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Uma avaliação da qualidade de uso do Moodle na UFMG por alunos surdos e ouvintes Letícia Capelão 1 , Flávio Coutinho 2 , Leonardo Freitas 3 , Koji Pereira 4 , Raquel Prates 2 Faculdade de Letras 1 , Departamento de Ciência da Computação 2 , Laboratório de Ciência da Computação 3 , Escola de Belas Artes 4 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Belo Horizonte, MG Brazil {leticiac, flavio, rprates}@dcc.ufmg.br, [email protected], [email protected] Abstract. As virtual learning environments meet a diversity of students, the communicability is an essential quality to ensure that the educational goals that underlie their use are achieved. In this article, we evaluate the communicability of Moodle UFMG from the perspective of deaf and hearing students, for this we used the Semiotic Inspection Method (SIM) and the Communicability Evaluation Method (CEM). The results show ruptures in communication that compromised the use of Moodle's features by deaf and hearing students. Resumo. Considerando que os ambientes de apoio ao ensino à distância atendem a uma diversidade de alunos, a comunicabilidade é uma qualidade de uso essencial para garantir que os objetivos educacionais que fundamentam o seu uso sejam atingidos. Neste artigo, avaliamos a comunicabilidade do sistema Moodle da UFMG a partir da visão de alunos ouvintes e surdos, para isso recorrendo ao Método de Inspeção Semiótica (MIS) e ao Método de Avaliação da Comunicabilidade (MAC). Os resultados apresentam rupturas de comunicação que comprometeram o uso de funcionalidades do Moodle, tanto por alunos surdos, quanto por ouvintes. 1. Introdução Soluções novas para processos antigos avançam pela área da educação e apóiam os processos de ensino e aprendizagem. Provocam redefinições e se reestruturam em novo espaço sem limites de tempo, distância e lugar: os ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs). Os AVAs exploram recursos da web e da educação à distância (EAD), integrando as tecnologias de informação e comunicação à educação através de mídias variadas (vídeos, imagens, textos, animações) e ferramentas para comunicação e interação como: chat ou bate-papo, fórum de discussão, envio de tarefas, dentre outros (LITTO e FORMIGA, 2007). Em termos conceituais, os AVAs consistem em mídias que utilizam o ciberespaço para veicular conteúdo e permitir interação entre os atores do processo educativo (MESSA, 2010). A qualidade de uso mais notável de um sistema interativo (e.g. Moodle) é sua comunicabilidade, ou seja, o quão eficaz e de maneira eficiente as decisões de projeto,

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Uma avaliação da qualidade de uso do Moodle na UFMG

por alunos surdos e ouvintes

Letícia Capelão1, Flávio Coutinho

2, Leonardo Freitas

3,

Koji Pereira4, Raquel Prates

2

Faculdade de Letras1, Departamento de Ciência da Computação

2,

Laboratório de Ciência da Computação3, Escola de Belas Artes

4

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – Belo Horizonte, MG – Brazil

{leticiac, flavio, rprates}@dcc.ufmg.br, [email protected],

[email protected]

Abstract. As virtual learning environments meet a diversity of students, the

communicability is an essential quality to ensure that the educational goals

that underlie their use are achieved. In this article, we evaluate the

communicability of Moodle UFMG from the perspective of deaf and hearing

students, for this we used the Semiotic Inspection Method (SIM) and the

Communicability Evaluation Method (CEM). The results show ruptures in

communication that compromised the use of Moodle's features by deaf and

hearing students.

Resumo. Considerando que os ambientes de apoio ao ensino à distância

atendem a uma diversidade de alunos, a comunicabilidade é uma qualidade de

uso essencial para garantir que os objetivos educacionais que fundamentam o

seu uso sejam atingidos. Neste artigo, avaliamos a comunicabilidade do

sistema Moodle da UFMG a partir da visão de alunos ouvintes e surdos, para

isso recorrendo ao Método de Inspeção Semiótica (MIS) e ao Método de

Avaliação da Comunicabilidade (MAC). Os resultados apresentam rupturas

de comunicação que comprometeram o uso de funcionalidades do Moodle,

tanto por alunos surdos, quanto por ouvintes.

1. Introdução

Soluções novas para processos antigos avançam pela área da educação e apóiam os

processos de ensino e aprendizagem. Provocam redefinições e se reestruturam em novo

espaço sem limites de tempo, distância e lugar: os ambientes virtuais de aprendizagem

(AVAs).

Os AVAs exploram recursos da web e da educação à distância (EAD),

integrando as tecnologias de informação e comunicação à educação através de mídias

variadas (vídeos, imagens, textos, animações) e ferramentas para comunicação e

interação como: chat ou bate-papo, fórum de discussão, envio de tarefas, dentre outros

(LITTO e FORMIGA, 2007). Em termos conceituais, os AVAs consistem em mídias

que utilizam o ciberespaço para veicular conteúdo e permitir interação entre os atores do

processo educativo (MESSA, 2010).

