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Ultima rosa da primavera Uma luta de princípios. Depois de seis meses treinando Liana finalmente retorna para sua casa, entretanto não é o mesmo lar acolhedor de antes. Sua mãe biológica esta desaparecida, uma de suas melhores amigas também, voltar à escola é a ultima coisa que ela quer, mas é um mal necessário. Lidar com uma traição, a morte de seus pais e um triangulo no qual ela esta dividida entre amor e amizade, quem ganhara? Nesse novo caminho ela enfrentara surpresas e mistérios.

Ultima Rosa da Primavera

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Depois de seis meses treinando Liana finalmente retorna para sua casa, entretanto não é o mesmo lar acolhedor de antes. Sua mãe biológica esta desaparecida, uma de suas melhores amigas também, voltar à escola é a ultima coisa que ela quer, mas é um mal necessário. Lidar com uma traição, a morte de seus pais e um triangulo no qual ela esta dividida entre amor e amizade, quem ganhara? Nesse novo caminho ela enfrentara surpresas e mistérios.

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Ultima rosa da

primavera Uma luta de princípios.

Depois de seis meses treinando Liana finalmente retorna para sua casa, entretanto

não é o mesmo lar acolhedor de antes. Sua mãe biológica esta desaparecida, uma

de suas melhores amigas também, voltar à escola é a ultima coisa que ela quer,

mas é um mal necessário. Lidar com uma traição, a morte de seus pais e um

triangulo no qual ela esta dividida entre amor e amizade, quem ganhara? Nesse

novo caminho ela enfrentara surpresas e mistérios.

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Prefacio

- Vamos, mexa-se sua molenga.

- Fácil falar não é você que esta carregando uma mochila com tijolos.

- Só mais um treinamento gafanhoto sã.

- Caratê kid? Serio?

- Fazer oque eu adoro os clássicos.

- Como se não bastece tudo isso, essa chuva que não cede.

- Então se apresse se quiser chegar a tempo para tomar um banho de agua

quente.

- Você é terrível.

- Eu sei. Se você continuar assim quando chegar não terá mais agua quente.

- Maldito.

Math riu e encerrou a chamada, quase seis messes depois de minha vida se

tornar caótica, eu já consigo correr, cheirar e ouvir mais rápido que um

humano normal, também tem a aceleração de cura, o que é ótimo quando se

treina sem para. Agora corre com uma mochila cheia de tijolos por uns

vinte quilômetros na chuva, é tortura.

- Finalmente casa.

- Pensei que tinha se perdido.

- Engraçadinho.

- Jogue a mochila em algum canto suba e descanse amanha é o grande dia.

Ele falava da volta pra casa, na verdade eu não estava realmente animada,

não era mais um lar, meus pai foram assassinados por Night, Evelyn pediu

minha tutela, agora ela é minha guardiã, os parentes que eu tinha

concordaram, depois do enterro de meus pais e a leitura do testamento, o

interesse que eles mostraram em mim sumiu, meus pais não me deixaram

ao leu, mas o testamento foi tão bem feito que eles não conseguissem achar

uma brecha para estarem aptos a serem meus guardiões, na verdade eu

quem deveria escolher um guardião, Evelyn foi a melhor opção, mesmo

depois de tudo que Night fez, eu não tenho ódio, raiva ou magoa dela nem

de sua família. Ela me deu um cartão de credito e disse: gaste com

sabedoria. Meus pais me deixaram bem, eu poderia fazer pelo menos três

faculdades, com o dinheiro, além dos imóveis que eu nem sabia que eles

tinham isso tudo somado ao que Vivian me deixou a casa, e alguns

apartamentos. Evelyn se revelou uma excelente guardiã, dois messes

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depois, minha herança dobrou de valor, mas de que me adianta ter dinheiro

e não ter minha família comigo. O banho foi maravilhoso, depois de

colocar uma roupa e um agasalho, resolvi descer para ver oque Math

andava aprontando.

- Já fez sua mala?

- Temos que falar nisso agora?

- Infelizmente sim.

- Eu vou começar assim que subir.

- Certo.

- Então eu tenho mesmo que voltar pra escola?

- Pela vigésima vez hoje, sim você tem, não da pra continuar tendo aulas

em casa.

- Certo, eu vou mais você vai junto, no pacote.

- Eu não esperava menos de você.

- Chato.

- Não era isso que você dizia há alguns minutos quando eu te beijava.

- Eu não estava pensando direito.

- E agora.

Ele me beijou novamente.

- Ainda não me convenceu de qual é o ponto.

- O que você sente sobre meus beijos.

- Há esse é o ponto?

- Sim é.

Estávamos nisso há uns quatro meses, entre beijos e abraços, muito

melosos ate pra mim, justifico isso que esta acontecendo ao fato sermos as

únicas almas vivas que vagão pela casa, mas no momento não quero pensar

nisso, esse momento esta reservado a caçar Night, encontrar Amélia, rever

Molly, July e os meninos do Clã da Noite, eles estavam me caçando antes

de tudo acontecer, mas depois eles se tornaram uma espécie de protetores,

mês passado eles nó visitaram e treinamos juntos, somos amigo apesar de

tudo, sempre converso muito com Drew e Satoro, Satoro viajou sem dizer a

ninguém ou qual seria o seu destino, então meio que estamos sem nos falar.

- Em que você está tão centrada?

- No retorno.

Eu tinha que voltar, ir a uma casa vazia, fingir ser a garota que perdeu os

pais, todos acreditam que foi um roubo seguido de morte, todos os que não

sabem a verdade.

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- Bem vai ser um longo dia amanha, porque não vai se deitar.

- Ok boa noite.

- Boa noite.

Sei o que estão pensando dormir sozinha? Sim, ainda a mesma historia não

me sentia pronta antes muito menos agora.

- Você acha que o rio estará calmo amanha?

- Se a chuva não levar tudo, sim.

- Uma pescaria antes de ir?

- Boa tentativa, mas temos que partir amanha cedo.

- Ok.

Como nos últimos meses, passei a noite em claro, nada melhor de que ter

insônia para levantar o astral, a chuva caia tranquila, aqui não era a terra do

inverno, apesar da chuva que agora se mostrava, não choveu muito durante

meses. A parte chata de não dormir: você tem que acordar cedo, a parte

boa: eu tenho mais tempo para ler, jogar, fazer exercício.

Capitulo-1-

No caminho de volta.

Tudo ocorrerá bem até uma ligação de Satoro que mudou tudo.

- Alô.

- Satoro na linha.

- Como você está

- Resolvendo um dos seus problemas.

- O quê

- Não da pra falar muito por telefone! Eu tenho que desligar, nós

encontramos em breve, até mais.

- Espera!

Math me olha e pergunta:

- O que ele queria

- Não disse, apenas falou que iria resolver um de meus problemas, faz

algum sentido pra você.

- Na verdade mais de que você imagina.

- Como assim

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- Preciso fazer uma ligação você dirige.

Ele nem esperou minha resposta, parou o carro e eu assumi a direção.

- Sou eu.

- Sim eu sei.

- Precisamos contar a ela.

- Então conte.

- Você fala como se fosse fácil!

- Mas é fácil, é só dizer: Liana, se não matar alguém até o final do mês que

vem você vai morrer!

- Nossa! Se, é tão simples por que você não conta?

- Porque você é o príncipe dessa donzela, garanhão.

- Juro se fosse uma situação diferente eu até riria, mas se trata de uma

situação de vida ou morte.

- Está prestando atenção que isso é muito irônico?

- É eu sei.

- Nos vemos em algumas horas.

- Até lá; cuide de Liana.

- vou cuidar.

Não falei muito durante as horas que sucederam nossa viagem.

- Você está muito quieta, fiz algo errado?

- Nada além de meias verdades, algumas omissões; sem falar as ligações

misteriosas, sabe? Eu achei que depois de seis meses juntos, você confiaria

mais em mim.

- Eu vou te contar tudo quando for à hora, até lá simplesmente entenda que

eu confio em você, mas não é hora nem o lugar.

- Certo! Só não espere demais, pois a hora pode vir e passar, talvez eu não

esteja deposta a ouvir suas verdades ocultas!

- Você está fazendo tempestade em copo d’água.

- Sim estou, por mais que você pense que não eu sou assim! Não gosto de

segredos, nem de pessoas que escondem coisas de mim, se meus pais

tivessem falado a verdade desde sempre, nós não estaríamos aqui, e eles

estariam vivos.

- Não se culpe você não poderia fazer nada.

- Como você pode ter tanta certeza?

- Não sei só o que posso dizer é que você não tem culpa, só é mais uma

vitima, nessa história louca.

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Eu não queria continuar essa discussão, não iria mudar nada, agora o que

importava era continuar...

Satoro

- Então Valentim, como eu dizia, o que você quer para quebrar a maldição?

-Você fala como se fosse algo fácil de fazer, primeiro preciso de uma taça,

com o sangue de Liana, depois de um lobisomem, para o sacrifício da

carne.

- Você não tinha me falado desse sacrifício da carne, o que significa?

- Veja bem, você está me pedindo para pular uma parte na transição de

Liana, isso como eu já falei antes não é fácil, você se transforma sem dor

alguma, estou certo?

- Sim, e...?

- E a questão é você está disposto a sacrificar a sua transformação indolor,

por ela?

- Como isso vai mudar minha transformação?

- Você se transforma, como alguém come, bebe, isso é natural pra você, e

se aceitar fazer o sacrifício da carne, tudo muda ao invés de algo normal...

Sua transformação vai ser completamente dolorosa, e quando eu digo isso

eu digo ossos quebrando, toda vez que você mudar para a forma de lobo.

- Acho que estou entendendo, então eu aceito esse sacrifício.

- Você sabe em que sua escolha implica?

- Sim eu sei, mas ela faria o mesmo por mim.

- Se você diz. Veja só quem nos; brinda com sua presença, Franchesca.

- Bom dia maninho, de que falavam?

- A garota da profecia.

- “Liana Muller”

- Você é?

- Esta é minha irmã caçula, Franchesca.

- Franchesca Balish, encantada.

- Satoro Dragon, mas pode me chamar só de Satoro.

- Então Satoro, você realmente que se sacrificar por ela?

- Sim.

- Por quê?

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- Porque ela é minha amiga, por que ela faria o mesmo por mim, porque eu

vou protegê-la, é isso que eu faço de melhor, proteger os da minha alcateia,

temos um acordo?

- Sim.

- Belas palavras. Espero que as recorde a cada transformação.

- Pode ter certeza que vou recordar, mas eu já estava de saída, até a vista

Valentim, o prazer foi meu em conhecê-la Franchesca.

Satoro saiu, e:

- Você sabe em que isso implicará?

- Sim minha querida, mas ele quer um feitiço, e nós precisamos do sangue,

isso nos leva a um acordo.

- Se você diz.

Evelyn

Eles chegaram logo pensou sua casa já estava preparada para receber sua

nova habitante, Liana era do tipo que comunicava o que ia fazer e com

quem ia fazer, essa seria uma convivência fácil.

- Agora você é uma espécie de irmã mais velha.

Noah e suas frases, depois de muito caos ele se mudou também para viver

com ela, seria bom para Liana conviver com ele, seu irmão caçula sempre

estampava um sorriso fácil, e passava isso pra quem o conhecia, era

impossível conviver com Noah e não sorrir pelo menos uma vez ao dia.

- Sim eu sou.

- E eu entro nessa como o perdido de 16 anos?

- Sim esse é você.

- Você e suas ironias, maninha.

- Todos nós temos nossos momentos, você sabe estamos correndo contra o

tempo.

- É eu sei.

- Nosso dever é cuidar para que ela viva, seu sangue é muito valioso.

- Isso você já falou, só se esqueceu de explicar o motivo.

- Cada coisa há seu tempo.

- Sempre enigmática.

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Liana

Nós trocamos na estrada seis, depois de um tempo acabei dormindo, meus

sonhos sempre proféticos e sombrios, em alguns eu via Amélia ser

torturada o engraçado é que Molly a torturava, já em outros eu estava com

meus pais, e tudo estava tranquilo novamente, sentia-me normal de novo,

tinha amigos e sempre sorria, mas depois de um tempo as nuvens invadiam

o céu e a tempestade começava...

A chegada foi como se esperava, diferente de outras viagens o meu

regresso, não voltei como uma adolescente normal- que foi passar o verão

no lago ou nas montanhas- voltei como uma órfã, sem casa, e nem um

pouco normal.

- Você está acordada, então porque não abre os olhos?

- Está tão obvio assim?

- Sim.

- Certo você venceu.

- Eu sempre venço.

- Math alguém já te falou que você é ‘’humilde’’?

- Não, mas vou adicionar isto a minhas qualidades.

Não consegui evita aquele revirar os olhos.

- Falta muito?

- Não estamos quase lá.

E na curva seguinte, uma casa branca com janelas verdes nós dava boas

vindas,

- Hei, então como foi à viagem?

- Bem na medida do possível, e como andam as coisas por aqui Evelyn?

- Na mesma.

- Quando você diz na mesma, está se referindo ao fato de Night ainda está

vagando por ai? Amélia desaparecida? E meus pais mortos? Ou você só

está se referindo ao fato que ainda chove muito por aqui?

- Mantenha a calma, vamos resolver tudo.

- Calma! Como eu posso ficar calma, pessoas desapareceram, pessoas

morreram, e o culpado está ai, livre. E você me pede pra ter calma, porque

você não pega essa calma e...

- Liana basta!

- Você não conversou com ela?

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- Não.

- Sobre o que a vocês estão falando?

- Noah leve-a pra dentro, e mostre o quarto dela.

- Certo.

- Não, eu quero saber.

- Agora não Liana.

Eu só lembro que após dar as costas pra eles e sentir uma picada no braço,

tudo ficou escuro.

Três horas depois.

- Pensei que teria que te vigiar a noite toda.

- O que houve?

- Você ficou explosiva, então eles te deram um calmante pra você ficar...

Mas relaxada.

- O quê?!

- Vem vamos dar um passei, sem adultos.

- Não sei se é uma boa.

- Vamos, eles saíram.

- Saíram?

- Sim, vamos? Você não tem nada a perde.

Realmente não havia nada a perder.

- Moto?

- Sim, alguma objeção?

- Nem uma.

Uma hora e meia, mas tarde, estávamos em uma trilha.

- Que horas são?

- Quase meia noite.

- Meia noite?

- Sim, relaxe eles sabem que você está comigo, e, além disso, somos lobos,

seres noturnos.

Noah era aquele cara que tinha um sorriso tranquilo, olhos calmos e sempre

falava despreocupadamente, ele a fazia sentir normal, segura.

- Noah...

- Sim?

- Porque você está sendo tão gentil comigo?

- Porque quero ser seu amigo, você era próxima de Night e ele fodeu tudo

com você, de alguma forma não quero que você nós veja como ele, tanto eu

como Evelyn estamos atrás dele, queremos que ele pague por tudo que fez

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a você, eu confiava nele, era meu herói, mas depois de saber tudo o que ele

foi capaz de fazer... Eu... Eu só queria bater nele, e perguntar por que ele

fez isso com agente, nesse momento eu só quero te fazer sorrir, por que me

sinto culpado.

- Relaxe, não é sua culpa, Night é um bastardo vamos pegar ele e quando

isso acontecer, ele vai se arrepender de tudo.

- Vamos deixar ele de lado, que tal nadar?

- Nadar?

- Tem um lago bem perto daqui, vem vamos.

O lago era realmente lindo, eu não queria entrar na agua, mas que escolha

me restou depois que Noah me agarrou e, caminhou por uma plataforma

improvisada, em seguida pulamos na agua gelada.

- Seu filho de uma mãe.

- Eu me ofenderia com isso mais, não é como se você estivesse de cabeça

quente depois de um mergulho nessa agua fria.

Aquele sorriso me deixou desconcertada, como alguém ainda conseguia

sorrir dentro desse mar congelado?

- Você é louco.

- Mas você gosta de mim dessa forma. Outro sorriso.

- Vem cá que eu te mostro o quanto te aprecio.

- Garota furiosa à frente.

- Você pelo menos podia ter me deixado tirar os tênis, e o casaco.

- Eu te esquento benzinho.

- Prefiro morrer congelada.

Ele fingiu uma punhalada no peito e sorrio mesmo furiosa, e toda molhada,

foi engraçado.

- Vamos nadar.

Não restava outra coisa, já estava molhada mesmo.

Math

- Onde ela está?

- Nadando.

- Como?

- Noah a levou no lago das lagrimas.

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- Ele ficou louco? Ela tem que fica aqui, nem mesmo sair para ir ao

banheiro sem que alguém fique colado na porta.

- Você está exagerando, temos que ficar de olho nela sim, entretanto não

vamos mantê-la em uma maldita prisão.

- Eu só quero que ela fique segura.

- E ela está Noah pode ter aquele ar tranquilo porem ao primeiro sinal de

perigo ele fará de tudo para protegê-la, mesmo que isso custe sua vida.

- Eu sei que estou parecendo paranoico, mas nós sabemos o que pode

acontecer se ela surtar, e depois ela não se perdoaria, além disso, Night está

desaparecido, enquanto os pais dela estão repousando em uma sepultura

fria, ela se se nega a ter contato com os tios, prefere o pequeno grupo de

amigos que tem, e eu não acredito que vou dizer isso mais estou feliz pelo

Clã da Noite ter ficado para ajuda-la.

- Sei que isso está difícil pra todos, entretanto temos que nós manter

unidos, nós não sabemos quem são amigos e quem é o inimigo.

- Era isso que eu penso todas as noites, se durmo acordo poucas horas

depois, pensando se Liana está dormindo ou se alguém entrou na casa é

levou ela.

- Eu sei, mas relaxe ela está segura aqui.

- Não, não sabe, você fica ai reclamando que se preocupa com ela, mas não

percebe que a esta sufocando nessa bolha que você criou para protegê-la,

ela vai cansar disso ainda mais agora que esta explodindo.

A reação de Evelyn inesperada, entretanto ele sabia que ela tinha razão,

Liana estava emocionadamente, sabia que a cada segundo que passava tudo

ao seu redor ruía, seu corpo pedia por sangue e, ele não sabia oque fazer a

respeito.

- Você esta certa, sei que estou exagerando.

- Pelo menos admite.

Ele suspirou e, assentiu depois se dirigiu para a saída e foi embora.

- Finalmente um pouco de paz, cara chato. Ela suspirou e afundou no sofá.

Satoro

Era uma noite escura e uma pessoal comum provavelmente acharia difícil

caminha por uma trilha na escuridão, mas nada nele se aproximava do

comum. Não sabia para onde estava indo, ou porque, só havia uma certeza

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precisava caminhar. Para nem um deles houve uma escolha, matar era algo

imposto, o lobo necessitava de sangue para curva-se perante o seu mestre,

era uma canção, aonde o caminho vinha à frente, pensou que nunca iria

reviver novamente aquele momento há quatro anos...

Sua cabeça doía ser com se tivesse sido atropelado por uma manada furiosa

era a única coisa que conseguia pensar, o lago das lagrimas estava lindo hoje

à noite, mais a dor era profunda que não aguentava, todos sabiam que havia

feito uma viagem, ninguém imaginaria que estava nessa montanha,

pensando em não matar ninguém, seus pensamentos se fixaram nisso nós

últimos dias, quando fechava os olhos, via-se cortando a garganta de um

individuo qualquer, esses sonhos o perturbam por semanas ate que por fim

decidiu fugir, talvez se aprendesse a controlar essa ânsia por sangue,

poderia voltar e terminal o fundamental como qualquer outro garoto de

quatorze anos. Porem aquela noite em especial provou o quanto estava

errado... Seu nome era Ana, tinha visto ela na mercearia quando chegou à

cidade, quando a viu imaginou porque alguém jovem como ela estava na

floresta perto da meia noite, tudo estava tranquilo, ele só observava,

prometeu a si mesmo que não iria segui-la, entretanto foi inevitável. Por

alguns minutos perguntou-se porque sua boca salivava, e então soube,

tentou voltar, mas era tarde para os dois, ela assinou sua sentença de morte

estando sozinha aquela noite, e por mais que ele luta-se não conseguiu parar

a besta que havia despertado.

Não me machuque, ela implorou.

Perdoe-me, ele chorou. E o lobo assumiu, daquele dia em diante ele soube o

que era e, seus sonhos, planos, desejos, foram trancados.

Não permitiria que Liana passasse por isso também. Um barulho chamou

sua atenção, era algo que não contrastava com o barulho da cachoeira, nem

da noite tranquila que tinha imaginado, um riso o fez parar, ele conhecia a

dona daquele riso.

Liana

- Você! Veja o que fez? Pare de rir, vou te matar.

- Vamos Liana admita foi divertido?

- Claro ficar molhada ate os ossos nessa agua gelada.

