Ufg - Leis Penais Específicas - Prof. Eliette

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    MINISTRIO DA EDUCAOUNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIS

    FACULDADE DE DIREITOCOORDENAO DO CURSO DE DIREITO

    DISCIPLINA: LEIS PENAIS ESPECFICASPROF. MS. ELIETTE RODRIGUES DE AMORIM

    LEIS PENAIS ESPECFICAS (CHTS 64)

    EMENTA: Estudo particularizado das normas em espcie. Dos crimes contra aadministrao pblica. Lei de contravenes penais (noes gerais). Crime detrfico de entorpecentes. Leis 6.368/76 e 10.409/02. Crimes hediondos. Crimesde imprensa. Crimes falimentares. Crimes de sonegao fiscal. Crimeorganizado. Crimes militares.

    CONTEDO E CRONOGRAMA DAS AULAS/ATIVIDADES

    1. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAO PBLICA

    PECULATO, CONCUSS O, CORRUP O PASSIVA E PREVARICA O

    Em regra, o SUJEITO ATIVOconstante o funcionrio pblico.

    O SUJEITO PASSIVOprimrio a Administrao em geral.

    Apesar de serem crimes gravssimos, foram colocados no ltimo ttulo doCdigo Penal. Contudo, no se pode dizer que o Cdigo Penal foi feito deacordo com a ordem de importncia dos temas.Art. 7, I, c, CDIGO PENAL esto norteados pelo princpio daextraterritorialidade incondicionada.

    Art. 33, 4, CDIGO PENALnova condio para progresso de regime.

    Art. 327, CDIGO PENAL conceito de funcionrio pblico

    [tpico/propriamente dito] para fins penais.

    Considera-se Funcionrio Pblico para fins penaisart.27, caput, CP:a) Cargo pblicoex: estatutrio.b) Emprego pblicoex: celetista.c) Funo pblicacumpre um dever para com a Administrao.

    Obs. embora transitoriamente e sem remunerao. Ex: jurado, mesrio.Obs. estagirio funcionrio pblico para fins penais.

    Administrador Judicial, No exerce funo pblica, mas encargo pblico;

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    Advogado dativo - divergncia, mas o STJ entende exerce que elefuno pblica, pois remunerado pelo Estado, fazendo tarefa prpria daDefensoria Pblica, ente estatal.

    FUNCIONRIO PBLICO EQUIPARADO OU ATPICO

    Art. 327, 1, CDIGO PENAL. Equipara-se a funcionrio pblico quemexerce cargo, emprego ou funo em entidade paraestatal, e quem trabalhapara empresa prestadora de servio contratada ou conveniada para aexecuo de atividade tpica da Administrao Pblica. (Includo pela Lei n9.983, de 2000)

    Equiparam-se a funcionrio pblico quem:a) Exerce cargo, emprego, funo em entidade paraestatal. Ex: empresapblica.b) Trabalha para empresa prestadora de servio contratada.c) Empresa conveniada.b e c para execuo de atividade tpica da Administrao Pblica,atividade que busca o fim/bem comum.

    Aula de 18/03/2014

    MAJORANTES DE PENA

    Art. 327, 2, CDIGO PENAL. A pena ser aumentada da tera partequando os autoresdos crimes previstos neste Captulo forem ocupantesdecargos em comisso ou de funo de direo ou assessoramento dergo da administrao direta, sociedade de economia mista, empresa pblicaou funo pblica ou fundao instituda pelo poder pblico. (Includo pela Lein 6.799, de 1980)

    Causa de aumento de pena ou majorante:a) Cargo em comissob) Funo de direoc) Funo de assessoramento Pblico para instituir o aumentoem rgo da Administrao Direta, Sociedade de economia mista e Empresapblica e Fundao instituda pelo Poder Pblico.

    As empresas pblicas e as sociedades de economia mista soEMPRESAS ESTATAIS, isto , sociedades empresariais que oEstado tem controle acionrio e que compem a AdministraoIndireta.

    Empresa pblica Pessoa Jurdica de Direito Privado,constituda por capital exclusivamente pblico, alis, suadenominao decorre justamente da origem de seu capital, isto ,pblico, e poder ser constituda em qualquer uma das modalidadesempresariais.

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    Sociedade de Economia Mista Pessoa Jurdica de DireitoPrivado, constituda por capital pblico e privado, por isso serdenominada como mista. A parte do capital pblico deve ser maior,pois a maioria das aes devem estar sob o controle do PoderPblico. Somente poder ser constituda na forma de S/A.

    Ambas, como regra, tm a finalidade de prestar servio pblico esob esse aspecto sero Pessoas Jurdicas de Direito Privado comregime jurdico muito mais pblico do que privado, sem, contudo,passarem a ser titulares do servio prestado, pois recebem somente,pela descentralizao, a execuo do servio.

    Outra finalidade est na explorao da atividade econmica, o queser em carter excepcional, pois de acordo com a ConstituioFederal o Estado no poder prestar qualquer atividade econmica,mas somente poder intervir quando houver:

    - relevante interesse coletivo ou- imperativos da segurana nacional.

    A regra constitucional que trata do assunto:

    Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituio, aexp lo rao di reta d e ativ idade eco nmica pel o Est ado s s erperm it ida q uand o n ecessria aos im perativo s da segu rananacion al ou a relevante interesse colet ivo, conforme definidos emlei.

    Para instituir o aumento tem que ser:

    rgo da administrao direta - No mbito da administrao pblica,aadministrao direta (AO 1945: administrao direta) consiste naprossecuo das atividades e funes doEstado diretamente por rgosdo prprio Estado. Ao contrrio da administrao indireta, naadministrao direta o Estado no delega a prossecuo das suasatividades e funes em pessoas jurdicas separadas, como institutospblicos, entidades pblicas empresariais, empresas pblicas,sociedades de economia mista,fundaes pblicas ouautarquias.

    Autarquia no est prevista.

    Chefe do poder Executivo Municipal prefeito, governador federal,Presidente da Repblica esto submetidos a esse poder majorante.

    Esse aumento pode definir se o crime de mdio potencial ofensivo ouinfrao de menor potencial ofensivo.

    ESPCIES DE CRIMES FUNCIONAIS

    CRIMES FUNCIONAIS PRPRIOS OU PUROSpropriamente dito

    http://www.jusbrasil.com/legislacao/1027008/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988http://pt.wikipedia.org/wiki/Administra%C3%A7%C3%A3o_p%C3%BAblicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortogr%C3%A1fico_de_1945http://pt.wikipedia.org/wiki/Estadohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Administra%C3%A7%C3%A3o_indiretahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pessoa_jur%C3%ADdicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_p%C3%BAblicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_p%C3%BAblicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Entidade_p%C3%BAblica_empresarialhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Empresa_p%C3%BAblicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_de_economia_mistahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Funda%C3%A7%C3%A3o_p%C3%BAblicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Autarquiahttp://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=5122849155906482251&postID=1100607971286636290http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=5122849155906482251&postID=1100607971286636290http://pt.wikipedia.org/wiki/Autarquiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Funda%C3%A7%C3%A3o_p%C3%BAblicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_de_economia_mistahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Empresa_p%C3%BAblicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Entidade_p%C3%BAblica_empresarialhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_p%C3%BAblicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_p%C3%BAblicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_p%C3%BAblicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pessoa_jur%C3%ADdicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Administra%C3%A7%C3%A3o_indiretahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Estadohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortogr%C3%A1fico_de_1945http://pt.wikipedia.org/wiki/Administra%C3%A7%C3%A3o_p%C3%BAblicahttp://www.jusbrasil.com/legislacao/1027008/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
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    Faltando a qualidade de servidor do agente, o fato passa a ser tratado comoum indiferente penal, no se ajustando a outro tipo incriminador [atipicidadeabsoluta]. Ex: Art. 319, CDIGO PENAL.

    Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de

    ofcio, ou pratic-lo contra disposio expressa de lei, para satisfazerinteresse ou sentimento pessoal:Pena - deteno, de trs meses a um ano, e multa.

    Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciria e/ou agente pblico, decumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefnico,de rdio ou similar, que permita a comunicao com outros presosou com o ambiente externo: (Includo pela Lei n 11.466, de 2007).Pena: deteno, de 3 (trs) meses a 1 (um) ano.Condescendncia criminosa

    CRIMES FUNCIONAIS IMPRPRIOS OU IMPUROSimpropriamente ditoFaltando a qualidade de servidor do agente, o fato deixa de configurar crimefuncional, desclassificando-se, passando para o rol dos delitos comuns[atipicidade relativa]. Ex: Art. 312, CDIGO PENAL peculato apropriaoindbita.

    PECULATOArt. 312, CDIGO PENAL.

    O delito de peculato apresenta 6 espcies:

    1. Peculato-apropriaoArt. 312, caput, 1 parte, CDIGO PENAL.2. Peculato-desvioArt. 312, caput, 2 parte, CDIGO PENAL.3. Peculato-furtoArt. 312, 1, CDIGO PENAL = peculato imprprio.4. Peculato-culposoArt. 312, 2, CDIGO PENAL o nico crime

    culposo funcional.5. Peculato-estelionatoArt. 313, CDIGO PENAL.6. Peculato-eletrnicoArt. 313-A e 313-B, CDIGO PENAL.

    Peculato prprio: apropriao e desvio.Peculato imprprio - 1 - furto.

    A. PECULATO PRPRIOArt. 312, CDIGO PENAL. Apropriar-se (inverter a posse, agindoarbitrariamente como se fosse dono) o funcionrio pblico (art. 327, CP) dedinheiro, valor ou qualquer outro bem mvel (diferente do conceito de direitocivil), pblico ou particular (o proprietrio figura como vtima secundria), deque tem a posse (abrange a mera deteno? ver as anotaes sobre ascorrentes doutrinrias) em razo do cargo ( imprescindvel o nexo funcional,deve estar entre as atribuies do agente a posse da coisa. No basta a possepor ocasio do cargo, tem que ser em razo do cargo), ou desvi-lo (dardestino diverso daquele previsto em lei), em proveito prprio ou alheio:

    Pena - recluso, de dois a doze anos, e multa.

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    CORRENTE DOUTRINRIA

    1 corrente: A expresso posse no abrange a mera deteno. Se ainteno fosse abranger a posse precria, o legislador mencionariaexpressamente, como o fez no art. 168, CP. Concluso: inverter mera

    deteno, agindo como se dono fosse, configura peculato furto.

    2 corrente: a expresso posse no foi utilizada no seu sentido tcnico,abrangendo a mera deteno. Concluso: inverter mera deteno,agindo como se dono fosse, configura peculato prprio.

    A prova do TRF 5 Regio adotou a da 1 corrente at 2008.Hoje o STJ j entende pela 2 corrente, mas essa questo no est pacificada.

    crime de grande potencial ofensivo: no admite transao penal nemsuspenso condicional do processo.

    SUJEITO ATIVOfuncionrio pblico no sentido amplo do Art. 327, CDIGOPENAL. crime prprio. Admite concurso de pessoas estranhas ao quadro daAdministrao.Apesar de prprio, admite concurso de agentes, ou seja, admite coautoria.

    Questo: funcionrio pblico, B particular A induzido por B, apropria-se debem mvel em poder da Administrao. Quais os crimes de A e B?Apeculato-apropriaoArt. 312, CDIGO PENAL.Bdepende. Deve-se distinguir se ele tem cincia da qualidade funcional de A.B tambm praticou peculato-apropriao. Mas, se ele no tem cincia dessaqualidade funcional de A, B praticou apropriao indbita. Art. 168, CDIGOPENAL.