A qualidade de uso mais notável de um sistema interativo (e.g. Moodle) é sua

comunicabilidade, ou seja, o quão eficaz e de maneira eficiente as decisões de projeto,

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da interface e a lógica dos projetistas são transmitidas e recebidas pelos usuários.

Conforme ressaltam Barbosa e da Silva (2010), se um usuário não consegue

compreender como o sistema funciona por falta de clareza no significado dos elementos

da interface (baixa comunicabilidade), ele pode interromper o seu uso diante das

barreiras (rupturas de comunicação). O sistema ou alguma de suas funcionalidades se

tornam inacessíveis por problemas de comunicabilidade do projetista para o usuário.

Para avaliação apresentada neste artigo, utilizamos dois métodos baseados na

Teoria da Engenharia Semiótica: o Método de Inspeção Semiótica (MIS) e o Método de

Avaliação de Comunicabilidade (MAC). O MIS e o MAC são métodos baseados na

Engenharia Semiótica, uma teoria proposta para o estudo de Interação Humano-

Computador que considera os sistemas interativos sob a perspectiva da comunicação

entre projetistas e usuários. Estes métodos foram desenvolvidos e aperfeiçoados com o

objetivo de entender a comunicação entre o projetista e o usuário, mediados pelo

sistema, identificar rupturas nesta comunicação e, com isso, possibilitar melhorias nas

interações usuário-sistema.

O objetivo deste artigo foi avaliar a qualidade da comunicabilidade do sistema

Moodle, a partir da visão de alunos surdos e ouvintes. A escolha em incluir na avaliação

de comunicabilidade também a perspectiva de alunos surdos deveu-se ao nosso interesse

em contribuir para a acessibilidade digital de pessoas surdas. Na sociedade inclusiva

(SASSAKI, 1997), a EaD traz novas possibilidades para a inclusão de surdos que

podem compartilhar o mesmo ambiente virtual de aprendizagem com ouvintes.

Entretanto, como o pensamento do surdo organiza-se em função da língua de sinais (que

é a sua primeira língua), mesmo os surdos alfabetizados apresentam dificuldades com a

língua portuguesa (BERNARDINO, 2000; BOTELHO, 2005). Torna-se então

necessária uma atenção especial de forma a possibilitar o acesso aos surdos ao ensino

também através de sistemas de educação à distância. Para que a comunicação entre

professores e alunos surdos e ouvintes nesses ambientes ocorra sem rupturas, é essencial

que seja garantida a comunicação do sistema com seus usuários. As tecnologias, a

educação à distância, juntamente com os estudos de usabilidade, acessibilidade e,

especialmente, neste artigo, comunicabilidade permitem que interfaces de ambientes

virtuais ganhem “conotações especiais para atender as necessidades dos diferentes tipos

de usuários.” (MESSA, 2010).

Na próxima seção, apresentamos alguns conceitos relacionados ao ambiente

Moodle, além de dados e informações sobre o Moodle utilizado na UFMG. Na seção

seguinte, descrevemos a metodologia (preparação, métodos de avaliação e aplicação). A

seguir apresentamos, então, os principais resultados da avaliação, enumerando os

problemas encontrados, sua localização e algumas sugestões de melhorias que podem

ser implementadas na interface. Por fim, o artigo apresenta as conclusões da avaliação

do Moodle de acordo com aplicação do MIS e do MAC.

2. Moodle

No ano de 2010, foram criadas no Moodle da UFMG 10.311 turmas no primeiro

semestre e 10.618 no segundo. Vale ressaltar que para todas as turmas da base de dados

do sistema acadêmico são criadas turmas no sistema Moodle, visando incentivar o uso

desta plataforma.

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Dentre estas turmas, 2.097 tiveram atividades e/ou recursos criados, no primeiro

semestre, e 2.380, no segundo semestre. Para essas turmas, o Gráfico 1 mostra a

utilização destas atividades e recursos, nos dois semestres de 2010.

Dentre as atividades e recursos, verificamos que o fórum, recursos e envio de

tarefas foram as mais utilizadas. A taxa de utilização do fórum, nestas turmas, foi de

76% (1.586) no primeiro semestre e de 77% (1.842) no segundo. Para os recursos, a

taxa de utilização foi 56% nos dois semestres e atividade de envio de arquivos, 20% no

primeiro semestre e 22% no segundo. Estes dados sugerem uma tendência de

crescimento na utilização dos recursos disponíveis no Moodle da UFMG.

Gráfico 1. Percentual de turmas que criaram atividades/recursos em 2010

3. Metodologia

Para aplicação do MIS e MAC, inicialmente organizamos uma turma no Moodle,

específica para esta avaliação. O MIS foi aplicado inicialmente e orientou a definição

dos cenários das tarefas e elaboração do material de apoio para o MAC.

