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UERN UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE CAMPUS DE NATAL “GOV. FERNANDO ANTONIO DA CÂMARA FREIRECURSO DE TURISMO NÁDIA MINÉIA LAGO DE DEUS UM PATRIMÔNIO HISTÓRICO CULTURAL ADORMECIDO: OS SOLARES, AS IGREJAS E OS CASARÕES DE MACAÍBA-RN. Natal 2008

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UERN

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

CAMPUS DE NATAL “GOV. FERNANDO ANTONIO DA CÂMARA FREIRE”

CURSO DE TURISMO

NÁDIA MINÉIA LAGO DE DEUS

UM PATRIMÔNIO HISTÓRICO CULTURAL ADORMECIDO:

OS SOLARES, AS IGREJAS E OS CASARÕES DE MACAÍBA-RN.

Natal

2008

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NÁDIA MINÉIA LAGO DE DEUS

UM PATRIMÔNIO HISTÓRICO CULTURAL ADORMECIDO:

OS SOLARES, AS IGREJAS E OS CASARÕES DE MACAÍBA/RN.

Trabalho monográfico de conclusão de curso apresentado ao Curso de Turismo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de bacharelado em Turismo.

Orientador: Prof. Esp. Alcêdo Pinheiro Galvão.

Natal

2008

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Deus, Nádia Minéia Lago de. Um patrimônio histórico cultural adormecido: os solares, as igrejas e os casarões de Macaíba-RN / Nádia Minéia Lago de Deus. – Natal, RN, 2008. 41 f.

Orientador (a): Prof. Esp. Alcêdo Pinheiro Galvão.

Monografia (Bacharel em Turismo). Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Faculdade de Turismo.

1. Cultura - Monografia. 2. Patrimônio Histórico - Monografia. 3. Patrimônio

Cultural – Macaíba - Monografia. Pontos Turísticos – Monografia. I. Galvão, Alcêdo Pinheiro. II. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. III. Título.

UERN/ BC CDD 306

Catalogação da Publicação na Fonte.

Bibliotecária: Valéria Maria Lima da Silva CRB 15 / 451

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NÁDIA MINÉIA LAGO DE DEUS

UM PATRIMÔNIO HISTÓRICO CULTURAL ADORMECIDO:

OS SOLARES, AS IGREJAS E OS CASARÕES DE MACAÍBA/RN.

Esta monografia foi julgada adequada à obtenção do título de bacharel em Turismo e aprovada em sua forma final pelo curso de Turismo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

Natal, ____ de ________________ de _______ .

_________________________________________ Prof. e Orientador, Alcêdo Pinheiro Galvão, Esp., Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

_________________________________________ Prof., Marília Medeiros Soares, Esp.,

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

_________________________________________ Prof., Alessandro Teixeira, Ms.,

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

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Dedico este trabalho a minha avó Maria

Rodrigues de Deus, que partiu antes de poder

vê-lo concluído, mas sei que onde ela estiver,

estará comemorando a minha vitória. Por toda

sua dedicação, amor e carinho doados a mim

durante os momentos em que estávamos

juntas, e por sua eterna lembrança em meu

viver.

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AGRADECIMENTOS

É TOMADA PELA EMOÇÃO, QUE VENHO AGRADECER A TANTAS PESSOAS,

QUE TIVERAM UMA PARTICIPAÇÃO MUITO IMPORTANTE PARA A

CONCRETIZAÇÃO DE UM SONHO, A CONQUISTA DESTE TÍTULO,

ATRAVÉS DA CONSTRUÇÃO DESTE TRABALHO.

AGRADEÇO PRIMEIRAMENTE A DEUS, O QUAL PERMITIU QUE ESTE

TRABALHO CHEGASSE A CONCLUSÃO E ATINGISSE O SUCESSO.

AGRADEÇO AOS MEUS PAIS, DALVACI E CLÁUDIO ÉLCIO.

AO MEU ESPOSO MICHELL, MEU IRMÃO ALAN E A TODA MINHA FAMÍLIA.

A UM CASAL POR DEMAIS ESPECIAL JACQUELINE E EUGÊNIO.

AOS MEUS AMIGOS, EM ESPECIAL A FLÁVIA HELENA.

E NÃO PODERIA DEIXAR DE AGRADECER A TODOS OS PROFESSORES QUE

COM MUITA DEDICAÇÃO, CARINHO E AMIZADE, CONTRIBUÍRAM PARA O

MEU CRESCIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL ATRAVÉS DE SEUS

CONHECIMENTOS, OS QUAIS ME PROPORCIONARAM O RESULTADO FINAL

DESTE TRABALHO. EM ESPECIAL, AGRADEÇO A ALGUNS QUE MARCARAM

VERDADEIRAMENTE A MINHA FORMAÇÃO: MARCO ANTÔNIO DA ROCHA

JR., AVANY PEIXOTO, JÂNIO FERNANDES, JOSÉLIA CARVALHO E ALCÊDO

PINHEIRO GALVÃO, AQUELE QUE ACEITOU INVESTIR NESTA EMPREITADA

AO MEU LADO, TENDO ACREDITADO NO MEU POTENCIAL E CONTRIBUÍDO

DE FORMA DECISIVA NA FASE FINAL DESTA TRAJETÓRIA.

TAMBÉM GOSTARIA DE AGRADECER A ESTA PESSOA MARAVILHOSA,

QUE TEVE UMA GRANDE CONTRIBUIÇÃO, JÁ NA RETA FINAL DA

ELABORAÇÃO DESTE TRABALHO: EDNARDO GONÇALVES.

E QUERO ENCERRAR COM UM AGRADECIMENTO ESPECIAL A PESSOA QUE

DE FORMA DIRETA MAIS CONTRIBUIU COM A REALIZAÇÃO DA PESQUISA

PARA ESTE TRABALHO MONOGRÁFICO, O SENHOR MARCELO AUGUSTO

MEDEIROS BEZERRA, SECRETÁRIO DE CULTURA E TURISMO DO

MUNICÍPIO DE MACAÍBA, POR TODO MATERIAL DISPONIBILIZADO E PELO

CONSTANTE APOIO DURANTE O DESENVOLVIMENTO DESTE TRABALHO, E

AINDA, A TODOS QUE DE ALGUMA FORMA ME AJUDARAM,

O MEU MUITO OBRIGADA.

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SUMÁRIO

I – APRESENTAÇÃO............................................................................................................... 09

II - CONCEITOS E FUNDAMENTAÇÃO DO TURISMO................................................. 11

2.1 CONCEITO DE TURISMO................................................................................................. 11

2.2 CONCEITO DE CULTURA................................................................................................ 12

2.3 TURISMO CULTURAL...................................................................................................... 13

2.4 PATRIMÔNIO CULTURAL E SUA RELAÇÃO COM A ATIVIDADE TURÍSTICA.... 13

2.5 O PLANEJAMENTO TURISTICO...................................................................................... 16

III – MACAÍBA UM PATRIMÔNIO HISTÓRICO CULTURAL ADORMECIDO........ 19

3.1 LOCALIZAÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DO MUNICIPIO DE MACAIBA-RN..... 19

3.2 O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO DE MACAIBA-RN............................................... 21

3.2.1 Os Solares........................................................................................................................... 22

3.2.2 As Igrejas............................................................................................................................ 27

3.2.3 Os Casarões........................................................................................................................ 30

IV – ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS................................................ 33

4.1 A PESQUISA........................................................................................................................ 33

4.2 O APROVEITAMENTO TURÍSTICO DO PATRIMÔNIO CULTURAL EM

MACAÍBA..................................................................................................................................

