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International Congress of Critical Applied Linguistics Brasília, Brasil 19-21 Outubro 2015 323 UMA ANÁLISE FUNCIONAL DA MODALIDADE DEÔNTICA NOS CONTOS DE EDGAR ALLAN POE Larisse Carvalho de OLIVEIRA [email protected] Secretaria de Educação do Ceará Maria de Fátima de Sousa LOPES Secretaria de Educação do Município de Eusébio RESUMO Em decorrência do crescente fluxo de estudos funcionalistas da linguagem em diversas áreas do saber, a Literatura nos pareceu uma ótima manifestação linguística para a realização de uma análise funcional. Dessa forma, prestamo-nos a analisar alguns textos de Edgar Allan Poe, autor americano do período romântico de seu país. Partindo do pressuposto da importância da teoria funcionalista para análise linguística e do gênero conto ser uma narrativa breve, propusemo-nos a investigar a modalidade deôntica nos contos“O Coração Delator” (1843), “O Gato Preto” (1843), “O Caso do Senhor Valdemar” (1845), “O Barril de Amontilado” (1846) e “A Queda da Casa de Usher” (1839), a fim de analisarmos as possíveis “argumentações” do narrador, que aparece, frequentemente, em primeira pessoa, sendo essa uma das principais características dos contos de Poe. Para a realização da análise, utilizamos uma abordagem funcionalista da modalidade, partindo da compreensão de que os enunciados comunicativos dependem em parte das reais intenções do falante/autor em relação ao que espera ser compartilhado pelo ouvinte/leitor. Embasamo-nos nos trabalhos de Lopes (2009, 2012), Nogueira & Lopes (2011) Pessoa (2011), Lyons (1977), Palmer (1986), além do aparato funcionalista fornecido por Neves (1997). Analisamos qualitativamente o uso dos modalizadores, de modo a identificar os valores modais que as ocorrências adquiriram no texto, comparando-as por caso (narrador, personagem- narrador e personagem secundário). Avaliamos ainda o nível de obrigação exercido pelos personagens, priorizando àqueles com a função de narrador-personagem, que exerce maior força sobre o leitor, transpondo-o para dentro da história e fazendo dele seu narratário. Detectamos 25 ocorrências da modalidade deôntica nos textos observados, e constatamos que o narrador- personagem se impõe ao leitor indagando qual seria a atitude do mesmo frente aos fatos narrados, gerando no leitor uma obrigação a tomar o seu lugar dentro da obra. É possível pensar, assim, que os narradores idealizados de Poe indagam o leitor se as ações da narrativa são certas ou erradas, mesmo agindo na sua loucura/obsessão. Por fim, esse trabalho contribui para os estudos funcionalistas da modalidade, fazendo o leitor melhor compreender os efeitos de sentido que certas expressões modais possuem em textos literários. Palavras-chave: Funcionalismo, Modalidade Deôntica, Edgar Allan Poe 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Seguindo a ótica de que todo texto produzido por determinado autor tem uma função, seja ele literário ou não, optamos por trabalhar com os estudos funcionalistas,

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UMA ANÁLISE FUNCIONAL DA MODALIDADE DEÔNTICA NOS CONTOS

DE EDGAR ALLAN POE

Larisse Carvalho de OLIVEIRA

[email protected]

Secretaria de Educação do Ceará

Maria de Fátima de Sousa LOPES

Secretaria de Educação do Município de Eusébio

RESUMO

Em decorrência do crescente fluxo de estudos funcionalistas da linguagem em diversas áreas do

saber, a Literatura nos pareceu uma ótima manifestação linguística para a realização de uma

análise funcional. Dessa forma, prestamo-nos a analisar alguns textos de Edgar Allan Poe, autor

americano do período romântico de seu país. Partindo do pressuposto da importância da teoria

funcionalista para análise linguística e do gênero conto ser uma narrativa breve, propusemo-nos

a investigar a modalidade deôntica nos contos“O Coração Delator” (1843), “O Gato Preto”

(1843), “O Caso do Senhor Valdemar” (1845), “O Barril de Amontilado” (1846) e “A Queda da

