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 PARTE III – A INTERVENÇÃO URBANÍSTICA ARQUITETÔNICA 6. O estado de degradação física e o processo de abandono do bairro, resultantes e, ao mesmo tem po, pro pag ador da ima gem ne gat iva atribuída ao lug ar , são considerados aspectos pertinentes aos antigos centros diante à evolução e crescimento das cidades e às no va s centralidade s que su rg em na conf ig uraç ão urbana. As ár eas an ti ga s fi cam abandonadas e sem uso, no que emergem discussões buscando métodos de planeamento e intervenções cuos resultados culminem na dinami!ação e renovação dos antigos centros. "onciliar a imprescin dív el manutenção do pa tri m#nio, significati vo para a me m$r ia e identidade urbana, com a necessidade de reestruturação e%ou renovação  física dessas áreas torna&se o desafio posto aos gestores da cidade e aos arquitetos urbanistas. 'essa discussão, os antig os centros das cid ades t(m sido alv o de políticas de pre ser vaç ão e revitali !aç ão que são e)p ressas atr avés de pro po sta s urban íst ica s e arquitet#nica s para essas áreas. *n tre as e) per i(ncias nacionais de interv enç ão urbana em centros +is t$r icos, encontram&se as cidades de ão -aulo, io de /aneiro, Ouro -reto, ão 0uís, alvador, ecife e, em relação direta com o obeto de estudo, 'atal. Observar os obetivos a que se propun+a 1ou se propõem2 as intervenções, verificando a relação entre o que foi e)ecutado e os resultados obt idos ne ssa s e)p eri(ncias, enq uadram&se aqui como subsídio de ap reensão pa ra a defini çã o do pa rtido ar qu itet #n ico e ur baní st ico da in terven çã o preconi!ada para o bairro da ibeira. 3 bem verdad e que uma in tervençã o no espaço urbano é precedida por uma caracteri!ação que identifica os problemas, os potenciais e as especificidades de cada área, resultando em est ratégias também esp ecí fic as para cad a lugar. "ontudo, foi possí vel identificar aspectos comuns às propostas de intervenção nas referidas áreas +ist$ricas, apresentadas em quatro categorias, a seguir4 1. Características erais !as "reas a#$% !e &r%&%stas !e re$ita#i'a()% *r+a,a 5e uma maneira geral, as áreas apresentam&se abandonadas no conte)to urbano, sofrendo um processo de esva!iamento populacional 1população residente e usuária2 que acarreta na degradação físico&ambiental e na e)clusão social, caracteri!ada pela imagem negativa que acaba sendo atribuída ao lugar. *m relação ao uso do solo, as áreas tornam& se alvo de abrigo de atividades específicas, destacando&se4 as atividades portuárias 1nas áreas que são ribeirin+as2, os serviços de oficinas em geral, a ocupação dos prédios abandonad os por uma população de menor renda, caracteri!an do uma ocupação de cortiço   Os termos 6renovação7 e 6reestruturação7 são definidos no conte)to deste trabal+o a partir dos percursos metodol$gicos apresentados por O589:* 1;<=>2 e á abordados em capítulo anterior. :? *-A@O ?:08?O5A0 'O BA8O 5A 8B*8A ?8CD "80AE'* F*'A'5* 58A ............................................................ ABA0GO F8'A0 5* 9A5:A@HO  97

Um espaço multimodal no bairro da Ribeira-Natal/RN

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Proposta de Intervenção

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PARTE III A INTERVENO URBANSTICA ARQUITETNICA

6.

O estado de degradao fsica e o processo de abandono do bairro, resultantes e, ao mesmo tempo, propagador da imagem negativa atribuda ao lugar, so considerados aspectos pertinentes aos antigos centros diante evoluo e crescimento das cidades e s novas centralidades que surgem na configurao urbana. As reas antigas ficam abandonadas e sem uso, no que emergem discusses buscando mtodos de planejamento e intervenes cujos resultados culminem na dinamizao e renovao dos antigos centros. Conciliar a imprescindvel manuteno do patrimnio, significativo para a memria e identidade urbana, com a necessidade de reestruturao e/ou renovao( fsica dessas reas torna-se o desafio posto aos gestores da cidade e aos arquitetos urbanistas.

Nessa discusso, os antigos centros das cidades tm sido alvo de polticas de preservao e revitalizao que so expressas atravs de propostas urbansticas e arquitetnicas para essas reas.

