23
ULTRA-SONOGRAFIA: FUNDAMENTOS E APLICAÇÕES Lívia Silva Quelhas Maria Isabel de Brito Almeida Carmem Adilia Simões da Fonseca Obra registrada: MINC – FBN – EDA Registro: 430.161 Livro: 805 Folha: 321 – 30/04/2008 Rio de Janeiro 2008

Ultrassonografia

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Estudo avançado

Citation preview

  • ULTRA-SONOGRAFIA:

    FUNDAMENTOS E APLICAES

    Lvia Silva Quelhas

    Maria Isabel de Brito Almeida

    Carmem Adilia Simes da Fonseca

    Obra registrada: MINC FBN EDA Registro: 430.161 Livro: 805 Folha: 321 30/04/2008

    Rio de Janeiro

    2008

  • 2

    Prefcio

    Este texto o resultado do Projeto de Iniciao Cientfica intitulado

    Ultra-sonografia: fundamentos e aplicaes, desenvolvido na Universidade

    Estcio de S, pelas alunas de graduao do curso de Medicina Lvia Silva

    Quelhas e Maria Isabel de Brito Almeida, sob a orientao da Profa Dra Carmem

    Adilia Simes da Fonseca Coordenadora da disciplina de Biofsica Mdica.

    A elaborao deste texto visa a publicao de material didtico para

    servir de guia de estudos para acadmicos e residentes de medicina, bem como

    para os demais estudantes da rea da sade. Com o objetivo de ser um texto

    de aprendizado bsico, utilizando-se de termos simples para explicar a tcnica

    bsica e os princpios fsicos dos aparelhos de ultra-sonografia, bem como

    mostrar as diversas aplicaes deste tipo de diagnstico por imagem.

    Especial agradecimento ao Dr. Carlos Bruno Reis Pinheiro, mdico ultra-

    sonografista da ULTRALAB, membro titular do Colgio Brasileiro de Radiologia,

    pelas orientaes prticas e pelo auxlio na obteno das imagens ultra-

    sonogrficas inclusas neste material. Bem como pela reviso tcnica deste

    texto.

    Sobre as autoras:

    Lvia Silva Quelhas Estudante do curso de Medicina Universidade Estcio de S. Integrante do Projeto de Iniciao Cientfica intitulado Ultra-sonografia: fundamentos e aplicaes, desenvolvido na Universidade Estcio de S. Maria Isabel de Brito Almeida Estudante do curso de Medicina Universidade Estcio de S. Integrante do Projeto de Iniciao Cientfica intitulado Ultra-sonografia: fundamentos e aplicaes, desenvolvido na Universidade Estcio de S. Carmem Adilia Simes da Fonseca Coordenadora e Professora Titular de Biofsica Mdica Universidade Estcio de S. Idealizadora e Orientadora do Projeto de Iniciao Cientfica intitulado Ultra-sonografia: fundamentos e aplicaes, desenvolvido na Universidade Estcio de S. Doutora em Cincias IBCCF / Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestre em Cincias Biolgicas (Biofsica) IBCCF / Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mdica Veterinria Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

  • 3

    SUMRIO

    1) Som e Ultra-som, 4

    2) Histrico da Ultra-sonografia, 8

    3) Princpios Bsicos da Ultra-sonografia, 10

    A Efeito Piezeltrico, 10

    B Equipamento, 10

    C Tipos de Ultra-sonografia, 12

    D Formao das Imagens, 13

    E Imagens Ultra-sonogrficas, 17

    F Termos Especiais, 18

    4) Efeitos Biolgicos dos Ultra-sons, 20

    5) Aplicaes e Contra-indicaes, 21

    A Aplicaes da Ultra-sonografia, 21

    B Contra-indicaes da Ultra-sonografia, 21

    6) Vantagens e Limitaes, 22

    7) Bibliografia, 23

  • 4

    1) SOM E ULTRA-SOM

    Uma onda denominada como uma perturbao oscilante no espao e que

    possui certa periodicidade no tempo. A oscilao caracterizada pelo

    comprimento de onda enquanto que a periodicidade medida pela freqncia

    da onda. Considerando-se conceitos fsicos, a onda uma energia que se

    propaga atravs do espao ou ainda de um meio, como lquido, slido ou

    gasoso. As ondas magnticas podem se propagar tambm no vcuo ou atravs

    da matria, como no caso das ondas eletromagnticas.

