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PL 490: Entenda a lei O projeto de lei foi protocolado pelo então de- putado federal Homero Pereira, pela procura- doria da república em Mato Grosso, em 2007, com a proposta de alterar o Estatuto do Índio (Lei n° 6.001), promulgado em 19 de dezembro de 1973. Naquela legislatura, a comissão de agricultu- ra, pecuária, abastecimento e desenvolvimento rural deu parecer positivo ao PL, com a justifi- cativa de que qualquer terra poderia acabar nas mãos dos povos indígenas... AMB-1 A Mosquinha Ao fim de um dia de trabalho tudo o que se quer é afastar, ainda que por um curto período, qualquer pensamento da mente. Não estou aqui fazendo uma ode ao ócio criativo, porque nem mesmo para a criatividade temos ânimo nesse contexto. Falo de um pseudo nirvana, um espa- ço breve, mas contínuo, de nada, nadinha, nem um mísero objeto provocando sinapses de qual- quer ordem. C&C-1 Discriminação LGBTQIA+ na Hungria O contexto social no qual o Haiti está inserido, que, para muitos se assemelha a uma guerra ci- vil, é o reflexo da despreocupação mundial ao longo de séculos em uma luta desenfreada con- tra a pobreza. O país estava em 170° lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), em 2019, que avalia 189 países. Seu IDH é de 0,510 (uma medida que vai de 0 a 1), sendo que é tido como o país mais pobre da América. Essa carência advém de muito tempo, mais precisamente, desde 1804 quando, sob domínio francês, os haitianos fizeram uma revolta escra- vocrata, de modo que se tornaram a primeira república negra independente... PSE-2 Em meio a críticas de grupos de direitos humanos e da oposição ao primeiro-ministro Viktor Orbán, 58, que foi primeiro-ministro pela primeira vez de 1998 a 2002, voltou ao governo em 2010 e foi reeleito em 2014 e 2018. O Parlamento da Hungria aprovou uma lei que proíbe a disseminação em escolas de conteúdos que sejam caracterizados como meio de promoção da ho- mossexualidade e da mudança de gênero. Milhares de pessoas participaram na Hungria da Marcha do Or- gulho de Budapeste que, neste ano, teve como tema principal o protesto contra a chamada lei anti-LGBT aprovada pelo governo. Organizadores estimaram a presença de 30 mil pessoas, 50% a mais que o público da edição anterior, em 2019. O acirramento da pola- rização política no país foi uma das causas do com- No dia 9 de junho, TWICE, um dos mais famosos gru- pos femininos de pop coreano, surpreendeu seus fãs brasileiros. A surpresa derivou-se do fato desse grupo ter trazido um estilo Bossa Nova no seu excelente e quase perfeito lançamento de verão “Alcohol-free” (só seria perfeito se, numa parte da letra sobre bebidas de diversos países, como tequila e vinho, fossem citados uma caipirinha ou Velho Barreiro). Assim, chocou muitos com complexo de vira-lata que não estão nem aí com a valorização do gênero que nem seu país pro- genitor dá. Pode passar a coroa, Jobim! Não é a primeira vez que tal façanha acontece: até mesmo a tendência norte-americana Billie Eilish ar- riscou na música Bossa-Nova em seu mais recente ál- bum de estúdio, na canção “Billie bossa nova”. Ainda, o também sul-coreano Seventeen, trouxe influências brasileiras em “Light a flame” (palavras dos próprios integrantes!), faixa inclusa em seu penúltimo miniál- bum Semicolon. Não muito longe dali, no Japão, não é incomum ouvir o gênero brasileiro enquanto se anda pelos sho- ppings e restaurantes. Não à toa, o país é o maior con- sumidor após o Brasil, conforme a Fundação Japão em São Paulo (pois é!). Essa consolidação teve ajuda de artistas japoneses mesmo, como a Lisa Onu, nasci- da em 1962, em São Paulo, que, permanecendo até os 10 anos aqui, cresceu ouvindo Bossa-Nova, o que foi totalmente refletido em sua discografia. Inclusive, um dos álbuns, “Dream”, de 1999, vendeu mais de 200.000 cópias no Japão! Além disso, aJ-Wave, uma das mais populares estações de rádio de Tokyo, tem um progra- ma chamado “Saúde! Saudade...” (nome em português mesmo!), que desde 1988 reproduz músicas latinas, caribenhas e, claro, brasileiras. E não para por aí: a estação, juntamente com a revista Latina, anualmen- te realiza uma premiação chamada “Brazilian Disku Daishō” (ou Grande Prêmio do Disco Brasileiro, em tradução literal), que galardoa os melhores álbuns de música brasileira lançados. Roberto Maxwell, jorna- lista brasileiro e autor do site “Direto Do Japão”, es- creve que a rádio até mesmo lembrou dos 90 anos de Tom Jobim, enquanto, aqui no Brasil, as coisas foram um pouco diferentes, apesar da sua importância para a música nacional. Do outro lado do mundo, nos Estados Unidos, também são memoráveis os feitos desse estilo: “Getz/ Gilberto”, álbum Bossa-Nova e Jazz, de João Gilber- to e Stan Getz, saxofonista norte-americano de Jazz, venceu o “Álbum do Ano”, além de “e Girl From Ipanema”, versão de “Garota de Ipanema” com versos em inglês, ter levado a “Gravação do Ano”, desban- cando até mesmo e Beatles no Grammy Awards de 1964 (É mole?). Ademais, a fama de “Garota de Ipa- nema” foi tão grande que é a segunda música mais reproduzida da história, segundo O Globo, perdendo apenas para o quarteto Beatles, tendo sido recantada por grandes ícones da música, como Amy Winehou- se, Madonna, Cher e Stevie Wonder. Gostosa essa sensação de orgulho, né? O Brasil tem uma cultura riquíssima e deveríamos dar valor a ela. Tudo bem que as letras ou estruturas das músicas mais famosas por aqui podem ser um tanto quanto duvidosas ou repetitivas, mas em todos os países há canções assim. Será que a cultura brasileira não pres- ta mesmo, ou estamos tão cegos aclamando a cultura exterior que nos esquecemos de nossas próprias qua- lidades? Por Kaique Apolinário da Silva Visão dos estrangeiros sobre a Bossa Nova Ilustração por @s4cra_ment0 A Bossa Nova é um gênero musical naturalmente brasileiro, porém conhecido mundialmente. Foto: Denny Müller/Unsplash A sexualização As mulheres lutaram muito para ter os seus di- reitos políticos, trabalhistas, de liberdade de escolha, dentre vários outros e, até hoje, con- tinuam lutando. No esporte, a história não foi diferente. A sexualização feminina no esporte Esse machismo advém de raízes históricas da Grécia Antiga. As pessoas acreditavam que os esportes eram uma forma de masculinizar a mulher, além de, segundo eles, as mulheres não terem porte físico para fazer exercícios. Ainda mais, no antigo território grego, elas eram bani- das e não podiam nem sequer assistir as dispu- tas, entrando tardiamente nesse mundo de com- petições. Somente nos anos 1896, as mulheres puderam começar a assistir aos jogos, e, em 22 de maio de 1900, ocorreu a primeira participa- ção feminina nos Jogos Olímpicos. APN-1 A chegada do jornal Agraciado pelo público logo na sua primeira edição, o Jornal Metacrático, lançado no dia 23 de junho, instalou-se nos meios de comunicação como um projeto escolar revolucionário. Pensa- do e montado por e para os alunos, sempre com a parceria e orientação do corpo docente, a ini- ciativa revelou potenciais vozes de escrita, ilus- tração e design da Etec Aristóteles Ferreira, as quais tiveram a oportunidade de serem ouvidas por meio das produções jornalísticas. Tudo começou com a ideia de uma aluna, Júlia Wong, do 2º ano do Ensino Médio Regu- lar, apresentada à Direção e rapidamente posta em prática pela Agência Digital EtecAF, outro projeto iniciado concomitantemente que cuida da divulgação de materiais do colégio e da orga- nização de outras iniciativas escolares. A partir desse momento, uma equipe de alunos foi for- mada e o processo de desenvolvimento do jor- nal foi inaugurado. PSE-2 nº 2 03/09/2021 parecimento à manifestação, apesar da ainda presente pandemia de Covid-19. Orbán comanda o país desde 2010. Para o coman- do do Governo, tem apostado numa postura cada vez mais radical em políticas sociais, impondo restrições à comunidade LGBT, às discussões de gênero e às políticas de imigração, o que tem gerado revolta em massa na população da Hungria. Nos últimos dois anos, Orbán promoveu uma escalada de ataques a direitos LGBT, entre eles a proibição de que transgê- neros possam mudar de nome e a definição legal de família como apenas aquela formada por um pai do sexo masculino e uma mãe do sexo feminino. Por Isabelli Vitória Santos da Silva Um país quebrado

Um país quebrado Visão dos estrangeiros sobre a Bossa Nova

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Page 1: Um país quebrado Visão dos estrangeiros sobre a Bossa Nova

PL 490: Entenda a leiO projeto de lei foi protocolado pelo então de-putado federal Homero Pereira, pela procura-doria da república em Mato Grosso, em 2007, com a proposta de alterar o Estatuto do Índio (Lei n° 6.001), promulgado em 19 de dezembro de 1973.

Naquela legislatura, a comissão de agricultu-ra, pecuária, abastecimento e desenvolvimento rural deu parecer positivo ao PL, com a justifi-cativa de que qualquer terra poderia acabar nas mãos dos povos indígenas... AMB-1

A MosquinhaAo fim de um dia de trabalho tudo o que se quer é afastar, ainda que por um curto período, qualquer pensamento da mente. Não estou aqui fazendo uma ode ao ócio criativo, porque nem mesmo para a criatividade temos ânimo nesse contexto. Falo de um pseudo nirvana, um espa-ço breve, mas contínuo, de nada, nadinha, nem um mísero objeto provocando sinapses de qual-quer ordem. C&C-1

Um país quebrado

Discriminação LGBTQIA+ na Hungria

O contexto social no qual o Haiti está inserido, que, para muitos se assemelha a uma guerra ci-vil, é o reflexo da despreocupação mundial ao longo de séculos em uma luta desenfreada con-tra a pobreza. O país estava em 170° lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), em 2019, que avalia 189 países. Seu IDH é de 0,510 (uma medida que vai de 0 a 1), sendo que é tido como o país mais pobre da América.

Essa carência advém de muito tempo, mais precisamente, desde 1804 quando, sob domínio francês, os haitianos fizeram uma revolta escra-vocrata, de modo que se tornaram a primeira república negra independente... PSE-2

Em meio a críticas de grupos de direitos humanos e da oposição ao primeiro-ministro Viktor Orbán, 58, que foi primeiro-ministro pela primeira vez de 1998 a 2002, voltou ao governo em 2010 e foi reeleito em 2014 e 2018.