Entre as experincias nacionais de interveno urbana em centros histricos, encontram-se as cidades de So Paulo, Rio de Janeiro, Ouro Preto, So Lus, Salvador, Recife e, em relao direta com o objeto de estudo, Natal. Observar os objetivos a que se propunha (ou se propem) as intervenes, verificando a relao entre o que foi executado e os resultados obtidos nessas experincias, enquadram-se aqui como subsdio de apreenso para a definio do partido arquitetnico e urbanstico da interveno preconizada para o bairro da Ribeira.

bem verdade que uma interveno no espao urbano precedida por uma caracterizao que identifica os problemas, os potenciais e as especificidades de cada rea, resultando em estratgias tambm especficas para cada lugar. Contudo, foi possvel identificar aspectos comuns s propostas de interveno nas referidas reas histricas, apresentadas em quatro categorias, a seguir:

1. Caractersticas gerais das reas alvo de propostas de revitalizao urbana

De uma maneira geral, as reas apresentam-se abandonadas no contexto urbano, sofrendo um processo de esvaziamento populacional (populao residente e usuria) que acarreta na degradao fsico-ambiental e na excluso social, caracterizada pela imagem negativa que acaba sendo atribuda ao lugar. Em relao ao uso do solo, as reas tornam-se alvo de abrigo de atividades especficas, destacando-se: as atividades porturias (nas reas que so ribeirinhas), os servios de oficinas em geral, a ocupao dos prdios abandonados por uma populao de menor renda, caracterizando uma ocupao de cortio e os prostbulos. No caso da Ribeira, merece destaque, alm das atividades mencionadas, a concentrao dos servios pblicos no bairro.

Apesar do estado de degradao fsica, ambiental e social expressos nas rea antigas das cidades, estas apresentam-se servidas de uma infra-estrutura que, de um modo geral, se destaca na configurao urbana das cidades em que esto inseridas. O potencial disponvel para o uso e ocupao dessas reas, portanto, um dos fatores que induzem a elaborao dos projetos de revitalizao desses antigos centros.

2. Objetivos gerais das propostas

Destacam-se: conservar o patrimnio (arquitetnico, histrico-cultural, urbanstico) existente, transformar a rea em um centro auto-sustentvel com nfase na atividade turstico-cultural, promover a sua reintegrao dinmica urbana da cidade, e, em algumas reas, o estmulo implantao de atividades diversas, em particular a residencial, o institucional e servios. Para a sua concretizao, destacam-se a promoo de uma cultura de preservao, a base educacional e a divulgao atravs do marketing como vias de suporte aos objetivos gerais, o que orientado para ser realizado paralelamente execuo do projeto.

3. Estratgias propostasAs propostas orientam para um tratamento urbanstico e arquitetnico do lugar. A recuperao dos prdios (que esto abandonados ou subtilizados) atravs da restaurao de suas fachadas para adapt-los a novos usos o foco da proposta arquitetnica. A reutilizao fica subsidiada por parmetros de uso e ocupao que focalizam a preservao dos elementos histricos e a preocupao com a ordenao da acessibilidade e dos fluxos no lugar, compatibilizando a circulao dos pedestres com a dos automveis. Entre os novos usos propostos ou a dinamizao dos existentes destacam-se como propulsores de atratividade: servios de lazer e cultura, comrcio, servios tursticos e habitao. O uso habitacional, porm, no apresentado como plausvel reestruturao urbana de todas as reas histricas estudadas. Em Salvador, por exemplo, uma das premissas bsicas da proposta de revitalizao do seu stio histrico- o Pelourinho, foi a restrio ao uso habitacional, favorecendo, por outro lado, as atividades comerciais, os bares e os restaurantes. J em So Lus, criar condies para a permanncia da populao residente e priorizar a moradia so diretrizes dos objetivos do projeto de revitalizao do seu centro antigo. Em Natal, em conformidade com o disposto na Operao Urbana Ribeira, o Projeto de Requalificao da Ribeira considera o uso residencial como o principal mote de atrao de atividades e de pblico para a rea. A administrao pblica aposta na validade dos condomnios fechados, para o que esto em andamento estudos de viabilidade e acordos com a Caixa Econmica Federal para financiamento dos mesmos. Contudo, a implantao de condomnios fechados no bairro tem sido alvo de discusso e divergncia entre os urbanistas e os gestores do projeto, particularmente no que se refere ao significado deste tipo de implantao numa rea em que se pretende criar novas vitalidades urbanas.

No que se refere ao conjunto de aes urbansticas complementares e essenciais nas propostas destacam-se: o tratamento urbanstico no entorno das edificaes recuperadas, bem como a recuperao dos espaos pblicos. As estratgias se do atravs da indicao de mobilirio urbano, de tratamento paisagstico, restaurao das caladas, acessibilidade aos portadores de deficincia fsica, indicao de reas de estacionamento e sinalizao adequada orientao dos fluxos no lugar.

