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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES UM ROTEIRO DA ARTE MODERNA EM LISBOA, A PARTIR DA COLEÇÃO BERARDO Uma proposta de trabalho em rede no Serviço Educativo Catarina Isabel Vicente da Silva Dissertação Mestrado em Museologia e Museografia Dissertação orientada pelo Prof. DoutorFernando António Baptista Pereira 2017

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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES

UM ROTEIRO DA ARTE MODERNA EM LISBOA,

A PARTIR DA COLEÇÃO BERARDO

Uma proposta de trabalho em rede no Serviço Educativo

Catarina Isabel Vicente da Silva

Dissertação

Mestrado em Museologia e Museografia

Dissertação orientada pelo Prof. DoutorFernando António Baptista Pereira

2017

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Catarina Isabel Vicente da Silva Um Roteiro da Arte Moderna, em Lisboa a partir da Coleção Berardo.

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DECLARAÇÃO DE AUTORIA

Eu Catarina Isabel Vicente da Silva, declaro que a presente dissertação de mestrado

intitulada “Um Roteiro da Arte Moderna, em Lisboa a Partir da Coleção Berardo. Uma

Proposta de Trabalho em Rede no Serviço Educativo”, é o resultado da minha investigação

pessoal e independente. O conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão

devidamente mencionadas na bibliografia ou outras listagens de fontes documentais, tal

como todas as citações diretas ou indiretas têm devida indicação ao longo do trabalho

segundo as normas académicas.

O Candidato

Lisboa, 3 de janeiro de 2017

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a disponibilidade e paciência do meu orientador, dos profissionais do Museu do

Chiado, do Museu Berardo, e do Museu Calouste Gulbenkian, que foram capazes de

facultar um pouco do seu tempo para responder às minhas perguntas. E a todos os que de

alguma forma me ajudaram a chegar até aqui.

Aos meus pais, irmãs, avós, e restante família.

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RESUMO

A arte de um modo geral, tem um papel de extrema importância na sociedade, e na

sua cultura e sabedoria. Por sua vez, o modernismo possuiu e possui uma grande influência

na arte, na sua generalidade, na obra de arte, na história de arte, e na história e cultura.

A mostra de arte nos museus, em específico da arte moderna, foi em tempos um

ponto em falha, escasso ou inexistrente, em Portugal. De forma a conseguir que essa

problemática fosse corrigida, foi constituído um museu, que através de uma vasta coleção

de obras de arte moderna e contemporânea, seria capaz de completar essa lacuna – o

Museu Berardo.

No entanto, existem dois outros museus – o Museu do Chiado e o Museu Calouste

Gulbenkian, que atuam nos mesmos campos da arte que o Museu Berardo. Funcionando

em conjunto, estes três museus, formam uma união capaz de enriquecer não só a arte

moderna, através da sua visualização e estudo, mas também a sociedade, o país, e o mundo,

oferecendo através das suas coleções e exposições, um maior espectro de obras e de

informação sobre a história da arte moderna, dentro e fora do país.

O museu é visto como um local de conhecimento e aprendizagem, de

enriquecimento. O museu é a entidade que oferece cultura, história, e abertura, a todas as

faixas etárias e situações sociais.

Assim, e através do trabalho feito pelos museus, nos seus serviços educativos e no

que oferecem ao público que os visita, vêm-se estes museus como locais de

desenvolvimento pessoal e cultural.

O trabalho em rede torna a oferta mais interessante, mais abrangente, mais vasta,

causa um maior envolvimento, e assim sendo, torna-se capaz de tornar ainda maior o

desenvolvimento.

A partir da cidade de Lisboa, surge através destas entidades a oportunidade de criar

um roteiro de arte moderna que as envolva, e as interligue, levando o conhecimento de

dentro para fora, para o usufruto de todos.

PALAVRAS-CHAVE: Museu Berardo; Museu do Chiado; Museu Calouste Gulbenkian;

Arte Moderna; Serviço Educativo; Trabalho em Rede.

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ABSTRACT

Art in general way, plays an extremely important role in society, in its culture and its

wisdom. On the other hand, modernism had and still has a great influence in art, in

generality, in the work of art, in the history of art, and in history and culture.

The art exhibition in museums, specific to modern art, was once a failing, scarce or

inexistent point in Portugal. In order to get this problem corrected, a museum was created,

a museum which through a vast collection of modern and contemporary works of art

would be able to complete this gap - the Berardo Museum.

However, there are two other museums - the Chiado Museum and the Calouste

Gulbenkian Museum, which work in the same fields of art as the Berardo Museum.

Working together, these three museums form a union capable of enriching not only

modern art, through its visualization and study, but also society, the country, and the world,

offering through its collections and exhibitions a wider spectrum of works of art and

information on the history of modern art, inside and outside the country.

The museum is seen as a place of knowledge and learning, of enrichment. The

museum is the entity that offers culture, history, and openness to all age groups and social

situations.

Thus, through the work done by these museums, in their educational services and

in what they offer to the public visitation, these museums are seen as places of personal

and cultural development.

Networking makes the offer more interesting, more comprehensive, wider, causes

greater involvement, and thus being, it becomes capable of making the development even

greater.

From the city of Lisbon, through these entities, the opportunity arises to create a

guidebook of modern art that envelops them, and interconnects them, bringing knowledge

from the inside out, to the enjoyment of all.

KEY WORDS: Berardo Museum; Chiado Museum; Calouste Gulbenkian Museum;

Modern Art; Educational Service; Networking.

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LISTA DE ABREVIATURAS AO LONGO DO TEXTO

AICA – Associação Internacional de Críticos de Arte

APOM – Associação Portuguesa de Museologia

BANIF – Banco Internacional do Funchal

CAM – Centro de Arte Moderna

CAMJAP – Centro de Arte Moderna José Azeredo Perdigão

CB – Coleção Berardo

CCB – Centro Cultural de Belém

FCG – Fundação Calouste Gulbenkian

ICOM – International Council of Museums

MB – Museu Berardo

MC – Museu do Chiado

MCB - Museu Coleção Berardo

MCG – Museu Calouste Gulbenkian

MNAC – Museu Nacional de Arte Contemporânea

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AGRADECIMENTOS …………………………………………………...…….…..

RESUMO …………………………………………………………………..............

ABSTRACT ………………………………………………………………………...

LISTA DE ABREVIATURAS ……………………………………………………..

ÍNDICE GERAL

INTRODUÇÃO …………………………………………………………………….

CAPÍTULO 1 – A ARTE, O MODERNISMO E A EDUCAÇÃO NOS MUSEUS

1.1 A Arte Moderna …………………………………………………..………..

1.2 A Arte e o Museu ………………………………………………………….

1.2.1 O Museu de Arte Contemporânea …………………………….….

1.3 A Arte e a Educação: Diferentes Experiências em Museus

Internacionais ……….……………………………………………………..

1.3.1. Learning Through Art - Museu Solomon R. Guggenheim

1.3.2 Neuroeducation: Learning, Arts and the Brain - Fundação

Dana e Universidade John Hopkins ……………………………..

1.3.3 Staying in School: Arts Education and New York City High

School Graduation Rates – The Center for Arts Education …...

1.3.4 Reinvesting in Arts Education – Winning America’s Future

Through Creative Shcools - President’s Committee on the Arts

and The Humanities ………………………………………...……..

CAPÍTULO 2 – O MUSEU BERARDO E O SEU SERVIÇO EDUCATIVO .…

2.1 O Projeto de Criação do Museu ……………………………………………..

2.2 A Missão do Museu …………………………………………………………...

2.3 A Vocação do Museu …………………………………………………………

2.4 A Coleção e o Museu ………………………………………………………...

2.4.1 Lacunas ……………………………………………………………...

2.5 A Exposição …………………………………………………………………...

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2.5.1 Conservação, segurança e prevenção …………………………...

2.5.2 A Apresentação ……………………………………………………..

2.5.3 Divulgação | Identificação ………………………………………….

2.5.4 Percurso da Exposição …………………………………………….

2.5.5 Análise da Exposição da Colecção Permanente do Museu Coleção

Berardo (1900-1960) ……………………………………………………...

2.5.5.1 Tipologia …………………………………………………...

2.5.5.2 Temática …………………………………………………..

2.5.5.3 Modulação do Espaço ……………………………………

2.5.5.4 Espécimes Expostos ……………………………………..

2.5.5.5 Material Expositor ………………………………………...

2.5.5.6 Iluminação …………………………………………………

2.5.5.7 Aspetos a ter em conta ….……………………………….

2.6 O Serviço Educativo ………………………………………………………….

CAPÍTULO 3 – O MUSEU NACIONAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA –

MUSEU DO CHIADO E O SEU SERVIÇO EDUCATIVO ……….……………

3.1 A Missão do Museu ……………………………………………………….....

3.2 A Vocação do Museu ………………………………………………………..

3.3 O Museu e a Coleção ……………………………………………….…...….

3.4 A Exposição ………………………………………………….……………….

3.4.1 Tipologia e Temática ………………………………………………

3.4.2 Modulação do Espaço …………………………………………….

3.4.3 Espécimes Expostos e Material Expositor ……………………...

3.4.4 Iluminação ………………………………………………………….

3.5 O Serviço Educativo …………………………………………………………

CAPÍTULO 4 – O MUSEU CALOUSTE GULBENKIAN E O SEU SERVIÇO

EDUCATIVO ………………………………………………………………………

4.1 A Missão do Museu ………………………………………………………….

4.2 A Vocação do Museu ………………………………………………………..

4.3 O Museu ………………………………………………………………………

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4.4 A Coleção ……………………………………………………………………...

4.4.1 Tipologia e Temática ……………………………………………….

4.4.2 Modulação do Espaço ……………………………………………..

4.4.3 Espécimes Expostos e Material Expositor ………………………

4.4.4 Iluminação …………………………………………………………..

4.5 O Serviço Educativo …………………………………….……………………

CAPÍTULO 5 – UMA PROPOSTA DE ROTEIRO EDUCATIVO DE ARTE

MODERNA …………………………………………………………………………

5.1 Ligações: O Museu Berardo, o Museu do Chiado e o Museu Calouste

Gulbenkian …………………………………………………………………………

5.2 A Importância do Trabalho em Rede ……………………………………….

5.3 Uma Proposta de Roteiro da Arte Moderna ……………………………….

5.3.1 O Roteiro e a Oferta Educativa ……………………………………

CONSIDERAÇÕES FINAIS ……………………………………………………...

BIBLIOGRAFIA …………………………………………………………………….

ANEXOS ……………………………………………………………………………

ANEXO A - CURIOSIDADES: A FIGURA POR DETRÁS DA COLEÇÃO ….

ANEXO B - CURIOSIDADES: SOL EM JOE BERARDO.COM | REAVALIAÇÃO

DA COLEÇÃO BERARDO ……………………………………………………….

ANEXO C - FOTOGRAFIAS DO MUSEU BERARDO: ESPAÇOS E

ATIVIDADES DO SERVIÇO EDUCATIVO ……………………………………..

ANEXO D - FOTOGRAFIAS DO MUSEU DO CHIADO: ESPAÇOS E

ATIVIDADES DO SERVIÇO EDUCATIVO ……………………………………..

ANEXO E - PARQUES NATURAIS DOS AÇORES – IMAGENS DA

APLICAÇÃO MÓVEL ……………………………………………………………...

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INTRODUÇÃO

A sociedade dos dias que correm é demasiado consumista e crítica mas

nem sempre justa, dando apenas importância ao próprio bem-estar, quer físico

quer psicológico do indivíduo. O sentido estético e o espírito crítico nem

sempre andam a par e passo, e na arte, o que para uns é belo, para outros não

o é, pese embora o fato de haver uma abertura maior para qualquer um ser

crítico.

A arte é uma forma de cultura e de comunicação. Transmite formas de

sentir, de ver, de apreciar, estados de espírito, entre outros aspetos que tornam

o ser humano mais rico. Tem também a particularidade de despertar nos seus

observadores vários sentimentos, através dos tempos, quer pelas obras que

nos foram deixadas, quer pelas obras contemporâneas.

Antigamente, a arte desenvolvia-se através do mecenato ou apoiada em

famílias nobres ou endinheiradas que pagavam aos artistas, sendo que o local

de exposição das mesmas era essencialmente nas casas sumptuosas dessas

famílias ou até mesmo nas ruas. Hoje em dia, a maioria das obras de arte

estão de certa forma protegidas dentro de museus ou consignadas a fundações

ou a famílias com poder económico.

Definição de museu:

. nome masculino

1. Estabelecimento público onde estão reunidas e expostas colecções

de objectos de arte, ciência, etc.

2. Grande colecção de objectos de arte ou qualquer ciência.

(Do grego mouseion, “museu”, pelo latin museu-m “museu; biblioteca”)1

1 Definição de Museu. Infopédia – Dicionário da Língua Portuguesa, consultado em:

www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/museu.

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Os museus são templos de cultura, são locais onde algumas obras de

arte estão expostas e são preservadas. Um museu pode provocar no seu

observador uma nova visão daquilo que este já conhecia, ou passou, num

momento exato, a conhecer. A forma como é exposta uma obra de arte, no

local certo, com as condições mais desejáveis, pode mudar a perspectiva de

quem a observa, pode mudar a sua alma, visto que, no fundo, a arte pretende

que exista um determinado impacto naqueles que a absorvem de alguma

forma.

Todos temos percepções e emoções diferentes ao observar uma obra

de arte. A emoção parte de cada um e da forma de sentir e viver o momento,

mas - e esse será um pormenor de grande importância - é sempre necessário

que exista alguma emoção, e de preferência positiva, no sentido de

compreender aquilo que é observado, ou pelo menos na percepção de um

observador específico, visto que a obra de arte desperta um sentido subjetivo

em cada indivíduo.

Para que possa de alguma forma existir uma certa coerência de e para

quem observa, é necessário que a leitura de um espaço expositivo seja clara.

Para isso, consequentemente, será necessário que a organização desse

mesmo espaço seja feita da melhor forma, com a maior clareza, enaltecendo

as melhores perspectivas, tendo sempre em mente que a obra estará a ser

observada por um público muito diversificado e inserido em diferentes meios

socioculturais.

Tendo como formação de base uma Licenciatura em Design de

Equipamento, foi sentida a necessidade de unir gostos e interesses do

passado, para construir uma harmonia, e conjugar os vários aspetos de

interesse no que diz respeito ao círculo artístico, com vista a proporcionar um

“encaixe”, entre as artes plásticas, o design e os museus. O resultado desejado

seria expandir a formação base,aplicando-a à Museologia, com intervenção

das artes plásticas.

Durante a frequência do primeiro ano letivo do Mestrado de Museologia

e Museografia da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, foram

solicitados trabalhos aos mestrandos sobre Museus e Exposições, que

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despertassem o seu interesse, que perspetivassem novas abordagens válidas

que propiciassem análises diferentes nas disciplinas que lhes estavam a ser

ministradas.

Foi também solicitado que os alunos do referido mestrado pensassem

num princípio maior, aproveitando esses mesmos trabalhos para aquele que

poderia vir a ser o projeto final, o qual iriam desenvolver, para mostrar no fim

do Mestrado.

Durante o primeiro ano letivo, os trabalhos realizados passaram

essencialmente pela procura de respostas, análise profunda do museu

escolhido para a base do trabalho final, das suas estruturas (internas e

externas), de forma a conhecê-lo com mais especificidade. Dessa pesquisa

resultaram três trabalhos: o primeiro que passou por conhecer o museu, a sua

história, e as suas políticas de incorporação; para o segundo e terceiros

trabalhos realizados para disciplinas que se interrelacionavam, onde também

foi escolhido o mesmo museu, focando o interesse, depois, numa exposição

temporária de Vik Muniz que decorreu nos últimos meses do ano 2011.

O fruto desses trabalhos fez com que surgisse um maior interesse sobre

a entidade que é o Museu Coleção Berardo. Através desde, encontra-se a

definição do museu de arte moderna, que se encontrou em tempos em falta na

cidade de Lisboa, e que se tornou o objeto central de estudo da dissertação.

Escolhendo aquela que é a primeira exposição permanente do museu,

que define o percurso da arte no modernismo, especificamente entre o século

XIX e o século XX, pretende-se a evidenciação da mostrados movimentos e

protagonistas dos mesmos, que mais se destacaram na sociedade ao longo

desse tempo.

Por outro lado, e utilizando por base essa mesma exposição, explora-se

a arte moderna como um roteiro, iniciado pelo Museu Berardo, e que conduz a

outros dois museus que atuam na mesma área que este, criando um percurso

transversal às três entidades, Museu Berardo, Museu do Chiado e Museu

Calouste Gulbenkian, e fazendo uso do que elas oferecem para a educação da

sociedade portuguesa.

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Ao longo deste trabalho, mais especificamente no Capítulo 1, serão

então apresentados aspetos que se relacionam diretamente com a arte, a arte

moderna em específico, o museu como entidade que permite o conhecimento

das obras, e a educação através desta instituição, tomando como casos de

estudo várias experiências educativas em museus internacionais.

No Capítulo 2, ao definir aquele que foi o projeto do Museu Berardo,

focando aqueles que seriam os objetivos a cumprir para com o público, surge a

necessidade de definir a missão do museu, os princípios pelos quais se rege,

qual a sua escolha em relação à mostra de obras de arte expostas, qual a

finalidade da mostra da exposição, o porquê de o fazer, e o que se pretende

gerar em termos sociais e turísticos a nível nacional e internacional, visto que

uma exposição é uma forma de inserir o País num círculo de grande

importância, o círculo artístico mundial. Apresenta-se de igual forma a vocação

do museu, explicitando quais os períodos que abrange, que correntes artísticas

expõe, os autores que nelas se refletem e acima de tudo o interesse que estas

possuem, transpondo linhas importantes para a cultura artística de todo o

público.

Pretende-se ainda entender qual o interesse pelo qual foi movida a

procura das obras, a criação da exposição, decifrando a sua simbologia e

enumerando os nomes que a esta pertencem, dando especial importância à

escolha e mostra de alguns artistas portugueses que tornam, de igual forma, a

história da arte apresentada mais rica e abrangente.

O ponto seguinte deste projeto passa por contar alguma da história do

Museu, referindo pequenos apontamentos sobre a pessoa pela mão da qual

este surgiu, o Comendador José Berardo, e indicando o seu percurso, movido

por um sonho, e que o fez reunir a coleção que é então fruto de análise.

De seguida, é analisado o Museu Coleção Berardo, a forma como este

se coloca no circuito dos Museus de Portugal, de que forma surgiu a Coleção

Berardo, como foi conseguida, como foi e é agora gerida.

De forma a entender melhor aquela que é então a base deste projeto, a

Exposição Museu Coleção Berardo (1900-1960) será apresentada de forma

detalhada, indicando as obras de arte, as correntes artísticas, os autores que

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nela se observam, a razão pela qual esta é uma das exposições permanentes

do museu e o seu interesse público. Ainda neste ponto serão indicados os

princípios conservativos, de segurança e de prevenção exercidos em relação à

exposição tratada, de forma a entender em que ponto esta se situa, isto é,

como se encontram expostas e de que forma, em que condições é feita e

exercida a segurança neste espaço, e de que forma é feita a prevenção e

preservação do bom estado do que está exposto.

A apresentação expositiva é outro dos aspetos a focar, visto que é

através dela que o público poderá ter a melhor percepção da leitura do espaço

e das obras apresentadas.

Será feita a referência à forma como são dispostas as obras, a

orientação de circulação pela exposição, se a informação está acessível e clara

para o público, tendo em conta que não são apenas artistas e críticos que a

visitam. Atendendo a que a orientação pela exposição é um dos pontos cruciais

e que pode definir o resultado positivo ou negativo da visita ao museu, quer em

termos do espaço total, desde a entrada no edifício à entrada na exposição,

passando pelos vários espaços de acessos, será de igual forma explorado, de

forma a definir como é feita a orientação pelo museu. Por outro lado, definir-se-

á a divulgação, a identificação do espaço e da exposição em si, verificando se

esta informação se apresenta de forma clara e inequívoca, isto é, se é possível

encontrar facilmente o local da exposição, a sala em que esta é apresentada,

se a sinalética e os acessos transmitem a informação fundamental a todos

aqueles que possam visitar o museu.

