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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE BIBLIOTECONOMIA UM ESTUDO SOBRE O INCENTIVO À LEITURA DE LITERATURA INFANTIL MARANHENSE NAS BIBLIOTECAS ESCOLARES DE SÃO LUÍS São Luís 2012

Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

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Page 1: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

UM ESTUDO SOBRE O INCENTIVO À LEITURA DE LITERATURA INFANTIL

MARANHENSE NAS BIBLIOTECAS ESCOLARES DE SÃO LUÍS

São Luís

2012

Page 2: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

LUCIO LAGO LOPES

UM ESTUDO SOBRE O INCENTIVO À LEITURA DE LITERATURA INFANTIL

MARANHENSE NAS BIBLIOTECAS ESCOLARES DE SÃO LUÍS

Monografia apresentada ao Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do

Maranhão, para obtenção do grau de Bachare l em Biblioteconomia.

Orientadora: Profª Dra. Aldinar Bottentuit.

São Luís

2012

Page 3: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

Lopes, Lucio Lago

Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense nas

bibliotecas escolares de São Luís / Lucio Lago Lopes. ― São Luís, 2012.

63 f.

Orientadora: Profª. Dra. A ldinar Bottentuit

Monografia (Graduação em Biblioteconomia) ― Curso de Biblioteconomia,

Universidade Federal do Maranhão, 2012.

1. Literatura Infantil Maranhense. 2. Bib lioteca Escolar. 3 Leitura. I. Título.

CDU 028.5(812.1)

Page 4: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

LUCIO LAGO LOPES

UM ESTUDO SOBRE O INCENTIVO À LEITURA DE LITERATURA INFANTIL

MARANHENSE NAS BIBLIOTECAS ESCOLARES DE SÃO LUÍS

Monografia apresentada ao Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do

Maranhão, para obtenção do grau de Bachare l em Biblioteconomia.

Aprovada em / /

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________ Profª Drª. Aldinar Martins Bottentuit (Orientadora)

Doutora em Ciência da Informação

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)

__________________________________________________

Profª Ms. Maria Cléa Nunes

Mestre em Educação

Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

__________________________________________________

Profª Ms. Rita Gonçalves Marques Portella Ferreira

Mestre em Ciência da Informação

Universidade de Brasília (UNB)

Page 5: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

Dedico esse trabalho à minha família, em

especial aos meus pais que me deram a

oportunidade de estudar e chegar à

universidade.

Page 6: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais que me forneceram toda ajuda necessária durante a produção desse

trabalho.

À minha orientadora Aldinar Bottentuit, pela paciência no processo da escrita.

A todos os mestres do curso de Biblioteconomia que contribuíram para a minha

formação profissional.

Ao Prof. Nordson Belo e a bibliotecária Rita Oliveira que prestaram informações

importantes para o início da pesquisa de campo.

À bibliotecária Cíntia Botelho e Prof. José Neres, por ter fornecido um material

bibliográfico crucial na conclusão do estudo.

Ao Danilo Santos, auxiliar de Biblioteca Rosa Castro do Serviço Social do

Comércio, pela contribuição no levantamento bibliográfico.

À bibliotecária Lisiana Bessa Pinto, por ter cedido gentilmente o livro Cazuza de

Viriato Corrêa para a exposição oral desse estudo.

Page 7: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

RESUMO

Pesquisa sobre a Literatura Infantil Maranhense nas bibliotecas escolares de São Luís, tendo

como enfoque a formação do leitor dessa produção na infância. Objetiva a identificação da

existência do incentivo à leitura dessas obras literárias na biblioteca escolar e os fatores que

contribuem para essa ação. Visa também levantar os títulos de Literatura Infantil Maranhense

presentes no acervo das bibliotecas escolares, bem como avaliar o grau de conhecimento dos

sujeitos da pesquisa sobre os escritores e respectivas obras literárias e apresentar ações atua is

realizadas para o incentivo à leitura das mesmas nesses espaços. Caracteriza como um estudo

exploratório no qual são utilizados a pesquisa bibliográfica e de campo, tendo como

instrumento de coleta de dados a entrevista semiestruturada. Expõe a gênese e as

características de Literatura Infantil, bem como os principais representantes desse gênero em

âmbito nacional e mundial. Apresentam-se as obras e os escritores maranhenses dessa

categoria literária, com base nos estudos de Neres ([2010]), Godinho (1997) e Corrêa (2006;

2008), assim como o enredo de títulos, como “O menino que sonhava” de Gilmar Pereira

Santos, “Perseverança” de José Luís Pereira de Jesus e “Olá, amiguinhos” de Dagmar

Desterro. Ressalta a importância da leitura literária na infância. Apresenta o conceito e as

condições necessárias para tornar a biblioteca escolar como espaço possível de incentivo à

leitura de Literatura Infantil Maranhense, bem como diretrizes e as dinâmicas para o

bibliotecário escolar utilizar nas atividades dessa natureza. Infere que a inexistência de um

sistema editorial bem estruturado de produção, divulgação e distribuição de livros favorece o

baixo conhecimento das obras pelos sujeitos da pesquisa e uma menor inserção de autores

maranhenses na formação do leitor, o que acarreta a invisibilidade desses trabalhos literários.

Palavras chave: Literatura Infantil Maranhense. Biblioteca Escolar. Leitura.

Page 8: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

RESUMÉ

Recherche sur la Littérature Enfantine du Maranhão aux bibliothèques scolaires de São Luís,

en ayant comme point de vue la promotion de la lecture de ces œuvres littéraires dans

l’enfance. On a comme but l’identification de l’existence de l’encouragement de la lecture de

ces œuvres littéraires dans la bibliothèque scolaire et les facteurs qui contribuent pour cette

action. On vise aussi savoir les titres de la Littérature Enfantine du Maranhão présentent au

fonds des bibliothèques scolaires, ainsi qu’évalue r le degré de connaissance des sujets de la

recherche sur les écrivains et ses respectifs œuvres littéraires et présenter actions actuelles

réalisées pour encourager la lecture de ses œuvres dans ces espaces. C’est caractérisé comme

une étude exploratoire dans laquelle sont utilisés la recherche bibliographique et exploratoire,

en ayant comme instrument de collecte de données l’interview semi-structurée. On expose la

genèse et les caractéristiques de la Littérature Enfantine, ainsi que les principaux représentants

de ce genre au niveau national et mondial. On montre les œuvres et les écrivains du Maranhão

de cette catégorie littéraire, avec base aux études de Neres ([2010]), Godinho (1997) et Corrêa

(2006; 2008), et aussi l’intrigue de titres, comme “O menino que sonhava” de Gilmar Pereira

Santos, “Perseverança” de José Luís Pereira de Jesus et “Olá, amiguinhos” de Dagmar

Desterro. On relève l’importance de la lecture littéraire dans l’enfance. On présente le concept

et les conditions nécessaires pour rendre la bibliothèque scolaire comme espace possible

d’encouragement de la lecture de la Littérature Enfantine du Maranhão, ainsi que les

directives et les dynamiques pour le bibliothécaire scolaire utiliser dans les activités de cette

espèce. On aperçoit que l’inexistence d’un système éditorial bien structuré de production,

divulgation et distribution de livres augmente la petite connaissance des œuvres pour les

sujets de la recherche et une plus petite insertion des auteurs du Maranhão dans la formation

du lecteur, ayant comme résultat l’invisibilité de ces études littéraires.

Mots-clés : Littérature Enfantine du Maranhão. Bibliothèque scolaire. Lecture.

Page 9: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 ― Caracterização dos campos......................................................................40

Quadro 2 ― Sujeitos da pesquisa.................................................................................41

Quadro 3 ― Relação de títulos de Literatura Infantil Maranhense nas bibliotecas das

escolas da rede pública de ensino............................................................42

Quadro 4 ― Relação de títulos de Literatura Infantil Maranhense nas bibliotecas das

escolas da rede privada de ensino............................................................43

Quadro 5 ― Razões para o número reduzido de Literatura Infantil Maranhense no

acervo.......................................................................................................45

Quadro 6 ― Relação de obras e escritores de Literatura Infantil Maranhense

conhecidos pelos sujeitos da pesquisa.....................................................46

Quadro 7 ― Relatos dos primeiros incentivos à leitura dos sujeitos da pesquisa na

infância....................................................................................................47

Quadro 8 ― Acesso a Literatura Infantil Maranhense na infância..............................49

Quadro 9 ― A visão dos sujeitos de pesquisa sobre a biblioteca escolar ser um lugar

ideal para o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense..........50

Quadro 10 ― Ações de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense na

biblioteca escolar.....................................................................................51

Quadro 11 ― Contribuições para o incentivo à leitura de Literatura Infantil

Maranhense na biblioteca escolar............................................................53

Page 10: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 09

2 LITERATURA INFANTIL: definição, origem e características ............................. 14

3 LITERATURA INFANTIL MARANHENSE: obras e representantes ................... 24

4 BIBLIOTECA ESCOLAR COMO UM ESPAÇO POSSÍVEL PARA O

INCENTIVO À LEITURA DE LITERATURA INFANTIL MARANHENSE ...... 31

5 O INCENTIVO À LEITURA DE LITERATURA INFANTIL MARANHENSE

NAS BIBLIOTECAS ESCOLARES DE SÃO LUÍS ................................................. 39

5.1 Caracterização dos campos pesquisados ..................................................................... 39

5.2 Sujeitos da pesquisa ...................................................................................................... 41

5.3 Títulos das obras de Literatura Infantil Maranhense encontradas nas bibliotecas

escolares visitadas.......................................................................................................... 42

5.4 Relatos dos primeiros incentivos à leitura na infância recebidos pelos sujeitos da

pesquisa .......................................................................................................................... 46

5.5 A presença da Literatura Infantil Maranhense nos primeiros incentivos à leitura

na Infância ..................................................................................................................... 48

5.6 A biblioteca escolar como espaço de incentivo à leitura de Literatura Infantil

Maranhense.................................................................................................................... 49

5.7 Ações atuais de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense nas

bibliotecas escolares ...................................................................................................... 50

5.8 Contribuições para o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense......... 52

6 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 54

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 57

APÊNDICES ................................................................................................................... 62

Page 11: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

9

1 INTRODUÇÃO

O Maranhão é conhecido pela sua diversidade cultural e suas belezas naturais. No

campo da Literatura, o Estado possui escritores que são notórios em todo país, como

Gonçalves Dias, Aluízio de Azevedo, Ferreira Gullar e Graça Aranha. Entretanto, existem

outros autores cuja produção ainda não ultrapassou as fronteiras do território local.

Logo, é importante estimular à criança a conhecer e a valorizar essa Literatura, a

Música, o Teatro, a Dança, as Artes Visuais e o Cinema feitos por artistas maranhenses, pois,

desse modo, ela aprende a não considerar somente o produto cultural gerado nos grandes

centros urbanos e disseminado nacionalmente como válido, depreciando o que é produzido na

terra natal.

Em relação à Literatura Maranhense, se esses estímulos não ocorrem em casa,

cabe ao professor e ao bibliotecário a incumbência de apresentá-la à criança. O professor

promoverá essa apresentação na sala de aula ou em atividades extraclasse, enquanto o

bibliotecário de uma escola fará nas dependências da biblioteca e em outros locais da

instituição de ensino, o que não impede de estabelecer parceira com o corpo docente nesse

objetivo.

A biblioteca escolar é o espaço ideal para incentivar à leitura de Literatura

Maranhense nas crianças, porque ela está inserida em uma instituição que visa formar o futuro

cidadão de nosso país, bem como possibilita a difusão cultural e de conhecimento por meio

dos livros, jornais, revistas e outras fontes de informação.

Os livros infantis são instrumentos fundamentais para atingir esse objetivo,

porque eles possuem elementos adequados à criança, como a linguagem, as temáticas, etc. Por

isso, o promotor de leitura, seja ele bibliotecário ou professor, precisa conhecer os escritores

da sua região que produzem Literatura Infantil e utilizar essas obras literárias em atividades

de incentivo à leitura, uma vez que se espera, desse modo, formar leitores de Literatura

Maranhense.

O pesquisador teve a oportunidade de participar de atividades de formação de

leitores, ocorridas ao longo da graduação de Biblioteconomia, e percebeu, em algumas destas,

a ausência de obras literárias infantis de escritores do Estado. Diante disso, julgou-se

necessário responder as seguintes questões: será que existe o incentivo à leitura de Literatura

Infantil Maranhense na biblioteca escolar? De que forma isso ocorre? Q ue fatores contribuem

para essa ação?

As respostas dessas questões são relevantes, pois, a partir delas, será possível

traçar diretrizes para ações de promoção à leitura de textos infantis de autores locais. Isso

Page 12: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

10

beneficiará a população do Maranhão, principalmente os escritores, os quais sentirão mais

motivados a escrever, cientes de que suas obras estão chegando às mãos do destinatário, a

criança.

Esse estudo é necessário para o Curso de Biblioteconomia, pois os futuros

profissionais dessa área precisam conhecer os fatores que inviabilizam a prática da leitura de

obras infantis produzida no Estado, para que tenham subsídios indispensáveis na promoção de

ações que visem a mudança da situação atual. Logo, a democratização da leitura não consiste

em apenas inserir as crianças no universo mágico da leitura, mas possibilitar à elas o contato a

todo tipo de expressão literária direcionada a essa faixa etária, independente da nacionalidade

do escritor.

Por essa ótica, as ações de estímulo à leitura não pode estar dissociada ao

propósito de promover a produção literária de escritores maranhenses na cidade de São Luís.

Considera-se que iniciativas, como a inclusão dessas histórias na hora do conto ou a

promoção de encontros com o autor e saraus literários, tornam aos olhos da criança a

Literatura da sua terra natal visível.

Portanto, a identificação da existência do incentivo à leitura de Literatura Infantil

Maranhense nas bibliotecas escolares de São Luís e os fatores que contribuem para essa ação

constitui o objetivo geral do estudo. A pesquisa teve como objetivos específicos:

a) levantar os títulos de Literatura Infantil Maranhense presentes no acervo das

bibliotecas escolares;

b) avaliar o grau de conhecimento dos sujeitos da pesquisa sobre os escritores e

respectivas obras literárias e;

c) apresentar ações atuais realizadas para o incentivo à leitura da produção local

desse gênero nesses espaços.

Com base nos objetivos da pesquisa, o estudo teve o caráter exploratório, pois

visa “[...] reunir dados, informações, padrões, ideias ou hipóteses sobre um problema ou

questão de pesquisa com pouco ou nenhum estudo anterior. [...]”. (BRAGA, 2007, p.25). O

procedimento adotado na primeira etapa do estudo foi a pesquisa bibliográfica que é tão

imprescindível no início de qualquer investigação científica, pois ela permite “[...] conhecer e

analisar as contribuições culturais ou científicas do passado sobre determinado assunto, tema

ou problema.” (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, p.60). Desta forma, as contribuições

científicas de Lajolo (2001), Rosemberg (1984), Cardematori (1987), Meireles (1984), Coelho

(1981), Godinho (1997), Neres ([2010]), Corrêa (2006), Jouve (2002), Libâneo, Oliveira e

Toschi (2006), Sandronni e Machado (1987) e Silva (1998) constituem a fundamentação

Page 13: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

11

teórica do estudo.

Na segunda etapa, utilizou-se a pesquisa de campo, pois esta favorece o contato

direto do pesquisador com a realidade a ser investigada. Adotou-se como universo da

pesquisa as 169 escolas da rede pública estadual e municipal de São Luís que constitui a

amostra do estudo Diagnóstico das bibliotecas escolares de São Luís 1 , realizada pela

professora do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão, Maria Mary

Ferreira.

É importante frisar que 79,88% dessas 169 escolas pesquisadas possuíam

bibliotecas escolares e 34% delas eram dirigidas por professores com carga horária reduzida,

ou aposentados que estão impossibilitados de dar aula por problema de saúde, e auxiliares

treinados precariamente para o cuidado com os livros. (FERREIRA, 2011). Em relação às

escolas privadas, não foi encontrado nenhum dado que fornecesse a quantidade aproximada

das instituições que possuem bibliotecas.

Torna-se relevante a constituição de uma amostra representativa para que se possa

evidenciar o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense nas bibliotecas escolares em

São Luís, identificando os fatores para essa ação, e, concomitantemente, fornecer dados que

favoreça a geração de estudos futuros sobre a questão proposta.

A amostra representativa desse estudo monográfico é constituída de seis escolas,

selecionadas aleatoriamente, divididas em quantidades equivalentes em dois grupos: escolas

da rede pública e privada. Os critérios da seleção das escolas foram a presença da biblioteca

com funcionamento regular, espaço físico e mobiliário, como estantes, mesas e cadeiras, e a

oferta do Ensino Fundamental, especificamente do primeiro ao quinto ano, já que nesse grupo

encontra-se o destinatário da Literatura Infantil, a criança.

