14
UM REARRANJO NO SISTEMA LOGÍSTICO NO TRANSPORTES DE CARGAS ENTRE FABRICAS E CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO: UMA PROPOSTA PARA INDÚSTRIA DE BEBIDAS Ricardo Pessoa de Carvalho (UFC) [email protected] Breno Barros Telles do Carmo (UFERSA) [email protected] Heráclito Lopes Jaguaribe Pontes (UFC) [email protected] Nadja Glheuca da Silva Dutra (UFC) [email protected] O transporte de mercadorias é um dos principais elementos dos custos logísticos, porém é de fundamental importância para uma empresa manter-se competitiva no mercado. Este artigo tem como tema principal, uma proposta de melhoria nos sistemaas de distribuição de cargas onde se busca reduzir custos de transportes, melhorar a produtividade dos equipamentos e os níveis de serviços logísticos. Os sistemas de distribuição podem ser divididos em cinco diferentes etapas: distribuição de suprimentos para atender produção (Fornecedor x Fábrica), armazenagem na unidade produtora (Transporte de Armazenagem - Fábrica), transporte da unidade produtora ao centro de distribuição (CD) (Fábricas x CD), armazenagem no centro de distribuição (Transporte de Armazenagem - CD) e distribuição aos clientes (CD x Clientes). O foco deste artigo está numa nova proposta do sistema de distribuição logística na etapa de transporte “Fabrica X CD” de uma empresa de bebidas, isso é: a partir da saída do produto da fábrica até sua chegada ao centro de distribuição. Palavras-chaves: Transporte de Carga, Distribuição, Fábrica XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

UM REARRANJO NO SISTEMA LOGÍSTICO NO TRANSPORTES … · 2.2 Custos fixos e variáveis no transportes Segundo Ballou (2001), um serviço de transporte incorre em uma serie de custos,

  • Upload
    ngophuc

  • View
    264

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UM REARRANJO NO SISTEMA

LOGÍSTICO NO TRANSPORTES DE

CARGAS ENTRE FABRICAS E CENTROS

DE DISTRIBUIÇÃO: UMA PROPOSTA

PARA INDÚSTRIA DE BEBIDAS

Ricardo Pessoa de Carvalho (UFC)

[email protected]

Breno Barros Telles do Carmo (UFERSA)

[email protected]

Heráclito Lopes Jaguaribe Pontes (UFC)

[email protected]

Nadja Glheuca da Silva Dutra (UFC)

[email protected]

O transporte de mercadorias é um dos principais elementos dos custos

logísticos, porém é de fundamental importância para uma empresa

manter-se competitiva no mercado. Este artigo tem como tema principal,

uma proposta de melhoria nos sistemaas de distribuição de cargas onde se

busca reduzir custos de transportes, melhorar a produtividade dos

equipamentos e os níveis de serviços logísticos. Os sistemas de

distribuição podem ser divididos em cinco diferentes etapas: distribuição

de suprimentos para atender produção (Fornecedor x Fábrica),

armazenagem na unidade produtora (Transporte de Armazenagem -

Fábrica), transporte da unidade produtora ao centro de distribuição (CD)

(Fábricas x CD), armazenagem no centro de distribuição (Transporte de

Armazenagem - CD) e distribuição aos clientes (CD x Clientes). O foco

deste artigo está numa nova proposta do sistema de distribuição logística

na etapa de transporte “Fabrica X CD” de uma empresa de bebidas, isso

é: a partir da saída do produto da fábrica até sua chegada ao centro de

distribuição.

Palavras-chaves: Transporte de Carga, Distribuição, Fábrica

XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.

São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

2

1. Introdução

Atualmente, com as transformações econômicas, com a globalização e com o aumento da

competitividade manter-se no mercado esta cada vez mais difícil e qualquer diferencial pode ser

um fator de sucesso e sobrevivência das empresas. Grandes desenvolvimentos tecnológicos,

dentre outros fatores, tem provocado grandes mudanças nas relações entre empresas e

consumidores. Com os consumidores cada vez mais exigentes e, ao fazer sua opção de compra,

procuram produtos e serviços de qualidade e a preços mais baixos. Com essas mudanças dos

perfis dos consumidores, as organizações vêm procurando melhorar não apenas seu processo

produtivo, mas também seu sistema de distribuição com o objetivo de atender às necessidades de

seus clientes no tempo certo e local adequado.