3.1. Organização da turma no Moodle para avaliação

Para a inspeção (MIS) e realização dos testes (MAC), criamos e estruturamos uma

turma no ambiente Moodle do portal Minha UFMG. Utilizamos a versão institucional

do Moodle da UFMG, versão 2.0.2, com um tema desenvolvido pela equipe do

Laboratório de Computação Científica da instituição utilizado no portal Minha UFMG.

Criamos uma turma fictícia com informações de um curso real de "Programação

de Computadores" (Figura 1). A página do curso foi estruturada em menus laterais e

tópicos. Optou-se por deixar os menus laterais disponíveis na tela por se tratar de um

design padrão do Moodle, apesar de ser possível explorar o menu “dock” (minimizado

na lateral). No menu da esquerda, permaneceu o bloco de Navegação e Configuração.

No menu da direita, incluímos os seguintes blocos: "Usuários on-line", "Calendário",

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"Últimas notícias", "Menu do blog", "Participantes" e "Mensagens". A parte central da

tela foi organizada em quatro tópicos com conteúdos do curso: “Sobre a disciplina”, “É

conversando que a gente se entende”, “Material de apoio geral” e “Semana 1”. A Figura

1 mostra a tela inicial da turma utilizada para a inspeção do MIS e para a execução das

tarefas pelos usuários no papel de alunos no MAC.

Figura 1. Página inicial do curso criado no Moodle para a avaliação

3.2. Métodos de Avaliação

O MIS e MAC são métodos qualitativos e interpretativos que avaliam a mesma

propriedade de qualidade de uso – comunicabilidade.

Por ser um método de inspeção, o MIS envolve apenas a participação de

avaliadores, sem a necessidade de testes com usuários. O avaliador inspeciona a

interface e identifica ambiguidades e inconsistências que se caracterizam como

potenciais rupturas de comunicação que podem dificultar ou, até mesmo, impossibilitar

o usuário de utilizar o sistema.

O MAC é um método que envolve testes com usuários em ambiente controlado

para identificação de rupturas de comunicação na interface de sistemas e, uma posterior

etapa de interpretação, na qual as gravações das interações são etiquetadas e analisadas.

Os usuários, a partir de um perfil pré-definido, são convidados a executar tarefas

contextualizadas em cenários pré-determinadas pelo avaliador, utilizando o sistema a ser

avaliado. Ressalta-se que a avaliação deve ser realizada por usuários que não tenham

experiência de uso anterior do sistema, de forma que as rupturas de comunicação

possam ser identificadas a partir desta experiência inicial de uso.

Tanto o MIS quanto o MAC envolvem várias etapas que não foram aqui

descritas tanto por limitação de espaço, quanto por não ser o foco deste artigo. A

descrição dos métodos e sua aplicação no contexto deste artigo estão descritos,

detalhadamente, em um trabalho apresentado em X IHC e V CLIHC (CAPELAO et al.,

2011).

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3.3. Aplicação dos Métodos

Como nossa inspeção do MIS apontou um grande número de potenciais rupturas de

comunicação em todas as tarefas, utilizamos tarefas similares para o MAC.

Selecionamos duas funcionalidades de uso mais frequentes, em turmas no

Moodle da UFMG, devido à importância no desenvolvimento de atividades na EAD:

fórum (criar tópico com mensagem, comentar mensagem do colega), tarefas (envio de

arquivos). O blog (consulta e comentário a uma postagem no blog) também foi incluído

devido aos recursos de interação e comunicação possibilitados. Elaboramos então um

cenário de contexto e três tarefas que exploraram essas funcionalidades avaliadas quanto

à qualidade da comunicabilidade da interface.

O MIS foi aplicado por três avaliadores sob perspectivas de usuário distintas:

visão de professor, visão de aluno surdo e visão de aluno ouvinte. Os problemas

encontrados foram consolidados e divididos em 5 classes apresentadas na seção

Resultados.

No MAC, foram realizadas 6 avaliações com 3 alunos surdos e 3 alunos

ouvintes. A avaliação de comunicabilidade requer um número de participantes pequeno,

visto que se trata de um método qualitativo com ênfase na análise em profundidade

(BARBOSA, 2010). Todos os testes foram realizados em ambiente controlado, no

laboratório do Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG, durante três

dias consecutivos. Os testes foram realizados em um computador com Windows XP em

inglês, utilizando o navegador Firefox versão 3.x.