    Som a propagao de energia mecnica em meio material, atravs de

    ondas longitudinais. A acstica a parte da Fsica que estuda os sons e define

    impedncia acstica como sendo o produto da densidade do meio pela

    velocidade com que o som nele se propaga.

    As ondas, inclusive as sonoras, possuem algumas variveis que incluem:

    freqncia, comprimento de onda, perodo e amplitude.

    Freqncia: o perodo dividido por uma unidade de tempo.

    Comprimento de onda: a distncia entre dois picos da onda.

    Perodo: o tempo de um ciclo completo de uma oscilao de onda.

    Amplitude: a medida da magnitude da onda durante um de seus ciclos.

    Figura 01: Grfico de onda senide.

  • 5

    Alm dessas caractersticas j descritas, o som possui outras qualidades

    fisiolgicas como a altura, a intensidade e o timbre.

    Altura: qualidade que nos permite distinguir sons de baixa freqncia

    (sons graves) dos sons de alta freqncia (sons agudos).

    Intensidade: qualidade que nos permite distinguir os sons fracos

    (pequena amplitude) dos sons fortes (grande amplitude).

    Timbre: a qualidade que nos permite distinguir sons de mesma altura

    e intensidade, mas que so produzidos por fontes sonoras distintas. O

    timbre do som depende do conjunto de sons secundrios (harmnicos)

    que acompanha o som principal.

    Figura 02: Amplitude das vibraes de uma partcula do campo ondulatrio (meio).

    O grfico relaciona os deslocamentos (S) em funo do tempo (t).

    Sabe-se que as ondas sonoras audveis pelo homem esto numa faixa de

    16-20 a 20.000 Hz de freqncia. Valores inferiores a esses so chamados

    de infra-som e valores acima de 20 kHz constituem o ultra-som.

  • 6

    Figura 03: Representao esquemtica das freqncias sonoras.

    Figura 04: Escala indicando a intensidade de diferentes fontes sonoras.

    A unidade utilizada para se medir as ondas sonoras o Hertz (Hz). Essa

    palavra uma homenagem ao fsico alemo Heinrich Hertz, que descobriu o

    fenmeno das vibraes eletromagnticas. A primeira grande aplicao prtica

    e de alcance popular do invento de Hertz foram as transmisses de rdio no

    incio dos anos 40. Essa unidade serve para medir algo que oscila em intervalos

    regulares. A unidade megahertz (MHz) equivale a 1 milho de ciclos por

    segundo, portanto para transformar um dado de Hertz para megahertz basta

    dividir este por 10 elevado a sexta potncia.

    Durante a propagao da onda sonora, esta pode sofrer alteraes como

    espalhamento, reflexo, refrao e ainda resistncia do meio. A reflexo ocorre

    quando h diferena de impedncia acstica entre os dois meios, em ngulo

    igual ao de incidncia. Isto porque a diferena de impedncia acstica entre

    dois tecidos que define a quantidade de reflexo na interface. Quanto maior a

    reflexo da onda sonora, maior a intensidade do eco recebido e, portanto,

    menor a transmisso do som de um meio para o outro. A refrao sonora a

  • 7

    alterao da direo da onda transmitida em relao ao feixe incidente,

    portanto, ela ocorre quando a incidncia sonora sobre uma interface no

    perpendicular. O espalhamento ocorre quando o comprimento de onda do som

    maior que as partculas que compem o meio, originando ecos de baixa

    amplitude independente do ngulo de incidncia.

    Figura: 05: Esquematizao da reflexo do som.

    Figura 06: Esquematizao da refrao do som do ar para a gua.