34

V - CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................. 37

REFERÊNCIAS......................................................................................................................... 40

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LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 01 – Mapa da Divisão Política do Rio Grande do Norte....................................... 19

Ilustração 02 – Mapa Geográfico do Município de Macaíba-RN.......................................... 20

Ilustração 03 – Solar do Ferreiro Torto.................................................................................. 22

Ilustração 04– Solar Caxangá................................................................................................ 24

Ilustração 05– Solar da Madalena.......................................................................................... 25

Ilustração 06 – Solar do Mourisco......................................................................................... 26

Ilustração 07 – Solar do Jundiaí............................................................................................. 27

Ilustração 08 – Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição............................................. 28

Ilustração 09 – Capela de São José Operário......................................................................... 29

Ilustração 10 – Capela de Nossa Senhora da Soledade.......................................................... 29

Ilustração 11 – Capela de Nossa Senhora da Soledade.......................................................... 29

Ilustração 12 – Ruínas do Casarão Guarapes........................................................................ 31

Ilustração 13 – Casa da Cultura (antigo Casarão dos Mesquita)........................................... 31

Ilustração 14 – Jardim Interno da Casa da Cultura................................................................ 32

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RESUMO

Patrimônio histórico definido como um bem material, natural ou imóvel que possui

significado e importância artística, cultural, religiosa, documental ou estética para a

sociedade. As igrejas, os solares e os casarões do município de Macaíba-RN, ícones

arquitetônicos que remetem ao período colonial da capitania do Rio Grande do Norte estão

adormecidos. Tendo por objetivo torná-los um equipamento turístico, cultural e de lazer

visando sua sustentabilidade através da interação da população local com este patrimônio, a

qual despertaria o sentido de identidade neste povo e consequentemente a defesa desses bens.

De forma mais específica, põe em evidência a necessidade de conhecimento e preservação da

história da comunidade primeiramente por si própria, para uma futura inserção no trade da

atividade turística potiguar, onde se tornaria um produto diferencial do massificado sol e mar

atraindo turistas que buscam além do lazer o conhecimento de novas culturas. A metodologia

aplicada baseou-se na documentação indireta, pesquisa documental e bibliográfica. Sendo

satisfatória para o reconhecimento dos principais patrimônios histórico-culturais e

arquitetônicos do município de Macaíba-RN, bem como suas histórias e atuais utilizações. Foi

então constatado que um potencial não se torna produto turístico se não houver interesse dos

setores privado e público, onde é de suma importância a participação da população autóctone

para a efetiva inclusão de um produto histórico-cultural no mercado turístico em que estiver

inserido.

Palavras-chave: Patrimônio, Cultura, Macaíba e Turismo.

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ABSTRACT

Defined historical patrimony as a very material, natural or immobile one that possesses

meaning and importance artistic, cultural, religious person, documental or aesthetics for the

society. The churches, the solar ones and the big houses of the municipal district of Macaíba-

RN, architectural icons that send to the colonial period of the captaincy of Rio Grande do

Norte are fallen asleep. Tends for objective to turn them an equipment tourist, cultural and of

leisure seeking it’s sustainability through the interaction of the local population with this

patrimony, which would wake up the identity sense in this people and consequently the

defense of those goods. In a more specific way, it puts firstly in evidence the knowledge need

and preservation of the community's history for itself own, for a future insert in the trade of

the activity tourist potiguar, where if it would turn a differential product of the influenced sun

and sea attracting tourists that look for besides the leisure the knowledge of new cultures. The

applied methodology based on the indirect documentation researches documental and

bibliographical. Being satisfactory for the recognition of the main historical-cultural and

architectural patrimonies of the municipal district of Macaíba-RN, as well as their histories

and current uses. It was verified then that a potential doesn't become tourist product if there is

not interest of the sections deprived and public, where it is of addition importance the

participation of the autochthonous population for the effective inclusion of a historical-

cultural product in the tourist market in that it be inserted.

Word-key: Patrimony, Culture, Macaiba and Tourism.

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I. INTRODUÇÃO

A atividade turística no contexto sociológico é um fenômeno social que

atualmente abrange o mundo inteiro do ponto de vista geográfico, e praticamente todas as

camadas e grupos sociais. Sendo assim, economicamente, o turismo tem se tornado uma

opção para o incremento da economia das localidades onde é desenvolvido, devido ao fato de

exercer ampla influência em diferentes setores econômicos, como o setor de infra-estrutura,

comércio, restauração, entre outros.

A academia de um modo geral vem discutindo a importância que o turismo

representa para o país. Atualmente o setor do turismo tende a fugir dos lugares comuns, da

massificação, dos conceitos repetitivos, procurando como alternativas cada vez mais a

diferenciação e a qualidade dos novos produtos ofertados, baseados na sustentabilidade.

O objeto de estudo desta pesquisa é a apresentação de um patrimônio histórico-

cultural adormecido: os solares, as igrejas e os casarões do município de Macaíba/RN e sua

potencial inserção no mercado turístico potiguar. Patrimônios estes de importância secular,

que para este trabalho vêem sendo estudados desde 2006.

Ao longo deste período foram pesquisadas muitas fontes, mas todas na forma

de documentação indireta através da pesquisa bibliográfica e documental embora esta segunda

técnica se assemelhe à pesquisa bibliográfica, permite que se tenha acesso a diversos

documentos tais como: reportagens de jornal, relatórios de pesquisa, documentos oficiais,

entre outros, o que favorece uma visão mais aprofundada da questão em aberto.

Tendo por base que a cultura é o que nos torna singular através dos elementos

de identidade de cada povo, e que a cada momento vão-se refletindo o pensamento, os

saberes, os traços culturais, os símbolos, as criações e as recriações da comunidade, habitante

de um local. Temos então, tais fatores formando o patrimônio cultural dessa comunidade, que

deve ser preservado porque é instrumento de ideologia e legitimação dos grupos sociais.

Neste sentido, o patrimônio cultural é necessário também para o turismo, pois

este é um dos eixos da promoção da cultura, já que através dele as pessoas visitam lugares e

trocam conhecimento cultural, na medida em que as localidades turísticas se apresentam

vinculadas aos fatores culturais através dos identificadores de um povo: seu artesanato,

gastronomia, arquitetura, história e arte.

O município em questão dispõe de um patrimônio arquitetônico composto,

entre outros elementos, de cinco solares, três igrejas e dois casarões formando o universo

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desta pesquisa. Como amostra, teremos o Solar Ferreiro Torto e o Caxangá os quais traduzem

através de suas arquiteturas, a história do município no período colonial. Estes solares

possuem muitas histórias e lendas, característica de produtos que atraem turistas ávidos por

cultura, aspecto que poderá a vir identificar e destacar esta localidade, como é o caso da Itália,

no contexto do turismo mundial, sendo país com o maior número de patrimônios tombados

pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO.

Tendo em vista esse quadro de referência, o objetivo do presente trabalho é

informar a potencialidade desse patrimônio torná-lo um equipamento turístico, cultural e de

lazer visando sua sustentabilidade através da interação da população local com este

patrimônio, a qual despertaria o sentido de identidade neste povo e consequentemente a

defesa desses bens. Para uma possível inclusão de Macaíba nos roteiros turísticos do estado,

ofertando ao público um produto diferenciado; de riqueza histórico–cultural baseado nos

princípios da sustentabilidade, e alternativo ao difundido turismo de sol e mar, tipo de turismo

massificado e explorador.

Neste período onde as políticas de incentivo a atividade turística advindas do

Ministério do Turismo estão investindo na sua interiorização, através dos projetos de

roteirização, este trabalho pode ser o alerta desta oportunidade do município se desenvolver e

se qualificar para um turismo expressivo. No entanto é necessário que primeiramente seja

feito esse resgate do seu patrimônio histórico-cultural, que se encontra desconhecido por

grande parte da população local e dos planejadores da atividade turística.

Com este intuito, de incremento da economia local, é que o levantamento do

potencial turístico do município a partir do seu patrimônio histórico-cultural será apresentado

aos órgãos públicos responsáveis pela fomentação do turismo em Macaíba-RN, onde se estará

dando visibilidade principalmente ao patrimônio arquitetônico, para que ainda possa se

resgatar o restante deste patrimônio adormecido, apesar do que já foi destruído.

A partir do resgate deste, se espera despertar a conscientização da importância

que a cultura exerce sobre uma localidade e o sentimento de defesa da população autóctone

para alcançar o apoio e o incentivo necessários para efetiva inserção do município de Macaíba

nos roteiros turísticos do Rio Grande do Norte.

A resposta a este investimento se apresenta em forma de benefícios no âmbito

sócio-econômico e cultural, na medida em que o patrimônio do município se apresente

estruturado como um atrativo turístico.

