94
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA ALEXANDRE DOS SANTOS CONCERTO PARA FAGOTE E ORQUESTRA DE DANILO GUANAIS: uma abordagem técnico-interpretativa NATAL-RN 2018

uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA

ALEXANDRE DOS SANTOS

CONCERTO PARA FAGOTE E ORQUESTRA DE DANILO GUANAIS:

uma abordagem técnico-interpretativa

NATAL-RN 2018

Page 2: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

ALEXANDRE DOS SANTOS

CONCERTO PARA FAGOTE E ORQUESTRA DE DANILO GUANAIS:

uma abordagem técnico-interpretativa

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Mestrado), na linha de pesquisa – Música de câmara, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Música Orientador: Prof. Dr. Durval Cesetti

NATAL-RN 2018

Page 3: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …
Page 4: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

ALEXANDRE DOS SANTOS

CONCERTO PARA FAGOTE E ORQUESTRA DE DANILO GUANAIS:

uma abordagem técnico-interpretativa

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Música da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (Mestrado), na linha de pesquisa –

Música de câmara, como requisito parcial

para a obtenção do título de Mestre em

Música

Aprovada em: ___/___/___

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________________________

PROF. DR. DURVAL CESETTI

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ORIENTADOR

_________________________________________________________

PROFª. DRª. NAN QI

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

MEMBRO DA BANCA

_________________________________________________________

PROFª. DRª. REGIANE YAMAGUCHI

Universidade Federal de Campina Grande

MEMBRO DA BANCA

Page 5: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

RESUMO

A presente pesquisa tem como principal objetivo investigar aspectos interpretativos

do concerto para fagote e orquestra de Danilo Guanais, que sejam importantes para

a performance da obra. Buscaremos, por meio da análise das técnicas e

procedimentos composicionais utilizadas pelo compositor e de informações implícitas

no texto musical, obter subsídios para fundamentar decisões interpretativas que serão

sugeridas a parte do fagote. Danilo Guanais é na atualidade um dos principais

compositores do Rio Grande do Norte, com composições como “Missa” e “Paixão

segundo Alcaçus” alcançando destaque no cenário musical nacional e internacional.

Sua produção engloba obras para violão, orquestra, coro, teatro e música de câmara.

O compositor utiliza em boa parte de suas composições uma metodologia que mistura

modernos procedimentos composicionais a elementos rítmicos, melódicos e

harmônicos referentes à música nordestina. Metodologicamente, a pesquisa está

dividida em duas partes: primeiramente, foram feitos uma entrevista com o

compositor, um levantamento bibliográfico e a escolha e catalogação dos aspectos

interpretativos a serem estudados; em seguida, foi realizada uma análise da obra com

o intuito de elaborar sugestões interpretativas para a parte do fagote. Essa

investigação envolvendo aspectos interpretativos ao fagote pode auxiliar novos

intérpretes na construção de suas performances dessa obra, assim como de outras

obras semelhantes.

Palavras-chave: Música de câmara. Música brasileira. Fagote. Armorial.

Interpretação.

Page 6: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

ABSTRACT

This study aims objective to investigate interpretative aspects of Danilo Guanais’s

concert for bassoon and orchestra that are important for the performance of the work.

Through the analysis of the composer’s techniques and procedures as well as the

implicit information found in the musical text, we will seek to provide subsidies to

support interpretative decisions that will be suggested for the bassoon parts. Danilo

Guanais is currently one of the major composers from Rio Grande do Norte, with

compositions such as "Missa" and "Paixão segundo Alcaçus" having reached

prominence in the national and international music scene. His production includes

works for guitar, orchestra, choir, theater and chamber music. In a good part of his

compositions, the composer uses a methodology that combines modern compositional

procedures with rhythmic, melodic and harmonic elements related to armorial music.

Methodologically, this study is divided into two parts: the firs part includes an interview

was made with the composer, a bibliographical survey and the selection and cataloging

of the interpretative aspects to be studied. In the second part, an analysis of the work

was carried out in order to elaborate interpretative suggestions for the bassoon parts.

This investigation involves interpretative aspects to the bassoon so it can aid new

interpretations in the construction of its performances of this work, as well as of other

similar works.

Keywords: Chamber music. Brazilian music. Bassoon. Armorial. Interpretation.

Page 7: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Concerto, movimento I, compasso 21 a 8..........................................22.

Figura 2- Principal motivo encontrado na primeira seção..................................22.

Figura 3- Concerto, movimento I, discante dual, cc. 8 a 2.................................23.

Figura 4- Concerto, movimento I, discante dual, harmonia implícita

entre os cc. 8 a 11..............................................................................................24.

Figura 5- Concerto, I movimento, principais células rítmicas, cc. 21 a 23.........25.

Figura 6- Concerto, I movimento, subseção 2.2................................................25.

Figura 7- Concerto para fagote, II movimento, tema..........................................26.

Figura 8- Concerto, III movimento, seção 1, temas A e B..................................28.

Figura 9- Concerto, III movimento, seção 1, tema fragmentado........................28.

Figura 10- Concerto, III movimento, seção 2, apresentação do tema C............28.

Figura 11- Fagote solo, seção 2, sugestões interpretativas...............................30.

Figura 12- Concerto, I movimento, subseção 2.2, sugestão interpretativa........31.

Figura 13- Concerto, I movimento, seção 3, sugestão interpretativa.................32.

Figura 14- Concerto, II movimento, fagote solo, sugestão interpretativa...........33.

Figura 15- Concerto, III movimento, seção 1, apresentação dos temas A e B..34.

Figura 16- Concerto, III movimento, seção 2, apresentação do tema C............34.

Figura 17- Concerto, I movimento, seção 2, Aspectos técnicos........................35.

Figura 18- Concerto, I movimento, seção 2.4, Aspectos técnicos.....................37.

Figura 19- Concerto, III movimento, seção 2, Aspectos técnicos......................38.

Figura 20- Concerto, I movimento, seção 2, Sugestão de dedilhado

alternativo............................................................................................................39.

Figura 21- Concerto, I movimento, seção 2, posições para dedilhado

alternativo............................................................................................................42.

Figura 22- Concerto, I movimento, seção 2, posições para dedilhado ..............42.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Esquema formal do concerto.............................................................21.

Page 8: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................... 12

2 CAPÍTULO I - DANILO GUANAIS E O MOVIMENTO

ARMORIAL......................................................................................

14

2.1 Danilo Cesar Guanais (1965-)...................................................... 14

2.2 O Movimento armorial................................................................. 15

2.3 A música armorial........................................................................ 16

3 CAPÍTULO II - ANÁLISE E SUGESTÕES PARA

INTERPRETAÇÃO DA OBRA PARA FAGOTE E ORQUESTRA..

18

3.1 Contextualização da composição e orquestração............................ 18

3.2 Considerações sobre interpretação, técnica e performance............ 19

3.3 Análise ............................................................................................ 20

Tema................................................................................................ 21

1° Movimento, Agreste..................................................................... 22

Seção n. 1, cc. 1-20 (Introdução)................................................... 21

Seção n. 2, cc. 21-95..................................................................... 24

Seção n. 3, cc. 95-111................................................................... 25

Seção n. 4 (conclusão/transição para o segundo movimento),

cc.112-150.....................................................................................

26

2° Movimento, Sereno................................................................... 26

3° Movimento, Brincante................................................................. 27

3.4 Sugestões interpretativas........................................................... 29

1° Movimento, Agreste................................................................... 29

2° Movimento, Sereno.................................................................... 33

3° Movimento, Brincante................................................................. 34

3.5 Aspectos Técnicos e sugestões para o fagote........................... 35

A respiração................................................................................. 36

Digitação para passagens difíceis.............................................. 41

4 CONCLUSÃO................................................................................ 43

REFERÊNCIAS.............................................................................. 44

APÊNDICE A – Recitais de Mestrado.......................................... 47

APÊNDICE B – Entrevistas........................................................... 47

ANEXO A– Partitura ................................................................ 52

Page 9: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

12

1 INTRODUÇÃO

O século XX foi uma época de grande diversidade na produção musical

ocidental. Muitos compositores, na tentativa de criar obras inovadoras em relação ao

período anterior, desenvolveram experimentações nos campos da harmonia, ritmo e

timbre. O resultado desse processo foi o surgimento de uma nova estética musical,

que passou a enfatizar uma maior complexidade rítmica e novas combinações

sonoras. Pelo seu som exótico, o fagote foi um dos instrumentos beneficiados por

esse novo ideal sonoro, sofrendo um acréscimo significativo no seu repertório a partir

do século XX.

O fagote é um instrumento de sopro de palheta dupla, da família das madeiras,

que possui como característica uma sonoridade grave. Segundo Koppe (2012), o

instrumento surge no século XVI a partir do desenvolvimento da dulciana. De acordo

com Bark (2015), o instrumento chegou ao Brasil no século XVII, mas as composições

para fagote como instrumento solista passaram a ocorrer a partir do século XX, tendo

como marco inicial a “Ciranda das Sete Notas” de Villa-Lobos (1887-1959), composta

em 1933. Além de Villa-Lobos, outros importantes compositores que contribuíram para

produção nacional foram: Francisco Mignone (1897-1986), com o “Concertino para

fagote e orquestra” (1957); Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993), com o “Choro

para fagote e orquestra” (1992); e o compositor curitibano Alceo Bocchino (1918-

2013), autor da obra “Variações para fagote e orquestra” (1994). Petri (1999)

catalogou cerca de 120 novas obras brasileiras, compostas na segunda metade do

século XX, para fagote em diversas formações, como música de câmara, fagote solo,

fagote e piano.

Nesse contexto de crescimento do interesse e produção de obras para o

instrumento, surge em 2015 o “Concerto para fagote” de Danilo Guanais, objeto da

pesquisa e primeira obra dessa natureza escrita no Rio Grande do Norte. Dedicado

ao fagotista Alexandre dos Santos, autor dessa pesquisa, o concerto estreou em 23

de abril de 2016 com a Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, regida pelo maestro Erickinson Bezerra.

O compositor utiliza em parte de suas composições uma metodologia que

mistura modernos procedimentos composicionais a elementos rítmicos, melódicos e

harmônicos referentes à música armorial. De acordo com Gracie (2004), compositores

brasileiros frequentemente fazem uso de elementos melódicos, rítmicos e harmônicos

Page 10: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

13

retirados da música popular e folclórica, sendo que a identificação desses elementos

ajuda o intérprete a determinar o tipo de articulação, fraseado e abordagem estilística

a serem utilizados na execução da música. Assim, a presente pesquisa tem como

principal objetivo investigar aspectos técnico-interpretativos do “Concerto para fagote

e orquestra” de Danilo Guanais que sejam importantes para o estudo e performance

da obra. Buscaremos, por meio da análise das técnicas e procedimentos

composicionais utilizados pelo compositor e de informações implícitas no texto

musical, obter subsídios para fundamentar decisões técnico-interpretativas que serão

sugeridas para a parte do fagote.

Metodologicamente, a pesquisa está dividida em duas partes: primeiramente,

foram feitos uma entrevista com o compositor, levantamento bibliográfico, escolha e

catalogação dos aspectos interpretativos a serem estudados; em seguida, foi

realizada uma análise da obra, com o intuito de elaborar sugestões interpretativas

para a parte referente ao fagote.

A ideia de investigar aspectos interpretativos do “Concerto para fagote” de

Danilo Guanais surgiu durante a preparação do autor da pesquisa para a primeira

performance da obra. Devido ao fato de ser a estreia da peça, obviamente não havia

nenhuma referência de execução. Esta investigação envolvendo aspectos técnico-

interpretativos ao fagote pode auxiliar novos intérpretes na construção de suas

performances desta obra, assim como de outras obras semelhantes.

Outro aspecto importante da pesquisa a ser realçado é a contribuição para a

literatura relacionada à técnica e interpretação musical ao fagote, uma vez que ainda

são poucas as pesquisas envolvendo esse tipo de temática. Além disso, o trabalho

pretende contribuir com a divulgação do repertório para fagote solo e orquestra escrito

por compositores brasileiros, especificamente o primeiro concerto para fagote escrito

no Rio Grande do Norte.

Para tanto, esse trabalho está organizado da seguinte maneira: no primeiro

capítulo, abordaremos a biografia do compositor e a relação de sua produção musical

com a estética e a música do movimento armorial. No segundo capítulo, iniciaremos

com uma contextualização do concerto, análise da obra e sugestões técnicas e

interpretativas, sugeridas para a parte do fagote solo. Por fim, apresentaremos as

considerações finais da pesquisa.

Page 11: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

14

2 CAPÍTULO I - DANILO GUANAIS E O MOVIMENTO ARMORIAL

Neste capítulo traçaremos uma breve biografia do compositor, além de uma

revisão bibliográfica contextualizando o “Concerto para fagote” dentro da produção

musical do compositor. Aspectos biográficos sobre o compositor já foram explorados

a fundo por diversos autores (LIMA, 2014; MEDEIROS, 2016; OLIVEIRA, 2013;

PEREIRA, 2016; QUEIROZ, 2002), portanto esta dissertação inclui apenas as

informações necessárias para um posicionamento perante os assuntos relevantes ao

restante do texto.