  • 8

    2) HISTRICO DA ULTRA-SONOGRAFIA

    A Teoria do Som foi exposta pela primeira vez no ano de 1877 por um

    cientista ingls chamado de Lorde Rayheigh. Esta tcnica foi posta em prtica

    pela primeira vez na Primeira Guerra Mundial e era usada como auxlio para a

    navegao submarina, permitindo a deteco de icebergs.

    Durante a Segunda Guerra Mundial houve um aprimoramento da tcnica,

    com a criao do SONAR (Sound Navigation and Ranging). Neste mesmo

    perodo pde-se perceber o uso da tcnica tambm para fins no-militares,

    como exemplo na metalurgia, com o objetivo de detectar fissuras em metais.

    Finalmente, o uso do ultra-som na medicina teve incio com objetivos

    teraputicos, como exemplo para tratar pacientes com artrite reumatide,

    lceras gstricas, asma, tireotoxicose, hemorridas, incontinncia urinria,

    elefantase e at mesmo angina.

    Transdutores menores e mais eficientes foram montados a partir de novos

    cristais piezeltricos sintticos (como o titanato de brio) aps a dcada de 40;

    esses foram substitudos em seguida por zircnio-titanato de chumbo (PZT)

    quando o mesmo foi descoberto em 1954. Os novos transdutores eram mais

    sensveis, tinham maior espectro de freqncia e melhor impedncia acstica.

    Nos mesmos anos 1950, um neuropsiquiatra da Universidade de Viena, Karl

    Theodore Dussik resolveu usar a tcnica pela primeira vez em medicina

    diagnstica, com o objetivo de localizar tumores cerebrais atravs da

    mensurao da transmisso dos sons pelo crnio.

    Na dcada de 1950 a tcnica j se mostrava mais difundida, sendo utilizada

    tambm por mdicos americanos como Douglas Howry. Porm, nesta poca o

    procedimento no era prtico e ainda produzia imagens de baixa qualidade e

    resoluo, uma vez que o paciente deveria ficar submerso e imvel dentro de

    uma banheira com gua para realizao do exame. J no final dos anos 50, j

    eram observados aprimoramentos, sendo a banheira com gua substituda por

    uma pequena quantidade de gel, que aumenta a superfcie de contato entre a

    pele e o transdutor.

  • 9

    Figura 07: Fotografia da realizao de um exame de ultra-sonografia nos anos 50.

    Figura 08: Imagem da utilizao do ultra-som no tratamento de lcera gstrica ( esquerda) e

    artrite reumatide ( direita).

    A partir de 1966 houve um considervel aumento na utilizao da ultra-

    sonografia na obstetrcia, quando centros de pesquisa na Europa, Estados

    Unidos e Japo passaram a empregar grandes recursos na pesquisa dessa rea.

    Em 1973, Hugh Robinson foi capaz de realizar a medio do comprimento

    crnio-caudal do feto atravs da ultra-sonografia; a partir da os mdicos foram

    capazes de diagnosticar vrias mal-formaes fetais como espinha bfida pela

    utilizao da ultra-sonografia no pr-natal.

    O uso da ultra-sonografia ficou restrito obstetrcia durante muitos anos,

    sendo em seguida adotada pelos demais ramos da medicina como mtodo

  • 10

    diagnstico em tempo real que tinha a vantagem de no emitir radiao

    prejudicial ao corpo humano, assim como ser mais barata que os demais

    recursos diagnsticos disponveis.

    3) PRINCPIOS BSICOS DA ULTRA-SONOGRAFIA

    A - Efeito Piezeltrico

    O efeito piezeltrico foi observado primeiramente em 1880, atravs de

    Jacques e Pierre Curie que explicitaram a capacidade de certos cristais naturais

    como quartzo e turmalina de emitir uma descarga eltrica quando submetidos a

    uma presso mecnica e vice-versa.

    O transdutor, parte do equipamento de ultra-sonografia que entra em

    contato com o paciente, possui em sua superfcie cristais; esses cristais

    possuem a capacidade de converter energia eltrica em energia mecnica,

    assim como a capacidade de converter energia mecnica em eltrica.