    Ex: Mvio funcionrio pblico e se apropriou de coisa pblica. E Tcio particular que instigou Mvio. Mvio praticou peculato. E Tcio? Se Tcioconhecia a qualidade funcional de Mvio, tambm responder porpeculato(312). Mas se Tcio no conhecia a qualidade funcional de Mvio,responder por apropriao indbita (168).

    Diretor de sindicatoArt. 552, CLT. Os atos ficam equiparados. A CLT semequiparar a pessoa, equiparou o fato. Equiparao objetiva (do fato). Assim,diretor de sindicato no funcionrio pblico tpico ou atpico para fins penais,mas o fato que ele pratica equiparado ao peculato.

    Obs.: Se o SUJEITO ATIVOfor Prefeito municipal, o Cdigo Penal para ele uma norma geral e o Decreto-Lei 201/67 norma especial e em caso deconflito, a norma especial derroga a geralPrincpiodaEspecialidade.

    Do Decreto-Lei n 201/67

    Concebido no perodo da ditadura militar, ainda sob a gide do Ato Institucionaln 4, o Decreto-lei n 201/67 dispe sobre a responsabilidade criminal e

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    poltico-administrativa dos Prefeitos e sobre a responsabilidade poltico-administrativa dos Vereadores.

    Trata-se de norma que, j no incio de sua vigncia passou a revelar os seusefeitos: cassaes de Prefeitos e Vereadores, fechamento e ocupao de

    Cmaras e Prefeituras, imposio de interventores e presso para o ingressono partido governista foram algumas das situaes observadas naqueleperodo.

    A atual realidade poltica e o Estado de Direito contemporneo, emboracompletamente diferentes daquela poca, ainda coexistem com o Decreto-lein 201/67, porquanto permanece vigente em todas as disposies onde nohouver incompatibilidades com a Carta da Repblica.

    Dentre as inmeras e significativas mudanas observadas nessa nova ordemlegal, merecem destaque as novas leituras conceituais que foram

    implementadas pela Constituio Federal de 1988 no ordenamento jurdico,sobretudo na legislao processual penal.

    Exemplo disso a atual concepo do interrogatrio como meio de defesado acusado, alm do tratamento dado s nulidades processuais e sprovas obtidas por meios ilcitos.

    Todas essas mudanas, somadas s alteraes legislativas posteriores entrada em vigor do Decreto-lei n 201/67 como, por exemplo, a competnciados Tribunais de Justia para processamento e julgamento dos Prefeitos,fizeram com que sua aplicao a uma dada situao concreta seja feita demaneira sistemtica.

    No se pode mais valer apenas do Decreto em exame para processar e julgar(ou defender) os Prefeitos acusados pela prtica de um dos crimes alitipificados. H necessidade imprescindvel - de se recorrer a uma fartalegislao, que tangencia os comandos normativos do Decreto-lei n 201/67,dando-lhes a eficcia e a legalidade necessrias.

    Se na poca em que foi concebida a norma, o quadro legislativo observado noPas era tumulturio, atualmente a realidade no diferente. Dentre as leis que

    foram sendo editadas desde a sua concepo e que guardam relao diretacom a norma, merecem relevo a Emenda Constitucional n 1/1992, a Lei deImprobidade Administrativa, a Lei n 10.028, a Emenda Constitucional n25/2000 e as Leis ns 8.038/90 e 8.658/93, alm da prpria ConstituioFederal.

    PECULATO-APROPRIAO

    Art. 312, caput, 1 parte, CDIGO PENAL. Apropriar-se o funcionrio pblicode dinheiro, valor ou qualquer outro bem mvel, pblico ou particular, de quetem a posse em razo do cargo,

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    1) Apropriar-se o funcionrio pblico inverter a posse, agindo arbitrariamentecomo se dono fosse.2) De dinheiro, valor ou qualquer outro bem mvel.3) Pblico ou particular [o proprietrio figura como vtima secundria].4) De que tem a posse.

    1 corrente a expresso posse contida no Art. 312, caput, CDIGOPENAL, abrange mera deteno, merecendo interpretao ampla.

    2 corrente STJ a expresso posse contida no Art. 312, caput,CDIGO PENAL no abrange a mera deteno. Quando o legisladorquer abranger a mera deteno o faz expressamente, como porexemplo, no Art. 168, CDIGO PENAL. (Recentemente, tiveramjulgados no STJ, conforme a 1 corrente. A mera deteno configurapeculato-furto).

    5) Em razo do cargo - Deve haver nexo funcional posse x cargo. No basta

    nexo temporal. Deve estar nas atribuies do funcionrio pblico a posse dacoisa.

    C. PECULATO-DESVIOArt. 312, caput, 2 parte, CDIGO PENAL. [...] ou desvi-lo, em proveitoprprio ou alheio

    1) Desviar o funcionrio pblicoo agente d destinao diversa para a coisa.2) De dinheiro, valor ou qualquer outro bem mvel [ CC].3) Pblico ou particular [o proprietrio figura como vtima secundria].4) De que tem a posse:

    1 corrente a expresso posse contida no Art. 312, caput, CDIGOPENAL, abrange mera deteno, merecendo interpretao ampla.

    2 corrente STJ a expresso posse contida no Art. 312, caput,CDIGO PENAL no abrange a mera deteno. Quando o legisladorquer abranger a mera deteno o faz expressamente, como porexemplo, no Art. 168, CDIGO PENAL. Recentemente, tiveram julgadosno STJ, conforme a 1 corrente. A mera deteno configura peculato-furto.

    5) Em razo do cargo - Deve haver nexo funcional posse x cargo. No bastanexo temporal. Deve estar nas atribuies do funcionrio pblico a posse dacoisa.

    TIPO SUBJETIVOdolo de se apropriar ou de desviar.

    APROPRIAO COM ANIMUS DE USO: imprescindvel a inteno de nomais devolver a coisa Administrao.

    BEM CONSUM VEL BEM NO CONSUM VELH crime + Improbidade

    Administrativa

    Fato atpico + Improbidade

    Administrativa.Ex: viaturas, maquinrios em geral.

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    Obs.: Todo crime corresponde a um ato de improbidade administrativa, masnem todo ato de improbidade corresponde a crime.

    Mo-de-obra no coisa, servio, no h peculato.

    Obs.: Se o agente prefeito municipal, o peculato-uso crime, no importandose a coisa consumvel ou no, ou servios. Sempre ser crime. Art. 1, II, DL201/67. Caiu na prova do TRF 5 Regio.

    CONSUMAO

    PECULATO-APROPRIAO PECULATO-DESVIOConsuma-se no momento em que ofuncionrio se apropria da coisa(dinheiro, valor ou bem mvel), agindo

    como se dono fosse [exteriorizandopoderes de proprietrio].

    Consuma-se no momento em que ofuncionrio altera o destino normal dacoisa, empregando-a em fim outro.

    Nas duas modalidades possvel a tentativa.Obs.: O STF (questo consolidada) admite o princpio da insignificncia oubagatela nos crimes funcionais, j o STJ (questo no consolidada julgadosdiversos) no tem admitido.

    PECULATO IMPRPRIO

    PECULATO FURTO

    Art. 312, CDIGO PENAL. 1 - Aplica-se a mesma pena, se o funcionrio pblico, embora no tendo aposse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que sejasubtrado, em proveito prprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lheproporciona a qualidade de funcionrio.

    SUJEITO ATIVOfuncionrio pblico no sentido amplo do Art. 327, CDIGOPENAL [tpico ou atpicoou por equiparao].

    SUJEITO PASSIVOprimrio: Administrao.Secundrio: Particular lesado pelo comportamento do agente.

    TIPO OBJETIVO

    PECULATO PR PRIO PECULATO IMPR PRIOArt. 312 - Apropriar-se o funcionriopblico de dinheiro, valor ou qualqueroutro bem mvel, pblico ouparticular, de que tem a posse em

    razo do cargo, ou desvi-lo, emproveito prprio ou alheio:

    1 - Aplica-se a mesma pena, se ofuncionrio pblico, embora no tendoa posse do dinheiro, valor ou bem, osubtrai, ou concorre para que seja

    subtrado, em proveito prprio oualheio, valendo-se de facilidade que

    http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=5122849155906482251&postID=1100607971286636290http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=5122849155906482251&postID=1100607971286636290
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    lhe proporciona a qualidade defuncionrio [PECULATO-FURTO].

    O agente tem posse da coisa; Posselegtima em razo do cargo;

    O agente no tem posse da coisa;

    Ncleo: apropria-se. Ncleo: subtrai ou concorre para que

    seja subtrado

    Obs.: para ser peculato-furto imprescindvel valer-se de facilidade que lheproporciona a qualidade de funcionrio.

    Facilitada pelo cargo Art. 312, 1, CDIGO PENAL. Pena mnima: 2 anos.No cabe suspenso do processo.Subtrao

    No facilitada pelo cargo Art. 155, CDIGO PENAL. Pena mnima: 1 ano.Cabe suspenso do processo.

    Obs. No mais, aplicam-se as disposies sobre furto j estudadasanteriormente.

    PECULATO CULPOSOArt. 312, 2, CDIGO PENAL. Se o funcionrio concorre culposamente parao crime de outrem:Pena - deteno, de trs meses a um ano.

    Infrao de menor potencial ofensivo e a nica modalidade culposa de crime

    funcional.SUJEITO ATIVO: funcionrio pblico no sentido amplo do Art. 327, CDIGOPENAL.

    SUJEITO PASSIVOprimrio: Administrao.Secundrio: Particular lesado pelo comportamento do agente.

    TIPO OBJETIVO

    Pune concorrer culposamente para o crime de outrem.Concorrer com manifesta negligncia para o crime de outrem.

    Ex: funcionrio pblico responsvel pelo almoxarifado deixa a porta abertanegligentemente, permitindo algum entrar e subtrair coisas da Administrao.Esse funcionrio o SUJEITO ATIVOdo Art. 312, 2, CDIGO PENAL.

    O que se entende por crime de outrem?1 corrente PREVALECE: a posio topogrfica do Art. 312, 2, CDIGOPENAL permite concluir que esse crime de outrem s pode ser o do 1[peculato doloso] ou caput do Art. 312, CDIGO PENAL.

    2 corrente: a lei no restringiu o tipo de crime praticado por outrem. Logo,existe peculato culposo ainda que seja crime de furto.

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    OBS.: O funcionrio negligente jamais partcipe do crime ao qualculposamente participou.

    CONSUMAO

    No momento em que se aperfeioa a conduta dolosa do terceiro. imprescindvel o nexo, que o peculato culposo se deu em face da neglignciado funcionrio pblico.

    TENTATIVANo admite tentativa j que peculato culposo.

    Art. 312, 3, CDIGO PENAL. No caso do pargrafo anterior [PECULATOCULPOSO], a reparao do dano, se precede sentena irrecorrvel, extinguea punibilidade; se lhe posterior, reduz de metade a pena imposta.

    benefcio exclusivo do peculato culposo.

