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Técnico/a de Instalações Elétricas MANUAL DE FORMAÇÃO UFCD 6044 Segurança Elétrica Eng.º Cesário Garcia Mil-Homens maio de 2015

UFCD 6044 - Segurança Elétrica

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UFCD 6044 - Segurança Elétrica

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Tcnico/a de Instalaes Eltricas

MANUAL DE FORMAO

UFCD 6044

Segurana Eltrica

Eng. Cesrio Garcia Mil-Homensmaio de 2015

ndice

1.Perigos da eletricidade11.1.Aco da eletricidade no corpo humano11.2.Socorro a prestar ao sinistrado21.2.1.1.Primeiros socorros em acidentes pessoais produzidos por correntes eltricas31.2.1.2.Respirao artificial boca-a-boca31.3.Contactos diretos41.4.Contactos indiretos51.5.Ligaes terra51.5.1.Distribuio das quedas de tenso nos eltrodos de terra51.5.2.Tenso de passo61.5.3.Tipos de eltrodos de terra71.6.Regimes de neutro na rede71.6.1.Sistema TT71.6.2.Sistema TN71.6.3.Sistema IT72.Proteo contra descargas atmosfricas72.1.Definies72.2.Classificao dos edifcios e estruturas72.3.Necessidade de proteo contra descargas atmosfricas72.4.Concepo e execuo dos sistemas de proteo72.4.1.Captores72.4.2.Condutores de descida72.4.3.Ligao terra82.4.4.Preveno das descargas laterais82.4.5.Fixao e ligao dos condutores82.4.6.Caractersticas dos componentes dos SPDA82.4.7.Regras inerentes proteo de estruturas especiais82.4.8.Conservao e explorao83.Bibliografia8

ndice de figuras

Figura 1 Socorro ao sinistrado por eletrocusso2Figura 2 Desobstruo das vias respiratrias4Figura 3 Respirao boca-a-boca4Figura 4 Contacto direto5Figura 5 Contacto indireto5Figura 6 Medio da resistncia de terra6Figura 7 Tenso de toque e tenso de passo7

ndice de tabelas

Tabela 1 Efeitos da corrente eltrica no corpo humano1

Perigos da eletricidadeAco da eletricidade no corpo humanoA corrente eltrica um fenmeno que pode levar um ser humano morte. Quando se estabelece uma diferena de potencial entre dois pontos do corpo humano, flui uma corrente eltrica entre esses pontos e a intensidade dessa corrente depende da diferena de potencial e da resistncia eltrica entre os pontos sobre o qual se aplica a voltagem, por exemplo: a resistncia eltrica entre as orelhas aproximadamente igual a 100. A sensao de choque eltrico surge com correntes eltricas de intensidades superiores a 1mA. Com correntes superiores a 10mA os msculos se contraem, o que dificulta, por exemplo, o pulo (salto). Correntes prximas de 20mA tornam difcil a respirao, podendo cessar com correntes que chegam a 80mA. As correntes eltricas que chegam a matar so aquelas cuja intensidade est compreendida na faixa entre 100 e 200mA. Prximo dos 100mA as paredes do corao executam movimentos descontrolados, isso chamado de fibrilao. As correntes que chegam a ultrapassar os 200mA no so to perigosas quanto as de 100mA, pois as contraes musculares do corao so to violentas que o corao fica paralisado, fato esse que acaba aumentando a possibilidade de sobrevivncia de um ser humano. Ao contrrio do que muitos pensam, as correntes eltricas mais perigosas so aquelas que tm intensidades relativamente mais baixas, podendo ser obtidas em eletrodomsticos comuns que funcionam a 115V e 230V. Correntes mais intensas podem provocar desmaios e fortes queimaduras, porm no chegam a matar de imediato. O socorro a uma vtima de choque eltrico deve ser rpido, comeando pelo corte da tenso eltrica, caso no seja possvel cessar a mesma deve-se retirar a pessoa do local com um material que seja isolante como, por exemplo, materiais plsticos. Feito isso necessrio chamar os bombeiros, que so pessoas altamente preparadas para esse tipo de socorro.

