituições sociais doravante
chamadas de Terceiro Setor vêm implementando na perspectiva de propiciar, aos
menos favorecidos, a criação de redes de engajamento popular na resolução de
amplos problemas que o Primeiro Setor (Governo) não consegue minimizar, nessa
perspectiva, formas colaborativas de promoção e redução das desigualdades são
estimuladas objetivando o protagonismo social.
Nos últimos anos, a despeito da política de distribuição de renda do Governo
Federal, têm-se agravado o problema de desemprego no país, principalmente para
a juventude. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2000) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), metade
do desemprego nacional está concentrado em pessoas de 15 a 24 anos. A falta de
oportunidade de emprego para os jovens acarreta o grave problema da ociosidade a
qual são submetidos sem opção de escolha.
Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA, 2003, p.5)) a
situação de empregabilidade dos jovens é devida:
“As transformações recentes da esfera do trabalho acentuam as dificuldades
de ingresso e permanência no mercado de trabalho para uma ampla parcela de
trabalhadores, especialmente para os jovens. Historicamente, este segmento
enfrenta uma posição desfavorável no mercado de trabalho, afetado pelo trabalho
precário, menor ingresso e permanência e maiores taxas de desocupação [ver
Latelier (1999) e Jacinto (1998)]. As altas taxas de desemprego entre os jovens
constituem um obstáculo à passagem de status, identidade e responsabilidade
da vida adulta. Segundo Pochmann (2000), os dados novos da situação juvenil
brasileira são o tamanho e o perfil de desemprego juvenil, assim como o
aumento do “desassalariamento” e das ocupações precárias.
Pro je tos Soc ia i s16
Não se pode esquecer, ainda, que a desigualdade do Brasil é uma das maiores
do mundo. O denominado “Índice Gini” é um indicador que mede a concentração
de renda e/ou de qualquer aspecto medidor de riqueza. Quanto mais próximo de
1 (um), pior a distribuição de renda. O Brasil alcançou em 2004 o valor de 0,535
(embora tenha reduzido nos últimos anos, pois era de 0,571 em 2001).
A exclusão do mercado de trabalho, por exemplo, a dificuldade de acesso ao
lazer, educação e saúde, atinge principalmente, os jovens pobres, e isso se agrava
se esse jovem for negro. A situação das mulheres também reflete indicadores nada
favoráveis, quer sejam eles relacionados ao mercado de trabalho, onde há diferenças
salariais notórias a favor dos homens no exercício de funções equivalentes às das
mulheres, quer relacionadas ao preocupante aumento da violência doméstica que
abrange todas as classes sociais, mais notadamente nas classes menos favorecidas, e
que originou uma categoria de análise intitulada
a “feminização da pobreza”.
O termo vulnerabilidade também é
empregado na análise de risco decorrente de
determinados processos sociais e que conduzem
a um evento potencialmente adverso, uma
incapacidade de resposta e uma inadequada
adaptação das pessoas para a nova situação. Por
exemplo, a perda do emprego pode acarretar
para uma pessoa ou família em uma perda de
status ou a vivenciar uma situação de carências,
desde a alimentar até a cultural.
A noção de vulnerabilidade é particularmente útil porque exprime várias
situações: identificar grupos que estão em situação de risco social, grupos que
devido a padrões comuns de conduta têm probabilidade de sofrer algum evento
danoso, identificar grupos que compartilham algum atributo comum e por isso são
mais propensos a problemas similares. No quadro abaixo são elencados indicadores
da desigualdade de gênero e pobreza:
v o c ê s a b i a?
A feminização da pobreza é um termo adotado pela
organização da ações unidas na 40º sessão da sua
comissão jurídica e social da mulher(1996) para
indicar o fato de que 70% das 1,5 bilhão de pessoas
do planeta que vivem e situação de extrema miséria
(menos de 1 dólar por dia) são mulheres.
Indicadores Mulheres Homens
Trabalho mundial realizado (produtuvo
+ reprodutivo + comunitário
64% 85%
17AULA 1 TÓPICO 2
Diante do exposto, não é prematuro concluir que enormes mudanças no
cenário mundial estão a exigir da sociedade nova forma de articulação dos grupos
sociais. Entre essas intervenções, configuram-se as redes sociais onde a meta
estabelecida é o “empoderamento” das lideranças comunitárias em prol da garantia
de seus direitos civis. Nesse sentido, as participações junto aos conselhos gestores
governamentais na mesa de discussão é um passo importante na elaboração de
políticas públicas consoantes ás reais necessidades de suas comunidades.
É nesta interface que o Terceiro Setor aparece como possibilidade de
fortalecimento das bases locais, ampliando suas condições de participação no
cenário sociopolítico, econômico e educacional ao municiar os agentes comunitários
(ou líderes) na implementação de ações comprometidas com o bem estar social.
UMA FORÇA PROPULSORA MOVIDA POR JOVENS UNIVERSITÁRIOS
MUDANDO A FACE DE POBREZA DA REGIÃO.
Em 1993, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, criou a Ação da Cidadania
contra a Miséria e pela Vida, movimento que teve repercussão nacional ao ser
divulgada na mídia impressa e televisa. Durante sete meses, a Ação já havia
arrecadado 500 toneladas de alimentos, através de 30 mil voluntários em 3 mil
comitês espalhados pelo Brasil.
Este grande enfrentamento contra a miséria visava mitigar a fome de pessoas
carentes, o projeto social encabeçado por Betinho serviu de referência a outros
similares em todo o país, a atitude solidária foi replicada até mesmo em outros
Propriedade dos meios de produção
10% 90%
Cúpula do poder formal 9% 91%
População pobre 70% 30%
População analfabeta 2/3 1/3
Quadro 1: Indicadores de desigualdade de gênero e pobrezaFonte: Relatório da ONU, 1995/96, Disponível em www.redemulher.org.br/desigual.htm
Salários em circulação
Salário para o mesmo tipo de trabalho no Brasil é um dos piores do mundo, colocando o país em
123º colocado nesse quesito - esse dado veio piorando constante-mente nos últimos três anos.
Pro je tos Soc ia i s18
países como exemplo de mobilização popular, despertando a consciência cidadã
e de luta por melhores condições de vida. É relevante pontuar, também, que a
proliferação de trabalhos voluntários abrange diversos setores e segmentos da
sociedade, desde entidades que já desenvolviam ações filantrópicas e comunitárias
até as instituições universitárias.
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, no início do
novo milênio, institui a disciplina de Projetos Sociais como componente curricular
de caráter obrigatório em todos os seus cursos de nível superior. A referida
disciplina concorre de forma incisiva para a formação integral dos alunos dos
cursos superiores visto que propicia leituras, reflexões e práticas consoantes ao
exercício da cidadania.