    1 SITUAO: Reparao do dano antes da sentena irrecorrvel.Extingue a punibilidade.

    2 SITUAO: Reparao do dano aps a sentena irrecorrvel.Reduz a pena pela . caso de imposio pelo juiz da execuo penal.

    PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREMPECULATO ESTELIONATOArt. 313, CDIGO PENAL - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que,no exerccio do cargo, recebeu por erro de outrem:Pena - recluso, de um a quatro anos, e multa.

    peculato de mdio potencial ofensivo. o peculato-estelionato.

    SUJEITO ATIVO: funcionrio pblico no sentido amplo do Art. 327, CDIGOPENAL.

    SUJEITO PASSIVO

    Primrio: Administrao.Secundrio: Particular lesado pelo comportamento do agente.

    TIPO OBJETIVOO agente tem posse, porm ILEGTIMA, produto de erro de outrem.

    OBS.: O erro do ofendido deve ser espontneo, pois, se provocado pelofuncionrio, poder configurar o crime de estelionato. O particular j tem queestar errado.

    No confundir as modalidades:

    PECULATO PRPRIO PECULATO PECULATO

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    IMPR PRIO ESTELIONATOArt. 312, caput Art. 312,1 Art. 313

    O agente tem posselegtima em razo docargo.

    O agente NO temposse, por issochamado peculato

    imprprio.

    O agente tem posse,porm ILEGTIMA,produto de erro de

    outrem.Ncleo: apropria-se. Ncleo: subtrai. Ncleo: apropria-se.

    CONSUMAO E TENTATIVAConsuma-se o crime de peculato estelionato no no momento do recebimento,mas quando o agente, percebendo o erro de terceiro, no o desfaz,apropriando-se da coisa como se dono fosse.A doutrina admite a tentativa.

    INSERO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAES(Includo pela Lei n 9.983/00)Art. 313-A, CDIGO PENAL. Inserir ou facilitar, o funcionrio autorizado, ainsero de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nossistemas informatizados ou bancos de dados da Administrao Pblica com ofim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:(Includo pela Lei n 9.983, de 2000)Pena - recluso, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Includo pela Lei n9.983, de 2000)MODIFICAO OU ALTERAO NO AUTORIZADA DE SISTEMA DEINFORMAES (Includo pela Lei n 9.983, de 2000)Art. 313-B, CDIGO PENAL. Modificar ou alterar, o funcionrio, sistema de

    informaes ou programa de informtica sem autorizao ou solicitao deautoridade competente: (Includo pela Lei n 9.983, de 2000)Pena - deteno, de 3 (trs) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Includo pela Lein 9.983, de 2000)Pargrafo nico. As penas so aumentadas de um tero at a metade se damodificao ou alterao resulta dano para a Administrao Pblica ou para oadministrado. (Includo pela Lei n 9.983, de 2000)

    Art. 313-A, C DIGO PENAL Art. 313-B, C DIGO PENALEx: A foi multado, mas a multaestourou a pontuao da CNH. A

    conhece um funcionrio que trabalhano Detran e o funcionrio entra nosistema, excluindo essa pontuao.SUJEITO ATIVO: somente ofuncionrio autorizado a manejar osistema de banco de dados daAdministrao. Admite concurso depessoas.

    SUJEITO ATIVO: basta serfuncionrio pblico, nonecessariamente, autorizado. Sentidoamplo do Art. 327, CDIGO PENAL.

    SUJEITO PASSIVO:Primrio: Administrao.Secundrio: Particular eventualmente

    lesado pelo comportamento doagente. [ex: funcionrio entra no

    SUJEITO PASSIVO:Primrio: Administrao.Secundrio: Particular eventualmente

    lesado pelo comportamento doagente.

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    sistema para colocar pontuao aoinimigo]CONDUTA PUNIDA:4 ncleos.- inserir;

    - facilitar a insero de dados falsos;- alterar dados verdadeiros;- excluir dados verdadeiros.

    CONDUTA PUNIDA:2 ncleos.- modificar/ alterar sistema ou

    programa Informtica.

    OBJETO MATERIAL: os dados dosistema. Ele no atinge o sistema ouprograma, atinge somente os dadosdo sistema ou programa.

    OBJETO MATERIAL: sistema ouprograma de informtica.

    Punido a ttulo de dolo + finalidadeespecfica [com o fim de obtervantagem indevida para si ou paraoutrem ou para causar dano].

    Punido a ttulo de dolo sem finalidadeespecfica.

    CONSUMAO: prtica de qualquerum dos ncleos, dispensando aobteno da vantagem ou do dano. delito formal.

    CONSUMAO: prtica de qualquerum dos ncleos, dispensando oresultado naturalstico e se ocorrer[dano para a Administrao Pblico ouAdministrado] causa de aumento depena do nico. delito formal.

    TENTATIVA: admitida.

    Aula de 25/03/2014

    CONCUSSONoes gerais

    o crime praticado por funcionrio pblico, em que este exige, para si oupara outrem, vantagem indevida, direta ou indiretamente, ainda que forada funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela.O crime punido compena de recluso, de dois a oito anos, e multa. Os pargrafos 1 e 2, do artigo316, do Cdigo Penal, preveem o excesso de exao, que so as formasqualificadas do delito de concusso, em que se pune mais severamente, compena de recluso de trs a oito anos e multa, o funcionrio que exige tributo ou

    contribuio social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido,emprega na cobrana meio vexatrio ou gravoso, que a lei no autoriza, e compena de recluso, de dois a doze anos, e multa, aquele que desvia, emproveito prprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aoscofres pblicos.

    Fundamentao:Art. 316, "caput" e 1 e 2 Cdigo Penal

    Conceito

    Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da

    funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela, vantagem indevida(FINALIDADE ESPECFICA):

    http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=5122849155906482251&postID=1100607971286636290http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=5122849155906482251&postID=1100607971286636290
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    Pena - recluso, de dois a oito anos, e multa

    infrao de grande potencial ofensivo.

    SUJEITO ATIVO: funcionrio pblicoArt. 327, CDIGO PENAL.

    - funcionrio pblico no exerccio da funo.- funcionrio pblico fora da funo, mas em razo dela. Ex: em frias.- particular na iminncia de assumir funo pblica (faltam apenas etapasburocrticas.

    Ex: definir a data da posse, diplomao, exame mdico, etc. Carteirada comDirio Oficial. Esse caso um caso excepcional, em eu o particular podefuncionar como sujeito ativo

    OBS.: Se o delito praticado por fiscal de rendas, o crime ser o do Art. 3, II,Lei 8.137/90princpio da especialidade.

    CRIME FUNCIONAL CONTRA A ORDEM TRIBUTRIA, no contra aAdministrao.

    OBS.: Se o delito for praticado por militar, o crime ser o do Art. 305, CDIGOPENAL MILITAR (Concusso)a competncia ser da Justia Militar.

    SUJEITO PASSIVO:Primrio: Administrao.Secundrio: Particular constrangido pelo comportamento do agente.

    CONDUTA PUNIDA:A primeira conduta exigir, intimidao, coero.Exigir - pressupe intimidao. diferente de solicitar; de pedir; e configuracorrupo passiva.

    Observaes doutrinrias: CAPEZ: a concusso no pode ser praticada com violncia ou grave

    ameaa, caso contrrio haver extorsoart. 158, CP. ROGRIO SANCHES: entende que no pode haver violncia fsica

    (configura extorso), mas claro que est implcita a grave ameaa, de

    modo que no haveria como exigir a vantagem sem ela. No tem comodesvincular a concusso da ameaa. Ex: ou voc me d tanto emdinheiro ou eu autuarei o seu estabelecimento em 100 mil reais.

    A expresso para si ou para outrem o outrem pode ser inclusive aprpria Administrao Pblica:

    O outrem abrange a prpria Administrao Pblica a posio queprevalece na Doutrina. Ex: O delegado exigiu que reformem a delegacia, o juizexigiu que reformassem o Frum.

    Posio Minoritria: o Professor Paulo Jos da Costa Jnior no concorda.Para ele, esse outrem tem que ser pessoa alheia a Administrao.

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    Direta ou indiretamente: direta a exigncia pessoal e a indireta porinterposta pessoa.Explcita ou implicitamente: Explcita exigncia clara ou Implcita exigncia velada, disfarada.Vantagem indevida: prevalece que a vantagem pode ser de qualquer

    natureza, desde que indevida.

    EXCESSO DE EXAO (Exao = Cobrana ou arrecadao de impostos)

    Art. 316, 1, CDIGO PENAL- Se o funcionrio exige tributo ou contribuiosocial que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega nacobrana meio vexatrio ou gravoso, que a lei no autoriza: (Redao dadapela Lei n 8.137, de 27.12.1990)

    Pena- recluso, de trs a oito anos, e multa. (Redao dada pela Lei n 8.137,de 27.12.1990)

    Vantagem indevida:Se a vantagem indevida for constituir em tributo ou contribuio social odelito ser o do Art. 316, 1, CDIGO PENAL excesso de exao crimeinafianvel.

    Se a vantagem indevida no for tributo ou contribuio social teremos o abusode autoridade.

    Outra elementar trazida pela Doutrinametus p ubl icae potestat iso agentese vale do temor que o cargo exerce sob outrem, que nasce do cargo queocupa, configura abuso da autoridade pblica como meio de coao.

    Alerta a Doutrina que deve o agente dever atribuio ou competncia para aprtica do mal prometido em caso de no atendimento da exigncia. Casocontrrio haver crime de extorso.

    O mdico do SUS que cobra pagamento adicional do paciente pratica quecrime?Sim, sendo esse mdico funcionrio pblico para fins penais. Deve-sedistinguir 3 situaes:

    1o mdico exigedo paciente o pagamento adicional para realizar operaocirrgica concussoArt. 316, CDIGO PENAL.2o mdico solicitado paciente a verba adicional corrupo passivaArt.317, CDIGO PENAL.3 o mdico engana o paciente simulando ser devido o pagamento estelionatoArt. 171, CDIGO PENAL.

    TIPO SUBJETIVODolo + finalidade especial (vantagem indevidalocupletamento).

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    CONSUMAO: crime formal, consuma-se com a exigncia, dispensando-se o efetivo enriquecimento ilcito (dispensa a vantagem indevida). Seconseguir a vantagem indevida, trata-se de mero exaurimento.

    TENTATIVA

    admitida, na hiptese de exigncia por escrito. Ex: carta concussionriainterceptada.

    DELITO DE TENDNCIA INTERNA TRANSCEDENTE: o que voc quertranscende o que o legislador diz (www.injur.com.br). Expresso nova cai emconcurso, especialmente Ministrio Pblico.Concusso:Art. 316 CP - uma espcie de extorso praticada pelo servidorpblico com abuso de autoridade. O objeto jurdico a probidade daadministrao pblica. Sujeito ativo: Crime prprio praticado pelo servidor e oseujeito passivo o Estado e a pessoa lesada. A conduta exigir .Trata-se decrime formal pois consuma-se com a exigncia, se houver entrega de valor h

    exaurimento do crime e a vtima no responde por corrupo ativa porque foiobrigada a agir dessa maneira.

    Na jurisprudncia, a vantagem indevida, que trata o caput do artigo, deve serpatrimonial.

    Obs: Se uma pessoa finge ser um policial e faz a extorso, o crime ser deextorso e no de concusso.

    Excesso de exao:

    1o) A exigncia vai para os cofres pblicos, isto , recolhe aos cofres valorno devido

    2o) Era para recolher aos cofres pblicos, porm o funcionrio se apropria dovalor.