A Exposição de 1900-1960 é então analisada de acordo com a tipologia

em que se insere, a temática que esta apresenta (quais os autores, obras e

correntes artísticas que a compõem), e a modulação do espaço, isto é, a forma

como as obras se dispõem, a forma como o público circula no mesmo, focando

também os espécimes expostos (que tipo de obras são: esculturas, pinturas,

impressões ou outra variação), o material expositor utilizado para suportar as

obras tendo em conta o aspeto iluminativo do espaço, ou seja, a forma como é

feita a iluminação deste. No desenvolvimento da análise, serão indicados

aspetos que carecem de melhoria, relativos à exposição que se encontra em

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apresentação. Nesse “antes”, será possível visualizar as plantas da exposição,

que permitirão uma identificação mais especifica daqueles que são os aspetos

do espaço que poderão ser corrigidos.

Por outro lado, e fazendo a relação com outro museu em Lisboa, que

permite a mostra de arte moderna e contemporânea, vê-se o Museu do Chiado,

no Capítulo 3, como um museu que abrange o período desde 1850 até ao

presente. Este museu insere-se neste projeto como parte integrante de um

roteiro, uma vez que se situa dentro da mesma linha temporal da Exposição de

1900-1960 do Museu Berardo. Para o efeito será feita uma pequena introdução

acerca da missão deste museu, um pouco da sua história e o porquê da sua

criação de forma a apresentar a sua vocação e o que este representa. No final

será introduzida uma pequena análise da “Exposição Permanente 1850-1975”.

Dando continuidade ao ponto anterior, é introduzido no Capítulo 4, o

agora denominado de Museu Calouste Gulbenkian, uma instituição privada que

serve o público em geral2. Esta entidade, possui por sua vez diversas obras

que possibilitam um melhor conhecimento sobre a arte deste período. Sendo

que neste ponto se apresentam informações sobre a missão da fundação que

suporta este museude arte, bem como as guias pela qual foi criado e respetiva

vocação. Após uma análise do museu em si, e por este ser um caso especial,

procede-se a uma pequena explicação da coleção moderna que a este

pertence, visto que estaé apresentada principalmente através de exposições

temporárias.

Antes de concluir, é então introduzido o projeto em questão, no Capítulo

5, o projeto do roteiro educativo em que se apresentam e conjugam as ofertas

culturais e educativas dos três museus em questão, para uma melhor forma de

interpretar e conhecer a arte moderna na Cidade de Lisboa.

2 “Por um lado, foi sua intenção permitir que se desenvolvesse benemerente actividade no

campo da assistência. Por outro lado, teve em mente que se iniciasse e prosseguisse esforço

generalizado no plano da cultura, em sua expressão educativa, artística e científica,

proporcionando para tanto os indispensáveis recursos.”, in Fundação Calouste Gulbenkian –

Decreto-Lei 40690, de 18 de julho de 1956 aprovando os estatutos da Fundação Calouste

Gulbenkian.

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Para concluir, após a análise dos trabalhos de pesquisa e da informação

recolhida serão tecidas várias considerações e levantadas várias questões

sobre os benefícios da articulação entre os três espaços museológicos que,

apesar de contemplarem obras de arte de épocas semelhantes, são tão

divergentes em termos de gestão e de suportes educativos.

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16

CAPÍTULO 1

ARTE: A ARTE, O MODERNISMO E A EDUCAÇÃO NOS MUSEUS

1.1 A Arte Moderna

É diversificada a forma como se pode ver a História de Arte, olhar para

estaimplica sempre olhar para algo subjetivo, sendo que cada indivíduo acaba

por fazer dela uma abordagem particular ainda que baseada na informação

disponibilizada pelas instituições e pela bibliografia. A arte moderna surgiu

após a revolução industrial3 e é caraterizada pela produção artística de finais

do século XIX a inícios do século XX. Neste período de criação, é evidente a

evolução de ideias dos artistas da época, que, quer de forma coletiva, quer de

forma individual, encontraram novas formas de produzir as obras de arte,

alterando a sua perceção pública.

Por entre os vários movimentos da arte desta época, a arte moderna

inicia-sena segunda metade do século XIX, sendo que a partir deste ponto, os

conceitos de arte e de obra de arte, sofreram grandes mudanças, imprimindo

nas peças novos sentidos de originalidade e representação.

Ao início, os artistas produziam trabalhos encomendados, com conceitos

já estipulados por pessoas com grandes fortunas. No entanto, durante o século

XIX, a produção de arte alterou-se, fazendo com que os artistas produzissem

obras sobre locais, pessoas e conceitos que lhes eram de interesse. E é com o

evoluir do pensamento, e após a publicação e receção do livro de Sigmund

Freud, A Interpretação dos Sonhos4, que se valoriza o pensamento, o

3 Ocorreu entre 1760 e 1840. Caracteriza-se pela transição da produção que passa dos

métodos manuais para métodos automatizados, utilizando – por exemplo – máquinas. Afetou

positivamente o crescimento económico, social e cultural da época. Consultado em:

www.bbc.co.uk/history/british/victorians/workshop_of_the_world_01.shtml.

4 Esta publicação, que deu origem à psicanálise, foi muito inovadora, na época, propondo uma

diferenciação entre os sonhos conscientes, pré-conscientes e inconscientes, e as reações aos

mesmos. Consultado em: www.almedina.net/catalog/product_info.php?products_id=8567.

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17

subconsciente, os sonhos, simbologias e iconografias, dando importância à

subjetividade.

Nesta altura, também a forma como eram concebidase realizadas as

obras de arte mudou. Surgiram novas experiências, com materiais diferentes

do tradicional – como a cola, a tinta acrílica, a utilização de cartões ou tintas de

alumínio, linóleo -, cores puras, novas técnicas e novos meios de apresentar os

trabalhos, deixam de ser feitas as mostras privadas dos mais abastados, para

serem feitas mostras a todo o público, independentemente da sua situação

social5.

Inicia-se na Europa, mais concretamente em França, em fins do século

XIX, a corrente artística do Naturalismo. Esta forma de interpretação artística

guiava-se por aquilo que era natural, vindo dos princípios e métodos da ciência

natural, baseando-se também na visão que Darwin possuía da natureza6.

Do Naturalismo, resultou o Realismo, representando de forma crua

aquilo que era realmente visto. Tudo o que era considerado artificial era

colocado de parte, já não existia interesse em embelezar as situações, mas sim

em retratá-las com todos os problemas e costumes que transportavam.

Mais tarde, surgiu o impressionismo, e posteriormente o Pós-

Impressionismo. O nome da corrente artística impressionista, foi criado por um

crítico de arte a partir do título da obra de Claude Monet Impressão: nascer do

sol7. O impressionismo rompe com o que era feito até então, no que à pintura

se referia, e origina um movimento em que se tornava mais importante a cor,

luz, moção, ignorando os anteriores conceitos do real e nobre. O Pós-

Impressionismo reúne uma série de artistas pertencentes a outras correntes

que optam por fazer transparecer e salientar nas suas peças a

bidimensionalidade e a cor.

5 BOURDIEU, Pierre; DARBEL, Alain. L’amour de l’art: les musées et leur public. Paris, Minuit,

1966.

6 Darwin defendia o princípio da evolução por seleção natural. Fatores como a hereditariedade

e condições sociais, eram determinantes na vida dos indivíduos. Consultado em:

www.infopedia.pt/$darwinismo.

7 Obra de 1872, em que Monet representa um nascer do sol no porto do Havre.

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18

Em resposta ao Naturalismo e Realismo, o Simbolismo apresenta-se

como a arte que fazia transparecer não só o que era natural e real, mas

também aquilo que por trás dessas caraterísticas existia, a essência e o

sentimento.

De seguida, surge, antes da Primeira Guerra Mundial, o movimento Art

Noveau. Representa, como o nome indica, “arte nova”, por ser um estilo jovem

e que pretende reagir à arte do século XIX. Surgem também peças com estilo

mais geométrico, mas inspiradas em formas e estruturas naturais.

Emergindo na Grã-Bretanha, o movimento Arts and Crafts apresenta

formas elementares, românticas e medievais, sendo um estilo de arte

decorativa que tenta romper com os efeitos massificadores da industrialização.

Já no século XX, surge mais um movimento de vanguarda, o

Expressionismo. Vindo da Alemanha, este movimento artístico atravessa vários

campos no que à arte diz respeito8. A expressão transparece através do

movimento, da emoção, explorando o mundo intuitivo. Deforma a realidade e

expressa-se subjetivamente, tentando retratar o sentimento em oposição à

realidade. Com o Expressionismo chega o Fauvismo, que Henri Matisse define

como "uma arte do equilíbrio, da pureza e da serenidade, destituída de temas

perturbadores ou deprimentes”9. Deixam de existir gradientes de cor, ou até

mesmo misturas, tudo é simplificado e tudo se torna mais definido.

O Cubismo, movimento das artes plásticas e preferencialmente da

pintura, corrompeu a perspectiva que haveria sido utilizada pela arte ocidental

até o início do século XX, desde o Renascimento. Surge em 1907, vindo de

Paris, pelas mãos de Pablo Picasso, e possui uma influência de extrema

amplitude, que conduz a uma pintura que fragmenta os planos e os pontos de

vista fazendo com que exista uma eliminação da ilusão da tridimensionalidade.

Surgem representações de formas geométricas que exibem a estrutura

humana figurada e mostra-nos, simultaneamente, a mesma a partir de variados

8 Influencia as artes plásticas, literatura, música, cinema, teatro, fotografia, entre outros.

9 GRAHAM-DIXON, Andrew. Arte, o guia visual definitivo. Publifolha [S.l.], 2012. p.402-407 e

p. 612.

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pontos de vista.Neste movimento a cor é pobre, variando entre os pretos,

cinzas e castanhos, podendo eventualmente surgir através de amarelos ocre.

Apesar de emergir a partir da segunda década do século XX, com

Kandinsky, o Abstracionismo triunfa finalmente na Europa nos anosda década

de 1930, época em que se geravam enormes conflitos no campo da

intervenção política, e este é o movimento que tenta defender a autonomia da

arte, protegendo aquilo que considera serem os valores próprios da obra de

arte em si.

Esta era uma arte de choque e de reação que acabaria por fazer surgir,

na comunidade, alguma polémica e indignação. Pretendia desenvolver obras

de arte que se colocassem para além daqueles que eram os seus precedentes.

Negar composições complexas e rígidas, libertando a natureza da cor e da

geometria, utilizando cores fortes que criassem emoções e utilizando técnicas

agressivas, espontâneas e até automáticas.

O Construtivismo teve origem em 1914, na Rússia, sendo considerado

uma influência de grande importância em todas as variantes do mundo artístico

– seja na arte plástica, design ou arquitetura. É algo abstrato e geométrico,

tendo a sua própria autonomia, e mostra uma relação com a natureza e a

sociedade, aspetos estes que fazem criar uma ligação entre os mundos

artístico e tecnológico. Atribui-se especial atenção à forma como a obra é

construída, e não à forma como é composta, organizada. Existe uma utilidade

para o objeto artístico, passando a existir uma técnica de montagem, levando à

utilização de novos materiais.

Surge também a Arte Concreta que pretende ter uma linguagem própria,

tendo por base os planos e as cores. O Concretismo vê a arte como algo

universal, que deverá ser pensado antes da sua execução, e por isso, deverá

ser algo mecânico e claro. Com um pensamento semelhante, nasce o

Suprematismo, que se centra principalmente em figuras geométricas básicas,

como o quadrado e o círculo, utilizando cores sólidas também elas básicas.

Descreve-se como uma arte livre, pura e sem compromissos.

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Em 1909, emergira o Futurismo, baseado na velocidade e na tecnologia

desenvolvida. Utilizava a cor viva e o contraste para se exprimir, e imprimia nas

suas obras a sobreposição de imagens, desmaterializando os objetos.

Em Zurique, por volta de 1916, o Dadaísmo apresenta-se de uma forma

desapegada e sem nexo. Um movimento não tradicional, de vanguarda, o

Dadaísmo surgiu através de um aglomerado de escritores e artistas que não

acreditavam na sociedade, à qual atribuíam culpas pelo que se estava a passar

na Primeira Guerra Mundial, eliminando aquilo que fora pré-estabelecido por

outros artistas. Provém da palavra “dadá”, que não tem um significado

específico, tornando-se irreverente e propondo uma nova leitura daquilo que se

conhece, utilizando os objetos que são já comuns e levando-os a uma nova

apresentação e contexto, que, no fundo, os descontextualiza, sendo o

resultado de uma enorme ironia a partir daquilo que é até então considerado

absurdo.

Movimento que capta características dadaístas, o Surrealismo assegura

um trajeto também relacionado com o absurdo, com o irracional, por vezes até

associado à loucura, sendo irreal, assombroso, delirante, fantástico.O fundador

deste movimento é André Breton, que o faz surgir pelos finais da segunda

década do século XX, onde haveria, pouco antes, existido uma grande tensão

e abalo, devido à Primeira Guerra Mundial. O surrealismo apresentava-se com

a ideia de fazer brotar uma nova forma de pensar. Com o passado do

movimento dadá, seria mais simples inserir um movimento, que tal como o seu

antepassado, criasse na sociedade um grande impacto.

1.2 A Arte e o Museu

A história de arte desenvolveu-se nos séculos XIX e XX num estreito

paralelismo com a evolução dos museus. Na entidade museológica os objetos

colecionados e o conhecimento sobre eles necessitam de ser trabalhados em

conjunto. Os acontecimentos de avanço e recuo que acontecem na história de

arte não se podem apresentar da mesma forma no museu. O fim do estudo

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museológico serve para chegar a um objetivo final, realizar uma exposição que

faça referência a esse dinamismo.

Juntando imagens e objetos que nos transportam a tempos e lugares em

específico, o museu de arte é um depósito de história, estética e evolução,

funcionando quase como um palco, em que acontecem cenas marcantes da

existência humana.

1.2.1 O Museu de Arte Contemporânea

No que diz respeito aos museus de arte contemporânea, estes tendem a

diferir das definições gerais do museu de arte antiga. Apresentam-se como

algo diferente, por serem entidades que contam histórias de memórias, no

passado recente.

Este tipo de museu em específico, por receber nas suas exposições

obras do presente, ou do passado muito recente, possui uma forma diferente

de contar a história, ou seja, a obra de arte, por ser tão recente, não existe para

além do museu, não teve uma história antes de fazer parte da instituição. No

que diz respeito por exemplo a museus de arte antiga, é utilizada a sua história,

e são refeitas leituras contextualizadoras para as obras, enquanto que no caso

da arte contemporânea, a narrativa é criada especificamente no tempo

presente.

Nestes termos, é o museu de arte contemporânea que permite a

inserção de um objeto no mundo artístico. Consequentemente, esta ligação

entre o museu, o objeto e o artista, cria uma relação de interdependência, em

que o museu se torna quase como uma instância de legitimação em relação ao

artista10.

10

BOURDIEU, Pierre; DARBEL, Alain. L’amour de l’art: les musées et leur public. Paris, Minuit,

1966.

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22

1.3 A Arte e a Educação: Diferentes Experiências em Museus

Internacionais

A Arte desperta uma série de sentidos e sentimentos a quem a observa.

Uma peça de Arte, seja ela de que corrente ou sector for (escultura, pintura,

etc.), pode despertar uma série de sensações num indivíduo.Por outro lado, a

Arte e a sua aprendizagem podem permitir novas aprendizagens e fazer com

que sejam trabalhadas outras capacidades quer física quer psicologicamente11.

Ao crescer, cada indivíduo desenvolve-se de acordo com o que o rodeia,

e com o está à sua disposição. Os estímulos criados pela arte e pelas obras de

arte, ajudam a potenciar esse desenvolvimento.

G. Henri Riviére (1989) define o museu como instituição ao serviço da

sociedade, “como que um espelho onde a população se revê para se

reconhecer, onde procura a explicação do território a que pertence em conjunto

com as populações que a precederam na continuidade ou descontinuidade das

gerações”12.

Se, por um lado, se observam métodos tradicionais de educação no

museu, em que as atividades se resumem a explicar a história através de

objetos expostos, por outro, pode existir uma atividade mais dinâmica fazendo

usufruto do património e da interação. Neste contexto, pode entender-se como

mais vantajoso o facto de existir uma ação, que faz com que sejam provocadas

desenvolturas no meio que rodeia a entidade museológica, e

consequentemente a população em si. A interação do museu com o público,

com o fim de educar, permite a discussão e a descoberta, e estabelece

ligações de importância entre o património, o espaço, e a própria cultura

pessoal13.

11

HARDIMAN, Mariale, et al. Neuroeducation: Learning, Arts and the Brain. Findings and

Challenges for Educators and Researchers from the 2009 Johns Hopkins University Summit.

New York/Washington D.C.: Dana Press, 2009. Acedido em steam-notstem.com/wp-

content/uploads/2010/11/Neuroeducation.pdf.

12 AA.V.V., (1989) La Muséologie selon Georges Henri Riviére. Paris: Bordas p. 142.

13 KENNEDY, Randy. Guggenheim Study Suggests Arts Education Benefits Literacy Skills. The

New York Times, 27 de Julho de 2006 http://www.nytimes.com/2006/07/27/books/27gugg.html.

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23

O museu deve colocar-se na sociedade como um espaço de abertura,

onde todas as estruturas sociais e económicas poderão estar inseridas. A

instituição que é o museu, deve ser dinâmica, aberta, e deve servir a

comunidade, para que esta possa também ser ativa na sua participação. É

valorizada a presença do indivíduo, por ser ele quem faz usufruto da instituição,

mas ao mesmo tempo incute-se nesta a mesma importância, por permitir a

junção do património num só edifício/local.

Segundo alguns estudos que abaixo vamos referenciar, os programas

de Arte escolares e os programas educativos oferecidos pelos museus

contribuem de forma positiva na aprendizagem de outras disciplinas e no

desenvolvimento pessoal dos alunos.

1.3.1 Learning Through Art - Museu Solomon R. Guggenheim

No caso do Museu de Arte Solomon R. Guggenheim, em Nova Iorque,

foi fundado e iniciado um programa no ano de 1970 por Natalie Lieberman, na

altura, impulsionado pelo corte de programas de arte e música nas escolas,

sendo mais tarde absorvido pela Fundação Guggenheim, em 1994. Deste

programa, que até à data, e desde o seu início, envolveu mais de 130 000

estudantes em dezenas de escolas públicas, resultou um estudo, realizado

entre os anos de 2004 e 2006, e divulgado no ano de 2006.

No Programa Learning Through Art - “Aprender Através da Arte”-, eram

enviados para algumas escolas artistas que tinham como objetivo o auxílio dos

professores na aprendizagem sobre a arte, e como fazer arte. Este programa

ocorre por um período de 10 a 20 semanas, com a presença do artista uma vez

por semana na escola, levando também grupos de estudantes a visitar o

Museu.

De uma forma resumida, concluiu-se através deste estudo que os alunos

que fizeram parte do programa mostraram melhorias em seis categorias de

literacia e pensamento crítico, em relação a outros alunos que não

frequentaram o programa (“The study found that students in the program

performed better in six categories of literacy and critical thinking skills —

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24

including thorough description, hypothesizing and reasoning — than did

students who were not in the program.”14), revelando-se assim a importância da

arte e dos museus na educação e aprendizagem.

1.3.2 Neuroeducation: Learning, Arts and the Brain - Fundação Dana e

Universidade Johns Hopkins

A Fundação Dana é uma organização filantrópica privada que suporta a

investigação do cérebro através de subvenções, publicações e programas

educacionais. Em conjunto com a Universidade Johns Hopkins, entidade que

tem como objectivo o melhoramento da saúde pública e da educação,

divulgaram ao público a investigação Neuroeducation: Learning, Arts and the

Brain – “Neuroeducação: Aprendizagem, Artes e o Cérebro” –, no ano de 2009.

Nesta investigação, ambas as entidades têm como dado adquirido que a

arte e a educação através da arte aumentam a criatividade, o que por sua vez

desenvolve as capacidades académicas noutras áreas. No entanto, não

existem muitas investigações que visem comprovar a componente científica

desses estudos. Assim, são estudadas as capacidades de controlo motoras, a

atenção e a motivação, dentro do estudo/aprendizagem das artes, durante

cerca de quatro anos.

Através desta investigação, entende-se que os estudantes que recebam

formação nas diferentes áreas artísticas apresentam mudanças na estrutura

cerebral que auxiliam a transferência das capacidades motoras adquiridas,

para áreas semelhantes15. Entende-se também que estudantes motivados a

14

KENNEDY, Randy. Guggenheim Study Suggests Arts Education Benefits Literacy Skills. The

New York Times, 27 de Julho de 2006 http://www.nytimes.com/2006/07/27/books/27gugg.html.