Considerou-se relevante incluir na amostra como sujeitos da pesquisa os

bibliotecários e os funcionários, independente de sua escolaridade, que possuem a

incumbência de cuidar das bibliotecas destas escolas, identificados no estudo Diagnóstico das

bibliotecas escolares de São Luís.

Adotou-se a entrevista semiestruturada como instrumento de coleta de dados,

tendo em vista que ela permite “[...] a obtenção de descrições detalhados sobre o que se está

pesquisando. [...]”. (OLIVEIRA, 2010, p.86). Esse instrumento é adequado à pesquisa, pois

possibilita ao pesquisador explorar mais o tema proposto, favorecendo a inclusão de perguntas

1 Realizada no período de junho de 2009 a julho de 2011, com a equipe formada por alunos da disciplina

Unidades de Informação Públicas e Escolares, ministrada pela Prof. Dra. Mary Ferreira, onde foram adotados

métodos quantitativos e qualitativos com aplicação de questionários e observação direta que permit iu

verificar a situação in loco dessas bibliotecas escolares.

Page 14: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

12

que não foram previamente elaboradas e, desse modo, obter respostas fided ignas para as

questões formuladas.

O pesquisador visitou os campos da pesquisa antecipadamente para agendar as

entrevistas, assegurou aos entrevistados que as informações coletadas serão utilizadas para

fins acadêmicos e garantiu a preservação em sigilo da identidade dos mesmos, bem como das

instituições envolvidas, pois essa condição visa conseguir “[...] uma relação mais descontraída

e espontânea e, consequentemente, contribuir para a revelação de dados que poderiam

comprometer o entrevistado se a sua identidade não fosse protegida. [...]” (PADILHA et al,

2005, p.101). Essa garantia deixou o entrevistado mais seguro para se expressar livremente.

As questões da entrevista foram elaboradas com base no referencial teórico e nos

objetivos específicos do estudo e aplicou-se in loco no mês de abril de 2012 com a amostra

definida. Utilizou-se um gravador portátil para registrar a entrevista, a fim de que se

captassem as respostas e digressões dos entrevistados e coletasse dados relevantes para

pesquisa.

As respostas foram transcritas, categorizadas de acordo com as questões

formuladas, codificadas e expostas em quadros e analisadas, relacionando-as com a

fundamentação teórica. A abordagem da descrição, explicação e análise do objeto de estudo

foi qualitativa, utilizando como complemento alguns dados quantitativos.

Após essa explanação da justificativa, objetivos e metodologia adotada, inicia-se o

estudo com o capítulo Literatura Infantil: definição, origem e características no qual

apresenta-se o conceito de Literatura para subsidiar a definição de Literatura Infantil, na

perspectiva de Rosemberg (1984), bem como a gênese dessa modalidade literária, as

características que a identificam e a relação de alguns escritores estrangeiros e nacionais e

suas respectivas obras.

Já no capítulo seguinte Obras e representantes da Literatura Infantil Maranhense

é compartilhado, com base nos estudos de Neres ([2010]), Godinho (1997) e Corrêa (2008), a

lista de escritores maranhenses e respectivas obras destinadas às crianças, além de expor a

dificuldades encontradas por esses profissionais para a publicação dos seus livros, as

temáticas abordadas nos mesmos e o enredo de alguns títulos, como “O menino que sonhava”

de Gilmar Pereira Santos, “Perseverança” de José Luís Pereira de Jesus e “Olá, amiguinhos”

de Dagmar Desterro.

Em Biblioteca escolar como um espaço possível para o incentivo à leitura de

Literatura Infantil Maranhense, apresenta-se o conceito da leitura na perspectiva de Jouve

(2002), delimitando-se a leitura literária a qual é ressaltada a importância do incentivo à

Page 15: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

13

mesma. Nesse capítulo, mostra-se a biblioteca escolar como espaço para o incentivo à leitura

de Literatura Infantil Maranhense, bem como o conceito, a missão, os requisitos necessários

para um espaço físico adequado e a presença do bibliotecário. São expostas também as

diretrizes para oportunizar a criança à leitura de Literatura de Infantil Maranhense.

No capítulo O incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense nas

bibliotecas escolares de São Luís é apresentado a descrição das bibliotecas visitadas, os

sujeitos da pesquisa e os resultados da pesquisa, analisados com base na fundamentação

teórica. O estudo é encerrado com as conclusões do pesquisador sobre o tema proposto.

Page 16: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

14

2 LITERATURA INFANTIL: definição, origem e características

Quando se pensa em Literatura Infantil, é evocado aqueles coloridos e ilustrados

livros de poucas páginas, destinados às crianças, com a presença ou ausência de texto, cujo

conteúdo possui histórias com mensagens educativas, ora repletas de príncipes, princesas, reis

e rainhas, animais que agem como humanos, bruxas e fadas, habitantes de um mundo mágico,

ora cheio de temas realistas como a separação dos pais, a inclusão de pessoas especiais, a

proteção aos animais, a preservação do meio ambiente, etc.

Essa evocação deriva do modelo de livro produzido pelas editoras e disseminado

nos catálogos das mesmas o qual possui essa configuração e recebe a classificação de

Literatura Infantil. É necessário iniciar um percurso teórico para compreender porque esse

modelo de livro recebe a classificação de Literatura Infantil. Antes de apresentar uma

definição para esta, precisa-se esclarecer primeiramente o que é Literatura.

O termo Literatura é originário do vocábulo latino littera que significa letra. Esse

sentido etimológico delineia uma relação indissociável entre a escrita e a Literatura, o que

associa esta, inicialmente, ao domínio de línguas clássicas, à erudição, aos conhecimentos

gramaticais e linguagens, à exigência de formas fixas e à emoções e sentimentos elevados.

Contudo, o conceito de Literatura foi se modificando ao longo dos tempos e hoje, assim como

a Arte, a Cultura ou a Liberdade, existem tantas e tão diferentes definições que a adoção de

uma, consequentemente, exclui as outras. Logo, as cartas de amor escritas pelo amante para a

sua namorada, os poemas divulgados na internet ou guardados em gavetas, pastas, fitas,

disquetes, CDs, cadernos e arquivos no computador, as histórias de bruxas e bichos contadas

para as crianças antes de dormir, os best-sellers, a Literatura Infantil, as telenovelas, a Música

Popular Brasileira, enfim, tudo isso é, não é e pode ser que seja Literatura, dependendo do

ponto de vista, do significado que o termo possui e o lugar onde é discutido. (LAJOLO, 2001)

É importante lembrar que

[...] A literatura precede o alfabeto. Os iletrados possuem a sua literatura. Os povos

primitivos, ou quaisquer agrupamentos humanos alheios ainda às disciplinas de ler e

escrever, nem por isso deixam de compor seus cânticos, suas lendas, suas histórias; e

exemplificam sua experiência e sua moral com provérbios, adivinhações,

representações dramát icas – vasta herança literária transmitida. (MEIRELES, 1984,

p.94)

Com base nessa explanação de ideias, afirma-se que Literatura, sem elucubrações,

é toda expressão humana que tem como matéria prima a palavra. Também é um meio de

comunicação, pois existe um emissor que elabora uma mensagem utilizando os signos

linguísticos como código para o receptor decodificar. Constata-se que o canal pode ser tanto

oral, quanto impresso ou eletrônico.

Page 17: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

15

Nesse aspecto, o sentido original de Literatura torna-se excludente, pois não

reconhece as manifestações literárias de natureza oral. Além disso, em alguns casos, para se

criar uma obra artística ultimamente, não se utiliza apenas uma arte, mas a convergência de

duas ou mais ao mesmo tempo. O que seria da Música Popular Brasileira sem a poesia? Seria

apenas uma música instrumental. Os recursos da pintura são utilizados para compor as

ilustrações da maioria dos livros de Literatura Infantil. Com base nessa constatação, afirma-se

que as artes são interdependentes. Ademais, cada definição de Literatura existente permite

anular ou validar qualquer um dos exemplos apresentados como obras literárias.

As pessoas, independente da classe econômica, idade, raça, escolaridade ou

religião, considerará literário ou artístico aquilo que corresponda a suas expectativas e aos

critérios estabelecidos a partir do conceito de Literatura e Arte que cada um deles têm. Para

determinado grupo, aquele texto é considerado Literatura, enquanto para outro pode ser

desconsiderado, o que torna subjetivo essa designação.

Hoje a Literatura não está mais apenas em livros impressos ou em publicações via

editora, mas em formato eletrônico, em blogs e em sites de relacionamentos. Esses meios

tecnológicos não anulam o caráter literário das manifestações humanas por meio da palavra.

Em todos os exemplos apresentados, identifica-se um denominador comum: o mundo

representado na Literatura que, conforme Lajolo (2001, p. 47), “[...] por mais simbólico que

seja – nasce da experiência que o escritor tem de sua realidade histórica e social. [...]”. Tudo

será fonte de inspiração no momento de criação de um poema ou de uma história para um

escritor, seja este o profissional dedicado ao ofício de escrever, seja o homem comum, o

pedreiro, o médico ou uma dona de casa. O mundo circundante é uma influência indubitá vel

do qual quem escreve não está imune. Gregorin Filho (2009, p.74) reforça que

[...] Essas experiências são existenciais, isto é, resultantes das vivências do autor na

sua trajetória de vida; e são experiências sociais e cu lturais, po is cada indiv íduo

interpreta a vida e as relações humanas de acordo com os elementos que a sua

sociedade e a sua cultura proporcionaram [...]

Um texto não surge do nada, mas é originário das relações sociais do escritor. Isso

justifica que uma notícia de jornal ou um livro didático não serem Literatura, mas todos os

exemplos listados receberem essa classificação, porque, nesses últimos, encontra-se a

interpretação subjetiva do ser humano sobre o mundo circundante, ao contrário dos primeiros.

Portanto, a concepção de Lajolo (2001) favorece a inclusão de todas as formas de

Literatura, pois muitas interpretações subjetivas utilizam a palavra como matéria prima e esta

não precisa, necessariamente, ser escrita. Nessa perspectiva, considera-se a Literatura Infantil

da maneira em que é conhecida, como Literatura, e elimina aquelas discussões infrutíferas nas

Page 18: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

16

quais põe o seu caráter literário em questão, devido à predominância da Pedagogia em

detrimento a Arte.

Em se tratando de prosa narrativa ficcional, a Literatura Infantil é constituída por

[...] uma estória (=argumento, assunto, fábula, etc.), que resulta de uma ação (=

acontecimentos, fatos, sucessos, situações, etc.) viv ida por personagens

(=protagonistas e/ou antagonistas; principais e/ou secundários...) situadas em

determinado espaço (=ambiente, cenário, local...) onde se desenvolve a ação e

durante o tempo em que esta dura. Tais elementos reais (=objeto da criação) são

concretizados pela linguagem literária que os transfigura em corpo verbal ou

matéria literária, através de um processo de composição específico. [...] (COELHO,

1981, p.49, grifo do autor)

A partir da natureza descrita sobre a obra ficcional, esses elementos não são

encontrados apenas na Literatura que a criança ler, mas no que os adultos, adolescentes e

idosos leem também. O mesmo ocorre com a poesia, pois, independente do destinatário, as

formas literárias possuem a mesma constituição na mensagem, exposta anteriormente.

Mas, em que momento a Literatura, de fato, se torna infantil? Segundo

Rosemberg (1984, p.30), a Literatura se torna infantil quando ela, na verdade, “[...] passa a

constituir gênero específico concomitantemente à diferenciação do ser criança enquanto

categoria social, quando é afastada do cotidiano adulto e lhe são criadas necessidades

especiais. [...]”.

Portanto, para que a Literatura seja infantil, a mensagem precisa rigorosamente

obedecer aos requisitos necessários e compatíveis com reconhecimento histórico, científico e

social da infância como uma etapa da vida distinta da fase adulta. É importante retroceder no

tempo para compreender de que forma ocorreu esse reconhecimento. Segundo Ariès (1981,

p.156),

Na sociedade medieval, que tomamos como ponto de partida, o sentimento da

infância não existia – o que não quer dizer que as crianças fossem negligenciadas,

abandonadas ou desprezadas. O sentimento da infância não significa o mesmo que

afeição pelas crianças: corresponde à consciência da particularidade infantil, essa

particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem.

Essa consciência não existia. Por essa razão, assim que a criança tinha condições de

viver sem a solicitude constante de sua mãe ou de sua ama, ela ingressava na

sociedade dos adultos e não distinguia mais destes.

Torna-se nítido a evolução que a sociedade teve em relação às crianças. Passou-se

de um tempo remoto onde não havia nenhuma distinção entre adultos e elas para uma época

onde ambos possuem territórios demarcados. Hoje já está consolidado no senso comum e no

inconsciente de algumas pessoas o respeito pela infância, pois ainda em pleno século XXI

surgem eventualmente no noticiário corrente as denúncias de exploração infantil, maus tratos,

abandono de recém nascido e abusos de qualquer tipo em crianças.

Ariès (1981) acrescenta que o tratamento recebido pela criança foi paulatinamente

Page 19: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

17

modificado a partir do século XVII, à medida que começaram a encará- las como seres

imaturos para a vida. Percebe-se que a infância como é conhecida nos últimos séculos foi

ignorada durante muito tempo.

É importante ressaltar que foi também no século XVII que a Literatura Infantil

teve seu início por meio de Charles Perrault. Juntamente com ele, Mme. d’Aulnoy, os Irmãos

Grimm e outros coletaram do povo as narrativas que encontraram sob a forma oral para

registrá- las por escrito. Contudo, os ancestrais da Literatura Infantil têm suas origens mais

remotas nas Índias, nas fábulas usadas por pregadores budistas, o Pantschatantra, antes do

século XVI A.C. A ação dessas narrativas exemplares se passa fora dos limites do mundo

conhecido e os animais atuam como seres humanos, a ponto de esquecer de que se trata ali de

animais. Os contos de Perrault ou dos Irmãos Grimm, antes de serem textos escritos, foram

Literatura oral, que durante a Idade Média funcionavam pedagogicamente. A bela

adormecida, Chapeuzinho Vermelho e A gata Borralheira ou Cinderela são histórias que

estão presentes na coletânea de contos de ambos. Contudo, esses escritores eliminaram a

crueldade e violência presente originalmente nesses contos, para que fosse considerada

socialmente adequada à criança. (CARVALHO, B., 1984; COELHO, 1981; NOVA, 1998;

MEIRELES, 1984, grifo nosso).

Logo, muitas características que são encontradas na Literatura Infantil já existiam

antes do século XVII. Perrault e Irmãos Grimm tiveram a preocupação de preservar por meio

da escrita toda a Literatura que estava em formato oral com o povo e mantiveram o

pedagógico já existente nas narrativas, entretanto deram a configuração compatível com a

nova condição da criança, recebida a partir do século XVII, de seres imaturos despreparados

para a vida e distintos dos adultos. Palo e Oliveira (1986, p.5-6) afirmam que

[...] a própria Psicologia de Aprendizagem, que, ao evidenciar as fases para a

completa maturação das estruturas de pensamento e de todo o conjunto biopsíquico

da criança, acaba por colaborar com a v isão de “natural” domínio do adulto, na

medida em que o pensamento infantil ainda não está apto a inferências, abstratas e

generalizadoras, de uma mente logicamente controlada. [...]

Isso contribuiu para mostrar que a criança encontra-se impossibilitada

biologicamente de criar as próprias leis, normas de comportamento, crenças e, por fim, a

cultura. Rosemberg (1984) afirma que, diante dessa impossibilidade de adequar a sociedade-

centrada-no-adulto à criança, o adulto passa educá- la para que ela atinja o paradigma adulto

exigido socialmente.

Então, a criança passa aprender por meio da educação formal e informal as leis, as

normas de comportamento, as crenças, o conhecimento e, por fim, a cultura criada pelos

Page 20: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

18

adultos, para que ela possa estar devidamente apta para o ingresso a fase da vida posterior a

infância e adolescência. A Psicologia de Aprendizagem veio contribuir para a sociedade

centrada no adulto e consolidar a ideia surgida no século XVII de que as crianças são seres

imaturos e, dessa forma, possuem uma mentalidade distinta.

Nessas circunstâncias, em relação à Literatura Infantil, Cademartori (1987, p.21),

acrescenta que

[...]através do adjetivo, particu lariza-se a questão dessa literatura em função do

destinatário estipulado: a criança. Desse modo, circunscreve-se o âmbito desse tipo

de texto: é escrito para a criança e lido pela criança. Porém, é escrito, empresariado,

divulgado e comprado pelo adulto. A especificidade do gênero vem dessa

assimetria, sendo que todas as diferenças, tensões e intenções da relação

adulto/criança manifestam-se, também, literatura infantil.