Casa de Usher” (1839), a fim de analisarmos as possíveis “argumentações” do narrador, que

aparece, frequentemente, em primeira pessoa, sendo essa uma das principais características dos

contos de Poe. Para a realização da análise, utilizamos uma abordagem funcionalista da

modalidade, partindo da compreensão de que os enunciados comunicativos dependem em parte

das reais intenções do falante/autor em relação ao que espera ser compartilhado pelo

ouvinte/leitor. Embasamo-nos nos trabalhos de Lopes (2009, 2012), Nogueira & Lopes (2011)

Pessoa (2011), Lyons (1977), Palmer (1986), além do aparato funcionalista fornecido por Neves

(1997). Analisamos qualitativamente o uso dos modalizadores, de modo a identificar os valores

modais que as ocorrências adquiriram no texto, comparando-as por caso (narrador, personagem-

narrador e personagem secundário). Avaliamos ainda o nível de obrigação exercido pelos

personagens, priorizando àqueles com a função de narrador-personagem, que exerce maior força

sobre o leitor, transpondo-o para dentro da história e fazendo dele seu narratário. Detectamos 25

ocorrências da modalidade deôntica nos textos observados, e constatamos que o narrador-

personagem se impõe ao leitor indagando qual seria a atitude do mesmo frente aos fatos

narrados, gerando no leitor uma obrigação a tomar o seu lugar dentro da obra. É possível pensar,

assim, que os narradores idealizados de Poe indagam o leitor se as ações da narrativa são certas

ou erradas, mesmo agindo na sua loucura/obsessão. Por fim, esse trabalho contribui para os

estudos funcionalistas da modalidade, fazendo o leitor melhor compreender os efeitos de sentido

que certas expressões modais possuem em textos literários.

Palavras-chave: Funcionalismo, Modalidade Deôntica, Edgar Allan Poe

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Seguindo a ótica de que todo texto produzido por determinado autor tem uma

função, seja ele literário ou não, optamos por trabalhar com os estudos funcionalistas,

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que se encontram em significativo crescimento e com um dos ramos da modalidade, a

deôntica. Esta última nos ajudará a identificar o grau de obrigação imposto pelo

narrador, ou por um personagem nos textos que analisaremos. Para tanto, focalizamos

nossos estudos sobre um conciso corpus, composto de cinco contos de Edgar Allan Poe.

Analisamos qualitativamente o uso dos modalizadores no decorrer dos textos,

de modo a identificar os valores modais que as ocorrências adquiriram no texto,

comparando-as por caso, quais sejam: narrador, personagem central, personagem

secundário, para traçar como esses se correlacionam no transcurso dos contos do autor

americano já citado.

O presente trabalho está dividido em seis partes. A seguinte a esta seção,

aborda concisamente alguns traços da vertente funcionalista ligada aos preceitos de

língua como forma de interação e meio comunicativo propostos por Dik (1989) e sua

importância; em seguida trazemos uma tentativa de definição do que seja a modalidade,

focalizando na modalidade deôntica, explorando os conceitos de Palmer (1986) e Lyons

(1977), além de usarmos os trabalhos de Lopes (2009, 2012); posteriormente é exposto

como nosso trabalho foi realizado. Para melhor compreensão do leitos, abordamos o

que seria conto, com base em Todorov (2004 ), versando sobre algumas peculiaridades

do gênero literário trabalhado em questão.

Terminamos com nossas considerações finais, que cremos ser importantes para

o crescimento dos estudos relativos à modalidade que caminham juntamente com o

texto literário.

2. FUNCIONALISMO LINGUÍSTICO

Frente a grande preocupação de se trabalhar os aspectos estruturais da língua,

por vezes, esquecemos de verificar as outras características da língua, tanto a falada

quanto a escrita. Nesse artigo trabalhamos a partir da perspectiva da gramática

funcionalista, uma vez que vemos a possibilidade de se associar a teoria à análise da

língua, com base em textos literários.

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A teoria funcionalista prega que as particularidades de cada língua são

classificadas e internalizadas em relação ao papel que desempenham durante a

comunicação, ou seja, qual função representa no discurso, na interação com outro

falante. Desentendimentos entre classificações de termos que existem na gramática

funcionalista, são constantes. No entanto, NEVES (1997, p. 15) traz uma definição de

fácil compreensão acerca do que se entende como uma gramática funcional: “Uma

teoria da organização gramatical das línguas naturais que procura integrar-se em uma

teoria global da interação social.”. Assim a gramática funcional acredita na “capacidade

que os indivíduos têm não apenas de codificar e decodificar expressões, mas também de

usar e interpretar essas expressões de uma maneira internacionalmente satisfatória.”

