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 5.  A noção de sistema de circulaçã o urbana remete à articulação entre o sistema viário e os sistemas de transporte coletivo e/ou privado de passageiros. Ao sistema viário, definido como o conjunto de vias de circulação, cabe a função de interligar as áreas no território, viabilizar através de sua estrutura fsica a fluidez no tr!nsito e oferecer condiç"es para a oferta de e#uipamentos de circulação e travessia para os pedestres. $á os sistemas de transporte coletivo e/ou privado v%m efetivar através do deslocamento &umano #ue promove na s vias a comuni ca ção e ar ticulação entre os espaços na ci dade, resultando na dinamicidade da vida urbana. 'iante disso, a circulação urbana prima por ser veculo do acesso e da mobilidade dentro da ci dade, po de ndo se r identi fi cada como um dos indicadores de #ualidade de vida.  A atuação do sistema de transporte na circulação urbana, define as várias modalidades de transporte de passageiros nos dias atuais, #uais sejam( o modo rodoviário, ferroviário, &idroviário, aéreo e, ainda considerado como meio de transporte, a marc&a a pé) estando cada uma destas correlacionadas à um determinado sistema de vias. *este estudo, dando enfo#ue ao bairro da +ibeira como área de concentração de tr%s modalidades do trans port e coletivo de pass agei ros e seu sign ificado para a circu laçã o urbana da cidade de *atal, cabe uma abordagem sobre o setor de transporte pblico de passageiros. -ratando sobre a temática em conteto universal, A+A01, et all 234445 aponta #ue esse setor encontra6se nos dias atuais em fase de redefinição em sua estrutura funcional.  As caractersticas do novo mercado emergente assinalam novos desafios para o sistema de transporte pblico de passageiros e acabam por eigir reformulaç"es e modos de atuação na cidade. 7omo principais desafios para o setor são destacados 482#uatro5 aspectos( 2495 o aume nt o de um mercado de pa ss ag eiro s se gmentado, em fu ão das no va s centralidades no processo de evolução urbana e ocupação espacial das cidades) 2435a compreensão da necessidade de um regime competitivo nos setores de serviços pblicos, competição esta já orientada pela :ei das 7oncess"es) 24;5o surgimento dos transportes clandestinos) 2485a inovação tecnológica. <ara os autores, o recon&ecimento dessas mudanças deve ser o primeiro ponto de partida para a reestruturação do transporte pblico e da circulação urbana no =rasil. Assim, de acordo com as prescriç"es para a modernização do >etor de -ransporte <blico de <assageiros6 >-<< a reestruturação do setor deve propor emergencialmente a inovação tecnológica, o atendimento de demandas especficas e a competitividade como elemento ?@ ><AB1 @?:-C@1'A: *1 =AC++1 'A +C=C+A @CDE 7C:AF* G+*A*'> 'CA> ............................................................ -+A=A:H1 GC*A: ' +A'?ABI1  84

Um espaço multimodal no bairro da Ribeira-Natal/RN

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5. Sistemas de Circulação Urbana

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A CIRCULAO NO MUNICPIO

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5.

A noo de sistema de circulao urbana remete articulao entre o sistema virio e os sistemas de transporte coletivo e/ou privado de passageiros. Ao sistema virio, definido como o conjunto de vias de circulao, cabe a funo de interligar as reas no territrio, viabilizar atravs de sua estrutura fsica a fluidez no trnsito e oferecer condies para a oferta de equipamentos de circulao e travessia para os pedestres. J os sistemas de transporte coletivo e/ou privado vm efetivar atravs do deslocamento humano que promove nas vias a comunicao e articulao entre os espaos na cidade, resultando na dinamicidade da vida urbana. Diante disso, a circulao urbana prima por ser veculo do acesso e da mobilidade dentro da cidade, podendo ser identificada como um dos indicadores de qualidade de vida.

A atuao do sistema de transporte na circulao urbana, define as vrias modalidades de transporte de passageiros nos dias atuais, quais sejam: o modo rodovirio, ferrovirio, hidrovirio, areo e, ainda considerado como meio de transporte, a marcha a p; estando cada uma destas correlacionadas um determinado sistema de vias.

Neste estudo, dando enfoque ao bairro da Ribeira como rea de concentrao de trs modalidades do transporte coletivo de passageiros e seu significado para a circulao urbana da cidade de Natal, cabe uma abordagem sobre o setor de transporte pblico de passageiros.