Os usuários selecionados haviam concluído o ensino médio ou estavam em fase

inicial do ensino superior e seu contato com o Moodle havia sido muito superficial ou

nenhum. A seleção dos usuários surdos envolveu outros critérios relacionados à

compreensão da língua portuguesa (leitura/escrita) que perpassam por aspectos

relacionados a surdez e a linguagem (BERNARDINO, 2000; CAPELAO et al., 2011):

nível de surdez de severa a profunda, surdez pré-lingual (antes dos dois anos de idade),

uso de Libras como forma de comunicação, alfabetizados na língua portuguesa, início

do aprendizado de Libras até os sete anos de idade. Os alunos surdos participantes

atenderam a estes critérios. Durante a realização dos testes com os alunos surdos, tanto a

comunicação oral quanto o material impresso foi traduzido para Libras por um

intérprete. Vale ressaltar que os aspectos éticos previstos em lei (BRASIL, 1996) foram

considerados e devidamente explicados aos participantes, que registraram o

consentimento por escrito em documento.

4. Resultados

O resultado do MIS contemplou potenciais rupturas de comunicação encontradas para

usuários surdos e ouvintes. Consolidamos e agrupados em 5 classes: 1 - Ausência de

padronização na interface (em janelas, botões, ações do sistema); 2 - Falta de

acessibilidade da documentação (indisponível em língua portuguesa ou Libras), 3 –

Elementos de interface sem relação com nomenclatura padrão (ícones e nomes de

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rótulos não representativos); 4 - Ausência de instruções claras ou consistentes; e 5 -

Vocabulário inacessível para usuários surdos.

Durante a realização do MAC, dos dezoito testes realizados (seis usuários x três

tarefas), apenas nove testes foram concluídos com êxito; nove testes foram

interrompidos com a desistência dos usuários; e três foram concluídos parcialmente pela

desistência de alguns dos itens das tarefas.

Um resumo do tempo de conclusão da interação e resultado de cada tarefa pode

ser encontrado na Tabela 1:

Tabela 1. Resumo do tempo de conclusão de cada tarefa

Em grande parte dos testes, os usuários despenderam muito tempo explorando a

interface do Moodle para encontrar o acesso para as páginas onde realizariam as tarefas,

sendo que alguns chegaram a sair do contexto e continuaram explorando. Esse

comportamento foi mais comum entre os usuários surdos.

Uma divergência nas interações de usuários ouvintes e surdos foi na interação

com o envio de imagens e arquivos. O Moodle oferece muitas funcionalidades

relacionadas à incorporação de imagens e arquivos, mas a interface dessas

funcionalidades envolve diversas telas com variadas opções de configuração e diferentes

das telas com as quais os usuários estão habituados com outros sistemas na Internet.

Apesar dos problemas de interação com essa interface terem ocorrido em maior

frequência (porém, não apenas) com os usuários surdos, quaisquer usuários do Moodle

poderiam desfrutar de melhorias na comunicabilidade dessa e de outras interfaces do

sistema.

Segundo a EngSem, a desistência de concluir uma tarefa é uma ruptura completa

e pode levar os usuários a imaginar que as funcionalidades que buscavam não estavam

presentes no sistema, quando de fato estavam. Isso pode ser grave, pois pode levar os

usuários a não utilizarem o sistema por não entenderem a solução do projetista (ruptura

no nível estratégico (BARBOSA e DA SILVA, 2010; DE SOUZA, 2005). O alto

número de rupturas de comunicação completas tanto de usuários surdos, quanto de

ouvintes nos permite considerar que elas se devem a problemas de comunicabilidade

relacionados à interface e não às dificuldades de linguagem dos usuários surdos. Em

geral, a dificuldade de compreensão da língua portuguesa pelos usuários surdos teve

reflexos no tempo de execução da tarefa, já que eles levaram, em média, mais do que o

dobro do tempo dos ouvintes para concluir as tarefas.

As potenciais rupturas encontradas no MIS e as rupturas identificadas no MAC

foram reunidas, contrastadas e estão apresentadas nos quadros ao final do artigo. A

maioria dos problemas afeta tanto alunos ouvintes, quanto alunos surdos. Para cada um

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deles, descrevemos o problema, localização na interface, método em que foi

identificado o problema (MIS ou MAC) e propostas de melhoria para solução do

problema.

5. Conclusão

Neste trabalho foi apresentada a avaliação feita do sistema Moodle, na perspectiva de

alunos surdos e ouvintes. Para isso decidimos avaliar a comunicabilidade, por sua

importância na identificação de como o sistema está sendo apresentado ao usuário,

fundamental para o seu uso.

A partir da análise dos resultados foi possível notar a necessidade do usuário ter

experiência de navegação na Internet (identificado no MIS e intensificado no MAC).

Além disso, apesar do projetista emitir a informação de que os usuários podem/devem

explorar o sistema para aprender através de tentativa e erro, o comportamento dos

usuários durante o teste não revelou que essa informação havia sido recebida por eles.

Em mais de uma situação durante as interações, eles tiveram receio em acessar links,

botões ou não perceberam a presença deles.