15 “In children, there appear to be specific links between the practice of music and skills in

geometrical representation, though not in other forms of numerical representation” -

HARDIMAN, Mariale, et al. Neuroeducation: Learning, Arts and the Brain. Findings and

Challenges for Educators and Researchers from the 2009 Johns Hopkins University Summit.

New York/Washington D.C.: Dana Press, 2009. Acedido em steam-notstem.com/wp-

content/uploads/2010/11/Neuroeducation.pdf.

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25

praticar uma forma de arte específica, focando atenção à mesma, aumentaram

a sua eficiência e atenção como um todo, mesmo quando trabalhando noutras

áreas que não as artísticas, aumentando consequentemente os seus QIs.

Outros estudos revelaram também que as artes causam impacto no cérebro,

desenvolvendo a parte social e intelectual do estudante16.

1.3.3 Staying in School: Arts Education and New York City High School

Graduation Rates – The Center for Arts Education

Em outubro de 2009, foi divulgado um relatório chamado Staying in

School: Arts Education and New York City High School Graduation Rates –

“Ficar na Escola: Educação Artística e Taxas de Conclusão do Ensino

Secundário na Cidade de Nova Iorque” -, pelo Centro de Educação para as

Artes. Esta entidade tem como objetivo a igualdade de oportunidades no que

diz respeito ao ensino com a educação artística como ponto central, para todos

os estudantes na cidade de Nova Iorque.

Neste relatório são utilizados os dados das escolas de ensino

secundário da Cidade de Nova Iorque, para o estudo da influência do ensino

das artes na conclusão ou não deste ciclo da formação académica.

Conclui-se através deste relatório que escolas com menor acesso a

formação artística possuem números maiores de desistência da formação

escolar. Por outro lado, escolas com maior investimento no ensino e educação

através da arte possuem um maior número de conclusão da formação no

ensino secundário17, apesar de existirem obviamente um grande número de

16

“An interest in a performing art leads to a high state of motivation that produces the sustained

attention necessary to improve performance and the training of attention that leads to

improvement in other domains of cognition.” – HARDIMAN, Mariale, et al. Neuroeducation:

Learning, Arts and the Brain. Findings and Challenges for Educators and Researchers from the

2009 Johns Hopkins University Summit. New York/Washington D.C.: Dana Press, 2009.

Acedido em: steam-notstem.com/wp-content/uploads/2010/11/Neuroeducation.pdf. (p. 21).

17 “High schools in the top third of graduation rates had almost 35 percent more graduates

completing three or more arts courses than schools in the bottom third” – ISRAEL, Douglas.

Staying in School. Arts Education and New York City High School Gradutation Rates. New

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26

fatores que intervêm nestes resultados. No relatório, conclui-se também que as

artes são uma influência positiva em estudantes de risco, fazendo com que

estes prossigam na sua formação escolar e retirando-os de situações de

delinquência.

1.3.4 Reinvesting in Arts Education – Winning America’s Future Through

Creative Shcools - President’s Committee on the Arts and The

Humanities

Em 2011, o Comité de Artes e Humanidades da Presidência dos

Estados Unidos da América, revelou o estudo “Reinvesting in Arts Education –

Winning America’s Future Through Creative Schools” – “Reinvestir na

Educação Artística: Vencer no Futuro da América Através de Escolas

Criativas”.

Neste estudo, revela-se que a educação artística ajuda não só a

aumentar os valores em testes, mas também auxilia no próprio processo da

aprendizagem. O relatório revela também que no sistema escolar de Maryland,

nos Estados Unidos, encontram-se capacidades de aprendizagem através das

artes visuais capazes de melhorar a leitura e que as contrapartidas fomentadas

por tocar um instrumento são passíveis de serem aplicadas na matemática.

Investigadores e docentes das escolas acreditam que a educação artística

pode ser uma ferramenta valiosa na reforma da educação, na integração nas

salas de aula e oportunidades criativas, sendo assim uma chave para a

motivação e melhoramento do aproveitamento escolar18.

York: The Center for Arts Education, 2009. Acedido em: www.cae-

nyc.org/sites/default/files/docs/CAE_Arts_and_Graduation_Report.pdf. (p. 3).

18 “…students who may have fallen by the wayside find themselves re-engaged in learning

when their enthusiasm for film, design, theater or even hip-hop is tapped into by their teachers.

More advanced Reinvesting in Arts Education 55 conclusion and recommendations students

also reap rewards in this environment, demonstrating accelerated learning and sustained levels

of motivation.” - President’s Committee on the Arts and Humanities. Reinvesting in Arts

Education. Winning America’s Future Through Creative Schools. Estados Unidos da América:

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27

De uma forma generalizada, todos os estudos apresentam ideias de que

a arte é algo de fundamental para o desenvolvimento do indivíduo, seja nas

suas capacidades motoras, sociais e intelectuais, na sua aprendizagem de uma

forma geral – aumentando os valores dos testes -, mas também artística ou

focada em áreas científicas – como por exemplo as matemáticas -, no seu

criticismo, no aumento da criatividade, entre muitos outros campos de ação. É

possível notar de igual forma que estudantes abrangidos por programas de

arte, com as mais diversas atividades – desde a ida do artista à escola, à ida

ao museu de forma regular, ao desenvolvimento de projetos que estimulem a

arte e a aprendizagem da arte -, tem uma maior tendência a permanecer na

escola, e prosseguir o seu percurso escolar, tornando assim possível o seu

desenvolvimento pessoal e cultural, e permitindo assim que exista uma

sociedade mais culta e educada, e consequentemente melhor formada.

Os estudos e programas de arte nas escolas e nos museus, permitem

não só a redução de taxas de abandono escolar, mas também reduzem a taxa

de delinquência na adolescência e seguintes faixas etárias, fazendo com que o

interesse pela formação escolar e artística, se sobreponha a situações de risco.

2011. Acedido em www.pcah.gov/sites/default/files/photos/PCAH_Reinvesting_4web.pdf. (p. 64

e 65).

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CAPÍTULO 2

O MUSEU BERARDO E O SEU SERVIÇO EDUCATIVO

2.1 O Projeto de Criação do Museu

Sabendo da falha na existência de um museu que contivesse uma

coleção de arte moderna e contemporânea, a coleção privada reunida pelo

Comendador José Berardo desde cerca de 1993, por sua vez guardada no

acervo do Centro Cultural de Belém (CCB), originou um acordo entre o

Governo Português e o Comendador.

A instalação de um Museu no Centro de Exposições do Centro Cultural

de Belém é tornada oficial através do Decreto-Lei nº164/200619 de nove de

agosto, onde é definido que a Coleção Privada do Comendador Berardo será

colocada para acesso do público em geral, num regime de comodato,

entretanto renovado na presente legislatura, como veremos.

Com o objetivo de completar lacunas em termos de arte moderna e

contemporânea, mas também as lacunas da Coleção do Comendador,

pretende-se que exista uma ligação que a torne mais completa, e do mesmo

modo, possivelmente, criar uma coleção que seja capaz de subsistir por si só.

Através do acordo inicial, até ao ano de 201620, ficariam no Centro

Cultural de Belém 863 peças, e findo esse período, o Governo Português teria

a oportunidade de renovar o acordo por outro período ou comprar toda a

coleção. Nesse acordo estabelece-se também que anualmente, quer o

Comendador Berardo quer o Ministério da Cultura, contribuem para a

colmatação das lacunas com meio milhão de euros, ou seja, com um total de

um milhão de euros por ano.

Chegado o ano de 2016, anunciou-se no mês de novembro, que o

acordo entre as duas entidades, se manteria por um período de mais seis anos,

19

Decreto-Lei nº 164/2006:

pt.museuberardo.pt/sites/default/files/documents/decreto_lei_164_2006_0.pdf.

20 O acordo foi feito por um período de dez anos, que se iniciou em 2006.

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29

sendo que a partir do ano de 2022 as renovações serão automáticas, caso não

exista denúncia por nenhuma das partes. Neste acordo, e com o objetivo de

permitir alguma liberdade para o desenvolvimento do museu em si, o estado

português permitiu que a Fundação Berardo revisse a forma como deveria gerir

as entradas, sendo que a partir do ano de 2017, estas passarão a ser pagas,

existindo como noutros museus, um dia por semana em que a visita será

gratuita.

2.2 A Missão do Museu

O Museu é unidisciplinar, atuando sobre a arte moderna e

contemporânea, ao expor um grande leque de artistas, através de obras de

grande valor a nível nacional e internacional. Este museu não possui uma

definição clara da sua missão, isto é, não é possível explicá-la de uma forma

curta e simples. No entanto, o Museu Berardo entende por sua missão o

estudo, a preservação, a exposição e a promoção da coleção adquirida pelo

Comendador Berardo, de forma a suscitar o entendimento e apreciação das

artes plásticas desde o início do século XX até aos dias atuais. Para isso vai

recorrendo a uma programação diversificada e didática, indo além da

apresentação permanente da coleção, e passando pela apresentação de um

vasto programa de exposições temporárias internacionais. Este insere o Povo

Português e o país, no circuito de obras de arte internacional.

Através da mostra destas peças, incute-se na cidade de Lisboa não só

um destino turístico, mas também cultural, que beneficia as duas áreas,

provocando no público a motivação da visita e da vontade de explorar o museu,

a cidade e o país.

É ambição do museu, que através da mostra de uma exposição, seja

possível enaltecer as qualidades das várias áreas artísticas, de forma evolutiva,

partindo do século XX até aos dias presentes, transparecendo a didática, a

dinâmica e a flexibilidade nela incutida. A coleção incita a um diálogo vasto

entre outras coleções e espólios, de forma a expandi-la, e exercer um

intercâmbio internacional, entre outras obras e museus, de forma a dar a

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conhecer outras tendências que acontecem no circuito internacional da arte, e

abrindo um precedente que promova, ao mesmo tempo, a circulação desse

vasto leque de obras.

Existindo um interesse na expansão que pretende chegar ao nível

artístico internacional, é também desejado pelo Museu, inserir neste círculo

aqueles que são os artistas portugueses que contribuem, por sua vez, para

uma maior vastidão e abertura desse círculo, mas permitiria também a mostra

do trabalho que se faz em terras lusas, realizando exposições temporárias e/ou

inserindo-os nesta que é, uma vasta coleção de arte.

Com a opção por um programa museológico vasto e plural, pretende-se

que seja visto de igual forma, um lado pedagógico que articula os vários

aspetos, e que contribui para que exista uma relação entre os elementos que

criticam, os que criam e os que ensinam.

2.3 A Vocação do Museu

A coleção do Museu Berardo, contém cerca de 1000 obras, inseridas em

cerca de 77 movimentos artísticos contando com mais de 500 artistas. Esta

acolhe um período de cerca de 100 anos que se inicia com uma obra de Pablo

Picasso de 1909, e atravessa as principais correntes, tendo por objetivo

preencher as lacunas que nela existem a nível histórico e também de valores

emergentes, o que demonstra que é uma coleção em aberto, e que se encontra

constantemente em construção.

Inicialmente, o espólio focava-se a partir do ano de 1945, devido ao pós-

guerra da Segunda Guerra Mundial, tendo em conta que após o seu

acontecimento se deram alterações mundiais significativas alusivas à

realização de obras de arte e ao surgimento de novos movimentos artísticos

que emergiram maioritariamente nos Estados Unidos da América, movimentos

estes que tiveram, por sua vez, direta influência sobre a arte realizada na

Europa. Tendo estes aspetos em conta, e com o objetivo de tornar mais

alargado o espetro temporal da coleção em si, existiu a necessidade de recuar,

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sendo conduzida até ao ano de 1917, abrangendo então criadores do início do

século passado, até à atualidade.

Assim o atual percurso da Coleção Berardo (CB), tem o seu início logo

após a Primeira Guerra Mundial, visto que nesta mesma altura, a Europa se

encontrava numa época bastante conturbada e atravessava uma grave

recessão, o que provocou grandes alterações nos âmbitos das vanguardas. O

ponto fulcral de inspiração era Paris, lugar por onde todas as correntes, e

consequentemente os artistas circulavam. Fazem parte do Fauvismo, Cubismo

e Expressionismo, algumas das primeiras obras a pertencer à Coleção

Berardo. Não sendo apenas uma série de obras escolhidas ao acaso, a

coleção torna-se numa forma de expressar o conflito da modernidade.

Existe neste conjunto de peças, uma vasta gama de exemplos a seguir e

a reunião e combinação destas torna-se notável. Nomes sonantes como Pablo

Picasso, Marcel Duchamp, Kasimir Malevich, Piet Mondrian, Francis Bacon,

Andy Warhol, Yves Klein, Willem de Kooning, Francesco Clemente, Jenny

Holzer, Sol LeWitt, Richard Serra, Alexander Calder, Henry Moore, Fernando

Botero, Vito Acconci, Larry Bell, Christian Boltanki, Mario Merz, Nam June Paik,

Bill Viola, Bernd And Hilla Becher, Nan Goldin, Andreas Gursky, são apenas

um pequeno exemplo do grande leque de artistas que a Coleção reúne. A par

dos criadores/artistas estrangeiros, existem de igual forma, para que se faça

uma consolidação e valorização da Arte Portuguesa nesta coleção, nomes

como Fernando Calhau, Alberto Carneiro, Paula Rego, Helena Almeida, Pedro

Cabrita Reis, Pepe Diniz e Fernando Lemos.

2.4 A Coleção e o Museu

Com a ajuda de diferentes colaboradores, mas maioritariamente com o

apoio do Dr. Francisco Capelo, advogado do então BANIF, José Berardo,

movido por sonhos, curiosidades e paixões, foi reunindo, nas últimas décadas,

aquela que é atualmente a Coleção Berardo. O comendador continua a desejar

a criação de estímulos, quer em indivíduos quer em instituições, para que se

possam criar e expandir outras coleções, e para que as gerações futuras

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possam ter comoexperiências, as preocupações, esperanças e ansiedades de

outros tempos. O grande objetivo da coleção, passa pela capacidade de

transparecer a complexidade da arte moderna econtemporânea, e demonstrar,

de igual forma, obras capazes de ilustrar as épocas vividas pela sociedade

aquando da sua criação.

Apelando a uma abertura de espírito, e agregando obras que ilustrem a

qualidade e imaginação criativa sem limitações, é pretendida uma mostra

artística, sem olhar a técnicas ou nacionalidades, e sim apenas à pureza da

arte. Esta coleção define-se como um horizonte sem fim, para que possa

sempre ser enriquecida com a arte de gerações futuras. Dedica-se ao público,

de e para quem a vê.

A primeira mostra da CB ao público foi no ano de 1993. Por esta altura,

a coleção era apenas um pequeno núcleo de obras que o Comendador

considerava pertinente mostrar. No panorama artístico nacional, uma coleção,

mesmo que pequena, era um ponto importante para o país, visto que mostras

de arte moderna e contemporânea, na época, eram praticamente nulas. Vê-se

então a necessidade de fazer a implantação da coleção num espaço

museológico. Com este propósito, são então criados, no ano de 1996, dois

protocolos – um com a Câmara Municipal de Sintra e o outro com o Centro

Cultural de Belém. Foi com este segundo protocolo, que se possibilitou que as

obras reunidas pelo Comendador, fossem depositadas em acervo, permitindo

então, o intercâmbio e a organização de exposições a nível internacional.

A Coleção Berardo aspira oferecer ao país, um acesso vitalício à arte

internacional e nacional dos dois séculos por ela abrangida até ao momento, e

o seu acervo, ocupa na atualidade um lugar de extremo prestígio por entre

outras instituições do mesmo género.

O espólio presente no Centro de Exposições do Centro Cultural de

Belém, está dividido em três núcleos, que por sua vez estão subdivididos por

correntes artísticas.Existem duas exposições permanentes, a do período de

1900 até 1960 - Museu Coleção Berardo (1900-1960) -, e a inaugurada em

novembro de 2011 - Coleção Berardo (1960-2010) -, que corresponde então ao

período de 1960 a 2010, e que por sua vez dá continuidade à primeira.

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33

Relativamente a esta segunda exposição permanente, sabe-se que

algumas das obras foram cedidas pela Fundação Ellipse, outras pela Fundação

Serralves e ainda pela Direção-Geral das Artes.

O MB está aberto todos os dias da semana, de segunda-feira a

domingo, entre as dez e as dezanove horas. Em dias especiais, como o dia 24

e o dia 31 de dezembro, em que a abertura é feita apenas entre as dez e as

catorze horas e trinta minutos; no dia 25 de dezembro, este encontra-se

encerrado; e no dia 1 de janeiro, encontra-se aberto entre as doze e as

dezanove horas.

Com a renegociação do acordo entre o estado português e a Fundação

Berardo, as outrora entradas gratuitas sofrem alterações. A partir do ano de

2017, para que existam novos meios de financiamento, o ingresso no MB

passa a ser pago21, sendo que o valor do bilhete é ainda desconhecido. Mas à

semelhança de outros, possui tal como os restantes, pelos menos um dia por

semana em que a entrada é gratuita22.

Na sua relação com o público, o museu pretende facilidade, isto é,

pretende-se que exista uma relação humanizada, com emoção e proximidade

para com a coleção, para que se possam captar novos segmentos de público

para o visitar, imprimindo um prazer e um sentido de descoberta e dinâmica na

aprendizagem.

No que toca à programação deste museu, são apresentadas exposições

sobre vastas temáticas, sendo que estas poderão ou não ter uma relação direta

com a coleção em si. Neste programa, abrangem-se diversos tópicos, como a

arte contemporânea estrangeira, a fotografia, a arquitetura, o design e outros.

Quanto ao turismo, existe uma ligação forte do museu para com o

mesmo e esta é feita através da representação e promoção internacional da

coleção.

21

LOPES, Miguel A.. Museu Berardo vai ter entradas pagas a partir de 2017. Agência Lusa,

2016. Acedido em: observador.pt/2016/11/23/museu-berardo-vai-ter-entradas-pagas-a-partir-

de-2017/.

22 CARRILHO, Raquel. Museu Berardo em Belém, mas com entradas pagas. Jornal I, 2016.

Acedido em: ionline.sapo.pt/535851.

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34

2.4.1 Lacunas

As lacunas situam-se sobretudo a partir da década de noventa. Nesta

Coleção, não será possível encontrar, por exemplo, na década referida

anteriormente, movimentos suficientemente diferentes uns dos outros e que

exerçam julgamentos críticos relativamente a outros, sendo estes movimentos

expressionistas e transvanguardistas por um lado, e apropriacionistas por

outro, ou até mesmo, que foquem a fotografia alemã, visto que todos esses

movimentos têm na Coleção uma representação, mas quando se passa para a

década de noventa, deparamo-nos com um colapso.

Este colapso acontece por terem sido seguidas vias demasiado

institucionais que privilegiaram determinados média em relação a outros. Um

dos claros exemplos será o da pintura, que não deixando obviamente de ser

importante, foi preterida em relação a outros movimentos, que surgiram desde

esse período até aos dias que correm, como por exemplo a vídeo-instalação,

que foi, por sua vez, uma forma de explorar outros tipos e linguagem, e foi algo

que teve um período de importância, em anos anteriores, e voltou

dominantemente na década em falha. No entanto, tal não significa que nos

anos que se possam seguir, não seja feita uma retrospetiva que nos irá

conduzir a uma falha de novos movimentos de importância da história de arte.

A história é feita de nuvens.

Alguns dos nomes em falta e a ter em atenção, seriam então exemplos

como Mona Hatoum, Douglas Gordon, Gabriel Orozco e Francis Allys. Nomes

que fazem falta na Coleção Berardo, e que são, por sua vez, do agrado geral,

possuindo grandes referências nos diversos entendimentos, tendo obras bem

construídas e cimentadas ao longo dos anos e que se tornam, naturalmente,

prioridades da coleção.

2.5 A Exposição

A exposição Museu Coleção Berardo (1900-1960) apresenta obras que

fazem parte de um leque de cerca de duzentos e cinquenta artistas e de uma

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grande variedade de movimentos da arte moderna do século XX, abrangendo

um período de 60 anos, resultado de um pós Primeira Guerra Mundial, e que

nos conduz a um passado recente cheio de vivências. Ao mesmo tempo

conduz o público à Segunda Guerra Mundial, e posteriormente ao seu pós-

guerra.