CorrenteDescrio

1mASensao de um pequeno formigueiro

10mAContrao dos msculos

20mADificuldade em respirar

80mAParagem do sistema respiratrio

100mAParagem do sistema cardaco

150mAQueimaduras internas/externas

Tabela 1 Efeitos da corrente eltrica no corpo humano

Socorro a prestar ao sinistradoO socorrista deve prevenir-se a si prprio no tocando no eletrocutado nem utilizando objetos hmidos ou metlicos para o afastar do elemento de contacto. No caso de baixa tenso desligue a corrente eltrica.Se no for possvel ou for demorado o corte da corrente, deve afastar-se imediatamente a vtima dos condutores, tomando as seguintes precaues:Isolar-se da Terra, antes de tocar na vtima, colocando-se sobre uma superfcie isolante, constituda por panos ou peas de vesturio secas, tapete de borracha, ou por qualquer outro meio equivalente (tbuas, barrotes ou caixas de madeira secas).Afastar a vtima dos condutores, isolando as mos por meio de luvas de borracha, panos ou peas de vesturio secos ou utilizando varas compridas de madeira bem seca, cordas bem secas, etc.Deve ter-se em ateno que os riscos de eletrocusso, ao proceder ao salvamento da vtima, so maiores se o pavimento estiver molhado ou hmido, pelo que dever, nesse caso, proceder-se com maior cuidado.

Figura 1 Socorro ao sinistrado por eletrocussoSe o acidente tiver ocorrido com tenses elevadas (alta tenso) telefonar imediatamente Empresa Distribuidora, identificando-se e identificando o local onde ocorreu o acidente para que seja interrompida alimentao de energia naquela zona.Se tal no for possvel, necessria a interveno de pessoa conhecedora do perigo, para afastar a vtima dos condutores. Deve utilizar-se objetos secos e bons isolantes para afastar a vtima da ao da corrente eltrica. Se a vtima ficou suspensa nos condutores, pode ser necessrio prever medidas no sentido de atenuar os efeitos de possvel queda.Caso a situao o exija (o acidentado no respira ou tem ferimentos graves - queimaduras, fraturas, rotura de vasos sanguneos), se sabe prestar o socorro adequado deve proceder em conformidade ou em caso contrrio, deve chamar o 112 com a mxima urgncia.No esquecer que um incorreto socorro pode ser mais gravoso que uma espera.Primeiros socorros em acidentes pessoais produzidos por correntes eltricasLogo que a vtima tenha sido afastada dos condutores e enquanto no chega o mdico, da maior importncia prestar-lhe os socorros a seguir indicados, sem a mnima perda de tempo: Arejar bem o local em que se encontra a vtima; Desapertar todas as peas de vesturio que comprimam o seu corpo: colarinho, cinto, casaco, colete, etc.; Retirar da boca qualquer corpo estranho (por exemplo, placa de dentes artificiais) e limpar a boca e as narinas de sujidades; Aplicar, sem demora, a respirao artificial, que dever ser mantida at que a natural se restabelea regularmente, devendo, porm, ainda depois disso, a vtima continuar vigiada at chegada do mdico. Caso no se restabelea a respirao natural, deve manter-se a artificial, mesmo que ao fim de vrias horas a vtima no d sinais de vida.Respirao artificial boca-a-bocaDeitar a vtima de costas.Ajoelhar ao lado da vtima, levantar com uma das mos a sua nuca e com a outra mo inclinar-lhe, o mais possvel, a cabea para trs e depois puxar com a primeira mo o queixo para cima. Esta posio indispensvel para garantir a desobstruo das vias respiratrias e a livre passagem do ar. Por isso deve manter-se durante a operao de reanimao.

Figura 2 Desobstruo das vias respiratriasInspirar a fundo. Obturar (tapar) as narinas da vtima com os dedos polegar e indicador da mo que se apoia na testa e manter aberta a boca da vtima com a mo que segura o queixo. Aplicar a boca bem aberta na boca da vtima, de modo a evitar fugas de ar, e expirar, verificando ao mesmo tempo se o trax da vtima aumenta de volume.No caso do trax da vtima no aumentar de volume durante a insuflao, verificar de novo a posio da cabea e do queixo, corrigindo-a, se necessrio.