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- A roupa ira secar, então relaxe.

- Fácil falar não é você que vai pegar uma gripe.

- Não seja tola não ficamos doentes.

- A claro, lobos a prova de balas.

Ele não conseguiu impedir a gargalhada, ela virou e, mesmo no escuro ela

o encarou.

- Satoro.

Ele não teve tempo de responder, ela avançou e o prendeu em um abraço.

Antes que ele fala-se ela lhe deu um muro no estomago.

- Idiota! Some sem dar noticia, liga e não diz nada que faça sentido, e

depois nem isso faz, sabe o quanto estava preocupada com você?

- Liana... Eu. Não sabia o que dizer, não era a melhor hora para tratar desse

assunto, não agora quando ela ria.

- Não, sem desculpas. Mas eu fiquei preocupada, nunca mais suma e me

deixe no escuro. O olhar que ela lhe deu falou mais que mil palavras,

aquele olhar queria dizer que se sumisse de novo sem dar noticias a ela,

seria o seu fim, sabia que ela não queria perder mais ninguém apesar de se

conhecerem a alguns meses, ela o utilizou e aos outros como uma ancora.

- Eu estava ocupado, mas não se preocupe sem sumiços de agora em diante.

- Que bom te ter de volta, entretanto não terá meu perdão tão simples, Noah

sabe o que fazer.

Satoro sabia que Noah não era pareô para sua força, porem por que não

tentar aplacar o mundo real, só por algumas horas iriam fingir que o mundo

não era um lugar sombrio, por sua amiga foi essa sua promessa silenciosa.

A agua estava gelada, ele mergulhou e depois emergiu, quando saiu só um

pensamento o motivava, revanche.

- Porque você esta me olhando assim? Ou não, não!

Tarde mais. Ele a pegou no colo e correu pela plataforma, mergulhando na

agua gelada.

- Vocês são odiosos.

- Não se preocupe tenho uma muda de roupa seca na mochila, você pode

pega-la.

- Certo, você conquistou, é bom tê-lo de volta.

- É bom está de volta.

Depois de sair do lago pensou que seria melhor fazer uma fogueira,

ajudaria a se secar. Não demorou muito para a chama crepitar nos galhos

secos.

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- Surpreenda-me. Disse ela com um sorriso no rosto.

- Tenho carne congelada na mochila.

- Sempre preparado?

- Sou um garoto esperto.

- Então onde esteve?

- Liana agora não, vamos tentar ser apenas normais por agora.

Ele esperou ela responder, mas Liana apenas assentiu-o.

- Senti sua falta. Disse por fim.

- Eu sei também senti a sua.

- Isso está ficando meloso e, acabo de lembrar tenho um encontro para a

uma da madrugada, Satoro você leva ela de volta para casa?

- Claro.

- Mas...

- Liana relaxe, só por agora.

- Ok, então Satoro aquela muda de roupa seca ainda esta de pé?

- Claro.

Mesmo ela tentando se ocultar atrás de alguns arbustos, sabia que eles

podiam vê-la, malditos olhos de lobo.

- Que curvas. Comentou Noah, enquanto observava ela e sua frustrante

tentativa de se oculta. Antes que ele fala-se mais alguma bobagem Satoro o

golpeou no braço.

- Ai, cara você é sego?

- Não, mas gosto de respeitar meus amigos.

- Há eu estou respeitando, não duvide disso.

Adolescentes na puberdade, tanto hormônio. Ele não teve chance de

golpeá-lo novamente.

- Como estou?

- Como a miss universa estaria.

- Sarcástico como sempre, Noah.

- Nada mal.

- Você é sempre gentil Satoro, devia arrumar uma namorada.

- Cara essa é minha deixa.

Noah partiu, deixando-os sozinhos.

- Não vamos ter essa conversa hoje também.

Odiava quando ela resolvia bancar o cúpido.

- Ok, então sobre o que quer falar?

- Como você esta?

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- Como estaria qualquer jovem que teve seus pais assassinados por um

amigo que se revelou o maior 171, que mora com a irmã do mesmo agora,

sem falar que descobriu se adotada, mas sua mãe biológica também sumiu,

não sabe quem é seu pai, que está entre fugir e gritar, mas prefere encarar,

tenho medo, mais o que vou fazer?

- O melhor que pode, sobreviva, grite se quiser, chore, ninguém vai te

culpar. Mas acima de tudo não desista, ainda não.

Seu sorriso era tremulo e, falou tudo, ela queria desistir, entretanto

considerou as palavras dele.

- Certo.

Ela começou a tirar o conjunto de moletom que ele havia emprestado.

- Liana o que vai fazer?

- Viver.

Sem outras palavras ela correu para a plataforma e pulou.

Capitulo-2-

Suas lagrimasse perderam na agua, esse mergulho era sua libertação, viver,

Satoro lhe disse para viver. Durante um tempo só ficou inerte, absorvendo

o frio, Noah havia lhe dito, na ficamos doentes, mais o frio era tão bom, por

alguns segundos ela morreu, soube como era não sentir nada, não ter medo;

todos tinha falado: seja forte, você vai conseguir, mas Satoro foi o único

que disse: viva.

Não sabia se havia demorado a emergir, entretanto despertou quando sentiu

que alguém a puxava.

- Liana está consciente? Por favor, fique comigo, não durma.

Podia jurar que viu lagrima nos olhos de Satoro, então ela sorriu.

- Eu estou bem, relaxe.

- Você me dá um susto desses e, me diz relaxe! Sabe quanto tempo ficou

embaixo da agua? Quase vinte.

Ela sorriu.

- Talvez eu deva tentar nadar nas olimpíadas.

- Idiota.

- Eu estou bem, só com frio.

Page 16: Ultima Rosa da Primavera

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- Mas você está bem perto da fogueira.

Não sabia como explicar, estava tão fria, ela sentia que não havia saído da

agua, de alguma forma não saiu...

Era um sonho, ela não havia saído da agua, não conseguia se mexer, algo

estava prendendo seu pé.

- Liana não tem graça. Chamou novamente.

- Liana? Droga.

Ela estava ali, algo a estava prendendo, santa merda era uma mão. Ele não

para averiguar quem era ou o que era com um movimento forte arrancou a

mão, puxou Liana.

- Vamos, não durma. Alguém falou, mas era de um lugar tão longe, o frio

era tão calmo, não havia dor no frio, ate mesmo a escuridão que a cercava

era tão calma.

Satoro sabia que se não agisse ela morreria, só havia algo a fazer, não seria

bom, mas era uma solução. Usou sua garra para fazer um pequeno corte no

pulso, apenas o suficiente para que o sangue começasse a sair, abriu a boa

dela e...

Sentiu seus lábios se separando, havia um cheiro no ar, era sangue, não era

seu, não havia dor um liquido quente invadiu sua boca, tentou gritar que

não era um vampiro, mas o goto era tão bom que aceitou.

Era suficiente, ajudaria a acordar o lobo, isso a aquecera também, só

esperava que não o odiasse por isso.

Quando ela abriu os olhos o dia mal havia começado, estava escuro ainda,

para sua surpresa estava usando as roupas de Satoro, fleches passaram por

sua cabeça, agua, frio, depois calor, e algo quente que a fez sentir melhor,

onde estava?

- Está acordada?

- Satoro?

- Vejo que ainda lembra-se de mim.

- O que houve?

- Você mergulhou, e você não voltou, eu pulei e...

Após ouvir tudo que ele falava sua cabeça ainda girava.

- Uma mão? Tem certeza?

- Sim, tenho.

- Era realmente necessária a parte do sangue?

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- Sim, você estava perdendo a consciência, e além disse seu corpo estava

gelado, não sei o que ocorreu quando você estava na agua, mas algo estava

levando sua vida.

Ela riu.

- Qual é a graça?

- Por um momento eu pensei que estava virando uma vampira.

- Não diga bobagens, não existem vampiros.

- Ate ontem eu não acreditava que existissem lobisomens e veja só onde

estamos.

- Você tem um ponto, vamos tenho que te levar pra casa, Evelyn deve esta

subindo pelas paredes.

- Quanto tempo eu fiquei fora?

- Uma hora.

- Que horas são?

- Três.

- Isso me deixa em uma grande enrascada.

- Sim.

- Então vamos.

Ele recolheu suas coisa e também as roupas dela e, fez um movimento para

que o seguisse.

Math

- Onde diabos você se meteu?

- Estava por ai com Satoro.

- Por ai? Desde quando você sai por ai com um cara?

- Olha não sei você já foi informado, sobre três coisas: sou crescida pra

sabe com quem sair, segundo você não é meu dono, e terceiro a única que

pode cair encima de mim e me dar uma bronca é Evelyn.

- Não sou seu dono, sou seu namorado!

- Correção, você era, mais eu vou te recorda, você partiu, então não queira

se sentir como se tivesse algum direito sobre mim, pois não tem.

- Eu pensei...

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- Pensou que voltamos por que trocamos alguns beijos? Eu estava carente,

sozinha, então supere.

- Já chega Liana.

Pelo menos Evelyn daria razão a ele.

- Math porque não vai pra casa, ela já esta a salvo.

- Mas...

- Math! Vá.

Não tinha mais o que fazer ali, deu a volta e, quando abriu a porta deu de

cara com Noah vinha chegando.

- Oi cara.

- Idiota.

- O que eu fiz agora?

- Você!

Antes que fizesse algo que se arrependesse Evelyn interferiu novamente.

- Math não me de mais uma dor de cabeça, por hoje chega.

Ele odiava receber ordens, porem não tinha escolha, ela era a guardiã legal

de Liana. Nós nos falamos mais tarde, foi um dia muito estressante, mas

ainda tem mais por vir.

- Eu sei.

Poderia ficar pior o dia que estava começando? Entretanto ele sabia a

resposta, sim poderia, e tudo girava para este lado. A escola começaria em

alguns dias e, ele não sabia como lidar com isso.

Tommy

- Como está se sentindo querida?

- Como uma prisioneira se sentiria. Era uma perda de tempo, ela sabia,

Tommy queria jogar, mas ela não entraria nesse jogo doentio.

- Você não reclamava de ficar atada a cama há dezessete anos, se me bem

me lembro de que fazer isso era sua diversão favorita.

- O que você ganha me mantendo prisioneira aqui?

- Tempo para apreciar minha esposa e, em breve nossa filha estará aqui.

- Não vai colocar um dedo nela.

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- Quer apostar? Vivian você me privou de conhecer a minha filha, de

participar da vida dela, talvez ensina-la a andar de bicicleta como qualquer

outro pai normal, sem contar como outros bons momentos que nós

poderíamos ter passado juntos.

- Se eu não o conhecesse diria que está magoado, porem eu sei que não

passa de mais um teatro.

- Eu vou trazê-la para o meu lado e você sabe, no fim serie o pai que foi

privado da companhia da filha e, você será a megera que nos separou.

- Maldito!

- Isso continue assim, vai ser mais fácil convence-la.

Antes que ela respondesse ele retirou-se. Já sabia como aproximasse dela,

seria ate mais fácil. Na próxima semana, seria pouco tempo para quem já

esperou dezessete anos, mas ainda restavam alguns fios soltos, todavia logo

os ataria e tudo sairia como o esperado.

***********************Alguns dias mais tarde******************

- Bom dia amor.

Ela não respondeu.

- Hoje vou conhecê-la, que irônico não acha? Depois de tudo o que você

fez para me manter afastado, hoje ela será minha.

- Nunca conseguira que ela acredite em você.

- Ainda segue contra unir nossa família, pensei que me amasse.

- Bastardo.

Aproximou-se e lhe deu um beijo rápido, seus lábios ainda eram rebeldes,

mas logo teria ela a sua mercê.

Liana

- Porque não posso ter aulas em casa?

- Quer mesmo ter essa conversa novamente?

- Entendo tenho que parecer normal, mas porque não dá pra ser normal

tendo aulas em domicilio?

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- Por que você tem amigos esperando do lado de fora, para de fugir, todos

estão lá por você e, você sabe disso, os meninos do Clã da Noite não

precisam mais estudar, porem voltaram pra escola por você.

- Ok, onde está Noah?

- Já foi.

- Ótimo, então eu vou a pé?

- Não.

Evelyn tirou um par de chaves do bolso e, atirou pra ela.

- Você já tem idade suficiente para ter sua própria condução.

- Carro ou moto?

- Os dois. Use o que lhe agradar mais.

- Serio?

- Você sabe dirigir né?

- Logico que sei.

- Certo.

Na garagem, um caro modelo econômico, mais não menos legal, e uma

moto preta.

- Então qual de você vai ser o meu?

Acabou optando pelo carro, mais espaço e segurança; quando ela cruzou a

esquina Satoro a esperava. Diminuiu e:

- Oi.

- Oi, tem vaga para mais um?

- Você é o meu vigia hoje?

- Não, esta bem sim, mas me encare como um guarda costas e nos daremos

bem, ok?

- Ok, entra. Ele entrou jogou a mochila no banco de trás e fez sinal para ela

dar a partida, ela revirou os olhos e:

- Ponha a droga do cinto, você é um lobo não o super-homem.

Ele revirou os olhos, entretanto colocou o cinto.

- Você é sempre chata assim?

- Sempre quando dirijo.

- Bom saber, amanha vamos, na minha moto.

- Porque não vamos, na minha?

- Além de carro tem moto também?

- Sou filha única, tenho aquela tal de herança, mas pra ser franca preferia

ter meus pais comigo.

- Entendo.

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- Então Satoro por que não me fala de você?

- Certo o quer saber?

- Seu nome?

- Como tem tanta certeza que não me chamo Satoro Dragon?

- Não tem cara de Satoro Dragon.

- Certo, quando entrei para o Clã da Noite, meu antigo nome morreu, junto

com o antigo eu.

- Sim, isso já me foi explicado, quando entramos ara uma alcateia, nossa

vida ‘’humana’’ deixa de existir e, assumimos a nossa como lobo, mas

ainda não disse qual era seu nome.

- Quer mesmo saber?

- Quero.

Ele suspirou.

- Vamos pular pra próxima sim?

- O que tem de tão ruim com seu nome?

- Não é só o nome, mas sim as lembranças que ele trás.

- Ok, porque não tem namorada?

- Por que não necessito de laços.

- Ainda sem sentimentos, mas você não gosta de nem uma garota?

Ele pareceu pensar, murmurou algo incompreensível e, por fim.

- Não no momento-como disse antes- não necessito de laços.

- Você é sempre tão frio.

- Liana me desculpe, mas aprendi ser assim.

- Relaxe, irmãozinho.

- Irmãozinho?

- É, você e os outros de certa forma são meu irmão agora, uma pequena

família, a única que me sobrou.

Seu sorriso deve ter sido pouco convincente, porque ele tocou seu ombro e,

falou algumas palavras.

- Você não esta sozinha, na alcateia de Evelyn ou na nossa, sempre terá

uma família.

- Obrigada.

- Mais perguntas?

- Quem você matou?

Ele a fitou com um olhar assustado.

- Do que está falando?

- Do batismo de sangue.

Page 22: Ultima Rosa da Primavera

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- Como sabe sobre isso?

- Então é verdade.

- Como sabe sobre isso Liana?

- Ouvi uma conversa, Math disse a Evelyn sobre isso.

- Eu não sei o que dizer.

- É verdade não é? Terei que matar alguém ou eu vou morrer.

- Sim.

- Droga! Quanto tempo eu ainda tenho?

- Alguns meses.

Ela começou a rir.

- Qual é a graça?

- Há alguns dias quase morro, percebe a ironia nisso tudo?

- Não vou deixar que, faça nada de errado.

- Que tal irmos caçar?

- Caçar?

- Eu nunca me transformei, que tal você me ensinar como se faz?

- Você tem que matar pra poder se transformar.

- Então todos mataram alguém?

- Sim.

- Além de tudo, vou me torna assassina.

-Liana, não.

- Não vamos falar disso, se você olha no relógio vai ver que já perdemos

uma aula.

- Droga.

- Quer mesmo ir para a escola?

- Não.

- Então, por que não fazer algo diferente?

- Porque você precisa fazer isso.

- Alguém já disse que você é um chato?

- Os outros me dizem isso todo dia, sempre achei que era por eu ser o mais

bonito.

- Pare o carro.

Ele pisou no freio e paramos.

- O que houve?

- Satoro você acabou de fazer uma piada, esta se sentindo bem?

- Claro, não é porque sou o cara sem sentimentos que não tenho senso de

humor.

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- Vamos para o hospital, você esta estranho.

- Liana apenas relaxe.

Ou o mundo estava louco, ou Satoro perdeu o resto do seu juízo, nunca o vi

tirar uma brincadeira, nem achei que ele era capaz de fazer piada de alguma

coisa.

- O que deu em você?

- Só estou mostrando meu lado simpático, mas não conte a ninguém,

estragaria minha fama de garoto sem coração.

- Quer fazer mais alguma pergunta?

- Não.

- Típico por um momento você me assustou.

- Por quê?

- Você não faz perguntas, pelo menos ainda esta normal.

- Engraçadinha você.

- Todos dizem que sou.

- Vamos para a escola.

- Eu temia que você dissesse isso.

- Adivinhe, sou o seu pior pesadelo.

- Frases de Satoro Dragon, que emoção. Foi mais sarcástica que irônica,

porem ele apenas me olhou e deu um sorriso meia boca.

- Então quer fazer alguma pergunta?

- Você fumou alguma coisa hoje?

- Não.

- Serio o que há de errado com você? Num momento esta serio e

implacável como sempre, em outro está descontraído e, ate fazendo piada.

- Só estou tentando fazer da forma fácil pra você.

- Ótimo.

Era o que estava faltando, pena e compaixão, claro vamos fazer da forma

fácil ela é órfã e esta sofrendo.

- Por mim já deu.

- O que?

- Encoste ali.

Ele fez como eu tinha pedido, abri a porta e sai.

- O deixe na Evelyn, não sei quando volto.

- Onde você pensa que vai?

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- Fica um pouco comigo mesma, onde não há pena nem compaixão, e diga

aos outros que se eles quiserem não precisam ir mais a escola, eu pelo

menos não pretendo ir. Se cuide.

Sai caminhando pela calçada, pensei em tudo que aconteceu, porque

comigo? Porque tinha que ser assim?

- Ei você. Alguém me chamou, olhei para a direção da voz e, vi um senhor

de uns 30 anos pela aparência, cabelos e olhos castanhos, moreno, em um

carro modelo clássico, preto.

- Sim.

- Saberia me informa onde fica o Bryanwood colégio?

- Sim, siga reto e vire na próxima esquina a direita.

- Você não deveria ir para lá?

Ele aponta para meu uniforme.

- Já sabe como chegar, então ate qualquer hora.

- Ei espera, como é o seu nome?

- Liana Muller.

- Obrigada Liana Muller, o meu é Tommy Fences, sou o novo professor de

historia do segundo ano.

- Certo adeus.

- Por que não vai para a escola? Esta se sentindo bem? Posso leva-la ao

hospital.

- Não é nada, só não quero ir hoje.

- Se precisar conversar sabe onde me achar.

- Ok.

Ele partiu, entretanto senti seus olhos me acompanhando ate virar na curva.

Tommy

Minha filha mostrou-se uma pessoa evasiva, ela tem meus olhos, e o

mesmo tom de cabelo, pena que ela não vai à escola hoje. Vou tratar de

tudo e, antes que a semana termine ela estará morando comigo. E tudo vai

ocorrer como eu planejei, ate lá tenho que ser o professor exemplar, o cara

do bem, o exame de DNA está quase pronto, quem diria que os fios de

cabelo encontrados em seu quarto seriam tão uteis, já entrei com o pedido

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da guarda e sei que o juiz me concederá sua custódia, quem não se

compadece de um pai querendo ter os momentos que lhe foram privados

com sua filha. Vivian já estará domesticada ate lá.

Satoro

- Alo.

- Temos problemas, ela fugiu.

- Mais como isso aconteceu?

- Bom ela disse para parar o carro, eu parei, ela desceu e foi embora.

- Idiota, porque não a deteve?

- Porque você não estava com ela?

- O que? Agora a culpa é minha?

- Sim, você é o dito namorado dela, há é mesmo ela te chutou, porque você

é uma dor na bunda.

- Bastardo, com que direito me diz isso? Quem você acha que é?

- Apenas mais um dos amigos dela.

- Você não sabe nada dela.

- Sei mais que você.

Antes que ele me responde-se encerrei a chamada e liguei para alguém que

realmente teria algo de importante a falar.

- Evelyn na linha.

- Ela foi embora, estou levando o carro de volta.

- O que aconteceu?

Expliquei tudo mais uma vez.

- Certo temos alguma pista de para onde ela foi?

- Não, mas posso seguir seu cheiro e, descobrirei que caminho ela tomou.