Uma das ideias centrais que emerge das leituras e reflexões é que uma mudança
na estrutura social vigente, marcada pela desigualdade, passa inevitavelmente pelo
interesse e participação política, além de uma alteração na lógica de distribuição
dos resultados nas atividades produtivas.
A contribuição para a reversão desse quadro significa, antes de tudo, tornar-
se um sujeito da própria história e um ser humano solidário, o que pressupõe uma
postura que se afasta do individualismo, e que abre mente, corpo e espírito para
um programa de vida que inclui tempo para a gratuidade. Isso durante toda a vida!
Esse paradigma curricular vai ao encontro da missão da instituição
consagrada no princípio:
Produzir, disseminar e aplicar os conhecimentos científicos e tecnológicos na
busca de participar integralmente da formação do cidadão, tornando-a mais
completa, visando sua total inserção social, política, cultural e ética (IFCE,
2015)
Essa formação envolve a percepção do papel do técnico e tecnólogo frente aos
desafios do mundo hodierno, tais como: a preservação do meio ambiente, constituição
de uma sociedade mais justa e igualitária, a eticidade nas suas relações pessoais.
Para alcançar esses objetivos, as práticas pedagógicas e a missão educacional
são focadas nos valores da cooperação e solidariedade, tratados em temas como:
identidade planetária, a educação da vida na dimensão da integralidade; a
formação sociopolítica do discente, enquanto ser de relações consigo mesmo, com
os outros seres humanos e com a natureza; a educação capaz de nutrir no educando
a preocupação e cuidados com a natureza (equilíbrio do ecossistema) e, finalmente,
19AULA 1 TÓPICO 2
uma educação comprometida efetivamente com os princípios da sociabilidade
humana e da ética, enquanto práxis de libertação.
Com base nos pressupostos acima, na próxima aula, iremos detalhar o perfil
de uma práxis socioeducativa como componente curricular, nesse ponto, abrimos
um parêntesis para destacar que o IFCE foi a primeira instituição a nível de Estado
a pautar diretrizes inclusivas como metas nas linhas de ensino, pesquisa e extensão.
Pro je tos Soc ia i s20
AULA 2 Dimensão Estrutural: concepções introdutórias à práxis do projeto social
Caro(a) aluno(a),
Abrimos esta aula fazendo uma reflexão sobre a prática de projeto social em que
a ação espontânea de algumas pessoas mobiliza uma rede de convivência onde
“todos podem caber” (FREIRE, In: GADOTTI, 2004).O ato solidário necessita de
ações sistematizadas cuja análise de contexto das áreas vulneráveis é condição
essencial para o sucesso de uma ação socioinclusiva. É com essa perspectiva
que convidamos você, caro (a) aluno (a), a conhecer as bases que irão subsidiá-
lo na construção de Projetos Sociais focados no despertar de uma consciência
libertadora e preocupada com as condições socioambientais do entorno de
moradia. A partir desse posicionamento, veremos que é possível interagir com
comunidades carentes, implementando estratégias de melhoria das condições
de vida e cobrando políticas públicas sociais que de fato atendam aos interesses
e necessidades comuns. Bem, chegou a hora de iniciarmos essa aventura na
busca de uma sociedade onde os espaços de liberdade e participação possam
ser garantidos a todos. Vamos começar?
21AULA 2 TÓPICO 1
Acreditamos que a “ação solidária” ou o “gesto solidário” não seja
característica e/ou aptidão inata apenas de pessoas especiais,
tais como Madre Tereza de Calcutá, Gandhi, Chico Mendes,
Betinho, Francisco Xavier, Zilda Arns e tantos outros, que consagraram suas vidas
ao atendimento de pessoas menos favorecidas, promovendo não só uma melhoria
substantiva em suas vidas, mas também lhes dando condições de buscar os meios
necessários para atingi-la.
A consciência cidadã e, consequentemente, o comprometimento social
também podem ser construídos via currículo escolar centrado na panorâmica social
e nos respectivos problemas de um contexto globalizado. A “co-responsabalidade”
e “cidadania”, nessa ótica, são norteadores de uma práxis escolar crítica.
A prática educativa nas suas diversas etapas de escolarização, ao
oportunizar o aluno o conhecimento local e global das desigualdades sociais e
das ações antrópicas sobre o meio ambiente, permitirá que ele faça uma leitura
menos individualista sobre seu papel dentro de uma coletividade, cujos valores
humanos sejam baseados na solidariedade, fraternidade, ética e indignação frente
às injustiças sociais.
Segundo Martineli (1992), vivemos em tempos violentos, críticos e
desesperados. Isso de fato concorre para certa apatia da sociedade frente à resolução
de suas necessidades vitais. Nesse contexto, pensar em uma cultura cujo norte
seja o resgate de valores, atitude, ética, comportamentos e estilo de vida menos
TÓPICO 1 Princípios éticos e pedagógicosObjetivO
• compreender os princípios éticos e pedagógicos na con-
strução do projeto social
Pro je tos Soc ia i s22
competitivo e desigual irá requerer uma nova práxis educacional e política, que
visem substancialmente à reeducação dos cidadãos com vistas a postular o resgate
de direitos e deveres negados por uma sociedade excludente.
No cenário nacional e internacional, a mídia nos fornece dados sobre
tragédias que vêm maltratando a sociedade e diariamente retrata o escancarado
retrato da pobreza no país e no mundo, enquanto a sociedade globalizada trata de
emoldurá-lo sem piedade. O percentual de cidadãos sem direito a uma vida digna
aumenta consideravelmente. Estudos promovidos pela academia e instituições de
pesquisa enumeram as consequências desse cenário de exclusão social e o aumento
exponencial da violência, desemprego, moradia em áreas de risco, degradação
ambiental etc. Abaixo, a figura 1 ilustra uma noção de como acontece essa
desigualdade social no que diz respeito às condições de moradia e necessidades
primeiras como infraestrutura de saneamento básico nos bairros.
Figura 1: A desigualdade social
Então? Você percebeu como há certa proximidade geografia entre as duas
situações apontadas na foto? Mesmo assim, veja que isso não impede a desigualdade
de condições estruturais do local. As soluções apontadas passam necessariamente
por vários caminhos, dentre eles, citamos a educação, juntamente com a família,
podem formar um “tecido” complexo capaz de gerar uma consciência solidária
e cidadã. A instituição escolar, ao fornecer ao aluno condições de realizar sua
inserção no contexto de áreas, cuja demanda e vulnerabilidade sejam acentuadas,
o mobiliza a sair de seu mundo individual e particularizado para levá-lo a uma
reflexão sobre a condição humana e o processo civilizatório.
Em janeiro de 2001, realizou-se em Porto Alegre a 1ª. edição do Fórum Social
Mundial (FSM) que constitui um grande movimento mundial pela cidadania planetária,
em defesa do direito universal à educação e formas livres de participação popular.
