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UCAM - UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LYLYAN RIOS MEDRADO DAMASCENO A FALTA DE CONSCIÊNCIA DOS USUÁRIOS ACERCA DO DIREITO Á SAÚDE PÚBLICA. Salvador 2010

UCAM - UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES LYLYAN RIOS MEDRADO ... fileLYLYAN RIOS MEDRADO DAMASCENO ... especial a minha orientadora Profª Maria da Conceição Maggioni Poppe, que foi uma

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UCAM - UNIVERSIDADE CAcircNDIDO MENDES

LYLYAN RIOS MEDRADO DAMASCENO

A FALTA DE CONSCIEcircNCIA DOS USUAacuteRIOS ACERCA DO DIREITO Aacute SAUacuteDE PUacuteBLICA

Salvador 2010

LYLYAN RIOS MEDRADO DAMASCENO

A FALTA DE CONSCIEcircNCIA DOS USUAacuteRIOS ACERCA DO DIREITO

Aacute SAUacuteDE PUacuteBLICA

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista em Sauacutede da Famiacutelia na Universidade Cacircndido Mendes

Orientadora Maria da Conceiccedilatildeo Maggioni Poppe

Salvador 2010

DAMASCENO Lylyan Rios Medrado Sxx A falta de consciecircncia dos usuaacuterios acerca do direito aacute sauacutede puacuteblica Lylyan Rios Medrado Damasceno- Salvador 2009 f 48 il 30cm Orientadora Maria da Conceiccedilatildeo Maggioni Poppe Monografia (Graduaccedilatildeo) ndash Universidade Cacircndido Mendes 1_________ 2______ 3 _________ 4 _________I Universidade Cacircndido Mendes II Tiacutetulo

O erro da eacutetica ateacute o momento tem

sido a crenccedila de que soacute se deva

aplicaacute-la em relaccedilatildeo aos homens

Albert Schweitzer

DEDICATOacuteRIA

Aos meus queridos pais pela

dedicaccedilatildeo e empenho que tiveram

e por possibilitarem que este

importante passo fosse dado

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a DEUS que sempre se fez presente ao meu lado dando-

me forccedilas para que superasse as dificuldades e seguisse adiante nos meus

objetivos

Ao meu esposo LAURO na tentativa modesta de externar o meu verdadeiro

amor em paacutelida retribuiccedilatildeo pela irresgataacutevel compreensatildeo e carinho com que

sempre me cercou

Aos meus amados pais ALOYSIO e LOURDES Pela liccedilatildeo de vida que me

prestaram e continuam a prestar a minha homenagem da mais profunda gratidatildeo

Ao meu irmatildeo MARCOS aquelas com quem sempre posso contar

Aos meus PROFESSORES que com infinita paciecircncia me ensinaram e em

especial a minha orientadora Profordf Maria da Conceiccedilatildeo Maggioni Poppe que foi uma

fonte inesgotaacutevel de estiacutemulo e apoio dando-me condiccedilotildees para a realizaccedilatildeo das

atividades de pesquisa e ensino

A UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DO SALVADOR que proporcionou - me um

ambiente sem igual para a conduccedilatildeo da minha formaccedilatildeo acadecircmica

A TODAS as pessoas que de alguma forma contribuiacuteram para eu chegar aonde cheguei MEU MUITO OBRIGADO

RESUMO O presente trabalho monograacutefico tem como finalidade abordar questotildees acerca da cidadania particularizando a discussatildeo dos direitos do paciente Para tanto foi realizada um levantamento bibliograacutefico na aacuterea e para pesquisa de campo foi realizado questionaacuterios com pacientes internados no Hospital Manoel Victorino Aleacutem disso serviu de base a experiecircncia que a autora do trabalho tem na aacuterea que serviu como base para a abordagem individual e grupal como a anamnese social visitas aos leitos acompanhamento particularizado de alguns pacientes reuniotildees entrevistas contatos com familiares entre outros aspectos que corroboraram para o levantamento de dados Portanto este trabalho teve como propoacutesito o entendimento a cerca do usuaacuterio e os direitos que estes tecircm ao utilizar o sistema de sauacutede O primeiro capiacutetulo seraacute abordado o tema de sauacutede puacutebica no Brasil onde se falaraacute de como era a sauacutede antigamente e o que aconteceu para a melhoria na questatildeo da vigilacircncia sanitaacuteria mostrando que a sauacutede eacute uma questatildeo de direito No segundo capiacutetulo seraacute abordado o tema cidadania e sauacutede onde seratildeo observados a luta de todas as eacutepocas para a construccedilatildeo da cidadania e da eacutetica e a importacircncia da informaccedilatildeo para o paciente hospitalizado O terceiro capiacutetulo mostra a parte praacutetica do trabalho a construccedilatildeo da anamnese e o resultado e a discussatildeo deste trabalho

METODOLOGIA

Esta pesquisa eacute do tipo observacional transversal realizada no Hospital

Manoel Victorino de Salvador estado da Bahia no ano de 2009

A realizaccedilatildeo da pesquisa atende uma das normas das Diretrizes e Normas

Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos resoluccedilatildeo ndeg 196 de

10 de outubro de 1996 que deixa claro que em momento algum durante a

realizaccedilatildeo da pesquisa sejam mencionados nomes ou fatos que possam identificar

os participantes da mesma e que em nenhum momento da pesquisa o estudo

sobreponha-se ao interesse da ciecircncia em detrimento ao interesse das pessoas

(BRASIL 1996)

Foram considerados pacientes que deram entrada no hospital pelo Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) A partir daiacute foi feita uma anamnese e aplicado um

questionaacuterio com os pacientes que foram selecionados nas amostras

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL 10

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil 10

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede 11

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito 15

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE 19

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas 19

22 Cidadania e Eacutetica 21

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede 24

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado 29

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS

PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA

CIDADANIA 33

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV 33

32 Resultado e discussatildeo 35

CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA 46

ANEXO 50

8

INTRODUCcedilAtildeO

Hoje observa-se que a sauacutede eacute um do direito de todos e dever do Estado

adquirido pela populaccedilatildeo atraveacutes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Mas seraacute que a

comunidade sabe quais satildeo estes direitos

Portanto o presente trabalho tem como finalidade abordar o tema a Falta de

consciecircncia dos usuaacuterios acerca do direito agrave sauacutede puacuteblica Para tanto serviu de

base a minha praacutetica como Assistente Social do Hospital Geral Manoel Victorino

levantamentos bibliograacuteficos sobre o tema e pesquisa de campo onde seraacute

realizada investigaccedilatildeo com pacientes internados no setor de Ortopedia

Contribuiacuteram tambeacutem para a realizaccedilatildeo da mesma a utilizaccedilatildeo das praacuteticas

profissionais como abordagens individuais grupais (Anamnese Social visita aos

leitos acompanhamento particularizado em alguns casos reuniotildees com temas

ligados a educaccedilatildeo e cidadania reuniotildees interdisciplinar para discussatildeo de casos

registro das atividades em documentaccedilatildeo especiacutefica do Serviccedilo Social que serviram

para confirmar a hipoacutetese levantada

O interesse pelo tema monograacutefico emergiu a partir das informaccedilotildees

obtidas atraveacutes dos procedimentos metodoloacutegicos citados quando percebi que os

pacientes natildeo conheciam seus direitosdeveres e como isto tende a refletir na sua

relaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do sistema de sauacutede

A pesquisa foi estruturada a partir do seguinte problema A falta de

consciecircncia dos usuaacuterios com relaccedilatildeo aos seus direitos leva-os a lsquolsquoencararrsquorsquo agrave

assistecircncia recebida como benesse A partir da pesquisa foi possiacutevel identificar o

grau de conhecimento dos usuaacuterios acerca dos seus direitos a qualidade dos

serviccedilos prestados e o perfil soacutecio-econocircmico dos mesmos

Com o propoacutesito de orientar o processo de investigaccedilatildeo estabeleci a

seguinte hipoacutetese acredita-se que a falta de consciecircncia dos usuaacuterios acerca de

seus direitos e deveres tende a refletir na sua relaccedilatildeo em como utilizar o sistema de

sauacutede Observou-se que a falta de conhecimento tende a levar os usuaacuterios agrave natildeo

conseguirem enxergar seus espaccedilos na sociedade e assim natildeo reconhecerem seu

efetivo direito Desta forma seraacute analisada a questatildeo fundamentando a hipoacutetese

9

atraveacutes de reflexotildees que seratildeo divididas em capiacutetulos para maior elucidaccedilatildeo da

problemaacutetica

Portanto no primeiro capiacutetulo seratildeo desenvolvidos como era e como anda a

sauacutede puacuteblica no Brasil aleacutem dos direitos do cidadatildeo ao sistema de sauacutede e da

obrigaccedilatildeo do Estado para o fornecimento da mesma

No segundo capiacutetulo seraacute abordado sobre cidadania e sauacutede mostrando as

concepccedilotildees de cidadania e a sua construccedilatildeo ao longo dos tempos como uma forma

de Direitos Humanos

No terceiro capiacutetulo haveraacute uma explanaccedilatildeo sobre as reflexotildees do cidadatildeo

doente e sobre os direitos deste cidadatildeo em especial no Hospital Manoel Victorino

buscando mostrar se os mesmos tecircm a sua cidadania e os seus direitos respeitados

Mostrando ainda a metodologia que foi utilizada e apoacutes a discussatildeo e resultado

10

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil

Para se discorrer sobre a sauacutede puacuteblica no Brasil primeiro se faz necessaacuterio

percorrer os caminhos da histoacuteria para que se possa haver um melhor entendimento

de como se chegou ao ponto em que se encontra a sauacutede puacuteblica no Brasil hoje

A intervenccedilatildeo estatal nos serviccedilos de sauacutede brasileira vem desde a eacutepoca

colonial quando o Brasil encontrava-se agrave beira do capitalismo mundial submetendo-

se econocircmica e politicamente agrave metroacutepole Portugal

As pessoas que tinham dinheiro procuram centros meacutedicos na Europa para

se tratar restando a populaccedilatildeo mais carente a busca por curandeiros do pajeacute com

suas ervas e cantos e dos boticaacuterios que percorriam o Brasil Colocircnia

A fase do impeacuterio brasileiro findou-se sem que o Estado encontra-se

soluccedilotildees para os graves problemas de sauacutede da populaccedilatildeo fazendo com que o

Brasil ao final do segundo reinado fosse conhecido laacute fora como um paiacutes insalubre

De acordo com Scliar (1987) o hospital que havia ateacute entatildeo contava apenas com

trabalho voluntaacuterio sendo um depoacutesito de doentes que eram isolados da sociedade

com o objetivo de natildeo contagiaacute-la

Uma das principais apreensotildees em relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede era em

relaccedilatildeo ao principal porto do paiacutes que situava-se no Rio de Janeiro tornando assim

esta cidade o centro das preocupaccedilotildees das accedilotildees sanitaacuterias

Nesse momento a Sauacutede Puacuteblica no Brasil passou a ser calcada em

intervenccedilotildees engendradas na corrente de pensamento do Sanitarismo que se

operacionalizava no acircmbito urbano das cidades com a comercializaccedilatildeo e transporte

de alimentos e cobertura dos portos mariacutetimos (ROSEN 1994)

O periacuteodo Republicano foi marcado pela hegemonia do cafeacute com

predominacircncia de grupos oligaacuterquicos regionais Em 1888 com a Aboliccedilatildeo da

Escravatura e com a consequumlente crise da matildeo de obra escrava intensificaram-se

as correntes imigratoacuterias provenientes principalmente da Itaacutelia Espanha e Portugal

(ROSSI 1980)

11

Houve um grande crescimento econocircmico no Brasil no entanto foi um

periacuteodo de crise soacutecio-econocircmica e sanitaacuteria porque a febre amarela entre outras

epidemias ameaccedilavam a economia agroexportadora brasileira prejudicando

principalmente a exportaccedilatildeo de cafeacute pois os navios estrangeiros se recusavam a

atracar nos portos brasileiros o que tambeacutem reduzia a imigraccedilatildeo de matildeo-de-obra

Para reverter a situaccedilatildeo o governo criou medidas que garantissem a sauacutede da

populaccedilatildeo trabalhadora atraveacutes de campanhas sanitaacuterias de caraacuteter autoritaacuterio

(SCLIAR1987)

Ou seja com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica elaborou-se a Constituiccedilatildeo que

assinalava a preponderacircncia dos grandes Estados nas decisotildees nacionais Assim o

poder centralizou-se nos Estados produtores de cafeacute da regiatildeo centro-sul

instalando-se a poliacutetica do cafeacute com leite Essa Constituiccedilatildeo incorporou a sauacutede

como uma aacuterea de acircmbito estatal estabelecendo sua estrutura e locais de atuaccedilatildeo

(IYDA 1994)

Pode-se dizer pelo exposto que embora a sauacutede da populaccedilatildeo

especialmente no combate agrave lepra e agrave peste e a existecircncia de algum controle

sanitaacuterio em relaccedilatildeo aos portos ruas casas e praias tenha sido objeto de atenccedilatildeo

da administraccedilatildeo portuguesa em fases anteriores a transformaccedilatildeo do objetivo da

medicina da doenccedila para a sauacutede iraacute ocorrer somente no seacuteculo XIX quando ldquoo

conhecimento da colocircnia eacute colocado como fundamento necessaacuterio para uma

intervenccedilatildeo dirigida para o aumento da produccedilatildeo para a defesa da terra para a

sauacutede da populaccedilatildeordquo (Machado et al 1978)

Portanto pode-se observar de acordo com as palavras de Machado e

colaboradores (1978) que ldquoa administraccedilatildeo portuguesa natildeo se caracterizou pelo

menos ateacute a segunda metade do seacuteculo XVIII pela organizaccedilatildeo do espaccedilo social

visando um ataque planificado e continuado agraves causas de doenccedila agindo por isso

de modo muito mais negativo que positivo no que diz respeito agrave sauacutederdquo

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede

Como exposto acima pode-se observar que as accedilotildees desenvolvidas na

eacutepoca eram accedilotildees reguladoras compreendendo as atividades dos cirurgiotildees e a

criaccedilatildeo das primeiras escolas de medicina como aconteceu na Bahia com a criaccedilatildeo

12

da Escola de Cirurgia no ano de 1808 e no Rio de Janeiro com a criaccedilatildeo da

caacutetedra de anatomia no Hospital Militar acompanhada pela medicina operatoacuteria em

1809 Mas foi no ano de 1829 com a criaccedilatildeo da Sociedade de Medicina e Cirurgia

do Rio de Janeiro que de acordo com Machado et al (1978) ldquolutaraacute de diversas

maneiras para impor-se como guardiatilde da sauacutede puacuteblicardquo A partir daiacute comeccedila o

inicio da implantaccedilatildeo da medicina social no Brasil que passa a lutar pela defesa das

ciecircncias meacutedicas

Nessa mesma eacutepoca foi constituiacuteda a Academia Real de Medicina Social no

ano de 1829 na Bahia que funcionou como oacutergatildeo de consulta nas questotildees ligadas

a sauacutede do Imperador D Pedro I que tinha como objetivos a proteccedilatildeo da sauacutede da

populaccedilatildeo segundo os exemplos da Europa e a defesa da ciecircncia o que colaborou

para a constituiccedilatildeo da superioridade do exerciacutecio da medicina no Brasil

Nas palavras de Luz (1991) a primeira medida concreta em niacutevel nacional

para a criaccedilatildeo do sistema de sauacutede puacuteblica aconteceu na deacutecada de 20 A Diretoria

Geral de Sauacutede Puacuteblica eacute organizada pelo meacutedico sanitarista Oswaldo Cruz que

resolve o problema sanitaacuterio implementando progressivamente instituiccedilotildees

puacuteblicas de higiene e sauacutede Oswaldo Cruz adotou o modelo das campanhas

sanitaacuterias (inspirado no modelo americano mas importado de Cuba) destinado a

combater as epidemias urbanas e mais tarde as endemias rurais

As campanhas de sauacutede puacuteblica eram organizadas de tal forma que

assemelhavam-se a campanhas militares dividindo as cidades em distritos

encarcerando os doentes portadores de doenccedilas contagiosas e obrigando pela

forccedila o emprego de praacuteticas sanitaristas Esta situaccedilatildeo levou agrave Revolta da Vacina

no Rio de Janeiro quando a populaccedilatildeo revoltou-se com a obrigatoriedade da vacina

contra a variacuteola (SCLIAR 1987)

Interessante eacute a observaccedilatildeo de Moraes (1983) quando diz ldquoa ausecircncia da

questatildeo da sauacutede na bibliografia histoacuterica brasileira no que diz respeito agraves

condiccedilotildees de vida e de trabalho e de seus aspectos institucionais pode conduzir a

pensar numa negligecircncia em considerar e analisar este temardquo

Iyda (1994) afirma que foi no governo de Rodrigues Alves que se

desencadeou accedilotildees que tiveram como vertente a chamada Higienizaccedilatildeordquo Atraveacutes

da figura de Osvaldo Cruz a questatildeo sanitaacuteria passou a ser tomada como uma

questatildeo poliacutetica Como exemplo pode-se verificar a lei sobre a vacinaccedilatildeo e re-

13

vacinaccedilatildeo contra a variacuteola no ano de 1904 processo que gerou uma seacuterie de

revoltas no acircmago da populaccedilatildeo civil contra o sentido militar imputado agrave campanha

A partir daiacute o Estado passou a receber fortes pressotildees por parte de

intelectuais e militares para a criaccedilatildeo de novos serviccedilos na aacuterea de Sauacutede Puacuteblica

culminando em 1931 com a criaccedilatildeo do Ministeacuterio de Educaccedilatildeo e Sauacutede Nesta fase

a Sauacutede Puacuteblica definiu seu papel e os burocratas e as classes que apoiavam a

Revoluccedilatildeo Constitucionalista obtiveram grandes privileacutegios poliacuteticos (IYDA 1993)

Com a criaccedilatildeo do Departamento Nacional da Sauacutede Puacuteblica que tinha como

objetivo a extensatildeo dos serviccedilos de saneamento urbano e rural aleacutem da higiene

industrial e materno-infantil a Sauacutede Puacuteblica passou a ser tomada como questatildeo

social Datam dessa eacutepoca os primeiros encontros do sanitaristas que bradavam por

soluccedilotildees mais eficazes no que tocava agraves questotildees de sauacutede Esse movimento

sanitaacuterio difundiu a necessidade da educaccedilatildeo sanitaacuteria como uma estrateacutegia para a

promoccedilatildeo da sauacutede e o conteuacutedo dos discursos era permeado por uma intensa

fermentaccedilatildeo de ordem liberal (BRAGA PAULA 1987)

De acordo com Luz (1991)

Desde o iniacutecio a implantaccedilatildeo dos programas e serviccedilos de auxiacutelio agrave sauacutede foi impregnada de praacuteticas clientelistas tiacutepicas do regime populista que caracterizou a Era Vargas Tais praacuteticas se ancoraram tambeacutem nos sindicatos de trabalhadores nos quais ajudaram a criar normas administrativas e poliacuteticas de pessoal adequadas a estrateacutegias de cooptaccedilatildeo das elites sindicais simpatizantes e de exclusatildeo das discordantes alccedilando aquelas agrave direccedilatildeo das instituiccedilotildees e agrave gestatildeo dos programas governamentais

Ainda na deacutecada de 30 foi criado os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

(IAPs) os quais diferentemente das antigas Caixas satildeo organizados por categorias

profissionais natildeo mais por empresas e que foram considerados como o marco da

medicina previdenciaacuteria brasileira (SILVA1996)

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a mudanccedila ocorrida natildeo foi

apenas nas siglas mas tambeacutem na forma de administraccedilatildeo Enquanto a CAP era

formada por um colegiado de empregados e empregadores a direccedilatildeo dos IAPs

cabia a um representante do Estado sendo assessorado por um colegiado sem

poder deliberativo o qual ainda era escolhido pelos sindicatos reconhecidos pelo

governo

14

Observa-se nas palavras de Guerra (2009) que foi no periacuteodo militar que

houve uma maior mudanccedila em relaccedilatildeo a sauacutede puacuteblica onde as accedilotildees de

assistecircncia agrave sauacutede em niacutevel individual comeccedilaram com o surgimento da

Previdecircncia Social vinculando a assistecircncia meacutedica ao princiacutepio do seguro social e

colocando-a no mesmo plano de benefiacutecios como as aposentadorias pensotildees por

invalidez etc O processo de unificaccedilatildeo previsto em 1960 se efetiva em 2 de janeiro

de 1967 com a criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) reunindo

os seis Institutos de Aposentadorias e Pensotildees o Serviccedilo de Assistecircncia Meacutedica e

Domiciliar de Urgecircncia (SAMDU) e a Superintendecircncia dos Serviccedilos de Reabilitaccedilatildeo

da Previdecircncia Social

A construccedilatildeo ou reforma de inuacutemeras cliacutenicas e hospitais privados com

financiamento da Previdecircncia Social e o enfoque agrave medicina curativa fez com que

multiplicassem por todo o paiacutes as faculdades particulares de medicina O ensino

meacutedico passou a ser desvinculado da realidade sanitaacuteria da populaccedilatildeo voltado para

a especializaccedilatildeo e a sofisticaccedilatildeo tecnoloacutegica e dependente das induacutestrias

farmacecircuticas e de equipamentos meacutedico-hospitalares Quando o INPS foi criado

em 1966 o governo liberou verba a fundo perdido para empresas privadas

construiacuterem hospitais depois o INPS enviou seus segurados para estes hospitais

isto eacute a Previdecircncia financiou e sustentou estes hospitais por 20 anos

Posteriormente estes proprietaacuterios consideraram-se capitalizados e se

descredenciaram do INPS O dinheiro da previdecircncia natildeo era mais suficiente para

cobrir os gastos com assistecircncia meacutedica e o nuacutemero de leitos diminuiu portanto um

dos motivos da falecircncia da Previdecircncia foram os custos crescentes determinados

pela privatizaccedilatildeo da rede (Secretaria Municipal da Sauacutede de Satildeo Paulo 1992)

De acordo com Luz (1991) a partir de 1983 a sociedade civil estabelecida

reivindicou junto com um Congresso Nacional novas poliacuteticas sociais que

pudessem asseverar plenos direitos de cidadania aos brasileiros inclusive direito agrave

sauacutede visto tambeacutem como dever do Estado Pela primeira vez na histoacuteria do paiacutes a

sauacutede era vista socialmente como um direito universal e dever do Estado isto eacute

como dimensatildeo social da cidadania

15

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito

ldquoA sauacutede eacute um bem real ao mesmo tempo abstrato que soacute se pretende

obter quando se perde e ela se torna necessidade materializada no seu contraacuterio a

doenccedilardquo (RIBEIRO 1993) Assim natildeo sendo um bem econocircmico cabe ao Estado

prover os recursos indispensaacuteveis para sua prevenccedilatildeo considerando a sauacutede um

ldquobem puacuteblico purordquo (RIANI 1986)

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o sistema de sauacutede era tido como

residual marcado pela assistecircncia meacutedica excludente e sistemaacutetica o que provocou

o crescimento de serviccedilos privados de sauacutede rede de serviccedilos sucateada

priorizaccedilatildeo da assistecircncia meacutedico-hospitalar permitindo o crescimento expansivo da

sauacutede privada

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a Carta Magna de 1988 garante a

sauacutede como direito de todos e um dever do Estado tendo os usuaacuterios acesso

igualitaacuterio e universal agraves accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

As instituiccedilotildees privadas tecircm sua participaccedilatildeo de forma a complementar os serviccedilos

do SUS Seus princiacutepios baacutesicos satildeo a descentralizaccedilatildeo com delegaccedilatildeo de poderes

para os niacuteveis estatal e municipal tendo o atendimento integral com maior enfoque a

atividades preventivas

Na concepccedilatildeo de Oliveira JR (1998) o SUS apesar de ser legalmente

democraacutetico jaacute nasceu com descreacutedito da populaccedilatildeo sendo considerado pelos

formadores de opiniatildeo como o sucessor do fraudulento INAMPS

As poliacuteticas de sauacutede no Brasil segundo Roncalli (2003) poderiam ser

classificadas como residuais jaacute que natildeo abrangem toda a comunidade como seu

objeto de proteccedilatildeo social e meritocraacutetico-corporativas pois estavam os direitos

sociais restritos a vinculaccedilatildeo ao sistema previdenciaacuterio ficando o exerciacutecio da

cidadania determinado pelo trabalho e contribuiccedilatildeo na previdecircncia considerada

como uma cidadania regulada

Assim ateacute a deacutecada de 80 as poliacuteticas de sauacutede no Brasil possuem uma

caracteriacutestica bastante peculiar visto a intervenccedilatildeo do Estado para solucionar

problemas de sauacutede ldquouma estreita relaccedilatildeo entre o estabelecimento das poliacuteticas de

sauacutede e o modelo econocircmico vigente e uma clara distinccedilatildeo entre as accedilotildees de sauacutede

puacuteblica e de assistecircncia meacutedicardquo (RONCALLI 2003)

16

Desta forma a accedilatildeo exercida pelo Estado era residual jaacute natildeo existia uma

poliacutetica social voltada para a sauacutede dos indiviacuteduos e esta natildeo era considerada como

um direito social

[] Efetivamente a accedilatildeo do Estado perante as necessidades sociais baacutesicas limitava-se a reparaccedilatildeo toacutepicas e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e fragmentadas a reivindicaccedilotildees sociais dos trabalhadores e de setores populacionais empobrecidos dos grandes centros urbanos (PEREIRA 2002 p 128)

De acordo com Ribeiro (1993) os Estados mercantilistas dos Seacuteculos XVI e

XVII se preocupavam com a sauacutede de suas populaccedilotildees ldquo[] conscientes de que a

produccedilatildeo sua comercializaccedilatildeo e consequentemente a arrecadaccedilatildeo de impostos

para mantecirc-los dependiam da sauacutede dos que trabalhavam []rdquo

Segundo Paim (1986) entender o Estado como elemento que natildeo eacute neutro

dentro de uma sociedade estruturada em classe explica o seu desempenho voltado

para os interesses das classes hegemocircnicas que tentam evitar tensotildees

sociaiscontemplando dentro de certos limites determinadas necessidades das

classes subalternas O Estado que eacute ldquoinstrumento que pode ser manipulado

livremente pelos grupos que controlam o poderrdquo passa a privilegiar a sauacutede da

economia em detrimento da sauacutede da coletividade (PAIM 1986)

Desse modo para o referido autor o Estado deixa de ser apenas um

aparelho de repressatildeo ideologia econocircmico e simplesmente burocraacutetico para

expressar uma relaccedilatildeo das forccedilas sociais que se manteacutem em constante luta pela

efetivaccedilatildeo de seus objetivos O mesmo autor acrescenta ainda que ldquoo Estado eacute todo

o complexo de atividades praacuteticas e teoacutericas com as quais a classe dirigente justifica

e manteacutem natildeo soacute o seu domiacutenio mas consegue obter o consenso ativo dos

governados []rdquo (PAIM 1986 p 212)

Em se tratando de sauacutede o Estado se diversifica entre uma accedilatildeo

fundamentalmente normativa e uma intervenccedilatildeo que facilita o consumo de serviccedilos

Hoje o sistema uacutenico de sauacutede (SUS) vem deixando a desejar e que este

sistema conspira contra os princiacutepios da universalidade equumlidade e integralidade

na atenccedilatildeo agrave sauacutede consagrados na Constituiccedilatildeo (PAIM 1992 p 40)

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

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JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

LYLYAN RIOS MEDRADO DAMASCENO

A FALTA DE CONSCIEcircNCIA DOS USUAacuteRIOS ACERCA DO DIREITO

Aacute SAUacuteDE PUacuteBLICA

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista em Sauacutede da Famiacutelia na Universidade Cacircndido Mendes

Orientadora Maria da Conceiccedilatildeo Maggioni Poppe

Salvador 2010

DAMASCENO Lylyan Rios Medrado Sxx A falta de consciecircncia dos usuaacuterios acerca do direito aacute sauacutede puacuteblica Lylyan Rios Medrado Damasceno- Salvador 2009 f 48 il 30cm Orientadora Maria da Conceiccedilatildeo Maggioni Poppe Monografia (Graduaccedilatildeo) ndash Universidade Cacircndido Mendes 1_________ 2______ 3 _________ 4 _________I Universidade Cacircndido Mendes II Tiacutetulo

O erro da eacutetica ateacute o momento tem

sido a crenccedila de que soacute se deva

aplicaacute-la em relaccedilatildeo aos homens

Albert Schweitzer

DEDICATOacuteRIA

Aos meus queridos pais pela

dedicaccedilatildeo e empenho que tiveram

e por possibilitarem que este

importante passo fosse dado

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a DEUS que sempre se fez presente ao meu lado dando-

me forccedilas para que superasse as dificuldades e seguisse adiante nos meus

objetivos

Ao meu esposo LAURO na tentativa modesta de externar o meu verdadeiro

amor em paacutelida retribuiccedilatildeo pela irresgataacutevel compreensatildeo e carinho com que

sempre me cercou

Aos meus amados pais ALOYSIO e LOURDES Pela liccedilatildeo de vida que me

prestaram e continuam a prestar a minha homenagem da mais profunda gratidatildeo

Ao meu irmatildeo MARCOS aquelas com quem sempre posso contar

Aos meus PROFESSORES que com infinita paciecircncia me ensinaram e em

especial a minha orientadora Profordf Maria da Conceiccedilatildeo Maggioni Poppe que foi uma

fonte inesgotaacutevel de estiacutemulo e apoio dando-me condiccedilotildees para a realizaccedilatildeo das

atividades de pesquisa e ensino

A UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DO SALVADOR que proporcionou - me um

ambiente sem igual para a conduccedilatildeo da minha formaccedilatildeo acadecircmica

A TODAS as pessoas que de alguma forma contribuiacuteram para eu chegar aonde cheguei MEU MUITO OBRIGADO

RESUMO O presente trabalho monograacutefico tem como finalidade abordar questotildees acerca da cidadania particularizando a discussatildeo dos direitos do paciente Para tanto foi realizada um levantamento bibliograacutefico na aacuterea e para pesquisa de campo foi realizado questionaacuterios com pacientes internados no Hospital Manoel Victorino Aleacutem disso serviu de base a experiecircncia que a autora do trabalho tem na aacuterea que serviu como base para a abordagem individual e grupal como a anamnese social visitas aos leitos acompanhamento particularizado de alguns pacientes reuniotildees entrevistas contatos com familiares entre outros aspectos que corroboraram para o levantamento de dados Portanto este trabalho teve como propoacutesito o entendimento a cerca do usuaacuterio e os direitos que estes tecircm ao utilizar o sistema de sauacutede O primeiro capiacutetulo seraacute abordado o tema de sauacutede puacutebica no Brasil onde se falaraacute de como era a sauacutede antigamente e o que aconteceu para a melhoria na questatildeo da vigilacircncia sanitaacuteria mostrando que a sauacutede eacute uma questatildeo de direito No segundo capiacutetulo seraacute abordado o tema cidadania e sauacutede onde seratildeo observados a luta de todas as eacutepocas para a construccedilatildeo da cidadania e da eacutetica e a importacircncia da informaccedilatildeo para o paciente hospitalizado O terceiro capiacutetulo mostra a parte praacutetica do trabalho a construccedilatildeo da anamnese e o resultado e a discussatildeo deste trabalho

METODOLOGIA

Esta pesquisa eacute do tipo observacional transversal realizada no Hospital

Manoel Victorino de Salvador estado da Bahia no ano de 2009

A realizaccedilatildeo da pesquisa atende uma das normas das Diretrizes e Normas

Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos resoluccedilatildeo ndeg 196 de

10 de outubro de 1996 que deixa claro que em momento algum durante a

realizaccedilatildeo da pesquisa sejam mencionados nomes ou fatos que possam identificar

os participantes da mesma e que em nenhum momento da pesquisa o estudo

sobreponha-se ao interesse da ciecircncia em detrimento ao interesse das pessoas

(BRASIL 1996)

Foram considerados pacientes que deram entrada no hospital pelo Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) A partir daiacute foi feita uma anamnese e aplicado um

questionaacuterio com os pacientes que foram selecionados nas amostras

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL 10

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil 10

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede 11

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito 15

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE 19

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas 19

22 Cidadania e Eacutetica 21

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede 24

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado 29

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS

PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA

CIDADANIA 33

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV 33

32 Resultado e discussatildeo 35

CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA 46

ANEXO 50

8

INTRODUCcedilAtildeO

Hoje observa-se que a sauacutede eacute um do direito de todos e dever do Estado

adquirido pela populaccedilatildeo atraveacutes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Mas seraacute que a

comunidade sabe quais satildeo estes direitos

Portanto o presente trabalho tem como finalidade abordar o tema a Falta de

consciecircncia dos usuaacuterios acerca do direito agrave sauacutede puacuteblica Para tanto serviu de

base a minha praacutetica como Assistente Social do Hospital Geral Manoel Victorino

levantamentos bibliograacuteficos sobre o tema e pesquisa de campo onde seraacute

realizada investigaccedilatildeo com pacientes internados no setor de Ortopedia

Contribuiacuteram tambeacutem para a realizaccedilatildeo da mesma a utilizaccedilatildeo das praacuteticas

profissionais como abordagens individuais grupais (Anamnese Social visita aos

leitos acompanhamento particularizado em alguns casos reuniotildees com temas

ligados a educaccedilatildeo e cidadania reuniotildees interdisciplinar para discussatildeo de casos

registro das atividades em documentaccedilatildeo especiacutefica do Serviccedilo Social que serviram

para confirmar a hipoacutetese levantada

O interesse pelo tema monograacutefico emergiu a partir das informaccedilotildees

obtidas atraveacutes dos procedimentos metodoloacutegicos citados quando percebi que os

pacientes natildeo conheciam seus direitosdeveres e como isto tende a refletir na sua

relaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do sistema de sauacutede

A pesquisa foi estruturada a partir do seguinte problema A falta de

consciecircncia dos usuaacuterios com relaccedilatildeo aos seus direitos leva-os a lsquolsquoencararrsquorsquo agrave

assistecircncia recebida como benesse A partir da pesquisa foi possiacutevel identificar o

grau de conhecimento dos usuaacuterios acerca dos seus direitos a qualidade dos

serviccedilos prestados e o perfil soacutecio-econocircmico dos mesmos

Com o propoacutesito de orientar o processo de investigaccedilatildeo estabeleci a

seguinte hipoacutetese acredita-se que a falta de consciecircncia dos usuaacuterios acerca de

seus direitos e deveres tende a refletir na sua relaccedilatildeo em como utilizar o sistema de

sauacutede Observou-se que a falta de conhecimento tende a levar os usuaacuterios agrave natildeo

conseguirem enxergar seus espaccedilos na sociedade e assim natildeo reconhecerem seu

efetivo direito Desta forma seraacute analisada a questatildeo fundamentando a hipoacutetese

9

atraveacutes de reflexotildees que seratildeo divididas em capiacutetulos para maior elucidaccedilatildeo da

problemaacutetica

Portanto no primeiro capiacutetulo seratildeo desenvolvidos como era e como anda a

sauacutede puacuteblica no Brasil aleacutem dos direitos do cidadatildeo ao sistema de sauacutede e da

obrigaccedilatildeo do Estado para o fornecimento da mesma

No segundo capiacutetulo seraacute abordado sobre cidadania e sauacutede mostrando as

concepccedilotildees de cidadania e a sua construccedilatildeo ao longo dos tempos como uma forma

de Direitos Humanos

No terceiro capiacutetulo haveraacute uma explanaccedilatildeo sobre as reflexotildees do cidadatildeo

doente e sobre os direitos deste cidadatildeo em especial no Hospital Manoel Victorino

buscando mostrar se os mesmos tecircm a sua cidadania e os seus direitos respeitados

Mostrando ainda a metodologia que foi utilizada e apoacutes a discussatildeo e resultado

10

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil

Para se discorrer sobre a sauacutede puacuteblica no Brasil primeiro se faz necessaacuterio

percorrer os caminhos da histoacuteria para que se possa haver um melhor entendimento

de como se chegou ao ponto em que se encontra a sauacutede puacuteblica no Brasil hoje

A intervenccedilatildeo estatal nos serviccedilos de sauacutede brasileira vem desde a eacutepoca

colonial quando o Brasil encontrava-se agrave beira do capitalismo mundial submetendo-

se econocircmica e politicamente agrave metroacutepole Portugal

As pessoas que tinham dinheiro procuram centros meacutedicos na Europa para

se tratar restando a populaccedilatildeo mais carente a busca por curandeiros do pajeacute com

suas ervas e cantos e dos boticaacuterios que percorriam o Brasil Colocircnia

A fase do impeacuterio brasileiro findou-se sem que o Estado encontra-se

soluccedilotildees para os graves problemas de sauacutede da populaccedilatildeo fazendo com que o

Brasil ao final do segundo reinado fosse conhecido laacute fora como um paiacutes insalubre

De acordo com Scliar (1987) o hospital que havia ateacute entatildeo contava apenas com

trabalho voluntaacuterio sendo um depoacutesito de doentes que eram isolados da sociedade

com o objetivo de natildeo contagiaacute-la

Uma das principais apreensotildees em relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede era em

relaccedilatildeo ao principal porto do paiacutes que situava-se no Rio de Janeiro tornando assim

esta cidade o centro das preocupaccedilotildees das accedilotildees sanitaacuterias

Nesse momento a Sauacutede Puacuteblica no Brasil passou a ser calcada em

intervenccedilotildees engendradas na corrente de pensamento do Sanitarismo que se

operacionalizava no acircmbito urbano das cidades com a comercializaccedilatildeo e transporte

de alimentos e cobertura dos portos mariacutetimos (ROSEN 1994)

O periacuteodo Republicano foi marcado pela hegemonia do cafeacute com

predominacircncia de grupos oligaacuterquicos regionais Em 1888 com a Aboliccedilatildeo da

Escravatura e com a consequumlente crise da matildeo de obra escrava intensificaram-se

as correntes imigratoacuterias provenientes principalmente da Itaacutelia Espanha e Portugal

(ROSSI 1980)

11

Houve um grande crescimento econocircmico no Brasil no entanto foi um

periacuteodo de crise soacutecio-econocircmica e sanitaacuteria porque a febre amarela entre outras

epidemias ameaccedilavam a economia agroexportadora brasileira prejudicando

principalmente a exportaccedilatildeo de cafeacute pois os navios estrangeiros se recusavam a

atracar nos portos brasileiros o que tambeacutem reduzia a imigraccedilatildeo de matildeo-de-obra

Para reverter a situaccedilatildeo o governo criou medidas que garantissem a sauacutede da

populaccedilatildeo trabalhadora atraveacutes de campanhas sanitaacuterias de caraacuteter autoritaacuterio

(SCLIAR1987)

Ou seja com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica elaborou-se a Constituiccedilatildeo que

assinalava a preponderacircncia dos grandes Estados nas decisotildees nacionais Assim o

poder centralizou-se nos Estados produtores de cafeacute da regiatildeo centro-sul

instalando-se a poliacutetica do cafeacute com leite Essa Constituiccedilatildeo incorporou a sauacutede

como uma aacuterea de acircmbito estatal estabelecendo sua estrutura e locais de atuaccedilatildeo

(IYDA 1994)

Pode-se dizer pelo exposto que embora a sauacutede da populaccedilatildeo

especialmente no combate agrave lepra e agrave peste e a existecircncia de algum controle

sanitaacuterio em relaccedilatildeo aos portos ruas casas e praias tenha sido objeto de atenccedilatildeo

da administraccedilatildeo portuguesa em fases anteriores a transformaccedilatildeo do objetivo da

medicina da doenccedila para a sauacutede iraacute ocorrer somente no seacuteculo XIX quando ldquoo

conhecimento da colocircnia eacute colocado como fundamento necessaacuterio para uma

intervenccedilatildeo dirigida para o aumento da produccedilatildeo para a defesa da terra para a

sauacutede da populaccedilatildeordquo (Machado et al 1978)

Portanto pode-se observar de acordo com as palavras de Machado e

colaboradores (1978) que ldquoa administraccedilatildeo portuguesa natildeo se caracterizou pelo

menos ateacute a segunda metade do seacuteculo XVIII pela organizaccedilatildeo do espaccedilo social

visando um ataque planificado e continuado agraves causas de doenccedila agindo por isso

de modo muito mais negativo que positivo no que diz respeito agrave sauacutederdquo

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede

Como exposto acima pode-se observar que as accedilotildees desenvolvidas na

eacutepoca eram accedilotildees reguladoras compreendendo as atividades dos cirurgiotildees e a

criaccedilatildeo das primeiras escolas de medicina como aconteceu na Bahia com a criaccedilatildeo

12

da Escola de Cirurgia no ano de 1808 e no Rio de Janeiro com a criaccedilatildeo da

caacutetedra de anatomia no Hospital Militar acompanhada pela medicina operatoacuteria em

1809 Mas foi no ano de 1829 com a criaccedilatildeo da Sociedade de Medicina e Cirurgia

do Rio de Janeiro que de acordo com Machado et al (1978) ldquolutaraacute de diversas

maneiras para impor-se como guardiatilde da sauacutede puacuteblicardquo A partir daiacute comeccedila o

inicio da implantaccedilatildeo da medicina social no Brasil que passa a lutar pela defesa das

ciecircncias meacutedicas

Nessa mesma eacutepoca foi constituiacuteda a Academia Real de Medicina Social no

ano de 1829 na Bahia que funcionou como oacutergatildeo de consulta nas questotildees ligadas

a sauacutede do Imperador D Pedro I que tinha como objetivos a proteccedilatildeo da sauacutede da

populaccedilatildeo segundo os exemplos da Europa e a defesa da ciecircncia o que colaborou

para a constituiccedilatildeo da superioridade do exerciacutecio da medicina no Brasil

Nas palavras de Luz (1991) a primeira medida concreta em niacutevel nacional

para a criaccedilatildeo do sistema de sauacutede puacuteblica aconteceu na deacutecada de 20 A Diretoria

Geral de Sauacutede Puacuteblica eacute organizada pelo meacutedico sanitarista Oswaldo Cruz que

resolve o problema sanitaacuterio implementando progressivamente instituiccedilotildees

puacuteblicas de higiene e sauacutede Oswaldo Cruz adotou o modelo das campanhas

sanitaacuterias (inspirado no modelo americano mas importado de Cuba) destinado a

combater as epidemias urbanas e mais tarde as endemias rurais

As campanhas de sauacutede puacuteblica eram organizadas de tal forma que

assemelhavam-se a campanhas militares dividindo as cidades em distritos

encarcerando os doentes portadores de doenccedilas contagiosas e obrigando pela

forccedila o emprego de praacuteticas sanitaristas Esta situaccedilatildeo levou agrave Revolta da Vacina

no Rio de Janeiro quando a populaccedilatildeo revoltou-se com a obrigatoriedade da vacina

contra a variacuteola (SCLIAR 1987)

Interessante eacute a observaccedilatildeo de Moraes (1983) quando diz ldquoa ausecircncia da

questatildeo da sauacutede na bibliografia histoacuterica brasileira no que diz respeito agraves

condiccedilotildees de vida e de trabalho e de seus aspectos institucionais pode conduzir a

pensar numa negligecircncia em considerar e analisar este temardquo

Iyda (1994) afirma que foi no governo de Rodrigues Alves que se

desencadeou accedilotildees que tiveram como vertente a chamada Higienizaccedilatildeordquo Atraveacutes

da figura de Osvaldo Cruz a questatildeo sanitaacuteria passou a ser tomada como uma

questatildeo poliacutetica Como exemplo pode-se verificar a lei sobre a vacinaccedilatildeo e re-

13

vacinaccedilatildeo contra a variacuteola no ano de 1904 processo que gerou uma seacuterie de

revoltas no acircmago da populaccedilatildeo civil contra o sentido militar imputado agrave campanha

A partir daiacute o Estado passou a receber fortes pressotildees por parte de

intelectuais e militares para a criaccedilatildeo de novos serviccedilos na aacuterea de Sauacutede Puacuteblica

culminando em 1931 com a criaccedilatildeo do Ministeacuterio de Educaccedilatildeo e Sauacutede Nesta fase

a Sauacutede Puacuteblica definiu seu papel e os burocratas e as classes que apoiavam a

Revoluccedilatildeo Constitucionalista obtiveram grandes privileacutegios poliacuteticos (IYDA 1993)

Com a criaccedilatildeo do Departamento Nacional da Sauacutede Puacuteblica que tinha como

objetivo a extensatildeo dos serviccedilos de saneamento urbano e rural aleacutem da higiene

industrial e materno-infantil a Sauacutede Puacuteblica passou a ser tomada como questatildeo

social Datam dessa eacutepoca os primeiros encontros do sanitaristas que bradavam por

soluccedilotildees mais eficazes no que tocava agraves questotildees de sauacutede Esse movimento

sanitaacuterio difundiu a necessidade da educaccedilatildeo sanitaacuteria como uma estrateacutegia para a

promoccedilatildeo da sauacutede e o conteuacutedo dos discursos era permeado por uma intensa

fermentaccedilatildeo de ordem liberal (BRAGA PAULA 1987)

De acordo com Luz (1991)

Desde o iniacutecio a implantaccedilatildeo dos programas e serviccedilos de auxiacutelio agrave sauacutede foi impregnada de praacuteticas clientelistas tiacutepicas do regime populista que caracterizou a Era Vargas Tais praacuteticas se ancoraram tambeacutem nos sindicatos de trabalhadores nos quais ajudaram a criar normas administrativas e poliacuteticas de pessoal adequadas a estrateacutegias de cooptaccedilatildeo das elites sindicais simpatizantes e de exclusatildeo das discordantes alccedilando aquelas agrave direccedilatildeo das instituiccedilotildees e agrave gestatildeo dos programas governamentais

Ainda na deacutecada de 30 foi criado os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

(IAPs) os quais diferentemente das antigas Caixas satildeo organizados por categorias

profissionais natildeo mais por empresas e que foram considerados como o marco da

medicina previdenciaacuteria brasileira (SILVA1996)

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a mudanccedila ocorrida natildeo foi

apenas nas siglas mas tambeacutem na forma de administraccedilatildeo Enquanto a CAP era

formada por um colegiado de empregados e empregadores a direccedilatildeo dos IAPs

cabia a um representante do Estado sendo assessorado por um colegiado sem

poder deliberativo o qual ainda era escolhido pelos sindicatos reconhecidos pelo

governo

14

Observa-se nas palavras de Guerra (2009) que foi no periacuteodo militar que

houve uma maior mudanccedila em relaccedilatildeo a sauacutede puacuteblica onde as accedilotildees de

assistecircncia agrave sauacutede em niacutevel individual comeccedilaram com o surgimento da

Previdecircncia Social vinculando a assistecircncia meacutedica ao princiacutepio do seguro social e

colocando-a no mesmo plano de benefiacutecios como as aposentadorias pensotildees por

invalidez etc O processo de unificaccedilatildeo previsto em 1960 se efetiva em 2 de janeiro

de 1967 com a criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) reunindo

os seis Institutos de Aposentadorias e Pensotildees o Serviccedilo de Assistecircncia Meacutedica e

Domiciliar de Urgecircncia (SAMDU) e a Superintendecircncia dos Serviccedilos de Reabilitaccedilatildeo

da Previdecircncia Social

A construccedilatildeo ou reforma de inuacutemeras cliacutenicas e hospitais privados com

financiamento da Previdecircncia Social e o enfoque agrave medicina curativa fez com que

multiplicassem por todo o paiacutes as faculdades particulares de medicina O ensino

meacutedico passou a ser desvinculado da realidade sanitaacuteria da populaccedilatildeo voltado para

a especializaccedilatildeo e a sofisticaccedilatildeo tecnoloacutegica e dependente das induacutestrias

farmacecircuticas e de equipamentos meacutedico-hospitalares Quando o INPS foi criado

em 1966 o governo liberou verba a fundo perdido para empresas privadas

construiacuterem hospitais depois o INPS enviou seus segurados para estes hospitais

isto eacute a Previdecircncia financiou e sustentou estes hospitais por 20 anos

Posteriormente estes proprietaacuterios consideraram-se capitalizados e se

descredenciaram do INPS O dinheiro da previdecircncia natildeo era mais suficiente para

cobrir os gastos com assistecircncia meacutedica e o nuacutemero de leitos diminuiu portanto um

dos motivos da falecircncia da Previdecircncia foram os custos crescentes determinados

pela privatizaccedilatildeo da rede (Secretaria Municipal da Sauacutede de Satildeo Paulo 1992)

De acordo com Luz (1991) a partir de 1983 a sociedade civil estabelecida

reivindicou junto com um Congresso Nacional novas poliacuteticas sociais que

pudessem asseverar plenos direitos de cidadania aos brasileiros inclusive direito agrave

sauacutede visto tambeacutem como dever do Estado Pela primeira vez na histoacuteria do paiacutes a

sauacutede era vista socialmente como um direito universal e dever do Estado isto eacute

como dimensatildeo social da cidadania

15

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito

ldquoA sauacutede eacute um bem real ao mesmo tempo abstrato que soacute se pretende

obter quando se perde e ela se torna necessidade materializada no seu contraacuterio a

doenccedilardquo (RIBEIRO 1993) Assim natildeo sendo um bem econocircmico cabe ao Estado

prover os recursos indispensaacuteveis para sua prevenccedilatildeo considerando a sauacutede um

ldquobem puacuteblico purordquo (RIANI 1986)

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o sistema de sauacutede era tido como

residual marcado pela assistecircncia meacutedica excludente e sistemaacutetica o que provocou

o crescimento de serviccedilos privados de sauacutede rede de serviccedilos sucateada

priorizaccedilatildeo da assistecircncia meacutedico-hospitalar permitindo o crescimento expansivo da

sauacutede privada

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a Carta Magna de 1988 garante a

sauacutede como direito de todos e um dever do Estado tendo os usuaacuterios acesso

igualitaacuterio e universal agraves accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