Figura 3 Respirao boca-a-bocaAfastar a boca e deixar de obturar as narinas da vtima a fim do ar poder sair dos pulmes pela boca e pelo nariz.Repetir as operaes referidas, sucessivamente, cada quatro - cinco segundos, at a respirao natural da vtima se restabelecer e manter.Contactos diretosContacto com um cabo, na parte de cobre ou alumnio, percorrido por corrente eltrica, que provoca a descarga da corrente atravs do corpo humano.

Figura 4 Contacto diretoContactos indiretosContacto com um equipamento metlico defeituoso que provoca a descarga da corrente eltrica atravs do corpo humano.

Figura 5 Contacto indireto

Ligaes terraDistribuio das quedas de tenso nos eltrodos de terra Figura 6 Medio da resistncia de terra

Tenso de passoQuando uma descarga atmosfrica encaminhada por um circuito at a um eltrodo de terra, o potencial em seu redor vai crescer devido carga que a injetada.Esta elevao de potencial ser tanto maior, quanto maior for a intensidade da descarga e a sua topologia est intimamente relacionada com a forma do eltrodo. Neste caso, vamos considerar que o nosso eltrodo uma vareta.Esta alterao de perfil abrupta no potencial do solo, vai originar nos equipamentos vizinhos ao eltrodo, violentas diferenas de potencial entre pontos consecutivos de contacto com o solo.A essa diferena de potencial entre os pontos de contacto, d-se o nome de Tenso de Passo.Um objeto ou uma pessoa que se encontre dentro do raio de Aco do eltrodo, aps a elevao do potencial, sentir os efeitos dessa tenso entre os seus pontos de contacto (os seus ps, por exemplo). Figura 7 Tenso de toque e tenso de passo

Tipos de eltrodos de terra

Figura 8 Varo de ao cobreado, placa de cobre e malha de cobreConsoante a resistividade do solo deve ser escolhido o tipo de eltrodo de terra a ser colocado na instalao. O varo apresenta maior resistividade, podendo ser colocado em paralelo com outros de modo a diminuir a resistncia da terra. No sendo possvel a obteno de uma boa terra, dever avanar-se para a utilizao de placa de cobre ou como ltimo recurso a utilizao da malha de cobre. de referir que podem ser utilizados com estes eltrodos outros sistemas envolventes como terras ou carvo de modo a ajustar e reduzir os valores da resistncia de terra.Regimes de neutro na redeSistema TT

Figura 9 Sistema TTO regime de neutro TT o mais utilizado, sendo aplicado com muita frequncia em redes de distribuio de energia eltrica.Neste sistema o neutro ligado terra de servio, sendo que as massas so ligadas terra de proteo.Este sistema tem como principais vantagens, o facto de ser simples no estudo e conceo, bem como, ser fcil a localizao de defeitos.A principal desvantagem o corte da instalao ao primeiro defeito de isolamento.Para os defeitos de isolamento que possam surgir neste tipo de sistema, os dispositivos de proteo adequados so os interruptores diferenciais, disjuntores diferenciais ou rels diferenciais.Relativamente ao condutor de neutro e caso a sua seco seja igual das fases, no necessrio considerar proteo de neutro. Se existir uma reduo da seco do neutro em relao s fases, deve ser utilizada uma proteo contra sobreintensidades adequada a essa seco.O corte do neutro obrigatrio.Sistema TNO regime de neutro TN, utilizado essencialmente em instalaes industriais ou redes em que difcil efetuar boas ligaes terra ou no possvel utilizar dispositivos diferenciais.Existem trs tipos de regimes de neutro TN.

Sistema TN-C

Figura 10 Sistema TN-CNeste sistema o condutor tem tambm a funo de condutor de proteo, sendo que proibido cortar o neutro (no protegido). A proteo contra contactos indiretos, assegurada pelos dispositivos de proteo contra sobreintensidades como disjuntores ou fusveis. Este sistema representa uma economia na instalao dado que utiliza menos um condutor.

