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I MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Escola de Engenharia Programa de Pós Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais PPGE3M DESEMPENHO SUPERFICIAL DE BARRAS LAMINADAS REDONDAS DE AÇO SAE 1043 FRENTE ÀS VARIÁVEIS DE CONDICIONAMENTO DE TARUGOS, TEMPERATURA DE LAMINAÇÃO E USO DO DESCAREPADOR EDUARDO WEIGELT BUENO Engenheiro Mecânico Dissertação para obtenção do Título de Mestre em Engenharia, Modalidade Profissional, Especialidade Siderurgia. Porto Alegre 2012

Ufrgs Laminação Tese

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Tese de mestrado

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  • I

    MINISTRIO DA EDUCAO

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    Escola de Engenharia

    Programa de Ps Graduao em Engenharia de Minas, Metalrgica e de Materiais

    PPGE3M

    DESEMPENHO SUPERFICIAL DE BARRAS LAMINADAS REDONDAS DE AO

    SAE 1043 FRENTE S VARIVEIS DE CONDICIONAMENTO DE TARUGOS,

    TEMPERATURA DE LAMINAO E USO DO DESCAREPADOR

    EDUARDO WEIGELT BUENO

    Engenheiro Mecnico

    Dissertao para obteno do Ttulo de

    Mestre em Engenharia, Modalidade Profissional, Especialidade Siderurgia.

    Porto Alegre

    2012

  • II

    MINISTRIO DA EDUCAO

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    Escola de Engenharia

    Programa de Ps Graduao em Engenharia de Minas, Metalrgica e de Materiais

    PPGE3M

    DESEMPENHO SUPERFICIAL DE BARRAS LAMINADAS REDONDAS DE AO

    SAE 1043 FRENTE S VARIVEIS DE CONDICIONAMENTO DE TARUGOS,

    TEMPERATURA DE LAMINAO E USO DO DESCAREPADOR

    EDUARDO WEIGELT BUENO

    Engenheiro Mecnico

    Dissertao apresentada ao programa de Ps-Graduao em Engenharia de Minas,

    Metalrgica e dos Materiais PPGE3M, como parte dos requisitos para a obteno do ttulo de Mestre em Engenharia, Modalidade Profissional, Especialidade Siderurgia.

    Porto Alegre

    2012

  • III

    Esta dissertao foi julgada adequada para obteno do ttulo de Mestre em

    Engenharia, Modalidade Profissional, Especialidade Profissional e aprovada em sua forma

    final, pelo orientador e pela Banca Examinadora do Programa de Ps-Graduao.

    Orientador: Prof. Dr. Afonso Reguly

    Banca Examinadora:

    Prof. Dr. Andr Ronaldo Froehlich, UNISINOS

    Prof. Dr. Fabiano Dornelles Ramos, IFRS - Caxias

    Prof. Dr. Wagner Viana Bielefeldt, PPGE3M - UFRGS

    Prof. Dr. Telmo Roberto Strohaecker

    Coordenador do PPGE3M

    Porto Alegre, agosto de 2012.

  • IV

    Em nome de Al, clemente e misericordioso.

  • V

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo, em primeiro lugar, a minha me, Enilda Maria Weigelt Bueno, por servir de

    exemplo ao longo dos anos, ensinando e demonstrando os valores indispensveis a um bom

    profissional, mas principalmente os requisitos necessrios a um homem de carter;

    ao meu Orientador, Prof. Dr. Afonso Reguly, que me guiou e transmitiu, com pacincia e

    dedicao, seu conhecimento e experincia para o desenvolvimento deste projeto;

    aos amigos Jair Janoski, Rodrigo Rego, Claudiomiro de Freitas e Luis Henrique por no

    medirem esforos no auxlio das atividades prticas necessrias elaborao deste projeto;

    a minha esposa Mirelle Mosena, que contribui para a formatao deste trabalho. Pela

    pacincia e apoio nos momentos difceis;

    aos demais familiares e amigos pelo apoio incondicional;

    a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por fornecer estudo de qualidade e estrutura

    laboratorial para o desenvolvimento e aplicao do conhecimento;

    aos profissionais Eng. MS Fabiana Lopes da Silva, Eng. Eduardo Ferreira, Pedro Ernani

    Lanzarini e Eng. David Hill, pelo auxilio e conhecimento compartilhado;

    a Gerdau, pela oportunidade de estudo, conhecimento e desenvolvimento profissional e

    pessoal;

    e, ao meu filho Lorenzo, por todo o ensinamento que, mesmo em gestao, tem nos

    transmitido. Espero que algum dia possa ler estas pginas, e entender a importncia que j

    tinha antes mesmo de nascer.

  • VI

    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ VII

    LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... VIII

    LISTA DE ABREVIATURAS E SMBOLOS ........................................................................ IV

    RESUMO...... ............................................................................................................................ X

    ABSTRACT... ........................................................................................................................... X

    1. INTRODUO ................................................................................................................ 1

    2. REVISO BIBLIOGRFICA ......................................................................................... 2

    2.1 Laminao .................................................................................................................. 2

    2.1.1 Processo de laminao ........................................................................................ 2

    2.1.2 Classificao dos laminadores ............................................................................ 3

    2.1.2.1 Quanto temperatura de trabalho ................................................................ 3

    2.1.2.2 Quanto disposio das gaiolas .................................................................. 4

    2.1.3 Matrias-primas .................................................................................................. 7

    2.1.4 Reaquecimento para laminao .......................................................................... 7

    2.1.4.1 Fornos de reaquecimento ............................................................................. 8

    2.1.4.2 Carepa ........................................................................................................ 10

    2.1.4.3 Descarepador ............................................................................................. 12

    2.1.5 Calibrao ......................................................................................................... 15

    2.1.5.1 Sequencias de calibrao ........................................................................... 15

    2.1.6 Defeitos superficiais ......................................................................................... 17

    2.1.6.1 Trincas de Aciaria ...................................................................................... 18

    2.1.6.2 Trincas de painel ........................................................................................ 19

    2.1.6.3 Escamas de Aciaria .................................................................................... 19

    2.1.6.4 Macroincluses .......................................................................................... 19

    2.1.6.5 Trincas de laminao ................................................................................. 20

    2.1.6.6 Escamas de laminao ............................................................................... 20

    2.1.6.7 Dobras ........................................................................................................ 20

  • VII

    2.1.6.8 Incrustao de carepa ................................................................................. 21

    2.1.6.9 Trincas em faixa ......................................................................................... 21

    2.1.7 Defeitos superficiais gerados na laminao...................................................... 21

    3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ......................................................................... 23

    3.1 Materiais e mtodos .................................................................................................. 23

    3.2 Teste de condicionamento superficial ...................................................................... 26

    3.3 Teste de temperatura de laminao .......................................................................... 27

    3.4. Teste de remoo de carepa - descarepador ............................................................. 28

    4. RESULTADOS E DISCUSSES .................................................................................. 31

    4.1 Teste de condicionamento superficial ...................................................................... 32

    4.2 Teste de temperatura de laminao .......................................................................... 34

    4.3 Teste de remoo de carepa - descarepador ............................................................. 37

    4.4 Anlise dos defeitos superficiais encontrados .......................................................... 42

    4.5 Consideraes finais ................................................................................................. 45

    5. CONCLUSES .............................................................................................................. 47

    6. SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS .......................................................... 48

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................... 49

  • VIII

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 2.1 Representao de um trem contnuo com gaiolas horizontais (CODA 2006a) .... 5

    Figura 2.2 Representao de um trem contnuo com gaiolas horizontais e verticais

    intercaladas (CODA 2006a) ....................................................................................................... 5

    Figura 2.3 Arranjo esquemtico de trem aberto (CODA 2006a) ........................................... 6

    Figura 2.4 Arranjo de trem laminador semi-contnuo............................................................ 6

    Figura 2.5 Arranjo de trem laminador semi-contnuo............................................................ 9

    Figura 2.6 Representao esquemtica de camada de carepa e variao da composio

    desta camada com relao temperatura (RIZZO 2007) ......................................................... 12

    Figura 2.7 Efeito da altura dos bicos sobre o impacto (FRICK 2009)................................. 14

    Figura 2.8 Demonstrao esquemtica de um descarepador hidrulico (FRICK 2004) ...... 15

    Figura 2.9 Forma dos canais mais aplicados nas sequencias de laminao (Calibrao de

    Produtos Longos 2008) ............................................................................................................. 17

    Figura 2.10 Temperatura de reaquecimento x Rejeio Superficial (LIM 2000) .................. 22

    Figura 2.11 Uso do descarepador x Rejeio Superficial (LIM 2000) .................................. 22

    Figura 3.1 Volume de produo da Laminao x Rejeio Superficial na Linha ............... 24

    Figura 3.2 Anel do Descarepador destinado as bitolas de 150 a 180 mm ........................... 30

    Figura 3.3 Anel do Descarepador destinado as bitolas de 240 a 260 mm ........................... 30

    Figura 4.1 Resultado do teste de Condicionamento Superfcicial dos Tarugos .................... 33

    Figura 4.2 Resultado do Teste 1 de Temperatura de Laminao no Trem Acabador.......... 34

    Figura 4.3 Resultado do Teste 2 de Temperatura de Laminao no Trem Acabador.......... 36

    Figura 4.4 (a) Resultado primeiro teste de temperatura; (b) Resultado do segundo teste de

    temperatura de laminao ......................................................................................................... 37

    Figura 4.5 Resultado encontrado por Lim et al (2000) ........................................................ 37

    Figura 4.6 Resultado do teste de Descarepao Hidrulica ................................................. 38

    Figura 4.7 Resultado da corrida 1, quanto distncia dos bicos do descarepador .............. 39

    Figura 4.8 Resultado da corrida 2, quanto distncia dos bicos do descarepador .............. 40

  • IX

    Figura 4.9 (a) Resultado do teste de Presso do Descarepador; (b) Resultado dos testes de

    variao de altura dos bicos do Descarepador .......................................................................... 41

    Figura 4.10 Resultado encontrado por Lim et al (2000) ........................................................ 41

  • X

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 2.1 Caratersticas das sequencias de calibrao e exemplos de sequencias mais

    comumente utilizadas (CODA 2006c) ..................................................................................... 16

    Tabela 2.2 Principais defeitos superficiais em barras laminadas sem acabamento (Albm de

    Defeitos 2010) .......................................................................................................................... 18

    Tabela 3.1 Temperatura de Laminao antes do Trem Acabador ........................................ 25

    Tabela 3.2 Configurao de laminao da barra redonda de 101,60 mm ............................ 26

    Tabela 4.1 Temperatura de Laminao antes do Trem Acabador, teste 1 (T1) ................... 34