Desta forma, a possível criação de um roteiro turístico histórico-cultural para esta

localidade, viria a ser mais uma opção para o desvio da exploração do turismo de massa;

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também resgatando um aspecto louvável da atividade turística: seu papel como instância

educativa, como foi nos séculos XVII e XVIII, no auge do Grand Tour, sobretudo na Europa

e nos Estados Unidos. Pois o turista como ser humano, também carrega em si o interesse por

novas experiências, novos aprendizados.

II. CONCEITOS E FUNDAMENTAÇÃO DO TURISMO

2.1 CONCEITO DE TURISMO

O turismo ainda não encontrou sua definição única, mas a definição aceita do

ponto de vista formal é a dada pela Organização Mundial do Turismo (OMT), que o considera

como a “soma de relações e de serviços resultantes de um câmbio de residência temporário

voluntário motivado por razões alheias a negócios ou profissionais” (De la Torre, 1992, p.19

apud BARETO, 2003, p. 12).

Entre as várias definições do turismo há elementos importantes que permeiam

quase todas elas, são eles: o tempo de permanência no mínimo de 24 horas e inferior a três

meses, o caráter não lucrativo da visita e a busca do prazer por parte dos turistas, e como pode

se observar na definição de Oscar de La Torre (México) destaca-se um dos mais importantes

elementos da atividade turística: as inter-relações estabelecidas entre os turistas e a população

autóctone:

O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem do seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural (De la Torre 1992, p.19 apud BARRETO, 2003, P.13).

Para este trabalho esta é a definição que melhor relaciona a atividade turística

com o patrimônio cultural, pois apresenta a relação turista x população local, ou seja, a inter-

relação que faz com que uma cultura seja (venha a ser) conhecida e reconhecida.

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A atividade turística, portanto, além de contribuir para o desenvolvimento de

uma localidade, proporciona desenvolvimento social e cultural, baseado na intensa troca de

informações entre turistas e comunidade receptora.

2.2. CONCEITO DE CULTURA

A origem etimológica da palavra cultura remonta ao final so século XVIII do

termo germânico Kultur, utilizado para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma

comunidade, enquanto a palavra francesa Civilization referia-se principalmente às realizações

materiais de um povo. Ambos os termos foram sintetizados por Edward Tylor no vocábulo

inglês Culture que segundo Laraia (2001), no sentido etnográfico, é o todo complexo que

inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou

hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.

Com o passar do tempo, o termo tem adquirido diversos significados e tem

sido aplicado a diferentes áreas, no entanto, o esforço para sintetizar o mesmo ainda terá um

bom caminho a percorrer. Na concepção de Geertz e Solineider (dois renomados

antropólogos) cultura

Não é um complexo de comportamentos concretos, mas um conjunto de mecanismos de controle, planos, receitas, regras instruções para governar o comportamento. Assim sendo uma compreensão exata do conceito de cultura significa a compreensão da própria natureza humana (LARAIA, 2003, P.63).

A cultura de uma determinada localidade é resultado da comunidade inteira e a

ela tende a retornar. É por meio da prática e da familiarização com as regras de conduta

religiosa ou social, os preceitos e valores, os costumes e tradições que um povo recebeu sua

cultura, e é desta mesma forma que ela se propaga. Passando de geração para geração aquele

mesmo modo de vida, as mesmas concepções que fazem com que os próximos continuem a

viver sob os mesmos moldes.

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Sendo assim, Os bens culturais que herdados do passado e vivenciados no

presente contribuem para a formação da identidade, na formação de grupos, nas categorias

sociais e no resgate à memória, permitindo estabelecer elos entre o pertencimento, a história e

as raízes (COSTA, 2006).

2.3 TURISMO CULTURAL

É certo que o conceito de cultura é extremamente amplo, entretanto quando

falamos de Turismo Cultural este obtém uma conotação restritiva. O termo Turismo Cultural

designa uma modalidade de turismo cuja motivação do deslocamento se dá, segundo Andrade

(2002) com o objetivo de encontros artísticos, científicos, de formação e de informação. O

autor ainda completa, dizendo que os alicerces do turismo cultural “situam-se no esforço de

conhecer, pesquisar e analisar dados, obras ou fatos, em suas variadas

manifestações”(ANDRADE, 2002, p.32).

Segundo Barreto (2000, p.20) de acordo com a Organização Mundial do

Turismo, o turismo cultural seria caracterizado pela procura por estudos, cultura, artes

cênicas, festivais, monumentos, sítios históricos ou arqueológicos, manifestações folclóricas

ou peregrinações.

Assim compreende-se que turismo cultural é todo aquele em que o atrativo

principal não seja a natureza, mas algum aspecto da cultuta humana, e seguindo esta visão

torna-se interessante observar que este segmento turístico se constitui fundamentalmente pelo

comportamento, preparação e foco do turista e não do patrimônio da localidade.

2.4 PATRIMÔNIO CULTURAL E SUA RELAÇÃO COM A ATIVIDADE TURÍSTICA

No que se refere à definição oficial do termo patrimônio cultural, a

Constituição Brasileira de 1988, ao dispor sobre a cultura, define, em seu artigo 216,ementa

nº. 42/2003 o patrimônio cultural brasileiro composto por bens de natureza material e

imaterial:

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Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. (BRASIL, 1988)

Pode-se dizer então, que patrimônio é a memória de um povo ou de um lugar.

Esta memória a qual nos referimos é tudo aquilo que um povo ou uma comunidade guarda

como valor, e sendo assim adquire valor cultural. E é através da cultura que se conhece um

povo, um país, um lugar.

A relação entre turismo e patrimônio cultural não é tão recente quanto se

imagina. A primeira viagem nacional na qual o patrimônio figura como atrativo para o

turismo ocorreu em 1924 e teve como destino a cidade mineira de Ouro Preto (CAMARGO,

2002, P.82). Ícones do Modernismo Brasileiro participaram dessa viagem, são alguns deles:

Mário de Andrade1 escritor, Tarsila do Amaral2 artista plástica e Oswald de Andrade3,

jornalista e escritor.

Ainda segundo CAMARGO (2002) esses artistas despertaram o Poder

Executivo para a necessidade de se preservar nossas raízes históricas e culturais brasileiras.

Essa ação acarretou os primeiros resultados importantes quando na década de 1930 o Governo

de Getúlio Vargas criou o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN –

Lei 378/1937, atualmente sendo o órgão denominado Instituto do Patrimônio Histórico a

Artístico Nacional IPHAN) e, por meio do Decreto-lei n. 25, organiza a proteção do

patrimônio histórico e artístico nacional por meio do tombamento dos bens.

Seguindo o pensamento de MARTINS e VIEIRA diante das atuais discussões

suscitadas entre turismo e patrimônio cultural é possível apontar que as relações estabelecidas

entre ambos serão duradouras, pois cada vez mais as pessoas têm buscado, através da

realização de viagens turísticas, um crescimento cultural advindo da observação dos diversos

tipos de culturas característicos de cada local visitado. 1 Autor de Prefácio Interessantíssimo, 1922 e A Escrava que não é Isaura, 1925.* 2 Sua obra mais conhecida o Abaporu que significa “antropófago” em tupi.* 3 Autor da Trilogia do Exílio: Os Condenados 1922, Estrela do Absinto 1927 e Escada Vermelha 1934.* *Fonte:CEREJA, W.R. MAGALHÃES, T. C. Literatura Brasileira. 2 ed. São Paulo: Atual, 2000. p 359 - 373.

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É necessária a ampla participação do indivíduo e da sociedade no processo de

criação dos bens culturais, na manutenção dos lugares de memória, na tomada de decisões que

se referem à vida cultural e na sua difusão e vivência.

Com base nas potencialidades que o patrimônio cultural representa, tem-se

procurado ofertar atividades turísticas nas quais o patrimônio se converte em recurso de

desenvolvimento e de lazer para a sociedade. Esta utilização exige cautela, pois, quando se

intervém de alguma forma no patrimônio cultural de uma localidade, interfere-se nos vínculos

histórico-culturais que dão coerência aquela sociedade.

