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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº1373 Junho/2013 São Raimundo Nonato Para uns parece difícil, para outros, impossível. Mas para Dona Terezinha Paes Landim, moradora da comunidade Conceição 1, município de Bonfim do Piauí, a palavra desistir não existe em seu vocabulário. Divorciada, mãe de três filhos, Terezinha sai de casa todos os dias pelo menos duas vezes, uma pela manhã, outra pela tarde, para aguar os canteiros, onde planta coentro, alface, cebolinha, entre outras hortaliças. Mesmo diante da maior seca dos últimos 40 anos, Dona Terezinha, pode ser considerada uma verdadeira guerreira do semiárido. No meio de uma vegetação seca e debaixo de um sol escaldante, passando por uma estrada de terra, é possível enxergar o verde dos canteiros de dona Terezinha. Para combater o sol forte, dona Terezinha usa a criatividade. Ela cobre os canteiros com palhas, a chamada cobertura morta. Além disso, ela usa também mosqueteiros. “O sol é muito forte, temos que saber nos virar”, disse. Para aguar os canteiros, Dona Terezinha usa um poço de água barrenta que fica na terra de seus pais. Para aprofundar mais o barreiro, dona Terezinha fez um empréstimo bancário. Assim, mesmo com a pouca quantidade de chuvas que caiu na região, ainda existe água para aguar os canteiros. “Já faz três meses que caiu a última Um Semiárido rico e viável Mesmo diante da maior seca dos últimos 40 anos, Dona Terezinha, considerada uma verdadeira guerreira do semiárido, sai de casa todos os dias para aguar os canteiros de hortaliças.

Um Semiárido rico e viável

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Page 1: Um Semiárido rico e viável

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº1373

Junho/2013

São Raimundo Nonato

Para uns parece difícil, para outros, impossível. Mas para Dona Terezinha Paes Landim, moradora da comunidade Conceição 1, município de Bonfim do Piauí, a palavra desistir não existe em seu vocabulário. Divorciada, mãe de três filhos, Terezinha sai de casa todos os dias pelo menos duas vezes, uma pela manhã, outra pela tarde, para aguar os canteiros, onde planta coentro, alface, cebolinha, entre outras hortaliças. Mesmo diante da maior seca dos últimos 40 anos, Dona Terezinha, pode ser considerada uma verdadeira guerreira do semiárido. No meio de uma vegetação seca e debaixo de um sol escaldante, passando por uma estrada de terra, é possível enxergar o verde dos canteiros de dona Terezinha.Para combater o sol forte, dona Terezinha usa a criatividade. Ela cobre os canteiros com

palhas, a chamada cobertura morta. Além disso, ela usa também mosqueteiros. “O sol é muito forte, temos que saber nos virar”, disse.Para aguar os canteiros, Dona Terezinha usa um poço de água barrenta que fica na terra de seus pais. Para aprofundar mais o barreiro, dona Terezinha fez um empréstimo bancário. Assim, mesmo com a pouca quantidade de chuvas que caiu na região, ainda existe água para aguar os canteiros. “Já faz três meses que caiu a última

Um Semiárido rico e viávelMesmo diante da maior seca dos últimos 40 anos, Dona Terezinha, considerada uma verdadeira

guerreira do semiárido, sai de casa todos os dias para aguar os canteiros de hortaliças.

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chuva. Não sei até quando essa água vai durar, mas estou aqui todos os dias e não vou desistir”.Além do consumo, dona Terezinha vende as hortaliças na cidade de São Raimundo Nonato toda sexta-feira, distância de 40 quilômetros de sua casa. “Toda sexta-feira vou pra São Raimundo. Já tenho minha freguesia certa. Não volto com nenhuma hortaliça pra casa, só com o dinheiro para fazer minha feira”.Terezinha tem uma renda mensal de R$ 200 por semana só vendendo as hortaliças de seu quintal. Somados, no final do mês são R$ 800. “Essa é a única renda que tenho dentro de casa. É dos meus canteiros que compro comida pra dentro de casa, compro meu móveis, compro o que vestir”, disse.Dona Terezinha está feliz com a implementação. Ela foi cadastrada pela Cootapi & Associados, entidade ligada ao Fórum de Convivência com o Semiárido e a Articulação do Semiárido (ASA Brasil), para receber uma cisterna calçadão de 52 mil litros, através do Programa Uma Terra, Duas Águas (P1+2). O programa é patrocinado pela Petrobrás.Além da cisterna de 52 mil litros, serão implantados três canteiros econômicos. Dona Terezinha acredita que agora sua renda vai aumentar.“Com mais esses canteiros vou aumentar a produção. Assim, vou aumentar as vendas e minha renda também. Essa cisterna será uma benção na minha vida”.Dona Terezinha disse que seus clientes são fiéis porque sabem que compram e comem um alimento saudável. Ela sabe os males que o agrotóxico faz para o ser humano. “Não uso nada disso, assim ganhei a confiança das pessoas. Por isso, sei que quando vou pra São Raimundo Nonato com minhas hortaliças vou vender tudo”.