Isso é diferente nos outros tipos de Literatura que recebem adjetivos identificando

o público alvo a qual supostamente foi destinada, como a Literatura para mulheres ou outros

segmentos, a exemplo de grupos étnicos raciais, nos quais ocorre uma comunicação entre um

escritor e um leitor adultos, ou seja, não há a obrigatoriedade de transmitir uma mensagem

educativa, pois ambos já se encontram com o conjunto biopsíquico formado.

Assim como a criança, para que tenha um crescimento físico adequado, são

recomendados a prática de esportes, alimentação saudável e outros cuidados, para que ela

possua um desenvolvimento psíquico sadio, é necessário não expô- la a um ambiente hostil, a

linguagem chula, a atos obscenos, a exibição de violência gratuita, seja em filmes, seja em

jogos eletrônicos e, por extensão, a qualquer elemento do mundo dos adultos. Nesse

momento, outorga-se à família e à escola essa incumbência.

A Literatura Infantil torna-se o meio ideal para auxiliar a criança no

desenvolvimento de suas potencialidades naturais e nas várias etapas de amadurecimento que

medeiam entre a infância e a idade adulta. Para isso, é preciso equacionar a natureza da

matéria literária às faixas etárias correspondentes a cada etapa, e disso resultando a

classificação de livros infantis. (COELHO, 1981).

A Literatura passa auxiliar o período de desenvolvimento psíquico da criança

durante o qual aprende-se a ler, a escrever e a contar e, ao mesmo tempo, a ser humano e a

incorporar as regras necessárias para se viver em sociedade. Não se pode esquecer que a

Literatura é um meio de comunicação, e, para que esta seja eficiente, deve existir a

compatibilidade entre a Literatura e a fase de maturação da estrutura do pensamento em que a

criança se encontra. Palo e Oliveira (1986, p.6) justificam a adoção da

[...] Pedagogia como meio de adequar o literário às fases do raciocínio infantil, e o

liv ro, como mais um produto através do qual valores sociais passam a ser

veiculados, de modo a criar para mente da criança hábitos associativos que

Page 21: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

19

aproximam as situações imaginárias vividas na ficção a conceitos, comportamentos

e crenças desejados na vida prática, com base na verossimilhança que os vincula.[...]

A Literatura Infantil não pode destituir-se desse caráter educativo e formador em

uma época onde a infância é uma etapa importante da vida das pessoas e, portanto, a família e

a escola têm a responsabilidade de fornecer livros que contribuem para a criança se tornar um

adulto o qual possa viver em sociedade. Ademais, a Pedagogia que predomina ainda hoje em

muitas obras literárias dedicadas para o segmento infantil é a maneira para que esse objetivo

seja atingido. Algo deve ser bem enfatizado: a Literatura destinada para as crianças não pode

ser constituída em direção contrária a todas essas ações de reconhecimento e proteção à

infância.

Em virtude disso, para tornar a Literatura adequada a criança, ela adquire as

seguintes características as quais são encontradas no modelo de livro que recebe a

classificação de Literatura Infantil. Essas características não tornam a leitura desse gênero

literário restrita para as crianças. Góes (2010, p.14) lembra que “[...] se destinada

especificamente à criança, nada impede (pelo contrário) que possa agradar ao adulto. [...]”.

Logo, o fato de possuir uma estrutura à qual os adultos julgam adequados ou próprios ao

universo infantil não será impedimento para que pessoas de todas as faixas etárias possam

apreciar a Literatura Infantil.

O mesmo deve ocorrer com a Literatura para mulheres e outros segmentos, a

exemplo de grupos étnicos raciais. Por exemplo, não é porque aquela obra foi, a princípio,

destinada ao público feminino que homens não poderão se interessar. Tudo é Literatura,

inclusive a infantil, e, com essa perspectiva, será dado prosseguimento ao estudo. A seguir,

serão apresentadas as características da Literatura Infantil.

A primeira é a natureza do conteúdo a ser fornecido a esse público. Hoje essa

preocupação surge constantemente em relação a criança. A classificação indicativa que

aparece no início dos programas da televisão aberta no Brasil é um exemplo atual bem

emblemático disso. Muitas temáticas que são consideradas socialmente inapropriadas às

crianças não são apresentadas a esse segmento.

Essa preocupação surge a partir do momento que as crianças são tratadas como

seres imaturos e não devem ter contato com nenhum elemento do mundo adulto durante o

período da infância. Logo, para escrever livros literários para as crianças,

[...] o enunciador (autor) escolhe, entre outros elementos, o seu enunciatário (o

possível leitor de sua obra) e, consequentemente, opta por essa ou aquela

manifestação textual, mais ou menos apropriada para uma criança ler; tudo isso com

o objetivo de que o seu texto (bem com os valores neles contidos) seja aceito tant o

pela criança que será a suposta leitora do livro como pela p rópria sociedade, já que a

Page 22: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

20

maior parte dos livros que os pequenos leem é escolhida por adultos (sejam eles

pais, professores ou parentes que buscam presentear a criança). (GREGORIN

FILHO, 2009, p.19)

Essa interferência de um adulto em relação à criança, não se encontra apenas no

processo de escolha da história que ela quer ler, nem no fornecimento dessa mensagem, mas

na produção literária do escritor. Ele já possui inculcada a ideia de infância a qual é

desconhecida pela criança e, com base nela, ele elaborará o texto a partir do julgamento do

que a sociedade considera apropriada para o segmento infantil atualmente. Em virtude de sua

natureza biológica, a criança tem acesso a Literatura Infantil por intermédio do adulto, a quem

é atribuída a responsabilidade de que tipo de informação ou texto literário que ela pode ler.

Por isso, Gregorin Filho (1990) ressalta que houve uma produção de textos

literários para as crianças, nos quais assuntos, como ética e diversidade cultural, estão

presentes. Isso ocorreu, segundo o autor, após a inserção dos Temas Transversais nos

Parâmetros Curriculares Nacionais, criados a partir da Lei n.9394, de 20 de dezembro de

1996, que estabelece a Lei das Diretrizes e Bases da Educação no Brasil.

Logo, os livros com essas temáticas são considerados apropriados às crianças, o

que torna evidente a obrigatoriedade de se transmitir uma mensagem educativa que esteja de

acordo com os padrões vigentes. Nesse momento, a Literatura Infantil passa a ser um

elemento fundamental na educação das crianças, pois, por meio delas, pode-se suscitar

discussões e reflexões pertinentes aos temas abordados, além de transmitir normas de

comportamento de modo direto.

. A linguagem precisa ser correta, simples, fluente, da vivência da criança repleta

de recursos sonoros, prosopeias e onomatopeias. (CARVALHO, B., 1984). Acredita-se que o

texto torna compreensível e apropriado socialmente para a criança quando o deixa dessa

forma. Ademais, não é permitida ao escritor com o público infantil a liberdade verbal e de

pensamento que ele teria ao escrever uma obra literária destinada para os adultos.

Por isso, a Literatura destinada para as crianças é depurada de tudo que se julga

inadequado pela sociedade para essa faixa etária. Vale lembrar que a Literatura Infantil

precisa contribuir para o processo da aprendizagem da língua com a qual a criança irá se

comunicar, por isso a exigência da linguagem correta.

De acordo com Góes (2010, p. 149, grifo nosso), as fábulas, os contos de fadas,

os contos maravilhosos, os mitos e as lendas são alguns dos tipos de histórias que

predominam na Literatura Infantil, contudo, classificá-las com exatidão não é recomendado

em virtude da existência de casos nos quais encontram duas ou mais classificações.

Page 23: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

21

Muitos desses tipos de histórias já trazem na sua essência um caráter pedagógico e

elementos mágicos que causam fascínio nas pessoas de todas as idades. As histórias nas quais

os animais agem como humanos, como foi apresentado inicialmente, é uma característica

pertencente às fábulas que são narrações “[...] (de natureza simbólica) de uma situação vivida

por animais, que alude a uma situação humana e tem por objetivo transmitir certa

moralidade.” (COELHO, 1981, p.77)

A fábula é um tipo de narrativa bastante antiga que facilita o propósito de

transmitir normas de comportamento e princípios morais para a criança. Contudo, isso não é

encontrado só nesse tipo de história, mas também nos contos das fadas os quais ainda atraem

atenção de todas as faixas etárias. A fábula não é estritamente pertencente a Literatura

Infantil, mas utiliza-se essa forma de narração também na Literatura juvenil e adulta. Outro

tipo de história muito conhecida na Literatura Infantil são os contos de fadas.

De origem pagã, as fadas são seres que conseguem realizar os sonhos e desejos

dos mortais com as suas varinhas mágicas e, ao mesmo tempo, lutam contra opositores que

são as bruxas ou bruxos, os gigantes e os seres maléficos. (CARVALHO, B., 1984;

COELHO, 1981). Os contos de fadas se caracterizam pela natureza sobrenatural que é uma

característica encontrada também nos contos maravilhosos, nos mitos e nas lendas.

Nos contos maravilhosos, as histórias acontecem em um espaço fora da realidade

onde tudo se resolve por meios sobrenaturais. Isso ocorre nos mitos, entretanto nesse tipo de

história existe a finalidade definida a qual é explicar a genealogia dos deuses, o surgimento do

mundo e do homem, das forças da natureza. Já as lendas possuem uma particularidade, pois

elas são transmitidas e conservadas pela Tradição Oral e estão ligadas ao espaço geográfico e

a determinado tempo no qual o maravilhoso e o imaginário sobrepõem ao histórico e o

verdadeiro. (COELHO, 1981).

Encontram-se nesses tipos de histórias os personagens, habitantes de um mundo

mágico, característica apresentada inicialmente a Literatura Infantil. Ainda hoje muitos

escritores continuam coletando mitos e lendas da tradição oral para transformá-las em

Literatura destinada às crianças. Percebe-se que o gênero textual conto é frequente nas

histórias da Literatura Infantil.

Segundo Coelho (1981), o conto é ideal para a compreensão ao raciocínio infantil,

pois ela se desenvolve concentrado em uma ação central que evolui e se encerra de maneira

simples, com poucas ações secundárias e complementares, eliminando a confusão e a

proxilidade, presente em outras formas literárias, como romance. O conto é o gênero textual

mais adotado pelos escritores ainda hoje, pois ele é um pouco extenso e está compatível com

Page 24: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

22

as possibilidades cognitivas da criança pequena. Por isso, a maioria dos livros infantis tem

poucas páginas em decorrência da adoção desse gênero textual.

Nas histórias para as crianças, encontra-se, segundo Coelho (1981), os

personagens-tipo, imutáveis do princípio ao fim e sem profundidade psicológica, e os

personagens-caráter, os impulsos ou ações são representativos de padrões morais a que se

pretende transmitir. A autora exemplifica os reis, as rainhas, os príncipes e as princesas, as

bruxas e as fadas como personagens-tipo, e o Pinóquio, como personagem-caráter.

Esses tipos de personagens ainda permanecem presentes na Literatura Infantil

atual, pois, desse modo, consegue-se tornar nítido e sem ambiguidades para a criança o que é

certo e errado. Os personagens que, ao longo do enredo, possuem atitudes consideradas

aceitáveis pela sociedade são recompensados com um final feliz, enquanto os vilões são

punidos. Dessa maneira, a criança assimila os valores que são considerados imprescindíveis

para se viver na sociedade.

Por fim, não se pode esquecer das ilustrações que se encontram nas páginas dos

livros infantis. Segundo Sandroni e Machado (1987, p.38),

No processo de elaboração da linguagem, antes mesmo que se exprima por meio de

palavras, a criança é sensível às imagens. Nesse processo, a imagem tem um papel

primord ial. Apesar de ser um material semiconcreto e bid imensional, constitui-se

numa comunicação mais d ireta que o código verbal escrito, representado de forma

direta.

Os personagens e o universo criado pelo escritor ganha cores e formas graças a

adição dos recursos da pintura à Literatura. Percebe-se o quanto as ilustrações encantam os

adultos e são fundamentais para despertar o interesse em Literatura nas crianças que ainda não

foram alfabetizadas.

Embora a criança esteja passando por essas fases de desenvolvimento pleno

mental e físico, ela possui a sua forma de compreender o mundo circundante. Ela pode não

saber o significado real da ilustração, mas cria um sentido diferente do que está exposto a

partir do pensamento intuitivo, a lógica das crianças de dois a sete anos, segundo a teoria

piagetiana de desenvolvimento psíquico. Por isso, é fundamental a presença das ilustrações

na Literatura Infantil, além de contribuir para o cumprimento da intenção pedagógica do

texto.

Pode-se citar como obras da Literatura Infantil Mundial as Fábulas de La

Fontaine, Contos da Mamãe Gansa de Charles Perrault, Os contos de fadas de

Mme.D’Aulnoy e Telêmaco de Fénelon, Pinóquio, do Collodi, Alice no país das Maravilhas

Lewis Carrol, O mágico de Oz do Frank Baum, Peter Pan do escocês Jamies Barrie, Contos

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23

de Fadas para Crianças e Adultos dos Irmãos Grimm e João e Maria e o Patinho Feio de

Andersen. (CARDEMARTORI, 1987; COELHO, 1981) Algumas dessas obras são

conhecidas ainda hoje porque receberam adaptações cinematográficas, para televisão e teatro.

Além disso, tornaram-se clássicos e referência à Literatura Infantil.

No Brasil, Monteiro Lobato é um dos escritores mais importantes na Literatura

Infantil e o mais conhecido ainda hoje pelos seus personagens. Segundo Zilberman (2004), ele

escreveu o primeiro livro voltado ao público infantil, A menina do Narizinho Arrebitado, em

1921, e o último, Os dozes Trabalhos de Hércules, em 1944. Contudo, ao mencionar

personagens como Emilia, Narizinho, Visconde Sabugosa, Pedrinho, Tia Nastácia e Dona

Benta, é evocado o sítio do picapau amarelo, o cenário das histórias de Monteiro Lobato.

O Menino Maluquinho de Ziraldo, O caneco de prata de João Carlos Marinho,

Reizinho mandão de Ruth Rocha, Ou isto ou aquilo de Cecília Meireles, O que é, o que é? de

Eva Furnari, Limeliques de Tatiana Belinky são algumas obras e representantes da Literatura

Infantil Brasileira. (ABRAMOVICH, 1997) Assim como as obras de Monteiro Lobato, o

Menino Maluquinho também recebeu adaptações para o cinema e televisão o que tornou um

personagem conhecido. A partir desse momento, será apresentado a Literatura Infantil

Maranhense.

Page 26: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

24

3 OBRAS E REPRESENTANTES DA LITERATURA INFANTIL MARANHENSE

Neres ([2010]) afirma que “A produção maranhense nessa categoria literária é

vasta e tem seu terreno ainda pouco explorado em pesquisa de cunho acadêmico, quer em

artigos ou ensaios, quer em monografias, dissertações e teses.” A pesquisa bibliográfica

realizada pelo pesquisador sobre o tema ratifica essa afirmação, por isso serão apresentados os

escritores que contribuíram para a Literatura Infantil Maranhense, apontados por Corrêa

(2006; 2008), Neres ([2010]) e Godinho (1997).

A primeira obra destinada ao segmento infantil de um escritor maranhense que se

tem conhecimento, segundo Corrêa (2008), foi o Livro do povo, de Antonio Marques

Rodrigues, cuja primeira edição foi em 1861. Coelho (1981) atribui a ele o pioneirismo em

relação a Literatura Infantil Brasileira e, durante mais de vinte anos, teve várias reedições, em

milhares de exemplares. Logo, percebe-se a importância de Antonio Marques para o início da

produção de uma Literatura destinada às crianças tanto no Brasil quanto na sua terra natal.

Nesse período, Coelho Neto foi um dos escritores que contribuiu para a Literatura

Infantil Maranhense, com obras como Contos Pátrios, em parceria com Olavo Bilac,

Fabulário, Apólogos, Contos para as crianças e Mystérios do Natal. Contudo, a maior

expressão desse gênero, segundo Corrêa (2008), é Viriato Corrêa que publicou em 1938 o seu

livro Cazuza. Esse autor possui inúmeras produções infanto-juvenis, como Era uma vez...,

Contos da história do Brasil, Varinha de condão, Arca de Noé, No reino da bicharada,

Quando Jesus nasceu, A macacada, Os meus bichinhos, História do Brasil para crianças,

Meu torrão, Bichos e bichinhos, No país da bicharada, A descoberta do Brasil, História de

Caramuru, A bandeira das esmeraldas e As belas histórias da história do Brasil.

(ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, 2012). Pode-se considerar Antonio Marques,

Coelho Neto e Viriato Corrêa os percussores da Literatura Infantil Maranhense.

Josué Montello escreveu para o público mirim os livros As aventuras de Calunga,

A Cabeça de Ouro, O Carrasco que era Santo, A formiguinha que aprendeu a dançar, A

viagem Fantástica e O tesouro de Dom José, O bicho do circo, A viagem fantástica, Conversa

do Tio Juca, As três carruagens e outras histórias e o Fofão, Antena e o Vira-Lata

inteligente. (CASA..., 2012) Infelizmente as novas gerações não terão acesso a esses textos,

porque, segundo Neres ([2010]), esses textos estão fora de edição.