O Parlamento da Hungria aprovou uma lei que proíbe a disseminação em escolas de conteúdos que sejam caracterizados como meio de promoção da ho-mossexualidade e da mudança de gênero. Milhares de pessoas participaram na Hungria da Marcha do Or-gulho de Budapeste que, neste ano, teve como tema principal o protesto contra a chamada lei anti-LGBT aprovada pelo governo. Organizadores estimaram a presença de 30 mil pessoas, 50% a mais que o público da edição anterior, em 2019. O acirramento da pola-rização política no país foi uma das causas do com-

No dia 9 de junho, TWICE, um dos mais famosos gru-pos femininos de pop coreano, surpreendeu seus fãs brasileiros. A surpresa derivou-se do fato desse grupo ter trazido um estilo Bossa Nova no seu excelente e quase perfeito lançamento de verão “Alcohol-free” (só seria perfeito se, numa parte da letra sobre bebidas de diversos países, como tequila e vinho, fossem citados uma caipirinha ou Velho Barreiro). Assim, chocou muitos com complexo de vira-lata que não estão nem aí com a valorização do gênero que nem seu país pro-genitor dá. Pode passar a coroa, Jobim!

Não é a primeira vez que tal façanha acontece: até mesmo a tendência norte-americana Billie Eilish ar-riscou na música Bossa-Nova em seu mais recente ál-bum de estúdio, na canção “Billie bossa nova”. Ainda, o também sul-coreano Seventeen, trouxe influências brasileiras em “Light a flame” (palavras dos próprios integrantes!), faixa inclusa em seu penúltimo miniál-bum Semicolon.

Não muito longe dali, no Japão, não é incomum ouvir o gênero brasileiro enquanto se anda pelos sho-ppings e restaurantes. Não à toa, o país é o maior con-sumidor após o Brasil, conforme a Fundação Japão em São Paulo (pois é!). Essa consolidação teve ajuda de artistas japoneses mesmo, como a Lisa Onu, nasci-da em 1962, em São Paulo, que, permanecendo até os 10 anos aqui, cresceu ouvindo Bossa-Nova, o que foi totalmente refletido em sua discografia. Inclusive, um dos álbuns, “Dream”, de 1999, vendeu mais de 200.000 cópias no Japão! Além disso, aJ-Wave, uma das mais populares estações de rádio de Tokyo, tem um progra-ma chamado “Saúde! Saudade...” (nome em português mesmo!), que desde 1988 reproduz músicas latinas, caribenhas e, claro, brasileiras. E não para por aí: a estação, juntamente com a revista Latina, anualmen-

te realiza uma premiação chamada “Brazilian Disku Daishō” (ou Grande Prêmio do Disco Brasileiro, em tradução literal), que galardoa os melhores álbuns de música brasileira lançados. Roberto Maxwell, jorna-lista brasileiro e autor do site “Direto Do Japão”, es-creve que a rádio até mesmo lembrou dos 90 anos de Tom Jobim, enquanto, aqui no Brasil, as coisas foram um pouco diferentes, apesar da sua importância para a música nacional.

Do outro lado do mundo, nos Estados Unidos, também são memoráveis os feitos desse estilo: “Getz/Gilberto”, álbum Bossa-Nova e Jazz, de João Gilber-to e Stan Getz, saxofonista norte-americano de Jazz, venceu o “Álbum do Ano”, além de “The Girl From Ipanema”, versão de “Garota de Ipanema” com versos em inglês, ter levado a “Gravação do Ano”, desban-cando até mesmo The Beatles no Grammy Awards de 1964 (É mole?). Ademais, a fama de “Garota de Ipa-nema” foi tão grande que é a segunda música mais reproduzida da história, segundo O Globo, perdendo apenas para o quarteto Beatles, tendo sido recantada por grandes ícones da música, como Amy Winehou-se, Madonna, Cher e Stevie Wonder.

Gostosa essa sensação de orgulho, né? O Brasil tem uma cultura riquíssima e deveríamos dar valor a ela. Tudo bem que as letras ou estruturas das músicas mais famosas por aqui podem ser um tanto quanto duvidosas ou repetitivas, mas em todos os países há canções assim. Será que a cultura brasileira não pres-ta mesmo, ou estamos tão cegos aclamando a cultura exterior que nos esquecemos de nossas próprias qua-lidades?

Por Kaique Apolinário da Silva

Visão dos estrangeiros sobre a Bossa Nova

Ilustração por @s4cra_ment0

A Bossa Nova é um gênero musical naturalmente brasileiro, porém conhecido mundialmente. Foto: Denny Müller/Unsplash

A sexualizaçãoAs mulheres lutaram muito para ter os seus di-reitos políticos, trabalhistas, de liberdade de escolha, dentre vários outros e, até hoje, con-tinuam lutando. No esporte, a história não foi diferente.

A sexualização feminina no esporteEsse machismo advém de raízes históricas

da Grécia Antiga. As pessoas acreditavam que os esportes eram uma forma de masculinizar a mulher, além de, segundo eles, as mulheres não terem porte físico para fazer exercícios. Ainda mais, no antigo território grego, elas eram bani-das e não podiam nem sequer assistir as dispu-tas, entrando tardiamente nesse mundo de com-petições. Somente nos anos 1896, as mulheres puderam começar a assistir aos jogos, e, em 22 de maio de 1900, ocorreu a primeira participa-ção feminina nos Jogos Olímpicos. APN-1

A chegada do jornalAgraciado pelo público logo na sua primeira edição, o Jornal Metacrático, lançado no dia 23 de junho, instalou-se nos meios de comunicação como um projeto escolar revolucionário. Pensa-do e montado por e para os alunos, sempre com a parceria e orientação do corpo docente, a ini-ciativa revelou potenciais vozes de escrita, ilus-tração e design da Etec Aristóteles Ferreira, as quais tiveram a oportunidade de serem ouvidas por meio das produções jornalísticas.

Tudo começou com a ideia de uma aluna, Júlia Wong, do 2º ano do Ensino Médio Regu-lar, apresentada à Direção e rapidamente posta em prática pela Agência Digital EtecAF, outro projeto iniciado concomitantemente que cuida da divulgação de materiais do colégio e da orga-nização de outras iniciativas escolares. A partir desse momento, uma equipe de alunos foi for-mada e o processo de desenvolvimento do jor-nal foi inaugurado. PSE-2

nº 203/09/2021

parecimento à manifestação, apesar da ainda presente pandemia de Covid-19.

Orbán comanda o país desde 2010. Para o coman-do do Governo, tem apostado numa postura cada vez mais radical em políticas sociais, impondo restrições à comunidade LGBT, às discussões de gênero e às políticas de imigração, o que tem gerado revolta em massa na população da Hungria. Nos últimos dois anos, Orbán promoveu uma escalada de ataques a direitos LGBT, entre eles a proibição de que transgê-neros possam mudar de nome e a definição legal de família como apenas aquela formada por um pai do sexo masculino e uma mãe do sexo feminino.

Por Isabelli Vitória Santos da Silva

Um país quebrado

Page 2: Um país quebrado Visão dos estrangeiros sobre a Bossa Nova

A CPI dos Correios, que ocorreu em 2005, foi impor-tantíssima, pois deu origem a Comissão Parlamentar de Inquérito Mensalão. Sendo comum Comissões ge-rarem outras novas, porém, essas se destacam, refle-tindo em debates e intrigas até hoje.

Em 2005, foi criada a CPI após a publicação de uma denúncia no jornal Veja, que apontava um es-quema de corrupção envolvendo Maurício Marinho, o diretor do Departamento de Contratação e Admi-nistração de Material dos Correios e Telégrafos, e Roberto Jefferson, presidente do PTB (Partido Traba-lhista Brasileiro). Durante o andamento, o foco maior foi nas denúncias de corrupção nas estatais, sendo a

principal a dos Correios, expondo corrupção na cú-pula da estatal. O relatório final, emitido em 2006, pe-diu o indiciamento de irregularidade de mais de 100 pessoas, entre eles ex-ministros, integrantes de parti-dos e empresários.

O que liga essas duas CPIs, porém, é um vídeo que foi descoberto no decorrer da CPI dos Correios, no qual Maurício Marinho é flagrado por uma câmera oculta pedindo propina a empresários que queriam participar de uma licitação. No mesmo ano em que o vídeo foi divulgado, foi criada a CPI do Mensalão, baseada nessa gravação e nas ligações que podia-se relacionar com o governo Lula. De forma geral, a sus-

peita era de que estariam sendo passadas verbas para parlamentares a fim de obter apoio e de passar as pro-postas interessantes ao governo. Falo “estariam”, pois, devido ao não prolongamento da CPI, as investiga-ções ficaram inconcluídas. No relatório, o deputado Ibrahim Abi-Ackel, do partido Progressista de Minas Gerais, afirmou que houve pagamentos à campanha presidencial do PT de 2002 e repasses indevidos a parlamentares. Responsabilizou o empresário Marcos Valério e o publicitário Duda Mendonça, que fez a campanha do presidente Lula.

Por Pedro Henrique de Oliveira Bertini

A CPI dos Correios e do Mensalão

Em países menos favorecidos, o caos político, falta de emprego, segurança e altos índices de violência levam os seus cidadãos a migrarem a países mais bem suce-didos, em busca de uma melhor qualidade de vida. Se você está minimamente antenado no mundo a sua volta, logicamente sabe nomear algumas nações que se encaixam perfeitamente no cenário descrito; uma delas é os EUA e algumas nações da América Central.

Os dados mostram que o fluxo de pessoas imi-grando para os Estados Unidos está em alta: apenas no mês de junho, segundo as informações da Alfân-dega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP, na sigla em inglês), 188.829 pessoas foram detidas ao chega-rem em solo norte americano, maior número desde abril de 2000.

Um dos dados mais preocupantes é do número de crianças desacompanhadas ao entrarem no país: 15 mil no mês de junho. As crianças e adolescentes ficam em centros da CBP espalhados pelo país. O próprio órgão do governo mostrou a precariedade de uma instalação na cidade de Donna, Texas, que estava abri-gando 4 mil jovens quando o limite previsto era 250.

Segundo os menores de idade que ficaram dias no local, a instalação é precária, não há colchonetes para todos e existem goteiras no lugar, além da comida, às vezes, ser insuficiente. Funcionários de um centro de acolhimento disseram a repórteres do jornal BBC News que, “Estão todos deprimidos. Ouvi outro dia que vários estavam pensavam em suicídio por causa das condições aqui.”