Tratando sobre a temtica em contexto universal, ARAGO, et all (2000) aponta que esse setor encontra-se nos dias atuais em fase de redefinio em sua estrutura funcional. As caractersticas do novo mercado emergente assinalam novos desafios para o sistema de transporte pblico de passageiros e acabam por exigir reformulaes e modos de atuao na cidade.

Como principais desafios para o setor so destacados 04(quatro) aspectos:

(01)o aumento de um mercado de passageiros segmentado, em funo das novas centralidades no processo de evoluo urbana e ocupao espacial das cidades;

(02)a compreenso da necessidade de um regime competitivo nos setores de servios pblicos, competio esta j orientada pela Lei das Concesses;

(03)o surgimento dos transportes clandestinos;

(04)a inovao tecnolgica.

Para os autores, o reconhecimento dessas mudanas deve ser o primeiro ponto de partida para a reestruturao do transporte pblico e da circulao urbana no Brasil. Assim, de acordo com as prescries para a modernizao do Setor de Transporte Pblico de Passageiros- STPP a reestruturao do setor deve propor emergencialmente a inovao tecnolgica, o atendimento de demandas especficas e a competitividade como elemento capaz de garantir produtividade e qualidade no setor. O objetivo da reestruturao deve considerar a integrao do setor de transporte e envolver, alm das empresas operacionais, as indstrias, o setor financeiro, o governo, as universidades, associaes tcnicas, representantes dos trabalhadores, organizaes ambientalistas, usurios e outros beneficirios dos servios. Busca-se com isso o resgate e avano de um setor produtivo efetivamente capaz de atender as necessidades de mobilidade urbana e se manter competitivo. (ARAGO, et all, 2000)

Assim,

a complexa arte de combinar: a)diversos produtos, b)prestados mediante regimes jurdicos diferenciados, c)garantindo-se o equilbrio econmico entre os diversos segmentos, e d)que sejam capazes de aumentar a atratividade do transporte pblico, e)com lastro de qualidade, eficincia e competitividade, contudo f) sem produo de congestionamentos e g)sem degradao do servio bsico a ser oferecido populao, constituir, na verdade, o cerne de um novo modelo regulatrio extremamente criativo e original, genuinamente nacional, mas de grande alicerce internacional. (ibid)

A relao com o usurio apresentada encontra tambm apoio no entendimento de RODRIGES (1986) sobre as intervenes no espao urbano. Segundo ele, as intervenes devem ser realizadas atravs de um planejamento interativo com os diversos grupos sociais. (RODRIGUES, 1986, p.34) No que se refere reestruturao do sistema de circulao e de transporte pblico de passageiros, o autor apresenta ainda alguns valores que so apontados como cabveis de nortear a proposta. Destaca-se a necessidade de atender efetivamente a indispensvel mobilidade da populao na cidade; manter e atrair passageiros, inclusive os que usam o carro particular; e exercer uma influncia positiva no desenvolvimento urbano e na qualidade de vida, inclusive no que se refere proteo ambiental.

Sendo o transporte coletivo urbano um servio pblico por excelncia, sua eficincia no sistema de circulao da cidade e contribuio para a qualidade de vida urbana em muito depende das medidas de ao e prioridades definidas pela gesto pblica. Assim, o planejamento e a administrao do setor pela instituio pblica competente so identificados como instrumentos insubstituveis para a garantia da qualidade no transporte urbano, inclusive no que define a variao (ou no) de tarifas para os usurios. A participao das empresas operadoras, por sua vez, se d por vias contratuais quando a administrao pblica concede um espao de deciso para que elas possam ajustar a oferta de seu produto busca de qualidade, produtividade e sucesso de pblico.

Contudo, todo esforo em reestruturar o setor de transporte pblico de passageiros em busca de melhoria na circulao urbana no ter xito se o sistema virio disponvel na cidade no for colocado como elemento integrante e estruturador do processo. Portanto, deve-se correlacionar as propostas de melhoria e eficincia nos meios de transporte com a estrutura fsica, disponvel ou tambm em processo de reestruturao, das vias de circulao, quais sejam as rodovias, as ferrovias ou hidrovias. Acredita-se que esse desenvolvimento pode viabilizar a gerao de renda, o surgimento de novas atividades, novas demandas, novos trfegos, aumento da mobilidade e ainda desenvolver a economia local. Neste nterim, recai sobre a administrao pblica a responsabilidade de coordenar e controlar o uso e a ocupao do solo atravs dos seus instrumentos legais de gesto, para que a relao entre aumento de atividades, gerao de fluxos e estrutura fsica e ambiental do espao urbano se estabelea positivamente no mbito de manuteno (ou promoo) da qualidade social, ambiental, histrica, cultural, e econmica do lugar.