Na década de 70, encontra-se a obra Os bichos de céu de Odylo Costa Filho que

hoje é pouco conhecido. (NERES, [2010]). Esse fato colaborou para que Godinho (1997,

p.70-71) afirmasse que

A partir de Josué Montello, não se identificou outros escritores produzindo esse tipo

Page 27: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

25

de literatura, o que só vem ocorrer nos anos 80 quando registra-se um tênue

renascimento desta forma de expressão literária no Estado com o surgimento de

novos autores que atualmente têm demonstrado interesse e dedicação pelo gênero.

Logo, precisa-se ter cautela ao afirmar sobre a existência de obras literárias

escritas por autores maranhenses dedicadas às crianças, pois não se pode descartar a

possibilidade de ter havido a produção de livros literários no Maranhão dessa natureza no

período anterior da década de 80.

As obras do grupo de novos autores apontados pela Godinho (1997) são: Olá

amiguinhos, de Dagmar Desterro, em 1988; em 1992, os livros Perseverança, de José Luís

Pereira de Jesus e Búli-búli, de Ubiratan Teixeira; em 1993, O amigo do futuro de Jorge

Muce; em 1995, A filha de Pai Francisco de Lenita Estrela de Sá; e Os pássaros não voltam,

de João de Deus Vieira Barros; em 1996.

Em 1997, foi publicado o primeiro livro de Wilson Marques, Touchê: uma

aventura pela cidade dos Azulejos e, em 1999, Touchê: uma aventura em noite de São João.

(MARQUES, 2004, p.52) Ademais, Neres ([2010]) afirma que Wilson Marques tornou-se o

autor mais destacado nesses últimos anos na publicação de obras literárias infantojuvenis do

Estado como, Quem tem medo de Ana Jansen? e Touchê e o segredo da serpente encantada,

entre outros.

De acordo com Neres ([2010]) e Pinheiro (2010), são exemplos de produção

literária atual no Maranhão para as crianças os livros O menino que sonhava de Josemar

Pinheiro, Pés no chão, cabeça nas nuvens de Welinton Carvalho, Poesias infantis de Ricardo

Caval, Vila Tulipa de Talita Guimarães, O peão que queria coroar de Nicolau Leitão e O

menino que via o além de José Ewerton Neto, O menino e a Lagosta e outras peripécias, A

bela amortecida e outros contos, O Camaleão que queria ser gente e outras fábulas, Contos

de menino e de menina e de velho também e Canção para dormir e outros contos de

Gilmar Pereira, Contos Inocentes de Arlete Nogueira da Cruz, A vida de Benedito Leite

para crianças de Dagmar Desterro, Quando eu era pequenino de Wílson Pires Ferro,

Comédias para rir e aprender de Josué Costa, A Lagartinha Crisencrise de Lenita Estrela

de Sá, São Luís: azulejo e poesia de Antônio Carlos Lima, Ilha do Maranhão de Moisés

Matias, Poesias infantis de Ricardo Caval e O Jabuti que falava inglês de Joaquim de

Oliveira Gomes. Corrêa (2006) lembra também de Azulejos de Nascimento de Moraes Filho e

A Serra do Sincorá e Criancice de Ribamar Feitosa. Percebe-se que Wilson Marques não está

sozinho nessa tarefa de contar histórias às crianças.

Outros autores maranhenses de renome nacional escreveram para o segmento

Page 28: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

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infantil. É o caso de Ferreira Gullar que, conforme Neres ([2010]), escreveu Um gato

chamado Gatinho em 2000 e, cinco anos depois, Dr. Urubu e outras fábulas. Entretanto, na

maioria dos casos, a obra circula somente entre parentes e amigos ou fica apenas na primeira

edição, o que a torna rara a sua presença nas estantes das bibliotecas e livrarias. Nesse rol,

estão as obras Viagem ao mundo da imaginação de Lucas Baldez, Gibi, o menino que não

sabia voar de Tácito Borralho, O sumiço do Rei de Lio Ribeiro e Juliana de Suely Moura de

Oliveira. (NERES, [2010]) Isso é reflexo da falta de uma política editorial, incentivo e apoio

financeiro para os autores e ausência de uma editora com a linha editorial para o público

infantil.

O escritor Wilson Marques afirmou que hoje é “melhor do que nos tempos sem

internet. Pela rede você pesquisa, faz contatos e divulga seu trabalho através de blogs, sites ou

redes de relacionamento.” (MARQUES, 2010) Nos blogs do autor 2 , estão registradas as

visitas realizadas pelo escritor nas escolas de São Luís. Dessa forma, Wilson Marques torna

as suas obras conhecidas e mostra para as crianças e adolescentes que no Maranhão também

existe Literatura Infantil.

Não se sabe se os escritores contemporâneos de Wilson Marques utilizam os

recursos da internet para divulgar as suas obras literárias, o que seria uma alternativa viável

para os tempos atuais. Muitos fatores contribuem para a ausência de reedições e a circulação,

em alguns casos, restrita aos parentes dos escritores das obras de Literatura Infantil

Maranhense. Marques (2010) denuncia na mesma entrevista que o Maranhão não possui

[...] as mínimas condições para que o autor se profissionalize, ou seja, ser capaz de

tirar pelo menos parte do seu sustento, de forma digna, com os frutos do seu

trabalho. O mercado editorial (que envolve produção, divulgação e distribuição) é

praticamente inexistente. [...]

Pode-se identificar que a ausência de um mercado editorial dificulta a promoção

da Literatura de modo geral no Maranhão. Carvalho, R. (2009) revela, em sua pesquisa

Panorama Editorial em São Luís: 2003-20083, que existem 95 editores no Maranhão, tanto de

pessoas jurídicas quanto físicas, o que mostra uma parcela quase insignificante da

participação do Estado no quadro de editores brasileiros, os quais totalizam 19.733. Saraiva

2Blog do Wilson Marques. Disponível em: <http://blogdowilsonmarques.blogspot.com/>. Acesso em: 27 jan.

2012. Blog do Wilson Marques. Link antigo. Disponível em: <http://wilsonmarques.zip.net/>. Acesso em: 27

jan. 2012. 3 Estudo monográfico realizado pelo estudante de Biblioteconomia Roberto Sousa Carvalho, entre setembro de

2008 e maio de 2009 em nove editoras de São Luís, nos quais foram utilizados o método da pesquisa oral com

funcionários, gestores, admin istradores, ou pessoas que conhecem o funcionamento das mesmas. O

pesquisador traçou um panorama editorial da cidade, tendo como intervalo de tempo 5 anos (2003 -2008).

Page 29: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

27

(2008), em seu estudo Editoras e política de publicação em São Luís 4, acrescenta que das seis

editoras pesquisadas em São Luís, em 2008, quatro não tinham linha editorial nem parque

gráfico.

Esses fatos mostram a dificuldade de um escritor maranhense publicar o seu livro

em sua região, o que leva muitas vezes a produção independente. Além disso, o escritor

termina assumindo a responsabilidade de divulgação e distribuição dos livros a qual pertence

a uma editora. Isso contribui para que a obra fique na primeira edição ou tenha uma circulação

restrita e, ao mesmo tempo, torna a Literatura Maranhense desconhecida pela população do

próprio Estado. Deve-se ressaltar que aqueles escritores que não possuem nem condições para

realizar uma publicação independente, não encontram outros meios, como concursos literários

estaduais, que oportunizem a eles a impressão e divulgação dos próprios livros.

A extinção do Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado (SIOGE), em

1994, prejudicou os escritores, pois a gráfica do órgão editava os livros aprovados pelos

Planos Editoriais existentes do mesmo, da Secretaria de Cultura do Estado e da Fundação

Cultural do Município de São Luís. Em 2007, Joãozinho Ribeiro, o então Secretário da

Cultura do Maranhão, preocupado com esse aspecto decadente, criou um novo Plano Editorial

Prêmio Gonçalves Dias de Literatura que revelou novos escritores. Quase um ano depois, em

novembro de 2009, parte dos livros foi lançada, por insistência dos escritores premiados,

reclamando dos seus direitos autorais. (BRASIL, A., 2009)

O único concurso literário, que chegou em 2011 em sua trigésima quarta edição,

foi o Concurso Artístico e Literário Cidade de São Luís, realizado pela Fundação de Cultura,

que durante a realização da 5ª Feira do Livro de São Luís divulgou o resultado dos

vencedores. (FUNC..., 2011)

Diante da ausência de editoras com infraestrutura adequada e linhas editoriais

definidas, o Estado poderia compensar esse déficit com a promoção e execução de planos

editoriais, mas percebe-se que o mesmo não está interessado em reverter essa situação. Esse

desinteresse é evidente na demora que se teve em publicar as obras vencedoras do Plano

Editorial Prêmio Gonçalves Dias de Literatura.

Além disso, só há o Concurso Artístico e Literário Cidade de São Luís que ainda

oportuniza a publicação dos vencedores. Contudo, não consta nesse concurso a categoria

Literatura infantil ou infantojuvenil, o que não colabora para que surjam publicações desse

gênero. É importante enfatizar que o ideal seria ter editoras com infraestrutura em São Luís.

4 Estudo monográfico descritivo feito pelo estudante de Biblioteconomia Marcelo Werneck de Souza Saraiva,

realizado no período de 30 de abril de 2008 a 20 de junho de 2008 em seis editoras.

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28

Logo, para que surja editoras que possam publicar livros de autores maranhenses,

é imprescindível a existência de um público leitor, pois de que forma as mesmas irão custear a

produção de livros sem consumidores? O mais agravante disso é que, segundo dados do

Censo demográfico 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATITICA,

2010), a população maranhense possui um baixo rendimento mensal médio total domiciliar de

R$ 319, 00, enquanto o número de analfabetos de 15 anos ou mais é alto, com 20,9 %, e

elevada proporção de domicílios com saneamento inadequado, com 23 %.

O estudo Informação e desigualdade social da professora de Biblioteconomia,

Mary Ferreira (2010), revela que dos 125 municípios pesquisados, 40 % possuem bibliotecas

públicas funcionando de forma precária, com estrutura física inadequada, acervos defasados e

sem bibliotecários. Também foram constatadas somente 15 livrarias nos municípios de São

Luís, Caxias, Imperatriz e Codó. Essa realidade traduz o descaso dos poderes da cultura e

desenvolvimento social e econômico da sociedade maranhense.

Esse cenário é desfavorável para que um escritor maranhense de modo geral

sobreviva de sua arte, já que os habitantes do seu Estado não possuem uma renda que

favoreça o consumo de livros e nem livrarias suficientes para comprá- los. Percebe-se que a

renda dos habitantes do Maranhão está abaixo do atual salário mínimo de R$ 622,00. Além

disso, é difícil ter leitores literários em um estado no qual ainda existe uma taxa elevada de

analfabetismo e não é oferecido de modo eficiente um conjunto de serviços básicos, como

abastecimento de água, esgotamento sanitário por rede geral ou fossa séptica e coleta de lixo.

A precariedade de bibliotecas públicas e o número irrisório de livrarias são reflexos de todos

esses indicadores sociais.

É importante lembrar que, segundo o Art.215 da Constituição Brasileira, é dever

do Estado garantir “[...] a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da

cultura, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.”

(BRASIL, 2004, p.216, grifo nosso) Em relação à Literatura, esse apoio e incentivo não está

sendo garantido, como revela os fatos apresentados, da mesma forma que o pleno exercício e

o acesso às fontes da cultura, pois as bibliotecas públicas encontram-se em estado abandono o

que irá se acentuar cada vez mais com o decorrer do tempo, a ponto dos serviços serem

definitivamente encerrados, caso não seja feito nenhuma interferência. Dessa forma, colabora-

se para que a população maranhense não leia nem os clássicos da Literatura Mundial e

Nacional e, dificilmente, dos escritores do seu Estado.

A leitura torna-se o meio imprescindível para que as pessoas conheçam essa

produção literária de escritores locais e, para reverter essa realidade, é necessário o incentivo

Page 31: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

29

a prática ainda na infância. Para esse fim, a Literatura Infantil Maranhense pode ser utilizada

uma vez que ela existe. Desse modo, tendo um público leitor ativo, poderá surgir um mercado

editorial mais atuante no Estado.

Mas, o que as crianças poderiam descobrir na Literatura Infantil Maranhense? Nas

obras publicadas em grande parte na década de 90, a criança encontrará “[...] as lendas, os

contos, as histórias e fatos relacionados à gente da terra (seus costumes, seu folclore), que pôr

conta da oralidade estão se transformando e até mesmo se perdendo em decorrência da falta

de registros e valorização das mesmas” (GODINHO, 1997, p.71).

Esses escritores maranhenses tiveram a mesma preocupação tida por Perrault e

outros escritores no século XVII em preservar a Literatura oral na forma escrita. Por meio da

ficção, a criança não conhece somente essa Literatura resgatada por esses escritores, mas as

histórias da sua própria cidade. Neres ([2010]) acrescenta que “A cidade, a natureza e a

infância, são alguns dos temas recorrentes nos autores da Literatura infanto-juvenil no

Maranhão. [...]” Constata-se que os temas abordados nas obras literárias infantis do Estado

não se restringe apenas a lendas de São Luís, como será descrito a seguir:

O autor Gilmar Pereira Santos, em seu livro O menino que sonhava, apresenta

histórias interessantes e pitorescas da sua terra natal, Penalva. Além disso, ele descreve as

paisagens, os lagos, os rios, as ilhas de água doce, bem como as festas, as manifestações

folclóricas e populares da sua região de origem e dos municípios de Cajari, Viana, Conceição

do Lago-Açu e Matinha. (PINHEIRO, 2010) Percebe-se nessa obra a oportunidade da criança

encontrar representadas as características da sua localidade e, por extensão, a sua cultura.

Além disso, em algumas histórias, dependendo da realidade em que a criança vive, ela

automaticamente se identificará com a personagem da história.

Por exemplo, em Perseverança, de José Luís Pereira de Jesus, Rosa, a

protagonista do enredo, é uma menina pobre do interior que desejava estudar e vencer

obstáculos pelos quais passava sua família. (GODINHO, 1997). Pode-se afirmar que essa

história é realista e permanece atual, pois retrata a situação de pobreza, apresentado pelos

indicadores sociais dos últimos dez anos, que assola o Estado do Maranhão. Também é uma

evidência de que autor sofre influências do meio em que vive ao escrever uma obra literária.

A escritora Dagmar Desterro, em sua Olá, amiguinhos, conta a história, em tom

moralizante, de Gustavo, Daniele e Carolina que discutem entre si a flexibilidade do sim e do

não, presentes no universo adulto. A partir dessa discussão, esses personagens adotam como

solução para esse problema a criação de um mundo só para elas onde os adultos não

participam. (GODINHO, 1997.)

Page 32: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

30

Isso comprova que a Literatura Infantil não pode destituir-se do caráter

pedagógico, pois, dessa forma, não contribuiria para formar pessoas aptas para viver na

sociedade. Essas obras apresentadas acima ilustram o conteúdo da Literatura Infantil

Maranhense que não difere muito da escrita por autores de renome nacional e mundial.

Também, com base nas análises de Godinho (1997) e Neres ([2010]), as histórias

produzidas no Maranhão seguem os mesmos moldes da Literatura Infantil: linguagem

simples, compreensível à criança; o caráter pedagógico; e, em alguns casos, é encontrado

ilustrações.

Existem obras que são mais adequadas ao público juvenil, como Cazuza de

Viriato Corrêa, pois

[...] é uma obra de crít ica social e de ju lgamento de valores de uma época já

ultrapassada, em termos de ideologia. Olhar crít ico que se deve ao

deslocamento/afastamento espácio-temporal do meio interiorano, por parte do autor,

que compõe essa sua obra-prima, já adulto, e residente no Rio de Janeiro,

recordando, reconstruindo, o menino que vivera no interior do Maranhão.

(CORRÊA, 2008)

É importante lembrar que a Literatura Infantil deve corresponder com as fases de

maturação mental para que a comunicação entre o emissor-receptor seja exitosa. Segundo

Piaget (2007), a criança não possui um pensamento formal ou hipotético-dedutivo,

característica da adolescência, que possibilita as operações lógicas no plano das idéias,

expressas em linguagem qualquer (a linguagem das palavras ou dos símbolos matemáticos

etc), sem precisar da percepção ou experiência.

A obra Cazuza de Viriato Corrêa precisaria ser adaptada para o raciocínio infantil,

a fim de que as crianças possam compreendê- la. Portanto, a biblioteca escolar torna-se um

espaço no qual a criança pode receber incentivo à leitura de livros infantis da sua região.

Dessa maneira, os bibliotecários podem formar futuros leitores de Literatura Maranhense.