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23AULA 2 TÓPICO 1
Uma das grandes novidades do milênio tem sido o movimento histórico-
social provocado pelo aparecimento das Organizações Não Governamentais
(ONG´s), associações e entidades populares lutando pelos direitos conquistados e
por novos direitos em boa parte do mundo, particularmente no Brasil.
Nessa perspectiva de uma práxis educativa integrada e crítica surge a
proposta dos Projetos Sociais, inserida no currículo escolar do IFCE, em seus
dois níveis: Educação Básica e Educação Superior, cuja finalidade é agregar no
educando competências cognitivas, habilidades laborais, bem como uma formação
ética e cidadã.
Essa formação envolve a percepção do aluno frente aos desafios do mundo
hodierno, tais como a preservação do meio ambiente, constituição de uma sociedade
mais justa e igualitária e atenta ás maiores dificuldades das grandes metrópoles.
Para alcançar esses objetivos, as práticas pedagógicas devem estar focadas nos
valores da cooperação e solidariedade, bem como em conteúdos programáticos
cujos temas sejam permeados pela discussão da condição humana, das relações do
educando com outros seres humanos e com a natureza, criando-se uma educação
capaz de levá-lo á autonomia enquanto práxis libertadora.
Neste tópico foram destacadas contribuições de diversas instâncias da
sociedade civil, com destaque as instituições escolares. No próximo, focalizaremos
as ações sociais como princípio educativo no Instituto Federal de Educação
Tecnológica do Ceará.
Pro je tos Soc ia i s24
TÓPICO 2 Projetos sociais: um princípio educativo na práxis da educação profissionalObjetivO
• inserir em ações promotoras de desenvolvimento
social como proposta curricular
Este tópico retrata um pouco sobre a filosofia pedagógica que
permeia a disciplina de Projetos Sociais no IFCE, e sobre o grau de
importância que a mesma assume na transformação do educando
ao longo de sua preparação profissional, ensejando torná-lo um cidadão crítico e
atuante no contexto societário.
Tudo começa em sala de aula onde a análise da estrutura macro e
microeconômica e social possibilita aos educandos uma visão da complexidade
das áreas urbanas de maior vulnerabilidade. O mapeamento das debilidades e
potencialidades locais determina elencar estratégias de intervenções que foquem
na dignidade dos que vivem em situação de pobreza e os levem a se tornar agentes
e principais interlocutores do processo de construção de sua cidadania.
Daí a percepção coletiva de que o desenvolvimento do projeto social se faz
numa conjunção de esforços, ou melhor, numa rede interdisciplinar da qual a
Instituição escolar é apenas um de seus componentes, caso contrário, incorrer-se-ia
na falsa presunção que cabe apenas uma das partes, no caso a Instituição escolar,
a responsabilidade pela deflagração e continuidade do processo de melhoria das
condições sociais.
É relevante pontuar ainda que o tempo de “salvador da pátria” não se aplica
num contexto globalizador que pressupõe redes de informações permanentemente
interligadas e dependentes, seria ingenuidade pensar numa proposta de intervenção
social dissociada da comunidade a ser assistida, tal percepção redundaria na
25AULA 2 TÓPICO 2
descontinuidade das políticas socioinclusivas não permitindo sua efetividade junto
ao público a quem se destina.
A intencionalidade de uma proposta socialmente inclusiva necessita ser
concretizada por meio de uma metodologia de projeto que no tópico a seguir você
irá conhecer.
Pro je tos Soc ia i s26
TÓPICO 3 A construção de um projeto
ObjetivO
• entender os passos metodológicos para elaboração
de um projeto social
Como já foi sinalizado anteriormente, a construção de um projeto social
irá requerer por parte do voluntário requisitos que vão além da vontade
de ajudar. Muitos projetos “recheados” de boa intencionalidade
fracassam por não deixar claro os passos de uma metodologia ou por não determinar o
mapeamento prévio das reais necessidades da clientela a ser atendida.
Há dois elementos-chave de um projeto:1. o sujeito que irá agir na ação solidária e 2. o público pelo qual a ação será destinada.
O trabalho voluntário constitui-se em atividade realizada de forma espontânea,
sem fins lucrativos, ou seja, uma doação de si mesmo transformada em tempo e
conhecimentos em prol do bem comum. Não é preciso ter uma habilidade específica
para realizá-lo. Benefícios podem ser conquistados por quem o pratica, a exemplo
do bem-estar pessoal e da aquisição de novas habilidades, contudo devem ser uma
decorrência natural que envolve a ação, e não seu principal objetivo. Para o público
atendido, representa a oportunidade de serem contempladas pelo “terceiro setor”
necessidades geralmente não atendidas pelas políticas públicas governamentais.
Aproveitamos para esclarecer que propostas e ações de um Projeto Social não
têm a finalidade de substituir o papel do estado em suas obrigações sociais, porém,
à medida que o cidadão percebe a falta de valorização de seus direitos garantidos
constitucionalmente, passa a agir de forma mais crítica na defesa e implementação deles.
27AULA 2 TÓPICO 3
PASSOS METODOLÓGICOS DE UM PROJETO SOCIAL
O manual adotado nas Organizações das Nações Unidas – ONU (1984) –
apresenta a seguinte definição de projeto: “é um empreendimento planejado que
consiste num conjunto de atividades inter-relacionadas e coordenadas, com o fim
de alcançar objetivos específicos, dentro dos limites de um orçamento e de um
dado período de tempo”.
Essa definição, contudo, não contempla integralmente a dimensão totalizante
de uma ação social, pois, para isso, há de ser levado em consideração o requisito
“disponibilidade do voluntário”, sua intencionalidade e condições de ordem
física e material para a realização de práticas socioinclusivas. Fundamentalmente,
um bom projeto social deverá ter como observância um planejamento de caráter
inovador, cujo objetivo inerente seja a transformação da realidade, conforme
ilustra diagrama abaixo:
Diagrama1: Processo social sistêmico
Tendo o objetivo bem definido, didaticamente, iremos apresentar os passos
a serem seguidos para a elaboração de um Projeto social. A sequência apresentada
não está diretamente relacionada ao grau de importância de cada passo para o
processo, e sim busca estabelecer algumas hierarquias básicas, tais como:1. Formulação da ideia solidária2. Mapeamento e estudo da área a ser atendida3. Articulação da comunidade com as lideranças locais4. Levantamento das necessidades da comunidade5. Planejamento estratégico das ações6. Construção de um plano de metas7. Controle e análise dos planos de metas8. Avaliação dos resultados.