    CORRUPO PASSIVA

    Art. 317 do Cdigo Penal

    DefinioCorrupo passiva, nodireito penalbrasileiro, um doscrimes praticados porfuncionrio pblico contra aadministrao em geral.

    A corrupo pode ser de dois tipos: ativa, quando se refere ao corruptor, ou. passiva, que se refere ao funcionrio pblico corrompido.

    Algumas legislaes definem ambas as condutas como o mesmo crime.

    A legislao brasileira optou por conceituar dois crimes diferentes: acorrupoativa,no art. 333 doCdigo Penal,e a corrupo passiva, no art. 317.

    http://www.injur.com.br/http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=5122849155906482251&postID=1100607971286636290http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_penalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Brasilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Crimehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Funcion%C3%A1rio_p%C3%BAblicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Administra%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Corrup%C3%A7%C3%A3o_ativahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Corrup%C3%A7%C3%A3o_ativahttp://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_Penal_Brasileirohttp://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_Penal_Brasileirohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Corrup%C3%A7%C3%A3o_ativahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Corrup%C3%A7%C3%A3o_ativahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Corrup%C3%A7%C3%A3o_ativahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Administra%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Funcion%C3%A1rio_p%C3%BAblicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Crimehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Brasilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_penalhttp://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=5122849155906482251&postID=1100607971286636290http://www.injur.com.br/
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    O crime de corrupo passiva est previsto no art. 317 do Cdigo Penal econsiste na solicitao, no recebimento, ou na aceitao de vantagem indevida,para si mesmo ou outra pessoa, em razo de funo pblica.

    Diferena entre um tipo e outro

    Uma diferena marcante entre corrupo ativa e passiva, pois, a primeira umcrime praticado por particular contra a administrao pblica em geral e asegunda crime praticado por agente pblico.

    O jeitinho ou quebra-galho, tambm so considerados crime de corrupopassiva, prevista no 2 do art. 317, no qual temos o agente que, sem visarsatisfazer interesse prprio, cede a pedido, presso ou influncia.

    Art. 317, CDIGO PENALcorrupo passivapune o corrupto.

    Art. 333, CDIGO PENALcorrupo ativapune o corruptor.

    EXCEOpluralista Teoria Monista duas pessoas concorrendo para omesmo evento, mas sofrendo tipos diversos.

    Definio legal

    O Cdigo Penal, em seu artigo 317, define o crime de corrupo passiva comoo de "solicitar ou receber, para si ou para outros, direta ou indiretamente, aindaque fora da funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela, vantagemindevida, ou aceitar promessa de tal vantagem."

    conhecido pelo nome de corrupo passiva o crime praticado contra aadministrao pblica em geral. Sua previso se encontra no artigo 317 doCdigo Penal brasileiro, que o caracteriza como o ato onde o funcionriopblico solicita ou recebe, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela, vantagemindevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.

    A peculiaridade deste ato ilcito que ele praticado apenas e to somentepelo funcionrio pblico, mesmo que a letra da lei no traga a definio

    explcita deste ser o sujeito ativo.O artigo, porm, traz em seu texto que ser penalizado mesmo aquele agenteque esteja fora da funo ou ainda no a tenha assumido.

    Pena

    Para a corrupo passiva est prevista a pena de recluso, de dois a dozeanos, e multa. A pena ser aumentada de um tero no caso de, como resultadoda vantagem ou promessa, o funcionrio retarda ou deixa de praticar qualquerato de ofcio ou o pratica infringindo dever funcional. A corrupo passiva

    uma das trs formas que o delito chamado corrupo pode assumir. Alm daforma passiva, temos a corrupo ativa.

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    A inteno do legislador ao tornar crime a corrupo passiva foi a manutenodo normal funcionamento da administrao pblica, de modo a preservarprincpios intrnsecos instituio, como legalidade ou moralidade, impedindoassim uma imploso da estrutura das instituies pblicas, caso haja aproliferao da corrupo entre seus membros.

    Assim, a partir do dispositivo legal, podemos entender que o crime decorrupo passiva ocorre quando o funcionrio pblico solicita propina,vantagem ou similar para fazer ou deixar de fazer algo relacionado com a suafuno.

    No importa que o indivduo concorde com o ato ilcito e d aquilo o que oagente corrupto pea.

    O crime j se configura no momento da solicitao da coisa ou vantagem.Ainda, o ato que o funcionrio pratica ou deixa de praticar pode ser classificado

    como ilcito, ilegtimo ou injusto, resultando na corrupo passiva prpria.

    Agora, quando est anlise um ato ou a omisso de um ato que seja legal ejusto, mas que beneficia o prprio agente pblico ou outro indivduo, estamosdiante da corrupo passiva imprpria. A outra parte pode/deve apelar polciapara prender o criminoso, mas caso ela participe do ilcito, est configurada acorrupo ativa e passiva.

    Corrupo ativa e corrupo passiva (26/07/2010jornal Folha)

    Os PMs envolvidos na liberao do carro que atropelou e matou RafaelMascarenhas, 18, filho da atriz Cissa Guimares, se entregaram.

    A priso administrativa do sargento Marcelo Leal de Souza Martins, que seapresentou ontem, e do cabo Marcelo Bigon (detido no sbado) havia sidodeterminada pelo comandante da PM do Rio, coronel Mrio Srgio Duarte. Elepediu tambm a priso preventiva, mas o Tribunal de Justia do Rio negou.Uma nova solicitao ser feita hoje.

    Segundo Rafael Bussamra, que dirigia o carro, os PMs cobraram R$ 10 milpara liber-lo. O pai de Bussamra confessou ter pago R$ 1.000. Os PMs

    respondero inqurito por corrupo passiva, e Bussamra, por corrupo ativa.

    Ao justificar sua deciso, o juiz Alberto Fraga alegou que a manuteno dospoliciais no seio social no acarreta qualquer ameaa.

    Spencer Levy, advogado de Bussamra, diz que a famlia foi ameaada pelosPMs. A Folha no conseguiu localizar nenhum defensor dos PMs.Corrupo um crime bem interessante pois ele pode existir em trs sabores:corrupo ativa, corrupo passiva, e corrupo ativa e passiva.

    A corrupo passiva ocorre quando o agente pblico pede uma propina ou

    qualquer outra coisa para fazer ou deixar de fazer algo. Por exemplo, o juiz quepede um cafezinho para julgar um processo mais rapidamente ou o senador

    http://direito.folha.uol.com.br/1/post/2010/07/corrupo-ativa-e-corrupo-passiva.htmlhttp://direito.folha.uol.com.br/1/post/2010/07/corrupo-ativa-e-corrupo-passiva.html
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    que pede uma ajuda para a campanha em troca de seu voto. No importa quea outra parte d o que pedido pelo corrupto: o corrupto comete o crime apartir do momento que pede a coisa ou vantagem. A outra parte, inclusive,pode/deve chamar a polcia para prender o criminoso.

    J a corrupo ativa ocorre quando algum oferece alguma coisa(normalmente, mas no necessariamente, dinheiro ou um bem) para que umagente pblico faa ou deixe de fazer algo que no deveria. Por exemplo, omotorista que, parado por excesso de velocidade, oferece uma ajuda para oleitinho das crianas ao policial. Reparem que, nesse caso, o criminoso quem oferece a propina e no o agente pblico que provavelmente irprender o criminoso. Para que o crime esteja configurado, no importa que oagente aceite a propina: o crime se consuma no momento em que o motoristatenta corromper o policial, ou seja, no momento em que ele ofereceu a propina.

    Mas possvel tambm que ambas as partes cometam o crime. Se o motorista

    oferece e o policial aceita, ambos cometeram crimes. O policial cometeu ocrime de corrupo passiva, e o motorista de corrupo ativa. Mas reparemque os crimes foram cometidos em momentos distintos: o motorista cometeu acorrupo ativa quando ofereceu, mas o policial s cometeu a corrupopassiva quando aceitou. Se no tivesse aceito, no teria cometido o crime.

    CORRUPO PASSIVAArt. 317, CDIGO PENAL - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, diretaou indiretamente, ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, mas emrazo dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:Pena - recluso, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redao dada pela Lein 10.763, de 12.11.2003)CORRUPO ATIVAArt. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionrio pblico, paradetermin-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofcio:Pena - recluso, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redao dada pela Lein 10.763, de 12.11.2003)Pargrafo nico - A pena aumentada de um tero, se, em razo da vantagemou promessa, o funcionrio retarda ou omite ato de ofcio, ou o praticainfringindo dever funcional.

    Apesar da conduta solicitar ser menos grave que exigir [concusso], a penamxima na corrupo maior que a da concusso. A doutrina questiona aconstitucionalidade da pena mxima da corrupo passiva.

    SUJEITO ATIVO:- Funcionrio pblico no exerccio da funo;- Funcionrio pblico fora da funo, mas em razo dela. Ex: em frias.- Particular na iminncia de assumir funo pblica faltam atos burocrticospara ele assumir a funo pblica.

    OBS.: praticado por fiscal de rendas crime do Art. 3, II, Lei 8.137/90

    princpio da especialidade. crime funcional contra a ordem tributria, nocontra a Administrao.

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    OBS.: militar Art. 308, CDIGO PENALM [Corrupo] julgado pela JustiaMilitar.

    CORRUPO

    Art. 308, CDIGO PENAL - Receber, para si ou para outrem, direta ouindiretamente, ainda que fora da funo, ou antes de assumi-la, mas em razodela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:Pena - recluso, de dois a oito anos. 1 - A pena aumentada de um tero, se, em consequncia da vantagem oupromessa, o agente retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofcio ou opratica infringindo dever funcional. 2 - Se o agente pratica, deixa de praticar ou retarda o ato de ofcio cominfrao de dever funcional, cedendo a pedido ou influncia de outrem.Pena - deteno, de trs meses a um ano.

    Art. 317, C DIGO PENAL Art. 308, C DIGO PENAL MILITARSolicitar;Receber;Aceitar promessa.

    Receber;Aceitar promessa.**No pune a figura solicitar. Nessecaso, o militar responder pelo Art.317, CDIGO PENAL, julgado naJustia Comum [estadual ou federal].

    SUJEITO PASSIVO:Vtima primria: - Estado-Administrao.Vtima secundria: - Particular constrangido,desde que no serja o corruptor, oautor da corrupo ativa

    OBS.: a corrupo passiva nem sempre pressupe a ativa e vice-versa. Pode-se ter corrupto ou corruptor ou os dois juntos.

    CONDUTA PUNIDA:3 ncleos.

    Art. 317, CDIGO PENAL corrupto.

    Art. 333, CDIGO PENAL corruptor.

    Pune 3 ncleos: solicitar, receber ou

    aceitar promessa.Solicitar;

    Pune o prometer e o oferecer.

    O particular dar [aps a condutasolicitar]. Nessa conduta, o particular vtima.

    Receber; Ofereceu antes [da conduta receber].Aceitar promessa. Prometeu antes [da conduta aceitar

    promessa].

    Art. 317 Art. 333 o particular vtima.

    Solicitar a corrupoparte do corrupto

    No tem o dar.

    Receber OferecerAceitar promessa Prometerele prometeu

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    a corrupo partiudele.

    OBS.:o Art. 333, CDIGO PENAL s se preocupa quando a conduta parte doparticular. Se a corrupo partiu do funcionrio pblico, o particular vtima

    como no caso de dar.