Portanto, além da realização do MIS ter contribuído para a definição dos

cenários a serem utilizados no MAC, a comparação da metamensagem emitida (MIS)

com a recebida (MAC) forneceu informações importantes para a avaliação da

comunicabilidade do Moodle: potenciais rupturas de comunicação identificadas na

inspeção foram confirmadas no teste e os resultados de outras rupturas encontradas em

cada um se complementaram.

Dentre as possíveis contribuições deste trabalho consideramos: 1) Descrição do

uso do MIS e MAC para avaliação com surdos e ouvintes, auxiliando na pesquisa destes

sistemas em diferentes contextos (considerando acessibilidade) e, também, geração de

descrições sobre o seu uso (para pessoas que estão aprendendo os métodos); 2)

Apresentação de decisões sobre como aplicar estes métodos com pessoas surdas, sendo

útil para quem quer realizar testes com este perfil de usuários; 3) Os problemas

encontrados são relevantes sobre o uso do sistema e serão comunicados aos

responsáveis pela manutenção do sistema, podendo gerar melhorias na sua qualidade

tanto para ouvintes, quanto para surdos; 4) O foco no usuário surdo contribuiu para a

geração de conhecimento sobre as dificuldades destes usuários, assim como a adequação

das tecnologias ao uso por eles. Sendo assim, a descrição dos problemas apresentados

pode evitar que eles ocorram em outros sistemas.

7. Referências

BARBOSA, S. D. J.; DA SILVA, B. S. Interação Humano-Computador. Elsevier

Editora Ltda., 2010.

BERNARDINO, E. L. Absurdo ou lógica? A produção lingüística dos surdos. Belo

Horizonte: Profetizando Vida, 2000.

BOTELHO, P. Linguagem e letramento na educação dos surdos - Ideologias e práticas

pedagógicas. Belo Horizonte: Autentica Editora, 2005.

BRASIL. Ministério Nacional da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução

196/96 sobre pesquisa envolvendo seres humanos, 1996.

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CAPELÃO, L.; COUTINHO, F.; PEREIRA, K.; PRATES, R. O. Avaliação de

comunicabilidade do Moodle para usuários surdos e ouvintes. In: COMPETIÇÃO

DE AVALIAÇÃO DO IHC & CLIHC, 2011, Porto de Galinhas. (a ser publicado em

outubro de 2011).

DE OLIVEIRA, D. R. R.; SOUZA, G. O.; DIAS, J. S.; MULLER, M. F.; PRATES, R.

O.; BERNARDINO, E. L. Avaliação da acessibilidade do sítio da Receita Federal

para deficientes auditivos. In: COMPETIÇÃO DE AVALIAÇÃO DO IHC, 2010,

Belo Horizonte.

DE SOUZA, C. S. The Semiotic Engineering of Human-Computer Interaction.

Cambridge: The MIT Press, 2005.

LITTO, F. M.; FORMIGA, M. A educação a distância: o estado da arte. São Paulo:

Pearson Education, 2007.

MESSA, W. C. Utilização de Ambientes Virtuais de Aprendizagem - AVAS: A Busca

por uma Aprendizagem Significativa. ABED, v. 9, ano 2010.

MOODLE.org. Download: Language Packs. 2011. Disponível em:

<http://download.moodle.org/langpack/2.0/>. Acesso em: 26 set. 2011.

PALLOF, R. M.; PRATT, K. Construindo comunidades de aprendizagem no

ciberespaço: estratégias eficientes para a sala de aula on-line. Porto Alegre: Artmed,

2002.

PRATES, R. O.; BARBOSA, S. D. J. Introdução à Teoria e Prática da Interação

Humano Computador fundamentada na Engenharia Semiótica. In: XXVII

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263–326.

PRATES, R. O.; DE SOUZA, C. S.; BARBOSA, S. D. J. Methods and tools: a method

for evaluating the communicability of user interfaces. interactions, ano 2000, n. 7, p.

31–38.

SASSAKI, R. K. Inclusão. Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro:

WVA Editora, 1997.

8. Agradecimentos

Agradecemos a todos os participantes dos testes que nos forneceram, através de sua

interação com o Moodle, informações valiosas para a realização deste trabalho; à nossa

amiga Glívia Barbosa que nos acompanhou durante a realização dos testes; ao intérprete

Rafael Silva Guilherme, que viabilizou nossa comunicação com os usuários surdos; ao

professor Márcio Bunte, diretor do Laboratório de Computação Científica, setor

responsável pela infraestrutura da plataforma do Moodle da UFMG. Finalmente, os

autores agradecem à FAPEMIG e CAPES pelo apoio à sua pesquisa.