Estas atividades agregam valor ao cliente (FARINA et al. 1992). Yusuf et al. (2004) entendem

que os clientes e a tecnologia forçam as empresas a desenvolveram atividades logísticas mais

ágeis e interligadas para serem competitivas.

Dentre estas atividades, o transporte se destaca como um centro de custos, que pode representar

uma vantagem competitiva, se for delineada uma estratégia. Kaplan et al. (1997) entendem que a

estratégia normalmente é definida para uma unidade organizacional. Os autores entendem que as

estratégias devem ser pensadas de forma individual para cada organização. Faria e Costa (2005)

entendem que a logística se mostra como um recurso estratégico na obtenção e sustentação de

vantagens competitivas, através da possibilidade de oferecer um melhor nível de serviço ao

cliente, quanto pela redução dos custos logísticos.

Devido à sua complexidade operacional e impacto direto nos resultados das grandes empresas -

sejam estes financeiros, de vendas ou marketing – a logística tem recebido continuamente maior

importância no âmbito do planejamento estratégico destas corporações. O aumento das

particularidades e dificuldades dos mercados, conseqüência de uma maior gama de produtos

ofertados, maior freqüência de entregas, alto custo da manutenção de estoque entre outras

exigências de melhoria de nível de serviço, torna imprescindível às corporações aprimorar seus

sistemas logísticos de forma a corresponder às exigências dos consumidores sem, contudo,

incorrer em custos elevados.

Segundo Ballou (2001), a partir do aprimoramento dos sistemas logísticos, o consumo e a

produção começaram a separar-se geograficamente. As regiões se especializaram nas

mercadorias que poderiam ser produzidas com mais eficiência. O excesso de produção poderia

ser transportado de forma econômica para outras áreas produtivas e consumidoras, quanto que os

produtos necessários que não fossem produzidos no local seriam importados.

Ainda Ballou (2001), cita que para uma empresa individual operar em uma economia de alto

nível, uma boa gestão das atividades logísticas é vital. Os mercados são freqüentemente nacionais

ou internacionais em escopo, ao passo que a produção pode ser concentrada sem poucos pontos.

As atividades logísticas fornecem a ponte entre o local da produção e os mercados que estão

separados pelo tempo e pela distancia.

O presente artigo propõe um método de transporte que visa redução de custos, melhorar a

produtividade dos equipamentos e os níveis de serviços logísticos de uma empresa de bebida no

3

transporte entre a fábrica e o centro de distribuição (CD).

Espera-se, ao final desse estudo de caso, poder propor uma metodologia de análise para que cada

empresa, não só no ramo de bebida, avalie seus sistemas de transportes e opte pelo que apresente

maiores benefícios ao seu sistema logístico.

2. Transporte de cargas

A importância do bom funcionamento da atividade de transportes em uma sociedade esta

relacionado com sua própria subsistência. O transporte possibilita o intercâmbio de excedentes de

produção entre as regiões, sendo responsável pelo suprimento das necessidades de suas

populações. Da eficiência do sistema de transportes depende a atividade comercial de um País,

tanto no mercado interno como no mercado externo, e conseqüentemente o desenvolvimento de

sua economia.

Na logística o transporte é um componente fundamental absorvendo cerca de dois terços do custo

logístico. Num contexto macroeconômico, também representa forte influência; nos países

desenvolvidos o transporte chega a representar uma fatia entre 9% e 10% do Produto Nacional

Bruto (PNB) desses países (FARIA e COSTA 2005).

A importância do transporte pode ser medida através de pelo menos três indicadores financeiros:

custo, faturamento e lucro. O transporte representa em média, 60% dos custos logísticos, 3,5% do

faturamento, e, em alguns casos, mais que o dobro do lucro. Além disso, tem um papel

preponderante na qualidade dos serviços logísticos, pois impacta diretamente o tempo de entrega,

a confiabilidade e a segurança dos produtos (FLEURY, 2002).