Page 33: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

31

4 BIBLIOTECA ESCOLAR COMO UM ESPAÇO POSSÍVEL PARA O INCENTIVO

À LEITURA DE LITERATURA INFANTIL MARANHENSE

É importante conhecer a natureza e as implicações que uma atividade pode gerar

nas pessoas antes de indicá- la ou incentivá- la, pois esse conhecimento será a explicação para

qualquer questionamento que possa surgir. Nesse contexto, se insere o ato de ler o qual deve

ser compreendido pelo agente ou mediador da leitura.

Logo, será apresentado inicialmente o que é e como se processa a leitura de

documentos escritos, na perspectiva de Jouve (2002). Entretanto, dá-se o enfoque para a

leitura literária, ou seja, a leitura de narrativas ficcionais, e justifica por que é importante

incentivá-la. Após essa explanação, será apresentada, por fim, a biblioteca escolar como

espaço de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense e os recursos que podem ser

utilizados para essa finalidade.

Segundo Jouve (2002), a leitura é uma atividade complexa que engloba cinco

dimensões:

a) o neurofisiológico: o leitor ativa as diferentes funções do cérebro para perceber

e decodificar os signos;

b) o cognitivo: o leitor busca entender do que se trata o texto, transformando as

palavras em elementos de significação.

c) o afetivo: o leitor vivencia diversas emoções suscitadas pelo texto;

d) o argumentativo: a intenção de convencer o destinatário está de um modo ou de

outro presente em todo texto. Trata-se do leitor acatar ou recusar para si

próprio a argumentação desenvolvida;

e) o simbólico: o sentido é extraído do contexto cultural que o leitor habita, já que

este e o autor – pelo menos na grande maioria dos casos – estão afastados no

espaço e tempo;

É importante ressaltar que “[...] Para ter acesso ao texto [escrito], é preciso ter

acesso ao seu código [...]” (SOLÉ, 1988, p.51). Esse é o requisito indispensável para iniciar e

processar a leitura de documentos escritos. Sem conhecer o código, o texto se tornará um

enigma que o cérebro não conseguirá decifrar por si só.

Entretanto, somente o domínio do código não possibilitará o entendimento do

texto, pois haverá situações em que o leitor encontrará palavras desconhecidas ao contexto

cultural em que ele vive e consultará imediatamente o dicionário para elucidá- las. Um bom

exemplo para esse caso é a leitura de um texto científico de determinada área do

conhecimento por um leigo no assunto.

Page 34: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

32

As emoções suscitadas no ato de ler podem influenciar no curso da leitura, pois,

se o conteúdo não for empolgante ou não corresponder com as expectativas do leitor, este

interrompe e não prossegue. Deve-se também considerar o processo cognitivo e a

identificação no texto de elementos da realidade do leitor como fatores que contribuem para a

desistência ou continuação da leitura, bem como no surgimento do sentido e na aprovação ou

discordância nas ideias do autor. Portanto, tentou-se mostrar que essas dimensões que

constitui o ato de ler, de modo geral, não ocorrem separadamente e são indissociáveis.

É importante lembrar que

[...] ler se concretiza tanto por meio de textos escritos (de caráter ficcional ou não)

quanto de expressão oral, música, artes plásticas, artes dramáticas ou de situações da

realidade objetiva cotidiana (trabalho, lazer, relações afetivas, sociais). Seja o leitor

inculto ou erudito, seja qual for a origem do objeto de leitura, tenha ele caráter

utilitário, científico, artístico, configure-se como produto da cultura folclórica,

popular, de massa ou das elites. (MARTINS, 2007, p.65)

Essa perspectiva de concepção da leitura está em plena consonância ao século

XXI, pois hoje, com as tecnologias da informação e comunicação cada vez mais presentes no

cotidiano das pessoas, ela tornou-se uma espécie de passaporte para conhecer à uma gama de

informações, seja em forma audiovisual, seja em textos ou imagens estáticas, produzidas a

cada milésimo de segundo na internet, além de participar das redes sociais e comunicar-se em

chats, microblogs e e-mails. Logo, dificilmente a pessoa irá usufruir de tudo isso, caso esta

não saiba ler e não sejam fornecidas condições necessárias, como o acesso ao computador

com conexão à rede.

Em relação ao material escrito, deve-se frisar que a leitura “[...] passa a ser, então,

uma via de acesso à participação do homem nas sociedades letradas, na medida em que

permite a entrada e a participação no mundo da escrita [...]” (SILVA, E., 2005, p.63). A

leitura permanece sendo o único meio para conhecer as obras literárias, filosóficas, científicas,

jornalísticas, publicitárias e de outra natureza.

Aqui será abordada apenas a leitura literária, ou seja, a leitura de narrativas

ficcionais, por corresponder a temática proposta para o estudo. Agora, é preciso responder:

por que é importante incentivar a leitura literária na infância? Para responder essa pergunta, é

necessário primeiramente compreender a infância.

Piaget (2007) definiu a infância como uma fase que inicia a partir dos zero aos

doze anos e a adolescência, dos doze em diante. Segundo a teoria piagetiana, durante esse

período, o indivíduo se encontra em pleno desenvolvimento mental que ocorre por meio de

estágios distintos entre si, identificando a evolução psíquica gradativamente a cada etapa, até

atingir o equilíbrio final, a fase adulta. Portanto, as limitações físicas e mentais são superadas

Page 35: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

33

ao mesmo tempo, possibilitando assim muitas conquistas. Desse modo, considera-se que a

criança está em processo de descoberta do mundo que o cerca dentro das suas possibilidades

cognitivas.

Parafraseando Silva, E. (2005), a Literatura, em suas diversas formas, aumentaria

as possibilidades de conhecer o outro e de se autoconhecer e alargaria as alternativas de ver o

mundo. Soares (2008) acrescenta que a leitura literária democratiza o ser humano mostrando

o homem e a sociedade em sua complexidade, trazendo para seu universo o estrangeiro, o

desigual, o excluído e eliminando barreiras do tempo e de espaço, revelando tempos, lugares,

povos e culturas muito além do nosso.

Ao ler um romance, o leitor poderá se tornar mais compreensivo e tolerante e

menos preconceituoso, pretensioso, presunçoso e alheio às diferenças, bem como encontrar as

respostas para os seus problemas pessoais, ao acompanhar a maneira que o personagem

resolveu os mesmos. Ele encontrará retratado em um livro literário o contexto cultural que

está inserido, desde o vocabulário e as situações dos personagens. Também o leitor terá

contato com outras realidades diferentes da qual ele vive e, desse modo, refletirá de como elas

poderiam ser melhores se houvesse mudanças.

Os romances, os contos, as novelas e os poemas possibilitam conhecer os

momentos históricos, os mitos, as lendas e as lutas sociais de diferentes épocas no Brasil e em

outros países, os erros cometidos pela humanidade, as pessoas de diversas camadas sociais e

índoles, as crenças, os costumes e as paisagens de regiões distantes e inexistentes, pois,

segundo Nova (1998, p.23), “[...] o signo lingüístico é então uma das vias de acesso à

informação [e à cultura].”.

Entretanto, é interessante não só conhecer outras culturas ou povos, mas a própria

cultura na qual o leitor está inserido por meio da leitura literária. Nesse caso, pode-se incluir a

Literatura Maranhense onde há a possibilidade de encontrar representado por meio de

personagens e histórias a realidade das pessoas do Estado no qual os leitores nasceram e

vivem. Percebe-se as inúmeras contribuições que a Literatura pode trazer no desenvolvimento

mental da criança, o que já justificaria a importância de se incentivar a leitura na infância.

Agora é importante ressaltar que a leitura da palavra escrita não se trata de um ato

instintivo, mas uma prática gradativamente adquirida. Portanto, para esse objetivo,

recomenda-se, em vez de cartilhas ou manuais, a Literatura ficcional produzida

especificamente às crianças e aos jovens, denominada Literatura Infantil e Juvenil, devido ao

interesse imediato que esta suscita nelas. A casa, a família e os pais são os primeiros

incentivos, enquanto a escola torna-se o local possível. (SANDRONNI; MACHADO, 1987).

Page 36: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

34

Entretanto, nesse momento, será apresentado um espaço também ideal para esse

objetivo: a biblioteca escolar. É importante primeiramente compreender o que é a escola. Para

Libâneo, Oliveira e Toschi (2006, p. 300),

A escola é uma instituição social com o objet ivo exp lícito: o desenvolvimento das

potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos alunos, por meio da aprendizagem

dos conteúdos (conhecimento, habilidades, procedimentos, atitudes, valores), para

tornarem-se cidadãos participativos na sociedade em que vivem. O objetivo

primord ial da escola é, portanto, o ensino e a aprendizagem dos alunos, tarefa a

cargo da atividade docente. [...]

Percebe-se o quanto é fundamental a criança frequentar esse espaço para adquirir

esses conteúdos os quais serão necessários para a vida inteira. Além disso, para que esses

objetivos sejam alcançados, é preciso a mobilização de todos os profissionais que compõem

essa instituição, principalmente os professores. A biblioteca pode contribuir nesse processo de

ensino e aprendizagem, uma vez que ela é

[...] uma co leção de documentos bibliográficos (livros, periódicos etc.) e não

bibliográficos (gravuras, mapas, filmes, d iscos etc.) organizada e admin istrada para

a formação, consulta e recreação de todo o público ou de determinadas categorias de

usuários. [...](ARAÚJO; OLIVEIRA, 2005, p.36)

Em tempos de internet, a biblioteca deve ser apresentada ao segmento infantil

como uma alternativa imprescindível para obter as diversas informações sobre vários

assuntos. Logo, ela não pode jamais estar limitada a uma coleção de materiais que visem dar

suporte pedagógico aos alunos. Não se deve esquecer que a biblioteca escolar tem a missão de

promover

[...] informação e ideias fundamentais para sermos bem sucedidos na sociedade

actual, baseada na informação e no conhecimento. A b iblioteca escolar desenvolve

os estudantes competências para a aprendizagem ao longo da vida e desenvolve a

imaginação, permit indo-lhes tornarem-se cidadãos responsáveis. (FEDERAÇÃO

INTERNACIONAL DE ASSOCIAÇÕES DE BIBLIOTECAS E INSTITUIÇÕES,

2006)

Essa missão só será cumprida se o ambiente da biblioteca for um lugar favorável

para isso e oferecer múltiplas possibilidades as quais devem ser vislumbradas pelo usuário

mirim, como local de descontração, atividades recreativas e conversas despretensiosas na hora

do recreio. Logo, que ações devem ser realizadas para obter esse resultado?

Primeiramente, o espaço físico da biblioteca deve ser construído e projetado para

esse fim, pois, dessa forma, torna-se um lugar agradável, sinalizado e adequado para alojar o

mobiliário, o acervo, bem como a acomodação dos usuários e uma boa organização.

(PIMETEL; BERNARDES; SANTANA, 2007) Qualquer biblioteca precisa ter essa

infraestrutura para atrair os usuários, independente de qual seja a sua tipologia.

Deve-se oferecer aos seus usuários um ambiente atmosférico agradável e

Page 37: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

35

adequado ao suprimento das necessidades informacionais de seu público, seja ele, adulto ou

infantil, jovem ou idoso. Kotler (1999) nos fala sobre o ambiente atmosférico nas

organizações, onde é importante a atenção e o respeito que os funcionários (no caso os

bibliotecários) devem fornecer aos leitores. Isso contribui, sim, para que estes sintam-se bem

e até incentivados e motivados a frequentar, assiduamente, esse espaço e fazer melhor uso dos

seus recursos informacionais.

Pereira (2006) acrescenta que uma biblioteca bem organizada é, com certeza, o

primeiro estímulo para a leitura. Logo, é preciso pensar que esse recinto, além de fornecer o

suporte necessário para o processo de ensino e aprendizagem na escola, pode despertar o

gosto pela leitura e, nesse contexto, o espaço físico contribui muito para alcançar esse

objetivo.

Pereira (2006, p. 12) sugere “a utilização de almofadas, pequenos sofás, tapetes ou

esteiras, de forma a proporcionar conforto ao leitor em um momento de lazer.” Contudo, é

relevante ressaltar que não adianta a biblioteca obedecer todos os critérios necessários para

que tenha uma boa infraestrutura, se o espaço não se encontra em funcionamento e os

usuários não possuem acesso aos livros.

Ademais, para que esse ambiente funcione adequadamente a presença do

bibliotecário é indispensável, pois esse profissional está habilitado para, segundo Romani e

Borszcz (2006), disponibilizar a informação em qualquer suporte, tratar tecnicamente e

desenvolver os recursos informacionais, disseminar a informação com o objetivo de facilitar o

acesso e a geração do conhecimento, realizar a difusão cultural e desenvolver as ações

educativas.

Para isso, é necessária a execução de atividades, como a aquisição e seleção da

coleção, registro, classificação, catalogação, indexação, preparo físico para armazenamento e

empréstimo dos livros ou qualquer material não bibliográfico. Logo, não é recomendado

inserir qualquer profissional ou funcionário sem essas habilidades para atuar na biblioteca,

pois esta, caso esse requisito não seja obdecido, pode se transformar em um mero depósito de

livros e materiais não bibliográficos.

Ademais, a direção da escola e os docentes precisam conceber a biblioteca escolar

como um espaço de múltiplas possibilidades as quais devem ser vislumbradas pelo alunado.

Silva, F (2005, p.125) alerta que

As atividades do bibliotecário escolar vão muito além do serviço de empréstimo de

liv ros e preparo técnico do acervo. Ao utilizar a biblioteca como espaço pedagógico,

os bibliotecários que trabalham no ambiente escolar podem contribuir

significativamente no interesse de jovens e crianças pela leitura.

Page 38: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

36

O bibliotecário, juntamente com o corpo docente, pode tornar a biblioteca como

um lugar onde a criança comece a apreciar o gosto da leitura, entretanto, para concretizar esse

objetivo, deve-se pensar em atividades que oportunize essa prática. A hora do conto torna-se

adequado para a formação de leitores infantis, pois é nessa dinâmica que “são contadas

histórias por adultos ou pelas próprias crianças, utilizando-se os materiais mais variados,

dependendo da criatividade do contador ou de seu relacionamento com o público infantil.”

(SANDRONI; MACHADO, 1987, p.36)

Pode-se utilizar na hora do conto as mais conhecidas histórias da Literatura

mundial e nacional infantil. Para que essa atividade tenha êxito, o bibliotecário precisa

conhecer as etapas de maturação mental da criança. Vale lembrar que os alunos da Educação

Infantil e dos primeiros anos do Ensino Fundamental englobam o período que Piaget (2007)

denominou de infância.

Logo, esse objetivo será atingido a partir da elaboração de inúmeras dinâmicas

nas quais a criança possa cultivar a prática da leitura. Deve-se lembrar que a Literatura,

enquanto meio de comunicação, para que seja compreendida, precisa considerar o estágio

mental da criança. Coelho (1981) apresenta qual tipo de Literatura é mais adequada para

infância:

a) Primeira infância: Movimento e Emotividade (dos 15/18 meses aos 3 anos).

Nessa fase é mais indicada os livros de imagens (ou álbuns de figuras), pois

estes estimulam a percepção visual e motriz dos pequenos. A música e o canto

fazem parte da iniciação literária;

b) Segunda infância: Fantasia – Imaginação (dos 3 aos 6 anos): nessa fase, os

livros mais adequados são os bem ilustrados, cujo significado pode ser

sugerido ou completado com textos curtos e elucidativos, pois esta é a fase da

consolidação da linguagem, quando as palavras devem corresponder às

figuras. Por isso, as ilustrações precisam de realismo. Em relação aos temas,

recomenda-se estórias que reproduzam situações familiares, contos de

animais, fábulas simples ou os contos maravilhosos onde existam castelos

encantados, surjam fadas e bruxas e possuem talismãs que resolvem todos os

problemas, reis, rainhas, princesas, príncipes que encarnam desejos básicos de

amor, poder, lealdade, beleza, etc. Logo, os lugares maravilhosos, os animais

que falam e os seres extraordinários detêm o interesse maior do futuro leitor;

c) Terceira Infância: Pensamento racional e socialização (7 a 11 anos): São

indicados os livros que realçam aventuras cujo sentido seja mostrar a coragem,

Page 39: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

37

o desassombro do herói que ameaça a sua ação; desenvolvam situações de

mistério onde a inteligência e a afetividade sejam os fatores dinamizadores; e

estórias bem humoradas, populares, policiais simples e do cotidiano da

criança.

Em posse desses procedimentos ao selecionar o livro de Literatura Infantil para a

hora do conto, o bibliotecário precisa ter cuidado para não privilegiar sempre apenas os

clássicos universais e nacionais em detrimento, principalmente, da produção literária da sua

terra natal. É importante citar que “[...] Temos sido levados a pensar que apenas o

conhecimento oficialmente ocidental e científico, originado em centros consagrados do saber

competente, é válido, útil, confiável [...]” (BRANDÃO, 2008, p.25)

Portanto, insere-se, nesse contexto, a Arte de modo geral, incluindo a Literatura,

pois julga-se como produtos artísticos de qualidade os produzidos pela indústria cultural,

localizada nos grandes centros econômicos do mundo. Entretanto, essa visão pode ser

modificada ainda na infância pelos pais, professores e bibliotecários. Por isso, é fundamental

o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense para alcançar esse objetivo.