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Quadro 1. Problemas encontrados no uso do fórum do Moodle 2.0.2 da UFMG

F1 – Linguagem inacessível para surdos Local: Tela principal do fórum Métodos: MAC, MIS (Classe 5)

Descrição: dificuldade para compreender o uso do fórum, pois são utilizados termos pouco conhecidos pelos

surdos, como “acrescentar”, “tópico” e “discussão”. Os usuários surdos tiveram dificuldade em compreender

como proceder para criar um novo tópico e postar uma mensagem no fórum. Além disso, a interface não

apresenta acesso a um sistema de ajuda que permita ao usuário se recuperar do problema vivenciado.

Melhorias: Criar um sistema de ajuda para alunos com o

uso de imagens e/ou vídeos de forma a promover mais

acessibilidade e comunicabilidade tanto para surdos,

quanto para ouvintes; Disponibilizar um link para um

dicionário Português-Libras; Alterar os termos para que

fiquem mais acessíveis ao usuário surdo.

F2 – Feedback temporizado com tempo muito curto Local: Comportamento ao clicar em “Criar novo tópico de discussão” Método: MAC

Descrição: Ao criar o tópico, uma mensagem de feedback é exibida durante um curto período de tempo e pode

não ser percebida pelos usuários neste tempo, especialmente, por usuários surdos, que podem precisar de maior

tempo para leitura.

Melhoria: Solicitar que o usuário clique em botão para

prosseguir, em vez de prosseguir automaticamente ou criar

um feedback persistente em uma região da tela.

Quadro 2. Problemas encontrados no uso do blog do Moodle 2.0.2 da UFMG

B1 – Uso de linguagem complexa Local: Links de nova postagem no blog na página inicial do curso. Métodos: MAC, MIS (Classe 5)

Descrição: Tanto a inspeção quanto o teste com usuários revelaram o uso de textos (rótulos e mensagens) que

não representavam bem sua função. Por exemplo, para postar no blog, o aluno deve acessar um dos dois links:

“Acrescentar novo texto” ou “Blog sobre este Turma”, mas nenhum deles representa bem a função da ação

associada. Isso fez com que os usuários surdos e um ouvinte não conseguissem acessar a funcionalidade.

Melhoria: Substituição das expressões utilizadas por

outras que informem sobre a criação de uma nova

postagem no blog.

B2 – Elementos de interface para inserção de imagem de difícil identificação Local: página de postagem do blog. Método: MAC

Descrição: Aluno ouvinte não conseguiu localizar a funcionalidade de incorporação de imagem em postagem

no blog. A barra de ferramentas para edição de texto reúne diversas funcionalidades, que são representadas

apenas por imagens. O excesso de elementos na barra e a escolha de ícones pouco representativos para essas

funcionalidades não permitiram que o usuário localizasse o acesso à função de incorporação de imagem.

Melhoria: Simplificar o menu de edição de texto rico

WYSIWYG (What You See Is What You Get) (Figura ) a

fim de priorizar funções mais importantes, como a

inserção de imagem. Também poderiam ser utilizados

rótulos para os botões, além das imagens.

B3 – Perda de contexto de navegação Local: Na página principal do curso . Método: MAC

Descrição: Ao entrar no blog, o Moodle sai do contexto

do curso em que o usuário estava interagindo (ver Figura

3). Isso dificultou que os usuários (surdos e ouvintes)

retornassem à página inicial do curso após o acesso ao

blog. Figura 3. Navegação estrutural na página da turma

(cima) e após acessar o blog (baixo).

Melhoria: Manter na navegação estrutural (breadcrumb) o

caminho que o usuário utilizou para chegar ao blog,

possibilitando-o voltar ao seu contexto de origem.

Oferecer ao usuário a opção de voltar ao contexto do curso

onde ele estava quando acessou o blog ou redirecioná-lo

automaticamente.

Figura 2. Barra de ferramentas do editor de texto.

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Quadro 3. Problemas encontrados no envio de tarefas do Moodle 2.0.2 da UFMG (cont.)

T1 – Dificuldade em encontrar o botão “enviar arquivos” Local: Página de envio de tarefas. Método: MAC

Descrição: Na página da tarefa, usuários tiveram

dificuldades em encontrar o botão “Enviar arquivos”. Na

região superior da página o professor pode cadastrar o

enunciado. Dependendo de seu tamanho, a região inferior

pode ficar visível apenas quando o usuário rolar a página.

Desta forma, o botão “Enviar Arquivos”, que representa a

funcionalidade principal da página, não está devidamente

priorizado na interface – inclusive, está dividindo espaço e

importância com outros elementos de interface menos

importantes: datas, "Esboço do Documento" e "Notas" etc.

A funcionalidade secundária “Notas” (para anotações) foi

indevidamente explorada pelos usuários diante da

dificuldade encontrada para o envio de arquivos (Figura 4).