    CORRUPO ATIVAArt. 333,CDIGOPENAL

    Art. 337-B,CDIGOPENALfuncionriopblicoestrangeiro.

    Art. 343,CDIGOPENALsuborno detestemunha

    Cdigoeleitoral

    Estatuto doTorcedor

    S pune:- oferecer;- prometer.

    Pune:- dar;- oferecer;- prometer.

    Pune:- dar;- oferecer;- prometer.

    Pune:- dar;- oferecer;- prometer.

    Pune:- dar;- oferecer;- prometer.

    Existe projeto de lei querendo acrescentar o dar ao art. 333, CP, se aprovadoser norma irretroativa.

    OBSERVAO: Para a existncia do crime de corrupo passiva deve haverum nexo entre a vantagem solicitada, recebida ou aceita e a atividade exercidapelo corrupto.

    CORRUPO PASSIVA PRPRIA: O agente tem como finalidade arealizao de um ato injusto.Ex: solicitar vantagem para facilitar a fuga de algum.

    CORRUPO PASSIVA IMPRPRIA: o agente visa a prtica de um atolegtimo.Ex: solicita vantagem para arquivar inqurito que deveria ser mesmo arquivado.

    Art. 317, CDIGO PENAL Art. 333, CDIGO PENALCORRUPO PASSIVAANTECEDENTE.

    O agente primeiro solicita, recebe ouaceita promessa comercializando atofuturo.

    CORRUPO ATIVAANTECEDENTE

    nica modalidade punvel.O particular oferece ou promete paraver praticada conduta [futura].

    CORRUPO PASSIVASUBSEQUENTE.O agente primeiro realiza a conduta[pretrita] para depois solicitar,receber ou aceitar promessa.

    CORRUPO ATIVASUBSEQUENTEno crimefato atpico.Realizao da conduta [pretrita] eoferecer e prometer comagradecimento.

    O crime punido a ttulo de dolo, com finalidade especial: enriquecimento

    ilcito.

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    CONSUMAO:O crime formal nas modalidades solicitar e aceitar promessa.O crime material na modalidade receber.

    - Solicitar e aceitar promessa delito formal.

    - Receber crime material.

    TENTATIVAAdmitida na carta que solicita e interceptada.

    Cuidado!! No so delitos bilaterais.

    Art. 317, 1, CDIGO PENAL - A pena aumentada de um tero, se, emconseqncia da vantagem ou promessa, o funcionrio retarda ou deixa depraticar qualquer ato de ofcio ou o pratica infringindo dever funcional.

    Somente a corrupo passiva prpria pode sofrer a majorante do 1.Se o funcionrio pblico solicitar, receber ou aceitar promessa o crime

    est consumadoteremos o art. 317.Se ele concretizaa conduta ilegtima comercializada incide o aumento

    de pena de 1/3teremos o 1, do Art. 317.

    Ex: policial solicita R$ 1.000,00 para no cumprir mandado de priso. A partirdo momento que ele solicita a vantagem, o Art. 317, CDIGO PENAL j estconsumado. Mas se ele efetivamente no cumpre o mandado, nasce oaumento de 1/3 da pena.

    OBS.: se a concretizao do ato comercializado configurar crime autnomono incide a causa de aumento, para evitar o bis in idem.Ex: funcionrio da Ciretran solicita R$ 1.000,00 para excluir multa do sistema consumou o Art. 317, CDIGO PENAL. Se ele efetivamente exclui configurao Art. 313-A, CDIGO PENAL, no incide a majorante, e sim o concursomaterial de delitos: Art. 317, CDIGO PENAL + Art. 313-A, CDIGO PENAL.

    CORRUPO PASSIVA PRIVILEGIADA

    Art. 317, 2, CDIGO PENAL - Se o funcionrio pratica, deixa de praticar ou

    retarda ato de ofcio, com infrao de dever funcional, cedendo a pedido ouinfluncia de outrem:Pena - deteno, de trs meses a um ano, ou multa.

    So punidos os famigerados favores administrativos, quebra um galho aqui.

    SUJEITO ATIVO: qualquer funcionrio.

    Art. 317, 2, C DIGO PENAL Art. 319, C DIGO PENALO agente cede diante de pedido ouinfluncia de outrem. [Interferncia

    externa].

    No existe pedido ou influncia deoutrem [auto corrupo].

    No busca satisfazer interesse ou Busca satisfazer interesse ou

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    sentimento pessoal. sentimento pessoal.Crime material.

    Corrupo passiva: 317CP

    O Objeto jurdico a probidade administrativa. Sujeito ativo: funcionriopblico. A vtima o Estado e apenas na conduta solicitar que a vtima ser,alm do Estado a pessoa ao qual foi solicitada.

    Condutas: Solicitar, receber e aceitar promessa

    No caso do 1o, aumenta-se a pena se o funcionrio retarda ou deixa depraticar atos de ofcio. No admite-se a tentativa.

    No 2o, privilegiado, onde cede ao pedido ou influncia de 3a pessoa. S seconsuma pela prtica do ato do servidor pblico.

    PREVARICAOART.319 DO C.P.

    Neste tambm tutela-se a probidade administrativa.

    um crime prprio, cometido por funcionrio pblico e a vtima oEstado.

    A conduta : retardar ou deixar de praticar ato de ofcio. o Crime

    consuma-se com o retardamento ou a omisso, doloso e o objetivo doagente buscar satisfao ou vantagem pessoal.

    Art. 312 - Apropriar-se o funcionrio pblico de dinheiro, valor ou qualqueroutro bem mvel, pblico ou particular, de que tem a posse em razo do cargo,ou desvi-lo, em proveito prprio ou alheio:Pena- recluso, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

    1 -Aplica-se a mesma pena, se o funcionrio pblico, embora no tendo aposse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja

    subtrado, em proveito prprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lheproporciona a qualidade de funcionrio.

    Insero de Dados Falsos em Sistema de Informaes

    Art. 313-A- Inserir ou facilitar o funcionrio autorizado, a insero de dadosfalsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemasinformatizados ou bancos de dados da Administrao Pblica com o fim deobter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano.Pena- recluso, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

    Modificao ou Alterao no Autorizada de Sistema de Informaes

    http://www.dji.com.br/penal/insercao_de_dados_falsos_em_sistema_informacoes.htmhttp://www.dji.com.br/penal/insercao_de_dados_falsos_em_sistema_informacoes.htmhttp://www.dji.com.br/penal/modificacao_alteracao_nao_autorizada_sistema_informa.htmhttp://www.dji.com.br/penal/modificacao_alteracao_nao_autorizada_sistema_informa.htmhttp://www.dji.com.br/penal/modificacao_alteracao_nao_autorizada_sistema_informa.htmhttp://www.dji.com.br/penal/insercao_de_dados_falsos_em_sistema_informacoes.htm
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    Art. 313-B - Modificar ou alterar, o funcionrio, Sistema de informaes ouprograma de informtica sem autorizao ou solicitao de autoridadecompetente:Pena- deteno, de 3 (trs) meses a 2 (dois) anos, e multa.

    Pargrafo nico. As penas so aumentadas de um tero at a metade se damodificao ou alterao resulta dano para a Administrao Pblica ou para oadministrado.

    Art.314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guardaem razo do cargo; soneg-lo ou inutiliz-lo, total ou parcialmente:Pena- recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o fato no constitui crime maisgrave.

    Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Pblicas

    Art. 315- Dar s verbas ou rendas pblicas aplicao diversa da estabelecidaem lei:Pena- deteno, de 1 (um) a 3 (trs) meses, ou multa.

    Facilitao de Contrabando ou Descaminho

    Art.318- Facilitar, com infrao de dever funcional, a prtica de contrabandoou descaminho (Art. 334):Pena- recluso, de 3 (trs) a 8 (oito) anos, e multa.

    PrevaricaoARTS.319 E 319-A

    Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofcio, oupratic-lo contra disposio expressa de lei, para satisfazer interesse ousentimento pessoal:Pena- deteno, de 3 (trs) meses a 1 (um) ano, e multa.

    Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciria e/ou agente pblico, de cumprirseu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefnico, de rdio ou

    similar, que permita a comunicao com outros presos ou com o ambienteexterno:Pena: deteno, de 3 (trs) meses a 1 (um) ano.

    NoesO termo prevaricao vem do latim "praevaricare" e significa faltar com osdeveres do cargo, torcer a justia.

    o ato de andar tortuosamente, desviando do caminho certo. Para osromanos, prevaricao era conhecida por patrocnio infiel.

    No Cdigo Criminal do Imprio (1830) a conduta era prevista no artigo 129 e oCdigo Penal Republicano, a conduta era prevista no artigo 207, mas sempre

    http://www.dji.com.br/penal/emprego_irregular_de_verbas_ou_rendas_publicas.htmhttp://www.dji.com.br/penal/facilitacao_contrabando_ou_descaminho.htmhttp://www.dji.com.br/penal/prevaricacao.htmhttp://www.dji.com.br/penal/prevaricacao.htmhttp://www.dji.com.br/penal/facilitacao_contrabando_ou_descaminho.htmhttp://www.dji.com.br/penal/emprego_irregular_de_verbas_ou_rendas_publicas.htm
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    presente o elemento normativo do tipo, consubstanciado pelo interesse ousentimento pessoal, estudado na doutrina no campo do elemento subjetivoespecial do tipo.

    Prevaricao umcrime funcional,praticado por funcionrio pblico contra a

    Administrao Pblica. A prevaricao consiste em retardar, deixar de praticarou praticar indevidamente ato de ofcio, ou pratic-lo contra disposioexpressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.Importante ressaltar que no admitida a modalidade culposa. Ao deixar defazer algo que deve ser feito seguindo o princpio da eficincia e celeridadepara satisfazer um interesse pessoal, esse comportamento entendidojuridicamente comodolo (intencionalidade).

    Classificao

    Pode ser classificado comoomissivo,quando o funcionrio deixa de fazer seu

    trabalho, ou comissivo, quando o funcionrio intencionalmente atrasa aexecuo de seu trabalho.

    Cabetransao penal esursis (Suspenso Condicional da Pena). Sujeito ativo: Funcionrio pblico que retarda ou deixa de fazer seu

    trabalho Sujeito passivo: a Administrao Publica Objeto material: o ato de ofcio que couber ao funcionrio, a pena

    cumulativa.Cdigo Penal Brasi leiro

    Exemplos: Prevaricao na modalidade omissiva: Um funcionrio pblico se

    recusar a entregar documentos solicitados por um cidado de quem eleno gosta.

    Prevaricao na modalidade comissiva:Um funcionrio pblico adiara entrega de documentos solicitados por um cidado de quem ele nogosta at passar o prazo de entrega desses documentos.

    Prevaricao na modalidade omissiva:Um funcionrio pblico se recusa areceber algum documento (protocolado ou no) de um cidado, solicitandoinformaes, alegando no poder receber por qualquer motivo (administrativo

    e/ou pessoal).Ncleo do tipo penal:Afirma-se que retardar significa atrasar ou procrastinar. Deixar de praticar desistir da execuo e praticar significa executar ou realizar. O crime funcional prprio, porque somente pode ser praticado por funcionrio pblico,cuja qualidade integra a construo tpica e a retirada desta qualidade, torna-seo fato atpico. O objeto jurdico o bom andamento do servio pblico e oprestgio da Administrao Pblica.