(NEVES, 1997, p. 15), o que viabiliza o trabalho com a teoria de forma aplicada, pondo

em prática o aparato teórico proposto.

Concordamos com Dik (1989), que também segue a linha moderada, que o

funcionalismo assume uma abordagem linguística que tem seu alicerce nas propriedades

dos discursos com propósitos comunicativos, ou seja, a interação, o uso e

explicitamente a finalidade, levando em consideração a intenção, do falante.

Partindo do ponto, no qual a teoria funcionalista colabora com a análise

lingüística e do formato contido do conto, utilizaremos como categoria linguística de

análise a modalidade deôntica, a fim de se poder para analisar as “argumentações” do

narrador, o qual aparecerá, na maioria das vezes, em primeira pessoa, outra das

principais características dos contos de Poe.

3. O QUE É MODALIDADE

Sabemos que nosso discurso pode ser entendido de diversas maneiras

dependendo do modo que nos exprimimos. A modalidade diz respeito à forma de como

dizemos algo e de como veiculamos nosso desejo ou opinião a mesma. Quando Lopes

(2009) disserta sobre os diversos autores que trabalha como o tema como Palmer (1989)

e Hengeveld (1988), deparamo-nos com a definição de Lyons (1977), que determina

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modalidade da seguinte forma “um meio de expressar sua opinião ou atitude em relação

à proposição que a sentença expressa ou a situação que a proposição descreve”.

2.1 Modalidade Deôntica

De acordo com Comparini (1991), o termo deôntico é originário do grego

(déon = o que é obrigatório) e faz referência à lógica da obrigação e da permissão.

Assim, a modalidade deôntica diz respeito a todos os elementos linguísticos persuasivos

que impõem sutilmente ao ouvinte noções de obrigação, permissão e proibição (sendo

esta a negação de uma permissão).

Este tipo de modalidade, por vezes instaurada despercebidamente, tanto na

oralidade quanto na escrita, é manifestante de intenções no meio comunicativo, e atua

com bastante relevância na efetividade da interação comunicativa, principalmente

quando a intenção do locutor vai além de informar, chegando a agir sobre o interlocutor,

para fazê-lo proceder como desejado.

Lyons (1977) diz que o termo deôntico é amplamente usado por filósofos para

se referir a um ramo particular ou extensão da lógica modal: a lógica da obrigação e da

permissão. A modalidade deôntica, assim, situada no domínio do dever, é caracterizada

como aquela relacionada aos eixos do obrigatório, do proibido e do permitido, e suas

respectivas negações. Portanto, é possível afirmar que a modalidade deôntica abarca

expressões que fazem referência a uma norma ou critério de julgamento social ou

individual, embasados no registro do dever, da obrigação.

Para Lyons (1977), a origem da modalidade deôntica diz respeito à função

instrumental da linguagem, que de um lado expressa ou indica o querer e o desejo, e de

outro faz com que as ‘coisas aconteçam’ por meio da imposição da intenção, do desejo e

da vontade de seus agentes. Ela está preocupada com a necessidade dos atos

performados por esses agentes moralmente responsáveis. Ressalta ainda a importância

da ‘necessidade deôntica’, que colabora para diferenciar um enunciado deôntico de um

epistêmico. Quando o agente, sob o qual é dirigida a ordem, se propõe a executar o que

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lhe foi requerido, esse reconhece a autoridade do emissor – seja esse uma instituição, ou

um outro falante – e avalia a sua responsabilidade de cumprir o que foi solicitado.

De acordo com Palmer (1986, p. 96), a modalidade deôntica seria o tipo de

modalidade que inclui o elemento da vontade. Ou seja, aquela no qual fosse expressa a

vontade do falante sobre o ouvinte ou sobre alguma coisa. É possível ainda associarmos

as noções de obrigação e permissão ao da modalidade deôntica, e como acrescenta

Pessoa (2011), a modalidade deôntica se insere no que é permitido legal, e social

moralmente aceito.

3.1.1 Meios de expressão

A modalidade deôntica pode ser manifestada por diversas expressões

linguísticas. A mais recorrente, e visível nos trabalhos de Pessoa (2011), Meneses

(2006), Lopes (2009) e Oliveira (2012) é o verbo auxiliar modal, no entanto, vale

ressaltar, que sua manifestação não se restringe somente aos verbos auxiliares modais,

mas a toda expressão que instaura os valores de obrigação, permissão e proibição de

forma a agir sobre o leitor, na tentativa de convencê-lo a determinado posicionamento.