    Ao receber um estmulo eltrico, os cristais piezeltricos o transformam em

    energia mecnica ondas de ultra-som. Essas ondas iro penetrar o corpo do

    paciente, onde sero absorvidas, refratadas e refletidas. As ondas refletidas

    voltam para o transdutor onde, mais uma vez, acionam os cristais piezeltricos,

    que iro convert-las em energia eltrica.

    Os cristais piezoeltricos mais utilizados so o quartzo, a turmalina e os

    cristais sintticos, que so mais baratos.

    B - Equipamento

    Gerador e receptor de ultra-sons (transdutor);

    Amplificao, compensao e discriminao dos ecos;

    Processador de vdeo e display de imagem;

    Sincronizao de imagem

  • 11

    Os sinais detectados pelo transdutor sofrem um processamento para tornar

    compatvel a faixa de amplitude dos ecos captados com a faixa de resposta dos

    monitores de vdeo. Assim, o sinal original precisa ser comprimido, tarefa

    realizada pelo processador de vdeo. Uma vez comprimidos os sinais so

    digitalizados por um conversor analgico digital, e ento armazenados na

    memria de um computador. Isso permite que sejam processados mesmo

    depois de terminado o exame. O armazenamento tambm importante para

    permitir que se possa congelar a imagem durante o exame em tempo real.

    Utilizam-se trs tipos de transdutores:

    Linear: indicado para visualizar reas superficiais; ex.: tendo, tireide.

    Convexo: usado quando a rea de entrada pequena, mas precisa-se de

    uma rea de viso grande; ex.: visualizar o fgado entre as costelas,

    visualizar os rins por trs das alas intestinais, bao e fgado.

    Cavitrio: indicado para exame ginecolgico e da prstata (transvaginal

    e transretal), pois possibilita que a fonte do ultra-som fique mais perto

    das estruturas a serem avaliadas.

    Figura 09: Trandutores a) cavitrio; b) linear; c) convexo.

    a b c

  • 12

    C - Tipos de Ultra-sonografia

    Modo A. Sistema ultra-sonogrfico mais simples, est baseado no registro

    das amplitudes dos ecos. Nesse tipo de estudo no se forma imagem do objeto,

    os ecos so visualizados no monitor sob a forma de ondas em agulha (spike).

    No mais utilizado, tendo sido substitudo pelo modo B.

    Modo B. Permite a visualizao da forma do objeto estudado em duas

    dimenses. A letra B se refere a brilho. No modo B, os pontos brilhantes

    representam os ecos gerados nas estruturas. Assim, movendo-se o transdutor,

    criam-se novos eixos, permitindo a visualizao de diferentes ngulos dos

    rgos pesquisados.

    Modo M. A ultra-sonografia em modo M (movimento) consiste na obteno e

    interpretao da amplitude dos ecos assim como o modo A. Entretanto, esses

    sinais no so apresentados como ondas em agulha, mas so convertidos em

    pontos brilhantes, cujo brilho proporcional amplitude de cada eco.

    Os exames de ultra-sonografia incluem alguns tipos, sendo o mais comum

    aquele em que a imagem feita em 2D, ou seja, duas dimenses. Esse mtodo

    de ultra-sonografia o mtodo de exame convencional, sendo essencial para os

    mdicos, mas que no permite uma observao to ntida do que se est

    estudando, como por exemplo, no caso de uma gestao em que se quer

    observar caractersticas especficas do feto. H tambm o mtodo de ultra-

    sonografia em 3D (trs dimenses). Em termos cientficos, a diferena que o

    exame em 3D realizado com um transdutor especial para captar as imagens,

    juntamente com um programa que transforma as informaes em imagens

    tridimensionais.

    Doppler. Uma outra forma importante de ultra-som o Doppler, este de

    baixa intensidade e serve para medir e avaliar se h fluxo sanguneo, seu

    sentido e velocidade nas artrias e veias (princpio bsico do ecocardiograma,

  • 13

    que alm do fluxo sanguneo avalia tambm a integridade do tecido cardaco).