    Tabela 4.2 Temperatura de Laminao antes do Trem Acabador, teste 2 (T2) ................... 35

    Tabela 4.3 Presses aplicadas na remoo de carepa ........................................................... 38

    Tabela 4.4 Presses do descarepador, em Bar, para diferentes alturas de jato, em mm ...... 39

    Tabela 4.5 Defeitos superficiais encontrados ....................................................................... 42

    Tabela 4.6 Resumo dos resultados obtidos .......................................................................... 45

    Tabela 4.7 Interao dos parmetros testados ...................................................................... 48

  • XI

    LISTA DE ABREVIATURAS E SMBOLOS

    A - comprimento do jato

    B - espessura do jato

    C - espessura do jato na direo de laminao

    D - sobreposio de jatos

    E - distncia entre bicos

    H - distncia entre o centro do tubo e a face inferior da chapa

    s - espessura do material em processo

    d - dimetro do tubo

    h1 - comprimento vertical do bico

    h2 - comprimento vertical do jato

    - ngulo de pulverizao do bico

    - ngulo de inclinao do jato

    T1 - Teste 1

    T2 - Teste 2

  • XII

    RESUMO

    Os defeitos superficiais so os maiores problemas de qualidade em barras laminadas a quente,

    representando inmeros transtornos durante o processo produtivo, pois dependendo de suas

    caractersticas geram elevada rejeio durante o processo de inspeo. Elevada rejeio

    significa retrabalho e possvel sucateamento. Dentre as diversas causas para a ocorrncia de

    defeitos superficiais, esto os defeitos nos tarugos, a temperatura de laminao, conseqncia

    da temperatura de reaquecimento e ritmo de laminao e a remoo de carepa aps o

    reaquecimento. Definiu-se o ao SAE 1043 para o desenvolvimento deste trabalho devido aos

    nveis de rejeio superficial e elevados volumes de produo, o que gera grande impacto na

    produo das linhas de inspeo. Os resultados obtidos a partir dos testes realizados

    demonstram que a temperatura de laminao at determinado limite no tem influncia na

    rejeio superficial, mas que abaixo deste gera elevado ndice de rejeio. O uso do

    descarepador tem grande influencia nos nveis de defeitos superficiais, e o controle de seus

    parmetros principais fundamental. O condicionamento superficial dos tarugos o

    parmetro que mais apresentou influncia positiva sobre a rejeio superficial, demonstrando

    que defeitos pr-existentes na matria-prima tm grande impacto no produto final da

    laminao.

    Palavras-chave: Defeitos superficiais; Temperatura; Reaquecimento; Descarepador.

  • XIII

    ABSTRACT

    Surface defects are major quality problems in hot rolled bars, representing numerous

    disturbances during the production process, as depending on their characteristics generate

    high rejection during the inspection process. High rejection means rework and scrap. Among

    the various causes for the occurrence of surface defects are defects in the billets, rolling

    temperature, a consequence of the reheating temperature and rate of roll and removal of scale

    after reheating. The steel SAE 1043 used in this work was selected due to its level of surface

    defects and high production volumes, which generates large impact on production inspection

    process. The results show that the rolling temperature of up to a certain limit does not

    influence the surface defects, but below this generates a high rate of rejection. The use of

    descaling has a large influence on the levels of surface defects, and control of its main

    parameters is essential. The surface conditioning of billets is the parameter that showed a

    positive influence on the reduction of surface defects, demonstrating that pre-existing defects

    in materials has large impact on the final rolled product.

    Key words: Surface defects; Temperature; Reheating; Hydraulic Descaling.

  • 1

    1. INTRODUO

    Difcil imaginar o mundo atual sem a existncia do ao. Ele est presente em todos os

    ramos da sociedade, de pequenos objetos aos equipamentos utilizados na fabricao destes.

    Mas, dentre vasta gama de possibilidades de materiais conhecidos e tantos outros

    recentemente desenvolvidos, por que o ao? A resposta simples, embora para seu

    entendimento seja necessrio aprofundamento e dedicao: o ao liga de ferro e carbono,

    um dos materiais mais versteis conhecidos, atendendo a um grande gama de propriedades

    mecnicas.

    Na indstria automobilstica, o ao matria-prima bsica, e para tal necessita ter

    qualidade adequada s exigncias. Dentre os requisitos de qualidade do ao para esta

    aplicao est a iseno de defeitos superficiais e internos, pois estes comprometem o

    desempenho dos componentes de ao em trabalho.

    Defeitos superficiais e internos oriundos dos processos de obteno do ao e sua

    posterior conformao so detectados em etapa subseqente de inspeo. O nvel de defeitos

    apresentados tem direta relao com os nveis de retrabalho remoo de defeitos e

    sucateamento.

    Tendo foco no processo de Laminao, neste trabalho apresentada uma anlise do

    desempenho superficial de barras redondas laminadas a quente frente preparao da

    matria-prima para este processo tarugos e com relao s variveis de temperatura de

    laminao e nvel de descarepao.

    Os resultados encontrados indicam claramente a necessidade de controle das variveis

    testadas, pois seus efeitos na qualidade final das barras laminadas so fundamentais para um

    bom desempenho e garantia de estabilidade do processo.

    Em um trem laminador aberto ou semi-contnuo, ainda uma srie de aes so

    necessrias para o controle da temperatura de laminao, j que nesta configurao de

    equipamento as perdas trmicas so maiores.

    Os testes contidos neste trabalho foram realizados na unidade siderurgia da Gerdau em

    Charqueadas.

  • 2

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1. Laminao

    2.1.1. Processo de Laminao

    A capacidade dos metais deformarem-se plasticamente sem se romper uma

    propriedade extremamente til desde a pr-histria, quando o homem trabalhava metais que

    apareciam na forma livre na natureza, tais como ouro ou ocasionalmente o ferro de

    meteoritos, ou ainda metais como a prata, titnio, zinco e o cobre, que foram reduzidos a

    partir de seus xidos sob condies naturais ou acidentalmente devido a incndios em

    florestas e campos. As principais informaes tecnolgicas relativas forma de trabalhar os

    metais foram desenvolvidas atravs dos sculos, como uma arte, em um grande nmero de

    oficinas em vrias partes do mundo.

    O forjamento e a fundio so processos de fabricao largamente utilizados h mais

    de 3000 anos, enquanto que o processo de laminao assumiu uma maior importncia na

    indstria durante o sculo XIX, embora os primeiros laminadores conhecidos tenham sido

    empregados para processar a frio metais macios como o chumbo e o estanho no sculo XV. O

    processo de laminao foi inclusive objeto de estudos de Leonardo da Vinci, que projetou

    equipamento de laminao entre os anos de 1489 e 1495, provavelmente para laminao a frio

    de barras chatas de ouro ou prata para cunhagem de moedas.

    A laminao a quente do ao foi iniciada no final do sculo XVI, na Inglaterra, em

    primeiro lugar para barras e no sculo seguinte para placas e chapas. As primeiras patentes de

    laminao a frio de produtos planos so inglesas, do ano de 1761. Inicialmente o ao era

    laminado predominantemente na forma de perfis trilhos, vigas, cantoneiras e barras, mas

    desde 1930 os produtos planos chapas passaram a ser produzidos em volumes maiores

    (RIZZO 2007).

  • 3

    Laminao o processo de deformao plstica por onde o metal passa entre rolos.

    Este o processo de deformao plstica mais utilizado, pois apresenta alta produo e

    possibilidade de controle do produto final. O processo consiste em aplicar elevadas foras

    compressivas sobre o metal.

    O processo de laminao pode ser dividido, com relao temperatura de trabalho, em

    laminao a quente ou laminao a frio (DIETER 1988).

    Conceitualmente, laminao um processo de conformao mecnica executado por

    compresso direta, sem retirada de material, visando obter deformao plstica no material

    conformado. Isto significa alteraes permanentes na forma e nas propriedades mecnicas de

    um corpo slido, mantida sua massa volume constante (CODA 2006a).

    2.1.2. Classificao dos laminadores

    2.1.2.1. Quanto temperatura de trabalho:

    Quanto temperatura, usual a classificao dos laminadores ou da prpria laminao

    em laminadores para trabalho a frio e laminadores para trabalho a quente. Mais recentemente

    desenvolveu-se a laminao a morno, e outros processos de laminao em temperaturas

    intermedirias conhecidos ainda como laminao controlada (RIZZO 2007).

    a) Laminao a frio:

    usada para produo de folhas e chapas finas com acabamento superficial e com

    tolerncia dimensional superiores, comparadas com as chapas finas produzidas por laminao

    a quente. Adicionalmente a isso, o encruamento resultante da reduo a frio pode ser

    aproveitado para dar maior resistncia ao produto final (DIETER 1988).

    um processo que se caracteriza pela conformao do ao a temperatura abaixo da

    necessria para que ocorra a recristalizao, tendo como conseqncia um aumento da dureza

    e resistncia mecnica, ao mesmo tempo em que reduz a ductilidade e tamanho de gro do

    ao. A profundidade at a qual a estrutura modificada depende da seo, tamanho da pea e

    reduo em rea (ARAUJO 1997).

    b) Laminao a quente:

    Considera-se operaes de conformao por laminao a quente, aquelas efetuadas em

    uma temperatura tal que aps certa deformao, estabelece-se um equilbrio entre as

    velocidades de encruamento e de recuperao e\ou recristalizao (RIZZO 2007).

  • 4

    Recristalizar significa recuperar a estrutura cristalina que existia antes da deformao.

    Trata-se de uma transformao de fases que se d por nucleao e crescimento (PADILHA

    2005).

    Na laminao a quente, o material aquecido inicialmente entre 1100 a 1300C

    (DIETER 1988).

    2.1.2.2. Quanto disposio das gaiolas:

    O conjunto formado pelos cilindros de laminao, com seus mancais, montantes,

    suportes e demais componentes denominado cadeira de laminao. O termo gaiola de

    laminao tambm utilizado, sendo normalmente diferenciado do termo cadeira pela

    caracterstica de que o primeiro pode ser removido de seu local de instalao para troca de

    cilindros e ajustes, enquanto o ltimo no retirado de sua posio original.

    Um conjunto de gaiolas forma um trem de laminao (RIZZO 2007).

    a) Trem Contnuo:

    O arranjo contnuo possui uma srie de gaiolas dispostas uma aps a outra, com

    cilindros girando no mesmo sentido, ao longo de um mesmo eixo de laminao e com

    pequeno afastamento entre as gaiolas. O material trabalhado ao mesmo tempo em vrias

    gaiolas, cuja velocidade perifrica aumenta proporcionalmente, para compensar a reduo de

    seo (ARAUJO 1997).

    As gaiolas podem ser duo no reversvel ou qudruo.

    So trens aplicados para a produo de fio-mquina, perfis pequenos e chapas finas a

    quente ou a frio.

    Neste tipo de trem, a perda de temperatura baixa e o sistema de guiagem fcil, mas

    exige um bom controle de velocidade para evitar excessivo tracionamento ou formao de

    lao entre as cadeiras, o que possvel com equipamentos de automao e controle do

    processo (RIZZO 2007).

    O arranjo contnuo pode ser composto apenas por gaiolas horizontais, como

    apresentado na figura 2.1, onde a operao se d por tores do material laminado entre as

    gaiolas, ou por gaiolas horizontais e verticais intercaladas, sem a necessidade de toro do

    material. Esta ltima configurao apresentada na figura 2.2 (CODA 2006a).

  • 5

    Figura 2.1. Representao de um trem contnuo com gaiolas horizontais (CODA 2006a).

    Em ambas as figuras citadas, os retngulos representam uma gaiola duo horizontal,

    cada conjunto de dois crculos indica uma gaiola duo vertical, os quadrados com um x

    indicam o motor e a seta representa o sentido de laminao.

    Figura 2.2. Representao de um trem contnuo com gaiolas horizontais e verticais

    intercaladas (CODA 2006a).

    b) Trem aberto:

    So constitudos de diversas gaiolas colocadas lado a lado, dotadas de um

    acionamento nico. As gaiolas podem ser trio ou duo-alternadas, reversveis ou no. A

    extremidade da pea que est sendo laminada, ao sair de um passe, dobrada, entrando no

    passe seguinte no mesmo lado do laminador de onde saiu (ARAJO 1997).

    Evidentemente, para se ter flexibilidade necessria para o dobramento, a pea em

    processo de laminao deve ter seo relativamente pequena. Quando a seo no permite o

    dobramento, utilizam-se as mesas de deslocamento laterais, ocorrendo neste caso, uma maior

    perda de temperatura (RIZZO 2007).

    Na figura 2.3 apresenta-se de forma esquemtica um trem laminador aberto, onde o

    primeiro retngulo representa uma gaiola trio e os trs ltimos representam cada um uma

  • 6

    gaiola duo horizontal, o quadrado com um x indica o motor e as setas representam o sentido

    de laminao.

    Figura 2.3: Arranjo esquemtico de trem aberto (CODA 2006a).

    c) Trem Semi-contnuo:

    A fim de suprimir as desvantagens dos trens abertos, desenvolveram-se os trens semi-

    contnuos. Este tipo de configurao constitui, portanto, uma etapa de transio entre os trens

    abertos velocidades mais baixas e sees maiores e os trens contnuos velocidades

    maiores e menores sees, para se obter melhor qualidade superficial e compensar a reduo

    de seo (RIZZO 2007).

    A figura 2.4 apresenta o arranjo de um trem semi-contnuo, onde os primeiros passes

    so realizados em configurao aberta e o trem acabador contnuo.

    Figura 2.4: Arranjo de trem laminador semi-contnuo.

    A figura 2.4 apresenta um trem semi-contnuo composto de uma seqncia de quatro

    gaiolas duos dispostas lado a lado arranjo aberto, e uma seqncia de trs gaiolas duos

    dispostas em linha arranjo contnuo. Este tipo de configurao surge normalmente a partir

    da incluso do arranjo em linha, em um trem anteriormente aberto.

  • 7

    2.1.3. Matrias-primas

    A matria-prima a ser laminada pode ser obtida atravs de processos de lingotamento

    contnuo placas, blocos e tarugos e de lingotamento convencional lingotes. Esta matria-

    prima pode passar por etapas de condicionamento antes de ser carregada no forno de

    reaquecimento da laminao, em funo do tipo de ao, sua aplicao, roteiro de produo,

    eventos de qualidade durante o lingotamento e solicitao do cliente.

    Por condicionamento designa-se o conjunto de atividades realizadas com o intuito de

    remover defeitos superficiais, internos, de forma e dimensionais dos produtos lingotados.

    Podendo tambm ser consideradas como atividades desta etapa de preparao da matria-

    prima a marcao/identificao, transporte, armazenamento e seqenciamento dos produtos a

    serem laminados (RIZZO 2007).

    Considerando as atividades de condicionamento de matria-prima com o objetivo da

    melhoria superficial do produto final, atividades como escarfagem retirada de camada da

    superfcie do material atravs de maaricos e esmerilhamento remoo de pequena

    camada superficial atravs de rebolo abrasivo so comumente utilizadas (VILELA 2007).

    Tanto a atividade de escarfagem quanto a operao de esmerilhamento podem ser

    realizadas de forma completa remoo total da superfcie do material quanto de forma

    parcial/localizada remoo de regio previamente definida ou marcada por mtodo de

    inspeo superficial (RIZZO 2007).

    2.1.4. Reaquecimento para Laminao

    A etapa de aquecimento inicial da matria-prima necessria para que o ao apresente

    alta plasticidade tanto no inicio como no fim do processo de laminao a quente. Esta

    elevao de temperatura dos lingotes ou dos produtos semi-acabados placas, blocos e

    tarugos at a temperatura de laminao deve ocorrer de uma forma segura, homognea e

    econmica (RIZZO 2007).

    Esta etapa do processo de laminao a quente exerce importante papel tanto para o

    bom desenvolvimento da operao de laminao do ao quanto para a qualidade superficial e

    interna do produto final (BLAIN 1964).

  • 8

    2.1.4.1. Fornos de Reaquecimento

    Podem ser distinguidos dois tipos de fornos para reaquecimento inicial do material

    para a laminao a quente: fornos-poo, utilizados para o aquecimento de lingotes e fornos de

    reaquecimento, dedicados para produtos semi-acabados tais como tarugos ou placas, embora

    eventualmente possam ser usados no aquecimento de lingotes pequenos (RIZZO 2007).

    Os fornos de reaquecimento podem ser contnuos ou descontnuos, sendo estes ltimos

    utilizados atualmente para o aquecimento de peas de forjamento, permitindo em alguns casos

    virar os blocos ou lingotes a fim de homogeneizar o aquecimento.

    Os fornos de reaquecimento contnuos tanto a carga como a descarga se realizam de

    maneira peridica durante a operao em funo do mtodo de deslocamento das peas a

    serem aquecidas e do formato do forno, podem ser classificados em:

    - fornos de empurrar pusher furnace;

    - fornos de vigas caminhantes walking beam furnace;

    - fornos com soleira mvel walking hearth furnace;

    - fornos circulares e

    - fornos com mesa de rolos ou fornos tnel.

    Dada a natureza deste trabalho, ser apresentado em detalhe somente o forno de

    reaquecimento do tipo walking beam furnace forno de vigas caminhantes pois este o

    forno envolvido no desenvolvimento deste projeto.

    Nos fornos de vigas caminhantes o mecanismo de transporte consiste de um conjunto

    de vigas e colunas, divididas em mveis e fixas. As peas so sustentadas pelas vigas fixas e

    para o deslocamento durante o processo de aquecimento, as vigas mveis realizam um

    movimento oscilatrio, conforme ilustra esquematicamente a figura 2.5. As colunas

    atravessam a soleira e so apoiadas em um chassi mvel acionado por um sistema hidrulico

    de elevada capacidade de carga. O chassi de translao move-se sobre um chassi de

    levantamento, acionado por um sistema hidrulico, que se desloca sobre planos inclinados e

    assegura os movimentos verticais (RIZZO 2007).

    As vigas que sustentam o material so refrigeradas com gua o que acarreta uma

    grande desvantagem em termos de perdas de energia, se comparada a fornos do tipo soleira

    mvel walking hearth (GUIDE 1994).

  • 9

    Figura 2.5: Representao esquemtica do funcionamento do mecanismo de vigas

    caminhantes (RIZZO 2007).

    Neste tipo de equipamento, os tarugos so normalmente enfornados e desenfornados

    lateralmente por meio de rolos. A presso no interior do forno pode ser ajustada por vlvulas

    de controle de sada de fumos situadas entre o recuperador e as chamins. Os queimadores

    esto distribudos na parte superior e inferior do forno (GUIDE 1994).

    Os fornos de reaquecimento contnuo podem ter vrias zonas de pr-aquecimento,

    aquecimento e encharque. Nas zonas de pr-aquecimento ou de recuperao o material que

    entra a temperatura ambiente aquecido, em contracorrente, at uma temperatura da ordem de

    700C, pelos gases de combusto, procedentes de outras zonas, em direo ao recuperador

    onde aquecer o ar de combusto. As zonas de aquecimento ou intermedirias caracterizam-se

    pelo grande fluxo de calor, onde o material aquecido na superfcie at uma temperatura da

    ordem de 1150C a 1250C, principalmente por radiao do calor das chamas dos

    queimadores. Finalmente, as zonas de encharque ou de equalizao de temperatura,

    equipada com queimadores onde se consegue que a diferena de temperatura entre o ponto

    mais frio ncleo e o ponto mais aquecido da pea, seja reduzido ao mnimo, no

    representando problema para o trem de laminao ou para a qualidade do produto final

    laminado.

    A grande quantidade de calor arrastada pelos gases resultantes da combusto fumos

    pode ser parcialmente aproveitada no aquecimento da carga nas zonas iniciais do forno e no

    pr-aquecimento do ar de combusto em um equipamento denominado recuperador,

  • 10

    aumentando a eficincia do processo. Antes de serem evacuados por chamins tiragem

    manual ou mecnica, os fumos podem eventualmente tambm aquecer o gs combustvel.

    Para auxiliar no escoamento dos gases queimados na direo da chamin do forno e

    atuar no controle da presso interna do forno, pode-se injetar entre o recuperador e a chamin

    o ar de induo, ou seja, ar captado da atmosfera a temperatura ambiente. Um damper

    localizado na entrada da chamin tambm atua no controle da tiragem dos gases queimados e,

    conseqentemente no ajuste da presso interna do forno.

    Recomenda-se trabalhar nas zonas de pr-aquecimento e aquecimento com atmosferas

    com percentagem mnima de oxignio, tendendo mesmo a ligeiramente redutora. Entretanto,

    na zona de encharque, pode-se trabalhar com um valor visado de excesso de 10% - faixa de 5

    a 15% - de ar, de modo a tornar a atmosfera oxidante, favorecendo a formao de uma

    camada de carepa de fcil remoo. Isto corresponde normalmente a um excesso de oxignio

    nos fumos de 1,5 a 2,0%. O excesso de ar no pode ser exagerado para no comprometer a

    eficincia trmica do forno. Por sua vez, a utilizao de uma atmosfera redutora falta de ar,

    alm de acarretar em diminuio na formao de carepa, levaria a um aumento de

    emissividade dos gases nas regies de mais alta temperatura, o que promove um aumento da

    transferncia de calor dos gases para o material aquecido, o que reduz a temperatura dos gases

    que deixam o forno, correspondendo a uma economia de energia. Porm, uma parcela do

    combustvel no queimada, podendo gerar fumaa negra proveniente do carbono em

    suspenso nos gases queimados.

    O controle da qualidade da combusto objetiva o bom desempenho do forno, com a

    menor quantidade de combustvel possvel. usualmente obtido pela variao da relao

    combustvel/ar de combusto. A varivel que melhor indica a qualidade da combusto em

    curso a composio dos gases que deixam o forno. Tal composio dever apresentar, na

    maior parte dos casos, o mnimo possvel de combustvel no queimado e de oxignio e,

    portanto a maior parte possvel de CO2. Quando for constatado excesso de oxignio nos gases

    queimados, diz-se que a atmosfera do forno oxidante. Havendo, CO ou H2, a atmosfera do

    forno dita redutora (RIZZO 2007).

    2.1.4.2. Carepa

    Um aspecto importante do ponto de vista da qualidade superficial e em certos casos

    das camadas internas e de rendimento da laminao a quente dos aos esta relacionado com

  • 11

    a formao de carepa, que consiste em uma camada de xido depositada na superfcie dos

    produtos semi-acabados e nos produtos finais do processo de laminao (RIZZO 2007).

    A carepa formada a partir dos gases que esto na atmosfera do forno, como

    conseqncia da combusto completa ou parcial, que podem ser classificados como:

    i) gases oxidantes oxignio (O2), vapor dgua (H2O) e dixido de carbono (CO2);

    ii) gases redutores monxido de carbono (CO) e hidrognio (H2).

    A carepa gerada a partir destes gases constituda dos seguintes xidos: wustita,

    hematita e magnetita.

    A constituio das camadas de carepa varia conforme a temperatura. Acima de

    1100C tem-se apenas Fe3O4 + FeO, abaixo de 500C tem-se Fe3O4 e na faixa intermediria

    destes extremos de temperatura tem-se camada dos trs tipos de xidos.

    A wustita FeO um xido mais macio do que a magnetita e hematita. No

    estvel para temperaturas abaixo de 570C, mas com o aumento da temperatura a proporo

    de FeO cresce, e para temperaturas acima de 700C, a wustita passa a ocupar cerca de 95% da

    espessura da carepa. Apresenta um baixo ponto de fuso 1370 a 1425C quando

    comparada ao ferro puro, e a sua fuso pode provocar penetrao de xido nos contornos de

    gro acarretando uma deteriorao da qualidade superficial (RIZZO 2007). A dureza deste

    xido da ordem de 250 a 350 HV (CASTILHOS 2008).

    A hematita Fe2O3 formada a temperaturas acima de 800C. Em elevadas

    temperaturas aproximadamente 1100C, a hematita ocupa aproximadamente 1% da

    espessura da camada de carepa, mas um material duro e abrasivo, apresentando uma

    colorao avermelhada (RIZZO 2007). A hematita apresenta dureza acima de 1000 HV

    (CASTILHOS 2008).

    A magnetita Fe3O4 estvel para temperaturas abaixo de 500C, sendo o nico

    xido presente na carepa, cedendo lugar para o FeO para temperaturas acima de 700C. Em

    altas temperaturas ocupa cerca de 4% da espessura da camada de carepa. A magnetita

    apresenta uma colorao cinza azulada e, assim como a hematita, um material duro e

    abrasivo (RIZZO 2007). Sua dureza est entre 450 e 550 HV (CASTILHOS 2008).

  • 12

    A figura 2.6a apresenta esquematicamente uma tpica camada de carepa na superfcie

    de um produto semi-acabado, e na figura 2.6b apresenta-se a variao da composio desta

    camada em funo da temperatura.

    Figura 2.6: Representao esquemtica de camada de carepa e variao da composio desta

    camada com relao temperatura (RIZZO 2007).

    A carepa pode ser classificada em primria, formada no interior dos fornos de

    reaquecimento, com espessura que no deve ultrapassar cerca de 1,8 a 2,0 mm, secundria,

    formada durante a exposio do produto semi-acabado aquecido ao ambiente na etapa de

    desbaste, aps a ruptura da camada de carepa primria, e a terciria, que aparece na etapa de

    laminao de acabamento, aps a descarepao na sada do laminador de desbaste e na etapa

    de resfriamento (GINZBURG, 1989).

    2.1.4.3 Descarepador

    A demanda por produtos de qualidade e aumento de produtividade tem gerado o

    desenvolvimento de sistemas mais eficientes de descarepao hidrulica (FRICK 2009).

    Descarepao do ao em um processo de laminao a quente trata-se da aplicao de

    elevada presso de gua em bicos de pulverizao. A fora de impacto e a presso destes jatos

    podem ser determinadas utilizando-se o segundo e o terceiro postulados de Newton. Estes

    clculos permitem a aproximao dos valores de impacto e presso atravs de frmula

  • 13

    simples. possvel tambm a determinao direta do impacto atravs de transdutores de

    fora, digitalizando a rea de impacto dos jatos.

    O tamanho das gotas do jato dos bicos parece ser um fator secundrio, pois

    consideraes puramente mecnicas conduzem a um modelo suficiente do impacto. Contudo,

    a medio da rea coberta pelos jatos mostra que o filme de gua do jato foi desintegrado ao

    colidir com a superfcie, mas no foi completamente atomizado. Diferentes pesquisas

    comprovam a hiptese de que o choque trmico devido a gradientes elevados de temperatura

    da superfcie da pea sob os jatos o mecanismo fsico dominante da descarepao,

    especialmente para carepa secundria (BENDIG 2001).

    Neste processo a carepa removida atravs de dois mecanismos:

    i) Tempera local da superfcie, gerando tenses trmicas entre o xido e a superfcie;

    ii) Fora dinmica imposta pelos jatos dgua.

    As tenses trmicas so significativamente influenciadas pela dinmica do processo de

    transferncia de calor. O coeficiente de transferncia de calor uma funo do tipo de bico,

    da presso de gua, da temperatura da rea, da posio do bico em relao pea e tempo de

    permanncia da pea no processo velocidade de deslocamento. O valor da fora de impacto

    o principal fator de remoo da carepa (KOTRBCEK 2004). Porm, de acordo com

    Bendig (2001), [...] uma estimativa do estresse mecnico, induzida pelo impacto do jato, e a

    tenso de cisalhamento, criado pelo choque trmico, mostram que o ltimo pode ser cerca de

    500 vezes maior e, portanto, dominante no processo. Isso demonstra que o mecanismo

    fsico do processo de desparepao ainda objeto de controversa discusso.

    Considerando-se que a fora de impacto o parmetro dominante no processo de

    descarepao, a equao 1, que expressa este parmetro pela relao entre fora do jato e a

    rea sob a qual a fora aplicada [N/mm2], indica que quanto menor a rea maior ser o

    impacto. O ngulo e a largura do jato so, portanto, os parmetros do bico que afetam a rea

    de impacto, desta forma, a partir da seleo de um determinado tipo de bico, a fora de

    impacto depender somente da presso e da vazo de gua. Estudos demonstram que um

    aumento da presso de gua aumenta significativamente o valor do impacto (FRICK 2004).

    [1]

  • 14

    Portanto, o impacto depende da (1) rea sob o jato, (2) ngulo do bico, (3) vazo e

    presso de gua e (4) altura do jato, sendo que estes parmetros apresentam um efeito linear

    sobre o impacto, com exceo da altura que exerce influncia exponencial. Conclui-se que,

    devido a esta influncia, a altura do jato o parmetro mais efetivo (FRICK 2009).

    Na figura 2.7 demonstra-se o efeito da altura do jato sobre o impacto, considerando-

    se uma vazo de 25,5 l/min, presso de 200 bar e ngulo de 26. Percebe-se que, medida que

    aumenta a distncia entre o bico e a superfcie do material a rea sob o jato aumenta,

    reduzindo o impacto.

    Figura 2.7: Efeito da altura dos bicos sobre o impacto (FRICK 2009).

    Na figura 2.8 apresenta-se de forma esquemtica um sistema tpico de descarepao

    hidrulica, demonstrando-se os parmetros fsicos da instalao, conforme descrito abaixo:

    A= comprimento do jato s= espessura do material em processo

    B= espessura do jato d= dimetro do tubo

    C= espessura do jato na direo de laminao h1= comprimento vertical do bico

    D= sobreposio de jatos h2= comprimento vertical do jato

    E= distncia entre bicos = ngulo de pulverizao do bico

    H= distncia entre o centro do tubo e a face = ngulo de inclinao do jato

    inferior da chapa

    100% de impacto:

    1,15 N/mm2

    Aprox. 50% de impacto:

    0,54 N/mm2

    Aprox. 25% de impacto:

    0,22 N/mm2

  • 15

    Figura 2.8: Demonstrao esquemtica de um descarepador hidrulico (FRICK 2004)

    2.1.5 Calibrao

    De acordo com Coda (2005), a calibrao consiste na distribuio da deformao

    total desejada no material em um conjunto de deformaes intermedirias com o objetivo de

    maximizar a produtividade, aprimorar a qualidade, reduzir as solicitaes, facilitar operaes

    complementares guiagem e manuseio e reduzir custos. Estes objetivos so atingidos

    atravs da escolha das seqncias de calibrao ideal para cada tipo de produto, e do

    dimensionamento correto dos canais destas seqncias.

    2.1.5.1 Seqncias de Calibrao

    As seqncias de calibrao correspondem aos diferentes conjuntos de passes de

    laminao, com caractersticas de aplicao e potencial de deformao especfica, e forma

    geomtrica definida.

    As seqncias de calibrao so formadas por deformaes intermedirias que se

    denominam passes de laminao.

    Podem-se classificar as seqncias de calibrao para a laminao de produtos longos

    de ao em desbaste, intermedirio e acabador (CODA 2006c).

    No desbaste, indicam-se canais que trabalhem bem com grandes sees tais como

    chatos ou diamantes. O tipo de mecanizao tambm pode ser importante na definio da

    calibrao.

  • 16

    Para os passes de reduo - intermedirios - aconselham-se seqncias com grande

    capacidade de reduo de rea, tais como quadrado oval quadrado ou ovais suecos em

    sees maiores.

    No trem acabador onde so necessrias preciso e qualidade recomenda-se os passes

    redondo oval redondo, ou seqncias especiais para cantoneiras ou perfis (Calibrao de

    Produtos Longos 2008). Na tabela 2.1 apresentam-se mais algumas caractersticas destas

    seqncias de calibrao, citando-se ainda outros exemplos de seqncias de calibrao

    comumente utilizados.

    Tabela 2.1: Caractersticas das seqncias de calibrao e exemplos de seqncias mais

    comumente utilizadas (CODA 2006c). Caracterstica Desbaste Intermedirio Acabador

    Sees

    deformadas Robustas Mdias Pequenas

    Esforos Elevados Mdios Menores

    Agarre Possvel problema de

    agarre

    Baixa ocorrncia de

    problemas de agarre Raros problemas de agarre

    Reduo de rea Mdias Elevadas Menores

    Objetivo

    Refinar e compactar a

    estrutura bruta de fuso;

    Reduzir rea da matria-

    prima.

    Preparar progressivamente

    a forma e as dimenses do

    material para obteno do

    produto final.

    Conferir forma, dimenses

    e tolerncias adequadas e

    qualidade superficial ao

    produto final.

    Exemplos de

    seqncias

    - Caixa/caixa

    - Caixa/oval/redondo

    - Quadrado/oval

    sueco/quadrado

    - Quadrado/diamante/

    quadrado

    - Diamante/diamante

    - Redondo/oval/redondo

    - Falso redondo/oval/falso

    redondo

    - Quadrado/oval/quadrado

    - Redondo/oval/redondo

    - Redondo/oval/redondo

    - Falso redondo/ova/

    redondo

    - Quadrado/diamante/

    quadrado

    - Chato mesa lisa/chato

    mesa lisa

  • 17

    Atravs da figura 2.9 pode-se observar o detalhe de forma dos canais utilizados nas

    seqncias de calibrao aplicadas ao desbaste, intermedirio e trem acabador.

    Figura 2.9: Forma dos canais mais aplicados nas seqncias de laminao (Calibrao de

    Produtos Longos 2008).

    2.1.6 Defeitos Superficiais

    O processo de laminao a quente fornece matria-prima para processos de forjamento

    a quente ou a frio, alm de vrios outros processos de fabricao de peas e componentes

    mecnicos. A qualidade dos produtos manufaturados depende em muito da qualidade da

    matria-prima fornecida pela laminao. Como conseqncia, o cliente sempre exigir de seus

    fornecedores produtos com melhor qualidade.

    Entre os problemas de qualidade associados a barras laminadas a quente, o problema

    da qualidade da superfcie o mais importante e significativo (IM 2008).

    Defeitos superficiais podem ser definidos como descontinuidades na superfcie do

    material, sendo caracterizados pela forma, profundidade, dimenso e distribuio ao longo da

    barra laminada. Tem sua origem relacionada aos processos de lingotamento, solidificao,

    conformao, tratamento trmico, usinagem e manuseio (lbum de Defeitos 2010).

    Mantendo-se o foco no presente trabalho, sero apresentados defeitos com origem no

    processo de Aciaria, e os defeitos superficiais oriundos do processo de Laminao a Quente.

  • 18

    Os defeitos com maior ocorrncia em barras laminadas sem acabamento so

    apresentados na tabela 2.2, com sua respectiva origem e breve descrio.

    Tabela 2.2: Principais defeitos superficiais em barras laminadas sem acabamento (lbum de

    Defeitos 2010). Origem Nome Descrio

    Aciaria

    Trincas Trincas apresentam-se nas barras laminadas, mas so oriundas de

    defeitos superficiais nos tarugos.

    Trinca de painel Trincas apresentam-se com elevada profundidade

    Escamas Sobreposio de material semelhante a escamas de peixe.

    Macroincluses Partculas no metlicas em nveis fora do especificado.

    Laminao

    Trincas Trincas oriundas do processo de laminao.

    Escamas Sobreposio de material semelhante a escamas de peixe.

    Dobra uma sobreposio do material de forma varivel que penetra em

    direo ao ncleo.

    Incrustao de

    carepa

    Incrustao de carepa aderente originadas do processo de

    aquecimento ou conformao.

    Trincas em faixa Pequenas trincas alinhadas, com baixa profundidade, porm

    contnuas.

    2.1.6.1 Trincas de Aciaria

    O tarugo apresenta uma estrutura bruta de fuso, portanto com defeitos internos do

    tipo vazios, trincas, incluses entre outros (CODA 2006b). Podendo apresentar ainda defeitos

    superficiais tipo trincas longitudinais e transversais nas faces ou cantos, depresses,

    marcas de oscilao, blowholes, pinholes entre outros (VILELA 2005).

    a) Trinca longitudinal de canto:

    So trincas abertas, localizadas nos cantos e paralelas ao eixo do tarugo. Tem origem

    ligada ao desenho incorreto ou desgaste do molde ou problemas na refrigerao.

  • 19

    b) Trinca transversal de canto:

    So trincas perpendiculares ao eixo do tarugo, localizadas nos cantos ou muito

    prximas a ele, na maioria das vezes aparecem no fundo das marcas de oscilao. Tm origem

    em diferenas de temperatura, problemas de refrigerao ou oscilao do molde.

    c) Trinca longitudinal de face:

    So trincas abertas, centralizadas nos lados ou nas zonas prximas aos cantos e em

    muitos casos aparecem nas regies afundadas. Tem origem devido a defeitos na refrigerao,

    na superfcie do molde ou no uso de p inadequado.

    d) Trinca transversal de face:

    So trincas perpendiculares ao eixo do tarugo localizadas lateralmente e de

    profundidade varivel. Tem origem devido a problemas na extrao do tarugo,

    endireitamento, agarramentos no molde, oscilao do molde e flutuaes do nvel de ao no

    molde (lbum de Defeitos 2010).

    2.1.6.2 Trinca de Painel

    Trincas longitudinais localizadas no meio da face do tarugo. Podendo ou no aflorar

    superfcie. Tm origem a partir de choques trmicos, pontos quentes e tem influncia com a

    composio qumica do ao, sendo mais crticas para sees maiores (lbum de Defeitos

    2010).

    2.1.6.3 Escamas de Aciaria

    So sobreposies do material semelhante escama de peixe que, em geral, se

    desenvolvem predominantemente seguindo uma linha reta e a 90, fortemente

    descarbonetadas. Geralmente causadas pela borra de oxicorte, ou por marcas ou riscos durante

    o manuseio do tarugo na aciaria (lbum de Defeitos 2010).

    2.1.6.4 Macroincluses

    Partculas no metlicas, normalmente xidos e sulfetos, em nveis fora da

    especificao. Relacionado principalmente s macroincluses que afloram do ao lquido para

  • 20

    as faces dos tarugos, ou arraste de p de molde em direo s marcas de oscilao (lbum de

    Defeitos 2010).

    Estes defeitos, apresentando-se nos tarugos, podem abrir durante a laminao, caso a

    seqncia de deformao no tenha sido adequadamente projetada, dando origem a defeitos

    superficiais no produto final (CODA 2006b).

    2.1.6.5 Trincas de Laminao

    So descontinuidades que penetram radial ou obliquamente e na mesma direo de

    laminao. So defeitos de profundidade e comprimento variveis, apresentando-se de forma

    alinhada. Tipicamente sem ou com pouca descarbonetao (lbum de Defeitos 2010).

    2.1.6.6 Escamas de Laminao

    So sobreposies de material de forma e tamanho varivel, que se estendem de

    maneira irregular sobre a superfcie do material laminado, aderindo ao metal base somente em

    alguns pontos. Pode ser ocasionado por cilindros patinando ou pelo atrito da barra quente com

    pontos frios durante a laminao e por marcas de manuseio nos fornos de reaquecimento

    (lbum de Defeitos 2010).

    2.1.6.7 Dobras

    So descontinuidades longas, em linhas nicas ou paralelas ao eixo longitudinal,

    uniformes e em geral penetram obliquamente da superfcie para o interior do material. A

    causa mais freqente est associada ao excesso de material no canal que forado para fora

    na luz do cilindro bigode - e nos passes seguintes dobrado e laminado sobre a superfcie

    do material. Podem tambm se formar quando os canais no so preenchidos suficientemente

    e assim o perfil laminado magro demais vira no canal. Tambm pode ser conseqncia de

    desalinhamento de gaiolas, causando arestas que so dobradas nos passes seguintes. Quando

    aparecem em apenas um lado do produto, podem ser causadas por guias mal alinhadas

    (lbum de Defeitos 2010).

  • 21

    2.1.6.8 Incrustao de Carepa

    So incrustaes de xido do material durante a laminao. Este xido o resultado da

    reao entre o material aquecido e o oxignio do ar. Esta camada de xidos pode ter espessura

    varivel em funo da temperatura, tempo de permanncia em altas temperaturas e atmosfera

    do forno de reaquecimento, aderindo com maior ou menor firmeza na barra. Se a carepa no

    eliminada nos descarepadores, a presso exercida pelos cilindros pode provocar a sua

    incrustao, dificultando sua remoo posterior (lbum de Defeitos 2010).

    2.1.6.9 Trincas em Faixa

    Pode surgir devido rugosidade excessiva na superfcie desgastada ou danificada dos

    cilindros de laminao, associado a um alto grau de reduo. Este um tipo especial de trinca

    de laminao, no qual vrias trincas rasas encontram-se alinhadas em uma ou mais geratrizes

    (lbum de Defeitos 2010).

    2.1.7 Defeitos Superficiais gerados na Laminao

    Uma variedade de problemas gerados na laminao, principalmente defeitos

    especficos, podem surgir a partir da interao entre deformao plstica da pea e

    deformao elstica dos rolos durante a laminao, devido influncia das elevadas foras de

    laminao (DIETER 1988). Por isso, uma especificao apropriada das prticas de trabalho a

    quente importante. Em particular, a ductilidade e a tenso de escoamento podem ser

    estabelecidas em funo da temperatura e da taxa de deformao (RIZZO 2007).

    Quanto formao de trincas na laminao, os fatores de maior influncia so a

    temperatura de laminao e a seqncia de calibrao, porm a influncia de outros fatores,

    como apresentados anteriormente, tambm deve ser considerada (LIM 2000).

    Neste trabalho, tem-se o objetivo de explorar o efeito da temperatura de

    reaquecimento, e por conseqncia a temperatura de conformao a quente do material, e a

    influncia do uso do descarepador na formao de defeitos superficiais. E, a fim de eliminar

    ou minimizar os efeitos de defeitos pr-existentes nos tarugos, avalia-se tambm o

    desempenho superficial das barras laminadas frente prvia preparao da superfcie do

    tarugo.

  • 22

    A figura 2.10 demonstra a relao entre o aumento da temperatura de reaquecimento

    com a rejeio superficial de barras laminadas.

    Figura 2.10: Temperatura de reaquecimento x Rejeio Superficial (LIM 2000).

    Um aumento de temperatura de reaquecimento propicia que o material seja laminado a

    uma temperatura mais elevada, o que corresponde a deformaes em situao de melhor

    ductilidade do material, reduzindo o surgimento de trincas por esforos em zonas de baixa

    ductilidade.

    E na figura 2.11 tem-se o efeito da remoo ou no da carepa oriunda do

    reaquecimento dos tarugos, atravs de descarepador hidrulico.

    Figura 2.11: Uso do descarepador x Rejeio Superficial (LIM 2000).

    O no uso do descarepador permite que a carepa permanea aderida a superfcie do

    tarugo, e seja laminada, propiciando a nucleao de defeitos superficiais nos passes seguintes.

  • 23

    3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

    3.1 Materiais e Mtodos

    O desenvolvimento deste trabalho foi realizado de acordo com as etapas apresentadas

    no fluxo abaixo:

    Para a definio do ao e bitola para desenvolvimento deste trabalho, tendo-se como

    objetivo a reduo da rejeio superficial nas linhas de inspeo, aumentando-se desta forma

    a produtividade destes equipamentos, utilizou-se como parmetros de seleo a rejeio

    superficial e o volume de produo de cada material, focando-se em bitola igual ou acima de

    50,80 mm e menor ou igual a 101,60 mm, material produzido no laminador 1 e inspecionado

    de forma automtica na Linha de Inspeo 3, na unidade siderrgica de Charqueadas.

    O teste de condicionamento superficial foi definido devido ao material atualmente

    utilizado na bitola selecionada ser aplicado de forma bruta de lingotamento, tornando

    fundamental a avaliao do desempenho superficial deste material quando condicionado

    superficialmente enquanto tarugo.

    O teste de descarepao foi organizado devido ao entendimento, via reviso

    bibliogrfica, de que este equipamento tem grande influncia no desempenho superficial de

    barras laminadas a quente, e a percepo de que existem oportunidades de melhoria no uso

    deste equipamento na laminao da unidade de Charqueadas.

    A opo por variar a presso e a distncia dos bicos do descarepador superfcie do

    tarugo deve-se ao fato de que estes parmetros tm, conforme reviso bibliogrfica, a maior

    influncia nos resultados do processo de remoo de carepa.

  • 24

    Por fim, o deste de temperatura de laminao visa quantificar o real impacto da perda

    de temperatura durante o processo, por tratar-se de um trem semi-contnuo, definir a

    temperatura limite para o trem acabador e aes para a manuteno da temperatura de

    aquecimento durante o processo.

    As temperaturas de 880C e 840C para o teste foram selecionadas a partir de anlise

    do histrico de temperaturas mdias atingidas na entrada do trem acabador.

    As variveis respostas so a rejeio superficial, que a relao entre a quantidade de

    barras que apresenta e a quantidade total de barras do lote, e o nmero mdio de defeitos por

    barra, neste caso a relao da quantidade total de defeitos encontrados e o total de barras que

    apresentou defeito superficial.

    Os defeitos superficiais so detectados atravs de inspeo automtica via principio de

    campo de fuga. O equipamento denominado Circoflux. A rejeio superficial e a quantidade

    de defeitos por barra so obtidas atravs dos resultados da inspeo superficial, via

    supervisrio.

    Na figura 3.1 pode-se observar que a bitola redonda de 101,60 mm apresenta elevada

    rejeio superficial e volume de produo, considerando-se dados do ano de 2010. Na

    seqncia, o desdobramento dos aos produzidos na bitola redonda de 101,60 mm indica que

    uma oportunidade de trabalho est no ao SAE 1043.

    Figura 3.1: Volume de Produo da Laminao x Rejeio Superficial na Linha de Inspeo.

    Objetivando a melhoria no desempenho superficial da barra laminada redonda de

    101,60 mm no ao SAE 1043, realizaram-se testes em trs pontos de possvel gerao de

  • 25

    defeitos superficiais em barras laminadas a quente, a saber: (1) condicionamento superficial

    da matria-prima, considerando-se que os defeitos pr-existentes nos tarugos podem abrir

    durante a laminao (CODA 2006b), este teste visa quantificar a influncia da qualidade

    superficial dos tarugos no produto final da laminao; (2) sendo a temperatura de laminao

    um dos mais importantes fatores na gerao de defeitos superficiais (LIM 2000) busca-se

    determinar uma temperatura mnima de laminao, acima da qual o impacto na rejeio

    superficial das barras, e seu possvel sucateamento, sejam controlados, considerando-se a

    ductilidade e a tenso de escoamento em relao temperatura e a taxa de deformao

    (RIZZO 2007); (3) quanto remoo de carepa formada a partir do reaquecimento para

    laminao, sabe-se que sua no eliminao atravs do descarepador pode gerar aderncia da

    camada de xido na barra, devido presso exercida pelos cilindros de laminao, tendo-se

    como conseqncia o defeito superficial denominado incrustao de carepa (lbum de

    Defeitos 2010), mas tambm podendo gerar defeito tipo trincas de laminao, a partir da

    marca deixada na barra, no caso de aderncia de carepa e posterior queda, antes dos ltimos

    passes de laminao.

    A tabela 3.1 apresenta os testes executados, de forma a simular condies prticas de

    trabalho, com o objetivo de quantificar o impacto destas variaes no resultado de rejeio

    superficial e quantidade de defeitos por pea.

    Tabela 3.1: Resumo dos ensaios realizados.

    Teste Parmetro Detalhe

    Condicionamento superficial dos tarugos

    Esmerilhamento total Remoo superficial completa das quatro faces e cantos dos tarugos.

    Sem condicionamento Aplicao na laminao na condio bruta de lingotamento.

    Temperatura de laminao

    880C

    Temperatura de laminao no trem acabador, mantendo-se no desbaste e trem intermedirio as mesmas condies de laminao.

    930C

    840C

    915C

    Remoo de carepa

    175 Bar Presso de gua aplicada nos bicos do descarepador, mantendo-se constante a distncia dos bicos de asperso do descarepador em relao face dos tarugos. 209 Bar

    85 mm Distncia dos bicos de asperso do descarepador em relao s faces do tarugo, mantendo-se a presso de gua constante. 140 mm

  • 26

    A configurao da laminao dos tarugos quadrados de 240 x 240 mm de 8 metros,

    para obteno de barras laminadas redondas de 101,60 mm de dimetro ocorre conforme

    apresentado na tabela 3.2:

    Tabela 3.2: Configurao de laminao da barra redonda de 101,60 mm.

    Trem Tipo Caracterstica Equipamento N Passes

    Perfil

    Desbaste Uma cadeira duo reversvel

    Fabricante: M&N/GKN Tipo: Baby Blooming Compresso: at 400 t Velocidade mxima: 2,5 m/s

    - 9 - Quadrado - Losango

    Intermedirio duas cadeiras trio horizontais

    Fabricante: M&N/GKN Compresso: at 200 t Velocidade mxima: 1,8 m/s

    1 cadeira 2 - Chato - Quadrado

    2 cadeira 2 - Oval - Falso Redondo

    Acabador

    duas gaiolas duo em linha, vertical e horizontal

    Fabricante: Danieli Velocidade: de 0,3 a 1,0 m/s

    1 gaiola 1 - Oval

    2 gaiola 1 - Redondo

    Para determinao dos defeitos encontrados foi realizada a caracterizao

    metalografica no Laboratrio Metalrgico da Unidade Siderrgica de Charqueadas, atravs de

    microscpio ptico Olympus BX60M, e analisador de imagens LEICA QWINV3. As

    amostras foram preparadas para anlise segundo procedimento de metalografia com desbaste

    seguindo a seqencia 120, 320 e 600 grid e polimento em feltro com pasta de diamante 7 e 1

    m. Para revelar a microestrutura, as amostras foram atacadas com soluo Nital 2%.

    3.2 Teste de condicionamento superficial

    Rizzo (2007) designa por condicionamento de matria-prima para a laminao o

    conjunto de atividades realizadas com o intuito de remover defeitos superficiais, internos, de

    forma e dimensionais dos produtos a serem laminados. Considerando as atividades de

    condicionamento de matria-prima com o objetivo da melhoria superficial do produto final,

    atividades como escarfagem retirada de camada da superfcie do material atravs de

    maaricos e esmerilhamento remoo de pequena camada superficial atravs de rebolo

    abrasivo so comumente utilizadas (VILELA 2007).

  • 27

    A matria-prima aplicada atualmente para a produo do material em estudo no

    presente trabalho um tarugo quadrado proveniente de lingotamento contnuo, com

    dimenses de 240 x 240 mm e comprimento de 8 metros, sem condicionamento superficial.

    Com o intuito de quantificar o impacto dos defeitos superficiais prvios dos tarugos no

    resultado final da laminao, dividiu-se uma corrida do ao SAE 1043 em duas ordens de

    produo, aplicando-se em uma das ordens o condicionamento superficial dos tarugos atravs

    do esmerilhamento total das quatro faces. A outra ordem de produo no recebeu

    condicionamento, sendo aplicada na condio bruta.

    O esmerilhamento total foi realizado em esmerilhadeira automtica Centro Maskin,

    com remoo via rebolo abrasivo gro 12, com fora de 1000 kg. A camada removida em

    cada face de aproximadamente 1,5 mm de profundidade.

    As ordens de produo foram laminadas em seqncia, com os mesmos parmetros de

    reaquecimento temperatura, tempo e atmosfera do forno e mesma condio de

    descarepao.

    O Forno de reaquecimento do tipo walking beam, do fabricante Bendotti, divido em

    trs zonas pr-aquecimento, aquecimento e encharque, e utiliza como combustvel gs

    natural.

    3.3 Teste de temperatura de laminao

    O reaquecimento , conforme Blain (1964), a etapa do processo de laminao a quente

    que exerce importante papel tanto para o bom desenvolvimento da operao de laminao do

    ao quanto para a qualidade superficial e interna do produto final, e torna-se ainda mais crtica

    quando se leva em conta as perdas de temperatura que ocorrem em um trem aberto ou semi-

    contnuo (RIZZO 2007), devido a necessidade de manuseio do material e dependncia da

    habilidade operacional, e ainda considerando-se possveis interrupes do processo.

    Com o objetivo de determinar a influncia da temperatura de laminao, dividiu-se

    uma corrida de tarugos em dois grupos de 8 e 9 peas, de forma que as condies de

    lingotamento fossem iguais. Estes tarugos no receberam condicionamento superficial.

    Realizou-se o enfornamento para reaquecimento dos tarugos em seqncia, com os mesmos

    parmetros de reaquecimento temperatura, tempo e atmosfera do forno e mesma condio

    de descarepao.

  • 28

    As etapas de desbaste e intermedirio foram executadas conforme ritmo de produo,

    para os dois grupos de tarugos da corrida. Processou-se o primeiro grupo de tarugos da

    corrida 8 tarugos, sendo laminado no trem acabador na temperatura de aproximadamente

    930C. O segundo grupo de tarugos 9 tarugos foi laminado normalmente nas etapas de

    desbaste e intermedirio e, a partir deste momento aguardou-se que a temperatura destes

    tarugos atingisse 880C, e ento as peas seguiram para o trem acabador.

    Ainda outra corrida de lingotamento foi dividida em dois grupos, de 10 e 11 tarugos,

    sendo os 10 primeiros laminados em ritmo normal de laminao, atingindo temperatura de

    aproximadamente 915C, e o grupo com 11 tarugos recebeu o mesmo tratamento do primeiro

    teste ritmo normal no desbaste e trem intermedirio e parada em frente ao trem acabador

    neste caso, at aproximadamente 840C.

    Com esta configurao de teste, partiu-se da temperatura atingida pelo ritmo normal

    de laminao, em torno de 920C, e reduziu-se a temperatura para alguns tarugos, 880C e

    840C, situao que pode ocorrer na prtica por variao de ritmo devido a problemas

    operacionais ou de manuteno.

    Objetiva-se quantificar os impactos das variaes no processo devido ao laminador

    de configurao semi-contnua na rejeio superficial e quantidade de defeitos por barra.

    3.4 Teste de remoo de carepa - descarepador

    Frick (2009) observa que a demanda por produtos de qualidade e aumento de

    produtividade tem gerado o desenvolvimento de sistemas mais eficientes de descarepao

    hidrulica. No processo de descarepao, a remoo do xido ocorre atravs de dois

    mecanismos: (1) tempera local da superfcie, gerando tenses trmicas entre o xido e a

    superfcie do material e (2) fora dinmica imposta pelo jato dgua. O valor da fora de

    impacto o principal fator de remoo da carepa (KOTRBCEK 2004).

    Considerando-se que a fora de impacto o parmetro dominante no processo de

    descarepao, a equao 1, que expressa este parmetro pela relao entre fora do jato e a

    rea sob a qual a fora aplicada [N/mm2], indica que quanto menor a rea maior ser o

    impacto (FRICK 2004).

  • 29

    [1]

    Portanto, o impacto depende da (1) rea sob o jato, (2) ngulo do bico, (3) vazo e

    presso de gua e (4) altura do jato, sendo que estes parmetros apresentam um efeito linear

    sobre o impacto, com exceo da altura que exerce influncia exponencial. Conclui-se que,

    devido a esta influncia, a altura do jato o parmetro mais efetivo (FRICK 2009).

    A partir de uma corrida de ao SAE 1043, criaram-se dois grupos de tarugos com 8

    peas cada um, e em cada um destes grupos trabalhou-se com presses do jato dgua

    diferentes. Estes tarugos no receberam condicionamento superficial.

    O descarepador utilizado da marca Procome, modelo PF-190/50, com presso de 240

    Bar e vazo de 220 l/min.

    No grupo 1, utilizou-se presso do descarepador em aproximadamente 209 Bar e no

    grupo 2 manteve-se a presso em torno de 175 Bar. Como se realizou nos testes anteriores, o

    enfornamento para reaquecimento dos tarugos ocorreu em seqncia, mantendo-se os mesmos

    parmetros de reaquecimento temperatura, tempo e atmosfera do forno - para os dois grupos

    de peas da corrida.

    No segundo teste realizado envolvendo a remoo de carepa, duas corridas de

    lingotamento foram divididas em dois grupos cada uma. A primeira corrida gerou dois grupos

    de 9 tarugos, e na segunda corrida os grupos formados foram de 8 tarugos cada.

    Manteve-se constante a presso do jato dgua, e variou-se a distncia altura - dos

    bicos de asperso das faces do tarugo. Repetindo-se o teste de impacto da altura do jato nas

    duas corridas.

    Variou-se a altura dos bicos atravs da seleo dos anis de bicos do descarepador. O

    equipamento possui dois anis de diferentes alturas, destinados a diferentes bitolas de tarugos.

    A configurao apresentada na figura 3.2 usualmente destinada a bitolas de tarugos de 150 a

    180 mm. Na figura 3.3 apresenta-se o anel usualmente utilizado nas bitolas de 240 mm.

  • 30

    Figura 3.2: Anel do Descarepador destinado s bitolas de 150 a 180 mm.

    Figura 3.3: Anel do Descarepador destinado s bitolas de 240 a 260 mm.

    Destaca-se que o ao em estudo no possui caractersticas qumicas para grande

    aderncia de carepa, porm ainda assim verificou-se expressivo resultado de qualidade

    superficial nos testes realizados.

    Avaliaram-se os resultados dos testes descritos anteriormente atravs do comparativo

    entre o percentual de rejeio superficial e nmero de defeitos por pea nas duas condies

  • 31

    testadas para cada parmetro (condicionamento superficial, temperatura de laminao e

    remoo de carepa).

  • 32

    4. RESULTADOS E DISCUSSO

    4.1 Teste de condicionamento superficial

    A figura 4.1 apresenta o resultado do teste de condicionamento superficial dos tarugos

    provenientes do lingotamento contnuo, demonstrando como varivel resposta: (1) Relao

    entre a Rejeio Superficial, ou seja, quantas barras apresentaram defeito superficial do total

    de barras da ordem de produo, nas duas condies testadas; e a (2) Quantidade de Defeitos

    por Barra, indicando quantos defeitos superficiais cada barra rejeitada apresentou em mdia.

    Os defeitos apresentados no material com condicionamento superficial dos tarugos,

    conforme caracterizao em laboratrio foram dobras e escamas de laminao, indicando que

    defeitos oriundos dos tarugos provavelmente foram eliminados pelo esmerilhamento total.

    Os tarugos aplicados na condio bruta de lingotamento tiveram seus defeitos

    caracterizados como escamas de laminao e trincas de aciaria. O material com

    esmerilhamento total dos tarugos apresentou menor rejeio superficial e os defeitos com

    menor profundidade mdia, quando comparados com a ordem de produo em que os tarugos

    no receberam condicionamento.

  • 33

    Figura 4.1: Resultado do teste de Condicionamento Superficial dos Tarugos.

    O nmero de defeitos superficiais por barra no correspondeu ao tipo de

    condicionamento superficial realizado nos tarugos, ou seja, o material com esmerilhamento

    total de superfcie apresentou na mdia 3,1 defeitos por barra, enquanto a aplicao de tarugos

    brutos do lingotamento apresentou 2,2 defeitos por barra.

    Como se trata de mesma corrida, e por conseqncia semelhantes condies de

    lingotamento, e considerando-se que o enfornamento das duas condies de tarugos foi

    efetuado em condies semelhantes, mesmo sendo a laminao em seqncia, provvel que

    o fato de elevado nmero de defeitos na condio de preparao dos tarugos deva-se a alguma

    ocorrncia operacional durante a laminao, seja de ajuste ou desgaste nos laminadores, seja

    por mudana operacional nas cabines de comando.

    Fica evidente que o condicionamento superficial exerce influncia positiva no

    desempenho superficial do material durante a inspeo, atravs da eliminao de defeitos e

    marcas superficiais existentes nos tarugos, comprovando-se os dados da literatura citados por

    Rizzo (2007) e Lim (2000).

    Porm, apesar da evidente melhora nas condies superficiais, o processo de

    esmerilhamento dispende tempo, aumentando o tempo total de produo, e agrega custo ao

    produto. Desta forma, fazem-se necessrias aes no lingotamento do ao, e fim de buscar

    melhores condies superficiais nos tarugos brutos, e controle rigoroso dos parmetros de

    reaquecimento e laminao que, como demonstrados na seqncia deste trabalho, tem forte

  • 34

    influncia na gerao de defeitos, mas tambm na eliminao de defeitos superficiais pr-

    existentes nos tarugos brutos.

    4.2 Teste de temperatura de laminao

    Na tabela 4.1 apresentam-se as temperaturas de cada tarugo do primeiro teste, em C,

    obtidas no pirmetro localizado prximo tesoura de desponte. Observando-se que, dividiu-

    se a corrida em dois grupos de 8 e 9 tarugos.

    Tabela 4.1: Temperatura de Laminao antes do Trem Acabador, teste 1 (T1), oC.

    1 2 3 4 5 6 7 8 9

    Grupo 1 923 931 930 935 938 930 936 934 -

    Grupo 2 880 882 882 881 875 885 880 885 878

    Observa-se na figura 4.2 o resultado do teste de variao de temperatura de laminao

    durante o trem acabador. Mantem-se a considerao das variveis respostas do teste anterior:

    (1) Relao entre a Rejeio Superficial das condies testadas e (2) Quantidade de Defeitos

    por Barra.

    Figura 4.2: Resultado do Teste 1 de Temperatura de Laminao no Trem Acabador.

  • 35

    A rejeio superficial apresentou-se mais elevada em situao de laminao com

    temperatura em torno de 880C, com diferena para a condio de temperatura em

    aproximadamente 930C de 5,3%. Analisando-se a quantidade de defeitos superficiais, os

    resultados apresentam-se contrrios em relao rejeio superficial, ou seja, durante a

    laminao em temperatura mais elevada - 930C o material apresentou significativamente

    mais defeitos por barra, 6,2 defeitos em mdia, frente aos 4,3 defeitos por barra apresentados

    pela condio de laminao temperatura de 880C.

    Como, em ambas as condies de temperatura testadas, os tarugos estavam em estado

    bruto de lingotamento e a caracterizao de defeitos via laboratrio indicou, para todas as

    amostras nas duas condies, a ocorrncia de trincas de aciaria, a elevada diferena de

    defeitos por barra provavelmente est ligada condio superficial dos tarugos e no a

    variao de temperatura durante a laminao no trem acabador.

    No teste de condicionamento superficial observamos a melhora do desempenho

    superficial das barras quando obtidas a partir de tarugos esmerilhados, ou seja, a eliminao

    da camada superficial dos tarugos brutos resultou em ganho de desempenho do material. O

    que se observa com relao temperatura de laminao condiz com as afirmaes de Blain

    (1964) e Rizzo (2007), quando afirmam que a temperatura, alm de facilitar o processo de

    laminao, tem forte influncia na gerao de defeitos superficiais e na sua eliminao ou

    reduo quando considerados os defeitos pr-existentes nos tarugos.

    Os resultados aqui obtidos demonstram que para temperaturas mais elevadas,

    considerando-se as semelhantes condies de laminao aplicadas aos dois grupos de tarugos

    da corrida, o impacto dos defeitos pr-existentes nos tarugos foi minimizado quanto

    consideramos a rejeio superficial, embora se observe que a quantidade de defeitos por pea

    no apresente esta influncia.

    Na tabela 4.2 demonstra-se das temperaturas praticadas no segundo teste de qualidade,

    em C, obtidas no pirmetro prximo a tesoura de desponte.

