Uma Discussão sobre o método: Conjecturas a respeito da crítica, da estrutura e da hermenêutica dos textos bíblicos a partir das indagações filosóficas contemporâneas. Alessandra

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  • 8/8/2019 Uma Discusso sobre o mtodo: Conjecturas a respeito da crtica, da estrutura e da hermenutica dos textos bblic

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    Uma Discusso sobre o mtodo: Conjecturas a respeito da crtica, da estrutura e da hermenutica

    s textos bblicos a partir das indagaes filosficas contemporneas

    Alessandra Serra Viegas1 (PUC-Rio / IFCS-UFRJ)

    http://lattes.cnpq.br/7074740062362701

    Jean Felipe de Assis2 (HCTE-UFRJ/ UNIBENNETT)

    http://lattes.cnpq.br/9602315559468030

    Resumo

    A partir de uma discusso metodolgica, pretende-se articular os aspectos recentes da pesquisa bblica com os

    ressupostos filosficos da contemporaneidade. Para tanto, deseja-se apresentar de forma sucinta as

    erspectivas essenciais do mtodo histrico-crtico, a possibilidade de uma aproximao com os modelos

    ngusticos e o desenvolvimento do pensamento hermenutico contemporneo. Deste modo, sem a pretenso de

    ma sistematizao plena, deseja-se ensaiar algumas perspectivas epistemolgicas essenciais para a pesquisa,

    specialmente diante da crise da objetividade da razo a partir do sculo XX.

    Palavras-chaves: mtodo histrico-crtico, semitica, semntica, pragmtica, hermenutica.

    Abstract

    Based on a methodological discussion this paper gathers the most recent aspects on the biblical research with

    heir philosophical background. On this way some essential perspectives about the historical-critical method, the

    erception of the linguistic models and the contemporaneous hermeneutical developmente will concisely be

    hown. Without a whole systemically overviewed some essential epistemological perspectives are exposed,

    pecifically after the crisis of the objective reason started on the 20th century.

    Keywords: historical-critical method, semiotics, semantics, pragmatics, hermeneutics

    Um texto muito mais do que letras, vai alm das palavras e dos versos, transcende a si mesmo. A textura do

    ultural3 impe a todo escritor um trabalho etnogrfico. Contudo, tal assertiva traz em si um discurso e este por

    Mestre em Histria Comparada (defesa da dissertao em 15/04/2009) pelo Programa de Ps Graduao em Histria Comparada do Institutoe Filosofia e Cincias Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na linha de Histria Comparada das Formas Narrativas. Graduadam Letras - Portugus/Grego - pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2005) e em Teologia - pelo Seminrio Teolgico Betel (2001).ursa, como mestranda, desde maro de 2009, o Programa de Ps Graduao em Teologia na PUC/ RJ na rea bblica. Atualmente oordenadora pedaggica - Secretaria de Estado de Educao, e professora auxiliar do Centro Universitrio Metodista Bennett, lecionandorego Koin, Leitura e Produo Textual e Exegese e Teologia do Novo Testamento. Trabalhou como professor substituto - UFRJ - Faculdadee Letras e professor substituto - UERJ - Instituto de Letras nos anos de 2006 e 2007 (perodo de contrato). Tem experincia na rea de Letras,om nfase em Lngua Portuguesa, Lngua Grega (Clssica e Koin), Literatura Grega, em Histria Antiga, com nfase na Grcia Arcaica elssica, e em Teologia, na rea de Exegese do Antigo e Novo Testamentos, atuando nos seguintes temas: aulas, palestra apresentada eomunicao apresentada.Graduado em Matemtica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Cursa o Mestrado em Histria da Cincia, Tcnicas e Epistemologia

    a UFRJ e est concluindo o Bacharelado em Teologia no Instituto Metodista Bennett. A pesquisa vinculada ao Bennett sobre o ambienteblico orientada pela Profa. Ms. Alessandra Serra Viegas. Tambm devem ser destacadas a filosofia e historiografia da cincia, presentes nocopo da pesquisa para a tese de mestrado orientada pelo Prof. Dr. Ricardo Kubrusly.Entende-se aqui a cultura como um texto objetivado nos signos prprios de sua linguagem. Deste modo, a escrita um meio de apreenso

    aquilo que permite o inefvel ser dito, enquanto que a cultura se estabelece por outros meios diversos. A pesquisa etnogrfica americana,pecialmente a feita por Geertz, trabalha bem esta perspectiva a partir de um olhar hermenutico, assim tambm os modelos europeus

    ncorados pelo mtodo estruturalista de anlise. Do ponto de vista epistemolgico, o pensamento de Charles Sanders Peirce salienta bem a foraa natureza em suas manifestaes objetivas e significativas.

    http://lattes.cnpq.br/7074740062362701http://lattes.cnpq.br/7074740062362701http://lattes.cnpq.br/7074740062362701http://lattes.cnpq.br/9602315559468030http://lattes.cnpq.br/7074740062362701
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    ua vez possui um logos4. No h possibilidade de uma descrio sem participao, a dicotomia entre explicar e

    ompreender deve ser superada, pois somente posso explicar quando compreendo e no posso compreender se

    o explicar5.

    Ao ponderar a respeito do fundamento do prprio fundamento necessariamente adentramos a esfera de reflexo

    metafsica. Deste modo, olhar atentamente o pensamento antigo, patrstico e medieval prtica comum na

    ontemporaneidade. Busca-se, assim, uma nova epistemologia que supere a objetividade moderna esta por sua

    ez embasada em um sujeito duplo emprico transcendental6. As lgicas de caractersticas consistentes e

    ompletas, subjacentes ao pensamento filosfico, aos poucos so transformadas em perspectivas modais, nasuais ou a consistncia obtida ou a completude desejada7. Descobre-se rapidamente que a lgica aristotlica e

    pensamento dialtico caracterstico do pensamento platnico no admitem interpretaes to precisas e

    bjetivas, conforme a tradio iniciada na modernidade e na renascena estipulou como ideal intelectual. A

    voluo do determinismo cientfico em suas mais variadas perspectivas no apenas fsicas, mas tambm

    olgicas, matemticas, lgicas, sociais e, inclusive, filosficas propiciou uma deturpao do pensamento

    ssico grego, tomado como incio da civilizao ocidental e impossibilitado de toda e qualquer comparao. O

    to milagre grego enalteceu um conceito de razo nascido somente em perodo escolstico, designado pelo termo

    tino ratio. Em detrimento da experincia, o experimento se consagrou a partir de um olhar materialista e crticoomo o nico admissvel, pois dadas as condies iniciais seria possvel prever e sustentar com segurana

    ualquer observao. A episteme8, o logos9, o nous10, o logistikon11, o hegemonikon12 foram reduzidos a um olhar