Nesta exposição transparece o momento da história em que o conceito

de arte, e de obra são radicalmente transformados, transportando àquilo que

hoje vemos como um objeto de arte. Esta exposição encontra-se no último piso

do edifício que está aberto ao público, o piso dois.

De entre os vários núcleos desta exposição, destacam-se:

- Os Espaços Cubistas – Onde Pablo Picasso, se integra como um dos

grandes nomes da coleção, e onde entre este e outros nomes, este

movimento adquire uma influência no pós-impressionismo, que une a

natureza às formas geométricas. Uma das obras a ver, será Les

Demoiselles D’Avignon23, de Picasso que é a obra onde transparecem

as principais caraterísticas do cubismo.

- Dadaísmo - Conduzido por uma falta de apresentação específica, este

chega até ao momento em que se situa no ready made, que nos conduz

a Marcel Duchamp, outra figura de nome sonante da arte a nível

internacional, e com grande história naquela que é a história da arte. Le

Porte-bouteilles, é a obra que faz com que se erga um objeto comum

àquilo que é considerado uma obra de arte, chocando contra todos os

conceitos adquiridos sobre a obra de arte até à data.

- Construtivismos - Malevich foi quem utilizou a primeira vez o termo de

arte construtivista, de forma a caracterizar o trabalho de Rodchenko,

mas só mais tarde, cerca de 1920, este termo se tornou algo mais

sólido.

- De Stijl - Movimento estético, social e filosófico nascido na Holanda.

Por esta altura a Holanda estaria à parte daquela que era a Primeira

Guerra Mundial, aspeto que acabou por ser positivo para uma evolução

23

Uma das obras que revolucionou a história de arte, por forma a tornar-se a base para o

cubismo e a pintura abstrata.

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no campo artístico. Este exerceu sobre as artes plásticas e o design

algumas influências que lhes originaram mudanças. De Stijl ou

Neoplasticismo, é de certa forma um movimento idealista do século XX,

surgido em 1917, pelas mãos de Theo Van Doesburg, que imprime na

arte da modernidade uma pureza abstracionista. Com isto, De Stijl

pretendia uma correlação entre o natural e a intelectualidade, de forma a

existir um equilíbrio. Este movimento artístico era caraterizado pelo uso

das cores primárias, sendo que estas estariam completadas com a

utilização das cores preto, banco e cinza, que ajudavam na composição

da expressão. Outras das características latentes nestas obras,

passavam então pelo uso de ângulos retos, e formas planas, sendo que

tudo isto levaria à criação da possibilidade de quebrar regras individuais

e criar soluções de uma forma coletiva.

O nome do movimento em questão, “De Stijl” surge de uma

publicação (revista) com o mesmo nome. Era, acima de tudo, um

movimento com muito fervor, por parte de quem o suportava.

- Abstração entre Guerras - Dois dos nomes de maior importância para o

abstracionismo, seriam então os criadores do grupo natural de Paris,

Abstraction-Création, fundado por Auguste Herbin e Georges

Vantongerloo.

- Surrealismo - Gerindo-se pela liberdade, poesia, amor e o maravilhoso,

este movimento procurava libertar-se das regras sociais existentes, onde

surgia o trabalho, a família e a religião. A liberdade dava aso à poesia, e

o amor iria fazer com que todos os seres humanos se relacionassem em

harmonia. Já o maravilhoso seria considerado como aquilo que iria fazer

voar a mente do homem. Salvador Dalí é um dos nomes de referência

deste movimento, gerando obras que desafiavam aquilo que é o real e o

que é considerado o comum.

- Figuração no Pós-guerra - Foca a arte do figurativismo, que surge no

início do século XX, mais concretamente pelo ano de 1920, reclamando

o seu lugar em relação a outras correntes que estariam na (sua)

imposição na altura. Esta manifestação artística, vocacionada

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principalmente para as artes plásticas, representava figuras e realidades

consistentes e possíveis de identificar, sendo então algo

representacional. Os seus elementos mais marcantes seriam a cor, o

contraste, as linhas, a textura e a perspectiva, que ajudariam a criar a

ilusão de forma e espaço, com o objetivo de atribuir uma maior

importância ao que seria representado.

O figurativismo contém duas vertentes, sendo que uma delas

seria a do real, que criaria então a ilusão de observarmos algo tal como

é na sua existência formal e real. E a arte figurativa estilizada, onde seria

possível reconhecer aquilo que era retratado, mas onde era identificada

uma simbologia ou uma diferença estética ao que esse elemento é na

sua naturalidade.

- Informalismo – Corrente artística que surge na Europa em finais dos

anos quarenta, numa epóca de pós-guerra, da Segunda Guerra Mundial,

onde, como é caraterístico nos movimentos desta mesma exposição, o

povo se vê inserido numa crise existencial.

Este movimento surge por uma necessidade de abstração do que

se estaria a passar. Utilizando uma linguagem abstrata, são os materiais

que se tornam decisivos na definição da obra, no papel que esta terá na

sua mostra. Assim, são inseridos neste movimento novas tendências,

que passam pelo uso de materiais que se diferem do que é comum,

gestualidade na obra, e geometria espacial. É vista, com grande fulgor, a

presença da personalidade do artista, isto é, na obra transparece aquilo

que ele próprio é, através dos materiais por ele escolhidos, e pelas

próprias técnicas que emprega, criando uma exaltação, e até mesmo

uma improvisação na construção da obra. Como muitos outros

movimentos artísticos, também o informalismo recorre ao passado, para

tomar como base certas caraterísticas de outros movimentos, como por

exemplo o gosto pela colagem exercido pelos cubistas, assim como o

automatismo surrealista. Nomes como Jean Fautrier, (que surge com

obras que demonstram o movimento Nazi em plena Segunda Guerra

Mundial), ou Jean Dubuffet, são nomes marcantes não só deste núcleo,

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mas também do movimento em si, transparecendo então as crises e

caraterísticas do mesmo.

- CoBrA - Criado na Holanda, a sua sigla significa Copenhague-

Bruxelas-Amsterdam24, e que surgiu entre os anos de 1948 e 1951.

Surgido num ambiente de pós-guerra, mais uma vez, aparece na

devastação que a Segunda Guerra Mundial haveria deixado para trás, e

numa altura em que seria necessária a união de forças, em todos os

aspetos. Aspirando mais liberdade, e sabendo que seria necessário

existir uma reconstrução do que havia ficado destruído, os criadores do

movimento pretendiam que fosse possível ao artista, satisfazer-se com a

sua veia criativa. Por esta altura todas as frustrações, angústias e dores,

resultantes da guerra recente, estariam no foco das suas mentes, e

consequentemente iriam estar transparecidas nas suas obras, de forma

a mostrar o purgatório pelo qual teriam passado. O movimento

pretendia, no fundo, que fosse transparecido o conteúdo das suas

mentes, mas de forma pura, cheia de emoção, como se fosse possível

estar presente no local, só pela observação da obra em si.

No CoBrA existia uma grande vontade de quebrar e responder

aos ideais do surrealismo. Existia uma vontade de expressão, de criar

sem pensar. Não deveria existir um pensamento prévio, mas sim uma

espontaneidade que os conduzisse diretamente ao suporte, levando um

certo desajeite em grossas camadas de tintas primárias, e deixando

marcas profundas no mundo da arte, com as suas imagéticas, de certa

forma infantis e primitivas. Christian Dotremente, Pierre Alechinsky,

Corneille, Karel Appel, Constant, e Asger Jorn eram membros deste

grupo, e consequentemente, os nomes a ter em conta neste movimento.

- Expressionismo Abstrato - Posterior à Segunda Guerra Mundial,

aparece em 1943, fruto de uma época de incerteza, onde os artistas

europeus se mudariam para os Estados Unidos da América, para se

sediar em Nova Iorque. O contato que existiria depois dessa mudança,

traria então aos Estados Unidos, aquele que é um dos movimentos

24

Definição: Copenhaga-Bruxelas-Amsterdão.

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artísticos de maior importância na história da arte americana. Numa

altura em que existia um certo bloqueio, os artistas procuraram em

conjunto, sobreviver à crise que estariam a passar em termos artísticos.

Era necessário existir inovação, mudança, pensamento próprio. De certa

forma, foi criada uma influência nos jovens artistas americanos, dada a

variedade artística existente, fazendo com que Nova Iorque fosse

colocada como uma das cidades de importância no que toca à arte.

Aqui vê-se uma junção daquilo que é a emoção intensa do

expressionismo alemão, com as escolas abstratas europeias, Cubismo,

Futurismo e Bahaus. É uma corrente que expressa a liberdade do

criativo, focando a sua subjetividade, originando um momento de criação

no seu sentido mais puro e gestual. Alguns dos grandes nomes a focar

neste movimento, e na coleção, seriam então Arshile Gorky, William

Baziotes, Jackson Pollock e Willem de Kooning.

- Nova Escola de Paris - Surgindo no segundo pós-guerra, século XX, e

resulta da reformulação das definições de estética. A Escola de Paris iria

sofrer uma mudança que a iria transformar, e que se prolongaria por um

período de dez anos.

Este núcleo demonstra dois aspetos do abstracionismo, que se

caracterizam pela geometria das formas e a tendência lírica-informal.

Depois de um período de crise política e social, a Europa sofre

grandes mazelas das guerras mundiais, deixando todo um rasto de

confusão e destruição, que liberta no povo, a incerteza do que estaria

para vir. Assim, a arte começa mais uma vez a sofrer transformações

que a fazem libertar-se da figuração, conduzindo-a mais uma vez ao

abstrato, à expressão que era necessária numa obra. A Nova Escola de

Paris seria assim, uma herdeira da arte cubista, surrealista e

expressionista.

- Arte Cinética e Op Art – Paris, 1955, aquando da inauguração de uma

exposição que seria o ponto de partida para uma arte que se move.

A Arte Cinética é um movimento que surge de forma a responder

à necessidade de criar novos estilos de arte, que transpirem mudança e

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inovação, e ao mesmo tempo, que criem de alguma forma impacto. Esta

recorre aos efeitos visuais, criados com uma tela e que nos causam a

sensação de movimento, que será apenas uma ilusão de óptica. Assim,

a Op Art é um exemplo da arte cinética. E esta faria uso da sensação de

movimento, repetindo formas geométricas e utilizando tons e luzes que

diferiam entre si, de forma a obter um efeito ilusivo no globo ocular, que

se iria transparecer de outra forma quando ligado ao cérebro.

O número total de núcleos expostos inclui também os seguintes:

Fernand Léger e Josef Albers; Grupo Zero; Fontana, Manzoni e Klein;

Figuração Existencialista; “Presentness is Grace”; Descolagismo – Noveau

Réalisme; Neodadaísmo; Pop Art Britânica; Pop Art Americana.

Estes núcleos possuem artistas de vários locais do mundo, tentando

apresentar o melhor de cada movimento. A então primeira exposição

permanente do museu, abriu ao público em junho do ano de 2007.

A Exposição Museu Coleção Berardo (1900-1960) pretende contar a

história de uma época, que se demonstrou de extrema criatividade no que toca

à inovação, à criação, à diversidade e à mudança, visto ser fruto de uma época

crítica no que toca à política e aos valores sociais, que se faziam sentir devido

às Guerras (Primeira Guerra Mundial e Segunda Guerra Mundial) e que

mudariam e influenciariam não só a história social, mas também a história da

arte.

2.5.1 Conservação, segurança e prevenção

No que diz respeito aos termos de conservação das obras, estas

encontram-se expostas em condições adequadas. Não apresentando vestígios

de degradação ou deterioração, ou sequer de alguma necessidade interventiva.

É possível visualizar as obras no seu melhor estado, sendo este um aspecto

que reflete o bom tratamento das mesmas.

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As obras, no seu geral variam entre pinturas, e esculturas, o que faz com

sejam necessários suportes e molduras para as pinturas, e estrados ou

suportes para as obras escultóricas.

No caso das peças de pintura, as molduras ou suportes possibilitam

proteção a possíveis deteriorações, que poderão ser influenciadas pela

exposição ao ar; e/ou resguardo no que diz respeito a toques por vezes

incontrolados do público em geral, seja por distração ou outro acaso, sendo

que a vidraça da moldura permite que não existam toques diretos nas obras,

evitando também que as obras ganhem sujidade ou sejam afetadas por fungos

ou outras bactérias que as possam corroer ou causar outra espécie de danos.

Ainda neste ponto, pode ainda referir-se que ao estarem suportadas e

protegidas de forma integral por molduras, torna-se mais difícil que as obras se

danifiquem por inteiro, não existindo possíveis rasgos ou estragos.

No caso das peças de esculturas, devido ao seu tamanho e peso,

algumas delas estão colocadas diretamente no chão das salas, sendo que

outras estão apenas sobre o que aparenta ser uma folha de papel de cenário, e

as demais encontram-se em suportes ou estrados, que permitem a delimitação

do espaço que o visitante deve utilizar, quando esta não existe. Neste caso

específico, seria necessária uma forma de demarcação, com um suporte ou

através de linhas definidas com textura, para que não seja possível demasiada

proximidade ou a causa de danos, sendo que no caso de que aconteça, exista

uma forma de alerta para este acontecimento. Ao existirem obras demasiado

expostas no percurso da exposição, situações como no caso das peças de

pintura, podem levar adanos nos objetos de arte.

No que diz respeito à segurança, como anteriormente referido, quase

todas as obras estão de alguma forma fisicamente protegidas. Danos nas

obras, poderão apenas acontecer devido a toques acidentais causados por

situações pontuais, e que poderão originar a queda de alguma das obras

levando à quebra ou danificação de outra natureza das mesmas. Para que isso

não aconteça, a solução deveria então passar pela existência de linhas

limitadorasda distância entre o espectador e a obra, linhas essas que deverão

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Catarina Isabel Vicente da Silva Um Roteiro da Arte Moderna, em Lisboa a partir da Coleção Berardo.

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possuir uma textura diferente da do piso em que se inserem, de forma a que se

façam notar.

Também no que se refere à segurança, existem funcionários do Museu,

nas salas do espaço expositivo, que poderão não só auxiliar, mas também

alertar o público para possíveis situações de risco.

Por outro lado, e da mesma forma que existem os vigilantes ou

assistentes da exposição, existem também os seguranças, que pretendem

certificar que o espaço, e toda a exposição se encontram estáveis. Para isso,

cada segurança circula pelas salas, equipado com rádios que permitem a

comunicaçãoentre colegas e outros profissionais do museu, de forma a manter

um contato em rede que permite a rápida circulação da informação.

Em caso de situações de emergência ou alto risco, é possível observar

por todas as salas, a existência de saídas de emergência devidamente

assinaladas, extintores, telefones, alarmes e plantas do espaço, para que o

ambiente seja mantido seguro e para que seja possível a existência de contato

tanto de quem visita a exposição, como para os funcionários do museu, para

que seja rápida a resolução de situações de maior risco.

2.5.2 A Apresentação

A exposição possui algumas falhas na sua leitura, sendo que durante o

percurso, por não existir uma linha definida de circulação, poderão passar

despercebidas algumas obras ao estarem fora do campo de visão. As salas

possuem alguns problemas de organização, no que diz respeito à colocação

das obras e por isso, torna-se por vezes difícil a sua leitura. Um dos exemplos

deste aspecto, será o facto de certas obras se situarem no centro do espaço

onde seria zona de circulação, impedindo que esta se realize de forma fluída e

criando entraves aos visitantes.

Por outro lado, e sendo igualmente um aspeto importante a referir, as

salas, apesar de espaçosas, tornam-se de certa forma reduzidas, tendo em

conta o número de obras expostas, principalmente no que diz respeito às

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peças de escultura, visto que estas nem sempre estão/são colocadasda forma

mais adequada à leitura e ao aproveitamento da sala.

No que diz respeito à informação presente na exposição, esta é clara e

sucinta. Por todo o percurso da exposição, observam-se pequenos textos que

poderão ser lidos a curta distância e que permitem a passagem de informação

complementar àquilo que é observado. No entanto, esta mesma distância

torna-seem momentos demasiado curta, visto que se o visitante se encontrar

alinhado com o texto, é possível que exista uma leitura rápida do mesmo, mas

que, caso não seja possível estar diretamente exposto à informação, estando

por exemplo num grupo maior de pessoas, poderá tornar-se difícil a leitura dos

textos, e consequentemente impossibilitar a circulação do público pelo espaço,

originando uma perda de informação.

Existem também, em relação aos textos e legendas colocados pelo

local, certos aspetos que os fazem falhar naquilo que seria a sua melhor. Por

exemplo, as placas colocadas nas paredes, exercem demasiada carga visual,

focando demasiada atenção para as mesmas, quando estas não deveriam

prevalecer sobre as obras. É possível encontrar textos de cor preta e vermelha,

que estarão sobre um fundo cinza, e que para além de dificultarem a sua

leitura, devido ao contraste de cor, assumem também um aspeto de maior

carga visual do que o que seria necessário.

Relativamente às legendas, apesar de estas estarem maioritariamente

legíveis e bem colocadas, em certas situações, é difícil compreender que

legenda dirá respeito a que obra, por exemplo, principalmente nos casos das

esculturas, encontram-se colocadas na parede quando as obras estão situadas

no centro da sala em questão. De igual forma, existem também casos, em que

as legendas não se encontram no campo visual, tornando-se necessário algum

esforço para as encontrar e ler, existindo de igual forma legendas impressas

em pequenas placas, que para além de retiradas do objeto a que

correspondem, poderão serdemasiado pequenas para que se proceda à sua

leitura. A solução poderia passar por serem colocadas diretamente sobre os

suportes ou paredes, de forma a que não causem também ruído visual.

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Em relação ao percurso da exposição em si, como anteriormente

referido, torna-se algo complicado entender o caminho a seguir, visto não

existir um circuito pré-definido o que origina uma perda de certas linhas de

informação para o observador. A existência de um sistema que facilite ao

público o entendimento do melhor circuito da exposição, poderia auxiliar nesta

situação, apesar de ser importante a liberdade deobservaçãoda exposição.

As cores apresentadas no espaço, são identificativas do Museu. As

paredes são de fundo branco, primando por fazer sobressair as obras, e

utilizando apenas apontamentos de cor vermelha e preta nas explicações de

cada núcleo expositivo e também na leitura das legendas. Possivelmente, seria

solução optar por cores mais neutras ou suaves, substituindo as cores mais

fortes por tons de cinza e/ou tons mais claros das cores originais.

As peças expostas encontram-se colocadas de forma assimétrica pela

exposição, organizando-se pelo espaço da sala em si. As peças de pinturas

estão colocadas nas paredes a uma altura que permite que se encontrem

situadas no campo visual do observador. Por outro lado, existem peças de

esculturas, colocadas também elas assimetricamente pela exposição.

A Exposição possui panfletos que complementam pormenores que

possam passar despercebidos, ou introduções a elementos que serão a chave

para a compreensão de tudo o que se observa. Estes encontram-se no átrio de

entrada do edifício do centro de exposições, à entrada da exposição em si, e

também na sua saída. Para que todos os panfletos e toda a informação da

exposição seja compreendida por um maior número de pessoas, e tendo em

conta que existem inúmeros visitantes que se deslocam do estrangeiro,

estabeleceram-se duas línguas para a leitura de toda a informação, o

português, língua mãe do país, e o inglês, a língua mais comum à maioria dos

que visitam o espaço e que se deslocam de outros países.

De uma forma geral, é possível entender-se que a informação é

facilmente captada, denotando-se, no entanto, a existência de alguns aspectos

que falham, e que, caso solucionados, facultam uma melhor leitura da

exposição e do espaço em si, facilitando ao público a compreensão daquilo que

observam.

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2.5.3 Divulgação | Identificação

No que diz respeito à divulgação da exposição e do espaço do Centro

Cultural de Belém, é possível visualizar faixas identificativas do museu e da

coleção, com a letra “B” que define a marca da Coleção Berardo, e que faz com

que seja perceptível a aproximação ao espaço. As faixas possuem tamanho

mais que suficiente para que sejam vistas a grande distância, e identificam o

espaço por assumirem um contraste com letras em cor vermelha em relação ao

resto do ambiente e da fachada do edifício que é predominantemente de cor

clara.