- Certo.

- Vou levar o carro ai e, sair à procura dela.

- Ok.

Após deixar o carona casa de Evelyn sai procurando Liana. Localizar seu

cheiro foi muito fácil, já sei onde ela foi.

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Liana

Nunca me imaginei que estaria aqui no cemitério observando o tumulo dos

meus pais, sei que o curso natural das coisas é assim, entretanto meus pais

não morreram de alguma doença no decorrer da velhice, nem um acidente,

eles foram arrancados de suas vidas, tudo porque aquele idiota do Nicolas

achou que eles sabiam onde eu estava no fundo sei que a culpa não é

minha, mas tem uma parte de mim que me diz o contrario.

- Porque eles e não eu?

- Porque eles te protegeram.

Pulo para o lado e encaro Satoro.

- Como me achou?

- Segui seu cheiro.

- Vou trocar de perfume.

- Não adiantaria, você é uma mistura de lavanda e flores silvestres.

- Certo.

- Quer caminha ou ficar aqui se lamentando pelo que aconteceu?

- O que você sabe de perda?

- Mais de que você faz ideia.

- Eu... Sinto muito.

Ele ficou em silencio, a verdade é que não o conheço, sei apenas o que ele

me deixa sabe.

- Relaxe.

Seria mais fácil antes de tudo, do acidente, da volta de Math, da chegada do

Clã da Noite, descobrir que sou algo entre bruxa e lobisomem, isso nem me

coloca como humana antes disso era normal, feliz, nesse tempo minhas

preocupações eram que roupa usar nas reuniões da turma, se iria beijar

Math e, se ele ia me chamar para o baile, tudo depois do primeiro ano do

fundamental ficou estranho, tanta coisa aconteceu, e eu só queria voltar

para o passado e ainda ser normal. Porem agora, eu não tenho, família,

namorado e, nem problemas comuns a uma adolescente, hoje sou apenas a

garota órfã, se alguém perguntar como eu estou, vou apenas dizer: bem

obrigada. Mas no fundo o que eu quero é dizer: ficaria melhor se ainda

tivesse uma vida normal.

Page 27: Ultima Rosa da Primavera

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- Vamos fazer trilha? Finalmente consigo falar.

Ele pensa e assenti. Seguimos para uma das trilhas que cerca o cemitério e

apenas caminhamos.

Capitulo-3-

Talvez o silêncio não fosse tão mau, pois no final tudo o que procurávamos

era paz. Era estranho está caminhando com Satoro, esse jeito misterioso

dele, nunca sorrindo, nunca fazendo perguntas, porem ele está sempre aqui,

me ajudando.

- Por quê?

- Porque o que?

- Porque você esta aqui comigo? Não só hoje, mas sempre.

- Porque sou seu amigo e, me importo com você.

Tem algo mais, sinto que falta alguma peça, não é só por isso.

- A ligação, onde você estava?

- Resolvendo algo.

- Porque não me da uma resposta que não seja um enigma? Algo concreto.

- Ok. Eu estava com um amigo.

- E o que você queria me contar?

- Era sobre o batismo de sangue, mas você acabou descobrindo por si só.

- Seu mentiroso.

- Em que estou mentindo?

- Há algo mais, não há?

- Agora não vamos falar disso, em outro momento.

Antes que eu pudesse lhe responder minha visão fica embaçada, uma voz

me chama.

‘’ Corra!’’

- O que você disse?

- Eu perguntei se estava bem.

- Sobre correr?

- Não falei nada.

Page 28: Ultima Rosa da Primavera

27

Meus instintos gritavam para sair dali.

- Temos que sair daqui.

- Agora? Por quê?

- Você não a ouviu?

- Ouviu quem? Liana.

- Corra agora.

Meus instintos me dizem que a voz está certa te alguém nós observando.

Ele não fala nada só obedece, corro tanto que quando paramos, meus

pulmões estão quase pulando fora.

- O que havia lá atrás? Ele pergunta.

- Alguém estava observando.

- Quem?

- Não sei.

- E quanto à voz que você diz que ouviu?

- Não digo, realmente ouvi alguém.

- Quem?

- Não faço ideia de quem seja.

- Então está me dizendo, que você ouviu uma voz misteriosa, e decidiu

correr como louca por isso?

- Exatamente. Estou enlouquecendo né?

- Talvez.

- Como assim talvez?

- Você realmente pode ter ouvido alguém, todos nós temos alguns dons.

- E porque só agora é que estou sendo informada disso?

- Não me culpe, Math deveria ter explicado isso.

- Porque sinto que ele me escondeu tudo que era mais importante?

- Porque ele realmente o fez.

- Sim, então o que devo fazer amigo?

- Refletir sobre o que realmente você quer.

- Sabias palavras.

Valentim

- Ela sentiu minha presença, incrível.

- Está ficando velho maninho.

- Cuidado com as palavras Franchesca.

- Apenas um comentário inocente.

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28

- Sabe o que a Ordem quer de nós.

- Sim sei, mas o que importa? Digo por que temos que servi a Ordem?

- Porque é isso que nossa família faz há séculos.

- Que família? Nossos pais estão mortos, somos os últimos dessa linhagem,

não acha que merecemos um pouco de credito por ainda estamos vivos?

- Compartilho seu pesar, e por isso estou aqui tentando fazer nosso nome

ainda ser temido.

- Bobagens, que o nome vá à merda. Não dou a mínima pra ele, diga-me de

que serviu o nome quando a Ordem arrancou as cabeças de nossos pais?

Ela realmente acertou no alvo, a Ordem matou seus pais como uma medida

de prevenção, alguém tinha levantado um boato de conspiração e, seus pais

estavam no meio desse boato, nunca teve a certeza se eles realmente

conspiraram, entretanto a Ordem foi muito boa, deixou-lhe e a seu irmão

vivo, com a desculpa de manter o sangue e a magia vivos.

- Franchesca não fale demais, pois vai acabar sem a língua qualquer dia

desses.

- Fazendo ameaças irmão?

- Apenas um conselho.

Sempre impulsiva, criá-la não era um trabalho fácil, não podia questionar

sua lealdade para com a Ordem, sabia que ela já teria tentado matar os

emissários que mataram seus pais, se ainda não o fez foi porque ainda

temia pela vida dele. Muitas vezes também questionava a si mesmo, por

que servi aos carrascos de seus pais? Sabia que a vingança não os teria de

volta, um dos motivos principais por continuar dessa maneira era para

saber quem foi que acusou sua família de conspiração e, quando

descobrisse essa criatura iria se arrepender de ter se levantado contra os

seus.

Night

- Finalmente o conselho era me receber.

- Não deveria ser tão presunçoso.

- A nobreza é para poucos, Philip.

- Meu caro você esquece que ainda não é nobre?

- Disse bem ainda.

Philip era um emissário da Ordem; hoje ele seria um novo homem, Nicolas

Anthem, tomava sua posição na mesa da Ordem, a partir de agora teria

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respeito e uma posição favorecida. A porta foi aberta, ao adentra ele teve

uma surpresa.

- Então você é Night Angel?

- Sim.

- Sabe quem sou?

- S... Sim.

- Então sabe o que vai lhe acontecer.

- Senhor eu imploro, não e mate.

Sentado na cabeceira da mesa, um dos homens sorrio em um tom

sarcástico. Sabia que implora não adiantaria, nada adiantaria esse homem

no centro da mesa não lhe daria ouvidos.

- Mata-lo seria fácil demais, não vou lhe matar.

Ele lançou lhe um olhar que congelou ate sua alma, si é que ainda possuía

uma.

- Então o que vai fazer?

- Você ira descobrir em breve.

Depois disso, ele dormiu o sono mais profundo de que se lembrava, e

quando acordou.

- Onde estou?

- No próprio inferno amigo. Alguém respondeu.

- E onde é esse inferno?

- Sabe onde fica o lago das lagrimas?

Ele assentiu.

- Abaixo dele.

- Como isso é possível?

- Você vai descobrir, e lhe garanto odiar.

- Quem é você?

- Um nome não determina quem é o homem, apenas sou uma sombra e,

você, Nicolas agora também esta se tornando uma.

Liana

Page 31: Ultima Rosa da Primavera

30

- Quero que conheça alguém.

- Deve ser muito importante pra você me arrancar da cama às cinco horas

da madrugada.

- Sim, por isso o fiz.

- Posso pelo menos ir ao banheiro?

- Serio?

- Há é muito serio.

- Vinte minutos, é tudo o que você tem.

Vinte minutos pra tomar banho, escovar os dentes, e fazer todo o resto,

quem ele pensa que sou? A mulher maravilha, ou a prima do fleche,

homens. Ainda bem que na agua gelada funciono mais rápido, terminei

tudo em dezesseis minutos e, quarenta e oito segundos.

- Você foi rápida.

- Não imagina o quanto.

- Se tiver fome tenho maçãs na mochila.

- Que gentil da sua parte.

- Sou um perfeito cavaleiro.

- Claro que é, acorda uma garota de madrugada com certeza entra no perfil

de gentileza.

- Madrugar faz bem para a alma.

- Fale isso pra minha enxaqueca.

- Então durma um pouco a viagem é longa.

- Como você convenceu Evelyn a me deixar viajar essa hora?

- Ela não se importa, você é livre pra decidir para onde ir e vir. Agora à

decisão é sua.

A decisão é minha, é tão irônico como isso me faz sentir sozinha no

mundo, antes eu teria uma discursão com meus pais sore sair com um

garoto em uma viagem para um lugar desconhecido, mas hoje isso não

importa.

- Math sabe?

- Não.

- Ótimo.

- Vocês ainda estão sem se falar?

- Sim.

- Ótimo.

- Por quê?

- Porque ele anda muito possessivo.

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- Concordo.

- Então o que posso fazer para você ficar menos zangada comigo?

- Comece pelas maçãs, sem comida e, sem dormir fico muito nervosa.

- O sono não posso lhe dar, mas quanto à comida sirva-se.

Ele me passou a mochila que estava no banco traseiro do carro, esta estava

cheia de maçãs bem vermelhas, meu estomago protestou.

- Bem parece que você esta faminta.

Um sorriso envergonhado brotou nos meus lábios.

- Algo errado?

- Não, é só que você esta estranho nos últimos tempos.

- Defina estranho?

- Você sumiu... E pensei que era culpa minha.

- Ei relaxe, você tem haver com minha viagem inesperada, mas não é algo

tão ruim quanto você esta pensando.

- Então explique!

- Por onde começo?

- Pelo começo ora.

- Certo. Viajei porque tinha que localiza alguém, ele é um bruxo, pensei

que ele saberia como te ajudar, e bem realmente ele sabe, eu vou leva-la

para conhecê-lo.

- Porque sinto que você cortou grande parte da historia?

-Porque não contei tudo.

- E não pretende contar?

- Nesse momento não.

- Certo.

Depois disso ficamos em silencio, apenas peguei uma maçã, meu apetite

havia diminuído, embora soubesse que tinha um bom motivo para Satoro

não me falar tudo, eu não consegui evitar a sensação de que todos

escondiam coisas de mim.

Tommy

- Parabéns senhor Fences a guarda agora é sua.

- Devo lhe agradecer, sem seu trabalho não seria possível.

- Só fiz o que fui pago para fazer.

- Então quando poderei leva-la para casa?

Page 33: Ultima Rosa da Primavera

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- O juiz vai enviar uma ordem à guardiã atual, depois o senhor poderá leva-

la para sua casa.

- Quando tempo?

- Alguns dias.

- Compreendo só alguns dias para quem esperou uma vida por esse

momento não representam nada.

Isso o daria algum tempo para preparar a casa.

- Querida tenho ótimas noticias, nossa garotinha logo se juntara a nós.

Vivian não falou nada.

- Vamos amor, pense como será maravilhoso tê-la em casa.

- Está louco, acha que ela vai simplesmente aceitar morar com você?

- Não acho que tenha escolha.

- Então o que vai acontecer comigo?

Ele sorriu.

- Pensa que eu a mataria?

- É logico.

- Pois errou, ela precisa de uma mãe e, com tal seremos um casal perfeito.

- Acha que eu vou simplesmente sorrir e, fingir que nós nos gostamos?

- Anos atrás era verdade.

- Monstro.

- Vou lhe dar uma escolha ou age conforme minhas regras, ou morre e,

pense bem porque não me importa se resolver morrer.

- Eu vou ficar com ela.

- Sabia escolha.

Valentin

- Não sabe o prazer que me da conhecê-la.

- Sinto não poder retribuir a gentileza.

- Satoro deve ter lhe explicado por que está aqui?

- Sim ele disse.

- Bom.

- Então o que pretende fazer?

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A pergunta dela me surpreendeu a principio, achei que ela fosse somente

mais uma garota com um problema que parecia sem solução, entretanto sua

expressão facial e corporal mostrava uma mulher forte, determinada e, seu

olhar lembrava um sentimento com o qual me deparava todas as manhãs,

sua sede de vingança era quase palpável, de certa forma esta jovem subiu

no meu conceito, tornando nosso encontro irônico. Eu um comissário

enviado pela a mesma Ordem que acabou com minha família, com o

mesmo proposito matar esta garota...

- Ajuda-la.

Ela sorriu e sarcástica falou.

- Não acredito em uma só palavra proferida por você desde nossa chegada.

- Acha que estou mentindo?

- Não, tenho certeza de que mente.

- Como?

- Você tem um pequeno tique nervoso, nunca me olha nos olhos, quando

fala seus batimentos aceleram e sua respiração fica densa, então porque não

poupa trabalho e diz logo o que pretende?

Satoro encarou com um olhar interrogativo, então ele não havia percebido

que eu mentia, mas como ela poderia saber? Talvez fosse só um blefe.

- Você é diferente, ainda sem ter se transformado uma única vez pode

sentir meus batimentos, minha respiração e ate minhas expressões, embora

Satoro não seja capaz, como é possível?

- Sarah me disse.

- Sarah?

- Sua mãe ela diz, também me falou que você não é má pessoa, ela culpa a

Ordem pela sua conduta, então Valentim o que essa tal Ordem quer

comigo?

Será possível? Ela estava realmente falando com minha mãe? Ante que eu

conseguisse falar, Satoro começou.

- Liana o que está acontecendo?

- Também não entendo, mais é a mesma pessoal da trilha, porem agora não

só posso ouvi-la mais também vê-la.

- Como é possível?

- Não sei.

Então ela era capaz de falar com os mortos, mesmo sem ter se

transformado ainda, a Ordem queria ela porque sabia que seus poderes

seriam fantásticos, quando ela finalmente os dominasse é claro.

Page 35: Ultima Rosa da Primavera

34

- Você realmente é a garota da profecia, fantástico.

- Afinal de contas o que isso significa?

- Vou sintetizar ao máximo, o tempo esta correndo. Você foi escolhida para

mudar nosso mundo sobrenatural e de certa forma o mundo dos mortais. Se

você torna-se mau o mundo será mau, se escolher o bem ele assim será,

você nasceu para ser uma rainha, seus descendentes terão mais poder que

qualquer outro ser místico, todo se curvaram a você. Por essa razão a

Ordem a quer, se você estiver do lado deles ninguém mais ira contra suas

regras, tudo que eles decidirem será lei.

- Um mundo sem limites?

- Sim.

- E eu que achava que não iria piorar.

- Entretanto...

- Entretanto?

- Você tem uma escolha.

- Qual?

- Você terá que desistir de um de seus dois lados mágicos, veja você é

metade bruxa, metade lobisomem. Esse ritual é chamado ‘’ ultima rosa da

primavera’’ pois só pode ser feito durante o ultimo dia de primavera e é

necessária certa flor rara, que só nasce uma vez a cada século.

- Deixe-me adivinhar esse é o século para ela nascer?

- Certo. Temos uma chance, agora a pergunta mais importante, o que você

vai escolher: ser uma bruxa ou um lobisomem?

Capitulo-4-

Meu mundo dava voltas, realmente havia uma escolha, só dependia de

mim, o que realmente eu queria ser? Bruxa ou loba?

- E então?

- Quanto tempo ainda me resta?

- Um mês e meio.

- Você pode preparar tudo ate lá?

- Sim.

- Então daqui a um mês e meio voltaremos a nos encontra.

Page 36: Ultima Rosa da Primavera

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Saímos assim que tudo estava acertado, Valentim não podia mais mentir,

eu saberia se ele mentisse. Satoro dirigiu calado durante uma hora, ate que

eu finalmente quebrei o silencio.

- Estou com medo.

Ele me olhou e.

- Eu te protejo garotinha.

- A situação esta realmente péssima você acabou de ser engraçado.

- Mais eu sou engraçado quando quero é claro.

- É claro. Porque tinha que ser comigo?

Ele meditou durante um tempo, realmente achei que ele não iria responder,

e então ele falou.

- O mundo é estranho, essa pergunta teria uma serie de respostas, mais no

momento creio que você foi escolhida aleatoriamente, só mais alguém na

multidão que por acaso tinha as qualidades necessárias.

- Espero que tenha razão.

- O que você vai fazer?

- Escolher, o que é mais normal: ser bruxa ou me torna uma loba durante a

lua cheia?

- Não é bem assim, na lua cheia estamos mais fortes, porem você pode

transforma-se a qualquer hora é só ter vontade.

- O que é mais difícil?

- O batismo de sangue, o resto é digamos normal.

- Não quero matar alguém.

- Ninguém quer mais é inevitável, em um mês e meio você só conseguira

pensar em abrir uma garganta qualquer, ouvirá a pulsação, o sangue

correndo pelas veias, não é prazeroso mais você vai escolher o que

considera certo.

- Como pode ter tanta certeza?

- Porque é isso que você faz, escolhe o que é melhor pra todos não só pra

você.

- Não queria falar isso mais vamos lá.

Dissemos ao mesmo tempo.

- Será que pode ficar pior?

E mal sabíamos que o pior viria tão cedo. Quando chegamos à casa de

Evelyn, tinha um carro da policia na porta, senti meu estomago se

revirando, um medo silencioso. Satoro percebeu meu encolhimento de

ombros.

Page 37: Ultima Rosa da Primavera

36

- Ei relaxe eu estou aqui. Ele colocou uma mão sobre uma mão me

mantendo mais calma.

- Obrigada.

- Você sabe que pode contar comigo e, com os outros.

- Você esta sendo minha ancora agora.

- E você a minha.

Saímos do carro Noah veio ao nosso encontro, ao olhar pra ele congelei no

lugar, nunca o vi tão serio.

- Evelyn esta bem? O medo de ter acontecido algo com ela me pegou de

surpresa, talvez por ela se minha guardiã e, eu já ter perdido tantas pessoas

o medo de algo ter acontecido com ela me fez perde o ar.

- Não, ela esta bem, mas...

- Mas?

- Deixe-me conversar com ela. Era a voz de Evelyn que vinha em nossa

direção. Corri e a abracei.

- Poxa Noah realmente me assustou.

- Temos que conversar.

- Algo ruim?

- Infelizmente sim.

- Diga então.

- Seu pai biológico apareceu, e entro na justiça pedindo sua custodia.

- Pai?

- Fizeram um exame de DNA, ele realmente é seu pai.

- Como?

- Eu forneci alguns fios de cabelo seu para o exame, devia ter lhe falado

antes, mais eu queria ter certeza se ele era realmente quem dizia ser.

- Entendo, e agora?

- Você tem que ir morar com ele.

- Morar com ele? Alguém que nem conheço? E se ele for um maníaco?

O policial do lado rio.

- Ele é professor na sua escola.

- Professor? Quem? Não me diga que é Fred?

- Não, ele é novo.

- Novo? Alguém vinha na minha mente. - Tommy Fences?

- Você o conhece?

- Sim, não. Quer dizer eu o encontrei há algum tempo.

- Devia ter me falado.

Page 38: Ultima Rosa da Primavera

37

- Eu digo o mesmo.

- Sinto muito.

- Eu devo mudar hoje?

- Não se não quiser.

- Não, será melhor ir hoje mesmo.

- Os policiais vão leva-la.

- Não! Satoro pode segui-los ate lá? Eu vou com ele.

Ela olhou para o segundo policial e, ele assentiu.

- Certo.

- Vou subir e fazer as malas.

- Claro.

Satoro me acompanhou ate o quarto em que minhas coisas estavam o

estranho é que eu não havia desfito a mala eu nunca me considerei, em

casa.

- Será que vão me deixar te ver?

- Acredito que sim.

- E eu que achei que não iria piorar.

- Liana, eu estou aqui pra você, sempre.

- Obrigada você parece ser o único com quem posso contar.

- Não é verdade.

- No momento é o que parece.

- Desculpe por isso.

- Relaxe você não tem culpa.

Fui rápida, como eu disse não havia desfeito a mala.

- Vamos.

- Ei. Noah falou.

- Sim?