2.1 Danilo Cesar Guanais (1965- )

O violonista, professor, escritor e compositor Danilo Cesar Guanais de Oliveira

nasceu em São Paulo, em 1965. Antes de completar um ano de idade, sua família

transferiu-se e fixou residência na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte. Nela,

desenvolveu sua formação musical, estudando com professores, como Clóvis Pereira,

Jaime Diniz, Dolores Portela, Fidja Siqueira, Osvaldo d’Amore, Gerardo Parente e

Jarbas Borges, entre outros (MEDEIROS, 2014). Sua relação com o fagote surgiu na

década de 90 ao estudar no Instituto Waldemar de Almeida com o fagotista Péricles

Johnson. Segundo o compositor, mesmo não tendo continuado seus estudos ao

fagote, seu interesse em escrever uma obra para este instrumento teria surgido nesta

época.1

Embora não se considere um compositor exclusivamente armorial, obras

significativas da produção musical de Danilo Guanais, como “A Missa de Alcaçus”, de

1996, a “Sinfonia no. 1”, de 2002, e a “Paixão segundo Alcaçus”, de 2012, possuem

elementos rítmicos, melódicos, textuais e harmônicos influenciados por esta estética

(PEREIRA, 2016). Entretanto, a sonoridade da música armorial de Danilo Guanais é

diferente da utilizada no repertório armorial tradicional. Os elementos rítmicos e

melódicos provenientes da música popular e folclórica nordestina encontrados na obra

de Danilo Guanais muitas vezes estão diluídos em meio à utllização simultânea de

outras técnicas composicionais do século XX. A compreensão do que foi o Movimento

1 Comunicação oral.

Page 12: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

15

Armorial e seus pressupostos, assim como um entendimento sobre de que maneira

este movimento influencia a produção musical de Guanais, é importante para

compreendermos com mais propriedade informações que estão implícitas em sua

obra e que podem ser necessárias para sua interpretação.

2.2 O Movimento Armorial

O Movimento Armorial foi um movimento cultural criado e liderado pelo

advogado, escritor e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna, com o principal objetivo

de criar uma arte erudita partindo das raízes populares da cultura brasileira. As

manifestações artísticas deste movimento ocorreram em campos diversos como

pintura, música, literatura, cerâmica, dança, escultura, tapeçaria, arquitetura, teatro,

gravura e cinema. O movimento foi oficializado em 8 de outubro de 1970, durante

concerto na igreja São Pedro dos Clérigos, no bairro de Santo Antônio, em Recife,

Pernambuco, no qual se anunciou o ideal deste movimento. O concerto reuniu obras

barrocas de José de Lima e Luís Álvares Pinto, compositores pernambucanos do

século XVIII e peças compostas por Jarbas Maciel, Clóvis Pereira, Cussy de Almeida,

Guerra Peixe e Capiba (COSTA, 2011).

O termo “armorial” originalmente significa livro, conjunto de insígnias, brasões,

estandartes e bandeiras de um povo, sendo escolhido e usado por Suassuna como

adjetivo, fazendo referência à heráldica das raízes culturais brasileiras. Como na

valorização dos folhetos da chamada literatura de cordel, por crer que neles se

encontravam os fundamentos de uma arte e literatura que expressavam ou

simbolizavam as aspirações e o espírito do povo brasileiro (ALOAN, 2008).

É importante frisar que o movimento não reuniu artistas populares, mas artistas

que utilizaram a obra popular como um material a ser trabalhado, transformado e

recriado através da relação com outras práticas artísticas (SANTOS, 2009). Além

disso, as bases da arte armorial antecederam a sua inauguração. Durante a segunda

metade da década de 40, Ariano Suassuna participa de grupos teatrais como: Teatro

do Estudante de Pernambuco (TEP), do Gráfico Amador e Teatro Popular do

Nordeste. Em meio a essas experiências, conhece Hermilo Borba Filho, colega que

o apresenta ao teatro de Federico Garcia Lorca, autor cuja obra tinha por base o

romanceiro espanhol. Depois do contato com a obra desse autor, Suassuna percebe

Page 13: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

16

que poderia fazer algo semelhante, tomando a região nordeste como referência

(COSTA, 2011).

2.3 A música armorial

Segundo Nóbrega (2007), a música armorial possui elementos rítmicos,

melódicos e harmônicos extraídos da música popular e folclórica, como: melodia

modal, uso frequente de escalas com quarto grau aumentado e sétimo grau abaixado,

melodias curtas contendo fragmentos que se repetem, ritmo com a presença de

síncopes, acentuação no tempo fraco, polirritmia, pedal sonoro e uso de

semicolcheias repetidas à mesma altura ou ligadas duas a duas em grupos. Além

dessas características citadas por Nóbrega, Ariano Suassuna revela que a música

armorial recebeu influência ibérica espanhola, como explica o professor Didier

Guigue:

[...] De acordo com ele (Ariano Suassuna), a importância da arte barroca, principalmente o barroco ibérico, para a arte armorial dava-se através do espírito medieval e pré-renascentista, com seus “cantares”, que aqui estavam presentes nos séculos XVI, XVII e XVIII (DIDIER, 2000, p. 113 apud COSTA, 2011, p. 84).

A primeira ação do movimento na área musical foi a criação em 1969, por

Ariano Suassuna e Cussy de Almeida, de um quinteto, formado por flautas, viola,

violino e percussão. O quinteto foi inspirado em uma formação musical tradicional da

música popular nordestina, denominada “terno”, composta por pífanos, rabecas e

zabumba. Em 1970, Cussy de Almeida, que era diretor do Conservatório de

Pernambuco, funda a Orquestra Armorial de Câmara, formação musical que também

utilizava instrumentos “eruditos”. Para Cussy, esses instrumentos, comparados aos

utilizados tradicionalmente na música popular, produziam uma melhor afinação e

uniformidade sonora. Essa questão da utilização dos instrumentos geraria uma das

maiores discussões e divergências do movimento. Para Ariano Suassuna, a música

armorial deveria buscar uma sonoridade da música popular nordestina; desta forma,

o uso de instrumentos “populares” seria essencial para o desenvolvimento de uma

sonoridade mais próxima da realidade nordestina (COSTA, 2011).

Ariano Suassuna não era músico mas esteve diretamente envolvido nas

questões de formação da música armorial. Segundo Nóbrega (2007), ele era para o

armorial o que Mário de Andrade foi para o nacionalismo musical. Desta forma,

seguindo seus ideais sonoros, ele funda em 1971 o Quinteto Armorial e, em 1975, a

Page 14: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

17

Orquestra Romançal, formações que utilizavam instrumentos “populares” como:

rabecas, viola-sertaneja, berimbau e pífano.

Apesar da relação de amizade e admiração mútua entre Danilo Guanais e

Ariano Suassuna, eles divergiam exatamente neste pontos que mais dividiu opiniões

dentro do movimento: a utilização ou não de instrumentos tradicionais da música

folclórica nordestina. De acordo com Pereira (2016), em relação ao uso desses

instrumentos, Danilo Guanais concorda com o pensamento de Cussy de Almeida, ou

seja, acreditando não ser imprescindível o uso de instrumentos característicos da

música popular e folclórica para se produzir música armorial.

Pode-se afirmar que o compositor Danilo Guanais faz uso de elementos

melódicos, rítmicos e harmônicos retirados da música popular e folclórica nordestina

no seu concerto para fagote e orquestra e que a identificação destes elementos,

ajudam o intérprete a determinar o tipo de articulação, fraseado e abordagem

estilística a serem utilizados na interpretação da música.

Page 15: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

18

3 CAPÍTULO II - ANÁLISE E SUGESTÕES PARA INTERPRETAÇÃO DA OBRA

PARA FAGOTE E ORQUESTRA

3.1 Contextualização da composição e orquestração

O “Concerto para fagote” foi escrito entre 2013 e 2015, sendo a primeira obra

de Danilo Guanais para o instrumento e o primeiro concerto para fagote escrito no Rio

Grande do Norte. A peça está organizada em três movimentos, denominados:

Agreste, Sereno e Brincante. A orquestração do concerto utiliza 2 flautas, oboé, 2

clarinetes, fagote, trompa em fá, 2 trompetes em si bemol, 2 trombones, tuba,

percussão (2 tímpanos e triângulo) e cordas (violinos I e II, viola, violoncelos e

contrabaixos).

A estreia do concerto foi em 23 de abril de 2016 no Auditório Onofre Lopes,

localizado na Escola de Música da UFRN, tendo como solista o professor de fagote

Alexandre dos Santos da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte (EMUFRN), acompanhado pela Orquestra Sinfônica da mesma Escola, sob

a regência do maestro Erickinson Bezerra. A motivação do compositor para criar este

concerto teria surgido ainda na década de 90, período em que estudou o instrumento

sob orientação de Péricles Jonhson, professor de fagote do instituto Waldemar de

Almeida.

A relação entre o solista Alexandre dos Santos e o compositor Danilo Guanais

teve início em 2003, durante o curso de graduação em música da UFRN, época em

que o autor dessa pesquisa teve o compositor como seu orientador acadêmico. Em

2008, os dois se reencontram no teatro Santa Rosa em João Pessoa (PB), durante

concerto da Orquestra de Câmara do Mato Grosso pelo projeto SESC-Sonora Brasil.

Nesta ocasião, o autor deste trabalho fez o solo da Ciranda das Sete Notas de Heitor

Villa-Lobos (concerto para fagote e orquestra).

Em 2013, Alexandre dos Santos foi procurado pelo compositor e informado de

sua intenção em escrever um concerto para o instrumento, respondendo algumas

consultas sobre especificidades do fagote e mantendo um contato contínuo até 2015,

quando a obra ficou pronta.

Page 16: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

19

3.2 Considerações sobre interpretação, técnica e performance

Interpretar, segundo o Dicionário Aurélio, é “ajuizar a intenção, explicar ou

declarar o sentido de (lei, texto, etc.)" (FERREIRA & FERREIRA, 2010). Já a

interpretação musical tem sentido mais amplo; de acordo com Lima, Apro e Carvalho

(2006), a interpretação musical é um termo que etimologicamente traz a ideia de

mediação, tradução e expressão de um pensamento, pressupondo ao executante a

escolha das possibilidades musicais contidas nos limites formais do texto e

presumindo uma ação executora que se reveste de sentido hermenêutico. Já para

Winter (2006), interpretar é fazer escolhas embasadas em um conjunto de

conhecimentos sobre a obra estudada, sejam esses conhecimentos teóricos,

instrumentais, histórico-sociais, estilísticos, analíticos, baseados em práticas

interpretativas de época, organológicos ou iconográficos, com o intuito de extrair

subsídios que influenciam a interpretação da obra.

Existem diferentes teorias em relação a um modelo de interpretação musical,

sendo o assunto alvo de debates desde o início do século XX pelas mais conceituadas

correntes estéticas e hermenêuticas, como as dos filósofos Bennedeto Croce,

Giovanni Gentile, H. G. Gadamer, Roland Barthes e Luige Pareyson. A pesquisadora

Abdo (2000), ao estudar o assunto, identificou dois pontos que segundo ela são os

mais antagônicos da discussão sobre interpretação musical: 1) o que defende uma

execução musical tão impessoal e objetiva quanto possível, respaldada no exame da

partitura e na investigação histórico-estilística; 2) o que prega um "atualismo" estético,

em que a obra de arte só pode reviver mediante uma interpretação pessoal, que a

reelabora indefinitivamente, tendo como único critério a subjetividade de quem

interpreta. A autora da referida pesquisa, entretanto, defende a ideia de que o critério

mais legítimo que deve direcionar uma teoria interpretativa é a própria obra, não as

intenções de autor ou do intérprete.

Diante de todas as diferentes visões filosóficas estudadas, esta pesquisa

utilizou como base os conceitos e estratégias interpretativas desenvolvidos pelo

professor brasileiro Walter Bianchi2. De acordo com Lima (2005), o professor Walter

2 Renomado oboísta e professor de interpretação musical brasileiro.

Page 17: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

20

Bianchi¹ segue uma corrente interpretativa progressista, a qual preconiza a liberdade

e criatividade do intérprete: “interpretação musical é você ‘criar’ a sua própria

personalidade musical ou melhor ‘criar’ a sua própria interpretação depois de filtrar a

música na sua sensibilidade” (BIANCHI, 2003, p. 16 apud LIMA, 2005, p. 21).

Apesar da subjetividade que o professor admite fazer parte do processo

interpretativo, parte de sua metodologia é bem objetiva e voltada para a resolução de

problemas estritamente musicais, como: articulação, dinâmica, pontuação,

andamento e fraseado. Seu método é bastante prático, permitindo que nos

relacionemos com o texto musical de maneira mais organizada, como

demonstraremos ao longo das sugestões interpretativas da obra “Concerto para

fagote”.

3.3 Análise

O “Concerto para fagote” possui uma forma musical assimétrica; de acordo com

o compositor, “a peça foi escrita em linguagem tonal tradicional, sem as preocupações

formais que caracterizam o gênero e com diálogo entre solista e orquestra sendo

articulado de maneira mais livre” (GUANAIS, 2015). Conforme o texto abaixo explica,

a melhor maneira encontrada pelo compositor para ilustrar sua forma de estruturar a

composição seria o que ele chama de “forma árvore”:

“Eu chamo de forma árvore quando é assim: eu começo com o tronco e ele

vai se abrindo em ramificações que não tem relação formal com o outro, um

se abre em dois, outro se abre em três. Assim você vai tendo um caminho

que é múltiplo nas escolhas, mas que revelam um todo em algo que não é

simétrico, não é equilibrado no sentido A, B, A ou A, B, D, mas é bonito. . .

Funciona. . . Uma árvore funciona e não tem nada de simétrica em sua

estrutura (D. Guanais, entrevista pessoal, 10 de setembro, 2018).

Page 18: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

21

Quadro 1 – Concerto para fagote, esquema formal

FORMA MUSICAL DO CONCERTO PARA FAGOTE DE DANILO GUANAIS

Agreste

Tema cc. 21 a 28

1° Seção cc. 1 a 20

2° Seção cc. 21 a 94

Subseção 2.1 cc. 21 a 53

Subseção 2.2 cc. 54 a 63

Subseção 2.3 cc. 63 a 70

Subseção 2.4 cc. 70 a 81

Subseção 2.5 cc. 81 a 94

3° Seção cc. 95 a 111

4° Seção cc. 112 a 150

Sereno

Tema cc. 150 a 152

1° Seção cc. 153 a 163

2° Seção cc. 164 a 184

Brincante

Tema cc. 185 a 191

1° Seção cc. 185 a 232

Subseção 1.1 cc. 185 a 201

Subseção 1.2 cc. 202 a 219

Subseção 1.3 cc. 220 a 232

2° Seção cc. 232 a 295

Subseção 2.1 cc. 232 a 251

Subseção 2.2 cc. 252 a 295

3° Seção cc. 296 a 356

Subseção 3.1 cc. 296 a 334

Subseção 3.2 cc. 335 a 356

Fonte: (O autor da pesquisa)

Tema

O concerto para fagote é uma obra em que o compositor trabalha com o

desenvolvimento de temas específicos. Cada movimento possui um tema principal

que será fragmentado e desenvolvido por meio de novas combinações rítmicas e

melódicas. No primeiro movimento, Agreste, o tema principal é encontrado entre os

compassos (cc.) 21 e 28, como demonstra a Figura 1. As células rítmicas encontradas

no tema são o principal ingrediente para a criação e desenvolvimento de novas e mais

complexas seções.