No Brasil, o transporte de carga é amplamente realizado via modal rodoviário. A Figura 1 ilustra

esta divisão do transporte de cargas no Brasil.

Figura 1 – Divisão participativa dos modais de transporte no Brasil.

Fonte: ANTT, 2004

O transporte de bebidas também se utiliza, em sua grande maioria, do modal rodoviário

para sua distribuição.

Existem alguns fatores que devem ser levados em consideração quando se busca alcançar maior

produtividade nas atividades de transporte. Bertáglia (2003) ressalta alguns fatos que colaboram

para uma boa produtividade de transportes:

4

Rotas curtas e velozes.

Maior ocupação dos veículos

Utilização da frota

Redução de prejuízos (quebras, sinistros e etc.)

Quilômetros rodados/litros de diesel consumidos e etc.

Como principais indicadores de eficiência adota-se a “Produtividade da Frota”, cujo em

percentuais do número de viagens realizadas pela frota de acordo com as metas pré-estabelecidas.

A fórmula para o cálculo dessa equação é:

A determinação do número de viagens (meta) que cada um dos veículos dedicados deve realizar é

estabelecida com base nas varáveis descritas a seguir:

Distancia entre o CDD e as fabricas abastecedoras;

Condições de manutenção das rodovias;

Tipo de percurso (urbano/rodoviário);

Topografia;

Numero de turnos em operação (Fabrica e CDD);

Tempos de cargas e descargas (Fabrica e CDD);

Quantidade de motorista por veículos;

Potencia do cavalo mecânico;

Capacidade de carga do equipamento.

Ballou (2001) ainda afirma que o preço (custo) do serviço de transporte para um embarcador é

simplesmente a soma da taxa de linha de transporte de mercadorias mais a cobrança por serviços

adicionais. No caso de serviços contratados, a taxa cobrada para movimentações de mercadorias

entre os dois pontos mais alguma taxa adicional, tal como a coleta na origem, entrega no destino,

seguro ou preparação das mercadorias no para o embarque, compõem o custo total do serviço.

Quando o embarcador fornece o serviço, o custo é uma alocação dos custos relevantes ao

embarque em questão. Os custos relevantes incluem itens como combustível, mão-de-obra,

manutenção, depreciação do equipamento e custos administrativos.

2.1 Custos diretos e indiretos de transportes

Os custos diretos correspondem aos itens diretamente alocáveis à produção do serviço de

transporte, sendo o somatório dos custos fixos e variáveis. Os custos com motoristas de veículos

de distribuição, ajudantes, combustível e o custo de capital dos próprios caminhões são exemplo

de custos diretos (SILVA, 2006).

Os custos indiretos ou administrativos são aqueles necessários para manter o sistema de

transporte da empresa. São classificados como custos indiretos (FARIA e COSTA, 2005):

Custos com contabilidade;

5

Custos com departamento de recursos humanos;

Pessoal de armazém, escritórios e respectivos encargos sociais;

Impressos;

Publicidade;

Alugueis de armazéns ou escritórios;

Impostos e taxas legais;

Construção, conservação e limpeza;

Viagens e hospedagens;

Despesas financeiras.

2.2 Custos fixos e variáveis no transportes

Segundo Ballou (2001), um serviço de transporte incorre em uma serie de custos, tais como mão

de obra, combustível, manutenção terminais, rodovias, administrativos e outros. Esta combinação

de custos pode ser arbitrariamente divida em custos que variam com os serviços ou o volume

(custos variáveis) e aqueles que não variam (custos fixos). De fato, todos os custos variam se

forem considerados um período de tempo muito longo e um grande volume. Para propostas de

precificação de transporte, entretanto, é útil considerar como fixos os custos que são constantes

sobre o volume de operação “normal” do transportador. Todos os demais custos são tratados

como variáveis.

Como exemplo de custos que não variam da quilometragem percorrida pode ser citado (FARIA e

COSTA, 2005):

Depreciação: corresponde à redução do valor do veiculo em função do tempo;

Remuneração de Capital: qualquer investimento de capital pressupõe uma tava de retorno

ou remuneração no montante aplicado. Portanto, a cada serviço realizado pela área de

transportes devem ser contabilizados os custos de remuneração do capital empregado;

Salário da Tripulação: correspondem ao pagamento de motoristas, cobradores, ajudantes,

e respectivos encargos sociais;

Licenciamento do veiculo;

Seguros.