Sistema TN-S

Figura 11 Sistema TN-SNeste sistema, a distribuio do condutor de neutro separada do condutor de proteo. Neste caso, obrigatrio efetuar o corte do neutro. A proteo contra contactos indiretos, assegurada pelos dispositivos de proteo contra sobreintensidades como disjuntores ou fusveis, ou por dispositivos de proteo diferencial, caso a corrente de defeito no tenha um valor suficiente para atuar os dispositivos de proteo contra sobreintensidades.

Sistema TN-C-S

Figura 12 Sistema TN-C-SEste sistema misto, sendo que uma parte da instalao o regime de neutro TN-C e noutra parte da instalao o regime de neutro TN-S, aplicando-se em cada um dos sistemas, as protees descritas anteriormente.No caso de TN-C-S, a ligao do condutor entre condutor de proteo e o neutro tem de ser feita antes do dispositivo de proteo diferencial, dado que o condutor de proteo PE no deve ser ligado a dispositivos diferenciais.As principais desvantagens dos regimes TN so: Corte da instalao ao primeiro defeito de isolamento Precaues acrescidas pelo facto de no haver corte do neutro Maiores riscos de incndio devido s elevadas correntes de defeito

Sistema ITO regime de neutro IT o mais indicado quando se pretende evitar o corte da instalao ao primeiro defeito de isolamento. um sistema que garante uma maior continuidade de servio, sendo utilizado em hospitais (blocos operatrios), redes eltricas em aeroportos, minas, instalaes com risco de incndio ou exploso, etc.O neutro no ligado terra, ou ligado atravs de uma impedncia de valor elevado (neutro impedante). As ligaes entre as massas, normalmente, so efetuadas atravs de um condutor de proteo.Em caso de defeito de isolamento no condutor ativo, a corrente de defeito ter um valor reduzido, originando a que no seja obrigatrio a abertura automtica do circuito ao primeiro defeito de isolamento.Nos regimes de neutro IT, o condutor de neutro pode ou no ser distribudo.IT com neutro no distribudo

Figura 13 Sistema IT com neutro no distribudoSe existir um primeiro defeito, a tenso Uc deve ser inferior a 50V. Nos sistemas em que o neutro do transformador est ligado terra atravs de uma impedncia, esta passa a fazer parte do circuito de defeito. Quanto maior for a impedncia menor ser a tenso Uc. Um segundo defeito de isolamento, corta a instalao.IT com neutro distribudo

Figura 14 Sistema IT com neutro distribudoNo caso do neutro ser distribudo, necessrio proteger o neutro com um disjuntor que corte todos os polos e um controlador permanente de isolamento (CPI). O CPI deve ser ligado ao neutro da instalao e o mais prximo possvel da origem da instalao. Para a proteo contra correntes de defeito, podem ser usados disjuntores. Se forem usados dispositivos com proteo diferencial a sua sensibilidade deve evitar a abertura ao primeiro defeito.Quadro Resumo dos Regimes de NeutroRegime de neutro TTRegime de neutro TNRegime de neutro IT

FuncionamentoCorte ao primeiro defeito de isolamento.Corte ao primeiro defeito de isolamento.Sinalizao ao primeiro defeito de isolamento. Corte ao segundo defeito de isolamento.

LigaoNeutro ligado terra.Massas metlicas acessveis ligadas terra.Neutro ligado terra.Massas metlicas acessveis ligadas ao neutro.Neutro isolado da terra ou ligado atravs de impedncia de valor elevado.Massas metlicas acessveis ligadas terra.

ProteoPor dispositivos diferenciais.Por dispositivos de proteo contra sobreintensidades.Como complemento, podem ser utilizados dispositivos diferenciais, quando o defeito no suficiente para disparar os dispositivos de proteo contra sobreintensidades.Por dispositivos de proteo contraSobreintensidades.

Corte do neutroObrigatrio.Proibido cortar o neutro.Corte do condutor de neutro, no caso de IT com neutro distribudo.