Pro je tos Soc ia i s28
1. Formulação da ideia
A ação voluntária normalmente é concebida pela percepção de uma
realidade caótica em que não se visualizam ações efetivas de solução. A partir daí,
o voluntário é movido em parte pelo espírito solidário de natureza intrínseca e em
parte por uma consciência cidadã desenvolvida no seio de sua educação familiar e
pela escola cuja natureza é extrínseca. A partir da conjugação desses dois fatores, e
dependendo das oportunidades que o meio proporciona, a ação é desencadeada. A
ideia solidária sempre está associada ao interesse e disponibilidade do voluntário
na execução da ação.
2. mapeamento e estudo da área a ser atendida
Envolve a articulação não apenas do voluntário, como também, mais
substantivamente, da instituição pelo qual se encontra envolvido (ONGs,
Associações, Instituições sociais e educativas etc.). O estudo das fragilidades e
potencialidades do local possibilita uma ação de intervenção mais consistente e
direcionada às reais necessidades apresentadas.
3. articulação com as lideranças locais
O planejamento horizontalizado de fluxo dinâmico oferece clareza aos agentes
envolvidos (comunidade e voluntariado) sobre os níveis de responsabilidade
e comprometimento dos envolvidos em suas respectivas funções, permitindo
flexibilidade no redirecionamento das metas traçadas, tornando uma ação mais
consistente e articulada em prol do desenvolvimento competente do trabalho de
caráter colaborativo.
4. levantamento das necessidades da comunidade
Este passo consiste primeiramente na inserção do voluntário na localidade
objeto de intervenção. Através de uma pesquisa qualitativa, caracterizada como
pesquisa-ação, os alunos irão metodologicamente registrar todas as fases e as
interações existentes nos grupos comunitários e sua capacidade resolutiva frente
aos problemas gerais existentes. A percepção sobre o grau de empoderamento das
lideranças na luta pelos interesses coletivos, existência de parcerias institucionais dos
mais diversos tipos e finalidades na localidade, tornam-se essencial no cumprimento
das metas a serem traçadas. Reitera-se, dessa forma, sobre a importância da coleta e
29AULA 2 TÓPICO 3
sistematização de dados como “inputs” necessários à construção de uma proposta
de projeto social integrada à perspectiva do público-alvo.
5. planejamento estratégico das ações e/ou diagnóstico situacional
Não existe um modelo padrão de projeto social. Sua elaboração e delineamento
irão depender das especificidades do público e da localidade no qual ele deverá
ser implementado e isso necessariamente implicará em ajustes e monitoramentos
constantes. Uma ferramenta consistente para a formulação de um diagnóstico
situacional é a “análise SWOT” – Strenghts (Fortaleza), Weaknesses (Fraqueza),
Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças), destacado abaixo no diagrama 2:
Diagrama 2: Análise SWOT
A análise interna consiste no mapeamento dos recursos materiais e humanos
disponíveis para a viabilização do projeto social. Nessa etapa, a clareza, objetividade,
senso da realidade são fatores essenciais para o sucesso da ação inclusiva. A priori,
a identificação desses recursos pode objetivar uma super-dimensionalidade dos
pontos fortes e/ou uma subdimensionalidade das fraquezas da organização, por
isso que essa etapa estratégica necessita ser avaliada cuidadosamente.
Pro je tos Soc ia i s30
A fase da análise externa tampouco é menos relevante para o sucesso do
planejamento, pois nela estão inclusas as parcerias interinstitucionais, o diferencial
criativo das propostas socioinclusivas, o envolvimento dos agentes, a originalidade
na busca de soluções frente aos desafios impostos, quer de natureza física (ambiente
natural) quer de ordem social (tensões sociais, as políticas públicas, a conjuntura
local e global), enfim, toda a sorte de fatores e/ou condições que podem impactar
favorável e desfavoravelmente nas metas traçadas.
6. construção de um plano de metas
Logo após serem analisados os fatores previstos na etapa do planejamento
estratégico, segue-se o delineamento das metas a curto, médio e longo prazo,
devendo ser mensuradas de acordo com suas especificidades. Essa etapa nos
remete diretamente aos resultados esperados e aos mecanismos de controle das
variáveis que possam afetar o alcance dos objetivos traçados, portanto devem
ser necessariamente quantificadas. A título de exemplo, sinalizamos tal atitude:
conceber e implantar, a partir do 2º semestre letivo de 2010, programas e oficinas
de educação ambiental na comunidade do Pirambu que atendam a turmas de até
25 participantes.
7. controle e análise dos planos de metas
O acompanhamento efetivo das diversas áreas de atuação dos agentes
promotores da ação socioinclusiva e de suas interações permitirá a realimentação
dos avanços obtidos e as correções necessárias às decisões e ações, em busca de
melhores resultados institucionais. Este é um desafio da responsabilidade de todos
que integram o projeto, podendo ser focadas nas seguintes estratégias:1. Monitoramento das ações dirigidas à comunidade alvo2. Acompanhamento das metas traçadas e orientação das ações efetivadas
mediante reuniões programadas 3. Apoio técnico às lideranças locais 4. Elaboração de relatórios bimestrais 5. Atuação como facilitador de ações e interlocuções necessárias para
viabilizar as metas traçadas no planejamento estratégico.
31AULA 2 TÓPICO 3
8. avaliação dos resultados
Deve obedecer a uma lógica contínua durante toda a execução das ações,
não devendo ficar restrita apenas ao final do projeto. A avaliação periódica revela
a preocupação do voluntário em empreender todos os esforços necessários à
otimização dos resultados esperados, conduzindo-o ao aperfeiçoamento constante
das metas traçadas na sua fase inicial quando ele tinha apenas uma visão parcial da
problemática a ser trabalhada. Por fim, a avaliação sistemática e processual torna-se
a ferramenta-chave para o sucesso do planejamento.
Pensar em cada um desses elementos irá contribuir significativamente
para o sucesso da ação solidária. Acreditamos que uma preparação prévia e um
conhecimento da realidade com qual você, aluno (a), irá trabalhar é condição
indispensável na sua interlocução com a comunidade, promovendo na mesma
uma rede voltada para interesses comuns e bem estar social. Para sua reflexão,
apresentamos uma experiência descrita no texto em anexo por Gilda Maria Lins
de Araújo e Maria José de Matos Luna, realizada em escola pública cuja proposta
é uma cultura para paz.
Pro je tos Soc ia i s32
AULA 3 Dimensão Humana
Caro(a) aluno(a),
Esta aula tem como finalidade demonstrar o percurso metodológico de práticas
sócio inclusivas com foco na educação ambiental, efetivado por alunos do
IFCE, tendo como área de intervenção o município de Caucaia, na localidade de
Soledade, caracterizada por um forte adensamento populacional, e, considerada
área de risco por estar situada às margens do rio Ceará, um dos principais do
estado. A execução do projeto teve como referencial a disciplina de Projetos
Sociais, subsidiando com as bases teóricas e práticas as ações direcionadas ao
desenvolvimento humano integrada à sustentabilidade ambiental.