Como exemplos de custos que variam de acordo com a utilização dos equipamentos (custos

variáveis), no caso dos sistemas rodoviários são aqueles que variam diretamente com a

quilometragem (FARIA e COSTA, 2005):

Combustível;

Óleo lubrificante do motor;

Óleo lubrificante da transmissão;

Lavagem e lubrificação;

Material rodante: pneus, câmeras, recapagens e protetores;

Peças, acessórios e matérias de oficinas;

Mão-de-obra para manutenção dos veículos.

6

2.3 Transporte de bebidas

O Brasil é um dos grandes países produtores e consumidores de cerveja, com uma produção que

gira em torno de nove bilhões de litros por ano e destacando-se cada vez mais no mercado

cervejeiro internacional. De acordo com estudo "Panorama do setor de bebidas no Brasil",

divulgado em março de 2007 pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES), o País é o quinto maior produtor mundial de cerveja.

Com o crescimento da produção nacional de cerveja, a estrutura de mercado foi modificada,

deixando de ser altamente concentrado até a década passada para tornar-se um mercado com

maior número de empresas atuantes, ocasionando um acirramento na concorrência. Outro fator

importante que proporcionou o crescimento do setor foi a entrada de capital estrangeiro.

Atualmente, estima-se que o Brasil exporte anualmente US$ 30 milhões em cerveja, proveniente

de aproximadamente 50 fábricas, e importe cerca de US$ 2 milhões. O faturamento total da

indústria cervejeira no país gira em torno de R$ 20 bilhões por ano, sendo que a média do

consumo da bebida no Brasil é de 50 litros por pessoa ano. (CERVESIA, 2009)

A logística de transporte de bebidas divide-se em duas fases: o transporte Primário (Puxada),

direto da fábrica ao CD ou distribuidor; e o Secundário (Distribuição), do CD ou Distribuidor ao

ponto de venda, ou ainda em alguns casos especiais a distribuição direta, ou seja, da Fábrica

direto ao ponto de venda (CERVESIA, 2009).

A logística de bebidas e cervejas no Brasil apresenta algumas características como intensa

utilização de apenas um modal de transporte, mercado de transporte bastante pulverizado,

inclusive com a presença significativa de transportadores autônomos, baixo número de

caminhões específicos, apropriados para este tipo de carga, e idade avançada da frota para a

realização desse transporte.

3. Metodologia do trabalho

Para a realização do trabalho, inicialmente, foram levantadas as atividades envolvidas no

transporte de bebidas da empresa analisada. Com este levantamento inicial, foi feito o

mapeamento de processos durante a realização do transporte de carga entre a fábrica e o centro de

distribuição, onde foram considerados, por base, os modelos atualmente implementados pelos

principais operadores dessas modalidades.

Após o mapeamento dos processos e definição das variáveis de controle, foi proposto o modelo

para avaliar as mudanças que foram sugeridas ao sistema, onde foram simulados os tempos

operacionais para transportes de cargas observados durante o mapeamento dos processos. Foram

simulados dois cenários distintos: o primeiro consiste na configuração atual de organização do

sistema logístico. O segundo é a proposta, que foi chamada de carreta estacionária. Assim, busca-

se achar uma razão entre o método proposto e o método já utilizado.

Como conseqüência será relatada as vantagens, desvantagens e possíveis dificuldades para

implantação do sistema proposto. A Figura 1 ilustra a metodologia proposta no artigo.

7

Figura 1 – Método de Pesquisa Adotado

4. Estudo de caso

4.1 Caracterização do estudo de caso

A empresa estudada é a maior indústria privada de bens de consumo do Brasil e a maior

cervejaria da América Latina. Trata-se da empresa líder no mercado brasileiro de cervejas, e está

presente em 14 países, é referência mundial em gestão, crescimento e rentabilidade. Foi analisada

uma unidade localizada na região metropolitana da cidade de Fortaleza.

A unidade estudada trabalha com a distribuição de bebidas para todo o estado do Ceará. As

carretas chegam, estacionam e são abastecidas para seguir viagem.