    Na forma de Doppler colorido a direo e intensidade do fluxo mostrado em

    cores variando em intensidades de vermelho e azul. A direo e velocidade

    relativa so medidas pelo Efeito Doppler, que uma caracterstica observada

    nas ondas quando emitidas ou refletidas por um objeto que est em movimento

    com relao ao observador. O comprimento de onda observado maior ou

    menor conforme sua fonte se afaste ou se aproxime do observador. No caso de

    aproximao, a freqncia aparente da onda recebida pelo observador fica

    maior que a freqncia emitida. Ao contrrio, no caso de afastamento, a

    freqncia aparente diminui.

    Figura 10: Esquematizao ilustrativa do Efeito Doppler.

    D - Formao das Imagens

    A imagem da ultra-sonografia baseia-se na capacidade dos tecidos biolgicos

    em refletirem o som. O som refletido pelos tecidos (ECO) volta para o

    transdutor sendo transformado em energia eltrica, dando origem as imagens

    brancas que so vistas na tela do aparelho. A velocidade com que este

    processo ocorre depende da constante de cada material, que se relaciona com

    suas propriedades elsticas e de densidade. A velocidade de propagao do

    som no ar em mdia 340 m/s, no lquido 1.200 m/s e nos slidos 5.000 m/s.

    O clculo da velocidade de transmisso do som atravs dos constituintes do

  • 14

    corpo humano tem como mdia 1.540 m/s, j que suas velocidades so muito

    semelhantes, com exceo do ar (pulmo e intestino) e dos ossos.

    Se a estrutura gerar muitos ecos, chamada hiperecognica, hiperecica,

    ecognia ou ainda, ecica e vista como uma estrutura branca na tela; se o

    rgo der origem a poucos ecos, visto como uma regio cinza, sendo

    chamada hipoecognica ou hipoecica; caso a estrutura no seja capaz de

    gerar ecos, ser vista como uma regio preta e classificada como anecognica

    ou anecica.

    Os tecidos moles so bons condutores do ultra-som e causam pouca reflexo,

    dando origem a poucos ecos (ex: msculos). J as estruturas com densidades

    diferentes como osso e ar no transmitem bem o som e causam muita reflexo.

    Lquidos so excelentes condutores de som, no causando reflexo (ex: gua).

    A atenuao definida como a diminuio da intensidade do feixe sonoro ao

    atravessar o tecido, sendo diretamente proporcional a freqncia do transdutor,

    ou seja, quanto maior a freqncia do transdutor maior a atenuao. Para

    compensar a atenuao os equipamentos possuem recursos de ampliao.

    A absoro pelos tecidos feita atravs da transformao de energia sonora

    em calor, geralmente esse aumento de temperatura imperceptvel, sendo

    proporcional a freqncia e dependente da viscosidade do meio. O osso, por

    exemplo, absorve 10 vezes mais os ultra-sons que os tecidos moles.

    O funcionamento do aparelho de ultra-sonografia consiste em enviar

    um estmulo eltrico ao transdutor que, por possuir cristais piezeltricos, o

    converte em ondas sonoras. Ao posicionar o transdutor na superfcie do corpo

    do paciente, as ondas sonoras iro emitir ecos ao alcanarem estruturas

    ecognicas, porm as ondas sonoras que voltam ao transdutor tm menos

    intensidade, visto que parte da energia foi transformada em calor e parte foi

    perdida. O transdutor capta essas ondas sonoras e as transformam em energia

    eltrica que ento passa por um amplificador a fim de compensar as perdas

    que ocorreram no corpo do paciente, em seguida o pulso eltrico interpretado

    pelo programa de computador do aparelho e origina a imagem que ser

    visualizada no monitor.

  • 15

    Figura 11: Esquematizao do funcionamento do aparelho de ultra-sonografia.

    Figura 12: Aparelho de ultra-sonografia.

    TRANSDUTOR

    monitor

    amplificador

    energia mecnica energia eltrica

  • 16

    Figura 13: Comandos do aparelho de ultra-sonografia.