Page 19: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

22

Figura 1 - Concerto, I movimento, cc. 21 a 28, tema do primeiro movimento.

Fonte: (O autor)

1° Movimento, Agreste

Seção n. 1, cc. 1-20 (Introdução)

Na primeira seção da obra, cc. 1 a 20, o compositor desenvolve uma introdução

orquestral em textura contrapontística, acompanhada pelo ostinato do tímpano e por

passagens que utilizam pedais harmônicos. Conforme demonstrado pela figura 2,

está seção é desenvolvida com base em um motivo derivado do tema (cc. 21 a 28).

Segundo o compositor, todas as seções do 1° movimento foram escritas a partir do

tema principal, conforme ele explica: “Esse motivo é, na verdade, um GESTO. É uma

maneira de iniciar o discurso. O gesto se desenvolve para gerar o TEMA” (D. Guanais,

entrevista pessoal, 10 de setembro, 2018).

Figura 2 – Principal motivo encontrado na primeira secção.

Fonte: Guanais (2015)

Discante Dual

Em relação às técnicas de composição utilizadas por Danilo Guanais,

encontramos na primeira seção uma técnica de harmonização de sua autoria,

denominada “discante dual”, utilizada pela primeira vez na “Paixão segundo Alcaçus”

(2012) e, agora, em algumas seções do concerto para fagote. O compositor descreve

a técnica da seguinte forma:

“O Discante Dual é feito, basicamente, pela construção de dois contrapontos

nota-contra-nota (daí a denominação Discante) a partir de uma melodia

Page 20: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

23

qualquer. O método consiste em alternar sistematicamente, para a criação

do primeiro contraponto, uma consonância e uma dissonância em relação

harmônica às notas da melodia, fazendo o oposto na construção do segundo

contraponto. Para que o resultado sonoro se afaste de ambientes

sugestivamente tonais ou atonais, o método propõe o uso apenas de

consonâncias perfeitas e da dissonância de 2ª maior ou sua inversão, a 7ª

menor, evitando dissonâncias contundentes e superposição de 3ª ou 6ª.

Desta maneira, cada acorde resultará na combinação sistemática de uma

consonância e uma dissonância, produzindo sonoridades semelhantes, e

criando uma espécie flutuante de ambiente tonal-modal” (Guanais, 2013, p.

105).

Um exemplo do emprego do discante dual encontra-se nos cc. 8 a 12. A

melodia principal (S) é a do 2° trompete (Mi-Fá-Sol). As melodias P1 e P2 são

respectivamente as do 1º trompete (Ré-Dó-Lá) e da trompa (Lá-Sol-Ré). As outras

são derivadas delas: a tuba é uma outra versão de P1 e os trombones 1 e 2 são os

mesmos S e P1 em outras oitavas, mas trocam suas posições no c.10, conforme as

figuras 3 e 4:

Figura 3- Concerto, I movimento, discante dual, cc. 8 a 12.

Fonte: (Guanais, 2015)

Page 21: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

24

Figura 4- Concerto, I movimento, discante dual, harmonia implícita entre os cc. 8 a 11.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Guanais (2015).

Além do discante dual, outras técnicas são utilizadas pelo compositor. Entre os

cc. 12 e 16, temos nova subseção formada pelas cordas, construída com base numa

técnica de harmonização que mistura modalismo harmônico com politonalismo.

Violinos, violas e cellos harmonizam uma cadência simples em Lá menor dórico, com

os acordes Am-G-D-Am. Os contrabaixos fazem as fundamentais dos acordes, uma

5ª justa abaixo (Ré menor dórico, portanto).

Seção n. 2, cc. 21-95

A partir do compasso c. 21, tem início a 2ª seção (cc. 21 a 95), em que o tema

é apresentado pelo fagote solo (cc. 21 e 22), no quinto grau de Lá dórico. Nesta

passagem, entre os cc. 21 e 22, o compositor escreve novamente a progressão

harmônica Am-G-D-Am, que, de acordo com ele, possui uma relação de contraste

entre acordes menores e maiores, sugerindo para ele a vida do sertanejo que não tem

água mas tem sol. Este tipo de inferência seria uma das maneiras do compositor fazer

referência à estética armorial.

As células rítmicas encontradas na exposição do tema, no primeiro movimento,

são muito importantes para o desenvolvimento da obra. Além de serem muito úteis

para criar novas combinações sonoras e rítmicas, funcionam como um laço unificador

entre as seções do concerto. Como ilustrado na figura 5, enumeramos as principais

células rítmicas derivadas do tema e utilizadas durante todo o concerto em diferentes

combinações, rítmicas e melódicas, para a construção de suas diferentes seções.

Page 22: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

25

Figura 5- Concerto, I movimento, principais células rítmicas, cc. 21 a 25.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Guanais (2015).

Na subseção 2.2, no c. 54, o fagote solo desenvolve um motivo, proveniente de

novas combinações entre as células 1 e 3, derivadas do tema. A subseção inicia com

um novo motivo no tom de sol menor, depois é transposta para fá menor (c. 56) e sol

sustenido menor (c. 58), conforme a figura 6. Paralelamente, as cordas desenvolvem

uma contra-melodia em movimento contrário ao fagote solo.

Figura 6- Concerto, I movimento, subseção 2.2.

Fonte: Guanais (2015).

Seção n. 3, cc. 95-111

A terceira seção é marcada pela diferença entre esta e as demais seções

do movimento, como se fosse um parêntese dodecafônico em um discurso

majoritariamente tonal e romântico da obra. O compositor, quando perguntado

sobre sua motivação para criar esta seção, respondeu: "nenhuma das séries (pois

o concerto tem outras passagens dodecafônicas) é desenvolvida pelo método

Page 23: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

26

dodecafônico em si. Elas surgem apenas como material temático para dar variedade

ao discurso eminentemente tonal romântico da obra"3.

Seção n. 4 (conclusão/transição para o segundo movimento), cc. 112-150

Seção que produz um ambiente sonoro referente à música nordestina,

sobretudo pelo uso de modos característicos deste estilo de música. A sequência

inicial dos modos usados são: Dó mixolídio, Sol mixolídio, Ré mixolídio e Dó jônico.

Apesar do uso desses modos, não há no concerto nenhuma referência direta a algum

gênero da música popular e folclórica nordestina, mas as combinações melódicas das

escalas modais presentes sugere uma associação desta seção com a música

nordestina.

2° Movimento, Sereno

O segundo movimento é iniciado com solo de flauta, nos cc. 150 a 153, que

apresenta um tema baseado em uma série dodecafônica. Mas, assim como na 3°

secção do movimento anterior, a série não é desenvolvida pelo método dodecafônico.

De acordo com a figura 7:

Figura 7- Concerto para fagote, II movimento, tema.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Guanais (2015).

O movimento possui duas seções em textura predominantemente homofônica,

onde o tema apresentado inicialmente pela flauta será repetido, ampliado pelo fagote

solo e desenvolvido em seu decorrer, através de uma relação camerística entre fagote

solo e orquestra. A partir do compasso 163, tem início um diálogo musical realizado

sobretudo pela flauta e fagote solo, com intervenções dos oboés, clarinetes, 2° fagote

3 Informação fornecida por Danilo Guanais em entrevista concedida por e-mail, em 23 de outubro de

2017.

Page 24: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

27

e trombone, acompanhados pelo naipe de cordas. Conhecer bem a parte da orquestra

ajudará o intérprete, uma vez que, em alguns pontos do movimento, a melodia é

fragmentada e dividida entre solista e naipes da orquestra, precisando de uma boa

interação do conjunto para fazer sentido.

3° Movimento, Brincante

O terceiro movimento do concerto é iniciado pelo fagote solo, apresentando o

principal tema do movimento na tonalidade de Ré maior, que chamaremos de A, cc.

185 a 191, ver figura 8. A textura predominante do movimento é contrapontística, o

andamento indicado pelo compositor é rápido (♪=160) e, além disso, usa na maior

parte do tempo o compasso ⅝, associado à polirritmia, exigindo bastante da

independência rítmica de todos os envolvidos e tornando o movimento um verdadeiro

desafio camerístico para solista e orquestra.

Paralelamente ao solo do fagote, a tuba (inicialmente) apresenta um tema

secundário, tema B, em fá maior, no c. 187. Esses temas são utilizados pelo

compositor: ampliados, combinados, transpostos, alternados e ou executados

simultaneamente, para construção da primeira seção do movimento, de acordo com

figura 9.

Uma nova variação do tema, que chamaremos de tema C, surge através do

fagote solo no c. 232, e junto com novas transposições dos temas A e B, é usada para

o desenvolvimento da segunda seção, conforme figura 10. Já a terceira seção, cc. 296

a 356, é uma grande cadência melódica na qual o compositor faz uma síntese de tudo

que foi abordado anteriormente, utilizando para isso motivos temáticos e células

rítmicas já apresentadas neste e nos movimentos anteriores. No final da cadência, há

um retorno ao tema A, cc. 335 a 341, com mudança de andamento e utilização do

tema do segundo movimento transposto para a trompa, cc. 345 a 348, para, em

seguida, toda orquestra executar um tutti, finalizando o concerto.

Page 25: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

28

Figura 8- Concerto, III movimento, seção 1, apresentação dos temas A e B.

Fonte: Guanais ( 2015)

Figura 9- Concerto, III movimento, seção 1, tema fragmentado

Fonte: Guanais ( 2015)

Figura 10- Concerto, III movimento, seção 2, apresentação do tema C.

Fonte: Guanais ( 2015)

Page 26: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

29

Ao iniciar a pesquisa, a principal hipótese levantada era que o concerto para

fagote seria uma obra armorial e que a identificação e estudo de elementos musicais

relacionados a música popular e folclórica nordestina poderiam embasar decisões

interpretativas. Com o estudo mais aprofundado do que é o movimento armorial e

suas características, análise do concerto e as orientações do compositor, concluímos

que o concerto para fagote até possui elementos melódicos, rítmicos e harmônicos

que têm relação com a música e estética armorial. Porém, nesta obra

especificamente, ao contrário de composições anteriores de Danilo Guanais, como a

“Missa de Alcaçus”, estes elementos são utilizados de maneira mais sutil.

De acordo com Lima o compositor Danilo Guanais faz referência a música

folclórica nordestina na obras: Missa de Alcaçus (1996), Sinfonia n. 1 (2002) e a

Paixão Segundo Alcaçus (2012). Apesar do contexto de contemporâneidade que

estas obras advogam para si, elementos folclóricos como: os romances de Alcaçus,

os cabocolinhos, as Incelenças, canto de desafio, aboio, além de padrões rítmicos

populares como o baião e o maracatu são encontrados nestas obras. O pesquisador

descreve a importância do uso desses elementos da seguinte forma: “Apesar do

contexto de contemporaneidade que a trilogia advoga para si, os elementos folclóricos

não são uma inserção gratuita. Podemos considerá-los parte de um sistema

cardiovascular que mantém o fluxo das obras vivo e pulsante” (LIMA, 2014, p.122).

No concerto para fagote, no enteanto, não encontramos nenhuma referência

direta a gêneros da música popular nordestina. Segundo o compositor, sua ideia para

esta peça não era criar uma obra armorial, mas um concerto romântico, com

diferentes ambientes, sendo a influência armorial notada em alguns pontos da obra.

3.4 Sugestões interpretativas

1° Movimento, Agreste

Na passagem entre os cc. 21 a 43, o compositor não registra nenhuma

dinâmica na parte do fagote solo até o c. 35. Como o acompanhamento orquestral

possuí dinâmica forte, escrita nos cc. 25, 26, 33 e 34, e o fagote não é um instrumento

muito potente em termos de amplitude sonora, torna-se necessário que a dinâmica da

parte solo seja compatível com o acompanhamento. Neste caso, sugerimos que, para

Page 27: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

30

maior equilíbrio, a dinâmica escrita para o fagote seja mais forte que a escrita para o

acompanhamento.

Outro ponto importante está relacionado à expressividade. Neste trecho, cc. 21

a 43, o fagote solo possui três frases geradas pela transposição do tema e que, por

suas similaridades, necessitam de alguma ação que gere maior contraste. Neste caso,

além de trabalhar a dinâmica, através do direcionamento natural das frases,

buscamos enfatizar algumas notas dos primeiros dois compassos de cada frase (21 e

22, 29 e 30, 36 e 37). Segundo o compositor, a partir do compasso c. 21, tem início a

2ª seção (cc. 21 a 95), em que o tema é apresentado pelo fagote solo (cc. 21 e 22),

no quinto grau de Lá dórico. Nesta passagem, entre os cc. 21-22, 29-30 e 36-37, o

compositor utiliza a progressão harmônica Am-G-D-Am, que possui uma relação de

contraste entre acordes menores e maiores, sugerindo a vida do sertanejo que não

tem água mas tem sol. De acordo com Danilo Guanais esta seria uma de suas

maneiras de, no concerto para fagote, fazer referência à estética armorial. Ver figura

12:

Figura 11- Orquestração, seção 2, sugestões interpretativas.