Dessa forma, as expressões linguísticas que instauram a modalidade deôntica

podem ser configuradas por meio dos verbos auxiliares ou modais: tem que/tem de,

precisa, necessita, pode/não pode, deve/não deve, verbos plenos, adjetivos, substantivos,

adjetivo em função predicativa e advérbios.

3.1.2 Valor, fonte e alvo

Os valores deônticos podem ser divididos em obrigação/negação da obrigação;

permissão/negação da permissão; proibição/negação de proibição. A fonte diz respeito

aquele qualificado como enunciador, ou seja, aquele que fará uso de algum dos valores

deônticos em sua expressão. O alvo refere-se aquele que recebe a mensagem, ou a qual

a mesma é dirigida.

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O alvo deôntico, na maioria dos trabalhos voltados para o estudo da

modalidade deôntica, estudam-no de modo bipartido (individuo/instituição). No entanto,

Lyons (1977) faz uma divisão tripartida do alvo, dividindo-o em: instituição, individuo,

não-especificado. Pessoa (2011, p. 86) divide o alvo deôntico em cinco tipos: (i)

enunciador (falante) (ii) domínio comum, (iii) coenunciador, (iv) terceira pessoa

(instituição, indivíduo) e (v) não-especificado/ terceiro-ausente. O alvo do valor

deôntico instaurado pode ser o próprio enunciador; o domínio comum, quando se

percebe a inclusão da comunidade na qual está inserido o leitor; o coenunciador, ou

seja, o leitor com quem o autor dialoga; e um terceiro-ausente, quando não se especifica

o alvo, apenas a ação desejada, como nos casos de adjetivos em posição predicativa.

No caso da fonte deôntica, apoiada em Lyons (1977), Pessoa (2011) também

faz uma divisão tripartida da fonte, consistindo em (i) enunciador (falante), (ii) terceiro-

reportado (instituição, individuo ou não-especificada), (iii) inexistente. A mesma ainda

complementa que “a fonte do valor deôntico pode ser o próprio falante, o que marcaria

sua subjetividade; um terceiro que é reportado pelo enunciador, podendo ser uma

instituição ou um indivíduo, ou não-especificada, cuja escolha visaria à criação de

efeitos de sentido na construção discursiva; ou inexistente, nos casos em que algo de

ordem externa, como leis da natureza, impõem-se por si mesmas.” (PESSOA, 2011, p.

86).

4. METODOLOGIA

Como trabalhamos com textos literários, especificamente o conto, já que é uma

narrativa curta, escolhemos, para a nossa análise, alguns dos contos de Edgar Allan Poe.

O autor é considerado um dos maiores representantes do romantismo americano, além

de ser reconhecido por modificar os moldes do conto, transformando o gênero ao que é

hoje, como diz H.P. Lovecraft (2008).

Julgamos necessário considerar os critérios explicitados por Lakatos (1991,

2003) e Gil (2008) quanto aos passos metodológicos que foram usados, para melhor

compreensão por parte do leitor.

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Desta forma, classificamos o nosso método de abordagem como método de

abordagem indutivo/descritivo, declarando que nosso estudo teve como base, inicial, a

análise e a descrição dos dados de nosso corpus, cinco (5) contos do autor jpa citado,

para assim conseguirmos, cientificamente, pela análise dos meios linguísticos, amparar

empiricamente nossos resultados.

De acordo com a classificação de Gil (2008) e Lakatos & Marconi (2003),

incluiremos nossos estudos no campo das pesquisas descritivas e bibliográficas. Como

nosso objetivo é analisar e descrever expressões linguísticas levando em consideração o

valor intencional dessas a partir dos atos de fala que carregam.

Uma vez que Poe se destaca com seus contos de horror e mistério,

escolhemos cinco de seus contos, que totalizam 19.130 palavras. O Quadro 1 nos

mostra os títulos com os quais trabalhamos, bem como a quantidade de palavras em

cada um deles.