A proposta desse trabalho é a implantação de uma carreta estacionaria em uma das unidades de

carregamento, seja Fábrica ou Centro de Distribuição, onde o tempo de espera, descarregamento,

carregamento e manutenção da carreta é trocado pelo tempo da troca de carretas no cavalo

mecânico. A Figura 2 ilustra a proposta que será avaliada.

8

Figura 3 – Layout de operação da carreta estacionária.

Apesar de esse método poder ser implantado em ambos os centros de carregamento, nesse

trabalho considera-se somente uma carreta estacionaria no Centro de Distribuição.

Para que não fique um estudo aplicado apenas ao transporte de bebidas o mapeamento dos

processos foram feitos de formar generalizada onde cada etapa pode ser identificada e adaptada a

outros tipos de transportes de cargas. A Figura 3 ilustra o mapeamento desenvolvido.

Figura 3 – Mapeamento dos Processos.

Tendo por objetivo propor uma nova solução para melhoramento do desempenho no transporte

de cargas (CD x Fabrica) e (Fabrica x CD), e os fatores utilizados para medir a produtividade são:

os tempos de operações juntamente com os custos.

Após o mapeamento dos processos, a etapa seguinte se constituiu da definição dos indicadores

avaliados na simulação dos cenários propostos Estes indicadores que são medidos na simulação

estão associados a cada um dos processos desenvolvidos na atividade de distribuição, ilustrado na

Figura 3. Os indicadores são apresentados abaixo:

9

Tempo de Carregamento no CD: é o tempo que leva do momento do início do

carregamento até o final. Os fatores que podem influenciar nesses tempos é o tipo de

equipamento utilizado para o carregamento (por exemplo, empilhadeira) e a

complexidade da carga.

Tempo de Saída do CD: é o tempo que o veículo passa para sair do CD a partir do

momento do final do carregamento. O que pode influenciar nesses tempos é amarração,

abastecimento (caso seja interno), preparação para documentação de transportes e etc.

Tempo de Transito (CD x Fábrica): é o tempo que o veículo leva para chegar a fábrica a

partir no memento da saída do CD. Fatores que influenciam esses tempos são: condição

de estradas, potência dos veículos e peso da carga.

Tempo de Espera na fábrica: é o tempo que o veículo leva a partir do momento de

chegada na fábrica ate o início do carregamento. Fatos que influenciam nesses tempos

são: fila de espera, disponibilidade de produtos, pedidos adequados, horário de chegada de

acordo com a grade de funcionamento da fábrica e etc.

Tempo de Descarregamento na Fábrica: tempo necessário que o veiculo leva para ser

descarregado, isso se o veiculo for carregado com ativo de giro e também leva em

consideração o tempo de desamarração.

Carregamento na Fábrica: é tempo que levar do momento do início do carregamento até o

final. Os fatores que podem influenciar nesses tempos é o tipo de equipamento utilizado

para o carregamento (por exemplo, empilhadeira) e a complexidade da carga.

Tempo de Saída da Fábrica: é o tempo que o veículo passa para sair da Fábrica a partir do

momento do final do carregamento. O que pode influenciar nesses tempos é amarração,

abastecimento (caso seja interno), preparação para documentação de transportes e etc.

Tempo em Trânsito (Fábrica x CD): é o tempo que o veículo leva para chegar ao CD a

partir no momento da saída da fábrica. Fatores que influenciam esses tempos são:

condição de estradas, potência dos veículos, peso da carga e etc.

Tempo de espera no CD: é o tempo que o veiculo leva a partir do momento de chegada no

CD ate o início do descarregamento. Fatos que influenciam nesses tempos são: fila de

espera, horário de chegada de acordo com a grade de funcionamento do CD e etc.

Tempo de descarregamento no CD: é o tempo que o veículo leva para ser desamarrado e

descarregado.

O terceiro passo da metodologia desenvolvida foi a elaboração do modelo de avaliação das

propostas. Para simular a partir de que ponto é viável a utilização de uma carreta estacionária, foi

criado um modelo, implementado em Excel, onde os dados são inseridos e por base na análise do

gráfico de Produtividade/Custos, consegue-se considerar em qual cenário é viável ou não a

utilização desse novo método.