Em resposta, a organização afirma que os jovens são bem alimentados, tem roupas limpas, educação, atividades recreativas e atendimento médico. Afir-mam ainda que o governo está trabalhando para a re-dução do tempo em que as crianças ficam em abrigos do Estado, que é em média um mês

Segundo a psiquiatra Amy Cohen, que tem mais de 30 anos de experiência com crianças traumatiza-das, “Mesmo depois de semanas após terem passado por essas condições, muitas crianças correm mais risco de desenvolver doenças psiquiátricas graves no decorrer da vida, com maior risco de abuso de subs-tâncias e maior risco de suicídio”.

Agora, retomando a fala de que imigrantes buscam países “mais bem sucedidos” que sua terra natal, não necessariamente perfeitamente estáveis, uma história similar acontece em solo brasileiro: a situação de imi-grantes venezuelanos.

No mês de junho, o Brasil flexibilizou a entrada de

imigrantes no país: para aqueles que estão em vulne-rabilidade social, sendo elas crianças ou adolescentes desacompanhados, famílias com crianças ou adoles-centes, pessoas com problemas de saúde, idosos e pes-soas que sofrem grave ameaça à integridade física.

Foram relatados casos de famílias inteiras de imi-grantes dormindo nas ruas, enquanto aguardam sua vez no posto de atendimento da Operação Acolhida (força-tarefa do Exército responsável por atender imi-grantes venezuelanos no país). Os locais que abrigam os estrangeiros estão perto da lotação e conseguir en-trar é difícil. Segundo a nota do Exército brasileiro, a taxa de ocupação de abrigos é de 88%, enquanto a de alojamentos é 71%, mas as vagas distribuídas por dia são limitadas.

No grupo de imigrantes que batalham pela sua in-

teriorização e esperam vagas nos alojamentos e abri-gos, há idosos, deficientes e muitas crianças em estado de insalubridade, que estão expostos a multidão e, em maioria, não fazem uso de máscara nem de nenhum item de proteção contra a Covid-19.

Apesar da enorme diferença entre os países de chegada dos imigrantes e a linha, nada tênue, entre querer e poder, o tratamento dado às pessoas em tal estado de vulnerabilidade é muito similar: é muito precário. Esse processo deixa aos milhares de adoles-centes e crianças - que fogem de sua terra natal em busca de uma vida melhor - a difícil opção entre um inferno e outro, de forma desumana e inevitável.

Por Ana Beatriz Fernandes Alves

Imigração no Brasil e Estados Unidos: a situação das crianças no meio da tempestade

PSE-1Político, Social e Econômico

Fotografia do Congresso Nacional. Fonte

“A situação em que os imigrantes chegam a estes países é preocupante.”Foto: Pixpoetry/Unsplash

Page 3: Um país quebrado Visão dos estrangeiros sobre a Bossa Nova

O contexto social no qual o Haiti está inserido, que, para muitos se assemelha a uma guerra civil, é o re-flexo da despreocupação mundial ao longo de séculos em uma luta desenfreada contra a pobreza. O país es-tava em 170° lugar no ranking do Índice de Desenvol-vimento Humano (IDH), em 2019, que avalia 189 paí-ses. Seu IDH é de 0,510 (uma medida que vai de 0 a 1), sendo que é tido como o país mais pobre da América.

Essa carência advém de muito tempo, mais preci-samente, desde 1804 quando, sob domínio francês, os haitianos fizeram uma revolta escravocrata, de modo que se tornaram a primeira república negra inde-pendente (influenciados pela Revolução Francesa). Todavia, o mundo declarou boicote à república, pois contradizia aos seus valores na época. Desse modo, os haitianos não conseguiram reconhecimento estran-geiro, de forma que o país ficou impossibilitado de exportar e importar quaisquer produtos. A situação piora quando a ex-metrópole - França - começa a co-brar a indenização de ex-donos de terras e escravos, de modo que essa só vem a ser quitada (com diversos juros) em 1922. Foi essa dívida que quebrou a econo-mia haitiana.

Nesse período, porém, os Estados Unidos ocupa-vam de forma opressora o território sob fins militares, e permaneceram lá de 1915 até 1938, onde, mesmo com a sua desocupação, apoiaram a escolha ferre-nha dos haitianos ao colocar no poder a dinastia dos Duvalier, o François Duvalier, apelidado como Papa Doc, e Jean-Claude Duvalier - também conhecido por Baby Doc - assumindo o cargo de presidente su-cessivamente; bem como, a partir dos anos 60 alimen-taram o sentimento de medo na sociedade por meio do seu regime brutal.

Atualmente, o Haiti está enfrentando um dos pio-res surtos de violência desde 1986, com 76 gangues e milícias atuando – muitas vezes com laços de estado – de forma intoleravelmente cruel e de modo a elabo-rar diversos sequestros (sendo em média 10 por dia), além de queimar casas, muitas vezes com pessoas dentro, dentre outras inúmeras atrocidades. Durante o atual governo, que era dirigido por Jovenel Moise, morto em um ataque a tiros em sua residência no dia 7 de julho de 2021, os crimes tiveram um abrupto au-mento de 200%.

As transgressões estão tão recorrentes que o sis-tema de justiça criminal - também - não faz a devi-da justiça, até porque não há estruturas e segurança que comportem um sistema judicial como um todo, de maneira que as prisões do Haiti estão superlotadas e com diversos presos vivendo de forma desumana. Em setembro de 2020, as prisões abrigavam cerca de 11.000 detentos, dos quais 78% aguardavam julga-mento. Em 2019, a suspensão de seis semanas das au-diências judiciais no pico dos protestos aumentou o número de pessoas em prisão preventiva e colaborou coma situação em que hoje se encontram os presídios.

A situação de precariedade é extremamente séria, pois as comunidades mais vulneráveis enfrentam ris-cos ambientais – além dos rotineiros, como sequestro, assassinato, entre outros causado por esse descontrole social – , incluindo o desmatamento generalizado, po-luição industrial e acesso limitado a água potável e sa-neamento básico. De acordo com agências internacio-nais, cerca de 4,1 milhões de haitianos - mais de um terço - vivem com insegurança alimentar e 2,1% das crianças sofrem de desnutrição grave. A decadência pluvial, agravada pelo aumento das temperaturas por efeito da mudança climática, também afeta, de forma agravante, grande parte do país.

Todo esse cenário em que os haitianos se encon-tram hoje é um completo descaso, de modo que eles sonham em recomeçar suas vidas em outras localida-des, longe de todo caos, hostilidade e despreocupação por parte de entidades que deveriam ser competentes para a solução de tais problemas apresentados. É por esses motivos que o país é um dos que mais se prati-ca o êxodo em estados de total precariedade. Muitas pessoas se encontram nessa situação devido aos de-sastres naturais, como o furacão Matthew em 2016 e o

Um país que foi quebrado pelo mundo

PSE-2

Agraciado pelo público logo na sua primeira edição, o Jornal Metacrático, lançado no dia 23 de junho, ins-talou-se nos meios de comunicação como um proje-to escolar revolucionário. Pensado e montado por e para os alunos, sempre com a parceria e orientação do corpo docente, a iniciativa revelou potenciais vo-zes de escrita, ilustração e design da Etec Aristóteles Ferreira, as quais tiveram a oportunidade de serem ouvidas por meio das produções jornalísticas.

Tudo começou com a ideia de uma aluna, Júlia Wong, do 2º ano do Ensino Médio Regular, apresen-tada à Direção e rapidamente posta em prática pela Agência Digital EtecAF, outro projeto iniciado con-comitantemente que cuida da divulgação de mate-riais do colégio e da organização de outras iniciativas escolares. A partir desse momento, uma equipe de alunos foi formada e o processo de desenvolvimento do jornal foi inaugurado.

Ao longo de cada mês, procura-se fomentar no aluno uma vontade de conhecer e pesquisar o mun-do, suas relevantes pautas e os impactos delas na vida cotidiana. Traz-se, também, o aperfeiçoamento da comunicação interpessoal escrita e diária, juntamen-

te com a possibilidade de se evoluir como comuni-dade. Traduzindo para os termos da Diretora Geral, Fabiana Golz, “O projeto auxilia no desenvolvimento de um olhar crítico para informações que convive-mos, principalmente em um momento em que so-mos diariamente bombardeados de notícias falsas. Ampliar a percepção e filtrar informações, buscar sua origem, avaliar cenários (...)”.

Para além dos benefícios mais óbvios, o jornal au-xilia na transformação do ambiente escolar, na qual as propostas educacionais devem ser reavaliadas para que haja um maior engajamento dos alunos e uma maior coerência para com o cenário atual. De acordo com o Coordenador André Reis “precisamos repen-sar a nossa forma de ensinar,u avaliar e criar proje-tos. (...) Eles precisam continuar existindo para quem acredita que eles possam fazer a diferença”. Nesse momento da educação brasileira, agravada pelo con-texto pandêmico – uma expressão que ninguém mais suporta ler -, a relação estudante-professor necessita inovações urgentes para evitar, ou melhor, diminuir um possível desgaste dos docentes e para impedir a evasão escolar causada pelo desinteresse do aluno.

Nesse sentido, a escola, com o apoio de um cenário socioeconômico favorável, deve ser capaz de prender seus jovens para a formação de membros ativos da sociedade, conscientes do seu papel cidadão. Na fala da Coordenadora Pedagógica, Maristela Gamba, isso casa perfeitamente com o projeto; “Acredito que o maior objetivo do projeto seja despertar o interesse nos alunos”, afirma ela.

Por fim, vale a reflexão sobre a importância dos leitores deste Jornal apoiarem iniciativas como esta. Um âmbito escolar efetivo só se constrói em conjunto com o mundo externo. O que, no momento presente, se tem como indivíduo (aluno), brevemente será uma peça-chave na movimentação da engrenagem social: deve-se, então, tratá-la com atenção, amparando-a e aparando-a. É necessário ter em mente que a edifica-ção do estudante será o instrumento basilar que ele utilizará para criar a posterioridade, portanto, preste-mos atenção no agora, no hoje, para que um amanhã seja possível.

Por Júlia Pereira Wong

A chegada do Jornal Metacrático

Político, Social e Econômico

Ilustração por @s4cra_ment0terremoto de 2010, movimento emigratório que vem sendo incentivado cada vez mais devido ao alto índi-ce de violência. Ademais, há pessoas que vivem em campos deslocados ou em assentamentos informais sem supervisão do governo e as autoridades não for-necem assistência para devolvê-los ou reassentá-lo ou até para garantir seus direitos básicos nas residências.