4. Resultados

Quanto aos resultados dos projetos executados, verifica-se que, de um modo geral, so priorizadas as intervenes pontuais nas edificaes, adaptando-as aos novos usos, principalmente, de servios culturais e de lazer. A reconstruo de um cenrio que afirma a importncia das edificaes histricas e destaca os registros culturais de pocas passadas sem dvida vlida para o tratamento do patrimnio arquitetnico e ambiental, mas no tem assegurado o resgate da dinmica urbana dos centros histricos dentro das cidades. De acordo com SOUZA (2000), na experincia do Recife, as ruas do Recife Antigo e de Olinda ficam vazias durante a maior parte do dia e os turistas que percorrem a regio tm a sensao de estar dentro de um parque temtico, em que tudo muito bonito, mas artificial e sem vida prpria. (SETTI, Adriana. apud SOUZA, 2000). Em Salvador, as crticas apontam que o Pelourinho se transformou num cenrio. Em So Lus, o projeto de revitalizao do seu centro antigo no alcanou os resultados almejados, atribuindo-se inadequao da rea veculos e concentrao de prostbulos e de populao de baixa renda a ineficcia do projeto.

Como destaca SOUZA (2000), pode- se concluir que instalar bares, restaurantes, galerias de arte e boates, na inteno de contribuir para a devoluo da vida a um determinado centro histrico, no gera o uso intenso em todas as horas do dia, e proporcionar a restaurao de edifcios por si s, no reabilita reas degradadas.

Os projetos j executados ou apenas propostos como veculos para revitalizao do bairro da Ribeira foram abordados em captulo especfico, tratado na caracterizao da rea de estudo. A anlise desses projetos, sobretudo o Projeto de Requalificao da Ribeira, tambm contribuiu, e de forma mais determinante, para a definio do partido de reestruturao urbana aqui proposta para o bairro.

A definio do espao multimodal no bairro da Ribeira contou ainda com a contribuio das propostas de reordenao dos transportes pblicos dentro da cidade de Natal. Assim, os relatrios tcnicos, mencionados em captulos anteriores e que abordam a caracterizao do sistema de transporte da cidade, apresentando estudos de viabilidade de sua reestruturao de planejamento e operao no contexto urbano local definiram o tratamento dos modais que operam no espao proposto.

Na concepo do terminal que viabiliza a comunicao entre os passageiros dos transportes ferrovirio (existente), rodovirio (existente) e hidrovirio (em proposta) foram importantes os estudos de projetos arquitetnicos de terminais de integrao entre os modais, como o intermodal de Lisboa, o terminal rodoferrovirio de Santo Andr, entre outros, apresentados em anexo.

7.

A interveno urbanstica arquitetnica proposta para o bairro da Ribeira tem como primeiro subsdio, alm dos estudos acima apresentados, a caracterizao morfolgica do lugar, aqui desenvolvido para a rea de estudo e para a rea de projeto e j apresentada em captulos anteriores. Tem como concepo geral de partido uma reestruturao urbana do lugar, procurando absorver e desenvolver as potencialidades identificadas, articulando-as com o disposto na Lei Operao Urbana Ribeira. Espera-se que o conjunto de intervenes propostas contribua de forma integrada como elemento propulsor da renovao urbana do bairro, capacitando-o como objeto de qualificao do sistema de circulao da cidade e inserindo-o nos roteiros das atividades cotidianas da populao, alm de ser um adicional no estmulo s atividades tursticas, culturais e de lazer no lugar.

A potencialidade tomada como fio condutor da elaborao da proposta associa o carter de centralidade do bairro no mbito da circulao e mobilidade urbanas e as caractersticas de uso e ocupao do solo, bem como os aspectos histricos e paisagsticos do lugar.

Assim, a partir da identificao do potencial de concentrao dos modais de transporte no bairro da Ribeira, mais especificamente no entorno da Praa Augusto Severo, frao tratada como rea de projeto, e da importncia do lugar inserido na concepo global do sistema de circulao e articulao urbana na cidade de Natal, foi identificada uma frao considerada como potencial para o projeto de reestruturao do espao e passvel de incorporar o carter multimodal proposto na dinmica local. A proposta compreende uma reestruturao fsica da frao que abrange, pela margem do Rio Potengi, do Cais da Avenida Tavares de Lira Pedra do Rosrio. incorporado a esse conjunto a quadra ocupada pelas atividades da Rede Ferroviria, que se apresenta com potencial de utilizao e redefinio de suas atividades para abrigar o ptio multimodal. Nesse nterim toma-se como parte do partido da interveno a proposta de redesenho da Praa Augusto Severo, elaborada pela SEMURB. Procura-se definir uma interveno alicerada numa estruturao global, cujas reas reestruturadas articulem-se entre si e com as demais partes do bairro e da cidade, seja atravs do desenho proposto e da reordenao dos fluxos na circulao urbana ou das atividades desenvolvidas.