    Variao de ecogenicidade nos tecidos biolgicos

    Termo Cor Produo de ecos Estruturas

    Hiperecognico

    Branca

    Ecos intensos

    Ar

    Osso Metal

    Calcificao

    Hipoecognico

    Cinza

    Ecos de moderada e baixa intensidade

    Msculo

    Tecidos moles rgos

    Anecognico

    Preta

    No h eco

    gua

    Sangue

    Contraste: Na ultra-sonografia, tambm podemos utilizar contraste, que

    nessa tcnica so microbolhas injetadas na corrente sangunea. As bolhas, por

    conterem ar (hiperecognico), apresentam uma ecogenicidade diferente do

    sangue (anecognico). Um exemplo de sua utilizao no ecocardiograma

    com contraste, exame que permite a melhor avaliao da perfuso sangunea

    cardaca, facilita a delimitao das cmaras cardacas, permitindo, por exemplo,

    a pesquisa de comunicao interatrial, alm de intensificar o sinal Doppler.

  • 17

    E Imagens Ultra-sonogrficas

    Figura 14: Ultra-sonografia em modo B, trans-abdominal e com transdutor convexo; a seta

    mostra estrutura hipoecognica (tecidos moles).

    Figura 15: Ultra-sonografia em modo B, trans-abdominal e com transdutor convexo; a seta

    mostra estrutura hiperecognica (ar nas alas intestinais).

  • 18

    Figura 16: Ultra-sonografia em modo B, trans-abdominal e com transdutor convexo; a seta

    mostra estrutura anecognica (sangue).

    VCI Veia Cava Superior; AMS Artria Mesentrica Superior

    F Termos Especiais

    SOMBRA ACSTICA: estruturas hiperecognicas no transmitem bem o

    som, impedindo que este atinja as regies abaixo de sua superfcie, essas

    regies, portanto no sero capazes de emitir ecos, sendo vizualizadas como

    zonas escuras. Exemplos de estruturas hiperecognicas que podem gerar a

    sombra acstica: clculos e calcificaes.

    O coeficiente de absoro aumenta quando se eleva a quantidade de

    protena presente no meio condutor. Por isso, tecidos ricos em colgeno

    absorvem grande parcela da energia do feixe ultra-snico que os atravessa

    (no sobra energia para as estruturas atrs) podendo gerar a sombra acstica.

    A sombra acstica corresponde imagem em faixa preta localizada

    posteriormente s estruturas que causam reflexo sonora.

  • 19

    Figura 17: Ultra-sonografia em modo B; as setas mostram uma imagem de sombra acstica.

    REFORO ACSTICO: o lquido permite que o som passe sem ser

    refletido, portanto perde pouca energia, assim o ultra-som atinge as regies

    posteriores com mais fora e origina mais ecos. Exemplo de estrutura

    anecognica que podem gerar o reforo acstico: cistos com contedo lquido.

    O reforo acstico corresponde imagem em faixa branca localizada

    posteriormente a estas estruturas que transmitem bem os feixes sonoros.

    Figura 18: Ultra-sonografia em modo B exemplificando a bile (seta azul) e o reforo

    acstico (seta amarela) posterior vescula biliar.

  • 20

    JANELA ACSTICA: uma estrutura que produz pouca reflexo e

    permite a visualizao de reas posteriores a esta. Exemplos de estruturas

    hipoecognicas ou anecognicas que funcionam como janela acstica: fgado,

    vescula biliar, bexiga cheia e prstata.

    Figura 19: Ultra-sonografia em modo B, trans-abdominal mostrando a bexiga repleta de

    lquido (anecico) gerando a janela acstica.

    A bexiga repleta de lquido tambm propicia o afastamento das alas

    intestinais do objeto de interesse, impedindo que os gases interfiram

    negativamente na formao da imagem.