As instituiccedilotildees privadas tecircm sua participaccedilatildeo de forma a complementar os serviccedilos

do SUS Seus princiacutepios baacutesicos satildeo a descentralizaccedilatildeo com delegaccedilatildeo de poderes

para os niacuteveis estatal e municipal tendo o atendimento integral com maior enfoque a

atividades preventivas

Na concepccedilatildeo de Oliveira JR (1998) o SUS apesar de ser legalmente

democraacutetico jaacute nasceu com descreacutedito da populaccedilatildeo sendo considerado pelos

formadores de opiniatildeo como o sucessor do fraudulento INAMPS

As poliacuteticas de sauacutede no Brasil segundo Roncalli (2003) poderiam ser

classificadas como residuais jaacute que natildeo abrangem toda a comunidade como seu

objeto de proteccedilatildeo social e meritocraacutetico-corporativas pois estavam os direitos

sociais restritos a vinculaccedilatildeo ao sistema previdenciaacuterio ficando o exerciacutecio da

cidadania determinado pelo trabalho e contribuiccedilatildeo na previdecircncia considerada

como uma cidadania regulada

Assim ateacute a deacutecada de 80 as poliacuteticas de sauacutede no Brasil possuem uma

caracteriacutestica bastante peculiar visto a intervenccedilatildeo do Estado para solucionar

problemas de sauacutede ldquouma estreita relaccedilatildeo entre o estabelecimento das poliacuteticas de

sauacutede e o modelo econocircmico vigente e uma clara distinccedilatildeo entre as accedilotildees de sauacutede

puacuteblica e de assistecircncia meacutedicardquo (RONCALLI 2003)

16

Desta forma a accedilatildeo exercida pelo Estado era residual jaacute natildeo existia uma

poliacutetica social voltada para a sauacutede dos indiviacuteduos e esta natildeo era considerada como

um direito social

[] Efetivamente a accedilatildeo do Estado perante as necessidades sociais baacutesicas limitava-se a reparaccedilatildeo toacutepicas e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e fragmentadas a reivindicaccedilotildees sociais dos trabalhadores e de setores populacionais empobrecidos dos grandes centros urbanos (PEREIRA 2002 p 128)

De acordo com Ribeiro (1993) os Estados mercantilistas dos Seacuteculos XVI e

XVII se preocupavam com a sauacutede de suas populaccedilotildees ldquo[] conscientes de que a

produccedilatildeo sua comercializaccedilatildeo e consequentemente a arrecadaccedilatildeo de impostos

para mantecirc-los dependiam da sauacutede dos que trabalhavam []rdquo

Segundo Paim (1986) entender o Estado como elemento que natildeo eacute neutro

dentro de uma sociedade estruturada em classe explica o seu desempenho voltado

para os interesses das classes hegemocircnicas que tentam evitar tensotildees

sociaiscontemplando dentro de certos limites determinadas necessidades das

classes subalternas O Estado que eacute ldquoinstrumento que pode ser manipulado

livremente pelos grupos que controlam o poderrdquo passa a privilegiar a sauacutede da

economia em detrimento da sauacutede da coletividade (PAIM 1986)

Desse modo para o referido autor o Estado deixa de ser apenas um

aparelho de repressatildeo ideologia econocircmico e simplesmente burocraacutetico para

expressar uma relaccedilatildeo das forccedilas sociais que se manteacutem em constante luta pela

efetivaccedilatildeo de seus objetivos O mesmo autor acrescenta ainda que ldquoo Estado eacute todo

o complexo de atividades praacuteticas e teoacutericas com as quais a classe dirigente justifica

e manteacutem natildeo soacute o seu domiacutenio mas consegue obter o consenso ativo dos

governados []rdquo (PAIM 1986 p 212)

Em se tratando de sauacutede o Estado se diversifica entre uma accedilatildeo

fundamentalmente normativa e uma intervenccedilatildeo que facilita o consumo de serviccedilos

Hoje o sistema uacutenico de sauacutede (SUS) vem deixando a desejar e que este

sistema conspira contra os princiacutepios da universalidade equumlidade e integralidade

na atenccedilatildeo agrave sauacutede consagrados na Constituiccedilatildeo (PAIM 1992 p 40)

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

DAMASCENO Lylyan Rios Medrado Sxx A falta de consciecircncia dos usuaacuterios acerca do direito aacute sauacutede puacuteblica Lylyan Rios Medrado Damasceno- Salvador 2009 f 48 il 30cm Orientadora Maria da Conceiccedilatildeo Maggioni Poppe Monografia (Graduaccedilatildeo) ndash Universidade Cacircndido Mendes 1_________ 2______ 3 _________ 4 _________I Universidade Cacircndido Mendes II Tiacutetulo

O erro da eacutetica ateacute o momento tem

sido a crenccedila de que soacute se deva

aplicaacute-la em relaccedilatildeo aos homens

Albert Schweitzer

DEDICATOacuteRIA

Aos meus queridos pais pela

dedicaccedilatildeo e empenho que tiveram

e por possibilitarem que este

importante passo fosse dado

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a DEUS que sempre se fez presente ao meu lado dando-

me forccedilas para que superasse as dificuldades e seguisse adiante nos meus

objetivos

Ao meu esposo LAURO na tentativa modesta de externar o meu verdadeiro

amor em paacutelida retribuiccedilatildeo pela irresgataacutevel compreensatildeo e carinho com que

sempre me cercou

Aos meus amados pais ALOYSIO e LOURDES Pela liccedilatildeo de vida que me

prestaram e continuam a prestar a minha homenagem da mais profunda gratidatildeo

Ao meu irmatildeo MARCOS aquelas com quem sempre posso contar

Aos meus PROFESSORES que com infinita paciecircncia me ensinaram e em

especial a minha orientadora Profordf Maria da Conceiccedilatildeo Maggioni Poppe que foi uma

fonte inesgotaacutevel de estiacutemulo e apoio dando-me condiccedilotildees para a realizaccedilatildeo das

atividades de pesquisa e ensino

A UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DO SALVADOR que proporcionou - me um

ambiente sem igual para a conduccedilatildeo da minha formaccedilatildeo acadecircmica

A TODAS as pessoas que de alguma forma contribuiacuteram para eu chegar aonde cheguei MEU MUITO OBRIGADO

RESUMO O presente trabalho monograacutefico tem como finalidade abordar questotildees acerca da cidadania particularizando a discussatildeo dos direitos do paciente Para tanto foi realizada um levantamento bibliograacutefico na aacuterea e para pesquisa de campo foi realizado questionaacuterios com pacientes internados no Hospital Manoel Victorino Aleacutem disso serviu de base a experiecircncia que a autora do trabalho tem na aacuterea que serviu como base para a abordagem individual e grupal como a anamnese social visitas aos leitos acompanhamento particularizado de alguns pacientes reuniotildees entrevistas contatos com familiares entre outros aspectos que corroboraram para o levantamento de dados Portanto este trabalho teve como propoacutesito o entendimento a cerca do usuaacuterio e os direitos que estes tecircm ao utilizar o sistema de sauacutede O primeiro capiacutetulo seraacute abordado o tema de sauacutede puacutebica no Brasil onde se falaraacute de como era a sauacutede antigamente e o que aconteceu para a melhoria na questatildeo da vigilacircncia sanitaacuteria mostrando que a sauacutede eacute uma questatildeo de direito No segundo capiacutetulo seraacute abordado o tema cidadania e sauacutede onde seratildeo observados a luta de todas as eacutepocas para a construccedilatildeo da cidadania e da eacutetica e a importacircncia da informaccedilatildeo para o paciente hospitalizado O terceiro capiacutetulo mostra a parte praacutetica do trabalho a construccedilatildeo da anamnese e o resultado e a discussatildeo deste trabalho

METODOLOGIA

Esta pesquisa eacute do tipo observacional transversal realizada no Hospital

Manoel Victorino de Salvador estado da Bahia no ano de 2009

A realizaccedilatildeo da pesquisa atende uma das normas das Diretrizes e Normas

Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos resoluccedilatildeo ndeg 196 de

10 de outubro de 1996 que deixa claro que em momento algum durante a

realizaccedilatildeo da pesquisa sejam mencionados nomes ou fatos que possam identificar

os participantes da mesma e que em nenhum momento da pesquisa o estudo

sobreponha-se ao interesse da ciecircncia em detrimento ao interesse das pessoas

(BRASIL 1996)

Foram considerados pacientes que deram entrada no hospital pelo Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) A partir daiacute foi feita uma anamnese e aplicado um

questionaacuterio com os pacientes que foram selecionados nas amostras

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL 10

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil 10

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede 11

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito 15

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE 19

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas 19

22 Cidadania e Eacutetica 21

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede 24

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado 29

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS

PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA

CIDADANIA 33

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV 33

32 Resultado e discussatildeo 35

CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA 46

ANEXO 50

8

INTRODUCcedilAtildeO

Hoje observa-se que a sauacutede eacute um do direito de todos e dever do Estado

adquirido pela populaccedilatildeo atraveacutes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Mas seraacute que a

comunidade sabe quais satildeo estes direitos

Portanto o presente trabalho tem como finalidade abordar o tema a Falta de

consciecircncia dos usuaacuterios acerca do direito agrave sauacutede puacuteblica Para tanto serviu de

base a minha praacutetica como Assistente Social do Hospital Geral Manoel Victorino

levantamentos bibliograacuteficos sobre o tema e pesquisa de campo onde seraacute

realizada investigaccedilatildeo com pacientes internados no setor de Ortopedia

Contribuiacuteram tambeacutem para a realizaccedilatildeo da mesma a utilizaccedilatildeo das praacuteticas

profissionais como abordagens individuais grupais (Anamnese Social visita aos

leitos acompanhamento particularizado em alguns casos reuniotildees com temas

ligados a educaccedilatildeo e cidadania reuniotildees interdisciplinar para discussatildeo de casos

registro das atividades em documentaccedilatildeo especiacutefica do Serviccedilo Social que serviram

para confirmar a hipoacutetese levantada

O interesse pelo tema monograacutefico emergiu a partir das informaccedilotildees

obtidas atraveacutes dos procedimentos metodoloacutegicos citados quando percebi que os

pacientes natildeo conheciam seus direitosdeveres e como isto tende a refletir na sua

relaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do sistema de sauacutede

A pesquisa foi estruturada a partir do seguinte problema A falta de

consciecircncia dos usuaacuterios com relaccedilatildeo aos seus direitos leva-os a lsquolsquoencararrsquorsquo agrave

assistecircncia recebida como benesse A partir da pesquisa foi possiacutevel identificar o

grau de conhecimento dos usuaacuterios acerca dos seus direitos a qualidade dos

serviccedilos prestados e o perfil soacutecio-econocircmico dos mesmos

Com o propoacutesito de orientar o processo de investigaccedilatildeo estabeleci a

seguinte hipoacutetese acredita-se que a falta de consciecircncia dos usuaacuterios acerca de

seus direitos e deveres tende a refletir na sua relaccedilatildeo em como utilizar o sistema de

sauacutede Observou-se que a falta de conhecimento tende a levar os usuaacuterios agrave natildeo

conseguirem enxergar seus espaccedilos na sociedade e assim natildeo reconhecerem seu

efetivo direito Desta forma seraacute analisada a questatildeo fundamentando a hipoacutetese

9

atraveacutes de reflexotildees que seratildeo divididas em capiacutetulos para maior elucidaccedilatildeo da

problemaacutetica

Portanto no primeiro capiacutetulo seratildeo desenvolvidos como era e como anda a

sauacutede puacuteblica no Brasil aleacutem dos direitos do cidadatildeo ao sistema de sauacutede e da

obrigaccedilatildeo do Estado para o fornecimento da mesma

No segundo capiacutetulo seraacute abordado sobre cidadania e sauacutede mostrando as

concepccedilotildees de cidadania e a sua construccedilatildeo ao longo dos tempos como uma forma

de Direitos Humanos

No terceiro capiacutetulo haveraacute uma explanaccedilatildeo sobre as reflexotildees do cidadatildeo

doente e sobre os direitos deste cidadatildeo em especial no Hospital Manoel Victorino

buscando mostrar se os mesmos tecircm a sua cidadania e os seus direitos respeitados

Mostrando ainda a metodologia que foi utilizada e apoacutes a discussatildeo e resultado

10

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil

Para se discorrer sobre a sauacutede puacuteblica no Brasil primeiro se faz necessaacuterio

percorrer os caminhos da histoacuteria para que se possa haver um melhor entendimento

de como se chegou ao ponto em que se encontra a sauacutede puacuteblica no Brasil hoje

A intervenccedilatildeo estatal nos serviccedilos de sauacutede brasileira vem desde a eacutepoca

colonial quando o Brasil encontrava-se agrave beira do capitalismo mundial submetendo-

se econocircmica e politicamente agrave metroacutepole Portugal

As pessoas que tinham dinheiro procuram centros meacutedicos na Europa para

se tratar restando a populaccedilatildeo mais carente a busca por curandeiros do pajeacute com

suas ervas e cantos e dos boticaacuterios que percorriam o Brasil Colocircnia

A fase do impeacuterio brasileiro findou-se sem que o Estado encontra-se

soluccedilotildees para os graves problemas de sauacutede da populaccedilatildeo fazendo com que o

Brasil ao final do segundo reinado fosse conhecido laacute fora como um paiacutes insalubre

De acordo com Scliar (1987) o hospital que havia ateacute entatildeo contava apenas com

trabalho voluntaacuterio sendo um depoacutesito de doentes que eram isolados da sociedade

com o objetivo de natildeo contagiaacute-la

Uma das principais apreensotildees em relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede era em

relaccedilatildeo ao principal porto do paiacutes que situava-se no Rio de Janeiro tornando assim

esta cidade o centro das preocupaccedilotildees das accedilotildees sanitaacuterias

Nesse momento a Sauacutede Puacuteblica no Brasil passou a ser calcada em

intervenccedilotildees engendradas na corrente de pensamento do Sanitarismo que se

operacionalizava no acircmbito urbano das cidades com a comercializaccedilatildeo e transporte

de alimentos e cobertura dos portos mariacutetimos (ROSEN 1994)

O periacuteodo Republicano foi marcado pela hegemonia do cafeacute com

predominacircncia de grupos oligaacuterquicos regionais Em 1888 com a Aboliccedilatildeo da

Escravatura e com a consequumlente crise da matildeo de obra escrava intensificaram-se

as correntes imigratoacuterias provenientes principalmente da Itaacutelia Espanha e Portugal

(ROSSI 1980)

11

Houve um grande crescimento econocircmico no Brasil no entanto foi um

periacuteodo de crise soacutecio-econocircmica e sanitaacuteria porque a febre amarela entre outras

epidemias ameaccedilavam a economia agroexportadora brasileira prejudicando

principalmente a exportaccedilatildeo de cafeacute pois os navios estrangeiros se recusavam a

atracar nos portos brasileiros o que tambeacutem reduzia a imigraccedilatildeo de matildeo-de-obra

Para reverter a situaccedilatildeo o governo criou medidas que garantissem a sauacutede da

populaccedilatildeo trabalhadora atraveacutes de campanhas sanitaacuterias de caraacuteter autoritaacuterio

(SCLIAR1987)

Ou seja com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica elaborou-se a Constituiccedilatildeo que

assinalava a preponderacircncia dos grandes Estados nas decisotildees nacionais Assim o

poder centralizou-se nos Estados produtores de cafeacute da regiatildeo centro-sul

instalando-se a poliacutetica do cafeacute com leite Essa Constituiccedilatildeo incorporou a sauacutede

como uma aacuterea de acircmbito estatal estabelecendo sua estrutura e locais de atuaccedilatildeo

(IYDA 1994)

Pode-se dizer pelo exposto que embora a sauacutede da populaccedilatildeo

especialmente no combate agrave lepra e agrave peste e a existecircncia de algum controle

sanitaacuterio em relaccedilatildeo aos portos ruas casas e praias tenha sido objeto de atenccedilatildeo

da administraccedilatildeo portuguesa em fases anteriores a transformaccedilatildeo do objetivo da

medicina da doenccedila para a sauacutede iraacute ocorrer somente no seacuteculo XIX quando ldquoo

conhecimento da colocircnia eacute colocado como fundamento necessaacuterio para uma

intervenccedilatildeo dirigida para o aumento da produccedilatildeo para a defesa da terra para a

sauacutede da populaccedilatildeordquo (Machado et al 1978)

Portanto pode-se observar de acordo com as palavras de Machado e

colaboradores (1978) que ldquoa administraccedilatildeo portuguesa natildeo se caracterizou pelo

menos ateacute a segunda metade do seacuteculo XVIII pela organizaccedilatildeo do espaccedilo social

visando um ataque planificado e continuado agraves causas de doenccedila agindo por isso

de modo muito mais negativo que positivo no que diz respeito agrave sauacutederdquo

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede

Como exposto acima pode-se observar que as accedilotildees desenvolvidas na

eacutepoca eram accedilotildees reguladoras compreendendo as atividades dos cirurgiotildees e a

criaccedilatildeo das primeiras escolas de medicina como aconteceu na Bahia com a criaccedilatildeo

12

da Escola de Cirurgia no ano de 1808 e no Rio de Janeiro com a criaccedilatildeo da

caacutetedra de anatomia no Hospital Militar acompanhada pela medicina operatoacuteria em

1809 Mas foi no ano de 1829 com a criaccedilatildeo da Sociedade de Medicina e Cirurgia

do Rio de Janeiro que de acordo com Machado et al (1978) ldquolutaraacute de diversas

maneiras para impor-se como guardiatilde da sauacutede puacuteblicardquo A partir daiacute comeccedila o

inicio da implantaccedilatildeo da medicina social no Brasil que passa a lutar pela defesa das

ciecircncias meacutedicas

Nessa mesma eacutepoca foi constituiacuteda a Academia Real de Medicina Social no

ano de 1829 na Bahia que funcionou como oacutergatildeo de consulta nas questotildees ligadas

a sauacutede do Imperador D Pedro I que tinha como objetivos a proteccedilatildeo da sauacutede da

populaccedilatildeo segundo os exemplos da Europa e a defesa da ciecircncia o que colaborou

para a constituiccedilatildeo da superioridade do exerciacutecio da medicina no Brasil

Nas palavras de Luz (1991) a primeira medida concreta em niacutevel nacional

para a criaccedilatildeo do sistema de sauacutede puacuteblica aconteceu na deacutecada de 20 A Diretoria

Geral de Sauacutede Puacuteblica eacute organizada pelo meacutedico sanitarista Oswaldo Cruz que

resolve o problema sanitaacuterio implementando progressivamente instituiccedilotildees

puacuteblicas de higiene e sauacutede Oswaldo Cruz adotou o modelo das campanhas

sanitaacuterias (inspirado no modelo americano mas importado de Cuba) destinado a

combater as epidemias urbanas e mais tarde as endemias rurais

As campanhas de sauacutede puacuteblica eram organizadas de tal forma que

assemelhavam-se a campanhas militares dividindo as cidades em distritos

encarcerando os doentes portadores de doenccedilas contagiosas e obrigando pela

forccedila o emprego de praacuteticas sanitaristas Esta situaccedilatildeo levou agrave Revolta da Vacina

no Rio de Janeiro quando a populaccedilatildeo revoltou-se com a obrigatoriedade da vacina

contra a variacuteola (SCLIAR 1987)

Interessante eacute a observaccedilatildeo de Moraes (1983) quando diz ldquoa ausecircncia da

questatildeo da sauacutede na bibliografia histoacuterica brasileira no que diz respeito agraves

condiccedilotildees de vida e de trabalho e de seus aspectos institucionais pode conduzir a

pensar numa negligecircncia em considerar e analisar este temardquo

Iyda (1994) afirma que foi no governo de Rodrigues Alves que se

desencadeou accedilotildees que tiveram como vertente a chamada Higienizaccedilatildeordquo Atraveacutes

da figura de Osvaldo Cruz a questatildeo sanitaacuteria passou a ser tomada como uma

questatildeo poliacutetica Como exemplo pode-se verificar a lei sobre a vacinaccedilatildeo e re-

13

vacinaccedilatildeo contra a variacuteola no ano de 1904 processo que gerou uma seacuterie de

revoltas no acircmago da populaccedilatildeo civil contra o sentido militar imputado agrave campanha

A partir daiacute o Estado passou a receber fortes pressotildees por parte de

intelectuais e militares para a criaccedilatildeo de novos serviccedilos na aacuterea de Sauacutede Puacuteblica

culminando em 1931 com a criaccedilatildeo do Ministeacuterio de Educaccedilatildeo e Sauacutede Nesta fase

a Sauacutede Puacuteblica definiu seu papel e os burocratas e as classes que apoiavam a

Revoluccedilatildeo Constitucionalista obtiveram grandes privileacutegios poliacuteticos (IYDA 1993)

Com a criaccedilatildeo do Departamento Nacional da Sauacutede Puacuteblica que tinha como

objetivo a extensatildeo dos serviccedilos de saneamento urbano e rural aleacutem da higiene

industrial e materno-infantil a Sauacutede Puacuteblica passou a ser tomada como questatildeo

social Datam dessa eacutepoca os primeiros encontros do sanitaristas que bradavam por

soluccedilotildees mais eficazes no que tocava agraves questotildees de sauacutede Esse movimento

sanitaacuterio difundiu a necessidade da educaccedilatildeo sanitaacuteria como uma estrateacutegia para a

promoccedilatildeo da sauacutede e o conteuacutedo dos discursos era permeado por uma intensa

fermentaccedilatildeo de ordem liberal (BRAGA PAULA 1987)

De acordo com Luz (1991)

Desde o iniacutecio a implantaccedilatildeo dos programas e serviccedilos de auxiacutelio agrave sauacutede foi impregnada de praacuteticas clientelistas tiacutepicas do regime populista que caracterizou a Era Vargas Tais praacuteticas se ancoraram tambeacutem nos sindicatos de trabalhadores nos quais ajudaram a criar normas administrativas e poliacuteticas de pessoal adequadas a estrateacutegias de cooptaccedilatildeo das elites sindicais simpatizantes e de exclusatildeo das discordantes alccedilando aquelas agrave direccedilatildeo das instituiccedilotildees e agrave gestatildeo dos programas governamentais

Ainda na deacutecada de 30 foi criado os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

(IAPs) os quais diferentemente das antigas Caixas satildeo organizados por categorias

profissionais natildeo mais por empresas e que foram considerados como o marco da

medicina previdenciaacuteria brasileira (SILVA1996)

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a mudanccedila ocorrida natildeo foi

apenas nas siglas mas tambeacutem na forma de administraccedilatildeo Enquanto a CAP era

formada por um colegiado de empregados e empregadores a direccedilatildeo dos IAPs

cabia a um representante do Estado sendo assessorado por um colegiado sem

poder deliberativo o qual ainda era escolhido pelos sindicatos reconhecidos pelo

governo

14

Observa-se nas palavras de Guerra (2009) que foi no periacuteodo militar que

houve uma maior mudanccedila em relaccedilatildeo a sauacutede puacuteblica onde as accedilotildees de

assistecircncia agrave sauacutede em niacutevel individual comeccedilaram com o surgimento da

Previdecircncia Social vinculando a assistecircncia meacutedica ao princiacutepio do seguro social e

colocando-a no mesmo plano de benefiacutecios como as aposentadorias pensotildees por

invalidez etc O processo de unificaccedilatildeo previsto em 1960 se efetiva em 2 de janeiro

de 1967 com a criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) reunindo

os seis Institutos de Aposentadorias e Pensotildees o Serviccedilo de Assistecircncia Meacutedica e

Domiciliar de Urgecircncia (SAMDU) e a Superintendecircncia dos Serviccedilos de Reabilitaccedilatildeo

da Previdecircncia Social

A construccedilatildeo ou reforma de inuacutemeras cliacutenicas e hospitais privados com

financiamento da Previdecircncia Social e o enfoque agrave medicina curativa fez com que

multiplicassem por todo o paiacutes as faculdades particulares de medicina O ensino

meacutedico passou a ser desvinculado da realidade sanitaacuteria da populaccedilatildeo voltado para

a especializaccedilatildeo e a sofisticaccedilatildeo tecnoloacutegica e dependente das induacutestrias

farmacecircuticas e de equipamentos meacutedico-hospitalares Quando o INPS foi criado

em 1966 o governo liberou verba a fundo perdido para empresas privadas

construiacuterem hospitais depois o INPS enviou seus segurados para estes hospitais

isto eacute a Previdecircncia financiou e sustentou estes hospitais por 20 anos

Posteriormente estes proprietaacuterios consideraram-se capitalizados e se

descredenciaram do INPS O dinheiro da previdecircncia natildeo era mais suficiente para

cobrir os gastos com assistecircncia meacutedica e o nuacutemero de leitos diminuiu portanto um

dos motivos da falecircncia da Previdecircncia foram os custos crescentes determinados

pela privatizaccedilatildeo da rede (Secretaria Municipal da Sauacutede de Satildeo Paulo 1992)

De acordo com Luz (1991) a partir de 1983 a sociedade civil estabelecida

reivindicou junto com um Congresso Nacional novas poliacuteticas sociais que

pudessem asseverar plenos direitos de cidadania aos brasileiros inclusive direito agrave

sauacutede visto tambeacutem como dever do Estado Pela primeira vez na histoacuteria do paiacutes a

sauacutede era vista socialmente como um direito universal e dever do Estado isto eacute

como dimensatildeo social da cidadania

15

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito

ldquoA sauacutede eacute um bem real ao mesmo tempo abstrato que soacute se pretende

obter quando se perde e ela se torna necessidade materializada no seu contraacuterio a

doenccedilardquo (RIBEIRO 1993) Assim natildeo sendo um bem econocircmico cabe ao Estado

prover os recursos indispensaacuteveis para sua prevenccedilatildeo considerando a sauacutede um

ldquobem puacuteblico purordquo (RIANI 1986)

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o sistema de sauacutede era tido como

residual marcado pela assistecircncia meacutedica excludente e sistemaacutetica o que provocou

o crescimento de serviccedilos privados de sauacutede rede de serviccedilos sucateada

priorizaccedilatildeo da assistecircncia meacutedico-hospitalar permitindo o crescimento expansivo da

sauacutede privada

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a Carta Magna de 1988 garante a

sauacutede como direito de todos e um dever do Estado tendo os usuaacuterios acesso

igualitaacuterio e universal agraves accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

As instituiccedilotildees privadas tecircm sua participaccedilatildeo de forma a complementar os serviccedilos

do SUS Seus princiacutepios baacutesicos satildeo a descentralizaccedilatildeo com delegaccedilatildeo de poderes

para os niacuteveis estatal e municipal tendo o atendimento integral com maior enfoque a

atividades preventivas

Na concepccedilatildeo de Oliveira JR (1998) o SUS apesar de ser legalmente

democraacutetico jaacute nasceu com descreacutedito da populaccedilatildeo sendo considerado pelos

formadores de opiniatildeo como o sucessor do fraudulento INAMPS

As poliacuteticas de sauacutede no Brasil segundo Roncalli (2003) poderiam ser

classificadas como residuais jaacute que natildeo abrangem toda a comunidade como seu

objeto de proteccedilatildeo social e meritocraacutetico-corporativas pois estavam os direitos

sociais restritos a vinculaccedilatildeo ao sistema previdenciaacuterio ficando o exerciacutecio da

cidadania determinado pelo trabalho e contribuiccedilatildeo na previdecircncia considerada

como uma cidadania regulada

Assim ateacute a deacutecada de 80 as poliacuteticas de sauacutede no Brasil possuem uma

caracteriacutestica bastante peculiar visto a intervenccedilatildeo do Estado para solucionar

problemas de sauacutede ldquouma estreita relaccedilatildeo entre o estabelecimento das poliacuteticas de

sauacutede e o modelo econocircmico vigente e uma clara distinccedilatildeo entre as accedilotildees de sauacutede

puacuteblica e de assistecircncia meacutedicardquo (RONCALLI 2003)

16

Desta forma a accedilatildeo exercida pelo Estado era residual jaacute natildeo existia uma

poliacutetica social voltada para a sauacutede dos indiviacuteduos e esta natildeo era considerada como

um direito social

[] Efetivamente a accedilatildeo do Estado perante as necessidades sociais baacutesicas limitava-se a reparaccedilatildeo toacutepicas e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e fragmentadas a reivindicaccedilotildees sociais dos trabalhadores e de setores populacionais empobrecidos dos grandes centros urbanos (PEREIRA 2002 p 128)

De acordo com Ribeiro (1993) os Estados mercantilistas dos Seacuteculos XVI e

XVII se preocupavam com a sauacutede de suas populaccedilotildees ldquo[] conscientes de que a

produccedilatildeo sua comercializaccedilatildeo e consequentemente a arrecadaccedilatildeo de impostos

para mantecirc-los dependiam da sauacutede dos que trabalhavam []rdquo

Segundo Paim (1986) entender o Estado como elemento que natildeo eacute neutro

dentro de uma sociedade estruturada em classe explica o seu desempenho voltado

para os interesses das classes hegemocircnicas que tentam evitar tensotildees

sociaiscontemplando dentro de certos limites determinadas necessidades das

classes subalternas O Estado que eacute ldquoinstrumento que pode ser manipulado

livremente pelos grupos que controlam o poderrdquo passa a privilegiar a sauacutede da

economia em detrimento da sauacutede da coletividade (PAIM 1986)

Desse modo para o referido autor o Estado deixa de ser apenas um

aparelho de repressatildeo ideologia econocircmico e simplesmente burocraacutetico para

expressar uma relaccedilatildeo das forccedilas sociais que se manteacutem em constante luta pela

efetivaccedilatildeo de seus objetivos O mesmo autor acrescenta ainda que ldquoo Estado eacute todo

o complexo de atividades praacuteticas e teoacutericas com as quais a classe dirigente justifica

e manteacutem natildeo soacute o seu domiacutenio mas consegue obter o consenso ativo dos

governados []rdquo (PAIM 1986 p 212)

Em se tratando de sauacutede o Estado se diversifica entre uma accedilatildeo

fundamentalmente normativa e uma intervenccedilatildeo que facilita o consumo de serviccedilos

Hoje o sistema uacutenico de sauacutede (SUS) vem deixando a desejar e que este

sistema conspira contra os princiacutepios da universalidade equumlidade e integralidade

na atenccedilatildeo agrave sauacutede consagrados na Constituiccedilatildeo (PAIM 1992 p 40)

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

O erro da eacutetica ateacute o momento tem

sido a crenccedila de que soacute se deva

aplicaacute-la em relaccedilatildeo aos homens

Albert Schweitzer

DEDICATOacuteRIA

Aos meus queridos pais pela

dedicaccedilatildeo e empenho que tiveram

e por possibilitarem que este

importante passo fosse dado

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a DEUS que sempre se fez presente ao meu lado dando-

me forccedilas para que superasse as dificuldades e seguisse adiante nos meus

objetivos

Ao meu esposo LAURO na tentativa modesta de externar o meu verdadeiro

amor em paacutelida retribuiccedilatildeo pela irresgataacutevel compreensatildeo e carinho com que

sempre me cercou

Aos meus amados pais ALOYSIO e LOURDES Pela liccedilatildeo de vida que me

prestaram e continuam a prestar a minha homenagem da mais profunda gratidatildeo

Ao meu irmatildeo MARCOS aquelas com quem sempre posso contar

Aos meus PROFESSORES que com infinita paciecircncia me ensinaram e em

especial a minha orientadora Profordf Maria da Conceiccedilatildeo Maggioni Poppe que foi uma

fonte inesgotaacutevel de estiacutemulo e apoio dando-me condiccedilotildees para a realizaccedilatildeo das

atividades de pesquisa e ensino

A UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DO SALVADOR que proporcionou - me um

ambiente sem igual para a conduccedilatildeo da minha formaccedilatildeo acadecircmica

A TODAS as pessoas que de alguma forma contribuiacuteram para eu chegar aonde cheguei MEU MUITO OBRIGADO

RESUMO O presente trabalho monograacutefico tem como finalidade abordar questotildees acerca da cidadania particularizando a discussatildeo dos direitos do paciente Para tanto foi realizada um levantamento bibliograacutefico na aacuterea e para pesquisa de campo foi realizado questionaacuterios com pacientes internados no Hospital Manoel Victorino Aleacutem disso serviu de base a experiecircncia que a autora do trabalho tem na aacuterea que serviu como base para a abordagem individual e grupal como a anamnese social visitas aos leitos acompanhamento particularizado de alguns pacientes reuniotildees entrevistas contatos com familiares entre outros aspectos que corroboraram para o levantamento de dados Portanto este trabalho teve como propoacutesito o entendimento a cerca do usuaacuterio e os direitos que estes tecircm ao utilizar o sistema de sauacutede O primeiro capiacutetulo seraacute abordado o tema de sauacutede puacutebica no Brasil onde se falaraacute de como era a sauacutede antigamente e o que aconteceu para a melhoria na questatildeo da vigilacircncia sanitaacuteria mostrando que a sauacutede eacute uma questatildeo de direito No segundo capiacutetulo seraacute abordado o tema cidadania e sauacutede onde seratildeo observados a luta de todas as eacutepocas para a construccedilatildeo da cidadania e da eacutetica e a importacircncia da informaccedilatildeo para o paciente hospitalizado O terceiro capiacutetulo mostra a parte praacutetica do trabalho a construccedilatildeo da anamnese e o resultado e a discussatildeo deste trabalho

METODOLOGIA

Esta pesquisa eacute do tipo observacional transversal realizada no Hospital

Manoel Victorino de Salvador estado da Bahia no ano de 2009

A realizaccedilatildeo da pesquisa atende uma das normas das Diretrizes e Normas

Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos resoluccedilatildeo ndeg 196 de

10 de outubro de 1996 que deixa claro que em momento algum durante a

realizaccedilatildeo da pesquisa sejam mencionados nomes ou fatos que possam identificar

os participantes da mesma e que em nenhum momento da pesquisa o estudo

sobreponha-se ao interesse da ciecircncia em detrimento ao interesse das pessoas

(BRASIL 1996)

Foram considerados pacientes que deram entrada no hospital pelo Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) A partir daiacute foi feita uma anamnese e aplicado um

questionaacuterio com os pacientes que foram selecionados nas amostras

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL 10

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil 10

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede 11

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito 15

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE 19

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas 19

22 Cidadania e Eacutetica 21

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede 24

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado 29

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS

PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA

CIDADANIA 33

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV 33

32 Resultado e discussatildeo 35

CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA 46

ANEXO 50

8

INTRODUCcedilAtildeO

Hoje observa-se que a sauacutede eacute um do direito de todos e dever do Estado

adquirido pela populaccedilatildeo atraveacutes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Mas seraacute que a

comunidade sabe quais satildeo estes direitos

Portanto o presente trabalho tem como finalidade abordar o tema a Falta de

consciecircncia dos usuaacuterios acerca do direito agrave sauacutede puacuteblica Para tanto serviu de

base a minha praacutetica como Assistente Social do Hospital Geral Manoel Victorino

levantamentos bibliograacuteficos sobre o tema e pesquisa de campo onde seraacute

realizada investigaccedilatildeo com pacientes internados no setor de Ortopedia

Contribuiacuteram tambeacutem para a realizaccedilatildeo da mesma a utilizaccedilatildeo das praacuteticas

profissionais como abordagens individuais grupais (Anamnese Social visita aos

leitos acompanhamento particularizado em alguns casos reuniotildees com temas

ligados a educaccedilatildeo e cidadania reuniotildees interdisciplinar para discussatildeo de casos

registro das atividades em documentaccedilatildeo especiacutefica do Serviccedilo Social que serviram

para confirmar a hipoacutetese levantada

O interesse pelo tema monograacutefico emergiu a partir das informaccedilotildees

obtidas atraveacutes dos procedimentos metodoloacutegicos citados quando percebi que os

pacientes natildeo conheciam seus direitosdeveres e como isto tende a refletir na sua

relaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do sistema de sauacutede

A pesquisa foi estruturada a partir do seguinte problema A falta de

consciecircncia dos usuaacuterios com relaccedilatildeo aos seus direitos leva-os a lsquolsquoencararrsquorsquo agrave

assistecircncia recebida como benesse A partir da pesquisa foi possiacutevel identificar o

grau de conhecimento dos usuaacuterios acerca dos seus direitos a qualidade dos

serviccedilos prestados e o perfil soacutecio-econocircmico dos mesmos

Com o propoacutesito de orientar o processo de investigaccedilatildeo estabeleci a

seguinte hipoacutetese acredita-se que a falta de consciecircncia dos usuaacuterios acerca de

seus direitos e deveres tende a refletir na sua relaccedilatildeo em como utilizar o sistema de

sauacutede Observou-se que a falta de conhecimento tende a levar os usuaacuterios agrave natildeo

conseguirem enxergar seus espaccedilos na sociedade e assim natildeo reconhecerem seu

efetivo direito Desta forma seraacute analisada a questatildeo fundamentando a hipoacutetese

9

atraveacutes de reflexotildees que seratildeo divididas em capiacutetulos para maior elucidaccedilatildeo da

problemaacutetica

Portanto no primeiro capiacutetulo seratildeo desenvolvidos como era e como anda a

sauacutede puacuteblica no Brasil aleacutem dos direitos do cidadatildeo ao sistema de sauacutede e da

obrigaccedilatildeo do Estado para o fornecimento da mesma

No segundo capiacutetulo seraacute abordado sobre cidadania e sauacutede mostrando as

concepccedilotildees de cidadania e a sua construccedilatildeo ao longo dos tempos como uma forma

de Direitos Humanos

No terceiro capiacutetulo haveraacute uma explanaccedilatildeo sobre as reflexotildees do cidadatildeo

doente e sobre os direitos deste cidadatildeo em especial no Hospital Manoel Victorino

buscando mostrar se os mesmos tecircm a sua cidadania e os seus direitos respeitados

Mostrando ainda a metodologia que foi utilizada e apoacutes a discussatildeo e resultado

10

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil

Para se discorrer sobre a sauacutede puacuteblica no Brasil primeiro se faz necessaacuterio

percorrer os caminhos da histoacuteria para que se possa haver um melhor entendimento

de como se chegou ao ponto em que se encontra a sauacutede puacuteblica no Brasil hoje

A intervenccedilatildeo estatal nos serviccedilos de sauacutede brasileira vem desde a eacutepoca

colonial quando o Brasil encontrava-se agrave beira do capitalismo mundial submetendo-

se econocircmica e politicamente agrave metroacutepole Portugal

As pessoas que tinham dinheiro procuram centros meacutedicos na Europa para

se tratar restando a populaccedilatildeo mais carente a busca por curandeiros do pajeacute com

suas ervas e cantos e dos boticaacuterios que percorriam o Brasil Colocircnia

A fase do impeacuterio brasileiro findou-se sem que o Estado encontra-se

soluccedilotildees para os graves problemas de sauacutede da populaccedilatildeo fazendo com que o

Brasil ao final do segundo reinado fosse conhecido laacute fora como um paiacutes insalubre

De acordo com Scliar (1987) o hospital que havia ateacute entatildeo contava apenas com

trabalho voluntaacuterio sendo um depoacutesito de doentes que eram isolados da sociedade

com o objetivo de natildeo contagiaacute-la

Uma das principais apreensotildees em relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede era em

relaccedilatildeo ao principal porto do paiacutes que situava-se no Rio de Janeiro tornando assim

esta cidade o centro das preocupaccedilotildees das accedilotildees sanitaacuterias

Nesse momento a Sauacutede Puacuteblica no Brasil passou a ser calcada em

intervenccedilotildees engendradas na corrente de pensamento do Sanitarismo que se

operacionalizava no acircmbito urbano das cidades com a comercializaccedilatildeo e transporte

de alimentos e cobertura dos portos mariacutetimos (ROSEN 1994)

O periacuteodo Republicano foi marcado pela hegemonia do cafeacute com

predominacircncia de grupos oligaacuterquicos regionais Em 1888 com a Aboliccedilatildeo da

Escravatura e com a consequumlente crise da matildeo de obra escrava intensificaram-se

as correntes imigratoacuterias provenientes principalmente da Itaacutelia Espanha e Portugal

(ROSSI 1980)

11

Houve um grande crescimento econocircmico no Brasil no entanto foi um

periacuteodo de crise soacutecio-econocircmica e sanitaacuteria porque a febre amarela entre outras

epidemias ameaccedilavam a economia agroexportadora brasileira prejudicando

principalmente a exportaccedilatildeo de cafeacute pois os navios estrangeiros se recusavam a

atracar nos portos brasileiros o que tambeacutem reduzia a imigraccedilatildeo de matildeo-de-obra

Para reverter a situaccedilatildeo o governo criou medidas que garantissem a sauacutede da

populaccedilatildeo trabalhadora atraveacutes de campanhas sanitaacuterias de caraacuteter autoritaacuterio

(SCLIAR1987)

Ou seja com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica elaborou-se a Constituiccedilatildeo que

assinalava a preponderacircncia dos grandes Estados nas decisotildees nacionais Assim o

poder centralizou-se nos Estados produtores de cafeacute da regiatildeo centro-sul

instalando-se a poliacutetica do cafeacute com leite Essa Constituiccedilatildeo incorporou a sauacutede

como uma aacuterea de acircmbito estatal estabelecendo sua estrutura e locais de atuaccedilatildeo

(IYDA 1994)

Pode-se dizer pelo exposto que embora a sauacutede da populaccedilatildeo

especialmente no combate agrave lepra e agrave peste e a existecircncia de algum controle

sanitaacuterio em relaccedilatildeo aos portos ruas casas e praias tenha sido objeto de atenccedilatildeo

da administraccedilatildeo portuguesa em fases anteriores a transformaccedilatildeo do objetivo da

medicina da doenccedila para a sauacutede iraacute ocorrer somente no seacuteculo XIX quando ldquoo

conhecimento da colocircnia eacute colocado como fundamento necessaacuterio para uma

intervenccedilatildeo dirigida para o aumento da produccedilatildeo para a defesa da terra para a

sauacutede da populaccedilatildeordquo (Machado et al 1978)

Portanto pode-se observar de acordo com as palavras de Machado e

colaboradores (1978) que ldquoa administraccedilatildeo portuguesa natildeo se caracterizou pelo

menos ateacute a segunda metade do seacuteculo XVIII pela organizaccedilatildeo do espaccedilo social

visando um ataque planificado e continuado agraves causas de doenccedila agindo por isso

de modo muito mais negativo que positivo no que diz respeito agrave sauacutederdquo

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede

Como exposto acima pode-se observar que as accedilotildees desenvolvidas na

eacutepoca eram accedilotildees reguladoras compreendendo as atividades dos cirurgiotildees e a

criaccedilatildeo das primeiras escolas de medicina como aconteceu na Bahia com a criaccedilatildeo

12

da Escola de Cirurgia no ano de 1808 e no Rio de Janeiro com a criaccedilatildeo da

caacutetedra de anatomia no Hospital Militar acompanhada pela medicina operatoacuteria em

1809 Mas foi no ano de 1829 com a criaccedilatildeo da Sociedade de Medicina e Cirurgia

do Rio de Janeiro que de acordo com Machado et al (1978) ldquolutaraacute de diversas

maneiras para impor-se como guardiatilde da sauacutede puacuteblicardquo A partir daiacute comeccedila o

inicio da implantaccedilatildeo da medicina social no Brasil que passa a lutar pela defesa das

ciecircncias meacutedicas

Nessa mesma eacutepoca foi constituiacuteda a Academia Real de Medicina Social no

ano de 1829 na Bahia que funcionou como oacutergatildeo de consulta nas questotildees ligadas

a sauacutede do Imperador D Pedro I que tinha como objetivos a proteccedilatildeo da sauacutede da

populaccedilatildeo segundo os exemplos da Europa e a defesa da ciecircncia o que colaborou

para a constituiccedilatildeo da superioridade do exerciacutecio da medicina no Brasil

Nas palavras de Luz (1991) a primeira medida concreta em niacutevel nacional

para a criaccedilatildeo do sistema de sauacutede puacuteblica aconteceu na deacutecada de 20 A Diretoria

Geral de Sauacutede Puacuteblica eacute organizada pelo meacutedico sanitarista Oswaldo Cruz que

resolve o problema sanitaacuterio implementando progressivamente instituiccedilotildees

puacuteblicas de higiene e sauacutede Oswaldo Cruz adotou o modelo das campanhas

sanitaacuterias (inspirado no modelo americano mas importado de Cuba) destinado a

combater as epidemias urbanas e mais tarde as endemias rurais

As campanhas de sauacutede puacuteblica eram organizadas de tal forma que

assemelhavam-se a campanhas militares dividindo as cidades em distritos

encarcerando os doentes portadores de doenccedilas contagiosas e obrigando pela

forccedila o emprego de praacuteticas sanitaristas Esta situaccedilatildeo levou agrave Revolta da Vacina

no Rio de Janeiro quando a populaccedilatildeo revoltou-se com a obrigatoriedade da vacina

contra a variacuteola (SCLIAR 1987)

Interessante eacute a observaccedilatildeo de Moraes (1983) quando diz ldquoa ausecircncia da

questatildeo da sauacutede na bibliografia histoacuterica brasileira no que diz respeito agraves

condiccedilotildees de vida e de trabalho e de seus aspectos institucionais pode conduzir a

pensar numa negligecircncia em considerar e analisar este temardquo

Iyda (1994) afirma que foi no governo de Rodrigues Alves que se

desencadeou accedilotildees que tiveram como vertente a chamada Higienizaccedilatildeordquo Atraveacutes

da figura de Osvaldo Cruz a questatildeo sanitaacuteria passou a ser tomada como uma

questatildeo poliacutetica Como exemplo pode-se verificar a lei sobre a vacinaccedilatildeo e re-

13

vacinaccedilatildeo contra a variacuteola no ano de 1904 processo que gerou uma seacuterie de

revoltas no acircmago da populaccedilatildeo civil contra o sentido militar imputado agrave campanha

A partir daiacute o Estado passou a receber fortes pressotildees por parte de

intelectuais e militares para a criaccedilatildeo de novos serviccedilos na aacuterea de Sauacutede Puacuteblica

culminando em 1931 com a criaccedilatildeo do Ministeacuterio de Educaccedilatildeo e Sauacutede Nesta fase

a Sauacutede Puacuteblica definiu seu papel e os burocratas e as classes que apoiavam a

Revoluccedilatildeo Constitucionalista obtiveram grandes privileacutegios poliacuteticos (IYDA 1993)

Com a criaccedilatildeo do Departamento Nacional da Sauacutede Puacuteblica que tinha como

objetivo a extensatildeo dos serviccedilos de saneamento urbano e rural aleacutem da higiene

industrial e materno-infantil a Sauacutede Puacuteblica passou a ser tomada como questatildeo

social Datam dessa eacutepoca os primeiros encontros do sanitaristas que bradavam por

soluccedilotildees mais eficazes no que tocava agraves questotildees de sauacutede Esse movimento

sanitaacuterio difundiu a necessidade da educaccedilatildeo sanitaacuteria como uma estrateacutegia para a

promoccedilatildeo da sauacutede e o conteuacutedo dos discursos era permeado por uma intensa

fermentaccedilatildeo de ordem liberal (BRAGA PAULA 1987)

De acordo com Luz (1991)

Desde o iniacutecio a implantaccedilatildeo dos programas e serviccedilos de auxiacutelio agrave sauacutede foi impregnada de praacuteticas clientelistas tiacutepicas do regime populista que caracterizou a Era Vargas Tais praacuteticas se ancoraram tambeacutem nos sindicatos de trabalhadores nos quais ajudaram a criar normas administrativas e poliacuteticas de pessoal adequadas a estrateacutegias de cooptaccedilatildeo das elites sindicais simpatizantes e de exclusatildeo das discordantes alccedilando aquelas agrave direccedilatildeo das instituiccedilotildees e agrave gestatildeo dos programas governamentais

Ainda na deacutecada de 30 foi criado os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

(IAPs) os quais diferentemente das antigas Caixas satildeo organizados por categorias

profissionais natildeo mais por empresas e que foram considerados como o marco da

medicina previdenciaacuteria brasileira (SILVA1996)

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a mudanccedila ocorrida natildeo foi

apenas nas siglas mas tambeacutem na forma de administraccedilatildeo Enquanto a CAP era

formada por um colegiado de empregados e empregadores a direccedilatildeo dos IAPs

cabia a um representante do Estado sendo assessorado por um colegiado sem

poder deliberativo o qual ainda era escolhido pelos sindicatos reconhecidos pelo

governo

14

Observa-se nas palavras de Guerra (2009) que foi no periacuteodo militar que

houve uma maior mudanccedila em relaccedilatildeo a sauacutede puacuteblica onde as accedilotildees de

assistecircncia agrave sauacutede em niacutevel individual comeccedilaram com o surgimento da

Previdecircncia Social vinculando a assistecircncia meacutedica ao princiacutepio do seguro social e

colocando-a no mesmo plano de benefiacutecios como as aposentadorias pensotildees por

invalidez etc O processo de unificaccedilatildeo previsto em 1960 se efetiva em 2 de janeiro

de 1967 com a criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) reunindo

os seis Institutos de Aposentadorias e Pensotildees o Serviccedilo de Assistecircncia Meacutedica e

Domiciliar de Urgecircncia (SAMDU) e a Superintendecircncia dos Serviccedilos de Reabilitaccedilatildeo

da Previdecircncia Social

A construccedilatildeo ou reforma de inuacutemeras cliacutenicas e hospitais privados com

financiamento da Previdecircncia Social e o enfoque agrave medicina curativa fez com que

multiplicassem por todo o paiacutes as faculdades particulares de medicina O ensino

meacutedico passou a ser desvinculado da realidade sanitaacuteria da populaccedilatildeo voltado para

a especializaccedilatildeo e a sofisticaccedilatildeo tecnoloacutegica e dependente das induacutestrias

farmacecircuticas e de equipamentos meacutedico-hospitalares Quando o INPS foi criado

em 1966 o governo liberou verba a fundo perdido para empresas privadas

construiacuterem hospitais depois o INPS enviou seus segurados para estes hospitais

isto eacute a Previdecircncia financiou e sustentou estes hospitais por 20 anos

Posteriormente estes proprietaacuterios consideraram-se capitalizados e se

descredenciaram do INPS O dinheiro da previdecircncia natildeo era mais suficiente para

cobrir os gastos com assistecircncia meacutedica e o nuacutemero de leitos diminuiu portanto um

dos motivos da falecircncia da Previdecircncia foram os custos crescentes determinados

pela privatizaccedilatildeo da rede (Secretaria Municipal da Sauacutede de Satildeo Paulo 1992)

De acordo com Luz (1991) a partir de 1983 a sociedade civil estabelecida

reivindicou junto com um Congresso Nacional novas poliacuteticas sociais que

pudessem asseverar plenos direitos de cidadania aos brasileiros inclusive direito agrave

sauacutede visto tambeacutem como dever do Estado Pela primeira vez na histoacuteria do paiacutes a

sauacutede era vista socialmente como um direito universal e dever do Estado isto eacute

como dimensatildeo social da cidadania

15

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito

ldquoA sauacutede eacute um bem real ao mesmo tempo abstrato que soacute se pretende

obter quando se perde e ela se torna necessidade materializada no seu contraacuterio a

doenccedilardquo (RIBEIRO 1993) Assim natildeo sendo um bem econocircmico cabe ao Estado

prover os recursos indispensaacuteveis para sua prevenccedilatildeo considerando a sauacutede um

ldquobem puacuteblico purordquo (RIANI 1986)