5.1. A circulao urbana no municpio de Natal

Caracterizao geral

Para a caracterizao da circulao urbana em Natal tomou-se como base o diagnstico elaborado para o termo de referncia do Plano Estratgico de Desenvolvimento Urbano 2015.

A investigao da problemtica da circulao urbana no municpio de Natal passa por uma abordagem das interferncias recebidas do aglomerado urbano da chamada Regio Metropolitana, polarizada pela capital natalense.

Segundo a referncia, esses fluxos so gerados ou atrados por atividades situadas fora do municpio de Natal e destinam-se ou originam-se no espao intra-urbano da cidade ou mesmo utilizam seu sistema virio como passagem.

O crescimento da atividade turstica destacado como responsvel pelo aumento da demanda por circulao e transportes diferenciados dentro da cidade, gerando fluxos adicionais ao sistema de circulao oferecido. O destaque se d a partir da considerao de que esse setor passa a responder cada vez mais fortemente pela gerao de emprego e renda na regio, estimulando o desenvolvimento econmico e urbano local. Assim, ao planejamento estratgico de transportes em Natal fica clara a articulao de sua rede de circulao malha viria de seu entorno geogrfico, inclusive levando em conta o fato de que boa parte do potencial turstico local se prende a atrativos naturais situados no exterior do municpio, principalmente na linha litornea. O referido termo aponta, ainda a necessidade de adotar algumas vertentes metodolgicas na investigao da rede de circulao de Natal.

As vertentes de anlise apresentadas so da ordem: 1-infra-estrutural (aspectos fsicos do sistema virio, dos modos de transportes e dos terminais de passageiros e de cargas), 2-operacional (demanda e oferta de transportes), 3-institucional (sistemas de planejamento, financiamento e gerenciamento do transporte), e 4-econmica-financeira (aspectos de financiamento e tarifao do transporte). O destaque neste estudo se d para as vertentes infra-estrutural e operacional do sistema de circulao na cidade, buscando-se apreender em linhas gerais a articulao entre seus elementos e sua relao com o espao multimodal proposto.

A configurao urbana de Natal, seu sistema virio e o transporte coletivo urbano

O ltimo censo do IBGE (1999) registra uma contagem populacional para Natal de aproximadamente 700mil habitantes. Esta populao vive na cidade e exige do seu sistema de circulao facilidades de acesso e alternativas de mobilidade no territrio municipal e na articulao com seu entorno.

Apresentando um territrio quase totalmente urbanizado, a cidade apresenta caractersticas fsicas e naturais singulares que se impem como determinantes na configurao urbana do espao citadino. Em particular, destacam-se as bacias hidrogrficas(Rio Potengi e Riacho do Baldo), os sistemas dunares, a topografia em algumas partes da cidade e as encostas ngremes das praias como barreiras naturais para a ocupao do solo e para a articulao entre as reas urbanas separadas por esses condicionantes fsico-naturais.

A expanso urbana de Natal foi orientada por essas limitaes. Assim, a cidade se expandiu a partir de um modelo radial de sistema virio e passou a ser alicerada por grandes eixos rodovirios que partem do centro expandido( em direo as outras partes do municpio.

Assim, a ocupao do solo urbano em Natal est diretamente vinculada aos eixos rodovirios e, com isso, diretamente relacionada primazia da oferta de deslocamento em veculos motorizados, tanto coletivos como individuais. A operao conjunta desses meios de transporte, por sua vez, satura nos horrios de pico a capacidade do sistema virio que interliga as reas urbanas dentro da cidade e um dos pontos mais complexos da circulao urbana em Natal a ligao entre a Zona Norte (predominantemente residencial) com o restante da cidade, dada atravs da ponte sobre o rio Potengi.