Posteriormente, no percurso até à entrada do edifício, existe igualmente

um sinal luminoso com a letra “B”, assinalando assim a chegada à entrada do

centro de exposições. No que toca à entrada do edifício em si, podem

encontrar-se faixas que a marcam, e observando através das vidraças da

entrada, é possível ver nas paredes esquemas que anunciam a chegada ao

Museu.

Passando a recepção, avistam-se tabelas que identificam as várias

exposições que decorrem no espaço, e os espaços do Museu em si. Nestas

tabelas, é possível ler as indicações sobre a exposição permanente “Museu

Coleção Berardo 1900-1960”, sabendo em que andar a mesma se encontra, e

indicando os meios que se poderão utilizar para lá chegar,entre outras

informações genéricas, como por exemplo, se nesse piso se poderão ou não

encontrar os lavabos.

Perto dos locais onde se costumam situar os assistentes do museu,

existem também uma série de panfletos informativos, que serão capazes de

fornecer informação relativa ao museu de forma generalizada: exposições que

decorrem, atividades e serviços do museu em si - serviços de guia, serviços

didáticos, entre outros.

No que diz respeito à exposição de arte moderna, ao subir as escadas

ou o elevador para a exposição, poderá ser visualizada outra tabela indicativa

do percurso a seguir.

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2.5.4 Percurso da Exposição

Em termos de orientação, é relativamente simples entender onde nos

encontramos, bem como onde cada indivíduo se pretende dirigir. Existem

identificações ao longo do percurso até ao Centro de Exposições, e o primeiro

acesso à entrada, poderá ser realizado sem quaisquer dificuldades, seja pela

rampa permitindo a circulação de pedestres ou pessoas com dificuldades

motoras, nomeadamente portadores de cadeiras de rodas. O acesso ao piso

superior poderá ser feito através de escadas, ou caso exista necessidade de

circular com cadeira de rodas, é possível fazê-lo através de um elevador que

existente perto das escadas mencionadas.

Relativamente ao percurso na exposição, como já referido não existem

indicações, sendo que o sinal que mostra a entrada, se apresenta como um

paralelepípedo que mostra o nome da exposição e artistas presentes na

mesma. No que diz respeito à forma como deveremos circular pelas salas, não

existem indicações, pelo que se poderá circular como melhor for entendido.

No que diz respeito aos acessos aos diferentes pisos, e neste caso

específico ao piso dois, onde se encontra a exposição a ser analisada, o

acesso poderá ser feito através das escadas em caracol que se encontram

depois da recepção do edifício e da área de lavabos, ou subir através do

elevador que irá conduzir exatamente ao andar solicitado, e que possibilita

igualmente um acesso, sem entraves à exposição. O elevador para além da

circulação natural, permitirá o acesso de pessoas com cadeiras de roda e/ou

com dificuldades de mobilidade a pisos superiores e inferiores.

Tal como nas restantes áreas do museu, os espaços expositivos

permitem o acesso e circulação de pessoas com dificuldades motoras, e que

necessitam de cadeiras de rodas para circular pelo espaço, sendo que as salas

são relativamente amplas, e o piso é liso e regular. Na circulação da exposição,

onde existem esculturas expostas, apenas estas poderão causar alguns

entraves na passagem de indivíduos que possuam condicionantes na sua

mobilidade, fazendo com que possa tornar não tão confortável e segura a

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circulação dos mesmos. Esse seria então um aspecto menos bom, e que

poderia ser resolvido de forma a criar mais espaço à circulação de todos os

indivíduos, permitindo-lhes um maior à vontade.

2.5.5 Análise da Exposição da Coleção Permanente do Museu Coleção

Berardo (1900-1960)

2.5.5.1 Tipologia

A Exposição Museu Coleção Berardo de 1900 a 1960 é uma exposição

de arte moderna que se encontra de forma permanente no Museu –

podendo,no entanto, sofrer algumas alterações no seu espólio, de forma a

atualizar e/ou complementar a sua informação

2.5.5.2 Temática

A temática desta exposição, centra-se numa apresentação de obras

realizadas por artistas que pertencem à arte moderna, no espaço de sessenta

anos, e que representam, com algumas lacunas, obras de importância ao nível

da arte mundial.

Na exposição figuram uma série de obras, de artistas de renome, que

reagindo a épocas de guerra (Primeira e Segunda Guerra Mundial), no século

XX, surgiram através de movimentos e expressões que caracterizam uma

altura de crise política e social, e que transparecem as problemáticas e

vivências dos artistas e do povo nas várias partes do mundo, mas

maioritariamente na Europa.

Esta exposição é de leitura individual, e pretende de certa forma, gerar

discussões entre os diferentes indivíduos que a visualizam, visto que através

de cada obra se geram interpretações e visualizações que diferem para cada

espectador, e puxa a uma temática que conduz a polémica, por ser parte da

história. Assim, aos factos reais e inquestionáveis da história contada e

conhecida através dos grandes livros, adicionamos aquela que foi a visão de

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cada artista, relacionando as suas visões e vivências, e recriando-as através do

objeto artístico.

A exposição recorre às memórias do passado, busca aquilo que se

conhece, de forma a completar e apreender novas visualizações, através de

traçados fortes, de imagens surrealistas, e esculturas que se contorcem e

criam imagens de fuga, ou de chegada à realidade.

No fundo, a exposição é um reviver do passado para uns, e para outros

é o conhecimento do que foi vivenciado outrora. Sendo acima de tudo, o contar

da história por uma nova objetiva.

2.5.5.3 Modulação do Espaço

Na modelação do espaço desta exposição, observamos uma sala ampla

que permite receber um grande número de obras, sendo uma das salas

principais do Museu, e igualmente uma das maiores salas existentes no

espaço, e que considerando o hall também ele como um local expositivo, se

tornaria possível um maior aproveitamento de espaço.

Depois da chegada ao piso dois, onde se encontra a exposição, pode

avistar-se o hall mencionado. Não existe sinalética de circulação visível, sendo

que o espectador deverá dirigir-se como pretender ao interior do espaço

expositivo. Ao não existir uma definição do percurso, o público poderá decidir

entrar pela entrada assinalada, seguindo em frente, e visionando a exposição

da forma que entender. A problemática neste aspeto passa então por não

existirem definições do que se poderá ou não seguir, e que poderá cortar com

as linhas daquilo que seria compreendido, tendo em conta uma organização

cronológica das obras apresentadas.

O espaço é dividido por salas e paredes que originam circuitos de

passagem. Neste caso, o problema poderá residir na falta de espaço para a

circulação quando esta é realizada a pares por exemplo, e que poderia

possivelmente ser resolvida com o encurtar do grande hall da exposição,

tornando-se então necessário aumentar um pouco os corredores de passagem.

No entanto, em algumas salas, é possível visualizar um maior espaço para

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passagem e apreciação das obras, o que tende a ajudar um pouco no que diz

respeito a este aspecto.

2.5.5.4 Espécimes Expostos

Todos os espécimes expostos nesta exposição, são obras originais que

fazem parte da Coleção do Comendador Berardo e/ou da Coleção resultante

do acordo entre o Comendador José Berardo com o Governo Português.

Estes espécimes resultam da explosão de criatividade de autores de

grande importância que figuram na história da Europa, na história do mundo, e

principalmente na história da arte, e que refletem épocas de grandes

problemáticas da vida do povo e das crises pessoais de alguns artistas.

As obras observadas nesta exposição são peças de pintura e escultura

que se unem e reúnem para contar determinados episódios.

2.5.5.5 Material Expositor

As obras de arte expostas pelas salas, na vertente da pintura, estão

protegidas por molduras e ou vidraças, do que será madeira tratada, de

diferentes tonalidades e entalhes (variando entre madeira dourada e madeira

escura), essas molduras protegem totalmente as obras por serem acompanhas

de vidraças que protegem as obras de toda e qualquer partícula e ou

particularidade que as possa danificar.

As molduras estão assentes na parede com parafusos, que as mantêm

firmes, e que não se apresentam visíveis, para que não interfiram na

visualização do espaço expositivo. A existência dos parafusos, permite a

firmeza das peças ao local onde se encontram, conferindo segurança e força,

mesmo em obras de porte maior.

Por outro lado, algumas das peças de escultura expostas, encontram-se

protegidas por suportes que as colocam a uma área superior à do chão e à

altura do campo e visão do público em geral, existindo também algumas peças

que não se possuemesse suporte estando diretamente colocadas no chão, ou

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possuindo apenas, aquilo que aparenta ser papel de cenário, e que apenas

demarca o local onde se encontra a obra de arte em relação ao chão através

do contraste.

Os suportes utilizados são feitos em platex ou madeira mdf, e pintados a

cor branca. Estes assentam no chão demais apoios.

2.5.5.6 Iluminação

Em termos de iluminação, a sala possui pontos de luz natural, fornecida

pelas vidraças dos tetos, estando cobertas por estores que permitemo

impedimentoda entrada de luz direta na sala, de forma a manter apenas a

circulação da luz controlada pelo museu. Este aspecto permite o controlo de

desgaste das obras de arte, visto que muitas delas são pinturas, e que poderão

sofrer desgaste direto do sol, o que por vezes origina perdas de pigmentação

nas peças.

A cor clara da sala, o branco, atribui luz, brilho e foco no ambiente

expositivo, fazendo com que por sisó, a sala seja já mais iluminada. O branco

reflete com maior facilidade a luz em si, e ajuda a tornar todo o ambiente mais

amplo e iluminado.

Existe na sala uma iluminação ambiente, realizada através de focos de

luz assentes nos tetos das salas, e que possibilitam a regulação da luz do local,

tendo em conta que o espaço se poderá tornar mais claro ou mais escuro

dependendo da iluminação vinda do exterior, o que influencia também a

visualização das obras. Neste aspeto, os focos de luz colocados por toda a

exposição, possuem uma luz esbranquiçada – luz fria – que evidencia e foca as

cores e formas presentes nas obras.

Noutros pontos da exposição, e maioritariamente sobre as obras

colocadas nas paredes, existem projetores de luz, que são apontados de forma

subtil para facilitar a visualização das formas e fazer sobressair a sua beleza.

É necessária essa subtileza, para que as obras que possuem vidros de

proteção não originem qualquer reflexo extremamente, que se poderá tornar

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extremamente incomodativo, e o que poderá influenciar e intervir com a

visualização da obra em si.

Os projetores de uma luz, encontram-se colocados principalmente nas

salas em que existem tetos mais baixos, e são postos de forma estratégica,

para que ninguém para além dos funcionários do Museu possa exercer

qualquer toque, e de forma a que não incomodem os espetadores aquando da

visualização das obras.Estes projetores evidenciam a peça a destacar,

resultando num ênfase a todas as cores e formas que transbordam de cada

objeto visualizado.

2.5.5.7 Aspetos a ter em conta

Sendo esta uma exposição permanente do Museu Berardo, seria de

importância mantê-la e apresentá-la da melhor forma, de acordo com aquela

que será a melhor forma de deixar passar a história que se pretende retratar.

Esta exposição encontra-se exposta há cerca de oito anos, tendo sofrido

ao longo destes, algumas alterações, quer nas obras expostas, quer por vezes

no espaço em si.

As obras expostas, como já referido, passam por fazer transparecer a

história de entre as guerras, que tiveram grande influência na política, vida

social e artística de todos os seres humanos. Transportando influências de

todos os tipos e recorrendo e criando movimentos artísticos, denotam-se

diferentes visões em cada pintura e escultura expostas.

A pintura e escultura sofrem intervenções de vários tipos, desde a

utilização de cores garridas, a formas geométricas, à abstração de qualquer

aspecto, passando pelo surreal e conduzindo à expressão sem pensar,

podemos encontrar uma vasta espécie de obras de um grande leque de

artistas.

Nesta exposição, e como é possível visualizar, encontra-se uma

organização de obras que conta a história, através de alguns núcleos, de uma

série de movimentos, artistas e obras do século XX, pretendendo representar

em Lisboa aquela que é uma exposição de arte moderna.

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Não existe um circuito definido, ou seja, não existe uma forma

obrigatória ou até mesmo uma ajuda no que diz respeito à melhor forma, ou à

mais adequada a que deveremos circular pelo espaço.

De um modo geral, é um espaço fácil de compreender e relativamente

bem conseguido e organizado. No entanto, existem algumas falhas que

poderão ser corrigidas de forma a colmatar alguns problemas e a permitir uma

compreensão ainda mais feliz.

Apesar de a sala ser uma das maiores salas do Centro de Exposições e

acolher aquela que foi a primeira exposição permanente do Museu, é uma sala

que poderia obter melhor aproveitamento, caso certos aspectos fossem melhor

organizados, ou até mesmo suprimidos. Sendo uma sala grande, deveriam

existir opções para uma melhor apresentação.

No que toca à organização das obras, são perdidos alguns elementos na

sua visualização. Existem obras colocadas a meio da passagem do local, obras

demasiado desprotegidas, e por vezes, obras demasiado acima do campo

visual do público em geral.

No decorrer da exposição, existem alguns textos de apoio que podem

ser lidos a curta distância, no entanto, essa distância tende a tornar-se

demasiado curta, caso não sejapossível que cada indivíduo se

situediretamente na linha de leitura do texto, isto é, caso fosse prolongada a

distância entre o observador e o texto, tornar-se-ia mais complicado entender

as formas das letras e até mesmo as cores, que por vezes se tornavam difíceis

de discernir, tendo em conta a cor do fundo, e a cor da letra em si. Este

aspecto, seria então o foco de outra problemática, sendo que caso “todos” ou

um grande número de visitantes se colocassem a uma curta distância do texto,

era criado um acumulado de público que impedia não só a visualização do

texto, como das obras, e até mesmo um impedimento da passagem do resto do

público e/ou funcionários do Museu.

Outro aspecto a focar, e sabendo que não existe um percurso sugerido

ou obrigatório para a melhor compreensão do observador, perdem-se linhas de

entendimento incutidas em certos aspectos organizativos do espaço. Não se

visualiza um caminho contínuo, um seguimento óbvio, sendo que o público

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acaba por circular desorganizadamente pelo espaço. Seria então uma falha a

colmatar, não tendo obrigatoriamente de se definir um percurso, mas dar, pelo

menos, linhas de seguimento que possam auxiliar quem observa. Não se torna

complicado utilizar um circuito adequado, por outro lado, a circulação dentro da

sala em si, nem sempre permite uma leitura cem por cento clara.

No que toca às cores do espaço, a cor predominante, o branco, figura

nas paredes estruturais da sala, bem como em todo o ambiente e módulos

quer de suporte quer de passagem de umas salas para as outras. O único

aspecto divergente, apresenta-sena cor do piso, de madeira envernizada, e

que transfere à sala um ambiente mais quente e característico da época em

que se insere. Os apontamentos de cor, situam-se então, (para além de nas

obras em si), nas legendas e temáticas dos núcleos que são apresentados,

utilizando em alguns textos explicativos, cores intensas, que exercem

possivelmente uma carga visual demasiado elevada para aquilo que deveria

exercer.

As obras colocadas pelo espaço organizam-se de uma forma

assimétrica, estando colocadas na sua maioria, de forma correta e ao nível de

visão do público (com o ponto médio da obra situado a cerca de um metro e

meio do chão), pondo-se por vezes, e como já referido, a problemática de

obras colocadas demasiado acima do campo de visão, ou simplesmente

colocadas de forma irregular pelo percurso.

O espaço expositivo é considerado um espaço amplo e regular, de fácil

circulação no que diz respeito à passagem de pessoas com dificuldades

motoras (transportadas por cadeiras de rodas ou outro tipo de apoios do

mesmo género), sendo que, no entanto, existiam por vezes dificuldades de

circulação devido às medidas dos corredores ou espaços de passagem da

sala, sendo que estes são por vezes demasiado curtos para permitir a

passagem de duas ou mais pessoas pela mesma zona e ao mesmo tempo. Por

outro lado, existem espaços de maior amplitude que fazem equilibrar este

aspecto, e permitem aos observadores uma melhor leitura da sala, para que

possam usufruir daquilo que encontram à sua frente.

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54

Em termos de luz, encontram-se os projetores, de um modo geral bem

colocados em relação às obras e ao restante espaço, logo, não podem ser

considerados um problema de maior, e por isso um elemento a ser excluído

daqueles que são os aspectos a melhorar nesta exposição.

2.6 O Serviço Educativo

Interpretando a arte como um estímulo e como forma de aprendizagem,

o Museu Coleção Berardo coloca à disposição do público, nas várias faixas

etárias – desde os dois anos de idade até à idade adulta -, atividades e

programações que transpareçam essa vontade.

O museu considera importante que exista inclusão em termos sociais,

sendo que esta é a sua forma de permitir que tal aconteça, abrindo as suas

portas para produzir mais cultura.

“Envolver as crianças e os adultos, as famílias, as escolas e outros grupos, nas

atividades educativas é uma prioridade do Museu Coleção Berardo. Conhecer

melhor as obras e os seus criadores, desvendando pensamentos, refletindo e

partilhando aprendizagens são as propostas do programa de atividades do

Serviço Educativo, organizado de modo a responder aos interesses dos

diversos públicos.”25.

As atividades integradas no serviço educativo do museu, passam pelos

vários tipos de visitas e visitantes, tendo ateliês abertos, atividades para

professores, ateliês de férias, atividades de aprendizagem para pré-escola, e

até mesmo para grupos sénior. Nas e para as suas atividades, são

disponibilizados recursos pedagógicos do museu, como cartas, livros e

panfletos, com informações complementares para uma melhor percepção do

que se pode ver neste espaço.

O museu oferece “O museu em festa”, para famílias e aniversários “o

«peddy-paper» mais divertido de sempre! Junta os teus amigos e parte para a

ventura no museu! Com um mapa na mão, muitas obras da Coleção Berardo e

25

vd. pt.museuberardo.pt/educacao/atividades.

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55

desafios”26. O “PEEA”, projeto continuado para escolas, em parceria com o

Ministério da Educação e Ciência, é “o projeto «Museu para que te quero»,

desenvolvido no âmbito do Programa de Educação Estética e Artística,

promovido pelo Ministério da Educação e Ciência.”, que quer “desenvolver

iniciativas gratuitas, destinadas a alunos e professores do ensino pré-escolar e

do 1.º ciclo, que reflitam os princípios teóricos da Educação Artística”27, entre

muitos outros que abrangem um vasto público e tem por base variadas

preocupações relacionadas com a arte, os museus e a aprendizagem.

CAPÍTULO 3

O MUSEU NACIONAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA - MUSEU DO CHIADO

E O SEU SERVIÇO EDUCATIVO

3.1 A Missão do Museu

26

vd. pt.museuberardo.pt/educacao/atividades/o-museu-em-festa.

27 vd. pt.museuberardo.pt/educacao/atividades/peea.

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Catarina Isabel Vicente da Silva Um Roteiro da Arte Moderna, em Lisboa a partir da Coleção Berardo.

56

Por meio do Decreto 1, de 26 de maio de 1911, nasce o Museu Nacional

de Arte Contemporânea – Museu do Chiado. O Museu do Chiado resulta da

divisão do Museu Nacional de Belas-Artes em duas entidades, sendo a outra o

Museu Nacional de Arte Antiga. Assim, cada entidade passa a pertencer a uma

localização distinta, sendo que o Museu Nacional de Arte Antiga fica na Rua

das Janelas Verdes, e o Museu Nacional de Arte Contemporânea, fica

localizado no Chiado, mais concretamente no Convento de São Francisco.

Alguns anos depois, através de um novo Decreto-lei, o 112/94 de 2 de

maio, a designação do museu é alterada apenas para “Museu do Chiado”. Pelo

decreto, define-se que o museu deverá mostrar um acervo que possua obras

dos tempos presentes, sendo, tal como mostrava a sua designação inicial, um

museu de arte contemporânea - “(…) o Museu foi reunindo um acervo que se

pretendia identificado com o seu tempo (…)”28. Pretendia-se também o

crescimento do acervo, colecionando um maior número de obras, e mantendo-

as através das boas práticas conservativas para que estas possam ser

expostas ao público no seu melhor estado de conservação.

Pelo decreto 112/94, e tendo igualmente em conta a zona em que o

museu se insere, define-se que a entidade deverá considerar no seu acervo

aquilo que é fruto da cultura do país, mostrando o trabalho de artistas

portugueses, e também as obras que se relacionam histórica e culturalmente,

com a zona em que este museu se insere. O MC é o único museu nacional de

arte contemporânea existente em Portugal, apesar de existirem outras

entidades no país que atuam em campos dentro da arte moderna e/ou

contemporânea.