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o sistema de sauacutede era tido como

residual marcado pela assistecircncia meacutedica excludente e sistemaacutetica o que provocou

o crescimento de serviccedilos privados de sauacutede rede de serviccedilos sucateada

priorizaccedilatildeo da assistecircncia meacutedico-hospitalar permitindo o crescimento expansivo da

sauacutede privada

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a Carta Magna de 1988 garante a

sauacutede como direito de todos e um dever do Estado tendo os usuaacuterios acesso

igualitaacuterio e universal agraves accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

As instituiccedilotildees privadas tecircm sua participaccedilatildeo de forma a complementar os serviccedilos

do SUS Seus princiacutepios baacutesicos satildeo a descentralizaccedilatildeo com delegaccedilatildeo de poderes

para os niacuteveis estatal e municipal tendo o atendimento integral com maior enfoque a

atividades preventivas

Na concepccedilatildeo de Oliveira JR (1998) o SUS apesar de ser legalmente

democraacutetico jaacute nasceu com descreacutedito da populaccedilatildeo sendo considerado pelos

formadores de opiniatildeo como o sucessor do fraudulento INAMPS

As poliacuteticas de sauacutede no Brasil segundo Roncalli (2003) poderiam ser

classificadas como residuais jaacute que natildeo abrangem toda a comunidade como seu

objeto de proteccedilatildeo social e meritocraacutetico-corporativas pois estavam os direitos

sociais restritos a vinculaccedilatildeo ao sistema previdenciaacuterio ficando o exerciacutecio da

cidadania determinado pelo trabalho e contribuiccedilatildeo na previdecircncia considerada

como uma cidadania regulada

Assim ateacute a deacutecada de 80 as poliacuteticas de sauacutede no Brasil possuem uma

caracteriacutestica bastante peculiar visto a intervenccedilatildeo do Estado para solucionar

problemas de sauacutede ldquouma estreita relaccedilatildeo entre o estabelecimento das poliacuteticas de

sauacutede e o modelo econocircmico vigente e uma clara distinccedilatildeo entre as accedilotildees de sauacutede

puacuteblica e de assistecircncia meacutedicardquo (RONCALLI 2003)

16

Desta forma a accedilatildeo exercida pelo Estado era residual jaacute natildeo existia uma

poliacutetica social voltada para a sauacutede dos indiviacuteduos e esta natildeo era considerada como

um direito social

[] Efetivamente a accedilatildeo do Estado perante as necessidades sociais baacutesicas limitava-se a reparaccedilatildeo toacutepicas e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e fragmentadas a reivindicaccedilotildees sociais dos trabalhadores e de setores populacionais empobrecidos dos grandes centros urbanos (PEREIRA 2002 p 128)

De acordo com Ribeiro (1993) os Estados mercantilistas dos Seacuteculos XVI e

XVII se preocupavam com a sauacutede de suas populaccedilotildees ldquo[] conscientes de que a

produccedilatildeo sua comercializaccedilatildeo e consequentemente a arrecadaccedilatildeo de impostos

para mantecirc-los dependiam da sauacutede dos que trabalhavam []rdquo

Segundo Paim (1986) entender o Estado como elemento que natildeo eacute neutro

dentro de uma sociedade estruturada em classe explica o seu desempenho voltado

para os interesses das classes hegemocircnicas que tentam evitar tensotildees

sociaiscontemplando dentro de certos limites determinadas necessidades das

classes subalternas O Estado que eacute ldquoinstrumento que pode ser manipulado

livremente pelos grupos que controlam o poderrdquo passa a privilegiar a sauacutede da

economia em detrimento da sauacutede da coletividade (PAIM 1986)

Desse modo para o referido autor o Estado deixa de ser apenas um

aparelho de repressatildeo ideologia econocircmico e simplesmente burocraacutetico para

expressar uma relaccedilatildeo das forccedilas sociais que se manteacutem em constante luta pela

efetivaccedilatildeo de seus objetivos O mesmo autor acrescenta ainda que ldquoo Estado eacute todo

o complexo de atividades praacuteticas e teoacutericas com as quais a classe dirigente justifica

e manteacutem natildeo soacute o seu domiacutenio mas consegue obter o consenso ativo dos

governados []rdquo (PAIM 1986 p 212)

Em se tratando de sauacutede o Estado se diversifica entre uma accedilatildeo

fundamentalmente normativa e uma intervenccedilatildeo que facilita o consumo de serviccedilos

Hoje o sistema uacutenico de sauacutede (SUS) vem deixando a desejar e que este

sistema conspira contra os princiacutepios da universalidade equumlidade e integralidade

na atenccedilatildeo agrave sauacutede consagrados na Constituiccedilatildeo (PAIM 1992 p 40)

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

DEDICATOacuteRIA

Aos meus queridos pais pela

dedicaccedilatildeo e empenho que tiveram

e por possibilitarem que este

importante passo fosse dado

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a DEUS que sempre se fez presente ao meu lado dando-

me forccedilas para que superasse as dificuldades e seguisse adiante nos meus

objetivos

Ao meu esposo LAURO na tentativa modesta de externar o meu verdadeiro

amor em paacutelida retribuiccedilatildeo pela irresgataacutevel compreensatildeo e carinho com que

sempre me cercou

Aos meus amados pais ALOYSIO e LOURDES Pela liccedilatildeo de vida que me

prestaram e continuam a prestar a minha homenagem da mais profunda gratidatildeo

Ao meu irmatildeo MARCOS aquelas com quem sempre posso contar

Aos meus PROFESSORES que com infinita paciecircncia me ensinaram e em

especial a minha orientadora Profordf Maria da Conceiccedilatildeo Maggioni Poppe que foi uma

fonte inesgotaacutevel de estiacutemulo e apoio dando-me condiccedilotildees para a realizaccedilatildeo das

atividades de pesquisa e ensino

A UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DO SALVADOR que proporcionou - me um

ambiente sem igual para a conduccedilatildeo da minha formaccedilatildeo acadecircmica

A TODAS as pessoas que de alguma forma contribuiacuteram para eu chegar aonde cheguei MEU MUITO OBRIGADO

RESUMO O presente trabalho monograacutefico tem como finalidade abordar questotildees acerca da cidadania particularizando a discussatildeo dos direitos do paciente Para tanto foi realizada um levantamento bibliograacutefico na aacuterea e para pesquisa de campo foi realizado questionaacuterios com pacientes internados no Hospital Manoel Victorino Aleacutem disso serviu de base a experiecircncia que a autora do trabalho tem na aacuterea que serviu como base para a abordagem individual e grupal como a anamnese social visitas aos leitos acompanhamento particularizado de alguns pacientes reuniotildees entrevistas contatos com familiares entre outros aspectos que corroboraram para o levantamento de dados Portanto este trabalho teve como propoacutesito o entendimento a cerca do usuaacuterio e os direitos que estes tecircm ao utilizar o sistema de sauacutede O primeiro capiacutetulo seraacute abordado o tema de sauacutede puacutebica no Brasil onde se falaraacute de como era a sauacutede antigamente e o que aconteceu para a melhoria na questatildeo da vigilacircncia sanitaacuteria mostrando que a sauacutede eacute uma questatildeo de direito No segundo capiacutetulo seraacute abordado o tema cidadania e sauacutede onde seratildeo observados a luta de todas as eacutepocas para a construccedilatildeo da cidadania e da eacutetica e a importacircncia da informaccedilatildeo para o paciente hospitalizado O terceiro capiacutetulo mostra a parte praacutetica do trabalho a construccedilatildeo da anamnese e o resultado e a discussatildeo deste trabalho

METODOLOGIA

Esta pesquisa eacute do tipo observacional transversal realizada no Hospital

Manoel Victorino de Salvador estado da Bahia no ano de 2009

A realizaccedilatildeo da pesquisa atende uma das normas das Diretrizes e Normas

Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos resoluccedilatildeo ndeg 196 de

10 de outubro de 1996 que deixa claro que em momento algum durante a

realizaccedilatildeo da pesquisa sejam mencionados nomes ou fatos que possam identificar

os participantes da mesma e que em nenhum momento da pesquisa o estudo

sobreponha-se ao interesse da ciecircncia em detrimento ao interesse das pessoas

(BRASIL 1996)

Foram considerados pacientes que deram entrada no hospital pelo Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) A partir daiacute foi feita uma anamnese e aplicado um

questionaacuterio com os pacientes que foram selecionados nas amostras

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL 10

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil 10

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede 11

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito 15

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE 19

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas 19

22 Cidadania e Eacutetica 21

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede 24

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado 29

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS

PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA

CIDADANIA 33

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV 33

32 Resultado e discussatildeo 35

CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA 46

ANEXO 50

8

INTRODUCcedilAtildeO

Hoje observa-se que a sauacutede eacute um do direito de todos e dever do Estado

adquirido pela populaccedilatildeo atraveacutes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Mas seraacute que a

comunidade sabe quais satildeo estes direitos

Portanto o presente trabalho tem como finalidade abordar o tema a Falta de

consciecircncia dos usuaacuterios acerca do direito agrave sauacutede puacuteblica Para tanto serviu de

base a minha praacutetica como Assistente Social do Hospital Geral Manoel Victorino

levantamentos bibliograacuteficos sobre o tema e pesquisa de campo onde seraacute

realizada investigaccedilatildeo com pacientes internados no setor de Ortopedia

Contribuiacuteram tambeacutem para a realizaccedilatildeo da mesma a utilizaccedilatildeo das praacuteticas

profissionais como abordagens individuais grupais (Anamnese Social visita aos

leitos acompanhamento particularizado em alguns casos reuniotildees com temas

ligados a educaccedilatildeo e cidadania reuniotildees interdisciplinar para discussatildeo de casos

registro das atividades em documentaccedilatildeo especiacutefica do Serviccedilo Social que serviram

para confirmar a hipoacutetese levantada

O interesse pelo tema monograacutefico emergiu a partir das informaccedilotildees

obtidas atraveacutes dos procedimentos metodoloacutegicos citados quando percebi que os

pacientes natildeo conheciam seus direitosdeveres e como isto tende a refletir na sua

relaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do sistema de sauacutede

A pesquisa foi estruturada a partir do seguinte problema A falta de

consciecircncia dos usuaacuterios com relaccedilatildeo aos seus direitos leva-os a lsquolsquoencararrsquorsquo agrave

assistecircncia recebida como benesse A partir da pesquisa foi possiacutevel identificar o

grau de conhecimento dos usuaacuterios acerca dos seus direitos a qualidade dos

serviccedilos prestados e o perfil soacutecio-econocircmico dos mesmos

Com o propoacutesito de orientar o processo de investigaccedilatildeo estabeleci a

seguinte hipoacutetese acredita-se que a falta de consciecircncia dos usuaacuterios acerca de

seus direitos e deveres tende a refletir na sua relaccedilatildeo em como utilizar o sistema de

sauacutede Observou-se que a falta de conhecimento tende a levar os usuaacuterios agrave natildeo

conseguirem enxergar seus espaccedilos na sociedade e assim natildeo reconhecerem seu

efetivo direito Desta forma seraacute analisada a questatildeo fundamentando a hipoacutetese

9

atraveacutes de reflexotildees que seratildeo divididas em capiacutetulos para maior elucidaccedilatildeo da

problemaacutetica

Portanto no primeiro capiacutetulo seratildeo desenvolvidos como era e como anda a

sauacutede puacuteblica no Brasil aleacutem dos direitos do cidadatildeo ao sistema de sauacutede e da

obrigaccedilatildeo do Estado para o fornecimento da mesma

No segundo capiacutetulo seraacute abordado sobre cidadania e sauacutede mostrando as

concepccedilotildees de cidadania e a sua construccedilatildeo ao longo dos tempos como uma forma

de Direitos Humanos

No terceiro capiacutetulo haveraacute uma explanaccedilatildeo sobre as reflexotildees do cidadatildeo

doente e sobre os direitos deste cidadatildeo em especial no Hospital Manoel Victorino

buscando mostrar se os mesmos tecircm a sua cidadania e os seus direitos respeitados

Mostrando ainda a metodologia que foi utilizada e apoacutes a discussatildeo e resultado

10

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil

Para se discorrer sobre a sauacutede puacuteblica no Brasil primeiro se faz necessaacuterio

percorrer os caminhos da histoacuteria para que se possa haver um melhor entendimento

de como se chegou ao ponto em que se encontra a sauacutede puacuteblica no Brasil hoje

A intervenccedilatildeo estatal nos serviccedilos de sauacutede brasileira vem desde a eacutepoca

colonial quando o Brasil encontrava-se agrave beira do capitalismo mundial submetendo-

se econocircmica e politicamente agrave metroacutepole Portugal

As pessoas que tinham dinheiro procuram centros meacutedicos na Europa para

se tratar restando a populaccedilatildeo mais carente a busca por curandeiros do pajeacute com

suas ervas e cantos e dos boticaacuterios que percorriam o Brasil Colocircnia

A fase do impeacuterio brasileiro findou-se sem que o Estado encontra-se

soluccedilotildees para os graves problemas de sauacutede da populaccedilatildeo fazendo com que o

Brasil ao final do segundo reinado fosse conhecido laacute fora como um paiacutes insalubre

De acordo com Scliar (1987) o hospital que havia ateacute entatildeo contava apenas com

trabalho voluntaacuterio sendo um depoacutesito de doentes que eram isolados da sociedade

com o objetivo de natildeo contagiaacute-la

Uma das principais apreensotildees em relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede era em

relaccedilatildeo ao principal porto do paiacutes que situava-se no Rio de Janeiro tornando assim

esta cidade o centro das preocupaccedilotildees das accedilotildees sanitaacuterias

Nesse momento a Sauacutede Puacuteblica no Brasil passou a ser calcada em

intervenccedilotildees engendradas na corrente de pensamento do Sanitarismo que se

operacionalizava no acircmbito urbano das cidades com a comercializaccedilatildeo e transporte

de alimentos e cobertura dos portos mariacutetimos (ROSEN 1994)

O periacuteodo Republicano foi marcado pela hegemonia do cafeacute com

predominacircncia de grupos oligaacuterquicos regionais Em 1888 com a Aboliccedilatildeo da

Escravatura e com a consequumlente crise da matildeo de obra escrava intensificaram-se

as correntes imigratoacuterias provenientes principalmente da Itaacutelia Espanha e Portugal

(ROSSI 1980)

11

Houve um grande crescimento econocircmico no Brasil no entanto foi um

periacuteodo de crise soacutecio-econocircmica e sanitaacuteria porque a febre amarela entre outras

epidemias ameaccedilavam a economia agroexportadora brasileira prejudicando

principalmente a exportaccedilatildeo de cafeacute pois os navios estrangeiros se recusavam a

atracar nos portos brasileiros o que tambeacutem reduzia a imigraccedilatildeo de matildeo-de-obra

Para reverter a situaccedilatildeo o governo criou medidas que garantissem a sauacutede da

populaccedilatildeo trabalhadora atraveacutes de campanhas sanitaacuterias de caraacuteter autoritaacuterio

(SCLIAR1987)

Ou seja com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica elaborou-se a Constituiccedilatildeo que

assinalava a preponderacircncia dos grandes Estados nas decisotildees nacionais Assim o

poder centralizou-se nos Estados produtores de cafeacute da regiatildeo centro-sul

instalando-se a poliacutetica do cafeacute com leite Essa Constituiccedilatildeo incorporou a sauacutede

como uma aacuterea de acircmbito estatal estabelecendo sua estrutura e locais de atuaccedilatildeo

(IYDA 1994)

Pode-se dizer pelo exposto que embora a sauacutede da populaccedilatildeo

especialmente no combate agrave lepra e agrave peste e a existecircncia de algum controle

sanitaacuterio em relaccedilatildeo aos portos ruas casas e praias tenha sido objeto de atenccedilatildeo

da administraccedilatildeo portuguesa em fases anteriores a transformaccedilatildeo do objetivo da

medicina da doenccedila para a sauacutede iraacute ocorrer somente no seacuteculo XIX quando ldquoo

conhecimento da colocircnia eacute colocado como fundamento necessaacuterio para uma

intervenccedilatildeo dirigida para o aumento da produccedilatildeo para a defesa da terra para a

sauacutede da populaccedilatildeordquo (Machado et al 1978)

Portanto pode-se observar de acordo com as palavras de Machado e

colaboradores (1978) que ldquoa administraccedilatildeo portuguesa natildeo se caracterizou pelo

menos ateacute a segunda metade do seacuteculo XVIII pela organizaccedilatildeo do espaccedilo social

visando um ataque planificado e continuado agraves causas de doenccedila agindo por isso

de modo muito mais negativo que positivo no que diz respeito agrave sauacutederdquo

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede

Como exposto acima pode-se observar que as accedilotildees desenvolvidas na

eacutepoca eram accedilotildees reguladoras compreendendo as atividades dos cirurgiotildees e a

criaccedilatildeo das primeiras escolas de medicina como aconteceu na Bahia com a criaccedilatildeo

12

da Escola de Cirurgia no ano de 1808 e no Rio de Janeiro com a criaccedilatildeo da

caacutetedra de anatomia no Hospital Militar acompanhada pela medicina operatoacuteria em

1809 Mas foi no ano de 1829 com a criaccedilatildeo da Sociedade de Medicina e Cirurgia

do Rio de Janeiro que de acordo com Machado et al (1978) ldquolutaraacute de diversas

maneiras para impor-se como guardiatilde da sauacutede puacuteblicardquo A partir daiacute comeccedila o

inicio da implantaccedilatildeo da medicina social no Brasil que passa a lutar pela defesa das

ciecircncias meacutedicas

Nessa mesma eacutepoca foi constituiacuteda a Academia Real de Medicina Social no

ano de 1829 na Bahia que funcionou como oacutergatildeo de consulta nas questotildees ligadas

a sauacutede do Imperador D Pedro I que tinha como objetivos a proteccedilatildeo da sauacutede da

populaccedilatildeo segundo os exemplos da Europa e a defesa da ciecircncia o que colaborou

para a constituiccedilatildeo da superioridade do exerciacutecio da medicina no Brasil

Nas palavras de Luz (1991) a primeira medida concreta em niacutevel nacional

para a criaccedilatildeo do sistema de sauacutede puacuteblica aconteceu na deacutecada de 20 A Diretoria

Geral de Sauacutede Puacuteblica eacute organizada pelo meacutedico sanitarista Oswaldo Cruz que

resolve o problema sanitaacuterio implementando progressivamente instituiccedilotildees

puacuteblicas de higiene e sauacutede Oswaldo Cruz adotou o modelo das campanhas

sanitaacuterias (inspirado no modelo americano mas importado de Cuba) destinado a

combater as epidemias urbanas e mais tarde as endemias rurais

As campanhas de sauacutede puacuteblica eram organizadas de tal forma que

assemelhavam-se a campanhas militares dividindo as cidades em distritos

encarcerando os doentes portadores de doenccedilas contagiosas e obrigando pela

forccedila o emprego de praacuteticas sanitaristas Esta situaccedilatildeo levou agrave Revolta da Vacina

no Rio de Janeiro quando a populaccedilatildeo revoltou-se com a obrigatoriedade da vacina

contra a variacuteola (SCLIAR 1987)

Interessante eacute a observaccedilatildeo de Moraes (1983) quando diz ldquoa ausecircncia da

questatildeo da sauacutede na bibliografia histoacuterica brasileira no que diz respeito agraves

condiccedilotildees de vida e de trabalho e de seus aspectos institucionais pode conduzir a

pensar numa negligecircncia em considerar e analisar este temardquo

Iyda (1994) afirma que foi no governo de Rodrigues Alves que se

desencadeou accedilotildees que tiveram como vertente a chamada Higienizaccedilatildeordquo Atraveacutes

da figura de Osvaldo Cruz a questatildeo sanitaacuteria passou a ser tomada como uma

questatildeo poliacutetica Como exemplo pode-se verificar a lei sobre a vacinaccedilatildeo e re-

13

vacinaccedilatildeo contra a variacuteola no ano de 1904 processo que gerou uma seacuterie de

revoltas no acircmago da populaccedilatildeo civil contra o sentido militar imputado agrave campanha

A partir daiacute o Estado passou a receber fortes pressotildees por parte de

intelectuais e militares para a criaccedilatildeo de novos serviccedilos na aacuterea de Sauacutede Puacuteblica

culminando em 1931 com a criaccedilatildeo do Ministeacuterio de Educaccedilatildeo e Sauacutede Nesta fase

a Sauacutede Puacuteblica definiu seu papel e os burocratas e as classes que apoiavam a

Revoluccedilatildeo Constitucionalista obtiveram grandes privileacutegios poliacuteticos (IYDA 1993)

Com a criaccedilatildeo do Departamento Nacional da Sauacutede Puacuteblica que tinha como

objetivo a extensatildeo dos serviccedilos de saneamento urbano e rural aleacutem da higiene

industrial e materno-infantil a Sauacutede Puacuteblica passou a ser tomada como questatildeo

social Datam dessa eacutepoca os primeiros encontros do sanitaristas que bradavam por

soluccedilotildees mais eficazes no que tocava agraves questotildees de sauacutede Esse movimento

sanitaacuterio difundiu a necessidade da educaccedilatildeo sanitaacuteria como uma estrateacutegia para a

promoccedilatildeo da sauacutede e o conteuacutedo dos discursos era permeado por uma intensa

fermentaccedilatildeo de ordem liberal (BRAGA PAULA 1987)

De acordo com Luz (1991)

Desde o iniacutecio a implantaccedilatildeo dos programas e serviccedilos de auxiacutelio agrave sauacutede foi impregnada de praacuteticas clientelistas tiacutepicas do regime populista que caracterizou a Era Vargas Tais praacuteticas se ancoraram tambeacutem nos sindicatos de trabalhadores nos quais ajudaram a criar normas administrativas e poliacuteticas de pessoal adequadas a estrateacutegias de cooptaccedilatildeo das elites sindicais simpatizantes e de exclusatildeo das discordantes alccedilando aquelas agrave direccedilatildeo das instituiccedilotildees e agrave gestatildeo dos programas governamentais

Ainda na deacutecada de 30 foi criado os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

(IAPs) os quais diferentemente das antigas Caixas satildeo organizados por categorias

profissionais natildeo mais por empresas e que foram considerados como o marco da

medicina previdenciaacuteria brasileira (SILVA1996)

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a mudanccedila ocorrida natildeo foi

apenas nas siglas mas tambeacutem na forma de administraccedilatildeo Enquanto a CAP era

formada por um colegiado de empregados e empregadores a direccedilatildeo dos IAPs

cabia a um representante do Estado sendo assessorado por um colegiado sem

poder deliberativo o qual ainda era escolhido pelos sindicatos reconhecidos pelo

governo

14

Observa-se nas palavras de Guerra (2009) que foi no periacuteodo militar que

houve uma maior mudanccedila em relaccedilatildeo a sauacutede puacuteblica onde as accedilotildees de

assistecircncia agrave sauacutede em niacutevel individual comeccedilaram com o surgimento da

Previdecircncia Social vinculando a assistecircncia meacutedica ao princiacutepio do seguro social e

colocando-a no mesmo plano de benefiacutecios como as aposentadorias pensotildees por

invalidez etc O processo de unificaccedilatildeo previsto em 1960 se efetiva em 2 de janeiro

de 1967 com a criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) reunindo

os seis Institutos de Aposentadorias e Pensotildees o Serviccedilo de Assistecircncia Meacutedica e

Domiciliar de Urgecircncia (SAMDU) e a Superintendecircncia dos Serviccedilos de Reabilitaccedilatildeo

da Previdecircncia Social

A construccedilatildeo ou reforma de inuacutemeras cliacutenicas e hospitais privados com

financiamento da Previdecircncia Social e o enfoque agrave medicina curativa fez com que

multiplicassem por todo o paiacutes as faculdades particulares de medicina O ensino

meacutedico passou a ser desvinculado da realidade sanitaacuteria da populaccedilatildeo voltado para

a especializaccedilatildeo e a sofisticaccedilatildeo tecnoloacutegica e dependente das induacutestrias

farmacecircuticas e de equipamentos meacutedico-hospitalares Quando o INPS foi criado

em 1966 o governo liberou verba a fundo perdido para empresas privadas

construiacuterem hospitais depois o INPS enviou seus segurados para estes hospitais

isto eacute a Previdecircncia financiou e sustentou estes hospitais por 20 anos

Posteriormente estes proprietaacuterios consideraram-se capitalizados e se

descredenciaram do INPS O dinheiro da previdecircncia natildeo era mais suficiente para

cobrir os gastos com assistecircncia meacutedica e o nuacutemero de leitos diminuiu portanto um

dos motivos da falecircncia da Previdecircncia foram os custos crescentes determinados

pela privatizaccedilatildeo da rede (Secretaria Municipal da Sauacutede de Satildeo Paulo 1992)

De acordo com Luz (1991) a partir de 1983 a sociedade civil estabelecida

reivindicou junto com um Congresso Nacional novas poliacuteticas sociais que

pudessem asseverar plenos direitos de cidadania aos brasileiros inclusive direito agrave

sauacutede visto tambeacutem como dever do Estado Pela primeira vez na histoacuteria do paiacutes a

sauacutede era vista socialmente como um direito universal e dever do Estado isto eacute

como dimensatildeo social da cidadania

15

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito

ldquoA sauacutede eacute um bem real ao mesmo tempo abstrato que soacute se pretende

obter quando se perde e ela se torna necessidade materializada no seu contraacuterio a

doenccedilardquo (RIBEIRO 1993) Assim natildeo sendo um bem econocircmico cabe ao Estado

prover os recursos indispensaacuteveis para sua prevenccedilatildeo considerando a sauacutede um

ldquobem puacuteblico purordquo (RIANI 1986)

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o sistema de sauacutede era tido como

residual marcado pela assistecircncia meacutedica excludente e sistemaacutetica o que provocou

o crescimento de serviccedilos privados de sauacutede rede de serviccedilos sucateada

priorizaccedilatildeo da assistecircncia meacutedico-hospitalar permitindo o crescimento expansivo da

sauacutede privada

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a Carta Magna de 1988 garante a

sauacutede como direito de todos e um dever do Estado tendo os usuaacuterios acesso

igualitaacuterio e universal agraves accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

As instituiccedilotildees privadas tecircm sua participaccedilatildeo de forma a complementar os serviccedilos

do SUS Seus princiacutepios baacutesicos satildeo a descentralizaccedilatildeo com delegaccedilatildeo de poderes

para os niacuteveis estatal e municipal tendo o atendimento integral com maior enfoque a

atividades preventivas

Na concepccedilatildeo de Oliveira JR (1998) o SUS apesar de ser legalmente

democraacutetico jaacute nasceu com descreacutedito da populaccedilatildeo sendo considerado pelos

formadores de opiniatildeo como o sucessor do fraudulento INAMPS

As poliacuteticas de sauacutede no Brasil segundo Roncalli (2003) poderiam ser

classificadas como residuais jaacute que natildeo abrangem toda a comunidade como seu

objeto de proteccedilatildeo social e meritocraacutetico-corporativas pois estavam os direitos

sociais restritos a vinculaccedilatildeo ao sistema previdenciaacuterio ficando o exerciacutecio da

cidadania determinado pelo trabalho e contribuiccedilatildeo na previdecircncia considerada

como uma cidadania regulada

Assim ateacute a deacutecada de 80 as poliacuteticas de sauacutede no Brasil possuem uma

caracteriacutestica bastante peculiar visto a intervenccedilatildeo do Estado para solucionar

problemas de sauacutede ldquouma estreita relaccedilatildeo entre o estabelecimento das poliacuteticas de

sauacutede e o modelo econocircmico vigente e uma clara distinccedilatildeo entre as accedilotildees de sauacutede

puacuteblica e de assistecircncia meacutedicardquo (RONCALLI 2003)

16

Desta forma a accedilatildeo exercida pelo Estado era residual jaacute natildeo existia uma

poliacutetica social voltada para a sauacutede dos indiviacuteduos e esta natildeo era considerada como

um direito social

[] Efetivamente a accedilatildeo do Estado perante as necessidades sociais baacutesicas limitava-se a reparaccedilatildeo toacutepicas e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e fragmentadas a reivindicaccedilotildees sociais dos trabalhadores e de setores populacionais empobrecidos dos grandes centros urbanos (PEREIRA 2002 p 128)

De acordo com Ribeiro (1993) os Estados mercantilistas dos Seacuteculos XVI e

XVII se preocupavam com a sauacutede de suas populaccedilotildees ldquo[] conscientes de que a

produccedilatildeo sua comercializaccedilatildeo e consequentemente a arrecadaccedilatildeo de impostos

para mantecirc-los dependiam da sauacutede dos que trabalhavam []rdquo

Segundo Paim (1986) entender o Estado como elemento que natildeo eacute neutro

dentro de uma sociedade estruturada em classe explica o seu desempenho voltado

para os interesses das classes hegemocircnicas que tentam evitar tensotildees

sociaiscontemplando dentro de certos limites determinadas necessidades das

classes subalternas O Estado que eacute ldquoinstrumento que pode ser manipulado

livremente pelos grupos que controlam o poderrdquo passa a privilegiar a sauacutede da

economia em detrimento da sauacutede da coletividade (PAIM 1986)

Desse modo para o referido autor o Estado deixa de ser apenas um

aparelho de repressatildeo ideologia econocircmico e simplesmente burocraacutetico para

expressar uma relaccedilatildeo das forccedilas sociais que se manteacutem em constante luta pela

efetivaccedilatildeo de seus objetivos O mesmo autor acrescenta ainda que ldquoo Estado eacute todo

o complexo de atividades praacuteticas e teoacutericas com as quais a classe dirigente justifica

e manteacutem natildeo soacute o seu domiacutenio mas consegue obter o consenso ativo dos

governados []rdquo (PAIM 1986 p 212)

Em se tratando de sauacutede o Estado se diversifica entre uma accedilatildeo

fundamentalmente normativa e uma intervenccedilatildeo que facilita o consumo de serviccedilos

Hoje o sistema uacutenico de sauacutede (SUS) vem deixando a desejar e que este

sistema conspira contra os princiacutepios da universalidade equumlidade e integralidade

na atenccedilatildeo agrave sauacutede consagrados na Constituiccedilatildeo (PAIM 1992 p 40)

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a DEUS que sempre se fez presente ao meu lado dando-

me forccedilas para que superasse as dificuldades e seguisse adiante nos meus

objetivos

Ao meu esposo LAURO na tentativa modesta de externar o meu verdadeiro

amor em paacutelida retribuiccedilatildeo pela irresgataacutevel compreensatildeo e carinho com que

sempre me cercou

Aos meus amados pais ALOYSIO e LOURDES Pela liccedilatildeo de vida que me

prestaram e continuam a prestar a minha homenagem da mais profunda gratidatildeo

Ao meu irmatildeo MARCOS aquelas com quem sempre posso contar

Aos meus PROFESSORES que com infinita paciecircncia me ensinaram e em

especial a minha orientadora Profordf Maria da Conceiccedilatildeo Maggioni Poppe que foi uma

fonte inesgotaacutevel de estiacutemulo e apoio dando-me condiccedilotildees para a realizaccedilatildeo das

atividades de pesquisa e ensino

A UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DO SALVADOR que proporcionou - me um

ambiente sem igual para a conduccedilatildeo da minha formaccedilatildeo acadecircmica

A TODAS as pessoas que de alguma forma contribuiacuteram para eu chegar aonde cheguei MEU MUITO OBRIGADO

RESUMO O presente trabalho monograacutefico tem como finalidade abordar questotildees acerca da cidadania particularizando a discussatildeo dos direitos do paciente Para tanto foi realizada um levantamento bibliograacutefico na aacuterea e para pesquisa de campo foi realizado questionaacuterios com pacientes internados no Hospital Manoel Victorino Aleacutem disso serviu de base a experiecircncia que a autora do trabalho tem na aacuterea que serviu como base para a abordagem individual e grupal como a anamnese social visitas aos leitos acompanhamento particularizado de alguns pacientes reuniotildees entrevistas contatos com familiares entre outros aspectos que corroboraram para o levantamento de dados Portanto este trabalho teve como propoacutesito o entendimento a cerca do usuaacuterio e os direitos que estes tecircm ao utilizar o sistema de sauacutede O primeiro capiacutetulo seraacute abordado o tema de sauacutede puacutebica no Brasil onde se falaraacute de como era a sauacutede antigamente e o que aconteceu para a melhoria na questatildeo da vigilacircncia sanitaacuteria mostrando que a sauacutede eacute uma questatildeo de direito No segundo capiacutetulo seraacute abordado o tema cidadania e sauacutede onde seratildeo observados a luta de todas as eacutepocas para a construccedilatildeo da cidadania e da eacutetica e a importacircncia da informaccedilatildeo para o paciente hospitalizado O terceiro capiacutetulo mostra a parte praacutetica do trabalho a construccedilatildeo da anamnese e o resultado e a discussatildeo deste trabalho

METODOLOGIA

Esta pesquisa eacute do tipo observacional transversal realizada no Hospital

Manoel Victorino de Salvador estado da Bahia no ano de 2009

A realizaccedilatildeo da pesquisa atende uma das normas das Diretrizes e Normas

Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos resoluccedilatildeo ndeg 196 de

10 de outubro de 1996 que deixa claro que em momento algum durante a

realizaccedilatildeo da pesquisa sejam mencionados nomes ou fatos que possam identificar

os participantes da mesma e que em nenhum momento da pesquisa o estudo

sobreponha-se ao interesse da ciecircncia em detrimento ao interesse das pessoas

(BRASIL 1996)

Foram considerados pacientes que deram entrada no hospital pelo Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) A partir daiacute foi feita uma anamnese e aplicado um

questionaacuterio com os pacientes que foram selecionados nas amostras

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL 10

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil 10

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede 11

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito 15

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE 19

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas 19

22 Cidadania e Eacutetica 21

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede 24

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado 29

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS

PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA

CIDADANIA 33

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV 33

32 Resultado e discussatildeo 35

CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA 46

ANEXO 50

8

INTRODUCcedilAtildeO

Hoje observa-se que a sauacutede eacute um do direito de todos e dever do Estado

adquirido pela populaccedilatildeo atraveacutes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Mas seraacute que a

comunidade sabe quais satildeo estes direitos

Portanto o presente trabalho tem como finalidade abordar o tema a Falta de

consciecircncia dos usuaacuterios acerca do direito agrave sauacutede puacuteblica Para tanto serviu de

base a minha praacutetica como Assistente Social do Hospital Geral Manoel Victorino

levantamentos bibliograacuteficos sobre o tema e pesquisa de campo onde seraacute

realizada investigaccedilatildeo com pacientes internados no setor de Ortopedia

Contribuiacuteram tambeacutem para a realizaccedilatildeo da mesma a utilizaccedilatildeo das praacuteticas

profissionais como abordagens individuais grupais (Anamnese Social visita aos

leitos acompanhamento particularizado em alguns casos reuniotildees com temas

ligados a educaccedilatildeo e cidadania reuniotildees interdisciplinar para discussatildeo de casos

registro das atividades em documentaccedilatildeo especiacutefica do Serviccedilo Social que serviram

para confirmar a hipoacutetese levantada

O interesse pelo tema monograacutefico emergiu a partir das informaccedilotildees

obtidas atraveacutes dos procedimentos metodoloacutegicos citados quando percebi que os

pacientes natildeo conheciam seus direitosdeveres e como isto tende a refletir na sua

relaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do sistema de sauacutede

A pesquisa foi estruturada a partir do seguinte problema A falta de

consciecircncia dos usuaacuterios com relaccedilatildeo aos seus direitos leva-os a lsquolsquoencararrsquorsquo agrave

assistecircncia recebida como benesse A partir da pesquisa foi possiacutevel identificar o

grau de conhecimento dos usuaacuterios acerca dos seus direitos a qualidade dos

serviccedilos prestados e o perfil soacutecio-econocircmico dos mesmos

Com o propoacutesito de orientar o processo de investigaccedilatildeo estabeleci a

seguinte hipoacutetese acredita-se que a falta de consciecircncia dos usuaacuterios acerca de

seus direitos e deveres tende a refletir na sua relaccedilatildeo em como utilizar o sistema de

sauacutede Observou-se que a falta de conhecimento tende a levar os usuaacuterios agrave natildeo

conseguirem enxergar seus espaccedilos na sociedade e assim natildeo reconhecerem seu

efetivo direito Desta forma seraacute analisada a questatildeo fundamentando a hipoacutetese

9

atraveacutes de reflexotildees que seratildeo divididas em capiacutetulos para maior elucidaccedilatildeo da

problemaacutetica

Portanto no primeiro capiacutetulo seratildeo desenvolvidos como era e como anda a

sauacutede puacuteblica no Brasil aleacutem dos direitos do cidadatildeo ao sistema de sauacutede e da

obrigaccedilatildeo do Estado para o fornecimento da mesma

No segundo capiacutetulo seraacute abordado sobre cidadania e sauacutede mostrando as

concepccedilotildees de cidadania e a sua construccedilatildeo ao longo dos tempos como uma forma

de Direitos Humanos

No terceiro capiacutetulo haveraacute uma explanaccedilatildeo sobre as reflexotildees do cidadatildeo

doente e sobre os direitos deste cidadatildeo em especial no Hospital Manoel Victorino

buscando mostrar se os mesmos tecircm a sua cidadania e os seus direitos respeitados

Mostrando ainda a metodologia que foi utilizada e apoacutes a discussatildeo e resultado

10

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil

Para se discorrer sobre a sauacutede puacuteblica no Brasil primeiro se faz necessaacuterio

percorrer os caminhos da histoacuteria para que se possa haver um melhor entendimento

de como se chegou ao ponto em que se encontra a sauacutede puacuteblica no Brasil hoje

A intervenccedilatildeo estatal nos serviccedilos de sauacutede brasileira vem desde a eacutepoca

colonial quando o Brasil encontrava-se agrave beira do capitalismo mundial submetendo-

se econocircmica e politicamente agrave metroacutepole Portugal

As pessoas que tinham dinheiro procuram centros meacutedicos na Europa para

se tratar restando a populaccedilatildeo mais carente a busca por curandeiros do pajeacute com

suas ervas e cantos e dos boticaacuterios que percorriam o Brasil Colocircnia

A fase do impeacuterio brasileiro findou-se sem que o Estado encontra-se

soluccedilotildees para os graves problemas de sauacutede da populaccedilatildeo fazendo com que o

Brasil ao final do segundo reinado fosse conhecido laacute fora como um paiacutes insalubre

De acordo com Scliar (1987) o hospital que havia ateacute entatildeo contava apenas com

trabalho voluntaacuterio sendo um depoacutesito de doentes que eram isolados da sociedade

com o objetivo de natildeo contagiaacute-la

Uma das principais apreensotildees em relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede era em

relaccedilatildeo ao principal porto do paiacutes que situava-se no Rio de Janeiro tornando assim

esta cidade o centro das preocupaccedilotildees das accedilotildees sanitaacuterias

Nesse momento a Sauacutede Puacuteblica no Brasil passou a ser calcada em

intervenccedilotildees engendradas na corrente de pensamento do Sanitarismo que se

operacionalizava no acircmbito urbano das cidades com a comercializaccedilatildeo e transporte

de alimentos e cobertura dos portos mariacutetimos (ROSEN 1994)

O periacuteodo Republicano foi marcado pela hegemonia do cafeacute com

predominacircncia de grupos oligaacuterquicos regionais Em 1888 com a Aboliccedilatildeo da

Escravatura e com a consequumlente crise da matildeo de obra escrava intensificaram-se

as correntes imigratoacuterias provenientes principalmente da Itaacutelia Espanha e Portugal

(ROSSI 1980)

11

Houve um grande crescimento econocircmico no Brasil no entanto foi um

periacuteodo de crise soacutecio-econocircmica e sanitaacuteria porque a febre amarela entre outras

epidemias ameaccedilavam a economia agroexportadora brasileira prejudicando

principalmente a exportaccedilatildeo de cafeacute pois os navios estrangeiros se recusavam a

atracar nos portos brasileiros o que tambeacutem reduzia a imigraccedilatildeo de matildeo-de-obra

Para reverter a situaccedilatildeo o governo criou medidas que garantissem a sauacutede da

populaccedilatildeo trabalhadora atraveacutes de campanhas sanitaacuterias de caraacuteter autoritaacuterio

(SCLIAR1987)

Ou seja com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica elaborou-se a Constituiccedilatildeo que

assinalava a preponderacircncia dos grandes Estados nas decisotildees nacionais Assim o

poder centralizou-se nos Estados produtores de cafeacute da regiatildeo centro-sul

instalando-se a poliacutetica do cafeacute com leite Essa Constituiccedilatildeo incorporou a sauacutede

como uma aacuterea de acircmbito estatal estabelecendo sua estrutura e locais de atuaccedilatildeo

(IYDA 1994)

Pode-se dizer pelo exposto que embora a sauacutede da populaccedilatildeo

especialmente no combate agrave lepra e agrave peste e a existecircncia de algum controle

sanitaacuterio em relaccedilatildeo aos portos ruas casas e praias tenha sido objeto de atenccedilatildeo

da administraccedilatildeo portuguesa em fases anteriores a transformaccedilatildeo do objetivo da

medicina da doenccedila para a sauacutede iraacute ocorrer somente no seacuteculo XIX quando ldquoo

conhecimento da colocircnia eacute colocado como fundamento necessaacuterio para uma

intervenccedilatildeo dirigida para o aumento da produccedilatildeo para a defesa da terra para a

sauacutede da populaccedilatildeordquo (Machado et al 1978)

Portanto pode-se observar de acordo com as palavras de Machado e

colaboradores (1978) que ldquoa administraccedilatildeo portuguesa natildeo se caracterizou pelo

menos ateacute a segunda metade do seacuteculo XVIII pela organizaccedilatildeo do espaccedilo social

visando um ataque planificado e continuado agraves causas de doenccedila agindo por isso

de modo muito mais negativo que positivo no que diz respeito agrave sauacutederdquo

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede

Como exposto acima pode-se observar que as accedilotildees desenvolvidas na

eacutepoca eram accedilotildees reguladoras compreendendo as atividades dos cirurgiotildees e a

criaccedilatildeo das primeiras escolas de medicina como aconteceu na Bahia com a criaccedilatildeo

12

da Escola de Cirurgia no ano de 1808 e no Rio de Janeiro com a criaccedilatildeo da

caacutetedra de anatomia no Hospital Militar acompanhada pela medicina operatoacuteria em

1809 Mas foi no ano de 1829 com a criaccedilatildeo da Sociedade de Medicina e Cirurgia

do Rio de Janeiro que de acordo com Machado et al (1978) ldquolutaraacute de diversas

maneiras para impor-se como guardiatilde da sauacutede puacuteblicardquo A partir daiacute comeccedila o

inicio da implantaccedilatildeo da medicina social no Brasil que passa a lutar pela defesa das

ciecircncias meacutedicas

Nessa mesma eacutepoca foi constituiacuteda a Academia Real de Medicina Social no

ano de 1829 na Bahia que funcionou como oacutergatildeo de consulta nas questotildees ligadas

a sauacutede do Imperador D Pedro I que tinha como objetivos a proteccedilatildeo da sauacutede da

populaccedilatildeo segundo os exemplos da Europa e a defesa da ciecircncia o que colaborou

para a constituiccedilatildeo da superioridade do exerciacutecio da medicina no Brasil

Nas palavras de Luz (1991) a primeira medida concreta em niacutevel nacional

para a criaccedilatildeo do sistema de sauacutede puacuteblica aconteceu na deacutecada de 20 A Diretoria

Geral de Sauacutede Puacuteblica eacute organizada pelo meacutedico sanitarista Oswaldo Cruz que

resolve o problema sanitaacuterio implementando progressivamente instituiccedilotildees

puacuteblicas de higiene e sauacutede Oswaldo Cruz adotou o modelo das campanhas

sanitaacuterias (inspirado no modelo americano mas importado de Cuba) destinado a

combater as epidemias urbanas e mais tarde as endemias rurais

As campanhas de sauacutede puacuteblica eram organizadas de tal forma que

assemelhavam-se a campanhas militares dividindo as cidades em distritos

encarcerando os doentes portadores de doenccedilas contagiosas e obrigando pela

forccedila o emprego de praacuteticas sanitaristas Esta situaccedilatildeo levou agrave Revolta da Vacina

no Rio de Janeiro quando a populaccedilatildeo revoltou-se com a obrigatoriedade da vacina

contra a variacuteola (SCLIAR 1987)

Interessante eacute a observaccedilatildeo de Moraes (1983) quando diz ldquoa ausecircncia da

questatildeo da sauacutede na bibliografia histoacuterica brasileira no que diz respeito agraves

condiccedilotildees de vida e de trabalho e de seus aspectos institucionais pode conduzir a

pensar numa negligecircncia em considerar e analisar este temardquo

Iyda (1994) afirma que foi no governo de Rodrigues Alves que se

desencadeou accedilotildees que tiveram como vertente a chamada Higienizaccedilatildeordquo Atraveacutes

da figura de Osvaldo Cruz a questatildeo sanitaacuteria passou a ser tomada como uma

questatildeo poliacutetica Como exemplo pode-se verificar a lei sobre a vacinaccedilatildeo e re-

13

vacinaccedilatildeo contra a variacuteola no ano de 1904 processo que gerou uma seacuterie de

revoltas no acircmago da populaccedilatildeo civil contra o sentido militar imputado agrave campanha

A partir daiacute o Estado passou a receber fortes pressotildees por parte de

intelectuais e militares para a criaccedilatildeo de novos serviccedilos na aacuterea de Sauacutede Puacuteblica

culminando em 1931 com a criaccedilatildeo do Ministeacuterio de Educaccedilatildeo e Sauacutede Nesta fase

a Sauacutede Puacuteblica definiu seu papel e os burocratas e as classes que apoiavam a

Revoluccedilatildeo Constitucionalista obtiveram grandes privileacutegios poliacuteticos (IYDA 1993)

Com a criaccedilatildeo do Departamento Nacional da Sauacutede Puacuteblica que tinha como

objetivo a extensatildeo dos serviccedilos de saneamento urbano e rural aleacutem da higiene

industrial e materno-infantil a Sauacutede Puacuteblica passou a ser tomada como questatildeo

social Datam dessa eacutepoca os primeiros encontros do sanitaristas que bradavam por

soluccedilotildees mais eficazes no que tocava agraves questotildees de sauacutede Esse movimento

sanitaacuterio difundiu a necessidade da educaccedilatildeo sanitaacuteria como uma estrateacutegia para a

promoccedilatildeo da sauacutede e o conteuacutedo dos discursos era permeado por uma intensa

fermentaccedilatildeo de ordem liberal (BRAGA PAULA 1987)

De acordo com Luz (1991)

Desde o iniacutecio a implantaccedilatildeo dos programas e serviccedilos de auxiacutelio agrave sauacutede foi impregnada de praacuteticas clientelistas tiacutepicas do regime populista que caracterizou a Era Vargas Tais praacuteticas se ancoraram tambeacutem nos sindicatos de trabalhadores nos quais ajudaram a criar normas administrativas e poliacuteticas de pessoal adequadas a estrateacutegias de cooptaccedilatildeo das elites sindicais simpatizantes e de exclusatildeo das discordantes alccedilando aquelas agrave direccedilatildeo das instituiccedilotildees e agrave gestatildeo dos programas governamentais

Ainda na deacutecada de 30 foi criado os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

(IAPs) os quais diferentemente das antigas Caixas satildeo organizados por categorias

profissionais natildeo mais por empresas e que foram considerados como o marco da

medicina previdenciaacuteria brasileira (SILVA1996)

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a mudanccedila ocorrida natildeo foi

apenas nas siglas mas tambeacutem na forma de administraccedilatildeo Enquanto a CAP era

formada por um colegiado de empregados e empregadores a direccedilatildeo dos IAPs

cabia a um representante do Estado sendo assessorado por um colegiado sem

poder deliberativo o qual ainda era escolhido pelos sindicatos reconhecidos pelo

governo

14

Observa-se nas palavras de Guerra (2009) que foi no periacuteodo militar que

houve uma maior mudanccedila em relaccedilatildeo a sauacutede puacuteblica onde as accedilotildees de

assistecircncia agrave sauacutede em niacutevel individual comeccedilaram com o surgimento da

Previdecircncia Social vinculando a assistecircncia meacutedica ao princiacutepio do seguro social e

colocando-a no mesmo plano de benefiacutecios como as aposentadorias pensotildees por

invalidez etc O processo de unificaccedilatildeo previsto em 1960 se efetiva em 2 de janeiro

de 1967 com a criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) reunindo

os seis Institutos de Aposentadorias e Pensotildees o Serviccedilo de Assistecircncia Meacutedica e

Domiciliar de Urgecircncia (SAMDU) e a Superintendecircncia dos Serviccedilos de Reabilitaccedilatildeo

da Previdecircncia Social

A construccedilatildeo ou reforma de inuacutemeras cliacutenicas e hospitais privados com

financiamento da Previdecircncia Social e o enfoque agrave medicina curativa fez com que

multiplicassem por todo o paiacutes as faculdades particulares de medicina O ensino

meacutedico passou a ser desvinculado da realidade sanitaacuteria da populaccedilatildeo voltado para

a especializaccedilatildeo e a sofisticaccedilatildeo tecnoloacutegica e dependente das induacutestrias

farmacecircuticas e de equipamentos meacutedico-hospitalares Quando o INPS foi criado

em 1966 o governo liberou verba a fundo perdido para empresas privadas

construiacuterem hospitais depois o INPS enviou seus segurados para estes hospitais

isto eacute a Previdecircncia financiou e sustentou estes hospitais por 20 anos

Posteriormente estes proprietaacuterios consideraram-se capitalizados e se

descredenciaram do INPS O dinheiro da previdecircncia natildeo era mais suficiente para

cobrir os gastos com assistecircncia meacutedica e o nuacutemero de leitos diminuiu portanto um

dos motivos da falecircncia da Previdecircncia foram os custos crescentes determinados

pela privatizaccedilatildeo da rede (Secretaria Municipal da Sauacutede de Satildeo Paulo 1992)