33AULA 3 TÓPICO 1
A proposta levada a cabo teve como meta a formação universitária
que refletisse, através do currículo escolar, as desigualdades
que secularmente marcaram a região nordeste cujos reflexos
significativos são representados pelo atraso educacional e pelos déficits
socioeconômicos do Estado. A interface academia e sociedade inevitavelmente
passa pelo interesse na superação das graves desigualdades sociais e na proposição
de estudos direcionados à criação de políticas públicas concatenadas aos interesses
coletivos. Um currículo universitário que institui na sua práxis valores e atitudes
éticas, técnicas e compromisso com a cidadania garantem ao educando um
engajamento mais consistente e crítico em prol de uma sociedade mais justa.
Nessa perspectiva, a capacitação de pessoas da comunidade e seu
empoderamento nas questões que lhe são pertinentes se constituem uma ferramenta
importante de organização social e de fomento a uma economia solidária. A
metodologia e/ou a operacionalização do projeto partiu dessa premissa para uma
análise prévia da área a ser trabalhada ao se mapear as demandas comunitárias
e característica geográfica da localidade, selecionando pontos mais sensíveis à
intervenção planejada.
Com esta finalidade, elaborou-se as interfaces definidas no planejamento
contemplando dois momentos importantes: convocação das lideranças locais que
subsidiaram com seu conhecimento tácito o detalhamento da problemática local
existente e as metas a serem direcionadas às suas reais demandas, bem como, na busca
TÓPICO 1 Práticas socioinclusivas de educação ambiental em áreas de grande adensamento populacionalObjetivO
• Demonstrar o mapeamento metodológico utilizado para a
realização de um Projeto Social por meio de um estudo de
caso
Pro je tos Soc ia i s34
de parcerias com distintos segmentos da sociedade (poder público, setor privado,
Terceiro setor etc) no enfrentamento das dificuldades constatadas. Os indicadores
de avaliação de resultados foram sistematizados por meio de registros e formulários
padronizados de acompanhamento e reuniões com os agentes envolvidos.
FUNDAMENTAÇÃO DO PROJETO
Práticas socioinclusivas, em áreas de grande adensamento populacional,
se inserem como prática acadêmica voltada a promover uma melhor qualidade
de vida e sustentabilidade socioambiental no seio de comunidades cujo perfil
seja evidenciado por problemas de ocupação irregular em área de risco, ou seja,
imprópria à habitação humana. Os indicadores educacionais e econômicos também
são evidenciados no momento de seleção das mesmas pelo projeto em causa.
O envolvimento desses agentes universitários preliminarmente envolve o
contato com as lideranças, em seguida, o mapeamento das debilidades existentes,
escolha de metodologias participativas que enfatizem a importância do envolvimento
dos beneficiários e demais atores durante todo o desenvolvimento do projeto.
O sucesso da intervenção, ou seja, a efetividade de sua contribuição para a
solução ou melhoria da situação-problema enfrentada, depende da compreensão e
do consentimento dos atores sociais envolvidos quanto aos propósitos do projeto,
e, consequentemente, do empenho dos mesmos
na concretização de seus objetivos. Isso só é
possível – de uma maneira ética – a partir da
participação efetiva dos atores sociais – em
especial dos beneficiários – em todo o processo
de desenvolvimento do projeto desde sua
elaboração até a avaliação de seus impactos.
A efetividade de toda e qualquer ação
transformadora percorre em um primeiro plano
pelo envolvimento e comprometimento de todos
os agentes envolvidos, e assinalaríamos como
destaque o convívio harmonioso com o ambiente natural que os circundam, ações
de sustentabilidade ambiental tem de ser previstas e devem ser parte integrante
de todo e qualquer planejamento, sobretudo, sua inserção como práxis educativa
no cotidiano de famílias carentes, geralmente mais vulneráveis a ações antrópicas
e suas consequências danosas. O protagonismo social, nesse sentido, se reveste por
v o c ê s a b i a?
Sustentabilidade é uma forma de pensamento
sistêmico, relacionado com a continuidade
dos aspectos econômicos, sociais, culturais e
ambientais da sociedade humana.
F o n t e : h t t p : / / p t . w i k i p e d i a . o rg / w i k i /
Sustentabilidade
35AULA 3 TÓPICO 1
uma ação coletiva voltada para mudanças nos códigos de postura na utilização dos
recursos naturais e na convivência cidadã.
A adoção da pesquisa-ação como metodologia de campo foi a que melhor
permitiu conhecer as necessidades da comunidade eleita para a amostra,
representando indicadores com baixo índice de Índice de Desenvolvimento
Social de Resultado (IDS-O), no ano de 2006, que alcançou o percentual de 0,456,
ocupando a 54ª posição em relação a outros municípios do estado referente ao nível
educacional. (IPECE,2008).
Esse mapeamento e zoneamento permitiram determinar as estratégias de
intervenção conduzidas pelos estudantes universitários que elaboraram um plano
de ação prevendo a realização de oficinas, cursos básicos de informática, palestras
diversificadas com foco nos grupos etários e nas necessidades reais demandadas.
A avaliação dos resultados teve por base os relatórios de periodicidade semestral,
elaborados pela equipe coordenadora do projeto, detalhando os avanços obtidos pelas
comunidades assistidas, detecção dos problemas existentes e reelaboração de propostas
voltadas à otimização das metas. As instituições parceiras tiveram suas logomarcas
identificadas no material educativo na divulgação do apoio oferecido.
Pro je tos Soc ia i s36
TÓPICO 2 Ação universitária como componente socioinclusivonas práticas de educação ambiental
ObjetivO
• Caracterizar a localidade estudada destacando seu
mapeamento e especificidades geográficas e socio-
econômicas por meio de pesquisa-ação
Você conhecerá agora uma ação solidária feita na comunidade
chamada de Soledade, pertencente ao município de Caucaia/CE. Este
projeto foi intitulado Ação Universitária Como Componente Sócio-
Inclusivo nas Práticas de Educação Ambiental, tendo como a diretriz básica fomentar
no educando uma visão crítica da realidade social, através de sua inserção no seio de
comunidades carentes, buscando-se a intervenção planejada e sistêmica nas formas
colaborativas de organização social e de economia solidária. A proposta de intervenção
social foi fundamentada nos seguintes pressupostos: gestão própria - realizada pelo
IFCE através do programa de extensão universitária, viabilizado pelo oferecimento da
disciplina de projetos sociais; e gerenciamento, condução e avaliação do programa de
extensão pelos professores e alunos, estabelecendo parcerias institucionais (empresas,
terceiro setor, órgão públicos etc).
A viabilização do trabalho socioinclusivo teve o currículo escolar como eixo
integrador, o que certamente favoreceu a percepção do futuro tecnólogo e licenciado
na busca de respostas aos desafios do mundo hodierno, tais como: a preservação do
meio ambiente, constituição de uma sociedade mais justa e igualitária, a eticidade na
construção de suas relações pessoais e profissionais etc.