Por fim, e aspira-se também que exista um estímulo para conhecer e

explorar, para que existam confrontos e experimentações, seja entre artistas

portugueses ou internacionais, ou até mesmo uma correlação entre os dois,

fazendo ver aquilo que se faz ou fez, quer fora, quer dentro do território

português.

28

Vd. Decreto-lei 112/94 de 2 de maio - https://dre.pt/application/file/252323.

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57

Apesar de ser uma entidade única, e apesar da importância do seu

papel no campo da arte contemporânea em Portugal, o MNAC não consegue

competir com outras entidades, por não possuir meios que o sustentem nesse

sentido – como instituição não lhe é possível mudar o nível em termos de

aquisição de obras, logo não tem possibilidade de enriquecer mais, de certa

forma, o seu património. Ainda assim, a sua coleção conta com cerca de 5000

obras em acervo, em obras de escultura, pintura, desenho, fotografia e vídeo.

3.2 A Vocação do Museu

A Coleção do Museu do Chiado abrange os séculos XIX, XX, tendo

ainda uma pequena porção de obras referente ao século XXI, da Arte

Contemporânea, sendo que se encontra situada desde o ano de 1850 e até

aos dias de hoje, albergando então um período superior a 150 anos – “(…)

recolhendo obras de arte representativas da produção artística da segunda

metade do século XIX e do início do século XX, reportando-se as peças mais

significativas a um período anterior a 1950.”. A sua vocação passa não só pela

mostra de obras de arte contemporânea, mas também pela inserção da cultura

e história da zona do Chiado – “(…) justifica-se a redefinição da vocação do

Museu Nacional de Arte Contemporânea e o seu enquadramento na realidade

histórica e cultural da zona do Chiado.”29.

Esta coleção reúne uma grande variedade de movimentos artísticos, e

de forma a tornar-se cada vez mais rica, esta mantém-se como uma coleção

aberta.

Através da arte praticada por artistas portugueses, e iniciando percurso

através do Romantismo, podem visualizar-se imagens que provocam

sensações inexplicáveis, através de paisagens de enorme exuberância que nos

conduzem ao Animalismo e posteriormente ao Naturalismo, trazendo as

novidades que vão acontecendo por todo o lado, e que são exercidas pelas

mãos daqueles que vivem em território português.

29

Vd. Decreto-lei 112/94 de 2 de maio - dre.pt/application/file/252323.

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58

O interesse de focar estas épocas, resulta da necessidade de ver

exposta uma época de grande importância, a época entre a Primeira e a

Segunda Guerras Mundiais, e que, tal como em muitos outros lugares, foi um

marco de importância e influência, quer na população em geral, quer nos

artistas, principalmente os artistas portugueses. Estes foram influenciados não

só pela história que os rodeava, mas também por aquilo que lhes foi de alguma

forma transmitido por artistas internacionais.

A importância desta coleção manifesta-se não só em termos artísticos,

mas também em termos históricos. É uma coleção de extrema importância por

mostrar, não só àqueles que vivem e usufruem da história do país, mas

também para dar a conhecer, aquele que foi o trabalho de um povo, quer na

sua história, quer na sua cultura.

Fazem parte desta Coleção nomes como: Tomás da Anunciação,

Cristiano da Silva, Anunciação e Luiz de Menezes, Miguel Ângelo Lupi, Silva

Porto, Marques de Oliveira, António Ramalho, Columbano Bordalo Pinheiro,

António Carneiro, Sousa Lopes, Amadeo de Souza-Cardoso, Santa Rita,

Eduardo Viana, Mário Eloy, António Pedro, António Ferro, Almada Negreiros,

Dordio Gomes, Abel Manta, Bernardo Marques, Carlos Botelho, Viana, Eloy,

Canto da Maia, Diogo de Macedo, Francisco Franco, Manuel Filipe, Júlio

Pomar, António Dacosta, Marcelino Vespeira, Fernando Lemos, Fernando de

Azevedo, Jorge Vieira ou Mário Cesariny, Fernando Lanhas, Jorge Vieira, Nadir

Afonso, Joaquim Rodrigo, Paula Rego, Joaquim Rodrigo, Jorge Pinheiro,

Lourdes Castro, René Bértholo, Sá Nogueira, Noronha da Costa, Jorge

Martins, António Sena, João Vieira, Alberto Carneiro, Helena Almeida, Julião

Sarmento, Júlia Ventura, José Pedro Croft, Jorge Molder, Pedro Cabrita Reis,

Rui Sanches, João Penalva, Rui Chafes, Ângela Ferreira, João Tabarra, Miguel

Palma, Augusto Alves da Silva, Alexandre Estrela, João Onofre ou João Pedro

Vale.

3.3 O Museu e a Coleção

O Museu do Chiado situa-se na zona histórica do Chiado, num edifício

repleto de história, reconstruído após um incêndio, em 1988, que afetou esta

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59

zona. Anos mais tarde, o edifício foi reinaugurado, reabrindo renovado no ano

de 1994. Neste edifício pode encontrar-se um átrio que acolhe os visitantes,

bem como vários outros pisos onde se encontram as salas de exposições,

gabinetes e terraços. O museu beneficia do seu posicionamento num lugar

histórico, fazendo uso deste não só para uma maior visitação, uma vez que o

Chiado é uma zona de grande movimentação turística, mas também usufruindo

da história que envolve o edifício e o Museu em si. O Museu do Chiado é, em

conjunto com mais cerca de 28 museus, parte integrante do IMC30.

Esta instituição é considerada o museu que transparece a riqueza e

história da arte moderna e contemporânea portuguesa, tendo uma coleção de

obras permanentemente exposta. Após vários anos a debater-se com falta de

espaço, o edifício sofre em 2016 alterações, sendo alvo de obras. Reabre-se

no mês de junho, o terceiro piso do edifício na Rua Serpa Pinto, com uma

exposição da arte portuguesa dos séculos XX e XXI, com 80 obras da coleção,

inseridas em diversos núcleos da arte moderna e contemporânea.

As obras concluídas a meio do ano de 2016, concluíram a remodelação

do edifício, e a ligação entre dois edifícios, em conjunto com a Rua Capelo31.

O Museu do Chiado apresenta-se em funcionamento de forma

permanente durante o ano, ou seja, a abertura ao público é feita de terça a

domingo, das dez às 18 horas, e encerra segundas-feiras, e alguns dias

feriados: 1 de janeiro, domingo de Páscoa, 1 de maio e 25 de Dezembro.

Existe no MC uma política de entradas paga, estipulada pelo IMC, no valor de

quatro euros, durante dias úteis e sábados, sendo que como é comum nos

museus do país, domingos e dias feriados são dias em que se pode usufruir do

museu gratuitamente até às catorze horas. Casos específicos, estão também

isentos do pagamento da taxa de ingresso do museu – crianças até 14 anos,

30

Organismo do Ministério da Cultura – criado através do PRACE - Programa de

Reestruturação da Administração Central do Estado, em 2007. O Instituto dos Museus e da

Conservação tem por sua missão o desenvolvimento e execução de boas políticas no que diz

respeito à cultura do país.

31 COTRIM, António. Museu do Chiado reabre terceiro piso com 80 obras dos séculos XX

e XXI. Agência Lusa, 2016. Acedido em: observador.pt/2016/06/16/museu-do-chiado-reabre-

terceiro-piso-com-80-obras-dos-seculos-xx-e-xxi/.

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60

professores e alunos em visitas de estudo – desde que comprovada a

autenticidade dos mesmos e o respetivo motivo da sua visita -, e portadores de

alguns tipos de cartões da cidade de Lisboa, jornalistas em desempenho de

funções, mecenas, membros de entidades parceiras, entre outras situações

específicas.

No que diz respeito à programação, são apresentadas várias exposições

temáticas ao longo do ano, com ou sem relação direta com a coleção, sendo

que para além da exposição permanente que o museu apresenta, torna-se

possível usufruir também de exposições temporárias que pretendem enriquecer

o museu, e mostrar as obras de outros artistas, e até mesmo de outras

nacionalidades.

3.4 A Exposição

A “Exposição Permanente. 1850-1975” apresentada no Museu do

Chiado, é a exposição que procura mostrar resumidamente aquilo que foi

produzido em Portugal entre o ano de 1850 e o período mais recente de 1975.

Por ser algo que diz respeito à história do povo no geral, mas

principalmente à história do povo português, manifesta as ideias e produções

daqueles que foram influenciados não só pela história, mas também pela

arte.Encontra-se então de forma permanente, uma coleção que demonstra

todos esses aspetos a quem o visita.

Por possuir um espaço de pequena dimensão, situado no piso três do

Museu, esta exposição, fica apenas capaz de mostrar uma pequena porção de

cem obras selecionadas rigorosamente, e que se encontram expostas de forma

cronológica, e pelas correntes artísticas de maior relevância de cada período,

sendo estas o Romantismo, o Naturalismo, o Simbolismo, o Modernismo, o

Neorrealismo, o Surrealismo, o Abstracionismo, a Nova Figuração, e as Neo

Vanguardas.

Existem nesta exposição obras de escultura e pintura, que se agregam

formando uma linha de coerência para a boa leitura da exposição.

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61

3.4.1 Tipologia e Temática

A “Exposição Permanente. 1850-1975” é, tal como o nome indica, a

única exposição permanente neste museu.A temática desta exposição centra-

se na Arte da Época Contemporânea (os séculos XIX e XX), expondo obras de

artistas portugueses ou obras produzidas no território português durante o

período referido.

3.4.2 Modulação do Espaço

No que toca à modulação do espaço, as obras dividem-se por temática,

em quatro zonas que se interligam. Por serem espaços pouco amplos, torna-se

necessário que os espécimes sejam expostos e escolhidos de forma

cuidadosa, promovendo uma boa leitura expositiva.

3.4.3 Espécimes Expostos e Material Expositor

Todos os espécimes expostos são obras originais de autor, variando

entre a escultura e a pintura.As obras expostas estão protegidas por molduras

em madeira tratada, sendo que algumas estão envidraçadas para que as obras

permaneçam protegidas de qualquer particularidade que as possa deteriorar.

No caso das esculturas, nos casos possíveis e necessários, as obras

encontram-se em suportes, para que se mantenham afastadas de possíveis

toques e se mantenham em segurança.

As molduras encontram-se assentes em paredes ou grades com

parafusos, sendo que estes não são visíveis, mas aparentam segurança e

força, para que possam suportar as obras com maiores dimensões. No que diz

respeito aos suportes, apresentam-se também estes robustos para que sejam

capazes de suportar as esculturas.

3.4.4 Iluminação

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A iluminação no local é feita através de focos de luz fria/branca,

assentes no teto ou colocados sobre as obras que carecem mais de

iluminação, sendo que em alguns dos locais do edifício é possível de igual

forma, observar alguns pontos de luz natural.

3.5 O Serviço Educativo

O MC oferece também, para além da mostra permanente do seu acervo,

exposições temporárias que permitem a dinamização do espaço e a recepção

de espólio que complemente o seu próprio. Em conjunto com estas atividades,

realizam-se ateliês, e outras atividades educativas e pedagógicas, que

pretendem estimular a ligação entre o público em geral, o museu, e a obra de

arte, dinamizando a aprendizagem na grande parte das faixas etárias e nos

diferentes grupos que visitam o museu – “(…) assenta a sua prática em

dinâmicas pedagógicas de mediação e interpretação entre os públicos e a obra

de arte (conteúdo do objeto artístico e das coleções) (…)”, “(…) A oferta de

programações que se apresenta abrange todo o público, crianças, jovens,

famílias e adultos, que visitem o museu em contexto individual ou em grupos

organizados, escolares, culturais, seniores, acessibilidades ou outros.“32.

A oferta nesta área, para além da sua grande abrangência em termos de

faixas etárias, oferece também uma grande variedade no que diz respeito às

atividades, promovendo para além das visitas, projetos pedagógicos e

continuados, workshops, etc. – “(…) visitas pedagógicas, visitas comentadas,

visitas guiadas, oficinas plásticas nas áreas do desenho, da colagem, da

fotografia, etc. (…)”33.

Para além de todas as oportunidades de enriquecimento que o museu

oferece, este apresenta também oportunidades para professores, dando

pontualmente cursos para os mesmos. Fora do horário comum de

32

Catarina Moura, Coordenadora do Serviço Educativo do MNAC – Museu do Chiado. Acedido

em: www.museuartecontemporanea.pt/pt/educacao/servico-educativo.

33 Catarina Moura, Coordenadora do Serviço Educativo do MNAC – Museu do Chiado. Acedido

em: www.museuartecontemporanea.pt/pt/educacao/servico-educativo.

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63

funcionamento do museu, o espaço é também, pontualmente cedido para

realização de concertos e conferências, organizados por entidades externas ao

museu.

CAPÍTULO 4

O MUSEU CALOUSTE GULBENKIAN E O SEU SERVIÇO EDUCATIVO

4.1 A Missão do Museu

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64

Possuidor de uma enorme paixão pela arte e movido pela mesma,

Calouste Sarkis Gulbenkian, colecionou obras de arte ao longo de vários anos.

O resultado desta paixão originou um testamento, que pretendia a criação da

Fundação Calouste Gulbenkian (FCG).

Através do Decreto-Lei nº 40609034 de 18 de julho de 1956, e depois de

os estatutos do mesmo serem aprovados pelo Estado Português, é então

conseguida uma instituição capaz de englobar os campos da Arte, da

Beneficência, da Ciência e da Educação. Esta fundação, apesar do seu cariz

privado, seria capaz de servir o público em geral.

A missão desta entidade passa por oferecer um contributo em todos os

campos em que se propõe a atuar, fazendo uso dos conhecimentos que possui

e recorrendo a parcerias, de forma a atribuir benesses a todas essas áreas, ou

seja, através da sua mostra artística, do facto de conceder bolsas, e das suas

publicações, o então Centro de Arte Moderna (CAM) permite que exista uma

evolução no estudo da arte contemporânea, para que a sua coleção consiga

sempre chegar a mais indivíduos. Apesar disso, e não retirando a importância

às obras internacionais, a sua missão tem também a necessidade de se focar

na arte criada em Portugal.

Sediada em Lisboa, a fundação é possuidora de um Museu – agora

definido como Museu Calouste Gulbenkian (MCG) -, e de uma Biblioteca de

Arte, (possuindo de igual forma uma Orquestra e um Coro). A sede e o museu

da fundação, encontram-se em funcionamento desde 1969. Sendo que o então

Centro de Arte Moderna, foi anos depois inaugurado, mantendo-se em

funcionamento conjunto com a fundação desde a data de 198335.

Em fevereiro de 2016, o Conselho de Administração da FCG anunciou a

fusão de duas das suas entidades. Desde julho do ano de 2016, que passou a

existir apenas o MCG36, deixando de existir o Centro de Arte Moderna

(CAM)/Centro de Arte Moderna José Azeredo Perdigão (CAMJAP). A junção

34

Decreto-Lei dos Estatutos da Fundação Calouste Gulbenkian – em anexo x.

35 Em 1993, o CAM passou a chamar-se Centro de Arte Moderna José Azeredo Perdigão.

36 Penelope Curtis, historiadora e curadora de arte britânica, é a atual diretora do MCG.

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Catarina Isabel Vicente da Silva Um Roteiro da Arte Moderna, em Lisboa a partir da Coleção Berardo.

65

das duas entidades tem a pretensão de criar diálogo entre as duas coleções,

tornando os dois núcleos juntos, mais eficazes37.

Utilizando as suas posses e instalações, esta entidade é capaz de

apresentar exposições, conferências, concursos e colóquios, que permitem

uma linguagem de cultura artística e geral, organizando de igual forma um

programa de atividades alargado e transversal a muitas outras áreas, e que se

estende a todas as faixas etárias.

Esta entidade teve um papel de enorme importância na sociedade

portuguesa e lusófona desde a década de cinquenta, onde por essa altura, a

preocupação passava por impulsionar a evolução quer na área da saúde, da

formação, e da investigação, sendo que após a entrada de Portugal na

Comunidade Europeia, os objetivos passaram a ser maiores, envolvendo a

partir desse ponto, uma expansão internacional, que permitisse a procura de

respostas e a reflexão sobre aqueles que são os problemas existentes nos dias

que correm.

4.2 A Vocação do Museu

O antigo Centro de Arte Moderna (CAM) - agora entidade única como

Museu Calouste Gulbenkian -, Museu de Arte da Fundação Calouste

Gulbenkian, foi criado no ano de 1983, e a sua vocação assenta na vontade de

preservar, mantendo as obras no melhor estado conservativo possível, para

que estas possam ser expostas; investigadas, para que seja possível descobrir

e conhecer mais informação sobre as mesmas; e exibir a todo o público que

queira adquirir mais conhecimento e cultura, aquilo que o Museu tem para

oferecer.

O CAM acolhia as obras posteriores à Coleção de Calouste Gulbenkian,

obras que não foram colecionadas por este e adquiridas posteriormente pela

37

COTRIM, António. Museu Calouste Gulbenkian passará a integrar coleção de arte moderna.

Agência Lusa, 2016. Acedido em: observador.pt/2016/02/19/museu-calouste-gulbenkian-

passara-integrar-colecao-arte-moderna/

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66

Fundação. Essas obras situam-se entre os séculos XX e XXI, sendo então uma

coleção de arte moderna e contemporânea.

A coleção é constituída por um grande acervo de obras, que se

encontram no MCG, sendo que estas são apresentadas ao público através de

exposições temporárias, que permitem a rotatividade das obras, mostrando o

que é e foi feito em Portugal, e a nível internacional.

É pretendido por esta instituição que exista um programa que faça

prevalecer uma ligação entre artistas nacionais e internacionais, e destaca-se

essa intenção através de um programa sobre arte internacional. Por outro lado,

possui um programa de atividades capaz de servir a cultura e educação de

forma coerente, impulsionando a descoberta e o conhecimento.

Neste museu é possível encontrar expostos, nomes como Pierre

Alechinsky, Maya Anderson, Salvador Dalí, Max Ernst, Paula Rêgo, de entre

uma enorme variedade de nomes do meio nacional e internacional.

O ano de 2013 foi um ano marcante para esta instituição, celebrando os

trinta anos da sua existência, evento celebrado através de uma exposição

intitulada “Sob o Signo de Amadeo”, que teve na apresentação da obra de

Amadeo de Souza-Cardoso em Paris o foco principal.

4.3 O Museu

O agora Museu Calouste Gulbenkian é um museu que traz a público

uma grande riqueza a nível nacional e internacional da arte moderna.

Esta entidade possui um acervo de grande dimensão, inserido num

edifício de grande porte, capaz de transportar uma série de funções (biblioteca,

livraria, museu, jardim, entre outros).

O MCG encontra-se aberto ao público no horário das dez às 18 horas,

estando encerrado às terças-feiras, e dias feriados: 24 e 25 de dezembro, 1 de

Janeiro, domingo de Páscoa e 1 de Maio. Este possui uma política de entradas

pagas, no valor de dez euros, sendo que o preço das exposições temporárias

varia. Tal como noutros museus portugueses a entrada torna-se gratuita aos

domingos e dias “especiais”, como por exemplo o “Dia Internacional dos

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Museus”. No caso desta entidade em específico, as entradas gratuitas

funcionam: aos domingos após as catorze horas; para crianças menores de

doze anos; jovens até aos dezoito anos – acompanhados por familiares -,

membros do ICOM, AICA38 e APOM39; grupos organizados de entidades de

Solidariedade Social, e acompanhantes de pessoas com mobilidade reduzida.

Para além disso, existem também descontos para portadores de cartões de

turismo de Lisboa (no valor de vinte por cento), e descontos para portadores de

Cartão Jovem, estudantes até aos 30 anos e maiores de 65 anos (no valor de

cinquenta por cento).

Está situado junto à Praça de Espanha, em Lisboa, impondo a sua

presença entre centros comerciais, embaixadas e outros edifícios de grande

porte. Por se inserir numa zona de hotéis e se encontrar numa zona muito

frequentada da cidade de Lisboa, é um local de grande visualização, e por isso

um local fácil de aceder.

Em termos de programação, o museu apresenta durante o correr do

ano, uma grande variedade de exposições, quer relacionadas com o seu

acervo, quer trazidas até ao Museu pelos seus colaboradores. Este é um

museu que funciona através de exposições ocasionais, isto é, são realizadas

várias exposições temporárias que por si só, ou com a complementação de

obras vindas de outros museus, são capazes de criar uma linha de leitura.