De acordo com Luz (1991) a partir de 1983 a sociedade civil estabelecida

reivindicou junto com um Congresso Nacional novas poliacuteticas sociais que

pudessem asseverar plenos direitos de cidadania aos brasileiros inclusive direito agrave

sauacutede visto tambeacutem como dever do Estado Pela primeira vez na histoacuteria do paiacutes a

sauacutede era vista socialmente como um direito universal e dever do Estado isto eacute

como dimensatildeo social da cidadania

15

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito

ldquoA sauacutede eacute um bem real ao mesmo tempo abstrato que soacute se pretende

obter quando se perde e ela se torna necessidade materializada no seu contraacuterio a

doenccedilardquo (RIBEIRO 1993) Assim natildeo sendo um bem econocircmico cabe ao Estado

prover os recursos indispensaacuteveis para sua prevenccedilatildeo considerando a sauacutede um

ldquobem puacuteblico purordquo (RIANI 1986)

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o sistema de sauacutede era tido como

residual marcado pela assistecircncia meacutedica excludente e sistemaacutetica o que provocou

o crescimento de serviccedilos privados de sauacutede rede de serviccedilos sucateada

priorizaccedilatildeo da assistecircncia meacutedico-hospitalar permitindo o crescimento expansivo da

sauacutede privada

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a Carta Magna de 1988 garante a

sauacutede como direito de todos e um dever do Estado tendo os usuaacuterios acesso

igualitaacuterio e universal agraves accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

As instituiccedilotildees privadas tecircm sua participaccedilatildeo de forma a complementar os serviccedilos

do SUS Seus princiacutepios baacutesicos satildeo a descentralizaccedilatildeo com delegaccedilatildeo de poderes

para os niacuteveis estatal e municipal tendo o atendimento integral com maior enfoque a

atividades preventivas

Na concepccedilatildeo de Oliveira JR (1998) o SUS apesar de ser legalmente

democraacutetico jaacute nasceu com descreacutedito da populaccedilatildeo sendo considerado pelos

formadores de opiniatildeo como o sucessor do fraudulento INAMPS

As poliacuteticas de sauacutede no Brasil segundo Roncalli (2003) poderiam ser

classificadas como residuais jaacute que natildeo abrangem toda a comunidade como seu

objeto de proteccedilatildeo social e meritocraacutetico-corporativas pois estavam os direitos

sociais restritos a vinculaccedilatildeo ao sistema previdenciaacuterio ficando o exerciacutecio da

cidadania determinado pelo trabalho e contribuiccedilatildeo na previdecircncia considerada

como uma cidadania regulada

Assim ateacute a deacutecada de 80 as poliacuteticas de sauacutede no Brasil possuem uma

caracteriacutestica bastante peculiar visto a intervenccedilatildeo do Estado para solucionar

problemas de sauacutede ldquouma estreita relaccedilatildeo entre o estabelecimento das poliacuteticas de

sauacutede e o modelo econocircmico vigente e uma clara distinccedilatildeo entre as accedilotildees de sauacutede

puacuteblica e de assistecircncia meacutedicardquo (RONCALLI 2003)

16

Desta forma a accedilatildeo exercida pelo Estado era residual jaacute natildeo existia uma

poliacutetica social voltada para a sauacutede dos indiviacuteduos e esta natildeo era considerada como

um direito social

[] Efetivamente a accedilatildeo do Estado perante as necessidades sociais baacutesicas limitava-se a reparaccedilatildeo toacutepicas e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e fragmentadas a reivindicaccedilotildees sociais dos trabalhadores e de setores populacionais empobrecidos dos grandes centros urbanos (PEREIRA 2002 p 128)

De acordo com Ribeiro (1993) os Estados mercantilistas dos Seacuteculos XVI e

XVII se preocupavam com a sauacutede de suas populaccedilotildees ldquo[] conscientes de que a

produccedilatildeo sua comercializaccedilatildeo e consequentemente a arrecadaccedilatildeo de impostos

para mantecirc-los dependiam da sauacutede dos que trabalhavam []rdquo

Segundo Paim (1986) entender o Estado como elemento que natildeo eacute neutro

dentro de uma sociedade estruturada em classe explica o seu desempenho voltado

para os interesses das classes hegemocircnicas que tentam evitar tensotildees

sociaiscontemplando dentro de certos limites determinadas necessidades das

classes subalternas O Estado que eacute ldquoinstrumento que pode ser manipulado

livremente pelos grupos que controlam o poderrdquo passa a privilegiar a sauacutede da

economia em detrimento da sauacutede da coletividade (PAIM 1986)

Desse modo para o referido autor o Estado deixa de ser apenas um

aparelho de repressatildeo ideologia econocircmico e simplesmente burocraacutetico para

expressar uma relaccedilatildeo das forccedilas sociais que se manteacutem em constante luta pela

efetivaccedilatildeo de seus objetivos O mesmo autor acrescenta ainda que ldquoo Estado eacute todo

o complexo de atividades praacuteticas e teoacutericas com as quais a classe dirigente justifica

e manteacutem natildeo soacute o seu domiacutenio mas consegue obter o consenso ativo dos

governados []rdquo (PAIM 1986 p 212)

Em se tratando de sauacutede o Estado se diversifica entre uma accedilatildeo

fundamentalmente normativa e uma intervenccedilatildeo que facilita o consumo de serviccedilos

Hoje o sistema uacutenico de sauacutede (SUS) vem deixando a desejar e que este

sistema conspira contra os princiacutepios da universalidade equumlidade e integralidade

na atenccedilatildeo agrave sauacutede consagrados na Constituiccedilatildeo (PAIM 1992 p 40)

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

RESUMO O presente trabalho monograacutefico tem como finalidade abordar questotildees acerca da cidadania particularizando a discussatildeo dos direitos do paciente Para tanto foi realizada um levantamento bibliograacutefico na aacuterea e para pesquisa de campo foi realizado questionaacuterios com pacientes internados no Hospital Manoel Victorino Aleacutem disso serviu de base a experiecircncia que a autora do trabalho tem na aacuterea que serviu como base para a abordagem individual e grupal como a anamnese social visitas aos leitos acompanhamento particularizado de alguns pacientes reuniotildees entrevistas contatos com familiares entre outros aspectos que corroboraram para o levantamento de dados Portanto este trabalho teve como propoacutesito o entendimento a cerca do usuaacuterio e os direitos que estes tecircm ao utilizar o sistema de sauacutede O primeiro capiacutetulo seraacute abordado o tema de sauacutede puacutebica no Brasil onde se falaraacute de como era a sauacutede antigamente e o que aconteceu para a melhoria na questatildeo da vigilacircncia sanitaacuteria mostrando que a sauacutede eacute uma questatildeo de direito No segundo capiacutetulo seraacute abordado o tema cidadania e sauacutede onde seratildeo observados a luta de todas as eacutepocas para a construccedilatildeo da cidadania e da eacutetica e a importacircncia da informaccedilatildeo para o paciente hospitalizado O terceiro capiacutetulo mostra a parte praacutetica do trabalho a construccedilatildeo da anamnese e o resultado e a discussatildeo deste trabalho

METODOLOGIA

Esta pesquisa eacute do tipo observacional transversal realizada no Hospital

Manoel Victorino de Salvador estado da Bahia no ano de 2009

A realizaccedilatildeo da pesquisa atende uma das normas das Diretrizes e Normas

Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos resoluccedilatildeo ndeg 196 de

10 de outubro de 1996 que deixa claro que em momento algum durante a

realizaccedilatildeo da pesquisa sejam mencionados nomes ou fatos que possam identificar

os participantes da mesma e que em nenhum momento da pesquisa o estudo

sobreponha-se ao interesse da ciecircncia em detrimento ao interesse das pessoas

(BRASIL 1996)

Foram considerados pacientes que deram entrada no hospital pelo Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) A partir daiacute foi feita uma anamnese e aplicado um

questionaacuterio com os pacientes que foram selecionados nas amostras

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL 10

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil 10

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede 11

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito 15

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE 19

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas 19

22 Cidadania e Eacutetica 21

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede 24

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado 29

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS

PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA

CIDADANIA 33

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV 33

32 Resultado e discussatildeo 35

CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA 46

ANEXO 50

8

INTRODUCcedilAtildeO

Hoje observa-se que a sauacutede eacute um do direito de todos e dever do Estado

adquirido pela populaccedilatildeo atraveacutes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Mas seraacute que a

comunidade sabe quais satildeo estes direitos

Portanto o presente trabalho tem como finalidade abordar o tema a Falta de

consciecircncia dos usuaacuterios acerca do direito agrave sauacutede puacuteblica Para tanto serviu de

base a minha praacutetica como Assistente Social do Hospital Geral Manoel Victorino

levantamentos bibliograacuteficos sobre o tema e pesquisa de campo onde seraacute

realizada investigaccedilatildeo com pacientes internados no setor de Ortopedia

Contribuiacuteram tambeacutem para a realizaccedilatildeo da mesma a utilizaccedilatildeo das praacuteticas

profissionais como abordagens individuais grupais (Anamnese Social visita aos

leitos acompanhamento particularizado em alguns casos reuniotildees com temas

ligados a educaccedilatildeo e cidadania reuniotildees interdisciplinar para discussatildeo de casos

registro das atividades em documentaccedilatildeo especiacutefica do Serviccedilo Social que serviram

para confirmar a hipoacutetese levantada

O interesse pelo tema monograacutefico emergiu a partir das informaccedilotildees

obtidas atraveacutes dos procedimentos metodoloacutegicos citados quando percebi que os

pacientes natildeo conheciam seus direitosdeveres e como isto tende a refletir na sua

relaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do sistema de sauacutede

A pesquisa foi estruturada a partir do seguinte problema A falta de

consciecircncia dos usuaacuterios com relaccedilatildeo aos seus direitos leva-os a lsquolsquoencararrsquorsquo agrave

assistecircncia recebida como benesse A partir da pesquisa foi possiacutevel identificar o

grau de conhecimento dos usuaacuterios acerca dos seus direitos a qualidade dos

serviccedilos prestados e o perfil soacutecio-econocircmico dos mesmos

Com o propoacutesito de orientar o processo de investigaccedilatildeo estabeleci a

seguinte hipoacutetese acredita-se que a falta de consciecircncia dos usuaacuterios acerca de

seus direitos e deveres tende a refletir na sua relaccedilatildeo em como utilizar o sistema de

sauacutede Observou-se que a falta de conhecimento tende a levar os usuaacuterios agrave natildeo

conseguirem enxergar seus espaccedilos na sociedade e assim natildeo reconhecerem seu

efetivo direito Desta forma seraacute analisada a questatildeo fundamentando a hipoacutetese

9

atraveacutes de reflexotildees que seratildeo divididas em capiacutetulos para maior elucidaccedilatildeo da

problemaacutetica

Portanto no primeiro capiacutetulo seratildeo desenvolvidos como era e como anda a

sauacutede puacuteblica no Brasil aleacutem dos direitos do cidadatildeo ao sistema de sauacutede e da

obrigaccedilatildeo do Estado para o fornecimento da mesma

No segundo capiacutetulo seraacute abordado sobre cidadania e sauacutede mostrando as

concepccedilotildees de cidadania e a sua construccedilatildeo ao longo dos tempos como uma forma

de Direitos Humanos

No terceiro capiacutetulo haveraacute uma explanaccedilatildeo sobre as reflexotildees do cidadatildeo

doente e sobre os direitos deste cidadatildeo em especial no Hospital Manoel Victorino

buscando mostrar se os mesmos tecircm a sua cidadania e os seus direitos respeitados

Mostrando ainda a metodologia que foi utilizada e apoacutes a discussatildeo e resultado

10

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil

Para se discorrer sobre a sauacutede puacuteblica no Brasil primeiro se faz necessaacuterio

percorrer os caminhos da histoacuteria para que se possa haver um melhor entendimento

de como se chegou ao ponto em que se encontra a sauacutede puacuteblica no Brasil hoje

A intervenccedilatildeo estatal nos serviccedilos de sauacutede brasileira vem desde a eacutepoca

colonial quando o Brasil encontrava-se agrave beira do capitalismo mundial submetendo-

se econocircmica e politicamente agrave metroacutepole Portugal

As pessoas que tinham dinheiro procuram centros meacutedicos na Europa para

se tratar restando a populaccedilatildeo mais carente a busca por curandeiros do pajeacute com

suas ervas e cantos e dos boticaacuterios que percorriam o Brasil Colocircnia

A fase do impeacuterio brasileiro findou-se sem que o Estado encontra-se

soluccedilotildees para os graves problemas de sauacutede da populaccedilatildeo fazendo com que o

Brasil ao final do segundo reinado fosse conhecido laacute fora como um paiacutes insalubre

De acordo com Scliar (1987) o hospital que havia ateacute entatildeo contava apenas com

trabalho voluntaacuterio sendo um depoacutesito de doentes que eram isolados da sociedade

com o objetivo de natildeo contagiaacute-la

Uma das principais apreensotildees em relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede era em

relaccedilatildeo ao principal porto do paiacutes que situava-se no Rio de Janeiro tornando assim

esta cidade o centro das preocupaccedilotildees das accedilotildees sanitaacuterias

Nesse momento a Sauacutede Puacuteblica no Brasil passou a ser calcada em

intervenccedilotildees engendradas na corrente de pensamento do Sanitarismo que se

operacionalizava no acircmbito urbano das cidades com a comercializaccedilatildeo e transporte

de alimentos e cobertura dos portos mariacutetimos (ROSEN 1994)

O periacuteodo Republicano foi marcado pela hegemonia do cafeacute com

predominacircncia de grupos oligaacuterquicos regionais Em 1888 com a Aboliccedilatildeo da

Escravatura e com a consequumlente crise da matildeo de obra escrava intensificaram-se

as correntes imigratoacuterias provenientes principalmente da Itaacutelia Espanha e Portugal

(ROSSI 1980)

11

Houve um grande crescimento econocircmico no Brasil no entanto foi um

periacuteodo de crise soacutecio-econocircmica e sanitaacuteria porque a febre amarela entre outras

epidemias ameaccedilavam a economia agroexportadora brasileira prejudicando

principalmente a exportaccedilatildeo de cafeacute pois os navios estrangeiros se recusavam a

atracar nos portos brasileiros o que tambeacutem reduzia a imigraccedilatildeo de matildeo-de-obra

Para reverter a situaccedilatildeo o governo criou medidas que garantissem a sauacutede da

populaccedilatildeo trabalhadora atraveacutes de campanhas sanitaacuterias de caraacuteter autoritaacuterio

(SCLIAR1987)

Ou seja com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica elaborou-se a Constituiccedilatildeo que

assinalava a preponderacircncia dos grandes Estados nas decisotildees nacionais Assim o

poder centralizou-se nos Estados produtores de cafeacute da regiatildeo centro-sul

instalando-se a poliacutetica do cafeacute com leite Essa Constituiccedilatildeo incorporou a sauacutede

como uma aacuterea de acircmbito estatal estabelecendo sua estrutura e locais de atuaccedilatildeo

(IYDA 1994)

Pode-se dizer pelo exposto que embora a sauacutede da populaccedilatildeo

especialmente no combate agrave lepra e agrave peste e a existecircncia de algum controle

sanitaacuterio em relaccedilatildeo aos portos ruas casas e praias tenha sido objeto de atenccedilatildeo

da administraccedilatildeo portuguesa em fases anteriores a transformaccedilatildeo do objetivo da

medicina da doenccedila para a sauacutede iraacute ocorrer somente no seacuteculo XIX quando ldquoo

conhecimento da colocircnia eacute colocado como fundamento necessaacuterio para uma

intervenccedilatildeo dirigida para o aumento da produccedilatildeo para a defesa da terra para a

sauacutede da populaccedilatildeordquo (Machado et al 1978)

Portanto pode-se observar de acordo com as palavras de Machado e

colaboradores (1978) que ldquoa administraccedilatildeo portuguesa natildeo se caracterizou pelo

menos ateacute a segunda metade do seacuteculo XVIII pela organizaccedilatildeo do espaccedilo social

visando um ataque planificado e continuado agraves causas de doenccedila agindo por isso

de modo muito mais negativo que positivo no que diz respeito agrave sauacutederdquo

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede

Como exposto acima pode-se observar que as accedilotildees desenvolvidas na

eacutepoca eram accedilotildees reguladoras compreendendo as atividades dos cirurgiotildees e a

criaccedilatildeo das primeiras escolas de medicina como aconteceu na Bahia com a criaccedilatildeo

12

da Escola de Cirurgia no ano de 1808 e no Rio de Janeiro com a criaccedilatildeo da

caacutetedra de anatomia no Hospital Militar acompanhada pela medicina operatoacuteria em

1809 Mas foi no ano de 1829 com a criaccedilatildeo da Sociedade de Medicina e Cirurgia

do Rio de Janeiro que de acordo com Machado et al (1978) ldquolutaraacute de diversas

maneiras para impor-se como guardiatilde da sauacutede puacuteblicardquo A partir daiacute comeccedila o

inicio da implantaccedilatildeo da medicina social no Brasil que passa a lutar pela defesa das

ciecircncias meacutedicas

Nessa mesma eacutepoca foi constituiacuteda a Academia Real de Medicina Social no

ano de 1829 na Bahia que funcionou como oacutergatildeo de consulta nas questotildees ligadas

a sauacutede do Imperador D Pedro I que tinha como objetivos a proteccedilatildeo da sauacutede da

populaccedilatildeo segundo os exemplos da Europa e a defesa da ciecircncia o que colaborou

para a constituiccedilatildeo da superioridade do exerciacutecio da medicina no Brasil

Nas palavras de Luz (1991) a primeira medida concreta em niacutevel nacional

para a criaccedilatildeo do sistema de sauacutede puacuteblica aconteceu na deacutecada de 20 A Diretoria

Geral de Sauacutede Puacuteblica eacute organizada pelo meacutedico sanitarista Oswaldo Cruz que

resolve o problema sanitaacuterio implementando progressivamente instituiccedilotildees

puacuteblicas de higiene e sauacutede Oswaldo Cruz adotou o modelo das campanhas

sanitaacuterias (inspirado no modelo americano mas importado de Cuba) destinado a

combater as epidemias urbanas e mais tarde as endemias rurais

As campanhas de sauacutede puacuteblica eram organizadas de tal forma que

assemelhavam-se a campanhas militares dividindo as cidades em distritos

encarcerando os doentes portadores de doenccedilas contagiosas e obrigando pela

forccedila o emprego de praacuteticas sanitaristas Esta situaccedilatildeo levou agrave Revolta da Vacina

no Rio de Janeiro quando a populaccedilatildeo revoltou-se com a obrigatoriedade da vacina

contra a variacuteola (SCLIAR 1987)

Interessante eacute a observaccedilatildeo de Moraes (1983) quando diz ldquoa ausecircncia da

questatildeo da sauacutede na bibliografia histoacuterica brasileira no que diz respeito agraves

condiccedilotildees de vida e de trabalho e de seus aspectos institucionais pode conduzir a

pensar numa negligecircncia em considerar e analisar este temardquo

Iyda (1994) afirma que foi no governo de Rodrigues Alves que se

desencadeou accedilotildees que tiveram como vertente a chamada Higienizaccedilatildeordquo Atraveacutes

da figura de Osvaldo Cruz a questatildeo sanitaacuteria passou a ser tomada como uma

questatildeo poliacutetica Como exemplo pode-se verificar a lei sobre a vacinaccedilatildeo e re-

13

vacinaccedilatildeo contra a variacuteola no ano de 1904 processo que gerou uma seacuterie de

revoltas no acircmago da populaccedilatildeo civil contra o sentido militar imputado agrave campanha

A partir daiacute o Estado passou a receber fortes pressotildees por parte de

intelectuais e militares para a criaccedilatildeo de novos serviccedilos na aacuterea de Sauacutede Puacuteblica

culminando em 1931 com a criaccedilatildeo do Ministeacuterio de Educaccedilatildeo e Sauacutede Nesta fase

a Sauacutede Puacuteblica definiu seu papel e os burocratas e as classes que apoiavam a

Revoluccedilatildeo Constitucionalista obtiveram grandes privileacutegios poliacuteticos (IYDA 1993)

Com a criaccedilatildeo do Departamento Nacional da Sauacutede Puacuteblica que tinha como

objetivo a extensatildeo dos serviccedilos de saneamento urbano e rural aleacutem da higiene

industrial e materno-infantil a Sauacutede Puacuteblica passou a ser tomada como questatildeo

social Datam dessa eacutepoca os primeiros encontros do sanitaristas que bradavam por

soluccedilotildees mais eficazes no que tocava agraves questotildees de sauacutede Esse movimento

sanitaacuterio difundiu a necessidade da educaccedilatildeo sanitaacuteria como uma estrateacutegia para a

promoccedilatildeo da sauacutede e o conteuacutedo dos discursos era permeado por uma intensa

fermentaccedilatildeo de ordem liberal (BRAGA PAULA 1987)

De acordo com Luz (1991)

Desde o iniacutecio a implantaccedilatildeo dos programas e serviccedilos de auxiacutelio agrave sauacutede foi impregnada de praacuteticas clientelistas tiacutepicas do regime populista que caracterizou a Era Vargas Tais praacuteticas se ancoraram tambeacutem nos sindicatos de trabalhadores nos quais ajudaram a criar normas administrativas e poliacuteticas de pessoal adequadas a estrateacutegias de cooptaccedilatildeo das elites sindicais simpatizantes e de exclusatildeo das discordantes alccedilando aquelas agrave direccedilatildeo das instituiccedilotildees e agrave gestatildeo dos programas governamentais

Ainda na deacutecada de 30 foi criado os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

(IAPs) os quais diferentemente das antigas Caixas satildeo organizados por categorias

profissionais natildeo mais por empresas e que foram considerados como o marco da

medicina previdenciaacuteria brasileira (SILVA1996)

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a mudanccedila ocorrida natildeo foi

apenas nas siglas mas tambeacutem na forma de administraccedilatildeo Enquanto a CAP era

formada por um colegiado de empregados e empregadores a direccedilatildeo dos IAPs

cabia a um representante do Estado sendo assessorado por um colegiado sem

poder deliberativo o qual ainda era escolhido pelos sindicatos reconhecidos pelo

governo

14

Observa-se nas palavras de Guerra (2009) que foi no periacuteodo militar que

houve uma maior mudanccedila em relaccedilatildeo a sauacutede puacuteblica onde as accedilotildees de

assistecircncia agrave sauacutede em niacutevel individual comeccedilaram com o surgimento da

Previdecircncia Social vinculando a assistecircncia meacutedica ao princiacutepio do seguro social e

colocando-a no mesmo plano de benefiacutecios como as aposentadorias pensotildees por

invalidez etc O processo de unificaccedilatildeo previsto em 1960 se efetiva em 2 de janeiro

de 1967 com a criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) reunindo

os seis Institutos de Aposentadorias e Pensotildees o Serviccedilo de Assistecircncia Meacutedica e

Domiciliar de Urgecircncia (SAMDU) e a Superintendecircncia dos Serviccedilos de Reabilitaccedilatildeo

da Previdecircncia Social

A construccedilatildeo ou reforma de inuacutemeras cliacutenicas e hospitais privados com

financiamento da Previdecircncia Social e o enfoque agrave medicina curativa fez com que

multiplicassem por todo o paiacutes as faculdades particulares de medicina O ensino

meacutedico passou a ser desvinculado da realidade sanitaacuteria da populaccedilatildeo voltado para

a especializaccedilatildeo e a sofisticaccedilatildeo tecnoloacutegica e dependente das induacutestrias

farmacecircuticas e de equipamentos meacutedico-hospitalares Quando o INPS foi criado

em 1966 o governo liberou verba a fundo perdido para empresas privadas

construiacuterem hospitais depois o INPS enviou seus segurados para estes hospitais

isto eacute a Previdecircncia financiou e sustentou estes hospitais por 20 anos

Posteriormente estes proprietaacuterios consideraram-se capitalizados e se

descredenciaram do INPS O dinheiro da previdecircncia natildeo era mais suficiente para

cobrir os gastos com assistecircncia meacutedica e o nuacutemero de leitos diminuiu portanto um

dos motivos da falecircncia da Previdecircncia foram os custos crescentes determinados

pela privatizaccedilatildeo da rede (Secretaria Municipal da Sauacutede de Satildeo Paulo 1992)

De acordo com Luz (1991) a partir de 1983 a sociedade civil estabelecida

reivindicou junto com um Congresso Nacional novas poliacuteticas sociais que

pudessem asseverar plenos direitos de cidadania aos brasileiros inclusive direito agrave

sauacutede visto tambeacutem como dever do Estado Pela primeira vez na histoacuteria do paiacutes a

sauacutede era vista socialmente como um direito universal e dever do Estado isto eacute

como dimensatildeo social da cidadania

15

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito

ldquoA sauacutede eacute um bem real ao mesmo tempo abstrato que soacute se pretende

obter quando se perde e ela se torna necessidade materializada no seu contraacuterio a

doenccedilardquo (RIBEIRO 1993) Assim natildeo sendo um bem econocircmico cabe ao Estado

prover os recursos indispensaacuteveis para sua prevenccedilatildeo considerando a sauacutede um

ldquobem puacuteblico purordquo (RIANI 1986)

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o sistema de sauacutede era tido como

residual marcado pela assistecircncia meacutedica excludente e sistemaacutetica o que provocou

o crescimento de serviccedilos privados de sauacutede rede de serviccedilos sucateada

priorizaccedilatildeo da assistecircncia meacutedico-hospitalar permitindo o crescimento expansivo da

sauacutede privada

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a Carta Magna de 1988 garante a

sauacutede como direito de todos e um dever do Estado tendo os usuaacuterios acesso

igualitaacuterio e universal agraves accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

As instituiccedilotildees privadas tecircm sua participaccedilatildeo de forma a complementar os serviccedilos

do SUS Seus princiacutepios baacutesicos satildeo a descentralizaccedilatildeo com delegaccedilatildeo de poderes

para os niacuteveis estatal e municipal tendo o atendimento integral com maior enfoque a

atividades preventivas

Na concepccedilatildeo de Oliveira JR (1998) o SUS apesar de ser legalmente

democraacutetico jaacute nasceu com descreacutedito da populaccedilatildeo sendo considerado pelos

formadores de opiniatildeo como o sucessor do fraudulento INAMPS

As poliacuteticas de sauacutede no Brasil segundo Roncalli (2003) poderiam ser

classificadas como residuais jaacute que natildeo abrangem toda a comunidade como seu

objeto de proteccedilatildeo social e meritocraacutetico-corporativas pois estavam os direitos

sociais restritos a vinculaccedilatildeo ao sistema previdenciaacuterio ficando o exerciacutecio da

cidadania determinado pelo trabalho e contribuiccedilatildeo na previdecircncia considerada

como uma cidadania regulada

Assim ateacute a deacutecada de 80 as poliacuteticas de sauacutede no Brasil possuem uma

caracteriacutestica bastante peculiar visto a intervenccedilatildeo do Estado para solucionar

problemas de sauacutede ldquouma estreita relaccedilatildeo entre o estabelecimento das poliacuteticas de

sauacutede e o modelo econocircmico vigente e uma clara distinccedilatildeo entre as accedilotildees de sauacutede

puacuteblica e de assistecircncia meacutedicardquo (RONCALLI 2003)

16

Desta forma a accedilatildeo exercida pelo Estado era residual jaacute natildeo existia uma

poliacutetica social voltada para a sauacutede dos indiviacuteduos e esta natildeo era considerada como

um direito social

[] Efetivamente a accedilatildeo do Estado perante as necessidades sociais baacutesicas limitava-se a reparaccedilatildeo toacutepicas e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e fragmentadas a reivindicaccedilotildees sociais dos trabalhadores e de setores populacionais empobrecidos dos grandes centros urbanos (PEREIRA 2002 p 128)

De acordo com Ribeiro (1993) os Estados mercantilistas dos Seacuteculos XVI e

XVII se preocupavam com a sauacutede de suas populaccedilotildees ldquo[] conscientes de que a

produccedilatildeo sua comercializaccedilatildeo e consequentemente a arrecadaccedilatildeo de impostos

para mantecirc-los dependiam da sauacutede dos que trabalhavam []rdquo

Segundo Paim (1986) entender o Estado como elemento que natildeo eacute neutro

dentro de uma sociedade estruturada em classe explica o seu desempenho voltado

para os interesses das classes hegemocircnicas que tentam evitar tensotildees

sociaiscontemplando dentro de certos limites determinadas necessidades das

classes subalternas O Estado que eacute ldquoinstrumento que pode ser manipulado

livremente pelos grupos que controlam o poderrdquo passa a privilegiar a sauacutede da

economia em detrimento da sauacutede da coletividade (PAIM 1986)

Desse modo para o referido autor o Estado deixa de ser apenas um

aparelho de repressatildeo ideologia econocircmico e simplesmente burocraacutetico para

expressar uma relaccedilatildeo das forccedilas sociais que se manteacutem em constante luta pela

efetivaccedilatildeo de seus objetivos O mesmo autor acrescenta ainda que ldquoo Estado eacute todo

o complexo de atividades praacuteticas e teoacutericas com as quais a classe dirigente justifica

e manteacutem natildeo soacute o seu domiacutenio mas consegue obter o consenso ativo dos

governados []rdquo (PAIM 1986 p 212)

Em se tratando de sauacutede o Estado se diversifica entre uma accedilatildeo

fundamentalmente normativa e uma intervenccedilatildeo que facilita o consumo de serviccedilos

Hoje o sistema uacutenico de sauacutede (SUS) vem deixando a desejar e que este

sistema conspira contra os princiacutepios da universalidade equumlidade e integralidade

na atenccedilatildeo agrave sauacutede consagrados na Constituiccedilatildeo (PAIM 1992 p 40)

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

METODOLOGIA

Esta pesquisa eacute do tipo observacional transversal realizada no Hospital

Manoel Victorino de Salvador estado da Bahia no ano de 2009

A realizaccedilatildeo da pesquisa atende uma das normas das Diretrizes e Normas

Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos resoluccedilatildeo ndeg 196 de

10 de outubro de 1996 que deixa claro que em momento algum durante a

realizaccedilatildeo da pesquisa sejam mencionados nomes ou fatos que possam identificar

os participantes da mesma e que em nenhum momento da pesquisa o estudo

sobreponha-se ao interesse da ciecircncia em detrimento ao interesse das pessoas

(BRASIL 1996)

Foram considerados pacientes que deram entrada no hospital pelo Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) A partir daiacute foi feita uma anamnese e aplicado um

questionaacuterio com os pacientes que foram selecionados nas amostras

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL 10

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil 10

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede 11

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito 15

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE 19

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas 19

22 Cidadania e Eacutetica 21

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede 24

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado 29

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS

PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA

CIDADANIA 33

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV 33

32 Resultado e discussatildeo 35

CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA 46

ANEXO 50

8

INTRODUCcedilAtildeO

Hoje observa-se que a sauacutede eacute um do direito de todos e dever do Estado

adquirido pela populaccedilatildeo atraveacutes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Mas seraacute que a

comunidade sabe quais satildeo estes direitos

Portanto o presente trabalho tem como finalidade abordar o tema a Falta de

consciecircncia dos usuaacuterios acerca do direito agrave sauacutede puacuteblica Para tanto serviu de

base a minha praacutetica como Assistente Social do Hospital Geral Manoel Victorino

levantamentos bibliograacuteficos sobre o tema e pesquisa de campo onde seraacute

realizada investigaccedilatildeo com pacientes internados no setor de Ortopedia

Contribuiacuteram tambeacutem para a realizaccedilatildeo da mesma a utilizaccedilatildeo das praacuteticas

profissionais como abordagens individuais grupais (Anamnese Social visita aos

leitos acompanhamento particularizado em alguns casos reuniotildees com temas

ligados a educaccedilatildeo e cidadania reuniotildees interdisciplinar para discussatildeo de casos

registro das atividades em documentaccedilatildeo especiacutefica do Serviccedilo Social que serviram

para confirmar a hipoacutetese levantada

O interesse pelo tema monograacutefico emergiu a partir das informaccedilotildees

obtidas atraveacutes dos procedimentos metodoloacutegicos citados quando percebi que os

pacientes natildeo conheciam seus direitosdeveres e como isto tende a refletir na sua

relaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do sistema de sauacutede

A pesquisa foi estruturada a partir do seguinte problema A falta de

consciecircncia dos usuaacuterios com relaccedilatildeo aos seus direitos leva-os a lsquolsquoencararrsquorsquo agrave

assistecircncia recebida como benesse A partir da pesquisa foi possiacutevel identificar o

grau de conhecimento dos usuaacuterios acerca dos seus direitos a qualidade dos

serviccedilos prestados e o perfil soacutecio-econocircmico dos mesmos

Com o propoacutesito de orientar o processo de investigaccedilatildeo estabeleci a

seguinte hipoacutetese acredita-se que a falta de consciecircncia dos usuaacuterios acerca de

seus direitos e deveres tende a refletir na sua relaccedilatildeo em como utilizar o sistema de

sauacutede Observou-se que a falta de conhecimento tende a levar os usuaacuterios agrave natildeo

conseguirem enxergar seus espaccedilos na sociedade e assim natildeo reconhecerem seu

efetivo direito Desta forma seraacute analisada a questatildeo fundamentando a hipoacutetese

9

atraveacutes de reflexotildees que seratildeo divididas em capiacutetulos para maior elucidaccedilatildeo da

problemaacutetica

Portanto no primeiro capiacutetulo seratildeo desenvolvidos como era e como anda a

sauacutede puacuteblica no Brasil aleacutem dos direitos do cidadatildeo ao sistema de sauacutede e da

obrigaccedilatildeo do Estado para o fornecimento da mesma

No segundo capiacutetulo seraacute abordado sobre cidadania e sauacutede mostrando as

concepccedilotildees de cidadania e a sua construccedilatildeo ao longo dos tempos como uma forma

de Direitos Humanos

No terceiro capiacutetulo haveraacute uma explanaccedilatildeo sobre as reflexotildees do cidadatildeo

doente e sobre os direitos deste cidadatildeo em especial no Hospital Manoel Victorino

buscando mostrar se os mesmos tecircm a sua cidadania e os seus direitos respeitados

Mostrando ainda a metodologia que foi utilizada e apoacutes a discussatildeo e resultado

10

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil

Para se discorrer sobre a sauacutede puacuteblica no Brasil primeiro se faz necessaacuterio

percorrer os caminhos da histoacuteria para que se possa haver um melhor entendimento

de como se chegou ao ponto em que se encontra a sauacutede puacuteblica no Brasil hoje

A intervenccedilatildeo estatal nos serviccedilos de sauacutede brasileira vem desde a eacutepoca

colonial quando o Brasil encontrava-se agrave beira do capitalismo mundial submetendo-

se econocircmica e politicamente agrave metroacutepole Portugal

As pessoas que tinham dinheiro procuram centros meacutedicos na Europa para

se tratar restando a populaccedilatildeo mais carente a busca por curandeiros do pajeacute com

suas ervas e cantos e dos boticaacuterios que percorriam o Brasil Colocircnia

A fase do impeacuterio brasileiro findou-se sem que o Estado encontra-se

soluccedilotildees para os graves problemas de sauacutede da populaccedilatildeo fazendo com que o

Brasil ao final do segundo reinado fosse conhecido laacute fora como um paiacutes insalubre

De acordo com Scliar (1987) o hospital que havia ateacute entatildeo contava apenas com

trabalho voluntaacuterio sendo um depoacutesito de doentes que eram isolados da sociedade

com o objetivo de natildeo contagiaacute-la

Uma das principais apreensotildees em relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede era em

relaccedilatildeo ao principal porto do paiacutes que situava-se no Rio de Janeiro tornando assim

esta cidade o centro das preocupaccedilotildees das accedilotildees sanitaacuterias

Nesse momento a Sauacutede Puacuteblica no Brasil passou a ser calcada em

intervenccedilotildees engendradas na corrente de pensamento do Sanitarismo que se

operacionalizava no acircmbito urbano das cidades com a comercializaccedilatildeo e transporte

de alimentos e cobertura dos portos mariacutetimos (ROSEN 1994)

O periacuteodo Republicano foi marcado pela hegemonia do cafeacute com

predominacircncia de grupos oligaacuterquicos regionais Em 1888 com a Aboliccedilatildeo da

Escravatura e com a consequumlente crise da matildeo de obra escrava intensificaram-se

as correntes imigratoacuterias provenientes principalmente da Itaacutelia Espanha e Portugal

(ROSSI 1980)

11

Houve um grande crescimento econocircmico no Brasil no entanto foi um

periacuteodo de crise soacutecio-econocircmica e sanitaacuteria porque a febre amarela entre outras

epidemias ameaccedilavam a economia agroexportadora brasileira prejudicando

principalmente a exportaccedilatildeo de cafeacute pois os navios estrangeiros se recusavam a

atracar nos portos brasileiros o que tambeacutem reduzia a imigraccedilatildeo de matildeo-de-obra

Para reverter a situaccedilatildeo o governo criou medidas que garantissem a sauacutede da

populaccedilatildeo trabalhadora atraveacutes de campanhas sanitaacuterias de caraacuteter autoritaacuterio

(SCLIAR1987)

Ou seja com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica elaborou-se a Constituiccedilatildeo que

assinalava a preponderacircncia dos grandes Estados nas decisotildees nacionais Assim o

poder centralizou-se nos Estados produtores de cafeacute da regiatildeo centro-sul

instalando-se a poliacutetica do cafeacute com leite Essa Constituiccedilatildeo incorporou a sauacutede

como uma aacuterea de acircmbito estatal estabelecendo sua estrutura e locais de atuaccedilatildeo

(IYDA 1994)

Pode-se dizer pelo exposto que embora a sauacutede da populaccedilatildeo

especialmente no combate agrave lepra e agrave peste e a existecircncia de algum controle

sanitaacuterio em relaccedilatildeo aos portos ruas casas e praias tenha sido objeto de atenccedilatildeo

da administraccedilatildeo portuguesa em fases anteriores a transformaccedilatildeo do objetivo da

medicina da doenccedila para a sauacutede iraacute ocorrer somente no seacuteculo XIX quando ldquoo

conhecimento da colocircnia eacute colocado como fundamento necessaacuterio para uma

intervenccedilatildeo dirigida para o aumento da produccedilatildeo para a defesa da terra para a

sauacutede da populaccedilatildeordquo (Machado et al 1978)

Portanto pode-se observar de acordo com as palavras de Machado e

colaboradores (1978) que ldquoa administraccedilatildeo portuguesa natildeo se caracterizou pelo

menos ateacute a segunda metade do seacuteculo XVIII pela organizaccedilatildeo do espaccedilo social

visando um ataque planificado e continuado agraves causas de doenccedila agindo por isso

de modo muito mais negativo que positivo no que diz respeito agrave sauacutederdquo

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede

Como exposto acima pode-se observar que as accedilotildees desenvolvidas na

eacutepoca eram accedilotildees reguladoras compreendendo as atividades dos cirurgiotildees e a

criaccedilatildeo das primeiras escolas de medicina como aconteceu na Bahia com a criaccedilatildeo

12

da Escola de Cirurgia no ano de 1808 e no Rio de Janeiro com a criaccedilatildeo da

caacutetedra de anatomia no Hospital Militar acompanhada pela medicina operatoacuteria em

1809 Mas foi no ano de 1829 com a criaccedilatildeo da Sociedade de Medicina e Cirurgia

do Rio de Janeiro que de acordo com Machado et al (1978) ldquolutaraacute de diversas

maneiras para impor-se como guardiatilde da sauacutede puacuteblicardquo A partir daiacute comeccedila o

inicio da implantaccedilatildeo da medicina social no Brasil que passa a lutar pela defesa das

ciecircncias meacutedicas

Nessa mesma eacutepoca foi constituiacuteda a Academia Real de Medicina Social no

ano de 1829 na Bahia que funcionou como oacutergatildeo de consulta nas questotildees ligadas

a sauacutede do Imperador D Pedro I que tinha como objetivos a proteccedilatildeo da sauacutede da

populaccedilatildeo segundo os exemplos da Europa e a defesa da ciecircncia o que colaborou

para a constituiccedilatildeo da superioridade do exerciacutecio da medicina no Brasil

Nas palavras de Luz (1991) a primeira medida concreta em niacutevel nacional

para a criaccedilatildeo do sistema de sauacutede puacuteblica aconteceu na deacutecada de 20 A Diretoria

Geral de Sauacutede Puacuteblica eacute organizada pelo meacutedico sanitarista Oswaldo Cruz que

resolve o problema sanitaacuterio implementando progressivamente instituiccedilotildees

puacuteblicas de higiene e sauacutede Oswaldo Cruz adotou o modelo das campanhas

sanitaacuterias (inspirado no modelo americano mas importado de Cuba) destinado a

combater as epidemias urbanas e mais tarde as endemias rurais

As campanhas de sauacutede puacuteblica eram organizadas de tal forma que

assemelhavam-se a campanhas militares dividindo as cidades em distritos

encarcerando os doentes portadores de doenccedilas contagiosas e obrigando pela

forccedila o emprego de praacuteticas sanitaristas Esta situaccedilatildeo levou agrave Revolta da Vacina

no Rio de Janeiro quando a populaccedilatildeo revoltou-se com a obrigatoriedade da vacina

contra a variacuteola (SCLIAR 1987)

Interessante eacute a observaccedilatildeo de Moraes (1983) quando diz ldquoa ausecircncia da

questatildeo da sauacutede na bibliografia histoacuterica brasileira no que diz respeito agraves

condiccedilotildees de vida e de trabalho e de seus aspectos institucionais pode conduzir a

pensar numa negligecircncia em considerar e analisar este temardquo

Iyda (1994) afirma que foi no governo de Rodrigues Alves que se

desencadeou accedilotildees que tiveram como vertente a chamada Higienizaccedilatildeordquo Atraveacutes

da figura de Osvaldo Cruz a questatildeo sanitaacuteria passou a ser tomada como uma

questatildeo poliacutetica Como exemplo pode-se verificar a lei sobre a vacinaccedilatildeo e re-

13

vacinaccedilatildeo contra a variacuteola no ano de 1904 processo que gerou uma seacuterie de

revoltas no acircmago da populaccedilatildeo civil contra o sentido militar imputado agrave campanha

A partir daiacute o Estado passou a receber fortes pressotildees por parte de

intelectuais e militares para a criaccedilatildeo de novos serviccedilos na aacuterea de Sauacutede Puacuteblica

culminando em 1931 com a criaccedilatildeo do Ministeacuterio de Educaccedilatildeo e Sauacutede Nesta fase

a Sauacutede Puacuteblica definiu seu papel e os burocratas e as classes que apoiavam a

Revoluccedilatildeo Constitucionalista obtiveram grandes privileacutegios poliacuteticos (IYDA 1993)

Com a criaccedilatildeo do Departamento Nacional da Sauacutede Puacuteblica que tinha como

objetivo a extensatildeo dos serviccedilos de saneamento urbano e rural aleacutem da higiene

industrial e materno-infantil a Sauacutede Puacuteblica passou a ser tomada como questatildeo

social Datam dessa eacutepoca os primeiros encontros do sanitaristas que bradavam por

soluccedilotildees mais eficazes no que tocava agraves questotildees de sauacutede Esse movimento

sanitaacuterio difundiu a necessidade da educaccedilatildeo sanitaacuteria como uma estrateacutegia para a

promoccedilatildeo da sauacutede e o conteuacutedo dos discursos era permeado por uma intensa

fermentaccedilatildeo de ordem liberal (BRAGA PAULA 1987)

De acordo com Luz (1991)

Desde o iniacutecio a implantaccedilatildeo dos programas e serviccedilos de auxiacutelio agrave sauacutede foi impregnada de praacuteticas clientelistas tiacutepicas do regime populista que caracterizou a Era Vargas Tais praacuteticas se ancoraram tambeacutem nos sindicatos de trabalhadores nos quais ajudaram a criar normas administrativas e poliacuteticas de pessoal adequadas a estrateacutegias de cooptaccedilatildeo das elites sindicais simpatizantes e de exclusatildeo das discordantes alccedilando aquelas agrave direccedilatildeo das instituiccedilotildees e agrave gestatildeo dos programas governamentais

Ainda na deacutecada de 30 foi criado os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

(IAPs) os quais diferentemente das antigas Caixas satildeo organizados por categorias

profissionais natildeo mais por empresas e que foram considerados como o marco da

medicina previdenciaacuteria brasileira (SILVA1996)

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a mudanccedila ocorrida natildeo foi

apenas nas siglas mas tambeacutem na forma de administraccedilatildeo Enquanto a CAP era

formada por um colegiado de empregados e empregadores a direccedilatildeo dos IAPs

cabia a um representante do Estado sendo assessorado por um colegiado sem

poder deliberativo o qual ainda era escolhido pelos sindicatos reconhecidos pelo

governo

14

Observa-se nas palavras de Guerra (2009) que foi no periacuteodo militar que

houve uma maior mudanccedila em relaccedilatildeo a sauacutede puacuteblica onde as accedilotildees de

assistecircncia agrave sauacutede em niacutevel individual comeccedilaram com o surgimento da

Previdecircncia Social vinculando a assistecircncia meacutedica ao princiacutepio do seguro social e

colocando-a no mesmo plano de benefiacutecios como as aposentadorias pensotildees por

invalidez etc O processo de unificaccedilatildeo previsto em 1960 se efetiva em 2 de janeiro

de 1967 com a criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) reunindo

os seis Institutos de Aposentadorias e Pensotildees o Serviccedilo de Assistecircncia Meacutedica e

Domiciliar de Urgecircncia (SAMDU) e a Superintendecircncia dos Serviccedilos de Reabilitaccedilatildeo

da Previdecircncia Social

A construccedilatildeo ou reforma de inuacutemeras cliacutenicas e hospitais privados com

financiamento da Previdecircncia Social e o enfoque agrave medicina curativa fez com que

multiplicassem por todo o paiacutes as faculdades particulares de medicina O ensino

meacutedico passou a ser desvinculado da realidade sanitaacuteria da populaccedilatildeo voltado para

a especializaccedilatildeo e a sofisticaccedilatildeo tecnoloacutegica e dependente das induacutestrias

farmacecircuticas e de equipamentos meacutedico-hospitalares Quando o INPS foi criado

em 1966 o governo liberou verba a fundo perdido para empresas privadas

construiacuterem hospitais depois o INPS enviou seus segurados para estes hospitais

isto eacute a Previdecircncia financiou e sustentou estes hospitais por 20 anos

Posteriormente estes proprietaacuterios consideraram-se capitalizados e se

descredenciaram do INPS O dinheiro da previdecircncia natildeo era mais suficiente para

cobrir os gastos com assistecircncia meacutedica e o nuacutemero de leitos diminuiu portanto um

dos motivos da falecircncia da Previdecircncia foram os custos crescentes determinados

pela privatizaccedilatildeo da rede (Secretaria Municipal da Sauacutede de Satildeo Paulo 1992)

De acordo com Luz (1991) a partir de 1983 a sociedade civil estabelecida

reivindicou junto com um Congresso Nacional novas poliacuteticas sociais que

pudessem asseverar plenos direitos de cidadania aos brasileiros inclusive direito agrave

sauacutede visto tambeacutem como dever do Estado Pela primeira vez na histoacuteria do paiacutes a

sauacutede era vista socialmente como um direito universal e dever do Estado isto eacute

como dimensatildeo social da cidadania

15

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito

ldquoA sauacutede eacute um bem real ao mesmo tempo abstrato que soacute se pretende

obter quando se perde e ela se torna necessidade materializada no seu contraacuterio a

doenccedilardquo (RIBEIRO 1993) Assim natildeo sendo um bem econocircmico cabe ao Estado

prover os recursos indispensaacuteveis para sua prevenccedilatildeo considerando a sauacutede um

ldquobem puacuteblico purordquo (RIANI 1986)

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o sistema de sauacutede era tido como

residual marcado pela assistecircncia meacutedica excludente e sistemaacutetica o que provocou

o crescimento de serviccedilos privados de sauacutede rede de serviccedilos sucateada

priorizaccedilatildeo da assistecircncia meacutedico-hospitalar permitindo o crescimento expansivo da

sauacutede privada

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a Carta Magna de 1988 garante a

sauacutede como direito de todos e um dever do Estado tendo os usuaacuterios acesso

igualitaacuterio e universal agraves accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

As instituiccedilotildees privadas tecircm sua participaccedilatildeo de forma a complementar os serviccedilos

do SUS Seus princiacutepios baacutesicos satildeo a descentralizaccedilatildeo com delegaccedilatildeo de poderes

para os niacuteveis estatal e municipal tendo o atendimento integral com maior enfoque a

atividades preventivas

Na concepccedilatildeo de Oliveira JR (1998) o SUS apesar de ser legalmente

democraacutetico jaacute nasceu com descreacutedito da populaccedilatildeo sendo considerado pelos

formadores de opiniatildeo como o sucessor do fraudulento INAMPS

As poliacuteticas de sauacutede no Brasil segundo Roncalli (2003) poderiam ser

classificadas como residuais jaacute que natildeo abrangem toda a comunidade como seu

objeto de proteccedilatildeo social e meritocraacutetico-corporativas pois estavam os direitos

sociais restritos a vinculaccedilatildeo ao sistema previdenciaacuterio ficando o exerciacutecio da

cidadania determinado pelo trabalho e contribuiccedilatildeo na previdecircncia considerada

como uma cidadania regulada

Assim ateacute a deacutecada de 80 as poliacuteticas de sauacutede no Brasil possuem uma

caracteriacutestica bastante peculiar visto a intervenccedilatildeo do Estado para solucionar

problemas de sauacutede ldquouma estreita relaccedilatildeo entre o estabelecimento das poliacuteticas de

sauacutede e o modelo econocircmico vigente e uma clara distinccedilatildeo entre as accedilotildees de sauacutede

puacuteblica e de assistecircncia meacutedicardquo (RONCALLI 2003)

16

Desta forma a accedilatildeo exercida pelo Estado era residual jaacute natildeo existia uma

poliacutetica social voltada para a sauacutede dos indiviacuteduos e esta natildeo era considerada como

um direito social

[] Efetivamente a accedilatildeo do Estado perante as necessidades sociais baacutesicas limitava-se a reparaccedilatildeo toacutepicas e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e fragmentadas a reivindicaccedilotildees sociais dos trabalhadores e de setores populacionais empobrecidos dos grandes centros urbanos (PEREIRA 2002 p 128)