    Classificao doutrinria

    O delito classificado doutrinariamente como sendo prprio, formal,comissivo, instantneo, unissubjetivo, plurissubsistente (praticar ato

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Crime_funcionalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Efici%C3%AAnciahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Celeridadehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Dolohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Omiss%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Crime_comissivohttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Transa%C3%A7%C3%A3o_penal&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/wiki/Sursishttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sursishttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Transa%C3%A7%C3%A3o_penal&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/wiki/Crime_comissivohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Omiss%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Dolohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Celeridadehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Efici%C3%AAnciahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Crime_funcional
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    contra expressa disposio da lei) unissubsistente (deixar de praticar) ede contedo variado.

    Mas alm desses elementos objetivos-descritivos, ainda necessrio acomprovao de outro elemento objetivo-normativo, que o retardamento,

    omisso, prtica indevida, sempre para satisfazer interesse ou sentimentopessoal.

    Entende-se que o interesse pessoal a vantagem pretendida pelo funcionrio,seja moral ou material. O sentimento diz respeito ao afeto do funcionrio paracom as pessoas, como simpatia, dio, vingana, despeito, dedicao, caridadeetc. Animosidade.

    Dos elementos subjetivo do tipo

    necessria, ainda, a presena do elemento subjetivo especial do tipo,

    representado pelo fim especial de agir, que, na dico da descriotpica, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, isto , h anecessidade de que o mvel da ao seja para a satisfao desse tipode interesse ou sentimento.

    Interesse pessoal, que pode ser material ou moral, aquele que, poralguma razo, satisfaz pretenso, ambio ou anseio do agente,podendo ser representado por qualquer vantagem ou proveito que possaser obtido pelo sujeito ativo em razo de sua conduta incriminada nessetipo penal.

    Sentimento pessoal, por sua vez, reflete um estado afetivo ouemocional do prprio agente, que pode manifestar-se em suas maisvariadas formas, tais como amor, paixo, emoo, dio, piedade,carinho, afeto, vingana, favorecimento ou prejuzo a algum etc.

    Circunstncias adversasQuando por exemplo, as investigaes legadas a efeito num inqurito policialno so concludas no prazo legal, por diversas razes, como falta de agentesde polcia, escrivo de polcia, viaturas, materiais de escritrio, acmulo de

    servios e outras circunstncias no se pode cogitar o cometimento de crimede prevaricao e nem mesmo a prtica de infrao administrativa.

    FundamentosCrime no pode existir porque no preenche os elementos de sua definiolegal. Infrao administrativa no pode configurar porque ningum obrigadoao impossvel e ainda pela inexigibilidade de conduta diversa.

    Se a existncia do crime fosse to-somente um mero ajuste formal, positivista,tambm poderia cogitar-se de prevaricao, quando o juiz de direito declarassea extino da punibilidade pela prescrio, artigo 107, inciso IV, Cdigo Penal,

    ou proferisse julgamento extemporaneamente, pois sabido que existem

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    processos que no so julgados no prazo legal e acabam perdendo suafinalidade social.

    E com a adoo do princpio da concentrao previsto no artigo 400 e 411 doCdigo de Processo Penal, com nova redao determinada pelas Leis

    11.719/2008 e 11.689/2008, ser que no aumentaria os casos detransgresses a norma?

    Das funes de delegado, juiz entre outrasOs delegados de polcia em situaes normalmente trabalham sem recursos,com baixos salrios, entregam suas vidas em prol da Segurana Pblica e, svezes, morrem prematuramente acometidos por enfarto e outras doenaspsicossomticas.

    O delegado de Polcia, membro de uma Corregedoria, que instaura inquritopolicial de ofcio para apurar situaes dessa natureza, contra outro delegado

    de Polcia, sabendo ou devendo saber das dificuldades humanas e logsticasporque passa a Polcia Civil, cujo objetivo unicamente dar satisfao a juzese promotores, comete crime de denunciao caluniosa, artigo 339 do CdigoPenal.

    Define o Cdigo Penal, o delito de denunciao caluniosa, como crimecometido contra a Administrao da Justia, in verbis:

    Artigo 339. Dar causa instaurao de investigao policial, de processojudicial, instaurao de investigao administrativa, inqurito civil ou ao deimprobidade administrativa contra algum, imputando-lhe crime de que o sabeinocente. Pena: recluso, de dois a oito anos, e multa.

    Segundo Nucci, a autoridade age de ofcio e instaura investigao policial ouprocesso judicial contra algum (pessoa determinada), imputando-lhe crime deque o sabe inocente, responder criminalmente pela prtica do delitocapitulado no artigo 339 do Cdigo Penal.

    Na mesma linha de raciocnio, deveria responder por denunciao caluniosa, ojuiz de Direito ou o promotor de Justia que requisita a instaurao de inquritopolicial para apurar crime de prevaricao nessas mesmas condies, com

    temeridade ou abuso de poder, considerando que para a ecloso doprocedimento investigatrio necessria a presena de justa causa, umsuporte mnimo probatrio, a fim de evitar contumlias gratuitas, revanchistas eesquizofrnicas ao princpio da dignidade humana.

    A dignidade da pessoa humana a pedra angular sobre que deve serconstrudo todo o monumento do sistema penal. O princpio constitucional daproteo e da promoo da dignidade do homem a clula-me desse sistemae, por isso, tambm seu fundamento mximo.

    DA PREVARICAO IMPRPRIA

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    A denominada prevaricao imprpria. Ofensiva aos fins da pena e umcaso de inconstitucionalidade necessria. Thiago Solon GonalvesAlbeche

    A insero do dispositivo na Lei Substantiva Penal demonstra a inteno do

    legislador em enrijecer a represso sobre condutas criminosas praticadas - deforma inadmissvel e absurdacom a franca utilizao de aparelhos celularespor apenados que controlam a atividade criminosa diretamente de dentro depresdios de nosso pas.

    Como ponto de partida, ento, passamos a analisar o tipo penal concretizadopelo legislador na Lei 11.466/2007:

    Prevaricao

    Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciria e/ou agente pblico, de cumprir

    seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefnico, de rdio ousimilar, que permita a comunicao com outros presos ou com o ambienteexterno

    Pena: deteno, de 3 (trs) meses a 1 (um) ano

    Este o tipo penal vigente hoje no Brasil, que regula a conduta do Diretor dePenitenciria e/ou agente pblico que permitir ao preso o acesso a aparelhotelefnico, rdio ou similar, que permita a comunicao de reclusos entre si oucom o ambiente externo.

    Analisando a pena cominada ao tipo penal, em nosso entendimento, no houtra concluso seno a de que o art. 319-A do Cdigo Penal inconstitucional.

    E dizemos o porqu.

    O art. 319-A veio em resposta aos verdadeiros atos de terrorismo ocorridos emnosso pas, especialmente nos Estados do Rio de Janeiro e So Paulo, quaissejam, os ataques sistematizados e comandados pela faco criminosaconhecida como PCC. Naquele episdio, estarrecidos, assistimos pela

    televiso presos comandando, com sol pino, exploses a nibus, assaltos,utilizando-se de celulares que livremente lhe estavam disposio dentro dospresdios em que cumpriam pena.

    Esqueamos os prejuzos patrimoniais e pensemos nas vidas que foramceifadas durante aquela verdadeira onda de terror.

    O fato que o crime organizado mostrou todo o seu poder naquelascircunstncias e, ainda hoje, segue comandando o trfico, o seqestro, aextorso, e outros tantos delitos diretamente de dentro das cadeias brasileiras.

    Nesse contexto, percebe-se o quo grave a conduta daquele que permite quecelulares ingressem em nossos estabelecimentos prisionais. Assim, a

    http://jus.com.br/953392-thiago-solon-goncalves-albeche/publicacoes
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    interveno do Estado para coibir este tipo de conduta deveria ter sido incisiva,fazendo com que aqueles que permitem que aparelhos celulares ou qualquersimilar entrem nas casas prisionais fossem punidos de forma rigorosa.

    Pois bem. O que fez o legislador brasileiro? Cominou pena de pasmem03

    meses a 1 ano de reclu so!

    E justamente neste ponto que se concretiza uma verdadeira ofensa aosprincpios da pena e tambm Constituio Federal do Brasil.

    Quanto finalidade das penas, h as teorias absolutas, que tm como baseterica a tese da retribuio, considerando a pena um fim em si mesma, bemcomo as teorias relativas, que sustentam a tese da preveno.

    O Cdigo Penal, em seu artigo 59, afirma que "o juiz, atendendo culpabilidade, aos antecedentes, conduta social, personalidade do agente,

    aos motivos, s circunstncias e conseqncias do crime, bem como aocomportamento da vtima, estabelecer, conforme seja necessrio e suficientepara reprovaoe prevenodo crime". Sem grifos no original.

    Do texto do art. 59 do CP, extrai-se que as penas devem garantir a rep rovaoe a preveno do delito, o que demonstra que o Brasil adotou a teoria mista ouunificadora da pena.

    Dentro do aspecto preveno, vale lembrar que o tipo penal, especialmentequando estipula uma pena, concretiza a denominada preveno geralintimidatria, fundada na teoria da coao psicolgica, segundo a qual a penaprevine a prtica de delitos porque intimida ou coage psicologicamente seusdestinatrios.

    Entretanto, h que se fazer uma afirmao categrica: a pena cominada pelolegislador ao delito do art. 319-A do CP no reprova e no previne que agentespermitam que celulares ingressem nos presdios brasileiros.

    Isto por uma causa muito simples: a pena prevista possui tripla falibilidade:

    (1)a pena mxima no excede a 02 anos, ou seja, cabe transao penal, nos

    termos do art. 76 da Lei 9.099/95;

    (2) a pena mnima inferior a um ano, dizer, se por acaso, uma vez cometidoo crime do art. 319-A do CP, o agente j tiver utilizado a transao, poder eleagora (diante da impossibilidade de transacionar novamente no perodo de 05anos, nos termos do art. 76, 2., II da lei 9.099/95), valer-se da suspensocondicional do processo;

    (3) se mesmo assim, no puder ele nem transacionar e nem se valer do sursisprocessual, a depender do local onde cometeu o delito, a pena fatalmentepoder prescrever em 02 anos, nos termos do art. 109, VI do CP (basta

    mencionar a lamentvel situao dos Juizados Especiais Criminais do Estadode So Paulo, assoberbados com um acmulo invencvel de processos).

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    Aps uma leitura breve destas razes, de se perguntar: a pena cominadapelo legislador suficiente para reprovar e prevenir o crime de prevaricaoimprpria?

    Sabe-se que no Brasil, a pena possui tripla finalidade: ret r ibu io, p rev eno

    e ressoc ia li zao.

    No tratando agora da ressocializao, que assunto afeto execuo dapena, ser que cominar pena de no mnimo de 03 meses e no mximo de umano ao agente que permite que um aparelho de celular ingresse em umestabelecimento prisional e, com isso, possibilita que roubos, sequestros,trfico de drogas e atos de terrorismo sejam consumados, retr ibui de formacorreta a conduta praticada pelo agente? Ser que essa pena, que permiteinmeros benefcios, previne que este delito seja praticado?

    Em nosso entendimento, com todas as letras, no. Pelo contrrio: uma carta

    branca e um aviso aos agentes relapsos e mal intencionados (perdoem-nosaqueles que no o so!) de que ocorrer no mximo a imposio de umaprestao de servios comunidade ou, como no jargo popular, de que nomximo "vai dar uma cesta bsica".