- Fiz isso pra você.

Uma pequena corrente de prata com um pingente em forma de meia lua.

- Obrigada é lindo.

- De nada, posso te visitar?

- Acho que sim.

- Qualquer coisa me liga.

- Pode deixar.

Satoro me olhou e sussurrou: eu disse.

No por do sol partimos para algum lugar desconhecido. A viagem foi de

mais o menos duas horas e meia, quando chegamos era quase sete horas da

Page 39: Ultima Rosa da Primavera

38

noite. Ele em uma casa perto das montanhas devia ter trilhas que levavam

ate elas daqui, não era tão ruim assim. A casa era enorme, um mausoléu.

- Nossa.

- É grande né? Perguntei a Satoro.

- Sim é.

Um casal esperava na varanda, o homem eu reconheci de imediato, mas

quem seria a mulher, Satoro mais uma vez pareceu ler meus pensamentos.

- Ela só pode ser sua mãe.

- Vivian? Mas ela estava desaparecida.

- Já sabemos onde ela este escondida.

Podia ser isso mesmo, mas algo lá no fundo me dizia o contrario.

-Minha intuição não concorda.

- Que bom a minha também não.

- Veja. Eles estão com seu cachorro.

- Black? Eu achei que ele havia fugido.

- Todos nós achamos.

Ele se referia a fuga antes de voltamos a cidade, Black desapareceu,

procuramos por ele e, então desistimos.

- Agora não tenho mais duvidas é realmente estranho.

Estranho era a palavra do momento, tudo estava confuso, porque eu estava

sendo obrigada a morar com alguém desconhecido? A lei diria ‘’ todo

menor deve permanecer ao lado de seus pais’’, só que os meus pais

estavam mortos! Mas que escolha eu tinha? Isso mesmo nem uma, só sair

do carro e conhecer esse ‘’Pai’’ que a lei me atribuiu.

- Não tenha medo, estou aqui com você.

- Eu sei.

- Tudo vai dar certo, lembra você é mais poderosa que ele e, ainda esta com

seu celular.

- Verdade.

Saímos do carro e, nós dirigimos para a varanda. A mulher devia ser

Vivian, a mulher que minha mãe considerou uma irmã em um passado não

tão distante; algo estava errado, meu instinto gritava corra, mas só havia

um motivo para eu continuar, saber quem realmente eu era? Porque não os

conhecia ate o momento?

- Bem vinda ao lar. Sorrio o professor, que se apresentou a mim no outro

dia como Tommy. A mulher porem sorria, entretanto seu olhar era de

suplica, tristeza eu diria, e em parte medo, este nós duas compartilhávamos.

Page 40: Ultima Rosa da Primavera

39

- Bem ela esta entregue. Disse um dos policiais que mostrou o caminho.

- Obrigada por trazê-la.

- É nosso dever, tenham uma boa noite.

- Vocês também e mais uma vez obrigado.

Eles partiram, o silencio se prolongou por alguns minutos ate que Satoro

falou.

- Eu sou Satoro Dragon.

- Sabemos quem você é.

- Que bom pena não compartilhar o mesmo conhecimento, senhor?

- Fences, Tommy Fences e esta ao meu lado é Vivian Saller, minha

companheira e mãe de Liana.

- Prazer em conhecê-los.

- Qual é sua relação com a minha filha?

- Apenas companheiros de Alcateia e, amigos.

A palavra alcateia provocou uma leve mudança na sua facha de pai

preocupado, que não pude deixar de notar.

- Então ela já esta em uma Alcateia?

- Sim.

Ate o momento ninguém tinha compartilhado essa informação comigo, não

me lembrava de nem de terem tocado no assunto, agora além de ter pais

novos, também era parte de uma Alcateia, quando eles vão perguntar o que

eu quero? Se aceito isso? Quando vou ser informada de coisas assim?

- Que pena, ela se sairia bem na minha Alcateia.

- Bryanwood está cheia de jovens lobos que aceitaram seu pedido para

integrar sua Alcateia.

- Só uma jovem me interessa aqui.

A situação estava indo fora de controle.

- Não falem de mim como se não estivesse presente, ainda tenho meu poder

de escolha! Homens. Agora onde é o meu quarto?

- Venha comigo querida. Vivian falou.

Eu assenti seguimos.

- Não ligue pra eles, estão apenas agindo como machos.

- Por um minuto pensei que iam urinar em mim, pra marcar território.

- Não importa a idade, eles continuam as mesmas crianças.

- Verdade.

Rimos e voltamos ao silencio, sentia-me culpada por rir com está mulher,

pois era o tipo de risada que eu compartilhava com a minha mãe.

Page 41: Ultima Rosa da Primavera

40

A sala era grande, este casarão era duas vezes maior que minha antiga casa,

uma longa escadaria, estilo casa vitoriana, como eles havia conseguido

faze-la assim era uma incógnita, um corredor lavava aos quartos, na

terceira porta paramos.

- Aqui é o seu quarto.

- Certo.

- Pode chamar o seu amigo para trazer o resto das malas.

- Só há uma mala, esta já está com ele. Ela não disse nada, apenas assentiu.

Abri a porta para um quarto que seria três vezes maior que qualquer outro

que já tinha visto.

- Bem espaçoso.

- Espero que não se importe, mas Tommy o mobilou para você.

A mobília que ela falava era uma imensa cama com dossel, e o maior

guarda roupa que já foi feito.

- Não.

- Se não gostou pode comprar tudo novo.

- Assim está bom.

- Ok, vamos descer?

- Claro, assim eu chamo Satoro para trazer a bagagem.

Satoro

- Agora que elas saíram, porque não falamos como dois lobos que somos.

- Só uma coisa o que pretende?

- Só quero a melhor, para a minha alcateia.

- Não vai machuca-la.

- Você se importa muito com ela não é mesmo? Sou apenas um pai

preocupado com o bem esta da filha.

- Se ela sofrer, eu farei você sofrer em dobro.

- Digo o mesmo.

Elas vinham descendo as escadas.

- Satoro, vamos levar a bagagem para meu quarto.

- Certo, com licença.

Page 42: Ultima Rosa da Primavera

41

Peguei a mala dela e fui ao seu encontro, subimos em silencio, ela abriu

uma porta para mim, quando estávamos dentro ela a fechou.

- Há perigo não é?

- Talvez.

- Talvez?

- Liana qualquer um pode ver que ele é um alfa e, ninguém que tenha juízo

briga com um alfa.

- Devo me preocupar?

- No momento não, se ele sentir-se ameaçado pode te prender aqui.

- Gostou do meu quarto de princesa?

Princesa. Mal sabia ela que para nossa espécie ela era equivalente a uma

rainha.

- Parece confortável.

- Vou dizer o que parece: isso está igual a uma prisão.

- Vou esta aqui para te proteger.

- Essa é uma promessa?

- Não, uma afirmação.

- Satoro?

- Sim?

- É verdade que estou na alcateia de vocês?

- Nunca duvide disso.

- Tem algo que eu devia saber?

- Sobre?

- As mudanças que iram ocorrer se eu optar por ser um lobo.

- A vontade de matar vem de inicio, mas passa depois de sacia-la, sua visão

e audição ficaram melhores, e tem os poderes que alguns de nós temos, há

também...

- O que?

- Uma vontade... Como explicar isso?

- Isso o que?

- A mudança ocorre na adolescência, um momento em que os hormônios

estão agitados, digamos assim... Você vai sentir...

- Vou sentir o que? Vamos Satoro fale logo!

- O que todo adolescente com hormônios fora de controle senti.

- Você fala...

- Sim, inclinação sexual.

- Certo, com que intensidade?

Page 43: Ultima Rosa da Primavera

42

- Alta.

- Droga.

- Mas relaxe, eu tenho certeza que você e Math vão se virar com isso, não é

como se vocês nunca tivessem feito não é mesmo?

Ela ficou calada, será que?

- Liana desculpe estou entrando demais na sua vida intima.

- Não é isso.

- Então o que é?

- Eu e Math, nós nunca.

- Nunca?!

- Nunca. Ela suspirou e deixou-se cair na cama.

- Isso é ruim?

- Defina ruim?

- Você vai ficar tomada por um desejo incontrolável, seus pensamentos

iram ter só uma direção, seu corpo vai agir por instinto, e você só terá o

controle depois.

- Acho que vou ficar com a opção bruxa mesmo.

- Parece mais seguro pra você não é?

- Sim.

- No entanto a Ordem está atrás de você.

- Como assim?

- Independente da sua escolha, você será a mais poderosa da espécie.

- Certo o que eu devia escolher?

- O que você quer?

- Ser normal.

- Não é uma opção.

- Eu sei.

- Qual das duas?

- Bruxa.

- Ok.

Certo não estava tudo bem, algo dentro de mim queria que ela dissesse que

tinha escolhido ser parte da nossa alcateia, embora já a considerávamos

parte, seria tão mais fácil se ela escolhe-se ser como nós. Embora no fundo

estivesse respeitando a decisão dela não me impedi de pensar nela como

parte da nossa família, droga! Ela já fazia parte porem faltava algo.

- Você esta bem?

- Sim.

Page 44: Ultima Rosa da Primavera

43

- Não parece.

- O que você quer dizer?

- Que você não esta feliz com minha decisão.

- Liana ninguém quer ser um monstro, ninguém quer pensar em matar, ou

ficar surtado porque não consegue parar de pensar em sexo. Você escolheu

algo que consegue suportar, sou seu amigo independentemente da sua

escolha, continuarei ao seu lado.

- Amo você Satoro, é um valoroso amigo.

Essa pequena palavra e, o sentido que ela da às coisas, faz com que tudo

mude, faz com que você se importe mais, lute mais, tente mais, esse

sentimento precioso que muitas vezes machuca como também pode

iluminar um mundo de sombras, estava sendo direcionado para mim nesse

momento, mas será que valeria apena me amar?

- Terra para Satoro.

- Desculpe acho que viajei.

- Percebi.

- Você dizia?

- Como esta casa é grande.

- Agora que você falou, sim é grande e, o que isso tem de estranho?

- Nunca soube dessa residência.

- Como assim?

- Eu moro aqui desde sempre e, nunca soube que havia uma casa assim por

aqui.

- Você não é bem...

- Não sou?!

- Olha Liana sem ofender, mas você não repara nas coisas ao seu redor.

- Como assim?

- Esquece. Tenho que ir ate logo, se precisar estou no celular.

- Certo e, Satoro?

- Sim?

- Obrigada.

- Pelo o que?

- Por tudo, por esta comigo, por tentar me ajudar, por ser meu amigo.

- Não por isso, amigos são pra isso né?

- Sim.

Page 45: Ultima Rosa da Primavera

44

Liana

Depois que Satoro foi embora fiquei sozinha, poderiam ter passado horas,

ou apenas minutos, nada além do silencio, talvez eu devesse sair conhecer

minha nova casa, entretanto o simples pensamento me deixava nervosa,

ficar sozinha com esse casal que dizia serem meus pais me assustava.

Resolvi arrumar minhas coisas.

- Por onde começo?

A roupa pareceu mais simples, se bem que com apenas algumas peças de

roupa para ocupar uma das seis portas do guarda roupa, não era tão

tentador, mas me ajudou a pensar menos no caos que estava minha vida.

Para minha surpresa agora eu possuía um banheiro, pra ficar melhor só

faltava uma cozinha, assim evitaria Vivian e Tommy, pena que meus

sonhos andam longe de se tornarem realidade. Fui tirada de minhas

reflexões pelo toque de chamada: Far Away-Nickelback.

O identificador de chamadas me alertou para que mais uma vez Math

buscava-me, deveria atender? Seria possível esquecer os erros do passado

e, os do presente, seu ciúme muitas vezes infundado e possessivo? A

resposta era simples: não, nesse momento eu não era capaz de revelar tudo,

sempre alivie as coisas para ela, mesmo quando ele me deixou naquele

carro após aquele acidente que não tenho certeza se foi mesmo acidental,

mesmo depois de seu retorno e, de toda a bagunça que isso causou na

minha vida, sempre perdoei ele, porem agora não é mais tão fácil assim,

como continuar com algo que só machuca, não sei se isso pode ser

classificado com amor, pois o amor não era para fazer você se sentir

especial, completo? Essa relação só me prende em algo mais conturbado,

era melhor deixar ir pra caixa postal.

Nesse momento tudo que eu poderia fazer era tomar um banho e pensar que

se eu abrisse os olhos, descobriria que tudo não passava de um sonho. Após

o banho Vivian veio me chamar para jantar, pensei em dizer que não porem

meu estomago discordou bruscamente, foi então que lembrei que só havia

comido algumas maçãs mais cedo.

Na sala de jantar uma mesa grande que caberia o equivalente a oito pessoas

estava a minha espera.

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45

- Boa noite. Tommy falou quando entramos.

- Boa noite. Falamos em um único som.

- O que você gosta de comer querida? Vivian perguntou.

- Qualquer coisa.

- Acho que esse não tem.

- Certo, pode ser uma sopa.

- Que tal pizza?

- Pode ser.

Não fazia diferença pra mim, não os considerava como sendo meus pais, na

minha cabeça Vivian e Tommy não passavam de dois estranhos. Não

demorou muito para entregarem a pizza, começamos a comer e, o silencio

se instalou, decidi então fazer a grande pergunta.

- Por quê?

- O que?

- Porque me deixaram com meus pais?

- Liana, naquela época nós éramos jovens e, não pensávamos direito. Foi o

que Vivian falou.

- É mentira.

- Como?

- Seus batimentos estão acelerados, isso só acontece quando mente então

qual é a verdade?

- Tenho que admitir para alguém que nunca passou pela transformação

você é boa.

Ela tinha que saber o que essas pessoas queriam? Porque a trouxeram aqui?

- Sim sou muito boa, agora diga o que quer de mim? E são realmente meus

pais ou isso faz parte de algum jogo doentio?

- Sim. Você é nossa, filha e, o que eu quero de você... Bom você sabe sobre

a profecia?

- Sim.

- Eu sou um alfa e, como tal quero os melhores na minha alcateia.

- E onde eu entro nessa historia?

- Não se faça de desentendida.

- Ok, então você me quer para criar uma nova raça de lobisomens

superdotados?

- Tão esperta como bonita.

- Se me dão licença perdi meu apetite.

- Eu não dei permissão para você se levantar e, muito menos sair da mesa.

Page 47: Ultima Rosa da Primavera

46

- Me impeça então.

- Ela é tão teimosa quanto você.

- É melhor ficar calada Vivian se quiser manter sua língua.

- Não esta mais aqui quem falou.

Antes que ele pudesse me impedir eu já estava no meio da escada, ao

chegar ao meu quarto resolvi ligar para alguém.

- Sentiu saudades?

- Preciso de ajuda.

- Pensei que nunca pediria.

- Vamos dar um passeio lá pela meia noite?

- Com você vou ate a lua.

- Sem gracinhas Noah.

- Ok.

Noah

- Quem era?

- Ninguém que você precise saber docinho.

- Você nunca me conta nada lobo.

- Nem você bruxa. Certo?

- Certo.

- Agora onde estávamos?

- Você estava me explicando porque não consigo ficar longe de você.

- Isso mesmo, sem contar o meu charme e, os meus beijos penso que

poderia ser por causa de meu corpo esculpido.

- Lobinho nós dois sabemos que seu físico é graças a sua natureza lupina.

- Fran você sabe que não tem capacidade de resistir a mim.

- Além de tudo você é tão humilde né?

- Só me valorizo docinho.

- Às vezes ate demais. Ela sorriu.

- Sabe adoro quando você sorri.

- Isso porque sabe que só sorriu com você.

- Isso soa ainda melhor.

Page 48: Ultima Rosa da Primavera

47

Adorava esta junto de Fran, apesar de serem da mesma idade ela sempre

tentava parecer mais adulta que ele, isso o fazia sorrir.

- Você vai começar a estudar?

- Meu irmão não quer, preferi que eu tenha aulas em casa, mas vai permitir.

- Ótimo.

- Quanto tempo eu ainda tenho com você hoje?

- Ate as onze.

- Estupendo, que tal uma corrida?

- Não sei por que tenta sempre ganho.

- Você sempre trapaceia.

- Como?

- Usa seus poderes.

- Certo então prometo não usa-los.

- Jura?

- Só se você me der mais um beijo.

- Ok.

Era tão bom tê-la em seus braços e, isso era estranho nem uma garota o

deixava assim, só a sua Fran.

- Então vamos?

- Vamos.

Horas depois...

Ela estava sentada em uma pedra no meu da trilha, riscava o chão e, parecia

não notar minha aproximação.

- Terra para Liana, alguém em casa?

Seu olhar foi de encontro ao meu, depois ela voltou a olhar para o chão.

- É tão mau assim?

Ela assentiu.

- Então o que há de novo?

- Ele é do mau, planeja me usar para forma um exercito de

superlobisomens, a mulher sabe mais não fará nada, ele tem o controle do

jogo, por hora.

- Punk.

- Muito.

- O que faremos?

- Acho que a pergunta seria o que eu devo fazer?

Page 49: Ultima Rosa da Primavera

48

- Lutar.

- Você fala como se fosse fácil.

- Não, você não entendeu. Quis dizer lutar com a cabeça, use sua

inteligência contra ele.

- Ele tem vários peões, bispos e cavalos, enquanto eu... Tenho apenas um

campo para defender.

- Você não esta sozinha.

- Eu sei, mas...

- Mas?

- Essa é a minha batalha e, não quero vocês lá caindo por terra.

- Nossa sua confiança em nós me deixa assustado.

Tanto eu quanto ela nós viramos assustados para encontra Math nós

encarando.

-Math...

- Vamos admita que você, não confia em nós?

- Eu... Não é isso.

- Admita!

Sentia-me estranho em meio à discussão.

- Gente, eu já vou indo.

- Porque esta aqui? Quis saber ela.

- Eu disse que ficaria de olho em você.

- Eu não chamei você. Atirou ela e, isso o feriu por um breve momento.

- Eu sei, eu sou queria saber como você estava, fui vê-la e, Evelyn me

inteirou de sua mudança.

- Não deveria ter feito.

- Qual é o seu problema?

- Você ainda achar que estamos juntos, acabou Math.

- Mas eu ainda te amo.

- Não quero ouvir mais essas palavras.

- Por quê?

- Porque seu ‘’eu te amo’’ soa tão falso como a preocupação dos meus pais

biológicos, dizem ter por mim.

- Mas você sabe que é real.

- No momento eu só quero ficar só, sabe sem ninguém me cobrando coisas

que nem sei se tenho o dever de cumprir.

- O que você quer dizer com isso?

- Nada.

Page 50: Ultima Rosa da Primavera

49

- Posso fazer uma pergunta?

- Sei que vou me arrepender, mas vá em frente e faça.

- Você e o Satoro, o que há entre vocês?

- Sabia que iria me arrepender se tivéssemos algo não seria da sua conta.

- Liana...

- Chega! Ate mais.

Capitulo-5-

Sei que deveria ter me afastado e, os deixa conversar a sós, porem minha

intuição dizia que não era seguro. Ela deu a volta e pegou uma trilha

adjacente, reconheci o caminho que Liana estava tomando. Minutos mais

tarde ela chegava ao lago das lagrimas.

- Você é rápida.

Ela voltou-se assustada.

- Noah você quase me fez ter um ataque.

- Fique fria.

- Fácil falar, difícil fazer.

- Vai a escol amanha?

- Não tem como faltar, Tommy é professor.

- Não parece.

- Foi o que eu pensei.

- Preciso de um favor.

- Vou me arrepender?

- Provavelmente não.

- Prossiga.

- Tem uma garota e, bom ela é nova e eu pensei que você poderia dar uma

mão.

- Certo, mas esteja ciente de que vou querer os detalhes sobre.

- Você não vai deixar passar.

- Não.

Liana

Page 51: Ultima Rosa da Primavera

50

Voltei por volta das duas horas da madrugada, não precisei bater antes de

sair Viviam me deu uma copia da chave. Eu meio que esperava que ela ou

Tommy, estivesse sentado no sofá cercado pela escuridão, esperando para

me dar uma bronca como pais normais, entretanto fui decepcionada. Uma

pessoa normal nessa situação não voltaria para casa, embora fosse

tentadora a ideia Tommy me explicou a regra geral para nossa convivência

pacifica: siga as regras e faça o que quiser com sua vida, isso é tudo por

hora. Sei o que estão pensando ele é do mau porque ela não fugiria, esta é a

questão se fugir eu vou direto para um juizado de menores e, isso não seria

legal.

Adentei no meu quarto...

- Finalmente chegou. Tommy estava sentado em uma poltrona que

aparentemente não estava lá quando sai.

- Nossa você me assustou.