Nessa perspectiva, o IFCE, por meio de sua missão educacional, tem a proposta
de privilegiar uma preparação profissional que contemple o homem em sua totalidade,
37AULA 3 TÓPICO 2
percebendo-o como ser crítico, reflexivo e integrado no contexto sócio político e
cultural, capaz de agir com independência e espírito empreendedor numa sociedade
em constantes mudanças macroestruturais.
Em decorrência desta posição acadêmica, adotou-se como prerrogativa a
transferência de informações e a troca de saberes vivenciados pelos discentes em
ações de extensão como estratégia importante no gerenciamento das atividades
socioinclusivas.
Acreditava-se, também, que todos que integram este processo ajudem na
veiculação de ideias e propostas voltadas à conscientização, consequentemente numa
mudança de paradigma frente ao uso e exploração do meio ambiente, favorecendo
melhores condições de vida no planeta.
Por fim, teve-se como entendimento que o IFCE, ao estabelecer seu compromisso
social de melhorar os índices educacionais e sociais da região e estado há exatamente
10 anos, fez ciente de sua potencialidade em termos de recursos humanos e cabedal
científico e tecnológico em prol de mudanças significativas na paisagem e nas condições
de vida de comunidades situadas em seu perímetro geográfico, assumindo, dessa
forma, o pioneirismo em trabalhos voluntários dentre as instituições superiores de
ensino da capital cearense. Passaremos agora a fazer o detalhamento da área escolhida
em seus aspectos histórico, geográfico e econômico.
CARACTERIZAÇÃO DO MUNICIPIO DE CAUCAIA – CE
A escolha do município de Caucaia se deve à proximidade de Fortaleza e
constituir a região metropolitana dessa capital, agrega-se a este fator a facilidade
de mobilidade de alguns alunos envolvidos no projeto morarem na localidade,
contribuindo para um melhor conhecimento das necessidades da população e dos
déficits infraestruturais existentes.
Caucaia é a cidade mais próxima da capital, distando 16 km em linha reta com
sua sede a uma altitude de 29,91 metros acima do nível do mar, esse município é mais
acidentado do que plano. Começam nele as elevações que vão constituir o cordão
central do estado do Ceará. É um dos municípios cearenses mais ricos em lagoas
permanentes. Os rios de Caucaia, entretanto, caracterizam-se por serem temporários,
como é o caso do riacho Tapeba. Sua principal via fluvial é o rio Ceará, que corta o
município em sua maior extensão, dirigindo-se de sudoeste a nordeste, com um curso
de aproximadamente 50 km.
Pro je tos Soc ia i s38
UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE CAUCAIA
O ano de sua criação data de 1759, toponímia - Denominação de aldeia indígena.
Etimologicamente significa Mato Queimado ou Vinho Queimado, Gentílico – Caucaiense.
O município de CAUCAIA foi um dos primeiros núcleos populacionais do estado do
Ceará. Seu povoamento teve início quando chegaram ali os jesuítas Luís Figueiras e
Francisco Pinto, encarregados, pela Carta Régia de 22 de outubro de 1735, de iniciar
na região uma segunda tentativa de colonização. Homens afeitos à catequese, os padres
da Companhia de Jesus, conseguiram aldear os índios “caucaias”, transformando-os
em amigos e auxiliares em sua missão. Abaixo, na figura 1, você pode analisar o mapa
dessa cidade apresentados e conferir maiores detalhes da situação geográfica.
Font
e: c
auca
ia.c
e.go
v.br
Figura 1 - Mapa de Caucaia/CE
39AULA 3 TÓPICO 2
AS PRIMEIRAS POPULAÇÕES
A história dos grupos locais onde hoje vivem os índios Tapeba relaciona-se
às mudanças recentes nas formas de apropriação fundiária anteriormente obtida no
Tapeba e no Paumirim - tidos como locais tradicionais de habitação deles. Os Tapeba
não conheceram apenas uma única modalidade de apropriação fundiária e uso dos
recursos naturais disponíveis. Partindo dos dados da historiografia disponível, que
caracteriza uma situação de instabilidade, no século passado, quanto à destinação das
terras dos extintos aldeamentos indígenas, poderiam caracterizar a situação dos Tapeba
como o produto de dois resultados históricos distintos, geralmente encontrados em
áreas de colonização antiga: (1) a desagregação de domínios territoriais pertencentes
à igreja, onde tenham passado a prevalecer formas de uso comum, onde a “santa”
(Nª Sª dos Prazeres) apareceria como proprietária; e (2) a perda da posse de eventuais
domínios titulados, que teriam sido entregues formalmente a grupos indígenas sob a
forma de doação ou em retribuição a serviços prestados ao Estado.
A área em que hoje se situa o município de Caucaia e vivem os Tapeba esteve
relacionada ao trânsito das populações aborígenes que ali habitaram antes e depois da
chegada dos primeiros colonizadores, e à conquista e ao povoamento pelos europeus
(franceses, holandeses e portugueses) do que hoje é a costa cearense. Isso faz com
que se sustente hoje a tese de que os Tapeba sejam o resultado de um lento processo
de individuação étnica dos contingentes indígenas originários (Potiguara, Tremembé,
Cariri e Jucá) reunidos sob a autoridade da administração colonial.
O grupo autóctone acima caracterizado constituiu-se uma das cinco etnias
oficialmente reconhecidas pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI) no estado. O
município integra a área metropolitana de Fortaleza, um dos principais portões do
turismo litorâneo do estado, viabilizado pelo projeto Polo Ceará Costa do Sol, que se
estende por aproximadamente 191 km de costa a oeste de Fortaleza.
Pro je tos Soc ia i s40
TÓPICO 3 Componentes Metodológicos do Projeto Social
ObjetivO• Desenvolver uma metodologia de trabalho socio-
inclusico com base nas demandas da localidade
Soledade no Município de Caucaia
INTRODUÇÃO
A escolha de um percurso metodológico é um dos passos mais
importantes para a realização de um projeto, qualquer que
seja o seu alcance. Desse modo, a escolha de procedimentos
como a análise do local, as formas de melhor intervir contando com a ajuda do
público a ser assistido e o compartilhamento de decisões devem ser pensados de
forma comprometida e integrada a finalidades do que se propõem a executar. Nos
parágrafos abaixo será demonstrado pari passo cada um desses momentos.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foi adotada a pesquisa de campo no mapeamento das áreas do município
com características de vulnerabilidade social, buscando-se trabalhar categorias
referentes à degradação ambiental e renda per capita inferior a dois salários
mínimos cujas amostras estivessem inseridas no mercado informal e formal de
emprego. Foram selecionados dois grupos representados por corte de faixa etária: • 6 a 14 anos. • Maiores de 14 anos.