Para avaliar a viabilidade da utilização de uma carreta estacionária, foi criada uma situação

fictícia, onde os dados são inseridos e, com isso, gerando uma informação gráfica, de

Produtividade/Custos, consegue-se visualizar em qual cenário é viável ou não a utilização desse

novo método. Para tanto, foram identificados os dados de entrada, ilustrados no Quadro 1.

Custos de Carreta / Cavalo Custos relacionados para a aquisição ou terceirização do

equipamento.

Quantidade de Cavalos Mecânicos Número de cavalos mecânicos serve para determinar os

10

ciclos de puxada, numero de manutenções e também

determinara o numero de carretas. O número de carretas

no caso da puxada estacionária será igual o número de

cavalos mecânicos mais um, e no caso da puxada

convencional o numero de carretas será o mesmo dos

cavalos mecânicos

Tempo de Manutenção das Carretas Tempos diários utilizados para fazer a manutenção

preventiva no cavalo e na carreta

Tempo de substituição das carretas Tempo utilizado para substituir uma carreta pela outra

Distancia da Fábrica para o Centro de Distribuição Estimador do tempo em trânsito

Tempos Operacionais Descritos anteriormente

Quadro 1 – Dados de entrada do modelo

Com os dados de colocados no modelo, foi possível avaliar as situações propostas, avaliando a

configuração inicial e novo modelo elaborado através dos dados de saída propostos. A primeira

informação que pode ser obtida com o modelo é número máximo de carretas estacionárias

(NCE), que é determinado pela equação abaixo:

Porém, deve-se levar em consideração o número máximo de carretas estacionária somente como

referência, pois a simulação foi feita por base de uma media de tempos e o período de trânsito

tem muitas variáveis que podem atrasar a operação. Para evitar que veículos fiquem parados

nunca se deve utilizar o número máximo de carretas estacionária. Os outros dados de saída da

modelagem são:

Tempo médio de ciclo de puxada: é a soma dos tempos das operações. Note que o tempo

de Espera CD + Tempo de Descarregamento + Tempo de Carregamento na carreta

estacionária é substituído pelo tempo de substituição das carretas. Pois toda essa operação

é realizada no CD ou na Fábrica enquanto o veículo esta em Trânsito.

Tempo parado por manutenção: é o tempo que o veículo fica para fazer a manutenção

diariamente.

O número de viagens por dia (NVD) é calculado pela seguinte formula:

Para efeito comparativo foram utilizados os mesmos dados (tempos e custos) para um modelo

com carreta puxada estacionária e de frota fixa, ilustrado na Tabela 1. Estes dados foram

coletados em uma empresa de distribuição de bebidas, onde foi aplicado este modelo.

Tipo de Puxada Estacionária Fixa Unidade

Custo fixo/cavalo mecânico/mês 15.000,00 15.000,00 R$

Custo fixo/carreta/mês 20.000,00 20.000,00 R$

Quantidade de cavalo mecânico 3 3 unidade

Tempo de manutenção carreta/dia 30 30 minuto

11

Tempo de manutenção do cavalo/dia 20 20 minuto

Tempo médio para substituição de carretas 20 20 minuto

Distância Fábrica x CDD 80 80 quilômetro

Tempo de funcionamento da fábrica 24 24 hora

Tempo médio de espera na fábrica 20 20 minuto

Tempo médio de descarregamento na fábrica 5 5 minuto

Tempo médio de carregamento na fábrica 15 15 minuto

Tempo médio de saída da fábrica 5 5 minuto

Tempo médio Fábrica x CDD 90 90 minuto

Tempo de funcionamento do CDD 24 24 hora

Tempo médio de espera no CDD 25 25 minuto

Tempo médio de descarregamento no CDD 15 15 minuto

Tempo médio de carregamento no CDD 15 15 minuto

Tempo médio de saída do CDD 15 15 minuto

Tempo médio CDD x fábrica 90 90 minuto

Número máximo de carretas estacionárias 25,09 -

Tempo médio por ciclo de puxada 260 295 minuto

Tempo parado por manutenção/dia 60 150 minuto

Número de viagens/dia 15,92 13,12 viagens

Tabela 1 – Tempos de operações adotados no modelo

A proposta desse estudo de caso é a implantação de uma carreta estacionária em uma das

unidades de carregamento, seja fábrica ou CD, onde o tempo de espera, descarregamento,

carregamento, manutenção da carreta seja trocado pelo tempo da troca de carretas no cavalo

mecânica.