Melhoria: Rever a hierarquia visual da tela de envio de

arquivos, priorizando o botão de envio de arquivos e

associando “notas” com peso secundário ou unindo esta

ação ao envio de tarefa;

- Utilizar rótulos que expressem melhor as funcionalidades e

sejam de conhecimento do usuário (“Esboço do documento”

se refere a quê? “Notas” = espaço para anotações);

- Incluir sistema de ajuda para uso do envio de tarefas na tela

principal de envio da tarefa.

T2 – Nomenclatura sem contexto Local: Página de envio de tarefas. Métodos: MAC, MIS (Classe 3)

Descrição: A nomenclatura do signo “Esboço do documento” está sem

contexto dentro da tela de entrega de uma tarefa (ver Figura 5). Ele está

localizado acima do botão de envio de arquivos. Não é possível

compreender a que esse elemento de interface se refere, o que provocou

rupturas de comunicação.

Melhoria: Utilizar rótulos para os signos de forma que

expressem melhor as funcionalidades e sejam de

conhecimento do usuário. No caso específico, um nome

mais apropriado seria: lista de arquivos enviados.

Figura 4. Página de envio de tarefa. (a) mostra a área

inicialmente visível da página no navegador (resolução

1440x900) e (b) mostra o botão de envio de arquivos.

Figura 5. Região inferior da página de

envio de tarefa.

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Quadro 3. Problemas encontrados no envio de tarefas do Moodle 2.0.2 da UFMG (Conclusão)

T3 - Termos fora de contexto Local: Segundo passo da página de envio de tarefas Método: MAC

Descrição: Ao clicar em “Enviar arquivos”, o usuário é levado para uma nova página que mostra dois botões “Adicionar”

e “Criar diretório” (sem contexto com a ação “Enviar arquivos”) que levaram a rupturas de comunicação, pois alguns

alunos tiveram dificuldades em compreender, nesta tela, o próximo passo a ser executado.

Melhoria: Utilizar termos mais comumente

utilizados e conhecidos pelos alunos (e.g: buscar

arquivos, criar pastas).

T4 – Botão de seleção de arquivo com rótulo variando com a língua do navegador Local: Segundo passo da página de envio de tarefas. Método: MAC

Descrição: Ao clicar em “Enviar arquivos”, a seguir em “Adicionar”, é exibida uma nova tela para seleção de arquivos,

cujo rótulo do botão para envio de arquivos varia em função da língua do navegador. Ou seja, se o navegador estiver em

inglês, o botão será exibido como "choose file" ou "browse". Como é um botão de ação principal, a não compreensão

deste elemento de interface (como ocorreu com um aluno surdo) pode comprometer a comunicação sistema-usuário e

impossibilitar o envio do arquivo.

Melhoria: Representar o controle de envio de

arquivo a partir da língua definida para o Moodle,

de forma a possibilitar uma configuração

associada ao Moodle e não ao navegador (que

pode resultar em falhas na comunicação).

Quadro 4. Problemas encontrados em funcionalidades gerais do Moodle 2.0.2 da UFMG (cont.)

FG1 - Excesso de elementos na interface Local: Página inicial do curso com menus laterais. Método: MAC

Descrição: Dificuldades para localizar o link do fórum, o menu do blog e o link do envio de tarefa

descritos no cenário. Os links do fórum e envio de tarefa estavam presentes na parte central da

página principal do curso e o menu do blog, na parte lateral direita. A presença de muitos

elementos na interface confundiu os alunos dificultando que eles encontrassem os links corretos. O

aluno então ficou interagindo com outros signos fora do contexto (link de outro fórum, link para

outro blog externo).

Melhoria: - Redesenhar a arquitetura da informação explorando uma

interface mais minimalista para a página inicial do curso; - Criar um

menu de acesso ubíquo com links para os principais recursos e atividades

do curso (blog, fórum, tarefas, páginas, arquivos etc.); - Reorganizar a

estrutura do menu lateral de forma hierárquica priorizando o conteúdo do

curso em que o aluno está navegando; - Incluir sistema de ajuda para uso

do fórum na tela principal do fórum; - Agrupar fóruns e permitir a

navegação entre eles; - Identificar as tarefas por status (pendentes,

concluídas, em revisão).

FG2 - Dificuldades para encontrar o botão de ação principal (fórum e tarefa) Local: Página principal do fórum e de envio de tarefas. Método: MAC

Descrição: Na página de fórum e na página de envio de tarefas, alguns alunos tiveram dificuldade

para localizar o botão de ação principal (criar novo tópico, enviar arquivos), pois eles estão

localizados na parte inferior da tela. Além disso, este problema é agravado se o professor cadastra

um enunciado para o fórum ou tarefa que ocupe toda a área visível da página. Neste caso, os botões

das ações principais ou outras funcionalidades ficam visíveis somente quando o aluno faz a

rolagem da tela para baixo (ver Figura 4).