    Em ltima anlise: fazer vistas grossas entrada de celulares em presdios,recebendo dinheiro para tanto, um bom negcio no Brasil. E o que maistriste: tudo sedimentado pela desastrosa utilizao do princpio da legalidade.

    O erro c rasso do legislad or fo i consid erar a prevaricao im prpr ia com odel i to de meno r potencial ofensiv o, nivelando um crim e de conseq unciasso ciais d anos as a delito s q ue realmente so m enos o fensiv os sociedade.

    A atitude do legislador foi totalmente negligente com relao ao alerta feito porBeccaria: " (...) si una pen a igual est estabelecid a para dos delitos qu eofenden d esig ualmente a la sociedad, los hombres n o eco ntrarn un msfuerte ob stcu lo para c om eter el m ayor delic to, si encu entran un ido a lum ben efcio mayo r (...).

    Outrossim, ao nosso ver, a pena com inada no art . 319-A do CP fere de

    morte o pri ncpio da pro po rcio nalid ade, prin cpio implcito cons tante naConst itu io Federal de 1988.

    Toda vez que ouvimos falar no princpio da proporcionalidade, em matriapenal especialmente, vem-nos mente a ideia de "proibio de excesso".

    Ocorre que o inverso da proibio de excesso a "proibio da insuficincia dainterveno estatal". A pena no pode ser mais gravosa do que o devido, mastambm no pode ser aqum do montante necessrio retribuio e preveno ao crime. No h dvidas que ao prever um irrisrio apenamento auma conduta extremamente grave, o Estado interveio de forma

    flagran temen te insu ficien te em matria penal, o que dem onstra q ue omeio u tilizad o (com inao de pen a de 03 meses a 01 ano ) no s e mo str ou

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    como med ida adeq uada a atin gir o fim (preveno d o c rime) desejado.Feriu-se, portan to, o pri ncpio da pr op orc ionalidade.

    Neste caso, de se notar, cria-se uma situao muito peculiar. Hodiernamente,se sustenta que determinado preceito penal inconstitucional porque

    geralmente representa um prejuzo para a condio do ru. Exemplo disso, aantiga vedao de progresso de regime do art. 2., 1. da Lei 8.072/90.

    No caso da prevaricao imprpria, o art. 319-A inconstitu cio nal po rqu efere a garantia de que titular a so ciedad e de que o Estado , qu ando semani fest ar em matria p enal, o f ar de fo rm a a co nc retizar uma jus taret rib u io e uma e fic ien te p rev eno ao cr im e. a inco ns tituc ion alidadepenal con tra a soc iedade.E aqui, um verdadeiro paradoxo: inconstitucionalporque viola garantias da sociedade, mas o panorama atual dos tipos penaisexistentes no ordenamento brasileiro demonstra que se cuida de umainconstitucionalidade necessria, sob pena de que a conduta seja considerada

    atpica.

    Em concluso, para ns, o art. 319-A, para alm de ferir os princpios dapreveno e da retribuio da pena, fere de morte o princpio constitucional daproporcionalidade, constituindo mais uma prova contundente de que, emverdade, a lei no est dissociada da realidade social - pois no passa de meroproduto da atividade intelectual -, mas sim, o legislador, incompreensivelmenteapartado dos anseios daqueles que lhe conferiram um mandato para oexerccio de uma representao democraticamente legtima.

    Condescendncia Criminosa

    Art.320- Deixar o funcionrio, por indulgncia, de responsabilizar subordinadoque cometeu infrao no exerccio do cargo ou, quando lhe falte competncia,no levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:Pena- deteno, de 15 (quinze) dias a 1 (um) ms, ou multa.

    Advocacia AdministrativaArt. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a

    administrao pblica, valendo-se da qualidade de funcionrio:Pena- deteno, de 1 (um) a 3 (trs) meses, ou multa.

    Pargrafo nico- Se o interesse ilegtimo:Pena- deteno, de 3 (trs) meses a 1 (um) ano, alm da multa.

    Violncia Arbitrria

    Art.322- Praticar violncia, no exerccio de funo ou a pretexto de exerc-la:Pena - deteno, de 6 (seis) meses a 3 (trs) anos, alm da pena

    correspondente violncia.

    http://www.dji.com.br/penal/condescendencia_criminosa.htmhttp://www.dji.com.br/penal/advocacia_administrativa.htmhttp://www.dji.com.br/penal/violencia_arbitraria.htmhttp://www.dji.com.br/penal/violencia_arbitraria.htmhttp://www.dji.com.br/penal/advocacia_administrativa.htmhttp://www.dji.com.br/penal/condescendencia_criminosa.htm
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    Abandono de Funo

    Art.323- Abandonar cargo pblico, fora dos casos permitidos em lei:Pena- deteno, de 15 (quinze) dias a 1 (um) ms, ou multa.

    1 -Se do fato resulta prejuzo pblico:Pena- deteno, de 3 (trs) meses a 1 (um) ano, e multa.

    2 -Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:Pena- deteno, de 1 (um) a 3 (trs) anos, e multa.

    Exerccio Funcional Ilegalmente Antecipado ou Prolongado

    Art. 324 - Entrar no exerccio de funo pblica antes de satisfeitas asexigncias legais, ou continuar a exerc-la, sem autorizao, depois de saberoficialmente que foi exonerado, removido, substitudo ou suspenso:

    Pena- deteno, de 15 (quinze) dias a 1 (um) ms, ou multa.

    Violao de Sigilo Funcional

    Art. 325 - Revelar fato de que tem cincia em razo do cargo e que devapermanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelao:Pena - deteno, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa, se o fato noconstitui crime mais grave.

    1Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:

    I - permite ou facilita, mediante atribuio, fornecimento e emprstimo de senhaou qualquer outra forma, o acesso de pessoas no autorizadas a sistemas deinformaes ou banco de dados da Administrao Pblica;II- se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.

    2Se da ao ou omisso resulta dano Administrao Pblica ou a outrem:Pena- recluso, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

    Violao do Sigilo de Proposta de Concorrncia

    Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrncia pblica, ouproporcionar a terceiro o ensejo de devass-lo:Pena- Deteno, de 3 (trs) meses a 1 (um) ano, e multa.

    1Equipara-se a funcionrio pblico quem exerce cargo, emprego ou funoem entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviocontratada ou conveniada para a execuo de atividade tpica daAdministrao Pblica.

    2 -A pena ser aumentada da tera parte quando os autores dos crimesprevistos neste Captulo forem ocupantes de cargos em comisso ou de funo

    de direo ou assessoramento de rgo da administrao direta, sociedade de

    http://www.dji.com.br/penal/abandono_de_funcao.htmhttp://www.dji.com.br/penal/exercicio_funcional_ilegalmente_antecipado_prolongado.htmhttp://www.dji.com.br/penal/violacao_de_sigilo_funcional.htmhttp://www.dji.com.br/penal/violacao_do_sigilo_de_proposta_de_concorrencia.htmhttp://www.dji.com.br/penal/violacao_do_sigilo_de_proposta_de_concorrencia.htmhttp://www.dji.com.br/penal/violacao_do_sigilo_de_proposta_de_concorrencia.htmhttp://www.dji.com.br/penal/violacao_de_sigilo_funcional.htmhttp://www.dji.com.br/penal/exercicio_funcional_ilegalmente_antecipado_prolongado.htmhttp://www.dji.com.br/penal/abandono_de_funcao.htm
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    economia mista, empresa pblica ou fundao instituda pelo poder pblico.(Acrescentado pela L-006.799-1980).

    AULA DE 15/04/2014

    CRIME DE TRFICO DE ENTORPECENTES

    Noes preliminares

    www.bancodeinjustias.org.br- Postado em26 de fevereiro de 2013

    Artigo escrito por rica Akie Hashimoto

    Trfico de drogas crime que mais condena no Brasil

    O perfil do encarcerado no Brasil mudou: h pouco mais de 15 anos atrs, oscrimes que levavam a maioria para trs das grades eram de ordem patrimonial,como o caso do furto ou do roubo; atualmente, mais de um quinto dos presos oriundo do trfico de drogas, nmero que vm crescendo.

    O jurista Pedro Abramovay props uma alterao legal que permitisse aaplicao de penas alternativas a pequenos traficantes.

    POPULAO CARCERRIA ATUAL NO BRASIL = 500 MIL

    Dados do Departamento Penitencirio Nacional (Depen), de 1995 a 2010,apontam que a populao carcerria triplicou, contando, hoje, com cerca de500 mil detentos. Vale ressaltar que, no decorrer desse perodo, o perfil doencarcerado mudou: h pouco mais de 15 anos atrs, os crimes que levavam amaioria para trs das grades eram de ordem patrimonial, como o caso do

    furto ou do roubo; atualmente, mais de um quinto dos presos oriundo dotrfico de drogas, nmero que vm crescendo.

    http://www.xn--bancodeinjusti-t998a.org.br/http://www.xn--bancodeinjusti-t998a.org.br/http://www.bancodeinjusticas.org.br/trafico-de-drogas-e-crime-que-mais-condena-no-brasil/http://www.bancodeinjusticas.org.br/trafico-de-drogas-e-crime-que-mais-condena-no-brasil/http://www.bancodeinjusticas.org.br/trafico-de-drogas-e-crime-que-mais-condena-no-brasil/http://www.bancodeinjusticas.org.br/trafico-de-drogas-e-crime-que-mais-condena-no-brasil/http://www.xn--bancodeinjusti-t998a.org.br/
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    Muitos criminalistas acreditam que a priso um meio ultrapassado nocombate ao narcotrfico, que, na maioria dos casos, o encarceramento apenascontribui para a profissionalizao do crime. E a discusso acerca do elevadondice de prises pelo trfico voltou a ter destaque com a recente posiodefendida por Pedro Abramovay, em entrevista imprensa: ele props uma

    alterao legal que permitisse a aplicao de penas alternativas (restritivas dedireitos) a pequenos traficantes.

    PEQUENOS TRAFICANTES

    So considerados pequenos traficantes, na prtica, aqueles que so flagradospela polcia com pouca quantidade de droga, a qual pretendem ceder,gratuitamente ou no, a terceiros. Nestas hipteses, se o agente for primrio,contar com bons antecedentes, e no se dedicar a atividades delituosasnem integrar organizao criminosa, h a possibilidade de diminuio depena, prevista em lei.

    A opinio em questo teve destaque porque Abramovay havia sido indicadopara assumir a Secretaria Nacional de Polticas sobre drogas (Senad) e, apssua manifestao, houve uma reao contrria do governo federal queculminou em seu desconvite para o cargo. Todavia, a maioria dos especialistase estudiosos neste assunto concordam com Abramovay e vem na medida ummeio mais eficaz de tratamento ao trfico de drogas e uma das formas de seatenuar a superlotao das penitencirias nacionais.

    FLEXIBILIZAO DAS PENAS

    Entre juristas que defendem a flexibilizao das penas, est Srgio SalomoShecaira, professor da Faculdade de Direito da Universidade de So Paulo(USP) e ex-presidente do Instituto Brasileiro de Cincias Criminais (IBCCRIM),que argumenta: no h como comparar a mulher que leva a droga para omarido na priso, por exemplo, com uma pessoa que fica na favela comum caminho carregado de entorpecentes.

    DEFINIO DE TRFICO = IMPORTAR, EXPORTAR, VENDER ...