- Não era minha intenção, mas já que você chegou tarde era meu dever lhe

informar que você tem escola amanha, por isso devia dormir mais cedo.

- Sinto ter que informa mais não estou nem ai para o que você pensa.

- Você é minha filha e, vai seguir minhas ordens.

- Claro ‘’papai’’.

- Agora vá dormir.

- Se você retira-se é o que eu pretendo fazer.

Ele saiu. Tomei um banho frio, escovei os dentes e fui dormir infelizmente

só consegui dormir por volta das cinco.

Na manha seguinte:

Uma luz forte invadiu-o o quarto.

- O que esta acontecendo?

- Hora de ir pra escola.

- Você já viu que horas são? Disse olhando para o relógio no criado mudo.

São seis horas da madrugada.

- Querida você tem muito tempo para se aprontar e, além do mais está um

dia lindo lá fora.

- Vivian nunca, jamais me acorde a seis da madrugada se alguém não

estiver sem cabeça.

Page 52: Ultima Rosa da Primavera

51

- Eu avisei a ela.

- Tommy...

- O que? Eu quando tinha a sua idade não gostava de acordar a seis da

madrugada, infelizmente o tempo nós obriga a dormir menos cada vez

mais.

Se ele soubesse que ela havia acabado de pregar os olhos...

- Ok, você venceram, agora saiam do meu quarto.

- Certo. Disseram um único som.

Quando eles saíram voltei a consultar o relógio, eram 06h20min, só me

restava mais uma hora e meia ate ter que me arrumar para a escola, só

restava uma coisa a fazer...

- Você sabe que horas são?

- Sei.

- É bom que alguém esteja morrendo.

- Quase isso.

- Diga.

- Preciso que você venha me buscar.

- Mais são dois quilômetros?!

- Também sei disso, mas você gasta meia hora ate chegar aqui ou menos,

por favor, eu tinha acabado de dormir e, eles me acordaram, antes que você

diga qualquer coisa estou em um mau humor negro.

- Você ganhou. Esteja pronta em dez minutos.

- Certo.

Em nove Satoro havia estacionado o carro na porta da casa e, estava a

buzinar.

- Onde pensa que vai?

- Dar uma volta antes da escola, não se preocupe estarei lá para a primeira

aula.

- Lembre-se é sua palavra.

- Você a tem.

- Ok.

Tommy

Page 53: Ultima Rosa da Primavera

52

- Agora que ela esta fora, que tal aquela conversa sobre o que você deve ou

não falar?

- Qual é? Não fiz e agi como foi combinado?

- Sim, mas...

- Mas?

- Tente não lançar mais nem um olhar de ajuda em direção a ela.

- Eu não fiz nada.

- Pensa que eu não vi?

- Ok.

- Boa garota.

- Posso fazer uma pergunta?

- Claro minha querida.

- O que foi feito de Barbara?

Barbara Lemon era uma fêmea de sua espécie que por anos lhe serviu de

companheira, esta não fora capaz de lhe dar mais que uma filha, que agora

estava com sua avó paterna, Sofia era meia irmã de Liana, ele sabia que

assim que a notícia de que ele tinha Liana chegasse aos ouvidos de sua

mãe, Joseline mandaria Sofia, direto para ele, esperava que esse momento

demora-se.

- Barbara morreu há alguns anos.

- E quanto à filha?

- Esta com minha mãe.

- Joseline, ainda é doce?

- A idade não melhorou sua personalidade.

A verdade era que sua mãe continuava uma velha amarga.

- Traga a garota.

- Por quê?

- Liana não tem irmão, seria bom para ela se adaptar.

- Olha quem diria que você me daria uma ideia tão boa.

- Só quero que Liana seja feliz.

- Quem a ouve ate pensa que realmente esta interessada no bem está de sua

filha, pena que não caiu mais nos seus jogos.

- Realmente uma pena.

Vivian

Page 54: Ultima Rosa da Primavera

53

Era um jogo, quem detinha maior poder era quem comandava e, quem

estava no comando no momento era ela. Havia enganado a todos, não tinha

como negar que sentiu medo quando soube que esperava um bebê que

cumpriria uma grande profecia e, por essa razão deixou sua filha com

Emily, quando percebeu o que significava tentou recuperara-la, entretanto

Tommy estava em seu encalço, não havia como chegar a Liana. Anos

depois ela havia conseguido e, mesmo assim Tommy ainda estava aqui

para torna sua vida uma eterna disputa. Sabia como acabar com ele e, seria

o mais breve possível, assim ela teria Liana só para si.

- A verdade é que eu sei que especei de animal é você.

- Que bom.

- Não vou deixa-la colocar suas mãos na garota.

- Que bela cena de pai preocupado.

-Sabe tão bem quanto qualquer um que esse é o nosso código: sempre

cuidar da sua Alcateia, pois somos família e, temos um laço inquebrável.

- Belas palavras lobo.

- Obrigada Bruxa.

- Se não fosse seu pequeno encanto já estaria morto.

- Ainda bem que Jack me garantiu um bruxo de confiança.

- Diga-me quem devo caçar?

- Infelizmente ela já esta morta.

- Claro só pode ter sido Emily.

- Quando ela percebeu que espécie de monstro era você as coisas mudaram

a meu favor.

- Eu quero pode.

- Eu quero apenas um sucessor.

- Veremos quem ganhar essa guerra.

Na noite em que ele a levara, havia colocado um feitiço de selamento, toda

a sua magia estava presa, agora que sabia de tudo, seu ódio só aumentou,

esperava que Emily estivesse apodrecendo no inferno.

- Tenho que correr afinal de contas tenho um trabalho.

- Que os anjos da morte o levem.

Ele virou-se e sorriu.

- Igualmente querida.

Tommy Fences sorria o quanto quiser seus dias estão contados.

Page 55: Ultima Rosa da Primavera

54

Tommy

Ele tinha que admitir agora que Vivian estava a sua mercê, a ideia lhe

parecia menos atraente, seria melhor manda-la para sua alcateia. Sabia

quem seria o homem para essa tarefa.

- Jack Trevisque falando.

- Tenho um trabalho para você.

- Estou a caminho.

- Sempre prestativo.

Jack Trevisque era apenas mais um jovem órfã quando o encontro em Sant

Valle e, um lobo reconhece outro a quilômetros, depois o adotou, Jack era

como seu filho, na época Barbara esperava Sofia e, como ele era apenas um

garoto apostou suas fichas nele e não se decepcionou, queria que Jack se

unisse a Liana, por isso havia voltado por ela.

- Como esta minha noiva?

- Mansa ou quase lá.

- Não esperava nada menos do meu pai.

- Claro.

Depois de explicar o que queria que fosse feito de Vivian, ele encerrou a

chamada. Sabia quais pessoas buscavam sua cabeça e, ele estava disposto a

dar-lhe.

Jack

Entregar a bruxa a Ordem ia ser fácil, uma bruxa sem poderes, apenas mais

uma humana.

- Quem é você? Sobre saltou ela assustada.

- Ninguém que você mereça saber. Apenas um toque e, ela estava

dormindo. O próximo passou era entrar em contato com seu emissário

favorito.

- Philip Hunter.

Page 56: Ultima Rosa da Primavera

55

- Como está Trevisque?

- Com um presente de boa fé para a Ordem lhe interessa?

- Comece a falar e, mostre-me que meu tempo gasto vale apena.

- Vivian Saller esta em meu poder.

- O que quer em troca?

- Apenas mais um ponto com a Ordem, se bem que você pode me fazer um

favor: quero alguém para proteger a garota de quem lhe falei.

- Assim será.

Satoro

Ela dormiu assim que o carro entrou em movimento.

- É Satoro você agora é uma espécie de baba.

- Muito engraçado Noah.

- Sempre.

- Porque aceitei lhe dar uma carona?

- Porque Liana precisa dos amigos. Agora vire a esquerda.

- Quem é a garota?

- Você logo saberá.

Jovens ele sabia bem como era ter dezesseis anos e, ainda lembrava-se de

sua namorada na época, Katherine, mas lembrar dela também reabria as

feridas que preferia manter dentro de seu peito.

Virando a esquerda estava uma jovem de baixa estatura e, cabelos longos

em um tom de louro escuro, e olhos verdes, conhecia aquela garota.

- Franchesca Balish!

- Você a conhece?

- Sim.

A jovem por quem Noah havia se apaixonado era ninguém menos que a

irmã de Valentim. E se ele estava aqui só podia significar que ele também

estava.

- Mas ela é minha.

Não evitei revirar os olhos, a garota tinha uns dezesseis anos e, eu

dezenove, se eu quisesse a teria em meus braços, mas nesse momento só

alguém ocupava minha cabeça, embora não de forma romântica.

- Sim, da minha parte ela é só uma menina.

- Que bom.

Page 57: Ultima Rosa da Primavera

56

Como se não bastasse todos os problemas, agora mais esse Valentim por

aqui. Poderia ficar pior? Sua resposta não demorou a tarda. Quando enfim

chegou à escola.

- Satoro, precisamos ter uma conversa.

Agora o que queria esse imbecil do Math com ele? Olhei para os garotos e

para Liana que ainda dormia no banco da frente do carro, respirei e assenti.

- Noah vá indo na frente, já o acompanho. Pensei que o garoto discutiria

mais ele apenas fez que sim e, partiu com Franchesca. Depois que eles

foram; nos nós afastamos do carro para não acorda Liana, quando

estávamos a uma boa distancia.

- Então o que você quer comigo?

- Quero saber o que você tem com ela?

O tom dele já foi suficiente para me deixar irritado.

- Primeiro ela tem nome, segundo não é da sua conta que tipo de relação

nós temos e terceiro não me procure a menos que seja algo realmente

importante, agora tenho que ir.

- Um minuto.

- Nem mais um segundo, você é surdo? Porque fui bem claro, não lhe

interessa.

Ele pensou em falar algo mais se voltou calado. Voltei para o carro, era

uma pena ter que acorda-la, visto que a única hora em que se mantinha

calada era quando estava dormindo.

Liana

Meu sonho estava tão bom, se não fosse à posição incômoda teria sido a

melhor soneca de todas; pena que eu tinha que acorda.

- Vamos abra os olhos. Satoro dizia, entretanto o sono estava tão bom.

- Só mais cinco minutos. Murmurei.

- Vamos Liana abra a droga dos olhos, você vai se atrasar para a aula.

- Que a aula vá para o inferno, me deixe dormir.

- Se pudesse ate que eu deixava, mas se você faltar Tommy arrancará

minha pele fora.

Page 58: Ultima Rosa da Primavera

57

- Certo lobinho, por sua pele, o que você não me pede chorando que eu não

faço sorrindo?

- Fazendo piada?

- Você sempre com seu humor negro, vamos.

- Não tem fome?

- Sim, mas você disse que ia me atrasar.

- Mais acredito que dá tempo para comer algo se você for rápida.

- Certo.

Valentim

Os ingredientes para o ritual eram tão raros, mas com um pouco de sorte já

havia conseguido quase todos, só restava esperar pela rosa. Estava

preocupado com Franchesca, que havia insistido para frequentar a escola,

como se isso não bastasse esta namorando a um lobisomem, tinha que ter

uma conversa seria com ela.

- Irmãs.

- O que disse?

Perguntou uma senhorita de cabelos avermelhados, seu rosto era familiar,

mas de onde a conhecia?

- Nada, nós conhecemos?

- Talvez.

- Talvez?

- Se você lembra-se de uma rosa branca...

- Você lembrara o céu azul.

- Como está Valentim? Senti saudades.

- Demitria.

- Ainda recorda meu nome é um bom sinal.

Sim como não recorda da mulher que me mostrou o que era está

apaixonado para depois quebrar meu coração, fazia anos que não sabia

dela.

- Nem tanto, mas porque esta de volta?

- Só uma missão da Ordem.

- Algo que me envolva?

- Não, fique tranquilo.

- Quando se trata da Ordem não há como ficar ‘’Tranquilo’’.

Page 59: Ultima Rosa da Primavera

58

- Sim claro.

- Porque será que acho que você me encontrar não é uma coincidência?

-Sempre direto...

- E sempre certo. Então o que quer?

- Conhecer Liana.

-Já havia imaginado, o que a Ordem quer com ela?

- Saber de que lado ela está.

- Vou fingir que acredito.

- Lembre-se Valentim acusar a Ordem pode ser perigoso, ainda mais

quando tem uma irmã para cuidar.

- Não ouse ameaçar Franchesca.

- Não ouso, mas lembre-se não se meta com eles.

-Já aprendi minha lição uma vez, ou acas esqueceu o que fizeram com

meus pais?

- Jamais.

- Me acompanha ate a cidade?

- Sim.

- Tem transporte?

- E quando é que já me viu andar a pé?

- Claro a Halen.

- A Halen preta.

- Acho que você só consegue amar esta moto.

- Sempre certo.

Há muito tempo atrás queria está errado, todavia a vida é assim um dia

você ganha, no outro você perde.

Tommy

Pelo menos ela veio à aula. Sofia queria conhecer a irmã mais velha, mas

ainda não era o momento, quase um ano depois da morte de seus pais

adotivos Liana ainda não havia chorado e, ele sabia disso. Admirava sua

força seria a melhor substituta que ele poderia ter, Jack seria o homem

certo para ela e, tudo que ele idealizou sairia perfeito, seus netos seriam

Page 60: Ultima Rosa da Primavera

59

poderosos. Quando Liana casasse com Jack seu mundo seria perfeito. Se

tivesse sorte tudo ocorreria antes dele morrer, sabia que estava fraco e, a

cada dia suas forças minguavam; Jack sabia e por isso o respeitava, claro

além do mais iam ser parentes, o destino escreveu que Liana seria esposa

de Jack, só restava agora convencê-la disso.

Capitulo-6-

Eu queria dormir só mais cinco minutos, entretanto quem pode contra

Satoro ‘’ O menino de gelo’’, não seria eu claro.

- Vamos molenga.

- Porque todo mundo me chama de molenga?

- Porque você dorme muito.

- Sabe dormir faz bem e, no momento é a melhor forma de me manter

bem... Lucida, e porque você esta me olhando como se fosse me

massacrar?

- Só tenho um nome em mente para um massacre e, querida não é o seu

isso eu garanto.

- Quem foi que te deixou em fúria?

- Math.

- Porque será que vem a minha mente que eu tenho algo haver com isso?

- Porque você tem, ele me ameaçou.

- O que!

- Disse para nem se que imaginar ou te olhar de outra forma, que ele não

me quer perto de você.

- Certo.

-Só isso que você tem a dizer?

- Não aguarde e vera.

Quem ele pensa que é? Que direito ele tem sobre mim? Satoro poderia esta

em fúria, mas a verdadeira tempestade estava chegando, com data e hora

marcada.

Page 61: Ultima Rosa da Primavera

60

- Não me assuste.

- Você não deve ter medo, quem deve me temer é Math.

- Vai me dizer o que esta pensando nessa sua cabecinha maléfica?

- Não.

- Porque só consigo pensar que você vai me colocar em uma grande

confusão?

- Porque eu vou.

- Era o que eu temia.

Nós nos separamos e, três aulas mais tarde era a hora do duelo de Titãs.

Mandei uma mensagem para Math durante a aula de trigonometria:

‘’ tenho uma surpresa na hora do almoço.

Beijos: Liana’’.

Ele não demorou a responder:

‘’ Estarei esperando’’.

Na hora do almoço todos estavam lá, para minha grande surpresa. No

momento em que me viu Math acenou e se dirigiu para mim, do outro lado

da lanchonete Satoro grunhiu, e eu deixei Math parado a meio caminho e,

fui ate Satoro, que não entendeu nada.

- O que você vai fazer?

Sorri.

- Isso.

E o beijei.

Ouvi July dizer: Ela voltou.

Foi um beijo para mostra a Math que ele não era meu dono, que sou livre, o

que eu não esperava era o que vinha a seguir.

- Não devia ter feito isso. Disse Satoro.

- Por quê?

- Por isso.

Ele me beijou de volta, só que não foi qualquer beijo, foi um beijo

exigente, sensual e provocador.

E July gritou: Procurem um quarto. E todos riram.

- Agora eu que digo o que?

- Foi você quem começou.

Page 62: Ultima Rosa da Primavera

61

Antes que eu tivesse a chance de responder, a guerra se instalou. Math

chegou e deu um soco do nada em Satoro, então ele revidou e, os dois

acabaram no chão cercados, pelos outros estudantes que gritavam: Briga!

Mas essa confusão durou pouco, o diretor apareceu e levou os dois ate a

diretoria. Tínhamos aula reduzida e, como Satoro que era minha carona pra

casa estava na detenção, só me restava ir a pé. Mais quando eu passei pelo

estacionamento lá estava minha moto e também um cara que nunca tinha

visto na minha vida.

- Quem é você e o que faz com a minha moto?

- Jack Trevisque.

- Não respondeu o que faz com minha moto?

- Ele é seu segurança, a partir de hoje.

- Porque raios eu preciso de um segurança?

- Porque têm emissários da Ordem na cidade, eles querem te conhecer e,

nunca é boa coisa quando a Ordem quer saber de alguém.

- Mas pai...

Era a primeira vez que o chamava assim, pai.

- Liana eu só quero te proteger e no momento não há pessoal no mundo em

quem confio mais que nele, Jack é como um filho, não ira me decepcionar

nem machucar você.

- Está certo.

- Boa garota, tome.

- O que é isso?

- Um cartão de credito, vá fazer compras, mas esteja em casa as seis para o

jantar temos que conversar. E quanto a você Jack arrume as malas vai ficar

no quarto de hóspedes.

- Como desejar.

Ele se retirou nos deixando a sós.

- Então aonde vamos?

- Quer conhecer a cidade?

- Me ilumine.

- Pelo menos tem humor Jack.

- Você não sabe o quanto, você vai dirigi a final a moto é sua.

- Hoje não, você guia, todavia só por hoje.

- Como desejar.

- Vamos ate uma livraria, vá pela central, depois vire à direita e siga, ate

ver uma placa que diz ‘’ o mistério dos sonhos’’ então chegamos.

Page 63: Ultima Rosa da Primavera

62

- Você manda.

Então partimos.

Jack

Ela era fascinante, gostava de ler, muito na verdade. Depois de comprar

alguns livros fomos a uma loja de eletrônicos.

- Você tem celular? Ela perguntou der repente.

- Sim.

- Mostre.

Tirei do bolso meu, Lanterninha (uma versão de celular simples, da Nokia,

que possui uma lanterna).

- Muito simples.

- Eu gosto.

- Que tal assim, te eu dou algo mais moderno, e você me arruma uma

corrente igual a esta de prata no seu pescoço?

- Não precisa me dar nada.

- Ei relaxe.

- Você pode ficar com esta.

- Certo, então vou te dar algo mais legal, vamos.

Ela estendeu a mão para mim e sorrio como me negar a seguir ela?

- Vamos.

Liana me levou a uma loja que se chamava ‘’ Pingente dos deuses’’, ela

deu bom dia para um cara na entrada e, fomos a uma das sessões.

- Coisas amaldiçoadas?

- Ei, vamos.

Ela olhou todas as correntes e optou por uma com uma pedra turquesa no

meio, era um medalhão de prata.

- Esse daqui.

Ela pagou e colocou no meu pescoço.

- O que achou?

- Você é engraçada, não devíamos nos odiar?

- Meu pai, e tão estranho chama-lo assim, bom ele quer que eu tenha um

segurança, e se nós nos odiamos isso vai ser impossível, melhor conquista-

lo e ganhar um aliado, que ter mais um inimigo.

- Para alguém tão jovem você pensa muito.

Page 64: Ultima Rosa da Primavera

63

- Na verdade não, apenas sei o que vai ser bom ou ruim pra mim, e lhe

garanto aprendi da forma mais difícil que confiar em alguém pode

machucar.

Ela falava de Nicolas. Todos da nossa alcateia sabiam que ele matou seus

pais adotivos, era impressionante ela ainda esta de pé. Seria perfeita como

minha esposa, e foi nesse momento que eu fiz uma promessa, jamais

deixaria que alguém a machucasse.

- Não precisa me temer.

Ela sorriu.

- Jack sua lealdade não é para comigo e, sim para o meu pai. Não pense que

porque rirmos e você me deu uma corrente, significa que confio em você

cegamente, não confio nem no meu cachorro mais.

- Black? Esta certa em não confiar nele, eu vou te arranjar um animal mais

fiel.

- Como?

- Vamos, vou te dar o primeiro presente para você confiar em mim, mas

não é só por isso, você precisa de um animal fiel ate a morte a você.

Levei-a ate minha casa na montanha, na verdade só fui ate ela três vezes,

uma na compra, outa para deixar um inquilino e hoje. Mais lá tinha o

animal perfeito para alguém como Liana.

- Onde me trouxe.