Portanto, o bibliotecário escolar, quando for planejar e executar a hora do conto,

precisa intercalar os clássicos mundiais e nacionais infantis com os livros desse gênero

produzidos no Estado, sem privilegiar os primeiros em detrimento dos segundos, pois, dessa

maneira, a criança aprenderá desde cedo que a Literatura produzida por escritores da sua terra

natal podem ser tão geniais e belos quanto os trabalhos criados por artistas de diversas

nacionalidades ou brasileiros residentes, na maioria, no sudeste do país. Algumas atividades

se tornam interessantes para essa perspectiva como:

a) Apresentação teatral;

b) Encontro com o escritor;

c) Saraus literários;

d) Concurso de poesia. (PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007)

Pressupõe-se que na coleção da escola da biblioteca escolar possua títulos de

Literatura Infantil Maranhense, para que essas atividades sejam realizadas. A dificuldade de

encontrar essa produção literária em virtude de diversos problemas, como a ausência de um

mercado editorial, não pode ser um obstáculo para o bibliotecário em incentivar a leitura da

mesma. Torna-se interessante ainda resgatar obras que não receberam uma segunda edição.

Hoje tem-se muitas ferramentas tecnológicas como redes sociais, twitter, blogs

nas quais possibilita a postagem anúncios para saber quem poderia ceder um livro de

Literatura Infantil para elaborar uma atividade de leitura. Deve-se ter criatividade para vencer

Page 40: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

38

e buscar algum um livro de literatura Infantil Maranhense fora de circulação.

Para isso, o bibliotecário necessita conhecer a literatura para que ele possa indicar

no momento do empréstimo domiciliar ou selecionar o livro ideal para a faixa etária da

criança na elaboração de alguma atividade de leitura. Nesse momento, Silva, E. (1998, p.27)

ressalta que “Gostar de ler, ou mais do que isso, ter uma paixão pessoal pela literatura – esta

me parece ser a característica básica da pessoa que vai comandar uma biblioteca. [...]”. O

bibliotecário, antes de tudo, precisar ser leitor, pois o desconhecimento acerca da literatura

inviabiliza qualquer iniciativa de incentivo à leitura.

Logo, da mesma forma que, para se ter um futuro leitor de a Dostroeviski, Kafka,

Machado de Assis e Eça de Queiros, é necessário ler inicialmente os contos de Perrault,

Irmãos Grimm, Monteiro Lobato, Ziraldo e Tatiana Berlinky, precisa-se apresentar a criança a

Literatura Infantil Maranhense na infância a fim que ela possa apreciar quando adolescente ou

adulto Luis Augusto Cassas, Nauro Machado, Gonçalves Dias, Aluiso Azevedo, Víriato

Corrêa, José Neres e entre outros. É importante ressaltar que todas essas ações exigem um

bibliotecário ativo e leitor. Mesmo com todas as adversidades, esse profissional deve

democratizar a leitura literária, de maneira engajada, e contribuir com os objetivos da escola.

Amato e Garcia (1998, p.19) enfatiza que “Vários recursos podem ser utilizados

para introduzi- la no mundo dos livros: flanelógrafo, quadro de pregas, álbum seriado,

cineminha, dramatizações, teatro de sombras, fantoches e outros.” É interessante a adoção

desses recursos na hora do conto, principalmente para os alunos da Educação Infantil e o

início do ensino fundamental, pois, dessa forma, torna-se a Literatura mais atraente para essa

faixa etária.

Assim, esse profissional estaria viabilizando o encontro do escritor infantil

maranhense e o publico infantil por meio da contação de histórias. Enfim, entende-se que essa

mudança poderá contribuir para o surgimento de novos leitores de Literatura Maranhense,

oportunizando a convivência com o universo literário de seus autores.

Page 41: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

39

5 O INCENTIVO À LEITURA DE LITERATURA INFANTIL MARANHENSE NAS

BIBLIOTECAS ESCOLARES DE SÃO LUÍS

Primeiramente, serão caracterizadas, a partir de aspectos, como espaço físico,

condições do mobiliário e acervo, as bibliotecas escolares que compõem a amostra da

pesquisa. Em seguida, apresenta-se os sujeitos que atuam nelas os quais foram identificados

pelo cargo e escolaridade. As bibliotecas e os sujeitos da pesquisa foram simbolizados pelas

letras A, B, C, D, E e F para garantir o sigilo em relação a identidade dos entrevistados e

instituições pesquisadas.

Após essas informações essenciais, inicia-se a exposição de resultados com a lista

de títulos das obras de Literatura Infantil Maranhense, encontradas nas bibliotecas visitadas e

os relatos dos entrevistados sobre os primeiros incentivos à leitura de modo geral, mostrando

posteriormente, se nesse processo, houve a inclusão das obras literárias infantis de autores

maranhenses.

A exposição é prosseguida com a relação de obras de Literatura Infantil

Maranhense conhecida pelos sujeitos da pesquisa, bem como a crença de que a biblioteca

escolar pode ser um lugar ideal para o incentivo à leitura desses livros e as ações executadas

para esse fim. Encerra-se com as sugestões dos entrevistados de contribuições para o

incentivo à leitura desses trabalhos literários.

5.1 A caracterização dos campos

É importante conhecer as bibliotecas escolares que compõem a amostra da

pesquisa. Segundo Caldeira (2003, p. 48), o espaço físico da biblioteca deve contemplar “[...]

salas de estudo individual e de grupos, locais específicos para uso de equipamentos

(computadores, gravadores, videocassetes), lugar separado para a coleção infantil e atividades

com crianças menores, além de sala de projeções. [...]” Entretanto, foi constatado muitas

deficiências na maioria dos campos visitados. Em relação a infraestrutura do ambiente de

trabalho desses sujeitos, somente a biblioteca E possui um espaço agradável e aconchegante

que possa atrair as visitas espontâneas do alunado, pois as demais possuem poucos atrativos

que venham despertar a atenção das crianças, como a ornamentação lúdica.

Ademais, as bibliotecas A, B, C e D estão em lugares que não favorecem a

realização de atividades de incentivo à leitura, bem como o espaço abrange apenas um

compartimento da escola que não possibilita a inclusão de cabines individuais ou a construção

de salas de estudo. Embora a biblioteca F possua uma boa infraestrutura, ela possui aspectos

mais próximos a biblioteca universitária pela ausência de ornamentação lúdica e atende a

todos os níveis oferecidos pela instituição, inclusive o ensino fundamental I (1ª ao 5ª ano).

Page 42: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

40

Quadro 1 ― Caracterização dos campos

Escolas Níveis de ensino Bibliotecas escolares Caracterização dos campos

Rede pública

Municipal de

Ensino

Ensino Fundamental Biblioteca A

Um compart imento, com alguns

ventiladores quebrados,

iluminado, alguns objetos do

mobiliário, gastos, como as

mesas, e estantes de madeira

conservadas. Sem ornamentação

lúdica. Acervo em boas condições

de uso. Encontra-se o armário

onde os professores da escola

guardam os seus materiais e um

frigobar.

Rede pública

Es tadual

de Ensino

Ensino Fundamental Biblioteca B

Sala de au la adaptada, local

quente, iluminada, mobiliário

gasto, ornamentado. O acervo não

se encontra devidamente

conservado.

Ensino Fundamental Biblioteca C

Sala de au la adaptada, mobiliário

gasto com ar condicionado e

muitos livros didáticos de anos

anteriores no chão. Acervo com

boas condições de uso.

Rede privada de

Ensino

Educação Infantil,

Ensino Fundamental

e Médio

Biblioteca D

A biblioteca teve o espaço

reduzido para a implantação de

um laboratório de informát ica,

bem iluminado, mobiliário

conservado. Sem ornamentação

lúdica.

Educação Infantil,

Ensino Fundamental

e Médio

Biblioteca E

Espaço muito amplo, mobiliário

conservado, bem iluminado, local

com ar condicionado e possui

cabines individuais . As atividades

de inventivo a leitura são

realizadas com regularidade em

um espaço da biblioteca. Acervo

conservado. Com ornamentação

lúdica.

Educação Infantil,

Ensino

Fundamental, Médio

e Superior

Biblioteca F

A biblioteca funciona também

como bib lioteca escolar,

universitária e infantil, iluminada,

cabines individuais, local com ar

condicionado e salas de estudo.

Sem ornamentação. Acervo

conservado.

Fonte: elaborado pelo autor (2012).

Nos campos A e C, foram encontrados objetos que não fazem parte do mobiliário

de uma biblioteca, como um frigobar, um armário para professores guardarem os seus

pertences. Portanto, percebe-se a desvalorização das Secretarias da Educação do Município e

Estado, dos gestores e comunidade escolar (professor, coordenador pedagógico e outros

profissionais envolvidos) na maioria das bibliotecas das instituições de ensino pesquisadas,

exceto a E, pois todas as outras estão bem distantes de uma infraestrutura ideal que possibilite

torná- las atraente aos olhos do alunado do Ensino Fundamental I e, ao mesmo tempo, um

Page 43: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

41

espaço de incentivo à leitura literária, incluindo a Literatura Infantil Maranhense. Deve-se

ressaltar que

[...] a bib lioteca escolar não deve ser só um espaço de ação pedagógica, servindo

como apoio à construção do conhecimento e de suporte a pesquisas. Deve ser, sim,

um espaço perfeito para que todos que nela atuam possam utilizá-la como uma

fonte de experiência, exercício da cidadania e formação para toda a vida.

(PIMENTEL; BERNA RDES; SANTANA, 2007, p.25)

Essa perspectiva apresentada pelos autores não é levada em consideração pelos

gestores das escolas da rede pública de ensino, nem da instituição de ensino privado que

reduziu o espaço da biblioteca D para a implantação de um laboratório de informática. Agora

é importante conhecer os sujeitos da pesquisa e as bibliotecas nas quais eles atuam para

analisar os dados seguintes.

5.2 Sujeitos da pesquisa

Em relação aos sujeitos de pesquisa, percebe-se a ausência do bibliotecário nas

escolas da Rede Pública de Ensino, pois duas estão sob a responsabilidade de professores

isentos de sala de aula e uma encontra-se com um assistente administrativo. Logo, evidencia-

se, nessas bibliotecas, profissionais que foram deslocados das áreas para as quais a sua

formação é destinada e, consequentemente, não estão habilitadas a exercer as funções

inerentes ao bibliotecário.

Quadro 2 – Sujeitos da pesquisa

Sujeitos da pes quisa Cargo/Escolaridade

Biblioteca escolar da rede pública do

Município Sujeito A

Professora isenta de sala de aula,

graduada em Licenciatura plena em

Magistério, pós-graduada em

Psicopedagogia.

Bibliotecas escolares da rede pública do

Es tado

Sujeito B

Professora isenta de sala de aula por

problemas de saúde, graduada em

Pedagogia.

Sujeito C Assistente Administrativo, ensino

médio completo.

Bibliotecas escolares da rede privada

Sujeito D Graduada em Bib lioteconomia.

Sujeito E

Graduada em Bib lioteconomia e

Educação Física, pós-graduação em

Gestão da Cultura

Sujeito F Graduada em Bib lioteconomia.

Fonte: elaborado pelo autor (2012).

A maioria dos gestores das escolas privadas não fornece um espaço físico

favorável para a execução de atividades de incentivo à leitura em uma biblioteca escolar,

embora se observe a presença do bibliotecário, inexistente na rede pública de ensino. Desse

modo, a biblioteca termina favorecendo apenas pesquisa escolar, situação que deve ser

combatida. Portanto, ressalta-se a importância do profissional bibliotecário criar ou

Page 44: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

42

reivindicar uma infraestrutura que possibilite a dinamização do espaço. Apresentados os

sujeitos da pesquisa, serão verificados a seguir os títulos que estão no acervo das bibliotecas

pesquisadas.

5.3 Os títulos das obras de Literatura Infantil Maranhense encontradas nas bibliotecas

escolares visitadas

Em todos os acervos dessas bibliotecas, existem os exemplares de pelo menos

uma obra de Literatura Infantil Maranhense, alguns destes mal conservados. A maioria da

produção literária de Wilson Marques e o livro Cazuza de Viriato Corrêa foram localizados

nos campos da pesquisa.

Há um exemplar na biblioteca C do título Fofão, antena e vira-lata de Josué

Montello que, segundo Neres ([2010]), não foi reeditado até hoje. As obras relevantes da

Literatura Infantil Maranhense que consta no estudo de Godinho (1997), bem como as

publicações recentes do gênero não foram encontradas nos acervos das bibliotecas da rede

pública de ensino.

Quadro 3 – Relação de títulos de Literatura Infantil Maranhense nas bibliotecas das escolas da rede pública de

ensino.

Bibliotecas escolares Títulos das obras de Literatura

Infantil Maranhense Autor Quantidade

Rede

Pública

Municipal Biblioteca A

Touchê e o segredo da serpente

encantada

Wilson Marques

02

Touchê: uma aventura pela

cidade dos azulejos 01

Touchê: uma aventura em noite

de São João 01

A menina levada e a serpente

encantada 01

Es tadual

Biblioteca B Cazuza Viriato Corrêa 115

Biblioteca C

Cazuza Viriato Corrêa

23

A macacada 01

Fofão, antena e vira-lata Josué Montello 01

Fonte: elaborado pelo autor (2012).

Já nas bibliotecas da rede privada, foram encontrados alguns títulos de Wilson

Marques, duas obras que não constam nos estudos de Godinho (1997) e Neres ([2010]): Um

balãozinho no céu de Gracinha Guerreiro e Caminhando com Paulo/Aprendendo com

Biel/Ouvindo com Ritinha e Ouvindo com Vitória de Sharlene Serra.

Outra obra recente que não consta nas bibliotecas de escolas públicas é São Luís:

Azulejos e poesias de Antonio Carlos Lima. O título Búli búli de Ubiratan Teixeira, publicado

na década de 90, foi encontrado somente em uma biblioteca, enquanto as obras Touchê: uma

aventura pela “Cidades dos Azulejos” e Touchê: uma aventura em noite de São Luís desse

mesmo período de Wilson Marques estão nas coleções da rede privada e na biblioteca escolar

Page 45: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

43

do município.

Quadro 4 – Relação de títulos de Literatura Infantil Maranhense nas bibliotecas das escolas da rede privada de

ensino.

Bibliotecas escolares Títulos das obras de Literatura

Infantil Maranhense Autor Quantidade

Rede privada

Biblioteca D

Touchê: uma aventura pela “Cidades

dos Azulejos”

Wilson

Marques

01

Touchê: uma aventura em noite de

São João 01

Quem tem medo de Ana Jansen? 01

Touchê e o segredo da serpente

encantada 01

A menina levada e a serpente

encantada 01

A frança equinocial e a fundação de

São Luís 01

Cazuza Viriato Corrêa 01

Biblioteca E

Touchê: uma aventura em noite de

São João

Wilson

Marques

01

Quem tem medo de Ana Jansen? 03

Touchê e o segredo da serpente

encantada 02

A lenda do Rei Sebastião e o Touro

encantado 01

Touchê: uma aventura pela “Cidade

dos Azulejos” 03

Touchê e Rafa em A revolta de

Beckmann e nos tempos de Pombal 03

Touchê e Rafa em A invasão Francesa

de São Luís e a Fundação de São Luís 03

A menina levada e a serpente

encantada 03

São Luís: Azulejos e poesias Antonio Carlos

Lima 03

Um balãozinho no céu Gracinha

Guerreiro 06

Cazuza Viriato Corrêa 01

Búli búli Ubiratan

Teixeira 01

Biblioteca F

Quem tem medo de Ana Jansen?

Wilson

Marques

05

Touchê: uma aventura pela “Cidades

dos Azulejos” 04

Touchê e o segredo da Serpente

encantada 06

Touchê e Rafa em A revolta de

Beckmann e nos tempos de Pombal 06

Touchê e Rafa em A invasão Francesa

de São Luís e a Fundação de São Luís 02

Page 46: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

44

Caminhando com Paulo

Sharlene Serra

03

Ouvindo com Vitória 02

Aprendendo com Biel 08

Olhando com Rit inha 07

Fonte: elaborado pelo autor (2012).

Percebe-se, tanto nas bibliotecas de escolas públicas quanto as privadas, que não

há uma amostra representativa de títulos clássicos e atuais de livros de Literatura Infantil

Maranhense, embora não haja uma diversidade equivalente a Literatura Infantil Nacional.

Existe também uma discrepância em relação à quantidade de obras entre as bibliotecas.