Para responder multimodalidade concebida e articulao global da frao identificada, prope-se uma interveno que engloba e integra as seguintes reas: o Cais da Avenida Tavares de Lira, a Travessa Aureliano incorporando o Rio Potengi sua paisagem, a quadra da Rede Ferroviria e a estrutura existente no mirante da Pedra do Rosrio.

O desenho e a proposta urbanstica nessas reas so norteados pela busca de uma estrutura que oferea fluidez no trnsito e condies para a oferta de equipamentos de circulao, mobilidade e travessia dos pedestres no lugar.

A proposta revela uma postura de interveno ousada que procurou o mximo de compatibilidade com a realidade do bairro, no mbito das atividades j desenvolvidas no lugar e consideradas significativas para sua dinmica urbana. Toma-se ainda como mediador da proposta a escala das edificaes existentes, bem como suas caractersticas histricas e o estado de preservao das mesmas.

Assim, correspondendo ao objeto de estudo(, a interveno focaliza as relaes espaciais da circulao entre as reas alvo da reestruturao urbana proposta, destacando a integrao fsica-espacial entre os elementos envolvidos.

O projeto urbanstico e arquitetnico est desenvolvido em nvel de estudos preliminares e proposio de idias viveis para a composio do espao multimodal preconizado, no apresentando, portanto, detalhes de projeto executivo.

8.

8.1. Macrozoneamento da Interveno Urbanstica e Arquitetnica

Como j mencionado, a criao do espao multimodal procura integrar reas existentes no bairro com as novas reas propostas no projeto. Assim, a partir do estudo morfolgico desenvolvido (apresentado em captulos anteriores), foram identificados os elementos existentes que so passveis ou no de alteraes de uso e ocupao, bem como as reas com possibilidade de abrigar as atividades propostas relacionadas ao espao multimodal. A PRANCHA 05/09 apresenta o macrozoneamento da interveno, focalizando esses elementos. De um modo geral, so destacados:

01- edificaes ou fraes urbanas que se expressam com significado para o conjunto paisagstico e urbano do bairro, principalmente quanto atividade desenvolvida e seu papel na dinmica do lugar, sendo, portanto, mantidos os usos atuais, bem como suas caractersticas fsicas;

02- edificaes ou fraes urbanas passveis de reestruturao na composio do espao e, ento, inseridos na interveno proposta com indicaes de novos usos e alteraes fsicas; e

03- os elementos com possibilidade de demolio, viabilizando a implantao das novas atividades que estruturam a multimodalidade do espao.

O macrozoneamento referido define, portanto:

A- Edificaes existentes com manuteno do uso atual

Neste conjunto, enquadram-se:

-as edificaes da quadra definida pela Avenida Tavares de Lira, Rua Chile e Travessa Aureliano. Nessa frao, esto, alm do Prdio da Capitania dos Portos, as edificaes que desenvolvem atividades pesqueiras margem do Rio Potengi e que assumem, alm do significado econmico, importante papel catalisador de movimento dirio na rea. Pela sua expresso na dinmica do bairro, so consideradas potenciais de demanda para o espao multimodal proposto para o lugar;

-o Centro de Treinamento e Desenvolvimento Ferrovirio. Situado na Travessa Aureliano, na margem oposta ao prdio da Capitania dos Portos, possui um mirante (em condies precrias de conservao) voltado para o Rio Potengi. A rea entre os dois prdios utilizada como estacionamento que atende demanda dos usurios dessas edificaes. Quatro vagas, porm, so identificadas como de uso exclusivo da Capitania. A rea considerada alvo de interveno, partindo da concepo da reconquista do logradouro pblico, aberto para a interao social e integrao fsica espacial do conjunto proposto.

-e, por fim, algumas edificaes situadas na quadra que envolve o ptio da Rede Ferroviria e que esto voltadas para a Praa Augusto Severo, na Rua Dr. Barata. A partir das atividades desenvolvidas e de suas caractersticas fsicas, so mantidos trs imveis: o prdio da Datanorte, que, apresentando uma mdia de 400 pessoas atendidas/dia, abriga atividades relacionadas administrao pblica em geral; a edificao residencial vizinha Datanorte, que se apresenta preservada; e o prdio administrativo da CBTU- Companhia Brasileira de Trens Urbanos, cujas atividades de transporte de passageiros atende a uma demanda de aproximadamente 6500pessoas/dia (CBTU/GTU, 2002). As edificaes que aqui se expressam com o uso de servio pblico (Datanorte e CBTU) so consideradas potenciais de demanda de usurios do espao multimodal.