    A sintaxe como estruturao ou ordenamento da linguagem implica um discurso, o qual uma traduo latina para o logos, tendo um sentidoe orao. Curso derivado do verbo currere, ou seja, fluir, o correr e o decorrer do tempo. O discurso, portanto, diria Manuel de Castro, umursar histrico do homem ao se estruturar como tempo no finito de seu no-finito, gerando o presentificado como presentificante doesentificvel. Por isto, no discurso h uma ligao com a memria (CASTRO: s/d).Desde Kant comum perceber no pensamento filosfico a distino entre o fenmeno e a coisa em si. Deste modo, a razo a faculdade

    ntetizadora dos dados coletados pela sensibilidade, estes que so interpretados racionalmente, inclusive, pela imaginao. A supremaciaentfica determinou o estabelecimento dos modelos empricos de descrio do cosmo como critrios de verdade, isto , a explicao dos

    nmenos por suas causas e atribuies provveis, de acordo com a induo do experimento, tornou-se hegemnica. Tal assertiva favorece aoadativo desaparecimento das caractersticas metafsicas. Schleiermacher, ao procurar estabelecer uma teoria geral da interpretao, afirma sermpossvel para as regras consideradas objetivas, como a filologia e a exegese, de chegarem coisa em si. O kantismo constitui o horizonte

    osfico mais prximo da atividade hermenutica, pois a crtica kantiana visa relacionar a teoria do conhecimento a uma teoria do ser temosue mensurar a capacidade de conhecer, antes de nos aventurarmos no entendimento do ser. O aspecto romntico do pensamento dechleiermacher possibilita a compreenso, ou seja, esta se volta para a singularidade da mensagem do autor, procurando conhec-lo mais doue ele mesmo poderia ter se conhecido. Entre Schleiermacher e Dilthey temos os grandes inauguradores da cincia histrica contempornea.esta forma, antes do texto h a histria, ou seja, o texto que se deve interpretar a realidade, a histria o grande documento do homem. Aostinguir entre a explicao e compreenso Dilthey buscava fundar cientificamente a pesquisa historiogrfica. Estes aspectos possibilitam a

    ntologia de Heidegger da hermenutica, contudo a separao feita por Dilthey em busca de objetividade promove dicotomias entre o sintticoo semntico do texto, ou ainda, a impossibilidade de uma articulao com a subjetividade ontolgica do Ser. Tais questes sero reavaliadasosteriormente por Paul Ricoeur.

    Termo cunhado por Foucault emAs palavras e as coisas ao descrever a situao epistemolgica do homem na contemporaneidade quando se

    epara com a analtica de sua finitude. Ao considerar no final do livro o homem como uma inveno moderna, pondera a respeito dacatologia deste conceito de humanidade. H a constituio de uma filosofia transcendental embasada pelas cincias de carter emprico na

    ual o homem aparece como sujeito e objeto do conhecimento. Ao analisar a linguagem, o filsofo procura evidenciar a mudana entre oensamento antigo e a perspectiva moderna.

    O surgimento das geometrias no-euclidianas promoveu uma transformao epistemolgica profunda, da qual ainda no temos mensuraorecisa. Sabe-se, entretanto, que os conceitos de Verdade at ento vigentes no so mais aplicveis. O desenvolvimento de outros espaosonsistentes para a descrio da realidade implicou, entre outras coisas, no surgimento da Teoria da Relatividade de Einstein. Os modelosaseados nosElementos de Euclides no deixam de ter validade, contudo, experimentos em ambientes micro e macro-csmicos exigem umaova concepo da realidade que pode ser constatada tambm na quntica e no princpio da Incerteza de Heisenberg. Cantor assinalou osaradoxos inerentes no desenvolvimento da lgica clssica, prevendo o resultado da incompletude do Teorema de Gdel. Destes ltimossultados h a concluso: ou o sistema lgico consistente ou incompleto. Em outras palavras, no h a possibilidade de uma objetividadegica na determinao completa da realidade. As lgicas n-valentes, em destaque a desenvolvida por Lukasiewicz, procuram trabalhar sem orceiro excludo e em muitos casos com a contradio. Desta maneira, o aspecto semntico e hermenutico da realidade assinalado.

    O termo episteme, entendido como conhecimento verdadeiro oposto doxa, constitui-se em um corpo organizado de conhecimento, ouonhecimento teortico, e tem seu incio nos pr-socrticos. Contudo, nestes no h uma distino de conhecimento, sobretudo devido anlisea phsis, mesmo para Herclito em sua concepo do logos como componente oculto descoberto pela inteligncia. A percepo sensualistantra em descrdito na irrupo da filosofia socrtica, de acordo com o relato platnico. A partir deste perodo possvel estabelecer umaferenciao entre episteme e eide em relao doxa e aiestheta. Para Plato o nico conhecimento verdadeiro um conhecimento a partir dode por meio do mtodo dialtico. A transcendncia do eide platnico substituda pela variedade imanente das categorias aristotlicas. Neste

    aso, a mudana nos objetos implica necessariamente uma mudana na episteme. Ora, o verdadeiro conhecimento para Aristteles oonhecimento das causas basta lembrar as famosas causas final, eficiente, formal e material. Enquanto estas se referem a coisas que soecessariamente verdadeiras, a doxa trata das que so contingentes. O conhecimento por meio dos sentidos uma condio necessria para a

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    entfico, o qual por sua vez, baseia-se em tabelas de continncias ou ausncias, de acordo com os experimentos

    esejados e pr-organizados. A confuso gradual entre o necessrio e o contingente, o compreender e o explicar,

    orna-se pblica e notria quando a partir das particularidades deseja-se afirmar o Universal. justamente na

    mais audaciosa tarefa lgica e sistemtica para consolidar todas as descobertas empricas da modernidade, com

    uas sobre-simplificaes, que surge o inevitvel: paradoxos e mais paradoxos, como contorn-los?

    Kierkegaard, ao descrever o desespero de um ser finito no encontro com o Absoluto, justamente notemor e no

    remor expresso no encontro com o numinoso, j havia apontado a incompletude e inconsistncia da relao

    ntre a cincia e o mundo. Enquanto os conceitos, assim como a cincia, procuram verdades lgicas e objetivas,existncia transcende esta busca, pois no possui lgica alguma, no podendo ser mensurada por nenhum

    modelo lgico. Hegel, anteriormente e sem uma reflexo de carter existencial, j havia afirmado o inefvel Geist

    omo substncia inapreensvel e articuladora do mundo, visto que as reflexes posteriores a Kant assumiram um

    alor fenomenolgico em detrimento do ontolgico, isto , privilegia-se o fenmeno e no se discute a substncia

    aquilo que se manifesta. Deve-se ter em mente os pressupostos newtonianos da reflexo de Kant, assim

    ambm o seu despertar pela obra de Hume. Hegel, em sua extraordinria obra A fenomenologia do Esprito,

    rocura enfatizar a cincia como saber, no podendo estar restrita incondicionalmente a modelos empricos como