A biblioteca C possui 115 exemplares de um mesmo título, em contrapartida que a

E totaliza 30 livros com títulos de cinco autores diferentes, sem privilegiar apenas uma obra

ou escritor. Essa diversidade encontrada na biblioteca E não existem nos demais campos

pesquisados. Desse modo, são ofertados ao usuário desses espaços poucos títulos de

Literatura Infantil Maranhense.

Logo, quando foram solicitadas as razões para a presença desses títulos nos

acervos, os entrevistados alegaram, em sua maioria, dificuldade de acesso e informação sobre

essas obras literárias. Os entrevistados A e C afirmam que as Secretárias da Educação são

responsáveis pela formação de coleção das bibliotecas nas quais eles atuam.

Já o sujeito B atribui a falta de informação, sem esclarecer o profissional ou órgão

responsável pela composição do acervo. Evidencia-se que os sujeitos da pesquisa da rede

pública estão alheios ao processo de formação de coleção, já que não participam do mesmo. É

importante lembrar que

Um dos grandes obstáculos encontrados pelos escritores maranhenses é a falta de

condições de escoamento de sua produção artístico-cultural. Como não há um

sistema profissional de produção e de distribuição de livros, o autor torna-se, ao

mes mo tempo, escritor, rev isor, editor, patrocinador, divulgador e vendedor dos

próprios trabalhos. Funções para as quais nem sempre está preparado ou tem

disponibilidade de tempo. Isso faz com que a algumas obras de boa qualidade não

atinjam o público-alvo. [...] (NERES, [2010])

Isso se torna evidente as razões apresentadas pelos sujeitos D e F que alegaram

dificuldade de acesso às obras e as editoras publicadoras, o que denota, como consequência da

ausência de um sistema editorial com infraestrutura adequada em São Luís, a falta de

catálogos os quais são os instrumentos para seleção de livros no processo de formação de

coleção.

Esse fato termina contribuindo para o desconhecimento dos autores de Literatura

Infantil Maranhense e a invisibilidade da produção desse gênero pelos sujeitos da pesquisa e,

por conseguinte, pelo alunado. A inclusão de títulos de Literatura Infantil Maranhense no

acervo da biblioteca E é outro fato resultante dessa falta de estrutura editorial no Estado, pois

Page 47: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

45

uma aluna teve a tarefa de divulgar o livro, ou seja, assumiu a atribuição de uma editora.

Quadro 5 – Razões para o número reduzido de Literatura Infantil Maranhense no acervo

Sujeitos da pes quisa

Razões para a presença dos títulos

de Literatura Infantil Maranhense

no acervo

Biblioteca escolar da rede pública do

Município Sujeito A

Os livros são doações da Secretaria

da Educação.

Bibliotecas escolares da rede pública do

Es tado

Sujeito B

Falta de informação. Acred ito que ela

precisar ser mais divulgada pelos

professores.

Sujeito C Esses livros foram doados pela

Secretaria da Educação.

Bibliotecas escolares da rede privada

Sujeito D

Atribuo a dificuldade de encontrar

editoras que publiquem Literatura

Infantil Maranhense.

Sujeito E

Os livros da escola são sugestões de

alunos e professores. Teve um livro de

Literatura Infantil Maranhense que foi

a aluna que trouxe para escola e nós

fizemos o lançamento dele aqui. Desse

modo, conseguimos alguns títulos de

Literatura Infantil Maranhense.

Sujeito F

É pouco conhecido de Literatura

Infantil Maranhense. Eu atribuo a

questão de acesso à essas obras

literárias.

Fonte: elaborado pelo autor (2012).

Nas bibliotecas da rede pública, o ideal seria a presença do bibliotecário que, de

fato, realize de forma ativa e sistemática todo processo de formação da coleção, pois os

profissionais que se encontram nesses espaços não possuem a capacitação necessária para

essa atividade.

Alguns títulos encontrados nas bibliotecas constituem a relação de escritores e

obras de Literatura Infantil Maranhense, apontados pela maioria dos entrevistados, exceto o

sujeito B. Nessa relação, o Wilson Marques foi o escritor mais mencionado e, desse modo,

pode considerá- lo o autor mais conhecido entre os pesquisados. Foi citado também os títulos

da autora Sharlene Serra e o clássico Cazuza de Viriato Corrêa. Nas respostas dos sujeitos,

não se encontra nenhuma obra apresentada no estudo de Godinho (1997), Neres ([2010]) e

Corrêa (2006).

Essa é mais uma consequência da falta de um sistema editorial que dificulta o

acesso à Literatura Infantil Maranhense. Percebe-se o desinteresse dos sujeitos da pesquisa C,

D e E em conhecer todos os títulos desse gênero que compõe o acervo das bibliotecas das

quais eles atuam.

Page 48: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

46

Quadro 6 – Relação de obras e escritores de Literatura In fantil Maranhense conhecidos pelos sujeitos da

pesquisa

Sujeitos da pes quisa Escritores e obras de Literatura Infantil

Maranhense

Biblioteca escolar da

rede pública do

Município

Sujeito A

Touchê e o segredo da serpente encantada,

Touchê: uma aventura pela “Cidade dos Azulejos”

e Touchê: uma aventura em noite de São João de

Wilson Marques.

Bibliotecas escolares

da rede pública do

Es tado

Sujeito B Não conheço.

Sujeito C Cazuza de Viriato Corrêa e Quem tem medo de Ana

Jansen de Wilson Marques.

Bibliotecas escolares

da rede privada

Sujeito D

Quem tem medo de Ana Jansen, Touchê e o segredo

da serpente encantada,

Touchê: uma aventura pela “Cidade dos Azulejos”

e Touchê: uma aventura em noite de São João de

Wilson Marques.

Sujeito E Todas as obras de Wilson Marques e o Cazuza do

Viriato Corrêa.

Sujeito F

Caminhando com Paulo, Ouvindo com Vitória,

Aprendendo com Biel e Olhando Com Ritinha de

Sharlene Serra e Touchê:uma aventura pela

“Cidade de Azulejos”, Quem tem medo de Ana

Jansen, Touchê e Rafa: a revolta de Beckmann e

nos tempo de Pombal, Touchê e o segredo da

serpente encantada e Touchê e Rafa em a invasão

fancesa e a fundação de São Luís de Wilson

Marques.

Fonte: elaborado pelo autor (2012).

O entrevistado B não conhece nenhuma obra literária infantil do Estado, o que

pode contribuir para que os 115 exemplares da obra Cazuza de sua biblioteca não seja lido

pelo alunado dessa instituição. Esse dado revela também que o sujeito B não sabe que no

acervo de sua biblioteca existe esse título do escritor Viriato Corrêa. Agora, é preciso saber se

os entrevistados receberam incentivo à leitura e, se nesse processo, foram incluídos Literatura

Infantil Maranhense, identificando autores e títulos.

5.4 Relatos dos primeiros incentivos à leitura na infância recebidos pelos sujeitos da

pesquisa

Segundo Silva (1998), a característica básica da pessoa que vai comandar uma

biblioteca é ter paixão pela Literatura. Mas, para isso, é necessário o incentivo à leitura desde

a infância para que o profissional possa transmitir o gosto por essa atividade para qualquer

pessoa. Logo, foi solicitado aos entrevistados o relato dos primeiros incentivos à leitura,

especificando de quem, em que período de sua vida e onde isso ocorreu.

Page 49: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

47

Quadro 7 – Relatos dos primeiros incentivos a leitura dos sujeitos da pesquisa na infância

Sujeitos da pes quisa Incentivo à leitura na infância

Biblioteca escolar da rede pública do

Município Sujeito A

Meu pai que gostava de ler me incentivou muito. Me

interessava de ler histórias infantis, os clássicos da

Literatura Infantil. Eu sempre gostei desde criança.

Bibliotecas escolares da rede pública do

Es tado

Sujeito B

Nasci no interior, parei de estudar umas três vezes

por mot ivo de transferência de lugar. Daí, com vinte

e seis anos, eu retomei os meus estudos. A partir do

momento que eu comecei a trabalhar como

professora, depois do magistério, fo i que eu passei

incentivar os meus alunos e a me incentivar, ao

mes mo tempo, a ler.

Sujeito C

Nunca tive nem na in fância nem na adolescência.

Nasci no interior e eu v im para a cidade aos catorze

anos. Na escola que eu estudava no ginásio, não tinha

biblioteca. Foi aqui trabalhando na biblioteca da

escola que eu comecei a gostar de ler.

Bibliotecas escolares da rede privada

Sujeito D

Foi bem no comecinho da infância, minha mãe é

professora. Então eu convivi em meio aos livros, mas

antes disso, nossos avós eram contadores de história,

então eu não dormia ouvindo uma h istória contada

por eles.

Sujeito E

Eu sempre tive incentivo por parte dos meus pais,

comecei mes mo quando criança lendo as histórias de

quadrinhos que meu tio me presenteava.

Sujeito F

Sempre fui incentivada pela minha mãe desde

criança. Desde que eu comecei a aprender a ler,

recebo incentivo à leitura. Lembro -me de Monteiro

Lobato, Pedro Bandeira, Menina do Laço de fita de

Ana Maria Machado

Fonte: elaborado pelo autor (2012).

Pelos relatos apresentados, dos seis entrevistados, quatro receberam incentivo à

leitura da infância. A escolaridade e a condição econômica dos pais dos entrevistados são

alguns dos fatores determinantes que contribuíram para que os sujeitos B e C se tornassem

leitores tardiamente. Nesse momento, é importante frisar que

[...] a leitura [da palavra escrita] não é uma função que nasce e se desenvolve devido

a um dom, vocação ou talento de um indiv íduo. Muito pelo contrário: a leitura é

uma prática social que, para ser efetivada, depende de determinadas condições

objetivas, presentes na sociedade como um todo. [...] Em outras palavras, uma

pessoa dificilmente vai ler ou conviver com livros se ela não tiver tempo para o

exercício da leitura; acesso a educação formal; poder aquisitivo para compra regular

de materiais escritos, possibilidades de frequentar uma rede bem equipada de

bibliotecas, que atenda aos seus interesses e necessidades; estímulos para valorizar a

leitura como um meio de adquirir conhecimentos etc. [...] (SILVA, 1991, p.120)

Os sujeitos B e C revelam que cresceram em um ambiente desfavorável para o

fomento à leitura, ao contrário dos demais que foram estimulados pelos pais à leitura por meio

da aquisição do objeto a ser lido (livros literários, revistinha de quadrinho). A descoberta pelo

gosto da leitura só surgiu nos sujeitos B e C quando começaram a ter contato com os livros, o

que reforça ainda mais a importância de se criar um ambiente propício para a prática do ato de

Page 50: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

48

ler.

Um dado que não pode ser desprezado é a importância da contação de histórias no

processo de incentivo à leitura, pois “Escutá- las é o início de aprendizagem para ser um leitor,

e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e compreensão do mundo.

[...]” (ABRAMOVICH, 1991, p.16). Com base nessa afirmação, o sujeito D se tornou leitor

apenas ouvindo histórias, muito antes de ter contato com os livros, o que contribuiu para o seu

gosto à leitura.

Também não importa se a criança começou a ler livros literários ou gibis, o mais

importante é a aquisição do gosto pela leitura. O ambiente onde se deu esses primeiros

incentivos do sujeito A, D, E e F não pode ser ignorado, o que ressalta a relevância da família

na formação do leitor. Agora, é importante saber se nesses primeiros estímulos a prática da

leitura os entrevistados tiveram contato com Literatura Infantil Maranhense.

5.5 A presença da Literatura Infantil Maranhense nos primeiros incentivos à leitura na

Infância

Quando perguntados se foram incentivados a ler algum livro de Literatura Infantil

Maranhense e as razões para esse fato, nenhum dos entrevistados teve acesso a Literatura

Infantil Maranhense na infância. Nas respostas dos sujeitos A, C e D, ficou evidenciado que

tiveram acesso a Literatura Infantil Maranhense na fase adulta. É interessante notar a presença

de livros de Literatura Infantil Maranhense no acervo das bibliotecas onde os sujeitos da

pesquisa A e C atuam contribuiu bastante para que eles conhecessem e lessem essas obras.

Na década de 70 e 80, com base a Neres ([2010]) e Godinho (1997), foi um

período onde poucas obras de Literatura Infantil Maranhense foram publicadas, o que está

evidenciado no relato do entrevistado E. A dificuldade de acesso a essa produção é atribuída

pelos pesquisados D e F para a ausência de incentivo de Literatura Infantil Maranhense na

infância.

Evidencia-se, a partir das respostas dos entrevistados, que esse obstáculo do

acesso ainda permanece, uma vez que as bibliotecas não oferecem em seu acervo uma

amostra representativa de títulos de Literatura Infantil Maranhense. Também constata-se o

impacto de fatores externos atribuídos pelos pesquisados A e C para a presença dos títulos nos

acervos dos campos visitados, como a doação da Secretaria da Educação enquanto forma de

aquisição da coleção das bibliotecas escolares da rede pública, no momento em que eles têm o

primeiro contato com a Literatura Infantil Maranhense na fase adulta.

Page 51: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

49

Quadro 8 – Acesso a Literatura Infantil Maranhense na infância

Sujeitos da pes quisa Acesso a Literatura Infantil

Maranhense na infância

Biblioteca escolar da rede pública do

Município Sujeito A

Não, já na fase adulta, eu li Touchê de

Wilson Marques. Depois que cheguei

na biblioteca, comecei a me interessar

a ler literatura maranhense

Bibliotecas escolares da rede pública do

Es tado

Sujeito B

Não tive acesso na infância, foi um

período de muita dificu ldade, não tive

acesso aos livros.

Sujeito C Não. Fo i aqui na Biblioteca que eu li o

liv ro Cazuza espontaneamente.

Bibliotecas escolares da rede privada

Sujeito D

Nunca tive acesso a literatura infantil

maranhense, eu nunca ouvi falar, só

vim saber na faculdade

Sujeito E

Wilson Marques foi o primeiro

escritor maranhense de Literatura

Infantil Maranhense que tive acesso.

Na época em que eu comecei a receber

os primeiros incentivos à leitura, na

década de 70, não tínhamos escritores

maranhenses que escreviam para as

crianças.

Sujeito F

Não me lembro de Literatura Infantil

Maranhense. Essa questão da literatura

maranhense, anos atrás, não se tinha

muito acesso, era meio desconhecido,

então meus pais não tiveram muito

acesso.

Fonte: elaborado pelo autor (2012).

Os entrevistados A e C tiveram acesso aos livros desse gênero que foram

disponíveis pela Secretaria da Educação, ou seja, esse órgão não oportunizou a inclusão de

títulos diversos da produção literária infantil maranhense nos acervos das bibliotecas

pesquisadas.

Essa realidade pode ser mudada, pois o incentivo à Literatura Infantil

Maranhense pode ocorrer na escola, caso não haja no ambiente familiar. A biblioteca escolar

pode ser um espaço ideal para essa mudança. A seguir, será exposto o quê os pesquisados

pensam a respeito dessa questão.

5.6 A biblioteca escolar como espaço de incentivo à leitura de Literatura Infantil

Maranhense

Os sujeitos que atuam nas bibliotecas escolares acreditam que estas possam ser

lugares ideais para o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense. O sujeito A e B

apontam a frequência de empréstimos e o acesso gratuito a livros como oportunidades para

que os usuários possam conhecer a produção literária infantil do Estado. O sujeito C justifica

que esse incentivo poderia ocorrer na biblioteca, uma vez que ela está inserida em uma escola

engajada na promoção à leitura.

Page 52: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

50

Quadro 9 – A v isão dos sujeitos de pesquisa sobre a possibilidade da bib lioteca escolar ser u m lugar ideal para o

incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense

Sujeitos da pes quisa

A biblioteca escolar como lugar

ideal para o incentivo à leitura de

Literatura Infantil Maranhense

Biblioteca escolar da rede pública do

Município Sujeito A

Acredito que sim, pois as crianças

solicitam muitos empréstimos de

liv ros.

Bibliotecas escolares da rede pública de

Es tado

Sujeito B

Sim, as crianças procuram a b iblioteca

para ter acesso aos livros que os pais

não podem comprar.

Sujeito C

Sim, acred ito por que está dentro da

escola de onde eles recebem o

incentivo à leitura.

Bibliotecas escolares da rede privada

Sujeito D

Sim, porque é um excelente espaço

para despertar a valorização da

Literatura Infantil Maranhense nas

crianças, com a colaboração dos

professores.

Sujeito E

Sem sombra de dúvida, a bib lioteca

escolar é um espaço de incentivo à

leitura de literatura de modo geral.

Sujeito F Com certeza, a bib lioteca é uma área

de incentivo à leitura.

Fonte: elaborado pelo autor (2012).