Por Grazielly Castilho Guimarães

Page 4: Um país quebrado Visão dos estrangeiros sobre a Bossa Nova

PSE-3Político, Social e Econômico

Entre os séculos XVII e XVIII, o teórico John Locke percebeu necessidade da visão no poder político. Al-gumas décadas depois, Charles Montesquieu se ba-seou em John Locke e Aristóteles para criar a obra “O Espírito das Leis”. Nesse livro, o pensador criou a teoria dos três poderes, que divide o poder antes regi-do por um rei ou imperador em três, assim podendo solucionar as falhas do regime absolutista.

No livro, Montesquieu aponta que os três poderes: Legislativo, o Executivo e o Judiciário, deveriam se equilibrar entre a autonomia e a intervenção; quando um poder estiver autoritário ou for além de suas obri-gações, os demais poderão interferir e colocar tudo em seu devido lugar.

Os poderes criados podem ter variações de funções de acordo com o país. No Brasil, o Poder Legislativo funciona da seguinte forma:

Muitos não sabem o que é ou para que serve o Po-der Legislativo. Por isso nem se importam em quem votam e elegem qualquer variador, deputado e sena-dor. O Poder Legislativo tem como função criar novas leis para melhorar a qualidade de vida das pessoas e manter o funcionamento do país. Sua função secun-dária é fiscalizar o Poder Executivo.

Você sabe quem são os vereadores do seu municí-pio ou os deputados do estado?

A função dos vereadores é dar voz ao interesse e necessidades do município, criar leis de acordo com elas e as representar na câmera municipal. Além disso, também são eles que avaliam o governo do prefeito, a fim de ver se o dinheiro foi investido de maneira cor-reta ou houve corrupção.

A Câmara Municipal é onde os vereadores deba-tem sobre ações, criam projetos de leis (PL) e fiscali-zam o governo municipal local.

Deputados Estaduais cumprem o que não é atribu-ído à Câmara municipal, como fiscalizar o funciona-mento do Ministério Público, entre outras. Eles deve-riam representar os interesses públicos e criar projetos de leis (PLs) de acordo com seus eleitores e sua cam-panha. Outra de suas funções é fiscalizar o governador e sua administração.

Assembleia Legislativa é formada por deputados e tem como principal função julgar contas e votar em projetos de lei.

Senadores tem como uma de suas atribuições a participação de Comissões do Senado em que se dis-cutem problemas específicos e o debate à fundo de projetos de leis (PL) ou da criação deles.

O Senado é também uma casa revisadora de proje-tos de leis (PL) e emendas constitucionais.

Os Deputados Federais podem propor novas leis, sugerir a alteração ou revogar as leis existentes, in-cluindo a própria Constituição.

Congresso Nacional é formado pelo Senado e pelos deputados federais a fim de criar ou rever novas leis e aceitar ou recusar o orçamento anual, entre outros.

Com base no breve resumo acima, resta a indaga-ção: se o Poder Legislativo, em teoria, deveria pensar

muito no bem-estar do povo e representá-lo, por qual motivo isso não acontece? O Poder Legislativo deveria fiscalizar o Poder Executivo, mas por que quase não vemos nada a respeito? A resposta é simples: o seu voto e o de todos ao seu entorno tem importância. Mesmo que a cidade ou a mídia não dê destaque às eleições de vereadores, senadores e deputados, elas têm grande impacto sobre a nossa qualidade de vida. Se continu-armos ignorando ou votando em qualquer candidato

não haverá mudança no sistema político brasileiro. A política no Brasil atual está passando por um

momento conturbado; o excesso de informação pode ser um meio de deixá-la ainda pior. Preste atenção no mandato de seus políticos e exija resposta por suas promessas não terem sido cumpridas e talvez conse-guiremos seguir para um futuro sem corrupção.

Por Luan Gabriel Alves do Nascimento

Os três poderes - LegislativoIlustração por @s4cra_ment0

O grande impacto das manifestações

As manifestações são atos que expressam as opiniões públicas dos cidadãos, nelas os indivíduos soltam a voz para tentar mudar problemas políticos, sociais ou econômicos.

Essas passeatas mostram que temos o direito de expressão e que precisamos ser ouvidos, isso é a de-mocracia. Ir às urnas há cada dois anos é apenas um detalhe, a democracia é uma luta diária pois sempre tentam nos calar e propor um regime autoritário, en-tretanto nossa melhor linha de defesa sempre será a exposição das nossa ideias.

Os protestos muitas vezes resultam em direitos, sendo assim as lutas nunca serão em vão, para que hoje as mulheres tivessem o direito ao voto, muitas morreram protestando por todas nós.

Um dos maiores movimentos políticos foi o “Di-retas já” na qual lutamos para votar através de elei-ções a fim de escolher o presidente da República. Esse movimento ocorreu em diversas cidades do Brasil em março de 1983 e a resposta do governo foi a elei-ção indireta de Tancredo Neves e aprovação de uma Assembleia Constituinte.

Todavia durante o João Figueiredo tentou repri-mir a manifestação aumentando a censura sobre a imprensa e ordenou prisões fazendo com que os poli-ciais agissem de forma agressiva. Por fim esse protes-to teve grande importância para a redemocratização do Brasil.

Com este exemplo concluímos que se quisermos conquistar algo precisamos ir às ruas, com o intuito de expressar o nosso descontentamento mostrando

todos os argumentos possíveis para que por fim algo seja feito ao nosso favor.

Por outro lado alguns movimentos não têm um bom desfecho, trazendo mais prejuízos do que con-quistas, como foi o caso a seguir, a mobilização estu-dantil em 2016 que aconteceu em praticamente todos os estados do país, onde o povo tinha o objetivo de combater a corrupção, além de lutar por um maior investimento em educação a fim de melhorar as con-dições estudantis de crianças e professores. A maior causa dessa manifestação foi a falta de merenda e de infraestrutura nas escolas.

O desfecho deste movimento foi a morte de 2 pessoas e mais de 200 feridos e nenhuma mudança no governo, os problemas continuaram fazendo com que a educação nacional permanecesse um caos.

Podemos ter a certeza que as manifestações tem muito mais impacto quando o assunto abrange di-versas classes, e o papel dela na democracia é amplo, vemos cada dia mais a diferença de expor nossa opi-nião e sair da zona de conforto podendo mostrar o que de fato queremos e muitas vezes buscando um bem comum, isso faz com que os governos também saiam de sua zona de conforto e em tese façam tudo possível pela população.

Com o resultado de muitas manifestações le-vamos como heranças, por todos que batalharam e batalham por nossos direitos e por tudo que de fato merecemos.

Por Clara da Silva Barriento Ilustração por @s4cra_ment0

Page 5: Um país quebrado Visão dos estrangeiros sobre a Bossa Nova

As enchentes são uma consequência natural de quando há muita chuva. Podem causar irregularidades no piso, lixo em bueiros ou ocupação irregular do solo. Mas, para os diversos tipos de solos, existem vários tipos de enchentes, e elas são:

Enchentes - São caracterizadas com o nível de elevação do canal de drenagem por causa do aumento da vazão, que atinge o limite do canal, mas sem extravasar; Alagamento - Os alagamentos são o acúmulo de águas em um momento específico e em lugares com baixo ní-vel do canal de drenagem; Inundação - Inundação é quando há um transborda-mento de um curso d´água e isso acaba atingindo uma planície, existindo três tipos dela: Inundação fluvial - é quando acontece uma chuva forte que causa um transbordamento da água de rios e lagos; Inundação marítima - originadas por grandes ondas e ressacas; Inundação artificial - é causada por falhas dos huma-nos, como rompimentos de barragens, acidentes no uso de comportas, etc. Enxurrada - por último, temos a enxurrada, que é o escoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte, que não está envolvido com áreas de do-mínio dos processos fluviais.

As enchentes, porém, não são apenas isso. Um exemplo são os bairros pobres, que não recebem a de-vida atenção do governo em relação a encanação do lugar, o que resulta em enchentes que transbordam a casas das pessoas, uma realidade triste na vida do brasi-leiro e que pode acabar com vidas, principalmente aqui na Baixada Santista. Isso é o que, exatamente, aconte-ceu na Zona Noroeste, onde em Santos, no bairro Santa Maria, e São Vicente, no Jardim Paraíso, houve cheias

por conta da maré alta, dificultando os ciclistas e pe-destres a andar pelas ruas. Contudo, não são apenas os bairros pobres que sofrem com isso, bairros ricos têm sofrido com as enchentes também.

Outro exemplo mais extremo é o que ocorreu em Santos, na Rua Paraíba: o lugar ficou completamente alagado. O nível da água estava tão alto que os veículos localizados no edifício ficaram completamente sub-mersos. Segundo moradores, a água foi tanta que que-brou a porta da garagem, o que inundou o lugar. Tam-bém temos outro exemplo parecido que ocorreu fora do nosso país, mais especificamente em Londres, onde após altas ondas de calor foi registrado uma chuva in-tensa que alagou as estações de metrô e as moradias do lugar. O corpo de bombeiros recebeu mais de mil ligações de motoristas que estavam presos na enchen-

te, mas, após o ocorrido, o prefeito de Londres afirmou que a cidade estava cada vez mais vivendo incidentes climáticos.

A Vila São Jorge, onde moro, em São Vicente passa por enchentes todo ano, pois é um lugar que alaga toda vez que chove. Há pessoas que passam por isso toda vez que cai uma chuva de verão, causada pelo calor in-tenso, provocando uma chuva muito forte e a alta da maré.

Todos esses fatores juntos causam grandes estragos. Uma opção viável para melhorar essa situação seria deixar o leito do canal mais profundo e campanhas de conscientização para não jogar lixo na rua, porque o descarte indevido piora a situação.

Por Matheus dos Santos Banhiuk

Enchentes

AMB-1Ambiente

PL 490: Entenda o que é o projeto que afeta a vida dos povos indígenas

O projeto de lei foi protocolado pelo então deputado federal Homero Pereira, pela procuradoria da repú-blica em Mato Grosso, em 2007, com a proposta de alterar o Estatuto do Índio (Lei n° 6.001), promulgado em 19 de dezembro de 1973. Naquela legislatura, a co-missão de agricultura, pecuária, abastecimento e de-senvolvimento rural deu parecer positivo ao PL, com a justificativa de que qualquer terra poderia acabar nas mãos dos povos indígenas. Já a comissão de direitos humanos o rejeitou por considerar o PL uma tentativa de acabar com as demarcações de terras.

De lá para cá, em 17 anos, o projeto recebeu 13 novos pontos (apensos) e foi arquivado e desarquiva-do três vezes. Após ser desengavetado mais uma vez, na gestão Bolsonaro, o relator do PL, Arthur Maia (DEM-BA), protocolou um texto-substitutivo, apro-vado na íntegra, sem qualquer alteração proposta por outros deputados, na comissão de constituição e justi-ça (CCJ). O PL 490, portanto, será encaminhado para votação no plenário da Câmara dos deputados.