Fonte: Guanais ( 2015)

Desta forma, sugerimos iniciar os dois primeiros compassos da parte do solista

em dinâmica mezzo-forte, conduzir um crescendo entre os compassos 23 e 24, atingir

um fortissimo entre os cc. 25 e 26 e fazer um diminuendo entre os cc. 27 e 28. Na

Page 28: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

31

próxima frase, cc. 29 a 35, iniciar em dinâmica mezzo-forte, conduzir um crescendo

nos cc. 31 e 32, chegar ao ápice da frase com dinâmica forte nos cc. 33 e 34, e

decrescer no compasso 35. Na terceira frase, cc. 36 a 47, indicamos seguir a dinâmica

sugerida pelo compositor, conforme a figura 13. De acordo com o professor Bianchi,

trabalhar a melodia é muito importante para o resultado de uma boa interpretação:

O problema da interpretação está sempre na melodia. O segredo da boa

interpretação é trabalhar bem a melodia. A beleza da execução musical está

na melodia. A música começou no canto, depois vieram os instrumentos de

percussão e mais tarde os outros instrumentos. O estudo minuncioso da teia

melódica resolve todos os problemas interpretativos. (BIANCHI apud LIMA,

2006, p. 109).

Figura 12- Fagote solo, seção 2, sugestões interpretativas.

Fonte: Guanais (2015)

Conforme a figura 8 demonstra, utilizamos um sistema de números para

indicar a dosagem da dinâmica em cada frase. Este procedimento faz parte da

Page 29: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

32

metodologia interpretativa do professor Walter Bianchi, descrita por Lima da seguinte

maneira:

A indicação numérica foi a maneira mais lógica que o professor encontrou

para graduar os procedimentos interpretativos, Ele está presente não só na

dinâmica, mas também nas alterações de tempo, nas alterações rítmicas, na

execução das cadências, nos ornamentos, nos grupos irregulares e até nas

frases musicais. Para ele, o controle sonoro obtido com essa indicação é

suficiente para imprimir ao texto maior fluidez e naturalidade, sem esquecer

a independência que ela projeta para o intérprete durante a execução. (LIMA,

2005, p. 35).

O método do professor Bianchi é interessante por possibilitar ao intérprete

escolher previamente a direção que ele quer dar a cada frase. Para ele, toda frase

musical tem um início, um ponto culminante, ou clímax, e um fim (LIMA, 2005).

Já para a subseção 2.2, sugerimos utilizar três planos de dinâmica: iniciar em

dinâmica mezzo-forte, crescer e diminuir entre os cc. 54 e 55; iniciar o compasso 56

em dinâmica forte, crescer e diminuir entre os cc. 56 e 57; iniciar o compasso 58 em

dinâmica mezzo-piano e conduzir um crescendo gradativo até o c. 68 fazendo mezzo-

piano súbito nos cc. 69 e 70, conforme figura 13:

Figura 13- Concerto, I movimento, subseção 2.2, sugestão interpretativa.

Fonte: Guanais ( 2015)

Quanto à seção 3, como ela não possui nenhum tipo de indicação de dinâmica

ou de andamento, sugerimos iniciar o c. 97 em andamento menos movido, fazer um

Page 30: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

33

acelerando no c. 104 e tocar com um caráter expressivo, quase recitando, entre os

cc. 107 a 111, como descrito na figura 14:

Figura 14- Concerto, I movimento, seção 3, sugestão interpretativa.

Fonte: Guanais ( 2015)

2° Movimento, Sereno

No segundo movimento, depois de experimentar diferentes articulações,

sugerimos uma articulação próxima ao ligado, de forma a acentuar o caráter e

expressividade do movimento lento. A dinâmica deve iniciar em mezzo-forte no c. 153

e chegar em forte a partir do c. 158 (na parte do fagote solo), com o objetivo de obter

maior contraste entre o tema e sua transposição. Pelo mesmo motivo, sugerimos

dinâmicas crescendo e decrescendo nos compassos 162, 169 a 171 e 173 a 174,

além de dinâmica forte para a próxima transposição do tema na parte solo, no c. 176.

Conforme figura 15:

Page 31: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

34

Figura 15- Concerto, II movimento, fagote solo, sugestão interpretativa.

Fonte: Guanais ( 2015)

3º Movimento, Brincante

Também após tentar andamentos diferentes ao longo da segunda preparação

para uma nova performance do concerto, optamos por fazer um pequeno acréscimo

no andamento do terceiro movimento da peça, aumentando de ♪=160, que é a

indicação do compositor, para ♪=170. Além disso, sugerimos que sejam feitos acentos

sforzando nos terceiros tempos dos compassos que compõem o tema A, toda vez que

este tema seja tocado. Esses procedimentos ajudarão a enfatizar o caráter jocoso e

leve do tema e facilitarão a respiração em frases longas, como entre os cc. 232 e 251,

conforme a figura 16.

Figura 16- Concerto, III movimento, seção 1, sugestão interpretativa.

Fonte: Guanais ( 2015)

Page 32: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

35

Na segunda seção do movimento, entre os cc. 232 e 237, temos o tema C no

fagote solo, que será transposto e ampliado nos cc. 238 a 249. Nesta passagem, a

única dinâmica escrita para o fagote solo é forte a partir do c. 232. Apesar da dinâmica

escrita para o solista ser forte, madeiras, cordas e percussão fazendo o

acompanhamento em dinâmica mezzo-forte tendem a encobrir o fagote. Além do

equilíbrio em questão, temos novamente pouco contraste, uma vez que há muita

repetição do mesmo motivo.

Para melhor equilíbrio da passagem, sugerimos dinâmica forte entre os cc. 232

e 237, mezzo-forte entre os cc. 238 e 243, crescendo entre os cc. 244 e 247,

conduzindo a frase para um fortíssimo nos cc. 248 e 249, conforme a figura 17:

Figura 17- Concerto, III movimento, seção 2, apresentação do tema C.

Fonte: Guanais ( 2015)

3.5 Aspectos Técnicos e sugestões para o fagote

Neste capítulo, abordaremos os aspectos técnicos escolhidos e catalogados

na primeira parte da pesquisa, apresentando sugestões para a parte do fagote. Os

termos técnica e performance musical utilizados nesta pesquisa estão fundamentados

nos conceitos de Lima (2005), que define técnica como um termo ligado à prática

musical, às atividades motoras, à repetição e ao fazer mecânico como a execução.

Já performance musical é definida pelo mesmo autor como algo que, além de integrar

a função tecnicista da prática musical, transmuta essa execução, por meio de

Page 33: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

36

processos interpretativos do executante, com o objetivo de revelar relações e

implicações conceituais existentes no texto musical.

O concerto apresenta passagens com longas frases, melodias formadas com

grandes saltos intervalares e o uso do registro agudo do instrumento, exigindo do

intérprete excelente sonoridade e articulação. Além disso, existem problemas que

dificultam a técnica do fagote em algumas passagens, relacionados a combinação de

dedilhado versus velocidade.

Neste capítulo, abordaremos dois desses aspectos: a respiração e a digitação

para passagens difíceis.

A respiração

A respiração é uma das principais dificuldades encontradas no concerto. Os cc.

21 a 47, 112 a 143, 232 a 249 e 265 a 293 são exemplos de trechos onde o fagote

solo toca quase que continuamente, como pode ser visto nas figuras 18, 19 e 20.

Page 34: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

37

Figura 18- Concerto, I movimento, seção 2, Aspectos técnicos.

Fonte: Guanais ( 2015)

Page 35: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

38

Figura 19- Concerto, I movimento, seção 2.4, Aspectos técnicos.

Fonte: Guanais ( 2015)

Page 36: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

39

Figura 20- Concerto, III movimento, seção 2, Aspectos técnicos.

Fonte: Guanais ( 2015)

No repertório para fagote, seja de música de câmara, orquestral ou solo,

podemos encontrar muitas passagens como estas, que chegam a explorar o limite

absoluto da respiração. Estas passagens tornam essencial a todo instrumentista de

sopro, um conhecimento mais aprofundado do funcionamento do processo

respiratório e das estratégias de estudo que podem aumentar a capacidade e o

controle do ar que produzimos ao tocar. Sobre este assunto, o renomado fagotista

Noel Devos4 comenta:

[...] O conhecimento profundo do sistema respiratório, seu mecanismo, sua

função, seu desenvolvimento e dificuldades (nervosismo, contração, medo,

calma, domínio de si mesmo, etc.); higiene e ginástica respiratória; maneira

certa e errada de respirar, todos estes são problemas que mereciam ser

estudados profundamente[...] (DEVOS, 1966, on-line).

4 Noel Devos (1929-2018), foi um dos mais importantes músicos do Brasil, tendo trabalhado e ensinado

o fagote desde 1952, quando veio da França, a convite da Orquestra Sinfônica Brasileira.

Page 37: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

40

Já o professor Weisberg5 diz que, por cada frase ter tamanhos diferentes, cada

instrumentista deveria aprender a respirar em função das especificidades de cada

uma delas. Sendo uma situação ideal aquela onde um instrumentista conclui uma

frase ainda com alguma reserva confortável de ar (WEISBERG, 2015)6.

Em nossa preparação para tocar o concerto, adotamos como estratégia de

estudo delimitar previamente as estruturas fraseológicas de cada seção, para em

seguida observar e calcular a respiração necessária, adaptando-a às necessidades

musicais da passagem. Esta estratégia vai ao encontro do pensamento de Arruda

(2015, p. 49) que diz que, “quando se faz uso de marcações na partitura que facilitem

a visualização rápida de quando se deve inspirar e expirar, é possível obter maior

controle sobre os movimentos respiratórios, sem comprometimentos interpretativos”.

Especificamente na segunda seção do primeiro movimento, cc. 21 a 43,

sugerimos algumas respirações que seriam ideais do ponto de vista fraseológico.

Quando o concerto foi executado pela primeira vez optamos por respirar entre os

terceiros e quarto tempos dos cc. 28, 35 e 40, como indicado na imagem XXXX. Esta

opção, na época, parecia ideal do ponto de vista musical, pois permitia iniciar a frase

seguinte través de anacruse, e técnico por ser um lugar “cômodo” para respirar.

Entretanto, ao conversar sobre estas escolhas com o compositor fomos orientados

por ele a executar cada uma das três frases da subseção, entre os compassos 21 a

43, iniciando-as em tésis e não em ársis como vínhamos fazendo. Realmente, depois

de analisar a orquestração constatamos que, pelo direcionamento harmônico do

conjunto orquestral, o que foi dito pelo compositor fazia sentido. Desta forma,

modificamos e adaptamos nossa respiração às necessidades fraseológicas desta

passagem. Buscando fazer respirações mais rápidas, desfazer a embocadura o

mínimo possível e, dessa maneira, administrar o ar com mais eficiência.

Já entre os cc. 112 a 150 e 265 a 293 além da fraseologia da música, para

fazer dos melhores pontos para respiração, tivemos de levar em conta as nossas

5Arthur Weisberg (1931– 2009), Fagotista, maestro, compositor e escritor americano, professor de

fagote da universidade de Indiana nos EUA. 6 In playing music, breathing should be tailored to each phrase played. It is not necessary always to take

as large a breath as possible. When we take a deep breath, the natural tendency is to expel it fairly

quickly. To hold back a deep breath requires a good deal of effort. This is the effort necessary to hold

the ribs in their expanded state, but it is not necessary if the phrase to be played is a short one. There

are phrases of all conceivable lengths, and there is an ideal amount of air for each one. This is the

amount that will always leave a comfortable reserve after the phrase is finished. (traduzido pelo autor

da dissertação)

Page 38: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

41

limitações técnicas em termos de capacidade e controle respiratórios. Desta maneira,

procuramos adaptar ao máximo nossa técnica de respiração a fraseologia da música

o que em alguns pontos foi um grande desafio técnico devido a extensão, registro,

andamento, dinâmica e grandes saltos intervalares encontrados. Conforme figuras

19 e 20.

Digitação para passagens difíceis

Encontramos no concerto pelo menos cinco passagens que possuem uma

maior exigência técnica em termos de digitação: nos compassos 32, 137 a 142, 283

a 293, 328 a 331 e 333 a 337.

O fagote é um instrumento que, por sua construção, tem naturalmente algumas

combinações bem complexas em seu dedilhado. São posições que sincronizam entre

9 a 10 dedos (durante a execução), uso de meio buraco e forquilha, com os dedos

polegares articulando de quatro a nove chaves diferentes. Essas dificuldades naturais

do instrumento podem ser agravadas pelos maus hábitos que são desenvolvidos

durante a prática. Esses maus hábitos podem ser a distância que o músico mantém

dos seus dedos em relação ao instrumento, uso de dedilhado incorreto,

posicionamento de mãos e dedos incorretos e ou tensos. De acordo o professor

Weisberg7, o grau de exigência técnica para tocar algumas passagens da literatura

do fagote é comparado aos exigidos no atletismo e nas artes cênicas, em que o reflexo

em frações de segundos pode fazer a diferença no resultado. No caso da prática

instrumental, o principal problema, segundo ele, é o desperdício de movimento,

produzido por maus hábitos que, se negligenciados em passagens mais lentas,

podem aparecer com clareza quando surge a necessidade de tocar mais rápido

(WEISBERG, 2007).

A figura 21 demonstra uma das passagens mais difíceis do concerto, na qual o

fagote solo executa um trecho com muitos saltos intervalares e mudanças bruscas de

7 We can tolerate waste motion if we are speaking of a modest amount of speed, but in every

field of human endeavor, especially in athletics and in the performing arts, the concept of what is possible

is always being pushed to the limit. It is here that differences in reflexes and in efficiency are critical.

Many fast passages in music approach the borderline of what is possible, and any bad habits which

might have been overlooked in slower passages will now show up only too clearly.

Page 39: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

42

registro. Sugerimos a utilização de dedilhado alternativo nesta passagem para facilitar

a combinação e sincronização da digitação, conforme figura 22.

Figura 21- Concerto, I movimento, seção 2, Sugestão de dedilhado alternativo.

Fonte: Guanais (2015)

Figura 22- Concerto, I movimento, seção 2, posições para dedilhado alternativo.

Fonte: Rapoport ( 2010)

Segundo García, as estratégias de estudos “ajudam na organização da prática

instrumental direcionada, focalizada e com economia do tempo, ou seja, conseguindo

Page 40: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

43

mais resultado em menos tempo”. A estratégia de estudo que utilizamos para o trecho

dos cc. 137 a 141, assim como para as demais passagens escolhidas e catalogadas,

é estudar de maneira objetiva, em andamento moderado e aumentando

gradativamente o tempo em função do resultado sonoro, em termos de limpeza,

afinação e articulação; estudar com os dedos mais próximos possíveis do instrumento,

de forma relaxada e com total concentração.