Através deste aspeto, é possível receber e dar a conhecer, não só aquilo que

se encontra no acervo, mas também partilhar com o público que visita o museu

aquilo que foi feito noutros países.

4.4 A Coleção

38

AICA – Associação Internacional de Críticos de Arte. Género de organização não

governamental, criada em 1948 no âmbito da UNESCO.

39 APOM – Associação Portuguesa de Museologia. Agrupa os profissionais de museologia, ou

instituições equiparadas a museus.

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68

No que diz respeito ao MCG, por ser um local em que as obras e

exposições se encontram em constante mudança, é difícil atribuir importância a

uma exposição em específico.

Neste caso, o importante será referir que as exposições acontecem com

o fim de partilhar a informação e as obras colecionadas ao longo dos anos, e

que por si só, contam histórias, transmitindo sentimentos e emoções, bem

como atribuindo a importância que estas causam e causaram.

Esta coleção diz respeito ao público em geral, por acomodar uma série

tão grande de obras, que nos conduzem à Arte Moderna, e a épocas críticas da

sociedade, e da cultura em si.

O acervo possui obras que variam pela escultura, pintura, impressões e

outros. E o Museu aposta na boa leitura da exposição, tentando sempre

enquadrar da melhor forma a exposição ao espaço em que se insere.

Por não ser possível falar sobre uma exposição em específico, e porque

a riqueza do Museu Calouste Gulbenkian passa também pela sua vasta

coleção de obras – 10500 na Coleção Moderna40, e cerca de 6440 na Coleção

do Fundador41 -, existem as exposições temporárias, que fazem com que seja

possível visualizar o máximo de obras possível no decorrer do ano.

Durante o ano de 2015, por exemplo, aconteceram no antigo CAMJAP,

onze exposições temporárias. Entre muitas outras, uma dessas exposições,

que diz respeito à arte moderna, decorreu entre os meses de junho e outubro,

“X de Charrua”, sobre a obra de António Charrua42, abstracionista. Esta

exposição, fazia a mostra das principais obras do autor, desde os anos

cinquenta, até aos anos noventa.

40

“A Coleção Moderna tem vindo sempre a crescer, através de aquisições ou doações, e

conta atualmente com cerca de 10.500 obras (…)”. Situação atual do acervo da Coleção

Moderna do Museu Calouste Gulbenkian. Acedido em: gulbenkian.pt/cam/colecao-

moderna/sobre-colecao/.

41 “(…) as cerca de 6440 obras adquiridas por Calouste Gulbenkian encontravam-se finalmente

juntas (…)”. Situação atual do acervo da Coleção do Fundador. Acedido em:

gulbenkian.pt/museu/colecao-do-fundador/sobre-a-colecao/.

42 António Dias Charrua (1925-2008), artista plástico português, e bolseiro da Fundação

Calouste Gulbenkian.

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69

Entre novembro de 2015 e junho de 2016, foi apresentada “Hein Semke:

um Alemão em Lisboa”, autor alemão que viveu em Portugal desde 1932 até

ao fim da sua vida. A obra de Semke43 foi apresentada nesta exposição,

divulgando obras menos conhecidas do autor. Esta exposição resultou como

uma celebração, pela volumosa doação de peças feita à Fundação Calouste

Gulbenkian, sendo estas exibidas em conjunto com obras emprestadas, de

coleções particulares44, de forma a tornar a mostra o mais completa possível.

“Olhos nos Olhos”, é também uma exposição de arte moderna, que

utiliza obras de vários artistas situadas no acervo do MCG. Esta exposição

decorreu no período de julho a outubro de 2015, e pretendia uma viagem sobre

o retrato, passando por uma grande diversidade de autores e correntes

artísticas da modernidade. A mostra pretendia celebrar o rosto e o olhar, tendo

em conta o espaço, ocasião, celebração, e remetia a uma simbologia em que

os olhos comunicavam por si só, “Olhos nos Olhos remete não apenas para o

olhar do espetador que fita o retratado, mas também para o olhar do artista que

observa o outro quando o retrata. Esta duplicidade de olhares é sugerida por

um título que permite vários sentidos.”45.

Pequenas exposições, durante períodos de meses, permitem a rotação,

e permitem que estas mostras se vão completando umas às outras, trazendo

ao de cima obras que contribuem para a aprendizagem da arte moderna.

4.4.1 Tipologia e Temática

As exposições são por norma exposições temporárias, que

proporcionam a rotação do acervo da fundação. A temática das exposições

43

Hein Semke (1899-1995), escultor e pintor do expressionismo, proveniente de Hamburgo.

Viveu a maior parte da sua vida em Portugal.

44 Relatório de Contas 2015 – Fundação Calouste Gulbenkian.

45 Citação Isabel Carlos, acedido em: gulbenkian.pt/cam/past-exhibit/olhos-nos-olhos-o-retrato-

na-colecao-do-cam/

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70

centra-se em torno da arte moderna, de entre séculos XIX e XX, expondo obras

de artistas internacionais e portugueses, e/ou de peças produzidas em Portugal

durante essas mesmas épocas.

4.4.2 Modulação do Espaço

O espaço deste museu é constituído por salas amplas num edifício

“Inaugurado em 1969, o projeto do edifício da Sede e Museu da Fundação

Calouste Gulbenkian resulta de um concurso restrito dirigido pela

Administração a três equipas de arquitetos, que decorreu entre 1959 e 1960.”46.

Este edifício acolhe uma grande diversidade de serviços, estando entre

eles o Museu, a Sede da fundação, auditórios, biblioteca, etc.

Pelos diversos pisos do edifício são colocadas as exposições

temporárias e permanentes, que se vão ajustando aos temas e às obras nelas

expostas – “A distribuição e articulação das galerias de exposição permanente

estão orientadas por uma sistematização cronológica e geográfica que

determinou, dentro de um percurso geral, dois circuitos independentes. O

primeiro circuito é dedicado à Arte Oriental e Clássica e evolui através das

galerias da Arte Egípcia, Greco-Romana, Mesopotâmia, Oriente

Islâmico, Arménia e Extremo Oriente. O segundo percurso é dedicado à Arte

Europeia, com núcleos dedicados à Arte do Livro, à Escultura, Pintura e Artes

Decorativas esta última com especial destaque para a arte francesa do século

XVIII e para a obra de René Lalique. Expõe-se neste circuito uma diversidade

de peças representativa das variadas manifestações artísticas da Europa,

desde o século XI até meados do século XX.”47.

4.4.3 Espécimes Expostos e Material Expositor

Os espécimes expostos são peças recolhidas ao longo dos anos por

Calouste Gulbenkian, sendo obras de autor, que variam entre escultura,

46

Vd. gulbenkian.pt/museu/colecao-do-fundador/edificio/.

47 Vd. gulbenkian.pt/museu/colecao-do-fundador/edificio/.

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71

pintura, impressões, entre outros. As peças expostas são protegidas por

molduras em madeira, estruturas de vidro, mesas e suportes também eles de

madeira ou metal.

4.4.4 Iluminação

A iluminação no local é feita através de focos de luz, suspensos no teto

ou colocados sobre as obras, tal como nos casos analisados nos anteriores

capítulos, sendo que em algumas salas do edifício é possível de igual forma,

observar alguns pontos de luz natural.

4.5 O Serviço Educativo

“O Gulbenkian Descobrir tem como missão estimular o pleno

desenvolvimento da pessoa, de qualquer idade e origem, através do

conhecimento e da vivência das artes, da cultura e da ciência”48.

No que diz respeito à arte e ao serviço educativo, esta entidade possui

um programa intitulado “Programa Gulbenkian Educação para a Cultura e

Ciência”. O objetivo do programa passa capacitar um estímulo no

desenvolvimento de cada um, independentemente da sua faixa etária ou do

seu meio social. Através deste programa, a Fundação promove ações

educativas, fazendo uso do património que possui, mas cooperando também

com outras entidades e indivíduos externos à mesma.

Neste programa, quer-se o desenvolvimento de estratégias, fomentando

o pensamento e despertando sentidos. Partilham-se ligações e memórias,

associam-se ideias e levantam-se questões, desfazem-se preconceitos e são

experimentadas novas linguagens.

A Fundação junta o Museu, a Orquestra e Coro, o Jardim, o Edifício e

até o Instituto de Ciência – incluindo obviamente tudo o que é considerado

património temporário, nomeadamente as exposições temporárias -, como

48

Vd. gulbenkian.pt/descobrir/mais/a-nossa-missao/.

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Catarina Isabel Vicente da Silva Um Roteiro da Arte Moderna, em Lisboa a partir da Coleção Berardo.

72

fontes de informação sem fim, e que permitem viagens pelo mundo, e ao

passado.

Proporcionam-se atividades como oficinas, visitas, concertos, cursos e

projetos especiais, utilizando estratégias lúdicas para que se cativem e

envolvam todos os públicos. Não existem públicos em específico para estas

atividades, qualquer grupo, ou indivíduo por si só, do mais novo ou mais velho,

pode usufruir do que o museu proporciona.

CAPÍTULO 5

UMA PROPOSTA DE ROTEIRO EDUCATIVO DE ARTE MODERNA

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5.1 Ligações: O Museu Berardo, o Museu do Chiado e o Museu Calouste

Gulbenkian

Por serem entidades muito específicas, onde o passado recente e o

presente se encontram para transmitir a sua história, os museus/centros de

arte moderna e/ou contemporânea eram, em Portugal, quase inexistentes

antes da Revolução de Abril, principalmente na cidade de Lisboa. No entanto,

devido à sua importância no que à história da cultura e da arte diz respeito,

necessitava-se da existência de tal entidade para que se contasse

corretamente ao povo português, a história do entre e pós-guerras.

A Primeira e Segunda Guerra Mundial tiveram enormes influências, quer

no povo em geral, quer nos artistas. A própria arte sofreu mudanças que a fez

modificar-se e revoltar-se contra aquilo que já existia. Momentos de crise e

tragédia foram vividos, onde o sofrimento se fazia transparecer nos rostos e

corpos de quem vivia rodeado por acontecimentos que faziam com que por

vezes, a vontade de permanecer entre os vivos fosse quase inimaginável.

Da revolta contra as guerras, e contra quem as criou, surgem mudanças

na arte, mudanças essas que foram criando novos e diferentes movimentos,

novas correntes artísticas que fizeram com que a arte tomasse um rumo muito

diferente daquele que era o comum, e talvez mesmo, o esperado. Sendo, que a

arte, o povo e os artistas se interligam de um forma inquestionável, surgem

episódios em que é despoletado no artista uma vontade de mudar, de ser

diferente, de se revolucionar, e tornar diferente tudo à sua volta, uma vontade

de agir que o influencia nas pinceladas que insere sobre uma tela, e que por

sua vezes, quando observada por outro indivíduo, faz com que se despertem

nele vários sentimentos, sejam eles de revolta ou mesmo de transparência,

adquirindo e usufruindo daquilo que lhe é transmitido através daquilo que

observa.

A arte, para além da sua importância em termos históricos, permite a

existência de comunicação, fazendo com que existam elos de ligação entre

todos os países e nacionalidades. Essas ligações, são também elas

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74

possibilitadas pela existência da entidade museológica, do espaço que é o

museu, que permite a interligação da obra de arte, da história, do espaço e do

conhecimento. Aqui, existem os que observam, os que criticam e os que criam;

e todos estes, contribuem de alguma forma para a expansão e comunicação

deste elo. Através do conhecimento, criação e observação da arte, são

transmitidas várias realidades, várias sensações, criando-se uma comunicação

entre artistas que vivem do lado oposto do hemisfério, e que pela vontade de

explorar a arte passada e presente noutros países, ou por de alguma forma se

encontrar com outro artista, muda a sua visão e forma de atuar neste campo

cultural.

Os museus contam histórias. Histórias essas que se fazem transparecer

pelos mais ínfimos pormenores. Os museus mudam também eles definições e

percepções, influenciando a sociedade através dos conceitos que comporta.

É aí que se centra o papel do espaço museológico, sendo um espaço de

cultura, um elo de ligação que permite explorar, aprender e compreender, de

uma forma objetiva ou subjetiva aquilo que é visualizado. O papel do museu é

comunicar, mostrar, fazer ver. É através dos museus que se criam ligações,

que existem interligações, que permitem a circulação das obras, e a sua

visualização em qualquer parte do mundo.

Devido a este papel de tão grande importância, e despoletado pela

carência de um museu que exercesse esta função na sociedade portuguesa,

no que diz respeito à Arte Moderna, fruto de uma coleção criada por alguém

que se movia pela paixão pela arte, surge então o Museu Berardo, como centro

da arte moderna em Lisboa, e em Portugal, sendo uma entidade ao serviço da

sociedade para a enriquecer. Este é o museu que concentra a história, a

cultura, a arte e o turismo num só, e que permite a mostra a público para que

possa ser observado por todos. O facto de trazer para o centro da cidade um

museu de arte moderna, com o usufruto de um espaço agradável e de grande

cultura turística, permite o desenvolvimento deste ponto de interesse, dando-

lhe ainda mais ênfase do que aquele que já lhe era atribuído.

A coleção de arte moderna do Museu Berardo torna-se crucial para

termos em Portugal obras de grande importância histórica e artística, não só

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75

para o país, mas também para o mundo. O Museu Berardo torna-se uma peça

central no que diz respeito à arte moderna no mundo, por conter obras fulcrais

que marcaram no que diz respeito à história da sociedade geral. O espólio

comporta principalmente obras internacionais, que provavelmente não teriam

chegado a Portugal caso não tivessem sido colecionadas pelo Comendador.

Assim, toma-se o Museu Berardo como ponto central da arte moderna

em Lisboa, por ser o mais abrangente em termos de correntes, artistas,

histórias e nacionalidades. Apesar de ser um museu que possui uma coleção

de Arte Moderna e Contemporânea, o principal foco deste trabalho é a coleção

de Arte Moderna, que permite uma relação com outras coleções existentes no

país, mas de menor dimensão artística no que diz respeito a este núcleo. É

possível ver neste espaço obras que caracterizaram épocas, e que não é

possível encontrar em mais museu algum. Obras que se tornaram, por alguma

razão, marcos da história, e que transparecem as suas marcas temporais.

No que diz respeito ao Museu do Chiado, este é de igual forma uma

entidade museológica que possibilita uma relação entre o observador, o crítico,

a obra e o artista. Mas no caso deste Museu, pertencente ao Estado

Português, este coloca o seu foco em questões distintas das do Museu

Berardo.

O Museu do Chiado é, tal como o Museu Berardo, um Museu de Arte

Moderna e Contemporânea. Também aqui, a importância maior para o projeto,

rege-se pela arte moderna. No entanto, no caso deste Museu, o seu ponto de

visualização situa-se na mostra da arte moderna produzida por portugueses

e/ou em território português. O seu acervo centra-se mais na história da arte

moderna no país, e na cidade em específico.

O MC é um Museu que apresenta um espólio que possibilita explorar a

obra criada em território nacional, de forma a fazer contemplar a visão de

artistas que pertencem a um povo que se tentou erguer por entre várias

dificuldades, tal e qual como tantos outros na história da arte moderna. As

exposições demonstram aquilo que foi sentido e visto, exercendo de igual

forma uma relação com o que teria sido feito, e o que iria ser feito na

posterioridade.

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76

O Museu Calouste Gulbenkiané por fim a entidade que reúne o Museu

Berardo ao Museu do Chiado. Sendo o acervo com maior número de obras,

colecionadas por Calouste Gulbenkian, é também o museu que mostra as suas

obras através da rotatividade, de forma a que possa ser mostrado aquilo que

Calouste Gulbenkian e a Fundação por si instituída decidiram deixar ao povo

português e a quem visita o país.

O MCG é um museu, também ele de arte moderna, através da

exposição das obras do seu acervo, trabalhando à base de exposições

temporárias, este transmite a riqueza cultural mostrando o seu espólio, e

trazendo a complementaridade ao seu próprio espólio por vezes com obras

vindas de outros museus e ou coleções.

Apesar de ser uma entidade privada, o MCG foi criado com o intuito de

servir o público, de o desenvolver. Traz ao seu espaço exposições que façam

evidenciar a história, da época do modernismo. É um Museu que apela à

comunicação entre outras instituições e coleções, produzindo um enorme leque

de exposições temporárias capazes de demonstrar aquilo que aconteceu um

pouco por todo o lado.

5.2 A Importância do Trabalho em Rede

Sendo o ponto de partida o Museu Berardo, pelo conjunto de nomes que

este possui, a interligação entre os três museus torna-se de óbvia importância.

O trabalho em rede permite, de uma forma geral, que existam

interligações entre entidades, não só necessariamente museológicas, e produz

um efeito benéfico, por ser capaz de proliferar o trabalho em grupo ou em

cadeia.

No caso específico dos três museus, são entidades que produzem um

efeito de grande importância na cidade de Lisboa. No caso do MB, apesar da

sua importância, a Coleção do Comendador possui também algumas lacunas,

e essas lacunas podem ser colmatadas com acervos de outros museus. Por

exemplo, enquanto que a riqueza do Museu Berardo se centra no fim do século

XIX, início do século XX, e em artistas internacionais, o espólio do Museu do

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Catarina Isabel Vicente da Silva Um Roteiro da Arte Moderna, em Lisboa a partir da Coleção Berardo.

77

Chiado comporta mais arte portuguesa desses períodos. Ambas as partes

podem ser complementadas se a história for colocada como um conjunto. Por

outro lado, e tendo em conta que o Museu Calouste Gulbenkian se encontra

constantemente a colocar em rotatividade o seu espólio e a trazer novas

exposições de outros museus e outros países, também este é capaz de

preencher, mesmo que temporariamente, algumas das lacunas dos outros dois

museus.

O público português de uma forma geral, e os estudantes de arte

carecem de um programa que seja mais completo no que diz respeito à arte

moderna. Um programa que os esclareça, ensine, desperte, e faça com que

tenham vontade de aprender mais, mas também, que os faça saber dar valor

àquilo que já foi vivido, absorvendo a história que já existe.

Seria assim importante ter um roteiro que construísse e abrangesse os

três museus, mesmo que as políticas vão diferindo de instituição para

instituição. Seria importante criar um sistema que transportasse o

conhecimento dos três museus, de forma a englobar toda a história de uma

forma conjunta, e que incitasse à descoberta.

5.3 Uma Proposta de Roteiro da Arte Moderna

Como anteriormente referido, as três instituições são, caso exista entre

elas uma interligação, capazes de se solucionar umas às outras.

Utilizando um programa, ou um género de roteiro, que envolva as três

entidades, o mesmo tem início no Museu Berardo, onde se torna possível uma

viagem pelos principais movimentos artísticos da arte moderna, pós Primeira

Guerra Mundial, e onde se encontram nomes sonantes da mesma. Por outro

lado, e de forma a continuar a história, abrange-se no Museu do Chiado um

pouco da arte moderna do século XIX e XX, mas num campo mais específico,

onde se foca a atenção principal, para a arte portuguesa dessa época. Através

desta possibilidade, conhecem-se duas realidades, a internacional, e a

nacional, que se complementam e enriquecem a aprendizagem. Por fim,

através de um acervo tão diversificado, cabe ao Museu Calouste Gulbenkian

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Catarina Isabel Vicente da Silva Um Roteiro da Arte Moderna, em Lisboa a partir da Coleção Berardo.

78

permitir a colmatação de algumas lacunas, através da variedade da sua

coleção, sendo que este possui também obras nacionais e internacionais –

principalmente de origem oriental, por sua vez menos comuns nos dois

espólios dos outros dois museus.

Também a visita aos três locais diferentes da cidade de Lisboa, onde se

encontram os museus, capacita o desenvolvimento e cultura artística dos

visitantes. Sendo três locais marcantes da cidade, são três visitas

complementares para absorção e aprendizagem sobre a cultura e história

portuguesas. A aprendizagem não é só para os estudantes, e o facto de todos

terem acesso a esta através da visita a estes museus, e a algumas das zonas

com mais história do país, só poderia trazer vantagens. A visitação vinda dos

vários cantos do país e do mundo, tornaria possível o ganho de mais

conhecimento, não só em termos de arte e obras de arte moderna, mas

também de zonas que caracterizam o país.

5.3.1 O Roteiro e a Oferta Educativa

Embora seja ainda desconhecido o valor a entrar em vigor no ano de

2017, as três entidades ficam na mesma situação no que diz respeito a taxas

de ingresso nos museus, sendo todas elas pagas.