De acordo com Ribeiro (1993) os Estados mercantilistas dos Seacuteculos XVI e

XVII se preocupavam com a sauacutede de suas populaccedilotildees ldquo[] conscientes de que a

produccedilatildeo sua comercializaccedilatildeo e consequentemente a arrecadaccedilatildeo de impostos

para mantecirc-los dependiam da sauacutede dos que trabalhavam []rdquo

Segundo Paim (1986) entender o Estado como elemento que natildeo eacute neutro

dentro de uma sociedade estruturada em classe explica o seu desempenho voltado

para os interesses das classes hegemocircnicas que tentam evitar tensotildees

sociaiscontemplando dentro de certos limites determinadas necessidades das

classes subalternas O Estado que eacute ldquoinstrumento que pode ser manipulado

livremente pelos grupos que controlam o poderrdquo passa a privilegiar a sauacutede da

economia em detrimento da sauacutede da coletividade (PAIM 1986)

Desse modo para o referido autor o Estado deixa de ser apenas um

aparelho de repressatildeo ideologia econocircmico e simplesmente burocraacutetico para

expressar uma relaccedilatildeo das forccedilas sociais que se manteacutem em constante luta pela

efetivaccedilatildeo de seus objetivos O mesmo autor acrescenta ainda que ldquoo Estado eacute todo

o complexo de atividades praacuteticas e teoacutericas com as quais a classe dirigente justifica

e manteacutem natildeo soacute o seu domiacutenio mas consegue obter o consenso ativo dos

governados []rdquo (PAIM 1986 p 212)

Em se tratando de sauacutede o Estado se diversifica entre uma accedilatildeo

fundamentalmente normativa e uma intervenccedilatildeo que facilita o consumo de serviccedilos

Hoje o sistema uacutenico de sauacutede (SUS) vem deixando a desejar e que este

sistema conspira contra os princiacutepios da universalidade equumlidade e integralidade

na atenccedilatildeo agrave sauacutede consagrados na Constituiccedilatildeo (PAIM 1992 p 40)

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL 10

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil 10

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede 11

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito 15

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE 19

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas 19

22 Cidadania e Eacutetica 21

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede 24

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado 29

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS

PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA

CIDADANIA 33

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV 33

32 Resultado e discussatildeo 35

CONCLUSAtildeO 44

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA 46

ANEXO 50

8

INTRODUCcedilAtildeO

Hoje observa-se que a sauacutede eacute um do direito de todos e dever do Estado

adquirido pela populaccedilatildeo atraveacutes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Mas seraacute que a

comunidade sabe quais satildeo estes direitos

Portanto o presente trabalho tem como finalidade abordar o tema a Falta de

consciecircncia dos usuaacuterios acerca do direito agrave sauacutede puacuteblica Para tanto serviu de

base a minha praacutetica como Assistente Social do Hospital Geral Manoel Victorino

levantamentos bibliograacuteficos sobre o tema e pesquisa de campo onde seraacute

realizada investigaccedilatildeo com pacientes internados no setor de Ortopedia

Contribuiacuteram tambeacutem para a realizaccedilatildeo da mesma a utilizaccedilatildeo das praacuteticas

profissionais como abordagens individuais grupais (Anamnese Social visita aos

leitos acompanhamento particularizado em alguns casos reuniotildees com temas

ligados a educaccedilatildeo e cidadania reuniotildees interdisciplinar para discussatildeo de casos

registro das atividades em documentaccedilatildeo especiacutefica do Serviccedilo Social que serviram

para confirmar a hipoacutetese levantada

O interesse pelo tema monograacutefico emergiu a partir das informaccedilotildees

obtidas atraveacutes dos procedimentos metodoloacutegicos citados quando percebi que os

pacientes natildeo conheciam seus direitosdeveres e como isto tende a refletir na sua

relaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do sistema de sauacutede

A pesquisa foi estruturada a partir do seguinte problema A falta de

consciecircncia dos usuaacuterios com relaccedilatildeo aos seus direitos leva-os a lsquolsquoencararrsquorsquo agrave

assistecircncia recebida como benesse A partir da pesquisa foi possiacutevel identificar o

grau de conhecimento dos usuaacuterios acerca dos seus direitos a qualidade dos

serviccedilos prestados e o perfil soacutecio-econocircmico dos mesmos

Com o propoacutesito de orientar o processo de investigaccedilatildeo estabeleci a

seguinte hipoacutetese acredita-se que a falta de consciecircncia dos usuaacuterios acerca de

seus direitos e deveres tende a refletir na sua relaccedilatildeo em como utilizar o sistema de

sauacutede Observou-se que a falta de conhecimento tende a levar os usuaacuterios agrave natildeo

conseguirem enxergar seus espaccedilos na sociedade e assim natildeo reconhecerem seu

efetivo direito Desta forma seraacute analisada a questatildeo fundamentando a hipoacutetese

9

atraveacutes de reflexotildees que seratildeo divididas em capiacutetulos para maior elucidaccedilatildeo da

problemaacutetica

Portanto no primeiro capiacutetulo seratildeo desenvolvidos como era e como anda a

sauacutede puacuteblica no Brasil aleacutem dos direitos do cidadatildeo ao sistema de sauacutede e da

obrigaccedilatildeo do Estado para o fornecimento da mesma

No segundo capiacutetulo seraacute abordado sobre cidadania e sauacutede mostrando as

concepccedilotildees de cidadania e a sua construccedilatildeo ao longo dos tempos como uma forma

de Direitos Humanos

No terceiro capiacutetulo haveraacute uma explanaccedilatildeo sobre as reflexotildees do cidadatildeo

doente e sobre os direitos deste cidadatildeo em especial no Hospital Manoel Victorino

buscando mostrar se os mesmos tecircm a sua cidadania e os seus direitos respeitados

Mostrando ainda a metodologia que foi utilizada e apoacutes a discussatildeo e resultado

10

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil

Para se discorrer sobre a sauacutede puacuteblica no Brasil primeiro se faz necessaacuterio

percorrer os caminhos da histoacuteria para que se possa haver um melhor entendimento

de como se chegou ao ponto em que se encontra a sauacutede puacuteblica no Brasil hoje

A intervenccedilatildeo estatal nos serviccedilos de sauacutede brasileira vem desde a eacutepoca

colonial quando o Brasil encontrava-se agrave beira do capitalismo mundial submetendo-

se econocircmica e politicamente agrave metroacutepole Portugal

As pessoas que tinham dinheiro procuram centros meacutedicos na Europa para

se tratar restando a populaccedilatildeo mais carente a busca por curandeiros do pajeacute com

suas ervas e cantos e dos boticaacuterios que percorriam o Brasil Colocircnia

A fase do impeacuterio brasileiro findou-se sem que o Estado encontra-se

soluccedilotildees para os graves problemas de sauacutede da populaccedilatildeo fazendo com que o

Brasil ao final do segundo reinado fosse conhecido laacute fora como um paiacutes insalubre

De acordo com Scliar (1987) o hospital que havia ateacute entatildeo contava apenas com

trabalho voluntaacuterio sendo um depoacutesito de doentes que eram isolados da sociedade

com o objetivo de natildeo contagiaacute-la

Uma das principais apreensotildees em relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede era em

relaccedilatildeo ao principal porto do paiacutes que situava-se no Rio de Janeiro tornando assim

esta cidade o centro das preocupaccedilotildees das accedilotildees sanitaacuterias

Nesse momento a Sauacutede Puacuteblica no Brasil passou a ser calcada em

intervenccedilotildees engendradas na corrente de pensamento do Sanitarismo que se

operacionalizava no acircmbito urbano das cidades com a comercializaccedilatildeo e transporte

de alimentos e cobertura dos portos mariacutetimos (ROSEN 1994)

O periacuteodo Republicano foi marcado pela hegemonia do cafeacute com

predominacircncia de grupos oligaacuterquicos regionais Em 1888 com a Aboliccedilatildeo da

Escravatura e com a consequumlente crise da matildeo de obra escrava intensificaram-se

as correntes imigratoacuterias provenientes principalmente da Itaacutelia Espanha e Portugal

(ROSSI 1980)

11

Houve um grande crescimento econocircmico no Brasil no entanto foi um

periacuteodo de crise soacutecio-econocircmica e sanitaacuteria porque a febre amarela entre outras

epidemias ameaccedilavam a economia agroexportadora brasileira prejudicando

principalmente a exportaccedilatildeo de cafeacute pois os navios estrangeiros se recusavam a

atracar nos portos brasileiros o que tambeacutem reduzia a imigraccedilatildeo de matildeo-de-obra

Para reverter a situaccedilatildeo o governo criou medidas que garantissem a sauacutede da

populaccedilatildeo trabalhadora atraveacutes de campanhas sanitaacuterias de caraacuteter autoritaacuterio

(SCLIAR1987)

Ou seja com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica elaborou-se a Constituiccedilatildeo que

assinalava a preponderacircncia dos grandes Estados nas decisotildees nacionais Assim o

poder centralizou-se nos Estados produtores de cafeacute da regiatildeo centro-sul

instalando-se a poliacutetica do cafeacute com leite Essa Constituiccedilatildeo incorporou a sauacutede

como uma aacuterea de acircmbito estatal estabelecendo sua estrutura e locais de atuaccedilatildeo

(IYDA 1994)

Pode-se dizer pelo exposto que embora a sauacutede da populaccedilatildeo

especialmente no combate agrave lepra e agrave peste e a existecircncia de algum controle

sanitaacuterio em relaccedilatildeo aos portos ruas casas e praias tenha sido objeto de atenccedilatildeo

da administraccedilatildeo portuguesa em fases anteriores a transformaccedilatildeo do objetivo da

medicina da doenccedila para a sauacutede iraacute ocorrer somente no seacuteculo XIX quando ldquoo

conhecimento da colocircnia eacute colocado como fundamento necessaacuterio para uma

intervenccedilatildeo dirigida para o aumento da produccedilatildeo para a defesa da terra para a

sauacutede da populaccedilatildeordquo (Machado et al 1978)

Portanto pode-se observar de acordo com as palavras de Machado e

colaboradores (1978) que ldquoa administraccedilatildeo portuguesa natildeo se caracterizou pelo

menos ateacute a segunda metade do seacuteculo XVIII pela organizaccedilatildeo do espaccedilo social

visando um ataque planificado e continuado agraves causas de doenccedila agindo por isso

de modo muito mais negativo que positivo no que diz respeito agrave sauacutederdquo

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede

Como exposto acima pode-se observar que as accedilotildees desenvolvidas na

eacutepoca eram accedilotildees reguladoras compreendendo as atividades dos cirurgiotildees e a

criaccedilatildeo das primeiras escolas de medicina como aconteceu na Bahia com a criaccedilatildeo

12

da Escola de Cirurgia no ano de 1808 e no Rio de Janeiro com a criaccedilatildeo da

caacutetedra de anatomia no Hospital Militar acompanhada pela medicina operatoacuteria em

1809 Mas foi no ano de 1829 com a criaccedilatildeo da Sociedade de Medicina e Cirurgia

do Rio de Janeiro que de acordo com Machado et al (1978) ldquolutaraacute de diversas

maneiras para impor-se como guardiatilde da sauacutede puacuteblicardquo A partir daiacute comeccedila o

inicio da implantaccedilatildeo da medicina social no Brasil que passa a lutar pela defesa das

ciecircncias meacutedicas

Nessa mesma eacutepoca foi constituiacuteda a Academia Real de Medicina Social no

ano de 1829 na Bahia que funcionou como oacutergatildeo de consulta nas questotildees ligadas

a sauacutede do Imperador D Pedro I que tinha como objetivos a proteccedilatildeo da sauacutede da

populaccedilatildeo segundo os exemplos da Europa e a defesa da ciecircncia o que colaborou

para a constituiccedilatildeo da superioridade do exerciacutecio da medicina no Brasil

Nas palavras de Luz (1991) a primeira medida concreta em niacutevel nacional

para a criaccedilatildeo do sistema de sauacutede puacuteblica aconteceu na deacutecada de 20 A Diretoria

Geral de Sauacutede Puacuteblica eacute organizada pelo meacutedico sanitarista Oswaldo Cruz que

resolve o problema sanitaacuterio implementando progressivamente instituiccedilotildees

puacuteblicas de higiene e sauacutede Oswaldo Cruz adotou o modelo das campanhas

sanitaacuterias (inspirado no modelo americano mas importado de Cuba) destinado a

combater as epidemias urbanas e mais tarde as endemias rurais

As campanhas de sauacutede puacuteblica eram organizadas de tal forma que

assemelhavam-se a campanhas militares dividindo as cidades em distritos

encarcerando os doentes portadores de doenccedilas contagiosas e obrigando pela

forccedila o emprego de praacuteticas sanitaristas Esta situaccedilatildeo levou agrave Revolta da Vacina

no Rio de Janeiro quando a populaccedilatildeo revoltou-se com a obrigatoriedade da vacina

contra a variacuteola (SCLIAR 1987)

Interessante eacute a observaccedilatildeo de Moraes (1983) quando diz ldquoa ausecircncia da

questatildeo da sauacutede na bibliografia histoacuterica brasileira no que diz respeito agraves

condiccedilotildees de vida e de trabalho e de seus aspectos institucionais pode conduzir a

pensar numa negligecircncia em considerar e analisar este temardquo

Iyda (1994) afirma que foi no governo de Rodrigues Alves que se

desencadeou accedilotildees que tiveram como vertente a chamada Higienizaccedilatildeordquo Atraveacutes

da figura de Osvaldo Cruz a questatildeo sanitaacuteria passou a ser tomada como uma

questatildeo poliacutetica Como exemplo pode-se verificar a lei sobre a vacinaccedilatildeo e re-

13

vacinaccedilatildeo contra a variacuteola no ano de 1904 processo que gerou uma seacuterie de

revoltas no acircmago da populaccedilatildeo civil contra o sentido militar imputado agrave campanha

A partir daiacute o Estado passou a receber fortes pressotildees por parte de

intelectuais e militares para a criaccedilatildeo de novos serviccedilos na aacuterea de Sauacutede Puacuteblica

culminando em 1931 com a criaccedilatildeo do Ministeacuterio de Educaccedilatildeo e Sauacutede Nesta fase

a Sauacutede Puacuteblica definiu seu papel e os burocratas e as classes que apoiavam a

Revoluccedilatildeo Constitucionalista obtiveram grandes privileacutegios poliacuteticos (IYDA 1993)

Com a criaccedilatildeo do Departamento Nacional da Sauacutede Puacuteblica que tinha como

objetivo a extensatildeo dos serviccedilos de saneamento urbano e rural aleacutem da higiene

industrial e materno-infantil a Sauacutede Puacuteblica passou a ser tomada como questatildeo

social Datam dessa eacutepoca os primeiros encontros do sanitaristas que bradavam por

soluccedilotildees mais eficazes no que tocava agraves questotildees de sauacutede Esse movimento

sanitaacuterio difundiu a necessidade da educaccedilatildeo sanitaacuteria como uma estrateacutegia para a

promoccedilatildeo da sauacutede e o conteuacutedo dos discursos era permeado por uma intensa

fermentaccedilatildeo de ordem liberal (BRAGA PAULA 1987)

De acordo com Luz (1991)

Desde o iniacutecio a implantaccedilatildeo dos programas e serviccedilos de auxiacutelio agrave sauacutede foi impregnada de praacuteticas clientelistas tiacutepicas do regime populista que caracterizou a Era Vargas Tais praacuteticas se ancoraram tambeacutem nos sindicatos de trabalhadores nos quais ajudaram a criar normas administrativas e poliacuteticas de pessoal adequadas a estrateacutegias de cooptaccedilatildeo das elites sindicais simpatizantes e de exclusatildeo das discordantes alccedilando aquelas agrave direccedilatildeo das instituiccedilotildees e agrave gestatildeo dos programas governamentais

Ainda na deacutecada de 30 foi criado os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

(IAPs) os quais diferentemente das antigas Caixas satildeo organizados por categorias

profissionais natildeo mais por empresas e que foram considerados como o marco da

medicina previdenciaacuteria brasileira (SILVA1996)

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a mudanccedila ocorrida natildeo foi

apenas nas siglas mas tambeacutem na forma de administraccedilatildeo Enquanto a CAP era

formada por um colegiado de empregados e empregadores a direccedilatildeo dos IAPs

cabia a um representante do Estado sendo assessorado por um colegiado sem

poder deliberativo o qual ainda era escolhido pelos sindicatos reconhecidos pelo

governo

14

Observa-se nas palavras de Guerra (2009) que foi no periacuteodo militar que

houve uma maior mudanccedila em relaccedilatildeo a sauacutede puacuteblica onde as accedilotildees de

assistecircncia agrave sauacutede em niacutevel individual comeccedilaram com o surgimento da

Previdecircncia Social vinculando a assistecircncia meacutedica ao princiacutepio do seguro social e

colocando-a no mesmo plano de benefiacutecios como as aposentadorias pensotildees por

invalidez etc O processo de unificaccedilatildeo previsto em 1960 se efetiva em 2 de janeiro

de 1967 com a criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) reunindo

os seis Institutos de Aposentadorias e Pensotildees o Serviccedilo de Assistecircncia Meacutedica e

Domiciliar de Urgecircncia (SAMDU) e a Superintendecircncia dos Serviccedilos de Reabilitaccedilatildeo

da Previdecircncia Social

A construccedilatildeo ou reforma de inuacutemeras cliacutenicas e hospitais privados com

financiamento da Previdecircncia Social e o enfoque agrave medicina curativa fez com que

multiplicassem por todo o paiacutes as faculdades particulares de medicina O ensino

meacutedico passou a ser desvinculado da realidade sanitaacuteria da populaccedilatildeo voltado para

a especializaccedilatildeo e a sofisticaccedilatildeo tecnoloacutegica e dependente das induacutestrias

farmacecircuticas e de equipamentos meacutedico-hospitalares Quando o INPS foi criado

em 1966 o governo liberou verba a fundo perdido para empresas privadas

construiacuterem hospitais depois o INPS enviou seus segurados para estes hospitais

isto eacute a Previdecircncia financiou e sustentou estes hospitais por 20 anos

Posteriormente estes proprietaacuterios consideraram-se capitalizados e se

descredenciaram do INPS O dinheiro da previdecircncia natildeo era mais suficiente para

cobrir os gastos com assistecircncia meacutedica e o nuacutemero de leitos diminuiu portanto um

dos motivos da falecircncia da Previdecircncia foram os custos crescentes determinados

pela privatizaccedilatildeo da rede (Secretaria Municipal da Sauacutede de Satildeo Paulo 1992)

De acordo com Luz (1991) a partir de 1983 a sociedade civil estabelecida

reivindicou junto com um Congresso Nacional novas poliacuteticas sociais que

pudessem asseverar plenos direitos de cidadania aos brasileiros inclusive direito agrave

sauacutede visto tambeacutem como dever do Estado Pela primeira vez na histoacuteria do paiacutes a

sauacutede era vista socialmente como um direito universal e dever do Estado isto eacute

como dimensatildeo social da cidadania

15

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito

ldquoA sauacutede eacute um bem real ao mesmo tempo abstrato que soacute se pretende

obter quando se perde e ela se torna necessidade materializada no seu contraacuterio a

doenccedilardquo (RIBEIRO 1993) Assim natildeo sendo um bem econocircmico cabe ao Estado

prover os recursos indispensaacuteveis para sua prevenccedilatildeo considerando a sauacutede um

ldquobem puacuteblico purordquo (RIANI 1986)

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o sistema de sauacutede era tido como

residual marcado pela assistecircncia meacutedica excludente e sistemaacutetica o que provocou

o crescimento de serviccedilos privados de sauacutede rede de serviccedilos sucateada

priorizaccedilatildeo da assistecircncia meacutedico-hospitalar permitindo o crescimento expansivo da

sauacutede privada

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a Carta Magna de 1988 garante a

sauacutede como direito de todos e um dever do Estado tendo os usuaacuterios acesso

igualitaacuterio e universal agraves accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

As instituiccedilotildees privadas tecircm sua participaccedilatildeo de forma a complementar os serviccedilos

do SUS Seus princiacutepios baacutesicos satildeo a descentralizaccedilatildeo com delegaccedilatildeo de poderes

para os niacuteveis estatal e municipal tendo o atendimento integral com maior enfoque a

atividades preventivas

Na concepccedilatildeo de Oliveira JR (1998) o SUS apesar de ser legalmente

democraacutetico jaacute nasceu com descreacutedito da populaccedilatildeo sendo considerado pelos

formadores de opiniatildeo como o sucessor do fraudulento INAMPS

As poliacuteticas de sauacutede no Brasil segundo Roncalli (2003) poderiam ser

classificadas como residuais jaacute que natildeo abrangem toda a comunidade como seu

objeto de proteccedilatildeo social e meritocraacutetico-corporativas pois estavam os direitos

sociais restritos a vinculaccedilatildeo ao sistema previdenciaacuterio ficando o exerciacutecio da

cidadania determinado pelo trabalho e contribuiccedilatildeo na previdecircncia considerada

como uma cidadania regulada

Assim ateacute a deacutecada de 80 as poliacuteticas de sauacutede no Brasil possuem uma

caracteriacutestica bastante peculiar visto a intervenccedilatildeo do Estado para solucionar

problemas de sauacutede ldquouma estreita relaccedilatildeo entre o estabelecimento das poliacuteticas de

sauacutede e o modelo econocircmico vigente e uma clara distinccedilatildeo entre as accedilotildees de sauacutede

puacuteblica e de assistecircncia meacutedicardquo (RONCALLI 2003)

16

Desta forma a accedilatildeo exercida pelo Estado era residual jaacute natildeo existia uma

poliacutetica social voltada para a sauacutede dos indiviacuteduos e esta natildeo era considerada como

um direito social

[] Efetivamente a accedilatildeo do Estado perante as necessidades sociais baacutesicas limitava-se a reparaccedilatildeo toacutepicas e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e fragmentadas a reivindicaccedilotildees sociais dos trabalhadores e de setores populacionais empobrecidos dos grandes centros urbanos (PEREIRA 2002 p 128)

De acordo com Ribeiro (1993) os Estados mercantilistas dos Seacuteculos XVI e

XVII se preocupavam com a sauacutede de suas populaccedilotildees ldquo[] conscientes de que a

produccedilatildeo sua comercializaccedilatildeo e consequentemente a arrecadaccedilatildeo de impostos

para mantecirc-los dependiam da sauacutede dos que trabalhavam []rdquo

Segundo Paim (1986) entender o Estado como elemento que natildeo eacute neutro

dentro de uma sociedade estruturada em classe explica o seu desempenho voltado

para os interesses das classes hegemocircnicas que tentam evitar tensotildees

sociaiscontemplando dentro de certos limites determinadas necessidades das

classes subalternas O Estado que eacute ldquoinstrumento que pode ser manipulado

livremente pelos grupos que controlam o poderrdquo passa a privilegiar a sauacutede da

economia em detrimento da sauacutede da coletividade (PAIM 1986)

Desse modo para o referido autor o Estado deixa de ser apenas um

aparelho de repressatildeo ideologia econocircmico e simplesmente burocraacutetico para

expressar uma relaccedilatildeo das forccedilas sociais que se manteacutem em constante luta pela

efetivaccedilatildeo de seus objetivos O mesmo autor acrescenta ainda que ldquoo Estado eacute todo

o complexo de atividades praacuteticas e teoacutericas com as quais a classe dirigente justifica

e manteacutem natildeo soacute o seu domiacutenio mas consegue obter o consenso ativo dos

governados []rdquo (PAIM 1986 p 212)

Em se tratando de sauacutede o Estado se diversifica entre uma accedilatildeo

fundamentalmente normativa e uma intervenccedilatildeo que facilita o consumo de serviccedilos

Hoje o sistema uacutenico de sauacutede (SUS) vem deixando a desejar e que este

sistema conspira contra os princiacutepios da universalidade equumlidade e integralidade

na atenccedilatildeo agrave sauacutede consagrados na Constituiccedilatildeo (PAIM 1992 p 40)

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

8

INTRODUCcedilAtildeO

Hoje observa-se que a sauacutede eacute um do direito de todos e dever do Estado

adquirido pela populaccedilatildeo atraveacutes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Mas seraacute que a

comunidade sabe quais satildeo estes direitos

Portanto o presente trabalho tem como finalidade abordar o tema a Falta de

consciecircncia dos usuaacuterios acerca do direito agrave sauacutede puacuteblica Para tanto serviu de

base a minha praacutetica como Assistente Social do Hospital Geral Manoel Victorino

levantamentos bibliograacuteficos sobre o tema e pesquisa de campo onde seraacute

realizada investigaccedilatildeo com pacientes internados no setor de Ortopedia

Contribuiacuteram tambeacutem para a realizaccedilatildeo da mesma a utilizaccedilatildeo das praacuteticas

profissionais como abordagens individuais grupais (Anamnese Social visita aos

leitos acompanhamento particularizado em alguns casos reuniotildees com temas

ligados a educaccedilatildeo e cidadania reuniotildees interdisciplinar para discussatildeo de casos

registro das atividades em documentaccedilatildeo especiacutefica do Serviccedilo Social que serviram

para confirmar a hipoacutetese levantada

O interesse pelo tema monograacutefico emergiu a partir das informaccedilotildees

obtidas atraveacutes dos procedimentos metodoloacutegicos citados quando percebi que os

pacientes natildeo conheciam seus direitosdeveres e como isto tende a refletir na sua

relaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo do sistema de sauacutede

A pesquisa foi estruturada a partir do seguinte problema A falta de

consciecircncia dos usuaacuterios com relaccedilatildeo aos seus direitos leva-os a lsquolsquoencararrsquorsquo agrave

assistecircncia recebida como benesse A partir da pesquisa foi possiacutevel identificar o

grau de conhecimento dos usuaacuterios acerca dos seus direitos a qualidade dos

serviccedilos prestados e o perfil soacutecio-econocircmico dos mesmos

Com o propoacutesito de orientar o processo de investigaccedilatildeo estabeleci a

seguinte hipoacutetese acredita-se que a falta de consciecircncia dos usuaacuterios acerca de

seus direitos e deveres tende a refletir na sua relaccedilatildeo em como utilizar o sistema de

sauacutede Observou-se que a falta de conhecimento tende a levar os usuaacuterios agrave natildeo

conseguirem enxergar seus espaccedilos na sociedade e assim natildeo reconhecerem seu

efetivo direito Desta forma seraacute analisada a questatildeo fundamentando a hipoacutetese

9

atraveacutes de reflexotildees que seratildeo divididas em capiacutetulos para maior elucidaccedilatildeo da

problemaacutetica

Portanto no primeiro capiacutetulo seratildeo desenvolvidos como era e como anda a

sauacutede puacuteblica no Brasil aleacutem dos direitos do cidadatildeo ao sistema de sauacutede e da

obrigaccedilatildeo do Estado para o fornecimento da mesma

No segundo capiacutetulo seraacute abordado sobre cidadania e sauacutede mostrando as

concepccedilotildees de cidadania e a sua construccedilatildeo ao longo dos tempos como uma forma

de Direitos Humanos

No terceiro capiacutetulo haveraacute uma explanaccedilatildeo sobre as reflexotildees do cidadatildeo

doente e sobre os direitos deste cidadatildeo em especial no Hospital Manoel Victorino

buscando mostrar se os mesmos tecircm a sua cidadania e os seus direitos respeitados

Mostrando ainda a metodologia que foi utilizada e apoacutes a discussatildeo e resultado

10

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil

Para se discorrer sobre a sauacutede puacuteblica no Brasil primeiro se faz necessaacuterio

percorrer os caminhos da histoacuteria para que se possa haver um melhor entendimento

de como se chegou ao ponto em que se encontra a sauacutede puacuteblica no Brasil hoje

A intervenccedilatildeo estatal nos serviccedilos de sauacutede brasileira vem desde a eacutepoca

colonial quando o Brasil encontrava-se agrave beira do capitalismo mundial submetendo-

se econocircmica e politicamente agrave metroacutepole Portugal

As pessoas que tinham dinheiro procuram centros meacutedicos na Europa para

se tratar restando a populaccedilatildeo mais carente a busca por curandeiros do pajeacute com

suas ervas e cantos e dos boticaacuterios que percorriam o Brasil Colocircnia

A fase do impeacuterio brasileiro findou-se sem que o Estado encontra-se

soluccedilotildees para os graves problemas de sauacutede da populaccedilatildeo fazendo com que o

Brasil ao final do segundo reinado fosse conhecido laacute fora como um paiacutes insalubre

De acordo com Scliar (1987) o hospital que havia ateacute entatildeo contava apenas com

trabalho voluntaacuterio sendo um depoacutesito de doentes que eram isolados da sociedade

com o objetivo de natildeo contagiaacute-la

Uma das principais apreensotildees em relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede era em

relaccedilatildeo ao principal porto do paiacutes que situava-se no Rio de Janeiro tornando assim

esta cidade o centro das preocupaccedilotildees das accedilotildees sanitaacuterias

Nesse momento a Sauacutede Puacuteblica no Brasil passou a ser calcada em

intervenccedilotildees engendradas na corrente de pensamento do Sanitarismo que se

operacionalizava no acircmbito urbano das cidades com a comercializaccedilatildeo e transporte

de alimentos e cobertura dos portos mariacutetimos (ROSEN 1994)

O periacuteodo Republicano foi marcado pela hegemonia do cafeacute com

predominacircncia de grupos oligaacuterquicos regionais Em 1888 com a Aboliccedilatildeo da

Escravatura e com a consequumlente crise da matildeo de obra escrava intensificaram-se

as correntes imigratoacuterias provenientes principalmente da Itaacutelia Espanha e Portugal

(ROSSI 1980)

11

Houve um grande crescimento econocircmico no Brasil no entanto foi um

periacuteodo de crise soacutecio-econocircmica e sanitaacuteria porque a febre amarela entre outras

epidemias ameaccedilavam a economia agroexportadora brasileira prejudicando

principalmente a exportaccedilatildeo de cafeacute pois os navios estrangeiros se recusavam a

atracar nos portos brasileiros o que tambeacutem reduzia a imigraccedilatildeo de matildeo-de-obra

Para reverter a situaccedilatildeo o governo criou medidas que garantissem a sauacutede da

populaccedilatildeo trabalhadora atraveacutes de campanhas sanitaacuterias de caraacuteter autoritaacuterio

(SCLIAR1987)

Ou seja com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica elaborou-se a Constituiccedilatildeo que

assinalava a preponderacircncia dos grandes Estados nas decisotildees nacionais Assim o

poder centralizou-se nos Estados produtores de cafeacute da regiatildeo centro-sul

instalando-se a poliacutetica do cafeacute com leite Essa Constituiccedilatildeo incorporou a sauacutede

como uma aacuterea de acircmbito estatal estabelecendo sua estrutura e locais de atuaccedilatildeo

(IYDA 1994)

Pode-se dizer pelo exposto que embora a sauacutede da populaccedilatildeo

especialmente no combate agrave lepra e agrave peste e a existecircncia de algum controle

sanitaacuterio em relaccedilatildeo aos portos ruas casas e praias tenha sido objeto de atenccedilatildeo

da administraccedilatildeo portuguesa em fases anteriores a transformaccedilatildeo do objetivo da

medicina da doenccedila para a sauacutede iraacute ocorrer somente no seacuteculo XIX quando ldquoo

conhecimento da colocircnia eacute colocado como fundamento necessaacuterio para uma

intervenccedilatildeo dirigida para o aumento da produccedilatildeo para a defesa da terra para a

sauacutede da populaccedilatildeordquo (Machado et al 1978)

Portanto pode-se observar de acordo com as palavras de Machado e

colaboradores (1978) que ldquoa administraccedilatildeo portuguesa natildeo se caracterizou pelo

menos ateacute a segunda metade do seacuteculo XVIII pela organizaccedilatildeo do espaccedilo social

visando um ataque planificado e continuado agraves causas de doenccedila agindo por isso

de modo muito mais negativo que positivo no que diz respeito agrave sauacutederdquo

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede

Como exposto acima pode-se observar que as accedilotildees desenvolvidas na

eacutepoca eram accedilotildees reguladoras compreendendo as atividades dos cirurgiotildees e a

criaccedilatildeo das primeiras escolas de medicina como aconteceu na Bahia com a criaccedilatildeo

12

da Escola de Cirurgia no ano de 1808 e no Rio de Janeiro com a criaccedilatildeo da

caacutetedra de anatomia no Hospital Militar acompanhada pela medicina operatoacuteria em

1809 Mas foi no ano de 1829 com a criaccedilatildeo da Sociedade de Medicina e Cirurgia

do Rio de Janeiro que de acordo com Machado et al (1978) ldquolutaraacute de diversas

maneiras para impor-se como guardiatilde da sauacutede puacuteblicardquo A partir daiacute comeccedila o

inicio da implantaccedilatildeo da medicina social no Brasil que passa a lutar pela defesa das

ciecircncias meacutedicas

Nessa mesma eacutepoca foi constituiacuteda a Academia Real de Medicina Social no

ano de 1829 na Bahia que funcionou como oacutergatildeo de consulta nas questotildees ligadas

a sauacutede do Imperador D Pedro I que tinha como objetivos a proteccedilatildeo da sauacutede da

populaccedilatildeo segundo os exemplos da Europa e a defesa da ciecircncia o que colaborou

para a constituiccedilatildeo da superioridade do exerciacutecio da medicina no Brasil

Nas palavras de Luz (1991) a primeira medida concreta em niacutevel nacional

para a criaccedilatildeo do sistema de sauacutede puacuteblica aconteceu na deacutecada de 20 A Diretoria

Geral de Sauacutede Puacuteblica eacute organizada pelo meacutedico sanitarista Oswaldo Cruz que

resolve o problema sanitaacuterio implementando progressivamente instituiccedilotildees

puacuteblicas de higiene e sauacutede Oswaldo Cruz adotou o modelo das campanhas

sanitaacuterias (inspirado no modelo americano mas importado de Cuba) destinado a

combater as epidemias urbanas e mais tarde as endemias rurais

As campanhas de sauacutede puacuteblica eram organizadas de tal forma que

assemelhavam-se a campanhas militares dividindo as cidades em distritos

encarcerando os doentes portadores de doenccedilas contagiosas e obrigando pela

forccedila o emprego de praacuteticas sanitaristas Esta situaccedilatildeo levou agrave Revolta da Vacina

no Rio de Janeiro quando a populaccedilatildeo revoltou-se com a obrigatoriedade da vacina

contra a variacuteola (SCLIAR 1987)

Interessante eacute a observaccedilatildeo de Moraes (1983) quando diz ldquoa ausecircncia da

questatildeo da sauacutede na bibliografia histoacuterica brasileira no que diz respeito agraves

condiccedilotildees de vida e de trabalho e de seus aspectos institucionais pode conduzir a

pensar numa negligecircncia em considerar e analisar este temardquo

Iyda (1994) afirma que foi no governo de Rodrigues Alves que se

desencadeou accedilotildees que tiveram como vertente a chamada Higienizaccedilatildeordquo Atraveacutes

da figura de Osvaldo Cruz a questatildeo sanitaacuteria passou a ser tomada como uma

questatildeo poliacutetica Como exemplo pode-se verificar a lei sobre a vacinaccedilatildeo e re-

13

vacinaccedilatildeo contra a variacuteola no ano de 1904 processo que gerou uma seacuterie de

revoltas no acircmago da populaccedilatildeo civil contra o sentido militar imputado agrave campanha

A partir daiacute o Estado passou a receber fortes pressotildees por parte de

intelectuais e militares para a criaccedilatildeo de novos serviccedilos na aacuterea de Sauacutede Puacuteblica

culminando em 1931 com a criaccedilatildeo do Ministeacuterio de Educaccedilatildeo e Sauacutede Nesta fase

a Sauacutede Puacuteblica definiu seu papel e os burocratas e as classes que apoiavam a

Revoluccedilatildeo Constitucionalista obtiveram grandes privileacutegios poliacuteticos (IYDA 1993)

Com a criaccedilatildeo do Departamento Nacional da Sauacutede Puacuteblica que tinha como

objetivo a extensatildeo dos serviccedilos de saneamento urbano e rural aleacutem da higiene

industrial e materno-infantil a Sauacutede Puacuteblica passou a ser tomada como questatildeo

social Datam dessa eacutepoca os primeiros encontros do sanitaristas que bradavam por

soluccedilotildees mais eficazes no que tocava agraves questotildees de sauacutede Esse movimento

sanitaacuterio difundiu a necessidade da educaccedilatildeo sanitaacuteria como uma estrateacutegia para a

promoccedilatildeo da sauacutede e o conteuacutedo dos discursos era permeado por uma intensa

fermentaccedilatildeo de ordem liberal (BRAGA PAULA 1987)

De acordo com Luz (1991)

Desde o iniacutecio a implantaccedilatildeo dos programas e serviccedilos de auxiacutelio agrave sauacutede foi impregnada de praacuteticas clientelistas tiacutepicas do regime populista que caracterizou a Era Vargas Tais praacuteticas se ancoraram tambeacutem nos sindicatos de trabalhadores nos quais ajudaram a criar normas administrativas e poliacuteticas de pessoal adequadas a estrateacutegias de cooptaccedilatildeo das elites sindicais simpatizantes e de exclusatildeo das discordantes alccedilando aquelas agrave direccedilatildeo das instituiccedilotildees e agrave gestatildeo dos programas governamentais

Ainda na deacutecada de 30 foi criado os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

(IAPs) os quais diferentemente das antigas Caixas satildeo organizados por categorias

profissionais natildeo mais por empresas e que foram considerados como o marco da

medicina previdenciaacuteria brasileira (SILVA1996)

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a mudanccedila ocorrida natildeo foi

apenas nas siglas mas tambeacutem na forma de administraccedilatildeo Enquanto a CAP era

formada por um colegiado de empregados e empregadores a direccedilatildeo dos IAPs

cabia a um representante do Estado sendo assessorado por um colegiado sem

poder deliberativo o qual ainda era escolhido pelos sindicatos reconhecidos pelo

governo

14

Observa-se nas palavras de Guerra (2009) que foi no periacuteodo militar que

houve uma maior mudanccedila em relaccedilatildeo a sauacutede puacuteblica onde as accedilotildees de

assistecircncia agrave sauacutede em niacutevel individual comeccedilaram com o surgimento da

Previdecircncia Social vinculando a assistecircncia meacutedica ao princiacutepio do seguro social e

colocando-a no mesmo plano de benefiacutecios como as aposentadorias pensotildees por

invalidez etc O processo de unificaccedilatildeo previsto em 1960 se efetiva em 2 de janeiro

de 1967 com a criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) reunindo

os seis Institutos de Aposentadorias e Pensotildees o Serviccedilo de Assistecircncia Meacutedica e

Domiciliar de Urgecircncia (SAMDU) e a Superintendecircncia dos Serviccedilos de Reabilitaccedilatildeo

da Previdecircncia Social

A construccedilatildeo ou reforma de inuacutemeras cliacutenicas e hospitais privados com

financiamento da Previdecircncia Social e o enfoque agrave medicina curativa fez com que

multiplicassem por todo o paiacutes as faculdades particulares de medicina O ensino

meacutedico passou a ser desvinculado da realidade sanitaacuteria da populaccedilatildeo voltado para

a especializaccedilatildeo e a sofisticaccedilatildeo tecnoloacutegica e dependente das induacutestrias

farmacecircuticas e de equipamentos meacutedico-hospitalares Quando o INPS foi criado

em 1966 o governo liberou verba a fundo perdido para empresas privadas

construiacuterem hospitais depois o INPS enviou seus segurados para estes hospitais

isto eacute a Previdecircncia financiou e sustentou estes hospitais por 20 anos

Posteriormente estes proprietaacuterios consideraram-se capitalizados e se

descredenciaram do INPS O dinheiro da previdecircncia natildeo era mais suficiente para

cobrir os gastos com assistecircncia meacutedica e o nuacutemero de leitos diminuiu portanto um

dos motivos da falecircncia da Previdecircncia foram os custos crescentes determinados

pela privatizaccedilatildeo da rede (Secretaria Municipal da Sauacutede de Satildeo Paulo 1992)

De acordo com Luz (1991) a partir de 1983 a sociedade civil estabelecida

reivindicou junto com um Congresso Nacional novas poliacuteticas sociais que

pudessem asseverar plenos direitos de cidadania aos brasileiros inclusive direito agrave

sauacutede visto tambeacutem como dever do Estado Pela primeira vez na histoacuteria do paiacutes a

sauacutede era vista socialmente como um direito universal e dever do Estado isto eacute

como dimensatildeo social da cidadania

15

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito

ldquoA sauacutede eacute um bem real ao mesmo tempo abstrato que soacute se pretende

obter quando se perde e ela se torna necessidade materializada no seu contraacuterio a

doenccedilardquo (RIBEIRO 1993) Assim natildeo sendo um bem econocircmico cabe ao Estado

prover os recursos indispensaacuteveis para sua prevenccedilatildeo considerando a sauacutede um

ldquobem puacuteblico purordquo (RIANI 1986)

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o sistema de sauacutede era tido como

residual marcado pela assistecircncia meacutedica excludente e sistemaacutetica o que provocou

o crescimento de serviccedilos privados de sauacutede rede de serviccedilos sucateada

priorizaccedilatildeo da assistecircncia meacutedico-hospitalar permitindo o crescimento expansivo da

sauacutede privada

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a Carta Magna de 1988 garante a

sauacutede como direito de todos e um dever do Estado tendo os usuaacuterios acesso

igualitaacuterio e universal agraves accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

As instituiccedilotildees privadas tecircm sua participaccedilatildeo de forma a complementar os serviccedilos

do SUS Seus princiacutepios baacutesicos satildeo a descentralizaccedilatildeo com delegaccedilatildeo de poderes

para os niacuteveis estatal e municipal tendo o atendimento integral com maior enfoque a

atividades preventivas

Na concepccedilatildeo de Oliveira JR (1998) o SUS apesar de ser legalmente

democraacutetico jaacute nasceu com descreacutedito da populaccedilatildeo sendo considerado pelos

formadores de opiniatildeo como o sucessor do fraudulento INAMPS

As poliacuteticas de sauacutede no Brasil segundo Roncalli (2003) poderiam ser

classificadas como residuais jaacute que natildeo abrangem toda a comunidade como seu

objeto de proteccedilatildeo social e meritocraacutetico-corporativas pois estavam os direitos

sociais restritos a vinculaccedilatildeo ao sistema previdenciaacuterio ficando o exerciacutecio da

cidadania determinado pelo trabalho e contribuiccedilatildeo na previdecircncia considerada

como uma cidadania regulada

Assim ateacute a deacutecada de 80 as poliacuteticas de sauacutede no Brasil possuem uma

caracteriacutestica bastante peculiar visto a intervenccedilatildeo do Estado para solucionar

problemas de sauacutede ldquouma estreita relaccedilatildeo entre o estabelecimento das poliacuteticas de

sauacutede e o modelo econocircmico vigente e uma clara distinccedilatildeo entre as accedilotildees de sauacutede

puacuteblica e de assistecircncia meacutedicardquo (RONCALLI 2003)

16

Desta forma a accedilatildeo exercida pelo Estado era residual jaacute natildeo existia uma

poliacutetica social voltada para a sauacutede dos indiviacuteduos e esta natildeo era considerada como

um direito social

[] Efetivamente a accedilatildeo do Estado perante as necessidades sociais baacutesicas limitava-se a reparaccedilatildeo toacutepicas e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e fragmentadas a reivindicaccedilotildees sociais dos trabalhadores e de setores populacionais empobrecidos dos grandes centros urbanos (PEREIRA 2002 p 128)

De acordo com Ribeiro (1993) os Estados mercantilistas dos Seacuteculos XVI e

XVII se preocupavam com a sauacutede de suas populaccedilotildees ldquo[] conscientes de que a

produccedilatildeo sua comercializaccedilatildeo e consequentemente a arrecadaccedilatildeo de impostos

para mantecirc-los dependiam da sauacutede dos que trabalhavam []rdquo

Segundo Paim (1986) entender o Estado como elemento que natildeo eacute neutro

dentro de uma sociedade estruturada em classe explica o seu desempenho voltado

para os interesses das classes hegemocircnicas que tentam evitar tensotildees

sociaiscontemplando dentro de certos limites determinadas necessidades das

classes subalternas O Estado que eacute ldquoinstrumento que pode ser manipulado

livremente pelos grupos que controlam o poderrdquo passa a privilegiar a sauacutede da

economia em detrimento da sauacutede da coletividade (PAIM 1986)

Desse modo para o referido autor o Estado deixa de ser apenas um

aparelho de repressatildeo ideologia econocircmico e simplesmente burocraacutetico para

expressar uma relaccedilatildeo das forccedilas sociais que se manteacutem em constante luta pela

efetivaccedilatildeo de seus objetivos O mesmo autor acrescenta ainda que ldquoo Estado eacute todo

o complexo de atividades praacuteticas e teoacutericas com as quais a classe dirigente justifica

e manteacutem natildeo soacute o seu domiacutenio mas consegue obter o consenso ativo dos

governados []rdquo (PAIM 1986 p 212)

Em se tratando de sauacutede o Estado se diversifica entre uma accedilatildeo

fundamentalmente normativa e uma intervenccedilatildeo que facilita o consumo de serviccedilos

Hoje o sistema uacutenico de sauacutede (SUS) vem deixando a desejar e que este

sistema conspira contra os princiacutepios da universalidade equumlidade e integralidade

na atenccedilatildeo agrave sauacutede consagrados na Constituiccedilatildeo (PAIM 1992 p 40)

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

9

atraveacutes de reflexotildees que seratildeo divididas em capiacutetulos para maior elucidaccedilatildeo da

problemaacutetica

Portanto no primeiro capiacutetulo seratildeo desenvolvidos como era e como anda a

sauacutede puacuteblica no Brasil aleacutem dos direitos do cidadatildeo ao sistema de sauacutede e da

obrigaccedilatildeo do Estado para o fornecimento da mesma

No segundo capiacutetulo seraacute abordado sobre cidadania e sauacutede mostrando as

concepccedilotildees de cidadania e a sua construccedilatildeo ao longo dos tempos como uma forma

de Direitos Humanos

No terceiro capiacutetulo haveraacute uma explanaccedilatildeo sobre as reflexotildees do cidadatildeo

doente e sobre os direitos deste cidadatildeo em especial no Hospital Manoel Victorino

buscando mostrar se os mesmos tecircm a sua cidadania e os seus direitos respeitados

Mostrando ainda a metodologia que foi utilizada e apoacutes a discussatildeo e resultado

10

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil

Para se discorrer sobre a sauacutede puacuteblica no Brasil primeiro se faz necessaacuterio

percorrer os caminhos da histoacuteria para que se possa haver um melhor entendimento

de como se chegou ao ponto em que se encontra a sauacutede puacuteblica no Brasil hoje

A intervenccedilatildeo estatal nos serviccedilos de sauacutede brasileira vem desde a eacutepoca

colonial quando o Brasil encontrava-se agrave beira do capitalismo mundial submetendo-

se econocircmica e politicamente agrave metroacutepole Portugal

As pessoas que tinham dinheiro procuram centros meacutedicos na Europa para

se tratar restando a populaccedilatildeo mais carente a busca por curandeiros do pajeacute com

suas ervas e cantos e dos boticaacuterios que percorriam o Brasil Colocircnia

A fase do impeacuterio brasileiro findou-se sem que o Estado encontra-se

soluccedilotildees para os graves problemas de sauacutede da populaccedilatildeo fazendo com que o

Brasil ao final do segundo reinado fosse conhecido laacute fora como um paiacutes insalubre

De acordo com Scliar (1987) o hospital que havia ateacute entatildeo contava apenas com

trabalho voluntaacuterio sendo um depoacutesito de doentes que eram isolados da sociedade

com o objetivo de natildeo contagiaacute-la

Uma das principais apreensotildees em relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede era em

relaccedilatildeo ao principal porto do paiacutes que situava-se no Rio de Janeiro tornando assim

esta cidade o centro das preocupaccedilotildees das accedilotildees sanitaacuterias

Nesse momento a Sauacutede Puacuteblica no Brasil passou a ser calcada em

intervenccedilotildees engendradas na corrente de pensamento do Sanitarismo que se

operacionalizava no acircmbito urbano das cidades com a comercializaccedilatildeo e transporte

de alimentos e cobertura dos portos mariacutetimos (ROSEN 1994)

O periacuteodo Republicano foi marcado pela hegemonia do cafeacute com

predominacircncia de grupos oligaacuterquicos regionais Em 1888 com a Aboliccedilatildeo da

Escravatura e com a consequumlente crise da matildeo de obra escrava intensificaram-se

as correntes imigratoacuterias provenientes principalmente da Itaacutelia Espanha e Portugal

(ROSSI 1980)

11

Houve um grande crescimento econocircmico no Brasil no entanto foi um

periacuteodo de crise soacutecio-econocircmica e sanitaacuteria porque a febre amarela entre outras

epidemias ameaccedilavam a economia agroexportadora brasileira prejudicando

principalmente a exportaccedilatildeo de cafeacute pois os navios estrangeiros se recusavam a

atracar nos portos brasileiros o que tambeacutem reduzia a imigraccedilatildeo de matildeo-de-obra

Para reverter a situaccedilatildeo o governo criou medidas que garantissem a sauacutede da

populaccedilatildeo trabalhadora atraveacutes de campanhas sanitaacuterias de caraacuteter autoritaacuterio

(SCLIAR1987)

Ou seja com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica elaborou-se a Constituiccedilatildeo que

assinalava a preponderacircncia dos grandes Estados nas decisotildees nacionais Assim o

poder centralizou-se nos Estados produtores de cafeacute da regiatildeo centro-sul

instalando-se a poliacutetica do cafeacute com leite Essa Constituiccedilatildeo incorporou a sauacutede

como uma aacuterea de acircmbito estatal estabelecendo sua estrutura e locais de atuaccedilatildeo

(IYDA 1994)

Pode-se dizer pelo exposto que embora a sauacutede da populaccedilatildeo

especialmente no combate agrave lepra e agrave peste e a existecircncia de algum controle

sanitaacuterio em relaccedilatildeo aos portos ruas casas e praias tenha sido objeto de atenccedilatildeo

da administraccedilatildeo portuguesa em fases anteriores a transformaccedilatildeo do objetivo da

medicina da doenccedila para a sauacutede iraacute ocorrer somente no seacuteculo XIX quando ldquoo

conhecimento da colocircnia eacute colocado como fundamento necessaacuterio para uma

intervenccedilatildeo dirigida para o aumento da produccedilatildeo para a defesa da terra para a

sauacutede da populaccedilatildeordquo (Machado et al 1978)