Maurício Terena, indígena do povo terena de Mato Grosso do Sul e assessor jurídico da articulação dos povos Indígenas do Brasil, explica que é preciso colo-car em análise o cenário político nacional atual, com o presidente Jair Bolsonaro. Também cita sobre a ban-cada ruralista que já se fazia presente em 2007, mas o presidente era o Lula.

“Nós fizemos manifestações durante os governos petistas, mas os ataques não eram tão graves e incons-titucionais.”

No atual governo, de fato, as violências contra in-dígenas cresceram. De 2018 para 2019, segundo os últimos dados do relatório do conselho Indigenista Missionário (Cimi), casos de invasões de terras indíge-nas cresceram 135% e a violência contra eles dobrou. Vale lembrar que o PL 490 é apoiado massivamente por ruralistas. Assim, prevendo alterações nas regras de demarcação de terras indígenas. De acordo com a constituição, essas demarcações devem ser feitas pela União, por meio da abertura de um processo adminis-trativo pela Funai, com equipe técnica multidiscipli-nar, que inclui um antropólogo. Não há necessidade de comprovar a data da posse da terra, uma vez que os indígenas são os povos originários, ou seja, já estavam por aqui quando os europeus chegaram.

O PL 490, no entanto, cria um “marco temporal”: só serão consideradas terras indígenas os lugares ocu-pados por eles até o dia 5 de outubro de 1988. Novos pedidos que não tiverem essa comprovação serão ne-gados, caso a lei seja aprovada, e o processo de apro-vação caberá ao congresso e não ao executivo. Além disso, fica proibida a ampliação das reservas indígenas já existentes.

Outro ponto que altera a constituição é quanto ao

uso exclusivo dessas áreas pelos povos tradicionais, as novas regras abrem espaço para a exploração hídrica, energética e mineração e garimpo, expansão da ma-lha viária, caso haja interesse do governo, e libera a entrada e permanência das forças armadas e polícia federal, sem a necessidade de consultar as etnias que ali habitam. Fica também liberado o cultivo de plan-tas geneticamente modificadas em terras indígenas e o contato com povos isolados em territórios de “utili-dade pública.”

A política anti-indígena em curso no Brasil hoje é dolosa. São atos articulados, praticados de modo con-sistente durante os últimos dois anos, orientados pelo

Ilustração por Viviane de Assis Laurentino dos Santos

“As enchentes podem ser evitadas com cuidados básicos, porém isso nem sempre é o caso.”Foto: Chris Gallagher/Unsplash

claro propósito da produção de uma nação brasileira sem indígenas, a ser atingida com a destruição desses povos, seja pela morte das pessoas por doença ou ho-micídio, seja pela aniquilação de sua cultura, resultan-te de um processo de assimilação. Bolsonaro também é acusado de extermínio e a perseguição a povos indí-genas através de um ataque generalizado e sistemáti-co, bem como a imposição de outros atos inumanos, tipificados respectivamente como genocídio e crimes contra a humanidade pelo Estatuto de Roma.

Por Yzabelle Christoffer Lisboa Santos

Page 6: Um país quebrado Visão dos estrangeiros sobre a Bossa Nova

A região amazônica é a terra de mais de 20 milhões de habitantes. No momento em que o Estado manifestou o interesse nesse lugar, em 1985, percebeu-se que já havia mais de meio milhão de quilômetros quadrados que foram desmatados, principalmente por queima-das ilegais ou por colocar fogo em uma vegetação re-sídual (coivara) e perder o controle das chamas.

O Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), em conjunto com o Instituto de Pesquisa Am-biental da Amazônia (IPAM) avaliaram os impactos das queimadas causadas pelo desmatamento correla-cionado-as com a saúde. O resultado é significativa-mente danoso ao bem-estar da população da região e das proximidades. Isso inclui 2.195 internações, 30% por doenças cardíacas ou respiratórias como alergias, pneumonia, insuficiência cardíaca ou respiratória. As partículas das queimadas que podem entrar em nossos pulmões aumentam o risco de inflamações e o estresse oxidativo pode provocar danos genéticos nas células dos pulmões (o dano pode ser tão grave que pode provocar incapacidade de sobrevivência ou perda do controle celular, assim causando câncer pulmonar). 21% de intenações são de bebês e 49% de pessoas idosas de 60 anos ou mais. Contudo, com ou sem os dados oficiais não é possível saber quantas pessoas foram atingidas pela fumaça.

Em agosto de 2019, mais de 3 milhões de pesso-as de 90 municípios diferentes da região amazônica foram atingidas pelas partículas de CO2, que ultra-passaram o limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a proteção da saúde. Em setembro, esse número aumentou para mais de 4,5 milhões de habitantes. Foi nesse mesmo ano em que o dia virou noite, quando houve a queimada no Amazônas em agosto de 2019. A área total da Ama-zônia destruída por incêndios é estimada em cerca de 43.753 km². A cortina de fumaça foi tão extensa que chegou até o sudeste do Brasil e, foi nesse dia que o dia virou noite às 15 horas.

A Bolívia também sofreu um grande incêndio em 2019 que destruiu 500 mil hectares. Há suspeitas de que as queimadas foram causadas por agricultores que com a justificativa de preparar a terra para a la-voura, tenham saído do controle e alastrado o fogo.

Agora em 2021, está ocorrendo um incêndio no oes-te do Canadá e quase não está sendo comentado. Os moradores estão vivendo no meio da fumaça há quase um mês.

O impacto das queimadas na saúde pública é in-tensificado para os povos indígenas na Amazônia. A destruição não afeta simplesmente a saúde, mas sim toda a existência. O desmatamento e as queimadas afetam diretamente as plantações e afetam o acesso à alimentos, plantas medicinais e à caça.

Existem algumas orientações a serem tomadas caso queiramos diminuir os efeitos das queimadas na saúde e no ambiente: evitar, sempre que possível, a

proximidade com incêndios, manter uma boa hidra-tação, principalmente em crianças menores de 5 anos e idosos maiores de 65 anos e manter os ambientes da casa e do trabalho fechados, mas umidificados, com o uso de vaporizadores, bacias com água e toalhas molhadas. Também são indicados usar máscaras ao sair na rua, evitar aglomerações em locais fechados e optar por uma dieta leve, com a ingestão de verduras, frutas e legumes. Além disso, em caso de urgência, deve-se buscar ajuda médica imediatamente.

Por Elizabete Nascimento dos Santos

América em Chamas

A BR-230, popularmente conhecida como Transama-zônica, foi uma obra polêmica desde sua inauguração , em agosto de 1972. Construída durante a ditadura militar, no governo de Emílio Garrastazu, ficou famo-sa por sua grandiosidade, tanto em extensão, afinal foram necessários aproximadamente 4 mil homens para construir os mais de 4.000 km que cruzam cinco estados brasileiros, como na degradação que a criação desta rodovia trouxe ao ecossistema amazônico. Desenvolvida com a intenção de ligar a Amazô-nia com o resto do país e povoar o Norte e Nordes-te brasileiros, a BR-230 foi inaugurada sem estar de fato concluída. Inicialmente, o projeto visava uma via pavimentada e com 8 mil km de comprimento, co-nectando as regiões Norte e Nordeste do Brasil com o Peru e o Equador. Entretanto, o que foi entregue não estava de acordo com o prometido e não houve gran-des ajustes na obra inacabada, durante governo Gar-rastazu, apenas modificações no projeto, mudando sua extensão para 4.977 km. Sua construção, porém, foi interrompida e acabaram sendo entregues apenas 4.260 km com vários trechos não pavimentados, tor-nando, assim, a utilização destes irrealizável em épo-

cas de chuva (entre outubro e março). Analisando que o planejamento desta via foi em

meados da ditadura militar, percebemos que a prote-ção ambiental nunca foi um tópico relevante para os elaboradores do projeto e, por isso, colhemos atual-mente os frutos plantados no passado. “Na Amazônia, nenhuma intervenção humana provoca tantas trans-formações como uma rodovia e nenhuma rodovia causa tanto impacto quanto a Transamazônica”, dizem ambientalistas sobre o tema. Um dos impactos que podemos notar é a facilitação que houve para o des-matamento na região, com a falta de fiscais ambientais na área, e o descaso dos representantes públicos com a Floresta Amazônica em si. Não há dificuldades em transportar maquinários para se utilizar na extração e mineração ilegal, como também não há dificulda-des em atear fogo em áreas protegidas, colocando em risco diversos animais, além de povos indígenas e co-munidades que vivem nas proximidades da rodovia.

O assunto que está em alta no momento, e geran-do diversos debates acerca do tema, é a pavimentação de um trecho de aproximadamente 102 quilômetros, realizado pelo governo Bolsonaro. É inegável que a

pavimentação da BR-230 facilita o trajeto de usuários e caminhoneiros, mas ao mesmo tempo em que isto ocorre, sem um estudo ambiental, sem medidas pro-tetivas em áreas que ficaram sob estado de risco para o desmatamento e com previsão de corte na renda de órgãos protetores da região, o governo demonstra o mesmo nível de preocupação com a Amazônia que o mostrado durante a ditadura militar.

Com base nestas ações, vemos o desacordo da fala presidencial com as ações do governante, tendo em vista o discurso realizado na Assembleia Geral da ONU em 2019, na qual Bolsonaro diz “O Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade e riquezas minerais, nossa Amazônia é maior que toda Europa Ocidental e permanece praticamente intocada, prova de que somos um dos países que mais protege o meio ambiente”. Com as ações tomadas atualmente torce-mos para mantermos a “Amazônia praticamente in-tocada” e assim podermos realmente nos tornar “um dos países que mais protege o meio ambiente”.

Por Isadora Viveiros Assumpção

Nova Transamazônica

AMB-2Ambiente

“A Transamazônica preocupa ambientalistas, visto que a preservação ambiental do governo é mínima.”Foto: Max Andrey/Pexels

Ilustração por Viviane de Assis Laurentino dos Santos

Page 7: Um país quebrado Visão dos estrangeiros sobre a Bossa Nova

Cultura

Dia Mundial do Rock

Verás que o filho teu não foge a lutaA falta de incentivo à arte do Brasil, um país que ain-da assim é rico em suas formas e que sobreviveu até mesmo aos anos de censura e repressão artística, não deixa de demonstrar suas raízes atualmente.

Recentemente, um marco histórico do Cinema Brasileiro, a Cinemateca Brasileira, que desde a déca-da de 40 do século XX preservava milhares de rolos de filme e mais de um milhão de documentos relacio-nados à cultura e à história da sétima arte nacional, ardeu em chamas como produto de descaso enfrenta-do pela sede, e não pela primeira vez. A Cinemateca infelizmente já apresenta um histórico de incêndios (com outras ocorrências em 1957, 1969 e 1982), o que torna ainda mais frustrante a falta de inspeção e ma-nutenção, já que é sabido que os filmes a base de nitra-to de celulose são inflamáveis e precisam de revisão, provando que a negligência ao estabelecimento não é novidade.