Algumas das entidades, como é o caso do Museu do Chiado, criam

oportunidades para que professores e alunos, crianças e idosos entrem no

museu de forma gratuita, no entanto, esta não é uma situação aplicável a todos

os indivíduos, nem a todas as entidades. Desconhece-se ainda o programa de

descontos e entradas gratuitas do Museu Berardo, mas através da criação de

um sistema de bilhete único entre os três museus, seria permitido que se

comportassem e distribuíssem custos de bilheteira de igual forma, originando

mais receitas, e consequentemente, mais visitas, visto que a possibilidade de

conhecer três museus com um bilhete só, permite também a divulgação das

entidades em si, e dos seus espaços.

Por exemplo, existem já sistemas deste género, e que funcionam como

“bilhetes únicos”, que permitem a entrada em vários locais/entidades que se

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relacionam de alguma forma. Um desses casos é o bilhete de entrada no

Coliseu, em Roma. Ao adquirir o bilhete de entrada no Coliseu, está também a

fazer-se a aquisição de bilhete para a entrada no Fórum Romano, e no

Palatino, tendo um bilhete único que permite a entrada nos três locais49. Por

outro lado, temos o exemplo dos bilhetes de circulação dos transportes de

Lisboa, em que permite a circulação metro/autocarro/comboio, e em que um

único bilhete, conforme a tarifa comprada, permite a utilização dos vários tipos

de transporte e das várias zonas da cidade de Lisboa50.

São vários os exemplos que permitem a utilização de um bilhete único,

sendo que esse facilita as visitas, tornando-as melhores e mais cómodas ao

visitante. Neste caso, teria de ser implementado um bilhete conjunto, fruto da

conjugação do preço das três entradas, nos três diferentes museus, em que

esse bilhete único, permitira a entrada nos mesmos.

Em relação ao roteiro em si, de forma a criar um ponto de situação para

as visitas aos três museus, à semelhança do que foi criado para os museus da

energia51, poderia ser criado um site onde fosse descriminada toda a

informação sobre cada entidade museológica, e consequentemente possuir um

indicativo de qual seria a melhor e mais vantajosa forma de proceder à visita.

Ou seja, nesse site existiria informação detalhada sobre a compra dos bilhetes,

horários de abertura dos três museus, descrições sobre cada entidade, e

respetivas coleções, bem como as obras que cada acervo possui. Por outro

lado, seria feita a ligação entre as três coleções, ou no caso, as suas

exposições temporárias, sendo um local na internet que teria de ser

constantemente atualizado, e que teria de funcionar em concordancia com as

três entidades. Existiria também a organização mais proveitosa da visita,

Museu Berardo, pela maior abrangência de obras, artistas e correntes

artísticas, seguindo-se o Museu do Chiado, pela sua abrangência na arte arte

49

vd. Aquisição de bilhetes para visita ao Coliseu/Fórum/Palatino, Roma.

www.ticketsrome.com/en/colosseum-tickets-on-line/colosseum-roman-forum-tickets.

50 vd. Aquisição de bilhetes para circulação nos transportes da cidade de Lisboa.

www.portalviva.pt/lx/pt/homepage/tarifários/tarifas-ocasionais/bilhetes.aspx.

51 Roteiro Museus da Energia. Acedido em: museusdaenergia.org/.

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80

moderna e contemporânea portuguesa, sendo a visita finalizada no Museu

Calouste Gulbenkian, por possuir também um grande abrangência no que diz

respeito à arte moderna, mas principalmente pela sua política de exposições

temporárias, que permite que vão sendo completadas algumas das lacunas

das outras duas coleções.

Outra opção a seguir, poderia ser a de uma aplicação móvel, capaz de

suportar toda essa informação, e incluir mapas e informações adicionais sobre

a arte moderna de uma forma geral. Um bom exemplo dessa junção de

informação, e do funcionamento em rede é a aplicação móvel dos Parques

Naturais dos Açores52. Nesta, e à semelhança do poderia ser feito, juntam-se

informações sobre diferentes centros ambientais, (local onde se encontram,

horários de abertura, etc.), bem como informações sobre trilhos, como chegar

aos mesmos, e as ligações entre os diferentes centros e parques naturais em

cada ilha. Aplicando esta situação ao Roteiro da Arte Moderna, e à semelhança

dos exemplos apresentados, poderia ser criado um mapa, que situasse a

cidade de Lisboa, e respetivos museus de arte moderna, de forma a que

aqueles que visitam a cidade, independentemente da sua lingua, sejam

também capazes, se assim o quiserem, de percorrer a cidade enquanto se

dirigem aos museus. Por outro lado, possuiria a informação sobre os museus,

como chegar até eles, horários de abertura, locais para aquisição dos bilhetes,

e tal como no exemplo do site, o descritivo da melhor forma para a visitação

dos museus. No fundo, a aplicação smartphone seria uma forma de obter mais

completa e melhor informação.

No que diz respeito à programação em termos de serviço educativo,

criando atividades através dos diferentes serviços educativos que permitam a

interligação dos três museus, é também uma forma de enriquecer

culturalmente o público. Se a missão de qualquer um dos serviços educativos,

passa pela divulgação da arte moderna e/ou contemporânea, realizando

atividades que permitam apreender conceitos, desenvolver criatividade e

fruição, e até mesmo características pessoais para aprendizagem em outras

52

Aplicação Móvel dos Parques Naturais dos Açores. Descarregável em:

play.google.com/store/apps/details?id=pt.azorit.azoresnatura&hl=pt_PT.

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81

áreas que não a artística. Utilizando os casos de estudo apresentados no

Capítulo 1, é possível entender que existem uma série de atividades que

propiciam ao desenvolvimento cultural, social, pessoal, e artístico do indivíduo.

Por exemplo, criando atividades entre si, em que os vários artistas e

colaboradores dos diferentes museus sejam capazes de se deslocar às escolas

pelo menos uma vez durante o mês, permite a rotação de diferentes artistas

pelas diferentes escolas, e a capacidade de abranger um maior número de

entidades e faixas etárias, propiciando o desenvolvimento dos mais pequenos

aos mais adultos. Por outro lado, a visita do artista à escola, sendo feita em

rede, e abrangendo por exemplo, três ou quatro diferentes correntes artísticas

do modernismo, ajuda não só os alunos, mas também os profissionais, uma

vez que existe cooperação e aprendizagem pelas duas (ou três, se incluirmos

também outros funcionários da escola) partes.

Através de visitas aos museus, das ligações entre os mesmos, e da

existência de atividades para todas as faixas etárias, mas principalmente para

as faixas etárias até aos dezoito anos, onde normalmente ainda existe

frequência escolar, criam-se possibilidades para o desenvolvimento nas

capacidades de aprendizagem, na cultura, na criatividade, entre muitas outras

benesses. Estas atividades chamam os indivíduos aos museus, dando-lhes a

oportunidade de se tornarem mais ricos em sabedoria, sem olhar à sua

situação social, sendo uma forma de os manter na escola, de despertar o seu

interesse e a sua criatividade.

No caso das famílias, por exemplo, também os serviços educativos são

capazes de intervencionar positivamente as mesmas. Ao criar atividades de

aprendizagem sobre a arte moderna, como por exemplo a identificação das

correntes artísticas através de reproduções em desenho, dirigidas às famílias

de uma forma geral, sem olhar a faixas etárias em específico, estão também a

proporcionar uma forma de interação das famílias para com os museus, e a

arte moderna, mas também propiciam a que existe uma troca de informação

entre as diferentes faixas etárias, entre os vários membros da família,

desenvolvendo cada um deles de uma forma igual mas ao mesmo tempo

singular, e que permite a discussão entre os vários membros do agregado

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82

familiar. Por outro lado, esta ação do serviço educativo, permite também que

exista uma relação entre a família em si, criando um momento de união familiar

e aprendizagem conjunta.

Nos dias que correm são cada vez mais causados entraves ao

desenvolvimento e à aprendizagem geral, cultural, e artística, quer de crianças

quer de adultos, e a cultura e a arte são bens necessários para o

desenvolvimento, mas que infelizmente não estão ao alcance de todos. Tornar

possíveis atividades que incluam todo o público, é também uma maneira de

desenvolver o país.

No fundo, é através do Museu Berardo que se sedimenta toda a história,

no que diz respeito à arte moderna, pois é este que permite através de uma

linha bem conjugada a leitura das várias correntes artísticas e interpretações

da arte. E é também este que dá o mote para a compreensão dos outros dois

museus.

Mas não menos importante, seria a relação destes três museus, que

seriam capazes de tornar muito mais rica a aprendizagem sobre a arte

moderna no mundo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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83

Em resposta à necessidade de criar um roteiro que solucionasse o

problema de visualização e fruição da oferta de arte moderna na cidade de

Lisboa, tornou-se possível entender mais e melhor a cultura artística desta

época e os museus que a representam nesta cidade.

Sendo que o foco do projeto em questão foi o Museu Berardo e a arte

moderna, foi possível perceber, através da análise da informação obtida, que

este é um Museu com um passado recente, que se cria através de um acordo,

de um, por assim dizer, provedor de mais-valias o Comendador Berardo, que

se alia ao Estado Português para beneficiar o público nas lacunas da arte

desse tempo.

Este Museu, através do Decreto-Lei que o cria, define a sua missão e

vocação como a de servir o público, dando-lhe a conhecer a arte moderna e

contemporânea, e obtendo um destaque que o faz querer mostrar e conservar

o património que enriquece a nação, colocando Portugal no mapa turístico-

cultural.

Também desta pesquisa resulta o conhecimento da figura por detrás de

todo o alarido, que após colecionar durante vários anos, e impulsionado pela

paixãoque detém pela arte, decidiu dar ao público, por assim dizer, um pouco

daquilo que é seu, montando aquele que é o Museu Berardo.

A coleção deste museu resultou da junção de duas coleções, a do

Comendador Berardo e a que foi conseguida para complementar aquilo que

por alguma razão falha na coleção em si.Foi partindo desta que foi se criou o

Museu Coleção Berardo, não só como uma marca, mas também como

património de conhecimento.

Durante este processo de procura surgem pequenas curiosidades, que

nos fazem levantar questões, e pensar no possível futuro deste Museu, bem

como de muitos outros.

Analisaram-se lacunas e problemáticas que caracterizam a exposição

em si, ou a falta de meios que não permitem que esta sejam uma coleção

ainda mais rica, quando já o poderia ser, se o país não se situasse numa fase

crítica.

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Catarina Isabel Vicente da Silva Um Roteiro da Arte Moderna, em Lisboa a partir da Coleção Berardo.

84

Necessário também, é ver e compreender a forma como as obras são

expostas, bem como tudo aquilo que é investido no diálogo entre o espectador

e a obra. Todos os aspetos, deste a temática à forma como a legendagem é

exposta na sala, influenciam o espectador, e a leitura deste, e por isso é

necessário que tudo seja feito com clareza, e da melhor forma possível. É

então necessário que se proceda à apresentação de cada obra colocando-a no

campo de visão, acomodando-a da melhor forma, e permitindo a sua leitura.

Depois de analisar toda a exposição e compreender a sua apresentação,

é possível entender que certos aspetos poderiam ser corrigidos. Pequenas

falhas podem ser alteradas e tornadas melhores, para que o usufruto da

coleção seja maior.

Por outro lado, e porque também destes museus provém o projeto, situa-

se a história do Museu do Chiado como aquele que é, sem dúvida, um museu

de grande importância no território português. Sendo um museu do Estado,

este é sem dúvida um museu que conta a história daquilo que aconteceu em

território português aquando da época da arte moderna. É este museu que

permite a leitura e visualização da história do povo, da visão do artista

português, da visão do artista que se encontrava em Portugal.

Este Museu surge como resultado da divisão de dois Museus, e cria

aquela que é a história, o ponto de partida. É por isso necessário entender e

explorar a forma como este encara e debita a informação que incorpora. É

necessário perceber que este museu é um ponto de partida para uma história

maior, apesar do seu tamanho reduzido, a coleção de arte moderna deste

museu, simula um ponto de grande focagem na história do país.

No que diz respeito ao Museu Calouste Gulbenkian, que resulta da

paixão de outro colecionador de arte, este conduz-nos a um acervo, a uma

coleção, que nos traz um misto da arte portuguesa com a arte internacional,

debitando exposições temporárias de grande importância para todo o tipo de

público.

Após a análise é possível compreender que este museu, apesar do seu

cariz privado, ocupa um lugar de grande importância no território nacional.

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Catarina Isabel Vicente da Silva Um Roteiro da Arte Moderna, em Lisboa a partir da Coleção Berardo.

85

A junção dos três museus, num roteiro educativo seria a melhor forma

de trazer até ao público português e de outras nacionalidades, mas

principalmente aos estudantes e educandos da sociedade, uma melhor

compreensão da arte moderna.

Seria de valor obter um programa, um roteiro, que organizasse os três

museus de forma a atribuir-lhes a importância que estes representam.

Não existem dúvidas de que estes Museus atribuem um conhecimento

muito maior, não só das raízes, mas também das importações, que

aconteceram, por assim dizer.É também importante compreender que não

seria apenas um benefício para o público, mas também para as instituições.

Com o roteiro educativo, seria possível que estas se completassem

entre si, e acima de tudo que fossem capazes de completar a Coleção Berardo.

A questão situa-se em: porque não beneficiar todos aqueles que visitam

a cidade de Lisboa, juntando as três instituições e fazendo-as funcionar

conjuntamente?

Entende-se que existem situações de cariz privado, e o próprio Museu

Berardo é uma situação especial, mas porque não a união, de uma forma

coerente para os três Museus, e que beneficiasse o público? O conhecimento é

um aspecto importante do crescimento intelectual, é assim necessário que este

exista, e esta união proporciona esse acontecimento, através da

complementação das três coleções/exposições estudadas.

A união seria também um aspeto que iria trazer benesse a todos os três

museus, sendo que aqueles com menos possibilidades, ou menor campo de

ação, iriam ganhar um novo brilho, e uma nova capacidade de corresponder às

necessidades que a cidade, e o país no seu geral possuem. E sendo que este

roteiro inseria os três museus, os mesmos iriam ganhar um novo leque de

visitantes, que os fariam sentir mais ricos de conhecimento, e que faria com

existisse um novo estímulo de conhecimento e também uma maior

abrangência.

Porque não mudar, tornando aquilo que já existe, num polo de

importância para todos, e fazendo com que desenvolvam espíritos críticos mais

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Catarina Isabel Vicente da Silva Um Roteiro da Arte Moderna, em Lisboa a partir da Coleção Berardo.

86

aguçados, promovendo mais conhecimento, mais abertura, e tornando

Portugal, num país com mais importância e interesse a nível cultural artístico?

Porque não encontrar um novo caminho que conduza também à história

portuguesa, mostrando-a e à sua importância? Porque não um novo roteiro que

seja capaz de unir, não só as três entidades em questão, mas também os seus

serviços educativos, e consequentemente a população de uma forma geral?

É de extrema importância a existência dos três museus em questão na

cidade que é a capital portuguesa. É também de extrema importância o

trabalho realizado pelos três, naquela que é a divulgação da arte moderna para

todos. Os serviços educativos têm necessidade de ser desenvolvidos e

divulgados, e são necessárias as uniões, para que se possam colmatar

dúvidas.

Porque não dar lugar a algo que permite mais desenvolvimento, em

tantas áreas e tantas pessoas?

BIBLIOGRAFIA

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95

ANEXO A

CURIOSIDADES: A FIGURA POR DETRÁS DA COLEÇÃO

O Comendador José Berardo

José Manuel Rodrigues Berardo nasceu a 4 de Julho de 1944, na

freguesia de Santa Luzia, Funchal, ilha da Madeira. O Comendador era o mais

novo entre sete irmãos, e nasceu, naquela que era na altura, uma ilha da

Madeira um pouco mais conservadora que a que conhecemos nos dias que

correm.

José Berardo começou a trabalhar com 12 anos, com o seu pai, Manuel

Berardo Gomes, como loteador. Mais tarde, ao travar conhecimento com

pessoas vindas de países como o Brasil, Venezuela e África do Sul, José

Berardo começou então, a ambicionar uma expansão dos seus horizontes e

procurou concretizar os sonhos que possuía.

Aos 18 anos, José Berardo finalmente consegue, ainda que contra a

vontade do pai, realizar o seu sonho e elege a África do Sul como o lugar a

explorar. É aí que, mais tarde, conhece aquela que viria a ser sua esposa,

Carolina Gonçalves, filha de pais madeirenses.

Devido a ajudas prestadas à comunidade portuguesa no país onde vivia

José Berardo é agraciado com o grau de Comendador da ordem do Infante D.

Henrique, pelo então Presidente da República, General Ramalho Eanes em

1979.

José Berardo possuiu vários negócios, desde a venda de produtos

alimentares a refinarias de ouro e minas de diamantes. O Comendador é um

ser humano com variadas facetas, desde homem de negócios, a filantropo e a

colecionador de arte. O seu gosto por coleções brotou cedo, mas é só em

inícios dos anos 90, depois de voltar a Portugal e de fundar o Banif, que este

senhor começa a reunir a agora Coleção de Arte Moderna e Contemporânea

hoje exposta, numa pequena parte, no Centro Cultural de Belém, que contou

com a ajuda do Dr. Francisco Capelo, advogado do Banif.

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Catarina Isabel Vicente da Silva Um Roteiro da Arte Moderna, em Lisboa a partir da Coleção Berardo.

96

ANEXO B

CURIOSIDADES: SOL EM JOE BERARDO.COM | REAVALIAÇÃO DA

COLEÇÃO BERARDO

Aquando da criação do Protocolo que originou o Museu Berardo, feita

entre o Governo Português e o Comendador Berardo, a coleção de 863 peças,

foi avaliada pela leiloeira Christie’s em cerca de 316 milhões de euros.

Embora existisse quem defendesse que o valor da avaliação fosse

extremamente favorável ao Estado Português, tendo em conta a crise

financeira que em que se encontra o país, existe também quem afirme que este

é um valor absurdo, incitando a que exista uma reavaliação da coleção. No

entanto, para que exista essa reavaliação, são necessários dois aspetos, o

primeiro, que passa por existir uma autorização por parte do Comendador José

Berardo que se opõe à situação, e o segundo, a exigência de que haja

financiamento para que a reavaliação aconteça. Atendendo a que o Governo

Português, se encontra em falta em cerca de três anos com a contribuição

anual para com o museu, conforme o estipulado no decreto-lei que instaura a

criação do mesmo, é necessária a contribuição anual, para completar lacunas

da coleção, gerando esta situação uma polémica extremamente

desconfortável.

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Catarina Isabel Vicente da Silva Um Roteiro da Arte Moderna, em Lisboa a partir da Coleção Berardo.

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ANEXO C

FOTOGRAFIAS DO MUSEU BERARDO: ESPAÇOS E ATIVIDADES DO

SERVIÇO EDUCATIVO

(Fotografias retiradas de: pt.museuberardo.pt/ - Autores desconhecidos)

Imagem 1: Vista Exterior do Centro Cultural de Belém – Museu Berardo.

Imagem 2: Peças da Exposição Permanente (1900-1960).

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Catarina Isabel Vicente da Silva Um Roteiro da Arte Moderna, em Lisboa a partir da Coleção Berardo.

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Imagem 3: Peças da Exposição Permanente (1900-1960).

Imagem 4: Atividade Pré-escolar, do Serviço Educativo do Museu Berardo.

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Catarina Isabel Vicente da Silva Um Roteiro da Arte Moderna, em Lisboa a partir da Coleção Berardo.

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ANEXO D

FOTOGRAFIAS DO MUSEU DO CHIADO: ESPAÇOS E ATIVIDADES DO

SERVIÇO EDUCATIVO

(Fotografias retiradas de: www.museuartecontemporanea.pt - © DGPC)

Imagem 1: Hall do Museu do Chiado.

Imagem 2: Jardim das Esculturas do Museu do Chiado.

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Catarina Isabel Vicente da Silva Um Roteiro da Arte Moderna, em Lisboa a partir da Coleção Berardo.

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Imagem 3: Fotografia de pormenor da Exposição Permanente do Museu do

Chiado.

Imagem 4: Atelier Educativo – Grupo do Leão.

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ANEXO E

PARQUES NATURAIS DOS AÇORES – IMAGENS DA APLICAÇÃO MÓVEL

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