B- Edificaes existentes com proposta de novos usos e melhoria nas atividades j desenvolvidas

Neste grupo, so destacados:

-o Cais da Avenida Tavares de Lira, que apresenta estrutura fsica com potencial para o desenvolvimento de atividades hidrovirias diversas. A rea que envolve o Cais, na Avenida Tavares de Lira e s margens do Rio Potengi, considerada um dos elementos estruturador das relaes espaciais no conjunto urbano estudado;

-as edificaes da Travessa Aureliano que esto desocupadas ou subutilizadas. Essas edificaes apresentam-se, em geral, modificadas e com um grau precrio de conservao, abrigando atividades de servios gerais. So incorporadas ao espao multimodal sugerindo-se a elaborao de projetos de arquitetura atribuindo-lhes novos usos, como servios de bares, lanchonetes e restaurantes.

Destacam-se, ainda, algumas edificaes localizadas na Rua Dr. Barata, na quadra que envolve a Rede Ferroviria. Essas edificaes so definidas nas seguintes fraes:

-edificaes mais prximas Travessa Aureliano. Esse grupo apresenta elementos de composio arquitetnica que anunciam o movimento moderno na arquitetura do lugar Abrigam atividades de comrcio e servio e se mostram como reas potenciais de re-uso pela possibilidade de estmulo s atividades de suporte idia do multimodal, dada sua relao espacial direta com as baias de transbordo de passageiros do nibus urbano propostas no projeto de redesenho da Praa Augusto Severo (SEMURB/ SP, 2001)

-imvel vizinho ao prdio da CBTU, na Rua Dr. Barata. Atualmente desocupado, apresenta estrutura disponvel para abrigar servios de apoio s atividades da Rede Ferroviria;

-edificaes situadas no cruzamento da Rua Dr. Barata com a Avenida do Contorno. Com atividades de servio e comrcio desenvolvidas apenas no pavimento trreo, a estrutura fsica desses imveis encontra-se subutilizada. As fachadas dessas edificaes apresentam-se modificadas, com grandes letreiros sobre o reboco, causando poluio visual na paisagem e descaracterizando o conjunto arquitetnico que as define na relao com seu entorno.

-Pedra do Rosrio. Assim como o Cais da Tavares de Lira, a frao que envolve a Pedra do Rosrio apresenta estrutura fsica com potencial para o desenvolvimento de atividades hidrovirias diversas, caracterizando uma rea com possibilidade de integrao e articulao com as demais fraes da rea de projeto.

C- Edificaes existentes com proposta de demolio

Dois grupos de edificaes definem essa categoria:

-edificaes que definem o cruzamento da Travessa Aureliano com a Rua Chile. Essas edificaes apresentam-se em precrio estado de conservao, abrigando atividades vinculadas a servios de oficina mecnica. A demolio desses prdios, conforme PRANCHA 05/09, proposta com o objetivo de facilitar a manobra dos carros entre a Rua Chile e a Travessa Aureliano, alm de estar inserida na proposta de revalorizao dos espaos pblicos. Nesse contexto, permite o acesso ao ptio multimodal pelo prolongamento da Rua Chile atravs do atual ptio da Rede Ferroviria;

-edificaes internas do ptio da estao ferroviria. O ptio interno da quadra que envolve a estao ferroviria apresenta-se com uma distribuio dispersa dos equipamentos de apoio s atividades operacionais do trem. A proposta de demolio desses elementos permitiu a implantao do ptio multimodal na rea, bem como a distribuio das atividades que lhe suporte a este. A grande rea do entorno do almoxarifado e da oficina indicada para abrigar as atividades ferrovirias redirecionadas. Alm desse grupo, destaca-se o imvel demolido para a abertura da via de transbordo, que se caracteriza ainda como via de suporte ao movimento do estacionamento proposto. (ver PRANCHA 05/09)

A partir da identificao desses elementos na representao do macrozoneamento, possvel visualizar as articulaes entre os espaos trabalhados na rea de interveno, no que se destacam:

-o deck na margem do rio Potengi;

-as novas vias propostas de acesso ao interior do Ptio Ferrovirio;

-as linhas frreas existentes;

-os acessos criados, Veculos e pedestres

-a distribuio das atividades no interior do espao proposto,

-as reas de transbordo de passageiros, e ainda

-as reas de estacionamento.