- Essa é minha casa e não estou te sequestrando se é o que pensou.

- Não isso nem passou por minha cabeça. O que fazemos aqui?

- Quero te dar algo e, Tommy disse que devia me mudar pra sua casa.

- Certo.

Entramos.

- Vou buscar seu presente.

Estava onde eu deixei, em uma das minhas caminhadas eu encontrei um

filhote de lobo abandonado, tão triste pobre pequeno, era certa sua morte,

entretanto não permiti, ele ficou aqui, com toda a comida e agua que um

lobo precisaria.

- Aqui esta você.

Ela não estava na sala quando retornei com o filhote, segui seu cheiro, ela

foi ate um dos quartos, por ironia o meu.

- Liana?

- Hey, você devia colocar placas indicando o banheiro para visitas, que

coisinha é esta em suas mãos?

Page 65: Ultima Rosa da Primavera

64

- Seu presente.

- Onde esta a mãe dele, parece novo.

- Eu o encontrei vagando na semana em que comprei essa casa. Trouxe-o

para cá e, bom toma é seu.

Ela olhava a pequena bola cinza em suas mãos e do nada começou a chora.

- Porra! Não chore o que eu fiz de errado?

Liana

Não estava ouvindo mais Jack, tudo que via era o dia em que o lobo cinza

me atacou na floresta, Lucky, eu correndo em uma tentativa em vão de

salva-lo, a queda da cachoeira, meus pais me dizendo um adeus sem saber

que era pra sempre, tudo que eu mais amava, morreu e, pela primeira vez

em meses em fim chorei de verdade por tudo. Senti que alguém me

abraçava. Pobre Jack, eu devo tê-lo assustado muito. Chorei ate que a dor

passou e, apenas restavam soluços contra o peito definido de Jack.

- Cama, vai ficar tudo bem.

- Desculpe.

- Você não fez nada errado.

- Fiz, minha armadura é fraca.

- Discordo, nunca conheci nem uma garota como você.

- E como eu sou?

- Tem alma de Valquíria.

- Isso foi um elogio?

- Foi.

- Certo.

- O que posso fazer por você?

- Deixe de me olhar como se eu tivesse uma doença terminal.

- Ok.

A pequena bola de pelos se aconchegou contra mim e, abriu os olhos, para

me afundar em duas piscinas de um turquesa tão profundo que quase me

afoga.

- Ele gostou de você é a primeira vez que abre os olhos, ate cheguei a

pensar que era cego.

Page 66: Ultima Rosa da Primavera

65

- Tem nome?

- Não. Você é sua dona e, isso posso lhe garantir ele será o mais fiel de

todos.

- Como pode ter tanta certeza?

- Porque um lobo é fiel aos seus acima de tudo.

- A família deste nem tanto.

- Poderiam ter morrido, há caçadores que querem sua pele.

- Serio?

- Serio.

- Certo bom você tem cara de...

Ela meditou e por fim disse.

- Nevoa.

- Nevoa?

- Ele pode ser silencioso, mas em dias agitados é mortal.

- Gostei.

- Já o levou em um veterinário?

- Não.

- Certo, amanha vamos ao veterinário, vai te vacinar e te registra.

- Garota esperta.

- Jack.

- Sim?

- Como conheceu meu pai?

Ele ficou em silêncio, por um momento pensei que não fosse responder,

deitou no chão e me puxou junto, ficamos em silencio olhando para o teto,

ate que ele disse:

- É uma longa historia.

- Temos tempo.

- Quer mesmo saber?

- Sim.

- Meus pais morreram cedo, quando eu tinha dois anos, fui para um abrigo,

em Sant Valle, quando tinha seis anos o abrigo fechou, fomos para a rua...

Passei fome, roubei, e não me arrependo, não havia ninguém para cuidar de

mim ate então, um dia tentei roubar seu pai... Sabe ele me olhou e disse:

quer mesmo roubar a um lobo como eu garoto? E eu respondi: Um lobo

que rouba outro rouba porque perecerá senhor, morrerei de fome. Ele me

olhou meditou e disse: a partir de hoje, terá um pai, mais terá que me

obedecer. Ele me levou a um cartório, me registrou como seu filho, me deu

Page 67: Ultima Rosa da Primavera

66

roupas novas, me botou na escola, me ensinou a ser alguém, anos depois

investigou meus pais e, adivinha meus tios interesseiros me abandonaram

para tomar conta do dinheiro que era meu por direito, eles comiam carne

enquanto eu mendigava, roubava e passava fome e frio na rua. Seu pai os

expulsou, me devolveu tudo, hoje eu sou multimilionário, e sabe o que eu

aço com o dinheiro que meus tios tanto cobiçaram? Tenho centenas de

orfanatos pelo mundo todo, dando auxilio, a crianças como eu, ele tem

tudo, e setenta por cento consegue um bom lar, o restante fica, estuda

quando sai se não achar um emprego, ou não for pra faculdade, volta e

trabalha pra mim, sou padrinho de varias crianças pelo mundo todo, tenho

garotas que são médicos, advogados, entre outros profissionais, e tudo isso

aos vinte e seis anos.

- Nossa.

- Nossa.

Minha barriga roncou.

- Tem fome?

- Bom sim.

- Vou ver se resta algo comestível na geladeira.

- Ate lá faço o que?

- Em investigue, brinque com o Nevoa a casa é sua.

- Ok.

Investigar? Não, não sou do tipo de pessoal que sai mexendo nos pertences

alheios, entretanto a cama dele era tão convidativa e, eu estou tão cansada

que não resisto e me deito com Nevoa nela. Acabei cochilando, mas eu

precisava disso, dormir um pouco para organizar meus pensamentos. Em

um momento eu estava na cama de Jack tirando uma soneca, em outro no

Lago das Lagrimas, estranho sonhar justamente com esse lago, uma nevoa

sinistra tomava conta do lugar, na plataforma havia alguém, era uma jovem

vestida de branco, cara que surreal, era como se eu realmente estivesse lá,

um frio percorreu minha espinha, foi então que me dei conta de que não era

um sonho e, que a garota não era uma mera ilustração do meu cérebro, mas

sim o fantasma a que estava vendo há alguns dias. Depois dessa conclusão

ela se virou para me encarar. Sorriu e disse:

- Finalmente veio me ver.

- Quem é você?

- Sou aquela que vem te mostra à verdade, sobre quem e o que você é.

- Como assim?

Page 68: Ultima Rosa da Primavera

67

- Você tem a chave.

- Sobre o que fala?

- Só você pode me libertar, mas preste atenção no momento certo, você fara

uma escolha, e tudo mudara quem você vai escolher? Preste atenção só os

sábios escolhem pelos outros, não escolha por seu coração, sua escolha é

uma mistura de razão e emoção.

Ela caiu no lago e sumiu entre as aguas. O que estava acontecendo comigo?

Porque ela vinha a mim? E porque eu podia vê-la?

- Não sabe o quão tentadora é essa imagem.

Jack me tirou do surreal, trazia pizza, mas minha fome mingou

consideravelmente. Poderia eu confiar nele, para contar lhe o que estava

vendo esses dias? A verdade era que embora fossemos divertidos juntos,

ele ainda era leal ao meu pai, enquanto sua lealdade fosse para com ele não

poderia confiar nele mais de que como um mero conhecido.

- Limpe sua mente lobo, meu cortaria suas bolas, antes de permitir uma

mão sua sobre mim. Ou pelo menos era isso que eu esperava.

- Não esteja tão certa disso.

- O que quer dizer?

- Que em nossa matilha eu sou o mais cobiçado.

- Humilde.

- Sempre.

- Olha também tem humor.

- A loba é irônica, vem coma.

- A fome passou.

- Mas você precisa comer esta quase translucida.

- Já pode ver TV através de mim? Ótimo, tornei-me a namorada perfeita.

- Vamos deve comer.

- E se estiver envenenada?

- Então seu pai me cortaria as bolas.

Valentim

- Então o que trás você aqui Demitria?

- Saudades.

Page 69: Ultima Rosa da Primavera

68

- Se eu não soubesse que é você, ate acreditaria porem já não sou jovem,

então o que a Ordem quer?

- Sempre no ponto, não venho te matar, nem a ninguém a menos que

ofereça perigo a minha protegida, sim não me olhe assim, venho proteger

Liana.

- E porque a Ordem quer protege-la?

- Uma vida por uma vida.

- Então alguém morreu para que ela tivesse uma emissária guardando suas

costas?

- Não posso falar mais.

- Claro que não, tem fome?

- Sempre, ainda sabe cozinhar?

- De olhos fechados e com as mãos as costa.

Demitria não lhe enganava, havia mais por trás dessa missão e, ele ia

descobrir. Ate lá tentaria arrancar a verdade da melhor forma possível,

também devia esconder o feitiço para liberar Liana. Olhando a hora deu-se

conta de que Franchesca ainda não havia chegado, onde diabos ela deveria

está? Deveria lhe dar um celular. Amanha o providenciaria, ate lá era

pensar onde estaria ela.

Noah

Ela sorria para os vagalumes, ele pegou o embrulho que trazia consigo,

comprou para ela, um celular, assim sempre poderiam se falar, era um

modelo novo, ele trabalhou muito para poder lhe dar isso, mas como era

para ela valeria apena.

- Estende as mãos e feche os olhos.

- Que suspense, o que vou ganhar? Um beijo? Dois? Talvez seu coração.

- Terá quantos beijos quiser e meu coração já é seu. Agora feche os olhos.

Ela fez como ele pediu. Depositando o embrulho em suas mãos, sorriu ao

ver a careta que ela fazia tentando adivinhar de que se tratava o presente.

- Já pode abrir.

Quando ela desembrulhou, sua cara foi uma mistura de surpresa e medo.

Page 70: Ultima Rosa da Primavera

69

- O que houve? Não gostou?

- Sim, mas o que você quer em troca?

Foi então que ele entendeu, ela estava como medo dele querer ir ao

próximo passo.

- Acha que eu sou desse tipo Fran?

- Bom não.

- Olha comprei isso para podemos nós nos falarmos com mais frequência,

tem o meu numero como favorito, porque eu espero ser o favorito, pensei

que ficara feliz, como pode pensar que eu iria querer algo em troca? Achei

mesmo que sou assim, você me ofende. Vou te levar pra casa.

- Noah, eu... Eu... Sinto muito, não queria te magoar.

- Pois o fez, vamos.

Seguiram, em silêncio todo o percurso ele a deixou na porta de casa,

percebeu que havia uma moto estacionada em frente a casa, será eu o

conservador do irmão dela resolveu curtir a vida.

- Seu irmão tem uma bela moto.

Ela empalideceu quando viu a moto, algo não ia bem.

- Não pode ser ele não.

Antes que ele pudesse pergunta o que havia de errado ela correu ate a porta

e, adentrou como uma tempestade, ele a seguiu não era bom a deixar

sozinha quando estava nervosa.

Dentro da casa uma ventania tomou conta do lugar, vasos quebraram,

moveis se afastaram e foram para nas paredes.

- O que ela faz aqui?

- Acalme-se Franchesca.

- Me acalmar você diz, ela faz parte da Ordem, a mesma que matou nossos

pais; maninho eu lhe garanto a ultima coisa que quero é ficar calma.

A mulher de que ela falar estava suspensa com as mãos no pescoço, eu

tentei me aproximar, entretanto uma olhada dela me fez retroceder.

- Fran pare, seu irmão diz que esta tudo bem, confia nele né?

Ela enfim me reconheceu.

- Certo, mas faço por você e não por ele, agora vá embora, não quero

machucar você, e obrigada pelo celular, quando essa confusão acabar ligo

pra você.

- Eu vou mais antes a solte, você não é má Fran, vamos amor não faça eu

me arrepender de dar meu coração pra você.

Ela respirou e soltou a mulher.

Page 71: Ultima Rosa da Primavera

70

- Devia ensinar a sua irmã boas maneiras.

- Cale-se cadela.

- Ora... Ora tem a língua afiada também, não me lembrava dela assim.

- As pessoas mudam.

- Franchesca suba, vou logo em seguida para que possamos conversar.

- Certo.

Ela deu a volta e me deu um beijo como nunca havia feito depois me levou

ate a porta e ali nós nos despedimos.

Satoro

Por culpa de Math, ele ficou na detenção. Só então ele pensou em tudo, no

beijo, e na reação dele, o mundo estava louco, não podia se dar ao luxo de

ceder, não podia ser o que Liana precisava, ele prometeu isso no passado,

não entregaria seu coração nem sua alma a ninguém mais. O melhor era

evita-la ate o momento do ritual. Ela havia ligado mandado mensagem,

entretanto ele não retornou a nem um dos dois. Tudo mudou quando

encontrou Drew.

- O que aconteceu?

- Liana.

- O que houve com ela?

- Saiu com um cara que ninguém nunca viu aqui.

- Para onde? Alguém a seguiu?

- Não.

- Droga, onde está Dragon? Eu tenho que fazer tudo sozinho aqui.

- Dragon viajou.

- O que!

- Não me pergunte estou às cegas como você.

- Star?

- Foi com ele. Cara acalme-se.

- Me acalmar, nosso alfa viajou sem me nós dizer, Liana sumiu e, você me

pede pra ter calma.

Page 72: Ultima Rosa da Primavera

71

Ela havia ligado, ele não atendeu, será que Liana ligou para pedir socorro e

ele se negou a ajuda-la? Como se seus problemas não fosse demais, agora

mais esses, era como se alguém dissesse: ‘’ Chupa essa manga’’, ou seja,

era o problema dele, então que ele se arrumasse.

- Vamos.

- Para onde?

- A casa dela.

Drew assentiu, e partiram.

Meia hora depois chegaram a casa dela. Ela estava suspensa nos braços de

um cara que nunca cruzou seu caminho. Ela brigava com ele e, ao mesmo

tempo ria divertida.

- Liana...

Seu olhar caiu sobre ele, e por uma fração de segundos o tempo parou,

então ela fez sinal para que o cara a descesse. O cara olhou para ele e

grunhiu mais fez o que ela pediu.

- Satoro, Drew o que fazem aqui?

- Bom te ver também. Respondeu Drew. Ela sorriu e o abraçou.

- Como você esta?

- Melhor agora que sei que está segura, quem é o cara?

- Ele? Seus olhos caíram no moreno que não tirava os olhos dela.

- Sim. Eu disse.

Ela pareceu divertida.

- Jack, é meu segurança.

- Seu segurança?

- Longa historia, saberia se tivesse me atendido ou retornado minhas

mensagens.

Ponto pra ela, a culpa era minha de não sabe.

- Vou chamar July, tem muitos marmanjos aqui, me sinto sufocada.

- E sua mãe?

- Partiu.

- Como assim ‘’partiu’’?

- Longa historia.

- Satoro.

- Já sei Drew, Liana um Satoro zero.

- Onde esta Nevoa? Perguntou ela de repente.

- Se concentre nele, chame-o. Disse Jack.

Page 73: Ultima Rosa da Primavera

72

E foi o que fez, fechou os olhos, respirou e, os abriu um momento depois,

sorrindo.

- Ali. Apontou para um arbusto, algo pequeno se mexeu, era cinza, mas não

podia ser era um filhote de Lobo.

- Então onde conseguiu isso? Quis saber Drew.

- Jack me deu.

Mais um ponto para o tal Jack. Tinha que tirar essa sensação de posse,

embora soubesse que esse sentimento só aumentaria, em dois dias seria lua

cheia, ate lá tudo se intensificaria. São momentos como esse que fazem

você querer gritar ‘’ Foda-se mundo’’. Ele tinha que protegê-la, mas ficar

longe ao mesmo tempo e, se virar sem Dragon e Star, onde eles foram e

porque não disseram a ele? Quando os encontrasse...

- Vamos jantar?

- Se quiser ficar Drew fique. Tenho coisas a resolver.

Então parti. Deixei a moto para Drew voltar; transformei-me e, corri sem

destino.

Liana

- O que deu nele?

- É a mim que você pergunta?

- Certo, vem vamos comer.

- Não precisa falar duas vezes. Drew sempre me fazia rir, sempre pareceu

ser o mais calado da turma e, por isso sempre o considerei o mais perigoso.

Vivian partiu, assim disse Tommy, embora eu soubesse que era uma

mentira, como não sei, entretanto algo em mim gritava mente. Nevoa

gostou de Drew, pareciam unha e carne, o ciúme me consumia... Depois do

jantar sai com Drew para a varanda, com a desculpa de que precisava falar

com ele a sós, garanti a Jack que ficaria em uma trilha próxima e se algo

acontecesse ele seria o primeiro, a saber. Seguimos uma trilha que ficava

há uns trinta metros da casa.

- Preciso perguntar algo.

- Diga.

- Porque me sinto possessiva?

Page 74: Ultima Rosa da Primavera

73

- É a lua.

- A lua?

- Sim, quando esta próxima de ficar cheia, tudo se intensifica, emoções,

sentimentos, tudo fica mais significativo.

- Passa?

- A maioria das vezes sim. Posso perguntar algo?

- Diga.

- Você ainda é virgem?

Certo, ele me pegou de surpresa.

- Bem direto você. Sim ainda sou.

- Pois evite sair durante a lua cheia.

- Por quê?

- Todos os machos transformados, exceto seu pai porque a reconhece como

filha lhe caçarão.

- Por quê?

- Instinto de reprodução, então se quer se manter virgem não saia durante a

lua cheia, todos nós seremos perigosos para você. Eu, Satoro, Dragon, Star,

Math ate mesmo esse tal de Jack. Prometa que não vai sair? Se algum de

nós te machucarmos não o que aconteceria, eu mesmo prefiro morrer que

ferir uma mulher dessa forma.

- Fique tranquilo não vou a lugar algum.

- Boa garota, esteja segura.

- Algo mais?

- Sim.

- Me ilumine.

- Todos nós insinuaremos para você.

- O que?

- A parti de amanha, se vista com a roupa menos atraente que tiver se

possível nem tome banho, ou escove os dentes, Liana acredite em mim:

todos exceto seu pai a verão como uma deusa amanham. E isso não é o

pior, tentaram beija-la, abraça-la e ate mesmo levar você para a cama. Não

estou isento disso, agora mesmo quero morde-la. Então vou partir e

amanha, fuja de nós.

- Ok.

Como diria a ele que não podia ficar em casa, daqui a dois dias era o ritual,

que Valentim ia fazer para quebrar a profecia, se tivéssemos sorte, depois

Page 75: Ultima Rosa da Primavera

74

da lua cheia eu seria apenas mais uma bruxa. Precisava falar com alguém e

já tinha a pessoa.

- Lembrou-se de mim?

- Devia ter ligado antes, mas meu mundo está confuso.

- Eu sei.

- Não, você não sabe.

- Me ilumine então.

- Pode vir aqui?

- Para sua sorte já estava a caminho, é bom ter onde eu dormir.

- Sempre.

- Seus pais não se importam serio?

- Não.

- Fantástico.

- Filme, sorvete, pipoca, refrigerante, e contarei tudo.

- Excelente.

Quando ela chegou tudo estava pronto, sentamos em frente a minha TV, e

começou a seção.

- Comece a falar.

- Tudo começou quando o espermatozoide...

- Não é isso e, já tive aula de biologia essa semana.

- Bom eu tinha que tentar.

- Desembuche.

- Eu sou algo entre Lobisomem e bruxa.

Esperei sua reação de medo, mas esta não veio.

- Entendo.

- Nada? Nem um grito, ou um você devia se internar?

- Liana, eu sou uma Bruxa.

- O que?

- Agora eu quem lhe peço calma.

- Minha melhor amiga é uma bruxa.

- Eu não falei assim de você.

- Certo me perdoe.

- Esta perdoada.

- Isso é tão surreal.

- Eu sempre soube você era diferente, entretanto sua mãe Emily, pediu a

minha mãe para me proibir de comentar coisas sobre magia, ou feitiços

com você, quero que entenda não foi por querer.

Page 76: Ultima Rosa da Primavera

75

- Ok.

- Quando os lobos infestaram a cidade, minha intuição gritava que era por

você, não estava errada?

- Não.

- Amélia desapareceu antes dela Molly e, todos já sabiam que isso ocorria

por você, muitos queriam te proteger como eu, outros como Molly e

Amélia só queria o poder.

- O que elas são?

- Molly foi convertida em uma espécie de lobo servente, ela vendeu sua

alma para Night e, Amélia era uma bruxa menor, Night a seduzi-o,

prometeu que lhe daria pode, a mãe dela não morreu de Câncer, morreu por

sua sede de poder.

- Todos aqui sempre souberam? Minha vida não passa de uma mentira.

- Não, eu mesma só sabia que você era especial, sobre Molly e Amélia eu

descobri pouco antes de seus pais serem assassinados.

- Porque você não me disse?

- Tentei.

- Mais eu não respondia a ninguém.