É importante considerar que o patrimônio cultural pertence à sociedade que o

criou. As relações da comunidade com seu patrimônio cultural não se circunscrevem somente

na esfera econômica, mas principalmente nas diferentes e complexas esferas da vida social,

nas inter-relações da vida cotidiana onde as pessoas compartilham dos mesmos costumes e

valores, a qual possibilita que cada um possa reconhecer a si mesmo na sua experiência de

vida coletiva escolar, familiar, de vizinhança e religiosa.

Se essa comunidade pára por qualquer motivo de estabelecer os laços

históricos necessários e passa a não se identificar com os seus lugares de memória, os

significados são perdidos e o seu patrimônio deixa de cumprir uma função social essencial

que é a manutenção da identidade do local. Pois é neste reconhecimento que está a identidade,

e a partir do momento em que não há patrimônio com o que se identificar? A identidade

cultural é a riqueza que dinamiza as possibilidades de realização da sociedade, ao mobilizar

cada grupo social, a nutrir-se de seu passado e a colher as contribuições assim continuando o

processo de criação e recriação social.

Nesse sentindo, o desenvolvimento do Turismo Cultural está diretamente

relacionado ao esforço e trabalho de se preservar os valores culturais. É fundamental assumir

e construir uma nova dimensão que permita vincular os conceitos de desenvolvimento social

do turismo e de preservação do patrimônio, já que o patrimônio cultural representa a espinha

dorsal dos projetos de planejamento do Turismo Cultural.

E para que este patrimônio não chegue a sucumbir, se fazem necessárias

estratégias de uso consciente de preservação, onde a atividade turística não vise somente

interesses econômicos, e que estes não se sobreponham aos valores éticos. Tais estratégias

integram o chamado desenvolvimento sustentável do turismo, que:

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Atende às necessidades dos turistas de hoje e das regiões receptoras, ao mesmo tempo em que protege e amplia as oportunidades para o futuro. É visto como um condutor ao gerenciamento de todos os recursos, de tal forma que as necessidades econômicas, sociais e estéticas possam ser satisfeitas sem desprezar a manutenção da integridade cultural, dos processos ecológicos essenciais, da diversidade biológica e dos sistemas que garantem a vida. OMT (Organização mundial do Turismo, 2003).

A preocupação do mundo moderno em manter suas raízes vivas, sua história,

seu patrimônio faz com que se olhe para o futuro e passe a trabalhar em processo de

sustentabilidade não só econômica, mas na capacidade de absorção e no deslocamento do

público visitante, que traz um conjunto de novos fatores que necessitam de um gerenciamento

partindo do macro ambiente sócio-econômico e político-legal até atingir o micro –ambiente

da cultura local.

2.5 O PLANEJAMENTO TURÍSTICO

Segundo RUSCHMANN (1997) o planejamento é uma atividade que envolve a

intenção de estabelecer condições favoráveis para alcançar objetivos e metas propostas. O ato

de planejar objetiva a previsão de facilidades e serviços para que uma comunidade atenda

seus desejos e necessidades ou, então, o desenvolvimento de estratégias que permitam a uma

organização comercial visualizar oportunidades de lucro em determinado segmento de

mercado.

Para que o turismo se desenvolva de forma sustentável é indispensável o

planejamento. Por planejamento turístico entende-se:

O planejamento como um processo que consiste em determinar os objetivos de trabalho, ordenar os recursos materiais e humanos disponíveis determinar os métodos e as técnicas aplicáveis, estabelecer as formas de organização e expor com precisão todas as especificações necessárias para que a conduta da pessoa ou do grupo de pessoas que atuarão na execução dos trabalhos seja racionalmente diretamente para alcançar os resultados pretendidos (ESTOL E ALBUQUERQUE, apud OMT, 2003, p.8).

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No turismo, o plano de desenvolvimento constitui o instrumento fundamental

na determinação e seleção das prioridades para a evolução harmoniosa da atividade,

determinando suas dimensões ideais, para que, a partir daí, se possa estimular, regular ou

restringir sua evolução.

Conforme Bound e Bovy, o Plano Turístico é elaborado com a finalidade de

atingir os mais diversos propósitos, a saber, (BOUND e BOVY, p. 13, apud Ruschmnn, 1997,

p.85):

• Definir políticas e processos de implementação de equipamentos e atividades, e seus respectivos prazos; • Controlar o desenvolvimento espontâneo do turismo; • Maximizar os benefícios, visando ao bem estar da comunidade receptora e à rentabilidade dos empreendimentos do setor; • Evitar deficiências ou congestionamentos; • Minimizar a degradação dos locais e recursos sobre os quais o turismo se estrutura; • Capacitar os vários serviços públicos para a atividade turística; • Garantir que a imagem da destinação se relacione com a proteção ambiental e cultural, além da qualidade dos serviços prestados; • Atrair financiamentos nacionais ou internacionais e assistência técnica para o desenvolvimento do turismo; • Coordenar o turismo com outras atividades econômicas integrando seu desenvolvimento aos planos econômicos e físicos do país.

De acordo com Ruschmann (1997, p. 86) sempre haverá a necessidade da

intervenção dos planejadores em turismo nas seguintes circunstâncias,

• Nos locais em que as empresas turísticas estão se estabelecendo com sucesso, a fim de assegurar um controle eficaz do desenvolvimento, no qual se incluem as medidas de proteção do meio ambiente e dos recursos culturais; • Nos locais em que o crescimento acelerado da demanda, originado pelo turismo de massa gerou modificações rápidas nas circunstâncias econômicas e sociais, visando ao monitoramento contínuo do acesso de pessoas; • Nos locais onde o turismo não se desenvolveu satisfatoriamente, apesar de apresentarem recursos consideráveis, como é o caso da cidade de Macaíba; • Nos locais onde o desenvolvimento do turismo concorre para a degradação ou a erosão de sítios históricos e/ou recursos únicos, apesar dos consideráveis benefícios socioeconômicos.

Uma vez que o planejamento trabalhará com prioridades, poderá ter suas metas

e o cumprimento de seus objetivos divididos em longo, médio e curto prazos.

Segundo a mesma autora (1997, p. 91), o planejamento em longo prazo

trabalha a concepção do produto ou a sua identidade mercadológica. Determina os produtos

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que serão oferecidos no mercado, quem participará da sua composição, em que períodos e

para que segmentos. Geralmente a duração de um planejamento em longo prazo dura quinze

anos, mas esse prazo pode estender-se como ser abreviado, de acordo com os objetivos

propostos.

O planejamento turístico em médio prazo tem por objetivo implantar as ações

propostas em longo prazo, relacionadas aos equipamentos destinados ao atendimento dos

desejos e das necessidades da demanda. Ele está subordinado ao de longo prazo e essa

hierarquia deve ser observada pelos empresários, a fim de evitar que como conseqüência de

ações intuitivas e imediatistas, as destinações turísticas ultrapassem sua capacidade de carga e

acabem se degradando diante de um mercado cada vez mais exigente. O tempo fixado é de

cinco anos tanto para empreendimentos que querem se reposicionar no mercado, como para

os novos (RUSCHMANN, 1997).

O planejamento turístico a curto prazo constitui a fase inicial da hierarquia na

implantação de equipamentos e no desenvolvimento de atividades em núcleos receptores.

Geralmente, são ajustes e soluções que podem ser implantados no curto espaço de tempo de

um ano que correspondam a soluções para necessidades imediatas e visam viabilizar o

funcionamento adequado de serviços e equipamentos turísticos.

As soluções a curto prazo podem relacionar-se às ações de treinamento de

recursos humanos de nível básico, limpeza de fachadas, ajardinamento de ruas que, apesar do

seu pequeno impacto imediato, se forem contínuas, terão efeito positivo no conjunto da oferta

turística de uma localidade.

São necessárias, porém, formas metodológicas de sensibilização da

comunidade, de diagnóstico de viabilidade, de implantação, de monitoramento dos impactos,

de divulgação e de venda para que tais objetivos sejam atingidos e gerem oportunidades de

lazer e de aprendizado aos turistas, ao mesmo tempo em que proporcione à comunidade local

melhoria da qualidade de vida (RUSCHMANN, 1997).