Em 2016, mais de 500 filmes, muitos deles ainda não digitalizados, foram perdidos e nesse dia 29/07, acontece o mesmo, não surpreendentemente, uma vez que a instituição seguia abandonada, sem finan-ciamento ou técnicos e especialistas desde agosto de 2020, sendo todos demitidos. Ex-funcionários deixa-ram seu depoimento, afirmando que já haviam se ex-pressado e avisado quanto à possibilidade de mais uma fatalidade após a enchente de 2020, tornando esse um crime previsto, mas ainda assim, nada foi feito.

Em um país onde o próprio povo desvaloriza sua cultura, o surgimento de novas vozes torna-se ainda mais necessário, porém nosso passado de silencia-mento histórico de apagamentos ainda nos assombra e de forma compreensível, visto que era punido quem tentava se expressar, dando um sentido literal ao ter-mo “artista torturado”. O cinema nacional segue sen-do motivo de piada entre brasileiros e filmes renoma-dos até internacionalmente são vistos como exceções, casos isolados, e infelizmente são mesmo, mas muitas vezes por conta de financiamento e recursos e não por falta de mentes criativas que fariam grande diferença se tivessem oportunidade.

Com a chance de entrevistar o ex-etequiano e alu-no de cinema Matheus de Castro Santos Soares sobre a sua experiência na área, ele fala sobre a sobriedade pela qual é tratado o pouco investimento nessa arte mesmo em sala de aula, com os próprios professores discutindo o assunto e com a ciência de que a qual-quer momento, algum imprevisto pode te obrigar a

mudar seus planos. Com suas próprias palavras, ele descreve como: “A arte é poderosa ao ponto de se tor-nar uma arma contra intolerância alheia e a repressão”, e de certo modo, a triste verdade é que é exatamente disso que as pessoas têm medo e são desencorajadas, de se expressar contra um sistema que busca controle e obediência a qualquer custo, e por isso nós, como povo, devemos apoiar jovens cineastas, musicistas, escritores brasileiros entre outros que lutam contra esse mesmo sistema, que representam a necessidade de uma nação inteira que em seu próprio hino faz re-ferência a Antônio Gonçalves Dias, se alimentando

da “Canção de Exílio”, mas ainda assim tendo exilado alguns de seus mais icônicos músicos no passado.

A arte nacional é um espelho dos nossos costumes, o nosso presente deve-se ao nosso passado e o mes-mo será dito do nosso futuro, então enquanto ainda há tempo precisamos preservar o que nos resta e dar espaço para que mais pessoas possam registrar mo-mentos históricos como os de atualmente de todos os ângulos possíveis, mantendo viva a expressão e liber-dade de fala.

Por Raquel de Carvalho Tavares

No dia 13 de julho, comemoramos o Dia Mundial do Rock. Neste artigo, contarei a história do gênero que revolucionou a música brasileira desde a década de 50 do século XX até os dias atuais.

Não dá pra falar da História do Rock no Brasil sem falar da história da guitarra elétrica. A guitarra elé-trica já era usada no Brasil na década de 40, no bloco carnavalesco de Dodô e Osmar, em Salvador. Eles in-ventaram o famoso “pau elétrico”, a primeira guitarra elétrica sem microfonia, com sua característica típica de cores extravagantes e som sustentado, semelhante aos modelos jazzísticos anteriores e, em 1949, tocaram canções de carnaval com esse violão pela primeira vez em um carro aberto chamado, então, “Trio Elétrico”, nas ruas de Salvador.

Bom, tudo começou em meados da década de 50, quando Nora Ney gravou a música “Rock Around the Clock” para trilha sonora do filme Sementes da Vio-lência. Essa música ainda gerou outras duas versões, porém nenhuma foi tão bem aceita quanto ao estilo rítmico original. Ainda nos anos 50, em 1957, foi gra-vado o primeiro rock original em português, “Rock and Roll em Copacabana”, escrito por Miguel Gustavo e gravado por Cauby Peixoto.

Na década de 60, Roberto Carlos já era conside-rado o rei do rock nacional. Com esse sucesso todo, a Rede Record lançou o programa “Jovem Guarda”, que contava com a apresentação de Roberto, Erasmo e Wanderléa e revelou muitos dos conjuntos da épo-ca, como Renato e seus Blue Caps, Golden Boys, Jerry Adriani e Dick Danello, além de muitos outros can-tores e bandas já consagradas na época, como Ronnie Von e Eduardo Araújo.

Agora na década de 70, o rock brasileiro tomou outros rumos. Não existia mais o programa Jovem Guarda com seu estilo mais parecido com o rockabilly e rock and roll originais. A onda agora era a psicode-lia e um rock mais progressivo (assim como no resto do mundo). Um grupo lendário surgiu e tomou conta das paradas: o grupo Os Mutantes, formado por Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, fez muito suces-so de 1968 até 1973, quando Rita Lee quis dar voos maiores e saiu da banda. O impacto foi tão grandioso que influenciou até uma lenda do rock, o Kurt Co-bain. Ainda nessa época surgia outro cantor que ficou pra história: Raul Seixas, que por muitos é considera-

do o maior nome do rock nacional. Nas décadas subsequentes surgiram dezenas de ar-

tistas que ficaram pra história do rock nacional, como Legião Urbana, Titãs, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Ultraje a Rigor, Mamonas Assassinas, Raimundos, Charlie Brown Jr., Sepultura, Pitty en-tre outros mais. Nos dias de hoje, destacam-se outros grupos como: Scalene, Supercombo e O Terno.

O Rock revolucionou o Brasil com suas letras re-

cheadas de críticas, mudou muito o pensamento dos ouvintes da época, principalmente em tempos como da Ditadura Militar.

O Rock foi essencial para nos libertarmos das cor-rentes que nos prendiam. Esse poderoso gênero mu-sical de rupturas e denúncias é e sempre será muito mais do que um simples gênero musical.

Por João Victor Raupp Gallo

CULT-1

Ilustração por @nanioyb_art

Ilustração por @nanioyb_art

Page 8: Um país quebrado Visão dos estrangeiros sobre a Bossa Nova

Para respondermos essa pergunta, precisamos ana-lisar os fatos. Nos livros de história vemos como os bandeirantes são retratados, na maioria das vezes, como benfeitores, ponto de partida do Brasil diante de novas oportunidades, como os construtores de um novo país e o motivo das expansões de nossas fron-teiras, enquanto, por outro lado, o fato de terem sido opressores fique quase completamente oculto.

Antes de tudo, precisamos ter em mente que os bandeirantes ainda são um símbolo importante e po-lêmico para o povo brasileiro. Muitos ainda sim têm um apego emocional e histórico com essas figuras, apesar de todo o mal que eles possam ter causado e mesmo com a grande parcela de culpa que têm pela extinção em massa do povo indígena. A problemati-zação dos bandeirantes não vem exatamente das es-tátuas, óbvio que não! As estátuas são uma prova do que vivemos, um lembrete do que já passou e do que precisamos evoluir. A problematização vem do jeito como a história foi portada, da romantização e da santificação dos bandeirantes.

Grande culpa desse endeusamento vem da trans-formação de São Paulo em um empório, uma me-trópole, muito tempo depois da época colonial. As fakes news - ou o mito, mais formalmente - têm início quando a elite paulista da época resolve inventar uma história de que a progressão de São Paulo já existia no período dos bandeirantes, coisa que não é verdade, pois o patrimônio em São Paulo deu-se especialmente pelo crescimento da economia cafeeira, que teve iní-cio em 1850. A nobreza do café seria descendente di-reta dos bandeirantes.

Os bandeirantes eram vistos e descritos pela elite como homens ousados, sem medo de desafios, e ela também se via com esses adjetivos, acreditando firme-mente em histórias inteiramente inventadas. Podemos dizer que grande parte dos estereótipos daquele tempo contribuiu com os estereótipos do nosso país atual-mente, como paulistas serem pessoas cultas, avança-das e prósperas, enquanto o resto do Brasil (especial-mente norte e nordeste) ser exatamente o oposto.

É importante desmistificar esses mitos e levar em conta que os bandeirantes não deveriam ser os tipos de pessoas exaltadas em nosso país. Eles construíram seu reinado sobre o genocídio de indígenas, destruição de quilombos e muitas outras coisas absurdas. Quantas vi-das foram perdidas e exploradas para que tivessem êxi-to em alcançar seus objetivos? Quando falarmos sobre

eles, este deveria ser o nosso principal questionamento.

AS ESTÁTUAS DEVEM SER DERRUBADAS?

As estátuas são uma extensão da visão romantiza-da e agora materializada do que já foi dito aqui. Elas são o endeusamento de pessoas com ideias e atitudes parecidas com a dos bandeirantes; mantê-las emoldu-radas em ruas e ter nomes de pessoas que trucidaram culturas estampados em avenidas é como agredir e menosprezar os sentimentos daqueles que sofreram anteriormente e que até hoje sofrem com a consequ-ência de atos cometidos por esses. Contudo, as está-tuas ainda são necessárias. As pessoas precisam se

educar e pesquisar sobre elas, sobre quem foram estes homenageados e qual mal eles causaram. Infelizmen-te, isso ainda faz parte da nossa história, é uma coisa que não se pode ignorar.

Uma boa alternativa para tal é a retirada das está-tuas da rua e a criação de um museu para implantá--las, com a descrição correta e aclaração do que estes indivíduos fizeram ao longo da história, tanto a parte boa, como a ruim. A única coisa inadmissível é quan-do decidimos simplesmente desprezar o contexto e seguir o que é conveniente - como grande parte das pessoas atualmente ainda fazem.

Por Natália dos Santos

Bandeirantes: nossos salvadoresou os verdadeiros vilões?

A origem dos animesCom as olimpíadas sendo no Japão, rolou bastante música de anime, como o Uzbequistão dançando ao som da abertura de Sailor Moon; música de Haikyuu em jogo de vôlei e arco e flecha ao som de Guren no Yumya (attackontitan). Mas afinal, o que são animes? Há quem diga que é coisa do capeta, desenho japonês ou coisa pra criança, mas agora vamos mostrar a real.

Os primeiros animes surgiram em 1967, Pós-Se-gunda Guerra Mundial, sendo desenhados com o au-xílio das mãos e baseados nos desenhos animados dos EUA. Não se sabe ao certo a real origem da palavra, mas alguns defendem que foi criada a partir da pala-vra “animation” (animação em inglês), ou do francês “animée” (animado). O importante é que eles se inspi-raram na passagem das histórias em quadrinho para animações, assim como faziam os EUA.