- Exceto os lobos.

- Sabia sobre Math?

- Sim, você deveria ter percebido, Lobos fedem, sem querer ofender.

- Não sinto.

- Isso porque é uma, ou pelo menos metade de um.

- Algo mais?

- Você não sofre nem um acidente.

- Como?

- Tudo não passou de um feitiço, que fez você ver um sonho como

realidade, Math tinha uma missão e, Emily pensou que seria melhor para

você, estaria mais segura se pensasse que ele partiu depois de um acidente,

o que ninguém contava era que ele encontrasse Vivian pelo caminho. Lina

a verdade é que todos mentiram para te proteger, para mim também

mentiram e tudo que acabo de lhe contar só descobri recentemente. Peço

que me perdoe, se tivesse descoberto antes você não teria sofrido tanto.

- Há algo mais?

- Sim, o conselho quer te conhecer.

- Que conselho?

Page 77: Ultima Rosa da Primavera

76

- O conselho das bruxas; querem que você se apresente, eles tem medo que

você seja má e vá usar seus dons para o mau.

- Ate ontem eu era normal, com uma vida normal e, amigos normais, hoje

eu sou uma hibrida, minha vida esta longe de ser normal e meus amigos

nem consigo nomeá-los. Tem o Conselho das bruxas que quer me testar

para saber se serei a madrasta má ao invés da Branca de neve, Como se não

bastasse tem também a tal Ordem.

July empalideceu.

- A Ordem quer você?

- Não tenho certeza, por quê?

- A Ordem é tipo ‘’a tropa de elite, do mundo dos seres mágicos’’, são eles

quem acaba com guerras e as começam, mas se a Ordem diz você é mau,

você é mal ate para você mesmo.

- Certo, quer acabar com meu ultimo nervo?

- Desculpe, já conheceu o conselho dos lobos?

- Ainda não.

- Vou falar com minha mãe para lhe apresentarmos ao conselho.

- Certo.

- Acho melhor eu ir, estamos correndo contra o tempo.

- É a mim que você diz isso?

- Tem razão boa sorte.

- Para todos, mas acima disso para mim.

- Tenho que ir.

- Me ligue.

- Me atenda.

- Você está certa.

- Ate.

- Ate.

Quando ela saiu, finalmente pude pensar em tudo, minha vida era uma

mentira, inclusive meus pais, as pessoas que eu amei e confiei mentiram

pra mim. Fui para o banheiro e, deixei que a agua fria levasse tudo de ruim

que estava impregnando na minha alma, embora nem toda agua fria da terra

conseguisse, apagar as mentiras. Seu celular vibrava do lado de fora, tanto

que caiu do criado mudo. Saiu de toalha e fui olhar quem tirava o meu

sossego. Quem mais poderia ser Math, deixei cair na caixa postal. Por dois

motivos: um ele mentiu, dois Drew me avisou eles surtariam por causa da

lua cheia. Resolvi ler para passar o tempo, o legal era que agora eu estava

Page 78: Ultima Rosa da Primavera

77

lendo tão rápido que em quarenta minutos terminei um livro, ainda estava

de roupão quando alguém bateu na porta.

- Posso entrar?

- Jack?

- Sim.

- Um momento.

Ótimo só de roupão como um lobo que estaria tarado do lado de fora.

Peguei o pijama mais ridículo que achei, era cinza com estrelinhas e nuvens

dos ursinhos carinhosos, se havia algo no mundo mais brega alguém

deveria me apresentar.

- Entre.

Ele adentrou, parecia serio.

- Seu pai viajou.

- Como? Por quê?

- O conselho convocou uma reunião com ele, então estamos sozinhos.

- Devo me assustar? Colocar trancas?

- Não, jamais faria algo que você não permitisse, se que a lua cheia esta

próxima, entretanto sei me controlar.

- Assim espero.

- Mas se você for sair me avise, seu pai me pediu pra não deixa-la fora de

vista ate que voltasse.

- Certo.

- E Liana?

- Sim?

- Belo pijama, tenha uma boa noite.

Não sei por que mais corei, muito. Assim que ele saiu eu tranquei a porta

com duas voltas.

- Liana. Disse ele entre as risadas.

- Sim?

- Seu medo só me deixa mais excitado, então não tenha medo de mim e,

ficara segura, e se eu quisesse está ai dentro não seria uma porta que me

impediria.

- Ótimo você me deixa tão calma.

- Apenas relaxe. Não vou fazer nada que você não me peça.

- Idiota.

- Liana?

- Diga.

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78

- Você me excita quando esta zangada.

- Tem algo que não te excite?

- Em você? Não.

- Fantástico, estou cercada por lobos tarados.

- Isso passa.

- Claro daqui a dois dias.

- Porque não então dormir, amanha é sábado, que tal irmos passear?

- Não posso tenho que ir visitar alguém.

- Quem?

- Você esta grunhindo?

- Sim, desculpe é o sentimento de posse.

- Franchesca e, você vai comigo, afinal é minha sombra.

- Ok.

Fiquei colada na porta ate ouvir a porta do quarto de hóspede se fechar e, o

chuveiro se ligar. Não era só ele que precisava de um banho frio, o que

acontecia comigo? Antes de dormir desliguei o celular, fechei as janelas,

desconectei o computador da rede wifi. Só então me deitei e, abracei Nevoa

o único macho que não me oferecia perigo no momento.

Na manha seguinte, acordei por volta das oito e meia, o quarto estava

gelado, os vidros embaçados, e minha respiração criava uma fumaça, nesse

momento me sentia em um filme de terror, daqueles em que você acorda

depois que alguém te drogou e, tem em sua frente um psicopata, só que em

minha frente não havia ninguém, ou melhor, dizendo nada meu quarto era

um mero pedaço de cenário, com plano principal o bendito Lago da

Lagrimas, como diabos acabei aqui? Foi então que percebi que era só mais

um sonho, a todo instante eu sussurrava: você quem esta no comando, é

apenas um sonho, você tem que acordar.

Desci da cama, por mais que meu subconsciente soubesse que era um

sonho, parecia tão real e como todas às vezes anteriores a essa ela estava

ali, a mesma mulher de branco, meus pés tocaram o chão, que parecia tão

real, as pedras chegavam a machucar meus pés, ela estava de costas, então

se virou e disse:

- Senti saudades.

- Quem é você?

- Já sabe quem sou apenas se nega a dizer.

- Não, eu não sei.

- Pense Liana.

Page 80: Ultima Rosa da Primavera

79

Tentei fechar os olhos, buscando no fundo da minha mente um rosto, um

nome, algo que me mostrasse que era ela, entretanto nada me ajudou, só

doía à cabeça.

- Não sei quem é.

- Que pena, não me recorda verdade?

Parecia triste.

- Porque não me diz?

- Porque você tem que lembrar, só você tem a chave.

- Que chave?

- Você tem que lembrar.

Ela gritou e o sonho desapareceu, acordei soando, e com Jack arrombando

meu quarto.

- Mais que merda você está fazendo!

- Você gritava, pedia ajuda pensei que alguém havia entrado e estava te

fazendo mal.

Certo, devo ter falando enquanto dormia, olhei em seus olhos cheios de

preocupação me sentindo culpada, resolvi lhe da um desconto.

- Ok, me desculpe.

- Você esta bem mesmo?

- Estou.

- Certo, desculpe pela porta, fiquei desesperado.

- Ok, fome?

- Hum?

- Tem fome?

- Já fiz o café.

- Comeu sem mim?

- Não, vinha te chamar quando ouvi você gritando, e bom-Apontou para a

porta- isso aconteceu.

- Você havia avisado essa porta não te aguentaria, depois do café vamos

procurar um carpinteiro para concertar isso.

- Eu pago afinal de contas sou o responsável por quebra-la.

- Certo, agora se me da licença, preciso tomar banho e, trocar de roupa.

- Acho melhor você usar o meu quarto para isso. Disse ele apontando para

a porta.

- Você não ousaria.

- Não duvide.

- Ok.

Page 81: Ultima Rosa da Primavera

80

Tommy

- Você o que?

- Você ouviu, quebrei a porta.

- Não me diga que deixei minha filha com um lobisomem no cio?

- Não! Só fiz isso porque ela estava falando enquanto dormia, pensei que

alguém tinha burlado o sistema de segurança, então quebrei a porta.

- Ela tem pesadelos?

- Ao que parece sim.

- Nós trabalharemos nisso quando eu voltar, onde ela esta agora?

- Tomando banho.

- Cuide dela.

- Com minha vida.

- Assim espero.

Encerrou a chamada, olhou para o medico e:

- Quanto tempo?

- Pouco.

- O veneno me afetou muito?

- Sim, embora como médico, quero acreditar que acharemos uma cura, os

testes estão indo bem, logo pode ser usado o antidoto.

- Mas será que aguentarei ate lá?

- Para o seu bem espero que sim.

- Quando o conselho nós recebera?

- Em breve.

- Obrigada pela consulta, agora tenho que resolver alguns assuntos

pendentes.

- Algo com que eu deva me preocupar?

- Não.

Saiu do consultório e seguiu para a casa de sua mãe, queria ter noticias de

Sofia. Como sua filha estaria nas mãos de Joseline, mãe ela nunca foi, será

que a jovem estaria bem? Duvidas e problemas, entretanto ele era o alfa

quem comandava tudo era ele.

Page 82: Ultima Rosa da Primavera

81

Chegando a casa de Joseline, bateu na porta, esperou ate ouvir os passos

lentos da governanta Margo, sempre doce, essa senhora foi mais sua mãe

que a própria Joseline.

- Criança veio visitar a jovem Sofia?

- Sim e a você também.

Sorriu timidamente, na juventude foi uma das moças mais bonitas da

cidade, começou como baba, e hoje era a governanta.

- A senhora está na saleta que a chame?

- Não, deixe que tenha uma surpresa, e quanto à menina?

- Ela é a personificação do bem quando está calma, mas quando a esta

brava... Lembra o senhor quando era moço.

- Que bom, sabe preciso de uma governanta na minha residência, acha que

poderia me honrar?

- Tem certeza criança? Não sou mais moça.

- Para mim sempre será a jovem mais bela da corte.

- Vou pensar e aviso quando decidir.

- Certo, o convite está de pé.

- Vejam meu filho retorna ao lar e, vai aos criados ao invés da mãe.

Joseline fez sinal para que a seguisse ate a saleta.

- Como vai Joseline?

- Melhor se você estiver aqui para levar sua cria.

- Sim vim busca-la.

- E quanto à outra?

- Tão dócil quanto uma harpia.

- Então diz que tem fúria?

- Mais que isso, bom onde está minha filha?

- Já mandei que a chamassem.

Permaneceram em silencio ate ouvirem uma leve batida na porta, quando

Joseline deu permissão a jovem Sofia adentrou na saleta.

- Pai.

- Sofia.

- Que emoção, eu deixarei vocês sozinhos, e Tomas espero que me de

noticias.

- As terá.

Assentiu e saiu.

- Como está?

- Estaria melhor se não fosse pelo humor negro da velha.

Page 83: Ultima Rosa da Primavera

82

- Diz isso porque passou só alguns meses com ela e, o que digo eu que

passei anos?

- Tem razão, mas lhe garanto pra ela foi pior.

- Boa garota. Estou aqui para leva-la.

- Serio?

Os olhos da jovem se iluminaram.

- Serio, agora suba e arrume suas malas.

- Nunca as desfiz.

- Bom quer parti agora então?

- Claro, entretanto antes podemos nós despedi de Margo?

- Ela já te conquistou também?

- Não vou negar, ela faz bolos maravilhosos.

- A você ela pegou pelo estomago, a mim pelo carinho que minha mãe

negou.

- Vamos levar ela?

- Minha mãe? Não.

- Ela não, a Margo?

- Fiz o convite.

- Será que ela vai aceitar?

- Ela já aceitou jovem.

- Margo. Disseram em único som.

Depois que Margo fez sua mala partiram.

Satoro

- Você parece um cachorro no cio.

- Drew fique calado.

- Ela mexe com você?

Não precisava de um nome, sabia muito bem que ela era Liana.

- Não, estou assim porque a lua cheia esta próxima, sabe como ficamos

durante a lua cheia.

- Uns mais que outros.

- Não me amole.

- Só disse que ela ficaria uma graça de lingerie.

Page 84: Ultima Rosa da Primavera

83

- Calado! Você falando assim destrói minha concentração, além do mais,

devemos nos concentrar em ficar calmos, não consegui ainda entra em

contato com os outros.

- Isso também é chato, embora para mim que eles foram à caça de mulheres

para relaxar.

- Para o bem de todos espero que tenha razão.

Seguimos para casa de Liana. Não gostei do jeito que o tal Jack tratava ela

ontem, era muito intimo, Com a lua cheia próxima esse sentimento de que

Liana me pertence me atinge fundo, e como se não bastasse só há uma

fêmea da nossa espécie num raio de quilômetros que é a própria.

Minutos mais tarde na casa de Liana...

- Não esta.

- Isso já tinha percebido gênio, mas onde será que ela se meteu?

- Porque não liga para ela?

- Porque não quero parecer desesperado.

- Mais você esta desesperado.

- Culpa da lua.

- Não, a culpa é de vocês dois que não decidem se ficam na amizade ou se

passando pra próxima fase.

Odiava ter que admitir isso, entretanto Drew estava certo, depois do beijo

na lanchonete, tudo se intensificou e ficou ainda mais confuso, tentei falar

com ela, mas quando a vi nos braços desse Jack, perdi o fio da meada e

deixei passar, todavia não fugiríamos um do outro para sempre, um dia

acabaríamos no mesmo lugar, e minha intuição dizia que seria em breve.

Liana

No radio estava passando Long Way da banda daughtry, essa musica me

fazia lembra ele. Desde que nós nos beijamos, ele estava ali, tentei afasta

estes pensamentos, afinal de contas não queira me magoar mais, o beijei

por impulso e o que era uma brincadeira, acabou sendo minha tormenta.

Dusty roads

Hopeless eyes

Page 85: Ultima Rosa da Primavera

84

Looking at

The blinding lights

I saw your ghost

Here tonight

It lingers on

And I feel you alive

Estradas empoeiradas

Olhos sem esperanças

Olhando para

As luzes cegantes

Eu vi seu fantasma

Aqui hoje á noite

Ele permanece

E eu te sinto vivo

De certa forma estava me sentindo o fantasma da musica, ele me fez sentir

viva, embora ainda estivesse pedida no que restou entre Math e eu, hoje

soube que nossa historia acabou, porque ele mentiu e ainda mente, tudo foi

um engano, como um caminho sem volta, erramos e aprendemos, nosso

tempo juntos acabou, agora eu só esperava que ele entendesse isso o mais

rápido possível.

Depois que passamos no carpinteiro, nos dirigimos para a casa de

Valentim.

- Você esteve o caminho todo calada, fiz algo de errado?

- Não, só estava pensando.

- Quer conversar?

- Não.

Seguimos para a casa de Valentim, e no momento em que pensava ter

conseguido um pouco de sossego, Math me liga.

- Alo.

-Temos que conversar.

- Não, temos não.

- Você estava beijando outro.

- Math, eu sou livre lembra?

- Liana não pode me deixar, no final do dia você sabe que é de mim que

sentira falta, quando quiser conversar é a mim que vira, porque sou eu que

você ama.

- Não. Passou, você acabou com tudo. Meu amor não existe mais, porque

você não me deixa seguir?

- Porque sou eu quem te ama, ele só quer te usar!

- E você? Você é pior, quer me tirar minha liberdade.

Page 86: Ultima Rosa da Primavera

85

- Não é verdade, só quero que você me de mais atenção, fique mais

comigo, fale mais comigo.

- Íamos para o colégio juntos, comíamos juntos, voltamos juntos, nos

falávamos quase o dia todo, mas não era o suficiente, você começou a

mexer nas minhas coisas, ver minhas mensagens, entrar nas redes sócias

pelas minhas contas, falar com meus amigos por mim, dizer aonde eu

deveria ir, com quem eu deveria falar me afastou de tudo.

- Foi para o seu bem.

- Você manipulou ate meus pais!

- Não, eu te protegi, se você tivesse ficado naquela noite teria morrido com

eles.

- E o que me diz das mentiras? Foi um acidente, já sei que foi uma

armação, você fez com que eu esquecesse, mas aos pouco estou me

lembrando, como pode quebra o meu pulso, você é doente.

- Não, isso é amor. Você sabe que tudo que eu faço é porque eu te amo?

- Isso não é amor, é doença.

Foi então que encerrei a chamada, ele estava começando com as promessas,

igual à politico em tempos de eleição, não vou mais mentir, vou te dar

espaço, quer sair com os amigos saia, entretanto... Depois de dois meses no

máximo tudo volta, o ciúme, as brigas, e as promessas novamente.

- Ex-namorado?

- Sim.

- Quer que eu de um jeito nele?

- Não.

- Se ele ligar novamente, eu darei um jeito no cara, afinal de contas estou

aqui para te proteger acima de tudo.

- Porque todo mundo me diz isso ultimamente?

- Porque você é valiosa.

Capitulo-7-

Ao chegar à casa de Valentim, na qual ele não estava segundo nos

informou Franchesca, sua irmã, inventei uma desculpa para conversar com

ela a sós.

- Sei que é poderosa.

- Diga o que quer.

Page 87: Ultima Rosa da Primavera

86

- Preciso de um amuleto, que não deixe eles me ouvirem. Apontei para o

local onde Jack me esperava.

- Tenho o que precisa, mas não vai ser barato.

- O que quer?

- Sua ajuda.

- Diga.

- Meu irmão trouxe alguém para casa, entretanto no passado essa pessoa

ajudou a matar meus pais, quero sua ajuda para fazê-la ir embora.

- Mais como?

- Peça ajuda aos lobos, saberão o que fazer.

- Fran eu não posso.

- Por quê?

- Sabe o que acontece quando a lua cheia se aproxima?

- Tinha esquecido, mas isso pode ser útil.

- Como?

- Eles farão tudo o que você pedir, para lhe conquista.

- Não sou tirar proveito das pessoas, porem momentos extremos pedem

atitudes extremas.

- Bem aqui está o que você precisa. Disse-me passando um anel de prata.

- Um anel?

- Ele tem algo muito especial, vê isso? Perguntou apontando para uma

escritura bem estranha.

- Sim.

- Significa: somente os que sussurram, ouviram meus lamentos. Não tenha

medo é apenas um encanto básico, qualquer hora eu lhe ensino.

- Como funciona?

- Quando quiser privacidade diga: Somente o vento me ouve. E quando

quiser tudo normal diga: Todos me ouvem.

- Só isso?

- Liana é magia, o que esperava?

- Um abra cadabra? Sei lá.

- No mundo real é se você acredita, torna-se real.

- Simples assim?

- Pois é.

- Fran?

- Sim?

- Vou fazer uma reunião com uma amiga minha, e seria bom se você

estivesse lá, ela também é uma bruxa.

- Claro, eu estarei lá.

- Vou ver o que faço em relação ao seu problema.

- Obrigada.

- Obrigada você.

Nós nos despedimos. E Jack logo quis saber?

Page 88: Ultima Rosa da Primavera

87

- Sobre o que fala você com a bruxinha?

- De magia.

- Certo.

Dragon

- Devíamos ter trazido os outros. Disse Star tentando correr mais depressa.

- Corra mais e fale menos!

Sabia que ela uma armadilha, mas precisava conferir, afinal de contas o

concelho os convocou, pois o conselho precisava de dois jovens para a

‘’convocação’’, o problema era que para fazer esse ritual precisavam dar

seus corações, eles seriam arrancados enquanto ainda batessem. Tinha um

porem se eles conseguissem chegar ao bosque azul mostrariam seu valor e,

escapariam, entretanto estavam sendo perseguidos por dez dos mais fortes

alfas.

- Já derrotamos três.

- É mais ainda restam sete, e você esta sagrando muito. Seriam mais um

trinta metros, se eles não morressem antes. Durante o percurso apareceu

uma garota, tão linda que por pouco ele não deixou de correr.

- Vou ajuda-los. Ela disse.

- Por quê?

- Porque adora desafiar os velhos.

- Quem é você?

Ela sorriu.

- Serie sua amiga, meu nome é Sofia Fences, sou meia-irmã de Liana.

Eles estancaram no lugar.

- O que? Disseram em único som.

- Mexa-se se não quiserem virar mingau de velhote.

- Ótimo.

Continuaram correndo.

- Eu os atrasarei, continue correndo, nós nos veremos em breve. Sorriu e

disse um ate logo.

- Se sobreviver, ficaremos em divida com você.

- Sobreviverei, não disseram seus nomes.

- Dragon e Star.

- Cobrarei a divida.

- Assim espero.

Continuaram correndo ate que chegaram ao bosque.