Assim, caberá ao planejador e sua equipe identificar certos elementos, como:

• Existência de atrativos naturais e culturais capazes de atrair demanda; • Existência de acomodações, alimentação e entretenimento; • Existência de facilidades e acessos. • A disponibilidade de transporte turístico e o bom posicionamento geográfico; • Existência de uma demanda potencial capaz de viabilizar os investimentos feitos ou por fazer; • Avaliar preços de transporte, alojamento, alimentação, entretenimento, além de preços cobrados por taxistas, souvenirs e outros.

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E após o levantamento da situação de todos estes elementos pode-se começar a

elaboração do plano estratégico de desenvolvimento turístico o qual englobará as ações que

devem ser realizadas para a implantação da atividade turística na localidade analisada.

III. MACAÍBA UM PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL ADORMECIDO

3.1 LOCALIZAÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE MACAÍBA-RN

Conforme sua Síntese Histórica, situado no Brasil, na região Nordeste, no

estado do Rio Grande do Norte o município de Macaíba fica a uma latitude de 5° 51’ 30” Sul

e uma Longitude de 35° 21’ 14” Oeste. Distante 14 km de Natal, a capital do estado, sua área

é de 512,49 Km², correspondendo a 0,92% da superfície estadual. Localizado numa das

principais bacias hidrográficas do Estado, limita-se ao Norte com os municípios de São

Gonçalo do Amarante (Antigo São Gonçalo, de onde foi desmembrado) e Ielmo Marinho; ao

Sul Vera Cruz e São José de Mipibu, a Leste com Natal e Parnamirim e a Oeste com Ielmo

Marinho, São Pedro e Bom Jesus, como se vê no mapa a seguir:

Ilustração 01 – Mapa da divisão política do RN

Fonte: IDEMA/RN

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Ilustração 02 – Mapa Geográfico do Município de Macaíba/RN Fonte: IDEMA/RN

Segundo a síntese Histórica do Município os núcleos populacionais mais

antigos e conhecidos nas terras onde atualmente ergue-se a cidade de Macaíba foram o arraial

e o engenho Potengi (Ferreiro Torto), o segundo da capitania do Rio Grande. Foi construído

pelo capitão Francisco Rodrigues Coelho e o seu sócio, o vigário do Natal Gaspar Gonçalves

da Rocha. Esse primitivo engenho, bem como o arraial, tiveram vida curta. Foram destruídos

e o proprietário massacrado pelas mãos invasoras holandesas em dezembro de 1634.

Ato contínuo, tendo em vista a decadência da cidade do Natal, arrasada pelos

batavos, estes subiram o rio Potengi e na confluência do rio Jundiaí foi fundada a Nova

Amsterdã, a qual chegou a possuir a câmara dos escabinos cujos moradores viviam da pesca,

da produção de farinha e do plantio do fumo.

Porém, a história oficial do município teve início em 1770, com a demarcação

do sítio Coité pelo coronel Manoel Casado. Coité era uma árvore abundante na região que o

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coronel passou a plantar em sua propriedade. Em 1850, passa a pertencer ao capitão Francisco

Pedro Bandeira de Melo, cuja filha, Dona Damiana Maria Bandeira, casou-se com o

comerciante Fabrício Gomes Pedroza, morador no engenho Jundiaí.

Fabrício Pedroza, comerciante de alto prestígio e larga visão comercial,

notando a boa localização do sítio do sogro, constrói o primeiro estabelecimento comercial à

margem do rio Jundiaí, e numa cerimônia em 1855 no quintal do referido estabelecimento

onde plantou duas macaíbas, - espécie vegetal da família das palmeiras que possui uma

saliência nos lembrando uma barriga - muda o nascente povoado de Coité para Macaíba. E

convida amigos comerciantes para instalar-se na localidade. Em 1870, o major Fabrício funda

a casa comercial dos Guarapes, importadora e exportadora de produtos, direto do seu porto

para os EUA e Inglaterra. Com a mudança do velho para o Rio de Janeiro, o negócio foi

fechado e abalou a frágil economia provincial.

Pioneira em vários aspectos, macaíba libertou seus escravos em 06 de janeiro

de 1888, tendo a frente deste movimento o comendador Umbelino Freire de Gouveia Mello,

presidente da sociedade libertadora “Padre Dantas”. A primeira casa bancária do estado foi

nesta cidade, fundada pelo deputado Eloy Castriciano de Souza, que financiava as safras de

açúcar de grande parte dos municípios do Ceará - Mirim a São José, incluindo o vale do

Cajupiranga. Sendo ainda a promotora do trabalho feminino no comércio, uma vez que o

senhor Francisco Campos era auxiliado por sua esposa e as quatro filhas em seu comércio no

ano 1924. (Síntese Histórica do Município de Macaíba/RN - 2007)

3.2 O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO DE MACAIBA-RN

Dentre o vasto patrimônio histórico-cultural de Macaíba, selecionamos tais

exemplares tendo em vista entre outros fatores sua representatividade com a identidade local e

a relação com a história do município. Pois as construções a seguir remetem diretamente ao

Brasil colônia na Capitania do Rio Grande, quando Macaíba exercia a função de maior

entreposto comercial da capitania e respirava cultura na figura dos seus filhos mais ilustres.

Serão apresentadas dez edificações que constituem os principais patrimônios

arquitetônicos do município, divididas em: cinco solares, três igrejas sendo duas capelas, e

dois casarões. As informações a seguir referentes aos patrimônios citados encontram-se no

Caderno da Municipalidade nº1 Macaíba, Departamento Estadual de Imprensa, 2006.

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3.2.1 Os Solares de Macaíba

Solar do Ferreiro Torto

O Solar do Ferreiro Torto, construído as margens do Rio Jundiaí, em uma área

de seis hectares, seu casarão remonta ao ano de 1847, em estilo colonial português. Seu

construtor foi o coronel da guarda nacional Estevão José Barbosa de Moura, que passou a

receber autoridades, presidentes da Província e até a Família Imperial do Brasil. No casarão

imponente, eram realizados os saraus e bailes que marcaram época na Macaíba aristocrata do

passado. Foi o primeiro marco colonizador da região, tendo funcionado como importante

engenho de cana-de-açúcar.

A primeira construção foi destruída pelos invasores holandeses, guiados por

Jacó Rabi, com a ajuda dos índios Janduís, promovendo a matança da família e de todos os

seus escravos. Depois foi reconstruído por João Chaves para ser sua residência.

O tempo passou e o solar do Ferreiro Torto foi completamente abandonado

chegando às ruínas. Em 1979 foi restaurado pela Fundação José Augusto em parceria com a

secretaria de planejamento e tombado pelo Patrimônio Histórico (portaria 272/88). Hoje:

Ilustração 03 - Visitação Escolar ao Solar Ferreiro Torto Fonte: Acervo Marcelo Augusto Medeiros

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Funcionou então como museu de arte sacra da FJA sendo em seguida adaptado

para comportar a sede da prefeitura municipal do ano de 1983 a 1989. Em setembro de 1995 o

solar foi municipalizado e passou a ser administrado pela prefeitura de Macaíba. Somente em

agosto de 2002 a Prefeitura Municipal firmou convênio com o governo do estado para

restauração e urbanização do Ferreiro Torto. Foram contatados o Historiador Anderson

Tavares, o senhor Inácio de Souza Neto, e a descendente do cel. Estevão Moura, Rayanne

Magalhães. Os quais através de doação voluntária de fotografias que mostram o passado

áureo da cidade possibilitaram a reestruturação do museu da História de macaíba, símbolo

maior da preservação da memória de um povo. Hoje o Complexo Cultural e Turístico do

Ferreiro Torto dispõe ainda de sala dos artistas, patamar para apresentações culturais, duas

trilhas ecológicas e salas de aula ao ar livre.

Solar do Caxangá

Casarão em estilo colonial português construído pelo Coronel Estevão Moura

em 1850. Pertenceu em seguida ao coronel Afonso Saraiva que em 1900, presenteou seu

sobrinho major Antônio de Andrade Lima com a casa, naquele tempo conhecido como

“casarão do largo de São José”. Foi o major Andrade quem batizou o local de “Solar do

Caxangá”, cujo significado é “Casa de Goiamum”, crustáceo da família dos caranguejos cuja

carapaça possui coloração azul.