Melhoria: - Alterar o formato da disposição do enunciado do

fórum/tarefa para que o conteúdo específico de cada página e os botões

ou links de ação estejam sempre visíveis (sem que seja necessário rolar a

página para baixo); - Exibir as ações principais (criar novo tópico, enviar

arquivos) em local mais visível para o aluno e em destaque.

FG3 - Ausência de sistema de ajuda para uso Local: Tela principal do fórum, menu do blog e tela do envio de tarefas Métodos: MAC, MIS (Classes 2 e 4)

Descrição: Ausência de sistema de ajuda para auxiliar no uso do fórum, blog e tarefa (envio de

arquivos). A necessidade de um sistema de ajuda foi percebida, especialmente, nos testes, quando

os alunos, diante de dificuldades para realização da tarefa, recorreram ao tutorial para uso do fórum

(disponibilizado pelo professor) e instruções para realização das tarefas (também disponibilizadas

pelo professor).

Melhoria: Criar um sistema de ajuda para uso por alunos, com link de

acesso nas próprias telas, explorando o uso de imagens e/ou vídeos de

forma a promover mais acessibilidade e comunicabilidade tanto para

surdos, quanto para ouvintes.

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Quadro 4. Problemas encontrados em funcionalidades gerais do Moodle 2.0.2 da UFMG (Conclusão)

FG4 - Ausência de documentação em língua portuguesa. Local: Páginas de ajuda e documentação no site Moodle.org. Método: MIS (Classe 2)

Descrição: Boa parte da documentação explicativa do Moodle não está disponível em português. Há vídeos

com legenda em inglês, o que caracteriza uma possível ruptura de comunicação para alunos não proficientes

nessa língua. No caso do aluno surdo, que tem como primeira língua Libras e segunda língua a língua

portuguesa, ele poderá ter grandes dificuldades em fazer uso do vídeo como sistema de ajuda.

Melhoria: - Traduzir os textos de ajuda e documentação para

língua portuguesa; – Oferecer uma versão em Libras.

FG5 - Excesso de janelas no envio de arquivos Local: Páginas de postagem no blog e novo tópico no fórum. Método: MAC

Descrição: Para incorporar uma imagem a um

texto, anexar um arquivo ou enviar arquivos, os

usuários precisam interagir com duas a três

janelas modais com muitas opções. Na Figura,

os números indicam os passos necessários para

isso.

Melhoria: - Seguir padrão utilizado em outros softwares: ao

clicar para anexar, abrir diretamente a lista de arquivos locais;

- Disponibilizar uma explicação sobre quais são os passos para

o envio de arquivos (como um wizard);

- Disponibilizar as ações avançadas (seleção de imagem já

enviada, seleção de imagem no Picasa) em segundo nível do

wizard.

FG6 – Saída de contexto no acesso a links para sites externos Local: Links para sites externos no material do curso e em páginas do Moodle Método: MAC

Descrição: Alguns usuários clicaram em links para sites externos presentes no material do curso, mas não

perceberam que haviam saído do contexto do Moodle e continuaram sua interação em outro contexto.

Melhoria: Indicar explicitamente a mudança de contexto

informando ao aluno que vai acessar um link externo ao

Moodle. E então, aguardar a confirmação do usuário.

FG7 – Ausência de agrupamento de postagens de usuários nos blogs Local: Página inicial e menu lateral. Método: MIS (Classe 4)

Descrição: O sistema não faz agrupamento de postagens no blog por turma, sendo necessário que os

usuários deliberadamente associem suas postagens a uma tag (um texto) comum entre todos os alunos da

mesma turma. Dessa forma, os alunos podem ter dificuldade para ler as postagens dos colegas de turma, já

que a única forma de visualizar essas postagens é por meio de uma busca por tags. Ou seja, se o professor

não instruir os alunos sobre a necessidade de utilização de uma tag comum para a turma ou se o aluno não

associar sua postagem a essa tag, tanto o professor quanto outros alunos poderão não encontrar essa

postagem. O sistema não comunica esse fato, cabendo ao professor a responsabilidade de instruir os alunos.

Melhoria: Incluir busca por turma e organização de todas as

postagens de colegas que fazem parte da mesma turma.

Comunicar aos alunos sobre a utilidade e necessidade de

inclusão de tags.

Quadro 5. Problemas não intencionais do Moodle 2.0.2 da UFMG

Problema 1 - Mensagem ilegível ao confirmar a incorporação da imagem no corpo de texto do blog. O texto estava comprimido em uma caixa de diálogo muito pequena que

impedia sua leitura e a caixa de diálogo não tinha título.

Problema 2 - Alguns textos estavam em inglês, ou seja, não estavam na língua configurada para o Moodle - língua portuguesa.

Figura 6. Passos para incorporar uma imagem no corpo

do texto.