Page 89: Ultima Rosa da Primavera

88

- Ela nos ajudou.

- Sim.

- Será que disse a verdade?

- Não duvido.

- Será que segue com vida?

- Disso divido ainda menos.

Veria ela novamente, como será que ela enganou os alfas? Será que era

mesmo a irmã de Liana? De uma coisa tinha certeza nunca havia visto

criatura tão linda. Seus pensamentos foram interrompidos pelo barulho do

corpo de Star caindo no chão.

- Droga.

- Precisa de ajuda?

Liana

No caminho de casa liguei para July, disse que amanha tínhamos uma

reunião em sua casa, ela concordou. Tinha boas noticias, já havia marcado

minha reunião com o conselho das bruxas e, me entregaria alguns

grimorios (livro onde estão todos os feitiços que uma bruxa fez em sua

vida) que ela e sua mãe pegaram na minha antiga casa.

Amanha dormiria em sua casa, quanto mais perto da lua cheia mais perigo

tinha ficar na mesma casa que um lobo.

Sentia falta de conversar com alguém, entretanto ninguém realmente sabia

como eu estava me sentindo... Uma mensagem me levou de volta a terra:

‘’Precisamos conversar’’. Satoro. Eu o meti em uma grande confusão, ele

não merecia está envolvido em meus problemas, embora algo me dissesse

que ele já estava envolvido além da conta.

‘’ Quando?’’.

‘’ Amanha a noite’’.

‘’ Certo’’

Agora eu só tinha que descobrir um jeito de sair sem Jack perceber.

- Em que pensa?

- Na festa do pijama que vou amanha.

- Você não vai sair amanha.

Seu tom arrogante só me deu mais um motivo para fazê-lo.

- Quem pensa que é para me dar ordens?

Page 90: Ultima Rosa da Primavera

89

- Sou seu guardião na ausência de seu pai.

- Isso não te dá o direito.

- Tem razão, porque não ligamos para Tommy e perguntamos o que ele

acha?

- Faça como quiser, mas amanha sairei mesmo que seja necessário te deixar

inconsciente.

- Quero vê-la tentar.

Precisava fazer algumas ligações e, não estava orgulhosa dos métodos que

eu empregaria.

Já estava em meu quarto quando decidi tentar usar o anel que Fran me dera.

- Somente o vento me ouve. Esperei algo acontecer mais nada ocorreu,

então resolvi testa e gritei, entretanto Jack não invadiu o quarto como da

ultima vez, bem funcionava, essa era a hora de agir.

- Alô.

- Preciso de um favor.

- Diga.

- Preciso que ajude Fran, precisamos descobrir se a estranha que Valentim

esta abrigando é uma aliada ou uma inimiga.

- Porque sinto que não é só isso?

- Porque não é.

- Me ilumine.

- Preciso que vá à casa de July e lhe peça uma poção, pó, encanto qualquer

coisa que possa colocar um lobisomem para dormir.

- Não pretende usar isso em mim, não é?

- Claro que não.

- O que mais?

- Fale com os outros precisamos nos unir, sinto que algo esta para

acontecer.

- Porque quando fala assim me deixa nervoso?

- Porque você também esta sentindo.

- Sim e, isso esta me deixando assustado.

- Seja o que for conseguiremos.

- Assim espero.

- Obrigada.

- Não me agradeça ainda.

- Já sei um favor por um favor.

- Porque não recita o juramento?

Page 91: Ultima Rosa da Primavera

90

- Ok. Uma vida por uma vida.

- Me surpreende como aprende rápido.

- Para o bem de todos tem que ser assim.

Desliguei, sabia que poderia contar com ele, assim como sabia que isso

teria um preço e, para o bem de todos que não fosse caro demais.

- Agora todos me ouvem. Fiz o teste e gritei.

- Liana tudo bem com você?

- Sim foi só uma barata.

- Uma barata?

- Sim.

- Você não parece o tipo de garota que tem medo de uma barata.

- E você não parece do tipo arrogante que fica ouvindo atrás de portas.

- Para você ver como não nos conhecemos.

- Boa noite Jack.

- Boa noite Liana.

O amanhecer tardara a chegar, meu sono estava quase que escasso o que

seria um ponto contra mim, entretanto para cada um contra existia dois a

favor. Resolvi ligar para Alguém e confirmar meu plano.

- Sabe que são quatro da madrugada?

- Sim.

- Vamos diga.

- Está tudo pronto?

- Sim.

- Que horas?

- Às seis da noite.

- Bem se você quer assim que assim seja ainda lembra nosso acordo?

- Sim.

- Ótimo ate avista Liana foi um prazer negociar com você.

- O prazer foi meu.

Tudo pronto resolveu mandar umas mensagens com o resto do seu plano,

era lua cheia, sabia que corria risco de ser perseguida, pelos próprios

amigos, mas o risco valia apena, seria hoje o dia em que tudo mudaria.

Franchesca

Page 92: Ultima Rosa da Primavera

91

Era hoje. Seu irmão acordara durante a madrugada para preparar tudo para

o ritual, Demitria estava calada como sempre, às vezes ajudava outras só

observava, não entendia qual o proposito de sua presença, todavia algo lhe

dizia que iria descobrir essa noite. Noah estava sem dar noticias, pois lhe

afirmara que esta perto dela durante a lua cheia o tornava um perigo, ainda

tentou ir contra ele porem seus argumentos a convenceram.

- Esta tão quieta.

- Não falo, pois não a nada que quero lhe dizer.

- Fran! Os modos.

- Estão de férias desde que esta vagabunda cruzou a soleira da porta.

- Estou farto, vá para o seu quarto.

- Não, vou sair hoje.

- E posso saber onde pretende ir?

- Confraternizar com outras bruxas adolescentes.

- Quem?

- Liana e uma amiga sua.

- Mas hoje é o dia do nosso ritual.

- Sim, estaremos prontas a tempo.

- Certo. Divirta-se.

- Adoraria lhe desejar o mesmo porem quem o acompanha não será de

grande ajuda para lhe divertir.

Sem esperar uma resposta saiu, durante o percurso ligou para Liana.

- Tudo pronto?

- Sim.

- Ele lhe pediu algo?

- Nada que vá nos preocupar por hora.

- Desculpe era a única pessoa que eu conhecia que poderia ajuda-la.

- Relaxe, o anel serviu.

- Pelo menos isso, a fulana ainda esta na minha casa.

- Sinto mais vamos descobrir por que razão.

- Assim espero.

- Onde a encontro?

- Onde você esta?

- Entre a sétima e a oitava da Rua Hall.

- Ótimo estou a algumas quadras, tenho uma carona?

- Sempre.

Page 93: Ultima Rosa da Primavera

92

Liana demorou poucos minutos.

- Para onde?

- Para o seu misterioso amigo.

- Siga sempre a rodovia central.

- Certo.

- Onde esta seu cão de guarda?

- Dormindo.

- Como conseguiu?

- Seu amigo me ajudou.

- Claro.

- Acredita que me enviou o pó para fazê-lo dormir por um rouxinol?

- Sim isso é bem sua cara.

- Se você garante que é de confiança.

- Não duvide dele, sua palavra vale mais que qualquer coisa, morreria antes

de lhe faltar.

- Claro, uma vida por uma vida.

- O lema da família.

- Depois quero saber mais sobre isso agora temos problemas demais para

cuidar.

- Tem razão.

Uma hora depois estávamos na casa na casa de meu doce amigo, que Noah

não me ouvisse falar assim, lobos eram ciumentos.

- Chegamos?

- Sim.

Batemos na porta e, ele abriu sorrindo e fazendo sinal para entrarmos.

- Como cresceu.

- Apenas alguns centímetros.

- Tudo pronto? Liana nos cortou.

- Sim.

- Desculpe perguntar mais porque pediu ajuda por ela?

- Valentim esta me vigiando.

- Rédeas curtas?

- Infelizmente sim.

- Temos que correr.

- Tenha calma, recebeu meu pacote?

- Sim.

- Ela ainda esta refletindo como você fez.

Page 94: Ultima Rosa da Primavera

93

- A caso não é uma bruxa?

- Em parte sim, mas ate outro dia era uma garota que se considerava

humana.

- E hoje?

- Algo entre loba e bruxa.

- Entendo deve ser difícil.

- Não sabe o quando.

- Bem chega de conversar.

Depois de nos explicar tudo para fazer o encanto partimos, chegando a casa

de July por volta das cinco.

- Prontas?

- Sim. Respondemos juntas, era uma iniciação para Liana assim como para

mim, após a morte de meus pais estive afastada da comunidade.

Encontramos algumas anciãs, elas celebraram por finalmente conhecer

Liana, entretanto minha presença não era vista com mesma alegria, afinal

eu era a filha dos traidores. O ritual havia começado quando no meio do

ritual Jack, começou a bater na porta, furioso.

- Liana abra.

- O que vamos fazer?

July olhou para sua mãe, esta assentiu.

- Me sigam.

- Foi bom conhece-las. Disse Liana antes que July a puxasse bruscamente,

não esperei um sorriso ou aceno de adeus vindo delas, por isso só segui

Liana.

Liana

Estávamos no meio de um ritual quando Jack começou a bater

descontroladamente na porta aos gritos, era lua cheia, não só havia esse

ritual, hoje era o dia em que eu participaria do ritual da rosa; Valentim

estava me esperando, Satoro também, July nós levou para o porão.

- O que vamos fazer no seu porão?

- Há uma passagem secreta nele, existe pelo menos uma na casa de toda

bruxa.

- Claro. Como eu não pensei nisso, afinal eu sempre fui metade bruxa.

Page 95: Ultima Rosa da Primavera

94

- Vamos a porta logo vai ceder.

- Pensei que ele dormiria a noite toda.

- Era pra ser assim, mas como é lua cheia, o efeito foi reduzido.

- Bem pensado.

- Vocês devem seguir sempre em frente, vão sair em uma clareira, de lá

deve ser fácil chegar à casa de Valentim.

- Obrigada July.

- De nada.

Seguimos como July havia dito, quando em fim conseguimos chegar à casa

de Fran, tudo parecia mais forte, Satoro já havia me alertado, durante a lua

cheia tudo iria se intensificar todos os meus sentidos estavam mais

aguçados, ate mesmo a vontade de matar, agora eu era capaz de ouvir o

coração de Fran palpitando, uma voz no fundo dizia: ela é uma presa. Parei

repentinamente.

- O que aconteceu?

- Você tem que me deixar ir sozinha.

- Por quê?

- Porque eu quero te matar.

- Certo, vou dar a volta.

- Desculpe.

- Relaxe.

Nós nos separamos, continuei correndo, ate chegar à porta.

- Por Morgana, parece que um trem passou por cima de você.

- Não me provoque, pois posso te matar sem sentir remoço.

- Demitria! Deixe-a entrar.

- Tudo esta preparado?

- Sim.

- Satoro?

- Esta lá dentro.

- Porão?

- Sim.

- Vai demorar?

- Não.

- Ótimo.

O segui ate o porão, Satoro estava preso em correntes de aço, ele estava

gritando, havia sangue eu podia sentir.

- O que você fez com ele?

Page 96: Ultima Rosa da Primavera

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- Ainda nada.

Algo estava errado.

- O que esta acontecendo?

- Vamos colocar as cartas na mesa. Disse Demitria?

- Valentim o que ela esta dizendo.

- Ele não vai responder esta sobre meu encanto, a Ordem que seu poder,

não importa se para isso alguns peões vão ficar pelo caminho.

Do nada uma corrente começou a me prender.

- Satoro.

- Ele não vai sofre muito, é só você me dar seu poder.

- Maldita.

- Criança, eu cumpro ordens.

Matá-la era tudo que eu conseguia pensar, matá-la. Foi então que tudo

aconteceu à luz da lua encheu o circulo, a dor, e finalmente tudo ficou

escuro minha mente nublou.

Satoro

Foi tudo muito rápido, em um momento Liana caia, em outro se levantava,

embora eu soubesse que aquela não era Liana de verdade, era só a parte

mais selvagem do seu subconsciente. Ela avançou para a mulher que nos

prendia, a cena era tão brutal que ate eu me senti mal; num instante elas

estavam cara a cara, em outro a mãe de Liana segurava o coração da

mulher.

- Liana não!

Mas era tarde de mais, um rugido eclodiu, ela agora era um lobo, sua

metade bruxa havia sumido, foi então que percebi Valentim se

aproximando de mim, entretanto não tive tempo para reagir, não era o

mesmo Valentim que eu conheci, ele aproximou-se segurando um punhal

então o cravou em mim.

- Satoro.

A magia explodiu, Valentim foi arremessado contra a parede, Liana se

soltou, minhas correntes se desintegraram, ela correu para mim.

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- Não feche os olhos. Ela dizia entre as lagrimas.

- Você vai se cuidar sozinha.

- Não. Olha pra mim, fica comigo.

- Lian... a.

Meu mundo escureceu.

Liana

Eu finalmente acordei, mas não era mais a mesma pessoa, havia matado

alguém e, dessa forma escolhi o que queria para mim, agora estava

segurando Satoro, que estava morto. Então eu gritei, a magia explodiu.

Uma chama azul queimava no peito de Satoro, no mesmo local onde

Valentim havia cravado um punhal, quando enfim o fogo se extinguiu, o

peito dele foi tatuado com uma rosa negra e, tudo ficou preto novamente.

UMA SEMANA DEPOIS.

Meu corpo doía muito, vozes sem nexo vagavam em minha mente, tudo

passava como em um filme.

Satoro em meus braços, o fogo azul, a tatuagem, tudo ficou escuro, não

havia mais força para abrir meus olhos, alguém me pegou, tentei gritar,

lutar e ate mesmo implorar, mas as palavras ficavam presas.

Alguém havia dito: ela é uma de nos. Na hora não sabia quem era mais

sabia o que era agora eu era uma loba.

- Ela esta acordando.

- Sim esta.

- O que vamos contar a ela?

- A verdade.

- Mas...

- Sem mais.

Consegui reunir força e abri os olhos. Era um hospital.

- Onde estou?

- No hospital.

- Quanto... Quanto tempo eu fiquei aqui?

- Uma semana.

Foi só então que eu vi Evelyn, July e Fran.

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- O que aconteceu?

Evelyn me deu um resumo de tudo, Demitria era uma infiltrada que queria

meu poder, ela usou magia sombria para fazer Valentim cooperar, prendeu

Satoro, eu havia matado ela, Valentim matou Satoro.

- Ele morreu?

- Não.

- Mas...

- Algo aconteceu.

- O que?

- Você.

Segundo elas me explicaram que eu havia feito algo, que mudou Satoro,

salvei sua vida, mas mudei sua essência. As coisas mudariam ainda mais.

- Há mais não é?

- Sim.

- Vamos diga logo.

- Tommy teve um AVC.

- O que!

- Ele esta morrendo, os meninos trouxeram eles para a cidade, Dragon disse

que explicaria mais tarde.

- Você disse ‘’eles’’?

- Sim, ele e sua meio irmã, Sofia.

- Onde ele esta agora?

- No quarto ao lado, ele tem perguntado muito por você.

- Eu quero vê-lo.

- Certo.

Tommy estava conectado há vários aparelhos.

- Como aconteceu?

- Ele foi envenenado.

- Veneno?

- Magia das sombras.

Ele abriu os olhos e, fez sinal o para que eu me aproximasse.

- Oi.

- Filha me perdoe.

- Pelo que?

- Por não ter sido um bom pai, me prometa que vai cuidar da sua irmã.

- O perdoou e, prometo.

- Você será uma boa alfa.

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- Não quero ser alfa.

- Não é sua escolha, tenha cuidado com os garotos do bando, lembre-se

você é quem manda.

- O que esta dizendo, vai sair dessa. Não pode morrer agora ainda nem

brigamos, e eu nem fiquei de castigo.

- Você precisa crescer Liana, não é mais uma menina, agora sua irmã vai

precisa de você, tenha pulso firme, você é quem esta no comando.

- Pai.

Aquele dia marcou o inicio de uma batalha, ele morreu bem na minha

frente e, eu não pude salva-lo como havia feito com Satoro. No dia seguinte

tive alta, Jack veio me buscar, viajamos em silencio, no fundo sabia que

todos me culpariam pela morte de Tommy, entretanto não tornava isso

mais fácil, hoje eu conheceria minha irmã, e iria rever Satoro e os demais

no enterro de Tommy.

- Então o que eu devo fazer?

- Não sei; você é a Alfa agora.

- De quantos lobos estamos falando?

- Dez.

- Dez?

- Sim.

- Eu seria mais feliz se ele estivesse vivo.

- Todos nós pensamos o mesmo.

- Quando vou conhecê-los?

- Hoje.

- No enterro.

- Sim.

- Esta bem.

Ultimamente eu estava mais presente em enterros, quantos mais estariam

por vir? E a culpe caia sempre em meus ombros, o que eu deveria fazer?

Fugir? Lutar? Tentar recomeçar ou simplesmente sobreviver mais um dia.

Chegando a casa em que minha ‘’irmã’’ me aguardava, como ela seria?

Será que nós nos daríamos bem? Será que eu conseguiria seguir mais uma

vez? As respostas estavam atrás da porta.

- Você deve ser Liana.

- Sim.

- Eu sou Sofia.

- Jack me falou de você.

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Ela caminhou para mim e, me abraçou chorando como uma menina que

acabava de perder o pai, entretanto não apenas uma eram duas.

- Eu estou aqui Sofia.

- Ele mentiu, disse que seriamos uma família.

- E seremos.

- Mas ele morreu.

- Ainda estamos aqui, e como ele disse vamos ser uma família, também

perdi meus pais, sei que dói e gostaria de lhe dizer que fica mais fácil com

o tempo, mas eu estaria mentindo, a verdade é que se torna mais

suportável.

- Então tudo acabou?

- Não, ainda estamos aqui e ele ia querer que seguíssemos você é jovem e

forte, ele me falou que cuidasse de você, porem você é forte demais e

começo a achar que você é quem vai cuidar de mim.

- Odeio atrapalhar, mas temos que nos aprontar.

- Para que?

- A alcateia vai chegar logo e você não é digamos... Uma alfa que imponha

respeito.

- Não?

- Não.

- Sofia você me faria à honra?

- Claro maninha.

Ela o agarrou e eu o amarrei com uma corda especial.

- Agora que tal vez respeitar sua alfa?

Satoro

- O que vou fazer?

- Vamos dar um jeito.

- É bom mesmo Valentim, pois eu posso não me transforma mais em lobo

porem ainda posso lhe dar uma boa surra.

- Ainda não entendo como ela conseguiu mudar sua essência, parece que

ela trocou sua parte bruxa com você pela sua parte lobo, quando eu

entender talvez possamos te mudar de novo, agora você tem que entender

que se ela não fizesse isso você estaria morto.

Page 101: Ultima Rosa da Primavera

100

Saímos da casa de Valentim e fomos para o cemitério.

Ela estava lá, já estava no meio da cerimonia funerária quando nós

chegamos, quando enfim terminou, eu esperei todos darem seus pêsames e

chamei-a para me acompanhar...

- Como você esta? Ela perguntou.

- Me sentindo diferente.

- Eu sinto muito, ate agora eu... Não sei o que aconteceu lá... Eu fico

repetindo as cenas, mas...

Ela chorava sem emitir um único som, puxando ela para mim a abracei.

- Vai ficar tudo bem.

- Eu a matei?

- Sim.

- O que vai acontecer agora?

- Liana eu... Queria espera para falar disso, entretanto não há muito

tempo...

- O que?

- Eu estou partindo.

- Não! Por quê?

- Preciso resolver alguns assuntos.

- Você esta me abandonando... Certo.

- Não é isso.

- Tenho que ir.

- Droga Liana, eu preciso...

- Ficar longe de mim, eu já sei boa viagem.

Pensei em responder mais de nada adiantaria, só restava algo a fazer...

Simplesmente a atrai para mim e beijei-a.

- Por quê?

- Não sei. Eu estou partindo sem data para voltar e, nem sei se vou

sobreviver a essa jornada, eu só queria algo bom para recorda.

Então eu apenas me afastei enquanto ela observava em silencio, algo me

dizia que Liana mudaria drasticamente, mas quem poderia culpá-la? Esses

meses ela viu todos que eram importantes para ela morrer e descobriu que

sua vida era uma mentira.

- Satoro...

Meu nome foi a ultima palavras que ela disse então minha viagem

começou. Quanto tempo iria durar nem eu mesmo sei o que iria acontecer

com ela? O que iria acontecer comigo? E o que ela fez comigo, porque eu

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estava me sentindo tão culpado, uma parte de mim a culpava, mas outra

sabia que foi tudo que ela conseguiu fazer para me manter vivo, embora

nem ela mesma saiba o que fez.

CONTINUA...