VantagensSoluo mais simples no estudo e na instalao. No necessita de uma vigilncia permanente em explorao (um controlo peridico dos dispositivos diferenciais residuais pode por vezes ser necessrio).O esquema TNC pode representar uma economia na instalao, devido supresso de um condutor e consequente supresso de um polo da aparelhagem de proteo.Soluo que assegura a melhor continuidade de servio na explorao.

DesvantagensPossibilidade de aumento de custos para preveno de disparos intempestivos e seletividade de diferenciais.Despesas suplementares de estudo e de explorao. Necessita de pessoal de manuteno competente.Aumento de custos por incluso de equipamentos suplementares de controlo de segurana.Necessita de pessoal de manuteno para a vigilncia em explorao.Aumento de custos por incluso de equipamentos suplementares de controlo de segurana.

Tabela 2 Quadro Resumo dos Regimes de NeutroProteo contra descargas atmosfricasDefiniesConhecidos como raios, so fenmenos da natureza caracterizados por descargas eltricas que ocorrem para a neutralizao das nuvens carregadas.Esta neutralizao ocorre entre nuvens ou nuvem e a terra, atravs de uma sucesso de descargas, que comeam na base da nuvem, procurando um caminho de baixa resistncia, que cresce e se expande em ramificaes procurando estes pontos de baixa resistividade no solo e ou artefactos condutores.Esta descarga tambm caracterizada pela luminosidade e barulho (trovo), que o deslocamento da massa de ar que circula o caminho do raio em funo da elevao da temperatura durante o fenmeno.As descargas diretas so prevenidas com a utilizao de para-raios nos edifcios.No que se refere aos efeitos indiretos a proteo assegurada por dispositivos de proteo designados por descarregadores de sobretenso (DST).Classificao dos edifcios e estruturasCom o fim de aconselhar quais os edifcios e estruturas a equipar com um para-raios estes classificam-se quanto s consequncias das descargas (CD) e quanto altura e implantao (AI).ClassificaoDescrio

CD 1 - Estruturas comunsSo estruturas sem riscos especiais e no includas nos pontos seguintes.

CD 2 - Estruturas envolvendo riscos especficosEdifcios frequentados por grande nmero de pessoas (escolas, hotis, cinemas, centros comerciais, quartis, hospitais, etc.).Edifcios cujo contedo seja de elevado valor econmico ou cultural (museus, bibliotecas, etc.).Estruturas sujeitas a riscos de incndio (armazns de cortia, papel, etc.).Estruturas onde existam elementos especialmente sensveis s sobretenses, nomeadamente componentes eletrnicos (computadores, equipamentos de telecomunicaes, etc.).

CD 3 - Estruturas envolvendo riscos para as imediaesSo estruturas cujo tipo de utilizao pode fazer com que os riscos esperados como consequncia de uma descarga atmosfrica se estendam para o exterior do volume a proteger (exemplos: estruturas contendo produtos txicos, radioativos, etc. e estruturas sujeitas a risco de exploso).

Tabela 3 Classificao das estruturas quanto s Consequncias das Descargas (CD)ClassificaoDescrio

AI 1 - Estruturas em situao de risco atenuado.A probabilidade de incidncia das descargas atmosfricas vem reduzida se: a estrutura se localiza numa rea relativamente extensa e contnua de estruturas de altura semelhante (cidade, florestas, etc.); a estrutura tem sua volta e nas proximidades imediatas outras estruturas ou objetos isolados, de altura significativamente superior; a estrutura se localiza num vale escarpado, cuja profundidade exceda a altura da estrutura.

AI 2 - Estruturas em situao de risco normal.So estruturas cuja altura e implantao no alteram significativamente a probabilidade de ocorrncia de uma descarga atmosfrica, relativamente probabilidade de incidncia de uma descarga no solo por elas ocupado.

AI 3 - Estruturas em situao de risco agravado.A probabilidade de incidncia de descargas atmosfricas considera-se grande se: a estrutura tem uma altura superior a 25 metros; a estrutura se salienta num terreno plano, afastado de rvores ou de outras estruturas; a estrutura se localiza no alto de uma elevao de terreno significativa; a estrutura est implantada junto de um desfiladeiro ou penhasco, nomeadamente, na orla martima.