Portanto pode-se observar de acordo com as palavras de Machado e

colaboradores (1978) que ldquoa administraccedilatildeo portuguesa natildeo se caracterizou pelo

menos ateacute a segunda metade do seacuteculo XVIII pela organizaccedilatildeo do espaccedilo social

visando um ataque planificado e continuado agraves causas de doenccedila agindo por isso

de modo muito mais negativo que positivo no que diz respeito agrave sauacutederdquo

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede

Como exposto acima pode-se observar que as accedilotildees desenvolvidas na

eacutepoca eram accedilotildees reguladoras compreendendo as atividades dos cirurgiotildees e a

criaccedilatildeo das primeiras escolas de medicina como aconteceu na Bahia com a criaccedilatildeo

12

da Escola de Cirurgia no ano de 1808 e no Rio de Janeiro com a criaccedilatildeo da

caacutetedra de anatomia no Hospital Militar acompanhada pela medicina operatoacuteria em

1809 Mas foi no ano de 1829 com a criaccedilatildeo da Sociedade de Medicina e Cirurgia

do Rio de Janeiro que de acordo com Machado et al (1978) ldquolutaraacute de diversas

maneiras para impor-se como guardiatilde da sauacutede puacuteblicardquo A partir daiacute comeccedila o

inicio da implantaccedilatildeo da medicina social no Brasil que passa a lutar pela defesa das

ciecircncias meacutedicas

Nessa mesma eacutepoca foi constituiacuteda a Academia Real de Medicina Social no

ano de 1829 na Bahia que funcionou como oacutergatildeo de consulta nas questotildees ligadas

a sauacutede do Imperador D Pedro I que tinha como objetivos a proteccedilatildeo da sauacutede da

populaccedilatildeo segundo os exemplos da Europa e a defesa da ciecircncia o que colaborou

para a constituiccedilatildeo da superioridade do exerciacutecio da medicina no Brasil

Nas palavras de Luz (1991) a primeira medida concreta em niacutevel nacional

para a criaccedilatildeo do sistema de sauacutede puacuteblica aconteceu na deacutecada de 20 A Diretoria

Geral de Sauacutede Puacuteblica eacute organizada pelo meacutedico sanitarista Oswaldo Cruz que

resolve o problema sanitaacuterio implementando progressivamente instituiccedilotildees

puacuteblicas de higiene e sauacutede Oswaldo Cruz adotou o modelo das campanhas

sanitaacuterias (inspirado no modelo americano mas importado de Cuba) destinado a

combater as epidemias urbanas e mais tarde as endemias rurais

As campanhas de sauacutede puacuteblica eram organizadas de tal forma que

assemelhavam-se a campanhas militares dividindo as cidades em distritos

encarcerando os doentes portadores de doenccedilas contagiosas e obrigando pela

forccedila o emprego de praacuteticas sanitaristas Esta situaccedilatildeo levou agrave Revolta da Vacina

no Rio de Janeiro quando a populaccedilatildeo revoltou-se com a obrigatoriedade da vacina

contra a variacuteola (SCLIAR 1987)

Interessante eacute a observaccedilatildeo de Moraes (1983) quando diz ldquoa ausecircncia da

questatildeo da sauacutede na bibliografia histoacuterica brasileira no que diz respeito agraves

condiccedilotildees de vida e de trabalho e de seus aspectos institucionais pode conduzir a

pensar numa negligecircncia em considerar e analisar este temardquo

Iyda (1994) afirma que foi no governo de Rodrigues Alves que se

desencadeou accedilotildees que tiveram como vertente a chamada Higienizaccedilatildeordquo Atraveacutes

da figura de Osvaldo Cruz a questatildeo sanitaacuteria passou a ser tomada como uma

questatildeo poliacutetica Como exemplo pode-se verificar a lei sobre a vacinaccedilatildeo e re-

13

vacinaccedilatildeo contra a variacuteola no ano de 1904 processo que gerou uma seacuterie de

revoltas no acircmago da populaccedilatildeo civil contra o sentido militar imputado agrave campanha

A partir daiacute o Estado passou a receber fortes pressotildees por parte de

intelectuais e militares para a criaccedilatildeo de novos serviccedilos na aacuterea de Sauacutede Puacuteblica

culminando em 1931 com a criaccedilatildeo do Ministeacuterio de Educaccedilatildeo e Sauacutede Nesta fase

a Sauacutede Puacuteblica definiu seu papel e os burocratas e as classes que apoiavam a

Revoluccedilatildeo Constitucionalista obtiveram grandes privileacutegios poliacuteticos (IYDA 1993)

Com a criaccedilatildeo do Departamento Nacional da Sauacutede Puacuteblica que tinha como

objetivo a extensatildeo dos serviccedilos de saneamento urbano e rural aleacutem da higiene

industrial e materno-infantil a Sauacutede Puacuteblica passou a ser tomada como questatildeo

social Datam dessa eacutepoca os primeiros encontros do sanitaristas que bradavam por

soluccedilotildees mais eficazes no que tocava agraves questotildees de sauacutede Esse movimento

sanitaacuterio difundiu a necessidade da educaccedilatildeo sanitaacuteria como uma estrateacutegia para a

promoccedilatildeo da sauacutede e o conteuacutedo dos discursos era permeado por uma intensa

fermentaccedilatildeo de ordem liberal (BRAGA PAULA 1987)

De acordo com Luz (1991)

Desde o iniacutecio a implantaccedilatildeo dos programas e serviccedilos de auxiacutelio agrave sauacutede foi impregnada de praacuteticas clientelistas tiacutepicas do regime populista que caracterizou a Era Vargas Tais praacuteticas se ancoraram tambeacutem nos sindicatos de trabalhadores nos quais ajudaram a criar normas administrativas e poliacuteticas de pessoal adequadas a estrateacutegias de cooptaccedilatildeo das elites sindicais simpatizantes e de exclusatildeo das discordantes alccedilando aquelas agrave direccedilatildeo das instituiccedilotildees e agrave gestatildeo dos programas governamentais

Ainda na deacutecada de 30 foi criado os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

(IAPs) os quais diferentemente das antigas Caixas satildeo organizados por categorias

profissionais natildeo mais por empresas e que foram considerados como o marco da

medicina previdenciaacuteria brasileira (SILVA1996)

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a mudanccedila ocorrida natildeo foi

apenas nas siglas mas tambeacutem na forma de administraccedilatildeo Enquanto a CAP era

formada por um colegiado de empregados e empregadores a direccedilatildeo dos IAPs

cabia a um representante do Estado sendo assessorado por um colegiado sem

poder deliberativo o qual ainda era escolhido pelos sindicatos reconhecidos pelo

governo

14

Observa-se nas palavras de Guerra (2009) que foi no periacuteodo militar que

houve uma maior mudanccedila em relaccedilatildeo a sauacutede puacuteblica onde as accedilotildees de

assistecircncia agrave sauacutede em niacutevel individual comeccedilaram com o surgimento da

Previdecircncia Social vinculando a assistecircncia meacutedica ao princiacutepio do seguro social e

colocando-a no mesmo plano de benefiacutecios como as aposentadorias pensotildees por

invalidez etc O processo de unificaccedilatildeo previsto em 1960 se efetiva em 2 de janeiro

de 1967 com a criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) reunindo

os seis Institutos de Aposentadorias e Pensotildees o Serviccedilo de Assistecircncia Meacutedica e

Domiciliar de Urgecircncia (SAMDU) e a Superintendecircncia dos Serviccedilos de Reabilitaccedilatildeo

da Previdecircncia Social

A construccedilatildeo ou reforma de inuacutemeras cliacutenicas e hospitais privados com

financiamento da Previdecircncia Social e o enfoque agrave medicina curativa fez com que

multiplicassem por todo o paiacutes as faculdades particulares de medicina O ensino

meacutedico passou a ser desvinculado da realidade sanitaacuteria da populaccedilatildeo voltado para

a especializaccedilatildeo e a sofisticaccedilatildeo tecnoloacutegica e dependente das induacutestrias

farmacecircuticas e de equipamentos meacutedico-hospitalares Quando o INPS foi criado

em 1966 o governo liberou verba a fundo perdido para empresas privadas

construiacuterem hospitais depois o INPS enviou seus segurados para estes hospitais

isto eacute a Previdecircncia financiou e sustentou estes hospitais por 20 anos

Posteriormente estes proprietaacuterios consideraram-se capitalizados e se

descredenciaram do INPS O dinheiro da previdecircncia natildeo era mais suficiente para

cobrir os gastos com assistecircncia meacutedica e o nuacutemero de leitos diminuiu portanto um

dos motivos da falecircncia da Previdecircncia foram os custos crescentes determinados

pela privatizaccedilatildeo da rede (Secretaria Municipal da Sauacutede de Satildeo Paulo 1992)

De acordo com Luz (1991) a partir de 1983 a sociedade civil estabelecida

reivindicou junto com um Congresso Nacional novas poliacuteticas sociais que

pudessem asseverar plenos direitos de cidadania aos brasileiros inclusive direito agrave

sauacutede visto tambeacutem como dever do Estado Pela primeira vez na histoacuteria do paiacutes a

sauacutede era vista socialmente como um direito universal e dever do Estado isto eacute

como dimensatildeo social da cidadania

15

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito

ldquoA sauacutede eacute um bem real ao mesmo tempo abstrato que soacute se pretende

obter quando se perde e ela se torna necessidade materializada no seu contraacuterio a

doenccedilardquo (RIBEIRO 1993) Assim natildeo sendo um bem econocircmico cabe ao Estado

prover os recursos indispensaacuteveis para sua prevenccedilatildeo considerando a sauacutede um

ldquobem puacuteblico purordquo (RIANI 1986)

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o sistema de sauacutede era tido como

residual marcado pela assistecircncia meacutedica excludente e sistemaacutetica o que provocou

o crescimento de serviccedilos privados de sauacutede rede de serviccedilos sucateada

priorizaccedilatildeo da assistecircncia meacutedico-hospitalar permitindo o crescimento expansivo da

sauacutede privada

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a Carta Magna de 1988 garante a

sauacutede como direito de todos e um dever do Estado tendo os usuaacuterios acesso

igualitaacuterio e universal agraves accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

As instituiccedilotildees privadas tecircm sua participaccedilatildeo de forma a complementar os serviccedilos

do SUS Seus princiacutepios baacutesicos satildeo a descentralizaccedilatildeo com delegaccedilatildeo de poderes

para os niacuteveis estatal e municipal tendo o atendimento integral com maior enfoque a

atividades preventivas

Na concepccedilatildeo de Oliveira JR (1998) o SUS apesar de ser legalmente

democraacutetico jaacute nasceu com descreacutedito da populaccedilatildeo sendo considerado pelos

formadores de opiniatildeo como o sucessor do fraudulento INAMPS

As poliacuteticas de sauacutede no Brasil segundo Roncalli (2003) poderiam ser

classificadas como residuais jaacute que natildeo abrangem toda a comunidade como seu

objeto de proteccedilatildeo social e meritocraacutetico-corporativas pois estavam os direitos

sociais restritos a vinculaccedilatildeo ao sistema previdenciaacuterio ficando o exerciacutecio da

cidadania determinado pelo trabalho e contribuiccedilatildeo na previdecircncia considerada

como uma cidadania regulada

Assim ateacute a deacutecada de 80 as poliacuteticas de sauacutede no Brasil possuem uma

caracteriacutestica bastante peculiar visto a intervenccedilatildeo do Estado para solucionar

problemas de sauacutede ldquouma estreita relaccedilatildeo entre o estabelecimento das poliacuteticas de

sauacutede e o modelo econocircmico vigente e uma clara distinccedilatildeo entre as accedilotildees de sauacutede

puacuteblica e de assistecircncia meacutedicardquo (RONCALLI 2003)

16

Desta forma a accedilatildeo exercida pelo Estado era residual jaacute natildeo existia uma

poliacutetica social voltada para a sauacutede dos indiviacuteduos e esta natildeo era considerada como

um direito social

[] Efetivamente a accedilatildeo do Estado perante as necessidades sociais baacutesicas limitava-se a reparaccedilatildeo toacutepicas e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e fragmentadas a reivindicaccedilotildees sociais dos trabalhadores e de setores populacionais empobrecidos dos grandes centros urbanos (PEREIRA 2002 p 128)

De acordo com Ribeiro (1993) os Estados mercantilistas dos Seacuteculos XVI e

XVII se preocupavam com a sauacutede de suas populaccedilotildees ldquo[] conscientes de que a

produccedilatildeo sua comercializaccedilatildeo e consequentemente a arrecadaccedilatildeo de impostos

para mantecirc-los dependiam da sauacutede dos que trabalhavam []rdquo

Segundo Paim (1986) entender o Estado como elemento que natildeo eacute neutro

dentro de uma sociedade estruturada em classe explica o seu desempenho voltado

para os interesses das classes hegemocircnicas que tentam evitar tensotildees

sociaiscontemplando dentro de certos limites determinadas necessidades das

classes subalternas O Estado que eacute ldquoinstrumento que pode ser manipulado

livremente pelos grupos que controlam o poderrdquo passa a privilegiar a sauacutede da

economia em detrimento da sauacutede da coletividade (PAIM 1986)

Desse modo para o referido autor o Estado deixa de ser apenas um

aparelho de repressatildeo ideologia econocircmico e simplesmente burocraacutetico para

expressar uma relaccedilatildeo das forccedilas sociais que se manteacutem em constante luta pela

efetivaccedilatildeo de seus objetivos O mesmo autor acrescenta ainda que ldquoo Estado eacute todo

o complexo de atividades praacuteticas e teoacutericas com as quais a classe dirigente justifica

e manteacutem natildeo soacute o seu domiacutenio mas consegue obter o consenso ativo dos

governados []rdquo (PAIM 1986 p 212)

Em se tratando de sauacutede o Estado se diversifica entre uma accedilatildeo

fundamentalmente normativa e uma intervenccedilatildeo que facilita o consumo de serviccedilos

Hoje o sistema uacutenico de sauacutede (SUS) vem deixando a desejar e que este

sistema conspira contra os princiacutepios da universalidade equumlidade e integralidade

na atenccedilatildeo agrave sauacutede consagrados na Constituiccedilatildeo (PAIM 1992 p 40)

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

10

CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL

11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil

Para se discorrer sobre a sauacutede puacuteblica no Brasil primeiro se faz necessaacuterio

percorrer os caminhos da histoacuteria para que se possa haver um melhor entendimento

de como se chegou ao ponto em que se encontra a sauacutede puacuteblica no Brasil hoje

A intervenccedilatildeo estatal nos serviccedilos de sauacutede brasileira vem desde a eacutepoca

colonial quando o Brasil encontrava-se agrave beira do capitalismo mundial submetendo-

se econocircmica e politicamente agrave metroacutepole Portugal

As pessoas que tinham dinheiro procuram centros meacutedicos na Europa para

se tratar restando a populaccedilatildeo mais carente a busca por curandeiros do pajeacute com

suas ervas e cantos e dos boticaacuterios que percorriam o Brasil Colocircnia

A fase do impeacuterio brasileiro findou-se sem que o Estado encontra-se

soluccedilotildees para os graves problemas de sauacutede da populaccedilatildeo fazendo com que o

Brasil ao final do segundo reinado fosse conhecido laacute fora como um paiacutes insalubre

De acordo com Scliar (1987) o hospital que havia ateacute entatildeo contava apenas com

trabalho voluntaacuterio sendo um depoacutesito de doentes que eram isolados da sociedade

com o objetivo de natildeo contagiaacute-la

Uma das principais apreensotildees em relaccedilatildeo ao sistema de sauacutede era em

relaccedilatildeo ao principal porto do paiacutes que situava-se no Rio de Janeiro tornando assim

esta cidade o centro das preocupaccedilotildees das accedilotildees sanitaacuterias

Nesse momento a Sauacutede Puacuteblica no Brasil passou a ser calcada em

intervenccedilotildees engendradas na corrente de pensamento do Sanitarismo que se

operacionalizava no acircmbito urbano das cidades com a comercializaccedilatildeo e transporte

de alimentos e cobertura dos portos mariacutetimos (ROSEN 1994)

O periacuteodo Republicano foi marcado pela hegemonia do cafeacute com

predominacircncia de grupos oligaacuterquicos regionais Em 1888 com a Aboliccedilatildeo da

Escravatura e com a consequumlente crise da matildeo de obra escrava intensificaram-se

as correntes imigratoacuterias provenientes principalmente da Itaacutelia Espanha e Portugal

(ROSSI 1980)

11

Houve um grande crescimento econocircmico no Brasil no entanto foi um

periacuteodo de crise soacutecio-econocircmica e sanitaacuteria porque a febre amarela entre outras

epidemias ameaccedilavam a economia agroexportadora brasileira prejudicando

principalmente a exportaccedilatildeo de cafeacute pois os navios estrangeiros se recusavam a

atracar nos portos brasileiros o que tambeacutem reduzia a imigraccedilatildeo de matildeo-de-obra

Para reverter a situaccedilatildeo o governo criou medidas que garantissem a sauacutede da

populaccedilatildeo trabalhadora atraveacutes de campanhas sanitaacuterias de caraacuteter autoritaacuterio

(SCLIAR1987)

Ou seja com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica elaborou-se a Constituiccedilatildeo que

assinalava a preponderacircncia dos grandes Estados nas decisotildees nacionais Assim o

poder centralizou-se nos Estados produtores de cafeacute da regiatildeo centro-sul

instalando-se a poliacutetica do cafeacute com leite Essa Constituiccedilatildeo incorporou a sauacutede

como uma aacuterea de acircmbito estatal estabelecendo sua estrutura e locais de atuaccedilatildeo

(IYDA 1994)

Pode-se dizer pelo exposto que embora a sauacutede da populaccedilatildeo

especialmente no combate agrave lepra e agrave peste e a existecircncia de algum controle

sanitaacuterio em relaccedilatildeo aos portos ruas casas e praias tenha sido objeto de atenccedilatildeo

da administraccedilatildeo portuguesa em fases anteriores a transformaccedilatildeo do objetivo da

medicina da doenccedila para a sauacutede iraacute ocorrer somente no seacuteculo XIX quando ldquoo

conhecimento da colocircnia eacute colocado como fundamento necessaacuterio para uma

intervenccedilatildeo dirigida para o aumento da produccedilatildeo para a defesa da terra para a

sauacutede da populaccedilatildeordquo (Machado et al 1978)

Portanto pode-se observar de acordo com as palavras de Machado e

colaboradores (1978) que ldquoa administraccedilatildeo portuguesa natildeo se caracterizou pelo

menos ateacute a segunda metade do seacuteculo XVIII pela organizaccedilatildeo do espaccedilo social

visando um ataque planificado e continuado agraves causas de doenccedila agindo por isso

de modo muito mais negativo que positivo no que diz respeito agrave sauacutederdquo

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede

Como exposto acima pode-se observar que as accedilotildees desenvolvidas na

eacutepoca eram accedilotildees reguladoras compreendendo as atividades dos cirurgiotildees e a

criaccedilatildeo das primeiras escolas de medicina como aconteceu na Bahia com a criaccedilatildeo

12

da Escola de Cirurgia no ano de 1808 e no Rio de Janeiro com a criaccedilatildeo da

caacutetedra de anatomia no Hospital Militar acompanhada pela medicina operatoacuteria em

1809 Mas foi no ano de 1829 com a criaccedilatildeo da Sociedade de Medicina e Cirurgia

do Rio de Janeiro que de acordo com Machado et al (1978) ldquolutaraacute de diversas

maneiras para impor-se como guardiatilde da sauacutede puacuteblicardquo A partir daiacute comeccedila o

inicio da implantaccedilatildeo da medicina social no Brasil que passa a lutar pela defesa das

ciecircncias meacutedicas

Nessa mesma eacutepoca foi constituiacuteda a Academia Real de Medicina Social no

ano de 1829 na Bahia que funcionou como oacutergatildeo de consulta nas questotildees ligadas

a sauacutede do Imperador D Pedro I que tinha como objetivos a proteccedilatildeo da sauacutede da

populaccedilatildeo segundo os exemplos da Europa e a defesa da ciecircncia o que colaborou

para a constituiccedilatildeo da superioridade do exerciacutecio da medicina no Brasil

Nas palavras de Luz (1991) a primeira medida concreta em niacutevel nacional

para a criaccedilatildeo do sistema de sauacutede puacuteblica aconteceu na deacutecada de 20 A Diretoria

Geral de Sauacutede Puacuteblica eacute organizada pelo meacutedico sanitarista Oswaldo Cruz que

resolve o problema sanitaacuterio implementando progressivamente instituiccedilotildees

puacuteblicas de higiene e sauacutede Oswaldo Cruz adotou o modelo das campanhas

sanitaacuterias (inspirado no modelo americano mas importado de Cuba) destinado a

combater as epidemias urbanas e mais tarde as endemias rurais

As campanhas de sauacutede puacuteblica eram organizadas de tal forma que

assemelhavam-se a campanhas militares dividindo as cidades em distritos

encarcerando os doentes portadores de doenccedilas contagiosas e obrigando pela

forccedila o emprego de praacuteticas sanitaristas Esta situaccedilatildeo levou agrave Revolta da Vacina

no Rio de Janeiro quando a populaccedilatildeo revoltou-se com a obrigatoriedade da vacina

contra a variacuteola (SCLIAR 1987)

Interessante eacute a observaccedilatildeo de Moraes (1983) quando diz ldquoa ausecircncia da

questatildeo da sauacutede na bibliografia histoacuterica brasileira no que diz respeito agraves

condiccedilotildees de vida e de trabalho e de seus aspectos institucionais pode conduzir a

pensar numa negligecircncia em considerar e analisar este temardquo

Iyda (1994) afirma que foi no governo de Rodrigues Alves que se

desencadeou accedilotildees que tiveram como vertente a chamada Higienizaccedilatildeordquo Atraveacutes

da figura de Osvaldo Cruz a questatildeo sanitaacuteria passou a ser tomada como uma

questatildeo poliacutetica Como exemplo pode-se verificar a lei sobre a vacinaccedilatildeo e re-

13

vacinaccedilatildeo contra a variacuteola no ano de 1904 processo que gerou uma seacuterie de

revoltas no acircmago da populaccedilatildeo civil contra o sentido militar imputado agrave campanha

A partir daiacute o Estado passou a receber fortes pressotildees por parte de

intelectuais e militares para a criaccedilatildeo de novos serviccedilos na aacuterea de Sauacutede Puacuteblica

culminando em 1931 com a criaccedilatildeo do Ministeacuterio de Educaccedilatildeo e Sauacutede Nesta fase

a Sauacutede Puacuteblica definiu seu papel e os burocratas e as classes que apoiavam a

Revoluccedilatildeo Constitucionalista obtiveram grandes privileacutegios poliacuteticos (IYDA 1993)

Com a criaccedilatildeo do Departamento Nacional da Sauacutede Puacuteblica que tinha como

objetivo a extensatildeo dos serviccedilos de saneamento urbano e rural aleacutem da higiene

industrial e materno-infantil a Sauacutede Puacuteblica passou a ser tomada como questatildeo

social Datam dessa eacutepoca os primeiros encontros do sanitaristas que bradavam por

soluccedilotildees mais eficazes no que tocava agraves questotildees de sauacutede Esse movimento

sanitaacuterio difundiu a necessidade da educaccedilatildeo sanitaacuteria como uma estrateacutegia para a

promoccedilatildeo da sauacutede e o conteuacutedo dos discursos era permeado por uma intensa

fermentaccedilatildeo de ordem liberal (BRAGA PAULA 1987)

De acordo com Luz (1991)

Desde o iniacutecio a implantaccedilatildeo dos programas e serviccedilos de auxiacutelio agrave sauacutede foi impregnada de praacuteticas clientelistas tiacutepicas do regime populista que caracterizou a Era Vargas Tais praacuteticas se ancoraram tambeacutem nos sindicatos de trabalhadores nos quais ajudaram a criar normas administrativas e poliacuteticas de pessoal adequadas a estrateacutegias de cooptaccedilatildeo das elites sindicais simpatizantes e de exclusatildeo das discordantes alccedilando aquelas agrave direccedilatildeo das instituiccedilotildees e agrave gestatildeo dos programas governamentais

Ainda na deacutecada de 30 foi criado os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

(IAPs) os quais diferentemente das antigas Caixas satildeo organizados por categorias

profissionais natildeo mais por empresas e que foram considerados como o marco da

medicina previdenciaacuteria brasileira (SILVA1996)

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a mudanccedila ocorrida natildeo foi

apenas nas siglas mas tambeacutem na forma de administraccedilatildeo Enquanto a CAP era

formada por um colegiado de empregados e empregadores a direccedilatildeo dos IAPs

cabia a um representante do Estado sendo assessorado por um colegiado sem

poder deliberativo o qual ainda era escolhido pelos sindicatos reconhecidos pelo

governo

14

Observa-se nas palavras de Guerra (2009) que foi no periacuteodo militar que

houve uma maior mudanccedila em relaccedilatildeo a sauacutede puacuteblica onde as accedilotildees de

assistecircncia agrave sauacutede em niacutevel individual comeccedilaram com o surgimento da

Previdecircncia Social vinculando a assistecircncia meacutedica ao princiacutepio do seguro social e

colocando-a no mesmo plano de benefiacutecios como as aposentadorias pensotildees por

invalidez etc O processo de unificaccedilatildeo previsto em 1960 se efetiva em 2 de janeiro

de 1967 com a criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) reunindo

os seis Institutos de Aposentadorias e Pensotildees o Serviccedilo de Assistecircncia Meacutedica e

Domiciliar de Urgecircncia (SAMDU) e a Superintendecircncia dos Serviccedilos de Reabilitaccedilatildeo

da Previdecircncia Social

A construccedilatildeo ou reforma de inuacutemeras cliacutenicas e hospitais privados com

financiamento da Previdecircncia Social e o enfoque agrave medicina curativa fez com que

multiplicassem por todo o paiacutes as faculdades particulares de medicina O ensino

meacutedico passou a ser desvinculado da realidade sanitaacuteria da populaccedilatildeo voltado para

a especializaccedilatildeo e a sofisticaccedilatildeo tecnoloacutegica e dependente das induacutestrias

farmacecircuticas e de equipamentos meacutedico-hospitalares Quando o INPS foi criado

em 1966 o governo liberou verba a fundo perdido para empresas privadas

construiacuterem hospitais depois o INPS enviou seus segurados para estes hospitais

isto eacute a Previdecircncia financiou e sustentou estes hospitais por 20 anos

Posteriormente estes proprietaacuterios consideraram-se capitalizados e se

descredenciaram do INPS O dinheiro da previdecircncia natildeo era mais suficiente para

cobrir os gastos com assistecircncia meacutedica e o nuacutemero de leitos diminuiu portanto um

dos motivos da falecircncia da Previdecircncia foram os custos crescentes determinados

pela privatizaccedilatildeo da rede (Secretaria Municipal da Sauacutede de Satildeo Paulo 1992)

De acordo com Luz (1991) a partir de 1983 a sociedade civil estabelecida

reivindicou junto com um Congresso Nacional novas poliacuteticas sociais que

pudessem asseverar plenos direitos de cidadania aos brasileiros inclusive direito agrave

sauacutede visto tambeacutem como dever do Estado Pela primeira vez na histoacuteria do paiacutes a

sauacutede era vista socialmente como um direito universal e dever do Estado isto eacute

como dimensatildeo social da cidadania

15

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito

ldquoA sauacutede eacute um bem real ao mesmo tempo abstrato que soacute se pretende

obter quando se perde e ela se torna necessidade materializada no seu contraacuterio a

doenccedilardquo (RIBEIRO 1993) Assim natildeo sendo um bem econocircmico cabe ao Estado

prover os recursos indispensaacuteveis para sua prevenccedilatildeo considerando a sauacutede um

ldquobem puacuteblico purordquo (RIANI 1986)

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o sistema de sauacutede era tido como

residual marcado pela assistecircncia meacutedica excludente e sistemaacutetica o que provocou

o crescimento de serviccedilos privados de sauacutede rede de serviccedilos sucateada

priorizaccedilatildeo da assistecircncia meacutedico-hospitalar permitindo o crescimento expansivo da

sauacutede privada

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a Carta Magna de 1988 garante a

sauacutede como direito de todos e um dever do Estado tendo os usuaacuterios acesso

igualitaacuterio e universal agraves accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

As instituiccedilotildees privadas tecircm sua participaccedilatildeo de forma a complementar os serviccedilos

do SUS Seus princiacutepios baacutesicos satildeo a descentralizaccedilatildeo com delegaccedilatildeo de poderes

para os niacuteveis estatal e municipal tendo o atendimento integral com maior enfoque a

atividades preventivas

Na concepccedilatildeo de Oliveira JR (1998) o SUS apesar de ser legalmente

democraacutetico jaacute nasceu com descreacutedito da populaccedilatildeo sendo considerado pelos

formadores de opiniatildeo como o sucessor do fraudulento INAMPS

As poliacuteticas de sauacutede no Brasil segundo Roncalli (2003) poderiam ser

classificadas como residuais jaacute que natildeo abrangem toda a comunidade como seu

objeto de proteccedilatildeo social e meritocraacutetico-corporativas pois estavam os direitos

sociais restritos a vinculaccedilatildeo ao sistema previdenciaacuterio ficando o exerciacutecio da

cidadania determinado pelo trabalho e contribuiccedilatildeo na previdecircncia considerada

como uma cidadania regulada

Assim ateacute a deacutecada de 80 as poliacuteticas de sauacutede no Brasil possuem uma

caracteriacutestica bastante peculiar visto a intervenccedilatildeo do Estado para solucionar

problemas de sauacutede ldquouma estreita relaccedilatildeo entre o estabelecimento das poliacuteticas de

sauacutede e o modelo econocircmico vigente e uma clara distinccedilatildeo entre as accedilotildees de sauacutede

puacuteblica e de assistecircncia meacutedicardquo (RONCALLI 2003)

16

Desta forma a accedilatildeo exercida pelo Estado era residual jaacute natildeo existia uma

poliacutetica social voltada para a sauacutede dos indiviacuteduos e esta natildeo era considerada como

um direito social

[] Efetivamente a accedilatildeo do Estado perante as necessidades sociais baacutesicas limitava-se a reparaccedilatildeo toacutepicas e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e fragmentadas a reivindicaccedilotildees sociais dos trabalhadores e de setores populacionais empobrecidos dos grandes centros urbanos (PEREIRA 2002 p 128)

De acordo com Ribeiro (1993) os Estados mercantilistas dos Seacuteculos XVI e

XVII se preocupavam com a sauacutede de suas populaccedilotildees ldquo[] conscientes de que a

produccedilatildeo sua comercializaccedilatildeo e consequentemente a arrecadaccedilatildeo de impostos

para mantecirc-los dependiam da sauacutede dos que trabalhavam []rdquo

Segundo Paim (1986) entender o Estado como elemento que natildeo eacute neutro

dentro de uma sociedade estruturada em classe explica o seu desempenho voltado

para os interesses das classes hegemocircnicas que tentam evitar tensotildees

sociaiscontemplando dentro de certos limites determinadas necessidades das

classes subalternas O Estado que eacute ldquoinstrumento que pode ser manipulado

livremente pelos grupos que controlam o poderrdquo passa a privilegiar a sauacutede da

economia em detrimento da sauacutede da coletividade (PAIM 1986)

Desse modo para o referido autor o Estado deixa de ser apenas um

aparelho de repressatildeo ideologia econocircmico e simplesmente burocraacutetico para

expressar uma relaccedilatildeo das forccedilas sociais que se manteacutem em constante luta pela

efetivaccedilatildeo de seus objetivos O mesmo autor acrescenta ainda que ldquoo Estado eacute todo

o complexo de atividades praacuteticas e teoacutericas com as quais a classe dirigente justifica

e manteacutem natildeo soacute o seu domiacutenio mas consegue obter o consenso ativo dos

governados []rdquo (PAIM 1986 p 212)

Em se tratando de sauacutede o Estado se diversifica entre uma accedilatildeo

fundamentalmente normativa e uma intervenccedilatildeo que facilita o consumo de serviccedilos

Hoje o sistema uacutenico de sauacutede (SUS) vem deixando a desejar e que este

sistema conspira contra os princiacutepios da universalidade equumlidade e integralidade

na atenccedilatildeo agrave sauacutede consagrados na Constituiccedilatildeo (PAIM 1992 p 40)

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

11

Houve um grande crescimento econocircmico no Brasil no entanto foi um

periacuteodo de crise soacutecio-econocircmica e sanitaacuteria porque a febre amarela entre outras

epidemias ameaccedilavam a economia agroexportadora brasileira prejudicando

principalmente a exportaccedilatildeo de cafeacute pois os navios estrangeiros se recusavam a

atracar nos portos brasileiros o que tambeacutem reduzia a imigraccedilatildeo de matildeo-de-obra

Para reverter a situaccedilatildeo o governo criou medidas que garantissem a sauacutede da

populaccedilatildeo trabalhadora atraveacutes de campanhas sanitaacuterias de caraacuteter autoritaacuterio

(SCLIAR1987)

Ou seja com a Proclamaccedilatildeo da Repuacuteblica elaborou-se a Constituiccedilatildeo que

assinalava a preponderacircncia dos grandes Estados nas decisotildees nacionais Assim o

poder centralizou-se nos Estados produtores de cafeacute da regiatildeo centro-sul

instalando-se a poliacutetica do cafeacute com leite Essa Constituiccedilatildeo incorporou a sauacutede

como uma aacuterea de acircmbito estatal estabelecendo sua estrutura e locais de atuaccedilatildeo

(IYDA 1994)

Pode-se dizer pelo exposto que embora a sauacutede da populaccedilatildeo

especialmente no combate agrave lepra e agrave peste e a existecircncia de algum controle

sanitaacuterio em relaccedilatildeo aos portos ruas casas e praias tenha sido objeto de atenccedilatildeo

da administraccedilatildeo portuguesa em fases anteriores a transformaccedilatildeo do objetivo da

medicina da doenccedila para a sauacutede iraacute ocorrer somente no seacuteculo XIX quando ldquoo

conhecimento da colocircnia eacute colocado como fundamento necessaacuterio para uma

intervenccedilatildeo dirigida para o aumento da produccedilatildeo para a defesa da terra para a

sauacutede da populaccedilatildeordquo (Machado et al 1978)

Portanto pode-se observar de acordo com as palavras de Machado e

colaboradores (1978) que ldquoa administraccedilatildeo portuguesa natildeo se caracterizou pelo

menos ateacute a segunda metade do seacuteculo XVIII pela organizaccedilatildeo do espaccedilo social

visando um ataque planificado e continuado agraves causas de doenccedila agindo por isso

de modo muito mais negativo que positivo no que diz respeito agrave sauacutederdquo

12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede

Como exposto acima pode-se observar que as accedilotildees desenvolvidas na

eacutepoca eram accedilotildees reguladoras compreendendo as atividades dos cirurgiotildees e a

criaccedilatildeo das primeiras escolas de medicina como aconteceu na Bahia com a criaccedilatildeo

12

da Escola de Cirurgia no ano de 1808 e no Rio de Janeiro com a criaccedilatildeo da

caacutetedra de anatomia no Hospital Militar acompanhada pela medicina operatoacuteria em

1809 Mas foi no ano de 1829 com a criaccedilatildeo da Sociedade de Medicina e Cirurgia

do Rio de Janeiro que de acordo com Machado et al (1978) ldquolutaraacute de diversas

maneiras para impor-se como guardiatilde da sauacutede puacuteblicardquo A partir daiacute comeccedila o

inicio da implantaccedilatildeo da medicina social no Brasil que passa a lutar pela defesa das

ciecircncias meacutedicas

Nessa mesma eacutepoca foi constituiacuteda a Academia Real de Medicina Social no

ano de 1829 na Bahia que funcionou como oacutergatildeo de consulta nas questotildees ligadas

a sauacutede do Imperador D Pedro I que tinha como objetivos a proteccedilatildeo da sauacutede da

populaccedilatildeo segundo os exemplos da Europa e a defesa da ciecircncia o que colaborou

para a constituiccedilatildeo da superioridade do exerciacutecio da medicina no Brasil

Nas palavras de Luz (1991) a primeira medida concreta em niacutevel nacional

para a criaccedilatildeo do sistema de sauacutede puacuteblica aconteceu na deacutecada de 20 A Diretoria

Geral de Sauacutede Puacuteblica eacute organizada pelo meacutedico sanitarista Oswaldo Cruz que

resolve o problema sanitaacuterio implementando progressivamente instituiccedilotildees

puacuteblicas de higiene e sauacutede Oswaldo Cruz adotou o modelo das campanhas

sanitaacuterias (inspirado no modelo americano mas importado de Cuba) destinado a

combater as epidemias urbanas e mais tarde as endemias rurais

As campanhas de sauacutede puacuteblica eram organizadas de tal forma que

assemelhavam-se a campanhas militares dividindo as cidades em distritos

encarcerando os doentes portadores de doenccedilas contagiosas e obrigando pela

forccedila o emprego de praacuteticas sanitaristas Esta situaccedilatildeo levou agrave Revolta da Vacina

no Rio de Janeiro quando a populaccedilatildeo revoltou-se com a obrigatoriedade da vacina

contra a variacuteola (SCLIAR 1987)

Interessante eacute a observaccedilatildeo de Moraes (1983) quando diz ldquoa ausecircncia da

questatildeo da sauacutede na bibliografia histoacuterica brasileira no que diz respeito agraves

condiccedilotildees de vida e de trabalho e de seus aspectos institucionais pode conduzir a

pensar numa negligecircncia em considerar e analisar este temardquo

Iyda (1994) afirma que foi no governo de Rodrigues Alves que se

desencadeou accedilotildees que tiveram como vertente a chamada Higienizaccedilatildeordquo Atraveacutes

da figura de Osvaldo Cruz a questatildeo sanitaacuteria passou a ser tomada como uma

questatildeo poliacutetica Como exemplo pode-se verificar a lei sobre a vacinaccedilatildeo e re-

13

vacinaccedilatildeo contra a variacuteola no ano de 1904 processo que gerou uma seacuterie de

revoltas no acircmago da populaccedilatildeo civil contra o sentido militar imputado agrave campanha

A partir daiacute o Estado passou a receber fortes pressotildees por parte de

intelectuais e militares para a criaccedilatildeo de novos serviccedilos na aacuterea de Sauacutede Puacuteblica

culminando em 1931 com a criaccedilatildeo do Ministeacuterio de Educaccedilatildeo e Sauacutede Nesta fase

a Sauacutede Puacuteblica definiu seu papel e os burocratas e as classes que apoiavam a

Revoluccedilatildeo Constitucionalista obtiveram grandes privileacutegios poliacuteticos (IYDA 1993)

Com a criaccedilatildeo do Departamento Nacional da Sauacutede Puacuteblica que tinha como

objetivo a extensatildeo dos serviccedilos de saneamento urbano e rural aleacutem da higiene

industrial e materno-infantil a Sauacutede Puacuteblica passou a ser tomada como questatildeo

social Datam dessa eacutepoca os primeiros encontros do sanitaristas que bradavam por

soluccedilotildees mais eficazes no que tocava agraves questotildees de sauacutede Esse movimento

sanitaacuterio difundiu a necessidade da educaccedilatildeo sanitaacuteria como uma estrateacutegia para a

promoccedilatildeo da sauacutede e o conteuacutedo dos discursos era permeado por uma intensa

fermentaccedilatildeo de ordem liberal (BRAGA PAULA 1987)

De acordo com Luz (1991)

Desde o iniacutecio a implantaccedilatildeo dos programas e serviccedilos de auxiacutelio agrave sauacutede foi impregnada de praacuteticas clientelistas tiacutepicas do regime populista que caracterizou a Era Vargas Tais praacuteticas se ancoraram tambeacutem nos sindicatos de trabalhadores nos quais ajudaram a criar normas administrativas e poliacuteticas de pessoal adequadas a estrateacutegias de cooptaccedilatildeo das elites sindicais simpatizantes e de exclusatildeo das discordantes alccedilando aquelas agrave direccedilatildeo das instituiccedilotildees e agrave gestatildeo dos programas governamentais

Ainda na deacutecada de 30 foi criado os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

(IAPs) os quais diferentemente das antigas Caixas satildeo organizados por categorias

profissionais natildeo mais por empresas e que foram considerados como o marco da

medicina previdenciaacuteria brasileira (SILVA1996)

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a mudanccedila ocorrida natildeo foi

apenas nas siglas mas tambeacutem na forma de administraccedilatildeo Enquanto a CAP era

formada por um colegiado de empregados e empregadores a direccedilatildeo dos IAPs

cabia a um representante do Estado sendo assessorado por um colegiado sem

poder deliberativo o qual ainda era escolhido pelos sindicatos reconhecidos pelo

governo

14

Observa-se nas palavras de Guerra (2009) que foi no periacuteodo militar que

houve uma maior mudanccedila em relaccedilatildeo a sauacutede puacuteblica onde as accedilotildees de

assistecircncia agrave sauacutede em niacutevel individual comeccedilaram com o surgimento da

Previdecircncia Social vinculando a assistecircncia meacutedica ao princiacutepio do seguro social e

colocando-a no mesmo plano de benefiacutecios como as aposentadorias pensotildees por

invalidez etc O processo de unificaccedilatildeo previsto em 1960 se efetiva em 2 de janeiro

de 1967 com a criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) reunindo

os seis Institutos de Aposentadorias e Pensotildees o Serviccedilo de Assistecircncia Meacutedica e

Domiciliar de Urgecircncia (SAMDU) e a Superintendecircncia dos Serviccedilos de Reabilitaccedilatildeo

da Previdecircncia Social

A construccedilatildeo ou reforma de inuacutemeras cliacutenicas e hospitais privados com

financiamento da Previdecircncia Social e o enfoque agrave medicina curativa fez com que

multiplicassem por todo o paiacutes as faculdades particulares de medicina O ensino

meacutedico passou a ser desvinculado da realidade sanitaacuteria da populaccedilatildeo voltado para

a especializaccedilatildeo e a sofisticaccedilatildeo tecnoloacutegica e dependente das induacutestrias

farmacecircuticas e de equipamentos meacutedico-hospitalares Quando o INPS foi criado

em 1966 o governo liberou verba a fundo perdido para empresas privadas

construiacuterem hospitais depois o INPS enviou seus segurados para estes hospitais

isto eacute a Previdecircncia financiou e sustentou estes hospitais por 20 anos

Posteriormente estes proprietaacuterios consideraram-se capitalizados e se

descredenciaram do INPS O dinheiro da previdecircncia natildeo era mais suficiente para

cobrir os gastos com assistecircncia meacutedica e o nuacutemero de leitos diminuiu portanto um

dos motivos da falecircncia da Previdecircncia foram os custos crescentes determinados

pela privatizaccedilatildeo da rede (Secretaria Municipal da Sauacutede de Satildeo Paulo 1992)

De acordo com Luz (1991) a partir de 1983 a sociedade civil estabelecida

reivindicou junto com um Congresso Nacional novas poliacuteticas sociais que

pudessem asseverar plenos direitos de cidadania aos brasileiros inclusive direito agrave

sauacutede visto tambeacutem como dever do Estado Pela primeira vez na histoacuteria do paiacutes a

sauacutede era vista socialmente como um direito universal e dever do Estado isto eacute

como dimensatildeo social da cidadania

15

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito

ldquoA sauacutede eacute um bem real ao mesmo tempo abstrato que soacute se pretende

obter quando se perde e ela se torna necessidade materializada no seu contraacuterio a

doenccedilardquo (RIBEIRO 1993) Assim natildeo sendo um bem econocircmico cabe ao Estado

prover os recursos indispensaacuteveis para sua prevenccedilatildeo considerando a sauacutede um

ldquobem puacuteblico purordquo (RIANI 1986)

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o sistema de sauacutede era tido como

residual marcado pela assistecircncia meacutedica excludente e sistemaacutetica o que provocou

o crescimento de serviccedilos privados de sauacutede rede de serviccedilos sucateada

priorizaccedilatildeo da assistecircncia meacutedico-hospitalar permitindo o crescimento expansivo da

sauacutede privada

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a Carta Magna de 1988 garante a

sauacutede como direito de todos e um dever do Estado tendo os usuaacuterios acesso

igualitaacuterio e universal agraves accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

As instituiccedilotildees privadas tecircm sua participaccedilatildeo de forma a complementar os serviccedilos

do SUS Seus princiacutepios baacutesicos satildeo a descentralizaccedilatildeo com delegaccedilatildeo de poderes

para os niacuteveis estatal e municipal tendo o atendimento integral com maior enfoque a

atividades preventivas

Na concepccedilatildeo de Oliveira JR (1998) o SUS apesar de ser legalmente

democraacutetico jaacute nasceu com descreacutedito da populaccedilatildeo sendo considerado pelos

formadores de opiniatildeo como o sucessor do fraudulento INAMPS

As poliacuteticas de sauacutede no Brasil segundo Roncalli (2003) poderiam ser

classificadas como residuais jaacute que natildeo abrangem toda a comunidade como seu

objeto de proteccedilatildeo social e meritocraacutetico-corporativas pois estavam os direitos

sociais restritos a vinculaccedilatildeo ao sistema previdenciaacuterio ficando o exerciacutecio da

cidadania determinado pelo trabalho e contribuiccedilatildeo na previdecircncia considerada

como uma cidadania regulada

Assim ateacute a deacutecada de 80 as poliacuteticas de sauacutede no Brasil possuem uma

caracteriacutestica bastante peculiar visto a intervenccedilatildeo do Estado para solucionar

problemas de sauacutede ldquouma estreita relaccedilatildeo entre o estabelecimento das poliacuteticas de

sauacutede e o modelo econocircmico vigente e uma clara distinccedilatildeo entre as accedilotildees de sauacutede

puacuteblica e de assistecircncia meacutedicardquo (RONCALLI 2003)

16

Desta forma a accedilatildeo exercida pelo Estado era residual jaacute natildeo existia uma

poliacutetica social voltada para a sauacutede dos indiviacuteduos e esta natildeo era considerada como

um direito social

[] Efetivamente a accedilatildeo do Estado perante as necessidades sociais baacutesicas limitava-se a reparaccedilatildeo toacutepicas e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e fragmentadas a reivindicaccedilotildees sociais dos trabalhadores e de setores populacionais empobrecidos dos grandes centros urbanos (PEREIRA 2002 p 128)

De acordo com Ribeiro (1993) os Estados mercantilistas dos Seacuteculos XVI e

XVII se preocupavam com a sauacutede de suas populaccedilotildees ldquo[] conscientes de que a

produccedilatildeo sua comercializaccedilatildeo e consequentemente a arrecadaccedilatildeo de impostos

para mantecirc-los dependiam da sauacutede dos que trabalhavam []rdquo

Segundo Paim (1986) entender o Estado como elemento que natildeo eacute neutro

dentro de uma sociedade estruturada em classe explica o seu desempenho voltado

para os interesses das classes hegemocircnicas que tentam evitar tensotildees

sociaiscontemplando dentro de certos limites determinadas necessidades das

classes subalternas O Estado que eacute ldquoinstrumento que pode ser manipulado

livremente pelos grupos que controlam o poderrdquo passa a privilegiar a sauacutede da

economia em detrimento da sauacutede da coletividade (PAIM 1986)

Desse modo para o referido autor o Estado deixa de ser apenas um

aparelho de repressatildeo ideologia econocircmico e simplesmente burocraacutetico para

expressar uma relaccedilatildeo das forccedilas sociais que se manteacutem em constante luta pela

efetivaccedilatildeo de seus objetivos O mesmo autor acrescenta ainda que ldquoo Estado eacute todo

o complexo de atividades praacuteticas e teoacutericas com as quais a classe dirigente justifica

e manteacutem natildeo soacute o seu domiacutenio mas consegue obter o consenso ativo dos

governados []rdquo (PAIM 1986 p 212)

Em se tratando de sauacutede o Estado se diversifica entre uma accedilatildeo

fundamentalmente normativa e uma intervenccedilatildeo que facilita o consumo de serviccedilos

Hoje o sistema uacutenico de sauacutede (SUS) vem deixando a desejar e que este

sistema conspira contra os princiacutepios da universalidade equumlidade e integralidade

na atenccedilatildeo agrave sauacutede consagrados na Constituiccedilatildeo (PAIM 1992 p 40)

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

12

da Escola de Cirurgia no ano de 1808 e no Rio de Janeiro com a criaccedilatildeo da

caacutetedra de anatomia no Hospital Militar acompanhada pela medicina operatoacuteria em

1809 Mas foi no ano de 1829 com a criaccedilatildeo da Sociedade de Medicina e Cirurgia

do Rio de Janeiro que de acordo com Machado et al (1978) ldquolutaraacute de diversas

maneiras para impor-se como guardiatilde da sauacutede puacuteblicardquo A partir daiacute comeccedila o

inicio da implantaccedilatildeo da medicina social no Brasil que passa a lutar pela defesa das

ciecircncias meacutedicas

Nessa mesma eacutepoca foi constituiacuteda a Academia Real de Medicina Social no

ano de 1829 na Bahia que funcionou como oacutergatildeo de consulta nas questotildees ligadas

a sauacutede do Imperador D Pedro I que tinha como objetivos a proteccedilatildeo da sauacutede da

populaccedilatildeo segundo os exemplos da Europa e a defesa da ciecircncia o que colaborou

para a constituiccedilatildeo da superioridade do exerciacutecio da medicina no Brasil

Nas palavras de Luz (1991) a primeira medida concreta em niacutevel nacional

para a criaccedilatildeo do sistema de sauacutede puacuteblica aconteceu na deacutecada de 20 A Diretoria

Geral de Sauacutede Puacuteblica eacute organizada pelo meacutedico sanitarista Oswaldo Cruz que

resolve o problema sanitaacuterio implementando progressivamente instituiccedilotildees

puacuteblicas de higiene e sauacutede Oswaldo Cruz adotou o modelo das campanhas

sanitaacuterias (inspirado no modelo americano mas importado de Cuba) destinado a

combater as epidemias urbanas e mais tarde as endemias rurais

As campanhas de sauacutede puacuteblica eram organizadas de tal forma que

assemelhavam-se a campanhas militares dividindo as cidades em distritos

encarcerando os doentes portadores de doenccedilas contagiosas e obrigando pela

forccedila o emprego de praacuteticas sanitaristas Esta situaccedilatildeo levou agrave Revolta da Vacina

no Rio de Janeiro quando a populaccedilatildeo revoltou-se com a obrigatoriedade da vacina

contra a variacuteola (SCLIAR 1987)