CONTOS1 Nº DE

PALAVRAS

C12- O Coração Delator (The Tell-Tale Heart) 2022

C2- O Gato Preto (The Black Cat) 3642

C3- O Caso do Senhor Valdemar (The Facts in the

Case of Mr. Valdemar)

3298

C4- O Barril de Amontilado (The Cask of

Amontilado)

2191

C5- A Queda da Casa de Usher (The Fall of the House

of Usher)

7977

TOTAL 19130

Quadro 1: Quantidade de palavras nos contos de Edgar Allan Poe

Depois dessa contabilização, passamos a análise do corpus:

a) Leitura do corpus

1 Todas as obras em português são referentes aos livros virtuais organizados pela Virtual Books

Online M&M Editores Ltda., 2003. 2 Utilizaremos a numeração a seguir para evitar a repetição excessiva dos títulos.

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Primeiramente, selecionamos os cinco contos, já citados, da obra de Edgar

Allan Poe. Após a leitura, retiramos as possíveis ocorrências que diziam

respeito à modalidade deôntica, não atentando para os valores de cada uma.

b) Identificação das ocorrências de modalizadores deônticos no corpus.

Após a contagem e qualificação das ocorrências, identificamos aquelas

concernentes à modalidade deôntica, isto é, aquelas que traziam alguma

intenção do narrador ou de suas personagens impostas a outros.

c) Estabelecimento das variáveis: I Valor deôntico – aquelas que exprimem

ideia de obrigação, proibição e/ou permissão; II Meio de expressão – são as

variáveis em forma de auxiliar modal, verbo pleno, adjetivo, substantivo e

ou advérbio; III Tipo de personagem (narrador-personagem ou

personagem) (Fonte deôntica) – será o enunciador da mensagem, a qual

exprime valor deôntico a outrem; IV Alvo deôntico (narrador-personagem

ou personagem) – o qual será dirigido a mensagem.

4.1 O Conto

Resumindo a abordagem feita por MOISÉS (2004), podemos dizer que o

conto é uma narrativa curta, que remonta aos primórdios da arte literária. O vocábulo

“conto” sofreu variações ao longo da história: antes designava o relato de casos, sem

propriamente vincular-se a expressão literária. Dentre todas as suas mudanças uma das

mais importantes será a sua autonomia perante o romance e a novela, por volta do

século XIX.

Como já havíamos dito, o conto é uma narrativa breve, que, sendo curta,

contém apenas um só drama/história/conflito, a partir do qual decorreram os fatores

problemáticos da narrativa. É conciso e possui os mesmos caracteres do romance, no

entanto evita as explicações e análises psicológicas dos personagens, seu enredo não

permite maiores complicações. Majoritariamente veremos que o conto se desenvolverá

em torno de uma só personagem.

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5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para facilitar a compreensão da nossa pesquisa, dividimos a análise em quatro

partes: meios de expressão, valor deôntico, fonte deôntica, alvo deôntico. Mostraremos

algumas partes do nosso corpus de modo qualitativo, uma vez que nossos estudos são

ainda iniciais.

5.1. Meios de expressão

Na análise parcial do corpus, constatamos o uso de diversos meios para

expressão: (i) auxiliares modais (poder, dever); adjetivos (necessário); verbos plenos e

imperativos.

Meios de expressão Resultado

Verbo auxiliar 21

Verbo pleno 4

Adjetivo 1

Total 26

Quadro 1 – Meios de expressão da modalidade deôntica

O primeiro conto (C1) traz a história de um jovem que obsecado pelo olho de

seu patrão que tinha catarata, tenta livrar-se de sua ‘perseguição’ matando-o. Ao fim

história é preso e condenado a morte. A narração da história é feita em flashback, tudo

já tem acontecido, quando o jovem começa a nos contar os fatos.

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(1) Deveria ter visto como procedi cautamente! Com que prudência...com que

previsão. . . com que dissimulação lancei mãos à obra! (C13).

Na ocorrência (1), percebemos o uso do auxiliar modal “dever”, no futuro do

pretérito do indicativo para instaurar uma obrigação. O personagem-narrador, como

comumente aparece nos textos do gênero fantástico4, é de primeira pessoa. Nos

trabalhos de Edgar Allan Poe isso é comum. Na ocorrência (1) é como se o narrador-

personagem trouxesse mais e mais o leitor para dentro da obra, fazendo-o pensar como

ele, narrador.

(2) Prestais-me bem atenção? Disse-vos que sou nervoso, sou. [... ] Julguei que o

coração ia rebentar. E, depois, nova angustia me aferrou: o rumor poderia ser

ouvido por um vizinho! A hora do velho tinha chegado!