A análise foi realizada através de uma modelagem implantada em Excel, onde foram simulados

os mais variados tipos de operações. Através da análise do gráfico Produtividade/Custo será

feitas às conclusões desse trabalho.

Nesse estudo de caso específico, como a proposta é o incluir uma carreta onde a mesma passa a

ficar estacionada no pátio da fábrica ou CD, não serão considerados os custos variáveis, pois os

mesmo serão constantes. Porem o custo fixo mudará em virtude da adição de uma carreta. O

próximo tópico aborda os resultados obtidos com o modelo.

5. Análise dos resultados

Como já foi colocado, foram avaliados dois cenários distintos, um com a configuração tradicional

utilizado na empresa e outro com a proposta, que foi chamada de carreta estacionária. Com base

nos resultados do modelo foi montada a Tabela 2.

Esta tabela ilustra a evolução dos custos a medida que se aumenta o número de cavalos

mecânicos (tração da carreta). Pode-se observar que o custo total para o modelo tradicional

adotado tende a aumentar a medida que se aumentam o número de carreta. Porém, a relação de

custo por viagem tende a ficar constante.

Já para o método proposto, observa-se que o custo total e o custo por viagem tendem a ser mais

12

elevados que o modelo tradicional. O grande ganho com este modelo fica evidenciado quando se

aumenta o número de cavalos mecânicos para mais de quatro. Pode-se observar que, a partir deste

ponto, o custo total e o custo por viagem tendem a ficar menor que o custo do primeiro cenário.

N° de cavalos

mecânicos

utilizados

N° de viagens

(método

estacionário)

N° de viagens

(método fixo)

Custo para o

método

estacionário

Custo para o

método fixo

Relação

custo/viagem

(método

estacionário)

Relação

custo/viagem

(método fixo)

1 4,86 4,04 R$ 1.833,33 R$ 1.166,67 R$ 377,29 R$ 288,50

2 9,72 8,09 R$ 3.000,00 R$ 2.333,33 R$ 308,70 R$ 288,50

3 14,58 12,13 R$ 4.166,67 R$ 3.500,00 R$ 285,83 R$ 288,50

4 19,44 16,18 R$ 5.333,33 R$ 4.666,67 R$ 274,40 R$ 288,50

5 24,30 20,22 R$ 6.500,00 R$ 5.833,33 R$ 267,54 R$ 288,50

6 29,15 24,26 R$ 7.666,67 R$ 7.000,00 R$ 262,96 R$ 288,50

7 34,01 28,21 R$ 8.833,33 R$ 8.166,67 R$ 259,70 R$ 288,50

8 38,87 32,35 RS10.000,00 R$ 9.333,33 R$ 257,25 R$ 288,50

9 43,73 36,39 R$ 11.166,67 R$ 10.500,00 R$ 255,34 R$ 288,50

10 48,59 40,44 R$ 12.333,33 R$ 11.666,67 R$ 253,82 R$ 288,50

Tabela 2 – Tempos e custos para cada número de cavalos utilizados

Assim, este modelo pode apresentar ganhos com a redução de custos e o tempo da carreta parada,

em carregamento. Isso se dá pela eliminação de três atividades do processo:

Tempo de espera no CD: o tempo de espera para o descarregamento tende a ser

diminuído, pois a carreta é, simplesmente, desacoplada do cavalo;

Tempo de descarregamento no CD: o cavalo não precisa esperar ser descarregado para

seguir viagem;

Tempo de carregamento no CD: o cavalo não espera, dado que a carreta já está carregada

e é necessário somente o acoplamento da mesma ao cavalo.

Pela Figura 4, pode-se observar que a adoção desse método pode reduzir os custos fixos

operacionais de forma exponencial, onde a partir da necessidade a utilização de uma carreta

estacionaria reduz os custos. Por conseqüência como os tempos operacionais são reduzidos

implica na diminuição de lead time e que favorece a um poder de resposta mais rápido as

oscilações do mercado e uma melhoria no nível de serviço.