    4) EFEITOS BIOLGICOS DOS ULTRA-SONS

    O ultra-som na faixa de 1 a 3 MHz utilizado como instrumento teraputico,

    principalmente devido a sua capacidade de elevar a temperatura dos tecidos,

    atravs da produo de calor. As ondas do ultra-som so capazes de aumentar

    a permeabilidade dos vasos facilitando a chegada de nutrientes e a retirada de

    metablitos de reas especficas. Alm disso, quando as ondas ultra-snicas

    penetram nos tecidos, elas promovem uma vibrao a nvel celular que

  • 21

    denominado micromassagem, a qual leva a um aumento da permeabilidade da

    membrana plasmtica, acelerando assim o metabolismo da clula.

    Este processo indicado para tratamento de processos inflamatrios, leso

    muscular, certos tipos de dor lombar, nas ciatalgias, em edema e na

    cicatrizao de feridas.

    importante ressaltar que na freqncia utilizada para diagnstico, o ultra-

    som no produz efeitos biolgicos. Sendo estes utilizados somente na

    fisioterapia.

    5) APLICAES E CONTRA-INDICAES

    A - Aplicaes da Ultra-sonografia

    A ultra-sonografia utilizada principalmente para diagnstico de

    alteraes do trato urinrio, sistema reprodutor e corao, alm de avaliar o

    sistema vascular, msculos e tendes, glndulas (salivares, tireide e mama) e

    tegumento. Embora o ultra-som possa ser utilizado para deteco e

    confirmao de derrame pleural, no indicado para avaliao do parnquima

    pulmonar. Sua grande vantagem est na capacidade de distinguir massas

    lquidas (cistos) de massas slidas (calcificaes, tumores) alm de

    proporcionar uma imagem em tempo real e dinmica do rgo ou tecido

    estudado.

    Este mtodo diagnstico tambm pode ser utilizado para guiar

    procedimentos invasivos, como punes e bipsias.

    Outra utilizao muito importante do ultra-som na Litotripsia extra

    corprea por ondas de choque que tambm so produzidas por cristais

    piezeltricos.

    B - Contra-indicaes da Ultra-sonografia

    Esta tcnica de diagnstico por imagem no possui contra-indicaes.

  • 22

    6) VANTAGENS E LIMITAES

    A ultra-sonografia possui algumas vantagens em relao a outros

    mtodos diagnsticos, tais como no utilizar radiao ionizante, sendo portanto,

    um mtodo mais seguro que pode ser utilizado com freqncia. Alm disso, o

    seu laudo rpido, sendo emitido na mesma hora. Este exame lana mo de

    uma aparelhagem e manuteno mais barata, o que o torna mais acessvel a

    populao. O aparelho porttil facilitando sua utilizao dentro de hospitais,

    podendo ser realizado dentro de pequenos ambientes.

    Porm, a ultra-sonografia apresenta algumas limitaes, como o fato de

    ser operador dependente, ou seja, a qualidade do exame depende diretamente

    da habilidade e do conhecimento de quem o realiza. Alm disso, sua imagem

    possui uma definio inferior a outros mtodos diagnsticos como ressonncia

    nuclear magntica e tomografia computadorizada. Tambm importante

    lembrar que este exame no indicado para avaliar rgos com gs em seu

    interior, tais como estmago, intestino e pulmo, e muito prejudicado em

    pacientes obesos.

  • 23

    7) BIBLIOGRAFIA

    - Garcia, E.A.C. Biofsica aplicada ultra-sonografia. In: Garcia, E.A.C. Biofsica.

    Ed. Sarvier, So Paulo, 1998.

    - Hagen-Ansert, S.L. Tratado de Ultra-sonografia Diagnstica. Ed. Guanabara

    Koogan, 5a ed., Rio de Janeiro, 2003.

    - Koch, H.A.; Ribeiro, E.C.O. & Tonomura, E.T. Radiologia na Formao do

    Mdico Geral. Ed. Revinter, Rio de Janeiro, 1997.

    - Rumack, C.M. (1999). Tratado de ultra-sonografia diagnstica. Ed. Guanabara

    Koogan, 2a ed., Rio de Janeiro, 1999.

    - http://pt.wikipedia.org/wiki/Ultra-sonografia (consulta em 23/10/06).

    - http://www.terapiamanual.net/visualiza.asp?id=86 (consulta em 14/08/07).