A partir da definio do macrozoneamento, fica definida a configurao do espao multimodal concebido, apresentado nas pranchas 06/09, 07/09, 08/09 e 09/09. Sua descrio apresenta-se a seguir.

8.2. A Implantao e Configurao do Espao Multimodal Proposto

A descrio parte da apresentao do tratamento dado s seguintes reas: o Cais da Avenida Tavares de Lira, a Travessa Aureliano, incorporando a frao entre o Centro de Treinamento Ferrovirio e a Capitania dos Portos e a quadra que envolve a Rede Ferroviria, estendendo-se at o mirante da Pedra do Rosrio. Alm disso, destaca os elementos de articulao entre esses espaos.

A- Reestruturao do Cais da Avenida Tavares de Lira

A proposta de desenho (PRANCHA 06/09) procura reestruturar o atracadouro existente, criando um espao pblico capaz de estimular atividades diversas no Rio Potengi. Atividades tursticas com o uso de pequenas embarcaes e a prtica de atividades desportivas so usos indicados para o lugar. Nessa abordagem, destaca-se a importncia da gesto pblica, que atravs de parcerias- pautadas nos instrumentos legais, deve compactuar as atividades propostas com as atualmente desenvolvidas na rea.(

Para atender a esses objetivos, prope-se: ordenao do fluxo e do estacionamento j existente, compatibilizando a circulao dos pedestres com a dos automveis; criao de um canteiro central com tratamento urbanstico, valorizando o obelisco existente; valorizao da paisagem atravs da substituio da estrutura de cobertura existente; uso de estrutura metlica com perfis em forma de arco demarcando a entrada; relocao e substituio dos quiosques existentes, disposio de mobilirio urbano (lixeiras, bancos, jardineiras, iluminao) no hall, alm do redesenho do flutuante de atracao das embarcaes e da reestruturao do deck de apoio.

B- A Travessa Aureliano e a Reestruturao da frao entre o Centro de Treinamento Ferrovirio e a Capitania dos Portos

Nessa frao, a proposta de desenho (PRANCHA 07/09) procura valorizar o logradouro pblico e inserir o Rio Potengi na paisagem urbana. Assim, prope-se: ampliao do mirante existente, demarcao de acesso margem do rio com o uso de estrutura metlica e perfis em forma de arco, redesenho do piso, reforando a demarcao do acesso, a colocao de rampa lateral na calada do prdio do Centro de Treinamento Ferrovirio, facilitando o acesso para o mirante, alm do deck proposto na margem do rio, com patamares (para contemplao da paisagem) em nveis diferenciados. Quanto ao estacionamento existente na rea, prope-se a redistribuio das vagas que atendem Capitania dos Portos.

C- Deck margem do Rio Potengi

Estendendo-se do Cais da Tavares de Lira ao Atracadouro da Pedra do Rosrio, a construo do deck procura integrar as reas que concentram as atividades hidrovirias, a saber: o referido Cais, o terminal hidrovirio de passageiros (com implantao proposta na quadra da Rede Ferroviria) e o atracadouro da Pedra do Rosrio. Alm disso, espera-se que esse elemento valorize a relao do espao edificado do bairro com a paisagem natural do rio, descortinando sua margem e apresentando-o aos usurios do lugar. A existncia dos decks que apoiam as atividades pesqueiras das indstrias situadas na Rua Chile condicionou a definio do traado e composio do deck proposto. Assim, para a frao margem do rio que apresenta esses atracadouros das embarcaes de pesca, prope-se a construo de um deck superior, a 2,80m de altura daqueles destinados s atividades de pesca. Com isso, a proposta de reestruturao do Cais da Tavares de Lira e a da frao que envolve o Centro de Treinamento Ferrovirio e a Capitania dos Portos conta com uma valorizao da proposta atravs da criao de patamares intermedirios de contemplao e acesso ao deck superior. Dada a envergadura dessa proposta, infere-se o uso de estrutura convencional de pilares e vigas de concreto para a sustentao do equipamento. Prope-se ainda a colocao de guarda corpo em toda a extenso do deck criado.

D- Tratamento da quadra que envolve a Rede Ferroviria

nessa frao que se concentram as atividades de suporte ao espao multimodal. (PRANCHA 08/09). Prope-se a criao de um espao pblico sob gerenciamento da iniciativa privada, abrigando atividades diversas, no que se destacam: atividades de pequenos comrcios, servios pblicos, atividades de cultura, lazer e turismo, alm das atividades hidrovirias, ferrovirias e da relao direta com as atividades desenvolvidas no entorno da Antiga Rodoviria e Praa Augusto Severo. A concepo desse espao considera a redistribuio dos elementos de apoio operao do transporte ferrovirio na frao que evolve a oficina e o almoxarifado. O conjunto edificado proposto destaca a relao entre o novo e o velho, marcando o processo de evoluo do bairro.

Segue a descrio do espao proposto.

As vias de acesso ao espao interno

So propostas a criao de duas vias que passam pelo interior do ptio multimodal.

A via definida a partir do prolongamento da Rua Chile caracteriza-se como eixo de passagem/transposio do espao, no que se articula diretamente com a ala proposta nas imediaes da Pedra do Rosrio e que permite, pela Avenida do Contorno, a ligao com os bairros de Cidade Alta e Alecrim. Alm disso, essa via, dando acesso s atividades desenvolvidas no espao, d suporte ao estacionamento implantado entre o mirante da Pedra do Rosrio e o Terminal Hidrovirio de Passageiros.

A via de transbordo, com acesso a partir da Rua Chile, define um arco com sada pela Rua Dr. Barata. O uso dessa via exclusivo para a necessidade eventual de transbordo de passageiros diretamente no ptio interno (permitido apenas para veculos pequenos), para suporte ao estacionamento implantado no limite com a Travessa Aureliano e para atender s necessidades de gerenciamento das atividades realizadas no ptio. A implantao dessa via foi viabilizada com a demolio do imvel 288, caracterizado no cadastro das edificaes da rea de projeto e apresentado no captulo quatro deste trabalho.

Vale destacar, ainda, que a utilizao das vias apresentadas ficam sob controle das guaritas situadas em pontos estratgicos. Com isso, tenta-se inibir o uso e ocupao inadequados dos eixos virios propostos.

Os acessos

O espao proposto no ptio da Rede Ferroviria definido, a partir da interveno, como Ptio Multimodal, , de um modo geral, caracterizado como espao pblico, cujas atividades de suporte so gerenciadas pela iniciativa privada. A partir dessa premissa, os acessos que delimitam a entrada dos usurios, so assim especificados:

ACESSO A para entrada controlada de veculos. O controle se d pelas guaritas de entrada e sada, dispostas na extenso da via. A valorizao paisagstica desse acesso complementada pela interveno proposta na rea entre o Centro de Treinamento Ferrovirio e a Capitania dos Portos. Alm disso, a demolio das edificaes da Travessa Aureliano com a Rua Chile, onde proposta a implantao de um posto policial e tratamento urbanstico do entorno, permite facilidade na manobra dos veculos e confere ao lugar uma unidade paisagstica significativa.

ACESSO B exclusivo de pedestres. A definio desse acesso se d com a reestruturao do imvel (atual comrcio Limarujo Ltda) para abrigar uma galeria de artes e salas de projees. Assim, a entrada dos usurios para o ptio multimodal atravs dessa edificao fica sob a dependncia de eventuais exposies de arte, quando a rea fica aberta ao pblico. Vale destacar que a comunicao interna entre esse imvel e o ptio multimodal apenas uma proposta sugerida para a reestruturao da edificao. Outras propostas de desenho podem tambm abrigar o uso proposto, sem comprometer o conjunto multimodal.

ACESSO C aqui se caracteriza o acesso principal dos pedestres. Sua localizao permite uma relao direta com a rea de transbordo dos passageiros do nibus urbano, definida pelas baias que abrigam as paradas propostas pela STTU (PRANCHA 04/09). Articula, portanto, o ptio multimodal com o entorno da Praa Augusto Severo. A criao desse acesso se d a partir da demolio do espao interno do imvel 260 (ver cadastro das edificaes da rea de projeto) da quadra em que se insere. Assim, procura-se tirar partido da fachada para definio de um prtico de entrada. A proposta prev um tipo de rua-galeria, apresentando jardineiras centrais, e pequenas atividades comerciais e de artesanato na lateral. Essas atividades ficam dispostas no imvel vizinho, tambm incorporado proposta com sugesto de novos usos. A escada que d acesso ao piso superior dessa edificao permite tambm acesso ao segundo piso do ptio multimodal.

ACESSO D entrada/sada exclusiva de pedestres. Caracteriza-se como a entrada secundria de pedestres ao espao e controlado pelas roletas j existentes. Esse acesso valorizado pela criao de uma praa que articula os espaos existentes e propostos na rea, a saber: a parada intermunicipal existente, a casa lotrica e restaurante existentes, alm do centro comercial proposto.