Page 41: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

44

4 Conclusão

Quando iniciou-se a pesquisa constatou-se que haviam dúvidas sobre a

associação e influência da música armorial na interpretação do Concerto para fagote,

visto que o compositor é conhecido por sua ligação com essa estética.

Diante disso, a pesquisa teve como objetivo geral investigar aspectos técnico-

interpretativos do concerto para fagote e orquestra de Danilo Guanais importantes

para o estudo e performance da obra. Constatou-se que o objetivo geral foi atingido

através de informações obtidas com o compositor, estudo bibliográfico e análise da

obra, que produziram subsídios utilizados para fundamentar as decisões

interpretativas, sugeridas a parte do fagote solo.

O primeiro objetivo específico do estudo era contribuir para a divulgação do

repertório para fagote solo e orquestra escrito por compositores brasileiros,

especificamente o primeiro concerto para fagote escrito no Rio Grande do Norte. Este

objetivo foi alcançado através da performance da obra durante o IV congresso da

associação brasileira de performance musical-ABRAPEM, realizado em 2018. Nesta

segunda performance pública da obra o concerto foi filmado e disponibilizado ao

público através do youtube.

O segundo objetivo específico era auxiliar novos intérpretes na construção de

suas performances da obra e foi alcançado com a produção de um capítulo inteiro

dedicado as questões técnicas e interpretativas do concerto, embasadas nas

metodologias dos renomados professores: Artur Weisberg, Noel Devos e Walter

Bianchi, além de sugestões do compositor e da experiência profissional do autor.

A pesquisa partiu da hipótese de que o concerto para fagote seria uma obra

armorial e que a identificação e estudo de elementos musicais relacionados a música

popular e folclórica nordestina poderiam embasar decisões interpretativas. Durante a

pesquisa com o estudo mais aprofundado do que é o movimento armorial, suas

características, análise da produção musical de Danilo Guanais, análise do concerto

e orientações do compositor, verificou-se que o concerto para fagote até possui

elementos melódicos, rítmicos e harmônicos que tem relação com a música e a

estética armorial. Porém, nesta obra especificamente, ao contrário de outras

composições de Danilo Guanais, estes elementos não são decisivos para a

interpretação da peça.

Page 42: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

45

Metodologicamente a pesquisa desenvolveu-se em duas fases. Na primeira

foram realizados levantamento bibliográfico de livros, artigos, teses e dissertações

relacionados ao compositor, sua obra e a prática do fagote. Além de, entrevista com

o compositor, escolha e catalogação dos aspectos interpretativos a serem estudados.

Na segunda parte da pesquisa os dados identificados e catalogados na primeira fase

foram analisados. Depois disto, durante dois meses, foram feitas algumas

experimentações relacionadas aos andamentos, articulações, dinâmica, pontuação e

fraseado da peça. Sugestões interpretativas foram produzidas e acrescentadas a

parte do fagote, finalizando o trabalho com uma gravação da obra em vídeo.

No concerto para fagote o compositor consegue sintetizar muito bem técnicas

de composições comuns ao século XX e XXI, associadas à simplicidade e beleza da

música nordestina. Além disso, esse concerto possui muitas informações implícitas

ao texto musical, referentes ao estilo do compositor, e apresenta verdadeiros desafios

técnicos para o solista, que podem contribuir para a construção de uma interpretação

musical mais convincente da obra. Futuros intérpretes podem se ater aos aspectos

apresentados nesta pesquisa ou tomá-la como base para descobrir novas

perspectivas interpretativas da obra.

Page 43: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

46

REFERÊNCIAS

ABDO, S. N. Execução/Interpretação musical: uma abordagem filosófica. Per musi, Belo Horizonte, v. 1, p. 16-24, 2000. ALOAN, R. B. A organologia e a adaptação timbrística na música armorial. 2008. 43 f. Monografia (Licenciatura Plena em Educação Artística–Habilitação em Música) - Instituto Villa-Lobos, Centro de Letras e Artes da UNIRIO, Rio de Janeiro, 2008. BARK, J. M. Variações para fagote e orquestra de Alceo Bocchino: estudo analítico e interpretativo. 2015. 229 p. Tese (Doutorado em Música) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Artes, Campinas, 2015. COSTA, L. A. M. Antonio Carlos Nóbrega em acordes e textos armoriais. [S.l.]: EDUEPB, 2011. DEVOS, N. A respiração. Cap. 4. do curso de extensão universitária ministrado na UFRJ, em agosto/setembro de 1966. Disponível em <http://www.haryschweizer.com.br/Textos/DEVOS_4_respiracao.htm>. Acesso em: 10 mar. 2018. GARCÍA, P. A. J. Estratégias de estudo da Primeira Sonata-Fantasia para violino e piano “Désespérance” de Heitor Villa-Lobos. Anais do SIMPOM, v. 3, n. 3, p. 1194-1204, 2015.

GRICE, J. Popular Styles in Brazilian Chamber Music: Heitor Villa-Lobos’s Quinteto

Em Forma de Choros and Oscar Lorenzo Fernândez’s Invenções Seresteiras. The

Double Reed, Boulder, v. 27, n. 1, p. 93-102, 2004.

GUANAIS, D. A Paixão segundo Alcaçuz: conciliação de diferenças na composição musical. 2013. 237 f. Tese (Doutorado em Música) - Universidade federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. GUANAIS, D. Concerto para fagote e orquestra. Natal: [s.n], 2015. 1 partitura (45 p). Fagote e orquestra. HOLANDA, A. B. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, v. 769, 1986. KOPP, J. B. The bassoon. [S.l.]: Yale University Press, 2012. LIMA, E. B. Danilo Guanais e sua trilogia composicional: um percursso nordestino e seu impacto na interpretação. 2014. 256 p. Dissertação (Mestrado em Música) - Universidade de Aveiro, Aveiro, Portugal, 2014. LIMA, S. A. Performance e interpretação musical: Uma prática interdisciplinar. [S.l.]: Musa Editora, 2006.

LIMA, S. A. Uma metodologia de interpretação musical. [S.l.]: Musa Editora, 2005.

Page 44: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

47

MEDEIROS, A. J. O. Missa de Alcaçus: aproximações melódicas com os romances medievais ibéricos. 2014. 187 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014. MEDEIROS, F. T. S. Importância do estudo analítico e musical para a construção de um imaginário interpretativo para Navio negreiro de Danilo Guanais. 2016. 120 p. Dissertação (Mestrado em Música) - Universidade de Aveiro, Aveiro, Portugal, 2016. NÓBREGA, A. P. A música no Movimento Armorial. In: CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA (ANPPOM), 17., São Paulo, Anais... São Paulo: UNESP, 2007. OLIVEIRA, D. C. G. A paixão segundo Alcaçus: conciliação de diferenças na composição musical. 2013. 207 f. Tese (Doutorado em Música) - Centro de Letras e Arte, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. PEREIRA, J. P. Aspectos técnico-interpretativos nas “Três Tocatas Armoriais” para violão solo de Danilo Guanais: novos caminhos da música armorial. 2016, 110 f. Dissertação (Mestrado em Música) - Escola de Música da UFRN, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016. PETRI, A. Obras de Compositores Brasileiros para Fagote Solo. 1999. vol. 1: texto; vol. 2: Partituras. Dissertação (Mestrado em música) - Escola de música, Universidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1999. QUEIROZ, R. B. Abordagem Analítico-interpretativa da Sonatina (1995) para Violino e Piano de Danilo Guanais. 2002, 166 p. Dissertação (Mestrado em Artes) - Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002. RAPOPORT, R. Complete Finger Chart. [S.l.]: Editora Accolade, 2010. SANTOS, I. M. F. Em demanda da Poética Popular: Ariano Suassuna e o Movimento Armorial. Campinas, SP: Editora Unicamp, 2009. WEISBERG, Arthur. The art of wind playing. [S.l.]: Hal Leonard Corporation, 2007. WINTER, L. L.; SILVEIRA, F. J. Interpretação e execução: reflexões sobre a prática musical. Per Musi, Belo Horizonte, n. 13, p. 63-71, 2006. APÊNDICE A - Recital de Mestrado

Recital disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=pod9--wbivs>.

Page 45: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

48

APÊNDICE B - Entrevistas

Entrevista com o Prof. Danilo Guanais realizada em 23 de outubro de 2017

AS: Qual foi sua motivação para compor o primeiro concerto para fagote e orquestra

do Rio Grande do Norte? Qual sua relação com o instrumento?

Sempre gostei do timbre do instrumento e tive a oportunidade de estuda-lo, anos

atrás, com o prof. Péricles Johnson. Desde aquela época (década de 90), penso em

escrever um concerto para fagote.

AS: Esta obra faz referência ao estilo armorial?

Sim. Apesar de sua sonoridade romântica, o concerto faz uso de modos nordestinos

e pequenos motivos de inspiração da Cultura Popular nordestina. Entretanto, de

maneira mais sutil do que em outras obras como a “Paixão segundo Alcaçus” e “O

turista aprendiz”, por exemplo.

AS: A partir do século XIX com a música programática e o nacionalismo a terminologia

musical ganhou maior importância. Alguns acreditavam que títulos e termos

relacionados a literatura, folclore e outras artes, poderiam ajudar os compositores no

processo de interação com o público. Neste sentido os termos agreste, sereno e

brincante trazem alguma relação extra musical?

Não exatamente. Para mim, são só termos que pertencem ao universo vocabular

nordestino. Não estão lá para expressar nada do que considero intrínseco à obra. No

entanto, acredito no poder que têm para sugerir ao ouvinte uma atmosfera que pode

impregnar sua apreciação de maneira a conduzi-lo a esse universo.

AS: Tive acesso a análise de algumas de suas obras através de trabalhos acadêmicos

de outros autores e pude observar que você utiliza “modernas” técnicas de

composição na harmonia e na forma como manipula suas melodias (série de notas

por exemplo). Paralelamente a estes procedimentos é possível notar em algumas de

suas obras a presença de elementos da música folclórica e popular, sobretudo nas

melodias e ritmos. Você fez algo semelhante no concerto para fagote?

Sim, embora de maneira sutil se comparado a outras obras. Exemplos:

Page 46: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

49

Harmonização por Discante Dual (um método de harmonização que inventei por

ocasião da composição da “Paixão segundo Alcaçus”, em 2012) nos primeiros

compassos (madeiras); idem cc 181-184 (metais); cc 191-194, 199, 201 (metais);

Os compassos 95 a 100 (cadência solo - início) são notas de uma série dodecafônica.

178-180 idem

O tema da flauta no início do “Sereno” é uma série dodecafônica. Ela volta transposta

no solo de trompa cc 345-348

Nenhuma das séries é desenvolvida pelo método dodecafônico em si. Elas surgem

apenas como material temático para dar variedade ao discurso eminentemente tonal

romântico da obra.

Não existem materiais oriundos do folclore, no entanto existem sim elementos de sua

escrita como modos nordestinos e ritmos derivados de padrões típicos da música

nordestina.

AS: Minha pesquisa planeja fazer uma análise musical e técnica dos principais trechos

da obra. O objetivo é separar os trechos considerados como mais difíceis e com base

nos principais métodos, traçar estratégias de estudo para a parte do fagote que

poderão servir de base para futuras performances da obra. Gostaria de saber o que

significa análise musical para você e se você considera possível um intérprete

executar uma obra sem fazer uma análise musical da obra?

Para mim, analisar consiste essencialmente em fragmentar o que se quer estudar

para entender aspectos de construção e elaboração e depois reconstruir de volta,

agora com uma dimensão mais completa e profunda do que é percebido como obra.

Acho que é possível interpretar sem analisar. No entanto, considero muito provável

que se trate, assim, de uma interpretação vaga e incompleta.

Entrevista concedida pelo Prof. Danilo Guanais, via email,

em 10 de setembro de 2018

Está certo o discante dual que achei entre os metais?

DG: Ok. A melodia principal (S) é a do 2o trompete (mi-fá-sol). As melodias P1 e P2

são respectivamente as do 1o trompete (ré-dó-lá) e da trompa (lá-sol-ré). As outras

Page 47: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

50

são derivadas delas: A tuba é uma outra versão de P1. Os trombones 1 e 2 são os

mesmos S e P1 em outras oitavas, mas trocam suas posições no c. 10.

Enumerei as principais células rítmicas, derivadas do tema B, que foram utilizadas no

primeiro movimento do concerto para construção das suas diferentes seções. Além

de serem muito úteis para criar novas combinações sonoras (junto com o plano

harmônico que você utiliza), elas são um laço unificador entre as diferentes seções

produzidas pelo tema B?

Célula 1

Célula 2

Célula 3

Célula 4

Célula 6

R: Exatamente!

As células 3, 4 e 6 não fazem sentido para mim...

Este é o principal motivo da primeira seção?:

Esse motivo é na verdade, um GESTO. É uma maneira de iniciar o discurso. O gesto

se desenvolve para gerar o TEMA.

Page 48: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

51

Veja se esta sequência em minha análise faz sentido para você: Desenvolvimento do

tema: frase das cordas c. 6-10 (uníssono), frase dos metais c. 9-12 (discante dual),

frase das cordas c. 12-16 (discante dual), contraponto imitativo nos c. 19 e 20)?

Dg: A seção das cordas no início (cc. 12-16) foi construída com base numa técnica de

harmonização que uso há anos, misturando modalismo harmônico com politonalismo.

Violinos, violas e cellos harmonizam uma cadência simples em Lá menor dórico, com

os acordes (Am – G – D – Am). Os contrabaixos fazem as fundamentais dos acordes,

uma 5a justa abaixo (Ré menor dórico, portanto).

DG: Seção n. 2, c. 21 - 70

Subseção n. 2.1, c. 21-53.

Encontramos o tema B nos c. 21 e 22.