Nesse período, o solar foi o centro da propaganda oposicionista no município.

Tendo a frente o major Andrade, o coronel Prudente Alecrim e a família Mesquita. A casa

vislumbrou vários saraus que reuniam a sociedade macaibense em tertúlias memoráveis.

De 1981 a 1989, sediou a secretaria de trabalho e ação social. Recuperada em

1989 pela família Andrade para residirem no local, somente em 2002 venderam o imóvel a

um grupo de pessoas preocupadas com a nossa história os quais ali fundaram o INSTITUTO

PRÓ-MEMÓRIA DE MACAÍBA sob a presidência do médico Olimpio Maciel, tem como

idéia central, salvaguardar o espólio cultural e a história do município, o prédio foi tombado

pelo patrimônio histórico estadual em 2002. O instituto dispõe de uma ampla biblioteca, de

um grande acervo iconográfico, além de emprestar seus salões para o lançamento de livros e

exposições de artistas locais, oferecendo também encontros entre macaibenses ausentes nos

seus divertidos saraus. Abaixo o solar Caxangá:

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Ilustração 04 – Solar Caxangá Fonte: Arquivo Marcelo Augusto de Medeiros

Solar da Madalena

Construído entre os anos de 1915-1917 pelo mestre Liberalino Carneiro4 com

base na planta do arquiteto Giácomo Palumbo, a vila Soledade possui estilo “art nouveau”5.

Seu proprietário, o coronel Manoel Maurício Freire, foi chefe político do

município por quarenta anos. O atual casarão substituiu a antiga sede da fazenda canavial.

Após a construção do solar, o coronel Neco Freire como era conhecido popularmente e sua

esposa Dona Constança reuniam todos os anos as sociedades natalense e macaibense para a

festa da colheita da Jabuticaba, produzida pelo sítio, festas essas que recebiam até

governadores. Em 1955, foi comprado pelo comerciante Aguinaldo Ferreira da Silva. Na

década de 80, seu filho Janssen Leiros, restaurou o solar e seus jardins. A partir, daí passou a

ser conhecido por “Solar da Madalena” em alusão a um antigo porto localizado nas

proximidades. Foto da fachada do Solar:

4 Mestre Liberalino Cordeiro de Lima. Único arquiteto e engenheiro existente em Macaíba no principio do

século passado. Seu trabalho está em todos os casarões, exceto no Ferreiro Torto e Caxangá. 5 Também conhecido como estilo 1900 ou o estilo Liberty, o “art Nouveau” se apresenta como tendência arquitetônica inovadora do fim do século XIX; um estilo floreado, onde se destacam a linha curva e as formas orgânicas inspiradas em folhagens, flores, cisnes, labaredas e outros elementos.

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Ilustração 05 – Solar da Madalena

Fonte: Acervo Marcelo Augusto Medeiros

O belo Solar da Madalena foi tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado em

29 de julho de 2002 e encontra-se em razoável estado de conservação, mantendo sua

imponência e fazendo lembrar o fausto em que viviam as famílias abastardas no período áureo

do município.

Solar do Mourisco

O casarão da rua Heráclito Vilar foi construído na década de 1910 pelo

proprietário, o espanhol Jaime Quintas Perez, maior comerciante de linho de Macaíba - artigo

nobre da época. Até então, mestre Carneiro, era o único construtor existente em Macaíba

naquele tempo.

De arquitetura “mourisca”6, a qual pode-se ver na figura a seguir neste solar

eram realizados os famosos passeios do grupo escolar Auta de Souza, que recebeu este nome

em homenagem a filha ilustre do município, a poetisa escritora do Horto, seu único livro em

decorrência de sua breve partida aos 23 anos.

6 Arte de origem moura. Arte islâmica do norte da África e da Península Ibérica.

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Ilustração 06 – Solar do Mourisco

Fonte: Acervo de Marcelo Augusto Medeiros.

O escritor Renard Perez 7 e seu irmão, o artista plástico Rossine Perez 8, são

nascidos no solar que foi tombado como patrimônio estadual em 2002.

Solar do Jundiaí

Sobrado construído em 1912 pelo mestre Carneiro para servir de residência ao

diretor do campo de demonstração do Jundiaí Dr. Nunzio Giannatázio. Apresenta estilo

florentino, coberto por telhas de ardósia, portais e portas de pinho de riga. Único solar que

ainda não é tombado. Atualmente é utilizado como sede da diretoria da Escola Agrícola de

Jundiaí. Segue ilustração:

7 Autor de O Beco 2002, Os sinos 1954, O Tombadilho de 1961.* 8 Macaíba/RN 1932 Gravador e Pintor. Sua obra foi constituída nas décadas de 1970, 1980 e 1990, no Rio de Janeiro.* * Referências disponíveis em: Diário de Natal de 24 de maio de 2006. Artigo do Colunista Valério Mesquita.

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Ilustração 07 – Solar do Jundiaí

Fonte: Acervo Marcelo Augusto de Medeiros

3.2.2 As Igrejas de Macaíba

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição

Construção em estilo barroco9 e gótico10, a Matriz de Nossa Senhora da

Conceição teve sua pedra fundamental lançada em 1858 pelo major Fabrício Gomes Pedrosa,

cerimônia a qual participaram o então vigário de Natal, Pe. Bartolomeu da Rocha Fagundes; o

vigário de São Gonçalo do Amarante, Pe. José Paulo Monteiro de Lima; Pe. Alexandre

Ferreira Nobre, Pe. Francisco de Paula Soares da Câmara, além de vários cidadãos influentes

na sociedade local.

Após alguns anos de paralisação, o Fr. José Antônio de Maria Ibiapina retomou

os trabalhos de construção da Matriz em 1882 quando já se havia criado a Freguesia de Nossa

Senhora da Conceição e quando a Capela-mor, localizada onde hoje se encontra o altar da

Matriz, já havia sido concluída e benta a 08 de dezembro de 1869.

9 Caracteriza-se pela monumentalidade das dimensões, opulência das formas e excesso de ornamentação. 10 Estilo arquitetônico revolucionário, o qual durou do Século XII ao XIV na maioria da Europa. A simbologia da arte do período gótico é riquíssima em elementos que atestam a fé dos homens de então.

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Em 1883 a Capela-mor, o altar em estilo gótico, que dá destaque para a

imagem de Nossa Senhora da Conceição e a pia batismal foram incorporados a Matriz,

imponente construção que remete a grandiosidade da fé dos antepassados, haja vista as

dimensões da edificação para época11. Conforme ilustração abaixo:

Ilustração 08 – Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição

Fonte: Acervo Marcelo augusto de Medeiros

Capela de São José Operário

Construção em estilo barroco e gótico conforme foto a seguir, a capela de São

Jose Operário foi edificada em 1876, pela própria comunidade em terreno doado pelo Coronel

Estevão de Moura, maior latifundiário da região, era coronel da Guarda Nacional, adquiriu o

sítio Ferreiro Torto e construiu o imponente casarão, doou parte de suas terras que deram

origem ao município de Ielmo Marinho. Seu padroeiro foi trazido do solar Ferreiro Torto em

uma grande procissão. A capela de São José Operário é a mais antiga do município, tendo

sido tombada pelo patrimônio Histórico em 1983. Localiza-se na Rua Dr. Pedro Velho no

centro da cidade de Macaíba.

11 História da Paróquia de Macaíba, disponível em http://www.paroquiamacaiba.com.br.

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Ilustração 09 – Capela de São José Operário Fonte: Acervo Marcelo Augusto de Medeiros

Capela de Nossa Senhora da Soledade

Construção em estilo arte “nouveau”, pelo Mestre Carneiro em 1923.

Ilustrações 10 e 11 – Capela de Nossa Senhora da Soledade

Fonte: Acervo Marcelo Augusto de Medeiros

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Localiza-se ao lado do Solar da Madalena, a pedido da matriarca Dona

Constança Freire, que a ofereceu a Nossa Senhora da soledade, em razão da imensa saudade

do filho Leonel que falecera prematuramente. Foi tombada pelo patrimônio Histórico

Estadual em 1983. Foi nesta capela que o 1º Bispo de Natal Dom Joaquim Antônio de

Almeida, celebrou sua última missa. Abaixo sua fachada antes e após a ultima pintura:

3.2.3 Os Casarões de Macaíba

Casarão dos Guarapes

Construído no ano de 1858 no alto de uma colina, pelo comerciante Fabrício

Gomes Pedroza para ser a sede do seu complexo comercial, o qual aglutinava escritórios,

almoxarifados, capela e escola.