No desenvolvimento das estratégias metodológicas, foram considerados 4
momentos assim representados:
1° momento
Sistematização de encontros quinzenais tendo como interface colaborativa
41AULA 3 TÓPICO 3
as lideranças locais, alunos do IFCE na gestão e condução dos trabalhos. Nos
encontros foram pensadas propostas de cunho socioeducativo e de capacitação
profissional tendo as seguintes temáticas como eixo integrador: Educação
ambiental e protagonismo social; Sociedade do conhecimento e da informação
(Tic´s); Utilização dos recursos naturais de forma sustentável; Economia solidária
promovida pelos APL´s (Arranjos Produtivos Locais) e Medidas mitigadoras a
impactos ambientais negativos.
2°. momento
Desenvolvimento de um curso de capacitação profissional em 2 módulos: O 1º
constituído de parte teórica sobre práticas socioeducativas e ambiental inclusivas,
com carga horária do módulo de 20 horas/aulas.
O 2° módulo instrumental realizado constitui-se de oficinas em áreas
específicas tais como: vassoura ecológica, artesanatos, fabricação de produtos de
limpeza domésticos, hortas comunitárias, customização de roupas e informática
básica. Terá uma carga horária de 40 horas/aula.
3° momento
Realização de práticas socioeducativas tendo com público alvo crianças de
6 a 12 anos, contemplando oficinas de arte (pintura, desenho, teatro e música)
trabalhando-se com a temática da conscientização e preservação ambiental, foram
utilizados materiais reciclados para a confecção de objetos e utilitários.
Programação da campanha Limpeza das Praias, em parceria com a SEMACE
(Secretaria Estadual do Meio Ambiente), visando destacar a importância da coleta
seletiva e formas de acondicionamento do lixo doméstico. A indicação das cores
referentes a cada tipo de material a ser reciclado.
4°. momento
Tem por meta a divulgação dos trabalhos desenvolvidos nas oficinas por meio
de feiras expositivas na localidade de outros locais de ampla circulação, tais como:
shoppings, supermercados, praças públicas etc. Buscou-se parcerias com empresas
portadoras do selo verde e que tinham em sua missão o foco da responsabilidade
social-ambiental. A meta central foi possibilitar á comunidade assistida formas
alternativas de sustentabilidade econômica com a criação e instalação de pequenos
núcleos produtivos locais com potencialidade de autogestão.
Pro je tos Soc ia i s42
DESCRIÇÃO DO PÚBLICO ALVO• População caracterizada pelo desemprego e pelo subemprego com
renda per capta inferior a dois salários mínimos.• Área urbana impactada socioambientalmente.• Núcleos comunitários desarticulados no alcance de políticas públicas
de seu interesse.
PLANO DE METAS
Ações socioinclusivas com foco na capacitação profissional ministradas para
um público em torno de 150 pessoas sem limite de escolaridade e com faixa etária
acima de 15 anos.
A sistematização de 4 minicursos e palestras socioeducativas.
Resultados esperados em torno de 75% de participação do público alvo.
AVALIAÇÃO DAS METAS
Os resultados foram medidos com base nas anotações das fichas de observação
e nos encontros quinzenais onde se buscou a compatibilização das ações propostas
às demandas da comunidade, formas colaborativas e interface com as lideranças
locais como principal norteador das metas planejadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que a ideia desse projeto tem o caráter processual e permanente,
independentemente de gestão ou política escolar, insere-se como princípio
educativo norteando a práxis curricular e, de certa forma, constituindo-se numa
DISCRIMINAÇÃO2006 2007 (1)
Nº % Nº %
Total 313.584 100,00 316.906 100,00
Urbana ... ... ... ...
Rural ... ... ... ...
Homens 154.583 49,30 ... ...
Mulheres 159.001 50,70 ... ...
Quadro 1: Estimativa da População – 2006 - 2007Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (1) Contagem da População 2007.
Inclusive a população estimada nos domicílios fechados. Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
43AULA 3 TÓPICO 3
política educacional cuja marca registrada é a oferta da educação profissional de
qualidade, compromisso social que o Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia, instituição centenária, tem com seu
estado, sua região e com o seu país.
Sendo assim, o aluno incorpora à sua
formação profissional valores éticos e de
responsabilidade com o outro, que, sem dúvida, o
fará diferente, incitando-o a buscar uma sociedade
que respeite o meio ambiente, a diversidade ética,
pluralismo de ideias e a paz mundial.
A prática social solidária e participativa tornar-se um imperativo ético
para aqueles que creem nas possibilidades do ser humano, que sonham com um
mundo de paz, justiça e fraternidade. As políticas de governo têm uma grande
responsabilidade pela educação daqueles que não têm voz, que não sabem que têm
direitos, dos excluídos, da nossa sociedade injusta. Na percepção da crise sombria
em que vivemos, temos o dever de buscar algo maior que dê sentido de luta para
a vida e pela construção de uma sociedade onde todos tenham acesso aos bens
materiais e imateriais acumulados pela humanidade.
at e n ç ã o !
No ambiente Moodle (Aula 3, Tópico 3),
você conhecerá alguns exemplos de Plano de
Atividades.
Pro je tos Soc ia i s44
AULA 4 Dimensão Técnica
Caro(a) aluno(a),
A Aula 4 tem como proposta apresentar, de forma prática, a estrutura básica da
construção de um anteprojeto, que tem como eixo norteador o desenvolvimento
de ações sociais em comunidades consideradas vulneráveis no aspecto social
e no ambiental. Para isso, cada passo da idealização socioinclusiva tem de ser
pensada metodologicamente para que nada possa ser esquecido e os objetivos
finais possam ser alcançados com êxito.
Ao longo das aulas passadas, foi possível conhecer o embasamento teórico e
filosófico que permeou a construção da disciplina Projetos Sociais, agora em
diante, cabe a você, caro (a) aluno (a), fazer a diferença na busca e efetivação de
uma sociedade onde todos tenham dignidade de vida.
45AULA 4 TÓPICO 1
A sistematização de toda e qualquer medida voltada para a
transformação no espaço social implica em considerar a dimensão
técnica, ou seja, o modus operandi em que a ação socioinclusiva
irá se desenvolver. A competência exigida do voluntário irá requerer não apenas
ênfase no planejamento e na operacionalização do projeto social, mas, sobretudo a
fase de avaliação.
Outro dado importante na implementação do Projeto Social é o conceito
de “vulnerabilidade social”. Há diversas formas de identificação desse termo
relacionadas a questões de trabalho, moradia, saúde, escolar etc. Na prática
de campo, o aluno pode encontrar uma ou mais dessas categorias envolvidas,
evidentemente que uma solução definitiva dos déficits implica numa conjugação
de esforços onde o poder público tem a sua maior parcela de responsabilidade.