    pensamento moderno a estabelecia e a sustentava ao mesmo tempo em que epistemologicamente amparava

    pisteme, isto , o conhecimento demonstrativo embasado pela Lgica. As causas do ser so consideradas supremas, o que no impede aecomposio da episteme em corpos organizados de conhecimento racional com objetos prprios. Destacam-se: pratike, poietike, theoretike,athematike, physike, theologike.O substantivo derivado da raiz leg colecionar, apanhar, falar tem como significado palavra, discurso, linguagem, conta. Em Herclito o

    rmo ganha vigor filosfico assumindo uma variao semntica: discurso, preleo didtica, ensino; reputao; relao, proporo; significado;i universal comum, verdade. Para este o logos um princpio subjacente e organizador do universo, esta realidade do logos oculta eercebida apenas pela noesis. Para Plato, a oposio entre logos e mythos encontrada, mas tambm salienta como caracterstica da episteme erdadeiro conhecimento a capacidade de fazer um relato (logos) daquilo que se sabe. Ainda mais profundamente: o logos o relato doerdadeiro ser pelo mtodo dialtico. Os esticos partem da concepo heraclitiana do logos, assumindo-o como organizador universal e divino,ossuindo, portanto um nomos. Flon e Plotino fornecem aspectos similares e ao mesmo tempo distintos do termo: causa instrumental da criao

    luz arquetpica so pontos semelhantes, enquanto a diviso do logos e do nous feita por Plotino em consonncia aos esticos um pontovergente. Vale ainda lembrar a releitura de Heidegger: o logos faz e deixa ver (phainesthai) aquilo sobre o que discorre e o faz para quem falapara todos aqueles que falam uns com os outros. A fala deixa e faz ver a partir daquilo sobre o que fala. Mais: a fala em seu sentido autnticoaquela que retira o que diz daquilo sobre o que fala, tornando assim revelado e acessvel aquilo sobre o que fala. Concretamente podemos

    firmar que a fala deixa ver em um carter de dizer, a partir de uma articulao em palavras. Tal termo j foi analisado mais profundamente eplicado em algumas consideraes exegticas recentemente (Viegas; De Assis, 2009).

    0Nous entendido como inteligncia, intelecto, esprito. Tanto a filosofia como a mitologia almejam um princpio ordenador, aquilo queerclito caracterizou como uma ordem oculta nas aparncias das coisas pelo termo logos, analisado anteriormente. Para os pitagricos estadem poderia ser expressa em termos matemticos e tornada explcita na harmonia do kosmos como um todo. H uma distino clara entre aerspectiva pitagrica e o pensamento de Anaximandro: onde este via desarmonia, caos e ausncia de balano, o pensamento numrico dostagricos buscava a beleza, a harmonia e a ordem. Acreditavam que oPeras impunha forma ao aperon, ou seja, as partes finitas so postas

    m uma preciosa estrutura harmnica contra o vazio do indeterminado e disforme, assim, salientando a finitude e a limitao dos entes. Oonfronto entre oPeras e o aperon ocorre em ato contnuo, visto que o que no tem limites avizinha-se do mundo ordenado, ou seja, o kosmos

    upera o caos ao orden-lo, sem nunca, porm, elimin-lo. Esta imposio da ordem era representada pelos nmeros. Tais questes foramatadas recentemente no mbito de uma Potica hermenutica do Infinito (De Assis, 2009). H uma aproximao teolgica do nous como causasmica do universo, contudo, deseja-se salientar a perspectiva epistemolgica subjacente. Para Plato o nous a capacidade da alma percebereide. Aristteles, ao falar da noesis enfatiza a passagem da potncia ao ato, comparando em muitos casos a noesis humana com a divina.istingue, assim, dois intelectos em paralelo matria e forma. Deve-se ressaltar que para Aristteles conhecemos porque o nous pathetikost ativo, torna o objeto inteligvel porque outra parte do nous est no ato, a qual ficou conhecida como nous poietikos, ou inteleco agente.e um salto cronolgico incrvel pode-se relacionar estas discusses com as consideraes sintticas, analticas e sintticas a priori de Kantem

    ua tentativa de relacionar o Racionalismo e o Empirismo, ou em ltima anlise as conjecturas do Nominalismo e do Realismo Medieval . Osticos pensam o nous como uma faculdade cognitiva distinta da aisthesis.1Logistikon a faculdade racional, associada tanto psych, como ao nous, aopathos, ou ao oneiros. Deve-se ter em mente que a psych,

    onforme analisada por Aristteles noDe anima o princpio do movimento e da percepo (aisthesis). A diferenciao entre a sensao e oonhecimento por esta obtido antiga no mundo grego, sendo associada aos termos aiesthesis, episteme, doxa e noesis. A aproximao dasnsaes alma permite pressupor que aquilo que a alma conhece deve ser da mesma matria da coisa conhecida. Apsych divida por Plato

    ntre racional (logistikon), dotada de esprito (thymoeides) e a apetitiva (epithymetikon) esta ltima com virtude epathe adequada a cada uma.logistikon pode ser visto como uma archcognitiva de aspectos no sensoriais. No que se refere aopathos, h uma multiplicidade semntica,

    ndo o significado geral algo que acontece em referncia ao prprio evento ou pessoa afetada. Deste modo, h uma bifurcao navestigao filosfica: o que acontece aos corpos e o que acontece alma. neste sentido associado ao logistikon em Plato como resultado da

    onjuno entre a alma e o corpo, seguindo a posio atomista de entender o pathos como uma espcie de percepo, ao tentar reduzir ansao ao contato. Aristteles resume o uso do termo por seus predecessores como as experincias feitas por um corpo. Por fim, oneiros

    ntendido como sonho desde Homero visto como uma realidade objetiva, como manifestaes de uma experincia interior, sendoosteriormente associada aos deuses e a objetivos profticos.

    2 a faculdade diretiva da alma. Para os esticos o hegemonikon governa as outras faculdades psquicas.

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    ste modelo cientfico, tambm se auto-afirmava a partir dele. O conhecimento, saber o que em verdade para o

    sofo, serviria apenas para alcanar o Absoluto, o qual j est no conhecimento como presena. Deste modo, a

    cotomia estabelecida por Dilthey entre o compreender e o explicar j havia sido assinalada em outros termos

    ela reflexo filosfica anterior.