Embaixo da colina, ficavam os armazéns, “que tudo guardavam e vendiam” de

1869 a 1870, mais de vinte navios os quais ultrapassavam 500 toneladas, aportaram em

Guarapes vindos diretamente da Europa a fim de Carregarem as mercadorias exportadas por

Fabrício.

Foi um tempo de fausto e grandeza. Porém com o passar dos anos, de todas as

construções do complexo existem apenas as ruínas da casa-grande, que ainda denunciam a

majestade e a imponência do velho casarão.

Através da luta de Valério Mesquita, desde a época em que foi prefeito da

cidade de 1973 a 1975, as ruínas do casarão foram tombadas em nível estadual em 22 de

dezembro de 1990. A preocupação de Valério e de todos que valorizam a história potiguar, é

com a restauração deste patrimônio. Que se encontra em ruínas conforme foto a seguir:

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Ilustração 12 – Ruínas do Casarão Guarapes

Fonte: Diário de Natal – 02/12/2008.

Casarão dos Mesquita

Esta construção remonta ao final do século XIX inicio do século XX, quando

foi adquirida pelo comerciante e coronel Alfredo Adolfo de Mesquita. Possui um belo jardim

cultivado durante anos pela matriarca Dona Nair Mesquita.Fachada do Casarão dos Mesquita:

Ilustração 13 – Casa da Cultura –(Casarão dos Mesquita)

Fonte: Acervo Marcelo augusto de Medeiros

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Por várias décadas, muitas decisões importantes para o município de Macaíba

foram tomadas nas suas dependências, vês que Alfredo Mesquita e Valério Mesquita foram

líderes políticos por mais de quarenta anos, entre 1934 e 1975 ora no poder ora apoiando o

governante atual, Alfredo Mesquita foi prefeito de 1937 a 1941 e de 1958 a 1963, Valério

Mesquita 1973 a 1975 e Odiléia Mesquita sua ex-esposa considerada como uma liderança

emergente dos Mesquitas de 1983 a 1988 e de 1991 a 1995, sendo assim a oligarquia mais

influente do município.

Foi tombado pelo patrimônio Histórico do Estado desde 2005. Atualmente é

sede da Casa da Cultura de Macaíba, onde o espaço possui um memorial da família Mesquita,

com quadros, objetos pessoais e todas as obras do contador de causos e crítico Valério

Mesquita, onde ainda são realizadas várias atividades culturais. Jardim interno da atual Casa

da Cultura de Macaíba:

Ilustração 14 – Jardim interno da Casa da Cultura

Fonte: Acervo Marcelo Augusto de Medeiros

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IV – ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1 A PESQUISA

Para informar a existência do patrimônio histórico-cultural presente no

município de Macaíba-RN seriam utilizados três tipos de técnicas, a saber: como

documentação indireta a pesquisa bibliográfica, constituída principalmente de artigos

científicos e livros, visto que permite a cobertura de uma ampla gama de informações; e a

pesquisa documental, embora esta segunda técnica se assemelhe à pesquisa bibliográfica,

permite que se tenha acesso a diversos documentos tais como: reportagens de jornal,

relatórios de pesquisa, documentos oficiais, entre outros, o que favorece uma visão mais

aprofundada da questão em aberto. Por último, como observação direta intensiva uma

entrevista que seria realizada com o senhor Valério Mesquita autoridade de referência neste

assunto, natural deste município e autor de publicações a respeito da história e importância de

Macaíba, bem como com o historiador Anderson Tavares, também de Macaíba, que fez um

trabalho em parceria com Valério Mesquita produzindo o texto base desta pesquisa.

No entanto, com o desenvolvimento da pesquisa, constatou-se que não haveria

tempo suficiente para utilização de todas estas técnicas, e pela dificuldade de acesso às

informações disponíveis a pesquisa tornou-se, portanto bibliográfica e documental, onde

foram utilizados documentos elaborados principalmente pela Secretaria Municipal de Cultura

e Turismo, bem como dados contidos na pesquisa encomendada pela Secretaria Municipal de

Planejamento para a elaboração da Minuta do Plano Diretor do município que se encontra em

tramitação na Câmara Municipal de Vereadores.

Para análise dos dados e informações pesquisados, nesta pesquisa foi adotado o

Método Hipotético-dedutivo, que consiste na adoção da seguinte linha de raciocínio:

Quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar explicar a dificuldade expressas no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se conseqüências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as conseqüências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la (Gil, 1999, p.30).

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O qual possibilitará a análise e proposição de ações para o desenvolvimento da

atividade turística no município, através destes patrimônios, embora não haja uma localidade

similar para efetiva comparação.

O universo total da pesquisa contou com os 10 exemplares do patrimônio

arquitetônico apresentado: os solares do Ferreiro Torto, Caxangá, Mourisco, da Madalena e

do Jundiaí, as igrejas Matriz de Nossa Senhora da Conceição, a capela de São José Operário e

de Nossa Senhora da Soledade e os casarões do Guarapes e dos Mesquita.

Sendo os Solares do Ferreiro Torto e Caxangá utilizados como a amostra para

esta pesquisa, representando 20% do universo total que engloba todo o patrimônio acima

citado, visto que estes dois solares juntamente com o casarão dos Mesquita são os únicos

utilizados como museus e abertos ao recebimento do público atualmente.

Quanto aos solares do Mourisco, da Madalena e do Jundiaí ainda se encontram

sendo utilizados para fins diversos, o que também ocorre com outras edificações de grande

valor histórico, mas que nada possuem escrito a seu respeito como a casa onde nasceu Auta de

Souza hoje utilizada como escola da rede municipal, e a casa de Henrique Castriciano12 hoje

Biblioteca Pública Municipal, edificações que poderiam estar sendo utilizadas como memorial

da vida destes filhos ilustres do município, o que manteria o elo do povo com o seu

patrimônio, o primeiro passo para uma interação efetiva da comunidade local com o seu

passado.

4.2 O APROVEITAMENTO TURÍSTICO DO PATRIMÔNIO CULTURAL EM MACAÍBA

Como apresentado anteriormente à primeira fase do processo do planejamento se

constitui em analisar os seguintes pontos: a existência de atrativos naturais e culturais capazes

de atrair demanda; existência de acomodações, alimentação e entretenimento; existência de

facilidades e acessos e a disponibilidade de transporte turístico e o bom posicionamento

geográfico, no que diz respeito especificamente a Macaíba tais elementos já foram

identificados e pré-analisados a partir do Inventário Turístico elaborado por um grupo de

alunos deste curso e eu, durante a disciplina de Planejamento e Organização do Turismo

ofertada no quarto período do Curso de Turismo desta instituição de Ensino Superior. Agora

12 Teatrólogo, poeta, deputado estadual, presidente da Assembléia Legislativa, vice-governador, fundador da

Escola Doméstica de Natal e dos escoteiros do Estado.

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tais elementos foram associados ao levantamento de dados obtidos durante a realização desta

pesquisa para uma melhor interpretação e análise do objeto em estudo.

Sendo assim, percebe-se que o município possui um potencial a ser trabalhado,

mas se encontra em estado bruto, necessitando de total lapidação já que sua localização é

satisfatória e há um produto a se desenvolver, no entanto, no que diz respeito a acomodações,

restauração, transporte público, e todo o aparato de infra-estrutura que se faz necessário para a

utilização turística de um determinado local, Macaíba-RN ainda possui grande lacuna, a qual

espera-se começar a preencher após o alerta deste trabalho.