Nesse sentido, o que estaríamos expressando como categoria de
vulnerabilidade está em concordância com Castell (1997, p. 19) ao assinalar:
[...] a vulnerabilidade social é uma zona intermediária instável que conjuga a
precariedade do trabalho e a fragilidade dos suportes de proximidade. Se ocorrer
algo como uma crise econômica, o aumento do desemprego, a generalização
do subemprego, a zona de vulnerabilidade dilata-se, avança sobre a zona de
integração e elimina a desfiliação. Os estudos sobre vulnerabilidade social,
especialmente os que se aplicam à realidade dos países menos desenvolvidos,
estão associados também à idéia de risco frente ao desemprego, à precariedade
do trabalho, à pobreza e à falta de proteção social.
TÓPICO 1 A dimensão técnica da práxis dos Projetos SociaisObjetivOs
• Apresentar os instrumentos de execução da práxis dos projetos
sociais
• Apresentar um template de anteprojeto como ferramenta de
registro e planejamento das ações sociais
Pro je tos Soc ia i s46
O enfrentamento desta categoria de subdesenvolvimento deve ser encarado
numa dimensão ética pautada por uma visão crítica do planejador, capaz de
questionar, a todo momento, a intencionalidade das ações, os resultados efetivos
de modo a contribuir para a transformação das reais condições evidenciadas na
localidade e anseios do público-alvo
Tendo-se como princípio norteador o desenvolvimento e práticas voltadas
à transformação de uma sociedade mais equânime, passaremos agora a especificar
o instrumental técnico necessário para a realização do projeto social. Por isso,
torna-se importante realizar o registro e inventário das demandas detectadas das
comunidade-alvo e discriminar as fases de acompanhamento e avaliação da proposta
de intervenção. Essa fase é conhecida como a dimensão comunicativa do projeto,
nela estão inseridos os seguintes passos:• Identificar a comunidade e/ou Instituição (Nome, endereço, telefone,
site, nome do coordenador e/ou líder etc.)• Mapear necessidades e/ou demandas do grupo a ser assistido.• Justificativa (O porquê do projeto e sua abrangência) • Especificar os objetivos a serem atingidos.• Metodologia a ser utilizada.• Descrição das atividades a serem desenvolvidas.• Previsão do número de pessoas a serem atendidas.• Recursos materiais e humanos.• Interface (Possíveis apoios institucionais e/ ou de pessoas físicas). • Cronograma• Anexos
A fim de melhor exemplificar cada um desses itens, apresentamos
detalhadamente as bases em que cada um deles devem estar assentados, para isso,
os dividimos em 4 momentos.
47AULA 4 TÓPICO 1
ETAPAS DO PROJETO DE APLICAÇÃO
1º momento
Desenvolver a ideia solidária• Mapeamento ou sondagem da área social a ser trabalhada (bairro, rua,
escola etc).• Contacto com a liderança local ou instituição que será o elo entre
alunos + comunidade.• Apresentação de propostas previamente delineadas, conjugando-as
com as necessidades da comunidade.• Levantamento dos recursos e possíveis parcerias.
2º momento - colocando no papel a ideia solidária Dados de identificação do projeto social• Nome da Instituição, ONG`S, escolas, associações etc.• Endereço, telefone, site, email etc.• Nome da liderança local e/ou pessoa de contato.• Número de pessoas a serem atendidas no projeto.Descrição da ação a ser desenvolvida • Nome da atividade.• Objetivos a serem atingidos.• Justificativa (Relevância do projeto).• Desenvolvimento (Detalhamento das ações ).• Cronograma (Previsão temporal).• Recursos materiais e humanos.• Interfaces (Possíveis parcerias e/ou patrocínios)..
3º momento - etapa de implementação
• Após o contato inicial com a comunidade, deverá ser apresentado o projeto social e seu detalhamento.
• Estabelecer com o público a ser atendido uma sinergia de propósitos, buscando-se uma ação participativa e colaborativa.
• Mostrar-se sempre acessível a uma readaptação do projeto original.
• Incentivar as intervenções e/ou atitudes de colaboração por parte da comunidade envolvida.
at e n ç ã o !
Após compromisso assumido com o público, é
preciso zelar pela sua implementação, lembre-se
de que foi gerada uma expectativa e ela precisa
ser honrada.
Pro je tos Soc ia i s48
4º momento - relatório simpliFicado
Dados de identificação do projeto • Nome da Instituição e/ou comunidade, endereço, telefone, site etc.• Nome do projeto desenvolvido.• Nome da liderança local, telefone etc. • Número de pessoas atendidas.• Descrição das principais atividades.• Cronograma• Avaliação de suas expectativas no desenvolvimento do projeto.• A avaliação de seu trabalho junto ao público assistido é fundamental
49REFERÊNCIAS
REFERÊNCIASBRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Aspectos Conceituais da Vulnerabilidade Social-Convênio MTE – DIEESE, 2007.
BRASIL . Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Contagem da População Inclusive a população estimada nos domicílios fechados, 2007.
CAMPOS, Arminda Eugenia Marques; ABEGÃO, Luís Henrique; DELAMARO Maurício César. O planejamento de projetos sociais: dicas, técnicas e metodologias. Disponível em: <www.ebah.com.br/busca.buscar.logic?...Planejamento%20de%20projetos% 20sociais>. Acesso em: 10 ago. 2010.
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MARTINELLI, Marilu. Conversando sobre Educação em Valores Humanos. São Paulo: Peirópolis, 1999.
MONTAÑO, Carlos. Terceiro setor e questão social: crítica ao padrão emergente de
Pro je tos Soc ia i s50
intervenção social. 3. ed. – São Paulo: Cortez, 2005. 288p.
O MODELO DA ANÁLISE S.W.O.T. Acesso em: <portal2.tcu.gov.br/.../BTCU_ESPECIAL_30_de_14_12_2010_Análise_ SWOT_e_Diagrama_.pdf>.
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XAVIER, Antonio Roberto. Jornal Diário do Nordeste. Caderno de Política. 2010, p.6.
51CURRÍCULO
CURRÍCULOTereza Cristina Valverde Araújo Alves
Doutora em Geografia, Mestre em Gestão em negócios Turísticos, especialista nas áreas
de Educação Profissional, Metodologia Superior e Tecnologia Educacional. Professora do
IFCE nas áreas de Licenciatura nas modalidades presencial e a distância nas disciplinas de
Políticas educacionais, Metodologia científica e Projetos Sociais. Integrante dos grupos de
pesquisas com foco em Informática educativa e Educação ambiental.
Projetossociaislicenciatura emmatemática
LIC
EN
CIA
TU
RA
EM
MA
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MÁ
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A - P
RO
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IAIS
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B / IF
CE
SE
ME
ST
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5
Ministério da Educação - MEC
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Universidade Aberta do Brasi l
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará