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CRESCIMENTO E EMPREGO
RECUPERAR A ESPERANA
RELATRIO DE ATIVIDADES
XII CONGRESSO UGT LISBOA, 20-21 ABRIL 2013
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I. UMA INTERVENO ATIVA
Em 2009, quando realizou o XI Congresso, a UGT estava consciente da gravidade da crise
econmica e social que o Pas atravessava e, j nesse momento, alertava para a urgncia da
adoo de medidas de combate crise e de valorizao do trabalho.
Estabelecemos ento um programa de trabalho que sabamos ser ambicioso e difcil, mas que
considervamos fundamental para vencer os problemas e para responder quele que seriam o
grandes objetivos dos anos que se seguiriam o Emprego e o Crescimento econmico.
Definimos prioridades e assumimos compromissos em reas fundamentais como o emprego,
os rendimentos, a proteo social, as condies de trabalho, a negociao coletiva e o dilogo
social, o combate pobreza e s discriminaes, a Administrao Pblica e o Estado Social,
que constituram os pilares da nossa interveno ao longo destes ltimos quatro anos.
Porm, quando realizmos o nosso Congresso, apesar de estarmos conscientes dos
problemas da crise que h pouco tinha deflagrado, no eram ainda previsveis a sua dimenso
e a profundidade dos seus impactos econmicos e sociais, nem a interveno externa com que
iramos ser confrontados.
Tambm no era expectvel que, ano aps ano, a austeridade fosse levada ao extremo, com
consequncias muito negativas para os trabalhadores, pensionistas e cidados em geral, com
empobrecimento da populao e agravamento da pobreza e para o prprio crescimento
econmico. No era igualmente de esperar uma ao governativa com uma ausncia de
sensibilidade social e uma total submisso s polticas da Troika. A preocupao exclusiva tem
residido na consolidao das contas pblicas ignorando os efeitos de uma ultra austeridade na
economia real.
Estas dificuldades no impediram a UGT de se manter fiel aos compromissos assumidos
perante os trabalhadores e o Pas e aos seus valores fundadores. Pelo contrrio, aquelas
dificuldades reforaram ainda mais os nossos empenho e convico de que uma interveno
forte da UGT era mais do que nunca necessria, no sentido de atenuar os efeitos muito
negativos das polticas de austeridade e de provocar uma mudana de polticas, recentrando-
as nas pessoas e reorientando-as para o crescimento econmico e para o emprego, como a
UGT defendia j como prioridades no nosso anterior Congresso.
Assim, mantendo os traos que sempre nos orientaram a proposio, a negociao e o
dilogo a UGT defendeu intransigentemente as suas posies, fazendo-o:
Em sede de concertao social, onde os acordos subscritos visaram no s atenuar os
impactos adversos sobre os trabalhadores e sobre a negociao coletiva das polticas
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econmicas, como tambm introduzir matrias como o crescimento, o emprego ou as
polticas ativas de emprego na agenda tripartida;
Em sede de negociao coletiva, apesar de todos os obstculos e dificuldades decorrentes
da crise econmica, mas tambm da intromisso do Governo e da Troika em matrias da
responsabilidade dos parceiros sociais;
Por via do dilogo bilateral, na procura de consensos em relao a matrias centrais,
tendo-se mesmo acordado posies comuns a que apenas o Governo e a Troika se
opuseram;
Tambm atravs de greves e manifestaes sempre que estas foram consideradas
essenciais. Neste perodo a UGT efetuou duas Greves Gerais 24 de Novembro de 2010
e 24 de Novembro de 2011, em defesa de polticas de emprego e crescimento econmico
e do dilogo social;
Por via do dilogo institucional, tendo a UGT procurado expor com regularidade as suas
preocupaes e posies junto do Presidente da Repblica, da Assembleia da Repblica,
quer nas audies regulares, quer em reunies por ns solicitadas;
E, tambm em todas as organizaes nacionais e internacionais em que a UGT,
diretamente ou por via dos seus sindicatos, se encontra representada. Diga-se que, no
tendo negociado o Memorando de Entendimento nem nunca o mesmo ter merecido o
acordo da UGT, sempre nos batemos pelo direito ao acompanhamento e avaliao
daquele programa, tendo sabido impor o nosso papel como um parceiro social relevante, o
que permitiu um dilogo, mesmo ao mais alto nvel, com as instituies da Troika.
No obtivemos muitas vezes os resultados pretendidos, mas estamos convictos que a nossa
interveno permitiu travar uma agenda ultra liberal e de desregulao social do Governo e da
Troika, de que o aumento da meia hora de trabalho ou o aumento de 7% da TSU a suportar
pelos trabalhadores so meros exemplos, e atenuar os efeitos negativos sobre trabalhadores,
pensionistas, desempregados e sobre a populao em geral.
No Congresso de 2009, a UGT definiu como um dos seus objetivos o reforo e
desenvolvimento da sua ao nos diferentes sectores e empresas, promovendo uma maior
proximidade aos trabalhadores sindicalizados e no sindicalizados, mas tambm reforando o
trabalho junto de grupos mais vulnerveis como os desempregados, os imigrantes ou os
jovens.
Assim, ao longo destes 4 anos, a UGT promoveu um conjunto alargado de iniciativas e debates
sobre a arquitetura e organizao da UGT, visando melhorar o seu funcionamento e responder
mais eficientemente s preocupaes e expectativas dos trabalhadores.
5
Nesse quadro, de salientar a criao das Unies UGT, processo iniciado logo no final de
2009 e concludo em Setembro de 2010, o que permitiu reforar a interveno da UGT, criando
uma estrutura de coordenao e reforo da atividade dos Sindicatos a nvel regional, incluindo
em matria de sindicalizao.
No quadro de reorganizao sindical que se vem promovendo h vrios anos, registaram-se
desenvolvimentos importantes.
Desde logo, com a constituio de Federaes como a FEBASE, que agrupa os sindicatos do
setor bancrio e segurador, e da FESAP, na esfera da Administrao Pblica bem como
atravs da reestruturao da FETESE consolidando a interveno da UGT num conjunto
importante de sectores. Este um trabalho importante que dever prosseguir noutros setores,
sempre que os Sindicatos o considerem til.
Tambm neste perodo se verificou a fuso-extino de sindicatos, na tica de criar sindicatos
mais fortes e representativos, processo que foi objeto de acompanhamento e apoio por parte
da central e validado pelos seus rgos.
A UGT no pode deixar de reconhecer que, no obstante a forte preocupao e atuao na
rea dos trabalhadores autnomos, no foi ainda possvel concretizar a criao de uma
estrutura de representao destes trabalhadores, pelo que esta dever continuar a ser uma
prioridade para o prximo futuro.
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II. POLTICA REIVINDICATIVA
1. A CRISE ECONMICA
O risco de uma espiral recessiva
Apesar de perodos ligeiramente distintos, poder-se- referir que, nestes ltimos 4 anos, a
evoluo da economia portuguesa decorreu num contexto de forte restritividade das condies
monetrias e financeiras e de uma poltica oramental fortemente contracionista, como h
muito o nosso Pas no enfrentava.
Aps o perodo de convergncia com a Unio Europeia, que ocorreu desde a adeso de
Portugal em 1986 at ao final dos anos 90, estes ltimos 12 anos tm sido marcados por um
percurso de divergncia continuada do nosso Pas face Unio Europeia, com o PIB nacional
a afastar-se lenta, mas progressivamente da mdia comunitria.
Nesta ltima dcada (2002-2012), a taxa mdia de crescimento do PIB foi nula, enquanto a
mdia comunitria foi de 1.2%. Nestes ltimos 5 anos, a nossa economia portuguesa registou,
de forma global, um ciclo recessivo.
Aps um ano de estagnao (2008), tivemos dois anos de recesso, com o PIB a cair 2.9% em
2009 e 1.6% em 2011. Em 2010, temos de assinalar uma recuperao do PIB na ordem dos
1.4%. Prev-se ainda a diminuio do PIB para 2012 e 2013 (OE2013), com valores de 3.2% e
1.0%, respetivamente. Aps uma diminuio do PIB maior do que a esperada em 2012 (-3.2%,
quando o previsto no OE2013 era de 3%), para 2013 as ltimas previses tambm se
agravaram. Depois da 7 Avaliao da Troika, o Governo prev agora uma quebra do PIB de
2.3%, quando no OE2013 essa previso era de -1%. Ou seja, temos 4 anos consecutivos de
reduo real do produto interno e da riqueza nacional.
Quadro 1 Evoluo do PIB em Portugal e na UE (2000-2013)
%
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
UE27 3,9 2,2 1,3 1,4 2,5 2,0 3,3 3,2 0,3 -4,3 2,1 1,5 -0,3 0,1
Portugal 3,9 2,0 0,7 -0,9 1,6 0,8 1,4 2,4 0,0 -2,9 1,9 -1,6 -3,2 -1,9
Fonte: Comisso Europeia, European Economy, Winter 2013
Em 2009, a economia gerava um PIB per capita equivalente a 80% da mdia comunitria (em
paridades de poder de compra), valor que baixou para os 77% em 2011. Durante estes anos,
Portugal foi inclusive superado, no que ao indicador PIB per capita concerne, por alguns pases
mais recentemente entrados na UE (ltimo alargamento).
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Foi assim posto em risco um dos grandes objetivos assumidos aquando da nossa adeso UE
o da convergncia dos nossos nveis de riqueza e de bem-estar com o dos pases mais ricos
e desenvolvidos dessa mesma zona.
Um dos traos mais marcantes e preocupantes desta crise econmica foi certamente o forte
aumento do desemprego, que hoje atinge nveis desconhecidos no nosso Pas.
Consolidar as contas pblicas, com crescimento econmico
Ocorreu uma deteriorao das contas pblicas na sequncia da crise internacional de 2008
acrescida de uma presso muito forte da Unio Europeia quanto imprescindibilidade e
urgncia da consolidao oramental no espao comunitrio, em especial em pases como
Portugal onde se registaram fortes aumentos do dfice oramental e dvida pblica
A perceo de risco por parte dos mercados internacionais em relao nossa economia
aumentou fortemente a partir do 2 semestre de 2010, tornando extremamente difcil o
financiamento de Portugal, levando a sucessivos programas de estabilidade financeira (PEC) e
finalmente ao pedido de assistncia financeira internacional.
Quadro 2 Evoluo da dvida pblica e dfice oramental (em % do PIB)
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Dfice Oramental -4,3 -2,9 -3,0 -3,4 -6,5 -4,6 -3,1 -3,6 -10,2 -9,8 -4,4 -5,0
Divida Pblica 51,2 53,8 55,9 57,6 62,8 63,9 68,4 71,7 83,2 93,5 108,1 120,0
Fonte: GPEARI do Ministrio das Finanas
O crescimento ocorrido em 2010 foi maioritariamente impulsionado pela dinmica do mercado
interno, traduzindo as polticas anti-ciclcas em resposta crise financeira internacional de
2008-2009 e que tiveram por objetivo defender o emprego, promover o investimento e
assegurar uma adequada proteo social s pessoas mais afetadas pela crise.
A contrao de 2011 deve-se forte reduo da procura interna em resultado da perda de
rendimentos e de poder de compra dos trabalhadores, reformados e pensionistas e ao
aumento do desemprego. Aquele contributo negativo da procura interna para o PIB foi o mais
negativo e intenso registado desde 1975 e em 2011 a queda do consumo privado foi inclusive
superior do PIB.
Deteriorao do Investimento
Os anos mais recentes foram marcados por uma das mais fortes contraces do nvel de
investimento, fruto das restries e imposies oramentais da UE e da Troika. A dificuldade
persistente no acesso ao financiamento e ao crdito por parte das empresas, a falta de
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mercado interno e a perceo negativa por parte das empresas quanto ao futuro prximo tm
levado ao adiamento sucessivo de decises de investimento por parte de agentes econmicos.
O Investimento tem vindo a contrair-se desde 2008, estimando-se que o mesmo suceda em
2012/2013, prevendo o Governo que a FBCF se reduza em 14.1% e 4.2%, respetivamente. O
nvel de investimento, que apresenta hoje nveis claramente inferiores aos de uma dcada
atrs, ter consequncias que se iro repercutir pelos anos vindouros, afetando de forma
duradoira a competitividade de muitas empresas (e at a sua sustentabilidade) e pondo em
risco a retoma econmica e o emprego.
Para alm das dificuldades no acesso ao crdito, a falta de expectativas da procura interna tem
sido apontada pelas empresas como um dos principais fatores limitativos ao investimento. Em
2012 e 2013, a acentuada contrao da procura interna ser apenas parcialmente compensada
pela evoluo positiva das exportaes.
A aposta do Governo tem passado exclusivamente pelas exportaes, por via de uma reduo
dos custos salariais. Considerando importante dinamizar e promover as exportaes nacionais,
a UGT tem vindo ao longo destes anos a alertar para os riscos e injustias de uma estratgia
de recuperao econmica que no atenda, em simultneo, dinamizao da procura interna
e do mercado nacional.
A UGT bateu-se pela reprogramao do QREN de forma a que este pudesse colmatar alguns
dfices de investimento face conjuntura econmica adversa e ausncia de capitais pblicos
disponibilizados para esse efeito. Porm, a reprogramao foi feita num processo com fraca
participao dos parceiros sociais e em que os objetivos nem sempre foram claros.
Note-se alis que apesar de uma presena regular da UGT nas reunies das vrias estruturas
de acompanhamento, quer dos Programas Operacionais Temticos (Potencial Humano,
Valorizao do Territrio, Fatores de Competitividade - Compete), quer dos Programa
Operaes regionais (em cada NUT),o efetivo nvel e capacidade de participao e
envolvimento dos parceiros sociais permanecem insuficientes, o que dever ser melhorado no
prximo quadro financeiro.
2. PROMOVER O EMPREGO. COMBATER O DESEMPREGO
No seu XI Congresso, em 2009, a UGT elegera o combate ao desemprego como uma das
principais prioridades para os prximos anos, quer em termos de poltica reivindicativa, quer de
interveno da Central, tendo em conta que Portugal evidenciava j naquele momento um
desemprego crescente e com perspetivas de agravamento face da conjuntura nacional e
internacional.
A UGT defendeu e bateu-se intransigentemente por polticas orientadas para o crescimento
econmico e para o emprego, pela melhoria das polticas ativas de emprego, que incluem
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nomeadamente a formao profissional, pela criao de condies favorecedoras da
empregabilidade dos trabalhadores e desempregados.
Face incapacidade de resposta ao problema do emprego por parte do Governo no
surpreende a evoluo do mercado do trabalho nestes ltimos anos. Na ausncia de medidas
viradas para o crescimento econmico e o emprego e com um dos mais austeros oramentos
expectvel que a taxa de desemprego continue a subir nos prximos trimestres e
possivelmente, nos prximos anos.
O desemprego atingiu, no final de 2012, valores historicamente elevados com uma taxa de
desemprego de 15.7%, afetando 860.1 mil pessoas. De salientar que de 2000 para 2012, a
taxa de desemprego quase quadruplicou, tendo passado de 3.9% para mais de 15%.
De facto, para alm da ineficcia das polticas pblicas na promoo do emprego e no combate
ao desemprego, parece existir uma sobre-reao das empresas crise, motivada pela falta de
confiana no futuro, pela quebra de mercado e por dificuldades de financiamento, tendo as
empresas sistematicamente optado pelo despedimento, pela no renovao de contratos de
trabalho e at pelo encerramento de unidades ou servios.
Ao mesmo tempo, a populao ativa tem vindo a diminuir desde 2011, pondo em evidncia a
forte reduo de postos de trabalho disponveis, situao que dificulta a reinsero e a entrada
de jovens no mercado de trabalho e que leva os trabalhadores a desistirem da procura de
emprego ou mesmo a emigrarem.
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Quadro 3 Mercado de Trabalho
O agravamento do desemprego ao longo dos ltimos 4 anos s reforou a interveno da UGT
na defesa de outras polticas econmicas e de emprego.
A UGT introduziu em CPCS, e nomeadamente nos acordos subscritos em maro de 2011 e
janeiro de 2012, uma agenda de crescimento e de emprego, numa fase em que as contas
pblicas e a competitividade da economia marcavam o debate geral. Matrias como o reforo
das polticas ativas de emprego, a melhoria dos sistemas de formao inicial e contnua, o
reforo dos estgios profissionais, a certificao profissional, o sistema de reconhecimento e
validao de competncias ou o combate ao trabalho precrio foram algumas das muitas
matrias ligadas ao emprego que constam dos acordos tripartidos por interveno da UGT.
Porm, a poltica governativa foi centrada exclusivamente nos compromissos oramentais e o
emprego e crescimento questes ignoradas pelo Governo, mesmo face a medidas em que
assumira compromissos na CPCS.
Pelo seu peso e impactos crescente na sociedade, a UGT teve uma interveno muito ativa na
defesa de polticas de promoo do emprego dos jovens e na reduo do nvel de
desemprego. Para alm de uma atividade permanente e sistemtica da Comisso de
Juventude da UGT, a Central apoiou e participou desde o incio, nomeadamente aquando da
vinda da Delegao da Comisso Europeia a Portugal, na elaborao de um programa dirigido
aos jovens o Impulso Jovem (Plano Estratgico de Iniciativas Empregabilidade Jovem e
de Apoio s PME).
A UGT tem ainda participado, ao mais alto nvel, na Comisso de Coordenao e
Acompanhamento daquele Programa, que prev um conjunto de propostas de apoio
empregabilidade jovem e s pequenas e mdias empresas e divide-se em 3 eixos de atuao:
Estgios Profissionais, Apoio Contratao e ao Empreendedorismo e Apoios ao Investimento.
12
Nessa e noutras sedes, a UGT tem apresentado um conjunto de propostas de alterao ao
Programa, no sentido de reforar a sua efetividade e eficincia no terreno, sendo de registar
positivamente as recentes alteraes que vo, na generalidade, no sentido das propostas da
UGT.
A promoo da igualdade entre mulheres e homens no mercado de trabalho foi igualmente
outro desafio maior para a UGT como central e, em especial para a Comisso de Mulheres.
Dentro desta temtica, domnios como a insero no mercado de emprego, procurando atenuar
as disparidades entre a taxa de desemprego feminina e masculina, e a reduo do gap salarial,
a promoo de igualdade de oportunidades em termos de acesso e de carreira profissional
foram particularmente acompanhados pela UGT.
Procurmos sempre e, em todas as sedes, combater a precariedade laboral. Fizemo-lo no
Cdigo Contributivo da Segurana Social, ao propor que as empresas que usem trabalho
independente contribuam 5% para a segurana Social; fizemo-lo tambm por via das polticas
ativas de emprego, defendendo a contratao permanente como regra bem como a
obrigatoriedade de uma diferenciao positiva da contratao permanente sempre que esteja
tambm previsto o apoio contratao a termo.
A UGT esteve, ao longo de todo este perodo, fortemente empenhada no reforo das polticas
ativas de Emprego e na melhoria das respostas aos desempregados por parte dos Centros de
Emprego. Sempre valorizmos as polticas ativas de emprego apoio insero, apoio
contratao, formao de ativos e desempregados, especialmente em contexto de elevado
desemprego.
Fizemo-lo em sede de CPCS, ainda que o Governo tenha vindo a adiar sistematicamente um
conjunto de medidas acordadas, e tambm em todas estruturas em que participamos, sendo
de realar o Conselho de Administrao do IEFP, entidade responsvel pela execuo e
acompanhamento das polticas de emprego e de formao.
Defendemos a reestruturao dos Centros de Emprego e Formao do IEFP, mas opusemo-
nos veementemente tentativa do Governo de abrir portas privatizao do IEFP bem como a
uma reorganizao do servio pblico que tivesse na conteno de despesas o seu objetivo
central.
Batemo-nos por polticas ativas de emprego eficazes que respondessem s necessidades dos
desempregados, trabalhadores e empresas. Defendemos a sistematizao e coordenao de
medidas e novas polticas, mas recusamos outras, como a Vida Ativa, sem qualquer efeito
prtico na empregabilidade dos desempregados, traduzindo-se consequentemente em
desperdcio de recursos e levando desmotivao das pessoas.
A UGT participa atualmente num grupo do MEE criado j em 2013 e que tem como objetivo
racionalizar e sistematizar as medidas ativas de emprego, que procura otimizar os seus efeitos,
13
suprimindo medidas desnecessrias, redundantes, ou repetitivas e readaptando as demais por
forma a servirem pblicos especficos, com objetivos mesurveis, claros, prximos das atuais
necessidades do mercado de trabalho e dos desempregados.
Defendemos, em mltiplas sedes, uma verdadeira aposta na educao e qualificao dos
portugueses, nomeadamente por via de polticas de combate ao abandono escolar precoce,
pelo alargamento da escolaridade obrigatrio (j conseguido), por uma formao inicial de
qualidade e pela formao contnua de qualidade para os trabalhadores e desempregados,
matrias que inclumos tambm na agenda da CPCS e no CCCE.
A UGT tem participado em vrias estruturas nesta rea, nomeadamente na Comisso Sectorial
11 para a Qualidade na Educao e na Formao, no mbito do IPQ.
A UGT integrou ainda a Comisso de Acompanhamento da Iniciativa Novas Oportunidades e
do Sistema Nacional de Qualificaes, que foi criada com o intuito de monitorizar a
implementao daquela Iniciativa, tendo em conta a escala, exigncia e complexidade da
mesma. Esta comisso reuniu mensalmente entre 2010 e 2011.
A UGT tem estado empenhada nos trabalhos da CRAP - Comisso de Regulao de Acesso a
Profisses que tem vindo a reunir com uma periodicidade semanal desde Outubro de 2011 e a
quem compete acompanhar e avaliar a aplicao dos regimes de acesso a profisses, apreciar
e deliberar relativamente necessidade de rever regimes existentes, ou cuja preparao se
encontre em curso, e de preparar novos regimes de acesso a outras profisses, estipulando as
respetivas qualificaes profissionais especficas exigidas e ainda a eventual existncia de
reserva de atividade, descrevendo as atividades profissionais prprias da profisso em causa.
A UGT tem rejeitado o potencial afastamento dos parceiros sociais da discusso de matrias
como a regulao das profisses como poder ocorrer se se vier a concretizar a extino da
CRAP, como previsto no OE 2013.
De registar porm que muitos organismos tripartidos de natureza consultiva existentes na
esfera do emprego e formao ou no funcionaram ou no reuniram com a regularidade
devida, como o caso do Conselho Nacional de Formao Profissional, da Agncia Nacional
para a Qualificao, e nomeadamente os seus 16 Conselhos Sectoriais para a Qualificao.
Ter como objetivo para a Europa e tambm para Portugal o pleno emprego e um trabalho digno
deve continuar a ser um dos objetivos prioritrios do movimento sindical, principalmente face
ao perodo de crise em que vivemos e s presses sistematicamente colocadas aos
trabalhadores e ao emprego.
14
%
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Total da Economia
Variao Nominal 4,2 3,0 3,3 (2,8) 1,9 (2,4) 4,3 2,1 4,1 3,0 2,8 1,4 -0,8 n.d
Variao Real -0,2 -0,6 0,0 (-0,5) -0,5 (0,0) 2,0 -1,0 1,6 0,4 3,6 0 -4,5 -
Sector empresarial
Variao Nominal 3,7 2,7 3,7 (3,1) 2,3 (3,0) 4,3 2,9 5,1 3,3 1,6 1,8 1,0 n.d
Variao Real -0,7 -0,9 0,4 (-0,2) -0,1 (-0,6) 2,0 -0,2 2,6 0,7 2,4 0,4 -2,7 -
Funo Pblica
Variao Nominal 3,71 2,75 1,5 2,0 2,2 1,5 1,5 2,1 2,9 0,0 0,0 0,0
Variao Real -0,7 -0,9 -1,8 -0,4 -0,1 -1,6 -1,0 -0,5 3,7 -1,4 -3,7 -2,8
Fontes: Banco de Portugal, Ministrio das Finanas e Oramentos de Estado
Notas: Entre parntesis, valores ajustados dos efeitos directos da cedncia de crditos tributrios por parte das administraes pblicas.
Em 2003 e 2004, os Funcionrios Pblicos com salrios acima dos 1.000, no tiveram qualquer aumento salarial
Em 2011 e 2012 os Funcionrios Pblicos com salrios acima dos 1.500 sofreram cortes graduais:
Em 2012, os funcionrios pblicos ficam ainda sujeitos suspenso do pagamento do subsidio de frias e de Natal ou equivalentes
a) 3,5% sobre o valor total das remuneraes superiores a 1.500 e inferiores a 2.000;
b) Entre 3,5% e 10%, no caso das remuneraes iguais ou superiores a 2.000 at 4.165;
c) 10% sobre o valor total das remuneraes superiores a 4.165.
3. DEFENDER OS SALRIOS E PENSES
Apesar dos constrangimentos levantados pela crise econmica e muito especialmente pelo
Memorando de Entendimento com a Troika, a poltica de rendimentos continuou a ser uma
rea fundamental de interveno da UGT, atravs da negociao coletiva e da interveno
geral da UGT, nomeadamente em concertao social.
Todavia, a presso para a moderao salarial que se sentia em quase toda a Europa j em
fases precedentes, foi claramente exacerbada nestes anos mais recentes e muito
particularmente nos pases que, como Portugal, enfrentam problemas de crescimento
econmico, de desemprego e da crise da dvida soberana, e que esto sob interveno
externa.
Apesar da forte contestao da UGT e dos seus sindicatos, nomeadamente de duas greves
gerais, no foi possvel impedir muitas medidas do Governo e da Troika que tinham como
objetivos o de reduzir as despesas pblicas e de embaratecer os custos do trabalho.
Nestes anos, vivenciamos o corte de salrios dos trabalhadores do sector pblico, o corte de
penses, a suspenso do pagamento dos subsdios de frias e de natal para trabalhadores e
pensionistas, a imposio de taxas suplementares nos rendimentos do trabalho e o
agravamento da carga fiscal em geral e muito particularmente em sede de IRS.
Nos anos ltimos, o crescimento dos salrios tem sido extremamente baixo, quer no sector
privado, quer no pblico, dando origem a perdas de poder de compra muito acentuadas.
Na Administrao Pblica, as polticas salariais conduziram a perdas de poder de compra,
desde pelo menos 2001, fazendo-se sentir particularmente a partir de 2010. Tambm no
privado, o clima de austeridade, o contgio da Administrao Pblica, a presso generalizada
para uma conteno dos custos salariais ou ainda medidas impostas pela Troika, como a
limitao ao pagamento do trabalho suplementar tiveram impactos negativos sobre os salrios.
Quadro 4 Evoluo das Remuneraes
15
A histria recente tem demonstrado que a moderao dos salrios no s no conduziu a
melhores resultados econmicos (PIB e competitividade internacional) ou criao de
emprego, argumentos apresentados pelos que defendem esta estratgia, como, pelo contrrio,
tem acentuado as presses para a recesso econmica, retirando poder de compra aos
trabalhadores e gerando situaes de pobreza e deteriorao das condies de vida.
A UGT sempre rejeitou que os salrios fossem utilizados como varivel de ajustamento para
promover a competitividade. Sempre defendemos que a promoo da competitividade custa
de baixos salrios no s inaceitvel do ponto de vista social, como invivel a nvel
econmico e um caminho condenado ao fracasso, contribuindo para agravar ainda mais a
recesso econmica.
Nesse quadro, a UGT sempre teve uma interveno proativa, procurando promover uma
discusso sobre a melhoria dos novos fatores de competitividade como a qualificao das
pessoas, a inovao, o melhor funcionamento da Administrao Publica, que so essenciais
melhoria da produtividade e consequentemente dos salrios.
Salrio Mnimo
Nestes 4 anos, a evoluo do salrio mnimo fica certamente marcada pela posio de
intransigncia da Troika, numa primeira linha, mas tambm do atual Governo, quanto no
atualizao do salrio mnimo. De facto, a ltima atualizao ocorreu em janeiro de 2011, ainda
com o anterior Governo, tendo passado de 475 para 485, e no tendo sido assim alcanados
os 500, como se previa no mbito do acordo tripartido sobre o salrio mnimo subscrito em
2006.
Em 2011 e 2012, os trabalhadores que recebem o salrio mnimo, que correspondem a cerca
de 11% dos trabalhadores por conta de outrem, perderam 4.4% do seu poder de compra, o que
est tambm na base do agravamento da pobreza e da excluso.
Quadro 5 Valor e Crescimento do Salrio Mnimo
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
SMN () 334,2 348,0 356,6 365,6 374,7 385,9 403,0 426,0 450,0 475,0 485,0 485,0 485,0 V.Nominal (%) 5,0 4,1 2,5 2,5 2,5 3,0 4,4 5,7 5,6 5,6 2,1 0,0 0,0 V.Real (%) 0,6 0,5 -0,8 0,1 0,2 -0,1 1,9 3,1 6,4 4,2 -1,6 -2,8 -0,9*
Fonte: DGERT * Com base numa taxa de inflao prevista no relatrio do Oramento de Estado 2013
A UGT tem procurado, por vrias vias, promover o aumento do salrio mnimo.
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Exigimos que o tema do salrio mnimo fosse agendado em reunies da concertao social e
que o Governo elaborasse o relatrio tcnico anual. Apresentmos e defendemos as nossas
propostas de aumento anual; infelizmente os objetivos a que nos propusemos no XI Congresso
no foram possveis de realizar.
Procurmos construir uma soluo consensual que permita um aumento do salrio mnimo
para 500 ainda em 2013, considerando que esta uma questo de urgncia social. Estamos
em dilogo com os restantes parceiros sociais para alcanar aquela soluo, de forma a reunir
um consenso social e poltico em torno desta matria que permita uma posio forte face
intransigncia da Troika.
Temos em vrias ocasies, junto do Presidente da Repblica, do Primeiro-Ministro e em vrias
posies da UGT alertado para que o aumento do salrio mnimo ser essencial como meio de
promoo de uma maior equidade social, mas ainda para promover o mercado interno e,
consequentemente, o emprego.
Fiscalidade
Procurando responder aos compromissos que assumimos no nosso XI Congresso, a UGT
continuou a bater-se por uma poltica fiscal mais justa e equitativa, sustentada na
progressividade e na verdadeira capacidade contributiva.
Porm, nestes ltimos 4 anos, assistimos a um dos mais fortes aumentos da carga fiscal sobre
trabalhadores e pensionistas, no s por via da tributao direta, ou seja, do IRS, mas tambm
indireta, especialmente pelo aumento do IVA, que incidiu inclusive em bens essenciais. Tal
traduz-se numa reduo do rendimento disponvel e liquido das famlias, diminuindo ainda mais
o poder de compra de trabalhadores e pensionistas, j muito comprometido pelos cortes e
redues salariais anteriores.
A Lei do Oramento do Estado 2013 introduziu um brutal agravamento do IRS, sendo pouco
significativas as alteraes sobre outras formas de riqueza, como capital ou patrimnio, o que
pe em causa os princpios de progressividade e equidade que devem estruturar qualquer
sistema fiscal.
A UGT bateu-se contra esta injusta repartio de sacrifcios em vrias sedes- discusses em
CPCS, posies sobre as Propostas de Lei do OE, Poltica reivindicativa (anual) da UGT.
Assistimos ainda criao de uma Comisso para a reviso do IRC, facto que por si s
poderia ser at ser positivo, no fosse esta sustentada numa opo poltica de reduo
generalizada do IRC, que a UGT tem vindo a rejeitar. Com efeito, temos defendido a
possibilidade de alguma reduo do IRC mas apenas em situaes especficas relacionadas
com o reinvestimento do lucro, como novos investimentos, com a capitalizao das empresas e
com a promoo de emprego, e garantindo sempre equilbrio e equidade fiscal.
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A UGT tambm se bateu, quer no apoio Confederao Europeia de Sindicatos, quer a nvel
interno pela adoo de uma taxa sobre as transaes financeiras, como elemento de combate
especulao financeira. Neste domnio, registaram-se quer em Portugal quer na UE
desenvolvimentos positivos, ainda que insuficientes face aos desafios que temos pela frente.
4. DEFENDER O ESTADO SOCIAL, A MELHORIA DA ADMINISTRAO PBLICA
E O SECTOR EMPRESARIAL DO ESTADO
A Administrao Pblica constitui um setor fundamental pelo papel social insubstituvel de
satisfao de necessidades essenciais, de resposta s necessidades de cidados e empresas,
na redistribuio da riqueza criada e no desenvolvimento econmico e social insubstituvel,
tendo sido uma das importantes reas de interveno da UGT e dos seus sindicatos mais
diretamente envolvidos.
A crise veio demonstrar tambm o papel fundamental do Estado Social, o qual constitui a
garantia dos cidados de acesso a servios de qualidade na educao, na sade e na ao
social, e a indispensabilidade de uma segurana social de base pblica e universal.
No entanto, e em sentido inverso, assistimos neste perodo a um forte ataque Administrao
Pblica e aos seus funcionrios, face a um conjunto de polticas centradas exclusivamente na
reduo de custos oramentais.
Esta uma situao qual a UGT e os seus sindicatos se opuseram, manifestando porm
sempre a sua disponibilidade para uma discusso sria, realista e centrada naquela que deve
ser a real preocupao na prossecuo dos processos de reforma da Administrao Pblica: a
melhoria da sua gesto, do seu funcionamento e da sua eficcia.
Assistimos a uma poltica de cortes salariais e de reduo generalizada dos rendimentos dos
funcionrios pblicos e do sector empresarial do Estado, ao congelamento generalizado das
progresses e carreiras, ausncia de identificao das necessidades de formao ou
aperfeioamento e a um bloqueio negociao coletiva, o que tem gerado no somente um
clima de ausncia de motivao nos trabalhadores mas tambm uma deficiente gesto da
mquina pblica com reflexos negativos na qualidade dos servios para os utentes.
Se a tal acrescermos as opes em reas centrais como a sade, a educao e a segurana
social, assistimos a um conjunto de medidas recessivas que atingem em particular os
trabalhadores por conta de outrem, a classe mdia e a grande maioria das famlias
portuguesas.
Verificamos que se, no perodo imediatamente aps o anterior Congresso, assistimos a
avanos e negociaes importantes, como foi a que culminou com a assinatura do chamado
Acordo Coletivo de Carreiras Gerais, a postura do Governo nos anos mais recentes tem sido
extremamente fechada negociao e marcada pela imposio unilateral de medidas que
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exigem sacrifcios desiguais e insustentveis aos funcionrios pblicos, no obstante os
compromissos assumidos, inclusivamente em sede de concertao social, de promover a
dinamizao da negociao e da participao no setor.
As polticas que foram seguidas tm merecido forte oposio, tendo nomeadamente originado
a realizao de vrias greves no setor.
No entanto, a posio firme e o empenhamento negocial dos sindicatos da UGT permitiram
ainda assim alcanar alguns consensos importantes, como sucedeu no acordo assinado em
Junho de 2012 pela FESAP, em que alteraes em matrias importantes tais como o tempo de
trabalho ou a mobilidade interna foram conseguidas.
Igualmente importante foi a concretizao, no quadro desse acordo, de um Compromisso para
a Melhoria da Administrao Pblica, contemplando um conjunto de princpios a observar
futuramente em reas relevantes (reforo da negociao coletiva, estabilidade e simplificao
legislativa, qualificao dos trabalhadores em funes pblicas, mobilidade, sistema de
avaliao, modernizao, condies de trabalho).
Fortes preocupaes suscitam porm algumas reformas em curso, em que o dilogo se tem
revelado insuficiente, como a recente aprovao da Lei das Atividades do Sector Empresarial
Local, que vem de forma cega extinguir empresas, pondo em causa servios e postos de
trabalho, ou o Projeto de Decreto-Lei que visa estabelecer o novo regime do setor pblico
empresarial, em que a tnica colocada quase exclusivamente na reduo de despesas e num
maior controle oramental.
No quadro do Memorando de Entendimento, e no programa do Governo, est prevista uma
forte reestruturao do Estado e a privatizao de vrias empresas pblicas e de servios
pblicos essenciais.
A UGT no tem mantido uma posio de princpio contra as privatizaes, entendendo porm
que a defesa do interesse pblico exige que, em certos setores, a prestao do servio seja
assumida pelo Estado. o caso do servio pblico de televiso e, nesse quadro, temos
apoiada as vrias aes dos nossos sindicatos do setor.
Em todos os processos, a UGT tem-se batido para que as reformas sejam operadas com um
efetivo envolvimento dos sindicatos, de forma a assegurar o pleno respeito pelos direitos dos
trabalhadores, nomeadamente os consagrados pela negociao coletiva, o que nem sempre se
verificou, e obstar continuao das situaes de discriminao que tm sido impostas.
No pode deixar de ser salientado que a posio dos sindicatos UGT foi reforada com a
recente criao da FESAP e a sua consequente filiao na UGT, o que permitir no futuro
manter a UGT na linha da frente da defesa de uma Administrao Pblica de qualidade, com
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uma gesto mais eficiente e que constitua uma mais significativa mais-valia para os cidados,
para a economia e para o Pas.
5. DEFENDER A SEGURANA SOCIAL
No seu XI Congresso, a UGT elegia como prioridades na esfera da Segurana Social a defesa
de um sistema pblico e universal, a sustentabilidade financeira do regime contributo bem a
melhoria da proteo social, na linha do acordo tripartida que fora subscrito em 2006, tendo-se
mantido fiel queles compromissos ao longo destes 4 anos.
Certamente que a nossa interveno no deixou de ter presentes o quadro macroeconmico
adverso bem como os compromissos assumidos pelo Estado portugus perante entidades
internacionais.
Entendemos porm que existia alguma margem de manobra na implementao de medidas na
acordadas com a Troika na esfera da segurana social, a qual deveria ser usada para atenuar
os impactos adversos sobre as pessoas, por via de polticas e medidas consensualizadas entre
o Governo e os parceiros sociais.
Foi nesse quadro que encetmos, por exemplo, uma discusso sobre a reviso do subsdio de
desemprego imposta pela Troika, tendo sido possvel no s salvaguardar direitos adquiridos e
garantir princpios como o de emprego conveniente, como manter uma maior durao da
atribuio do subsidio de desemprego nos casos de trabalhadores mais idosos e/ou de longas
carreiras ou ainda reduzir o prazo de garantia para acesso s prestaes de desemprego.
Rejeitmos ainda que tivessem sido reduzidas vrias prestaes, como RSI ou abono de
famlia, numa perspetiva de mera conteno de despesas, sem atender s situaes
dramticas de muitas pessoas e famlias, especialmente atingidas pela crise.
Neste perodo, a UGT esteve ainda envolvida na discusso de algumas matrias decorrentes
de acordos tripartidos, destacando-se nomeadamente o Cdigo Contributivo da Segurana
Social, em que nos batemos, com sucesso, por questes como o reforo das
contraordenaes, o combate fraude e precariedade (v.g. a obrigao de pagamento de 5%
pelas empresas que contratem por via prestao de trabalho independente) ou ainda o
alargamento do subsdio de desemprego aos trabalhadores independentes e aos empresrios
em nome individual.
De igual modo, a UGT esteve empenhada na discusso das condies que permitissem a
acumulao de rendimentos de trabalho com o subsdio de desemprego, num quadro que
garantisse uma adequada proteo do trabalhador, nomeadamente perante a eventualidade de
novo desemprego.
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Foi tambm neste perodo que uma reivindicao de longa data da UGT, reiteradamente
defendida, foi finalmente consensualizada entre Governo e parceiros sociais, permitindo que os
estagirios abrangidos pelo programa estgios profissionais passassem a descontar para a
segurana social, podendo assim ver melhorada a sua proteo social.
Porm, poder-se- afirmar que, para alm de algumas discusses pontuais como as
anteriormente referidas, as matrias de Segurana social estiveram bastante ausentes da
agenda tripartida e do dilogo bilateral entre parceiros sociais e Governo.
Por insistncia da UGT, realizou-se em 2012 uma reunio de CPCS sobre o sistema de
Segurana Social, no tendo posteriormente havido continuidade nos trabalhos tripartidos. As
estruturas consultivas de organismos da segurana social como ISS, IGFSS, IISS e IGFCSS
no tm reunido regularmente neste perodo mais recente, pondo em causa o
acompanhamento que cabe aos parceiros efetuar.
Mais, o Conselho Nacional de Segurana Social cujo objetivo promover e assegurar a
participao dos parceiros sociais no processo de definio e de acompanhamento da
execuo da poltica de segurana social, bem como da concretizao dos objetivos do
sistema de segurana social no reuniu. Este foi extinto em 2011, tendo sido objeto de fuso,
sendo a sua misso prosseguida pelo Conselho Nacional para as Polticas de Solidariedade,
Voluntariado, Famlia, Reabilitao e Segurana Social, Conselho que tambm nunca reuniu.
A UGT nunca deixou de se bater pela operacionalizao e regular funcionamento daquelas
estruturas, defendendo que os parceiros sociais, nicos contribuintes para o regime
contributivo da segurana social, no podem ser afastados de um regular acompanhamento e
avaliao das polticas na esfera deste regime. Pelo contrrio, expressmos a nossa rejeio
perante alteraes assumidas unilateralmente pelo Governo, como foi o caso da suspenso do
regime de antecipao da idade de reforma sem penalizao.
6. DEFENDER QUE AS ALTERAES DA LEGISLAO DO TRABALHO
PRESERVEM OS DIREITOS SOCIAIS
O perodo desde 2009 foi marcado por sucessivas alteraes legislao laboral e, mais
especificamente, ao Cdigo do Trabalho, algumas das quais com fortes impactos nos direitos
dos trabalhadores.
Aps uma reviso de 2009 em que se tinham conseguido progressos significativos em matrias
como o combate precariedade, a introduo da arbitragem necessria ou o reforo do quadro
sancionatrio, o perodo que se seguiu teve uma tnica diversa, em que a matria laboral seria
abordada em quadros de discusso mais globais, como um dos fatores que condicionava as
matrias do crescimento e competitividade.
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Com a apresentao do Pacto para o Emprego em CPCS, em 26/05/2010, iniciava-se um
processo negocial que durou vrios meses e em que a UGT participou ativamente em sede de
CPCS, quer em grupos de trabalho quer nos plenrios.
Para a UGT, em matria laboral, era central uma discusso sobre o reforo das condies de
adaptabilidade das empresas, conciliando os interesses dos trabalhadores e dos
empregadores por via da negociao coletiva e diminuindo a precariedade excessiva existente
Esta foi uma discusso interrompida na sequncia da apresentao do PEC 3 e da
deteriorao do dilogo social, o que conduziu greve geral de 24 de Novembro de 2010.
Sendo retomada a dinmica de dilogo social, iniciar-se-ia a discusso do que viria a ser o
Acordo Tripartido para a Competitividade e Emprego, de 22 de Maro de 2011. Esta discusso
foi j marcada pela iminncia de um pedido de ajuda externa e, em matria laboral, pelo
consenso em torno de 3 matrias significativas; a reduo dos valores das compensaes por
despedimento para os novos contratos com a instituio simultnea de um fundo de garantia
das compensaes pago pelos empregadores; a alterao ao regime do lay off, com uma
flexibilizao das condies de utilizao, equilibradas por uma maior informao e consulta
aos sindicatos; a descentralizao organizada da negociao coletiva.
No tendo sido implementadas de imediato na legislao, estas medidas viriam a provar-se
essenciais ao conformar muito do contedo do Memorando de Entendimento nestas matrias,
negociado apenas 2 meses aps a assinatura do Acordo.
Na rea laboral, o Memorando negociado com a Troika era e continua a ser altamente negativo
para os trabalhadores, colocando a presso numa reviso da legislao laboral sentidas com a
tnica numa flexibilizao e individualizao dos regimes laborais e num aumento da
competitividade das empresas por via de uma reduo dos custos do fator trabalho, centrando-
se sobretudo em matrias como os despedimentos e o tempo de trabalho.
Tendo-se iniciado, no Vero de 2011, um processo negocial em sede de concertao social
com vista implementao das medidas do Memorando, verificou-se entretanto a
apresentao pelo Governo de medidas adicionais que teriam impactos extremamente
negativos para os trabalhadores, como era o caso do aumento do perodo normal de trabalho
dirio em meia hora, o que motivaria, juntamente com a incapacidade do Governo de manter
um dilogo srio com os parceiros sociais, nova greve geral em 24 de Novembro de 2011.
No fim de um longo e difcil processo de negociao, em que a UGT esteve fortemente
envolvida quer em sede de reunies em grupos de trabalho, quer nos plenrios de CPCS,
apresentando muitas propostas e reivindicaes, e aps ratificao pelo Secretariado Nacional,
a UGT subscreveu o Compromisso Tripartido para o Crescimento, a Competitividade e o
Emprego a 18 de Janeiro de 2102.
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Apenas as propostas apresentadas pela UGT, a sua participao ativa na CPCS e mesmo a
greve geral de 2011 permitiram o Compromisso de Janeiro de 2012, minimizando muitas das
propostas apresentadas, afastando o aumento da meia hora, evitando a flexibilizao dos
despedimentos, uma desregulao dos horrios de trabalho, minimizando a reduo das
compensaes por despedimento e garantindo a cobertura de parte das mesmas pelo fundo de
compensao do trabalho, e salvaguardando a negociao coletiva livre e independente pelos
sindicatos, via central para uma mais efetiva regulao das relaes de trabalho. Mais, o
carter global deste acordo, que em muito excede a legislao laboral,
A UGT no pode deixar de referir que, em muitas matrias, assistimos a um retrocesso
injustificado, que apenas encontra fundamento nas imposies que resultam do perodo de
ajustamento que atravessamos. A Troika manifestou uma forte intransigncia em muitas
matrias, inclusivamente em sentido contrrio aos compromissos assumidos em concertao
social, como se verificou no caso das compensaes por despedimento ou nas portarias de
extenso.
Temos presente que o Cdigo de 2012 um retrocesso face ao de 2009. No entanto, sem o
acordo teramos a imposio de medidas com efeitos muito mais negativos para os
trabalhadores.
A UGT avanou ainda com muitas propostas e reivindicaes em matrias importantes como o
combate precariedade, tendo, no obstante a secundarizao desta matria pelo Governo,
conseguido avanos importantes no reforo, direto ou indireto, da proteo dos trabalhadores.
Evolues positivas como o reforo da proteo social dos estagirios, a implementao da
obrigao de descontos de 5% para a segurana social por parte das entidades contratantes
no trabalho independente ou o alargamento daa proteo no desemprego para estes
trabalhadores foram resultado direto da ao reivindicativa da UGT.
Em matrias como os contratos especiais, assistimos a acordos importantes em reas como o
do trabalho porturio, sendo necessrio dar continuidade aos esforos no sentido de adequar a
legislao s situaes especficas dos trabalhadores e de alargar o mbito da legislao, de
forma a garantir uma maior proteo a um maior nmero de trabalhadores. No deixa de ser
significativo neste perodo o empenhamento da UGT para a acelerao do processo de
ratificao da Conveno sobre o trabalho domstico, o qual dever implicar uma atualizao
do normativo nacional, a qual h muito vimos defendendo.
23
Por fim, de assinalar que os processos de reviso da legislao laboral, quer no que
concerne ao Cdigo do Trabalho quer na restante legislao, foram processos amplamente
participados no seio da central, com intensa discusso nos seus rgos, o que permitiu reunir a
obteno consensos muito amplos. A tal no foi alheio o esforo desenvolvido no sentido de
garantir informao adequada aos sindicatos sobre os processos negociais e discusses mais
relevantes, garantindo o seu envolvimento por via da elaborao de documentos de trabalho e
notas informativas diversas, bem como, em diversos casos, por via da discusso dos projetos
de parecer a emitir.
7. PROMOVER AS CONDIES DE SADE E SEGURANA NO TRABALHO
A UGT ao longo deste quadrinio acompanhou ativamente, atravs do Conselho Consultivo
para a Promoo da Segurana e Sade no Trabalho, os programas e iniciativas nacionais ao
nvel das polticas de preveno no quadro do dilogo social. Neste mbito no podemos
deixar de salientar todo o trabalho de acompanhamento da implementao da Estratgia
Nacional para a Segurana e Sade no Trabalho.
A UGT tem participado desde 2004 nos trabalhos da Plataforma Laboral contra a Sida, dirigida
pela atual Coordenao Nacional para a Infeo VIH/SIDA.
Da mesma forma a UGT parceira no Frum Nacional lcool e Sade, que promove a adoo
de estilos de vida saudveis e combate o uso de substncias psicoativas. Neste mbito, a UGT
promoveu, recentemente, uma campanha que visa sensibilizar os sindicalistas e o pblico em
geral para a problemtica do uso e abuso de lcool e drogas em meio laboral.
Tambm ao nvel Europeu, a UGT tem acompanhado de forma empenhada as questes da
segurana e sade no trabalho no Comit Consultivo para a Sade e Segurana ( ACHS), na
Agncia Europeia para a Segurana e Sade no Trabalho
A UGT esteve ainda presente em inmeras iniciativas promovidas por entidades nacionais e
internacionais (conferncias, seminrios, cursos de formao), de que destacamos as
comemoraes anuais do 28 de Abril Dia Internacional dos Trabalhadores Mortos e
Incapacitados em Acidentes de Trabalho.
8. A INCLUSO SOCIAL
Pobreza e Desigualdades
A UGT defendeu polticas de reduo de pobreza e desigualdades sociais combatendo a
pobreza e excluso social em todas as sedes, o desenvolvimento de polticas que, no
garantem a todos os portugueses o direito proteo social, baseando-se na tentativa de
substituir direitos por assistencialismo e caridade. Todos aqueles que se encontram numa
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situao de pobreza precisam de instrumentos e mecanismos efetivos que lhes permitam sair
dessa condio de pobreza e no, como se de inevitabilidade se tratasse.
Em 2011 foram cortados 563 milhes de euros nas prestaes sociais (abono de famlia,
rendimento social de insero e subsdio de desemprego) este ato representou um custo social
gravssimo empurrando para a pobreza muitos daqueles que ficaram privados dessas
prestaes.
Outro indicador que merece especial ateno a taxa de risco de Pobreza. Em Portugal
verificamos que, antes de transferncias sociais, 42,5% da populao se encontra em risco de
pobreza, ou seja, aufere menos de 60% do salrio mediano nacional. S aps as transferncias
sociais que o problema consegue ser significativamente minorado, para a ordem dos 18%, o
que demonstra a absoluta e imperativa necessidade da manuteno do estado social na
sociedade portuguesa.
A Unio Europeia definiu a meta de reduo de 80 para 60 milhes de pobres at 2020, no
mbito da Estratgia Europeia 2020. Em Portugal, no mbito do Plano Nacional de Reforma
foram definidos compromissos e metas de reduo de 200 mil pessoas em situao de
pobreza at 2020. Esta reduo ser faseada: 2010-2013: 50 mil; 2014-2016: 75 mil e 2016-
2020: 75 mil.
Em 2009, a Assembleia da Repblica Portuguesa aprovou, por unanimidade, uma Resoluo
que determina a pobreza como um atentado aos Direitos Humanos resoluo que a UGT
apoiou.
A pobreza e a excluso social so o maior atentado dignidade Humana.
A UGT esteve representada na Comisso Nacional de Acompanhamento do Ano Europeu de
Combate Pobreza e Excluso Social 2010, criada por resoluo do Conselho de Ministros
25
n. 56/2009, de 2 de Julho de 2009, e subscreveu o Manifesto Contra a Pobreza, afirmando os
Princpios Orientadores e os Eixos Estratgicos em torno dos quais o Ano se desenvolveu.
Ainda em 2009, no decorrer dos preparativos para o Ano Europeu, a UGT, esteve presente
numa Conferncia em Bruxelas: Poverty between reality and perceptions: the communication
challenge, a 29 de Outubro. Iniciativa promovida pela Comisso Europeia.
Ainda no mbito do Ano Europeu e da Comisso Nacional de Acompanhamento, entre outras
iniciativas, a UGT foi promotora de um Estudo sobre Rendimento das Famlias Trabalhadoras
em Situao de Pobreza ou em Risco de Pobreza e Excluso Social Medidas Pblicas e
Privadas que visem reforar as condies de Incluso Social e Empregabilidade. Estudo
realizado pela DINMIA-CET sob orientaes da UGT.
fundamental oferecer s pessoas em situao de pobreza, nveis de rendimento suficientes
para terem uma vida digna e garantir uma base de rendimento estvel, de forma a que essas
pessoas possam planificar a sua vida e fazendo face s suas necessidades.
Em 2011, o atual Governo criou o Programa de Emergncia Social (PES) com o intuito de
acudir a situaes mais dramticas do ponto de vista social, ainda que sejam necessrias
outras polticas de integrao social do ponto de vista da UGT.
A UGT est representada em todas as Plataformas supraconcelhias do Pas, 28 no total, uma
por cada NUT III.
Est tambm representada nos Conselhos Locais de Ao Social, estruturas concelhias que
permitem um acompanhamento mais estreito das situaes sociais, locais.
A UGT esteve representada na Comisso Nacional do Rendimento Social de Insero-CNRSI,
sendo que o ultimo relatrio que nos foi enviado se refere a dados de Setembro de 2011. Foi
extinta, esta Comisso, com a Lei Orgnica do MSSS, Decreto-Lei n. 126/2011, de 29 de
Dezembro, prev-se a criao de um Conselho Nacional de Acompanhamento das Polticas de
Solidariedade, Voluntariado, Famlia, Reabilitao e Segurana Social, rgo consultivo em
que so fundidos sete rgos e estruturas. No entanto, este Conselho continua a aguardar a
definio da composio, competncias e o modo de funcionamento em diploma prprio.
Durante o presente mandato foi introduzida pelo anterior Governo, uma alterao ao Decreto-
Lei n. 70/2010, 16 de Junho, entrando em vigor a 1 de Agosto de 2010, alterando o acesso s
prestaes sociais de ndole no contributiva dependentes de os beneficirios satisfazerem a
condio de recurso, ou seja, de os rendimentos do agregado familiar onde o requerente se
insere no ultrapassar determinado valor definido por lei.
Benificirios do Rendimento Social de Insero (RSI): deve ser promovida a sua colocao em
postos de trabalho ou em trabalho socialmente necessrio, no envolvimento em aes de
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educao e formao profissional e em programas de formao de competncias bsicas. A
UGT, tem-se batido ao longo dos anos pela integrao profissional dos beneficirios com vista
sua plena integrao na sociedade.
Em 2012, o valor1 do limiar da pobreza era de 434 por ms.
Parece-nos inaceitvel a prossecuo de polticas de empobrecimento das pessoas e suas
famlias, nomeadamente por via da reduo indiscriminada de apoios sociais com objetivos
puramente oramentais. Sendo cada vez mais sentido o agravamento das desigualdades
sociais, da pobreza e da excluso.
Nota: Irlanda no disponibilizou dados
Fonte: Eurostat
Fonte: Eurostat
1 Valor convencionado pela Comisso Europeia e que corresponde a 60% da mediana do rendimento por
adulto equivalente de cada pas.
30,0
32,0
34,0
36,0
38,0
40,0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Evoluo do Grau de Desigualdade entre os 20% mais Pobres e os 20% mais Ricos em Portugal
Portugal
27
As desigualdades sociais so sinnimo de ameaa coeso nacional.
Os fatores explicativos das desigualdades em Portugal, so basicamente: Nvel de
escolaridade; condio perante o trabalho, tipo de vnculos; composio do agregado familiar e
grupo etrio.
A UGT defendeu, a aposta em polticas de longo prazo, educao e qualificaes e medidas de
emergncia para acudir ao desemprego, passando pela eficcia fiscal, aumentando a sua
abrangncia e a sua progressividade.
No entanto temos que considerar ainda, as ditas Famlias sandwich acima da linha de
pobreza, mas devido ao endividamento e a relaes de trabalho precrias acabam por ter mais
dificuldades do que as famlias pobres. No so considerados pobres, logo no tm direito a
nenhuma proteo social.
Portugal regista atualmente um valor de 10% de Working Poor, os trabalhadores esto a ser
atingidos de duas formas, desemprego e cortes nas prestaes sociais. Segundo dados do
INE, encontram-se em risco de pobreza, devido sobretudo aos baixos salrios e precariedade
laboral (contrato a termo, falso trabalho independente, trabalho temporrio).
2011 foi o Ano Europeu das Atividades de Voluntariado que Promovam Uma Cidadania Ativa
(EAV-2011), que teve como premissa que a cidadania ativa constitui um elemento chave de
reforo da coeso social e da consolidao da democracia.
UGT fez parte da Comisso Nacional de Acompanhamento do Ano Europeu do Voluntariado,
dando contributos acerca da sua posio sobre o voluntariado e participando em aes
relativas ao Ano.
O Parlamento Europeu e a Comisso Europeia declararam 2012 como o Ano Europeu do
Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Geraes (AEEASG). A UGT fez parte da
Comisso Nacional de Acompanhamento do Ano Europeu, onde participou em diversas
iniciativas relativas ao Ano quer em territrio nacional quer fora do Pas. Os valores
preconizados neste Ano Europeu so defendidos pela UGT e pela CES muito tempo.
A UGT esteve presente em Larnaca, Chipre 4 e 5 de Outubro, numa conferncia organizada
pela Confederao Europeia de Sindicatos no mbito do Ano Europeu: ETUC-FERPA-Youth
Committee conference: "EY2012", no sentido de serem dados contributos pelas organizaes
sindicais, para que fosse elaborado um Plano de Ao sobre o tema e posteriormente
apresentado em reunio do Comit Executivo da CES.
Portugal apresenta mutaes demogrficas de ampla escala e com importantes repercusses
sociais, econmicas e culturais. A evoluo demogrfica em Portugal no passado recente
caracterizou-se por um gradual aumento do peso dos grupos etrios seniores e uma reduo
28
do peso da populao jovem. Esta dinmica populacional aponta para uma transio
demogrfica sem precedentes na histria. A UGT, defende polticas de integrao geracional
que combatam a discriminao dos mais velhos e tambm dos jovens, sobretudo no acesso ao
mercado de trabalho.
No plano nacional constata-se que a taxa de pobreza em agregados com uma penso e com
mais de 65 anos de 35%, enquanto que a mdia na UE so de 17,9%.
Pessoas com Deficincia
A UGT, ao longo do presente mandato, pugnou por defender polticas de incluso para a
deficincia. Dando cumprimento ao programa de ao aprovado no ltimo Congresso.
A qualidade de vida e igualdade das pessoas com deficincia uma rea que tem merecido
muita ateno por parte da UGT, na defesa e promoo do valor da pessoa humana e de todos
os direitos dos cidados.
No entanto, a igualdade de oportunidades das pessoas com deficincia continua a ser uma
problemtica pertinente na prossecuo da valorizao da pessoa humana e dos direitos
humanos de todos os cidados. O pleno acesso das pessoas com deficincia cidadania e
integrao no mercado de trabalho em condies de iguais oportunidades condio essencial
para uma sociedade inclusiva e justa. Contudo, esta realidade ainda no se concretizou e
continua longe de ser alcanada.
No que diz respeito aos trabalhadores com deficincia, a taxa de desemprego tende a ser mais
elevada quando a severidade do problema ou dificuldade aumenta, especialmente para os
problemas severos. Em 2011, verificou-se que este grupo de trabalhadores apresentava uma
taxa de desemprego de 20%, manifestamente superior da populao total (12,8%).
A UGT defende que a incluso social deste grupo dever passar prioritariamente pela sua
integrao no mercado de trabalho, torna-se imperativo combater este fenmeno, no
esquecendo, contudo, que haver sempre um conjunto de pessoas com deficincia em que,
pela gravidade da mesma, tal integrao no ser possvel. Para estas situaes, ser
necessria a implementao de polticas transversais que abranjam domnios tais como a
sade, rendimentos, apoios s famlias e programas ocupacionais. O acesso efetivo a todos os
graus de ensino e formao profissional continuam tambm a carecer de interveno, assim
como a prpria acessibilidade a todo o tipo de meios que lhes permita conduzir as suas vidas,
quer na esfera pessoal quer na profissional, enquanto cidados de plenos direitos.
29
Sobre a Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia (CDPD) e sua
implementao
A CDPD foi criada por motivos diversos, tais como a invisibilidade das pessoas com
deficincia. Enquanto conveno de direitos humanos, a CDPD trata as questes da
deficincia no contexto dos direitos humanos e o primeiro documento internacional
juridicamente vinculativo que considera a deficincia uma questo de direitos humanos em vez
de uma questo mdica, de caridade. Esta aproximao determina um vnculo expresso com
os direitos humanos, uma definio de responsabilidade identificando quem so os detentores
de direitos e quem so os detentores de deveres, uma capacitao dos detentores de direitos,
uma plena participao de todas as partes envolvidas e a no-discriminao e ateno aos
grupos vulnerveis. A CDPD foi assinada em Maro de 2007, entrou em vigor em Portugal em
2008 e foi ratificada em 2009. A UGT, na sua interveno tem defendido os valores e princpios
desta Conveno.
A UGT, tem constatado que, apesar da implementao da CDPD e embora Portugal tenha
produzido muita legislao sobre a matria em causa, nem sempre se verifica a sua aplicao
em termos prticos e por conseguinte houve poucas alteraes significativas ao longo dos
ltimos quatro anos. Esta problemtica adquire contornos especialmente graves nos meios
rurais, onde ainda largamente ignorada. Persistem situaes de acessibilidade ineficiente (ou
at mesmo inexistente) a meios e servios pblicos, particularmente flagrantes nas questes
relativas mobilidade, mas tambm ao nvel do acesso a informao, como sendo a educao
sexual e o planeamento familiar. Persiste tambm alguma necessidade de sensibilizar pessoas
e instituies por forma a saber como melhor lidar com as pessoas com deficincia, bem como
capacit-las e integr-las na sociedade. Mas acima de tudo, a mentalidade portuguesa ainda
muito presa a preconceitos que pouco evoluiu e que mais carece de mudana. A CDPD foi um
passo importante neste sentido e as aes de formao e sensibilizao dela decorrentes
atuam como um veculo dessa mudana, embora esta no suceda com a rapidez desejada.
30
31
III. PROMOVER O DILOGO SOCIAL
1. REFORAR A CONCERTAO SOCIAL E DILOGO INSTITUCIONAL
No pode deixar de ser assinalado que o dilogo social tem desempenhado, hoje como sempre
mas porventura de uma forma mais sentida por todos, um papel muito importante na
construo de consensos, promovendo, aos vrios nveis em que se realiza, no apenas uma
maior adequao das solues obtidas mas igualmente um clima de maior coeso social,
particularmente importante no atual contexto nacional.
Ser assim fundamental que o combate crise se processe num clima contnuo de dilogo
social, reunindo-se em torno de uma necessria justia social, obstando a ruturas que
coloquem Portugal numa situao insustentvel.
Concertao Social Tripartida CPCS
A concertao social, sustentada num processo permanente de dilogo e de negociao, no
apenas um elemento de dinamizao da mudana indissocivel do nosso sistema de relaes
de trabalho, cuja relevncia estrutural conhece inclusivamente consagrao constitucional.
A concertao social demonstrou, desde o seu incio, que mais do que um mecanismo de
reciprocidade negociada entre interesses dos grupos presentes, alargando o seu campo de
ao a matrias de interesse geral.
Tal funo social da concertao social, nem sempre facilmente apreensvel pela sociedade, foi
particularmente notria no perodo desde o ltimo Congresso, em que a concertao, no
obstante as limitaes impostas por necessidades de consolidao oramental e mesmo pelo
quadro do PAEF, assumiu um papel relevante na conformao das polticas, garantindo uma
desejvel estabilidade social. Tal contribuiu decisivamente para uma maior credibilidade e
confiana externa no nosso Pas.
Neste ltimos 4 anos, a UGT manteve o seu forte empenho na concertao social, tendo
conseguido que as discusses e acordos celebrados se centrassem em matrias essenciais
para os trabalhadores e para o Pas.
Num momento em que o enfoque das polticas europeias e nacionais foi colocado na
consolidao oramental e na desregulao social, a UGT bateu-se pela implementao de
medidas de crescimento, competitividade e emprego, as quais so hoje genericamente
assumidas como prioritrias.
Foi essa viso que marcou os acordos e as discusses neste perodo.
32
Em 2010, tais matrias estiveram no centro da agenda da concertao na discusso de um
possvel Pacto para o Emprego, processo que se concluiria sem sucesso na sequncia de um
conjunto de medidas fortemente penalizadoras para os trabalhadores e pensionistas, no
quadro da proposta do Oramento do Estado para 2011 (PEC 3), algumas das quais em
sentido oposto aos consensos que estavam em construo em sede de CPCS.
Apenas como resultado de uma Greve Geral, a UGT forou a reabertura do dilogo na
concertao social, visando a celebrao de um acordo em que as matrias do crescimento e
do emprego, adivinhando-se a iminncia de uma interveno externa, estiveram novamente no
centro das discusses.
A assinatura de dois acordos em 2011, a Declarao Conjunta sobre um Acordo tripartido para
a Competitividade e o Emprego, 9 de maro, o qual visava enviar um sinal para o exterior sobre
os consensos que estavam a ser construdos, e o Acordo tripartido para a Competitividade e o
Emprego, de 22 de maro.
Este ltimo acordo no apenas afirmava um conjunto de polticas nas reas que
considervamos essenciais, mas viria a revelar-se importante para conformar algumas das
medidas do Memorando de Entendimento que viria a ser celebrado em maio de 2011, evitando
desde logo algumas opes mais gravosas.
Diga-se que os parceiros sociais no participaram, e no foram a tal chamados, na negociao
do Memorando, o qual a UGT sempre considerou conter um conjunto de polticas que
mereceram a nossa oposio. No entanto, o Memorando da Troika no deixou de constituir um
fator importante nas discusses seguintes da CPCS.
A mudana de Governo e o novo quadro de ajustamento determinariam o incio de um novo
processo negocial, no qual a UGT novamente se bateu por polticas mais justas e que
minimizassem os impactos das polticas de austeridades impostas no apenas pela Troika,
mas ainda pelo prprio Governo.
A postura negocial do Governo, desde logo visando transformar a concertao social num
rgo de mera audio, bem como apresentando propostas gravosas totalmente margem
dos parceiros (aumento da meia hora), esteve na origem de uma nova greve geral, a qual, de
novo, constituiu-se como essencial para uma maior abertura negocial do Governo.
A UGT esteve fortemente empenhada em todos os processos negociais, que nos grupos de
trabalho quer nos plenrios da CPCS, e apenas as reivindicaes e propostas da UGT
permitiram obter acordos com um alcance e um equilbrio de polticas globais. Se no fosse o
esforo da UGT no teria decerto existido um verdadeiro Compromisso nas reas do
Crescimento, Competitividade e Emprego, como o que foi assinado em janeiro de 2012.
33
Em matrias como as polticas ativas de emprego, a formao profissional, o subsdio de
desemprego o combate economia informal ou a reviso da legislao laboral, as propostas
da UGT, e a unio dos seus sindicatos em torno das mesmas, foram essenciais para um
alcanar um acordo mais equilibrado, evitar a imposio de uma maior desregulao laboral e
social e garantir um clima de coeso social, essencial nos planos interno e externo.
Constatamos porm que, no obstante o papel importante do Compromisso, a sua
implementao no tem sido homognea, sendo dada prioridade s alteraes da legislao
laboral em claro detrimento de medidas significativas de crescimento, competitividade e
emprego.
No deve ser esquecido que os trabalhos da concertao social no se esgotam nos acordos
celebrados ou na sua implementao, tendo a UGT promovido a discusso de matrias como o
salrio mnimo, a segurana social ou os processos de ratificao das convenes OIT,
Por outro lado, a concertao social s poder funcionar de forma efetiva se todas as partes
estiverem plenamente implicadas no processo de dilogo, o que, no nosso entender, no tem
sucedido.
A UGT considera que, independentemente da representao, o Governo enquanto tal o
interlocutor na CPCS, pelos que os compromissos a assumidos so compromissos do
Governo e no apenas de um outro ministrio. A UGT tem sido particularmente crtica quanto a
esta questo, considerando que a mesma tem estado na origem de dificuldades e bloqueios
que podem comprometer o verdadeiro esprito da concertao social.
Apenas um dilogo social forte e consequente criar as condies para a manuteno da
coeso social, gerando um necessrio clima de confiana nos cidados e nas empresas,
essencial para o futuro do Pas.
Dilogo Social Bipartido
A UGT procurou reforar o dilogo bilateral com os demais parceiros sociais e promoveu e/ou
participou num conjunto alargado de reunies e contactos, muitos dos quais sobre matrias em
discusso em sede de CPCS ou ainda matrias que integram o PAEF.
Apesar de no terem sido concludos acordos bilaterais neste perodo, importa destacar a
importncia deste dilogo na construo de consensos em reas essenciais para os
trabalhadores, consensos que contriburam para atenuar os impactos negativos de medidas
preconizadas pela Troika e pelo Governo portugus.
Matrias como a reduo das compensaes e a criao em simultneo de um fundo de
compensao, as portarias de extenso ou ainda a dinamizao da negociao coletiva so o
34
exemplo da importncia do dilogo bipartida, ainda que em muitos casos no se tenham
alcanados todos os objetivos que a UGT.
Ainda no quadro do dilogo bilateral, importa efetuar uma referncia s atividades realizadas
pela UGT, conjuntamente com a CGTP, a CIP o CEEP-Portugal no acompanhamento e
avaliao da implementao a nvel nacional dos acordos subscritos a nvel europeu,
nomeadamente o Acordo-Quadro sobre os mercados de trabalho inclusivos de 2011. Foi assim
efetuada uma traduo do acordo europeu bem como consensualizados os relatrios de
implementao anuais enviados aos parceiros sociais comunitrios (CES e Business Europe)
Conselho Econmico e Social
O CES um rgo constitucional de consulta e concertao social que tem por principais
objetivos a promoo da participao dos agentes econmicos e sociais nos processos de
tomada de deciso dos rgos de soberania, no mbito de matrias socioeconmicas.
assim um espao de dilogo entre o Governo, os Parceiros Sociais e restantes
representantes da sociedade civil organizada, que a UGT tem valorizado e em que sempre
participou ativamente.
Nestes ltimos anos, a UGT tem participado, ao mais alto nvel, no Conselho Coordenador,
rgo que coadjuva o Presidente do CES no exerccio das suas funes.
Estivemos ainda profundamente envolvidos em todos os pareceres elaborados pelo Conselho
Econmico e Social (num total de 17 pareceres), tendo participado nos diversos Grupos de
Trabalho, Comisses e Plenrio. Nesse perodo, para alm daquela participao de referir que
dois dos pareceres do CES tiveram como relatores membros da UGT Joo Proena
Parecer sobre as Grandes Opes do Plano 2012-2015 e Joo Dias da Silva - Parecer sobre a
Proposta de Lei N. 81/XII (alteraes legislao do trabalho aplicada a trabalhadores que
exercem funes pblicas).
A crescente interveno do CES, quer na sequncia das solicitaes dos rgos de soberania,
quer por iniciativa prpria, traduziu-se num maior esforo por parte da UGT, de modo a
continuar a assegurar uma participao ativa nos trabalhos do CES e a promover uma viso e
posies mais equilibradas.
Dilogo Institucional
Ao longo destes ltimos anos, a UGT reforou o dilogo institucional reunindo, com
regularidade com entidades nacionais e estrangeiras, o que se revelou particularmente
importante num contexto como o que atravessamos.
35
Temos procurado apresentar as nossas preocupaes e posies ao Presidente da Repblica,
no quadro da importante magistratura de influncia que este mantm e que, num quadro como
o atual, se afigura essencial.
Mantivemos reunies regulares na Assembleia da Repblica, quer com Grupos Parlamentares,
quer com Comisses daquele rgo, algumas das quais solicitadas pela UGT, visando
informar e sensibilizar os deputados e as estruturas para as nossas preocupaes e
reivindicaes.
Neste perodo, de referir o espao de dilogo que a UGT foi conseguindo abrir junto das
instituies da Troika, no s no quadro das avaliaes regulares ao PAEF, mas tambm em
contactos diretos, dos quais importar destacar a participao do Secretrio Geral em
Washington, em reunio com o FMI, no quadro de delegao da CSI.
2. APOIAR A NEGOCIAO COLETIVA
Desenvolvimento da negociao coletiva
Com a reviso e publicao do Cdigo de Trabalho de 2009 (CT) abriram-se algumas
perspetivas de renovao dos contedos convencionais e de incentivo negociao coletiva.
A legislao passou a permitir a negociao por conveno coletiva de matrias relacionadas
com a organizao do tempo de trabalho nas empresas sendo o banco de horas o exemplo
mais divulgado dando continuidade e cobertura legal a algumas experincias convencionais
que vinham a ser desenvolvidas por sindicatos afetos UGT.
A legislao tambm deu continuidade efetiva ao mecanismo da cessao de convenes por
via de uma figura muito polmica (sobrevigncia), introduzida na codificao de 2003,
adicionando nova disposio ao regime de sobrevigncia em 2009, fazendo cessar a clusula
contratual que fazia renovar automaticamente a conveno, no caso de as partes no se
entenderem no processo negocial. Em contrapartida surgiu a arbitragem necessria para cobrir
situaes de vazio contratual.
Como fator muito relevante para a contratao coletiva, regista-se para este perodo em
anlise, a criao de uma disposio no CT de 2009 que permitiu s partes publicarem de
imediato o resultado da negociao, que acabou com a sujeio a determinados prazos
impostos pela via administrativa que impediam a publicao.
Finalmente, por imposio da Troika, o Cdigo do Trabalho sofreu recentemente alteraes,
visando a destruio do modelo nacional, em particular, descentralizando a negociao coletiva
e sobrepondo-se s convenes negociadas reduzindo-lhes os valores complementares da
remunerao de base para metade como, por exemplo, o valor percentual estabelecido no
Cdigo do Trabalho para o trabalho suplementar.
36
O resultado quantitativo da publicao de textos negociais tem duas componentes
distintas: Nunca atingiu nmeros elevados durante a vigncia do Cdigo do Trabalho (Grfico
1) mas as convenes, em menor nmero, abrangeram mais trabalhadores (Grfico 2).
Grfico 1 Convenes Negociais Publicadas
Fontes: UGT/BTE
Outra caracterstica a ter em conta o facto de a crise ter consequncias retardadas na
negociao coletiva para posteriormente entrar em colapso, como consequncia de no terem
sido publicadas as portarias de extenso e do abrandamento e recuo de toda a atividade
econmica.
Grfico 2 Trabalhadores Abrangidos Sector Privado
Fontes: DGERT
0
50
100
150
200
250
300
350
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
337 340
162
252 244 251
296
251 230
170
85
0
200.000
400.000
600.000
800.000
1.000.000
1.200.000
1.400.000
1.600.000
1.800.000
2.000.000
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Srie1 1.462 1.396 1.385 1.512 758.9 1.125 1.454 1.521 1.894 1.397 1.407 1.236 327.6
37
Quanto Administrao Pblica, com a aprovao do regime de contrato de trabalho em
funes pblicas de 2008, foram dados os primeiros passos numa negociao que se pretende
mais efetiva, a par da forte austeridade, que recaiu quase exclusivamente sobre estes
trabalhadores com o congelamento e a diminuio de salrios. A evoluo e o desenvolvimento
de um novo sistema de negociao coletiva, no que respeita a outras matrias, foi prejudicado
desnecessariamente.
Grfico 3 ACT Administrao Pblica
Fontes: DGAEP/UGT
O resultado de quatro anos (Grfico 3) inaceitvel, com tendncia para o agravamento, no
por qualquer razo relacionada com a situao financeira do Estado, porque no envolve
custos, mas por desmazelo, incompetncia ou ausncia de vontade.
Foram apresentadas propostas que no tiveram resposta, negociados acordos coletivos, mas
no subscritos, houve violao de prazos, relativamente a depsitos das convenes.
Conhecem-se cerca de seis dezenas de casos a aguardarem resoluo, envolvendo a
administrao central, institutos pblicos e autarquias locais.
Entretanto as entidades empregadoras pblicas vo aplicando unilateralmente regulamentos,
introduzindo matrias que deveriam ser negociadas e reguladas em sede de ACCEP, violando
a lei. O prprio Governo, atravs da Secretaria de Estado da Administrao Pblica, no
cumpre os prazos legais relativamente ao tratamento dos depsitos dos acordos coletivos.
Se no sector pblico e sector empresarial do Estado foi introduzido o congelamento salarial, a
atualizao resultante da atividade negocial no sector privado, no seu conjunto, quase no
cresceu, apresentando pequenos ganhos seguidos de pequenas perdas e atingiu cada vez
2009 2010
2011 2012
2
0 0
0
0
12
10
4
ACCarreira ACEEP
38
menos trabalhadores (Grfico 2). Alguns sectores beneficiaram do impulso do salrio mnimo
nacional (RMMG), que resultou de um acordo tripartido plurianual estabelecido em
Concertao Social, celebrado em 2006 para cobrir os anos de 2007 a 2011.
O aumento mdio (Grfico 4) enquadrou-se na designada moderao salarial h vrios anos
imposta aos pases da Zona Euro, a que Portugal pertence. No caso portugus, para alm do
salrio ser inferior ao dos restantes pases, no s no cresceu o suficiente para se poder falar
em convergncia salarial com outros salrios europeus mais elevados, como houve sectores
em que os salrios negociados no cobriram a inflao.
Grfico 4 Variao Salarial
Fontes: INE e DGERT
Nos ltimos anos no houve reposio do poder de compra, com exceo do ano de 2009
devido deflao.
Com a entrada em vigor dos programas de austeridade do Governo em exerccio a negociao
coletiva entrou em crise profunda em nmero de contratos negociados, em nmero de
trabalhadores abrangidos e em crescimento salarial negativo, apesar da inflao baixa e
controlada.
Contudo, a negociao coletiva minimizou um pouco o empobrecimento dos trabalhadores
abrangidos por convenes coletivas.
Um dos fatores que contribuiu fortemente para o aprofundamento da crise negocial teve origem
no congelamento da emisso de portarias a partir da tomada de posse do Governo em
exerccio e, em fase posterior, no final do ano de 2102, com aplicao da resoluo do
Conselho de Ministros dificultando ao mximo a sua emisso.
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
IPC Variao Nominal Variao Real
39
A portaria de extenso (PE) tem sido um instrumento administrativo indispensvel que resulta
do estabelecimento de uma conveno coletiva, geralmente sectorial, aplicvel ao mesmo
sector econmico e profissional visando estabelecer as mesmas condies de trabalho entre
os trabalhadores e competitividade e transparncia entre as empresas.
As condies aplicveis so mnimas porque mnimos so os resultados de uma negociao
coletiva sectorial.
A portaria de extenso (Grfico 5) tem sido um instrumento voluntrio de extenso utilizado
pela partes subscritoras, em conjunto ou em separado, a partir geralmente dos contratos
coletivos de trabalho sectoriais.
Grfico 5 Convenes Coletivas e PE
Fontes: UGT/BTE
O requerimento de extenso no tem sido usado para todas as convenes nem to pouco
provoca aumentos salarias desmesurados, ao contrrio do que tem defendido a Troika e o
Governo. Em muitos casos o aumento atinge apenas um grupo profissional que pode ser
minoritrio no contexto das profisses, estende outras condies de trabalho, como a
adaptabilidade do tempo de trabalho, e geralmente publicada com atraso beneficiando
aparentemente as empresas a serem abrangidas relativamente s empresas filiadas na
associao patronal subscritora.
A partir de meados de 2011 o Governo deixou de emitir PE (a no ser 12 referentes a 2011 na
segunda metade de 2012), apesar de ter subscrito com a UGT e outros parceiros sociais um
acordo (Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego de 18 de Janeiro de
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
151
153
160
172
142
141
93
36
56
137
74
137
101
116
17
12 PE Convenes
40
2012) onde esta matria est ausente, logo no deveria fazer parte das restries e atropelos
ao estabelecimento da negociao coletiva.
Mas tem sido utilizada como uma arma poltica e ideolgica contrariando frontalmente as
intenes de dinamizar a contratao coletiva inscritas no Compromisso visando destruir, por
esta via, o sistema nacional de cobertura de relaes de trabalho e a prpria negociao
coletiva.
Quase ano e meio sobre o incio da destruio do sistema de relaes coletivas em Portugal o
Governo emitiu uma resoluo (n. 90/2012 de 31 de Outubro) limitando ao mximo qualquer
emisso de portaria, atravs da criao de filtros que impedem a regulamentao e a
estabilidade das relaes de trabalho na maior parte dos sectores de atividade.
importante referir que esta resoluo visou, em primeiro lugar, a extenso de convenes de
2011 que j no tinham interesse nem efeitos para as partes sob o ponto de vista de
concorrncia e competitividade entre as empresas.
mais um instrumento para o presente e para o futuro destinado a manter a negociao
coletiva quase paralisada, impedindo ainda as partes de utilizarem as recentes alteraes ao
Cdigo do Trabalho para negociar contedos convencionais em favor da articulao das
convenes de nveis diferentes e de matrias fundamentais na relao coletiva de trabalho,
que podero ser discutidas e adaptadas ao nvel da empresa.
No h acordos de empresa descentralizados sem contratos coletivos sectoriais e no
havendo portarias de extenso no h contratos coletivos sectoriais.
O acompanhamento e apoio negociao coletiva
Para cumprimento do objetivo promover o enriquecimento da negociao coletiva a UGT
realizou 37 reunies e produziu documentos de apoio no mbito do Grupo de Trabalho de
Acompanhamento da Negociao Coletiva (GTANC).
No seguimento de uma necessidade continuada para fortalecer e dinamizar a negociao
coletiva, especialmente na atual conjuntura econmica, a UGT realizou diversas atividades
materializadas na elaborao de documentos com o objetivo de informar, apoiar e coordenar a
ao sindical, promovendo mesas negociais conjuntas.
Durante o perodo em apreciao, foi efetuada uma anlise exaustiva das sucessivas
alteraes legislativas, com especial enfoque nas consequncias para a negociao coletiva,
designadamente:
As principais alteraes legislativas em matria de parentalidade;
As principais alteraes legislativas sobre contratao a termo;
41
Elaborao de um documento sobre o processo de eleio de representantes de
SST;
Elaborao de um documento de trabalho sobre renovao