Assim, como resultado do processo de urbanizao de Natal, o sistema de circulao urbana da cidade configura uma problemtica que excede suas dimenses populacional e econmica. O j citado termo de referncia caracterizou essa problemtica em aspectos que envolvem a dificuldade de opo por deslocamentos no motorizados, os elevados ndices de deslocamentos dirios por habitante, a coincidncia parcial de itinerrios nos poucos corredores de trfego comuns aos transporte coletivo e privado, os longos deslocamentos obrigatrios definidos na mobilidade entre casa-trabalho, casa-escola, casa-comrcio e outros; e a diversificao espacial desses deslocamentos.

Fica evidente que essa segregao espacial resultante do processo de ocupao do solo gera demandas por transporte entre bairros residenciais perifricos e as reas centrais que concentram a oferta de empregos. Estas, so reas onde se d uma concentrao de Plos Geradores de Trfego (PGTS), como edifcios escolares, centros comerciais, instalaes de atendimento sade, agncias bancrias e outros tipos de estabelecimento. Nessa reflexo, o bairro da Ribeira, em sua totalidade, inserido no contexto urbano da cidade assume um carter de PGT em potencial, dada a concentrao de atividades institucionais na sua rea. Infere-se que o carter de centralidade do bairro viabilizou essa concentrao. (MEDEIROS, et all, 2001)

Desempenhando funes de natureza setorial e regional, a rede de edificaes pblicas da Ribeira revela relaes espaciais e funcionais com toda a cidade e at mesmo com sua Regio Metropolitana e com o restante do estado do Rio Grande do Norte. Essa rede representada pelas edificaes pblicas das diferentes esferas administrativas (municipal, estadual e federal) que foram apresentadas na caracterizao tipolgica de uso do bairro em captulo anterior.

O projeto Ribeira Monumenta, tambm j discutido anteriormente, incorpora instrumentos urbansticos que induzem a reabilitao do bairro, no que inclui a previso da transferncia, em mdio prazo, de todo o parque administrativo municipal para o lugar.

Destacam-se, ainda, para efeito de circulao no bairro da Ribeira, que nas vias limtrofes com os bairros contguos, localizam-se edificaes pblicas da rede administrativa municipal, estadual e federal e ainda uma grande concentrao de unidades de sade pblicas e privadas. Esses estabelecimentos so considerados PGTS( que atraem fluxo para o bairro da Ribeira ou nele se originam.

O surgimentos de novas centralidades, no eixo sul da cidade, em que se destacam principalmente o Campus Universitrio e os Shopping Centers, dispersou as atividades econmicas e acarretou uma demanda da populao por diferentes opes de destino bairro-centro. De acordo com o estudo de viabilidade tcnico-econmica e caracterizao do transporte pblico de Natal (PMN, Projeto Natal 2015, 2000), o atendimento a essa demanda implica num sistema de transporte coletivo amplo e diversificado, que deve associar a oferta de transporte com a produo de infra-estruturas que comportem inclusive a reestruturao do planejamento.

No que se refere poltica local de transporte pblico, esta parece caracterizar-se pela negao de subsdio operao do sistema. (IBID). Diante a dificuldade de se obter um bom nvel de servio no transporte coletivo, as parcelas motorizadas da populao so induzidas a utilizarem o veculo privado, que, concorrendo com o sistema de transporte pblico, disputa a ocupao do espao virio para circulao e estacionamento.

Nos locais de maior congestionamento e nos mais importantes corredores de trfego, verificam-se tentativas de reestruturao a partir de obras de infra-estruturais pontuais, como os viadutos da Urbana, do Machado e de Igap, este ainda em construo. Essas obras so solues que buscam assegurar maior fluidez aos pontos de estrangulamento mais complexos no trfego da cidade. Entretanto, fragmentam reas em termos espaciais, desarticulam bairros e dificultam o acesso aos mesmos, alm de prejudicar a travessia de pedestres. (PATRICIO, 2000) Quando analisadas sob um enfoque global do sistema de circulao, essas intervenes priorizam o transporte privado e esto desvinculadas de um planejamento na cidade como um todo. Esse fator acaba por repercutir negativamente no sistema de transporte coletivo com a reduo de sua eficincia operacional, diminuindo a atratividade do transporte coletivo.

Quanto gesto do Sistema de Transporte Pblico de Passageiros (STPP) de Natal, o gerenciamento se d pelo poder pblico, consorciado entre as 03(trs) esferas de governo, quais sejam: municipal, atravs da Secretaria Municipal de Obras e Viao SEMOV e da Secretaria Municipal de Transportes e Trnsito Urbano STTU; estadual, atravs do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem - DER-RN, do Departamento Estadual de Trnsito DETRAN e do Instituto de Desenvolvimento do Meio Ambiente IDEMA; e federal, atravs do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, da Companhia Docas do Estado do Rio Grande do Norte - CODERN, da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aero-Porturia - INFRAERO, e da Companhia Brasileira de Trens Urbanos CBTU.