Tabela 4 Classificao das estruturas quanto Altura e Implantao (AI)Necessidade de proteo contra descargas atmosfricasA proteo contra descargas atmosfricas tem como principal funo a proteo de pessoas, instalaes, equipamentos e estruturas. Consideram-se partes fundamentais de um para-raios o captor, condutor de descida e o eltrodo de terra.Conceo e execuo dos sistemas de proteoCaptoresParte do para-raios que se destina a intercepta as descargas atmosfricas incidentes no volume a proteger.O captor pode ser artificial ou natural.

Figura 15 Captor artificial tipo Franklin.Para alm do captor apresentado existem os condutores de cobertura que destinam-se a conduzir a corrente de descarga desde os captores at s descidas. Pela sua posio elevada, estes condutores podem servir, eles prprios, de captores, integrando nesse caso sistemas de condutores emalhados do tipo gaiola de Faraday. A Gaiola de Faraday composta, a nvel de cobertura, por um polgono, formado por condutores instalados no permetro superior da estrutura. Os captores naturais podem ser usados os elementos metlicos existentes na parte superior da estrutura a proteger e suficientemente dimensionados para suportar o impacto direto de uma descarga, tais como coberturas de chamins, claraboias, depsitos, tomadas de ar dos sistemas de climatizao, etc.Os captores naturais so integrados nos para-raios atravs dos condutores de cobertura.

Figura 16 Exemplo de uma habitao protegida contra descargas atmosfricas

Condutores de descidaCondutores de descida artificiaisParte do para-raios destinada a conduzir a corrente de descarga desde os captores at aos eltrodos de terra.A descida pode ser artificial ou natural.As descidas artificiais devem ser em condutores nus de cobre (seco 16 mm2), de ferro galvanizado ou de ao inoxidvel (seco 50 mm2).O nmero mnimo de descidas artificiais de dois.O traado a seguir pelas descidas deve ser quanto possvel retilneo e vertical, de forma a minimizar o percurso entre os elementos captores e a terra.

Figura 17 Instalao de um condutor de descidaCondutores de descida naturaisPodem ser utilizadas como descidas naturais os elementos metlicos existentes na estrutura a proteger que deem garantias de continuidade eltrica, apresentem baixa impedncia e possuam a robustez mecnica necessria.Como exemplos de descidas naturais referem-se as guias de elevadores, as escadas metlicas exteriores, etc.Nas estruturas de beto armado, permite-se o aproveitamento da armadura metlica do beto para a funo de descida natural, condicionado garantia de continuidade eltrica da mesma.Ligao terraDispositivo constitudo por um corpo condutor ou por um conjunto de corpos condutores em contacto ntimo com o solo assegurando uma ligao eltrica com a terra.A ligao terra tem como finalidade a disperso na massa condutora da terra da corrente proveniente de qualquer descarga atmosfrica que incida no para-raios.Todos os pontos de ligao enterrados devem ser preservados dos efeitos da humidade, por envolvimento em meio no higroscpico (massa ou fita betuminosa, por exemplo).Eltrodo em anelO eltrodo de terra preferencial a utilizar num para-raios o eltrodo em anel, constitudo por um condutor instalado na base das fundaes do edifcio ou embebido no macio de beto das fundaes.Nestes casos, o eltrodo em anel deve, preferencialmente, ser constitudo por ferro galvanizado por imerso a quente.Alternativamente pode ser utilizado um condutor em anel, enterrado a uma profundidade de aproximadamente 0,80 m e envolvendo a estrutura a proteger.Se para as instalaes eltricas do edifcio for utilizado um eltrodo em anel este deve ser tambm utilizado como eltrodo do para-raios.

Figura 18 Instalao de um eltrodo em anel

Eltrodo do tipo radialPara estruturas de dimenses tais que o raio do eltrodo em anel resulte inferior a 8 m, podem utilizar-se eltrodos do tipo radial (em forma de pata de ave), constitudos por trs condutores (no mnimo de 6 a 8 m cada) derivados de um ponto comum e enterrados horizontalmente no solo a uma profundidade mnima de 0,8m.Se no se optar pelo eltrodo em anel, a cada descida deve corresponder um eltrodo de terra.