O primeiro anime de sucesso foi Hakujaden – a Lei da Serpente Branca, um filme infantil do ano de 1958. Ele é considerado o primeiro longa-metragem de animação japonês em cores, sendo o primeiro a ser lançado fora do país.

Ou seja, quem diz que anime é um desenho japo-nês não está completamente errado, mas a gente vai ver aqui o porquê de “desenho” não ser a melhor clas-sificação. Por ser uma categoria tão ampla, os animes possuem várias classificações, nos quais os principais são: Shojo ou Shoujo, Shonen e Seinen.

Shojo ou Shoujo: são direcionados ao público in-fantil feminino. Possuem sempre uma protagonista feminina passando por situações cotidianas e amadu-recendo. Possuem um subgênero que são os Mahou Shojo, em que as personagens principais são garotas mágicas, como por exemplo: Sailor Moon, Cars Cap-tors Sakura, Little Wich Academy e Glitter Force. Mas, mesmo tendo um público alvo feminino, os Mahou Shoujo acabam sendo muitas vezes mais assistidos por homens, como ocorre em Card Captors Sakurs.

Shounen: enquanto os Shoujo são pra meninas, o shounen é mais direcionado pra garotos. Geralmente, é focado na jornada de um herói e toda sua trajetória até realizar seu objetivo. É o gênero de anime mais famoso, com nomes como: Naruto, Dragon Ball, Ca-valeiros do Zodíaco, Kimetsu no Yaiba, Blue Exorcist e One Piece.

Seinen: feitos para um público mais maduro, sig-nifica “homem adulto”. Os Seinen geralmente têm uma temática mais séria e histórias mais complexas, sempre carregadas de muita violência. Alguns deles são: One punchman, Berserk, Thokyo Ghoul e Jojo’s Bizarre Adventures.

Ou seja, animes são animações japonesas – não

necessariamente desenhos – voltadas para diversos públicos e com características diferentes. Além disso, quem assiste anime e gosta da cultura japonesa muitas das vezes é identificado socialmente como Otaku.

Por Flora de Sá Domingos Dias

CULT-2Cultura

“As imagens retratadas dos bandeirantes podem ter sido distorcidas para se encaixarem num modelo ‘heróico’.” Foto: Acervo Museu Paulista (USP)

Ilustração por @nanioyb_art

Page 9: Um país quebrado Visão dos estrangeiros sobre a Bossa Nova

As mulheres lutaram muito para ter os seus direitos políticos, trabalhistas, de liberdade de escolha, dentre vários outros e, até hoje, continuam lutando. No es-porte, a história não foi diferente.

Esse machismo advém de raízes históricas da Gré-cia Antiga. As pessoas acreditavam que os esportes eram uma forma de masculinizar a mulher, além de, segundo eles, as mulheres não terem porte físico para fazer exercícios. Ainda mais, no antigo território gre-go, elas eram banidas e não podiam nem sequer as-sistir as disputas, entrando tardiamente nesse mundo de competições. Somente nos anos 1896, as mulhe-res puderam começar a assistir aos jogos, e, em 22 de maio de 1900, ocorreu a primeira participação femi-nina nos Jogos Olímpicos.

Com essa mudança, mais mulheres foram incenti-vadas a praticar esportes, mas o conceito machista foi tão estruturado e aceito na sociedade que, até 1910, eram poucas as mulheres que realizavam. Em 1920, elas já podiam se exercitar em clubes e, entre 1920 e 1930, algumas brasileiras também seguiram o mesmo caminho. Com toda essa luta, a integração feminina no esporte foi mais aceita, não sendo mais considera-do apenas para homens, porém algumas pessoas acre-ditam que apenas eles podem praticar, pela ideia de que eles possuem mais resistência física.

Além do preconceito sofrido e da entrada tardia no mundo das competições, as mulheres também so-freram e ainda sofrem com a sexualização na prática de esportes. Atualmente, a conotação sexual feminina vem tomando proporções ainda maiores, já que foram retratados diversos abusos e assédios em clubes, des-tacando-se a ginástica na dianteira dessas denúncias ao machismo estrutural. Nas Olimpíadas de Tóquio 2020, as atletas alemãs da ginástica artística decidiram trocar os collants por macacões, como uma forma de protesto contra a sexualização das mulheres.

Essa objetificação das mulheres pode ser percebi-da em diversos momentos esportivos e em diversas modalidades. Os esportes de praia, ginástica artística e rítmica são apenas alguns exemplos de exercícios nos quais há uma diferença notória nos uniformes de homens e mulheres. No vôlei de praia, as mulheres usam biquíni, enquanto os homens podem usar blusa regata e bermuda. Nas ginásticas, é notável como de-terminadas roupas deixam atletas femininas descon-fortáveis, mas nada nunca foi feito para mudar isso.

Com as atletas alemãs, isso finalmente voltou à tona. As vestimentas usadas por elas não são proibi-das na ginástica, porém as esportistas que usam essas vestimentas geralmente as utilizam por motivos reli-giosos. A iniciativa do uso desses macacões na com-petição veio da atleta Sarah Voss, que queria que todas as atletas e ginastas se sentissem bem com as roupas que usam nos treinos e nas competições. Houve uma repercussão muito grande e elas foram apoiadas por diversas competidoras de vários países.

Essa atitude foi muito corajosa e ficará marcada eternamente na história da ginástica artística. É uma conquista incrível, dado que cada vez surgem mais ca-sos de abusos na ginástica. Foi um grande passo para incentivar outras atletas a usarem outras vestes.

Portanto, isso foi mais um feito contra a sexuali-zação das mulheres no esporte e será lembrada pelas próximas gerações de ginastas e de mulheres com-prometidas com a quebra de paradigmas estruturais machistas.

Por Giulia dos Santos Pinto

A sexualização feminina no

esporte

mitido por satélite tem um total de 33 milhões de pixels para fornecer qualidade e clareza superiores.

Já no Brasil, houve uma recuperação neste momen-to. No Rio 2016, a Globo, em colaboração com a NHK, produziu o primeiro programa de televisão digital ter-restre do mundo em 8K e o exibiu em um receptor no Rio de Janeiro. Já o canal SporTV tinha canal fixo em 4K na grade de operadoras, com decodificadores de si-nal compatíveis.

Desta vez não existe rádio Ultra HD no Brasil. Glo-bo, SporTV e BandSports (canais detentores dos direi-tos de eventos nacionais)possuem apenas sinais padrão em Full HD.

App para rastrear Covid-19 Um dos usos técnicos desta edição olímpica é o

aplicativo de rastreamento Covid-19. O custo de de-senvolvimento da ferramenta é de aproximadamente US$ 69 milhões (aproximadamente 374 milhões de re-ais) e foi uma das medidas tomadas por todos no Japão para evitar a contração do novo coronavírus.

O uso deste aplicativo é obrigatório para quem via-jar ao país e já foi sido relatado por jornalistas brasi-leiros que estão presentes lá. Apesar da proibição de público nos ginásios e arenas, ter uma ferramenta que evitasse o contágio massivo era uma necessidade para a realização dos Jogos.

A função do programa é registrar dados criptogra-fados do usuário toda vez que o smartphone aproxi-ma-se de uma certa distância ao mesmo tempo. Se o resultado do teste for positivo, essa informação deve ser registrada no aplicativo.

Essa informação alerta a outros usuários que estão a um metro da pessoa infectada por mais de quinze mi-nutos. No entanto, o ministro local Yasushi Nishimura, responsável pelo combate à pandemia, destacou que o aplicativo não registra nenhum dado que possa revelar a identidade ou privacidade das pessoas, como núme-ros de telefone ou localização.

Em termos de inovação tecnológica, quais eram suas expectativas para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020? Junte-se a nós!

Por Stephanie dos Santos Lopes

Devido à nova pandemia de coronavírus, as Olimpí-adas de Tóquio de 2020 foram adiadas da data origi-nal para 2021 e foram realizadas de 23 de julho a 8 de agosto. No entanto, o Comitê Olímpico Internacional decidiu não alterar o nome original do ano.

Conforme esperado nas Olimpíadas japonesas, o país usou toda sua experiência técnica para se preparar para uma série de tarefas, desde hospedar estrangeiros até melhorar o desempenho atlético.

Além disso, a Covid-19 ainda existe no Japão e em outras partes do mundo e requer cuidados diferentes. Você quer saber quais inovações estão sendo introduzi-das por todas as partes na luta contra a pandemia? Vou te contar as inovações mais importantes.

Rede 5G Muitas das inovações para o evento não teriam sido

possíveis sem os avanços da rede 5G japonesa. A rede móvel de quinta geração possibilita a transmissão de informações e imagens com maior estabilidade e o mí-nimo de atraso, devido à latência ultrabaixa.

Cidades olímpicas poderão contar com mais câ-meras e drones para capturar momentos e enviar fo-tos para as transmissões oficiais em tempo real, o que também proporciona tempos de gravação mais longos do que o anunciado anteriormente no Rio de Janeiro em 2016.

Deu continuidade ao uso da tecnologia para me-lhorar o desempenho dos atletas, coletando informa-ções sobre seu desempenho em roupas e calçados.

Transmissão em 8K Na ausência de espectadores, quem quer assistir a

uma partida quer cada vez melhor qualidade de ima-gem para poder assistir à competição com mais con-forto. Por isso, uma das novidades promovidas pela emissora japonesa NHK foi a transmissão dos Jogos Olímpicos em 8K.

A resolução aplica-se às cerimônias de abertura e encerramento, além de alguns outros jogos. O show contará com outras tecnologias, como HDR (são mé-todos utilizados em fotografia, computação gráfica ou processamento de imagens em geral, para alargar o al-cance dinâmico.) e áudio de 22,2 canais. O sinal trans-

Jogos Olímpicos: novidades da tecnologia para Tóquio 2020

Mesmo após tempos tão difíceis, os atletas brasilei-ros encontraram forças para fazer história nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Com 21 medalhas (7 ouros, 6 pratas, 8 bronzes), o país teve sua melhor participação na competição.

O futebol masculino e a vela feminina (49er FX) conquistaram o bicampeonato consecutivo, enquanto Ítalo Ferreira (Surf), Rebeca Andrade (Salto), Isaquias Queiroz (Canoagem C1), Hebert Conceição (Boxe) e Ana Marcela Cunha (Maratona Aquática) chegaram ao lugar mais alto do pódio pela primeira vez.