    Shecaira tambm destaca que h um problema na definio legal de trfico,

    pois o mesmo no conta com o que os operadores do Direito chamam denomen juris. Por exemplo, o ato de uma pessoa matar a outra recebe o nomenjuris de homicdio e, no Cdigo Penal brasileiro, corresponde ao artigo 121.

    A Lei de drogas (lei n.11.343/06), em seu artigo 33, conceitua a prtica atravsde 18 verbos: importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,adquirir, vender, expor venda, oferecer, ter em depsito, transportar,trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo oufornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorizao ou emdesacordo com determinao legal ou regulamentar.

    DA INDEFINIO DA CONDUTA CRIMINOSA E A CONSEQUENTEBANALIZAO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE.

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    Os pesquisadores Luciana Boiteux, Ela Wiecko Volkmer de Castilho, BeatrizVargas, Vanessa Oliveira Batista e Geraldo Luiz Mascarenhas Prado, daUniversidade de Braslia (UnB) e Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ), em relatrio de pesquisa denominada Trfico de drogaseConstituio, abordam essa questo de indefinio da conduta criminosa: no

    campo jurdico, a estratgia tem sido a seguinte: os tipos penais sogenricos e no diferenciam a posio ocupada pelo agente na rede dotrfico, sendo a escala penal altssima, com ausncia naproporcionalidade das penas e banalizao da pena de priso.

    LEI DE DROGAS DIFERENCIAO ENTRE USURIOS E GRANDESTRAFICANTESCOMO CLASSIFICAR UMA CATERORIA E OUTRA

    Com a redao da Lei de drogas, que substituiu a Lei n. 6.368/76, adiferenciao entre usurios e grandes traficantes foi aprofundada: usuriosprimrios e com bons antecedentes criminais podem, a partir de ento,

    responder pelo crime de trfico com penas alternativas, enquanto aquelesque, supostamente, vivem do lucro do comrcio de DROGAS tiveram apena agravada para at 20 anos de priso.Se por um lado se reconheceu adistino entre mero usurio e traficante, por outro se deixou a lacuna de comoclassificar em uma ou outra categoria.

    PEQUENO OU GRANDE TRAFICANTEANLISE DE CADA CASO

    Augusto de Arruda Botelho, vice-presidente do Instituto de Defesa do Direito deDefesa (IDDD), ressalta a dificuldade de se fixar, na legislao, parmetros quedelimitem claramente quem o pequeno e quem o grande traficante a partir,exclusivamente, de tabelas de quantidade de drogas.

    Teoricamente, mais fcil decidir analisando-se cada caso concreto: umgaroto que fuma cigarros de maconha no final de semana no pode ter omesmo tratamento que aquele que coordena o trfico internacional.

    DA FALTA DE CRITRIOS PARA ENQUADRAMENTO DO RU

    Desse modo, ficou a cargo dos juzes decidir enquadrar um ru em um doscasos. O problema que grande parte dos magistrados adota uma posio

    inquisitorial e a maioria dos rus condenada, como demonstram os nmerosdo Depen. Segundo Thiago Gomes Anastcio, tambm associado ao IDDD, emprocessos desse tipo o magistrado usa a lentido da Justia para punir oacusado. Ele manda o ru pra priso por dois ou trs meses s que, l nafrente, a instncia superior reconhece a clusula de no-encarceramento.Ou seja, algum que no deveria ficar preso, acaba preso.

    SUPERLOTAO NO SISTEMA PRISIONAL EM FACE DA MUDANA NALEI

    Na entrevista que retomou o debate sobre drogas nesse mbito, Abramovay

    justificou a superlotao dos presdios pela mudana legislativa que dividiu otrfico de drogas em apenas duas espcies:

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    DA ESCOLA DO CRIME DO TRFICOO PRESDIO

    O usurio no tem priso e, do jeito que est hoje, praticamente no tempena. E para o traficante h uma pena altssima. S que a realidade muitomais complexa, porque voc no tem s essas duas divises. Depois da lei,

    houve uma exploso carcerria. Em 2006, eram 60 mil pessoas presas porcrimes relacionados a drogas. Hoje, h 100 mil pessoas presas. No d parater na cadeia 40 mil pessoas que no deveriam estar l. A gente estpegando quem no tem ligao com o crime organizado, botando napriso e, pouco tempo depois, j com ligao com o crime organizado,devolvendo-o sociedade. Temos de fazer uma opo entre disputar opequeno traficante, para reintegr-lo sociedade, ou desistir dele,entregando-o ao crime organizado, explicou na entrevista.

    PENA ALTERNATIVA PARA TRAFICANTES PRIMRIOS

    Em 2009, Pedro Abramovay, poca, secretrio de Assuntos Legislativos, e odeputado federal Paulo Teixeira (SP) foram autores de um projeto de lei queprevia a aplicao de penas alternativas para os traficantes primrios,classificados como pessoas que no so nem usurio, nem traficante,ocupando uma faixa intermediria.

    STF EM 2010 DECLARA A INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 44 QUEIMPEDE A CONVERSO DA PENA PRIVATIVA EM RESTRITIVA DEDIREITOS

    O assunto em pauta no indito e, inclusive, j foi analisado pelo SupremoTribunal Federal (STF). Em julgamento ocorrido no ms de setembro de 2010,o Supremo concedeu Habeas Corpus a uma pessoa condenada a um ano eoito meses por trfico de drogas e declarou inconstitucional o artigo 44 da lei n.11.343/06, que impedia a converso da recluso em pena restritiva de direitos.(vide art. 5, XLIII)

    DESCONFIANA NAS PENAS ALTERNATIVAS

    Muitos no enxergam as penas alternativas com bons olhos e acreditam queelas funcionem como um estmulo para que o crime se intensifique. Em artigo

    publicado no jornal O Estado de S. Paulo, Luiza Nagib Eluf argumenta: todotraficante, pequeno, mdio ou grande, uma pea importante naengrenagem do crime organizado. Em resumo, traficante traficante.Deve padecer dos rigores da lei, sem alvio algum, quanto mais ficar emliberdade aps condenado, cumprindo pena alternativa, quem sabe prestandoservios em escolas, instituies de caridade ou hospitais () No podemostrilhar o caminho da tolerncia em relao a delito to avassalador.

    A INEFICCIA DO CONTROLE DE CRIMINALIDADE

    Para certa parcela da sociedade, o agravamento das penas cria uma

    expectativa de reduo e controle da criminalidade, contudo, na realidade, aadoo desse tipo de poltica criminal no tem se mostrado eficaz.

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    rica Akie Hashimoto advogada criminalista. O artigo foi publicadooriginalmente no portal do Instituto Brasileiro de Cincias Criminais

    ALEI E O CRIME DE TRFICO DE DROGAS

    RENATO FLVIO MARCOMembro do Ministrio Pblico do Estado de So Paulo.

    Mestre em Direito Penal

    Legislao penal brasileira e o crime de trfico de drogas

    A discusso sobre a constitucionalidade do regime integral fechado

    Vigente o artigo 12 da Lei 6.368/76, o crime de trfico ilcito de

    entorpecentes punido com recluso, de 03 (trs) a 15 (quinze) anos, emulta.

    Trata-se, a teor do disposto no art. 2, caput, da Lei 8.072/90, de crimeassemelhadoa hediondo, e, por consequncia, a pena privativa de liberdaderesultante de condenao dever ser cumprida integralmente em regimefechado, conforme decorre do 1 do mesmo artigo, o que no afasta apossibilidade de livramento condicional aps o cumprimento de 2/3 (doisteros) da pena, desde que satisfeitos os demais requisitos, excetuada ahiptese de reincidncia especfica, a teor do disposto no inc. V do art. 83 doCdigo Penal.

    vedada, portanto, a progresso de regime prisional.

    No obstante, existem alguns julgados em que se reconheceu ainconstitucionalidade da norma que veda a progresso.

    Nesse sentido j se decidiu que: O regime integral fechado colidecom o princpio constitucional da individualizao da pena, referido noart. 5, XLVI, da Carta Magna (TJSP, ApCrim. n 167.338-3/2, 3 CCrim, j. em20.03.95, m.v.).1

    Tambm j se deferiu progresso de regime em se tratando de crimehediondo ou assemelhado tendo em vista os princpios da humanidade e daindividualizao da pena (TJSP, ApCrim. n. 151.568-3/0, 3 Cm., j. em4.12.95, RT 728/520).2

    Saiu vencedora a tese contrria, e o Supremo Tribunal Federal continuaentendendo pela constitucionalidade do cumprimento integral da pena emregime fechado, no caso dos crimes hediondos (STF, HC n 77.023 -5/SP, 2Turma, j. em 12.05.98, m.v. DJU de 14.08.98, p. 6). Assim, os condenados pelaprtica de crime hediondo ou assemelhados devero cumprir integralmente a

    1 MARCO, Renato Flvio. Lei de Execuo Penal Anotada, So Paulo: Saraiva, 2001, p. 274.2No mesmo sentido: JTJ 156/317; RTJ 147/598; RT 737/551.

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    pena em regime fechado (STJ, RHCn. 5.345-RN (reg. n. 96/11497-8), DJUde 27.05.96, p. 17.881).3

    A Lei 9.455/97 (Lei de Tortura)

    Superada a questo da (in)constitucionalidade do regime integralfechado, embora alguns nela ainda insistam, vozes e mais vozes se levantaramno cenrio jurdico e legislativo defendendo a necessidade de progresso deregime em se tratando de crimes hediondos e assemelhados, pretendendo,pois, a modificao da Lei 8.072/90 para tal abrandamento.

    Embora os partidrios da tese precitada no tenham alcanado sucessodireto com a doutrina invocada, nova brecha surgiu no cenrio jurdico com aedio da Lei 9.455/97, a denominada Lei de Tortura, e com ela decisesforam proferidas no sentido de que: A Constituio da Repblica (art. 5,XLIII) fixou regime comum, considerando-se inafianveis e insuscetveis

    de graa ou anistia, a prtica de tortura, o trfico ilcito de entorpecentese drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos.

    A Lei n 8.072/90 conferiu-lhes a disciplina jurdica, dispondo: 'A pena porcr im e previsto neste art igo s er cum prida in tegralmente em regimefechado' (art. 2, 1). A Lei n 9.455/97 quanto ao crime de tortura registra noart. 7, 1: 'O condenado por crime previsto nesta lei, salvo a hiptese do 2,iniciar o cumprimento da pena em regime fechado.'

    A Lei n 9.455/97, quanto execuo, mais favorvel do que a Lei n8.072/90. Afetou, portanto, no particular, a disciplina unitria determinada pelaCarta Poltica. Aplica-se incondicionalmente. Assim, modificada, no particular,a Lei dos Crimes Hediondos. Permitida, portanto, quanto a esses delitos aprogresso de regimes (STJ, REsp. n 140.617-GO, 6 Turma., j. em 12.09.97,v.u.).4

    Novamente, saiu vencedora a tese no liberalizante, no sentido de quea pena de recluso, em se tratando de crime listado na Lei dos CrimesHediondos, deve ser executada em regime fechado. A Lei n. 9.455/97 nose estende aos demais delitos previstos na Lei n. 8.072/90 (STJ, REsp. n.195.440-SP, 5 Turma, DJU n. 106, de 07.06.99, p. 123).5

    Evidente que o legislador deveria estar atento, de forma a no possibilitar,sequer, tal discusso, e para tanto deveria ter pautado com a esperada esempre necessria tcnica