Todos esses organismos tm, em geral, uma atuao pouco coordenada. Alm disso, quando se trata de relaes entre organismos de distintos nveis de Governo, a formalizao de relaes de apoio tcnico mtuo bastante tmida, quando no tendentes a formar reas de atrito.

O problema mais grave da resultante que, em se tratando de um mercado nico de transportes, o tratamento institucional do transporte de maneira estanque, seja no plano infra-estrutural, seja no plano operacional, entra em choque tanto com a unicidade das necessidades do usurio quanto com a unicidade de estratgias dos operadores, uma vez que estes so, na Regio Metropolitana, parte de um mesmo grupo de empresas, embora atualmente organizados em sindicatos patronais distintos (SETURN e SETRANS). (PMN, Projeto Natal 2015, 2000)

Diante disso, o termo de referncia sinaliza dois aspectos considerados reestruturadores do sistema de circulao local, quais sejam: uma gesto cooperativa atravs de relaes contratuais entre operadores e poderes de tutela do poder pblico e uma reordenao do setor a partir de sistemas integrados dos modos de transportes coletivos operantes na cidade. Destaca que, para Natal, a possibilidade de opo por uma integrao multimodal existe, em funo da exiguidade dos corredores virios do trem poder desempenhar um papel importante na reduo dos tempos mdios de viagem. Vale salientar que, a concepo metropolitana, a formulao poltico-institucional integrada e a clara deciso de estabelecer elementos de competitividade na produo dos servios so identificados como subsdios bsicos para a referida integrao multimodal. destacada ainda a necessidade de uma poltica pblica de estmulo a tipologias de desenvolvimento urbano que privilegie o uso do transporte pblico, numa coordenao entre polticas de uso do solo e polticas de transporte.

Os modos de transporte pblico operantes na cidade

Uma abordagem sobre cada modal operante vem favorecer a compreenso da dinamizao dos mesmos na cidade e da sua identificao como um dos elementos estruturados do sistema de circulao urbana.

Portanto, percorre-se aqui os caminhos de investigao das redes rodovirias(expressas nos nibus e vans), ferrovirias e hidrovirias como principais concorrentes do sistema de transporte pblico de passageiros na cidade de Natal. Os estudos de viabilidade tcnico-econmica de reordenao do transporte pblico de Natal (PMN, Projeto Natal 2015, 2000) e os levantamentos feitos nas sedes de operao dos diferentes modais definiram a base da exposio feita.

O modo rodovirio de transporte pblico de passageiros

O transporte rodovirio tem como via de circulao e mobilidade as rodovias ou conjunto de ruas existentes nas reas urbanas da cidade. Para atender a algumas demandas especficas, os equipamentos utilizados para o transporte rodovirio so: os nibus, as vans como transporte alternativo, os automveis privados, os txis, alm dos veculos de transporte escolar, turstico e industrial. Quanto ao tipo de usurio transportado, fator diretamente relacionado com a propriedade do veculo e o gerenciamento do mesmo, ele assume o carter de transporte privado ou coletivo. Focalizando o transporte coletivo, a rea de abrangncia do deslocamento efetivado caracteriza o veculo como de ordem municipal ou intermunicipal

Partindo-se do pressuposto de que a ocupao e o crescimento do solo urbano se configura, numa primeira instncia, em decorrncia da disponibilidade e da qualidade dos servios de transporte, preconiza-se um enfoque no tratamento do equipamento coletivo como transporte pblico de massa em detrimento do individual, apesar de no se verificar uma posio de destaque na poltica nacional e local dessa priorizao. Acredita-se que priorizar o transporte pblico nas polticas urbanas pode contribuir para uma distribuio espacial mais igualitria e equilibrada dos equipamentos na cidade, favorecendo a populao de menor renda.

Na atual rede de transporte coletivo, o nibus considerado como pea fundamental para a alimentao do trfego. Em Natal, os nibus transportam aproximadamente 80% dos passageiros que demandam pelo transporte coletivo, as vans, 15% e as demais modalidades cerca de 5% do total.