Em (2), é possível notar como o narrador se porta diretamente ao leitor,

utilizando-se de um imperativo para chamar sua atenção. Este é o exato momento em

que o narrador-personagem está no quarto de seu patrão e decide matá-lo, depois que o

velho acorda. Após ter espreitado por dias no silêncio do quarto da vítima sem ter sido

percebido.

Em C2, temos um narrador tomado pela raiva, que decide se vingar de seu

‘amigo’ Fortunato. O narrador não nos conta o que aquele fizera, fala-se de insultos.

Sem suspeitar de nada Fortunato bêbado, acompanha o narrador até a sua casa. O leitor

é surpreso pelas ações do narrador que o empareda sem nenhum problema se deliciando

com os últimos suspiros de Fortunato.

(3) Eu devia não só punir, mas punir com impunidade. (C2)

Em (3), o mesmo auxiliar (devia), aparece para mostrar o grau de obrigação

que o narrador se impõe. Essa passagem acontece logo no início do conto quando o

3 Numeração referente a numeração dos contos.

4 Gênero literário conhecido por fazer o leitor hesitar sobre se o que está lendo seja verdadeiro

ou não. Uma das obras mais conhecidas sobre o gênero é da autoria de Tzvetan Todorov –

Introdução à literarua fantástica.

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narrador chega ainda a se portar ao leitor “Vós, que tão bem conheceis a natureza de

minha alma, não havereis de supor, porém, que proferi alguma ameaça.” (C2).

5.2. Valores deônticos

Como já explicado na seção 4, valor deôntico são as ideias expressas pelos

meios de expressão.

Valores modais Resultado

Proibição 5

Obrigação 14

Permissão 7

Total 26

Quadro 2 – Valores deônticos e seus resultados

Em (C4), encontraremos o caso de Roderick Usher e sua irmã gêmea Madeline.

O narrador, que não é nomeado contanos como foi contactado por Usher. A casa que

sempre pertencera a família parecia ter vida própria, os irmãos pareciam presos.

Madeline sofria de epilepsia e Usher de hipersensitividade, ambos agiam estranhamente.

Certa noite, Usher conta ao nosso narrador que sua irmã está morta. Pede ajuda para

colocá-la numa espécie de porão da mansão. O narrador suspeita que ela esteja viva,

mas não se opõe. Dias depois Madeline aparece coberta de sangue, Usher consternado

morre, talvez de um ataque cardíaco (no conto, o narrador relembra o medo que Usher

sentia). Quando os irmãos morrem nos braços um do outro, a casa desmorona. O

narrador sai correndo e a história chega ao fim.

Em (4), estamos diante de uma fala de Usher, quando fala do seu terrível medo

do futuro, dos efeitos que esse traga “Tenho medo dos acontecimentos futuros, não por

eles mesmos, mas por seus efeitos. [...]. Na verdade, não tenho aversão ao perigo,

exceto no seu efeito absoluto – no terror. ” Ou seja, a sua morte é tratada pelo mesmo

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como uma obrigação. Ele tinha que morrer de uma deplorável loucura, que ao fim

sabemos que o medo, o terror que sentiu ao ver sua irmã ‘ressuscitar’ e encaminhar-se

para os seus braços.

(4) Vou morrer, disse-me ele, tenho de morrer desta deplorável loucura. (C5)

De acordo com Pessoa-Prata (2011), e Almeida (1988), temos que:

“os valores deônticos de obrigação e proibição podem ser

internos/morais, quando envolvem o dever de consciência,

profissional[...]ou externas/materias, que se fundamentam numa

necessidade natural, física, biológica ou fisiológica, decorrentes,

portanto, de circunstâncias externas.” (p. 59)

Quando Roderick utiliza-se do ‘ter de’ esprime uma obrigação para consigo de

ordem externa. Podemos nos perguntar como isso é possível, mas ao analizarmos o

conto profundamente, percebemos que Roderick e Madeline eram como um só, assim

também como a casa dos Ushers. Todos estavam conectados, e os efeitos tão temidos

por Roderick o levaram a morte.