    Ao retornar para a antiguidade em busca de fundamento, descobre-se que estamos a caminho de ns mesmos e

    omente podemos nos expressar na linguagem observe que no se trata de algo meramente funcional, ou seja,

    ma expresso pela linguagem. Contudo, a pergunta transcende aos aspectos meramente fenomenolgicos e

    feitos sensibilidade para o questionamento racional crucial: o que a linguagem? De acordo com as maisariadas respostas buscou-se uma soluo para a problemtica contempornea, visto que a Verdade no se

    presenta em si, mas dentro dos jogos das mais variadas linguagens. Percebida como um conjunto de signos

    rdenados, a linguagem apresenta sua caracterstica sinttica; entendida como referencial, indicao e possuidora

    e sentido apreendida em seus aspectos semnticos; observada a partir de sua intencionalidade a linguagem

    ssume perspectivas pragmticas. Tais pressupostos da pesquisa semitica contempornea no so novos, desde

    antiguidade j esto presentes conforme podem ser atestados nos dilogos platnicos, nos trabalhos de

    ristteles, no material dos Padres da Igreja, na controvrsia entre o Nominalismo e o Realismo na Idade Mdia,

    a concepo de Leibniz, Locke e seus sucessores

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    .

    Desta maneira, abordar-se-o os limites metodolgicos e, por que no dizer, os limites de nossos prprios

    mites. notrio que uma epistemologia traz em si uma ideologia, a qual no necessariamente atua de maneira

    ienante (Mannheim, 1972). Contudo, cabe-nos questionar a prpria fundamentao epistemolgica e avanar

    a superao de nossas fronteiras, as quais inadvertidamente transformaram-se rapidamente em barreiras.

    Observando o mtodo

    Deve-se ter em mente duas abordagens nas transformaes epistemolgicas: a crise interna de seus

    undamentos e a interao com fatores externos. Ambas as perspectivas favorecem o surgimento de uma nova

    bordagem. No possvel detalhar este processo por ainda estarmos inseridos no mesmo e no termos uma

    so clara da totalidade, mas tambm por no conseguirmos objetivamente expor a relao entre as inmeras

    elaes internas do mtodo exegtico e as transformaes vigentes. No possvel negar a metafsica

    ubjacente ao pensamento cientfico. Assim, fica claro que a transformao epistemolgica iniciada no incio do

    culo XIX nas cincias da natureza proveu uma renovao da concepo interpretativa. No apenas isto: a

    ausalidade no pode ser assumida de maneira absoluta, pois causas dessemelhantes podem produzir efeitos

    emelhantes e causas semelhantes podem produzir efeitos dessemelhantes (Boas, 1940)14; o trabalho etnogrfico

    az em si um etnologia inerente, ou seja, no pode ser isento de intencionalidade, isto , na medida em que

    3 No mbito contemporneo temos o pensamento compilado de Saussurre na exposio da distino entre significado e significante, isto ,ntre o objeto ou signo em suas caractersticas fenomenolgicas e o seu significado. A semntica como disciplina acadmica especfica temcio na Europa no final do sculo XIX, especialmente nos trabalhos de Michel Bral fillogo francs (1832-1915). Para os norte-americanosharles Sanders Peirce (1839-1914) seria o precursor. Charles Morris destaca os trs nveis da linguagem: sinttico, semntico e pragmtico.ouis Hjelmslev e Roland Barthes exploram o desenvolvimento recente da semitica como disciplina em suas caractersticas transdisciplinares.omam Jakobson e Algirdas Greimas tambm devem ser destacados, especialmente pela formao de um pensamento estruturalista. Deve-seonderar a respeito dos resultados obtidos, assim tambm a epistemologia e a filosofia resultante deste processo. Deste modo, deve-se evitar asmadilhas tericas do mtodo estruturalista, sobretudo, a tentativa de absolutizao do mesmo e da desubstancializao do sujeito, decorrente

    a confuso entre mtodo e epistemologia, ou seja, entre aplicabilidade e ethos.

    Franz Boas, com estudos prvios em Fsica, faz algumas observaes que podem ser postas em paralelo com o pensamento de Maxwell. Hma descontinuidade entre o pensamento evolucionista presente no sculo XIX e o projeto antropolgico de Boas. A impossibilidade deassificao simplificadora e arbitrria, tambm como a questo da causalidade, so pontos nodais neste debate. Procurava, deste modo,iminar a fora da teoria na pesquisa, afirmando que causas dessemelhantes poderiam produzir efeitos semelhantes, ou ainda causasmelhantes possuiriam efeitos dessemelhantes. Desta maneira, cogita a presena do indeterminado, a complexidade e a necessidade de umagica n-valente (Boas, 1896; 1932). Por outro lado, Maxwell afirma que fenmenos de grande complexidade possuem um enorme nmero dengularidades, a ponto do princpio, o qual se afirma que causas semelhantes produzem efeitos semelhantes, no mais verdadeiro (Maxwell,873, p. 442). A busca pela anlise sistemtica, estatstica e indutiva dos dados antropolgicos tornou Boas conhecido como aquele queocurou cientificar o pensamento antropolgico.

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    bserva, o cientista social j comunga dos bens sociais, mesmo parcialmente, visto que em sua totalidade

    omente os nativos poderiam (Geertz,1978; 1983)15. Ora, uma exegese que leve em conta os avanos da crtica

    terria, os aspectos hermenuticos e as perspectivas das cincias sociais no pode estar imune a estas

    radativas mudanas. Apresentar-se-o de forma resumida os aspectos j postulados de maneira implcita:

    ressupostos do mtodo histrico-crtico; a consolidao da semitica e dos mtodos estruturalistas; o caminhar

    ermenutico contemporneo; um panorama da exegese antiga, patrstica e medieval. Deste modo, destacar-se-

    o tais metodologias em seus respectivos contextos, salientando as prticas subjacentes e suas finalidades

    stricas. Por exemplo, o mtodo histrico-crtico e suas bases modernas como a inveno da autonomia; a

    emitica e a aproximao com o mtodo estruturalista; a hermenutica e o Romantismo alemo; assim tambm

    desejo de uma reflexo mais holstica e integrada ao cotidiano, conforme o princpio de racionalidade antiga e

    medieval. Almeja-se, assim, tangenciar uma metodologia que abarque um desejo antigo que

    ontemporaneamente se reveste de aspectos sintticos, semnticos e pragmticos sob o nome de semitica, ou

    nda nutre as reflexes hermenuticas em suas mais profundas ponderaes.

    1. A exegese Patrstica e Medieval: o incio da era ModernaNo perodo da patrstica, a preocupao com a autoria dos textos bblicos girava em torno de duas premissas

    sicas: o cunho teolgico e apologtico por exemplo, Moiss era o autor do Pentateuco e a influncia delenismo, sob a qual nenhuma grande obra poderia estar desvinculada a um grande nome16 cite-se novamente

    exemplo de Moiss. Trs escolas principais estudam os textos neste perodo. A escola de Alexandria, a mais

    fluente, primava pela anlise alegrica17. Essa alegoria era praticada pelos filsofos platnicos na leitura dos

    ssicos gregos; no judasmo, Flon prope leituras alegricas do Antigo Testamento, as quais far Orgenes e os

    utros padres. A escola de Antioquia utiliza o contexto histrico e um mtodo mais literal, tendo Joo Crisstom

    omo um de seus representantes. Os padres siracos se aplicavam mais aos estudos litrgicos. Influenciados por

    ato, os padres latinos e gregos crem que a letra o mundo sensvel apenas a sombra da realidade

    erdadeira: o esprito, as ideias eternas18. Assim tambm, o conceito de mimesis percebido implicitamente, j

    ue a linguagem no possui consistncia prpria, mera imitao da realidade, sinal desta.