Outros atletas, mesmo sem vencer, deixaram seus nomes marcados: Darlan Romani, que ficou em 4° lu-gar no arremesso de peso, ganhou o coração de todos os brasileiros após suas declarações mostrando o des-caso que é cometido com os atletas brasileiros. Tam-bém tivemos Rayssa Leal (fadinha), que, com apenas 13 anos, literalmente “dançou” na pista do Skate Street e encantou o mundo inteiro. Ela ficou com a prata, as-sim como Kelvin Hoefler, da mesma modalidade, que foi o primeiro brasileiro nas Olimpíadas de Tóquio a colocar uma medalha no peito.

Mas, não é só de vitórias que se vive o esporte e,

infelizmente, deixamos a desejar em algumas moda-lidades, como no futebol feminino, que caiu preco-cemente nas quartas de final, e o vôlei de praia, que parece ter sentido a pressão e, pela primeira vez, não foi laureado.

Contudo, agora é hora de comemorar, aproveitar o momento que estamos vivendo. Ainda assim não podemos pensar que chegamos ao nosso auge, pre-cisamos cobrar para que o governo invista mais e mais em diversos esportes, pois eles não servem ape-nas para nos elevar no quadro de medalhas, servem como um meio de inclusão social, afastam os jovens do caminho errado e promovem a saúde e uma me-lhor qualidade de vida. Temos grandes talentos que devido à falta de auxílio acabam sendo desperdiçados. Tenhamos como exemplo os Estados Unidos, a China e a Rússia, que destinam maiores recursos ao espor-te desde a infância e ano após ano colhem os frutos desse investimento – não à toa – foram as três nações com mais premiações nos jogos.

Por Thiago Marques de Souza

Desempenho Brasileironas Olímpiadas

APN-1Apêndice

“Foto das jogadoras de vôlei de praia” Foto: (Ana Patrícia/Inovafoto/CBV) em Fotos Públicas

“Foto da ginásta brasileira Rebeca Andrade” Foto: Miriam Jeske/COB em Fotos Públicas

Page 10: Um país quebrado Visão dos estrangeiros sobre a Bossa Nova

Certa vez, o workaholic do apartamento ao lado bateu na minha porta, dizendo:

- Você pode cuidar do meu gato por cinco minutinhos? – Sem bom dia, sem “tudo bem?”, sem “muito prazer, vizinha que eu só cumprimento com um oi no elevador porque não sei o nome”. O homem já foi logo me entregando a gaiola com o bichinho e saiu andando, pulando os degraus de dois em dois numa euforia como se fosse Brás Cubas em busca de Virgília.

Dois dias depois, o sem-noção reapareceu, não demonstrando um pingo de gratidão no olhar. Busquei o animalzinho e o homem, talvez arrependido, chamou-me para um café. Aceitei porque com certeza o faria pagar a conta. Conversamos pouco até que chegamos ao campo das Artes e Literatura:

- O que você acha de Paulo Leminski? Já leu a poesia dele?

- Gata, não gosto de Literatura Brasileira. – afirmou ele, no melhor estilo bonitinho, mas ordinário somado com uma vibe do complexo de vira-lata – Só leio livros de negócios e comunicação. Esses são realmente práticos, Beijamin Gramham, Robert Kiyosaki, Dale Carnegie... Verdadeiros visionários!

Nesse momento, eu pedi o café mais elaborado do cardápio. Era o investidor inteligente que ia pagar, não é mesmo? Com a paciência e petulância de Sócrates, continuei:

- E quando você consegue fazer seu networking, qual é o assunto que faz as pessoas se interessarem por você?

Com um titubeio indigno dos livros que leu (ou talvez digno dos que não leu), o homem responde:

- Falo sobre a vida, é claro! A vida... - E qual é sua posição sobre ela? - Acho que... temos que fazer o máximo para tirar

proveito dela, claro! – respondeu, olhando para os lados em busca de socorro.

- Uhum... Quem dera o mundo fosse mais dadaísta... – terminei em voz baixa, já vasculhando a mente em busca de desculpas para dar o fora.

Sete meses depois, eis que reencontro essa mesma figura: agora praticamente irreconhecível! Seu terno CEO foi trocado por uma roupagem natureba, daquelas que você põe os olhos e já formata uma impressão meio equivocada, meio assertiva da pessoa que a veste. Cumprimentando-me solarmente, esse homem afirma que agora se conhece melhor e vai misturando algo sobre a Filosofia Ubuntu e sobre Freud o ter tocado. Despedi-me, continuei meu caminho, olhei para os céus e queixei-me:

- Eu disse mais dadaísta, não muito!

Por Júlia Pereira Wong

Dadá

A Mosquinha da Banana

C&C-1Contos e Crônicas

Ao fim de um dia de trabalho tudo o que se quer é afastar, ainda que por um curto período, qualquer pensamento da mente. Não estou aqui fazendo uma ode ao ócio criativo, porque nem mesmo para a criatividade temos ânimo nesse contexto. Falo de um pseudo nirvana, um espaço breve, mas contínuo, de nada, nadinha, nem um mísero objeto provocando sinapses de qualquer ordem.

Estava cá assim, buscando a paz na alma, quando esse milimétrico bichinho resolveu fazer pouso nas minhas percepções: a mosquinha da banana. Símbolo da resiliência, a drosophila melanogaster parece seguir rigidamente a doutrina cínica ao demonstrar, irritantemente, sua calma diante do desconforto alheio. Não há palmas, sopros ou abanões que a tirem de seu foco – a banana. Tampouco mudar seu objeto de desejo de lugar produz algum efeito, pelo contrário, não importa a mudança de cenário, quando toda sua atenção está na fruta tropical protagonista do espetáculo.

Depois do pulso cansado das inúmeras tentativas inúteis de afastar a dita cuja, sento e me dou por vencida com relação aos processos mentais que teimam em não abrir espaço ao nada e passam a refletir sobre o que os olhos veem. Numa conexão

imediata, entra a memória na dança e me faz lembrar de memes vistos na internet nos quais uma pessoa olha para algo com tamanha vontade que sugere a frase expressa “ame alguém que te olhe assim...”. Fosse eu uma criadora de memes tiraria uma foto do que estava assistindo e meteria ali os dizeres “ame alguém que te persiga como a mosquinha à banana”. Mas aí surge a polêmica, seria a mosquinha uma stalker abusiva? (O que está acontecendo no meu cérebro??!!

Escapo dessa arapuca cognitiva por um momento para conferir outro predador que se alimenta da atenção humana: o smartphone. Uma mensagem sobre um cartão que não possuo, de um banco no qual não tenho conta, a respeito de uma dívida que nunca contraí. Ou seja, uma cilada virtual. Aproveito que já estou com essa enciclopédia nas mãos para consultar sobre a vida das drosophilas. De cara já me sinto envergonhada em subestimar um objeto de pesquisa que já rendeu cinco prêmios Nobel! Mas algo me chama mais atenção do que seu potencial científico: seu ciclo de vida.

O que você faria se soubesse que nasceria, procriaria e morreria em um ciclo máximo de 14 dias? Foram inúmeras as respostas que me ocorreram e, mesmo não contendo bananas em nenhuma delas,

não contei poucas em que amigos rodeados em uma mesa com quitutes e bebidas vieram à tona. Hipocrisia pura, então, condenar a pobre da mosquinha que está ali, junto às amigas, amigos, amigues, refestelando-se e, quiçá, comemorando a vida em um belo banquete amarelo!

Ao campo racional fica óbvio que a luta da mosca-da-fruta é por sua sobrevivência. Mas deixo isso para as ciências biológicas. À mim, já que tive meu descanso mental interrompido, dou o direito ao devaneio e gosto de pensar na fruta como o horizonte de Galeano para o inseto, que lhe faz continuar seguindo e dando sentido a sua curta vida.

Na verdade, somos o único animal que tem consciência da própria finitude. Tal informação parece tão pouco relevante em nossa realidade! Cada vez mais buscamos ser a destacada, brilhante e apetitosa banana do cacho, nas redes sociais, no campo profissional ou nos relacionamentos. Quando foi que nos esquecemos de viver intensamente, sem cascas, perseguindo sonhos e valorizando cada átimo do tempo que nos é dado?

Admito! Talvez inveje um pouco a mosquinha...

Por Carla Bassan Passos Vaz de Souza

Intolerância, palavra que causa terror Ligada ao cerne da discriminação

À total ausência de amor e a presença da dor Que não deveriam habitar nosso coração!

Precisamos valorizar as mudanças Que estão registradas desde o início das andanças da humanidade

Respeitar e eternizar o registro das diversidades Que estão presentes em qualquer idade!

Por que não dizer, também, em diferentes cidades Em regiões opostamente situadas

Mas com grandes histórias registradas!

Dizer não às desigualdades Matando por completo as maldades

E, por fim, valorizar a pluralidade e todas as variedades !!!

Somos o mundo e fazemos parte da Mandala da Existência

Por Thaís Helena dos Santos Abdala

Pluralidade

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Colaboradores da 2ª EdiçãoDiretora Fabiana Golz Ribeiro Pereira Coordenadores André Luiz Reis Santos Maristela de Carvalho Gamba Professores Giovani Fernandes Gomes da Conceição Giselle Villar Stipanich Luciana Santos Legnaioli Cunha Thaís Helena dos Santos Abdala Setor Político, Social e Econômico Editor Luan Gabriel Alves do Nascimento Escritores Ana Beatriz Fenandes Alves Clara da Silva Barriento Grazielly Catilho Guimarães Isabelli Vitória Santos da Silva Júlia Pereira Wong Luan Gabriel Alves do Nascimento Pedro Henrique de Oliveira Bertini

Setor Ambiental Editora Elizabete Nascimento dos Santos Escritores Elizabete Nascimento dos Santos Isadora Viveiros Assumpção Matheus dos Santos Banhiuk Yzabelle Christoffer Lisboa Santos Setor Cultural Editora Flora de Sá Domingos Dias Escritores Flora de Sá Domingos Dias João Victor Raupp Gallo Kaique Apolinário da Silva Nathalia Santos de Almeida Lima Raquel de Carvalho Tavares

Seção Apêndice Escritores Giulia dos Santos Pinto Stephanie dos Santos Lopes Thiago Marques de Souza Contos&Crônicas Escritores Carla Bassan Passos Vaz de Souza Júlia Pereira Wong Thaís Helena dos Santos Abdala Ilustração Julia Sacramento Monteiro Nathalie Gomes Souza Viviane de Assis Laurentino dos Santos Design João Pedro de Lemos Faria Pedro Schneider Sara Clementino Tavares Yan Thomas Basílio e Silva

Equipe

Erramos!Na 1ª edição do Jornal Metacrático, na seção de colaboradores, esquecemos de inserir uma importante contribui-dora do projeto: a editora do Setor Cultural, Flora de Sá Domingos Dias. Por isso pedimos desculpas e deixamos

aqui nosso muito obrigado à querida aluna Flora!

www.etecaf.com.br