Interessante eacute a observaccedilatildeo de Moraes (1983) quando diz ldquoa ausecircncia da

questatildeo da sauacutede na bibliografia histoacuterica brasileira no que diz respeito agraves

condiccedilotildees de vida e de trabalho e de seus aspectos institucionais pode conduzir a

pensar numa negligecircncia em considerar e analisar este temardquo

Iyda (1994) afirma que foi no governo de Rodrigues Alves que se

desencadeou accedilotildees que tiveram como vertente a chamada Higienizaccedilatildeordquo Atraveacutes

da figura de Osvaldo Cruz a questatildeo sanitaacuteria passou a ser tomada como uma

questatildeo poliacutetica Como exemplo pode-se verificar a lei sobre a vacinaccedilatildeo e re-

13

vacinaccedilatildeo contra a variacuteola no ano de 1904 processo que gerou uma seacuterie de

revoltas no acircmago da populaccedilatildeo civil contra o sentido militar imputado agrave campanha

A partir daiacute o Estado passou a receber fortes pressotildees por parte de

intelectuais e militares para a criaccedilatildeo de novos serviccedilos na aacuterea de Sauacutede Puacuteblica

culminando em 1931 com a criaccedilatildeo do Ministeacuterio de Educaccedilatildeo e Sauacutede Nesta fase

a Sauacutede Puacuteblica definiu seu papel e os burocratas e as classes que apoiavam a

Revoluccedilatildeo Constitucionalista obtiveram grandes privileacutegios poliacuteticos (IYDA 1993)

Com a criaccedilatildeo do Departamento Nacional da Sauacutede Puacuteblica que tinha como

objetivo a extensatildeo dos serviccedilos de saneamento urbano e rural aleacutem da higiene

industrial e materno-infantil a Sauacutede Puacuteblica passou a ser tomada como questatildeo

social Datam dessa eacutepoca os primeiros encontros do sanitaristas que bradavam por

soluccedilotildees mais eficazes no que tocava agraves questotildees de sauacutede Esse movimento

sanitaacuterio difundiu a necessidade da educaccedilatildeo sanitaacuteria como uma estrateacutegia para a

promoccedilatildeo da sauacutede e o conteuacutedo dos discursos era permeado por uma intensa

fermentaccedilatildeo de ordem liberal (BRAGA PAULA 1987)

De acordo com Luz (1991)

Desde o iniacutecio a implantaccedilatildeo dos programas e serviccedilos de auxiacutelio agrave sauacutede foi impregnada de praacuteticas clientelistas tiacutepicas do regime populista que caracterizou a Era Vargas Tais praacuteticas se ancoraram tambeacutem nos sindicatos de trabalhadores nos quais ajudaram a criar normas administrativas e poliacuteticas de pessoal adequadas a estrateacutegias de cooptaccedilatildeo das elites sindicais simpatizantes e de exclusatildeo das discordantes alccedilando aquelas agrave direccedilatildeo das instituiccedilotildees e agrave gestatildeo dos programas governamentais

Ainda na deacutecada de 30 foi criado os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

(IAPs) os quais diferentemente das antigas Caixas satildeo organizados por categorias

profissionais natildeo mais por empresas e que foram considerados como o marco da

medicina previdenciaacuteria brasileira (SILVA1996)

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a mudanccedila ocorrida natildeo foi

apenas nas siglas mas tambeacutem na forma de administraccedilatildeo Enquanto a CAP era

formada por um colegiado de empregados e empregadores a direccedilatildeo dos IAPs

cabia a um representante do Estado sendo assessorado por um colegiado sem

poder deliberativo o qual ainda era escolhido pelos sindicatos reconhecidos pelo

governo

14

Observa-se nas palavras de Guerra (2009) que foi no periacuteodo militar que

houve uma maior mudanccedila em relaccedilatildeo a sauacutede puacuteblica onde as accedilotildees de

assistecircncia agrave sauacutede em niacutevel individual comeccedilaram com o surgimento da

Previdecircncia Social vinculando a assistecircncia meacutedica ao princiacutepio do seguro social e

colocando-a no mesmo plano de benefiacutecios como as aposentadorias pensotildees por

invalidez etc O processo de unificaccedilatildeo previsto em 1960 se efetiva em 2 de janeiro

de 1967 com a criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) reunindo

os seis Institutos de Aposentadorias e Pensotildees o Serviccedilo de Assistecircncia Meacutedica e

Domiciliar de Urgecircncia (SAMDU) e a Superintendecircncia dos Serviccedilos de Reabilitaccedilatildeo

da Previdecircncia Social

A construccedilatildeo ou reforma de inuacutemeras cliacutenicas e hospitais privados com

financiamento da Previdecircncia Social e o enfoque agrave medicina curativa fez com que

multiplicassem por todo o paiacutes as faculdades particulares de medicina O ensino

meacutedico passou a ser desvinculado da realidade sanitaacuteria da populaccedilatildeo voltado para

a especializaccedilatildeo e a sofisticaccedilatildeo tecnoloacutegica e dependente das induacutestrias

farmacecircuticas e de equipamentos meacutedico-hospitalares Quando o INPS foi criado

em 1966 o governo liberou verba a fundo perdido para empresas privadas

construiacuterem hospitais depois o INPS enviou seus segurados para estes hospitais

isto eacute a Previdecircncia financiou e sustentou estes hospitais por 20 anos

Posteriormente estes proprietaacuterios consideraram-se capitalizados e se

descredenciaram do INPS O dinheiro da previdecircncia natildeo era mais suficiente para

cobrir os gastos com assistecircncia meacutedica e o nuacutemero de leitos diminuiu portanto um

dos motivos da falecircncia da Previdecircncia foram os custos crescentes determinados

pela privatizaccedilatildeo da rede (Secretaria Municipal da Sauacutede de Satildeo Paulo 1992)

De acordo com Luz (1991) a partir de 1983 a sociedade civil estabelecida

reivindicou junto com um Congresso Nacional novas poliacuteticas sociais que

pudessem asseverar plenos direitos de cidadania aos brasileiros inclusive direito agrave

sauacutede visto tambeacutem como dever do Estado Pela primeira vez na histoacuteria do paiacutes a

sauacutede era vista socialmente como um direito universal e dever do Estado isto eacute

como dimensatildeo social da cidadania

15

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito

ldquoA sauacutede eacute um bem real ao mesmo tempo abstrato que soacute se pretende

obter quando se perde e ela se torna necessidade materializada no seu contraacuterio a

doenccedilardquo (RIBEIRO 1993) Assim natildeo sendo um bem econocircmico cabe ao Estado

prover os recursos indispensaacuteveis para sua prevenccedilatildeo considerando a sauacutede um

ldquobem puacuteblico purordquo (RIANI 1986)

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o sistema de sauacutede era tido como

residual marcado pela assistecircncia meacutedica excludente e sistemaacutetica o que provocou

o crescimento de serviccedilos privados de sauacutede rede de serviccedilos sucateada

priorizaccedilatildeo da assistecircncia meacutedico-hospitalar permitindo o crescimento expansivo da

sauacutede privada

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a Carta Magna de 1988 garante a

sauacutede como direito de todos e um dever do Estado tendo os usuaacuterios acesso

igualitaacuterio e universal agraves accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

As instituiccedilotildees privadas tecircm sua participaccedilatildeo de forma a complementar os serviccedilos

do SUS Seus princiacutepios baacutesicos satildeo a descentralizaccedilatildeo com delegaccedilatildeo de poderes

para os niacuteveis estatal e municipal tendo o atendimento integral com maior enfoque a

atividades preventivas

Na concepccedilatildeo de Oliveira JR (1998) o SUS apesar de ser legalmente

democraacutetico jaacute nasceu com descreacutedito da populaccedilatildeo sendo considerado pelos

formadores de opiniatildeo como o sucessor do fraudulento INAMPS

As poliacuteticas de sauacutede no Brasil segundo Roncalli (2003) poderiam ser

classificadas como residuais jaacute que natildeo abrangem toda a comunidade como seu

objeto de proteccedilatildeo social e meritocraacutetico-corporativas pois estavam os direitos

sociais restritos a vinculaccedilatildeo ao sistema previdenciaacuterio ficando o exerciacutecio da

cidadania determinado pelo trabalho e contribuiccedilatildeo na previdecircncia considerada

como uma cidadania regulada

Assim ateacute a deacutecada de 80 as poliacuteticas de sauacutede no Brasil possuem uma

caracteriacutestica bastante peculiar visto a intervenccedilatildeo do Estado para solucionar

problemas de sauacutede ldquouma estreita relaccedilatildeo entre o estabelecimento das poliacuteticas de

sauacutede e o modelo econocircmico vigente e uma clara distinccedilatildeo entre as accedilotildees de sauacutede

puacuteblica e de assistecircncia meacutedicardquo (RONCALLI 2003)

16

Desta forma a accedilatildeo exercida pelo Estado era residual jaacute natildeo existia uma

poliacutetica social voltada para a sauacutede dos indiviacuteduos e esta natildeo era considerada como

um direito social

[] Efetivamente a accedilatildeo do Estado perante as necessidades sociais baacutesicas limitava-se a reparaccedilatildeo toacutepicas e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e fragmentadas a reivindicaccedilotildees sociais dos trabalhadores e de setores populacionais empobrecidos dos grandes centros urbanos (PEREIRA 2002 p 128)

De acordo com Ribeiro (1993) os Estados mercantilistas dos Seacuteculos XVI e

XVII se preocupavam com a sauacutede de suas populaccedilotildees ldquo[] conscientes de que a

produccedilatildeo sua comercializaccedilatildeo e consequentemente a arrecadaccedilatildeo de impostos

para mantecirc-los dependiam da sauacutede dos que trabalhavam []rdquo

Segundo Paim (1986) entender o Estado como elemento que natildeo eacute neutro

dentro de uma sociedade estruturada em classe explica o seu desempenho voltado

para os interesses das classes hegemocircnicas que tentam evitar tensotildees

sociaiscontemplando dentro de certos limites determinadas necessidades das

classes subalternas O Estado que eacute ldquoinstrumento que pode ser manipulado

livremente pelos grupos que controlam o poderrdquo passa a privilegiar a sauacutede da

economia em detrimento da sauacutede da coletividade (PAIM 1986)

Desse modo para o referido autor o Estado deixa de ser apenas um

aparelho de repressatildeo ideologia econocircmico e simplesmente burocraacutetico para

expressar uma relaccedilatildeo das forccedilas sociais que se manteacutem em constante luta pela

efetivaccedilatildeo de seus objetivos O mesmo autor acrescenta ainda que ldquoo Estado eacute todo

o complexo de atividades praacuteticas e teoacutericas com as quais a classe dirigente justifica

e manteacutem natildeo soacute o seu domiacutenio mas consegue obter o consenso ativo dos

governados []rdquo (PAIM 1986 p 212)

Em se tratando de sauacutede o Estado se diversifica entre uma accedilatildeo

fundamentalmente normativa e uma intervenccedilatildeo que facilita o consumo de serviccedilos

Hoje o sistema uacutenico de sauacutede (SUS) vem deixando a desejar e que este

sistema conspira contra os princiacutepios da universalidade equumlidade e integralidade

na atenccedilatildeo agrave sauacutede consagrados na Constituiccedilatildeo (PAIM 1992 p 40)

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

13

vacinaccedilatildeo contra a variacuteola no ano de 1904 processo que gerou uma seacuterie de

revoltas no acircmago da populaccedilatildeo civil contra o sentido militar imputado agrave campanha

A partir daiacute o Estado passou a receber fortes pressotildees por parte de

intelectuais e militares para a criaccedilatildeo de novos serviccedilos na aacuterea de Sauacutede Puacuteblica

culminando em 1931 com a criaccedilatildeo do Ministeacuterio de Educaccedilatildeo e Sauacutede Nesta fase

a Sauacutede Puacuteblica definiu seu papel e os burocratas e as classes que apoiavam a

Revoluccedilatildeo Constitucionalista obtiveram grandes privileacutegios poliacuteticos (IYDA 1993)

Com a criaccedilatildeo do Departamento Nacional da Sauacutede Puacuteblica que tinha como

objetivo a extensatildeo dos serviccedilos de saneamento urbano e rural aleacutem da higiene

industrial e materno-infantil a Sauacutede Puacuteblica passou a ser tomada como questatildeo

social Datam dessa eacutepoca os primeiros encontros do sanitaristas que bradavam por

soluccedilotildees mais eficazes no que tocava agraves questotildees de sauacutede Esse movimento

sanitaacuterio difundiu a necessidade da educaccedilatildeo sanitaacuteria como uma estrateacutegia para a

promoccedilatildeo da sauacutede e o conteuacutedo dos discursos era permeado por uma intensa

fermentaccedilatildeo de ordem liberal (BRAGA PAULA 1987)

De acordo com Luz (1991)

Desde o iniacutecio a implantaccedilatildeo dos programas e serviccedilos de auxiacutelio agrave sauacutede foi impregnada de praacuteticas clientelistas tiacutepicas do regime populista que caracterizou a Era Vargas Tais praacuteticas se ancoraram tambeacutem nos sindicatos de trabalhadores nos quais ajudaram a criar normas administrativas e poliacuteticas de pessoal adequadas a estrateacutegias de cooptaccedilatildeo das elites sindicais simpatizantes e de exclusatildeo das discordantes alccedilando aquelas agrave direccedilatildeo das instituiccedilotildees e agrave gestatildeo dos programas governamentais

Ainda na deacutecada de 30 foi criado os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

(IAPs) os quais diferentemente das antigas Caixas satildeo organizados por categorias

profissionais natildeo mais por empresas e que foram considerados como o marco da

medicina previdenciaacuteria brasileira (SILVA1996)

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a mudanccedila ocorrida natildeo foi

apenas nas siglas mas tambeacutem na forma de administraccedilatildeo Enquanto a CAP era

formada por um colegiado de empregados e empregadores a direccedilatildeo dos IAPs

cabia a um representante do Estado sendo assessorado por um colegiado sem

poder deliberativo o qual ainda era escolhido pelos sindicatos reconhecidos pelo

governo

14

Observa-se nas palavras de Guerra (2009) que foi no periacuteodo militar que

houve uma maior mudanccedila em relaccedilatildeo a sauacutede puacuteblica onde as accedilotildees de

assistecircncia agrave sauacutede em niacutevel individual comeccedilaram com o surgimento da

Previdecircncia Social vinculando a assistecircncia meacutedica ao princiacutepio do seguro social e

colocando-a no mesmo plano de benefiacutecios como as aposentadorias pensotildees por

invalidez etc O processo de unificaccedilatildeo previsto em 1960 se efetiva em 2 de janeiro

de 1967 com a criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) reunindo

os seis Institutos de Aposentadorias e Pensotildees o Serviccedilo de Assistecircncia Meacutedica e

Domiciliar de Urgecircncia (SAMDU) e a Superintendecircncia dos Serviccedilos de Reabilitaccedilatildeo

da Previdecircncia Social

A construccedilatildeo ou reforma de inuacutemeras cliacutenicas e hospitais privados com

financiamento da Previdecircncia Social e o enfoque agrave medicina curativa fez com que

multiplicassem por todo o paiacutes as faculdades particulares de medicina O ensino

meacutedico passou a ser desvinculado da realidade sanitaacuteria da populaccedilatildeo voltado para

a especializaccedilatildeo e a sofisticaccedilatildeo tecnoloacutegica e dependente das induacutestrias

farmacecircuticas e de equipamentos meacutedico-hospitalares Quando o INPS foi criado

em 1966 o governo liberou verba a fundo perdido para empresas privadas

construiacuterem hospitais depois o INPS enviou seus segurados para estes hospitais

isto eacute a Previdecircncia financiou e sustentou estes hospitais por 20 anos

Posteriormente estes proprietaacuterios consideraram-se capitalizados e se

descredenciaram do INPS O dinheiro da previdecircncia natildeo era mais suficiente para

cobrir os gastos com assistecircncia meacutedica e o nuacutemero de leitos diminuiu portanto um

dos motivos da falecircncia da Previdecircncia foram os custos crescentes determinados

pela privatizaccedilatildeo da rede (Secretaria Municipal da Sauacutede de Satildeo Paulo 1992)

De acordo com Luz (1991) a partir de 1983 a sociedade civil estabelecida

reivindicou junto com um Congresso Nacional novas poliacuteticas sociais que

pudessem asseverar plenos direitos de cidadania aos brasileiros inclusive direito agrave

sauacutede visto tambeacutem como dever do Estado Pela primeira vez na histoacuteria do paiacutes a

sauacutede era vista socialmente como um direito universal e dever do Estado isto eacute

como dimensatildeo social da cidadania

15

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito

ldquoA sauacutede eacute um bem real ao mesmo tempo abstrato que soacute se pretende

obter quando se perde e ela se torna necessidade materializada no seu contraacuterio a

doenccedilardquo (RIBEIRO 1993) Assim natildeo sendo um bem econocircmico cabe ao Estado

prover os recursos indispensaacuteveis para sua prevenccedilatildeo considerando a sauacutede um

ldquobem puacuteblico purordquo (RIANI 1986)

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o sistema de sauacutede era tido como

residual marcado pela assistecircncia meacutedica excludente e sistemaacutetica o que provocou

o crescimento de serviccedilos privados de sauacutede rede de serviccedilos sucateada

priorizaccedilatildeo da assistecircncia meacutedico-hospitalar permitindo o crescimento expansivo da

sauacutede privada

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a Carta Magna de 1988 garante a

sauacutede como direito de todos e um dever do Estado tendo os usuaacuterios acesso

igualitaacuterio e universal agraves accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

As instituiccedilotildees privadas tecircm sua participaccedilatildeo de forma a complementar os serviccedilos

do SUS Seus princiacutepios baacutesicos satildeo a descentralizaccedilatildeo com delegaccedilatildeo de poderes

para os niacuteveis estatal e municipal tendo o atendimento integral com maior enfoque a

atividades preventivas

Na concepccedilatildeo de Oliveira JR (1998) o SUS apesar de ser legalmente

democraacutetico jaacute nasceu com descreacutedito da populaccedilatildeo sendo considerado pelos

formadores de opiniatildeo como o sucessor do fraudulento INAMPS

As poliacuteticas de sauacutede no Brasil segundo Roncalli (2003) poderiam ser

classificadas como residuais jaacute que natildeo abrangem toda a comunidade como seu

objeto de proteccedilatildeo social e meritocraacutetico-corporativas pois estavam os direitos

sociais restritos a vinculaccedilatildeo ao sistema previdenciaacuterio ficando o exerciacutecio da

cidadania determinado pelo trabalho e contribuiccedilatildeo na previdecircncia considerada

como uma cidadania regulada

Assim ateacute a deacutecada de 80 as poliacuteticas de sauacutede no Brasil possuem uma

caracteriacutestica bastante peculiar visto a intervenccedilatildeo do Estado para solucionar

problemas de sauacutede ldquouma estreita relaccedilatildeo entre o estabelecimento das poliacuteticas de

sauacutede e o modelo econocircmico vigente e uma clara distinccedilatildeo entre as accedilotildees de sauacutede

puacuteblica e de assistecircncia meacutedicardquo (RONCALLI 2003)

16

Desta forma a accedilatildeo exercida pelo Estado era residual jaacute natildeo existia uma

poliacutetica social voltada para a sauacutede dos indiviacuteduos e esta natildeo era considerada como

um direito social

[] Efetivamente a accedilatildeo do Estado perante as necessidades sociais baacutesicas limitava-se a reparaccedilatildeo toacutepicas e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e fragmentadas a reivindicaccedilotildees sociais dos trabalhadores e de setores populacionais empobrecidos dos grandes centros urbanos (PEREIRA 2002 p 128)

De acordo com Ribeiro (1993) os Estados mercantilistas dos Seacuteculos XVI e

XVII se preocupavam com a sauacutede de suas populaccedilotildees ldquo[] conscientes de que a

produccedilatildeo sua comercializaccedilatildeo e consequentemente a arrecadaccedilatildeo de impostos

para mantecirc-los dependiam da sauacutede dos que trabalhavam []rdquo

Segundo Paim (1986) entender o Estado como elemento que natildeo eacute neutro

dentro de uma sociedade estruturada em classe explica o seu desempenho voltado

para os interesses das classes hegemocircnicas que tentam evitar tensotildees

sociaiscontemplando dentro de certos limites determinadas necessidades das

classes subalternas O Estado que eacute ldquoinstrumento que pode ser manipulado

livremente pelos grupos que controlam o poderrdquo passa a privilegiar a sauacutede da

economia em detrimento da sauacutede da coletividade (PAIM 1986)

Desse modo para o referido autor o Estado deixa de ser apenas um

aparelho de repressatildeo ideologia econocircmico e simplesmente burocraacutetico para

expressar uma relaccedilatildeo das forccedilas sociais que se manteacutem em constante luta pela

efetivaccedilatildeo de seus objetivos O mesmo autor acrescenta ainda que ldquoo Estado eacute todo

o complexo de atividades praacuteticas e teoacutericas com as quais a classe dirigente justifica

e manteacutem natildeo soacute o seu domiacutenio mas consegue obter o consenso ativo dos

governados []rdquo (PAIM 1986 p 212)

Em se tratando de sauacutede o Estado se diversifica entre uma accedilatildeo

fundamentalmente normativa e uma intervenccedilatildeo que facilita o consumo de serviccedilos

Hoje o sistema uacutenico de sauacutede (SUS) vem deixando a desejar e que este

sistema conspira contra os princiacutepios da universalidade equumlidade e integralidade

na atenccedilatildeo agrave sauacutede consagrados na Constituiccedilatildeo (PAIM 1992 p 40)

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

14

Observa-se nas palavras de Guerra (2009) que foi no periacuteodo militar que

houve uma maior mudanccedila em relaccedilatildeo a sauacutede puacuteblica onde as accedilotildees de

assistecircncia agrave sauacutede em niacutevel individual comeccedilaram com o surgimento da

Previdecircncia Social vinculando a assistecircncia meacutedica ao princiacutepio do seguro social e

colocando-a no mesmo plano de benefiacutecios como as aposentadorias pensotildees por

invalidez etc O processo de unificaccedilatildeo previsto em 1960 se efetiva em 2 de janeiro

de 1967 com a criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) reunindo

os seis Institutos de Aposentadorias e Pensotildees o Serviccedilo de Assistecircncia Meacutedica e

Domiciliar de Urgecircncia (SAMDU) e a Superintendecircncia dos Serviccedilos de Reabilitaccedilatildeo

da Previdecircncia Social

A construccedilatildeo ou reforma de inuacutemeras cliacutenicas e hospitais privados com

financiamento da Previdecircncia Social e o enfoque agrave medicina curativa fez com que

multiplicassem por todo o paiacutes as faculdades particulares de medicina O ensino

meacutedico passou a ser desvinculado da realidade sanitaacuteria da populaccedilatildeo voltado para

a especializaccedilatildeo e a sofisticaccedilatildeo tecnoloacutegica e dependente das induacutestrias

farmacecircuticas e de equipamentos meacutedico-hospitalares Quando o INPS foi criado

em 1966 o governo liberou verba a fundo perdido para empresas privadas

construiacuterem hospitais depois o INPS enviou seus segurados para estes hospitais

isto eacute a Previdecircncia financiou e sustentou estes hospitais por 20 anos

Posteriormente estes proprietaacuterios consideraram-se capitalizados e se

descredenciaram do INPS O dinheiro da previdecircncia natildeo era mais suficiente para

cobrir os gastos com assistecircncia meacutedica e o nuacutemero de leitos diminuiu portanto um

dos motivos da falecircncia da Previdecircncia foram os custos crescentes determinados

pela privatizaccedilatildeo da rede (Secretaria Municipal da Sauacutede de Satildeo Paulo 1992)

De acordo com Luz (1991) a partir de 1983 a sociedade civil estabelecida

reivindicou junto com um Congresso Nacional novas poliacuteticas sociais que

pudessem asseverar plenos direitos de cidadania aos brasileiros inclusive direito agrave

sauacutede visto tambeacutem como dever do Estado Pela primeira vez na histoacuteria do paiacutes a

sauacutede era vista socialmente como um direito universal e dever do Estado isto eacute

como dimensatildeo social da cidadania

15

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito

ldquoA sauacutede eacute um bem real ao mesmo tempo abstrato que soacute se pretende

obter quando se perde e ela se torna necessidade materializada no seu contraacuterio a

doenccedilardquo (RIBEIRO 1993) Assim natildeo sendo um bem econocircmico cabe ao Estado

prover os recursos indispensaacuteveis para sua prevenccedilatildeo considerando a sauacutede um

ldquobem puacuteblico purordquo (RIANI 1986)

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o sistema de sauacutede era tido como

residual marcado pela assistecircncia meacutedica excludente e sistemaacutetica o que provocou

o crescimento de serviccedilos privados de sauacutede rede de serviccedilos sucateada

priorizaccedilatildeo da assistecircncia meacutedico-hospitalar permitindo o crescimento expansivo da

sauacutede privada

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a Carta Magna de 1988 garante a

sauacutede como direito de todos e um dever do Estado tendo os usuaacuterios acesso

igualitaacuterio e universal agraves accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

As instituiccedilotildees privadas tecircm sua participaccedilatildeo de forma a complementar os serviccedilos

do SUS Seus princiacutepios baacutesicos satildeo a descentralizaccedilatildeo com delegaccedilatildeo de poderes

para os niacuteveis estatal e municipal tendo o atendimento integral com maior enfoque a

atividades preventivas

Na concepccedilatildeo de Oliveira JR (1998) o SUS apesar de ser legalmente

democraacutetico jaacute nasceu com descreacutedito da populaccedilatildeo sendo considerado pelos

formadores de opiniatildeo como o sucessor do fraudulento INAMPS

As poliacuteticas de sauacutede no Brasil segundo Roncalli (2003) poderiam ser

classificadas como residuais jaacute que natildeo abrangem toda a comunidade como seu

objeto de proteccedilatildeo social e meritocraacutetico-corporativas pois estavam os direitos

sociais restritos a vinculaccedilatildeo ao sistema previdenciaacuterio ficando o exerciacutecio da

cidadania determinado pelo trabalho e contribuiccedilatildeo na previdecircncia considerada

como uma cidadania regulada

Assim ateacute a deacutecada de 80 as poliacuteticas de sauacutede no Brasil possuem uma

caracteriacutestica bastante peculiar visto a intervenccedilatildeo do Estado para solucionar

problemas de sauacutede ldquouma estreita relaccedilatildeo entre o estabelecimento das poliacuteticas de

sauacutede e o modelo econocircmico vigente e uma clara distinccedilatildeo entre as accedilotildees de sauacutede

puacuteblica e de assistecircncia meacutedicardquo (RONCALLI 2003)

16

Desta forma a accedilatildeo exercida pelo Estado era residual jaacute natildeo existia uma

poliacutetica social voltada para a sauacutede dos indiviacuteduos e esta natildeo era considerada como

um direito social

[] Efetivamente a accedilatildeo do Estado perante as necessidades sociais baacutesicas limitava-se a reparaccedilatildeo toacutepicas e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e fragmentadas a reivindicaccedilotildees sociais dos trabalhadores e de setores populacionais empobrecidos dos grandes centros urbanos (PEREIRA 2002 p 128)

De acordo com Ribeiro (1993) os Estados mercantilistas dos Seacuteculos XVI e

XVII se preocupavam com a sauacutede de suas populaccedilotildees ldquo[] conscientes de que a

produccedilatildeo sua comercializaccedilatildeo e consequentemente a arrecadaccedilatildeo de impostos

para mantecirc-los dependiam da sauacutede dos que trabalhavam []rdquo

Segundo Paim (1986) entender o Estado como elemento que natildeo eacute neutro

dentro de uma sociedade estruturada em classe explica o seu desempenho voltado

para os interesses das classes hegemocircnicas que tentam evitar tensotildees

sociaiscontemplando dentro de certos limites determinadas necessidades das

classes subalternas O Estado que eacute ldquoinstrumento que pode ser manipulado

livremente pelos grupos que controlam o poderrdquo passa a privilegiar a sauacutede da

economia em detrimento da sauacutede da coletividade (PAIM 1986)

Desse modo para o referido autor o Estado deixa de ser apenas um

aparelho de repressatildeo ideologia econocircmico e simplesmente burocraacutetico para

expressar uma relaccedilatildeo das forccedilas sociais que se manteacutem em constante luta pela

efetivaccedilatildeo de seus objetivos O mesmo autor acrescenta ainda que ldquoo Estado eacute todo

o complexo de atividades praacuteticas e teoacutericas com as quais a classe dirigente justifica

e manteacutem natildeo soacute o seu domiacutenio mas consegue obter o consenso ativo dos

governados []rdquo (PAIM 1986 p 212)

Em se tratando de sauacutede o Estado se diversifica entre uma accedilatildeo

fundamentalmente normativa e uma intervenccedilatildeo que facilita o consumo de serviccedilos

Hoje o sistema uacutenico de sauacutede (SUS) vem deixando a desejar e que este

sistema conspira contra os princiacutepios da universalidade equumlidade e integralidade

na atenccedilatildeo agrave sauacutede consagrados na Constituiccedilatildeo (PAIM 1992 p 40)

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

15

13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito

ldquoA sauacutede eacute um bem real ao mesmo tempo abstrato que soacute se pretende

obter quando se perde e ela se torna necessidade materializada no seu contraacuterio a

doenccedilardquo (RIBEIRO 1993) Assim natildeo sendo um bem econocircmico cabe ao Estado

prover os recursos indispensaacuteveis para sua prevenccedilatildeo considerando a sauacutede um

ldquobem puacuteblico purordquo (RIANI 1986)

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o sistema de sauacutede era tido como

residual marcado pela assistecircncia meacutedica excludente e sistemaacutetica o que provocou

o crescimento de serviccedilos privados de sauacutede rede de serviccedilos sucateada

priorizaccedilatildeo da assistecircncia meacutedico-hospitalar permitindo o crescimento expansivo da

sauacutede privada

Mas de acordo com Cohn e Elias (1996) a Carta Magna de 1988 garante a

sauacutede como direito de todos e um dever do Estado tendo os usuaacuterios acesso

igualitaacuterio e universal agraves accedilotildees de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

As instituiccedilotildees privadas tecircm sua participaccedilatildeo de forma a complementar os serviccedilos

do SUS Seus princiacutepios baacutesicos satildeo a descentralizaccedilatildeo com delegaccedilatildeo de poderes

para os niacuteveis estatal e municipal tendo o atendimento integral com maior enfoque a

atividades preventivas

Na concepccedilatildeo de Oliveira JR (1998) o SUS apesar de ser legalmente

democraacutetico jaacute nasceu com descreacutedito da populaccedilatildeo sendo considerado pelos

formadores de opiniatildeo como o sucessor do fraudulento INAMPS

As poliacuteticas de sauacutede no Brasil segundo Roncalli (2003) poderiam ser

classificadas como residuais jaacute que natildeo abrangem toda a comunidade como seu

objeto de proteccedilatildeo social e meritocraacutetico-corporativas pois estavam os direitos

sociais restritos a vinculaccedilatildeo ao sistema previdenciaacuterio ficando o exerciacutecio da

cidadania determinado pelo trabalho e contribuiccedilatildeo na previdecircncia considerada

como uma cidadania regulada

Assim ateacute a deacutecada de 80 as poliacuteticas de sauacutede no Brasil possuem uma

caracteriacutestica bastante peculiar visto a intervenccedilatildeo do Estado para solucionar

problemas de sauacutede ldquouma estreita relaccedilatildeo entre o estabelecimento das poliacuteticas de

sauacutede e o modelo econocircmico vigente e uma clara distinccedilatildeo entre as accedilotildees de sauacutede

puacuteblica e de assistecircncia meacutedicardquo (RONCALLI 2003)

16

Desta forma a accedilatildeo exercida pelo Estado era residual jaacute natildeo existia uma

poliacutetica social voltada para a sauacutede dos indiviacuteduos e esta natildeo era considerada como

um direito social

[] Efetivamente a accedilatildeo do Estado perante as necessidades sociais baacutesicas limitava-se a reparaccedilatildeo toacutepicas e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e fragmentadas a reivindicaccedilotildees sociais dos trabalhadores e de setores populacionais empobrecidos dos grandes centros urbanos (PEREIRA 2002 p 128)

De acordo com Ribeiro (1993) os Estados mercantilistas dos Seacuteculos XVI e

XVII se preocupavam com a sauacutede de suas populaccedilotildees ldquo[] conscientes de que a

produccedilatildeo sua comercializaccedilatildeo e consequentemente a arrecadaccedilatildeo de impostos

para mantecirc-los dependiam da sauacutede dos que trabalhavam []rdquo

Segundo Paim (1986) entender o Estado como elemento que natildeo eacute neutro

dentro de uma sociedade estruturada em classe explica o seu desempenho voltado

para os interesses das classes hegemocircnicas que tentam evitar tensotildees

sociaiscontemplando dentro de certos limites determinadas necessidades das

classes subalternas O Estado que eacute ldquoinstrumento que pode ser manipulado

livremente pelos grupos que controlam o poderrdquo passa a privilegiar a sauacutede da

economia em detrimento da sauacutede da coletividade (PAIM 1986)

Desse modo para o referido autor o Estado deixa de ser apenas um

aparelho de repressatildeo ideologia econocircmico e simplesmente burocraacutetico para

expressar uma relaccedilatildeo das forccedilas sociais que se manteacutem em constante luta pela

efetivaccedilatildeo de seus objetivos O mesmo autor acrescenta ainda que ldquoo Estado eacute todo

o complexo de atividades praacuteticas e teoacutericas com as quais a classe dirigente justifica

e manteacutem natildeo soacute o seu domiacutenio mas consegue obter o consenso ativo dos

governados []rdquo (PAIM 1986 p 212)

Em se tratando de sauacutede o Estado se diversifica entre uma accedilatildeo

fundamentalmente normativa e uma intervenccedilatildeo que facilita o consumo de serviccedilos

Hoje o sistema uacutenico de sauacutede (SUS) vem deixando a desejar e que este

sistema conspira contra os princiacutepios da universalidade equumlidade e integralidade

na atenccedilatildeo agrave sauacutede consagrados na Constituiccedilatildeo (PAIM 1992 p 40)

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

16

Desta forma a accedilatildeo exercida pelo Estado era residual jaacute natildeo existia uma

poliacutetica social voltada para a sauacutede dos indiviacuteduos e esta natildeo era considerada como

um direito social

[] Efetivamente a accedilatildeo do Estado perante as necessidades sociais baacutesicas limitava-se a reparaccedilatildeo toacutepicas e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e fragmentadas a reivindicaccedilotildees sociais dos trabalhadores e de setores populacionais empobrecidos dos grandes centros urbanos (PEREIRA 2002 p 128)

De acordo com Ribeiro (1993) os Estados mercantilistas dos Seacuteculos XVI e

XVII se preocupavam com a sauacutede de suas populaccedilotildees ldquo[] conscientes de que a

produccedilatildeo sua comercializaccedilatildeo e consequentemente a arrecadaccedilatildeo de impostos

para mantecirc-los dependiam da sauacutede dos que trabalhavam []rdquo

Segundo Paim (1986) entender o Estado como elemento que natildeo eacute neutro

dentro de uma sociedade estruturada em classe explica o seu desempenho voltado

para os interesses das classes hegemocircnicas que tentam evitar tensotildees

sociaiscontemplando dentro de certos limites determinadas necessidades das

classes subalternas O Estado que eacute ldquoinstrumento que pode ser manipulado

livremente pelos grupos que controlam o poderrdquo passa a privilegiar a sauacutede da

economia em detrimento da sauacutede da coletividade (PAIM 1986)

Desse modo para o referido autor o Estado deixa de ser apenas um

aparelho de repressatildeo ideologia econocircmico e simplesmente burocraacutetico para

expressar uma relaccedilatildeo das forccedilas sociais que se manteacutem em constante luta pela

efetivaccedilatildeo de seus objetivos O mesmo autor acrescenta ainda que ldquoo Estado eacute todo

o complexo de atividades praacuteticas e teoacutericas com as quais a classe dirigente justifica

e manteacutem natildeo soacute o seu domiacutenio mas consegue obter o consenso ativo dos

governados []rdquo (PAIM 1986 p 212)

Em se tratando de sauacutede o Estado se diversifica entre uma accedilatildeo

fundamentalmente normativa e uma intervenccedilatildeo que facilita o consumo de serviccedilos

Hoje o sistema uacutenico de sauacutede (SUS) vem deixando a desejar e que este

sistema conspira contra os princiacutepios da universalidade equumlidade e integralidade

na atenccedilatildeo agrave sauacutede consagrados na Constituiccedilatildeo (PAIM 1992 p 40)

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

17

No Brasil o Estado se constitui como financiador do setor de sauacutede natildeo

apenas em se tratando do financiamento direto como tambeacutem por meio de diversas

formas de atuaccedilatildeo como a ldquo[] concessatildeo de subsiacutedios isenccedilotildees fiscais ou

incentivos tendo como resultado o barateamento de custos de atenccedilatildeo agrave sauacutede

para a populaccedilatildeo ou para certos segmentos destardquo (MEacuteDICI 1990 p 7)

Eacute na deacutecada marcada pela crise que de acordo com Nogueira (2001 p 17)

ldquoA sociedade se moderniza e se diferenciardquo Fato eacute que com a crise crescem os

movimentos em benefiacutecio da sauacutede Paim (1992) diz que ldquoA reforma sanitaacuteria

constitui uma proposta abrangente de mudanccedila social sanitaacuteriardquo

[] qualquer reforma mais ampla nas poliacuteticas de sauacutede e na reorganizaccedilatildeo do setor para ser efetiva passa necessariamente pelos poliacuteticos e seus partidos ainda que para ser eficaz necessite do avanccedilo dos movimentos sociais e da organizaccedilatildeo dos cidadatildeos com vistas ao controle democraacutetico sobre os serviccedilos de sauacutede []rdquo (PAIM 1986 p 237)

Ainda o autor vai mais longe quando afirma que a sauacutede eacute produto de

condiccedilotildees objetivas de existecircncia e resulta de condiccedilotildees de vida bioloacutegica social

cultural e principalmente das relaccedilotildees que os homens estabelecem entre si e com a

natureza atraveacutes do seu trabalho

O dever do Estado de garantir a sauacutede consiste na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas econocircmicas e sociais que visem agrave reduccedilatildeo de riscos e doenccedilas e de outros agravos e no estacionamento das condiccedilotildees que assegurem acesso universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo (LEI 8080 1990 Art 2ordm Paraacutegrafo 1ordm)

Por isso eacute que a sauacutede passa a ser integrante primordial da Constituiccedilatildeo

brasileira na qual considera que todo individuo de cor situaccedilatildeo soacutecio-econocircmica

religiatildeo ou opccedilatildeo poliacutetica deve ter uma sauacutede de qualidade e garantida pelo Estado

E para regulamentar e intervir no campo da sauacutede o Estado vem implementando

leis como eacute o caso das diretrizes do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) regulamentado

com a Lei n ordm 8080 de 1990 (LOS - Lei Orgacircnica da Sauacutede) Os princiacutepios diretrizes

e pressupostos desta lei encontram-se formulados no projeto da Reforma Sanitaacuteria

Nos campos de atuaccedilatildeo do SUS satildeo estabelecidas accedilotildees como a de

Vigilacircncia Sanitaacuteria que busca estrateacutegias de mudanccedilas e medidas reformadoras

para a concretizaccedilatildeo da Reforma Sanitaacuteria Esta se propotildee a transformaccedilatildeo das

praacuteticas sanitaacuterias para a efetividade e a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede da

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

18

populaccedilatildeo que se encontram precaacuterias Outras estrateacutegias formuladas para a

viabilizaccedilatildeo dos objetivos do SUS satildeo as accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica da

assistecircncia terapecircutica integral significativas para dar concretude aos princiacutepios da

equidade na sauacutede

No final da deacutecada de 70 o Brasil assistiu a uma reorientaccedilatildeo poliacutetica e

institucional da Poliacutetica de Sauacutede Um dos fatores mais significativos foi o

surgimento do Movimento da Reforma Sanitaacuteria que lutou por mudanccedilas na

organizaccedilatildeo desta poliacutetica resultando num novo conceito de sauacutede que foi

incorporado na Constituiccedilatildeo de 1988 A sauacutede natildeo eacute um conceito abstrato Define-se

no contexto histoacuterico de determinada sociedade e num dado momento do seu

desenvolvimento devendo ser conquistada pela populaccedilatildeo em suas lutas

cotidianas Em seu sentido mais abrangente a sauacutede eacute a resultante das condiccedilotildees

de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente transporte lazer

liberdade acesso e posse da terra e acesso a serviccedilos de sauacutede Eacute assim antes de

tudo o resultado de organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes

desigualdades nos niacuteveis de vida (Anais da 8ordf Conferecircncia Nacional de Sauacutede

1987382)

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

19

CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE

21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas

ldquoSer cidadatildeo significa ter direitos e deveres ser suacutedito e ser soberanordquo Tal

afirmaccedilatildeo estaacute descrita na Carta de Direitos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

(ONU) de 1948 que tem suas origens nas Cartas de Direitos dos Estados Unidos

(1776) e da Revoluccedilatildeo Francesa (1789)

A concepccedilatildeo mais generalizada de cidadania presente nas referidas Cartas

eacute a que todos os homens satildeo iguais perante a lei sem discriminaccedilatildeo de raccedila credo

ou cor cabendo a todos o domiacutenio sobre seu corpo e sua vida

Eacute direito de todos poder expressar-se livremente militar em partidos

poliacuteticos ter acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede agrave habitaccedilatildeo e ao lazer Enfim o direito de

ter uma vida dignade ser homem

Fazendo uma anaacutelise histoacuterica da concepccedilatildeo de cidadania fundamentada

nos autores Bobbio(1992) Dallari(1998) e Mauzine- Covre(1996) cidadania estava

relacionada a noccedilatildeo grega de cidadatildeo ao surgimento da vida na cidade agrave

capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadatildeo

O espiacuterito de democracia surgiu na Greacutecia onde tudo era decidido mediante

palavra sem violecircncia Poreacutem essa democracia era restrita visto que incluiacutea apenas

os homens livres deixando de fora mulheres crianccedilas e escravos

Embora as sociedades grega e romana fossem escravistas promoveram um

certo exerciacutecio de cidadania Na Roma antiga a palavra cidadania era usada para

indicar a situaccedilatildeo poliacutetica de uma pessoa e os direitos que essa pessoa podia

exercer Poreacutem havia uma distinccedilatildeo entre os romanos quanto a possibilidade de

participar das atividades poliacuteticas e administrativas

Os romanos livres embora tivessem a condiccedilatildeo declarada nem todos

podiam ocupar os cargos poliacuteticos como o de senador e magistrado Fazia-se uma

distinccedilatildeo entre cidadania e a cidadania ativa Soacute os cidadatildeos ativos podiam

participar das atividades poliacuteticas

Contudo durante o seacuteculo V ao seacuteculo XIII a cidadania ficou esquecida

devido agrave configuraccedilatildeo feudal da sociedade neste periacuteodo histoacuterico soacute ressurgindo

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

20

coma a ascensatildeo da burguesia em luta contra o feudalismo predominando a vida

dos homens nas cidades

Com as revoltas religiosas e a revoluccedilatildeo protestante no seacuteculo XIV surge a

valorizaccedilatildeo do trabalho e sua sistematizaccedilatildeo graccedilas a eacutetica protestante de Calvino

que dizia que o homem devia trabalhar natildeo por trabalhar mas para fazecirc-lo

produtivamente

Segundo Dallari (1998) no seacuteculo XVII e XVIII quando comeccedilaram os

tempos modernos na Europa Havia a divisatildeo das sociedades em classes o que

lembrava a antiga estrutura social romana Os nobres eram aqueles que detinham o

privileacutegio entre as pessoas comuns haviam os ricos que eram os burgueses e os

trabalhadores que vendiam sua forccedila de trabalho para prover seu sustento

Ainda o autor afirma que foi no contexto das revoluccedilotildees que nasceu a

moderna concepccedilatildeo de cidadania significando um rompimento profundo com o

direito obtido pelo nascimento caracteriacutestico da sociedade feudal O Estado de

Direito coloca-se como o oposto ao Estado de Nascimento ateacute entatildeo existente sob a

regecircncia da aristocracia

Nas palavras do Doutor Cacircndido Furtado Maia Neto (2003 p 19) os

Direitos do homem e suas conquistas satildeo sinocircnimos de luta constante dos povos

originam-se das necessidades naturais da humanidade aquelas inalienaacuteveis

indisponiacuteveis e essenciais a qualquer convivecircncia social digna Satildeo princiacutepios

baacutesicos e fundamentais do homem que devem vigorar no Direito positivo interno

com a tutela do Estado para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo da polis e do

desenvolvimento das associaccedilotildees humanas e governamentais (poliacuteticas)

Portanto entende-se que a conquista dos Direitos do povo tem relaccedilatildeo

estreita com as lutas de libertaccedilatildeo dos grupos sociais que vivenciaram intimamente

a violaccedilatildeo de seus Direitos mais fundamentais

De acordo com Suannes (2004 p 71) mais tarde ou mais cedo as

imperfeiccedilotildees se tornam patentes imediatamente o espiacuterito humano conduzido por

seu imperativo de equumlidade potildee-se agrave procura de um regimem melhor A perene

insatisfaccedilatildeo da espeacutecie humana clama sem cessar por mais equiliacutebrio mais

proporccedilatildeo mais justiccedila

No Brasil ressalta Silva (1994) que com a instauraccedilatildeo do regime ditatorial

desencadearam-se as lutas urbanas e praacuteticas de resistecircncia importantes na busca

de uma rearticulaccedilatildeo da sociedade civil

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

21

Em 1988 foi promulgada no Brasil a nova Constituiccedilatildeo Federal conhecida

como ldquoConstituiccedilatildeo Cidadatilderdquo que deu inicio a vaacuterias mudanccedilas no plano poliacutetico

institucional entre elas o dever do Estado promover a sauacutede para a populaccedilatildeo

Desse modo o direcionamento das poliacuteticas puacuteblicas saudaacuteveis e a criaccedilatildeo

de ambientes favoraacuteveis agrave sauacutede associados agrave reorientaccedilatildeo do sistema de sauacutede

no paradigma para a promoccedilatildeo da sauacutede indicado na Carta de Ottawa eacute o ldquo[]

processo de capacitaccedilatildeo da comunidade para atuar na melhoria de sua de vida e

sauacutede incluindo a participaccedilatildeo no controle deste processo []rdquo (BRASIL 2002

p19)

Observa-se no que se refere a implantaccedilatildeo do Serviccedilo Social que esta

acontece no decorrer desse processo histoacuterico Mas natildeo se baseia no entanto em

medidas coercitivas emanadas do Estado mas surge da iniciativa particular de

grupos e fraccedilotildees de classe que se manifestam principalmente por intermeacutedio da

Igreja Catoacutelica (IAMAMOTO amp CARVALHO 2005 p127)

Portanto a conquista dos direitos sociais na sociedade capitalista deve ser

repensada em sua relaccedilatildeo permanente de transformaccedilatildeo das maneiras de

estabelecer as relaccedilotildees e as proacuteprias poliacuteticas sociais Isto para que natildeo sejam

orientadas apenas pela poliacutetica econocircmica restritiva mas que ao serem

estabelecidas reduzam as desigualdades e apontem perspectivas de investimento

no desenvolvimento dos sujeitos sociais (BEHRING amp BOSCHETTI 2006)

Entende-se que soacute existe cidadania se houver a praacutetica da reivindicaccedilatildeo da

apropriaccedilatildeo de espaccedilos e da participaccedilatildeo coletiva Eacute atraveacutes da praacutetica da

cidadania que se constroacutei uma sociedade justa e igualitaacuteria Ou como diz Dallari

(1998 p 42) ldquoforam ateacute agora 200 anos de lutas com muitas vitoacuterias mas ainda

falta caminhar bastante para que a cidadania seja expressatildeo dos direitos de todos e

natildeo privileacutegio de setores da sociedade

22 Cidadania e Eacutetica

A eacutetica fala de valores princiacutepios e normas que servem de base para o

comportamento humano fala do que eacute certo correto e justo e na responsabilidade

dos indiviacuteduos por seus atos com a finalidade uacuteltima de que vivamos bem em

sociedade Implica opccedilatildeo individual escolha ativa Requer a adesatildeo iacutentima da

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

22

pessoa aos valores princiacutepios e agraves normas morais Visa agrave interioridade do ser

humano solicita convicccedilotildees proacuteprias que natildeo podem ser impostas de fontes

exteriores aos indiviacuteduos (COHEN SEGRE 1994)

A eacutetica direcionada a aacuterea de sauacutede nos dias de hoje tem apresentado uma

accedilatildeo multidisciplinar e multiprofissional dentro de uma abordagem intercultural e

humanista

Como afirma Costa (1998 p 25)

ldquoA Vigilacircncia Sanitaacuteria eacute accedilatildeo de sauacutede eminentemente preventiva e perpassa todas as praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias da promoccedilatildeo agrave proteccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da sauacutede ao atuar sobre fatores de riscos associados a produtos insumos e serviccedilos relacionados com a sauacutede com o ambiente e o ambiente do trabalho com a circulaccedilatildeo internacional de transportes cargas e pessoas A natureza dessas questotildees confere-lhe um caraacuteter universal de certos aspectos das praacuteticas meacutedico-sanitaacuterias necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeo da vidardquo

O papel eacutetico das poliacuteticas puacuteblicas para a vigilacircncia eacute de se contrapor agrave

aceitaccedilatildeo acriacutetica de que todas as desigualdades sociais satildeo inevitaacuteveis ou

toleraacuteveis Ao contraacuterio requer compreender que as desigualdades podem ser

minimizadas por meio de orientaccedilotildees fundamentadas na equumlidade e na

responsabilidade social e natildeo podem ser unicamente baseadas no princiacutepio da

eficiecircncia econocircmica No que se refere agrave eacutetica e cidadania com analogia a Vigilacircncia

Sanitaacuteria e ser humano esta deve estar abalizado no conhecimento do cidadatildeo

como sujeito de direitos e natildeo apenas como sujeito consumidor com a obrigaccedilatildeo

de criaccedilatildeo de instrumentos que protejam a sua sauacutede (FORTES 2009)

Por vezes as accedilotildees da vigilacircncia sanitaacuteria podem resultar em um confronto

entre os princiacutepios eacuteticos da utilidade social e da equumlidade O utilitarismo eacutetico

requer a maximizaccedilatildeo dos benefiacutecios e enseja que a conduta humana para ser

eticamente correta deva objetivar ldquoo maior bem para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Apesar das dificuldades para conceituar o que eacute considerado bem-estar no campo

da sauacutede individual e coletiva a utilizaccedilatildeo da noccedilatildeo utilitarista significa que quando

satildeo defrontadas duas opccedilotildees dever-se-ia pesar cada uma delas e escolher aquela

que trouxesse mais benefiacutecios ao maior nuacutemero de pessoas e pela qual fossem

eliminados evitados ou minimizados os danos o sofrimento a dor das pessoas

envolvidas (CRISP 1997)