    Na Idade Mdia a mais importante transformao que vai desembocar na exegese a passagem da filosofia

    errquica e idealista de Plato para o realismo de Aristteles, manifesta em Averris, Alberto Magno e Toms de

    quino. A leitura bblica vai-se afastando da dogmtica paulatinamente, o estudo literal principalmente

    olgico, como se fazia com os clssicos gregos suplanta o espiritual e comea-se a questionar a autoria dos

    extos.

    Contudo, no incio da era moderna que a exegese dar um salto qualitativo no que tange ao estudo mais

    rofundo dos textos. O Renascimento traz em seu bojo a redescoberta da antiguidade clssica, o humanismo e

    osto pela filologia e pelas lnguas orientais, o qual chega para ficar. O movimento de re-torno s lnguas originais

    em seu incio na Espanha, fundada a Universidade de Alcal, que patrocinar a chamada Bblia de Alcal

    mpressa entre 1514 e 151719. Em 1516, Erasmo de Roterd, considerado um dos pais da exegese moderna,

    5 Quanto mais profundas e densas a etnografia e a anlise cultural (etnologia), mais incompletas elas se mostram. A separao entre sujeito ebjeto implica a pesquisa antropolgica em um mergulho nas guas profundas, nas teias das dimenses sociais da realidade. Para Geertz o que anografia fixa no o acontecimento da fala (significante ou os aspectos sintticos), mas aquilo que foi dito (significado ou as perspectivasmnticas). Uma pesquisa densa, necessariamente necessita e implica uma leitura profunda da realidade e do trabalho etnogrfico. Deste

    odo, os textos antropolgicos so eles mesmos interpretaes, frutos de uma criao poisis.6 Da Homero como autor inquestionvel da Ilada e da Odisseia neste perodo. .7 Agostinho, emDe doctrina christiana, apresenta os princpios da interpretao alegrica, tendo como base a distino platnica entresignuninal) e res (realidade). Como o texto formado por palavras sinais estas remetem nica e verdadeira realidade a Trindade. Cabe

    xegese indicar como saltar dos sinais para a realidade que Deus (SKA, 2003:112).A distino fundamental entre letra e esprito baseia-se na doutrina dos quatro sentidos da escritura: sentido literal, sentido alegrico ou

    istolgico, sentido tropolgico ou moral, sentido anaggico ou mtico (Ska, 2003:112).9 Trata-se de uma biblia na qual o Antigo Testamento vem em hebraico, grego e latim, com o Targum aramaico do Pentateuco, e o Novo

    estamento vem em grego pela primeira vez, depois dos manuscritos antigos e em latim.

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    ublica seu Novo Testamento em grego20. Dois outros nomes importantes so Baruch Spinoza e Richard Simon. O

    rimeiro, porque conclui, por suas anlises, que realmente no foi Moiss quem escreveu o Pentateuco, mas talve

    sdras concluso a que chega tambm Thomas Hobbes no captulo 33 do Leviat (1651). Spinoza, judeu

    ortugus que estuda Descartes e Galileu, expulso da sinagoga por seu racionalismo e tem suas obras postas n

    ndex da igreja catlica. Simon, admite a autoria mosaica, mas sugere que a forma final do Pentateuco composta

    or escribas e juzes desde o tempo das origens at Esdras.

    2. Mtodo histrico-crticoPor meio de um processo gradual de transformaes, assinaladas especialmente a partir daquilo que se tornou

    omum chamar Renascena, ainda que possua razes profundas na interpretao patrstica e medieval,

    esenvolve-se uma metodologia que procurou assegurar a mxima certeza diante dos documentos recebidos, a

    artir de um olhar crtico para a histria. Desta forma, no se pode omitir a impreciso do conceito de

    storicidade, tambm assim relacionar o surgimento das reformas religiosas, sociais e polticas que

    ansformaram a Europa. A centralidade das escrituras no pensamento reformado, somada livre interpretao,

    romove um apelo pneumatolgico em oposio crtica dogmtica. A autonomia disciplinar em relao ao saber

    eolgico, o advento do pensamento emprico, o enraizamento da dvida metodolgica propiciaram tanto o

    urgimento do Desmo como do Iluminismo.

    O triunfo da razo possibilitou a percepo da bblia como um simples objeto literrio antigo, passvel de

    bservao crtica luz dos resultados obtidos em outras reas. De maneira natural, o interesse por perspectivas

    stricas eram postas em oposio a vises dogmticas e a necessidade de fundamentao epistemolgica se

    zia evidente. Os estudiosos crticos da bblia refinaram os mtodos e as tcnicas obtidos, muitos em

    onsonncia com o desenvolvimento hermenutico, por exemplo, de Schleiermacher. A tenso entre

    onhecimento histrico e f permeou profundamente as estruturas do mtodo, basta observar a pesquisa pelo

    esus histrico: a diferena entre o Jesus considerado histrico e o Cristo da f; os romances e os estudos sobre a

    da de Jesus; a impossibilidade hermenutica de objetividade na pesquisa; o estudo do mediterrneo antigo por

    meio das cincias sociais na chamada Third Quest.

    Superadas as dificuldades, a anlise histrica pretende analisar to objetivamente quanto possvel o material

    ntigo, isto , fornecer estruturas significativas para o passado a fim de coletar determinados fatos e explic-los

    e acordo com as possibilidades metodolgicas existentes. Contudo, tal premissa somente pode ocorrer diante de

    m material textual claro e mais prximo do original possvel (Crtica textual); o estudo dos originais acarreta

    ma perspectiva filolgica e paleogrfica, no qual a gramtica histrica, a morfologia, a semntica e a sintaxe so

    tais; a crtica literria, tanto no mbito dos estudos especficos dos gneros, mas tambm como a pesquisa dos

    extos anteriores ao material formatado; o estudo de unidades precisas e de valor pragmtico para a comunidadeo entorno do texto, visando compreender como a tradio foi modificada pelas caractersticas sociais do local de

    roduo (crtica da forma); se h um processo de composio ao longo do tempo, resta saber quais as

    modificaes e manutenes feitas pelo redator final do documento discriminado pela crtica textual (crtica da

    edao).

    Resumem-se, assim, os objetivos da anlise histrico-crtica: a determinao do texto e suas possveis inter-

    elaes com material anterior; a forma literria da passagem em destaque; o entendimento da situao histrica

    a formao ou redao do texto, o Sitz im Leben; o significado que cada palavra possua para o emissor e

    uvinte; o entendimento da passagem a partir das aes tcnicas realizadas a exemplo da sntese cartesiana,ps realizar a anlise do objeto. Atualmente, pondera-se a respeito das perspectivas sincrnicas, os atos da fala,

    esttica da recepo e o enunciado na escrita de tais textos. Contudo, tais hipteses, apesar de implicitamente

    0 O qual, aps algumas correes, servir de base para a edio de Estienne, o textus receptus at o sculo XIX.

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    onstarem e serem passveis de anlise no mtodo histrico-crtico, no possuem a devida ateno,

    specialmente pelos pressupostos epistemolgicos inerentes pesquisa.

    3. Semitica e estruturalismoOs estudos exegticos e da crtica literria se aproximam dos mtodos lingusticos de maneira natural, sempre

    ubsidiados pelo esprito filosfico de cada perodo. Na contemporaneidade, o estruturalismo e suas

    onsequncias tericas imediatas propiciaram um exame profundo dos modelos anteriores, especialmente os

    spectos de caractersticas definidas como diacrnicas, como o caso dos seguintes passos: a crtica da

    onstituio do texto; a crtica da redao e da composio; a crtica da transmisso do texto; a crtica da forma;

    crtica das tradies. No cabe aqui analisar a epistemologia destes passos metodolgicos, tampouco fazer a

    stino entre tradio e crtica, mas somente apontar a necessidade de uma abordagem sincrnica, na qual a

    tencionalidade, os jogos de linguagem, a estrutura fixada do texto, sua mensagem para um pblico definido e

    ua recepo ganham relevncia. evidente que no h uma dicotomia ou separao restrita entre as

    metodologias, a diacronia e a sincronia no se excluem, mas se complementam. Em ambas as esferas h espao

    ara abordagens dspares no contempladas no outro campo de anlise.

    Somente a partir da dcada de setenta a abordagem exegtica com caractersticas sincrnicas, a maioriaaseada em mtodos estruturalistas, ganha vigor. Deve-se ter em mente a controvrsia hermenutica,

    ssinalada, por exemplo, por Paul Ricoeur no livro O conflito das interpretaes, a qual representava ainda uma

    enso essencialna constituio de toda e qualquer abordagem. Soma-se a isto a desubstancializao do sujeito

    elos mtodos estruturais, tambm assim a tentativa crescente de matematizao e objetividade cientfica nas

    bras de carter social como o caso dos trabalhos de Lvi-Strauss a partir da teoria matemtica de Grupos.

    stas discusses permeiam a textura cultural contempornea em obras fundamentais. No se reduzem a

    omenclaturas ou a filiaes a determinadas escolas ou filosofias, mas esto presentes na essncia do

    ensamento ocidental. Por isto, no surpreendente encontrar tais assertivas em outros termos nas obras deeidegger, Walter Benjamin, Gadamer, Habermas e tantos outros. Jean Piaget procurou elucidar esta perspectiva

    struturalista: o estruturalismo um mtodo e no uma doutrina, por isto no pode ser exclusivo e no suprime

    vida em geral (Piaget, 2003:118). Processo semelhante faz Ricoeur no pensamento hermenutico ao assinalar a

    ecessidade tanto da crtica como da tradio, ou seja, ao negar a dicotomia entre o explicar e o compreender. A

    proximao com a filosofia analtica demonstrou que o mtodo estruturalista no se ocupa somente da

    nguagem, assim tambm o estudo da lingustica em seus mais variados campos se utiliza de outros mtodos.

    este modo, fica evidente a necessidade de novas abordagens tericas que no se limitem ao mtodo

    struturalista. Contudo, devem ser analisados seus resultados e atentamente repensadas suas disposiesiciais, conforme salientado acima nos casos paradigmticos de Ricoeur e Piaget.

    A pesquisa estrutural em seus dinamismos lingusticos, psicanalticos, sociais e filosficos favoreceu um olhar

    ara a totalidade, mesmo que as estruturas no desempenhem uma atitude fixa e determinada. H um interesse

    or modelos globais e suas organizaes subjacentes, privilegiando as perspectivas sincrnicas. Complementa,

    ssim, a abordagem crtica das partes e seus aspectos diacrnicos. A tentativa de evidenciar uma lgica nos

    enmenos pela apreenso de uma estrutura, imperceptvel pelos sentidos, mas inteligvel, est de acordo com as

    scusses lgicas oriundas do surgimento das geometrias no-euclidianas, dos teoremas de Cantor e Gdel, mas

    ambm a definio de campo da Fsica moderna. A veemncia pela construo lgica ou coerente das estruturas

    mnimas do texto, em detrimento dos aspectos visveis, favorece a busca por elementos universais. H mais

    teresse nas estruturas internas, ou seja, no modo como o texto se comps, o motivo de suas partes serem

    stas em conjunto, do que propriamente na sequncia das partes de uma frase ou texto. A preferncia pelo

    ncronismo se encontra relacionada ao que acaba de ser dito. No h interesse pela evoluo do texto ao longo

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    o tempo, isto , a histria da redao (Redaktionsgeschichte) e a histria da forma (Formsgeschichte) no

    ossuem importncia em uma abordagem estrutural ou lingustica. Procuram trabalhar os textos ou frases

    onforme estes se apresentem em um dado momento, o que para a lingustica poderia significar uma diminuio

    e estudos etimolgicos ou da gramtica histrica.

    H uma diferena essencial de enfoque que pode ser percebido em uma abordagem terminolgica. Geschichte

    ntendido como histria tanto em Redaktionsgeschichte, como em Formgeschichte, no se refere essencialmente

    historicidade e ao condicionamento histrico do texto, isto , nestes mtodos no h a preferncia de enfoque

    a gnese histrica dos textos, mas privilegiam o receptor, por isso mesmo h a valorizao do lugar vivencial ouSitz im Leben. O enfoque no ponto de vista do redator final, da situao final na qual se efetuou a unidade do

    exto predispe uma dependncia da situao original e dos dados recebidos anteriormente na composio do

    exto, o que primeira vista parece estranho ao enfoque sincrnico. A busca diacrnica parte de alguns

    ressupostos de difcil anlise e verificabilidade, como a origem do texto e o Sitz im Leben do mesmo21. H razes

    mais profundas pela preferncia destes modelos, como o pensamento autnomo da Modernidade e sua profunda

    onexo com a relao de causa e efeito, profundamente associada lgica aristotlica.

    O significado passa a ser gerado pela diferena entre os signos dentro de um sistema significativo. Deste modo,

    significado das palavras ocorre em uma rede de significados e na relao que elas estabelecem entre si. A

    elao entre os signos pode ser atestada por combinao ou seleo, a repetio ou a variao dos signos,

    esempenham padres os quais servem de modelos interpretativos para os elementos fundamentais da cultura

    vida entendida como um texto e o prprio kosmos repleto de signos, conforme Peirce havia anteriormente

    ssinalado. O estudo dos cdigos sejam eles lingusticos, culturais ou de que ordem for aproxima os estudos

    terrios do pensamento cultural, assim como abre espao para a crtica literria adentrar no sentido do texto, ou

    eja, propicia a sada da exegese para um estudo hermenutico.

    4. A perspectiva HermenuticaO pensamento hermenutico contemporneo tem um caminho j notadamente conhecido que leva de uma teoriaegional para um mbito geral, a saber: Scheleirmacher, Dilthey, Heidegger, Gadamer, Paul Ricoeur. Nota-se uma

    posio pretenso da cincia em encontrar uma Verdade em suas caractersticas objetivas ao fundar a

    xperincia na historicidade. Busca-se uma universalidade prpria, a qual opera na contestao do

    stanciamento metodolgico, afirmando a existncia de fundamentos prvios. Nesta problemtica a linguagem

    dquire importncia central, pois esta no se reduz a explicar mecanicamente o universo, mas ontologicamente

    e v articulada em todas as esferas do homem em sua historicidade prpria. Desta forma, o processo

    ermenutico rompe com a epistemologia moderna e procura, diante do desencantamento do mundo, o sentido

    xilado pela crtica, ao mesmo tempo em que pondera a respeito da objetividade negligenciada pela tradio.

    Schleiermacher, em seus estudos nos textos antigos, sente a necessidade de uma fundamentao terica para o

    to da interpretao. Deste modo, pensa uma hermenutica filosfica que pudesse orientar a exegese e a

    21Deve-se ponderar a respeito das diferenas presentes na aplicabilidade dos mtodos diacrnicos e sincrnicos, tendo em mente que no hma excluso, pois a sincronia visa ao texto como ele apresentado e como se relaciona com outros textos da mesma poca, enquanto a anliseacrnica se refere ao conjunto dos processos e circunstncias que contriburam para a elaborao do texto. Os que seguem o mtodo histrico-tico procuram distinguir a elaborao redacional e as unidades independentes que existiam na tradio, para depois perceber a coeso formal,sim como os elementos estruturadores das unidades menores e da obra como um todo, apoiando-se, por fim, naqueles elementos que julgamr o redator final diretamente responsvel. Os exegetas orientados pela lingustica procuram ver o texto como uma nica estrutura total, onde

    uas partes se ajeitam entre si, sendo feitas umas para as outras. Procuram o encadeamento do texto ao descobrir uma nova estrutura onde estesementos possuam seus lugares devidos. Os textos paralelos tambm so vistos de maneira distinta, o pesquisador histrico-crtico procura alao direta entre esses textos, enquanto que aquele autor que segue os modelos lingusticos considera os textos paralelos como uma variante

    e uma estrutura nica, interessando-se em saber como esses casos particulares elucidam algo no modelo global. O exegeta histrico-crtico sereocupa com o tempo e o lugar de composio do texto, pois o auxiliam a ter uma base concreta e uma situao inicial de como o texto foiomposto e sua utilizao, bem como seu significado; enquanto isso, seguindo mtodos lingusticos, preocupa-se com data e localizao deomposio, pois este texto pode se relacionar como outros textos no mesmo tempo e espao, podendo desta forma determinar melhor o cdiceado, assim como as caractersticas semiticas, semiolgicas e pragmticas do texto (Van Iersel, 1978).

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    tividade interpretativa. No particulariza problemas peculiares de um grupo de textos, mas faz uso de uma

    metalinguagem para perguntar o que de fato seria interpretar e compreender, tambm como isto seria possvel.

    ompe com o domnio tcnico e cientfico, ou seja, uma aproximao filolgica e histrica ao postular o interesse

    elo pensamento subjacente fala e ao texto. No havendo uma univocidade entre o mundo e a linguagem, a

    compreenso emerge de toda e qualquer comunicao. Deste modo, a compreenso no reside apenas nos

    spectos tcnicos, ou sintticos, porm, tem em mente as particularidades de cada autor e situao na

    onstruo do discurso. A objetividade e a subjetividade se articulam na compreenso, pois interessa-nos tanto

    s registros histricos e os resultados exegticos, mas tambm entender a partir destes pressupostos como os

    ossveis autores operam a linguagem e o modo particular de uso para uma dada situao. Deve-se ainda

    essaltar que tais resultados so, por definio, provisrios, pois o discurso como uma totalidade da linguagem e

    o mundo do autor nunca dado em sua plenitude, mas nas contingncias necessrias para a efetivao do

    rprio discurso.

    Dilthey estabelece um processo crtico no pensamento hermenutico. Para tanto, diferencia a explicao da

    ompreenso. Assumindo os passos iniciados por Schleiermacher, prope a impossibilidade de captar a vida

    squica do outro atravs de expresses imediatas, mas possvel apreend-la pelos signos objetivveis.

    ontudo, ao passo que a recebemos, desconstrumo-la e a re-construmos. A hermenutica, portanto, constitui-se

    omo um estrato objetivado da compreenso, graas s estruturas do texto. A interpretao a compreenso dasxpresses da vida fixadas na escritura que leve em conta as explicaes objetivas, com todo o seu aparato

    osfico, mas que no se resuma aos estudos dos fenmenos ali reunidos. Em seu desejo de consistncia e

    bjetividade afirma que o papel principal da hermenutica estabelecer teoricamente, contra a intromisso

    onstante da arbitrariedade romntica e do subjetivismo, a validez universal da interpretao, base de toda

    storiografia.

    H uma virada ontolgica no campo hermenutico a partir dos trabalhos de Martin Heidegger. J no h o

    teresse em torno daquilo que se sabe ou como possvel conhecer aquilo que se sabe, porm, h urgncia em

    efinir o modo de ser no mundo do homem, o qual no existe sem a compreenso de si. Desta forma, aterpretao no diz somente respeito a um ato do Ser em relao ao ente, pois atravs do ato hermenutico o

    omem compreende a si, articula-se e se vincula ao mundo e a este modifica por meio da linguagem. No apenas

    hermenutica, mas toda a epistemologia modificada pela interrogao do Ser, pois o prprio Ser, na

    erspectiva de Heidegger, que nos conduz na busca por conhec-lo. A hermenutica a interpretao do prprio

    er agindo fenomenologicamente no mundo, o que significa dizer que o Ser o fundamento metodolgico das

    ncias do esprito. A ontologia vista de forma central por romper com a dicotomia entre sujeito e objeto, ou

    eja, a compreenso no se vincula a aspectos objetivos ou psicolgicos, mas ocorre na abertura do ser, no

    rojetar de um ser j previamente projetado. Diante da filosofia heideggeriana h a negao dos problemaspistemolgicos pela via ontolgica, isto , elimina-se a objetividade cientfica pela perspectiva fenomenolgica do

    er, restando a articulao das objetividades do ser. A reflexo de Gadamer parte do pressuposto conceitual e

    altico de uma distanciao alienante e uma experincia de pertena nas trs esferas possveis de ao

    ermenutica, a saber, na esttica, na histria e na linguagem. Herdeiro do pensamento fenomenolgico e

    otico de Heidegger, procura analisar a reivindicao de universalidade da teoria hermenutica por meio da

    stanciao alienante que sustenta ontologicamente a busca pela objetividade, isto , a tentativa metodolgica

    as cincias implica necessariamente um distanciamento, o qual inevitavelmente rompe com o elo de pertena ao

    mundo. Deste modo, Gadamer aponta em sua problemtica questes similares desenvolvidas pela fenomenologia

    pelo existencialismo, ou seja, as razes da objetividade pela distanciao e a implicao do ser no mundo.

    Partindo do princpio de que a histria me precede e avana minha reflexo, isto , que perteno histria

    ntes mesmo de pertencer a mim perspectivas herdadas de Heidegger , Gadamer pode perceber a ausncia do

    arter histrico na obra de Dilthey, visto que este se preocupou sobremaneira com o campo epistemolgico e

    eflexivo. Ao passo que considera os modelos filolgicos, semiticos e objetivos relevantes para o

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    esenvolvimento sadio da interpretao, ao mesmo tempo considera o juzo prvio como expresso da estrutura

    e antecipao da experincia humana. Deste modo, correlaciona o olhar objetivo e a perspectiva subjetiva em

    ua teoria, de tal forma, que o homem possa ter a experincia de pertena e efetivar um distanciamento

    ienante, ambos essenciais no ato hermenutico. A interpretao, portanto, vincula o ser no mundo, pois

    romove o entendimento da situao e a possibilidade potencial de mudana.

    Enquanto Gadamer tem como pressuposto a tradio, ou seja, faz uma unificao entre o passado e o presente

    om uma interligao entre autonomia e heteronomia, Habermas concebe esta conexo em muitos aspectos

    rejudicial, devido, sobretudo, existncia de um totalitarismo e criao ideolgica o pensamento de

    abermas herdeiro direto do materialismo da escola de Frankfurt. Gadamer v na linguagem a raiz de toda a

    xpresso humana, visto que esta se expressa em nosso contato com a tradio e conosco, enquanto Habermas

    icialmente procura enfatizar a autonomia desejada pelo projeto iluminista.

    Em Paul Ricoeur possvel perceber uma provisria sntese, isto , ao trabalhar dentro da finitude humana o seu

    econhecimento histrico, assim como um processo dialtico contra as ideologias presentes22. O gesto

    ermenutico, portanto, se refere a uma crtica das ideologias, levando em considerao as condies histricas a

    ue est submetida a compreenso humana, tendo como desafio contrapor-se s distores que emergem no ato

    a comunicao. A pragmtica lingustica surge naturalmente deste entendimento, tendo um conceito de palavra

    iva que remete a uma interpretao dinmica, ou seja, o texto possui vida no momento de sua interpretao, atra, seus signos e elementos significativos fazem parte de uma metfora viva. A sntese provisria proposta por

    icoeur prope um dilogo pleno, sem perda de referenciais tericos de ambas as partes, tendo a preservao de

    eus pontos principais. Assim, todos os humanos se veem diante da tradio e efetuam contato com ela, a ponto

    e transform-la, havendo a necessidade do reconhecimento dos elementos de dominao lingustica que

    mpedem ideologicamente o fazer hermenutico.

    Consideraes finais: O mtodo interpretativo e a contemporaneidade

    A crise da razo no sculo XX determinou uma viso complexa e holstica da realidade, a partir da qual o Cogitomoderno feriu-se e amuado ainda permanece. O privilgio da tcnica e o esquecimento do Ser marcaram de

    maneira decisiva o desenvolvimento epistemolgico ocidental, especificamente o desenvolvimento cientfico. No

    ardou o aparecimento de inconsistncias lgicas, metafsicas e matemticas. A verdadeira Odissia intelectual

    rocura conduzir os pesquisadores a suas tacas particulares: aqueles afeitos ao mtodo racional e objetivo,

    ejeitam toda e qualquer subjetividade; outros, diante da inconsistncia e da incompletude dos modelos

    ropostos, desejam uma articulao entre os resultados obtidos pela crtica e pela tradio histrica.

    No que se refere aos estudos exegticos, em particular s pesquisas em torno dos textos bblicos, h uma

    endncia gradativa pela assimilao dos estudos sincrnicos, ao mesmo tempo em que h um retorno aos ideaisatrsticos: Littera gesta docet, quid credas allegoria, moralis quid agas, quo tendas, anagogia A letra ensina os

    tos, a alegoria aquilo que deves crer, a moral aquilo que deves cumprir, a anagogia a meta a visar. A perda da

    ensibilidade religiosa implica necessariamente um enfraquecimento do potico e a ausncia de um

    econhecimento pleno na cultura (Elliot, 1972b: 41-42). No h uma preocupao pelo aspecto religioso, mas a

    ultura somente se estabelece em suas razes profundas com o Sagrado (Elliot, 1972a: 51-53). Deste modo, tal

    bertura epistemolgica nos mtodos de interpretao bblica procura enfatizar as caractersticas profundas da

    ontemporaneidade, ao mesmo tempo em que atualiza, ao seu modo, o texto na vida do leitor. Tais metodologias

    o so excludentes, antes, complementares. Contudo, uma pesquisa mais profunda deve ser realizada,

    2 Este processo pode ser encontrado na hermenutica antiga, sobretudo, nos ambientes de formao religiosa do oriente. Pode-se destacar oocesso hermenutico no ambiente judaico e cristo que facilitaram a transmisso oral e posterior processo de compilao de inmeros textos,

    entre os quais aqueles que foram reconhecidos como cannicos. Este processo permanece no perodo Patrstico, em uma atitude tanto deconhecimento como re-conhecimento da tradio e da realidade pessoal de cada sujeito na ao interpretativa. Desta forma, possvel

    ntender como Paul Ricoeur faz uma ponte com o pensamento exegtico-literrio dentro de suas obras, na qual tanto a crtica como a tradioo aspectos imprescindveis, pois na ausncia de uma destas o projeto hermenutico no pode obter ser efetivado.

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    obretudo, nas possveis inter-relaes entre os modelos sincrnicos e diacrnicos, ou seja, uma unificao ou

    omplementao metodolgica exposta de maneira sistemtica, na qual os resultados obtidos pela crtica histrica

    ossam ser articulados com a narratologia ou com os aspectos semiticos e pragmticos do texto. Estas

    erspectivas ganham vigor no apenas no mbito bblico, mas, especialmente, em inmeras caractersticas da

    esquisa social. Os mtodos crticos, as perspectivas estruturais e a universalidade hermenutica devem ser

    rticulados de maneira consciente, no na descoberta da histria, porm em sua construo a partir dos mitos

    erentes nossa poca, sejam eles racionalmente aceitos ou no.

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