    Tabela 4.2: Temperatura de Laminao antes do Trem Acabador, teste 2 (T2), C

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

    Grupo 1 921 941 937 900 898 932 932 908 888 916 -

    Grupo 2 848 846 841 850 833 857 839 837 838 823 821

    No segundo teste, como esperado e seguindo os resultados do primeiro teste, a rejeio

    superficial apresentou-se mais elevada em situao de laminao com temperatura mais baixa,

  • 36

    em torno de 840C, neste teste com expressiva diferena de rejeio superficial, conforme se

    apresenta na figura 4.3.

    Observando-se a quantidade de defeitos superficiais, os resultados apresentam a

    mesma tendncia, ou seja, maior nmero de defeitos superficiais por pea apresenta-se na

    parte da corrida laminada em temperatura mais baixa, em torno de 840C.

    Figura 4.3: Resultado do Teste 2 de Temperatura de Laminao no Trem Acabador.

    Considerando agora os resultados do segundo teste de temperatura no trem acabador,

    fica evidente a importncia da temperatura de laminao para a melhoria de desempenho

    superficial do ao, observando-se que a caracterizao dos defeitos de ambas as condies do

    segundo teste, assim como no primeiro, foi de trincas de aciaria.

    Comparativamente, e considerando-se que os testes realizados por Lim et al (2000)

    quanto temperatura de aquecimento elevaram a temperatura de laminao, pode-se verificar

    atravs da figura 4.4, que demonstra o resultado da rejeio superficial dos testes 1 e 2,

    respectivamente, com a figura 4.5 que, demonstra os resultados obtidos por Lim et al (2000),

    que os resultados aqui obtidos seguem a tendncia observada na referida literatura.

  • 37

    (a) (b)

    Figura 4.4: (a) Resultado primeiro teste de temperatura; (b) Resultado do segundo teste de

    temperatura de laminao.

    Figura 4.5: Resultado encontrado por Lim et al (2000)

    4.3 Teste de remoo de carepa - descarepador

    Na tabela 4.3 apresentam-se as presses aplicadas na descarepao de cada tarugo, em

    Bar, obtidas atravs de controle supervisrio. Observando-se que, dividiu-se a corrida em dois

    grupos de 8 tarugos.

  • 38

    Tabela 4.3: Presses aplicadas na remoo de carepa, Bar

    1 2 3 4 5 6 7 8

    Grupo 1 209 207 210 210 209 209 212 207

    Grupo 2 175 173 177 176 176 176 175 177

    Observa-se na figura 4.6 o resultado da variao de presso na retirada de carepa dos

    tarugos brutos de lingotamento. Novamente, consideram-se as variveis respostas: (1)

    Relao entre a Rejeio Superficial, ou seja, quantas barras apresentaram defeito superficial

    do total de barras da ordem de produo, nas duas condies testadas; e a (2) Quantidade de

    Defeitos por Barra, indicando quantos defeitos superficiais cada barra rejeitada apresentou em

    mdia.

    Figura 4.6: Resultado do teste de Descarepao Hidrulica.

    A queda de 3% na rejeio superficial, a partir da aplicao de maior presso durante a

    remoo da carepa, embora pequena, torna-se interessante quando se considera a queda na

    quantidade de defeitos superficial mdia apresentada por barra. Os defeitos apresentados, nas

    duas situaes, so de origem laminao, a saber, dobra, trinca e escamas, e mesmo no caso

    de menor presso na descarepao, no houve ocorrncia de defeito do tipo incrustao de

    carepa. Lembrando-se que o enfornamento e laminao ocorreram em seqncia, e trata-se de

    mesma corrida em Aciaria, observa-se que a retirada ou no de carepa apresenta certa

    correlao com a formao de outros defeitos durante a laminao, lembrando que a carepa

  • 39

    que permanece aderida nos tarugos aps o reaquecimento laminada nos primeiros passes de

    laminao, nucleando defeitos superficiais (LIM 2000).

    No segundo teste de remoo de carepa realizado, objetiva-se quantificar a influncia

    da distncia altura do jato dgua do descarepador na melhoria do processo de remoo de

    carepa aps o reaquecimento.

    Na tabela 4.4, apresentam-se as presses aplicadas em cada grupo de tarugos, em Bar,

    indicando a distncia em que os bicos de asperso estavam da superfcie do tarugo.

    Tabela 4.4: Presses do descarepador, em Bar, para diferentes alturas de jato dgua, em mm

    Altura 1 2 3 4 5 6 7 8 9

    Corrida 1 Grupo 1 140 mm 231 230 229 230 230 231 229 230 230

    Grupo 2 85 mm 228 236 235 234 234 233 233 233 233

    Corrida 2 Grupo 1 140 mm 230 230 230 230 229 229 229 229 -

    Grupo 2 85 mm 233 232 232 232 231 232 232 232 -

    Desta forma, observa-se que a presso utilizada manteve-se constante, proporcionando

    boas condies de avaliao da influncia da altura dos bicos na remoo de carepa.

    Na figura 4.7, apresenta-se o desempenho superficial das barras laminadas referentes

    corrida 1.

    Figura 4.7: Resultado da corrida 1, quanto distncia dos bicos do descarepador.

  • 40

    A figura 4.7 demonstra a reduo da rejeio e nmero de defeitos por pea nas barras

    em que os tarugos foram descarepados com o jato dgua em menor distncia com relao

    sua superfcie.

    O desempenho superficial das barras da corrida 2 apresentado na figura 4.8.

    Figura 4.8: Resultado da corrida 2, quanto distncia dos bicos do descarepador.

    Rejeio superficial e quantidade de defeitos por barra apresentam-se melhores

    quando o tarugo foi descarepado com menor distncia dos bicos em relao superfcie dos

    tarugos, confirmando-se os resultados obtidos no teste realizado com a corrida 1.

    Evidente a influncia da distncia dos bicos na rejeio superficial e quantidade de

    defeitos por pea.

    Em ambos os testes realizados, envolvendo diferentes corridas, o desempenho

    superficial do material descarepado com menor altura distncia dos bicos do descarepador

    melhor, apresentando expressiva reduo da quantidade de defeitos superficiais por pea.

    Comparando-se a melhoria obtida com a variao da presso de descarepao frente

    aos resultados obtidos variando-se a altura dos bicos do jato dgua, demonstrados nas figuras

    4.7 e 4.8, percebe-se que o ltimo fator tem maior influncia sobre o resultado da

    descarepao, e por conseqncia, do desempenho superficial do material laminado.

  • 41

    Esta forte tendncia de melhoria do desempenho superficial com a variao da altura

    dos bicos do descarepador vai ao encontro dos resultados indicados por Frick (2009), quando

    este afirma que a altura dos bicos exerce influncia exponencial no impacto, e desta forma o

    parmetro mais efetivo com relao fora dinmica do jato impacto.

    (a) (b)

    Figura 4.9: (a) Resultado do teste de Presso do Descarepador; (b) Resultado dos testes de

    variao de altura dos bicos do Descarepador.

    Comparando-se na figura 4.9, considerando-se somente a rejeio superficial, a

    tendncia de reduo no ndice de defeitos assemelha-se aos resultados obtidos por Lim et al

    (2000), apresentado na figura 4.10, em seu estudo de otimizao de parmetros de processo

    para a melhoria da qualidade superficial, com relao remoo de carepa da superfcie da

    matria-prima de laminao.

  • 42

    Figura 4.10: Resultado encontrado por Lim et al (2000).

    4.4 Anlise dos defeitos superficiais encontrados

    De forma a ilustrar os defeitos superficiais encontrados nos diversos testes realizados

    ao longo deste estudo, apresenta-se na tabela 4.5 uma caracterizao representativa destes

    defeitos.

  • 43

    Tabela 4.5: Defeitos superficiais encontrados.

  • 44

  • 45

  • 46

    4.5 Snteses dos Resultados

    Na tabela 4.6 plota-se de forma resumida os resultados dos testes realizados durante

    este estudo, de forma a possibilitar ainda outras anlises com respeito aos seus resultados

    obtidos.

    Tabela 4.6: Resumo dos resultados obtidos.

    Testes Parmetro Rejeio superficial

    Quant. defeitos/ pea

    Profund. mdia

    Tipos de defeitos

    Condicionamento superficial dos tarugos

    Esmerilhamento total

    61,7% 3,1 0,34 mm Escamas, trincas de Laminao e dobra*

    Sem condicionamento

    70,2% 2,2 0,70 mm Escamas e trincas de Laminao

    Temperatura de laminao

    880C 84,6% 4,3 0,55 mm Trincas de Aciaria

    930C 80,1% 6,2 0,68 mm Trincas de Aciaria

    840C 87,5% 3,7 0,41 mm Trincas de Laminao e dobra

    915C 60,8% 2,6 0,32 mm Trincas de Aciaria e Laminao

    Remoo de carepa

    175 Bar 70,8% 5,3 0,35 mm Escamas

    209 Bar 68,7% 4,1 0,11 mm Trincas de Laminao e dobra

    85 mm 77,8% 2,1 1,24 mm Trincas de Laminao e dobras

    140 mm 88,9% 3,9 0,42 mm Trincas de Laminao

    85 mm 83,3% 2,8 0,21 mm Trincas de Aciaria e Laminao

    140 mm 89,6% 8,7 0,46 mm Trincas de Laminao

    *Gerou uma barra sucateada.

    Fica evidente a importante influncia de cada parmetro testado no desempenho

    superficial do material, observando-se que o condicionamento superficial dos tarugos resultou

    em um dos menores ndices de rejeio superficial.

    As temperaturas mais baixas no trem acabador apresentaram rejeies superficiais

    maiores, quando comparadas com tarugos da mesma corrida laminados em temperaturas mais

    elevadas.

  • 47

    Os dois testes realizados com relao remoo superficial de carepa demonstraram o

    impacto da efetiva eliminao do xido formado durante o reaquecimento, visto que maiores

    presses e menores distncias corresponderam importante reduo de rejeio superficial.

  • 48

    5. CONCLUSES

    O condicionamento superficial dos tarugos eliminou a ocorrncia de defeitos

    superficiais com origem na Aciaria e permitiu reduo de 12,1% na rejeio superficial;

    O processo de retirada da carepa oriunda do reaquecimento tem importante influncia

    na rejeio superficial;

    Conforme demonstrado neste estudo, a reduo de presso do jato dgua representou

    um aumento de 3% na rejeio superficial, reduzindo 22,6% quantidade mdia de defeitos

    por barra;

    Ainda no processo de descarepao, a aproximao dos bicos do descarepador com a

    superfcie dos tarugos representou uma reduo mdia de 9,5% na rejeio superficial dos

    defeitos, e 55% de reduo da quantidade mdia de defeitos superficiais por barr