ACESSO E acesso j identificado na descrio das vias propostas. D-se pela ala de entrada/sada para o estacionamento situado entre a Pedra do Rosrio e o Terminal Hidrovirio proposto. controlado pelas guaritas localizadas na parte inferior da ala.

Espao para concentrao das novas atividades implantadas

O desenho desse espao foi definido a partir do traado das linhas frreas existentes no local. Levantadas as linhas ativas e de importncia na manuteno do modo ferrovirio, definiu-se um traado procurando viabilizar a operao existente. Assim, percebe-se um traado em forma de arco, paralelo linha que delimita a rea de manuteno dos equipamentos ferrovirios.

O partido adotado, em proposta, para a configurao desse espao tem como principais elementos de caracterizao a adoo da planta livre e o uso de estrutura metlica aparente, com perfis em forma de arco. A planta livre permite alternativas diversas de composio do espao interno, onde so dispostas as atividades de interesse coletivo, e a estrutura metlica indicada para vencer grandes vos.

Prope-se que as atividades sejam dispostas em dois nveis de piso. No trreo, concentram-se: a unidade de informaes tursticas, os elementos de circulao vertical, os boxes de venda de bilhetes, o posto da central do cidado, alm de, pequenas lojas, bateria de banheiros e unidades que abrigam posto dos correios e posto bancrio. O segundo piso prioriza atividades vinculadas aos servios de bar/lanchonete, com rea aberta (ou vedada com elementos translcidos) voltada para o rio Potengi, permitindo a contemplao do conjunto paisagstico natural por ele estruturado. Este piso deve comunicar-se com o segundo piso da rua-galeria, do acesso D.

Vale destacar ainda que, dada a possibilidade de ativao da linha frrea para o transporte de cargas (linha que percorre a Rua Chile em direo ao Porto), deve-se considerar um p direito com, no mnimo, sete metros na parte em que o piso superior traspassa a referida linha. Para que a altura total da cobertura no configure um espao de grande impacto na paisagem do lugar, sugere-se o estudo da criao de um mezanino nessa rea. A idia que a estrutura volumtrica do espao seja contemplada apenas pela Avenida do Contorno e pela Travessa Aureliano, no comprometendo o conjunto arquitetnico definido na Rua Dr. Barata.

Terminal Hidrovirio de Passageiros.

A implantao prev unidades prprias de administrao e banheiros, alm do pier e do flutuante, para atracao das embarcaes. A localizao do terminal na rea de interveno teve como referncia um estudo realizado pela CBTU/GTU (1993), identificando, de acordo com a profundidade do rio, a rea passvel de receber embarcaes para o transporte hidrovirio.

O partido proposto para a configurao do espao fsico do Terminal Hidrovirio de Passageiros segue a adoo dos mesmos elementos destacados para o espao acima descrito.

Alm desses elementos descritos, so definidos:

-reas de estacionamento,

-reestruturao da estao ferroviria existente, propondo a implantao de uma plataforma em u;

-o calado, valorizando o terminal hidrovirio e permitindo a articulao entre o ptio margem do rio e os vages vizinhos oficina e aproveitados para a realizao de exposies; e, ainda,

-a criao de um ptio mix(, para realizao de atividades diversas vinculadas s prticas culturais e de lazer.

O jogo de pranchas complementa a compreenso da interveno urbanstica e arquitetnica proposta.

( Os termos renovao e reestruturao so definidos no contexto deste trabalho a partir dos percursos metodolgicos apresentados por RODRIGUES (1986) e j abordados em captulo anterior.

( Referncia ao proposto no Plano de Trabalho. OBJETO DE ESTUDO: Estudo das relaes espaciais e dos processos de circulao, com vistas ao desenvolvimento de um espao/terminal multimodal de passageiros, s margens do Rio Potengi, numa frao urbana do bairro da Ribeira.

( Atualmente o Cais da Tavares de Lira serve de apoio s atividades pesqueiras realizadas pelas indstrias do entorno. Atravs de parcerias na gesto, deve-se inibir a atracao de embarcaes pesqueiras na reestruturao do espao.

( O termo mix, aqui citado, remete ao evento cultural promovido pela CBTU, denominado Mundo Mix. Caracterizado como uma feira cultural, o evento foi realizado no ptio interno da Rede Ferroviria (rea de projeto do presente trabalho), em meados do ano 2000. As atividades foram realizadas nos dias de Domingo e atraa pessoas de vrias partes da cidade.

UM ESPAO MULTIMODAL

NO BAIRRO DA RIBEIRAMIZ CILAYNE FERNANDES DIAS ............................................................ TRABALHO FINAL DE GRADUAO