5.3. Fonte deôntica

Tendo em vista que a fonte deôntica condiz com o responsável por emitir o

conteúdo comunicado, identificamos em todas as ocorrências a predominância da fonte

enunciador, visto que o texto é escrito, na sua maioria, em primeira pessoa, deixando o

narrador-personagem guiar a narrativa. Assim, visualizamos 26 ocorrências com o tipo

de fonte enunciador, totalizando 100% do corpus analisado.

Fonte Resultado

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Enunciador 26

Total 26

Quadro 3 – Fonte deôntica e seus resultados

Vejamos um recorte para aclarar o exposto:

(5) Eu devia não só punir, mas punir com impunidade. (p. 1 – pf 01)

Vê-se claramente a presença da primeira pessoa no recorte acima, marcando a

presença de uma fonte enunciadora, em que o narrador enuncia os feitos focalizados na

narrativa a um determinado alvo, na maioria das vezes prevalecendo a primeira pessoa.

Filha, Lopes e Oliveira (2014), constaram em seu trabalho com o discurso midiático-

médico, que “a manifestação deôntica de proibição e de permissão (pode) ser mais

significativa do que a de obrigação, uma vez que a personagem principal tem o poder

de permitir e/ou proibir as ações [...]”. Ou seja, é o narrador que instrui o leitor sobre

o deverá ser levado em consideração, ou não.

5.4. Alvo deôntico

Com relação ao alvo deôntico, verificamos a ocorrência predominante do tipo

domínio comum, com 65,3%. Fato este motivado em decorrência do público com o qual

o narrador interage. Esse público ora se mostra como domínio comum, em que o

discurso é dirigido ao leitor, de forma geral, ora o narrador faz referência a uma terceira

pessoa do discurso e, por vezes, interage dentro da narrativa, com o que configuramos

coenunciador. Vejamos a tabela abaixo:

Alvo Resultado

Domínio comum 17

Coenunciador 4

Terceira pessoa 5

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Quadro 4 – Alvo deôntico e seus resultados

Com base nestes dados, expomos os sintagmas abaixo:

(6) Torna-se agora necessário que eu exponha os fatos - até onde alcança minha

compreensão dos mesmos. (p1 pf 2)

(7) Prestais-me bem atenção? Disse-vos que sou nervoso, sou. [... ]. Julguei que o

coração ia rebentar. E, depois, nova angustia me aferrou: o rumor poderia ser

ouvido por um vizinho! A hora do velho tinha chegado! (p.03 pf. 2)

(8) Você pode bem vir agora. D… e F… concordam em que não posso durar além

da meia noite de amanhã, e penso que eles acertaram no cálculo com grande

aproximação. (p2 pf 03)

Em (6), notamos que a conteúdo comunicado está direcionado ao leitor, de

forma generalizada, não ocorrendo isso em (7), visto que o enunciador promove uma

interação, estabelecida pela interrogação. Já em (8), estabelece-se a dúvida entre terceira

pessoa e coenunciador, uma vez que, embora haja interação, o discurso se volta também

a um destinatário direto. A modalidade deôntica, como relata Oliveira (2014), parece

“acarretar maior carga semântica aos modais, transportando o teor volitivo de sua

fonte para com seu alvo, por vezes mitigando ou asseverando aquilo exposto.” Nessa

citação, não há mitigação, no entanto, a permissão dada é branda.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Total 26

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Ao londo dese estudo tratamos dos conceitos referentes à modalidade deôntica,

aquela da conduta, para tratarmos da postura do narrador-personagem de cinco contos

de Edgar Allan Poe. Expomos nas seções anteriores, conceitos que suportam a nossa

análise, o percurso metodológico seguido para tando, e também os resultados obtidos.

Assim, é possível concluírmos que o narrador-personagem nos trabalhos

analisados de Poe, excerce sem dúvida inclinação de teor deôntico quando tenta

comunicar-se com o leitor. Encontramos em Poe um direcionamento maior para com

aquele que lê os seus contos, do que para com um personagem secundário que

contracene com o mesmo, isso é claramente observado pela presença do alvo domínio

comum.

Dessa forma, a interação com os personagens se faz de forma limitada,

prevalecendo a relação narrador-leitor. Pode-se até pensar que o narrador indaga ao

leitor se o que faz é certo ou errado, mesmo agindo na sua loucura, perseguindo suas

obsessões. Vemos, assim, como a modalidade deôntica nos auxilia na compreensão

semântica do texto literário, ampliando o campo de estudo linguístico-funcional.

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