Ficou claro que Macaíba-RN possui características históricas, culturais,

arquitetônicas e naturais, capazes de elevá-la a destino turístico, entretanto as ações

implementadas até o momento são limitantes no sentido de promovê-la junto à região. Para a

reversão deste quadro o projeto de lei do plano diretor de Macaíba inclui em sua seção II o

Turismo, o Esporte e o Lazer, onde o artigo 79 diz:

O desenvolvimento turístico de Macaíba terá como base as seguintes diretrizes: I – promover a atividade turística, melhorando o comércio e a prestação de serviço, bem como incentivando o empreendedorismo social; II – promover o Patrimônio Histórico-cultural como atrativo turístico do Município; III – fortalecer as características turísticas do Município através da: a) Divulgação do Patrimônio Histórico-cultural b) Implantação de postos de informações turísticas; c) Implantação de sinalização turística; IV – estimular o crescimento e a melhoria da rede turística, através da: a) Implantação da política de incentivos fiscais, viabilizando a instalação de

empreendimentos turísticos; b) Criação de áreas de especial interesse turístico.

(Projeto de Lei do Plano Diretor de Macaíba. 2008)

Será a partir da implantação efetiva das ações contidas neste documento, que o

município começará a vislumbrar a atividade turística como uma mola impulsionadora da

economia local. E tendo este trabalho foco no desenvolvimento de um turismo sustentável

através do patrimônio histórico-cultural, é de grande satisfação constatar que a preocupação

dos gestores atuais também contempla uma política específica para o mesmo, descrita no

Capítulo IV Do Patrimônio Histórico-Cultural e Natural art.85 do Projeto de Lei do Plano

Diretor de Macaíba:

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Art. 85. São objetivos da política do patrimônio histórico-cultural e natural: I - Instituir o Plano de Proteção e Recuperação do Patrimônio Histórico-Cultural e Natural; II – Implantação da política de incentivos fiscais, visando a proteção, recuperação e manutenção do patrimônio histórico-cultural e natural do município; III - formular programas e projetos para a preservação, conservação e recuperação de áreas com as seguintes características: a) relevante valor cênico e paisagístico; b) relevante interesse histórico e arqueológico; c) edificações de importância socioculturais e arquitetônicas; d) áreas quilombolas; IV – destinar áreas para instalação de espaços turísticos e culturais; V – promover a preservação do patrimônio cultural edificado, e dos sítios históricos mantendo suas características originais e sua ambiência na paisagem urbana, com a utilização do processo de tombamento ou outros instrumentos que garantem essa preservação. VI – Restauração, conservação e preservação de prédios e obras constituintes do patrimônio histórico-cultural. (Projeto de Lei do Plano Diretor de Macaíba. 2008).

Tem-se então um valioso instrumento para a correta e sustentável utilização do

patrimônio histórico-cultural do município, o que por si só não viabiliza nem concretiza a

implantação do turismo nesta localidade. Faz-se necessário grande empenho por parte dos

órgãos públicos primeiramente, na mobilização da população local que viria a ser a força de

trabalho destes produtos quando se der o inicio da atividade, em segundo lugar na fiscalização

desta legislação; em seguida pode-se pensar em um trabalho de parceria com a iniciativa

privada para diversificação e inovação do produto ofertado para uma permanência no trade

turístico, visto sua crescente exigência por algo a inovar.

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V. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após o estudo dos aspectos gerais do município, e em específico do seu

patrimônio histórico cultural verifica-se que a vocação turística da região se apresenta

bastante diversificada, principalmente no aspecto histórico-cultural, com a presença de uma

representativa riqueza arquitetônica, embora algo já tenha sido destruído, há possibilidade de

inserção do município de Macaíba no mercado turístico potiguar.

A cidade tem uma vocação para se tornar um produto diferencial, pois dispõe

de atrativos que são alternativos aos propostos pelos roteiros tradicionais de sol e mar, visto

que os turistas modernos procuram modos de vida alternativos, autenticidade, e contato com

as culturas visitadas. E essas são características que um produto turístico composto pelo

patrimônio histórico-cultural de Macaíba-RN possui de forma significativa.

Para tanto, vale salientar que já foi dado um grande passo, para o

desenvolvimento da atividade turística com a elaboração do plano diretor participativo, que

engloba uma legislação municipal de proteção ao patrimônio histórico-cultural; mesmo assim

ainda se faz necessário que a mesma seja implantada em concordância com a legislação

federal pertinente ao patrimônio cultural, que visa estudos de impacto ambiental para

instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa destruição do

mesmo.

Simultâneo ao aparato legal é indicado a criação e aplicação de uma política

educacional de preservação desse patrimônio, sendo destinada principalmente a população

local, em especial aos estudantes que estão com seus valores de compreensão do mundo em

construção, em um momento de reconhecimento de sua identidade, o que os torna decisivos

neste processo de implantação da atividade turística, baseada no patrimônio histórico-cultural

o que permite que o mesmo seja sustentável.

A partir dessas medidas há a possibilidade de inúmeras ações de incentivo e

mobilização da população para que a mesma se envolva efetivamente neste processo

revertendo o quadro atual do município de Macaíba para o desenvolvimento social e cultural

com ênfase na atividade turística.Sugerem-se as seguintes:

1. A criação do roteiro dos solares, onde o percurso se iniciaria no Solar dos Guarapes,

percorrendo o Solar do Ferreiro Torto, o Solar Caxangá e Concluiria no Solar da

Madalena, este roteiro teria a base histórico-cultural do município;

2. A criação de uma festa realizada num local de fazenda com elementos típicos e

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tradicionais, que retratariam a história da colonização do município;

3. A criação de um local específico para exposição do artesanato local, onde também

poderia estar presente a literatura de cordel presente no município;

4. Passeios ecológicos realizados no percurso do Rio Jundiaí, o qual deu origem à

cidade;

5. A criação de um roteiro dirigido ao público infantil no Complexo Cultural Ferreiro

Torto, onde poderiam ser trabalhados de forma lúdica os conteúdos históricos,

culturais e ecológicos;

6. A criação de um programa de capacitação de jovens para trabalharem como guias

mirins ou jovens guias nestes roteiros;

7. A elaboração de uma legislação municipal que iniba a má utilização dos espaços

urbanos, criando zonas de desenvolvimento do turismo;

8. A criação de leis de incentivo fiscal para a implantação de empresas hoteleiras no

município;

9. A elaboração e concretização de um calendário de eventos turísticos na cidade, para

que a mesma não continue sendo conhecida somente pela realização das vaquejadas;

10. A criação das festas do caju, da manga e do mamão, frutas tradicionais da cidade.

11. A criação de vagas para turismólogos na Secretaria Municipal de Turismo que hoje

não possui nenhum profissional da área atuando no seu quadro efetivo.

Sendo essas sugestões hipóteses de que com a sua implantação o Turismo

poderia sim se tornar mais uma atividade econômica praticada com sucesso no município de

Macaíba-RN.

Existem atualmente pequenos esforços neste sentido por parte do Governo

municipal através da proposição nº042/2007-CMM, o vereador Aluisio Silvio Soares pretende

que seja aprovado em plenário da Câmara a ativação de uma feira artesanal no Solar do

Ferreiro Torto, com artesanatos, apresentações de artistas locais e reativação da antiga “feira

do picado”, todas as sextas-feiras e sábados.

Quanto à feira do picado, o edil macaibense justifica, afirmando que tal feira

atraía para a cidade pessoas de outras localidades, bem como servia de ponto de encontro para

a sociedade local; nas décadas de 80 e 90.

Além da atração da histórica feira, uma reestruturação em um local adequado

possibilitaria aos artistas locais um lugar para a apresentação de shows, peças teatrais, bem

como incentivaria os artesãos e proporcionaria para a população, outra forma de lazer e

entretenimento. (Documento oficial recebido pela Secretaria de Cultura e Turismo da Câmara

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de Vereadores de Macaíba, maio de 2007 apud LIMA, 2007).

Tais ações nos mostram que se precisa de mais empenho para que o

desenvolvimento do Turismo em Macaíba-RN seja uma realidade, além de projetos fazem-se

necessárias principalmente realizações, pois nenhuma das propostas citadas foi efetivada até o

presente momento.

É mais uma vez constatado que um potencial não se torna produto turístico se

não houver interesse dos setores privado e público, onde é de suma importância a participação

da população autóctone para a consolidação efetiva do produto no mercado turístico em que

estiver inserido.

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