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

23

Portanto estende-se que o bem-estar da coletividade e a autonomia

individual - Eacutetica eacute um instrumento social de combate agrave violecircncia fiacutesica mental ou

social marcada pelo desrespeito agrave sauacutede agrave integridade fiacutesica e agrave seguranccedila dos

indiviacuteduos dos grupos ou da coletividade (CHAUI 1995)

Em relaccedilatildeo a meacutedico-paciente observa-se a diminuiccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na

relaccedilatildeo meacutedico-paciente em detrimento do conhecimento da medicina voltada para

princiacutepios eacuteticos O meacutedico antes assumido como principal suporte de seguranccedila da

sauacutede individual e da famiacutelia absorvido socialmente como conselheiro e prestador

de serviccedilos em aacutereas distintas sob condiccedilotildees piacutefias de remuneraccedilatildeo semideus

personalizado caritativo huacutemile e amigo das horas difiacuteceis tornou-se com a

especializaccedilatildeo o avanccedilo das tecnologias as ofertas imediatistas o controle em

rede e os supostos benefiacutecios das poliacuteticas puacuteblicas ndash ldquoucronia teacutecnico formal

burocrata calculistardquo (SILVA 1982) Loacutegico que natildeo se pode generalizar mais o

que se tem visto eacute que muitos meacutedicos na aacuterea de sauacutede puacuteblica cansado por

dobrar plantotildees e mais plantotildees e ganharem mal acreditam que natildeo precisam se

empenhar de forma maior em relaccedilatildeo aos pacientes do SUS

Dutra (1982) pontua

Hoje o meacutedico eacute um assalariado e o exerciacutecio profissional eacute tido como um negoacutecio qualquer visando o lucro em primeiro lugar O exerciacutecio profissional vive uma das suas piores crises dos uacuteltimos anos e em todos os tempos com vaacuterias implicaccedilotildees inuacutemeras variaacuteveis e este descreacutedito teria muito a haver com a quebra gradativa dos postulados milenares da Eacutetica Meacutedica

Patruacutes (1982) reitera que assiste-se entatildeo e principalmente sofre-se em

relaccedilatildeo ao vigente Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica o acirrado duelo do caraacuteter intemporal

e obrigatoacuterio de suas normas com a contestatoacuteria realidade em que vivemos

Medeiros (1982) analisando fatores positivos e negativos da produtividade meacutedica

coloca natildeo ser o proacute-labore o que corrompe o meacutedico

O que corrompe eacute o sistema que a Previdecircncia Social adota para codificar os trabalhos meacutedicos na sua maioria fora da realidade em seu valor menosprezando o intelectual a favor da maacutequina e natildeo permitindo de acordo com o poder aquisitivo dos usuaacuterios uma complementaccedilatildeo mais loacutegica e agrave altura do trabalho prestado no mesmo percentual de complementaccedilatildeo das diaacuterias hospitalares Se somarmos estas distorccedilotildees ao fator formaccedilatildeo deficiente do ponto de vista teacutecnico e eacutetico pelas escolas independente de aluno ndash teremos o ciacuterculo fechado e o viacutecio se perpetuando (MEDEIROS 1982)

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

24

Por todo exposto observa-se a necessidade da imperar uma nova eacutetica que

pense primeiro na valorizaccedilatildeo do ser humano

Para Rodrigues (1991)

Uma nova eacutetica implica em compromisso com a democracia significando este conceito um novo modo de relaccedilatildeo entre os indiviacuteduos e destes com o Estado e uma outra ordem internacional

Mas para que a nova eacutetica natildeo seja apenas uma utopia mas o fundamento

para um outro modelo de desenvolvimento eacute indispensaacutevel a superaccedilatildeo do niacutevel de

miseacuteria e de falta de instruccedilatildeo de grande parte da populaccedilatildeo que impede a sua

inserccedilatildeo efetiva no processo econocircmico e poliacutetico e portanto o controle sobre suas

condiccedilotildees concretas de existecircncia pressuposto da cidadania (SABROZA et al

1992)

O Coacutedigo de Eacutetica nos indica um rumo eacutetico-poliacutetico um horizonte para o

exerciacutecio profissional O desafio eacute a materializaccedilatildeo dos princiacutepios eacuteticos na

cotidianidade do trabalho evitando que se transformem em indicativos abstratos

deslocados do processo social Afirma como valor eacutetico central o compromisso com

a parceria inseparaacutevel a liberdade Implica a autonomia emancipaccedilatildeo e a plena

expansatildeo dos indiviacuteduos sociais o que tem repercussotildees efetivas nas formas de

realizaccedilatildeo do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO 2008

p 77)

Para Paim (1986) o Estado Democraacutetico requer que todos os cidadatildeos

gozem de um estado de bem-estar uma vez que todos os indiviacuteduos tecircm direitos

iguais Assim natildeo basta que o Estado garanta a cada cidadatildeo as necessidades

baacutesicas para a sua existecircncia mas que assista a cada um atraveacutes de uma

verdadeira fiscalizaccedilatildeo do setor de sauacutede

23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede

A implantaccedilatildeo e desenvolvimento do SUS no paiacutes vecircm requerendo a

atuaccedilatildeo do assistente social no processo de (re)organizaccedilatildeo dos serviccedilos nas

accedilotildees interdisciplinares e intersetoriais no controle social entre outras

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

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JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

25

demandas que expressam a abrangecircncia do conceito de sauacutede vigente

especialmente nos municiacutepios que eacute onde se concretizam as accedilotildees e serviccedilos de

sauacutede buscando fortalecer a perspectiva da universalizaccedilatildeo do acesso a bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais (BRAVO 2006)

Merthy (1999 p 85) ao contextualizar o trabalho do Serviccedilo Social na sauacutede

especifica que

1 Neste contexto o trabalho do assistente social inserido no processo de

trabalho no setor sauacutede pode ser definido da seguinte maneira

2 Mateacuteria-prima ndash usuaacuterio frente a questatildeo social

3 Instrumentos ndash teoacutericoteacutecnicometodoloacutegico e os tecnoloacutegicos fornecidos

pela instituiccedilatildeo bem como espaccedilo fiacutesico para sua intervenccedilatildeo

4 Homem ndash assistente social

5 Produto ndash promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede em diferentes

niacuteveis contribuindo para a garantia do direito a sauacutede do usuaacuterio

De acordo com o Coacutedigo de Eacutetica (1993) cabe aos assistentes sociais

enquanto profissionais inseridos no processo de trabalho na sauacutede ter clareza do

seu papel dentro da instituiccedilatildeo como elo de intervenccedilatildeo o ldquoposicionamento em favor

da equidade e justiccedila social que assegura universalidade de acesso aos bens e

serviccedilos relativos aos programas e poliacuteticas sociais bem como sua gestatildeo

democraacuteticardquo assim como ldquoampliaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da cidadaniardquo

[] a partir da 8ordm Conferecircncia Nacional de Sauacutede um novo conceito de sauacutede foi construiacutedo ampliando a compreensatildeo da relaccedilatildeo sauacutede-doenccedila como decorrecircncia das condiccedilotildees de vida e de trabalho [] atribui-se ao assistente social enquanto profissional da sauacutede a intervenccedilatildeo junto aos fenocircmenos soacutecio-culturais e econocircmicos que reduzam a eficaacutecia dos programas de prestaccedilatildeo de serviccedilos nos niacuteveis de promoccedilatildeo proteccedilatildeo eou recuperaccedilatildeo da sauacutede [] em sua praacutetica profissional contribui para o atendimento das demandas imediatas da populaccedilatildeo aleacutem de facilitar o seu acesso agraves informaccedilotildees e accedilotildees educativas para que a sauacutede possa ser percebida como produto das condiccedilotildees gerais de vida e da dinacircmica das relaccedilotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas do Paiacutes [] para a consolidaccedilatildeo dos princiacutepios e objetivos do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute imprescindiacutevel a efetivaccedilatildeo do Controle Social e o Assistente Social com base no seu compromisso eacutetico-poliacutetico tem focalizado suas atividades para uma accedilatildeo teacutecnico-poliacutetica que contribua para viabilizar a participaccedilatildeo popular a democratizaccedilatildeo das instituiccedilotildees o fortalecimento dos Conselhos de Sauacutede e a ampliaccedilatildeo dos direitos sociais [] (CFESS 1999 p1)

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

26

A atuaccedilatildeo do profissional de Serviccedilo Social na aacuterea da sauacutede

Especificamente na aacuterea hospitalar possui nuances diferenciadas cujo objetivo eacute a

promoccedilatildeo e proteccedilatildeo dos direitos dos pacientes que satildeo garantidos por lei

O Serviccedilo Social em particular caracteriza-se por uma atuaccedilatildeo subsidiaacuteria e

auxiliar agrave praacutetica meacutedica e sua inserccedilatildeo se encontra

[] profunda e particularmente enraizado na forma como a sociedade brasileira e os estabelecimentos empregadores [] recortam e fragmentam as proacuteprias necessidades do ser social e a partir desse processo como organizam seus objetivos institucionais que se voltam para a intervenccedilatildeo sobre essas necessidades ( ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVICcedilO SOCIAL 1996 apud COSTA 2000 p 37)

O Serviccedilo Social em uma unidade hospitalar deve ter como objetivo uma

accedilatildeo investigativa e interventiva considerando a autonomia do usuaacuterio como sujeito

principal no processo decisoacuterio Esta accedilatildeo se pauta no compromisso eacutetico-poliacutetico

teoacuterico-metodoloacutegico e teacutecnico-operativo do Serviccedilo Social construindo

permanentemente a identidade profissional Dessa forma sua accedilatildeo eacute permeada por

atividades que se traduzem no acolhimento humanizaccedilatildeo trabalho em equipe

mediaccedilatildeo e interlocuccedilatildeo com recursos da comunidade

O assistente social na aacuterea da sauacutede exerce vaacuterias funccedilotildees dentre elas

destaca-se a questatildeo da educaccedilatildeo social ou seja onde se estabelece que cabe a

esse profissional na aacuterea da sauacutede engajar efetivamente a populaccedilatildeo usuaacuteria no

processo sauacutededoenccedila tornando-o um agente participante na instituiccedilatildeo e na

comunidade atraveacutes de um conjunto de accedilotildees sejam estas individuais ou grupais

tendo como finalidade ultima reforccedilar ou substituir padrotildees divulgar o conhecimento

adquirido garantindo aproveitamento dos recursos existentes

Nas palavras de Suely Bezerra (2004) as demandas encaminhadas ao

serviccedilo social satildeo

bull Esclarecer aos acompanhantes sobre a relaccedilatildeo usuaacuterio famiacutelia e

usuaacuterio hospital (direitos deveres normas e rotinas etc)

bull Esclarecer e orientar sobre o quadro cliacutenico do interno

bull Interpretar as prescriccedilotildees e orientaccedilotildees dos meacutedicos e demais

profissionais

bull Tratar com os familiares o horaacuterio estabelecido para as visitas

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

27

bull Solicitar o uso de eletrodomeacutesticos (TV ventilador)

bull Reclamar sobre consultas que natildeo foram realizadas

bull Solicitar a marcaccedilatildeo de exames de alta complexidade

bull Solicitar vagas em outros hospitais quando lota a capacidade

bull Solicitar ambulacircncia para hospitais de urgecircncia

bull Tratar dos problemas das pessoas sem meios de transporte para

locomoccedilatildeo

bull Resolver problemas de Pessoas sem condiccedilotildees financeiras para garantir

refeiccedilatildeo ou pernoite

bull Pedir aos meacutedicos o preenchimento de receitas controladas

bull Orientar as pessoas que solicitam esclarecimentos e orientaccedilotildees sobre

previdecircncia social

bull Processar a intermediaccedilatildeo entre profissionais e internos para auxiliar no

atendimento aos pacientes

bull Emitir Parecer social dos casos encaminhados pelas varas civil e criminal

bull Viabilizar transferecircncias

bull Tratar da alta hospitalar

bull Tratar de oacutebitos

bull Supervisionar estaacutegio em Serviccedilo Social

bull Lidar com internas insatisfeitas desejando a todo custo sair antes de

concluir o tratamento

bull Lidar com matildees insatisfeitas com a alimentaccedilatildeo o tratamento a

medicaccedilatildeo o tratamento e medicaccedilatildeo do receacutem nascido

bull Tratar com internos de alta sem ningueacutem para vir buscaacute-las

bull Tratar com internos que natildeo recebem visitas

bull Lidar com matildees sem a miacutenima condiccedilatildeo financeira eou estrutura familiar

para assumir a crianccedila

bull Orientar matildees que rejeitam os receacutem nascidos

bull Lidar com visitantes agressivos

bull Tratar com pacientes que insistem em levar o receacutem nascido sem a

miacutenima condiccedilatildeo de alta

bull Fazer atendimento com orientaccedilatildeo para adoccedilatildeo

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

28

bull Intermediar com a Vara da Infacircncia Conselho Tutelar SOS Crianccedila para

equacionar problemas de rejeiccedilatildeo adoccedilatildeo estupro negaccedilatildeo paterna etc

bull Solicitar marcaccedilatildeo de exames sofisticados vagas em outros hospitais

pediaacutetricos para cirurgias

Observa-se que as rotinas dos assistentes sociais nas diferentes unidades

de sauacutede representam como atividades que se estrutura o cotidiano do trabalho

profissional se organizam frente as suas accedilotildees Aleacutem das demandas citadas acima

existem ainda tantas outras que surgem com as dificuldades do momento e com isso

este profissional tem que estar disposto a se organizar para as eventualidades que

surgem

Portanto conhecendo a realidade em que atua e as demandas o assistente

social tem a possibilidade de definir seu campo de trabalho propor projetos e

negociar com a instituiccedilatildeo sua viabilidade

O assistente social reconhece que obstaacuteculos existem mas natildeo se pode

recuar e sim avanccedilar logo se faz necessaacuterio empreender um conjunto de accedilotildees

transformadoras que promovam a construccedilatildeo de uma cultura de consciecircncia

sanitaacuteria e da consolidaccedilatildeo de um projeto societaacuterio fundamentado na justiccedila social

e no respeito agrave dignidade humana

Portanto eacute de extrema importacircncia que o assistente social entenda sua real

importacircncia porque ele tem a possibilidade de trabalhar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo

no planejamento das accedilotildees da instituiccedilatildeo a democratizaccedilatildeo e disponibilizaccedilatildeo de

informaccedilotildees para o fortalecimento de seus interesses e por isso o profissional

desta aacuterea deve empreender esforccedilos na descoberta de um espaccedilo que faccedila valer o

projeto eacutetico poliacutetico tornando-se necessaacuterio o compromisso com a populaccedilatildeo

empenhando-se em construir estrateacutegias de intervenccedilatildeo na problemaacutetica da sauacutede

Ou seja o assistente social trabalha as possibilidades de redirecionar suas accedilotildees

visando resgatar o direito ao exerciacutecio da cidadania viabilizando praacuteticas que

venham restaurar o processo de funcionamento da proposta da Reforma Sanitaacuteria

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

29

24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente

hospitalizado

O indiviacuteduo doente torna-se fragilizado pela condiccedilatildeo fiacutesica debilitada pelo

distanciamento de suas atividades cotidianas e quando as circunstacircncias exigem o

internamento hospitalar a vulnerabilidade aumenta pelo afastamento de seus

viacutenculos familiares e afetivos

Ser doente eacute viver uma vida diferente do habitual submetido a restriccedilotildees e

imposiccedilotildees eacute ter que se adaptar a viver com regras e limitaccedilotildees a depender de

outrem a ter seu corpo exposto ao profissional ldquoque apalpaaperta injeta corta

subtrai esperanccedilas cria restriccedilotildees ou dita normasrdquo

A importacircncia agrava-se quando se trata do doente hospitalizado Este

indiviacuteduo tem seu mundo de relaccedilotildees rompido ele deixa de ser sujeito de suas

decisotildees para se tornar na maioria das vezes um objeto da praacutetica meacutedico-

hospitalar transformando-se em mais um ldquocasordquo a ser contabilizado no hospital

Esta realidade ocorre sobretudo na instituiccedilatildeo hospitalar da esfera puacuteblica

A respeito desta questatildeo vale a pena ressaltar a anaacutelise de Pitta

ldquoAdoecer nesta sociedade eacute consequumlentemente deixar de produzir portanto de sereacute vergonhoso logo deve ser ocultado e excluiacutedo ateacute porque facilita que os outros familiares e amigos tambeacutem produzamrdquo

O Hospital perfaz este papel recuperando quase possiacutevel e devolvendo

sempre com ou sem culpa o doente agrave sua situaccedilatildeo de sauacutede anterior Se um

acidente de percurso acontece administra o evento desmoralizador deixando que o

mito da continuidade de produccedilatildeo transcorra silenciosa e discretamenterdquo(PITTA

1994 p 75)

A relaccedilatildeo meacutedico - paciente ou melhor a relaccedilatildeo profissional de sauacutede-

paciente na atualidade estaacute sendo repensada Ser paciente natildeo deve mais significar

ldquoter paciecircnciardquo assumir uma postura de ocultaccedilatildeo passividade mas requer a

participaccedilatildeo ativa do doente no seu tratamento Para que essa nova relaccedilatildeo possa

emergir e se consolidar eacute fundamental por parte do paciente o conhecimento dos

seus direitos

Segundo Gauderer (1995) o movimento dos direitos do paciente surgiu a

partir de questionamentos de indiviacuteduos e familiares quanto a seus papeacuteis como

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

30

paciente ou como familiar de algueacutem nessa condiccedilatildeo Este movimento expandiu-se

quase exclusivamente nos Estados Unidos

Na visatildeo desse autor no Brasil a situaccedilatildeo eacute singular uma vez que foram os

meacutedicos e natildeo a comunidade que desencadearam os movimentos pelos ldquoDireitos do

Pacienterdquo e sua implementaccedilatildeo Vale destacar que foram os meacutedicos de Brasiacutelia que

criaram a ldquoProposta do Grupo de Brasiacuteliardquo a qual serviu de base para o coacutedigo de

eacutetica Meacutedica onde ficam definidos os direitos do paciente na relaccedilatildeo meacutedico-

paciente

Procurando responder agrave questatildeo sobre o que significa ser paciente seria

vaacutelido chamar a atenccedilatildeo para o fato de que a doenccedila natildeo significa apenas uma

disfunccedilatildeo bioloacutegica mas emocional tambeacutem e eacute este lado que constantemente eacute

submetido pelo profissional de sauacutede Este deveria desenvolver a percepccedilatildeo quanto

agrave parte psicoloacutegica do paciente deveria estar atento para a sua relaccedilatildeo familiar

profissional e social e transmitir sensibilidade face a dor a inseguranccedila e ansiedade

do indiviacuteduo enfermo

A condiccedilatildeo de paciente hospitalizado difere da condiccedilatildeo de paciente

atendido em consultoacuterio ou ambulatoacuterio no sentido de o hospital transparecer para o

indiviacuteduo gravidade no seu estado fiacutesico e esta imagem como jaacute foi explicitado

anteriormente torna o doente mais fragilizado

Sendo o propoacutesito deste trabalho compreendermos melhor o cotidiano do

paciente hospitalizado e verificarmos como se processa no espaccedilo hospitalar a

questatildeo da cidadania na sauacutedeconsideramos necessaacuterio destacar os direitos do

paciente hospitalizado baseando-nos no estudo do autor anteriormente

mencionado

Todo paciente tem o direito de receber um atendimento respeitoso e

atencioso independentemente deste encontrar-se em instituiccedilatildeo puacuteblica ou privada

direito este que abrange todas as aacutereas profissionais A efetivaccedilatildeo deste direito

proporciona uma relaccedilatildeo de cumplicidade entre profissionais de sauacutededoente uma

vez quesendo bem tratado o paciente que se encontra emocionalmente fraacutegil pode

vir a sentir-se mais seguro em um ambiente amigaacutevel

A abordagem feita a pacientes internados na rede puacuteblica de sauacutede difere

daquela que eacute direcionada aos pacientes internados em instituiccedilotildees privadas

ficando explicitada a diferenciaccedilatildeo pela condiccedilatildeo social da clientela assistida no

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

31

ambiente hospitalar O que se considera eacute que o saber e o direito agrave autonomia dos

segmentos mais pauperizados satildeo de modo geral subestimados

O paciente tem o direito a sigilo ou segredo medico este direito deveria ser

devidamente esclarecido ao paciente pelo meacutedico ou qualquer profissional de sauacutede

que manteacutem contato com o paciente no momento da abordagem inicial

Eacute necessaacuterio chamar a atenccedilatildeo para o fato de que existem situaccedilotildees em

que o meacutedico ou outro profissional de sauacutede pode quebrar o sigilo em situaccedilotildees que

visem a preservaccedilatildeo de uma pessoa ou da sociedade como eacute o caso de maus

tratos a crianccedilas e idosos ou abuso sexual

Todo paciente tem direito a informaccedilatildeo clara numa linguagem acessiacutevel

sobre o diagnostico tratamento e prognoacutestico

Fato eacute que na maioria das vezes o paciente sabe o nome da sua doenccedila

mas natildeo sabe de fato as causas e consequumlecircncias da mesma

Tem o direito de se comunicar com pessoas fora do hospital e de manter

contato com sua famiacutelia e com amigos

Tem o direito de recusar tratamento ao ser informado sobre as

consequumlecircncias dessa opccedilatildeo claro que o paciente tem que estar no gozo de suas

faculdades mentais Mas este ao recusar deve assinar um termo de

responsabilidade

Tem tambeacutem o direito de ser informado de projeto de pesquisas referentes

ao seu tratamento e de recusar-se a participar dos mesmos

Tambeacutem tem o direito de receber uma explicaccedilatildeo completa referente a sua

conta hospitalar se for o caso de instituiccedilotildees privadas

Todo paciente tem o direito de reclamar e essa reclamaccedilatildeo natildeo deveraacute

influencia na qualidade de seu tratamento

O paciente tem o direito de recusar a realizaccedilatildeo de exames desnecessaacuterios

desde que os exames tenham sido realizados recentemente pois o profissional

pode fazer uso desses exames

Tem o direito de ter acesso a uma segundo ou terceira avaliaccedilatildeo se natildeo

estiver convencido do resultado anterior Esta busca tanto beneficia o paciente

como o profissional de sauacutede

O paciente tem o direito de escolher o meacutedico ou especialista dentro do

ambiente hospitalar caso o paciente natildeo se sinta a vontade com o meacutedico atual

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

32

Tem o direito a questionar a medicaccedilatildeo prescrita Isso ajuda ao paciente a

ter uma postura mais participativa

Direito de ter acesso a sua ficha meacutedica e a seu prontuaacuterio inclusive pode

pedir que lhe esclareccedilas as duacutevidas referentes a estes

A informaccedilatildeo eacute um direito primordial do paciente-cidadatildeo na medida em que

assegura ao mesmo o direito total e ilimitado de saber o que lhe diz respeito

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

33

CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS

DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL

VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO DA CIDADANIA

31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV

O hospital eacute uma instituiccedilatildeo destinada ao diagnoacutestico e tratamento de

doentes internos e externos

Segundo Souza (1976) esta eacute uma definiccedilatildeo universal que persiste entre

todos os paiacuteses do mundo sem que se procure ultrapassaacute-la a natildeo ser em casos

definidos engajando-a a novo conceito tecnoloacutegico de assistecircncia meacutedico ndash social

ou seja numa assistecircncia nacional tambeacutem vaacutelida planificada dentro de uma

moderna estrutura de integraccedilatildeo de sauacutede

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede define o hospital

ldquoO hospital eacute parte integrante de uma organizaccedilatildeo meacutedica e socialcuja missatildeo consiste em proporcionar agraves populaccedilotildees uma assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria completa tanto curativa como preventiva e cujos serviccedilos externos invadiam ateacute o acircmbito familiar o hospital eacute tambeacutem um centro de formaccedilatildeo de pessoal meacutedico-sanitaacuteria e de investigaccedilatildeo bio-socialrdquo (MINISTEacuteRIO SAUacuteDE 2002)

Estudos realizados sobre a natureza da instituiccedilatildeo hospitalar caracterizam o

hospital como uma empresa uma vez que neste espaccedilo realiza-se uma atividade

econocircmica atraveacutes da qual o capital se multiplica direta ou indiretamente este fato

natildeo se produz apenas nas instituiccedilotildees privadas mas tambeacutem em hospitais da rede

puacuteblica de sauacutede onde aleacutem de recuperar a forccedila de trabalho doente eacute lugar de

venda e consumo de mercadorias

Mais do que qualquer outra instituiccedilatildeo que compotildee o Sistema de Sauacutede os hospitais em todo o mundo cada vez mais se parecem resultado principalmente da similaridade progressiva dos perfis epidemioloacutegicos e da aproximaccedilatildeo das culturas dos paiacuteses que se industrializam e desenvolvem dentro do mesmo modo de produccedilatildeo da universalizaccedilatildeo e uniformidade das tecnologias meacutedicas administrativas e sobretudo das poliacuteticas econocircmicas e sociais que se internacionalizam [] (RIBEIRO 1993 p 11)

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

34

Com base na teoria de Ribeiro (1993) o hospital seja ele puacuteblico ou privado

representa a emergecircncia de interesses submersos da produccedilatildeo industrial na sauacutede

com priorizaccedilatildeo dos problemas gerenciais e financeiros para elevar sua eficiecircncia e

qualidade assistencial e ainda configurando a divisatildeo de trabalho no hospital tendo

de um lado os que cuidam diretamente do enfermo e dos outros que datildeo

sustentaccedilatildeo administrativa ao hospital

O hospital tanto de natureza puacuteblica como privada tem o objetivo de cuidar

do enfermo Poreacutem com o avanccedilo tecnoloacutegico suas accedilotildees passam a ter um caraacuteter

natildeo soacute curativo mas tambeacutem preventivo

O Hospital Geral Manoel Victorino recebeu este nome como forma de

homenagear o poliacutetico e meacutedico com o mesmo nome Foi inaugurado na deacutecada de

40 pertenceu ao INAMPS (Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia

Social) atuando nas aacutereas de Cliacutenica Meacutedica Cirurgia Geral Obstetriacutecia e

Ginecologia No final da deacutecada de 80 implantou-se o Sistema uacutenico de Sauacutede nas

esferas federal estadual e municipal

A partir da institucionalizaccedilatildeo do SUS o Hospital Manoel Victorino passa a

atender natildeo soacute os segurados dos INPS (hoje INSS) mas tambeacutem a todos os

usuaacuterios que procuram os serviccedilos hospitalares do mesmo

Em 2007 o hospital encerra seus atendimentos em obstetriacutecia preacute-natal

cliacutenica ciruacutergica mudando o perfil de hospital geral para unidade especializada em

orto-neuro-trauma contando com 10 leitos Unidade de Terapia Intensiva de

Ortopedia Ao todo seratildeo 105 leitos para atendimento nas referidas especialidades

meacutedicas Atualmente estaacute situado como hospital de alta complexidade

O Hospital Manoel Victorino pode ser qualificado como de natureza estatal

poreacutem conta com apoio de empresas terceirizadas principalmente na aacuterea meacutedica

O Hospital Manoel Victorino tecircm como objetivo a melhoria do padratildeo de

atendimento na prestaccedilatildeo de serviccedilo de sauacutede puacuteblica tendo enfoque na

humanizaccedilatildeo do atendimento prestado ao cliente

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

35

32 Resultado e discussatildeo

No que se refere a faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entrevista a investigaccedilatildeo da

idade foi feita atraveacutes do dia mecircs e ano do nascimento do paciente

Distribuiccedilatildeo das idades dos pacientes atendidos no Hospital Manoel

Victorino

Tabela e graacutefico 01 ndash Faixa Etaacuteria

Idade N de Pacientes Frequumlecircncia

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

05

03

03

06

05

10

05

135

81

81

162

135

271

135

05

08

11

17

22

32

37

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

IDADE DOS PAC IENTES

5

3 3

65

10

5

0

2

4

6

8

10

12

20 30

30 40

40 50

50 60

60 70

70 80

80 90

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia de idade dos pacientes do Hospital

Manoel Victorino eacute entre 70 e 80 anos ficando logo abaixo a idade meacutedia de 50 e 60

anos

Tabela e graacutefico 02 ndash Sexo dos pacientes

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

36

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

SEXO D OS PAC IENTES

20

17

15

16

17

18

19

20

21

M asculino Fem inino

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observou-se que a predominacircncia dos pacientes internados eacute do sexo

masculino sendo de 54 enquanto a populaccedilatildeo feminina representa 46

Na anaacutelise da renda familiar dos pacientes para a apuraccedilatildeo dos

rendimentos segundo as classes de salaacuterio miacutenimo considerou-se o que vigorava

no mecircs referente a pesquisa que eacute de R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco

reais) em setembro de 2009

Tabela e Graacutefico 03 ndash Renda familiar

Renda Familiar

Sal Min

N de Pacientes

01 02

02 03

03 04

Natildeo Informou

18

12

03

04

486

325

81

108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Sexo N de Pacientes

Masculino

Feminino

20

17

Σ 37

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

37

RENDA DOS PAC IENTES

18

12

3 4

0

5

10

15

20

01 - 02 S

al

02 - 03 S

al

03 - -0 4 S

al

Natilde o Inform

o u

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Dos 18 pacientes que recebem de 1 a 2 salaacuterios miacutenimos corresponde a

486 do total de 37 pacientes Dos 12 pacientes que recebem de 2 a 3 salaacuterios

miacutenimos correspondem a um total de 325 do total dos pacientes

Os 03 pacientes que recebem de 3 a 4 salaacuterios miacutenimos equivalem a 81 do

total dos 37 pacientes

Pelo exposto observa-se que a maioria dos pacientes tem uma renda muito

baixa

No que tange ao grau de escolaridade dos pacientes considerou-se como

analfabeta a pessoa de 20 anos ou mais de idade que natildeo soubesse ler nem

escrever Foram classificadas como semi-analfabetas as pessoas que soacute sabiam

assinar o nome

Em referecircncia ao mercado de trabalho os pacientes foram classificados

quanto agrave condiccedilatildeo de ocupaccedilatildeo no periacuteodo de referecircncia especificada (setembro de

2009)

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

38

Tabela e graacutefico 04 ndash Grau de escolaridade

Grau de Escolaridade

Pacientes Inserccedilatildeo no Mercado de Trabalho

Desempreg Empregado

Autocircnomo Biscate

Aposentado

Analfabeto

Semi-analfabeto

Fundamental Incompl

Fundamental compl

Ensino Meacutedio Incompl

Ensino Meacutedio compl

Graduaccedilatildeo

07

01

25

02

01

01

--

01

--

05

02

02

--

--

02

--

03

--

--

01

--

--

--

06

--

--

--

--

--

--

01

--

--

--

--

04

01

01

--

--

--

--

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

INSERCcedilAtildeO NO MERCADO DE TRABALHOGRAU ESCOLAR

01234567

7 1 25 2 1 1 0

A nalf ab Semi-analf ab

FundamInc ompl

Fundamc ompl

Ens MeacutedInc ompl

Ens Meacutedc ompl

Grad

DesempregEmpregadoAutocircnomoBiscateAposentado

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observando a tabela e o graacutefico verifica-se que dos 37 pacientes 25 estatildeo

classificados na categoria de escolaridade de niacutevel fundamental incompleto sendo

que destes 20 estatildeo desempregados 12 empregados 24 satildeo classificados

como autocircnomos 4 fazem biscates para sobreviver e 40 estatildeo na categoria de

aposentadoria

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

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COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

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JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

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RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

39

Tabela e graacutefico 05 ndash Estado Civil

ESTADO CIVIL N DE PACIENTES

Solteiro

Casado

Viuacutevo

Desquitado

17

17

03

459

459

82

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

ESTAD O C IV IL DOS PAC IENTES

17 17

3

02468

1012141618

Solteiro

Ca sad o

V iuacutevo

De squ ita

d o

N DEP A CIE NTE S

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo ao estado civil verifica-se que dos 37 pacientes 17 satildeo casados

e 17 solteiros correspondendo a 459 cada um Observa-se que existe um

equiliacutebrio entre os pacientes casados e os solteiros

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

40

Tabela e graacutefico 06 ndash Niacutevel de consciecircncia dos direitos dos pacientes

hospitalizados

DIREITO DOS PACIENTES

HOSPITALIZADOS

ASSINALACcedilOtildeES

Sim Natildeo Natildeo

informou

De recusar tratamento e ser informado das consequumlecircncias De receber um atendimento atencioso A informaccedilatildeo clara sobre o diagnoacutestico De reclamar De ter acesso a outra avaliaccedilatildeo De escolher o meacutedico dentro do hospital De ter acesso ao prontuaacuterio De receber visitas

02 12 07 14 03 02 04 14

31 21 26 19 30 31 29 19

04 04 04 04 04 04 04 04

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

D IREITOS DOS PAC IENTESHOSP ITALIZADOS

0

5

10

15

20

25

30

35

S im Natildeo Natildeoinformou

De recusar tratamento e s erinf ormado dasc onsequumlecircnc ias

De receber um atendimentoatenc ios o

A inf ormaccedilatildeo c lara sobre odiagnoacutes tico

De rec lamar

De ter acess o a outraavaliaccedil atildeo

De esc olher o meacutedic o dentrodo hos pital

De ter acess o ao prontuaacuter io

De receber v is itas

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

41

No que diz respeito aos direitos dos pacientes hospitalizados destaca-se

que os iacutendices encontrados relativos a 513 para o conhecimento do direito de

reclamar e 514 para o direito de receber visitas representam percentuais ainda

muito altos na medida em que satildeo sem duacutevida os mais publicizados nas

instituiccedilotildees hospitalares sobretudo o direito de receber visitas

Tabela e graacutefico 07 ndash Sugestotildees de melhoria do atendimento hospitalar

SUGESTOtildeES PARA MELHORIA DO ATENDIMENTO HOSPITALAR

N DE PACIENTES

Natildeo sabe Melhor Alimentaccedilatildeo Menor burocracia no ato do internamento Tudo Bom Incentivou o paciente a participar Mais funcionaacuterios e medicamentos Ficar com a famiacutelia Natildeo informou

23 02 01 03 01 01 02 04

622 54 27 81 27 27 54 109

Σ 37 100

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

42

SUGESTOtildeES DE MELHORIAS NO ATENDIM ENTO HOSP ITALAR

23

2 13

1 1 24

0

5

10

15

20

25

N DE P A CIE NTE S

Natildeo sabe

M elhor A lim entaccedil atildeo

M enor buroc rac ia no atodo internam ento

Tudo B om

Incentivou o pac iente apartic ipar

M ais func ionaacuterios em edic am entos

F ic ar c om a fam iacutelia

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Observa-se atraveacutes dos dados acima que 622 dos pacientes

hospitalizados natildeo sabem de fato o que sugerir como forma de melhoria de

atendimento

Tabela e graacutefico 07 ndash Maneira de obter informaccedilotildees no hospital sobre os

seus direitos

MANEIRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS DIREITOS

N DE PACIENTES

Atraveacutes de profissionais da aacuterea meacutedica Atraveacutes de reuniatildeo Atraveacutes do cotidiano Natildeo sabe Natildeo informou

10 03 06 14 04

270 81 162 379 108

Σ 37 100 Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

43

MANE IRA DE OBTER INFORMACcedilOtildeES NO HOSPITAL SOBRE OS SEUS D IRE ITOS

10

3

6

14

02468

10121416

N DE P A CIE NTE S

A traveacutes de profis s ionaisda aacuterea m eacutedic a

A traveacutes de reuniatildeo

A traveacutes do c otidiano

Natildeo s abe

Natildeo inform ou

Fonte Aluna do curso de Poacutes graduaccedilatildeo

Os dados acima soacute reforccedilam a analise de que a populaccedilatildeo desprovida de

recursos financeiros e culturais pode encontrar no hospital puacuteblico subsiacutedios sobre

os seus direitos em quanto paciente A interdisciplinaridade como referecircncia para o

trabalho em equipe representaria uma abordagem para estimular o questionamento

dos pacientes o esclarecimento das incertezas e inseguranccedilas o desenvolvimento

do senso criacutetico enfim o direito de reconhecer-se como sujeito de direitos

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

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COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

44

CONCLUSAtildeO

A utopia lanccedilada pela OMS (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) nos anos 70

ldquoSauacutede para todos a partir do ano 2000rdquo estaacute demonstrando tratar-se de algo

fantasioso depois dos anos passados

Quanto ao objeto de estudo para apreendecirc-lo melhor desenvolveu-se uma

pesquisa empiacuterica e bibliograacutefica as quais subsidiaram a confirmaccedilatildeo da hipoacutetese

proposta neste estudo referente a falta de consciecircncia do usuaacuterio acerca da sauacutede

puacuteblica

Conclui-se portanto que a existecircncia de um espaccedilo educativo

interdisciplinar no acircmbito do hospital poderia se constituir como um local

estrateacutegico para a socializaccedilatildeo de informaccedilotildees acerca dos direitos de cidadania dos

pacientes hospitalizados

Entretanto as conclusotildees da pesquisa realizada no hospital Manoel

Victorino indicaram que isso natildeo acontece o que corrobora com as pesquisas

bibliograacuteficas no sentido de que as instituiccedilotildees puacuteblicas de sauacutede no Paiacutes natildeo

conscientizam o seu paciente dos seus direitos de cidadatildeo

Observa-se que isso soacute vem mostrar o descaso que os poliacuteticos demonstram

com a sauacutede puacuteblica no Brasil onde a anaacutelise dos dados evidencia a total falta de

consciecircncia dos pacientes quanto aos seus direitos de usuaacuterio no sistema de sauacutede

puacuteblica

Ainda os dados demonstram que a maioria dos pacientes que utilizam o

serviccedilo puacuteblico eacute aquela parcela da populaccedilatildeo mais carente que possui pouco

estudo e pode-se dizer que eacute mais faacutecil de ser manipulado pelas autoridades

responsaacuteveis pelo sistema de sauacutede

Ao mesmo tempo a analise dos dados evidencia as contradiccedilotildees nas

respostas obtidas visto que ao mesmo tempo que os pacientes internados admitem

estarem satisfeitos com o atendimento que lhe foi dispensado afirmam natildeo saber

dos seus direitos enquanto paciente hospitalizado revelando uma total ignoracircncia

quanto aos seus direitos

Portanto pode-se ainda levantar a indagaccedilatildeo do tema escolhido O usuaacuterio

tem consciecircncia dos seus direitos referentes a sauacutede puacuteblica Pelo exposto pode-se

afirmar com total seguranccedila que o usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico nada sabe acerca dos

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

45

direitos que a Carta Magna lhe oferece e o governo e as instituiccedilotildees de sauacutede nada

fazem para mudar este problema

Entende-se que se fosse diferente ou seja se os usuaacuterios do sistema de

sauacutede soubessem dos seus direitos na aacuterea de sauacutede hoje este sistema estaria

bem melhor do que se encontra pois atraveacutes de sugestotildees e de cobranccedilas tudo

melhoraria

Mas eacute importante lembrar que o Hospital Manoel Victorino atraveacutes do seu

Serviccedilo Social atua com diversos projetos de intervenccedilatildeo aleacutem das demandas

institucionais como deve ser o papel do assistente social Estes profissionais

realizam palestras educativas da profissatildeo visando o desenvolvimento de accedilotildees

individuais e grupais com o envolvimento do corpo cliacutenico funcionaacuterios e usuaacuterios

fundamentando no tripeacute IntegraccedilatildeoAssessoriaBem estar E este tripeacute visa a

integraccedilatildeo entre a forccedila de trabalho assessoria as demais aacutereas que atuam na aacuterea

hospitalar tendo como foco principal o bem estar do paciente

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

46

REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA

BEHRING Elaine Rossetti BOSCHETTI Ivanete Poliacutetica social fundamentos e histoacuteria Satildeo Paulo Cortez 2006 BOBBIO Noberto A era dos direitos Traduccedilatildeo Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Campus 1992 BRASIL Anais da Oitava Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia 1987 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Resoluccedilatildeo nordm 196 de 10 de outubro de 1996 diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos Brasiacutelia DF 1996 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Carta dos Direitos dos Usuaacuterios da Sauacutede Copiado para estudo de um dos dispositivos da Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo visando aacute reestruturaccedilatildeo do Setor de Humanizaccedilatildeo do Hospital Geral Manoel Victorino BRASIL Congresso Nacional Lei Orgacircnica da Sauacutede Brasiacutelia 19 de Setembro BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 38399 de 29 de marccedilo de 1999 Brasiacutelia Conselho Federal de Serviccedilo Social 1999 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede As cartas da promoccedilatildeo da sauacutede Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002 BRAVO Maria Inecircs (Org) Sauacutede e Serviccedilo Social Satildeo Paulo Cortez 2006 CHAUIacute M Convite agrave filosofia 5ordf ed Satildeo Paulo Aacutetica 1995 COHENN C SEGRE M Breve discurso sobre valores moral eticidade e eacutetica Bioeacutetica 1994 2 (1)19-24 COHN Ameacutelia amp ELIAS Paulo Eduardo Sauacutede no Brasil poliacuteticas e organizaccedilotildees de serviccedilos Satildeo Paulo Cortez Editora 1996

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

47

COSTA E A Vigilacircncia sanitaacuteria defesa e proteccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo 1998 [Tese de Doutorado Faculdade de Sauacutede Puacuteblica USP] CRISP R Mill ndash on utilitarism London Routldge Philosophy Guidebook 1997 DALLARI Dalmo de Abreu Direitos Humanos e Cidadania Satildeo Paulo Ed Moderna 1998 DUTRA Joseacute Inaacutecio de Resende Deontologia meacutedica no curso de graduaccedilatildeo In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 FORTES Paulo Antonio de Carvalho Vigilacircncia Sanitaacuteria Eacutetica e Construccedilatildeo de Cidadania Disponiacutevel em httpwwwanvisagovbrdivulgaconavisacadernos eixo3_texto12pdf Acesso dia 30 de Nov 2009 FOUCAULT Michel Microfiacutesica do poder 1ordf ed Rio Janeiro Graal1979 GAUDERER EChristian Os direitos do paciente um manual de sobrevivecircncia 5 ed Rio de Janeiro Record1995 GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 GUERRA Meacutercia de Faacutetima Nogueira Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil ndash O periacuteodo Militar Disponiacutevel em httpwwwidecursoscombrsiteartigosHist 20saude20publica20-20O20Periodo20Militarpdf Acesso dia 30 de Nov 2009 IAMAMOTO Marilda Vilela e CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo Social no Brasil 17 ed Satildeo Paulo Cortez [Lima Peru] CELATS 2005 IAMAMOTO Marilda Vilela O Serviccedilo Social na contemporaneidade trabalho e formaccedilatildeo profissional 14 ed ndash Satildeo Paulo Cortez 2008 IYDA Massako Cem anos de sauacutede puacuteblica a cidadania negada Satildeo Paulo Editora da UNESP 1994 JACOBINA Ronaldo R Sauacutede e Cidadania Sauacutede enquanto direito social Salvador UFBA 1992

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

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RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

48

JACOBINA Ronaldo R Cidadania e Sauacutede Cidadania no Brasil Republicano e sauacutede como direito social Texto Didaacutetico Salvador DMPFAMEDUFBA 2005 LUZ Madel Therezinha Notas sobre as poliacuteticas de sauacutede no Brasil de transiccedilatildeo democraacutetica - anos 80 PHYSIS - Revista de Sauacutede Coletiva Satildeo Paulo v1 n1 1991 MANZINE-COVRE Maria de Lourdes O que eacute cidadania 2 ed Coleccedilatildeo Primeiros Passos Satildeo Paulo Ed Brasiliense1996 MEDEIROS Joseacute de Laurentys Produtividade meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 MEacuteDICI A C Incentivos governamentais ao setor privado no Brasil Rio de Janeiro ENCEIBGE 1990 OLIVEIRA JR Mozart O financiamento da aacuterea social e do SUS no Brasil In Planejamento e Gestatildeo em Sauacutede Cadernos de Sauacutede Vol 1 Belo Horizonte COOPMED 1998 PAIM Jairnilson Silva Sauacutede crises e reformas Coleccedilatildeo Monograacutefica Salvador Centro Editorial e Didaacutetico da UFBA 1986 PATRUacuteS Agostinho Associaccedilatildeo Meacutedica In SILVA Alcino Laacutezaro da (org) Temas eacutetica meacutedica Belo Horizonte Cooperativa Editora e de Cultura Meacutedica 1982 PEREIRA A P Potyara Necessidades Humanas Subsiacutedios agrave criacutetica dos miacutenimos sociais Satildeo Paulo Cortez 2002 PITTA Ana Hospital dor e morte como ofiacutecio 3 ed Satildeo Paulo Hucitec 1994 RIANI F Economia do setor puacuteblico Uma abordagem introdutoacuteria Satildeo Paulo Atlas 1986 RIBEIRO Herval Pina O Hospital histoacuteria e crise Satildeo Paulo Cortez 1993

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

49

RONCALLI A G O Desenvolvimento das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede no Brasil e a construccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede In Antocircnio Carlos Pereira (Org) Odontologia em Sauacutede Coletiva planejamento accedilotildees e promovendo sauacutede Porto Alegre ARTMED 2003 SABROZA Paulo C LEAL Maria do Carmo BUSS Paulo M A Eacutetica do desenvolvimento e a proteccedilatildeo agraves condiccedilotildees de sauacutede Cad Sauacutede Puacuteblica v8 n1 Rio de Janeiro janmar 1992 SCLIAR Moacyr Do maacutegico ao social a trajetoacuteria da Sauacutede Puacuteblica Porto Alegre LampPM Editores 1987 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAUacuteDE DE SAtildeO PAULO Histoacuteria das Poliacuteticas de Sauacutede no Brasil Centro de Formaccedilatildeo dos Trabalhadores de Sauacutede Roteiro e direccedilatildeo Renato Tapajoacutes Tapiri Viacutedeo produccedilotildees 1992 SILVA Ana Ameacutelia Dimensotildees da interlocuccedilatildeo puacuteblica cidades movimentos sociais e direitos In O Brasil no rastro da crise Satildeo Paulo 1994 SOUZA Luiacutes Rodrigues O Problema hospitalar no Brasil novos rumos novas soluccedilotildees Rio de Janeiro CEBRAE 1976

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

50

ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

51

Direitos dos usuaacuterios do Serviccedilo Puacuteblico de Sauacutede

- Ter acesso ao conjunto de accedilotildees e serviccedilos necessaacuterios para a promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e a recuperaccedilatildeo de sua sauacutede

- Ter acesso ao atendimento ambulatorial em tempo razoaacutevel para natildeo

prejudicar sua sauacutede

- Ter acesso a centrais de vagas ou a outro mecanismo que facilite a

internaccedilatildeo hospitalar sempre que houver indicaccedilatildeo

- Ter direito em caso de risco de vida ou lesatildeo grave a transporte e

atendimento adequado em estabelecimento de sauacutede capaz de receber o caso

independente de seus recursos financeiros Se necessaacuteria a transferecircncia somente

poderaacute ocorrer quando seu quadro de sauacutede estiver estabilizado e houver seguranccedila

para vocecirc

- Ser atendido com atenccedilatildeo e respeito de forma personalizada e com

continuidade em local e ambiente dignos limpos e seguros para o atendimento

- Ser acompanhado por pessoa indicada por vocecirc se assim desejar nas

consultas exames durante o trabalho de parto e no parto

- Identificar as pessoas responsaacuteveis direta e indiretamente por sua

assistecircncia por meio de crachaacutes visiacuteveis legiacuteveis e que contenham o nome

completo a profissatildeo e o cargo do profissional assim como o nome da instituiccedilatildeo

- Ter autonomia e liberdade para tomar decisotildees relacionadas agrave sua sauacutede e

sua vida

- Ter se desejar uma segunda opiniatildeo ou parecer de outro profissional ou

serviccedilo sobre seu estado de sauacutede ou sobre procedimentos recomendados

- Ter garantia agrave proteccedilatildeo de usa vida privada o sigilo e a confidencialidade

de todas as informaccedilotildees sobre seu estado de sauacutede inclusive diagnoacutesticos

prognoacutesticos e tratamento assim como todos os dados pessoais que o identifiquem

- Receber informaccedilotildees claras objetivas completas e compreensiacuteveis sobre

seu estado de sauacutede

- Receber receitas com o nome geneacuterico dos medicamentos dos

medicamentos prescritos

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO

52

- Conhecer a procedecircncia do sangue e dos hemoderivados e poder verificar

antes de recebecirc-los o atestado de origem sorologias efetuadas e prazo de

validade

- Ser previa e expressamente informado quando o tratamento proposto for

experimental ou fizer parte de pesquisa

- Natildeo ser discriminado nem sofrer restriccedilatildeo ou negaccedilatildeo de atendimento nas

accedilotildees e serviccedilos da sauacutede em funccedilatildeo de raccedila idade gecircnero orientaccedilatildeo sexual

condiccedilotildees sociais ou qualquer outra restriccedilatildeo

  • RESUMO
    • METODOLOGIA
      • INTRODUCcedilAtildeO
      • CAPIacuteTULO I ndash SAUacuteDE PUacuteBLICA NO BRASIL
        • 11 Histoacuteria da Sauacutede Puacuteblica no Brasil
        • 12 Origens do Movimento de Reforma do Sistema de Sauacutede
        • 13 Sauacutede Puacuteblica no Brasil uma questatildeo de direito
          • CAPIacuteTULO II - CIDADANIA E SAUacuteDE
            • 21 A Construccedilatildeo da cidadania lutas e conquistas
            • 22 Cidadania e Eacutetica
            • 23 O Serviccedilo Social no Acircmbito da Sauacutede
            • 24 A Importacircncia da informaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo dos direitos do paciente hospitalizado
              • CAPIacuteTULO III ndash O CIDADAtildeO DOENTE REFLEXOtildeES SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES NO HOSPITAL GERAL MANOEL VICTORINO E A EFETIVACcedilAtildeO D
                • 31 O Perfil dos pacientes Internados no HGMV
                • 32 Resultado e discussatildeo
                  • CONCLUSAtildeO
                  • REFEREcircNCIA BIBLIOGRAacuteFICA
                  • ANEXO