Aqui fiquei em dúvida se o c. 47 é o final da seção?

Digo isso porque a cadência não é conclusiva (em mi menor?) e o tema reaparece

nas cordas, a partir do c. 48. Se eu marcasse como final da seção 2 o c. 53, estaria

certo?

DG: não é. o discurso simplesmente é transferido para a orquestra

DG: Eu consideraria subseções da seção inicial, após a introdução. Uma subseção

diferente foi composta a partir do c. 70. Ainda baseada em material do tema, agora

em derivações mais profundas. Essa seção vai até a apresentação da série, c. 95.

O tema do primeiro movimento para você está nos compassos 21 e 22?

DG: Isso

Para mim, funcionou assim:

A introdução, que foi composta depois, derivou do tema.

Seção n. 2.2, c. 54-63.

Seção n. 2.3, c. 63-70.

Nesta subseção, no c. 54 o fagote solo trabalha um material mais rítmico, com

combinações entre células rítmicas derivadas do tema. A seção inicia no tom de sol

menor, transposta para Fá M (c. 56) e G# m (c. 58), paralelamente as cordas

desenvolvem uma espécie de contra melodia, em movimento contrário a parte do

solista.

As células rítmicas, em quiáltera, utilizadas na parte do solista já haviam surgido na

segunda seção e agora aparecem de maneira mais enfática. É isso mesmo?

Page 49: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

52

As células rítmicas encontradas na segunda seção são utilizadas para

desenvolvimento das demais seções? Era isso que você queria dizer com

fragmentação do tema?

DG: Exatamente.

Seção n. 2.4, c. 70-81.

Novas combinações das células rítmicas e elaboração harmônica.

Seção n. 2.5, c. 81-95.

Tema A aparece nas cordas com variação rítmica e modulação, inicialmente na

tonalidade de Láb M?

Isso

Seção n. 3, c. 95-111.

Fagote solo

Seção n. 4 (conclusão/transição para mov II), c. 112-150.

Seção construída com base nas células rítmicas 6 e 3 (na parte solo), onde o fagote

solo apresenta um material rítmico, sob um acompanhamento orquestral que produz

um ambiente sonoro referente a música nordestina. A tonalidade inicial é Dó

mixolídio, seguido de G mixolídio, Ré mixolídio, Dó jônico....???

DG: isso

Page 50: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

Danilo Guanais

Concerto para Fagote e Orquestra

Natal-RN Libretto

2015

I – Agreste II – Sereno

III - Brincante

Page 51: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

Danilo Guanais Concerto para Fagote e Orquestra (2015) ____________________________________ O Concerto para fagote e orquestra foi iniciado em 2013 e concluído em 2015, pensado como um conjunto de três movimentos conectados de maneira contínua, em linguagem tonal tradicional, embora sem as preocupações formais que caracterizam o gênero. O diálogo entre o solista e a orquestra é articulado de maneira livre, com um discurso construído pela interação entre temas bem delineados nos três movimentos (Agreste – Sereno – Brincante). Orquestra: 2 flautas Oboé 2 clarinetes Bb Fagote Trompa F 2 trompetes Bb 2 trombones Tuba Percussão (2 percussionistas) (1: Tímpano / 2: triângulo) Cordas (Violinos I e II, violas, cellos e contrabaixos) ____________________________________

Page 52: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

���������

��

�� ������������

������

������

�����������

��������

��������������

����������

���

��������

���������

����������

�����������

������

�����������

����������

��

����

��

��

��

��

����

��

��

��

��

��

����������

� �

� �

������������������������ ������

!������"������

#����$��%&'(&)

� �

� �

� � � � � � �

� � � � � � �

� � � � � � �

� � � � � � �

� � � � � � �

� � � � � � �

� � �

� � � � � � �

� � � � �

� � � � �

� � � � � �

� � � � �

� � � � �

� �

��

��

� �� �

� �

� �

��

��

��

��

� ���

�� �

� �

��

� ��

�� �

��

��

���� � � �

���� � �

�� � � � �

���� � �

��� � � �

���� � �

��� � � �

��

��

��

Page 53: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

���*�*

�����*�*

����*

��*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

��

��

��

��

�� �� �

�� �� �

�� �

�� �

�� �

����*

��������*

���*�*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

�* �

��

��

��

��

�� ��

����� ��

� �

� �

� �

� �

� � � �

� � � � � �

� � � �

� � �

� � �

� �

��

� �

� � � � � �

� � �

� �

� � � � � �

� � � � � �

��

� �

��

� �

� � � � � � �

� � � �

���

� �

� �

� �

� �

� � �� �

�� � �� �

� �

���� � �

��� � � �

���� � �

��� � � �

���� � �

��� � � �

���� �

� � �

� � � ��

� �

� � �

��

� ��

��

� ��

��

��

� �

���

� �

� ���

����

� ��

���� � � �

���� �

� � � �

� �

��� ��

� �

� �

��

��

� � �

� �

� �

��

��

� � �

� �

�� � �

� ��

��

� � �

��

"������+� ������������������������ ������

Page 54: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

��������*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

� �� � ��

�� � �� � ��

��

� �� � ��

��� �� � ��

� �� � �� �

� ��

� �� � �� ������

��������*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

� �� � �� �

� �� � �� �

� � �� � �� �

� �� � �� � ��

� �� � �� � �� � �� �����

� �

� �

� �

�� � �

�� � �

���

��� � �

� �

� � � � �

� � � � � �

� �

� �

� �

� �

� �

��

��

��

��

��

� �

� � �

� � � � � �

� �

� �

� �

� �

� � �

� � �

� � �

� ���

��

��

� ����

��

�����

� �

����

� �

����

� ���

���

��� �

� ����

� �

��

� �

��

���

� �

��

� �

� � �

��

��

� �

��

��

���

� ��

��

� �

� �

�� �

� �

� �

�� �

��

���

����

��

��

����

��

��

��

��

� ��� �

��

��

� ��� �

��

�� �

�� � � �

� ����

��

��

�� � � �� �

� �

��

� �

� ��

��

��

� ��

��

� �

��

��

��

��

��

��

��

��� �

���

�� �

���

��

��

��

��

��

��

��

��

� �

��

"������+� ������������������������ ������

'

Page 55: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

��������*

����*

���*��

���*���

���*

��*

��*

� ��

��

�� ��

��

��

��

�� � ��

��

��

��

�� � �

�� � �

� �

� � �

� � �

� �

� �

����

���

��

��

���

��

��

���

� �

� ������

� �

� ������

� � �

� ��

� �

��

��

� �

��

���

� �

��

� �

��

��

�� �

��

� �

��� �

��

��

��

��� �

��

��

���

� �

��

� �

��

���

��

� �

��

� �

��

"������+� ������������������������ ������

Page 56: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

�*

��

��

��

����� � ����

�����

��

� ����

��

����� � ����

�����

��

� ��

�����

��

� �� � �

� � � � �

��

� � �

� � �

� �

� � �

� �

� �

� � � � � �

� � �

� � �

� � � �

� � � � � � �

� �

� �� �

� �

� �

� �

��

� �

��

� �

� �

� �� �

��

���

� �

��

� �

� ��

� �

� ��

��

��

��

� � �� �

��

�� �� �

��

��

��

� �����

��

� �����

�� �� �

��

�� �

� �

��

���

��

���

� �

� ���

����

����

� �

����

� �� �

� ��

�� �

��

�� ��

��

�� ��

��

� ���

��

�� �� �

� � �

� �

�� �

� � � � � � �

� �

� �� �

� �

� �

� ��

� ��

� ��

��

"������+� ������������������������ ������

)

Page 57: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

�����*�*

����*

��*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

��

��

��

��

��

��

� � �

� � �

���

� � �

� � �

� � �

���

� � �

� � �

� � �

� � �

� � �

��

� �

� �

� � �

� �

��

��

��

��

� � �

� � �

� � �

� � �

� ��

� � � �

� �

� �

� �

� �

� � �

� � �

� � �

��

��

��

��

� �

� � �

��

� �

� �

����

����

� �

� �

��

��

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� ��� ���

��

��

� ��� ���

��

��

��

� �

� �

� �

���

��

� �

� �

� �

���

��

���

��

��

� ����

��

� ����

� ��

��

��

� ���

��

��

��

� �� �� �

��

� �� �� � �

��

��

��

��

� �

�����

��

� �

� �

�� �

�� �

� �

��

� �

� ���

��

��

� ����

��

�� �

� ����

��

� ����

� �

� ��

�� ��

�� �

� �

� �

� �

�� � �

��

� ���

��

��

���

� �

��

� �

� �

� �

� �

� �

�� �

�� �

�� �

� �

� �

�� �

� �

� �

� �

� �

� � � � � � �

�� �

��

� �

��

"������+� ������������������������ ������

Page 58: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

��������*

���*��

���*���

���*

��*

��*

� �� �

��

� ��

��

��

��

� �� ����� � ��

�� �

��

��

� �

� �

��

��

��

�� �

� �

����

�� �

���

� �

����

��

��

��

���� �

� �������

��

������������

��

� �

�� ��

� � �

���

� �

��

� �� �

� � �

� ��

� � �

�� �

��

��

��

���

��

��

� ���

��

��

� �

��

"������+� ������������������������ ������

,

Page 59: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

��������*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

��

��

��

��

� �� � ��

� �� � ��

� �� � ��

� �� � ��

����� � ��� �� � �� �����

� �

� �

����

����

��

� � �

� �

����

����

��

��

��

� �

� � � �

� � �

� � � �

� � � �

� � � �

��

��

���

���

� �

� �

��

��

� ���

��

� �

� �

� �

��

��

��

��

�� ���

���

���

��

��

��

��

��

����

��

� ���

��

���

��

��

��

��

���

�� � � � �

� �

� �

��

���

��

���

��

��

��

��

� �

���

� ���

��

��

��

��

��

��

� �

��

��

� �

� �

� �

��

"������+� ������������������������ ������

-

Page 60: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*��

���*���

���*

��*

��*

�� �

��

�� �

�� �

�� �

��

��

��

�����

� �� �����

� � � � �

� � � � �

� � � � � � �

� � � � �

���

��

�� �

��

��

� � �

� � �

� � �

� �

� ��

��

��

���

�� ����

��

��

���

��

��

��

� �

��

��

��

� �

� ��

��

� ��

��

��

� �

��

��

��

��

���

� � � �

��

� �

��

� �

� �

� � �

� �

��

�� � � �

��

� �

��

� �

� �

� � �

� �

"������+� ������������������������ ������

.

Page 61: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

� ��

� ��

��������*

����*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

��

��

��

��

��

�� �����

� � � �

� �

� � � �

��

��

� � � �

� �

� � � �

��

���

� � �

� �

� �

� �

� � � � �

� �

��

� �

� �

� � �

� �

� � �

��

� �

��

��

��

��

� ��

��

��

� ��

��

��

��

�� �

��

�� �

� � �

��

� � �

��

��

�����

��

���

��

� �

� ���

����

��

��

����

���

��

��

��

� �

�� �

� � � �

��

��

�� �

� � �

��

��

��

� �

� � �

��

� � �

��

� �

��

��

��

���

� � �

� � �

��

��

� ��

��

����

���

��

��

��

��

�� �

�� � � �� �

� ���

� �

��

��

��� �

� ��

��

��

��

��

��

��

���

��

��

��

��� �

�� � ��

��

��

��

�� ��

��

� ���

����

� ��

���

��

��

���

��

� �

��

�� ��

� �

� �

��

� �

��

"������+� ������������������������ ������

&%

Page 62: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

���*�*

��*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

��

�*��

��

��

��

����� � ��

� ��

� � � � �

� ��

� � � � �

� �

� � � ��

� � � �

� � � � �

���

� � � � �

� � � �

� � � � �

��

��

��

��� �

��

��

���

� �

� � �

� �

��

��

��

��

��

���

� �

� � �

��

��

� �

� �

��

��

��

��� � �

��

���

� �� �

� � � �

��

�� �

� �

� � � �

��

��� � �

��

���

���

��

��

� �

� ���

��

��

� ���

����

��

��

�� ��

� � �

� ��� � � �

� ���

� �

� �

��

��

� ���

��

��

��

���

��

��� �

��

��

��

���

��

���

� �� �

��� �

� �

��

����

� � ���

����

��

��

���

��

��

���

��

���

� � � ���

�� � � �� �

�� ���

�� ��� ��

��

��

��

��

� ����

��

��

� ��

��

��

� ��

��

���

��� � �

��

���

��

� �

� � ���

��

��

� ���

����

��

��

��

��

� �

��

� ��

"������+� ������������������������ ������

&&

Page 63: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

�*

� ��

��������*

��

��������*

��*

��*

��

���

��

�� ����� � � ��

� � � � � � � �

� �

� � �

� � � �

� � � � � � �

� � �

� � �

��

� � �

� � � � �

� ��

� � � � � �

� � � � � � � �

� � � � � � � �

� � � � � � � � �

� � � � � � � �

� � � � � � � �

� ��

� �

� � �

� � ��

� �

� � ��

� �

� �

��

� �

� � � � � � � � � � � � � � � �

� � � � �

� � � � � �

���

���

� ��

� �

� �

� ��

����

���

�� � �

� �

��

��

��

���

����

�� �

����

�� � �

�� � � ����

�� � ��

� � �

��

��

� ��

��� � �

� �

� ���

����

��

� �

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

���

��

�� �

"������+� ������������������������ ������

&�

Page 64: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

��������*

���*��

���*���

���*

��*

��*

���

��

��

��

����� � �� ����� � ��

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

�����*�*

����*

��*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

��

��

��

��

�*

��

��*

�*

��

��

����� � ��

� � � � � �

� � � � � � � � � � � � �

� �

� � � � � �

� �

� � � � � �

� �

� �

� � � �

�� � � �

� � � �

� � � �

� � � � �

� � �

� � � � �

� � �

� �

� � �

� �

�� �

� �

� �

� �

� � � �

� � � � �

� �

� � � � � �

� � � � � � �

�� � � �

�� � � �

� � � �

�� � � �

� � � �

��

��

� �

��

��

���

��

� �

��

��

��

��

��

��

�� �

��

��

��

��

�� �

��

��

��

��

��

�� �

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

� ��

��

��

��

��

��

��

��

� �

��

��

� �

��

��

��

� �

��

��

��

��

� �

�� �

��

��

��

��

��

��

��

��

� �

��

��

��

��

�� �

��

��

��

� �

��

��

��

�� �

�� �

�� �

��

�� �

� �

��

��

���

� ��

�� �

��

��

� �

��

��

� �

��

� �

� � �

��

��

� �

��

� �

��

"������+� ������������������������ ������

&'