Operando na circulao da cidade, a rede de nibus municipal gerenciada por 07(sete) empresas privadas permissionrias que perfazem um total de 110 linhas cadastradas circulando no territrio de Natal, conforme registram os dados da Superintendncia de Transportes Urbanos- STU/ Natal. (MEDEIROS, et all, 2001) Sua operao caracteriza-se como convencional, no havendo integrao entre as linhas operantes. Dessas 110 linhas, mais de 50% tm o bairro da Ribeira como origem/destino ou local de passagem no seu itinerrio. Com isso, o bairro mais uma vez destacado como a principal rea de confluncia dos transportes intra-urbanos da cidade (FIGURA 17), podendo ser considerado como terminal rodovirio medida que grande parte dessas linhas de nibus tm no entorno da Praa Augusto Severo seu ponto de retorno.

Aqui, pode-se sugerir que o bairro da Ribeira como ponto de retorno de grande parte das linhas de transporte pblico de passageiros, sejam nibus ou vans, municipais ou intermunicipais, se d em funo de sua caracterizao tipolgica (de uso e ocupao do solo) no processo de formao/ expanso do espao urbano local. Vale destacar ainda, que esse processo contribuiu para a caracterizao de um sistema de transporte coletivo cujo desenho se estabeleceu no sentido bairro - centro de atividades, resultando na posio de destaque assumida pelo bairro da Ribeira como centro antigo de Natal.

O transporte intermunicipal que se manifesta no sistema de circulao de Natal caracterizado por linhas de nibus operadas por 10 empresas privadas permissionrias e por linhas de vans, operadas, irregularmente ou atravs de liminar, por pessoas fsicas. No que se refere operao das vans intra-urbanas, esta conta com aproximadamente 178 pessoas fsicas permissionrias.

No que se refere ao nmero de veculos que circulam na cidade, dados registram uma frota de quase 700 nibus intra-urbanos, uma frota de aproximadamente 130.000 automveis privados, 1.100 txis, nmero estimado de 600 vans municipais (regularizadas ou no), em torno de 400 vans usadas em transporte escolar, um nmero pequeno de veculos de transporte escolar, turstico e industrial. Somados a esses valores, o transporte intermunicipal, representado tambm por frotas de nibus e vans, completa o quadro dos transportes motorizados em Natal. (NET- Natal/ UFRN).

O modo ferrovirio de transporte pblico de passageiros

As linhas frreas ou ferrovias so as vias de circulao do transporte ferrovirio. Podem ser consideradas como elementos rgidos na configurao espacial urbana, uma vez que modificaes espaciais de sua estrutura fsica acarretam custos exorbitantes para o rgo operador do sistema. A FIGURA 18 apresenta o sistema virio da cidade de Natal, no que se destacam as ferrovias do sistema e, entre essas, algumas encontram-se desativadas, como o caso da linha que passa pela Rua Chile, no bairro da Ribeira.

Em Natal, o modo ferrovirio transporta uma mdia de 1,5% do total de passageiros que demandam o transporte coletivo na cidade. De acordo com o estudo de viabilidade tcnico-econmica para o transporte ferrovirio em Natal e na sua regio metropolitana (COPPE, Estudo de viabilidade tecno-econmica de sistema ferrovirio de passageiro, 2001), o trem como modalidade de transporte de passageiros est inserido num processo de declnio de oferta e demanda. Registra-se que na dcada de 80, de uma demanda total na regio de aproximadamente 500(quinhentos) mil passageiros/ dia, o trem transportava cerca de 10(dez) mil passageiros/dia (2% do total). J na dcada de 90, registra-se que da demanda total de 770(setecentos e setenta) mil a 870(oitocentos e setenta) mil passageiros/dia, o trem respondeu por menos de 2(dois) mil passageiros/ dia (uma mdia de 0,24% do total)

Contudo, essa reduo do papel da ferrovia um paradoxo, quando se constata que as principais expanses da mancha urbana durante o perodo ocorreram nas Zonas Norte e em Parnamirim, ambas servidas pelo trem. Acredita-se que a falta de investimentos nessa modalidade de transporte que, muito mais que o traado da linha, provocou esse declnio. (IBID)

Sob tutela do governo federal, o modo ferrovirio em Natal operado e gerenciado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos CBTU/GTU/NAT e composto por dois ramais que atendem a quase toda regio metropolitana, estendendo seus servios aos municpios de Parnamirim, Extremoz, Cear-Mirim e So Gonalo do Amarante.