Pode-se observar que os custos do método estacionário ficam mais econômicos com o aumento

do número de carreta. Pela Figura 4, pode-se constatar que a utilização de quatro carretas ou

menos o custo operacional fica mais elevado. Porém, quando se utiliza mais de quatro carretas, os

custos por viagem tendem a ser diminuídos quando se adota o modelo estacionário.

13

Figura 4 – Custos Por Viagem

Assim, constata-se que o modelo proposto deve ser avaliado de caso a caso, pois ele pode ser

viável em determinadas situações, normalmente para um maior volume transportado. Porém, para

volumes menores, este modelo proposto não é viável.

6. Conclusão

Empresas no mundo todo estão adotando estratégias de redução de custos e melhoramento no

serviço prestado ao cliente. O projeto apresentado se enquadra nas exigências atuais e pode ser

implantado nos mais diversos setores, como: indústria alimentícia, indústrias de bebidas,

mineração e etc.

Como mostrado, esse método de carretas estacionarias pode apresentar uma economia de escala

grande e ser um fato de competitividade no mercado. A aplicação desse método pode reduzir os

custos fixos operacionais de forma exponencial, onde a partir da necessidade a utilização de uma

carreta estacionaria reduz os custos.

Como os tempos operacionais e são reduzidos implica na diminuição de lead time e que favorece

a um poder de resposta mais rápido as oscilações do mercado e uma melhoria no nível de serviço.

Porém a aplicabilidade se dá em cenários onde o fluxo de veículos é constante e não uma

utilização esporádica. Antes de implantar um sistema alternativo, vale a pena ficar atento para as

possíveis dificuldades que possam inviabilizá-lo ou que a produtividade não seja a esperada.

Foram identificadas as principais dificuldades de implantação do modelo de carreta estacionária:

Falta de espaço físico: como uma das carretas fica esperando, é necessário que haja um

espaço físico para quando o próximo conjunto chegar possa acomodar as duas carretas.

Problemas de equipamentos: carretas que não possam ser desconectadas, asas de apoio

não sustentável, e outros problemas mecânicos.

Sistemas de controle e acompanhamento: alguns sistemas de controles podem precisar de

algumas modificações para que o controle da operação funcione 100%

14

Sincronização Fábrica x Centro de Distribuição: ou seja, os veículos não podem ficar em

comboio, pois isso atrapalharia na produtividade.

Referências

AGÊNCIA NACIONAL DOS TRANSPORTES TERRESTRES – ANTT. Assessoria de Comunicação Social:

Números do Setor. Brasilia, 2004 Acesso em 13 de maio de 2008.

BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos (4° ed) Ed. Bookman, São Paulo,2001.

BERTÁGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2003.

CERVESIA. Disponível em: http://www.cervesia.com.br/dados_estatisticos.asp. Acessado em 15/12/2009.

FARIA, A. C.; COSTA, M. F. G. Gestao de Custos Logisticos. 1. ed. Sao Paulo: Atlas, 2005.

FARINA, E.M. & ZYLBERSZTAJN, D. Organização das cadeias agroindustriais de alimento. Encontro nacional

de economia,1992, Campos de Jordão. São Paulo: p. 189-207, 1992.

FLEURY, P.F. Gestão Estratégica do Transporte. 2002. Disponível em: http://www.ilos.com.br. Acesso em:

9.jul.2009.

GUERRA, S. A Nova Produtividade. Diponivel em: http://www.apimecmg.com.br. Acesso em 9 Jul. 2009.

KAPLAN, R. S. e NORTON, D. P. A Estratégia em Ação. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

SILVA, E. N. A. Centralização da distribuição e custos de transportes: estudo de caso Ambev. 2006. 94p

Dissertação (Mestrado em Ciências em Engenharia de Transportes). Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2006.

YUSUF, Y. Y., GUNASEKARAN, A., ADELEYE, E. O., SIVAYOGANATHAN, K. Agile supply chain

capabilities: Determinants of competitive objectives. European Journal of Operational Research p. 379–392, 2004.