Page 65: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

��������*

���*�*

�����*�*

����*

��*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

��

��*

�����

�����

�����

�����

�����

� �

� �

� ��

��

� �

� �

��

���

��

� � �

� � � �

� � � �

� � � � �

� � � �

� � � �

��

� �

��

� �

� �

��

��

��

��

� �

��

���

��

��

��

����

��

�� �

���

��

� ��

��

��

��

��

��

� �

��

� �

� � �� �

���

��

��

�� �

��

� �

��

��

��

��

� �

� �� �

�� � �

���

����

� �

��

��

��� � �

��

� �

� � �

� ���

� �

��

�� �

� �

� � �

� �

��

� � �

� �

��

� �

� �

"������+� ������������������������ ������

&�

Page 66: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

�����*�*

����*

��*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

��

��

��

��

���

��

� �

� �

� � �

� � �

� ��

� �

��

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� � �

� � �

��

� � �

� � �

� � � �

��������������������

��������������

���������������

��������������������

� � � �

� � � �

� � � � �

� � � �

� � � �

� �

� �

��

��

��

��

��

��

��

��

��

� �

��

�� �

� ���

��

��

��

��

��

��

��

���

��

��

��

��

��

��

��

��

� � �

��

��

��

��

��

�� � �

� �

� � � � � � �

� �

� �

��

� �

� �

� �

�� �

"������+� ������������������������ ������

&)

Page 67: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

�����*�*

����*

��*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

����������

���

����������

� ���

� ���

� ���

� ���

� ��

��

� � � � � � � �

� � � � � � � �

��

� � � � � � � �

� � � � � � � �

� �

� �

� �

� � ��

������

� �

� � � � � � � �

� �

��

� � � � � � � �

��

� � � � � � � �

� � � � � � � �

� � � � � � � �

� � � � � � � �

� � � � � � � �

� � � � � � � �

��

� � � � � � � �

��

� � � � � � � �

� � � � � � � �

� �

� �

� �

� �

��

��

��

��

��

���

�� � � � �� �

��

��

��

��

�� � � � � �� ����

��

� �

��

��

� �

� � �

��

� �

��

� �

��

� �

��

� �

� �

"������+� ������������������������ ������

&�

Page 68: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

�*

��

���

������

��

� � �

� � ��

��

� � �

� �

� � � � � �

� � � �

� � � �

� � � � �

� � � �

� � �

�� ��

��

�� �

��

��

��

�� �

��

� �

��

����

� �

�� ��

��

� �

��

���

� �

��

��

�����

���

� �

� � �

��

� � �

� �

� �

���

���

� �

"������+� ������������������������ ������

&,

Page 69: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

���

� �

� � � � �

� � � � �

��� � � � � �

� � � � �

� � � �

� � � �

� � �

� �

� ����

� �

� �

�� �

� ��

��� �

������ ��

��� � � � �

���

��

� � � � ����

��

� �

� �

� �

� �

� � � ��

� �

� �

� �

� �

��

� �� �

� �� �

� � �

��� �

�� � �� �

�� �

���

� �� �

� �� �

� �

��

��

��

��

"������+� ������������������������ ������

&-

Page 70: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

��������*

���*�*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

�*

��

��

��

��

� �

� � �

� � � �

� �

� � � �

� � � � �

�� ��

��

�� �

��

��

��

� �

��

��

��

� �

��

��

��

��

� ��

�� � � � ���

��

��

� �

� �

� �

� � �

� �� �

� �

��

��

� �

� �

� �

� � � �

� �

� �� �

� ��

� �

� �

� � �

� �

� �

���

���

� ��

���

��

"������+� ������������������������ ������

&.

Page 71: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

���

� ��

� � � �

� � �

� � � �

� �

� �

��

� � �

� �

���

��

��

��

��

���

� ��

��

��

��

���

��

�� � �����

�� ��

� �

��

� �

� � � � ���

��

� �

� �

� �

� �� �

� �

� ��� �

� �

� �

� �

� � � �

� �� �

���

� � �� �

� �

� � �

� �

��

� �

� �� �

��

� �

� � � ��

"������+� ������������������������ ������

�%

Page 72: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

����*

��*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

���

� � � � �

� � � � �

��

� � � � �

� � � � �

� � � � � �

� � � � � �

� �

� � � � � �

� � � � �

� � � �

� � � �

� � � � �

� � � �

� � � �

��

��

��

�� ��

��

���

�� ��

� ���

� ���

��

��

��

��

��

��

� �

� ��

�� �

� �

��

� �

� � �

��

��

� �

���

� �

� � ��

� �

"������+� ������������������������ ������

�&

Page 73: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

��������*

���*�*

����*

��*

����*

���*

��*

��*

���&�%

��

��

��

� ��

���&�%

�� �����

��

�����

� � �

������ �������

� � �

� � �

���

� � �

� � �

� �

��� �

� �

��������������������

� � � � �

� � � �

� � �

��� �

��

��

��

���

��

���

��

���

��

���

�� ��

� ��

��

��

� � ��

��

��

��

��

� �

� �

� ��

� �

�� �

� �

��

���

��

"������+� ������������������������ ������

��

Page 74: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

�����*�*

����*

��*

����*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

���

��

���*

��

��

��

�* �� �/��

�� �*

��

��

��

��

�� � ��

�����

�� � ��

� � �

��

� �

� � �

� � �

� �

� �

� � �

� �

���

��

��

� �

� � �

� � �

� �

��

� � �

� �

��

��

� �

� �

� �

� � � �

���

��

� � �

��

��

��

� �

��

� � ��

� �

� �

��

��

� �

� �

� � �

� � �

� � �

� � � �

��

� � �

��

� ��

��

��

�� �

� ���

����

�� ��

��

��

��

��

� �

��

� ���

��

��

� � � �

���

��

��

� � �

� �

� ��

� �

� ��

��

��

�� �

� ���

� ��

���

��

��

��

��

� �

�� �

� �

�� �

��

���

��

� � �

���

��

��� �

���

��

��� �

��

� ��

���

��

����

���

� � � �

��

���

� �

��

�� �

��

� ��

��

��

��

� ���

��

���

��

��

��

�� � ��

� � �

�� � � �

� � �

�� ��

��

��

� � �

�� �

��

���

� �

� �

� � �

� � � �

��

��

� �

� � � �

��

��

��

� � �

���

��

� �

��

� ��

��

�� �

� � � �

� �

��

��

� � �

��

� �

��

� ��

� � �

"������+� ������������������������ ������

�'

Page 75: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

����*

��*

��*

��*

��

���

��

���*

��

��

�����

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

����*

��*

����*

���*��

���*���

���*

��*

��*

�*

�����

� ��� ����� � ��

� ��� ������ ��

� � � � �

� � � � �

���

� �

� �

� �

� � � � �

���

��� �

��

� �

��

� � �

� � � �

� �

��

� �

� �

� �

� � �

� � � �

� � � � �

� � � �

� � �

���

� � � �

���

�� �

���

� � � � �

��� �

� �

� � � �

� � � �

� � � �

� � � � �

��

�� �

���

��

� �

���

��

��

��

���

� �

� ��

� �

� � �

���

��

� �

����

���

��

������

����

��

�� �

���

���

�� �

���

��

� � �

��

���

� ���

��

��

� �

��

��

� �

��

��

� �

��

�� � �

���

��

�� � �

��

��

��

��

��

��

� � �

���

��

� � �

�� �

� ��

��

� ���

� � �

��

��

��

��

��

���

��

��

� ��

��

��

����

��

���

��

��

��

���

��

��

� ��

��� �

��

��

��

����

��

����

��

��

�� ����

�� ����

��

�� � �

���

��

��

� � � ��

� � ��

� � �

��

��

��

��

� ���

� ���

� �

� �

� ��

����

� �

�� �

� �

��

���

��

��

� � ��

� �

"������+� ������������������������ ������

��

Page 76: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

�����*�*

����*

��*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

�*

��*

��

��

��

��

��

��

��

��

� � � ��

� � � �

��

� � � �

��

���

� �

��

� � �

� � �

� �

�� �

� � �

� � � � �

� �

��

��

� �

� �

� �

� �

��

� �

� � �

� �

� � �

� �

��

� �

� � �

� �

� �

� �

��

� � �

��

� ��

� �

��

���

��

��

��

���

��

��

��

� � �

��

� �

��

���

��

��

��

� � �

��

��

���

��

��

��

��

� � �

��

���

��

��

� �

��

��

��

���

��

���

� � �

��

� ��

� �

� �

��

��� �

���

� ��

��

��

� �

��

��

��

��

���

��

��

��

��

���

��

��� �

��

��

� �

��

� �

��

��

��

��

��

"������+� ������������������������ ������

�)

Page 77: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

��*

���*��

��*

��*

��

�����

�����

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

��*

���*

��*

��*

��

�*

��

�*��

��

� ��

� � �

� �

� �

��

��

��

��

���

���

� ��

� ��

��

� �

� �

��

�� �

� �

��

� ��

��

��

�� �

� �

� �

� �

� � �

� �

��

� �

� �

� �

� �

� �

��

��

���

� � � �

� �

�����������������������������������������������������������

��

� �

��

��

� �

����

� � � �

� � �

��

��

� ��

���

��

��

��

��

��

��

� �

��

� � �

��

� �

��

��

����

��

����

�� � �

��

��

��

��

��

��

��

��

���

������

��

�����

��

���� ��

��

� � �

�����

��

��

����

���

��

��

��

��

��

� �

��

�����

��

���

��

� ���

����

��

� �

���

��

��

��

���� ��

��

�� � �

��

� ��

��

��

��

�� �

��

��

�����

��

� ��

��

� � �

��

��� �

����

�� �

� �� �

� ��� � �

��

� �

��

��

� ��

� ��

� �

��

��

��

��

��

��� �

�����

��

� ��

��

� �

� �� �

�� �

� �

��

� �

��

� ��

�����

�� ��

��� ��

�� ���� ��

�� ����

� �

����

� � �

� ��

� ��

��

����

����

�� � �

��� �

��

��

��

����

� � �

� � �

� �

"������+� ������������������������ ������

��

Page 78: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

���*�*

�����*�*

����*

��*

����*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

��

��

��

��

� � � � �

� � � �

� �

� �

��

� �

� �

� �

��

� �

� �

� �

��

� �

� �

� �

� �

� �

� �

��

� �

� �

��

� �

� �

��

�� �

� � �

� � �

� � �

� � � �

� �

� � �

����

��

���

���

���

����

��

����

���

��

���� ��

�� �

��

� �

��

��

���

���� ��

��� ��

� ����

�����

��

���

���

��

� � �

� � �

� �

� �

� �

� �

��

���

��

�� � �

���

��

��

����

� ��

����

� ��

����

� � �

����

��

����

����

��

���

� � �

"������+� ������������������������ ������

�,

Page 79: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

����*

��*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

��

�� ��

�� ��

� �

� �

� �

� �

� ���

��

� �

�� �

� �

� �

� �

� � �

� �

� �

� �

� �

��

� � � �

��

��

� �

� �

��

� � �

�����������������������������������������

� � �

� �

� �

� ����

�� �

�� �

�� �

��

� �

��

� �� �

��

� �

�� �

�� �

� �

��

��

� �

���

� ����� ��

� ����

��

���

��

��

� �

��

��

��

� �

� ��

� ��

��� �

�����

��� �

�����

����� �

��

��

��

���

��

��

��

��

� �

���

� ��

� � �

� � � � � �

� ��

� ��

� ��

�� � �

� �

�� � �

�� � �

� ��

��

� � �

��

� � �� � �

� � �

� � �

� � �

�� � �

� ��

� ��

� ��

� ��

� ��

���

� ��

� ��

"������+� ������������������������ ������

�-

Page 80: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

�����*�*

��*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

��

��

��

�� � �

��

� �

�� � �

��

� �

� �

� �

� � �

� �

� �

� � �

� �

� �

� �

���

� � � �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� � � �

� � � � �

��

�� � �

� � � �

� � � �

� � � �

��

� �

��

��

��

� �� �

�� �

��

�� � �

� �� �

��

��

��

��

��

� ��

��

�� ��

����

� ������

� � � � � � �����

�������

�����

�������

�������� �

��

�� �

�� �

� �

��

� �

��

� � � ��

� ��

����

����

�� � � �� � �

� ��

� ��

� ��

����������

����������

�� � �

��

�� � �

���� � �

� � �����������

����������

��

��

� �

��

��

��

� �

��

�� ��

� � �����������

����������

��

� �� ��

� ��

� �� ��

��� �

�� � �

����������

���������� ��

�� ���

��

�� ���

�� � �

� � �

�� � �

"������+� ������������������������ ������

�.