Não está evidenciado nas respostas dos entrevistados A, B e C o objetivo de uma

biblioteca escolar que, segundo Santos (1998, p.101), “é incentivar e disseminar o gosto pela

leitura junto às crianças e aos adolescentes, através de material bibliográfico e não

bibliográfico, organizado e integrado aos interesses da instituição a que pertence”. Os

entrevistados E e F reconhecem esse espaço como local para o alcance desse objetivo,

enquanto o sujeito D acrescenta a colaboração dos professores nesse processo.

Entretanto, para que isso aconteça, é necessária a inserção dessas obras literárias

na coleção, caso contrário, o usuário não terá contato com elas. Torna-se oportuno identificar

que ações estão sendo feitas pelos sujeitos para incentivar à leitura de Literatura Infantil

Maranhense na biblioteca escolar.

5.7 Ações atuais de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense na biblioteca

escolar realizadas

As ações realizadas de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense,

apresentadas abaixo, ocorreram no ano de 2011 e no início de 2012, exceto na biblioteca A e

C, pois ambas estavam em fase de elaboração do planejamento pedagógico desse ano. Logo,

nesse caso, considerou-se ações do ano anterior.

Apenas os sujeitos B e D relataram que nada está sendo feito em relação à

promoção a leitura de Literatura Infantil Maranhense. Os demais entrevistados revelaram

ações, como indicação de livros de Literatura Infantil Maranhense na hora do empréstimo

Page 53: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

51

domiciliar e a inclusão dos mesmos nos projetos de incentivo à leitura.

Quadro 10 – Ações de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense na biblioteca escolar

Sujeitos da pes quisa

Ações de incentivo à leitura de

Literatura Infantil Maranhense na

biblioteca escolar

Biblioteca escolar da rede pública do

Município Sujeito A

Sugiro livros de Literatura Infantil

Maranhense na hora do empréstimo.

Mas eu levo em consideração a idade

das crianças, pois às vezes elas podem

querer levar um livro que nem vão

entender o que está escrito. Então,

incentivo dessa forma e eles leem

mes mo.

Bibliotecas escolares da rede pública do

Es tado

Sujeito B

Nada. Só fornecemos os livros

solicitados pelos professores de acordo

com os projetos que eles estão

elaborando na sala de aula. Não fo i

incluído Literatura In fantil

Maranhense nas solicitações feitas

pelos docentes.

Sujeito C Indico os livros de Literatura Infantil

Maranhense e eles levam.

Bibliotecas escolares da rede privada

Sujeito D

Nada voltado para Literatura In fantil

Maranhense, porque sempre acred ito

que educação é parceria. Depende da

conscientização de cada um aqui da

escola, justamente dos professores.

Sujeito E

Fizemos relançamentos de Wilson

Marques. Incluímos a Literatura

Infantil Maranhense no ano passado

no projeto de incentivo à leitura

Ciranda da Leitura5. Propus os livros

de Literatura Infantil Maranhense na

roda de leitura.

Sujeito F

No ano passado, nós incluímos os

liv ros de Wilson Marques e Sharlene

Serra nos projetos de incentivo à

leitura. Promovemos um encontro com

os escritores na biblioteca da escola.

Fonte: elaborado pelo autor (2012).

Logo, as ações de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense do sujeito

A e C não englobam atividades, como hora do conto, saraus literários, encontros com o

escritor e apresentações teatrais. Já os sujeitos E, promoveu os relançamentos de Wilson

Marques e, desse modo, o encontro desse escritor com o alunado. O bibliotecário F revelou

que está sendo incluídos os livros de Literatura Infantil Maranhense nos projetos de incentivo

à leitura da instituição de ensino. Comparando com o quadro 4, percebe-se que somente os

escritores cujos livros compõe o acervo da biblioteca do entrevistado F foi promovido.

Silva (1998, p.30) lembra que “[...] Sem a participação – ativa e constante – dos

5 A atividade é desenvolvida com os alunos do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental I, de segunda à quinta -feira,

na qual utiliza-se jornais e revistas, poemas e outras fontes de informação para desenvolver o interesse e o

gosto pela leitura, tendo como produto final a criação de desenhos, colagem e p inturas.

Page 54: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

52

professores, a dinamização da biblioteca escolar dificilmente será viabilizada na prática.”.

Logo, as ações dos professores são fundamentais no processo de incentivo à leitura de

Literatura Infantil Maranhense e isso fica muito evidente nas respostas dos sujeitos B e D.

Outro fato que deve ser considerado é a iniciativa e o interesse do sujeito E e F em inserir a

Literatura Infantil Maranhense nos projetos de incentivo à leitura das instituições nas quais

fazem parte.

O sujeito B revela, em seu depoimento, que não participa dos projetos de

incentivo à leitura os quais ocorrem na sala de aula. Isso evidencia também que os

professores dessa instituição não concebem a biblioteca como um espaço de promoção ao ato

de ler, por meio de encontro com escritores, a hora do conto, saraus literários e outras

atividades. Agora é relevante saber que medidas, sugeridas pelos sujeitos da pesquisa,

poderiam ser tomadas para contribuir ao incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense.

5.8 Contribuições para o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense

As respostas dos sujeitos A, B e C evidencia um grande problema que atinge as

bibliotecas das escolas públicas de São Luís, pois, segundo Ferreira (2012), “A falta de

bibliotecário na maioria das bibliotecas escolares levou a maior parte das escolas a improvisar

um “funcionário para a biblioteca” que passa a ser visto muito mais como um “guardião”, o

qual tem como missão guardar o material bibliográfico. [...]”.

Os sujeitos B e C delegam aos professores a iniciativa de incentivar à leitura de

Literatura Infantil Maranhense, enquanto a entrevistada A solicita um treinamento para

melhorar a sua atuação na biblioteca. Ou seja, essas respostas deixam evidente a resignação

desses entrevistados na condição de meros guardiões de livros e responsáveis pelo

cumprimento de atividades técnicas, já reveladas em alguns relatos em quadros anteriores,

como empréstimo domiciliar e a disponibilização de livros quando solicitados. Também os

pesquisados das bibliotecas escolares da rede ensino público desconhecem o profissional

bibliotecário o qual está capacitado para atuar nesses espaços.

Não constam em nenhum depoimento dos sujeitos A, B e C revindicações de

melhorias na infraestrutura das bibliotecas. Já os bibliotecários E e F apresentam sugestões

que são de natureza exterior a biblioteca, como doações de livros de Literatura Infantil

Maranhense à biblioteca e apoio ao fomento de novos autores.

Page 55: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

53

Quadro 11 – Contribuições para o incentivo à leitura de Literatura In fantil Maranhense na Biblioteca Escolar

Sujeitos da pes quisa

Contribuições para o incentivo à

leitura de Literatura Infantil

Maranhense

Biblioteca escolar da rede pública do

Município Sujeito A

Preparar melhor o auxiliar de

biblioteca.

Bibliotecas escolares da rede pública do

Es tado

Sujeito B

Os professores fossem incentivados a

ler Literatura Infantil Maranhense,

pois a partir dele os alunos se

interessariam.

Sujeito C

Os professores darem incentivo à

leitura de Literatura Infantil

Maranhense aos seus alunos na sala de

aula.

Bibliotecas escolares da rede privada

Sujeito D

É necessário parceria entre

professores, bibliotecários,

coordenadores, em conjunto, para

valorizar a questão da Literatura

Infantil Maranhense.

Sujeito E

Por incrível que pareça, eu consultei e

pesquisei na internet, lá só me veio os

dois escritores maranhenses: Viriato

Corrêa e Wilson Marques, pois na

verdade a gente queria selecionar

umas obras para o projeto de formação

do leitor da escola. Eu acho o que está

faltando é apoio, pois existem muitos

autores que estão escondidos em seus

locais de trabalhos escrevendo e não

tem nenhum suporte pra levar para o

mercado editorial as suas obras .

Sujeito F

Doações de livros de Literatura

Infantil Maranhense para a biblioteca,

pois, dessa forma, o aluno tem acesso

a essa literatura.

Fonte: elaborado pelo o autor (2012).

O sujeito E alerta para algo que Godinho (1997, p.74) já havia denunciado que é

[...] a falta de incentivo e inexistência de uma política cultural atenta, que priorize o

mais exigente e delicado consumidor: a criança. Paradoxo que deixa longe das

prateleiras e dos olhares públicos uma volumosa produção que está mofando nas

gavetas, até mesmo de autores já consagrados.

É perceptível a iniciativa da entrevistada E em incluir em projetos de incentivo à

leitura da escola esses livros infantis escritos por autores locais, entretanto ela se deparou com

a falta de divulgação existente na internet. Já o sujeito D reivindica a parceria dos professores

e todos os profissionais da escola para a valorização dessa produção literária na biblioteca,

pois essa é a justificativa para ausência de ações de incentivo à Literatura Infantil

Maranhense. No depoimento da bibliotecária D e E, percebe-se a ausência de iniciativa e

predisposição para tornar conhecidas as obras literárias locais para o público infantil.

Page 56: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

54

6 CONCLUSÃO

Pode-se afirmar, a partir dos resultados da pesquisa, que existem ações de

incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense na biblioteca escolar, entretanto isso não

ocorre em todas as instituições que compõe a amostra representativa do estudo. É importante

frisar que algumas dessas ações acontecem de maneira eventual e sem magnitude, pois elas se

restringem a sugestões ou indicações de livros dessa produção literária na hora do empréstimo

e atividades esporádicas, como encontro com os escritores e lançamentos de livros renomados

do gênero. Logo, muitas publicações locais para o público mirim não constam nos acervos das

bibliotecas e nem recebem a divulgação feita pelos bibliotecários nas instituições onde eles

atuam.

Todos os entrevistados acreditam que a biblioteca escolar é um lugar ideal para o

incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense, apesar da prática de muitos sujeitos da

pesquisa, paradoxalmente, não corresponderem com essa crença. O desinteresse em relação à

Literatura Infantil Maranhense está nítido na falta de mobilização dos bibliotecários na

inclusão de mais obras literárias desse gênero nos acervos de suas bibliotecas, pois sabe-se

que, além de Wilson Marques, outros autores escrevem para as crianças, como foi revelado

nas pesquisas de Neres ([2010]), Godinho (1997) e Corrêa (2010), embora haja intervalos de

tempo nos quais não houve nenhuma publicação. Portanto, alguns fatores que foram

identificados no estudo contribuiriam para esse incentivo nas bibliotecas escolares de São

Luís.

O primeiro fator seria a existência de um sistema editorial bem estruturado de

produção, divulgação e distribuição de livros, pois com este os docentes e os bibliotecários

poderiam conhecer essas obras literárias pelos catálogos, um dos instrumentos de seleção

adotados para formação de coleção de uma biblioteca, e, desse modo, selecioná- las, adquiri-

las, incluí- las no acervo.

A presença da Literatura Infantil Maranhense no acervo e o seu uso em atividades

que oportunize a prática da leitura, como a hora do conto, apresentações teatrais, encontros

com o escritor e saraus literários, viabilizariam o contato da criança com essa produção

literária. Outras estratégias poderiam ser aplicadas em uma biblioteca escolar, como produção

textual a partir dos livros de Literatura Infantil Maranhense, leituras compartilhadas, a

promoção de discussões entre os leitores, murais da leitura, entre outros.

Nas instituições da rede pública, o que contribuiria para a mudança da realidade

verificada na pesquisa é a realização de concursos públicos para os bibliotecários os quais são

os profissionais habilitados a atuar em uma biblioteca, pois os funcionários que lá se

Page 57: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

55

encontram não estão habilitados a ocupar essa área, não promovem nenhuma atividade já

mencionada de promoção à leitura e exercem a sua função de guardar o material bibliográfico

e, ao mesmo tempo, de circulação.

Nas escolas da rede privada, o interesse dos bibliotecários em conhecer e dar

visibilidade para os trabalhos literários infantis produzidos no Estado colaboraria com o

incentivo à leitura dessa literatura. Eles precisam driblar com criatividade os obstáculos

existentes, como falta de um sistema editorial estruturado, para, por fim, possibilitar o

encontro dos alunos com a Literatura Infantil Maranhense.

É necessário também que os bibliotecários não permaneçam resignados em suas

atividades rotineiras e possam a inovar a sua prática na biblioteca escolar, criando, por

exemplo, estratégias de como tornar esses lugares atrativos para as crianças. Nesse momento,

torna-se imprescindível reforçar que as tarefas de um bibliotecário não se limitam, segundo

Silva, F. (2005), ao serviço de empréstimo de livros e preparo técnico. Sugere-se também ao

bibliotecário que:

a) Primeiramente, investigue quais os livros de escritores maranhenses desse

gênero constam no acervo. Caso não tenha nenhum título, pesquise na internet, em anuários

literários ou em outras fontes de informação;

b) Em posse do livro, selecione o público alvo para a hora do conto, levando em

consideração o estágio mental da criança para que esta possa entender a mensagem do livro;

c) Para tornar mais atraente aos olhos da criança, incremente a atividade de leitura

com recursos, como álbum seriado ou sanfonado, cineminha, teatro de sombras, slides de

Power Point, fantoches, teatro de varas ou o próprio bibliotecário fantasiado de Cazuza do

Viriato Corrêa ou o Touchê das histórias de Wilson Marques, utilizando o próprio texto.

A promoção do encontro do escritor com os alunos da escola pode se tornar uma

alternativa para a aquisição desses títulos. Contudo, vale ressaltar que, para isso acontecer, é

necessário o bibliotecário conhecer a Literatura Infantil Maranhense e ter predisposição para

essas iniciativas, pois, caso contrário, o desconhecimento sobre essa produção local será

perpetuado para o alunado.

Algo que se deve ressaltar é a desatenção dada ao espaço da biblioteca pelos

gestores das escolas privadas e pelas Secretarias da Educação Municipal e Estadual, visto que

a pesquisa revelou muitas irregularidades, como lugares inapropriados ou adaptados e

ausência de ornamentação lúdica.

Uma vez que se pretende promover atividades de promoção nesses ambientes,

estes necessitam de uma infraestrutura compatível para esse propósito. A biblioteca escolar

Page 58: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

56

deveria ser concebida pelo o corpo docente e pelos bibliotecários como um espaço

pedagógico e de descoberta ao gosto pela leitura. Isso ajudaria no incentivo à leitura de

Literatura Infantil Maranhense.

Em termos de criatividade, infere-se que as obras literárias desse gênero do Estado

não perdem para as de âmbito nacional e estrangeiro. O mais agravante disso revelado pela

pesquisa bibliográfica e observação é a indiferença à memória da produção literária desse

gênero por escritores maranhenses. Não se sabe se estes fazem o depósito legal de suas obras

literárias.

O curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão necessitaria,

em sua nova reformulação da grade curricular, incluir uma disciplina que trouxesse

conhecimentos ligados à Pedagogia. Ademais, é imprescindível promover discussões acerca

da Literatura Infantil Maranhense na disciplina Leitura e formação de leitores, por meio de

realização de seminários, pesquisas e artigos científicos sobre o tema, bem como a inclusão de

livros de escritores maranhenses desse gênero no conteúdo programático e atividades

extensionistas do curso, pois atualmente não existe nenhuma ação com esse propósito.

Também o Estado precisa garantir o apoio, o incentivo e a difusão de

manifestações culturais, estabelecido na Constituição Federal, por meio da promoção de

planos editoriais e concursos literários, visando dar condições para o escritor iniciante ou

renomado possa concluir e publicar o seu livro.

É necessária também a parceria das Secretarias da Educação do Estado e do

Município para que os livros de Literatura Infantil Maranhense sejam incluídos no acervo das

bibliotecas das escolas da rede pública. Espera-se que com esse estudo os Secretários da

Cultura, tanto do Município quanto do Estado, sensibilizem-se e elabore políticas públicas

que favoreça a publicação e exposição de obras de Literatura Infantil Maranhense para as

crianças de nosso Estado.

Page 59: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

57

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Page 64: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

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APÊNDICES

Page 65: Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil

63

APÊNDICE A – Roteiro de perguntas para os profissionais e bibliotecários que atuam em

bibliotecas escolares públicas e privadas

1 – Você recebeu incentivo à leitura? Especifique de quem, em que período de sua vida e

onde isso ocorreu?

2 – Você foi incentivada a ler algum livro de Literatura Infantil Maranhense e a que

você atribui esse fato?

3 – Quais as razões para que haja a quantidade de livros de Literatura Infantil

Maranhense no acervo, constatada na pesquisa de campo?

4 – Você acredita que a biblioteca escolar possa ser um lugar ideal para o incentivo à

leitura de Literatura Infantil Maranhense? Por quê?

5 – O que você faz para tornar a biblioteca escolar um espaço ideal para o incentivo à

leitura de Literatura Infantil Maranhense?

6 – O que poderia contribuir para tornar a biblioteca escolar um espaço ideal para o

incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense?

7 – Quais os escritores e obras que você conhece, além dos livros que consta no acervo de

sua biblioteca escolar?