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Uma história de amor verdadeiro

Uma história de amor verdadeiro - Coletivo Leitor€¦ · lágrimas de um amor verdadeiro. O canto do Uirapuru_205X255.indd 6 2/5/15 4:04 PM. Ele olhou para as estrelas cheias de

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m uma noite de céu estrelado e de lua conversando com o silêncio,

o velho pajé, contador de histórias e sabedor dos segredos e das

tradições da tribo, sentou-se em seu banco de itaúba, bem no meio da

aldeia, e balançou seu maracá, feito com uma cuia e algumas pedrinhas

recolhidas na praia.

Os curumins e as cunhantãs, que estavam deitados em suas redes de

tucumã, correram até o sábio ancião assim que escutaram o barulho do

maracá; já sabiam que ele ia contar mais uma história.

Fizeram uma roda bem no centro da aldeia. No meio dela, uma

fogueira foi acesa para seguir a tradição e espantar um pouco o frio,

enquanto lá longe os pássaros noturnos cantavam na floresta escura.

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O pajé então disse:– Vocês sabiam que este rio que passa aí na frente, este rio cheio de

peixes e vida, no qual vocês gostam de nadar e remar em suas canoas... Vocês sabiam que há muito e muito tempo ele não existia?

Alguns curumins não se seguraram e já foram fazendo perguntas:

– É verdade, vô-pajé? Mas como pode? Como vivíamos sem ele?

Então, o grande sábio continuou:– Calma! Hoje eu vou

contar a história do nascimento do rio Andirá, que nasceu das

lágrimas de um amor

verdadeiro.

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Ele olhou para as estrelas cheias de luz no céu, devolveu o olhar para

as crianças e começou a contar esta história, que agora eu registro aqui:

Tempos atrás, o povo Maué vivia bem no meio da floresta, longe,

muito longe de qualquer rio. O mais próximo era o Tapajós, que ficava

a uma manhã inteira de caminhada floresta adentro. Para os maués

tomarem banho, andarem de canoa, pescarem e caminharem na praia,

tinham que andar bastante até chegarem ao rio; era muito sofrimento.

Quando decidiam ir até lá, saíam com o sol baixo e voltavam com o sorriso

do sol já maduro e largo.

Naquela época, nosso povo tomava bastante banho de chuva, e era

raro comer peixe. Como o rio Tapajós ficava muito longe, pescar era um

sacrifício enorme, porque antes da pescaria tinham que fazer um longo

percurso a pé.

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