O ramal que opera na direo do municpio de Parnamirim configura a Linha Sul, caracterizada por uma extenso de 18Km de linha frrea e 07(sete) estaes para transbordo de passageiros durante o percurso. A Linha Norte, na direo de Cear-Mirim, apresenta 38Km de extenso e conta com 11(onze) estaes. De acordo com a CBTU, a operao desta supera a linha sul em quantidade de passageiros/dia transportada, registrando uma demanda maior de passageiros na Zona Norte. Com isso, pondera-se que o transporte sobre trilhos pode se constituir uma alternativa de transporte capaz de atenuar o aludido estrangulamento do trnsito sobre a ponte de Igap. Alm disso, como vantagens gerais da modalidade ferroviria destacam-se os aspectos ecolgicos, a rapidez do transporte atravs da operao em corredor independente e a consequente diminuio do trfego de veculos motorizados sobre rodas na estrutura viria da cidade.

Contudo, as duas linhas que fazem o transporte ferrovirio em Natal oferecem servios de pouca atratividade, sobre linha fixa comprometida com intruses diversas em vrios pontos, com algumas estaes desativadas e sem qualquer esquema de integrao aos modais rodovirio e hidrovirio, resultando em menos de 2mil passageiros/dia transportados em 1998. (IBID)

Acredita-se que a dinamizao dos servios do trem urbano acarretaria modificaes espaciais e sociais, propiciando a implementao do comrcio varejista, bem como de outros servios de manuteno de veculos, estacionamentos, postos de gasolina, estabelecimentos de ensino e sade. E, nesse mbito, os estudos de viabilidade para o transporte ferrovirio apontam que uma interligao do modo ferrovirio com diferentes linhas de nibus num sistema articulado de transportes na cidade pode contribuir para o xito daqueles empreendimentos, alm de ser indicada como a concepo bsica para a reordenao do sistema

Em Natal, a insero da ferrovia no meio das linhas municipais de nibus evidenciada pela existncia de vrios trechos onde as duas modalidades se cruzam e confluem, o que j culminou na construo dos Terminais de Integrao localizados em Soledade (na Zona Norte) e em Cidade Satlite (na Zona Sul). A principal rea de confluncia desses modais, contudo, se d no bairro da Ribeira, por onde passam mais de 50% das linhas de nibus municipais. Diante disso, a comparao dos traados da ferrovia e das linhas municipais de nibus permite constatar que:

1-o trem e o nibus tem no centro tradicional da cidade o principal ponto de convergncia, marcando a Ribeira como o ponto central para a redistribuio e locao dos transportes para as demais reas do municpio de Natal;

2-a modernizao do sistema de trem deve ser acompanhada pela transformao de parte dessas linhas em alimentadoras das estaes;

3- vivel a integrao entre a estao de trem e nibus, dada a demanda crescente entre a Zona Norte e os plos de atrao na Zona Sul.

nessa concepo da integrao entre os modos ferro e rodovirio como modalidades concorrenciais e articuladas no sistema de circulao da cidade que proposto o espao multimodal no bairro da Ribeira.

O modo hidrovirio de transporte pblico de passageiros

O sistema de transporte hidrovirio opera atravs das hidrovias, ou aquavias. Compreendidas como vias navegveis ou caminhos fluviais, so representadas pelos rios, lagos ou lagoas, cujas caractersticas permitem sua transposio e navegao.

Inserido na configurao urbana do municpio, o rio Potengi apresenta-se como uma barreira natural do stio fsico, separando geograficamente a zona norte (predominantemente residencial) e as demais zonas da cidade, consideradas como centro das atividades urbanas. Neste nterim, o rio Potengi desponta como a principal bacia hidrogrfica de Natal, com forte significado para o sistema de circulao urbana, principalmente pela localizao estratgica de sua foz com o ncleo de fundao da cidade. As discusses que permeiam a busca de solues para o estrangulamento de trfego e melhoria na rede viria e de transportes coletivos passam pela problemtica do deslocamento na ponte sobre o rio Potengi e a crescente demanda por circulao entre a Zona Norte e a Zona Sul da cidade.