Figura 19 Instalao de um eltrodo do tipo radialConstituem eltrodos de terra naturais as estruturas metlicas enterradas que faam parte ou penetrem no edifcio ou estrutura a proteger. So ainda normalmente utilizadas para aquele fim as fundaes em beto armado, desde que a sua continuidade eltrica seja assegurada.Devido ao facto de se tornar difcil verificar as caractersticas dos eltrodos de terra naturais e, sobretudo, pela dificuldade de garantir a manuteno daquelas caractersticas ao longo do tempo a utilizao do eltrodos naturais no dispensa a instalao de eltrodos artificiais.Preveno das descargas lateraisA dissipao no solo de uma onda de corrente de descarga origina sempre o aparecimento de um elevado potencial no conjunto de eltrodos de terra e, consequentemente, no terreno circundante, originando normalmente uma situao de risco para as pessoas e animais que ali se encontrem. Para diminuir a probabilidade de acidente por ao da tenso de passo, deve ser tomada pelo menos uma das seguintes medidas: Estabelecer no local, fazendo parte do eltrodo de terra, um emalhado de condutores horizontais enterrados no solo, no devendo as dimenses da malha exceder 5 m x 5 m; Prever na zona crtica um tapete de material isolante no higroscpico (asfalto por exemplo) com uma espessura mnima de 50 mm; Aumentar a profundidade dos eltrodos de terra para valores superiores a 1 m.Por outro lado, deve ser dada preferncia, sempre que possvel, a eltrodos de terra com a forma de anel em detrimento de eltrodos do tipo radial.Fixao e ligao dos condutoresAs descidas devem ser, em regra, instaladas vista, fixadas superfcie exterior da estrutura a proteger por meio de elementos de suporte apropriados, estabelecidos razo de dois por metro, no mnimo.Cada descida artificial deve ser dotada de um ligador destinado a efetuar as verificaes e medies necessrias.Caractersticas dos componentes dos SPDACaptor do tipo de FranklinO captador "Franklin" constitudo por uma haste metlica , sendo a extremidade superior pontiaguda para tem uma maior poder de acmulo de cargas. Este sistema o mais barato mas o menos eficiente.Captor de avano IgnioO captor de avano Ignio consiste na capacidade do pra-raios antecipar a descarga atmosfrica e definir o percurso do raio. Este sistema barato e apresenta elevada eficincia, embora decresa com o aumento da distncia do captor.Gaiola de FaradayA gaiola de Faraday um sistema de vrios receptores colocados de modo a envolver o topo da estrutura e vrias baixadas. A gaiola apresenta a elevada eficincia, contudo, de difcil implementao e elevados custos.Regras inerentes proteo de estruturas especiaisConservao e exploraoVerificaes e medies a realizar: O bom estado de conservao, de fixao e de funcionamento dos captores, das descidas, dos elementos de ligao, etc., com confirmao, por medio da respetiva continuidade eltrica; O bom estado de funcionamento dos disruptores e dos descarregadores de sobretenso existentes no para-raios; O valor da resistncia de contacto do eltrodo de terra, o qual no deve ser superior em mais de 50% ao valor obtido aquando da primeira inspeo, nunca devendo exceder 10.NOTA:Disruptor Dispositivo destinado a limitar as sobretenses transitrias elevadas entre duas partes no interior do volume a proteger.Descarregador de sobretenses (DST): Aparelho destinado a proteger o equipamento eltrico contra sobretenses transitrias elevadas e a limitar a durao e amplitude da corrente.

BibliografiaNOGUEIRA, Hilrio Dias (2012) Manual do Eletricista, Porto: Publindstria.EVAQ8 First Aid Safty, 5 Edio, EVAQ8.INDUSMELEC Regimes de Neutro, Loures: INDUSMELEC.CERTIEL Manual de Segurana Eltrica, Lisboa: Certiel.DIREO GERAL DE ENERGIA E GEOLOGIA (2005) Guia Tcnico para a Instalao de Pra-Raios em Edifcios e Estruturas, Lisboa: DGGEPgina 19 de 25