Page 81: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

����*

��*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

� � ��

��

� � ��

� � ��

� � ��

�� ��

��

��

��

��

��

� �

��

� �

� �

� �

� �

� �

�� �

� �

� � �

� � �

�������������������������������������������������������������������������

� � �

� � � �� � � �

� � � � � � � �

� � � � � � � �

� � � �

� � � �

� � � � � � � �

���

���

���

���

��

��

���

���

���

���

��

��

��

��

���

�����

����

���

�����

����

��

�� �

���

� � � �

���

��

���

���

��

����

��

��

���

��

���

���

��

����

��

��

��

� �

����

������

���

�����

�����

���

��

�� �

��

� �

�����

� ������

� � � � � �

��� �

�����

��� �

�����

��

� �

��

� �

��

��

��� �

� �

� � � � � ���

��

� ��

��

��

� ��

� � �� �

���

� � � �� � � � � �

� ��

� � �� � �

� � � � � � � � � � � �

�� ��

� � �� � �

� � � � � ���

� � � �

�� � �

� � �� � �

�� � � � � ���

� � � �

� ��

� ��

� � �

���

� � � �� � � � � �

"������+� ������������������������ ������

'%

Page 82: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

�����*�*

����*

��*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

�* �

��

�* �

�� �

��

�� �

� � � �

��

� � � �

� � � � � � � � � �

� � � �

� � � � � � � � � �

� � � �

�����������������������������

����������������������������������������������������������

� �

�����������������������������������������

� � � � �

� � � ��

� � � ��

� �

� � � �

� �

� � � �

� �

��

�� � �

������������

������������

���

������

���

�� �

�� � � �

����������

������������

����

�������

��

��

� �

� � � �

�������

������������

���

��������

��

���

��

� �

� �

��

� � � � �

�����

������������

���

������

���

��

��� �

����

��� �

���

�� �

�� �

� ��� �

��

�� �� �

���

��

��

� � �

� ��

� ��

�� � �

��

��

� ��

��

� � � � �

�� � �

������������

������������

��

��

��

���

� � � ��

� � �

������������

������������

��

��

��

��

� � � �

�� � �

��

���

� � � �

� � ��� �

� ��

��

� � � � � �

� � �

���

� ��

��

"������+� ������������������������ ������

'&

Page 83: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

�����*�*

����*

��*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

�*

��

��*�

��

��

��

��

�����

�����

� � � �

� � � �

� �

� � � �

� � � �

� �

� �

� �

��

� �

� � � � �

� � � � � � � � � �

� � � �

� � � � � � � � � �

� � � �

��

� � �

����

� � �

�� ������������������������������������������ �

� � � �

� � �

� � �

� � � �

� �

�����

�����

���

���

���

���

�����

���

��

�� � �

����

��

���

���

��

���

�����

���

��

��

� �

��� �

�������

���

� ��������

�����

��

��

��

��� �

�� ��

� � �

� � �

� �� �

���

� � �

����

� � � ��

��

� ��

��

��

��

�� �

�� �

��

��

� ��

� ��

��

��

��� � � �� � �

� �� �

���

� � �

� �

� �

� ��

��

� ��

��

� � � �

� �

�� �

� �

��

����

"������+� ������������������������ ������

'�

Page 84: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

��*

���*��

���*���

���*

��*

��*

�� �

��

�� �

�* ��

�� �

� � ��

� � ��

� � ��

����� � ��� �

� ��� ����� � ��

� �

��

��

��

��

���

��

� � � �

��

� �

��

��

��

� �

� �

� �

� � � � �

���

�� �

� � � � � �

� �

��

��

��

��

���

��

��

��

� �

� �

� �

����

� � �

����

��

� �

���

��

����

��

�� �

��

�� �

���

���

����

���

��

���

��

��

� �� �

��

� �

� �

� �

��

� �

� � �

� �

��

��

��

� �

� �

��

���

��

��

��

��

��

����� ��

��

��

����

��� � � � � �

�����

����

�� � �

��

��

��

��

������������

�����������

�� �

���

� ���

� ���

�������������

�����������

� �

� �

��

��

���

��

���

�������������

�����������

��

��

��

� �

���

��

��

��

���

� �

��

� �

��

��

��

��

��

��

��

��

� � �

��

��

� �

� ��

��

"������+� ������������������������ ������

''

Page 85: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

�� �

�����

��

� � � �

� � � �

��

��

��

� � � �

� � � �

���

� �

� � � �

� �

� � � � � � � � � �

� �� � � � � � � �

� � � � � � � � � �

� � � � � � � �

��

� � � �

��

� �

��

��

���

��

��

� �

� �

��

���

��

��� �

��

���� �

��

��

�� �

��

���

�� �

��

��

� �

��

��

���

� � � �� �

� � � �

��

�� � � �

������������

��

��

�� �

��

� � � �

���

� � � �

����������

��

���

���

�� �

��

� � � �

��

� � � �

������

��

��

��

��

��

��

�� �

� � � �

�� �

�� � � �

�� ��

��

� �

� �

��

� ���

� � � � �

"������+� ������������������������ ������

'�

Page 86: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

��������*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

�� �

��

� �

� � �

� �

� � � �

� � � �

� � � � � � � � � �

� � � � � � � � � �

� � � � � � � �

� �

� ��

��

��

��

��� �

��

���� �

��

�� � � � � �

��

��

� �

��

��

����������

� � � �

� � ��� � � �

� �

� � � �

�����������

����������

����������

� � � ��

�� �

� � � �

�� �

� � � �

����������

���������

��

���������

� � � ��� ��

� � � �

� �

� � � �

� ������

���������

����������

��

� � � ��

���

�� � � �

���

�� � � �

� ��

����������

� �

���

� �

��

� � � � �

"������+� ������������������������ ������

')

Page 87: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

�����*�*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

��

� �

� �

� �

� �

� �� �����

� � � �

� � � �

� � � �

� � � �

� �

� �

� �

��

� �

��

��

� �

� � �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� � � �

� �

�� �

��

��

��

��

�� �

��

��

��

��

��

��

��

� � �

��

��� �

������

��� �

�����

���� �

��

��

���

� ������

� � � � � �

��

��

��

�� �

� �

��

� �

��

� � � �

�� �

� ��

� ��

��

��

� ��

� ��

�� � �

� �

�� � �

�� � �

� ��

����������

�����������

��

� �

��

� �� �

�� � � � � �

����������

�����������

� �

� �

� �

� ��

� ��

����������

�����������

��

� �

�� ��

� ��

� ��

����������

�����������

� ��

� � ��

"������+� ������������������������ ������

'�

Page 88: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

����*

��*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

��

� �

��

� �

��

� �

��

� �

��

� ��

��

� � �

� � �

� � �

� � �

� �

� �

� �

� � �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

��

� �

� �

� �

�������������������������������������

� � �

��

��

���

���

����

����

��

��

�� ��

����

��������

� �� �

����

����

����

������

��

�� ��

���

���������

���� �

��������

���� �

�������

������� �

��

�� �

����

� ��������

� � �

��

� �

��

� �

� �

� ��

���

��

�� �

���

� �

�� � � �� � �

� ��

� ��

� ��

��

� � � �

��

��

� � � �

�� �� ��

� ��

� � �

�� �

��

�� �

��

�� ��

� ��

� ��

��

��� ��

� ��

��� ��

� ��

�� ��

�� ��

��

�� � �

��

�� � �

�� � �

�� � �

� ��

��

��

��

��

�� ��

� � �� � �

"������+� ������������������������ ������

',

Page 89: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

�����*�*

����*

��*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

��

��

��

��

��

��������*

����*

�� � ��

��-% �����������

��

��

��

��

��

� �

� �

��

��

� � � �� �

��

� � �

� � �

��

� � �

��

� � �

�� �����������������������������������

�����������������������������

� �

� � � � � � � � � � � �

��

� � � �� � � � � � � �

��

� � � �

� � � � � � � �

��

� � � � � � � �

� � � �

��

� � � �

� � � �

� � � �

��

��

���

���

���

��

� �

��

���

�� �

� �

� � � �

���

���

����

����

��

��

��

� ��

� �

��

�� � �

����

��������

� �

�� � �

�� �

��

� � � �

�� � �

����

����

����

�������

��

��

� �

��

� �

��

� � �

����

��������

��

��

� �

��

� �

���

� ��

��

� � �

� � � ��� �

�����

���� �

�����

��� �

����

� ��

��

��� �

� � � �

��

� ��

��

� ���

��

��

��� � ��

� � �

� ��

��

��

����

� � � � � �

��

��

��

��

� ��

���

� � � ��� � � � � �

��

� � � �

� � �

� � ��� � � � � �

��

� � � � ���

� � � �

� � �

� �� � � � � � �

��

� � � � ���

� � � �

� � �

�� ��

��

� � � �� � � � � �

� � � � � �

��

� � �

� �� �� � � � � �

��

� � � �

���

� � � �

� � �

� �

�����

����� ��

����

���

��

���

��

��

� � � �

� �

� � � �

"������+� ������������������������ ������

'-

Page 90: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

��������*

��

��������*

��

��������*

�������

��

��-%

��

��������*

��

��������*

��������*

���*

��*

��*

������

������

�� �

��

��

��

��

���

��

��

���

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

���

�����

��� �

��

� �

� �

� �

��

� �

� �

� � �

� � �

� � � �

��

��

���

��� �

�� ��

���

�� �

���

� �

���

���

���

����

���

��

���

���

����

����

���

��

���

���

��

�� �����

���

��

���

���

��

���

��

���

��

��

��

���

��

��

� �

� ��

��

� � �

� ��

����

� ���

��

��

�� � �

� �

��

��

��

� � ��

��

��

��

� �

��

� �

��

� �

���

��

����

����

��

����

��

��

��

��

� ��

� �

��

��

��

� ��

��

��

��

"������+� ������������������������ ������

'.

Page 91: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

�� �*�*

��������*

��*

����*

���*��

���*���

���*

��*

��*

���*

��

��

��

��

��

��

��

� � �

���

��

���

��

� �

��� �

� �

� � � � � �

� � � � � �

� � � � � � �

���

��

��

� � �

��� �

��

��

��

���

��

���

��

��� �

���

��

��� �

��

���

��

�� � � �

� � �

��

��

��

���

� �

� �

� ��

���

��

� �

��

� ��

� �

�� �

� �

��

���

��

� � � �

� �

��

��

� � �

��

"������+� ������������������������ ������

�%

Page 92: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

�����*�*

����*

��*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

�����������

���%

��

��

��

��

�*�� �/��

�� �*

��

�����������

���%

�� �

�� �

�� �

� �� �

� ��

������

��

� �

� � �

� � �

� �

� �

� � � �

� �

�� � � �

��

� �

� � �

� � �

� �

��

� � � �

� �

��

� � � �

� �

� �

� �

��

� � �

���

��

��

��

��

� �

��

� � � �

� �

� �

��

��

� � � �

� �

� � � �

� � � � � �

� � � � � � �

��

�� �

��

���

��

��

�� �

� ���

����

�� ��

��

��

��

��

� �

��

� ���

��

��

� � � �

� �

���

� �

���

��

��

�� �

� ���

� ��

���

��

��

��

��

� �

�� �

� �

�� �

��

���

��

� � �

� ��

���

��

����

���

� � � � �

�� ��

��

��

�� �

��

� �

��

���

� �

��

���

��

� ��

��

��

��

� ���

��

���

��

��

��

�� � ��

� � �

�� ��

��

��

� � �

� � �

� �

� �

� � �

� � � � ��

��

� �

��

��

� �

� � � � �

��

��

��

��

��

� � � �

� �

� � �

� �

� �

� �

��

� ��

� � � � �

� � �

��

��

��

� �

"������+� ������������������������ ������

�&

Page 93: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

�����*�*

����*

��*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

��

��&�%

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��&�%

� �

� �

��

��

� �

� �

��

� �

� �

��

��

��

��

� �

� �

� �

� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

��

� �

� �

� �

� �

� �

��

� �

� �

� �

� �

� � � �

� �

� � � �

�� �

� �� �

��

�� �

� ���

��

���

�� �

���

� ��

� ��

��

�� �

� ��

��

��

��

��

��

��

��

��

� ��

� ����

�� ��

� ���� �

���

��� �

� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �

� � �

� � �

�� �

�� �

� �

� �

� � �

� � �

�� �

�� �

� �

� �

� � �

� � �

�� �

�� �

� �

� �

� � �

� � �

� �

� �

� �

� �� � �

� � �

� �

� �

� �

� �

� � � �

�� � � �

� � � �

�� � � �

��

��

��

��

���

� �

���

���

�� �

���

���

� �

���

��

���

��

���

���

� �

���

���

� �

���

���

�� �

���

���

� �

���

��

���

� ����

���

� �

���

���

� �

���

���

�� �

���

���

��

���

��

���

��

���

��

���

��

���

��

���

��

���

��

��

��

��

��

��

��

��

��

"������+� ������������������������ ������

��

Page 94: uma abordagem técnico-interpretativa CONCERTO PARA …

����*

*

�� �*�*

���*

��������*

���*�*

�����*�*

����*

��*

����*

���*

���*��

���*���

���*

��*

��*

�� � �

�� � �

�� � �

�� � �

� �

��

� �

� �

��

� �

� �

� �

��

� �

��

� �

��

��

��

��

� � � � � � � � � � � � � � � � � � �

��

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� �

� � �

��

� �

� �

� �

��

� �

� �

� �

� �

� �

��

� �

� �

� �

� �

� �

��

� �

� ��

��

� �

� � � �

� �

� � � �

� �

� � � �

� �

�����������

��������������������������������������� �

��

��

��

� �

� ��

��

��

� ��

��

� �

��

� ��

��

� �

��

��

�� �

��

� � �

���

� � �

���

� � � �

�� �

��

��

�� �

��

��

�� �

��

��

��

��

��

��

��

���

��

��

� � � �

�� �

�� �

��

���

��

� ��

� ��

� � � �

� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �

� � � � �

� � �

� � �

�� �

�� �

� �

� �

� � �

� � �

�� �

�� �

� �

� �

� � �

� � �

�� �

�� �

� �

� �

� �

� � �

� � �

� �

� �

� �

� �� � �

� � �

� �

� �

� �

� �� � �

� � �

� �

� �

� �

� ��

��

� � � �

�� � � �

� � � �

�� � � �

� � � �

�� � � �

� � � �

� �

� � � �

��

� � � �

� ��

��

���

���

���

���

��

���

��

���

� �

���

� �

� � � �

���

��

���

���

���

���

���

��

���

��

� � � �

���

� �

���

���

��

���

���

���

���

���

� � � �

���

��

���

��

���

��

���

��

���

��

���

��

� � � �

��

��

��

��

��

���

��

��

� � � �

"������+� ������������������������ ������

�'