Contudo, as solues apresentadas priorizam o sistema virio no papel das obras pontuais de infra e super-estruturas rodovirias. Configura-se aqui uma problemtica sob dois aspectos: 1- as intervenes pontuais preterem o transporte privado e esto desvinculadas de um planejamento na cidade como um todo; e 2-o rio Potengi focalizado como uma barreira fsica a ser vencida, relevando seu potencial como hidrovia e elemento operante no sistema de circulao da cidade capaz de contribuir com a rapidez e eficincia no acesso e na mobilidade entre as zonas norte-sul.

As atividades hidrovirias sobre o rio Potengi passaram a ser oficializadas a partir de 1863, com a construo do Cais da Alfndega. Emergiram para dar suporte ao transporte martimo, seja de cargas ou de passageiros. (CASCUDO, 1999, p. 152-154) Em 1869, com a construo do Cais da avenida Tavares de Lira (em substituio ao primeiro), essas atividades foram reforadas e ganharam, nos perodos ureos de importncia da avenida na cidade uma movimentao especial, registrada principalmente na regularidade da travessia nas atividades de transporte coletivo, de lazer e de contemplao da paisagem. A partir de 1892, com a instalao da comisso de obras do Porto, as atividades porturias foram intensificadas e o Cais da Tavares de Lira passou a se caracterizar pela travessia entre o povoado do atual bairro da Redinha e a rea central da cidade- o bairro da Ribeira. Na poca, a hidrovia era o nico eixo de circulao entre essas reas. A FIGURA 19 apresenta o itinerrio realizado na travessia do rio Potengi, destacando seus pontos de embarque e desembarque.

Com o passar do tempo, os meios de transporte para a travessia do Rio Potengi restringiram-se s embarcaes de pescadores que desenvolvem suas atividades a partir dos atracadouros de pesca da Redinha e do Canto do Mangue, no bairro das Rocas. Atualmente, o Cais da Tavares de Lira e o atracadouro da Pedra do Rosrio funcionam apenas dando eventual suporte s atividades pesqueiras realizadas na redondeza. Uma travessia informal para contemplao da beleza singular do conjunto paisagstico do rio Potengi realizada a partir da Pedra Rosrio. A travessia como meio de transporte coletivo, porm, encontra-se desativada nos referidos atracadouros.

Vale salientar que essa atividade havia sido reinstalada nos ancoradouros da Redinha e do Cais da Tavares de Lira a partir de 1994. Na poca, a administrao municipal viabilizou a reordenao das atividades hidrovirias, direcionando suas aes para o transporte de passageiros e, pela primeira vez, de automveis, atravs de linhas exclusivas de ferry boats. A primeira foi desativada em fevereiro de 2001 e apenas o ferry se mantm, transportando inclusive passageiros. Quando em operao, registrou uma mdia de aproximadamente 250 passageiros/dia.(estimativa feita a partir de dados fornecidos pelo Ncleo de Estudos em Transportes - NET- Natal/UFRN - correspondentes aos perodos de grande movimentao da atividade) Chegou a responder por 3,5% do total de passageiros que demandavam o transporte coletivo em Natal na poca da operao de suas atividades.

A situao estratgica do bairro da Ribeira no stio urbano destaca-o mais uma vez como ponto de convergncia dos modos de transporte coletivo. Configura-se agora uma estrutura capaz de articular os modalidades operantes no sistema de circulao da cidade, quais sejam os transportes: rodovirio, ferrovirio e o hidrovirio.

Portanto, procurando resgatar o potencial de transporte hidrovirio de passageiros sobre o rio Potengi, a proposta do terminal hidrovirio no espao multimodal da Ribeira insere a hidrovia na dinmica urbana e no contexto de reestruturao do sistema de circulao da cidade, alm de descortinar sua paisagem no conjunto edificado de umas das reas mais significativas para a memria de Natal.

( A conceituao do termo centro expandido tem como referncia a compreenso apresentada no estudo de viabilidade tcnico-econmica para a implantao do sistema hidrovirio de passageiros em Natal (MEDEIROS, et all, 2001). definido pela frao urbana que envolve o centro antigo, o Alecrim e a rea do Campus Universitrio.

( Entende-se por PGTS os empreendimentos com capacidade potencial de produzir efeitos sobre a fluidez e a segurana da circulao viria. (MEDEIROS, et all, 2001)

UM ESPAO MULTIMODAL

NO BAIRRO DA RIBEIRAMIZ CILAYNE FERNANDES DIAS ............................................................ TRABALHO FINAL DE GRADUAO